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231 Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, SP - CEP 13278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 10 de maio de 2010 Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A. Teresa Cristina R. Cardoso Evellyn R. L. Hasmann Braga Professor Orientador: Ms. Rogério dos Santos Morais Curso: Administração FACULDADE ANHANGUERA DE JACAREÍ Trabalho apresentado no Evento Interno de Iniciação Científica - 2009. RESUMO O presente artigo trata da inclusão de portadores de necessidades especiais e se delimita para a inserção do portador de necessidades especiais no mercado de trabalho. O objetivo é a articulação entre teoria e prática, por meio de pesquisa bibliográfica e de campo, para identificar a coerência das empresas para com a legislação pertinente e a inserção do surdo no mercado de trabalho. O problema em estudo é a busca de apoio, na teoria e na prática, para reconhecer que a sociedade se abre para as diferenças como algo natural e produtivo. Após a articulação, considera-se que a perspectiva atual parece ser a da empresa responsável e que está se desvencilhando de medos e mitos em relação à produtividade do portador de necessidades especiais e começa a implementar ações necessárias, tanto na dimensão física como na dimensão dos recursos humanos. Portanto, acredita-se que na medida em que as organizações privadas constroem uma visão possibilitadora da participação do diferente nos locais de trabalho, certamente se ampliam os direitos e se caminha em direção à inclusão social. Palavras-Chave: portadores de necessidades especiais; surdos; mercado de trabalho. ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XII, Nº. 14, Ano 2009 INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

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Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, SP - CEP 13278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 10 de maio de 2010

Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A.

Teresa Cristina R. Cardoso Evellyn R. L. Hasmann Braga

Professor Orientador: Ms. Rogério dos Santos Morais

Curso: Administração

FACULDADE ANHANGUERA DE JACAREÍ

Trabalho apresentado no Evento Interno de Iniciação Científica - 2009.

RESUMO

O presente artigo trata da inclusão de portadores de necessidades especiais e se delimita para a inserção do portador de necessidades especiais no mercado de trabalho. O objetivo é a articulação entre teoria e prática, por meio de pesquisa bibliográfica e de campo, para identificar a coerência das empresas para com a legislação pertinente e a inserção do surdo no mercado de trabalho. O problema em estudo é a busca de apoio, na teoria e na prática, para reconhecer que a sociedade se abre para as diferenças como algo natural e produtivo. Após a articulação, considera-se que a perspectiva atual parece ser a da empresa responsável e que está se desvencilhando de medos e mitos em relação à produtividade do portador de necessidades especiais e começa a implementar ações necessárias, tanto na dimensão física como na dimensão dos recursos humanos. Portanto, acredita-se que na medida em que as organizações privadas constroem uma visão possibilitadora da participação do diferente nos locais de trabalho, certamente se ampliam os direitos e se caminha em direção à inclusão social.

Palavras-Chave: portadores de necessidades especiais; surdos; mercado de trabalho.

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE

Vol. XII, Nº. 14, Ano 2009

INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade, principalmente por meio da Igreja, e mais recentemente por meio das

instituições governamentais e não-governamentais, sempre levou em consideração os

portadores de necessidades especiais, mesmo que essa consideração fosse para mantê-los

afastados das pessoas normais ou para dar-lhes assistência e abrigo, ou mesmo para

treiná-los para estarem aptos a serem inseridos no mundo do trabalho.

Na legislação vigente, verifica-se a existência da Lei 8.213/91, que dispõe sobre

os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, entre elas, a

habilitação e reabilitação profissional, em que a empresa se obriga a preencher suas vagas

com uma porcentagem pré-definida em Lei de portadores de necessidades especiais.

Nesta perspectiva, busca-se apoio na teoria e na prática para compreender melhor a

inclusão dos surdos no mercado de trabalho.

De acordo com Fernandes (1999), em adição ao competitivo mercado de

qualidade, produtividade e preço, atualmente as organizações estão progressivamente sob

a investigação do governo, acionistas, clientes e outras partes interessadas, para

demonstrar que os negócios estão sendo conduzidos de uma forma social aceitável.

Para o mesmo autor, o conceito de responsabilidade social não é novo,

organizações internacionais, uniões comerciais, grupos de pressão, e governo têm

investigado sobre as condições de trabalho em todas organizações, incluindo a

discriminação, que deixa milhares de portadores de necessidades especiais fora do

mercado de trabalho

Para Prieto (2002), um dos padrões não-inclusivos mais enraizados na política

brasileira é a do discurso que não se realiza na prática e que afeta os portadores de

necessidades especiais.

2. OBJETIVO

O objetivo inicial é explorar a literatura sobre inclusão de portadores de necessidades

especiais, em específico o surdo. Para Aranha (2003) a posição da sociedade para com os

portadores de necessidades especiais, no contexto do paradigma da integração, passa a

ser a da consideração de que a pessoa diferente tem o direito à convivência social com as

demais pessoas, mas que para exercê-lo, teria primeiramente que se modificar, que se

ajustar, no sentido de vir a parecer e funcionar do modo mais semelhante possível ao dos

demais membros da sociedade.

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O objetivo intermediário é verificar, por meio de dados governamentais e não-

governamentais, a situação atual dos portadores de necessidades especiais quanto à sua

inserção no mercado de trabalho.

Oliveira (2007, p. 1) afirma que:

A sociedade, as empresas e as próprias pessoas às vezes, mesmo que não intencionalmente são um pouco preconceituosas. Muitos acreditam que incluir pessoas deficientes principalmente no mercado de trabalho, pode vir a gerar muitos problemas, pois consideram este grupo de pessoas incapazes de trabalhar, desenvolver e pensar direito, portanto, passam a ser consideradas pessoas que não dão um bom rendimento e podem até causar prejuízos.

O objetivo final é, por meio da articulação da teoria com a pesquisa de campo,

chegar a resultados, mesmo que provisórios, sobre a coerência das empresas para com a

legislação pertinente e a inserção do surdo no mercado de trabalho.

Com base em Martins (2008), afirma-se que as observações, contato com as

pessoas, uso de indicadores, etc., leva à solução de problemas. Toda pesquisa requer um

embasamento teórico, e nele é preciso observar a teoria de base que dará sustentação ao

trabalho, assim, a pesquisa bibliográfica é importante.

A interação entre pesquisador e membros de situações investigadas é importante

para a qualidade de uma pesquisa exploratória, que pode envolver pesquisa de campo, ou

seja, contato direto do pesquisador com o objeto em perspectiva.

A entrevista permite conhecer a realidade da empresa que não está escrita e nem

se pode verificar nas observações, envolvendo pontos de vista, percepções, cultura etc.

(MARTINS, 2008).

3. METODOLOGIA

O presente artigo caracteriza-se como uma pesquisa de caráter exploratório, no qual será

utilizada pesquisa bibliográfica, e entrevista que permiti o resgate de conhecimentos

sistematizados e a posterior interpretação de um problema, bem como a atribuição de

significados básicos no processo de pesquisa exploratória, e o ambiente natural é fonte

direta para coleta de dados. Assim, identificaremos a visão sobre o problema em estudo,

no qual será analisado o comportamento do portador de necessidades especiais e do

empregador para que seja identificado as dificuldades e as semelhanças entre ambos.

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4. DESENVOLVIMENTO

Conforme o Departamento de Apoio ao Desenvolvimento Educacional – Dade (2002),

deficiência auditiva é a condição de privação sensorial e perceptual que influi no

desenvolvimento da pessoa. Pode ser congênita ou adquirida, reversível ou irreversível

dependendo do agente causador. Pode ser leve, aparecendo apenas para sons de baixa

intensidade; moderada, dificuldade durante a conversação em nível normal e no

reconhecimento de sons ambientes; severa, as dificuldades são acentuadas na

conversação, dificultando o entendimento e a fala; profunda, a pessoa só ouve sons muito

altos como trovões, bombas, aviões e outros. Essa deficiência pode ser minimizada com o

uso de próteses auditivas adequadas.

Pessoas que têm dificuldade de ouvir apresentam diferentes níveis de perda de

audição e acham que a qualidade da audição varia de dia para dia, de situação para

situação, ou mesmo que não há variação. Elas necessitam de ajuda básica e leitura labial,

mesmo que à vezes não se preocupem com isso. Muitas delas ouvem melhor na faixa de

baixa freqüência (tons baixos) e não podem ouvir bem ou mesmo não ouvir em

freqüências maiores. Algumas acham difícil diferenciar palavras com som consonantais

como z, d, t, b, p e não são aptos a ouvir sons agudos, metálicos, pássaros, relógios e

entendem melhor vozes masculinas. Outras consideram problema um cômodo com teto

muito alto, reverberações, a posição em que está o ouvido com problema, o emissor que

não está com uma boa luz no rosto ou que coloca a mão na frente boca enquanto fala,

entre outros (SKLIAR, 1998).

Aranha (2003) defende que a opção pela construção de uma sociedade com

padrões inclusivos, faz de todos co-responsáveis no processo de desenvolvimento do

coletivo, especialmente através do respeito ativo às peculiaridades que constituem a

riqueza da diversidade. Ela impõe, assim, várias conseqüências para as diferentes áreas da

ação pública e privada e, dentre estas, destaca-se a necessidade primordial de, além da

intervenção junto à pessoa com necessidades especiais, efetivar os ajustes, na sociedade,

de forma a garantir, imediata e definitivamente, o acesso desses cidadãos a todo e

qualquer recurso, serviço, equipamento, ocupação, processo disponível na comunidade,

independente do tipo de necessidade que possa apresentar, bem como de seu nível de

comprometimento.

Segundo a Associação dos Jovens Amigos – AJA (2008, p. 1):

A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) tem sua origem na Língua de Sinais Francesa. As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima

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ainda mais como língua. Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos.

Conforme a mesma instituição, os sinais são formados a partir da combinação da

forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são

feitos.

Oliveira (2007, p. 1) argumenta que:

Mesmo com algumas habilidades reduzidas, deve-se apoiar a inclusão das pessoas portadoras de deficiência na sociedade e no mercado de trabalho. Elas podem apresentar potencial e desenvolver um talento tanto quanto os indivíduos que não são considerados deficientes.

A lei 8.213/91, no art. 93, dispõe que a empresa com 100 (cem) ou mais

empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos

seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,

habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados, 2%; II - de 201 a 500, 3%; III -

de 501 a 1.000, 4%; IV - de 1.001 em diante, 5%.

Para Russo (2009), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE, o Brasil ainda não garante educação e trabalho para todos os

portadores de necessidades especiais, que somam 24,6 milhões, isto é, 14,5% da população

do País.

“Dados do Sistema Nacional de Emprego (SINE) apontam que em todo o Brasil

foram disponibilizadas, no ano passado, 36.837 vagas voltadas para esses cidadãos, mas

apenas 7.206 foram preenchidas” (RUSSO, 2009, p. 1).

Para o mesmo autor, 30% dos portadores de necessidades especiais são

analfabetos, o que representa sete milhões de pessoas que não podem usufruir a

linguagem verbal, que é essencial para a prática social. Conforme o IBGE, Censo de 2000,

os surdos formam um contingente de 5,7 milhões de pessoas.

Silveira (2006, p. 2) afirma que “os surdos representam uma categoria que em

épocas de desemprego estrutural, assim como outras minorias, teriam maiores

dificuldades em serem admitidos no trabalho, apesar de serem resguardados pela Lei

8.213/91 [...]”. Por outro lado, Mader (apud BORGES; BELLO; LEITE, 2002, p. 101)

considera que “há uma tendência atual de se julgar a diferença como algo inerente aos

seres humanos, havendo, portanto, uma valorização da diversidade”.

Borges, Bello e Leite (2002), após levantamento sobre a atuação dos surdos no

mercado de trabalho, consideram que o surdo é eficiente no local de trabalho e alcança

desempenho muitas vezes melhor do que o parceiro sem problema de surdez, de modo

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que é possível esperar competência do surdo no mercado de trabalho e, para isso, é

preciso que haja oportunidade para demonstrar bom desempenho.

Na maioria das vezes, os portadores de necessidades especiais demonstram ser

capazes de executar as mesmas tarefas dos demais colaboradores da empresa. Devido

esse fato, eles se sentem mais motivados, capazes e felizes, tanto no ambiente de trabalho

e na vida pessoal.

“A inserção e a retenção de portadores de necessidades especiais no mercado

regular de trabalho depende basicamente de três providências: preparo do portador;

educação do empregador; disposição de boas políticas públicas” (OLIVEIRA, 2007, p. 1),

ou seja, no enfrentamento das dificuldades na identificação e recrutamento de mão-de-

obra qualificada, as empresas deverão implementar programas de educação e treinamento

dos portadores de necessidades especiais.

Estudos demonstram que portadores de necessidades especiais são empregados

confiáveis e fieis e que representam ganho numa boa economia quando o mercado de

trabalho está com demanda de mão-de-obra, de modo que admitir um surdo não somente

representa empregar um bom trabalhador, mas também diminuir o ônus governamental

diante da incapacidade ocupacional (SILVEIRA, 2007).

4.1. Entrevista

Neste trabalho foi realizado uma entrevista com um empregador e um empregado surdo

de uma empresa metalúrgica, e foi preciso o auxílio da funcionária da Seleção e

Treinamento que sabia se comunicar com o surdo por meio da Língua Brasileira de Sinais

(LIBRAS).

A entrevista permite observar que a empresa precisa estar aberta para o portador

de necessidades especiais, já que ele pode ser eficiente e auxiliar na busca dos objetivos

estratégicos da organização, ou seja, existe mais medo e mito sobre as pessoas diferentes

do que a realidade mostra. Contudo, há que se ter mudanças necessárias para receber o

portador de necessidades especiais.

Para o entrevistado, estar empregado é bom porque se está ocupado, tem-se

autonomia financeira, consegue-se amigos, se pode comprar bens, roupas, se aprende

uma profissão.

O trabalho aumenta a auto-estima do portador de necessidades especiais e o

torna menos diferente. Em termos operacionais, não há dificuldades no trabalho, porém,

quando se é preciso comunicar, existe a dificuldade de não se entender e nem ser

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entendido. Algumas pessoas discriminam o surdo como alguém incapaz, irresponsável,

mas a maioria auxilia e contribui para o desenvolvimento profissional.

Um problema crítico é a participação em treinamentos, já que os instrutores não

sabem lidar com o surdo e não há tempo para um atendimento individualizado.

Para o entrevistado o que ele faz dá prazer, pois ao fazer certo apresenta

qualidade e quantidade, atendendo às exigências. É um trabalho que permite crescer

como profissional e pessoa.

A empresa busca conciliar legislação, responsabilidade social e cidadania, de

modo que possam empregar portadores de necessidades especiais utilizando critérios

democráticos. Porém, na maioria das vezes, a falta de habilidades básicas, tais como:

comunicação, domínio da escrita e leitura, que esbarram no processo de inclusão.

Também, cabe ressaltar que as empresa ainda não implementam mudanças físicas e

capacitação de pessoas para lidar com o surdo, por exemplo.

Uns dos problemas da adaptação no posto de trabalho (considerando o surdo), é

a qualificação operacional, já que a comunicação é pouco eficaz. Depois que o portador de

necessidades especiais domina o processo, há geração de qualidade e quantidade. E um

dos maiores obstáculos do empregador em relação à contratação de portadores de

necessidades especiais, são os mitos e medos, pensar que haverá altos custos de

adequação, comunicação, domínio da linguagem escrita e falada, pensar que haverá perda

de produção.

Verifica-se que a indústria está aberta para a contratação de portadores de

necessidades especiais, mesmo tendo que vencer alguns obstáculos – verdadeiros ou não.

Deve-se ressaltar, no caso do surdo, o problema da comunicação, que dificulta a

qualificação para o posto de trabalho. Porém, os problemas são resolvidos por meio de

mudanças necessárias e que não oneram em excesso a organização.

Cabe, ainda, ressaltar que a indústria não discrimina o surdo, de maneira que os

postos de trabalho a ele direcionado são os mesmos que os funcionários não surdos

ocupam.

Reconhece-se, após a pesquisa, que a indústria precisará, cada vez mais, resolver

os problemas de qualificação de funcionários portadores de necessidades especiais, já que

eles chegam no recrutamento e seleção com habilidades operacionais mínimas. Nessa

perspectiva, vai-se ao encontro com os pressupostos teóricos de que os programas de

treinamento e qualificação de candidatos portadores de necessidades especiais é uma

necessidade e uma solução.

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Com base na entrevista, notamos que a principal característica da empresa é que

ela está aberta para receber os portadores de necessidades especiais, por mais que ela não

esteja adaptada, ela acolhe essas pessoas auxiliando em seu desenvolvimento profissional

e pessoal, dessa forma a empresa também tem a oportunidade de ser bem recebida no

mercado de trabalho. Os pontos relevantes da entrevista, é que o empregado e o

empregador mantêm uma relação harmoniosa, mesmo enfrentando diversas barreiras na

comunicação, eles conseguem superar e demonstrar que é possível ter um bom

relacionamento e alcançar os objetivos propostos pela organização.

5. RESULTADOS

O resultado detectado é que os portadores de necessidades especiais, se desenvolvem de

acordo com a sociedade, mas no mercado de trabalho se deparam com muitas

dificuldades, como a falta de qualificação profissional e o preconceito, mesmo tendo o

apoio de muitas instituições.

Nossos objetivos foram alcançamos, pois realizamos uma ampla pesquisa

bibliográfica citando diversas opiniões de autores, os quais descrevem de forma

simplificada a relação dos portadores de necessidades especiais com as organizações. Por

meio da pesquisa realizada, e da entrevista com o portador de necessidade especial e o

empregador, observamos os pontos fortes e os pontos a serem melhorados das

instituições.

“A inserção e a retenção de portadores de necessidades especiais no mercado

regular de trabalho depende basicamente de três providências: preparo do portador;

educação do empregador; disposição de boas políticas públicas” (OLIVEIRA, 2007, p. 1).

Com essas três providencias o portador tem mais facilidades para se desenvolver no

mercado.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os dados da revisão bibliográfica com as informações da entrevista verifica-se

a tendência das pessoas portadoras de necessidades especiais, em particular os surdos,

têm como problema maior a comunicação com colegas e chefias no trabalho. Isso pode

causar isolamento e até baixa eficiência. De acordo com a entrevista o surdo está satisfeito

e trabalha harmoniosamente e feliz, com sua auto-estima em alta, conseqüência do

desenvolvimento pessoal e profissional.

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A perspectiva atual parece ser a da empresa responsável e que está se

desvencilhando de medos e mitos em relação à produtividade do portador de

necessidades especiais e começa a implementar ações necessárias, tanto na dimensão

física como na dimensão dos recursos humanos.

Um programa de treinamento e desenvolvimento de candidatos com

necessidades especiais figura-se como indispensável para o avanço da inclusão social.

Como partida, empregadores e empregados podem implementar e manter as condições

simples e focadas na melhoria da comunicação no local de trabalho.

Enfim, em consideração a outros processos de promoção dos portadores de

necessidades especiais, acredita-se que na medida em que as organizações privadas

constroem uma visão possibilitadora da participação doa portadores de necessidades

especiais no trabalho, certamente se ampliam os direitos e se caminha em direção à

inclusão social.

REFERÊNCIAS

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DADE, Departamento de Apoio ao Desenvolvimento Educacional. Inclusão. Secretaria de Ensino Fundamental, SP, 2002.

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