Abs.signo.geral

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ABC do Signo (em relação ao objeto) Como já sabemos, signo é tudo aquilo que substitui algo ou alguma coisa diferente dele mesmo. Por isso, ele sempre vai tentar representar um objeto que é, de certa forma, a sua causa, ou melhor, o seu determinante. Por exemplo, quando temos a pintura de uma casa, a casa vai ser o objeto, isto é, a causa, aquilo que está determinando em certa medida a própria pintura. Portanto, tendo em vista essa relação, o objeto está sempre influenciando o signo que o representa. Ora, sabemos desde algumas aulas que o signo está em relação com seu objeto, não é isso? E quais são mesmos os três tipos de signo na sua relação com o objeto? Bem, antes de nos lembrarmos disso tudo, é importante não esquecermos que estamos, neste momento, colocando uma lente de aumento, uma lupa, sobre este pólo do signo: signo/objeto. Esta é, portanto, a relação que está sendo analisada, ok. Tudo que estamos dizendo, agora, nada mais é do que uma reflexão em miúdos do tipo específico de relação que pode se estabelecer entre o signo e o objeto ao qual ele se refere. Dito isto, é fundamental termos em mente que são três os tipos de signos. Quais são eles mesmo? Exatamente. Ícone, Índice e Símbolo. Vamos lá. O que é um ícone? Bem, um ícone é simplesmente um tipo de signo que – na sua relação com o objeto – estabelece semelhança, qualidade, analogia e, outras vezes, pode até quebrar essa semelhança. Nesse último caso, temos uma espécie de degeneração da

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ABC do Signo (em relao ao objeto)Comojsabemos, signotudoaquiloquesubstitui algooualgumacoisadiferente dele mesmo. Por isso, ele sempre vai tentar representar um objeto que , decerta forma, a sua causa, ou melhor, o seu determinante. Por exemplo, quando temos apintura de uma casa, a casa vai ser o objeto, isto , a causa, aquilo que estdeterminando em certa medida a prpria pintura. Portanto, tendo em vista essa relao,oobjetoestsempreinfluenciandoosignoqueorepresenta. !ra, sabemos desdealgumasaulas que o signo estem relaocom seu objeto,noisso"#quais somesmos os tr$s tipos de signonasua relaocomoobjeto" %em, antes de noslembrarmosdissotudo, importantenoesquecermosqueestamos, nestemomento,colocando uma lente de aumento, uma lupa, sobre este plo do signo& signo'objeto. #sta, portanto, a relao que est sendo analisada, o(. Tudo que estamos dizendo, agora,nada mais do que uma reflexo em midos do ti!o es!e"#fi"o de relao que !odese estabele"er entre o signo e o objeto ao qual ele se refere.)ito isto, fundamental termos em mente que so tr$s os tipos de signos. *uaisso elesmesmo" #xatamente. $"one, $ndi"e e S#mbolo. +amos l. ! que um ,cone"%em, um ,cone simplesmente um tipo de signo que - na sua relao com o objeto -estabelece semelhana, qualidade, analogia e, outras ve.es, pode at quebrar essasemelhana. /esse 0ltimo caso, temos uma espcie de degenerao da semelhana quepode virar apenas, por exemplo, um conjunto de cores. +amos passo a passo. *uandodi.emos semelhana, seria legal termos em mente um exemplo bem fcil mesmo - odesenho.!ra, odesenhonadamaisdoqueum,conequeserefereaoseuobjeto,mantendo, em linhas gerais, uma relao de...semelhana com ele1 /em que seja com aideia que temos e que se encarna no desenho. /aturalmente, essa semelhana pode ficarmais clara ou mais dilu,da. Pensemos aqui emuma caricatura. 2ma caricatura,logicamente, ainda um desenho, mas sua semelhana com o objeto fica mais distantejqueso apenas algunstraosdapessoaretratada quesero enfati.ados. 2mnari.muito grande, orelhas etc. Pensem nessas caricaturas que sempre vemos nos jornais -especialmente de 3os 4erra que timo como v,tima de caricaturistas. !utra forma de,cone so aquelas baseadas em formas e cores, por exemplo, as pinturas figurativas quevimos em sala de aula. 5s pinturas daquela caverna francesa ou mesmo aquela pinturaimpressionistadacasacomoip$.6odasaquelasformastentamtra.erumpoucodoobjeto real para o quadro por meio destas tonalidades. 6ecnicamente chamamos essetipo de ,cone de hipo,cone.!utra coisa importante. 6emos uma figura de linguagem muito, muito conhecidaque pode ser usada como refer$ncia para compreendermos os ,cones de forma aindamais precisa. /este caso, estamos pensando nomodo comoos ,cones podemseapresentar na dimenso da l,ngua, isto , da linguagem verbal 7e escrita8. *ual elamesmo" 4im, a metfora. 5qui, preciso partir de seu conceito, isto , a metfora comouma figura de linguagemque estabelece uma relao desemel%anaentre asqualidades dos dois plos em questo - o signo e seu objeto. 9!lhos oce:nicos; umtimoexemplo, jquedeixabemclaroquearelao, aqui, seestabeleceentreasingularidade dos olhos e as caracter,sticas do oceano. aqui, otipode!ro"essointele"tualqueiracontecer 7como,ndice8 serdireto, !re"iso(mais uma2ez,fiquem ligados no ti!o de ra"io"#nio que est' sendo engendrado, isto , "riado !elo#ndi"e j' que iremos estudar daqui a !ou"o o inter!retante). %rincando um pouco,podemos di.er que o ,ndice lembra muito do tipo de informao jornal,stica ou mesmo,indo mais longe, est para o tipo de reconstruo que os peritos criminais fa.em emlocal onde se deu um crime. /esse caso, todos os elementos que compEem a cena docrime so #ndi"es- na linguagem dos peritos 9elementos indiciais;. Podemos supor,aqui, a faca ensangDentada, cadeiras derrubadas, a porta arrombada - isso sem falar nasfamosas digitais. 6udo isso so ,ndices. )equalquer forma, bomnoesquecermos osexemplosmais claros. 2mapegada,ndicenamedidaemqueelaaponta-ecomqueclare.a@escurido1?quealgum, de fato, por ali passou. =arcas C beira de um rio idem. Pegadas de ona sotambm ,ndices por apontarem a passagem do animal. !utro exemplo claro& fumaa -indica que h fogo em determinado local. F bom fa.ermos, agora, outra comparao.#ntre as figuras de linguagem. 4e o ,cone est para a metfora, o ,ndice implica qualfigura de linguagem" 4im, a meton,mia 7parte pelo todo8. Podemos, aqui, por exemplo,pensaraspegadas7parte8paraotodo7pessoa8. Fprecisoguardarqueo,ndicetemsempre 7quase sempre, melhor colocando8 essa concretude com seu objeto de tal formaque ele no deixa espao 7na maior parte dos casos8 aberto C ambigDidade. 5 corola dogirassol apontaexatamenteparaolocal queosol ocupanocu-portanto, ,ndice.6rocando em mi0dos, o tipo de racioc,nio gerado pela relao entre este tipo de signo eseu objeto sempre exato, informacional, preciso. ! 0ltimo caso talve. seja o mais fcil, pois o s,mbolo est ligado Cs questEesrelativasa !a"to so"ial, "on2eno "oleti2aetc. #xemplo& bandeira do %rasilrepresenta o %rasil. 5 constituio, por outro lado, a representao mxima da lei. 5gramtica representa a estrutura gramatical de nosso idioma. #m s,ntese, os ,cones sugerem seus objetos> os ,ndices indi"am?nos com clare.aao passo que os s,mbolos os re!resentam. !ra, todos voc$s devem ter percebido que agora est ficando cada ve. mais fcildescobrir os tipos de 9interpretao;, isto , a famosa din:mica intelectual que acontecequando estamos diante dos signos - isto , quando estamos diante do ,cone, do ,ndice edo s,mbolo. 6rocando em mi0dos, temos um tipo de interpretao quando lemos um,cone, temos outroquandointerpretamos um,ndiceefinalmentetemos umanovamodalidade de pensamento quando estamos diante de um s,mbolo. Portanto, cada tipode signo - ,cone, ,ndice e s,mbolo - implica 7necessariamente8 um tipo de interpretao,de leitura, de racioc,nio. Como dissemos vrias ve.es, os polos esto o tempo todo emrelao uns com os outros, esto se influenciando. !ra, quando estamos diante do mais clssico de todos os ,cones - as nuvens, oumelhor,asdiferentesformasqueasnuvensadquiremnocu-oqueacontececomnossa mente" Pensamos vrias coisas& por exemplo, diante da forma que uma nuvemincidentalmente toma no cu, podemos nos perguntar& um coelho" F um avio" F alua" #nfim, no temos certe.a - e na verdade nunca teremos - sobre a forma exata que anuvem toma, pois ela imprecisa por definio, nunca se congela ou se fixa. *uandoestamos vendo vrios desenhos, pinturas, caricaturas - estes tipos de imagens icGnicas -nossa tend$ncia perder alguns segundos at termos mais preciso sobre aquilo queaquela imagemsugere. Portanto, quando estamos lendo - sim, de fato, estamosgenerali.ando1 - um ,cone, o tipo de interpretao, isto , seu interpretante tende a seramb,guo, hipottico, sem preciso1 +oltemos ao exemplo das nuvens& no caso, criamosuma srie de hipteses do tipo& um avio" F uma escada" !ra, o que isso significa"*uando estamos diante de imagens amb,guas, acabamos sempre criando uma srie dehipteses que serviro de base para outras hipteses que, por sua ve., serviro de basepara outras hipteses... Asso tudo significa que, diante do ,cone - devido C suaambiguidade - estamos fadados a criar hiptese sobre hipteses sem nunca,efetivamente, provar nada1 !,cone no est na dimenso da prova1 #le produ.indagaEes, questEes, como di.emos, perguntas que se acumulam umas sobre as outras.6ortanto, inter!retante %i!otti"o5!ra, em relao ao ,ndice, a coisa fica mais fcil no sentido de que ele permiteoutro tipo de interpretante. 5qui, este interpretante, isto , esse tipo de interpretao fundamentalmente deste tipo& 9onde h fumaa, h fogo;1 !que isto significa"4ignifica que, aqui, temos um tipo de leitura do mundo mediante o qual"onstatamoscoisas, ind,cios, marcas, provas, rastros1 5ssim, quando estamos em uma situao dehomic,dio, to t,pica dos ,ndices, o investigador ir procurar a exist$ncia de tais traos,de tais rastros e - da, - poder at constatar que o crime se deu por meio do uso de facaouderevlver1 Pensar, portanto, naquestodointerpretante, nocasoemquesto,significa observar que o tipo de interpretante implicado basicamente "onstatati2o1/o caso dos s,mbolos, o tipo de pensamento diferente na medida em que os,mboloseligaaumcontextohistrico, ideolgico, cultural etc. Portanto, aqui ointerpretante muito mais complexo, pois implica uma leitura que mistura histria esigno, culturaesigno, ideologiaesigno. !bservemoexemplodafoto9!beijo;11Baamos uma brincadeira, retiremos todo o contexto da foto por enquanto. !ra, retiradoo contexto o que sobra apenas a prpria superf,cie f,sica da imagem que indica umasituaoespec,fica-umbeijo. 4eafotofosse-semcontexto-apenasum,ndice,estar,amos, portanto, apenas constatando a situao. Anterpretante constatativo. =as, naverdade, o foto 9! %eijo; , de fato, um signo muito, muito importante1 Por que toimportanteassim"!ra, paradescobrirmosaimport:nciadafotoemquesto, temosnecessariamente de inseri?la emseu... contexto1 *uandoinserimos a fotoemseucontexto, descobrimosqueelarepresentaavitriadasBoras 5liadassobreo#ixo75lemanha e 3apo8. Portanto, a foto - inserida em seu contexto1 - adquire sua funofundamental - a de ser s,mbolo da vitria contra o /a.ismo1/este caso, qual o tipo de racioc,nio, isto , qual o tipo de interpretante" !ra, uminterpretante que ligue, que articule a foto C sua realidade histrica - ao seu contexto.5ssim, de uma mera constatao de um beijo 7quando retiramos o contexto da foto, elase tornou um ,ndice e, por isso, o interpretante era uma mera constatao8> ora, de merauma constatao de um beijo, di.,amos, a foto se torna um discurso que narra a vitriadas 6ropas 5liadas sobre o #ixo, ou seja, um desfecho geopol,tico que teve implicaEesfundamentais naestruturaopol,ticadetodaoplaneta. /oestamos mais apenasconstatando o beijo> ao contrrio, estamos, na verdade, observando uma nova paisagemgeopol,tica que est sendo temati.ada pelo beijo11Portanto, nosso interpretante aqui histrico, complexo, um verdadeiro conjuntode argumentos sobre a nova estrutura geopol,tica do mundo19m s#ntese: o !rimeiro inter!retante, gerado !elo #"one & "%amado de rema& %i!otti"o; o segundo inter!retante, gerado !elo #ndi"e & "%amado de di"ente & "onstatati2o; o ter"eiro inter!retante, gerado !elo s#mbolo & "%amado deargumento5 & argumentati2o, %ist0ri"o, "om!lexo5