A imagem dos jornalistas no mercado do interior

12

Click here to load reader

description

Este artigo apresenta uma análise sobre a relação entre o jornalismo e a sociedade na segunda maior cidade do interior baiano, Vitória da Conquista, localizada a 500 km de Salvador. Pretende-se identificar qual a percepção da população conquistense acerca dos profissionais dessa área, os desafios dessa categoria quanto a atuação no interior do Estado e importância dos jornalistas para a sociedade como um todo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória e quantitativa discursiva, que aponta o Jornalismo como uma “ciência” indispensável para a sociedade, no que se refere às primícias de formar e informar.

Transcript of A imagem dos jornalistas no mercado do interior

Page 1: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

A imagem dos jornalistas no mercado do interior

Jádia Filadelfo BRITO1

Graduanda em Comunicação Social/JornalismoUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Maria Thaís Firmino da SILVA2

Graduanda em Comunicação Social/JornalismoUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Rafael de Almeida OLIVEIRA3

Graduando em Comunicação Social/JornalismoUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Roberta Kelly Otoni LIMA4

Graduanda em Comunicação Social/JornalismoUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Simara Oliveira ANDRADE5

Graduanda em Comunicação Social/JornalismoUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Francis José PEREIRA6

Especializado em Gestão Estratégica de MarketingUniversidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Resumo: Este artigo apresenta uma análise sobre a relação entre o jornalismo e a sociedade na segunda maior cidade do interior baiano, Vitória da Conquista, localizada a 500 km de Salvador. Pretende-se identificar qual a percepção da população conquistense acerca dos profissionais dessa área, os desafios dessa categoria quanto a atuação no interior do Estado e importância dos jornalistas para a sociedade como um todo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória e quantitativa discursiva, que aponta o Jornalismo como uma “ciência” indispensável para a sociedade, no que se refere às primícias de formar e informar.

Palavras-chave: Jornalismo; sociedade; mercado; interior.

1 Aluna do sexto semestre do curso de Comunicação, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 2 Aluna do sexto semestre do curso de Comunicação, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 3Aluno do sexto semestre do curso de Comunicação, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 4 Aluna do sexto semestre do curso de Comunicação, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 5 Aluna do sexto semestre do curso de Comunicação, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 6 Professor do curso de Comunicação, habilitação em Jornalismo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Ministra a disciplina de Comunicação e Mercado Regional para os alunos do 6° semestre.

Page 2: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

1. Introdução

As relações entre jornalismo e sociedade frequentemente são debatidas no meio

jornalístico. Melo (1998) considerou o exercício jornalístico como a base da vida em

sociedade, visto que consiste em um componente da comunicação. O jornalismo,

enquanto difusor de informação, carrega consigo instrumentos fornecedores do

conhecimento e que possibilitam a reflexão sobre a realidade. Em seu formato atual,

tem se consolidado como um dos poucos instrumentos de compreensão dos fatos

quotidianos da sociedade.

Ainda que existam desafios para a inserção desses profissionais no mercado de

trabalho do interior, precisamente em Vitória da Conquista no estado da Bahia, a

população considera a atividade fundamental para seu desenvolvimento, seja ele social,

cultural, político nas demais áreas de interesse público.

Compreender como a sociedade avalia o jornalista é fundamental para buscar

novas formas de atuação, por isso com a discussão fundamentada na “ciência”

jornalística e na pesquisa de campo, o artigo proposto analisa uma possível

compreensão populacional acerca do profissional de jornalismo.

2. Breve 7 histórico do jornalismo no Brasil

Mesmo antes do registro oficial sobre o início da imprensa, buscava-se algum

meio de informar e ser informado sobre os mais diversos acontecimentos. Esta

necessidade de informação é própria da vida social, e desde os antigos contadores de

história vê-se nítido o cumprimento desta função . Um exemplo eram os mensageiros

da antiguidade que levavam, oralmente ou por escrito, notícias sobre acontecimentos

diversos . Porém, foi a partir do século XV, com o surgimento dos correios e o

nascimento da impressão, que abriram-se as portas para a imprensa periódica.

Desde então é possível observar o poder que o jornalismo pode exercer. Na

história pode-se detectar Napoleão Bonaparte, como exemplo de reconhecedor da

importância da imprensa, pois além da leitura regular de impressos jornalísticos,

utilizou o poder dos jornais a serviço de sua propaganda, afim de alcançar a França e o

exterior. Mesmo no século XVII, Bonaparte entendeu o jornalismo como uma atividade

profissional que mantém elo direto com a sociedade e a sua formação.

7 Dados históricos extraídos de Imprensa Brasileira – Dois séculos de história. Disponível em: http://www.anj.org.br; e http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_jornalismo

Page 3: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

No Brasil, em determinados momentos da história, a imprensa teve papel

fundamental especialmente no que diz respeito à formação de opinião pública. Nos

primeiros registros da imprensa brasileira encontra-se o “Correio Braziliense”, fundado

em 1º de junho, e o “Gazeta do Rio de Janeiro”, em10 de setembro (ambos no ano de

1808). Nessa gênese, era notório o cunho político dos periódicos desde o seu

surgimento. O “Correio”, por exemplo, foi criado por Hipólito José da Costa,

republicano opositor à Família Real que se instalou no Brasil, e a “Gazeta”, criada por

D. João VI e redigido pela Imprensa Régia, surgiu como forma de retaliação. Essa,

portanto, consistiu em uma das primeiras formas de censura de imprensa em terras

brasileiras. Desde a instalação da Impressão Régia no Rio de Janeiro foi estabelecida a

ressalva

(…) se imprimam exclusivamente toda a legislação e papéis

diplomáticos que emanarem de qualquer repartição do meu real

serviço,e se possam imprimir todas e quaisquer obras, ficando

inteiramente pertencendo seu governo e administração à

mesma Secretaria.

A partir de então deu-se uma ferrenha discussão sobre a liberdade de imprensa.

Diversos veículos impressos surgiram em busca de garantir o direito à informação. O

“Sentinela da Liberdade”, criado por Cipriano José Barata de Almeida, parece como o

primeiro jornal republicano brasileiro; o editor João Soares Lisboa se torna o primeiro a

defender a convocação de uma constituinte brasileira e a primeira pessoa processada no

Brasil por abuso da liberdade de imprensa; editor do “Observatório Constitucional”,

Líbero Badaró, com críticas combateu o autoritarismo do Imperador, e foi o primeiro

jornalista assassinado no Brasil em virtude do que escrevia.

No Segundo Reinado, a imprensa finalmente conseguiu alguma liberdade, os

jornais que pregavam a mudança da forma de governo não eram reprimidos, porém no

decorrer da história essa liberdade se mantinha oscilante. Em alguns momentos, como

na República Velha, no Estado Novo e na época do Regime Militar, os jornais tiveram

que se submeter às imposições governamentais.

Apesar da censura, o jornalismo foi reconhecido quanto à sua importância, e

diante de todos estes acontecimentos, o curso de formação superior chegou ao Brasil.

Quase um século depois da criação da primeira Escola de jornalismo, em 1869 na

Virgínia, nasceu a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em São Paulo, no

Page 4: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

ano de 1947. A partir da década de 60, outras instituições passaram também a ministrar

o curso de jornalismo.

No decorrer da história jornalismo se propôs a uma adaptação. Desde às notícias

políticas, informes sociais, culturais e esportivos, até às exigências do mercado. A

concorrência pela preferência do cidadão na escolha de suas fontes de informação

intensificou-se com o surgimento de novas mídias, como a internet, porém essa

profissão continua a ocupar espaço significativo diante dos cidadãos.

3. O jornalismo e sua importância

Mesmo com o avanço tecnológico e as inovações na área da comunicação, o jornalista

permanece em destaque devido a seu perfil de elemento catalisador e transmissor de

informações. Formar e informar com qualidade e responsabilidade deve ser uma das

primícias desse profissional que desenvolve uma investigação profunda de cada

acontecimento, a fim de repassar informações corretas e completas. Em consonância

com essa abordagem, Melo (1998) afirma que o jornalismo pode ser definido como

ciência que estuda o processo de transmissão oportuna de informações da atualidade,

através dos veículos de difusão coletiva. Mas Rocha (1999) vai além, e define o

jornalismo como uma ciência utilizadora de veículos que materializam ideias, com vida

e destinos próprios, e usufrui de uma estrutura e recursos humanos

Dada a importância dessa área de conhecimento, em cada sociedade os

profissionais de jornalismo são determinantes para elevar ou diluir movimentos

coletivos, legitimar ou contestar as relações de poder vigentes. São fundamentais para

contribuir com o desenvolvimento humano, social, econômico e cultural. Por isso, o

jornalista não deve ser caracterizado como um mero tecnicista à executar atividades

rentáveis - o foco está no conhecimento produzido, e não nas características da atividade

- existe uma reflexão acerca do exercício diário da profissão, pois a complexidade não

está nas ferramentas, mas na capacidade intelectual de apreender e compreender os

acontecimentos.

jornalismo é ciência, ainda que a Escola de Frankfurt o tenha como uma “ciência

mal feita”, devido a superficialidade (algo a se corrigir) para falar de diversos assuntos,

trata-se da base de estudo das ciências da comunicação, informação e humanas em geral

(GENRO FILHO,1987). O teórico alemão Otto Groth, um dos pioneiros a reconhecer a

“ciência jornalística” revelou que, diariamente, um profissional dessa área é imbuído

por uma metodologia científica, passos que se repetem independente da sociedade e da

Page 5: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

cultura específica. O jornalista possui algo em destaque: a forma diferente de revelar a

realidade, ele ilustra detalhes que outros profissionais de diversas áreas de

conhecimento, possivelmente, não conseguiriam perceber, pois não estão habituados

com o relato de fatos singulares, mas no estabelecimento de leis que se apliquem no

todo.

Dentre as ciências o jornalismo se destaca, pois a a comunicação é a base da vida

em sociedade (MELO, 1998). Não há como viver sem informação, sem o trabalho do

jornalismo diário, em tempo real. jornalismo e a sociedade fazem parte de uma mesma

engrenagem, possuem relação estreita e coesa, um depende do outro. A sociedade

caminha juntamente com os avanços na área da comunicação, e os sistemas de

comunicação se desenvolvem de acordo com as demandas dela, po isso, em relato ao

blog Polimídia, Eduardo Meditsch declarou que seria difícil viver sem o jornalista.

(…) se tivéssemos uma greve dos jornalistas de todos os meios, ou seja, se a sociedade passasse alguns dias sem o jornalismo. Provavelmente viveríamos uma sensação de grande insegurança, a boataria seria incontrolável, e as instituições ficariam ameaçadas. (MEDITSCH,Disponível:http://polimidia.blog.br/sociedade-emjornalismo-por-um-dia acesso em maio de 2010)

A comunicação jornalística tem sua importância refletida na organização da vida

quotidiana, o produto jornalístico, entre outras funções, proporciona pontos de vista

sobre a realidade, podem gerar conhecimento e também sugerir, direta ou indiretamente,

respostas para os problemas sociais. De acordo com Sousa (2002) a ação dos meios

jornalísticos, participam da realidade social existente, configuram referentes coletivos e

geram determinados processos modificadores dessa mesma realidade.

4. Desafios na atuação do jornalista no interior

A figura do jornalista está se transformando. O defensor da opinião pública, o

revolucionário, o investigador que está sempre à frente dos acontecimentos e alerta a

toda novidade para prontamente passá-la à sociedade já não é mais o mesmo. O que se

depreende de uma análise da atual situação do ofício do produtor de notícias é que o

mesmo torna-se um trabalhador cada vez mais versátil, que tenta se adaptar às diversas

segmentações do mercado. A demanda é por profissionais cada vez mais

desembaraçados, já que no Brasil as esferas do jornalismo e da comunicação mesclam-

Page 6: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

se, obrigando o jornalista a adequar-se também a outras funções como assessor,

publicitário e designer.

O problema central da dificuldade de inserção no mercado da comunicação é

que o número de profissionais que se formam é superior às vagas de emprego

disponíveis. Consequentemente, os profissionais tendem a procurar opções alternativas,

penetrando em outros campos da comunicação, ou mesmo tentando fazer o trabalho de

mais de um profissional, o que caracteriza a chamada multifuncionalidade. Na região

sudoeste da Bahia, os jornais em sua maioria funcionam com esse tipo de profissional,

que faz desde a parte jornalística de investigação, redação, fotografia e diagramação da

página até a distribuição do produto final.

Em 17 de Junho de 2009, a obrigatoriedade do diploma em jornalismo para

exercer a profissão foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Este fato só

veio acrescentar dificuldade na penosa inserção do jornalista no mercado de trabalho, já

que, passará a competir com os colegas graduados, com profissionais provisionados ou

com qualquer cidadão que se denomine como tal. A pressão decorrente desta

competição contribui para que o profissional busque trabalhar em vários locais, a fim de

conseguir uma melhor remuneração. Segundo Rainho (2008, p. 18), a atividade

freelance é a que mais cresce na área do jornalismo. Inúmeros fatores contribuem para

esta situação, como a precarização do trabalho, que atinge diversas categorias nessa era

de competitividade acirrada e a já citada desregulamentação das relações trabalhistas.

A conjuntura mercadológica em Vitória da Conquista assemelha-se muito ao

quadro geral. Existem muitos profissionais exercendo a função como freelancers. A

competitividade, o mercado restrito e o tempo são os grandes inimigos do jornalista na

cidade. Outro problema para a classe em âmbito regional, é a falta de um piso salarial

para os profissionais.

A falta de um jornalista, principalmente no Brasil, não é motivo preponderante para que um veículo de comunicação exista ou não. O que muitas vezes vale nesse meio é a possibilidade de lucro que tal veículo de comunicação vai dar aos seus proprietários. O que rege os veículos de comunicação - mesmo os grandes, "dotados" de excelentes jornalista - são políticas de interesses, onde os principais beneficiários não são os leitores, mas os posseiros da mídia.(2005, FAGGION).

Observa-se ainda que não há fiscalização nem jornada de trabalho definida e na

maioria das vezes não há carteira assinada. O proprietário do jornal, é também o

Page 7: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

“jornalista” responsável pela publicação, levando-o muito mais como um negócio,

dando enfoque a publicidade e deixando a produção jornalística de lado. Macário (2005

p. 140) comenta que no sudoeste da Bahia predomina o semanário, e acrescenta que as

redações dos pequenos jornais geralmente não têm mais que quatro repórteres, sendo a

grande maioria destes não efetivados e não formados. O mercado de jornalismo

impresso é muito restrito na região e um dos maiores impedimentos ao seu crescimento

é a falta de interesse do público em relação à leitura. Os jornais têm poucos assinantes e

raras pessoas o compram. O desinteresse da população pelo impresso em Vitória da

Conquista pode ter sua parcela de contribuição no desenvolvimento do webjornalismo,

pois atualmente a cidade conta com vários blogs que discutem e informam sobre os

acontecimentos locais e regionais.

Além da dificuldade existente com o público, o jornalismo regional acaba quase

sempre tendo que se envolver com a política local, fato que pode acabar

comprometendo a liberdade que deveria ser assegurada ao profissional que trabalha com

a informação. Em Vitória da Conquista a imprensa surgiu atrelada à política e em meio

a tragédias promovidas pelos coronéis que não aceitavam denúncias. Sobre isso,

comenta Macário (2005, p. 152) que “não é possível que uma profissão de tamanha

responsabilidade continue sendo maculada em nome de uma falsa liberdade de

expressão, sem que haja uma limpeza em nome da moralidade e da ética”. Muitas vezes,

a saída mais próxima é migrar para os mercados menos explorados, como o jornalismo

empresarial ou as assessorias de comunicação, o que tem acontecido com muita

frequência.

De acordo com Rainho (2008, p.107), em qualquer situação que se encontre o

jornalista, é importante conhecer o mercado autônomo. Se não é freelancer hoje, pode

ser a médio ou curto prazo. O profissional empreendedor tem mais chances de conseguir

seu espaço, porque a inovação é a grande exigência do mercado. No interior,

encontramos cada vez mais presente esta realidade, o profissional de comunicação deve

estar preparado para desempenhar diversas funções e lutar pelo seu lugar.

5. Metodologia

A seguinte pesquisa foi realizada de acordo a metodologia da pesquisa

quantitativa discursiva. Em primeiro momento foi utilizada a pesquisa exploratória de

dados com a população da cidade de Vitória da Conquista, que ultrapassa 300 mil

habitantes. Para a coleta de dados, foram aplicados 246 questionários em cinco bairros

Page 8: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

residenciais e comerciais - Bairro Brasil, São Vicente, Centro, Recreio e Alto Maron - a

fim de obter coerência nos resultados, no que se refere à diversidade social e cultural.

A pesquisa deixou evidente algumas questões discutidas, que até então não

possuíam dados comprovatórios. Através dela foi possível detectar algumas facetas da

atual conjuntura do jornalismo produzido e consumido no interior do Estado. Ideias pré-

concebidas, estereotipadas, idealizadas e também realistas a respeito de questões que

circundam a relação da sociedade com o jornalismo puderam ser avaliadas através de

uma amostra com 5% de margem de erro.

5.1 Análise e discussão dos dados

O primeiro dado encontrado refere-se ao hábito de leitura do conquistense.

Apenas 1,6% dos entrevistados afirmaram que leem jornais diariamente, 12,6%

garantiram que fazem a leitura algumas vezes por semana e a maior parte está entre os

que raramente fazem uso desse veículo e os que nunca o utilizam, respectivamente

47,5% e 35,8%. Dado que pode ser confirmado a partir de outro quesito da pesquisa, o

qual constatou que 55,2% dos entrevistados utilizam a televisão como fonte de

informação diária e 34,9% a internet (o que mostra a evidência da consolidação do

jornalismo digital na contemporaneidade), sendo a parcela final dividida entre rádio,

jornal e revista.

Gráfico 1. Você lê Jornais?

Fonte: Pesquisa de campo executada pelos alunos do 6° semestre de Comunicação Social/Jornalismo da

Uesb. Maio de 2010

Sim, diariamente - 1,6%

Sim, algumas vezes porsemana - 12,6% Somente aos domingos- 2%Sim, mas raramente -47,5%Nunca - 35,8%

Page 9: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

Gráfico 2. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado sobre os acontecimentos do mundo

contemporâneo?

Fonte: Pesquisa de campo executada pelos alunos do 6° semestre de Comunicação Social/Jornalismo da Uesb. Maio de 2010

Acerca da profissão de jornalista a amostra demonstrou imagens estereotipadas

quanto à indagação: “você gostaria de ser um jornalista?”. No leque de respostas obtido

pôde-se observar conclusões como: “Sim, porque jornalista ganha bem”, “Não, porque

eu não tenho cara de pau”. Contudo, quando o questionamento voltou-se para o que é

necessário para ser um jornalista, a maioria a considerou a necessidade do curso

superior em jornalismo, em contrapartida ao serem solicitados para citar o nome de

algum jornalista atuante, a maioria das respostas contemplaram profissionais sem

formação acadêmica, provisionados e estudantes de jornalismo. No entanto, constata-se

também que para a maioria da população o jornalista é um profissional detentor de

muito conhecimento, corajoso, honesto, preocupado com a sociedade, que se comunica

de forma clara. A natureza e a finalidade do jornalismo continuam sendo apurar tudo que está acontecendo para contar à sociedade, da forma mais honesta possível. Esta é a função do jornalista, quaisquer que sejam as plataformas, as tecnologias.(CASTRO, 2008)

Gráfico 3: Você sabe o que é preciso para ser um jornalista?

Jornais - 3%

Revistas - 3,6%

Televisão - 55,2%

Rádio - 5,6%

Internete - 34,9%

Outros - 0,4%

Page 10: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

Fonte: Pesquisa de campo executada pelos alunos do 6° semestre de Comunicação Social/Jornalismo da Uesb. Maio de 2010

A representação gráfica apresenta os profissionais mais citados no que se refere

à atuação em Vitória da Conquista, Herzem Gusmão e Judson Almeida, porém trata-se

de provisionado e estudante de jornalismo respectivamente. Apesar de 28,8% dos

entrevistados considerarem que o diploma de jornalismo é necessário para que uma

pessoa se torne jornalista, essa amostra evidencia que os mesmos não sabem distinguir

entre o profissional que concluiu a graduação e o não formado.

Gráfico 3: Você poderia citar um nome de algum jornalista que atua na cidade de Vitória da Conquista?

Fonte: Pesquisa de campo executada pelos alunos do 6° semestre de Comunicação Social/Jornalismo da Uesb. Maio de 2010

Outra questão, que para essa análise possui maior relevância, aprecia a opinião

da sociedade quanto à importância do jornalismo. Nesse quesito ficou evidenciado que,

apesar do desconhecimento de um conceito específico para a profissão, 98,7% dos

entrevistados apontaram a profissão como importante para a sociedade, principalmente

pelo seu caráter de utilidade pública, quando este expõe à sociedade os acontecimentos

de relevância à população.

Não sei - 23,1%

Estudo - 15%

Curso superior - 28,8%

Coragem e honestidade -5,6%

Vocação/aptidão - 10,5%

Redigir e se comunicar bem -3,6%

Outros - 15,8%

Não sabe, não lembra -30,8%Herzen Gusmão -19,5%Judson Almeida -18,2%Nildo Freitas - 4%

Liliane Lourenço -3,6%Daniela Oliveira - 4,4%

Zenon Barbosa - 5,1%

Daniel Silva - 2%

Outros - 10,9%

Page 11: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

Gráfico 4: A profissão de jornalismo é importante para a sociedade?

Fonte: Pesquisa de campo executada pelos alunos do 6° semestre de Comunicação Social/Jornalismo da Uesb. Maio de 2010

6. Considerações finais

Esta breve análise bibliográfica e pesquisa populacional mostra que há uma reflexão no

meio acadêmico, mas também na população sobre as relações entre jornalismo e

sociedade. Uma possível leitura comum dos autores e dos resultados da pesquisa é de

que o jornalismo tem papel fundamental, visto que é essencial na transmissão de

informações e na construção formadora de opinião frente à sociedade.

Quanto ao mercado de trabalho do jornalista em Vitória da Conquista, à

semelhança nacional, ele está ligado à lógica de extensas jornadas de trabalho, altas

oscilações salariais e contratações sem vínculo empregatício. Contudo, fica sabido que a

profissão e formação do jornalista é de interesse da sociedade, visto que ela avalia a

profissão como responsável pela disseminação coerente do conhecimento e das

informações.

Portanto, procurou-se através desse estudo integrar a discussão que, em muitos

momentos é vista como corriqueira, através da análise teórica amparada por

considerações sociais, afim de obter coerência nos resultados apresentados e

desmitificar a ideia de que a sociedade não reconhece o jornalista como ele o é para a

academia.

Sim - 98,7%Não - 1,3%Não sei

Page 12: A imagem dos jornalistas no mercado do interior

7. Referências Bibliográficas

CASTRO,Eduardo. Futuro da comunicação – Brasília – Banco do Brasil. Edição de palestras do XII Seminário de Comunicação Banco do Brasil, 2008.

CHAPARRO, Carlos. De como a ciência pode ajudar a notícia. Midiamix – Assessoria de Imprensa. Disponível: www.midiamix.com/assessoria/nota2. htm. acessado em maio de 2010.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4º edição. Atlas 1994.

MEDITSCH, Eduardo. O jornalismo é uma forma de conhecimento? Mídia & Jornalismo,Vol.1, p.9-22, 2002.

MEDITSCH, Eduardo. Sociedade sem jornalismo por um dia. Disponível: http://polimidia.blog.br/sociedade-em-jornalismo-por-um-dia acessado em maio de 2010.

MELO, José Marques. Teoria da Comunicação: paradigmas latino-americanos, Petrópoles, Ed. Vozes, 1998.

MELO, José Marques. Comunicação e modernidade. São Paulo, Edições Loyola, 1991.

MOTTA, L. G. (org.). 2002. Ideologia e processo de seleção de notícias. In: Imprensa e poder. Brasília, Editora Universidade de Brasília. São Paulo, Imprensa Oficial.

NOBREGA DA CUNHA. C. A. (s.d.) A imprensa americana e seus reflexos no Bra-sil. Lições da vida americana. Rio de Janeiro, Instituto Brasil-Estados Unidos.

OLIVEIRA, Jeremias Macário. A imprensa e o Coronelismo no sertão do sudoeste. Vitória da Conquista, Edições UESB, 2005.

RAINHO, João Marcos. Jornalismo Freelance : empreendedorismo na comunicação. São Paulo, Summus, 2008.

ROCHA, Paula Melani. A profissionalização em um jornal popular, in BONELLI, M. da G. (org): Teoria & Pesquisa. São Carlos, n.28/29, p.63-95, 1999.