Versão dos jornalistas 141

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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 22 - Nº 141 - Outubro de 2014 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br Funções e profissionais que ficaram na memória Páginas 4 e 5 O surgimento de tecnologias e mudanças no perfil de produção da notícia faz com que, em muitos casos, os novos jornalistas não tenham a oportunidade de trabalhar com profissionais cuja função era indispensável pouco tempo atrás. Sindicato realiza debate sobre jornalismo investigativo na Feira do Livro Página 7 DEBATE Confira os prêmios de reportagem com inscrições abertas Página 7 FORMAÇÃO Papel do comunicador público na defesa da profissão Entidade informa período para manifestação sobre pagamento de contribuição RECONHECIMENTO SINDICATO Página 6 Página 3 FOTOS: BRUNA FERNANDA SUPTITZ/SINDJORS Ilustração e revelação de fotos em laboratório não fazem mais parte da rotina do jornalismo impresso. Acima, à esquerda, o ilustrador e laboratorista Helio Devinar FOTO: ROBERTO SANTOS

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Outubro de 2014 1

Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 22 - Nº 141 - Outubro de 2014 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Funções e profissionaisque ficaram na memória Páginas 4 e 5

O surgimento de tecnologias e mudanças no perfil de produção da notícia faz com que, em muitos casos, os novos jornalistas não tenham a oportunidade de trabalhar com profissionais cuja função era indispensável pouco tempo atrás.

Sindicato realiza debate sobre jornalismo investigativo na Feira do Livro Página 7

debate

Confira os prêmios de reportagem com inscrições abertas Página 7

formação

Papel do comunicador público na defesa da profissão

Entidade informa período para manifestação sobre pagamento de contribuição

reconhecimentoSindicato

Página 6Página 3

Fotos: Bruna Fernanda suptitz/sindJors

Ilustração e revelação de fotos em laboratório não fazem mais parte da rotina do jornalismo impresso. Acima, à esquerda, o ilustrador e laboratorista Helio Devinar

Foto: roBerto santos

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Outubro de 20142

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 5 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos Costa1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplente - José Maria Rodrigues NunesSuplente – Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Teresinha Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Jose Emanuel Gomes de Mattos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

Proselitismo eleitoral disfarçado de Jornalismo

humor de Santiago

editorial

Diante da cobertura jornalística realizada neste segun-do turno das eleições presidenciais e de casos de censura e pressões a jornalistas, a Federação Nacional do Jornalistas (FENAJ) vem a público alertar a sociedade brasileira sobre a farsa praticada por muitos veículos de comunicação, que fazem proselitismo eleitoral disfarçado de Jornalismo.

Estamos num momento importante de consolidação da democracia brasileira, em que a informação é um bem público indispensável aos cidadãos e cidadãs para a defi-nição do voto. Infelizmente, com o objetivo indisfarçável de beneficiar um dos candidatos, muitos veículos de co-municação – entre eles os principais jornais e revistas de circulação nacional e os principais grupos de rádio e TV – abdicaram do Jornalismo como atividade de produção e veiculação de informação isenta, plural e ética.

Como entidade maior de representação dos jornalis-tas brasileiros, a FENAJ alerta para o perigo das notícias tendenciosas, das denúncias sem provas, das análises es-vaziadas de dados e cheias de opiniões, das reportagens que buscam nexos inexistentes e das pesquisas eleitorais que, lembramos, tiveram sua credibilidade abalada pelos resultados do 1º turno das eleições.

Reafirmamos, mais uma vez, a importância do Jorna-lismo e sua possibilidade de realização tendo em vista o interesse público. Ressaltamos que os veículos de comu-nicação poderiam fazer a opção de declarar apoio a uma candidatura, o que é prática comum em outros países do mundo. Ainda assim, não deveriam abdicar dos princí-pios teóricos, técnicos e éticos do Jornalismo para bene-ficiar um candidato. A opção, entretanto, é por afirmar uma falsa neutralidade e por abrir mão do Jornalismo para enganar a sociedade.

Por fim, a FENAJ repudia as ações de pressão, inti-midação e repressão aos jornalistas, que são penalizados justamente por defenderem o Jornalismo como atividade garantidora do direito da sociedade à informação. Igual-mente, esta Federação repudia a postura dos que não diferenciam a prática e linha editorial das empresas de comunicação do exercício profissional e responsável do jornalismo.

Conclamamos os jornalistas e o conjunto da sociedade brasileira a dizer não ao autoritarismo e a todas as formas de cerceamento à liberdade de expressão e à liberdade do voto.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas.Brasília, 20 de outubro de 2014.

Nota oficial da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), publicada no dia 20 de outubro de 2014, antes da divulgação da edição 2397 da revista Veja, cuja capa e matéria geraram polêmica em função do seu uso político em favor de uma candidatura. Após a definição do pleito presidencial, surgem novas informações sobre o caso divulgado pela revista, o que evidencia a possibilidade de que o conteúdo divulgado tenha sido forjado. A FENAJ preocupa-se com o perigo representado pelas notícias tendenciosas, pelas denúncias sem provas e pelas análises esvaziadas de dados e cheias de opiniões.

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Sindicato

Mostra fotográfica retrata meio ambiente no Vale do Sinos

O elo das redações com a entidade

Com a aprovação do acordo coletivo 2014/2015, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS) realizou eleições para escolher os novos delegados sindicais das redações que indicaram representantes.

É através do delegado sindical que as denúncias de abuso e as propostas de me-lhoria chegarão até o Sindicato com maior agilidade. Os delegados podem propor reu-niões entre a entidade de classe e a direção da empresa e participar das agendas de ne-gociação, auxiliando o sindicato com infor-mações pertinentes à categoria que devem compor a pauta.

Foram eleitos como delegados: Ana Rita de Oliveira (Grupo CEEE); Laura Santos Rocha (O Sul); Marco Bocardi (TV Record); Nathália Drey Costa (A Razão); Paulo Gilberto de Azevedo

(TVE); e Pedro Gui-lherme Dreher (Cor-reio do Povo).

A Delegacia Regional do Vale do Sinos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul promove a Mostra Fotográfica “O Vale sustentável - É possível melhorar o nosso meio ambiente?”. Com o objetivo de re-gistrar em imagens as perspectivas, os avanços e as esperanças no Vale do Sinos com relação ao futuro do meio ambiente, a exposição inau-gural ocorre no dia 28 de novembro no Tira-dentes – Sociedade Orpheu, em São Leopoldo (Rua Brasil, 506), seguindo com exposições itinerantes.

A participação na mostra é aberta a jornalistas profissionais da Região do Vale do Rio dos Sinos e estudantes de Jornalismo. As imagens enviadas devem ser de autoria do fotógrafo inscrito, sendo permitido tratamento digital. O prazo para en-trega do material é 21 de novembro.

Cada participante poderá apresentar no má-ximo quatro imagens com as dimensões de más-

cara 27 cm x 38 cm (dentro de papel 30 cm x 40 cm), fornecidas envelopadas, impressas em cores, sépia ou preto-e-branco, identificadas in-dividualmente no verso com a data do registro, título do trabalho, nome do autor e seu número do registro profissional, endereço e cidade de residência atual, telefone celular e email.

A entrega das imagens poderá ser realizada pessoalmente ou através dos Correios:

A/C Delegacia Regional do Vale do Sinos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do SulEndereço: Rua Saldanha da Gama, 827/ 504, CEP: 93010-230, São Leopoldo – RSOutras informações: (51) 3589.7606 das 13h às 18h.

Jornalistas podem se manifestar sobre contribuição confederativa

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) comunica a definição de um período anual destinado aos jornalistas que desejam se opor ao pagamento da contribuição confederativa. Previsto no inciso IV do artigo 8º da Constituição e legitimado pelo Supremo Tribu-

nal Federal, o sindicato está autorizado a realizar o desconto em folha destinado ao custeio do sistema confederativo, desde que viabilize o direito de opo-sição ao desconto.

Com base em acordo firmado entre a entidade e o Ministério Público do Trabalho, ficou definido que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Gran-de do Sul destinará o período de dez dias após a ho-mologação da Convenção Coletiva de Trabalho de cada ano, com mais dez dias seis meses depois desta data, para que a categoria se manifeste, caso haja interesse, contrária ao desconto da contribuição.

Para se opor, o profissional deverá entregar, pes-soalmente, uma comunicação assinada contendo o pedido, na sede do Sindicato ou nas Delegacias Re-gionais. Caso o jornalista não possa fazê-lo pessoal-mente por motivo de doença ou incompatibilidade de horário, e também para os profissionais que residem onde não há delegacia, será possível reconhecer as-sinatura em cartório e encaminhar através de um colega ou pelo correio, dentro do prazo dos dez dias previstos (será considerada a data da pos-tagem). A renovação do pedido deve ser anual e os prazos serão divulgados através dos meios de comunicação do Sindicato dos Jornalistas.

Por que contribuir?Manter a sua contribuição com o Sindicato

dos Jornalistas permite que a entidade este-ja fortalecida para representá-lo na luta pelos direitos da categoria. Os recursos arrecada-dos com essa contribuição são usados para a campanha de negociação coletiva, estrutura e manutenção da entidade, representação dos dirigentes em atividades sindicais, assessoria jurídica e contábil, além da oferta de convê-nios, atividades gratuitas e com desconto aos jornalistas, como palestras, seminários, con-gressos e cursos de interesse dos profissionais representados pelo SINDJORS.

Ação do FGTS segue temporariamente suspensaA ação coletiva movida pela Central Única dos

Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS), que pede o reconhecimento do direito dos trabalhadores a serem ressarcidos por correções equivocadas de suas contas do Fundo de Garantia por Tempo de Ser-viço (FGTS), está temporariamente suspensa.

Movida a partir de demanda das entidades de classe representadas pela CUT, entre as quais o Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande

do Sul (SINDJORS), o entendimento jurídico é que o saldo do FGTS sofreu perdas inflacionárias nos últimos dez anos, o que não é permitido pela Lei 8.036/1990, que rege o fundo.

A pretensão é que, inicialmente, seja reconhe-cida a necessidade do ressarcimento dos valores, para depois serem ajuizadas ações individuais de execução, que culminariam com a devolução da di-ferença calculada.

A regulação econômica dos meios de comunica-ção é de grande interesse dos jornalistas por estar prevista na Constituição Federal, no artigo 220 que define, entre outras questões, que meios de comu-nicação social não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio. A pauta receberá atenção do Governo Federal no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, que admitiu em entrevista concedida a jornalistas, após a reeleição, a intensão de discutir o assunto com a sociedade.

O tema não é novidade nos debates sobre co-municação, porém esteve fora de foco nos últimos anos. Com a declaração da presidenta, outros tó-picos presentes na Constituição, porém não obser-vados pelos detentores de empresas de comunica-ção, poderão ser revistos. Entre eles está o artigo 54 da Constituição, que determina que senadores e deputados são impedidos de manter contrato, vínculo de emprego ou de propriedade com entes públicos. Este é o caso das emissoras de rádio e televisão, que são concessões públicas. Cabe aos jornalistas acompanhar o moveimento da pauta no Congresso.

Regulação econômica da mídia em pauta

Pedro Dreher

Laura Santos Rocha

Fotos: divulgação/sindJors

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mercado de trabalho

FUNÇÕES QUE A TECNOLOGIA AFASTOU DOS JORNAISIndispensáveis para o processo de produção de notícias há alguns anos, certas funções dentro do Jornalismo se extinguiram. Outras passaram por grandes mudanças, tanto no perfil do trabalho realizado quando no tamanho da equipe as quais pertencem.Hoje parece estranho, mas ilustrações eram utilizadas em páginas do jornal quando apenas a fotografia

não dava conta de transmitir uma informação. Todos os textos dos repórteres passavam pelo crivo de um revisor, responsável por não deixar sair no jornal impresso erros de Português. No setor de fotografia, o laboratorista era o profissional que cuidava especificamente do processo de revelação dos filmes, função que os próprios fotógrafos exerciam

quando estavam em viagem. Quem entrou na profissão usando câmeras digitais não entende como era possível transmitir uma imagem sem o auxílio do computador e da internet.São casos de meio século atrás e outros mais recentes mostrando a necessidade que o jornalista tem de se readaptar ao tempo e às condições de trabalho disponíveis.

A solidão do revisorFormado em Letras, o revisor Henrique Erni Gräwer acom-

panhou, nas últimas décadas, uma grande transformação no tamanho e perfil da equipe em que trabalha. Aos 52 anos de idade, 32 foram dedicados à função, sendo os dois primeiros no Jornal NH, de Novo Hamburgo, e o restante no diário Zero Hora.

Da turma com mais de 30 pessoas com quem dividiu a fun-ção nos primeiros anos de trabalho, apenas Erni segue atuando na revisão, ao lado nova colega Daniela Damaris Neu. Os de-mais migraram para outras áreas ou saíram da empresa. Ele ex-plica que antigamente o material ia dos repórteres aos copistas, que passavam o texto para o computador, antes de chegar ao seu setor. “Os revisores tinham em mãos os dois materiais, dos repórteres e dos digitadores”, conta Erni.

De lá para cá, mudou também o ambiente onde ficam es-tes profissionais. Antes separados dos jornalistas, para permitir maior concentração da equipe, com o novo perfil de trabalho, os revisores foram inseridos na redação. E a tarefa de corrigir o Português dos textos, que antes atendia todo o jornal, agora se restringe a alguns textos, como a capa e contracapa, alguns colunistas, editorial e colaboradores externos. Anúncios e clas-sificados, que também passavam pelos olhos atentos do revisor, agora são de responsabilidade do setor comercial.

Essa aproximação com os jornalistas faz com que Erni auxilie quando algum colega de empresa se confunde com as normas do Português padrão. As perguntas que surgem por e-mail, tele-fone ou até mesmo pessoalmente muitas vezes se repetem. Hoje o jornalista tem domínio sobre o texto final, mas, como observa Erni, “o bom é sempre ter alguém com maior conhecimento do Português para tirar dúvidas”.

Foto: Bruna Fernanda suptitz

A revisão dos textos nos jornais impressos ainda é realizada, mas com algumas diferenças. Erni, do jornal Zero Hora, lê artigos e colunas, por exemplo, evitando eventuais a ocorrência de eventuais erros

Foto: Bruna Fernanda suptitz

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Novidade na década de 1950, a televisão demo-rou alguns anos para ocupar lugar de destaque na casa da população brasileira. Como nem todas as pessoas tinham condições de ir aos estádios acom-panhar os jogos de futebol, a prática de ilustrar os gols da rodada era comum em revistas esportivas e alguns jornais.

E foi com esse trabalho artístico que o continuís-ta da Companhia Jornalística Caldas Júnior, Helio André Devinar, conquistou espaço no respeitado jornal Folha da Tarde. Rabiscando “palitos” desde criança, Helio se inspirou em publicações como a revista Esporte Ilustrado para iniciar o seu traba-lho. Em 1951, fez um desenho de gol e apresentou ao jornal, que o publicou na edição seguinte. Assim, surgiu o convite para seguir ilustrando os jogos que eram realizados em Porto Alegre.

Hoje com 83 anos, o jornalista passou também pelas áreas de cobrança do grupo e pela chefia do la-boratório fotográfico da Folha até o seu fechamento, em 1984, quando se aposentou. Além da rotina di-vidida entre laboratorista e ilustrador, Helio ainda conseguia tempo para trabalhar como fotógrafo free lancer para a revista do Grêmio e para a Caixa Eco-nômica Federal.

Atento e com boa memória, o jornalista lem-bra ainda hoje de detalhes da sua produção. Como na época em que começou a desenhar não havia o recurso da TV, Helio não podia tirar o olho do campo. Nunca um trabalho seu foi contestado. Porém, extremamente exigente, lembra de um único episódio em que cometeu um equívoco, quando desenhou a bola quicando antes de entrar no gol. Depois, ao verificar o lance em outras pu-

blicações, percebeu que na verdade ela não havia caído no chão.

Outra passagem curiosa, que exemplifica a im-portância dedicada aos detalhes, é sobre um lance em que Helio conta o porquê ilustrou apenas o gol, sem apresentar as jogadas anteriores. “Um dia dei-xei o lápis cair no chão e, como a bola estava ain-da no meio de campo, me abaixei para juntar. Foi quando aconteceu o gol. Eu só consegui ver a bola entrando, e nenhum dos jornalistas que estava co-migo sabia me dizer quem tinha feito o passe, nem com que perna o jogador chutou” recorda.

Hoje Helio Devinar segue desenhando para o memorial do Grêmio, que ajudou a criar. Em sua casa, na zona norte de Porto Alegre, ele mantém um acervo particular do trabalho realizado nos últimos 65 anos, tanto profissional quanto amador.

O futebol desenhado antes da televisão

Laboratorista, o homem da revelaçãoDo início com publicidade e passagem por agên-

cias de notícias até o ano de 1996, no jornal Correio do Povo, o repórter-fotográfico Roberto Santos

trabalhou com câmeras analó-gicas. Até então, as fotos eram reveladas por um profissional chamado de laboratorista. Embora

não fosse o responsável direto pelo setor nas re-

dações por onde passou, tanto Roberto quanto os

outros colegas fotógrafos precisavam ter o domínio da técnica para utilizá-la quando estivessem em viagem ou para executar um trabalho independente.

O interesse pela fotografia surgiu, conforme os pais contaram a Roberto, quando ele era um menino e, ao folhear

jornais e revistas, dizia “um dia vou fa-zer isso”, apontando para as imagens. Hoje aposentado, o profissional che-gou a atuar por um tempo com câme-ras digitais. Do período anterior, ele brinca que o trabalho com a revelação dos filmes era uma consequência. “Tenho certeza que todos da minha fase passaram por isso. Fazia parte

do nosso trabalho”, co-menta.

O jornalista lembra ainda como recebeu a notícia de que trabalhava com materiais altamente explosivos, durante uma perícia em que solicitava a aposentadoria espe-

cial. “A empresa que fornecia o mate-rial não dava a composição do químico.

Quando soube do risco avisei os meus co-

legas. A gente tinha que trabalhar até determinada temperatura, mas não sabia o que poderia aconte-cer se a temperatura se elevasse”, conta.

Na equipe em que trabalhava quando o fil-me foi substituído pelo equipamento di-

gital, Roberto recorda que foram forne-cidos uma câmera e um laptop, este para usar em

viagem, que os fotógrafos

revezavam. “Nós não sabíamos como usar, e os livros sobre o as-sunto eram caros. En-tão, fizemos uma vaquinha e compramos um, que servia de consulta para todos os colegas”, explica.

Para registrar os gols da rodada, Helio precisava estar atento aos 90 minutos da partida. Cada ilustração explicava detalhes do lance que resultava em gol

Foto: Bruna Fernanda suptitz

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reconhecimento

A luta pela valorização do profissional de comu-nicação no serviço público era uma das bandeiras defendidas pelo jornalista Fabiano Cardoso. Pri-meiro presidente da Associação dos Profissionais de Comunicação Social da Prefeitura de Porto Alegre (AsscomPoa), Cardoso foi vítima de latrocínio em 1º de maio deste ano. Mas o compromisso com o tra-balho desenvolvido enquanto comunicador público permanecerá através da homenagem prestada pelos colegas e pelo executivo municipal. O Acampamento Farroupilha, evento em que coordenou a assessoria

de comunicação durante seis edições, recebeu neste ano a Sala de Imprensa Jornalista Fabiano Cardoso, localizado no Galpão Central do Parque Maurício Si-rotsky Sobrinho (Harmonia).

Comunicação permanenteDurante a cerimônia que marcou a inauguração

da Sala de Imprensa, colegas de trabalho fizeram menção ao esforço de Fabiano Cardoso em eviden-ciar a importância de se ter servidores de carreira no serviço público. Em artigo que o jornalista escreveu no ano passado, publicado na revista da Associação dos Técnicos de Nível Superior do Município de Porto Alegre, a função social do comunicador públi-co é exaltada através de exemplos do cotidiano onde se mostra essencial a presença de um profissional comprometido com a informação, e não apenas com a imagem do órgão que assessora.

No texto, Cardoso evidencia o fato de algumas ca-tegorias não terem muita visibilidade no cotidiano do cidadão, caso do comunicador público. “As infor-mações de prestação de serviço (...) não caem do céu na mesa de uma redação de um grande jornal. São informações colhidas diariamente por comunicado-res qualificados, preparados e comprometidos com a missão de bem servir”, destaca. A opção que os go-vernantes fazem ao contratar assessores alinhados com o seu plano de governo ao invés de utilizar a mão de obra do quadro de funcionários também é abordada por Cardoso, que compreende a relação como sendo natural. Contudo, expõe as diferenças entre os dois cargos, cada um com sua importância. “Projeto político é uma coisa. Outra é o compromis-so permanente com a administração”, explica.

Democratização da comunicação e con-curso público

Hoje, no Brasil, grande parte do investimento de verbas publicitárias em grandes grupos de comuni-

caçãoé oriundodos governos. No Rio Grande do Sul, a “Lei 14.541”, sancionada em maio deste ano, de-termina que sejam investidos pelo menos 20% deste montante, por parte dos poderes Executivo, Legis-lativo e Judiciário, em veículos de pequeno porte. A construção do projeto que resultou na legislação ocorreu de forma participativa e com representação de diversos setores da sociedade civil organizada. A iniciativa é considerada um modelo, que pode ser aplicado em outras instâncias do poder público.

A atual presidente da AsscomPoa, a Relações Públicas Rita Becco, alerta para a responsabilidade que comunicadores sociais têm de incluir o tema na agenda de discussões sobre a democratização da co-municação. Por serem os pro-fissionais qualificados para tratar do assunto, jornalistas, publicitários e RPs deveriam, em sua opinião, protagonizar os debates acerca da gestão dessas verbas e compartilhar essas informações com a so-ciedade, através de um Con-selho de Comunicação que compreenda todos os atores interessados na matéria.

O esforço de Fabiano Car-doso em conscientizar os colegas e os futuros pro-fissionais da área para o papel estratégico do co-municador público segue na agenda da associação que ajudou a construir, e também como uma das causas defendidas pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, do qual era mi-litante. A entidade vem apresentando sua posição pela manutenção de comunicadores efetivos no quadro funcional das administrações, e a articu-lação para a realização de concursos públicos tem sido realizada junto aos órgãos do executivo e le-gislativo de todo o Estado.

Homenagem reflete importância do comunicador público

A não-obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão representa uma gran-de perda para a comunicação e para a sociedade. A decisão, tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009, atende a interesses inteiramente patronais, desconsiderando a necessidade de qua-lificar profissionais que trabalhem com a notícia de maneira a atender aos anseios de quem procura por esta informação.

Após completar cinco anos do julgamento que declarou inconstitucional a exigência do curso de ní-vel superior para trabalhar como jornalista, os mo-vimentos que representam a categoria estão atentos ao andamento da Proposta de Emenda à Constitui-ção 206/2012, conhecida como PEC do Diploma, que pretende reverter essa situação. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS), com respaldo da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), segue vigilante na articu-

lação dos representantes do parlamento gaúcho que irão compor a Comissão Especial do Diploma no Congresso Nacional.

Ameaça à representação legalCom a alegação de que qualquer um pode exercer

o Jornalismo, mesmo sem formação ou competên-cia, evidencia-se o surgimento e disseminação de uma organização que se compromete em providen-ciar a comprovação da prática profissional mesmo para quem não tenha ligação com a área. É o caso da União Brasileira de Apoio a Profissionais Liberais (Unibis), que está informando, via e-mail e por ma-terial impresso, que encaminha o registro profissio-nal e ainda oferece um cartão de identificação para os “jornalistas sem diploma”.

De acordo com as informações obtidas pelo Ver-são dos Jornalistas, a associação se oferece como fa-cilitadora entre a pessoa e veículos de comunicação

parceiros, para publicar textos de quem deseja obter o registro de jornalista, mas não tem como compro-var a prática da profissão. Ou seja, é oferecida a pos-sibilidade de se tornar jornalista mesmo para aque-les que não possuem experiência anterior na área.

Além desta associação que está atuando no Rio Grande do Sul, outra de âmbito nacional tenta con-quistar novos membros, mesmo que estes não te-nham formação específica. Situações como esta pre-ocupam o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, pois implica em oferecer o registro profissional de jornalista como mercadoria.

“A lacuna na legislação deixada pelo STF ao der-rubar o nosso diploma abriu a possibilidade des-sas organizações se aproximarem de pessoas que não possuem nenhuma formação específica para o exercício do jornalismo, que é o que defendemos: o reestabelecimento da obrigatoriedade do diploma”, informa o presidente do SINDJORS, Milton Simas.

Entidades incentivam “jornalistas” inexperientes

Projeto político é

uma coisa. Outra é o

compromisso permanente

com a administração

Fabiano Cardoso

Cardoso foi um dos fundadores da AsscomPoa

denúncia

Foto: arquivo pessoal

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Outubro de 2014 7

feira do livro

Prêmios de reportagem recebem inscriçõesEstão abertas as inscrições para quatro prêmios

de Jornalismo que reconhecem o trabalho dos pro-fissionais da comunicação em diferentes áreas.

Prêmio Direitos Humanos de JornalismoEstão abertas as inscrições para o 31º Prêmio

Direitos Humanos de Jornalismo, que anualmente destaca os trabalhos veiculados na imprensa com denúncias sobre a violação e também matérias que exaltem o respeito aos direitos do homem. Podem concorrer jornalistas que atuam profissionalmente dentro das categorias reportagem, fotografia, ima-gem de televisão, charge, rádio, televisão, online e crônica; e estudantes que tenham realizados traba-lhos sobre o tema na universidade ou em estágio re-gular. O material inscrito deve ser referente ao perí-odo entre 16 de novembro de 2013 e 15 de novembro de 2014. A entrega dos prêmios será às 20h do dia 10 de dezembro, no auditório da OAB/RS (Rua Wa-shington Luiz, 1110, 2º andar, Porto Alegre).

InscriçõesAs inscrições devem ser realizadas até o dia 21 de

novembro e entregues pessoalmente ou via correio nos seguintes endereços:

- Arfoc-RS: Rua dos Andradas, 943/808, Centro, Porto Alegre/RS – 90020-006

- Movimento de Justiça e Direitos Humanos: Avenida Borges de Medeiros, 340/94, Centro, Porto Alegre/RS – 90020-020

Outras informações e ficha de inscrição:(51) 3227.6898 ou (51) 3221.9130.

1º Prêmio TCE-RS de JornalismoAs inscrições para a 1º Prêmio de Jornalismo do

Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) estão abertas até o dia 14 de novembro. A premiação irá reconhecer reportagens veiculadas em 2014 capazes de estimular a reflexão da sociedade sobre temas relativos ao con-trole externo da administração pública, à boa gestão dos recursos públicos a ao combate à corrupção.

Serão premiados os dois primeiros lugares nas categorias mídia impressa, rádio, televisão e inter-net. Ao todo, serão distribuídos R$ 22 mil em pre-miações. Para participar, é preciso ter registro pro-fissional de jornalista. A íntegra do regulamento e a ficha de inscrição podem ser acessadas no site www.tce.rs.gov.br. A solenidade de entrega será realizada no dia 10 de dezembro, na sede do TCE-RS (Rua 7 de Setembro, 388, Porto Alegre).

7º Prêmio Sebrae de JornalismoO Prêmio Sebrae de Jornalismo (PSJ) é um con-

curso jornalístico instituído pelo Sebrae Nacional – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-presas, com curadoria e promoção da revista e Portal Imprensa, para premiar as melhores matérias veicu-ladas na imprensa brasileira sobre os microempreen-dedores individuais, micro e pequenas empresas.

Nesta 7ª edição, o PSJ amplia a quantidade de profissionais homenageados com o título de “Jor-nalista Parceiro do Empreendedor”. Além dos des-taques nos estados, o Sebrae Nacional indicará um nome para receber a homenagem na cerimônia de premiação nacional. As inscrições estão abertas até

9 de janeiro de 2015 para matérias e reportagens de jornais, revistas, sites de notícias, e emissoras de rá-dio e TV de todo o Brasil. Informações no site www.premiosebraedejornalismo.com.br.

1º Prêmio Agricultura Familiar de Jorna-lismo – Região Sul do Brasil

Para comemorar o Ano Internacional da Agri-cultura Familiar, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – ONU/FAO para 2014, será realizado o 1º Prê-mio Agricultura Familiar de Jornalismo da Re-gião Sul do Brasil. São parceiros os Sindicatos dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além da Federação Nacional dos Jorna-listas (FENAJ).

O prêmio tem como objetivo fortalecer a seguran-ça familiar e o desenvolvimento sustentável. Podem concorrer jornalistas diplomados dos três estados da região Sul do país, com matérias e reportagens publicadas em veículos de circulação e veiculação periódica, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2014. As inscrições con-templam as categorias de jornalismo impresso, eletrônico e mídia digital. Inscrições e regulamen-to: www.premioagricul-turafamiliar.jor.br

Bate-papo para falar de jornalismo investigativo

Por ter como patrono o escritor e jornalista Airton Ortiz, a 60ª Feira do Livro de Porto Alegre irá oferecer ao público palestras e oficinas sobre a comunicação. Uma destas promoções é do Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais do Rio Grande do Sul, que media-rá um encontro entre a jornalista canadense Isabel Vincent e profissionais gaúchos. A atividade será no dia 10 de novembro, segunda-feira, às 18h, na Sala das Nações (área internacional). Considerada um dos destaques da programação da feira, Isabel vem a Por-to Alegre como uma das pessoas convidadas por ser do país homenageado pela Feira deste ano, o Canadá. Morando em Nova Iorque, ela atualmente é repórter investigativa para o New York Post.

O encontro contará também com a participação de profissionais da imprensa gaúcha. André Luiz Pe-reira, premiado jornalista com experiência em veícu-los de comunicação do Rio Grande do Sul e outros estados, é pós-graduado em Jornalismo Literário e atualmente trabalha como assessor de imprensa na Assembleia Legislativa do RS. Luciana Kraemer, pro-fessora de Jornalismo Investigativo da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e do Centro Universi-tário Metodista (IPA) e mestre em Ciências Sociais, atuou como repórter de televisão e desenvolveu tra-balhos investigativos. José Antônio Silva, escritor e

roteirista, atuou em publicações de Porto Alegre e São Paulo, tem cinco livros publicados e participação em outras obras coletivas. Hoje trabalha como asses-sor de imprensa no Governo do Estado do RS.

Trabalho no BrasilDe 1991 a 1995, Isabel trabalhou no Rio de Janeiro

como editora-chefe da sucursal da Revista América Latina. Durante este período, ficou entre os finalis-tas do Prêmio Nacional de Jornais pela cobertura da guerra contra os traficantes de drogas nas favelas cariocas. Em 1993 foi premiada com uma citação da Associação de Imprensa Interamericana pela cober-tura jornalística do grupo guerrilheiro Sendero Lu-minoso, no Peru.

É autora de quatro livros, entre eles o polêmico Gilded Lily: Lily Safra, a Formação de uma das Vi-úvas mais Ricas do Mundo (Harper, 2010), e Uma Questão de Justiça (Editora Record, 1995), onde do-cumentou o sequestro de Abílio Diniz, em 1989. Seu relato sobre o caso lhe rendeu o Prêmio de Jornalis-mo Investigativo da Associação Canadense de Jor-nalistas. Ela também ganhou o prêmio Jewish Book Award for Bodies and Souls sobre o tráfico de pessoas no Brasil e Argentina e recebeu uma indicação para o prêmio Pulitzer.

Encontro de Isabel Vincent com jornalistas10 de novembro, segunda-feira, 18hSala das Nações – Área Internacional

Foto: divulgação

A canadense Isabel trabalhou no Brasil nos anos 1990

valorização

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Outubro de 20148

cONVêNIOS

perfil

“A arma do fotógrafo é a Elvi Garcia trabalhava como arquivista do jornal Folha da Tarde nos anos 1960 quando ganhou uma câmera fotográfica. Em casa, porém, era o irmão Evaldir quem a usava para registrar, ainda de forma amadora, situações do cotidiano. Em 1970, o que era uma curiosidade de menino se transformou em pro-fissão, e o jovem de 24 anos passou a trabalhar com jornalismo esportivo.

A curiosidade em conhecer novos equipamentos fazia com que trocasse de câmera com muita fre-quência. E assim surgiu uma nova profissão para o Didi , apelido de infância e pelo qual é conhecido ainda hoje. “Essas máquinas quem consertava era o Japa” é sua primeira frase ao iniciarmos a entrevis-ta. Sérgio Sakakibara, o Japa, foi quem o incentivou a trabalhar no ramo, ao perceber que ele entendia do assunto. Outro amigo, o Eli Valter, foi quem alugou a sala comercial.

“Comecei com duas máquinas e dez filmes, que um cara comprou para me ajudar. Mas ele nunca me pagou!” recorda Didi sobre o início do trabalho, em 1982. Foram três mudanças de endereço nestes 32 anos de negociando câmeras, lentes e flashes, sem-pre no centro de Porto Alegre. Em um momento de dificuldade, o fotógrafo de 82 anos conta que “quase quebrou”, pois não acreditava que a câmera digital com disquete pudesse fazer concorrência ao filme.

Para o dono do Bric Fotográfico, “foto é mo-mento”. Um exemplo da importância de estar aten-to àquilo que o ambiente disponibiliza e que pode render uma boa fotografia aconteceu com o próprio Didi. Ele relata que em uma manhã, indo para o tra-balho, observou uma cena que atraiu sua atenção. Pensou em fotografar, mas hesitou. Pensou melhor, pegou a câmera, mas guardou. Um pouco depois, quando já estava em sua sala comercial, decidiu re-tornar. A fotografia de um morador de rua dentro de uma caixa de papelão, com os pés de fora e uma abertura para respirar lhe rendeu a medalha de ouro em um prêmio nacional, no ano de 1988.

Na sequência, Didi conquistou um prêmio inter-nacional com a imagem de um homem que dormia em frente ao Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha, em posição semelhante da está-tua que ali se encontra. Ele não tem nenhuma destas fotografias guardadas, mas ambas estão guardadas em sua memória com todos os detalhes.

Entre os principais frequentadores do brique es-tão estudantes de comunicação e fotógrafos amado-res. Com a paciência e o conhecimento sobre lentes e flashes, e por possuir um grande acervo de câmeras analógicas, Didi faz mais do que simplesmente ven-der o material que expõe. Ele exerce também o papel de professor daqueles que querem aprender sobre a história da fotografia e da revelação. Para ele, “a arma do fotógrafo é a máquina”.

Foto: luiz avila

Escola de Pa Kua Conhecimento OrientalArte marcial, armas de corte, acrobacia,

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Clínica Odontológica

máQUINA”

Além de comprar e vender equipamentos fotográficos, Didi também ensina a utilizar câmeras analógicas