A GEOMETRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE: CONTEXTUALIZANDO … · Educação Infantil e Anos Iniciais do...

20

Transcript of A GEOMETRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE: CONTEXTUALIZANDO … · Educação Infantil e Anos Iniciais do...

A GEOMETRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE: CONTEXTUALIZANDO E CONSTRUINDO SABERES

Eliana Guimarães Szumski

1

Giuliano Gadioli La Guardia2

Resumo: Considerando a importância do estudo dos conceitos geométricos e da articulação das diferentes tendências da Educação Matemática no processo ensino-aprendizagem, o presente artigo tem por objetivo relatar a implementação didático pedagógica realizada em uma turma do 4ª ano do Curso de Formação Docente da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental em uma escola do Município de Ponta Grossa, Estado do Paraná em 2013. Para tanto, foi utilizado como metodologia oficinas de Geometria, partindo-se da resolução de problemas contextualizados e aliados à experimentação e a tecnologia. A pesquisa se configurou como qualitativa de cunho exploratória. Para a coleta de dados foi utilizado registros das atividades, relatos das alunas, postagem no blog criado pela professora/pesquisadora sobre as atividades desenvolvidas pelas alunas , fotografias das atividades com a utilização de materiais manipuláveis, como também a visita ao depósito de um supermercado da cidade de Ponta Grossa. As principais conclusões obtidas na implementação pedagógica foram: a) ensinar Geometria de forma contextualizada por meio do conhecimento visual e concreto, tendo em vista sua aplicação no cotidiano, promovendo a interpretação dos conteúdos geométricos na disciplina de Matemática;b) a carga horária mínima de duas aulas por semana no último ano do curso dificultou o desenvolvimento de atividades práticas em sala de aula; c) propiciar ao aluno maior interação com a ciência e a tecnologia em todas as extensões da sociedade, e assim, contribuiu-se sobremaneira na formação de cidadãos críticos e conscientes, derivando uma nova visibilidade à Geometria contextualizada de situações que fazem parte do cotidiano. Palavras-chave: Ensino de Geometria; formação docente; contextualização.

INTRODUÇÃO

Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Ensino da

Matemática do Paraná (2008) estão delineadas as orientações para que os

professores promovam um ensino que venha ao encontro das necessidades

dos alunos e que atendam às expectativas da sociedade contemporânea.

No entanto, processos de ensino e de aprendizagem em Geometria

sempre enfrentaram obstáculos por não propiciarem aos educando um estudo

prático e contextualizado. Além disso, segundo Lorenzato(1995) os alunos

encontram dificuldades em resolver situações problemas, porque não

desenvolveram o pensamento geométrico ou o raciocínio visual.

Neste contexto, o presente artigo parte integrante do Programa de

1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2012, graduada em

Matemática pela UEPG, Mestrado em Ensino e Ciência e Tecnologia(UTFPR), atuando no Instituto de Educação Estadual Professor César Prieto Martinez, em Ponta Grossa/PR. 2Professor adjunto do departamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de

Ponta Grossa/PR.

Desenvolvimento Educacional - PDE: 2012, ofertado pela Secretaria de Estado

da Educação do Paraná (SEED) tem por objetivo relatar a implementação

didático pedagógica realizada em uma turma do 4ª ano do Curso de Formação

Docente da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental no

Instituto de Educação Prof. Cesár Prieto Martinez na cidade de Ponta Grossa

Paraná, considerando que a aplicação se deu no primeiro semestre do ano

letivo de 2013.

A investigação realizada ocorreu junto ao processo de ensino e

aprendizagem em Geometria que ocorre no Curso de Formação Docente da

Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Instituto de

Educação Prof. Cesár Prieto Martinez, localizado no Município de Ponta

Grossa do Estado do Paraná. Optou-se em desenvolver o projeto de

intervenção pedagógica no 4º ano deste curso, tendo por apoio a hipótese de

que as dificuldades dos alunos em relação ao ensino de Geometria são

decorrentes a:

- Carga horária mínima de duas aulas por semana no último ano do curso

descrito, contemplando a: Geometria plana e espacial, que está prevista para

esta série no estabelecimento de ensino, lócus desta pesquisa.

-Ausência de um ensino prático e contextualizado, voltado para a educação

profissional e não apenas para a preparação e enfrentamento do vestibular.

Nesse sentido, considerando a importância do estudo dos conceitos

geométricos e da articulação das diferentes Tendências da Educação

Matemática no processo ensino-aprendizagem, para tanto a questão

norteadora desta pesquisa foi: Como dinamizar o estudo da Geometria no

quarto ano da formação docente?

Para responder este questionamento buscou-se proporcionar um ensino

de Geometria contextualizado e dinâmico aos alunos da formação docente,

tendo em vista sua aplicação no cotidiano. Para tanto, foi proporcionado aos

alunos cinco momentos: primeiro momento, uma palestra as alunas sobre

motivação denominado: “A importância de vencer os obstáculos”,com o objetivo

de resgatar a autoestima das alunas, pois no ensino da matemática, em alguns

casos, reside o mito de que esta ciência é difícil, causando em nossos alunos

uma possível aversão pela disciplina. Após a palestra, apresentou-se o projeto

PDE sobre Geometria às alunas do quarto ano do curso de formação docente.

Como proposta fez-se a leitura sobre o memorial escolar da professora(PDE) a

fim de revelar vivências sobre sua vida escolar. Cada aluna, foi convidada a

escrever um memorial referente a sua passagem pela escola até 4° ano do

curso de formação docente.

Já o segundo momento foi proposto situações problemas sobre

Geometria plana numa abordagem contextualizada de forma investigativa para

obter o conhecimento prévio das alunas sobre Geometria. Também, aproximou-

se o contexto metodológico da sala de aula a tríade conceitual da Ciência

Tecnologia e Sociedade (CTS) a partir da participação discente junto ao blog

criado pela professora:"Eliana e a Matemática do dia3".

dinamizando ações e resultados durante o desenvolvimento do projeto.

Enquanto que o terceiro momento foi proporcionado as alunas oficinas

contextualizadas: significados para o ensino de Geometria. O objetivo foi

possibilitar o desenvolvimento do espírito crítico-reflexivo sobre questões

relacionadas às embalagens dentro de uma perspectiva geométrica e social.

Para o quarto momento, o aluno esteve envolvido nas construções de

representações de sólidos geométricos. Neste contexto foi importante

desenvolver o pensamento geométrico por meio de material concreto, ou seja,

a teoria aliada à prática.

Enfim, o quinto momento os alunos utilizaram o conhecimento

geométrico e a criatividade para criar embalagens. Também apresentaram as

embalagens numa exposição no colégio que foi chamada “Embalagens que

fazem a diferença nas aulas de Matemática”.

Os resultados das atividades desenvolvidas pelos alunos

individualmente ou em grupo sobre o ensino da Geometria de forma

contextualizada, como também a exposição no colégio sobre embalagens

foram postados no blog da professora como uma das ferramentas avaliativas.

Desta forma, pretendeu-se coma intervenção didático-pedagógica a

interação com a ciência e a tecnologia em todas as extensões da sociedade

contribuindo assim, para a formação de cidadãos críticos e conscientes,

capazes de compreender mediante conhecimento visual e concreto situações

cotidianas.

3 www.elianaeamatematicadodia.blogspot.com

GEOMETRIA NUMA DINÂMICA DIALÓGICA DE PRODUÇÃO DE

SIGNIFICADOS

A Geometria está presente em diversas formas e situações do dia a dia

está presente nos objetos, na natureza, na arte, nas construções, no entanto,

porque o seu ensino não é inserido junto ao contexto do aluno? Por que a

omissão geométrica ainda está presente nas escolas?

O ensino de Geometria nas escolas é considerado por muitos

professores e pesquisadores um ensino superficial, sem produção de

significados. Para Lorenzato (1995, p. 7),

Essas dificuldades se dão em virtude da forte resistência no ensino da Geometria e deve-se também, em grande parte, ao pouco acesso pelo professor aos estudos dos conceitos geométricos na sua formação ou até mesmo pelo fato de não gostarem de Geometria.

Nesse sentido, se faz necessário dialogar porque é importante ensinar

Geometria nas escolas. Para Fainguelernt (1999, p. 49) “a geometria possui

uma função integradora entre as diversas partes da matemática, além de ser

um campo fértil para o exercício de aprender a fazer e aprender a pensar”.

No pensar de Lopes (2005, p. 81), “o domínio dos conceitos geométricos

básicos como formas, medidas de comprimentos, áreas e volumes – é

essencial para a integração de um indivíduo à vida moderna”.

Assim, para ensinar Geometria, o professor precisa estar

constantemente refletindo sua prática pedagógica a fim de produzir significados

do que se está ensinando e o que o aluno está realmente aprendendo. Muitas

vezes, o professor se depara com situações relacionadas a problemas

envolvendo Geometria onde o aluno pergunta se é" de menos ou de mais", a

operação que realizou.

Neste cenário o aluno tem dificuldade em interpretar, visualizar e

representar as informações contidas em um problema como exemplo:

desenhar e conceituar o que é um retângulo ou um quadrado, como calcular

área de um polígono. Segundo Kopke(2006) no Ensino Fundamental a

geometria muitas vezes é apresentada de forma teórica e algebrizada, ou seja ,

dificultando para o aluno a visualização e interpretação dos conceitos

geométricos.

Por esse prisma, acredita-se que o ensino contextualizado pode

contribuir para a melhoria da aprendizagem dos alunos para o ensino de

Geometria, uma vez que Szumski(2011,p.26) concordamos:

Ensinar geometria através da contextualização é proporcionar ao aluno algo prático, que esteja relacionado à vivência do seu dia a dia. Sob este ângulo a contextualização no ensino da Geometria possibilita a essência do saber, é o fazer e agir sobre as coisas que estão ao nosso redor. Só existe interação entre conhecimento e aprendizagem, quando se desenvolve um ensino contextualizado, através da intervenção do aluno.

Por esse entendimento, o ensino em Geometria entra em consonância

com as novas propostas do Ministério da Educação (MEC), que contempla a

interdisciplinaridade e a contextualização. Porém, esta última exige que todo

conhecimento tenha como ponto de partida a experiência do estudante, o

contexto onde está inserido e onde ele vai atuar como trabalhador, cidadão e

como um agente ativo de sua comunidade. Assim, percebe-se que a

contextualização é indispensável uma vez que o aluno possa ser motivado por

outros meios tais como: a cultura, problemas sociais e econômicos, meio de

comunicação, entre outros. Para Mello (2004, p. 62) contextualizar o ensino

“significa incorporar vivências concretas e diversificadas e também incorporar o

aprendizado em novas vivências. Contextualizar não é exemplificar o tempo

todo”. Nesse sentido, é possível contextualizar o ensino da Geometria, uma vez

que o aluno pode perceber sua presença, como exemplo, nas embalagens

dentro de uma perspectiva geométrica e social, proporcionando ao mesmo

tempo uma aprendizagem através de diferentes metodologias que se

aproximem da significativa aplicação dos conceitos Geométricos.

Pesquisas revelam que o aluno consegue aprender apenas 10% do que

lê, 20% do que escuta, 30% do que vê, 70% do que discute e mais de 90% do

que associa, interagindo com os conhecimentos, seja na relação com colegas,

professores, seja a partir de objetos de aprendizagem (BRUNO NETO,2008).

Assim, os recursos audiovisuais são os mais utilizados, porque recorrem para

nossos sentidos de compreensão mais acentuada na aquisição de

conhecimentos e apreensão de informações. Os alunos necessitam de aulas

diferenciadas, motivadoras e atrativas. A justificativa está nos avanços

tecnológicos que invadem rapidamente os lares de nossos alunos. No estado

do Paraná, por exemplo, a maioria dos alunos tem acesso à informação e

recursos tecnológicos. Nesse sentido, o professor precisa estar sempre

aprendendo, explorando novos recursos tecnológicos e não ter medo do novo,

ou seja, sair da zona de conforto. Veiga Neto ( apud Costa 2003,p.113) acredita

que:

“...a escola está em descompasso com o mundo de hoje, insisto que

devemos deixar bem claro que não se trata simplesmente de voltar àqueles discursos que lamentam o fato de a escola não ter se atualizado, no sentido de não lançar mão dos recursos que as modernas tecnologias nos oferecem. Não se trata de dizer que, se a escola se atualizasse tecnologicamente- se ela usasse melhor a informática, se ela usasse melhor a telemática, se ela usasse melhor a educação a distancia ou quaisquer alternativas metodológicas e tecnológicas- resolveríamos a coisa, ou seja, colocaríamos de novo a escola naquele” bom caminho” do qual ela parece ter saído. Não é disso que estou falando. Certamente a escola pode não estar acompanhando o desenvolvimento tecnológico e comunicacional do mundo contemporâneo – o que me parece, de fato, lastimável - ,mas mesmo que estivesse fazendo isso, ela poderia estar ainda desencaixada em relação ao mundo de hoje”.

Diante deste contexto, será que o maior desafio dos professores é utilizar

os recursos tecnológicos em sala de aula? Ou ter domínio na utilização desses

recursos tecnológicos? Para Belloni e Gomes (2008) por causa das

transformações sociais, afirmam que a escola precisa mudar o seu cenário,

pensar em compensar as desigualdades sociais e perceber que os professores

precisam de novos modos de ensinar, incluindo tecnologias em projetos de

aprendizagem inovadores. Mais adiante Veiga Neto (apud Costa, 2003, p.113)

ainda acrescenta:

“Não é só uma questão de usar novas tecnologias; essa não é uma questão que esteja só na superfície das práticas escolares. A questão é mais radical, o desencaixe é mais de raiz. “Portanto, quando falo em desencaixe, estou falando nesse sentido que é usado mesmo no vocabulário técnico que trabalha tais conflitos entre a Modernidade e a Pós-Modernidade ou, como alguns preferem a Modernidade Tardia”.

Muitos professores estão passando por uma fase de transição para

novos modelos educativos; outros, no entanto, apresentam receio e

insegurança e ainda preferem modelos já conhecidos.

Na educação, o blog é uma excelente ferramenta para publicação de

ideias, contribuindo para a construção de redes sociais e redes de saberes.

Porém, a aplicabilidade desta ferramenta no ambiente escolar deve-se

desenvolver a partir da exploração, análise, identificação de elementos que

compõem um blog. Todo o processo de organização de um blog envolve a

escolha de um servidor e a escolha e a edição visual, para se decidir o nome e

os objetivos do blog, que pode ser feito coletivamente. Neste cenário, as novas

tecnologias estão se incorporando à educação, mas ainda precisam estar mais

voltadas aos conteúdos escolares, para que não se limitem apenas a mais um

recurso tecnológico sem expectativas amplas e em desconexão as

expectativas curriculares e profissionais de nossos alunos, que oxalá possa

aplicar os conhecimentos adquiridos em suas ações cotidianas.

POSSIBILIDADES E DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO

Tendo a escola como objeto de reflexão e como local de ação o projeto

de intervenção pedagógica - A Geometria na formação docente:

contextualizando e construindo saberes - foi desenvolvido no Instituto de

Educação Prof. César Prieto Martinez, Ponta Grossa – Paraná, com as alunas

do quarto ano da Formação Docente da Educação Infantil e Anos Iniciais do

Ensino Fundamental.

A presente proposta se planificou pelo viés da pesquisa

qualitativa,conforme Meksenas(2002) recomenda num processo de coleta de

dados em que o pesquisador sobrevém um tempo maior em contato com a

realidade observada que é o seu objeto de pesquisa; seja, participando,

dialogando ou ouvindo, bem como, integrando o espaço social. Assim, após

apresentação do projeto sobre Geometria as alunas da série descrita ,resultou

como delineamento metodológico cinco momentos que estão descritos nesta

análise, com seus resultados e discussões apresentadas.

Primeiro momento: A importância de vencer os obstáculos

Alguns alunos quando cursam o último ano do curso de formação

docente encontram–se desmotivados diante dos obstáculos que encontram no

caminho. Assim, neste primeiro momento com o objetivo de resgatar a

autoestima das alunas antes de iniciar a proposta didática – pedagógica

relacionada ao conteúdo de Geometria, foi proporcionado um momento de

motivação e reflexão denominado: “A importância de vencer os obstáculos”.

Para isso, convidou-se um representante de marketing para apresentar uma

palestra sobre o tema proposto. Cada aluna fez um relato sobre a palestra

apresentada, como o que segue da aluna A1 :

"A palestra foi muito interessante. O que mais me chamou a atenção foi

a maneira como a palestrante uniu os valores morais junto com a

administração em termos profissionais.Com isso, ela mostrou que nosso

sucesso não depende somente da realização profissional, mas da pessoal

também. Ambas realizam o ser humano em um todo."(alunaA1)

Este relato evidencia a importância da motivação na vida das pessoas

como um fator essencialmente positivo, conduzindo o aluno a acreditar que é

possível vencer os obstáculos quando acreditamos que somos capazes.

Ainda nesta etapa, teve-se como objetivo resgatar vivências sobre a vida

escolar, partindo-se da leitura do memorial (professora/PDE) sobre sua

trajetória escolar até o momento, destacando as dificuldades ,obstáculos e

realizações profissionais. Em seguida, as alunas foram convidadas a escrever

um memorial referente a sua vida escolar, como podemos destacar o

fragmento do memorial da alunaA2 e alunaA3 que revelamos como

significativas oportunidades de participação discente.

"Hoje, estou começando o quarto ano do curso, percebo o quanto mudei

nesses quatro anos fazendo estágio de manhã e estudando à tarde, não pensei

em nenhum momento em desistir, pois ali estava a chance do meu sonho se

tronar realidade".(aluna A2)

"Gosto muito das práticas e teorias específicas do curso, o que me

fazem desejar continuar no ramo, pensando fazer pedagogia".(aluna A3)

A realização de um sonho e o desejo de continuar como relata as alunas

citadas, permite pensar que a motivação está presente de maneira significativa

nas suas vidas, principalmente em relação a vida escolar.

Segundo momento: um caminho para dinamizar ações e resultados

Com a intenção de obter o conhecimento prévio das alunas sobre o

conteúdo de Geometria, foi proposto um trabalho em equipe, para a resolução

de situações-problema relacionado à Geometria plana numa abordagem

contextualizada. Um dos problemas proposto de nível básico para as alunas foi

retirado da prova Brasil(2009), como segue, Figura 1:

Figura1:problema contextualizado

Fonte : Prova Brasil(2009)

Para a realização desta atividade estavam presente 26 alunas, sendo

que 15 alunas responderam trapézio retângulo, 7 responderam que a forma

geométrica era o quadrado e apenas 4 alunas responderam corretamente

,identificando a forma geométrica como o losango, um quadrilátero que possui

os quatro lados com a mesma medida, como o quadrado, porém possui dois

ângulos agudos(menores que noventa graus) e dois obtusos(maiores que

noventa graus).

A dificuldade das alunas em identificar esta forma geométrica é

decorrente da ausência do conteúdo de Geometria durante o curso de

formação docente, sendo apenas ofertado no último ano. Também, a

dificuldade pode estar relacionada a visualização da forma geométrica. Para

Fainguelernt (1999, p. 53) enfatiza que “a preocupação com a visualização em

relação à aprendizagem de geometria é um processamento do próprio domínio

visual através de diferentes maneiras de representar”.

Diante do exposto, verificou-se a necessidade de repensar e discutir

com a equipe pedagógica numa nova proposta curricular no curso de formação

docente.

A utilização do blog:dificuldades

A proposta inicial para este segundo momento era realizar uma atividade

de pesquisa no laboratório de Informática com as alunas para o conhecimento

das utilidades e funções do blog "Eliana e a matemática do dia"e postar um

Eduardo está confeccionando uma caixa para colocar um presente para sua mãe.

Como ela quer uma caixa bem original, desenhou no papel a base para o fundo da

sua caixa. O desenho tem a forma de um quadrilátero com todos os lados de mesma

medida, dois ângulos agudos e dois ângulos obtusos. Qual o quadrilátero que será

utilizado por Eduardo para confeccionar a caixa?

a)quadrado b)retângulo c)Trapézio retângulo d ) losango

comentário sobre a importância do uso da tecnologia na educação. Esta

atividade não foi possível a sua realização com as alunas no laboratório de

informática do colégio, porque encontrava-se em manutenção. No entanto,

dentre as 28 alunas, 10 acessaram o blog para verificar seus componentes,18

alunas não haviam acessado por vários motivos como: " falta de tempo,

esqueci, estava sem internet, não tenho internet".

Para amenizar esta situação, neste segundo momento, foi apresentado

através de um multimídia na sala de aula o blog criado pela

professora/pesquisadora que sugeriu desenvolver um trabalho colaborativo

com as alunas. Como resultado da intervenção didático pedagógica do projeto ,

todas as atividades postadas no blog pelas alunas ocorreram de forma

colaborativa se encontram no site: elianaeamatematicadodia.blogspot.com para

visualização e apreciação deste trabalho.

Terceiro momento: oficinas contextualizadas

1-Embalagens dentro de uma perspectiva geométrica e social

Com o objetivo de contextualizar o ensino de Geometria mediante

estudo das embalagens, foi solicitado as alunas uma pesquisa individual na

biblioteca e ∕ou internet sobre a história das embalagens. Após a pesquisa, as

alunas realizaram um seminário coordenado pela professora, para discussão

sobre o tema pesquisado. O seminário foi conduzido a partir dos seguintes

questionamentos: a) Qual a função das embalagens? b) Quando começou a

ser utilizada as embalagens de papelão? c) Qual a forma geométrica mais

utilizada para confecção de embalagens?

As alunas responderam que a função das embalagens está relacionada

a proteção do produto. No entanto, não lembravam o nome da forma

geométrica mais utilizada para confecção de embalagens, semelhante a uma

caixa de sapato, denominada "paralelepípedo". Outra questão levantada

durante o seminário foi sobre a durabilidade da embalagem e seus impactos

ambientais.

Um dos resultados derivados do seminário, foi a postagem das

pesquisas sobre as embalagens no blog, como mostra a evolução da

embalagens de Coca-Cola, disponíveis no endereço eletrônico abaixo:

http://elianaeamatematicadodia.blogspot.com.br/2013/04/a-evolucao-das-

embalagens-da-coca-cola_10.html.

Diante dos trabalhos apresentados no seminário, as alunas verificaram

que os avanços tecnológicos contribuíram para as mudanças que ocorreram na

confecção de embalagens em diversos setores, além de conhecer o contexto

que conduziu homem a necessidade de realizar tais mudanças. Nesse sentido,

a contextualização abriu caminhos para que as alunas se encontrassem mais

próximas possíveis da sua realidade.

2- Pesquisa de Campo: produtos que sofreram mudanças nas embalagens.

Existem épocas do ano que é possível para o consumidor perceber

estas mudanças como também admirá-las, por exemplo, no Natal: o design, as

cores estão evidentes abrilhantando as embalagens nesta época do ano. Mas,

qual o preço por estas mudanças?

Com o objetivo de proporcionar a pesquisa e o pensamento crítico –

reflexivo, dividiu-se as alunas em equipes, para a realização de uma pesquisa

em supermercados versando sobre produtos que sofreram mudanças nas

embalagens, partindo-se do seguinte questionamento: Será que nos rótulos

das embalagens trazem dicas se a embalagem sofreu algum tipo de mudança?

Cada equipe trouxe uma embalagem de produtos que sofreram

mudanças no seu formato, cor, material e embalagens variadas para

apresentar ao professor e colegas as informações obtidas. Como resultados a

aluna A4, apresentou sua pesquisa com a utilização do tablet, com um recurso

tecnológico que propiciou a visualização da imagens, como mostra a Figura 2.

Figura 2: mudanças nas embalagens de alvejante

Fonte:Autoria própria

Os resultados desta pesquisa foram apresentados pelas alunas no mural

da escola, Figura 3, e também postados no blog criado pela professora com o

objetivo de ampliar a rede de significados e comentários a respeito desta

atividade.

Figura 3: mudanças nas embalagens

Fonte:Autoria própria

A presente proposta possibilitou uma nova visibilidade da Geometria

mediante o estudo das embalagens escolhidas e analisadas pelas alunas.

3- Análise geométrica das caixas de leite Longa Vida e as suas apresentações

dentro de outras embalagens

Com o objetivo de disponibilizar o conhecimento geométrico a partir do

empilhamento das caixas de leite, foi proposto as alunas em grupo uma

pesquisa em sobre qual a maneira correta de empilhar uma embalagem em

uma plataforma de madeira sobre a qual se põe a carga empilhada(pallet). A

figura 5 mostra o resultado da pesquisa realizada por um grupo.

Figura 4: Empilhamento das embalagens empilhamento

Fonte :Autoria própria

Na figura 5, é apresentado recomendações para o empilhamento colunar

de embalagens, visto que 70% da resistência de uma caixa estão localizados

nas arestas(cantos).O empilhamento trançado é bastante utilizado, mas reduz

em até 45% a resitência a compressão da embalagem.

Para complementar esta atividade sobre o empilhamento da embalagem

da "embalagem", foi realizado uma pesquisa de campo com as alunas a um

supermercado da cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná a fim de

conhecer o processo de empilhamento das caixas , como mostra a Figura 6:

Figura 5: empilhamento das caixas de leite

Fonte: Autoria própria

Em seguida, as alunas fizeram um relato sobre esta atividade extra

classe, como mostrar um fragmento de relato da aluna A7 e da alunaA8:

"Fomos guiadas pelo atendente Paulo ,ele nos mostrou as diferentes

formas de embalagem, e suas diferentes formas de armazenamento. Deixando

claro que a desorganização atrapalha o empilhamento. Desta forma, as caixas

e os pallets são sobrepostos em excesso causando perdas, dimunuindo a

durabilidade dos produtos."(aluna A7)

"Realizamos uma visita dentro do depósito do mercado com o objetivo

de ter conhecimento geométrico a partir do empilhamento das caixas, em geral,

altura,largura e área do pallet. Com a visita, pudemos perceber que é possivel

encontrarmos a geometria e a matemática em diferentes espaços, inclusive no

nosso cotidiano".(aluna A8)

Verificou-se com os relatos das alunas um novo olhar para ensino de

Geometria, " a Geometria do dia a dia".

Quarto momento: Representações de sólidos geométricos

A Geometria é uma área da Matemática que possibilita a visualização e

representação das formas, dos objetos tridimensionais existentes. Assim, é

confortável ao professor e profícuo ensinar quando a teoria está aliada a

prática, ou seja, permitindo a compreensão dos conteúdos geométricos com

utilização de material concreto.

Com o objetivo de visualizar e classificar os sólidos geométricos por

meio de material concreto, as alunas em grupos construíram com material de

apoio fornecido pela professora os poliedros convexos regulares, como mostra

a Figura 6:

Figura 6:Poliedros de Platão(representação)

Fonte: Autoria própria

O objetivo desta atividade era a construção dos cinco sólidos regulares,

no entanto, apenas foi confeccionado pelas alunas a construção do

cubo(hexaedro) e a pirâmide de base triangular(tetraedro) em decorrência do

número reduzido de aula semanais. A maioria das alunas, ao longo do projeto

de intervenção e das aulas não sabia o nome dos elementos dos sólidos

geométricos, como aresta, vértice e face. Mesmo explicando com a utilização

de material concreto e utilizando-se da planificação para descrever a formas

geométricas que representava as faces de cada sólido, observou-se por meio

de uma avaliação contextualizada que a dificuldade em interpretar e

compreender conceitos relacionados a Geometria espacial ainda era presente

nesta turma. Também, nesta avaliação , foi questionado as alunas se as

dificuldades em relação ao aprendizado em ensino de Geometria eram

decorrentes à carga mínima de duas aulas por semana no último ano do curso

e a ausência de um ensino prático e contextualizado voltado para a educação

profissional, configurando assim a hipótese levantada neste projeto de

intervenção didático pedagógica. Uma das respostas decorrentes a este

questionamento se planificou como:

" Sim, devido a pequena carga horária por semana, em sempre os

professores conseguem vencer o conteúdo e com isso a geometria acaba

sendo deixada de lado. Essa forma contextualizada de trabalhar geometria é

muita mais dinâmica e de melhor compreensão."(Aluna A 10)

" A dificuldade foi conhecer tudo que a geometria oferece em pouco

tempo de aula, muita informação para pouco dias de trabalho".(Aluna A12)

"Sim , infelizmente a carga horária da disciplina de Matemática não

permite que matérias como essas sejam ensinadas de forma significativa no

ensino médio. Portanto a geometria acaba perdendo sua importância perante

aos alunos. Mas o projeto, mostrando as várias situações em que a geometria

é utilizada no dia a dia recuperou esse brilho".(Aluna A1)

Os relatos afirmam a hipótese de que referente à carga mínima de duas

aulas por semana da disciplina de Matemática no último ano do curso acaba

interferindo no aprendizado em Geometria desta disciplina.

Quinto momento: Confeccionando embalagens “Bonitas aos olhos do

consumidor: uma análise sob o ângulo da Geometria".

Quando uma pessoa observa uma embalagem ,percebe que a cor pode

torná-la mais expressiva, ou seja, é atraído não só pela embalagem que é

bonita, mas pela comunicação visual. Fainguelernt (1999, p.53) afirma que “a

preocupação da visualização em relação à aprendizagem, é um

processamento do próprio domínio visual através de diferentes maneiras de

representar”.

Partindo deste pensamento e verificando a aplicação designer como

marketing, foi proposto as alunas em dupla que utilizassem o conhecimento

geométrico e a criatividade seguindo um roteiro para a proposta da criação de

uma embalagem.

As duplas apresentaram a embalagem em uma exposição no ambiente

escolar que foi chamada “Embalagens que fazem a diferença nas aulas de

Matemática”, como mostra a figura 7.

(Obs. As conclusões e as imagens desta exposição foram postadas no blog.)

Figura 7: Exposição das embalagens confeccionadas pelas alunas do 4º ano

Fonte :Autoria própria

As embalagens Figura 7, confeccionadas pelas alunas estão

relacionadas à sustentabilidade, cada uma com uma função, dispondo de uma

comunicação visual que agrade as pessoas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino contextualizado de Geometria trouxe um novo sentido para a

prática educativa ao dinamizar desde sua operacionalização metodológica até

o resgate da autoestima discente.

Um caminho para dinamizar ações e resultados por meio da tecnologia,

promovendo um novo olhar metodológico no ambiente escolar se caracterizou

pela utilização do blog, "Eliana e a matemática do dia" , por meio de um

espaço colaborativo com as alunas do 4ª ano do Curso de Formação Docente.

Assim, a implementação pedagógica integrada ao uso da tecnologia,

contribuiu na formação dos futuros professores (ainda que seja de nível médio),

resgatando o gosto e significado de aprender e de ensinar à luz da Geometria.

Foi possibilitado as alunas o desenvolvimento espírito crítico-reflexivo

sobre questões relacionadas às embalagens dentro de uma perspectiva

geométrica e social. Além disso, a interação com a ciência e a tecnologia

contribuindo, desta forma, para a formação de cidadãos críticos e conscientes,

em face de compreensão do conhecimento visual e concreto das situações

vividas, dando uma nova visibilidade à Geometria contextualizada a partir das

formas, funções das embalagens do cotidiano das pessoas.

Com a implementação do projeto desenvolvido na escola de origem,

pode-se propor uma mudança no currículo do curso de Formação Docente,

nível médio da disciplina de Matemática relacionando a teoria e a prática de

forma contextualizada, considerando que em sua especificidade pedagógica

há um direcionamento para a consolidada formação acadêmica de nossos

futuros professores.

.

REFERENCIAS BELLONI, Maria Luiza and GOMES, Nilza Godoy. Infância, mídias e aprendizagem:autodidaxia e colaboração. Educ. Soc. [online]. 2008, vol.29, n.104, pp. 717-746. ISSN 0101-7330.

BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Sobre a “Origem da Geometria”. In: REUNIÃO SOC. EST. & PESQ. QUAL. Set 1989. Disponível em: http://www.sepq.com.br ,Acesso em 16 fev. 2012.

BRUNO NETO, R. Sistema nervoso: aspectos neurológicos da aprendizagem e de seus transtornos. DCM – MUDI / UEM, 2008. COSTA, M. V.(org.). A escola tem futuro?Rio de Janeiro:Ed.DP&A, 2003

LORENZATO, S. Porque não ensinar geometria? A Educação Matemática em

Revista, n. 4, set. 1995

FAINGUELERNT, E. K. Educação Matemática: representação e construção

geométrica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999

MORAN, J. M. Aprendizagem significativa. Entrevista ao Portal Escola conectada da Fundação Ayrton Senna, publicada em 01 de agosto de 2008,

Sumaré (SP). Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/prof/moran/significativa.htm>. Acesso em 12 ago.

2010.

KOPKE, R. C. M. . Imagem e Reflexões: a linguagem da geometria nas escolas. Caligrama (ECA/USP. Online), 2006. MELLO, Guiomar Namo de. Educação Escolar Brasileira: O que trouxemos do século XX? Porto Alegre: 2004. MEKSENAS, P. Revista Espaço acadêmico. n. 78, nov. 2007. Disponível em <http://www.espacoacademico.com.br> Acesso em: 9 de junho de 2012. MYNAIO, Maria Cecília de Souza et al. Pesquisa social: teoria, método e

criatividade. Petrópolis, Vozes, 2002.

Szumski,Eliana G. A bandeira nacional na medida certa: um olhar para o ensino contextualizado de geometria. 2011.90f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa, 2011. Disponível em: http://www.pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgect/dissertacoes/defesas.php?ano=0&grupo=0