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MEDIANDO CONCEITOS BIOLÓGICOS DE MITOSE E MEIOSE NA PRÁTICA: UMA ANÁLISE DAS AULAS DE ESTÁGIO NA PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO Claudia Luciani Klein 1 , Roque Ismael da Costa Güillich 2 1 Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ)/Mestranda em Educação nas Ciências,[email protected] 2 Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)/[email protected] RESUMO: O presente relato de experiência é fruto de reflexões a partir do estágio em docência no Ensino Médio, para tanto tenho o objetivo de apresentar um pouco desta minha experiência, relatando em especial uma prática sobre divisão celular, utilizando balões na representação das etapas. Ao realizar o Estágio Curricular Supervisionado IV: Biologia no Ensino Médio, no Curso de Graduação em Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo, que se caracterizou como um estágio de docência, com carga horária de 51 horas aulas, deparei-me com a complexidade do ensino da divisão celular, mitose e meiose. Nesse sentido, elaborei um plano de atividades no qual tentei focar não só em conteúdos e questões sobre, mas também em atividade prática que facilitariam, a meu ver, a aprendizagem de meus alunos. Palavras Chaves: Estágio de docência, Prática Pedagógica, Mediação, Ensino de Biologia. 1 INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZANDO O RELATO Dentro do contexto desse trabalho meu objetivo consiste em apresentar o trabalho realizado no segundo semestre de 2014 no decorrer do Estágio Curricular Supervisionado IV ofertado no Curso de Graduação em Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal URI, 10-12 de junho de 2015 Santo Ângelo – RS – Brasil.

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MEDIANDO CONCEITOS BIOLÓGICOS DE MITOSE E MEIOSE NA PRÁTICA: UMA ANÁLISE DAS AULAS DE ESTÁGIO NA

PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

Claudia Luciani Klein1, Roque Ismael da Costa Güillich2

1Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grandedo Sul (UNIJUÍ)/Mestranda em Educação nas Ciências,[email protected]

2Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)/[email protected]

RESUMO: O presente relato de experiência é fruto de reflexões a partir do estágio em docência no Ensino Médio, para tanto tenho o objetivo de apresentar um pouco desta minha experiência, relatando em especial uma prática sobre divisão celular, utilizando balões na representação das etapas. Ao realizar o Estágio Curricular Supervisionado IV: Biologia no Ensino Médio, no Curso de Graduação em Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo, que se caracterizou como um estágio de docência, com carga horária de 51 horas aulas, deparei-me com a complexidade do ensino da divisão celular, mitose e meiose. Nesse sentido, elaborei um plano de atividades no qual tentei focar não só em conteúdos e questões sobre, mas também em atividade prática que facilitariam, a meu ver, a aprendizagem de meus alunos. Palavras Chaves: Estágio de docência, Prática Pedagógica, Mediação, Ensino de Biologia.

1 INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZANDO O RELATO

Dentro do contexto desse trabalho meu objetivo consiste em apresentar o trabalho realizado no segundo semestre de 2014 no decorrer do Estágio Curricular Supervisionado IV ofertado no Curso de Graduação em Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo. As ações foram realizadas em uma Escola Estadual do Município de Salvador das Missões, na turma de primeira série do Ensino Médio. Borssoi (2008, p. 1), compreende o estágio como via fundamental na formação do professor, é essencial considerar que o mesmo possibilita a relação teoria-prática, conhecimentos do campo de trabalho, conhecimentos pedagógicos, administrativos, como também conhecimentos da organização do ambiente escolar, entre outros fatores. Dessa forma, o objetivo central do estágio é a aproximação da realidade escolar, para que o aluno possa perceber os desafios que a carreira lhe oferecerá, refletindo sobre a profissão que exercerá, integrando - o saber fazer – obtendo (in)formações e trocas de experiências.

Na prática realizada durante meu estágio abordei inicialmente o conteúdo sobre o núcleo celular e em seguida a divisão celular, mitose e

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meiose. E ao tratar destes conteúdos percebi a grande dificuldade que meus alunos apresentavam para diferenciar mitose e meiose, considerando que estes eram conteúdos bastante complexos para o entendimento dos mesmos. Para tanto, desafiei-me levando para a sala de aula uma prática que pudesse ser mais palpável ao entendimento dos conteúdos que estavam sendo desenvolvidos. Nesse contexto, adaptei uma prática sugerida por Güllich (2015) em que simulava-se os dois tipos de divisão celular (mitose e meiose) através de balões, para demonstrar macroscopicamente e espacialmente este processo.

Nesse sentido, busco através deste relato compartilhar uma prática desenvolvida no âmbito do Estágio desenvolvido com os alunos da primeira série do Ensino Médio, desenvolvendo uma reflexão crítica, fundamental para mim, professora em formação, e para os alunos. Pois segundo Silva e Zanon (2000, p. 136): “de nada adiantaria realizar atividades práticas em sala de aula se esta aula não propiciar o momento da discussão teórico-prática que transcende o conhecimento de nível fenomenológico e os saberes cotidianos dos alunos”. Para tanto acredita-se que partir da reflexão teórico-prática, desafiados a pensar associativamente teoria e prática a construção de conhecimento ocorre efetivamente.

2 METODOLOGIA

Durante as aulas apresentei slides, que me auxiliaram na apresentação e na demonstração das explicações, com uso de imagens e esquemas (Fig. 1). Em nossos encontros falamos sobre a constituição e função do núcleo celular, da divisão celular, mitose e meiose; e a importância de ocorrer divisão celular. Nesse âmbito, também discutimos a clonagem, e como se forma um câncer, o que despertou grande interesse dos alunos, pois se tratava de temas presentes em seu contexto no qual estão inseridos. Como grande parte dos 38 alunos daquela sala de aula da primeira série são provenientes do interior, e ajudam seus pais no manejo da agricultura e pecuária, se sentiram divididos e em dúvida para expor se são a favor ou contra a clonagem, escrevendo em suas memórias de aula: “depende”, pois segundo eles no “manejo de sementes e de gado a clonagem pode ser benéfica, pois traria maior produtividade, e consequentemente lucratividade [grifos nossos]”. Isso nos remete ao cuidado que devemos ter, em considerar o contexto escolar e social em que estamos inseridos junto com os alunos, para que atentemos as opiniões dos nossos alunos, mediando à construção significativa e conceitual dos conteúdos, considerando seus conhecimentos anteriores que devem ser reconstruídos.

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Fonte: KLEIN, 2014.Fig. 1: Aula com slides.

Já durante o planejamento das aulas, e mais evidentemente durante a execução do planejamento identifiquei a dificuldade que meus alunos tinham em compreender a divisão celular, para tanto planejei e apliquei, uma aula prática intitulada, “Divisão celular: uma proposta interativa para fixação de conteúdos envolvendo mitose e meiose no ensino médio”, adaptada de um trabalho de Güllich (2015), cujo objetivo era uma melhor compreensão dos conceitos de mitose e meiose. Ao iniciar a aula em que iriamos desenvolver a prática, fiz uma revisão por exposição oral do conteúdo de forma interativa com os alunos. Em seguida foram enchidos balões vermelhos e brancos; os balões de mesma cor foram amarrados dois a dois. Prosseguindo foi feita uma revisão oral dos eventos de cada etapa do processo de divisão celular estudado referente a mitose, os quais foram sendo simulados com os balões conforme segue: durante a Interfase os balões permanecem presos dois a dois e unidos com fita adesiva a outros pares de balões, formando um filamento, na Prófase da mitose os cromossomos metafásicos são representados por quatro balões de mesma cor, unidos dois a dois e entrelaçados em tétrade pelos nós, que são os centrômeros. Na Metáfase dois alunos, cada um com um cromossomo metafásico (quatro balões em cada cromossomo), com os braços num mesmo plano, deixam-os na linha média da distância entre os dois alunos, significando a zona equatorial da célula. Em seguida, representando a Anáfase, os alunos começam a separar seus braços, os alunos tinham cada um, um cromossomo, sendo um vermelho e o outro branco, na separação os braços são as fibras do fuso que encurtam-se puxando duas cromátides (balões unidos) para cada lado. E encerrando a prática representando a divisão celular por mitose, os alunos afastam os balões o máximo possível entregando-os a outros dois colegas que pegam um balão de cada colega de cor diferentes, constituindo assim a citocinese da Telófase, formando no final do processo duas células com dois cromossomos cada, não-duplicados, a partir de uma célula com dois cromossomos metafásicos. Para finalizar os alunos estouram os balões.

Em seguida, seguindo esta mesma lógica foi feita a demonstração da meiose, evidenciando a diferença entre a divisão cromossômica dessas duas divisões celulares, mitose e meiose, uma vez que na meiose há a conservação

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do número de cromossomos da célula mãe para a célula filha. Enquanto que na divisão por meiose, ao final do processo, percebemos que as células filhas possuem apenas a metade dos cromossomos que a célula-mãe possuía. Durante a prática, também evidenciei que na mitose não há troca de material gênico entre cromossomos, como ocorre na meiose em que ocorre o crossing-over, para tanto, usei canetões de duas cores diferentes para desenhar nos balões essa troca, frisando a importância desse processo na formação dos gametas.

3 RESULTADOS E ANÁLISE: DISCUSSÃO DO RELATO

Um ensino de qualidade, acima de tudo, requer formação de qualidade, e um planejamento adequado das atividades propostas. Nesse sentido, o Estágio Curricular Supervisionado IV: Biologia no Ensino Médio caracterizou-se como um momento de aprendizagem, ao mesmo tempo, momento de colocar em prática as aprendizagens construídas durante o curso de Graduação. Um momento de qualificar o processo de ensino e aprendizagem, ministrar aulas com qualidade, uma vez que foram previamente (re)planejadas mediante o auxílio da professora da disciplina de Biologia da escola, dos professores da Universidade, e de modo especial pelo professor da disciplina de Estágio, momento em que teoria e prática estiveram aliadas, possibilitando uma reflexão crítica sobre a docência no contexto escolar que desenvolvi o estágio.

Nesse sentido, é possível inferir sobre a importância de desenvolver aulas práticas, que desmistifiquem a tradicional forma de dar aulas, e que envolva os alunos na prática. E segundo Schnetzler (1992, p. 21), o professor deve retomar conceitos a partir de outras formas, proporcionando um melhor entendimento e aplicabilidade do conteúdo por parte do aluno.

Durante o desenvolvimento da atividade prática (Fig. 2), pude perceber que os alunos que se envolveram na realização da mesma conseguiram ao final, explicá-la, demostrando ter compreendido os processos de divisão celular. Essa ideia da importância do desenvolvimento de aulas práticas, bem como indícios de que tenha ocorrido aprendizagem pode ser melhor compreendida na escrita da memória de aula:

“a diferença entre meiose e mitose mais evidente é que na meiose ocorre o crossing-over, que se caracteriza na troca de informações genéticas, e na mitose não ocorre essa recombinação gênica, os cromossomos apenas se dividem,...Acho importante o uso de práticas em sala de aula, pois entendo melhor, pois consigo ver com os próprios olhos. Os slides com desenhos e esquemas foram bastante explicativos, mas parece que era muito abstrato, com a prática parece que se torna mais presente, mais real, e mais fácil de entender, pois a gente constrói os processos” (Aluna 1, 2014).

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Fonte: KLEIN, 2014.Figura 2: Alunos desenvolvendo a prática.

Segundo Silva e Zanon (2000, p. 121): as aulas práticas são importantes para que os alunos ‘vejam com seus próprios olhos’, para que os alunos ‘vejam a realidade como ela é’, porém é papel essencial do professor mediar, fazer intervenções indispensáveis aos processos de ensinar e aprender. Silva e Zanon (2000, p.134), nos afirmam também, que as atividades práticas fundamentais na promoção de aprendizagens, ajudando aos alunos a aprender através do estabelecimento de inter-relações entre os saberes teóricos e práticos.

Nesse sentido, mediar a construção de conhecimentos através do uso de pratica, parece-me uma forma de fazer com que o aluno possa interagir na construção do seu conhecimento, onde como professora tive o papel de mediadora, acreditando que esse processo seja de constante reconstrução. Apostei no meu estágio no desejo de ensinar e aprender, e sobretudo, na capacidade de aprender a aprender, tornando os envolvidos cada vez mais autônomos, instigando os a se questionar, a buscar a construção de suas respostas/aprendizagens através de suas buscas orientadas por mim. “Para que algo possa ser aperfeiçoado, é preciso criticá-lo, questioná-lo, perceber seus defeitos e limitações” (MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2002, p.12).

E nesse contexto precisamos considerar os conhecimentos pré-existentes, como afirma Demo (2007, p. 25): “conhecemos a partir do conhecido”, para tanto, tentei, como professora relacionar o processo de divisão celular com analogias de melhor entendimento pelo aluno contextualizando o conhecimento produzido facilitando assim o seu entendimento.

Na minha concepção todo conceito deve, ou ao menos deveria ser mediado, quando possível, na prática, ou seja, fazer com que os conceitos sejam significados na prática, e que seja possível com o seu uso explicar

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fenômenos recorrentes no cotidiano em que a escola está inserida, ou seja, é preciso que o estudante consiga associar fatos do seu dia a dia com os conceitos trabalhados na escola, e entender os acontecimentos fazendo uso de tais conceitos, numa perspectiva de apropriação e significação conceitual. Mas para isso o posicionamento do professor é fundamental, nas palavras de Ramos (2008, p. 32):

aquele que faz a mediação contribui para que o sujeito da aprendizagem estabeleça relações sobre a realidade que o cerca e, por meio da linguagem, tome consciência dos seus modos de aprender, compartilhe experiências de vida relacionadas ao conhecimento e construa generalizações.

Assim, no contato que tive com a escola que fui estagiária, pude perceber alguns desafios inerentes a profissão docente, dentre os quais chamo a atenção aqui para a dificuldade de entender conceitos abstratos como a divisão celular. Para tanto, percebi a grande necessidade de desenvolver atividades que facilitem o entendimento desses conteúdos, como por exemplo as práticas pedagógicas, que dão uma noção do mundo abstrato de que estamos falando.

No período de desenvolvimento do estágio com esta turma, os desafiei a escrever as memórias de aula, com o objetivo de ampliar a escrita dos estudantes atentando para a necessidade da significação conceitual e também para o seu posicionamento frente ao conteúdo, superando-se a simples cópia. Possibilitando ao aluno escrever conceitos vistos em aula, com suas palavras, além de assunto que iam ao encontro dos mesmos, que eram do interesse deles. Para desenvolver uma escrita coerente, era necessário que aluno tivesse compreendido o conteúdo, ou seja, que ele tivesse se apropriado/significado os conceitos. Para minha satisfação, a maioria dos alunos aderiu à proposta, mostrando-se interessados, buscando uma maior compressão, pesquisando além dos conceitos vistos em sala de aula. Nestes cadernos identifiquei uma diversidade de formas de escrever, que foram desde escritas puramente descritivas, que apenas relataram como foi à aula, até escritas reflexivas, que buscavam ampliar a aprendizagem através do aprofundamento conceitual e sua aplicabilidade. Nesse sentido, através da realização dessa atividade, percebi que os estudantes que aderiram a essa proposta de trabalho, tiveram a oportunidade de evoluir conceitualmente.

Para tanto e apoiada em Wenzel, (2014), afirmo que é necessário transcender a simples cópia e cola de textos, é necessário que o aluno a partir do conteúdo visto, escreva a sua expressão, pois para escrever é necessário articular as ideias, é necessário pensar. Sendo que uma boa escrita denota uma boa capacidade de articulação de pensamento. Assim, podemos afirmar que através da produção escrita o aluno pode expressar seu modo de pensar, vai rearticulando conceitos que estão em movimento, ressignificando conceitos, daí a importância dos relatórios/questões de aulas práticas. Pois, escrever não é simplesmente escrever o que se pensa, é perceber o que se pensa e elaborar esse pensar (MACHADO, 1998).

Durante e após a prática procurei instigar meus alunos a problematizar, questionar, deixei eles investigarem a representação das divisões celulares, apenas lhes fui dando algumas pistas, mediando a construção dessa aprendizagem. Nesse sentido, reafirmo o importante papel do professor como

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mediador que se apresenta como fundamental no despertar do interesse do aluno pelo seu próprio processo de ensino e aprendizagem. Precisamos atiçar sua curiosidade sua sede de saber, envolvê-lo de forma ativa no processo. Pois, “o envolvimento pode propiciar condições para uma produção gradativamente mais autônoma e criativa, no sentido do desenvolvimento de um sujeito histórico, participativo e crítico” (MORAES, 2000, p. 12).

Durante o período do desenvolvimento do estágio também enfrentei dificuldades e resistências quanto a minha prática docente, uma vez que os alunos estavam acostumados a um outro modo de condução da aula. Eu os questionava, e cada pergunta que eles traziam para a sala de aula, discutíamos no grupo, queria que eles construíssem a sua resposta, não lhes dava uma resposta pronta. Isso os deixava por vezes irritados, ao ponto de falarem: “não adianta perguntar, a professora não dá resposta, ela faz nós pensarmos... seria tão mais fácil, ela dar a resposta pronta,.. perderíamos menos tempo”. Ao escutar isso, acredito que eu tenha conseguido alcançar minimamente meu objetivo, que era fazê-los pensar e refletir sobre o que estávamos aprendendo, e não receber respostas prontas, como se fossem verdades absolutas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o início das atividades Estágio IV, que teve como objetivo a atuação como professora estagiária no contexto de sala de aula de uma Escola de Ensino Médio, pude perceber a complexidades do ser professor, do saber ensinar, compreendendo melhor a necessidade de contextualizar a aprendizagem. Por isso, acredito que é necessário inserir práticas que desmistifiquem a complexidade conceitual, facilitando a compreensão dos mesmos.

A partir do desenvolvimento das memórias de aula pude perceber que os alunos que se empenharam no desenvolvimento de sua escrita tiveram um crescimento conceitual bastante significativo. Conceitos cotidianos foram (re)significados, o que considero importante no crescimento intelectual do sujeito, e na construção de suas aprendizagens.

A tarefa de buscar desenvolver uma prática docente que tenha como objetivo o desenvolvimento intelectual do nosso aluno, é muitas vezes difícil de ser praticada, porém gratificante quando realizada com sucesso, pois percebemos que nosso aluno vai se tornando cada vez mais sujeito de sua aprendizagem. Para tanto, é necessário que o professor esteja aberto ao novo, ao diferente, apostando e buscando um ensino de qualidade e como mediador busque uma formação de qualidade para si e para seus alunos, formando futuros cidadãos preparados a lutar e defender seus ideais, sonhos e desejos com autonomia chamada por Güllich (2008), de uma autonomia intelecto-social.

5 REFERÊNCIAS

BORSOI, Berenice Lurdes. O estágio na formação docente: da teoria a prática, ação-reflexão. I Simpósio Nacional da Educação. Unioeste, Cascavel- PR, 2008.Dísponível em:

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http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/eventos/2008/1/Artigo%2028.pdf. Acesso em 27 de outubro de 2014DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Autores associados. 8° ed. 2007.

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MACHADO, A. R. O diário de leituras: a introdução de um novo instrumento na escola. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

MORAES, Roque. Produção numa sala de aula com pesquisa: superando limites e construindo possibilidades. Revista Educação. N° 40. p. 9-38. Porto Alegre, 2000.

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