A Educação Permanente Entra na Roda · A idéia é usar a educação permanente para melhorar a...
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MINISTRIO DA SADESecretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na SadeDepartamento de Gesto da Educao na Sade
Srie C. Projetos, Programas e Relatrios
Educao na Sade
A Educao Permanente
Entra na RodaPlos de Educao
Permanente em Sade
Conceitos e Caminhos a Percorrer
Braslia DF2005
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2005 Ministrio da Sade. Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou para qualquer fim comercial.
Srie C. Projetos, Programas e Relatrios
Educao na Sade
Tiragem: 1. edio 2005 10.000 exemplares
Elaborao, distribuio e informaes: MINISTRIO DA SADE Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade Departamento de Gesto da Educao na Sade Esplanada dos Ministrios, Edifcio Sede, Bloco G, 7. andar, sala 717 CEP: 70058-900, Braslia DF Tels.: (61) 315 3394 / 315 3474 Fax: (61) 315 2862 E-mail: [email protected] Home page: www.saude.gov.br/sgtes
Texto original: Laura Feuerwerker e Ricardo Burg Ceccim
Coordenao editorial e ilustraes: Caco Xavier
Adaptao e redao: Ana Beatriz de Noronha
Reviso tcnica: Rosaura Hexsel
Reviso: Maria Luiza Jaeger
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Ficha Catalogrfica
Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade. Departamento de Gesto da Educao na Sade.
A educao permanente entra na roda: plos de educao permanente em sade: conceitos e caminhos a percorrer / Ministrio da Sade, Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade, Departamento de Gesto da Educao na Sade. Braslia: Editora do Ministrio da Sade, 2005.
36 p.: il. color. (Srie C. Projetos, Programas e Relatrios) (Educao na Sade)
ISBN 85-334- 0799-8
1. Educao permanente. 2. Polticas pblicas em sade. 3. Capacitao. I. Ttulo. II. Srie.
NLM WA 590
Catalogao na fonte Editora MS OS 0002/2005
EDITORA MS Documentao e Informao SIA, Trecho 4, Lotes 540/610 CEP: 71200-040, Braslia DF Tels.: (61) 233 1774 / 233 2020 Fax: (61) 233 9558 E-mail: [email protected] Home page: www.saude.gov.br/editora
Ttulos para indexao:Em ingls: The Permanent Education Comes into Play Circles for Permanent Education
in Health: Concepts and PathsEm espanhol: La Educacin Permanente Entra en la Rueda Polos de Educacin Permanente
en Salud: Conceptos y Caminos a Recurrir
Equipe editorial: Normalizao: Luciana Cerqueira
Reviso: Marjorie Tunis Leito Paulo Henrique de Castro.
Projeto grfico: Joo Mrio P. dA. DiasDiagramao: Srgio Ferreira
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SumrioA importncia da poltica de formao e desenvolvimento para o SUS 5
O que j foi feito 6O que preciso fazer 6
A Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade 9
A Educao Permanente em Sade 11A Educao Permanente
em Sade e o SUS que queremos 12O que devemos esperar como
resultado da Educao Permanente em Sade? 13
Os Plos de Educao Permanente em Sade 15Quem participa da roda? 17Por que todos devem participar? 17Para que organizar a roda? 18
A cadeia de cuidado progressivo sade 21O papel da educao permanente na construo da cadeia de cuidado progressivo sade 23
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A populao no centro de tudo 25Um passo importante: avaliar o que est sendo realizado 27Diagrama A interinstitucionalidade na formao, na ateno, na gesto e no controle social em sade nos territrios 28
Da teoria prtica: como funcionaro os Plos de Educao Permanente em Sade 29
Os objetivos dos Plos 29Como funcionam os Plos 30Aos projetos afinados Poltica de Educao Permanente em Sade, o Ministrio garante apoio 32Como e com quais recursos esto sendo criados os Plos 35
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A importncia da poltica de formao e desenvolvimento para o SUS
O setor da Sade responsvel pela maior poltica brasileira de
incluso social. O Sistema nico de Sade (SUS), criado para atender
a todos os cidados, a mais importante reforma de Estado em curso
no Pas. O fortalecimento do SUS, que de interesse de todos ns,
depende diretamente de pessoas dos diversos segmentos sociais,
pessoas que tm a tarefa tica e poltica de dar continuidade ao
processo iniciado pelo Movimento Sanitrio.
Desde que foi criado, o SUS j provocou profundas mudanas nas
prticas de sade, mas ainda no o bastante. Para que novas mu-
danas ocorram, preciso haver tambm profundas transformaes
na formao e no desenvolvimento dos profissionais da rea. Isso
significa que s conseguiremos mudar realmente a forma de cuidar,
tratar e acompanhar a sade dos brasileiros se conseguirmos mudar
tambm os modos de ensinar e aprender.
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O que j foi feito
Muitos programas foram criados com o objetivo de melhorar a
formao em sade e, dessa forma, consolidar o SUS. Dentre esses
programas, podemos citar o de Capacitao e Formao em Sade
da Famlia, o de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de
Enfermagem (Profae), o de Desenvolvimento Gerencial de Unida-
des Bsicas de Sade (Gerus), o de Interiorizao do Trabalho em
Sade (Pits) e o de Incentivo s Mudanas Curriculares nos Cursos
de Graduao em Medicina (Promed). Tambm foram criados pro-
gramas de mestrado profissional e promovidos cursos de formao
de conselheiros de sade e de membros do Ministrio Pblico para
fortalecer o controle social no SUS.
Embora fossem isolados e desarticulados entre si, esses programas
provocaram algumas alteraes na formao e cuidado em sade
e, acima de tudo, fizeram pessoas e instituies perceberem que
preciso mudar, ao mesmo tempo, as prticas educativas e as aes
e servios do SUS.
O que preciso fazer
A poltica de formao deve levar em conta os princpios que
orientaram a criao do SUS:
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1. construo descentralizada do sistema;
2. universalidade;
3. integralidade;
4. participao popular.
A idia usar a educao permanente para melhorar a formao
e, conseqentemente, fortalecer o SUS. A educao permanente
possibilita, ao mesmo tempo, o desenvolvimento pessoal daqueles
que trabalham na Sade e o desenvolvimento das instituies. Alm
disso, ela refora a relao das aes de formao com a gesto do
sistema e dos servios, com o trabalho da ateno sade e com o
controle social.
O primeiro passo para provocar mudanas nos
processos de formao entender que as propostas
no podem mais ser construdas isoladamente e
nem de cima para baixo, ou seja, serem deci-
didas pelos nveis centrais, sem levar em conta
as realidades locais. Eles devem fazer parte de
uma grande estratgia, estar articulados entre
si e ser criados a partir da problematizao
das realidades locais, envolvendo os diversos segmentos.
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Eles devem levar os diferentes atoress que atuam no setor da
Sade a questionarem sua maneira
de agir, o trabalho em equipe, a
qualidade da ateno individual
e coletiva e a organizao do
sistema como rede nica.
Num trabalho articulado
entre o Sistema de Sade e
as instituies de ensino, a
educao permanente ser capaz
de reorganizar, simultaneamente,
os servios e os processos formativos, transformando as prticas
educativas e as de sade.
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A Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade
No campo da Educao na Sade, a grande maioria dos cursos
tcnicos, universitrios, de ps-graduao e as residncias formam
profissionais distantes das necessidades de sade da populao e de
organizao do sistema. Alm disso, enquanto em algumas regies do
Pas h uma grande oferta de cursos de formao na rea da Sade,
em outras eles quase no existem. Para completar, temos muitos
educadores e orientadores de servios que esto desatualizados e
precisam aprender novos modos de ensinar.
Cabe Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade, do
Ministrio da Sade, junto com as Secretarias Estaduais e Municipais de
Sade, mostrar caminhos para a formao de novos profissionais de sade,
aperfeioar o pessoal que j est no SUS e cuidar para que haja profissionais
de sade comprometidos e em quantidade suficiente em todos os pontos
do Pas.
O Departamento de Gesto da Educao na Sade, ligado Secretaria,
foi organizado em trs Coordenaes-Gerais: a de Aes Estratgicas em
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Educao na Sade, responsvel pelo trabalho com os profissionais de
nvel tcnico; a de Aes Tcnicas em Educao na Sade, responsvel
pela educao tcnica; e a de Aes Populares de Educao na Sade, que
cuida da educao popular em sade.
O mais importante, no entanto, foi a escolha da Educao Permanente
em Sade como importante instrumento para a consolidao do SUS.
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A Educao Permanente em Sade
O Ministrio da Sade est propondo a educao permanente como
estratgia de transformao das prticas de formao, de ateno,
de gesto, de formulao de polticas, de participao popular e de
controle social no setor da Sade. A educao permanente se baseia
na aprendizagems ssignificativa . Possibilidade de transformar as
prticas profissionais existe porque perguntas e
respostas so construdas a partir da reflexo
de trabalhadores e estudantes sobre o
trabalho que realizam ou para o qual
se preparam. A educao permanente
pode ser entendida como aprendiza-
gem-trabalho, ou seja, ela acontece
no cotidiano das pessoas e das
organizaes. Ela feita a partir dos
problemas enfrentados na realidade e
leva em considerao os conhecimentos
e as experincias que as pessoas j tm.
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A Educao Permanente em Sade e o SUS que queremos
A idia que, a partir de agora, os processos de qualificao dos
trabalhadores da sade sejam orientados pelas necessidades de sade
da populao, do prprio setor da Sade e do controle social, ou seja,
eles devem responder a indagaes como: o que ou quais so os
problemas que afastam nossa prtica da ateno integral sade e
de qualidade? Por qu? Como mudar essa situao? A educao deve
servir para preencher lacunas e transformar as prticas profissionais
e a prpria organizao do trabalho. Para tanto, no basta apenas
transmitir novos conhecimentos para os profissionais, pois o acmulo
de saberes tcnicos apenas um dos aspectos para a transformao
das prticas e no o seu foco central. A formao e o desenvolvimento
dos trabalhadores tambm tm que envolver os aspectos pessoais, os
valores e as idias que cada profissional tem sobre o SUS.
Na proposta da educao permanente, a capacitao da equipe, os
contedos dos cursos e as tecnologias a serem utilizadas devem ser
determinados a partir da observao dos problemas que ocorrem no
dia-a-dia do trabalho e que precisam ser solucionados para que os
servios prestados ganhem qualidade, e os usurios fiquem satisfeitos
com a ateno prestada.
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O que devemos esperar como resultado da Educao Permanente em Sade?
A proposta da educao permanente parte de um desafio central: a
formao e o desenvolvimento devem ocorrer de modo descentralizado,
ascendente e transdisciplinar, ou seja, em todos os locais, envolvendo
vrios saberes. O resultado esperado a democratizao dos espa-
os de trabalho, o desenvolvimento da capacidade de aprender e de
ensinar de todos os atores envolvidos, a busca de solues criativas
para os problemas encontrados, o desenvolvimento do trabalho em
equipe matricial, a melhoria permanente da qualidade do cuidado
sade e a humanizao do atendimento.
O trabalho em equipe matricial importante porque so necess-
rios saberes diferentes e articulados para dar conta das necessidades
de sade de cada pessoa e das coletividades. Isso acontece porque
nenhum problema de sade existe fora de uma pessoa. Uma doena
que exija repouso poder impedir que um diarista receba remunerao
por toda uma semana. Um servidor pblico com a mesma doena,
no entanto, pode permanecer em casa sem qualquer prejuzo salarial.
Essas duas pessoas podem at ter a mesma doena, mas certamente
vivero o adoecimento de modo bastante diferente.
A melhor forma de tratar dos adoecimentos e no das doenas
por meio de uma equipe que se apia em informao e em troca
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de conhecimentos para exercer a clnica da sua profisso. Em equi-
pe, os profissionais se unem pelo cuidado com a pessoa e no por
conta dos cargos que ocupam ou pelas doenas. Profissionais que se
apiam compem equipes matriciais e podem se responsabilizar por
grupos populacionais, grupos de pessoas portadoras de um agravo
(ex.: diabticos) ou grupos de usurios. Isso evita que as pessoas
precisem, a cada problema de vida e sade, ser levadas, como um
eletrodomstico, a uma assistncia tcnica autorizada.
Como no possvel que na porta de entrada de todos os servios
de sade haja profissionais de todas as especialidades, a composio
multiprofissional das equipes de sade deve ser definida pelo obje-
tivo de cada unidade de ateno, pelas caractersticas do local onde
o servio se insere e pela oferta e garantia em rede de todos os
cuidados necessrios sade individual e coletiva. Cada profissional
contribui para que a equipe, como um todo, possa atender as pessoas,
aos adoecimentos e s necessidades sociais por sade.
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Os Plos de Educao Permanente em Sade
De acordo com a poltica proposta pelo Ministrio da Sade, a
Educao Permanente em Sade ser construda em cada llocorregio
do Pas e realizada por meio dos Plos de
Educao Permanente em Sade. Esses
Plos so instncias colegiadas que
servem para a articulao, o di-
logo, a negociao e a pactuao
interinstitucional. So espaos
onde atores de diversas origens
podero se encontrar e pensar
juntos as questes da Educao
Permanente em Sade, como em
uma mesa de negociao.
A idia que os Plos de Educa-
o Permanente em Sade sejam rodas
para a gesto da Educao Permanente em
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Sade. No haver um comando vertical e obrigatrio, j que na roda
todos podem influir e provocar movimento. Nessas rodas, pessoas
que realizam as aes e os servios do SUS e pessoas que pensam a
formao em sade podero dialogar livremente. Todos juntos, inte-
ragindo, podero identificar as necessidades e construir as estratgias
e as polticas no campo da formao e do desenvolvimento, sempre
buscando melhorar a qualidade da gesto, aperfeioar a ateno
integral sade, popularizar o conceito ampliado de sade e
fortalecer o controle social.
Os Plos funcionaro como a parte do
Sistema nico de Sade responsvel
pela mudana tanto das prticas
de sade quanto das aes de
educao na sade. Sero
rodas de debate e de cons-
truo coletiva.
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Quem participa da roda?
Os participantes dos Plos de Educao Permanente em Sade so
os gestores estaduais e municipais de sade, as instituies de ensino
com cursos na rea da Sade, os hospitais de ensino, as organizaes
estudantis da rea da Sade, os trabalhadores de sade, os conselhos
municipais e estaduais de sade, os movimentos sociais ligados
gesto social das polticas pblicas de sade e todos aqueles que,
de alguma maneira, estejam envolvidos com as questes de sade
em nosso Pas.
Por que todos devem participar?
Os Plos de Educao Permanente em Sade so instncias de ar-
ticulao interinstitucional para a gesto da Educao Permanente em
Sade. A palavra interinstitucional mostra que o processo da Educao
Permanente em Sade s ser legtimo se envolver dirigentes, profissio-
nais em formao, trabalhadores, estudantes e usurios. Na prtica, so
eles que se ocupam do fazer, pensar e educar em sade nas diferentes
realidades do Pas e so eles que, em suas negociaes, podem definir
o que preciso ensinar e aprender. Para que a roda se aproxime da
realidade, ela precisa reunir os diferentes interesses e pontos de vista
existentes na prtica diria das reas da Sade e da Educao.
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Para que organizar a roda?
Os Plos de Educao Permanente em Sade esto sendo criados
para aumentar a capacidade de realizar a formao e o desenvolvi-
mento das equipes de sade, dos agentes sociais envolvidos com as
polticas pblicas de sade e tambm dos profissionais de outros
setores para fortalecer a ao intersetorial.
Para contribuir na melhoria das condies de vida e sade da
populao e superar as deficincias resultantes da formao e das
prticas tradicionais de sade, os Plos devem buscar a integralidades
sda ateno sade por meio do fortalecimento dos
elementos dessa diretriz do SUS:
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o acolhimento de todos os usurios;
a produo de vnculo entre eles e a equipe de sade local;
a responsabilizao das equipes com a sade individual
e coletiva;
o desenvolvimento da autonomia dos usu-
rios, que devem ser protagonistas no pro-
cesso de cuidado e no meros objetos
nas mos dos profissionais; e
a resolutividade da ateno sa-
de, que representa a capacidade
de resolver com qualidade os
problemas de sade detec-
tados em cada caso. Outra
importante funo dos Plos
descobrir formas de aproximar
as escolas dos servios de sade,
possibilitando que professores e
estudantes vivenciem o cotidiano
dos processos de organizao dos
servios de cuidado e ateno sade
da populao.
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A cadeia de cuidado progressivo sade
A ateno bsica sade desempenha um papel estratgico no SUS. Ela a principal ligao entre o sistema de sade e a populao de um determinado territrio. A ateno bsica sade poderia me-lhorar muito se houvesse um bom fluxo de conhecimentos e prticas entre os profissionais de diferentes servios, um apoiando o outro, e o acesso dos usurios aos diferentes servios de sade, de acordo com suas necessidades de ateno. Da mesma forma, o conjunto da rede de aes e servios de sade tambm seria fortalecido se incorporasse algumas noes importantes de sade da famlia. Todos ns sabemos, por exemplo, que os hospitais precisam humanizar suas prticas de acolhimento aos usurios, acompanhantes e familiares. Somente assim possvel cumprir a promessa de um sistema nico e organizado, capaz de prestar atendimento integral e que funcione como uma cadeia de
cuidado progressivo sade.
Vamos imaginar um sistema verticalizado, representado por uma
pirmide cuja base seja formada pela ateno bsica e o topo pelos
servios de alta complexidade tecnolgica. De acordo com essa
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idia, a ateno bsica poderia ser considerada mais simples e os
hospitais, principalmente os especializados, mais complexos e mais
importantes.
Essa idia produz distores, porque induz a pensar que importantes
e resolutivas so as aes que envolvem equipamentos complicados. Na
verdade, apesar de diferentes, todas as partes do sistema so igualmente
importantes e complexas. Na ateno bsica, a complexidade ocorre
porque as equipes de sade tm que encontrar maneiras de atuar,
levando em conta e respeitando o modo de vida dos grupos sociais,
suas idias, costumes e culturas. uma complexidade de pessoas,
sentimentos, culturas e autonomias. Nos hospitais, a complexidade
de equipamentos e de gravidade de doenas.
Sabendo disso, podemos agora substituir a imagem tradicional
da pirmide por outra que represente um conjunto solidrio e bem
articulado formado pelos servios bsicos, os ambulatrios de espe-
cialidades e os hospitais. Um conjunto cujo objetivo seja garantir o
melhor acolhimento possvel e a responsabilizao pelos problemas de
sade das pessoas e das populaes, funcionando como uma malha
de servios cuidadores (cadeia de cuidado), que oferece servios de
maneira complementar e no isolada, de acordo com as necessidades
de cuidado de cada pessoa (cuidados progressivos).
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O papel da educao permanente na construo da cadeia de cuidado progressivo sade
Para que seja possvel construir esse novo modo de organizar e
praticar a ateno, precisamos de um outro perfil de trabalho e de
trabalhadores. Sempre pensando no desenvolvimento da gesto do
sistema, das aes e dos servios de sade, o processo de Educao
Permanente em Sade tem como alvos prioritrios:
1. as equipes que atuam na ateno bsica, nas urgncias e emer-
gncias, na ateno e internao domiciliar e na reabilitao
psicossocial;
2. o pessoal encarregado da prestao de ateno humanizada ao
parto e ao pr-natal;
3. os hospitais universitrios e de ensino, buscando integr-los rede
do SUS e cadeia de cuidados progressivos sade, revendo o seu
papel no ensino e no apoio ao desenvolvimento do Sistema.
Alm disso, dever orientar cursos e qualificaes negociados e
pactuados junto s Comisses Intergestoras do SUS e aprovados pelos
Conselhos de Sade. Nesses casos, a educao para o trabalho dever
ser uma educao que pensa o trabalho e que pensa a produo do
mundo. O objetivo no apenas formar bons tcnicos, mas bons
profissionais, capazes de ser criativos no pensar, no sentir, no querer
e no atuar.
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muito importante lembrar que a Educao Permanente em Sade,
por ser um recurso estratgico para o fortalecimento do trabalho e da
educao na sade, deve ser usada com sabedoria. A proposta das
rodas no pode ser apenas uma lista de cursos ou programas pontuais
e isolados. As rodas precisam buscar sempre a melhor maneira de se
formar e desenvolver permanentemente os trabalhadores da sade.
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A populao no centro de tudo
Se olharmos o diagrama da pgina 28, veremos a multiplicidade de
atores e, portanto, a complexidade das prticas educativas necessrias
para melhorar de fato o prprio Sistema de Sade. O mais importante,
no entanto, perceber que a populao ocupa o espao central da
poltica de educao e desenvolvimento dos trabalhadores para o
SUS. O objetivo final da poltica de educao permanente garantir
uma ateno sade de qualidade, desenvolvendo a autonomia da
populao em relao a sua prpria sade, satisfazendo suas neces-
sidades de sade e de educao em sade, fazendo com que ela seja
capaz de exercer conscientemente a participao popular e o controle
social das polticas pblicas para o setor.
Para que isso acontea, preciso que as polticas de sade nas
reas estratgicas e de prioridade na organizao da rede de aten-
o sade sejam formuladas em cada territrio de acordo com as
necessidades reais de sade de cada populao.
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O governo elegeu a Sade da Famlia como prioridade para a
organizao da rede de ateno sade. Essa a diretriz geral da
poltica de sade para melhorar o Sistema como um todo. S que de
nada adiantaria se a Sade da Famlia fosse uma estratgia igual em
todo o Pas, pois todos ns sabemos que em cada lugar as pessoas
tm necessidades de sade diferentes. Ento, a composio e o modo
de operar e organizar a ateno tm que ser diferentes, de acordo com
as necessidades locais. exatamente dessa forma que devemos pensar
quando planejamos as aes de educao permanente produzindo
estratgias de acordo com a diversidade local. Podemos, ento, dizer
que os Plos sero espaos de planejamento, gerenciamento e apoio,
cujo papel transformar as diretrizes gerais da poltica de educao
na sade em iniciativas prticas que retratem a realidade local.
Ns acabamos de ver os dois fatores que sempre devero ser leva-
dos em conta pela Educao Permanente em Sade: as necessidades
da populao e a cadeia de cuidado progressivo sade. Os atores
que esto na roda devem desenvolver novas propostas de ensino e
aprendizagem que caminhem nessa direo, propostas que ajudem a
reorganizar os servios, para que eles tambm funcionem como espaos
de aprendizagem. Propostas que levem os profissionais a compreender
que seu espao de trabalho no serve s para atender as pessoas
que vo ali em busca de tratamento de doenas, mas que um local
privilegiado de produo e disseminao do conhecimento.
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No entanto, para que tudo d certo, preciso que as instituies
formadoras tambm se reorganizem para as mudanas. Logo, in-
dispensvel que haja uma boa sintonia entre o Ministrio da Sade,
o Ministrio da Educao e os Conselhos Nacionais de ambos os
setores. Somente assim ser possvel haver alianas entre os gestores
e os servios do SUS, as instituies formadoras e as instncias de
controle social em sade.
Um passo importante: avaliar o que est sendo realizado
Como saber se o que estamos fazendo est dando resultado? No
caso dos projetos e processos desenvolvidos a partir dos Plos de
Educao Permanente em Sade, a idia criar mecanismos de ava-
liao e monitoramento que periodicamente consigam identificar os
efeitos das aes desenvolvidas. Se estiver tudo bem, timo. Se for
preciso, sempre podemos fazer ajustes, corrigir trajetrias e aprimorar
o que est dando certo.
O monitoramento um processo de avaliao externa dos recur-
sos institucionais. Ele tem carter de acompanhamento e deve ser
diferenciado de outros processos como licenciamento, classificao,
habilitao ou credenciamento.
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Educao Permanente em Sade (o que entra na roda)
EntidadesEstudantis
Entidades deEducao na
rea da Sade
ConselhosProfissionais
AssociaesProfissionais
MovimentosPopulares
EntidadesSindicais
Entidades darea da Sade
Conselho Nacionalde Educao
Ministrioda Educao
Ministrioda Sade
Conselho Nacionalde Sade
Grupos Sociais Territorializados
Centros deFormao Tcnica
Secretarias Estaduaisde Sade
Conselhos Estaduaisde Sade
Universidade e Escolas Privadas
Conselhos Municipais de Sade
Secretarias Municipaisde Sade
Escolas deSade Pblica
Agentes Comunitrios de Sade
Docentes darea da Sade
ServidoresTcnico-Cientficos
Estudantes de Ps-Graduao da
rea da Sade
Estudantes de Educao Tcnica
Estudantes de Graduao
ServidoresTcnico-Administrativos
Servios deEmergncia e Urgncia
CAPS
Escolas deEducao Bsica
UBS
CEO
Ambulatrios de Referncia
HospitaisUniversitrios
Universidades eEscolas Pblicas
DIAGRAMAA interinstitucionalidade na formao, na ateno, na gesto e no controle social em sade nos territrios
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Da teoria prtica: como funcionaro os Plos de Educao Permanente em Sade
At agora, ns vimos a teoria e os conceitos que foram utilizados
na proposta da educao permanente como uma poltica pblica
do SUS. A partir de agora, veremos que critrios, regras e diretrizes
sero usados pelo gestor federal para aprovar, acompanhar e avaliar
os projetos apresentados.
Os objetivos dos Plos
1. Formular e integrar aes de educao em servio ou formao
para usurios, dirigentes de aes ou unidades, gestores pbli-
cos, professores, estudantes e trabalhadores da rea da Sade,
agentes sociais e parceiros intersetoriais.
2. Provocar processos de transformao das prticas de sade e
de educao na sade.
3. Formular polticas de formao e desenvolvimento em bases
locorregionais.
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4. Estabelecer relaes com outros Plos, formando redes estaduais e
uma rede nacional de Plos de Educao Permanente em Sade.
Como funcionam os Plos
Os Plos sero dirigidos por um colegiado de gesto composto
por representantes do gestor estadual, dos gestores municipais
(representantes do Conselho Estadual de Secretrios Municipais
de Sade), do gestor do municpio sede do Plo, das instituies
formadoras e dos estudantes. Esse colegiado deve ser formalizado
por resoluo do Conselho Estadual de Sade (CES). A gesto
ser participativa e transparente. As decises sero tomadas por
consenso e, quando isso no for possvel, sero encaminhadas
para a Comisso Intergestores Bipartite Estadual e para o Conselho
Estadual de Sade.
A articulao dos Plos, por ser locorregional, d muita importncia
ao parceira entre os municpios e das instituies formadoras com
as secretarias municipais de sade. Cabe aos estados, ento, coordenar
esse processo, prestando assessoria, consultoria, retaguarda e mobi-
lizao. Os Plos so dos atores locorregionais e no do Ministrio
ou das Secretarias Estaduais de Sade.
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Quando houver vrios Plos de Educao Permanente em Sade
num estado, a Secretaria Estadual de Sade (SES) deve fazer reunies
peridicas com esses Plos, estimulando a cooperao entre eles e a
coerncia das propostas com a poltica estadual e nacional de sade.
Nenhum municpio do Pas deixar de estar ligado a um Plo de
Educao Permanente em Sade.
Entre muitas outras coisas, cada Plo deve:
1. agregar os interesses das diferentes instituies participantes,
sendo responsvel por um determinado territrio bem espe-
cificado;
2. ser um lugar de debates sobre os problemas, as prioridades e
as alternativas para a formao e o desenvolvimento dos traba-
lhadores de sade e demais atores sociais da sade e no de
execuo de projetos;
3. valorizar a negociao e a pactuao, possibilitando o desen-
volvimento de estratgias locais, regionais e estaduais;
4. produzir polticas e estabelecer negociaes, entre instituies
e entre setores, orientadas pelas necessidades de formao e
desenvolvimento e pelos princpios e diretrizes do SUS;
5. registrar as prticas implementadas e suas caractersticas, apre-
sentando, de forma transparente, uma anlise crtica do trabalho
realizado;
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6. levar cada parceiro institucional a reorientar suas atividades
de formao e desenvolvimento em sade de acordo com os
princpios da educao permanente;
7. ser referncia para apresentar as necessidades de seu territrio
de abrangncia e ser dispositivo para mobilizar a formao e o
desenvolvimento;
8. referenciar-se aos municpios de seu territrio e s diretorias
regionais das Secretarias Estaduais de Sade (SES).
Aos Projetos afinados Poltica de Educao Permanente em Sade, o Ministrio garante apoio
O Ministrio da Sade validar os projetos dos Plos de Educao
Permanente em Sade pactuados pela Plenria e pelo Colegiado de
Gesto do Plo, atendendo s diretrizes de cada Comisso Interges-
tores Bipartite (CIB) e de cada Conselho Estadual de Sade (CES),
garantindo que sejam seguidas as diretrizes da poltica de educao
permanente para o SUS.
Quando o projeto for aceito, ser estabelecido um dilogo com
as instituies responsveis. Nesse dilogo, sero feitos os ajustes
necessrios para que o projeto fique afinado com as diretrizes da
poltica de educao permanente para o SUS.
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Para que sejam aceitos, os projetos devem, dentre outras coisas:
1. prever as mudanas que podem trazer para as aes e os
servios de sade, para a gesto do SUS, para a formao em
todos os nveis, para a educao popular e para a produo e
a disseminao de conhecimentos, definindo os compromissos
dos parceiros participantes do Plo;
2. mostrar o nmero e a diversidade de atores, servios e prticas
includos na proposta;
3. mostrar claramente as necessidades de sade que a proposta
quer atender e as metodologias que sero utilizadas;
4. mostrar de que forma a proposta se relaciona com os princpios
e as diretrizes do SUS e com o princpio de Ateno Integral
Sade e da cadeia de cuidados progressivos sade;
5. especificar os responsveis (instituio formadora, secretaria
municipal, secretaria estadual, etc.) pela realizao de cada etapa
do projeto, os custos e de que forma sero feitos os gastos;
6. ser encaminhados em forma de projetos documentados ao
Departamento de Gesto da Educao na Sade, da Secretaria
de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade.
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Como e com quais recursos esto sendo criados os Plos
Os principais atores que participaro da gesto da Educao
Permanente em Sade j esto mobilizados. Em todo o Pas, esto
ocorrendo reunies e oficinas de trabalho com a participao de cen-
tenas de representantes de gestores estaduais e municipais, dirigentes
de hospitais de ensino, escolas de ensino superior, escolas tcnicas,
organizaes estudantis e conselhos de sade.
A partir dessas reunies, o prximo passo para a criao de um
Plo de educao permanente a formao do colegiado responsvel
pela gesto do Plo. Somente aps o estabelecimento do Plo, as
propostas comeam a ser formalmente elaboradas e analisadas.
Agora que j sabemos o que so os Plos de Educao Permanente
em Sade e como funcionam, no podemos deixar de participar. A
tarefa de estabelecer uma poltica de formao em sade que fortalea
o SUS e melhore a qualidade dos servios para a populao do
governo, mas a responsabilidade de todos os brasileiros.
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SumrioA importncia da poltica de formao e desenvolvimento para o SUSO que j foi feitoO que preciso fazer
A Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na SadeA Educao Permanente em SadeA Educao Permanente em Sade e o SUS que queremosO que devemos esperar como resultado da Educao Permanente em Sade?
Os Plos de Educao Permanente em SadeQuem participa da roda?Por que todos devem participar?Para que organizar a roda?
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A populao no centro de tudoUm passo importante: avaliar o que est sendo realizadoDiagrama A interinstitucionalidade na formao, na ateno, na gesto e no controle social em sade nos territrios
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