A Ciência Forense2

download A Ciência Forense2

of 19

Transcript of A Ciência Forense2

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    1/19

    Josinei Pereira Rodrigues

    Gabriela Eullia Murta Polliany

    Kelly Silva Machado

    Impresses Digitais

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    2/19

    | 2

    COLGIO CENECISTA DOMICIANO VIEIRATCNICO EM BIOTECNOLOGIA 3 MDULO

    Disciplina: Biologia Molecular

    Impress

    esDigitaisJosinei Pereira Rodrigues

    Gabriela Eullia Murta

    Polliany Kelly Silva Machado

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    3/19

    | 3

    Belo Horizonte2010

    1 INTRODUO

    A cincia forense uma rea interdisciplinar que envolve fsica, biologia,

    qumica, matemtica e vrias outras cincias de fronteira, com o objetivo de dar

    suporte s investigaes relativas justia civil e criminal. Recentemente o pblico

    comeou a se dar conta da importncia da cincia no desvendamento de crimes,

    talvez pelo fato da grande proliferao de programas de televiso, documentrios e

    fico cientfica. Cito a srie americana CSI (sigla referente a Crime Scene

    Investigation), a qual foi considerada uma das motivadoras do denominado efeito

    CSI uma espcie de influncia que alguns estudiosos atribuem a determinadas

    decises dos jurados perante a insuficincia de provas cientficas, algo que, na

    fico, no acontece.

    Cientistas forenses trabalham nas limitaes da prpria cincia, no podendo,

    por exemplo, serem capazes de concluir, aps uma anlise de evidncias na cena

    do crime, que a suposta acusada usava "batom da marca Maybelline, cor 42, lote A-

    439". As concluses, na realidade, so bem menos precisas, apesar dos avanos

    tecnolgicos das cincias que do suporte aos cientistas forenses.

    Em investigaes de crimes, na vida real, o foco principal do profissional

    forense confirmar a autoria ou descartar o envolvimento do(s) suspeito(s). As

    tcnicas empregadas permitem que seja possvel identificar, com relativa preciso,

    se uma pessoa, por exemplo, esteve ou no na cena do crime a partir de uma

    simples impresso digital deixada em algum lugar, ou ento um fio de cabeloencontrado no local do crime. Hoje em dia pode-se realizar a identificao humana

    atravs de tcnicas de anlise do DNA1 presente na amostra. S que estas anlises

    so ainda muito onerosas e o nmero de casos faz com que, muitas vezes, no se

    faa uma investigao mais profunda.

    Estes programas televisivos, como a srie CSI, no entanto, segundo alguns

    autores, tm um lado positivo. Eles despertam o interesse pela cincia,

    principalmente dos jovens. Inclusive muitos peridicos publicam artigos quediscutem exerccios forenses, como o famoso Journal Of Chemical Education, ao

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    4/19

    | 4

    que pode ser uma forma de catalisar e/ou despertar o interesse pelas cincias

    exatas, como a qumica.

    O acusado efetuou os disparos? Como ter mais informaes alm de simples

    relatos? sabido que uma arma de fogo emite vrios resduos que podem

    impregnar na pele do atirador. Atravs de tcnicas analticas, possvel determinar

    se uma pessoa atirou ou no com uma arma de fogo. E no adianta lavar a mo,

    pois os resduos penetram na pele e a deteco possvel, em mdia, at cinco dias

    aps o ocorrido. Outra possibilidade a intoxicao comumente vista na forma de

    envenenamento. possvel analisar os fluidos do corpo a fim de encontrar traos da

    substncia em questo.

    A presena de sangue pode ser detectada atravs da quimiluminescncia queresulta da interao com o luminol. Mesmo em concentraes imperceptveis a olho

    nu, consegue-se encontrar vestgios de sangue na cena do crime. Acidentes de

    trnsitos provocados por pessoas embriagadas e que resultam em morte so

    julgados, em certos casos, como tentativa de homicdio. Como saber se a pessoa

    ingeriu mais lcool que o permitido por lei? Eis que surge o analisador de

    alcoolemia, mais popularmente conhecido aqui no Brasil como bafmetro.

    As tcnicas analticas merecem destaque dentre as que os qumicosparticipam com mais afinco. Espectroscopia de infravermelho, absoro atmica,

    difratometria de raios-X e outras podem ser essenciais para analisar evidncias, tais

    como drogas, fibras, resduos de tiro, dentre outras possveis encontradas na cena

    do crime.

    2 IMPRESSES DIGITAIS

    Os mtodos de identificao humana foram evoluindo ao longo do tempo. Os

    babilnicos, por exemplo, j em 2000 a.C, usavam os padres de impresses

    digitais em barro para acompanhar documentos, a fim de prevenir falsificaes. Os

    mtodos de identificao evoluram em todos os sentidos, visto que, em outras

    pocas, prticas como a marcao com ferro em brasa e mutilaes, s para citar

    algumas, eram utilizadas para identificao de indivduos que praticassem crimes ou

    escravos que haviam fugido. Nos EUA, por exemplo, o cdigo de 1700 previa o

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    5/19

    | 5

    emprego do ferrete e da mutilao em crimes de rapto ou roubo. Chegou-se at a

    fazer uso, posteriormente, do sistema antropomtrico2, introduzido em 1882 por

    Alfonse Bertillon, Paris, at a consagrao da datiloscopia em meados do sculo

    XX.

    A dermatoglifia o nome dado ao estudo dos padres das cristas drmicas,

    ou seja, dos desenhos existentes nas extremidades distais das faces ventrais dos

    quirodctilos (ponta dos dedos), na face ventral das mos (palma da mo) e na face

    plantar das extremidades ventrais dos artelhos (sola e dedos do p).

    A datiloscopia se baseia em alguns princpios fundamentais, os quais esto

    relacionados com a identificao humana. O princpio da perenidade, descoberto em

    1883 pelo anatomista holands Arthur Kollman, diz que os desenhos datiloscpicosem cada ser humano j esto definitivamente formados ainda dentro da barriga da

    me, a partir do sexto ms de gestao. O princpio da imutabilidade, por sua vez,

    diz que este desenho formado no se altera ao longo dos anos, salvo algumas

    alteraes que podem ocorrer devido a agentes externos, como queimaduras, cortes

    ou doenas de pele, como a lepra. J o princpio da variabilidade garante que os

    desenhos das digitais so diferentes, tanto entre pessoas como entre os dedos do

    mesmo indivduo, sendo que jamais sero encontrados dois dedos com desenhosidnticos. Existe mais um princpio, o da classificabilidade, o qual indica o potencial

    de uso dos desenhos das digitais na identificao humana. Como praticamente

    impossvel existir duas pessoas com a mesma digital, e tambm pelo fato da

    existncia de um reduzido nmero de tipos fundamentais de desenhos, possvel,

    via de regra, classificar uma impresso digital. O procedimento para obter

    impresses digitais relativamente simples, rpido e de baixo custo quando

    comparado aos outros mtodos.

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    6/19

    | 6

    Os quatro tipos fundamentais de impresses digitais de Vucetich.

    A histria do uso ou do reconhecimento das impresses digitais como

    caracterstica pessoal, como vimos anteriormente com os babilnicos, to antiga

    quanto a histria da civilizao. Mais adiante na histria tm-se registros de vrios

    estudos no sculo XVII que descreveram com detalhes os padres de digitais dos

    dedos, mas nenhum autor da poca fez referncia ao seu potencial identificador.

    Em 1858, Sir Wiliam Herschel, oficial administrativo britnico e chefe de um distrito

    em Bengala, na ndia, comeou um extensivo uso de impresses digitais, gravando-

    as em contratos com os nativos. Posteriormente, em 1877, Herschel tentou, sem

    sucesso, obter autorizao junto aos seus superiores para utilizar as impresses

    digitais como forma de identificar seus prisioneiros. Mesmo assim, em sua provncia,

    ele aplicou o mtodo extensivamente. Aps anos de observao, tendo inclusive

    analisado suas digitais em 1860 e 1890, Herschel concluiu que as formas das estrias

    que formavam as digitais no mudavam durante a vida.

    A aplicao em larga escala da anlise das impresses digitais s ocorreu em

    meados do sculo XX. Mark Twain escreveu sobre a identificao de um homicida

    pelo seu polegar, em 1883, no livro de fico Life on the Mississipi, o qual contribuiu

    para a conscincia pblica do potencial identificador das impresses digitais. Em

    1880, Henry Faulds, mdico escocs, escreveu artigos que foram publicados na

    revista inglesa Nature, nos quais descreveu suas observaes a respeito das

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    7/19

    | 7

    impresses digitais. Estes artigos contriburam para a atribuio de um potencial

    para identificao e, consequentemente, aplicao no esclarecimento de crimes.

    Exemplos de mincias identificadas em um datilograma.

    Faulds manteve contato com Sir Francis Galton, antroplogo ingls e primo

    do eminente cientista Charles Darwin. Galton, em seu livro Finger Prints, publicado

    em 1882, sustentava as idias de Herschel que as impresses digitais nunca eram

    duplicadas e que elas permaneciam inalteradas durante o tempo de vida de um

    indivduo, descrevendo o primeiro sistema de classificao para as impresses

    digitais.

    Galton tinha um interesse inicial em estudar a hereditariedade e antecedentes

    raciais, mas quando observou que as impresses digitais no estavam relacionadas

    com inteligncia ou histria gentica, acabou provando, agora cientificamente, o que

    Herschel e Faulds j haviam notado: a imutabilidade e perenidade das impresses

    digitais. Segundo seus clculos, a probabilidade da ocorrncia de duas impresses

    digitais idnticas era de 1 em 64 bilhes. Hoje, usa-se o sistema de classificao de

    desenhos digitais elaborado pelo naturalizado argentino Juan Vucetich (veja

    exemplos das mincias observadas na impresso digital Figura 2). Desde 1903 o

    Brasil adotou a impresso digital como mtodo de identificao de indivduos.

    2.1 Tcnicas para revelao de digitais

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    8/19

    | 8

    Os profissionais em datiloscopia so chamados de papiloscopistas, os quais

    tm a responsabilidade de realizar os trabalhos de pesquisa nos arquivos

    datiloscpicos e comparar com as impresses digitais em questo. uma tarefa que

    exige muita calma e pacincia, experincia e, sobre tudo, que o desenho da

    impresso digital seja o melhor possvel. Existem diversas tcnicas para coleta de

    fragmentos papilares no local do crime, sendo neste momento em que se utiliza um

    pouco mais de qumica no processo.

    A percia, quando entra na cena de um crime, observa vrios aspectos. No

    que diz respeito ao assunto do artigo, a observao de objetos deslocados da sua

    posio original pode revelar vestgios papilares nos objetos que apresentam

    superfcie lisa ou polida. A estes vestgios se d o nome de Impresses PapilaresLatentes, abreviando IPL, que podem confirmar ou descartar a dvida de quem

    estava na cena do crime.

    H basicamente dois tipos de IPL: as visveis e as ocultas. As visveis podem

    ser observadas se a mo que as formou estava suja de tinta ou sangue. J as

    ocultas so resultado dos vestgios de suor que o dedo deixou em um determinado

    local. Aliado ao fato de que, quando a pessoa est fazendo um ato ilcito, a

    transpirao aumenta. Transformar estas IPL ocultas em visveis acaba sendo umprocesso de grande importncia nas investigaes.

    Relao entre as glndulas e os compostos excretados no suor humano.

    Glndulas Compostos Inorgnicos Compostos OrgnicosSudorparas Cloretos

    ons metlicos

    Amnia

    Sulfatos

    Fosfatos

    gua

    Aminocidos

    Uria

    cido ltico

    Acares

    Creatinina

    Colina

    cido rico

    Sebceas cidos graxos

    Glicerdeos

    HidrocarbonetosAlcois

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    9/19

    | 9

    Apcrinas Ferro Protenas

    Carboidratos

    Colesterol

    Saber escolher a tcnica se torna importante na medida em que, se algo der

    errado, uma tcnica pode no s ser ineficiente como tambm destruir uma IPL. O

    perito tem uma centena de tcnicas possveis, aplicveis em situaes genricas e

    especficas. Antes de analisar as tcnicas, importante ter uma ideia da composio

    qumica de uma impresso digital. A tabela acima relaciona as principais

    substncias presentes no suor humano e as glndulas que as excretam.

    2.1.1 Tcnica do P

    Sendo a mais utilizada entre os peritos, a tcnica do p nasceu juntamente

    com a observao das impresses e sua utilizao remota ao sculo dezenove e

    continua at hoje. usada quando as IPL localizam-se em superfcies que

    possibilitam o decalque da impresso, ou seja, superfcies lisas, no rugosas e no

    absorventes. A tcnica do p est baseada nas caractersticas fsicas e qumicas do

    p, do tipo de instrumento aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de

    quem executa a atividade vale lembrar que as cerdas do pincel podem danificar a

    IPL. Alm dos pincis, a tcnica tambm pode ser realizada com spray de aerossol

    ou atravs de um aparato eletrosttico.

    Ilustrao da utilizao da tcnica do p na revelao de IPL.

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    10/19

    | 10

    Quando a impresso digital recente, a gua o principal composto no qual

    as partculas de p aderem. medida que o tempo passa, os compostos oleosos,

    gordurosos ou sebceos so os mais importantes. Esta interao entre os

    compostos da impresso e o p de carter eltrico, tipicamente foras de Van Der

    Waals e ligaes de hidrognio. A tabela a seguir relaciona alguns poucos tipos de

    ps usados na revelao de IPL

    Ps PretosP xido de Ferro xido de Ferro

    Resina

    Negro-de-fumo

    50 %

    25 %

    25 %P dixido de mangans

    P negro-de-fumo

    Dixido de mangans

    xido de Ferro

    Negro-de-fumo

    Resina

    Negro-de-fumo

    Resina

    Terra de Fuller

    45 %

    25 %

    25 %

    5 %

    60 %

    25 %

    15 %

    Ps BrancosP xido de titnio xido de titnio

    Talco

    Caulin

    60 %

    20 %

    20 %P carbonato de chumbo Carbonato de chumbo

    Goma arbica

    Alumnio em p

    Negro-de-fumo

    80 %

    15 %

    3 %

    2 %

    Ps utilizados na revelao de IPL.

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    11/19

    | 11

    O uso de um tipo de p em detrimento dos demais ocorre, principalmente,

    devido superfcie em que se encontra a IPL, s condies climticas

    principalmente a umidade e a experincia do perito. por isto que existe uma

    variedade enorme de ps, muito maior que as apresentadas aqui, pois as condies

    do local em que se encontra a impresso podem ser muito diversificadas.

    O uso de ps pode ser prejudicial sade do perito. Devido a isto, na dcada

    de 80 foram desenvolvidos ps orgnicos. Exemplo destes ps encontra-se no

    trabalho de Kerr, Haque e Westland, no qual so descritos procedimentos para

    produo. Um deles seria dissolver 1 g de brometo de potssio em vinte e cinco

    mililitros de gua destilada. Em seguida, lentamente, dissolvesse trinta e cinco

    gramas de amido de milho na soluo aquosa de brometo de potssio. Esta mistura deixada secar por setes dias e aps reduzida a p. Este, por sua vez,

    conservado em um recipiente contento sulfato de clcio anidro como dessecante.

    2.1.2 Vapor de iodo

    O iodo tem como caracterstica a sublimao, ou seja, passagem do estado

    slido diretamente para o estado vapor. Para esta mudana de estado, o iodo

    precisa absorver calor. Este calor pode ser, por exemplo, o do ar que expiramos ou

    at mesmo o calor de nossas mos direcionado sobre os cristais. Seu vapor tem

    colorao acastanhada e, quando em contato com a IPL, forma um produto de

    colorao marrom amarelada. O vapor interage com a IPL atravs de uma absoro

    fsica, no havendo reao qumica.Esta tcnica utilizada geralmente quando a IPL encontra-se em objetos

    pequenos. Colocando-se o material a ser examinado junto com os cristais em um

    saco plstico selado, aps agitao gerado calor suficiente para a sublimao dos

    cristais. Uma vantagem que esta tcnica tem em relao s demais, como a do p,

    que ela pode ser utilizada antes de outras sem danificar a IPL. A destruio da IPL

    pode ocorrer aps o uso de um produto fixador que evita os cristais de iodo

    sublimarem novamente da impresso digital.

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    12/19

    | 12

    2.1.2 Nitrato de Prata

    Utilizada desde 1891, a tcnica baseia-se na reao entre nitrato de prata

    com os ons cloretos presentes na impresso digital. A superfcie de interesse

    imersa em uma cuba contendo soluo 5 % de nitrato de prata (AgNO3(aq)) durante

    aproximadamente trinta segundos. O produto desta reao, cloreto de prata, de

    considervel insolubilidade em gua temperatura ambiente. A equao genrica

    que descreve a reao pode ser vista a seguir:

    Equao que descreve a reao entre o nitrato de prata e os cloretos presentes na digital.

    Com exceo dos cloretos de prata, mercrio e chumbo, todos os outros so

    solveis em gua. exatamente uma destas excees, o cloreto de prata, que

    permite a visualizao da IPL. Na figura acima, XCl(aq) representa qualquer sal de

    cloro, como o cloreto de sdio dissolvido [NaCl(aq)].

    Deve-se deixar a superfcie contendo a IPL secar em uma cmara escura.

    Aps isto, ela exposta luz solar o tempo necessrio para que o on prata seja

    reduzido prata metlica, revelando a IPL sob um fundo negro. A impresso digital

    revelada deve ser fotografada rapidamente antes que toda a superfcie escurea.

    Contudo, a impresso pode ser preservada quando guardada em um local escuro ou

    quando tratada com soluo de tiossulfato de sdio a 10 %, semelhante com o que

    ocorre no processo fotogrfico.

    2.1.3 A Ninidrina

    Em 1913, Ruhemann descobriu, por engano, a ninidrina. Ele constatou que os

    alfa aminocidos, os polipeptdios e as protenas formavam produtos coloridos ao

    reagirem com ela. Ao longo dos anos, a ninidrina tornou-se um reagente comum em

    testes clnicos e, com a introduo das tcnicas cromatogrficas nos anos 40,

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    13/19

    | 13

    passou a ser usada rotineiramente para localizar aminocidos nos cromatogramas.

    Contudo, somente nos anos 50 que seu potencial forense foi descoberto.

    Representao no plano da molcula de ninidrina.

    Aminocidos fazem parte de um grupo de compostos orgnicos quepossuem funo mista. A ninidrina tem uma afinidade muito grande por este tipo de

    estrutura qumica. Inclusive existem tcnicas em que, juntamente com a ninidrina,

    so adicionadas enzimas que promovem a quebra de protenas em aminocidos, a

    fim de aumentar a quantidade de reagentes e, assim, tornar a revelao da IPL mais

    intensa. O mecanismo genrico que descreve a formao do produto cor prpura

    pode ser visto na figura a seguir:

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    14/19

    | 14

    Mecanismo da reao de um aminocido com a ninidrina para formao de um produto colorido.

    Geralmente a proporo da soluo usada de 0,5 g de ninidrina para 30 mL

    de etanol. Posteriormente esta mistura armazenada em um recipiente que permite

    a pulverizao sobre a IPL. O lquido deve ser borrifado de longe (cerca de 15 cm).

    Esperam-se alguns instantes at que o solvente evapore e, ento, borrifa-se

    novamente, quantas vezes for necessrio.

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    15/19

    | 15

    Impresses digitais reveladas com soluo de ninidrina em papel.

    O desenho da impresso digital somente aparecer quando a superfcie ficar

    totalmente seca. Isto pode levar horas na temperatura ambiente, mas pode-se fazer

    isto em fornos que propiciem temperaturas da ordem de 50-70C. Na figura abaixo

    podemos ver um exemplo de revelao de IPL em um papel.

    Diferentes resultados de IPL reveladas por solues de ninidrina com diferentes solventes.

    O grande segredo da soluo de ninidrina o solvente. Na figura anteriorvemos as diferenas entre IPL reveladas com diferentes solues a base de

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    16/19

    | 16

    ninidrina. No lado a, esquerda, temos a revelao com um solvente comercial e a

    direita com ter de petrleo. No lado b, esquerda, temos novamente um solvente

    comercial e a direita o CFC-113. Nota-se que o solvente comercial, uma mistura de

    vrios outros solventes, d resultados bem mais ntidos do que os outros solventes

    citados.

    2.1.3.1 Os anlogos da ninidrina

    Com o desenvolvimento do laser, Menzel e Almog compararam os anlogos

    da ninidrina com a reao ninidina/cloreto de zinco, que produzia a benzo[f]ninidrina.

    Aps tratamento com laser de neodmio, o composto revelava uma coloraoavermelhada. Posteriormente desenvolveu-se a DFO (diazafluorenona) e a 5-

    metoxininidrina. Na figura abaixo podemos ver as estruturas dos compostos

    anlogos ninidrina.

    Estruturas da (esq. para dir.): benzo[f]ninidrina; 5-metoxininidrina e diazafluorenona (DFO)

    A soluo de DFO feita misturando-se 50 mg do reagente com 4 mL de

    metanol e 2 mL de cido actico glacial. Aps dissoluo da DFO, dilui-se a soluo

    em 100 mL de freon. A DFO possui dez vezes mais capacidade de revelao de IPL

    em papel do que a soluo de ninidrina.

    3 MTODO RFLP

    A fim de reconhecer os locos (stios) onde ocorreram mutaes foi

    desenvolvida a tcnica conhecida pela sigla RFLP, do ingls Restriction FragmentLength Polymorphism, ou Poliformismo de Comprimento de Fragmento de

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    17/19

    | 17

    Restrio. Este mtodo se baseia no corte que as enzimas de restrio so

    capazes de fazer onde existem apenas certas sequencias especficas de

    nucleotdeos. Estas enzimas so uma espcie de tesoura biolgica que vo cortar

    o DNA em locais especficos, chamados de posies de restrio, gerando

    fragmentos de DNA de tamanhos diferentes e sequencias especficas.

    Para separar os fragmentos de DNA cortados pelas enzimas de restrio,

    utiliza-se a tcnica de eletroforese, que consiste na separao das espcies de uma

    soluo coloidal pela influncia de um campo eltrico. De forma geral, o esquema

    abaixo engloba as principais fases de um teste de DNA.

    Esquema geral para o teste de ADN para fins forenses.

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    18/19

    | 18

    Devido ao fato das pessoas terem uma sequencia de nucleotdeos diferentes

    entre si, pode-se identificar uma pessoa pela evidncia deixada no local do crime a

    partir da comparao dos resultados obtidos pelos exames de ADN.

    Em (a) temos a coleta de smen na vtima e posterior exame. Tambm feita

    a anlise do DNA a partir de uma amostra de sangue do suspeito. Em (b) so

    representadas as enzimas de restrio que tm a capacidade de cortar o DNA em

    lugares onde uma determinada sequencia de nucleotdeos ocorre. A tesoura

    simboliza as enzimas necessrias para a seleo de sequencias especficas. Em (c)

    ilustra-se os pedaos de DNA separados pela eletroforese. Em (d) mostrado um

    padro conhecido como DNA fingerprint. Observe que os padres oriundos do

    smen coletado e do sangue do suspeito coincidem, indicando que o smen dosuspeito e que este est ligado ao crime.

    A separao dos fragmentos de DNA ocorre atravs de eletroforese,

    conforme visto anteriormente. Mais detalhes deste processo na figura abaixo.

    esquerda a ilustrao da tcnica de separao por eletroforese. J na direita a representao da

    molcula de brometo de etdio.

    A mobilidade de molculas em um campo eltrico de determinada intensidade

    depende do tamanho e da forma destas, alm de suas cargas eltricas. Um meio,

    formado por gel do polissacardeo agarose, conhecido como gar-gar, permite apassagem dos pedaos de DNA cortados. Ao colocar a amostra no polo negativo,

  • 8/7/2019 A Cincia Forense2

    19/19

    | 19

    esta migra para o polo positivo. Os pedaos menores migram mais longe que os

    maiores, criando-se assim um padro, o qual pode ser revelado utilizando-se

    substncias intercaladoras, tais como o brometo de etdio. Este composto interage

    com o DNA e o torna visvel devido fluorescncia do DNA quando exposto luz

    UV.