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Caldeirão brasileiro

Esta edição da SUPERtraz para você uma expedição

por dois brasis. Enquanto uma parte da redação

se embrenhou pelo interior de São Paulo para entendera magia dos rodeios, outra visitava Minas Gerais para

compreender a sofisticada arte que começou a ser

produzida por lá trezentos anos atrás. Depois de

quatro meses de trabalho, 1 008 fotos, 45 pinturaseletrônicas, trinta entrevistas e uma fuga em desabaladacarreira de um touro bravo em Barretos (SP),o Diretor

de Arte, Alceu Chiesorin Nunes, o info rafista luiz Iriae as repórteres Ivonete lucírio e Gabriela A uerredescobriram que o rodeio é bem mais do que um

fenômeno de importação recente. Apesar de reunirmultidões apaixonadas pelo jeito americano de ser, essa

festa já possui um inequívoco acento caipira. Essaé a graça

do esporte que você vai conhecer em detalhes em Montadona Fúria, a partir da página 48: mal chegou e já está sendointegrado ao grande caldeirão que é a cultura brasileira.

Na outra ponta da linha do tempo, a Editora EspecialLúcia Helena de Oliveira, numa de suas últimas missões

na SUPERantes de ser promovida a Diretora de Redação

da revista SAÚDE, fez uma extensa reportagem sobre

uma importação antiga - tão velha que virou patrimônionacional: a arte barroca. Lúcia, uma jornalista comalma de repórter, mais o fotógrafo Eugênio Sávio,em Ouro Preto, e o jornalista Fernando Valeika de Barros,

em Lisboa, vasculharam a trajetória no Brasil do estilo

criado pela Igreja Católica para combater o protestantismo

na Europa. Em junho, o Editor Sênior Ricardo Arnt começoua montar as peças do vasto quebra-cabeça de anjinhosmulatos e profetas em pedra-sabão. Arnt conversou

com sete críticos e historiadores da Arte para.

arrematar o belo painel que você vai encontrar em

O renascimento do barroco (página 30). Agora é a sua

vez de aproveitar essasdeslumbrantes misturas entre oforasteiro e o feito em casa que caracterizam este país.

4 SUPER A G o 5 T o 1 9 9 8

HISTÓRIA~------'O renascimentodo barrocoo estilo original eexuberante que dominoua arte colonial brasileiraestá em alta outra vez.

30

REPRODUÇÃO.•. ----'Olhar dominantePara algumas moscas,bonito mesmo é quemtem um olho bemlonge do outro.

58

lUGAR~ ~

SUPERINTERESSANTEAs ilhas de DarwinNovas leis protegema fantástica fauna deGalápagos, que inspiroua Teoria da Evolução.

40

Da esquerda para a direita.Gabriela. Alceu. Luiz e Ivonete

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ESPORTE _

Montado· .na fúriaUm espetáculo de .•infografia agarra à\lr.lhpos saltos, galopes eemoções do rodeio.

48

SUPERNOTíCIAS10

UNIVERSO69SUPERINTRIGANTE20

SUPERMULTIMíOIA72

'----..,--------=------------ ....•.ASTERÓIDES

O falsoexterminador

Bombas nucleares para salvar aTerra de um impacto espacial.Cautela necessária ou só mais

um lance da indústria de armas?60BIOQufMICA

GaleriamicroscópicaParecearte modema.Mas são vitaminas,proteínas e hormôniosvistos bem de perto.

©5 28

2+281

CARTAS86SUPEROIVERTlOO82

DITO E FEITO90

© 1 Eugênio Sávio Z Oiego Rueda 3 Caio Vilela 4 Fotomontagem de luiz Iria sobre iotos de Alceu Chiesorin Nunes5 Heinz Günter Beer 6 Newton Verlangieri 7 Marlos Bakker AGOSTO 1998 SUPER 5

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• Editora AbrilFundador

VICTOR CIVITA(1907 - 1990)

PRES[)OOE E EDITOR: Robcno CivitaViCe-PRESIDENTEE DIRETOREDITORIAl: Tbomaz SoUlO Corrêa

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DIRETORDEDESENVOL"""ENTOEDITORIAl.:Celso Nucei FilhoDIRETORDEI'wfJAMENlO ECOOITlIl1F.Celso TomanikDIRETORDEREcuRsos HUMNIOS: Egberto de MeôeirosSECRETÁRIO EOOORW.:Eugênio BucciDIRETORDESERIIICOSEorroRtAlS: Hcnri KobataDIRETOREorroIllAi AoJJNlO:MOlinas Suzuki Jr.DIRETORDEPumJ:mAoe: MihOll Longobanli

DIRETOR SUPERINTEN~NTE: Nicotino Spina

EDITORCONTRIlUINlE Carlos Civna

DIRfTOR DEREDAÇAO:Eugênio Bucci

OtRETORDEIu:m: Alceu Chiesorin NunesREDATOR-CHEFE: André SingerEDITORESSENIDRfS: Flávio Dicguez, Ricardo ArmEDITORAS EsPEcws:Tbercza Vcnturoli. Wanda NestlchnerRmímRes: Denis Russo Burgierman. Gabrela Aguerre. IvooeteD. Lucírio. Regina Célla A. Pereira (Atendimento ao Leitor)CHEFE DE ARTE: Nikn SantosINfOORAAA: Luiz IriaDIAGRAMADOftEs:Bisa Cardoso. Maurício de Lara G;U\"dO_Robson QuínafélixCoLABmAOORES:João Steíner, Lu.iz Barco. Luíz Dal Monte Neto

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PUBLICAÇÕES DA EDITOR~ ABRIL

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ENTRETENIMENTOCONTIGO' SHOW B=.SET

SUPERINTERESSANTE 131 (ISSN Ol04-1789). aro 12In"~, é umaPJbI~ mõ!l"~~ ID Editora Abril SA 1987G + J Esplib SA "Muy h«rcsamc" C'MuitO 1~'OrnC")- E..~.Assin:tbJrn: SlIJSo111Sfaçãoé asua garJn1.ia. você pede ímeromper a assírauua a qwlqucr rrouemo, semS(!frcrnenhum ênus. Medianté sua sotící •.~ você reã direitc à cevoíuçãcdo valor COI'T1!SP.::rWIII!'~ exemplares a receber, devidamente conigioode acordo com o írrlice oflciul apucãveí. Com sua assinatura. seu nomepossa a ser incluído na lisul de cucmes prclCrcnciais da Editora Abril. quepoderá ccôê-ía e Ctnpn..-~ ",i(:('\('a~parn êns di! di\ulg<lÇão c peomcçêo depoenos de seu interesse. Caso não cpcira fazer parte dessa lista escrevapara Editora Abril - Assírercras, A". Oevaro Atves de Uma, 4400 4"amar. r'TI;~Ucsk\doÓ·Cf:]>o..~900· S~ Paulo- SI'.Números ntm-sacias: (as seis últimas edições recoífudas, meâamc dísponíbuídaée deestoque): ao peço da úJ!.ima edtçêc em banca, mais CUStOdi; posregem, pormtcrrnédío de seu jornaleiro (lj no t1i.~tritx:lid(){ Dina:p S/A· OUN) Postar1505. ÚSJ.= - SP. CEPlló053·9<)(). '01.: (Oll) 811J.48OO.Iax: (011) 868·3018. pelo emaü: [email protected]. via imernethtqTJ/ww.\'.dlnlp.com.hr. HeclrlO de arendiIDl!mo: de ? a &. eas S!1 às:211130. sãbcôo eis 8h ês 13h. O pagamento padcrJ ser feito através decheque nominal oo pelos cartões vísa. Credrcard, Diners, AnlCTÍC3llE~ c Solo. Todos os direitos reservados. Disríbnra cem cxclusrvída ..de 110país pela DI.NAJ>S/A - Dlstribuidcrd Nacioll<ll de P'Ub!~. SãoPaoío, SUPERINTERESSAl\TE nãoudmne publicídade redacíoraí.

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IMPRESSA NA DIVISÃO GRÁFICA DA EDITORA ABRIL SoA.

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A linha Corsa 99 já chegou e traznovidades. Agora toda a linha tem anova suspensão dianteira HPS (HighPerformance Suspension). O que eragostoso de dirigir ficou ainda melhor,mais macio e fácil de manobrar.A segurança também vai aumentar,

porque a nova suspensão HPSproporciona melhor estabilidade nascurvas. Aliás, em matéria de segurança, alinha Corsa 99 tem mais uma grandenovidade. Ou melhor, duas: duplo air bago

Corsa, um carro fora do sério, comconforto e segurança levados a sério.

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------ ,---

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Nos Estados Unidos,

caçadores de furacões

descobrem por que

essasventaniasmonstruosas deixam

um rastro irregular

de destruição.

, I

10 SUPER A G o 5 T o 1 9 9 8

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© Newton VerlangieriSUPER AGOSTO 199811

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· .

Ocaçador de planetasfora do Sistema

Solar ataca de novo.Geoffrey Marcy, daUniversidade Estadualde San Francisco,anunciou a descobertade um corpo gasoso,duas vezes maiorque Júpiter, orbitandouma estrela a apenas15 anos-luz da Terra(1 ano-luz mede9,5 trilhões dequilõmetros). SegundoMarcy, que já topoucom outros setecandidatos a planetasdistantes, o achadoindica que pode havermuito mais corpos comoesse, perto da Terra.

Agora parece queé para valer. Uma

equipe de cientistasamericanos está sereunindo para averiguarhistórias de discosvoadores. Os detetivesde UFOs estãoanalisando fotose narrativas sobreaparições. ParaPeter Sturrock, daUniversidade Stanford,a tecnologia de hojevai ajudar a separara verdade da fraude.Mas, nada ingênuo,ele sabe que a mesmatecnologia ajudatambéma elaborarfraudes mais difíceis deserem desmascaradas.

AIOS

O vírus saipara arevanche

Doisanos depois dadescoberta de um

coquetel de drogassensacional,capaz dedestruir 99% dos vírusHIV no organismo de umpaciente, os especialistasanunciam que o otimismoera exagerado. O bichoé mais forte do queparecia, dizem médicos,microbiologistas eepidemiologistas reunidosem junho, em Genebra,Suíça,para a 12"Conferência Mundialsobre a Aids. O fato éque os novos remédios sóconseguem esmagar o HIVem alguns casos.Em maisda metade dos testes feitosaté agora, o agente do malresisteao ataque e retomaa ofensiva. Essesresultadosforam divulgados pelovirologista David Ho, doCentro de PesquisasAaronDiamond, de Nova York,que criou o coquetel dedrogas, em 1996. •

12 SUPER AGOSTO 1998

---======:::::=:-::- --=··-~=--::;-l

AMBIENTE

Um calorde derreteros miolos

Uma cidade comcerca de 220 000

habitantes, comoBaton Rouge, no Estadoamericano da Louisiana,tem pontos em quea temperatura do archega a 65 graus Celsius.É o que mostra afoto à direita, batidacom uma câmera daNasa que detectaraios infravermelhos. Oflagrante foi feito no iníciode uma tarde de maio,de um jato que sobrevoou

EVOLUÇÃO

O homemfaz das tripascérebro

-

Segundo uma lei naturalda evolução, quanto

maior (ou mais pesado)for o cérebro de um animal,maior seu corpo. É que,para manter um cérebrogrande funcionando, épreciso um corpo tambémgrande, capaz de absorverbastante energia. Só que,no homem, o cérebro é trêsvezes maior que o dos nossosancestraisde 3 milhões deanos atrás, enquanto o corponem chegou a duplicar detamanho. Então, de ondevem a energia necessáriapara estabeleceras ligaçõesentre bilhões de neurônios?

Baton Rouge a umaaltura de 2 quilômetros.As chamadas ilhas decalor são bolhas dear superaquecido quese criam sobre asconstruções de concretoe o asfalto das ruas eestradas, e que ajudama esquentar o ambiente.Elasaparecem duranteo dia, quando o sol bateforte. Mas, ao contráriodas áreas com vegetaçãoe água, não se resfriamà noite. SegundoJeff Luvall, que coordenaa pesquisa, a melhorsolução para reduzirtanto calor é mesmoplantar árvores. • ©2

O antropólogo LeslieAiello,da Universidade CollegeLondon, comparou oorganismo humano com odos chimpanzés. Everificouque, nos dois casos,70% da energia adquiridados alimentos é consumidapor cérebro, coração, fígado,rins e intestinos. Mas océrebro dos chimpanzéspesa um terço do cérebrodo homem, enquanto osintestinos pesam mais queo dobro. Conclusão: ohomem faz uma contençãono consumo de energiapelos intestinos. •

© 1 GammaIPatrick Mesmer 2 Brian Parsons 3lUlz Iria 4 Rogério Maroia

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Frescura vegetalAs áreas pintadas de verderepresentam a vegetação.Parques e praças têmtemperaturas por voltade 25 graus Celsius.

Estradao amarelo mostra estradase ruas, onde a pavimentaçãofaz a temperatura atingir pelomenos 45 graus Celsius.

Inferno no telhadoA cor vermelha indica otopo de prédios. Por causado concreto, a temperaturanessas áreas chega a65 graus Celsius.

Para cada cabeça, um pesoOs órgãos dos animais variam em proporção,conforme a necessidade de cada um.

o homemComparado com o tamanho total do corpo, océrebro do homem é o maior entre os animaisnascidos de placenta. Para pensar, ele retira energiados intestinos, que são pequenos.

o chimpanzéo cérebro do macaco pesa cerca de um terço docérebro humano. A maior parte da energia que eleextrai dos alimentos é absorvida pelos intestinos,que são duas vezes maiores que os nossos.

A aveNos pássaros, o cérebro é pequeno e õ intestinotambém, em relação ao tamanho total da ave.Mas o coração é enorme. Ali é consumida a maiorparte da energia, para voar.

©4

SÉRIE VES11BUlANDO

ÚNGUA PORTUGUESA (28 FITAS)MATEMÁTICA (10 FITAS)GEOGRAFIA (10 FITAS)HISTÓRIA (1 FITAS)FísiCA (10 FITAS)QUíMICA (10 FITAS)BIOLOGIA (10 FITAS)INGLÊS (5 FITAS)

SÉRIE DIDÁnCAASTRONOMIA (S ATAS)ALFABETIZAÇÃO (7 FITAS)ANATOMIA CORPO HUMANO (12 FITAS)EDUCAÇAo SEXUAL (5 FITAS)CIÊNCIAS (1 ATAS)BIOLOGIA (6 FITAS)LíNGUA PORTUGUESA (12 FITAS)LITERATURA BRASILEIRA (1 FITAS)HISTÓRIAGEOGRARAMATEMÁTICAFíSICA (8 FITAS)QUíMICA (6 FITAS)IDIOMAS

SÉRIE AurO-CONHECIMENTO

COMO VENCER A TIMIDEZMEGAMEMÓRIALEITURA DINÂMICAINTEUGÊNCIA EMOCIONALÉTICA (2 FITAS)

ED FISICA: VOLEIBOL (2 FITAS)ED FíSICA: NATAÇÃO (2 FITAS).ED FíSICA: HANDEBOL (2 FITAS)ED FíSICA: FUTSAL ( 2 FITAS)ED FíSICA: BASQUETEBOL (2 FITAS)ED FísiCA PARA CRIANÇAS (3 FITAS)ED FíSICA PARA DEFICIENTES (3 FITAS)ED FíSICA PARA 3" IDADE (3 FITAS)TAl CHI CHUANENERGIA (3 FITAS)GINÁS11CA TERAPÊUTICA (2 FITAS)MASSAGEM

WORD 97 (3 FITAS)ACCESS 97 (3 FITAS)O~FICE 97 (S FITAS)VISUAL BASIC 4.0 (6 FITAS)PHOTOSHOP 4.0 (2 FITAS)COREL DRAW 7.0 (3 FITAS)AUTOCAD R.13 (6 FITAS)BORLAND DELPHI 3.0

SÉRIE ATIVIDADES FíSICAS

SÉRIE INFORMÁncA

SÉRIE EDUCA CÃO ARTÍsnCA

EDUCAÇAO ARnsncA (7 FITAS)EMBALAGENS DE CAIXASCESTAS - FLORES & SABORESDESENHO À MÃO UVRE (3 FITAS)BALÓES MÁGICOS

- MATEMÁTICA (6 DISQUETES)FíSICA (6 DISQUETES)QUíMICA (6 DISQUETES)SUPER PROFESSOR (DISQUETE)NOSSA ÚNGUA - Prot. Posquole (CD-ROM)ENCICLOPÉDIA DELTA (CD-ROM)

SOFTWARES DIDÁncos 2' GRAU

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I-I I

IL

Comprovado:os agrotóxicos

prejudic:am a memóriae a coordenaçãomotora e visualdos jovens.E o que indicamtestes com 33 criançasde 4 e 5 anos de idade,da região de Sonora,México: as queficaram mais expostasaos produtos, usadosnas lavouras e nocombate a insetoscaseiros, tiveram maisproblemas. ElizabethGuillette, antropólogada Universidade doArizona, autora dapesquisa, acha quecrianças de outras áreasagrícolas sofrem osmesmos danos.

Pasme: o fumopode reduzir a

incidência de câncerde mama em mulheresvulneráveis à doençapor mutação genética.Os cientistas americanose canadenses quefizeram a descobertaacreditam que o cigarroinibe a produção deestrógeno, o hormôniorelacionado ao câncerde mama. Mas ospróprios autores dotrabalho fazem questãode não recomendaro fumo como soluçãopara nenhum malda saúde.

5 quilômetros

ASTRONOMIA

Uma poçaseca emMarte

~ ~L- __~ ~~ ~©

A cratera marciana tem marcas escuras na superfície, semelhantesaos sedimentoscomuns na fonnação de lagosterrestres.

14 SUPER A G OS T O 1 998

1\ sonda Mars GlobalMsurveyor, da Nasa,em órbita de Marte, temfotografado alguns pontosque já haviam sido vistospor sua antecessora, a naveViking 2, em 1978. Maisnítidas, as novas imagensrevelam detalhes queas antigas não podiamcaptar. Desta vez, a sondafotografou uma cratera de50 quilômetros de diâmetro,que fica no hemisfériosul marciano. E descobriuque um dia ela podeter abrigado um lago.A desconfiança vemdas marcas de canaisnas bordas do buraco e dadiferença de cores entre asparedes e o fundo. Apesarde não descartar outrashipóteses - GOmolavaescorrida -, os especialistasda Nasa crêem que oterreno escuro é formadopor sedimentos depositadospor enxurradas que um diafluíram pelas bordas .•

SAÚDE

Americanosestão ficandoalternativos

convencionais, nessepaís,não impediu que 42%dos adultos, no Estadoda Califórnia, tivessembuscado métodos não-ortodoxos, no ano passado.Essedado explica por quecada vez mais hospitais eplanos de saúde estãoincluindo essasterapias emseusserviços.Veja abaixo astécnicas mais populares.•

I evantarnento feito pelaLempresa LandmarkHealthcare indica que aMedicina Alternativa temforça surpreendente nosEstadosUnidos. A altaqualidade dos tratamentos

Para além dos consultóriosUma pesquisa realizada com 1 500 americanosaponfou guais as cinco terapias mais procuradas.

Terapia por ervas 17%----Quiroprática (recolocação da coluna)--"'----'Massagens

Vitaminas 13%

Homeopatia 5%

© 1 Malin Space Science Systems / NASA 2 Image 8ank

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---------------------------~~~=~~--=-~~=-=--=---==============~~I

©2

Sabe aquela mulher que você está de olho? ~Vista uma Pool que você vai ver IIQm~

aqueles olhos piscando para você.Fique bem.Fique Pool.

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PAlEONTOLOGIA

Está provado.Os dinostinham penas

Agora não há maisdúvidas. As aves

não foram os únicos bichosque se recobriram depenas durante a evolução.Pelo menos dois dinossaurostambém enfeitavamo corpo com plumas.Os paleontólogos têm certezadisso porque, pela primeiravez, viram restos indiscutíveisde penas em dois fósseis,o Protoarcheopterix e oCaudipterix. A descobertafoi anunciada no final dejunho pelo chinês Ji Qiang,do Museu Geológico Nacionalda China, e mais trêsespecialistas. Não quer dizer

que os bichos tiveram asasverdadeiras, pois tanto osbraços como os dedos erambem menores que os dasaves. Ou seja, os dinos nãousavam as penas para voar.Essa mesma conclusão valepara o Sinosauropterix,que também parece tertido penas (ainda semcomprovação). As penastalvez tenham evoluído, comoos pêlos, para proteger dofrio. Ou podem ter sido umamarca, para identificar osanimais da mesma espécie.Seja como for, os novosfósseis tendem a confirmarque as aves realmente sãodescendentes dos grandesrépteis pré-históricos.Eles inventaram as penas;as aves tiraram partido dissopara deslizar no ar .•

3 Quase no ar

Do.chão. para O aro ancestral das aves teria surgido entre oscelurossauros, o grupo dos répteis mais velozes.

1Arrancada letalo Velociraptor foi umcelurossauro típico.Seus braços, bemflexíveis, já eram umindício da evoluçãoque levaria às asas.

16 SUPER AGOSTO 1998

2 EquilibristaO Unenlagia nunca voou.Mas suas patas frontaismoviam-se como asas.Talvez para darequilíbrio a .esse corredor.

Com penas em váriaspartes do corpo, oCaudipterix só não saíado chão porque seusmembros frontaiseram curtos.

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4 Saltos mortaiso Arqueopterix já tinhapenas de formatodiferente em cadaregião do corpo.Com isso, era maisfácil dar grandes pulos,ensaiando o vôo.

5 Detalhe certoHá indícios de que opolegar do Eoalulavistinha um tufo de penas,chamado alula, que éessencial ao vôo dasaves de hoje.

6 DecolagemImagina-se que, há uns50 milhões de anos,algum réptil emplumado,cujo fóssil ainda não foiencontrado, finalmentebateu asas e voou.

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Dinheiro falsonão entra.As máquinasde auto-serviçousam mecanismossofisticados paratestar cédulase moedas.

20 SUPER A G o 5 T o 1 9 9 8

Olhos eletrônicosà prova de fraude.,Como as máquinas• de auto-serviçoreconhecem o valorde notas e moedas?

INão adianta tentar enga-• nar com uma chapinha demetal. As máquinas estãoprogramadas para procurartantas informações no di-nheiro que é pouco provávelque alguma falcatrua funcio-ne. "Os fabricantes vão àCasa da Moeda e discutemas características de cada cé-dula e moeda para criar osmecanismos de reconheci-mento", diz o engenheiroCelso Gitelman, da Auto-vending Brasil, distribuidorade máquinas de auto-serviçono país. As notas passampor lâmpadas que emitemluzes de cores diferentes(verdes e brancas) e radiaçãoinfravermelha (veja infográfi-co ao lado). Assim, o apare-lho verifica a correção do de-senho, da marca d' água, do

Como ela sabe quanto vale?As máquinas de auto-serviço submetem notase moedas a várias provas.

Três luzes diferentesatravessam as notasverificando sua transparênciae características do desenho,espessura e tipo de papel.Parafraudar a máquina, umfalsário teria de enganar a leitura detodas as lâmpadasao mesmo tempo.

~V

As moedaspassam porsensores quemedem seutamanho e

, condutividadeelétrica.

©1

tipo do papel, da espessura eda cor da cédula, que tam-bém tem resíduos magnéti-cos, captados por sensores.Já as moedas passam por im-pulsos elétricos que detec-tam sua condutividade, indi-

Precisamos de águapara respirar melhor

to com o gás carbõnico secondensam no vidro. Quemsofre de doenças respiratórias,como asma e bronquite, preci-sa fazer um esforço maior pa-ra absorver o oxigênio e,quando fica ofegante, perdemais água do que o normal."Por isso, o catarro resseca eendurece no pulmão", contao pneumologista Hélio Romal-dini, da Universidade Federal

cando a composição da ligametálica de que é feita. Alémdisso, um sistema óptico me-de o tamanho da sua sombrapara verificar o diãmetro e aespessura da placa deposita-da no aparelho. •

de São Paulo. "A secreçãoaca-ba virando uma espécie de ro-lha na traquéia, dificultandoainda mais a respiração."Nessecaso, o melhor a fazer éuma inalação, ou seja, aspirarvapor d'água. Na falta de uminalador, o remédio é bebermuito líquido, que será absor-vido pelo sistema digestivo eajudará a hidratar os brõn-quios, dissolvendo o catarro .•

© 1 Luiz Iria e Maurício lara 2 PauloJares 3 André Penner 4 Gamma/ Saola 5 Alexandre Degre

"Por que os médicos• recomendambeber água para quemsofre de problemasrespiratórios?

IVocê sabia que perdemos• água quando respiramos?Por isso o espelho fica emba-çado se o olhamos muito deperto. É que o vapor d'água eas gotículas que liberamos jun-

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o ouro aparece quandoo mercúrio dá as caras",Por que o mercúrio• é usado paraencontrar ouro?

I"Porque é útil para sepa-• rá-Io das impurezas",afirma a química Elizabethde Oliveira, da Universida-de de São Paulo. Quando ogarimpeiro pega um mon-te de terra molhada na ba-téia, não sabe exatamenteo que está no meio dela.Então, joga mercúrio líqui-do, que atrai o ouro pulve-rizado na lama e forma

com ele uma liga visível.Mas se houver também

outros metais nobres, co-mo o paládio ou a platina,o mercúrio também vaiatraí-Ios. Aquecendo a ligacom um maça rico, a cercade 300 graus Celsius, osmetais derretem e o mer-cúrio vira vapor. O ouro,entretanto, continua mis-turado aos outros metais.Para separá-Io, a liga temque passar por um compli-cado processo posteriorem laboratório .•

Elefante velho acabaficando para trás",Por que o elefante• se afasta damanada para morrer?

1Issoé lenda. Acontece que• esses bichos comem maisde 100 quilos de plantas, ca-pim e folhagem por dia. Poressarazão são nômades. Têmque mudar de lugar para con-seguir novas refeições. Quan-do atingem a idade de mor-rer, em torno dos 60 nos,

não conseguem mais acom-panhar o ritmo da manada evão ficando para trás. Se umanimal novo estiver ferido,seuscompanheiros são solidá-rios, interrompem a caminha-da para cuidar dele e chegamaté a ampará-Io para andar."No caso dos animais velhos,isso não acontece", explica ozoólogo Sérgio Rangel Pinhei-ro, do Zoológico de Sorocaba,interior de São Paulo. "Muitas

Na batéia, o mercúriosepara o ouro da terrae das impurezas. Mas atraio paládio e a platina junto.Como calor do rnaçarico,o mercúrio vira gás e oouro fica no fundo, juntocom os outros metais

Os elefantes andam embando. Guando um delesé jovem e se machuca(foto meRor' a manadapára para ajudar

vezes o elefante idoso acabapor se junta a outros na mes-ma situação, formando ban-dos que praticamente não semovem. Elesficam lá, no mes-mo lugar, até morrer", diz abióloga Ana Maria Beresca,daFundação Parque Zoológicode São Paulo. Dai surgiu a len-da do cemitério dos elefantes,um local para onde os animaisse dirigiriam ao perceber aproximidade da morte. •

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o que o ouvido nãoescuta o cérebro não sente,Por que uma criança• tem mais facilidadepara aprender idiomasdo que um adulto?Io aprendizado depende do• estímulo sonoro. As fibrasnervosas que levam os sonsdo ouvido ao cérebro são for-madas de neurônios. Elesen-tram em ligação entre si pornas sinapses,verdadeiras pon-tes químicas por onde as men-sagens neurológicas passam.n Nas crianças, as ligações es-tão em processo de constitui-ção e as fibras são maleáveis eestão disponíveis", diz a to-noaudióloga Ana Maria MaazÁlvares, do Hospital dasClínicas da Universidade deSão Paulo. Por isso, se foremestimuladas pela repetição desons, formam estradas sono-

ras até o cérebro. Depois dos10 anos, a capacidade de es-tabelecer novas ligações di-minui e o aprendizado torna-se mais difícil.

A criança nasce tambémcom o aparelho fonadorpronto para falar qualqueridioma. Mas, pelos mesmosmotivos que dificultam oaprendizado, depois dos 10anos ela começa a perder acapacidade de pronunciaralguns sons para os quaisnão tenha sido treinada. Issonão quer dizer que não sepossa aprender alemão com40 anos. Quer dizer apenasque vai demorar mais tem-po. E que o sotaque prova-velmente vai ser forte. Parafalar perfeitamente, talvezseja necessário passar porum fonoaudiólogo .•

©1

Na criança,os neurônios que formam_as fibras nervosas ainda estão seligando e são receptivos a novasinformações sonoras. No adulto, acapacidade de estabelecer ligaçõesdiminui e também a receptividade.

A estrada do som, com escalasO estímulo sonoro chega ao cérebro por meiode fibras nervosas.

Dentro do ouvido, o som é transformadoem impulso elétrico, levadoaté o cérebro por fibrasnervosas, que passampelo tronco cerebral.

membranado tímpano

22 SUPER AGOSTO 1998

troncocerebral

Reis cruéisse divertiamcom a dordos bobos'Ouem eram os• bobos da corte?IÉ sinistro. Quase sempre• eram loucos, anões, cor-cundas e outros defi-cientes físicos. "Às vezesaté quebravam a coluna dosujeito para que ele fizessemelhor figura frente ao rei",conta Jonatas Batista Neto,professor de História Medie-val da Universidade de SãoPaulo. A função era entreteros monarcas, que riam daspalhaçadas e, principalmen-te, das deformidades físicas.Essaterrível profissão era co-mum no final da IdadeMédia, entre os séculos XIVe XVI. Os bobos trabalha-vam para o rei e para os no-bres. A zombaria macabranão era o único motivo paramantê-Ias nos castelos; acre-ditava-se que os coitadosdavam sorte e afastavammau-olhado. Não era umtrabalho dos mais prestigia-

Os bobos sofriampara entreter os nobresda Idade Média

dos. O genial dramaturgo in-glês William Shakespeare(1564-1616) ajudou a reabi-litar a figura dos bobos, dan-do a eles importantes fun-ções em suas peças. Em ReiLear, o protagonista, desti-tuído do poder, acaba che-gando à conclusão de queele é mais tolo do que o bo-bo que o acompanha.Shakespeare usou os bobospara fazer críticas aos pode-rosos, aproveitando a liber-dade que essespersonagenstinham. Nas peças, eles aca-bavam falando verdades queninguém ousava dizer. •

© 1 Luiz Iria / Rogério Maroja 2 Reprodução (Trades and Occupations - a pictorial archivefrom early sources - selected and arranged by Carol Belanger Grafton)

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o Sol muda de corpor causa da atmosfera

I,l :;

")por que o Sol muda• de cor durante o dia?

IA luz solar não é amarela• nem vermelha, é branca. Obranco resulta da soma dassete cores do arco-íris - ovioleta, o azul, o anil, o verde,o amarelo, o laranja e o ver-melho. Nós enxergamos oSol com tonalidades diferen-tes, ao longo de um dia, por-que a atmosfera filtra os seusraios, separando as cores. "Anossa percepção do Sol mu-da por causa das irregularida-des na camada de ar que en-volve a Terra e pela distânciaque a luz percorre na atmos-fera", explica o físico Hen-

rique Fleming, da Univer-sidade de São Paulo. Existempartículas de poeira, poluiçãoe gotículas d'água infiltradasentre as moléculas de gásque compõem a atmosfera.Quando o Sol está alto, as co-res formadas por ondas demaior amplitude contornamessas partículas e as molécu-las. Mas as menores (o viole-ta, o azul e o anil) não conse-guem se desviar e trombam,espalhando-se. Com isso, tin-gem o céu de azul e o Sol ficaamarelo, que é a soma dascores restantes: o verde, oamarelo, o laranja e o verme-lho. À medida que o Sol vaise pondo, seus raios têm que

atravessar um pedaço maiorda atmosfera, colidindo commais obstáculos. Afinal, nocrepúsculo, até as ondas lon-gas, laranja e vermelho, aca-bam trombando e se des-viando, avermelhando grada-tivamente o horizonte (em-bora o resto do céu continueazul). A vermelha é a últimaonda de luz que conseguecruzar a atmosfera e nosatingir, por isso o astro-rei fi-ca vermelho no pôr-do-sol.Por fim, o céu fica preto coma ausência de luz: não chegamais nenhuma cor e nem sevê mais nenhum espalha-mento, pois o Sol está abaixodo horizonte .•

Palheta celestial -Entenda como o ângulo entre a luz do Sol e a Terra muda a cor do céu e do Sol.

A luz brancado Sol écomposta detodas as cores.•

Ao meio-dia, a luzdo Sol atravessaum trecho menorde atmosfera.O violeta,o azul e o anilse espalhampelo céu e osraios solareschegam amarelosaos nossos olhos.

OOndas compridasde luz, comoo vermelho,contornam osobstáculos semdificuldades.

24 SUPER A G O 5 T O 1 9 9 7

No final da tarde,a luz entra inclinada

e passa por um••••lfI!1!!!"1 longo pedaço

de atmosfera,trombando nas

partículas. O verdee o amarelo tambémse espalham,e só o laranja e overmelho chegamaos nossos olhos.

Ondas curtas,violetas, anis e azuis,batem e se espalhampelo céu, pintando-o.O Sol é amareloporque essa cor é amistura das ondaslongas que chegam:verde, amarelo, laranjae vermelho.

NA INTERNET

[email protected]

http://www2.uol.com.br/super

Essesaí em cima sãoos nossos endereçoseletrônicos. Parao primeiro, vocêpode mandarperguntas para a seçãoSUPERINTRIGANTE.No segundo, vocêencontra a versãoon-line da SUPERe envia perguntasexclusivas para ela.

Vamos lá!Se preferir, mandea sua carta pelo correiomesmo. Envie a cartapara SUPERINTRIGANTEAvenida das Nações Unidas,72221 - PinheirosCEP 05477-000São Paulo, SP.

Se a sua perguntafor selecionada, vocêreceberá em casa umacamiseta da SUPER!

© Luiz Iria / Rogério Maroja

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uando o pequenoabala um gigante'Como uma avepode• derrubar um avião?

quatro delas. Quem corre maisrisco são os monomotores. Hápartes da aeronave que, se fo-

Uma trombada pode dar rem atingidas, podem tornar• muito trabalho para a tripu- uma viagem ou um pouso difí-lação, mas dificilmente derruba ceis (veja infográfico). Os riscosuma aeronave grande. A parte são mais sérios quando o aviãomais vulnerável é a turbina, está voando baixo, pois as avesque pode até parar de funcio- não passam dos 3 000 metrosnar, mas os aviões maiores têm de altura. Vários aeroportos

Os piores lugares para uma trombadaHá partes da aeronave em que o impacto com um pássaro é perigoso.

Se o leme for danificado, adirigibilidadEl.da aeronave.fica comprometida

Uma avaria nacauda podedestruir umprofundor, a peçaque faz o aviãosubir e descer.

~~~~~~:t~.~------------------Y O choque do pássaro com a turbina

Um impacto com o aileron, entorta as pás que puxam o ar,que inclina o avião na hora provocando vibração. Se uma delasda curva, pode destruí-Io. quebrar, pode bater no motor e travá-Io.©1

adotam técnicas de proteção,como aparelhos que emitemsons para afastar os bichos."Além disso, as aeronaves pas-sam por testes para verificar sesua estrutura suporta impac-tos", conta o engenheiro me-cânico Fernando Franchi, daEmpresa Brasileira de Aero-náutica (Embraer).•

Na frente, um impactopode romper o vidro eatingir o piloto, além decausar despressurização.

+c6

Na cozinha, tamanhode chapéu é documento

Quanto maior ochapéu, melhor,supostamente,o cozinheiro

,Porqueos• cozinheiros usamaquele chapéucomprido?

IFaça biquinho e repita em• francês: toque blanche.Touca branca. Esseé o nomeoriginal do chapéu comprido.Segundo o chef francêsLaurent Suaudeau, que usauma toque blanche 1)0 Res-taurante Laurent, em SãoPaulo, e é tido como um dosmelhores cozinheiros doBrasil, o formato do chapéufoi herdado dos monges. "NaIdade Média", diz ele, "os© 1 Luiz Iria / Rogério Maroja 2 Rogério Montenegro

maiores cozinheiros estavamnos monastérios." Quem ins-tituiu o uniforme branco foio rei francês Luís XIII (1601-1643). No seu reinado, e node seus sucessores, LuísXIV eLuís XV, os cozinheiros ti-nham tanta importância queseu título era de officiel debouche (oficial da boca),uma patente militar. Com otempo, o tamanho dos cha-péus tornou-se sinal de pres-tígio e indicador de hierar-quia. A equipe da cozinhavai desde o chef, com o cha-peuzão, até o último ajudan-te, de bonezinho .•

A seguir, os autoresdas perguntasescolhidas nestaedição. Todosreceberão suascamisetas em casa.

Carlos Eduardo VieroBotucatu, SP

Oamião Gomes CorreiaGuarulhos, SP

Enzo Pote I QuaglioItajaí, SC

Júlio César Azevedode MedeirosBauru, SP

Lidiani ZeniJuina, MT

Luciano FerrariOsasco, SP

Maria José GomesUchoa,SP

Marlon TrachtaBataiporã, MS

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oo pó é misturadocom álcool ou

_com aetil-acetato,e aquecido.Ao esfriar, viracristal branco.

• Quando iluminadopor luz polarizada,o cristal ganha core aí é fotografado poruma câmara acopladaao microscópio. 0

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o renascimentobarrNo ano em que Ouro

Preto, a capital nacional dobarroco, completa três séculos de

existência, o estilo artístico e religiosoque dominou o período colonial dá a

dolta por cima. Aqui você vai entender ..~-------por que, para alguns, esse foi o gênero ..........•.........,.fY..

que formou e define, até hoje,a cultura brasileira.

POR RICARDO ARNT,

LUOA HELENA DE OLIVEIRA, DE OURO PRETO,

E FERNANDO VALEIKA DE BARROS, DE USBOA

Há 300 anos, emjunho de 1698, quando o acampa-mento de Ouro Preto foi fundado no alto de ummorro perdido na Serra do Espinhaço, em Minas

Gerais, nada prenunciava seu glorioso futuro. O climaera sombrio, esmagado por muralhas de montanhas, e oarraial equilibrava-se sobre solo escorregadio. "Aprimei-ra coisa que se fazia ao criar uma cidade", disse à SUPERo historiador português VitorSerrão, professor de Histó-ria da Arte na Universidade de Lisboa, "era construiruma capela. A maior preocupação era não faltar igrejapara as festas santas como o Natal."

E foi de capela em capela, cada vez mais prósperocom a descoberta de vários depósitos de ouro nas ime-diações, que, em 1711, o povoado virou a VilaRi-ca do Ouro Preto, a capital do barroco - oestilo artístico exuberante que domi-nou a arquitetura, a pintura, a escul-tura, a literatura, a música, o mobi-

lário, a ourivesaria e a mentalidade do país durante 100anos. Tanto tempo que, para muitos historiadores, o bar-roco não só fundou a cultura brasileira, como continua ainfluenciá-Ia até hoje - apesar de ser o avesso das mo-das minimalistas pós-modernas. A idéia é apaixonante.E controversa, como você vai ver nesta reportagem.

O certo é que o barroco brasileiro está em alta. Centoe vinte mil pessoas já visitaram em São Paulo a exposi-ção O Universo Mágíco do Barroco, que reúne, pela pri-meíra vez, 400 peças deslumbrantes do período colonial.O sucesso é tanto que a mostra foi prorrogada até 18 deoutubro. Em maio, a Chrístíes de Londres, a mais famo-sa casa de leilões do mundo, vendeu, pelo preço recordede 420 000 dólares, uma imagem de Nossa Senhora das

Dores esculpida por Aleijadinho, o príncípal artistabrasileiro do período. Quer dizer, se alguma vez

o b31TOCOesteve em declínio por .aqui, ele agora está renascendo.

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Os símbolos dafé revigorada

Ofuscar os sentidos. Afirmar o esplen-dor divino. Conquistar a alma e a imagina-ção com a exuberância da fé. Maravilhar.Extasiar. Ao recomendar novas diretri-zes estéticas à Arte, os cardeais reuni-dos na última sessão do 19° ConcílioEcumênico da Igreja Católica Romana,em 1563, na cidade de Trento, na Itália,não estavam brincando. O Vaticano precisa-va reagir à expansão da Reforma protestantena Europa, iniciada por Lutero, na Alemanha, em1517. O barroco - termo derivado da palavra espa-nhola barueco, que significa pérola irregular - foium dos principais instrumentos de propaganda domovimento da Contra-Reforma. Não por acaso, umdos primeiros edifícios com decoração nesse estilofoi a Igreja de Jesus, em Roma, de 1575, construidapara sediar a Companhia de Jesus, a ordem dos je-suítas, fundada para combater o protestantismo.

"A Igreja queria parecer moderna e não ultra-passada", explicou à SUPER o historiador CarlosJosé Aparecido, da Fundação do Museu de Arte Sa-cra de Ouro Preto, em Minas Gerais. "A pompa e aexuberância barrocas quebravam a línearídade e arigidez dos estilos vigentes, o renascentísta, har-mônico e equilibrado, e o maneirista, superficial eartífícíoso. E impressionavam." Daí o seu apego àcurva, ao movimento, ao drama, à decoração feérí-ca e, paradoxalmente - em se tratando de uma ar-te religiosa -, à sensualidade.

ANJINHOSOs anjos meninos eramsímbolos do amor divino

ATlANTESECARIÁTIDESFiguras míticasda Antigüidade,atlantes (homens) ecariátides (mulheres),serviam como suporteSde colunas

FLORESSão representações dabeleza da alma e dafugacidade das coisas

©2

O barroco foi uma reafirmação dopoder da fé. Diante do protestantismo,

que pregava austeridade e rigidez, o catolicismo rea-giu alardeando a exaltação mística e o delírio dos sen-tidos. A vítóría da emoção sobre a razão.

Atraso lusoO Concílio de Trento e suas idéias estéticas aju-

daram os reis católicos a impor seu poder sobre osnobres locais e a consolidar as monarquias absolutas.Por isso, no século XVII,o período barroco por exce-lência na Europa, surgiram palácios monumentais ehiperdecorados, como o de Versailles (1655), naFrança, reafirmando a grandeza do Estado.

Mas Portugal já estava em decadência quando obarroco surgiu. Perdera importantes entrepostos co-merciais e, em 1580, o próprio rei, d. Sebastião, mornaem batalha, no Marrocos, sem deixar herdeiros. A tra-gédia redundou em outra, maior, quando as complica-ções dinásticas levaram à anexação das terras lusita-

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nas pela Espanha. "Esse período, de 1580 a 1640", de-fine o historiador Nicolau Sevcenko, professor de His-tória Contemporânea na Universidade de São Paulo,"constitui o maior pesadelo da história portuguesa."

A perda de poder político e financeiro refletiu-sena cultura. É a época da "arte chã", que, na Arquite-tura, produziu igrejas singelas, com torres quase co-mo guaritas e interiores ornamentados em madeiratalhada. "Uma vez que não havia mármore ou pedrasnobres, como nos países ricos", explica Vitor Sertão,"a solução foi trabalhar com azulejo, madeira e pai-néis pintados". Só em 1640, com a reconquista da in-dependência, o barroco português deslanchou, comquase um século de atraso.

CONCHASConchas de vieira ecoquil/es de saint-jacques.pregadas no peito.identificavam os peregrinosque iam ao santuário deSantiago de Compostela,na Espanha. no século XI

ESPINHOSOs emaranhados ásperoslembravam a consciênciada dor do pecado

PALMASOs feixes de folhas sugeriam otriunfo de Jesus sobre o martírio

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lil

Períodonacionalportuguês(1700 -1730)

Os três ciclos dobarroco colonial

No Brasil, a ascensão do novo gênero artístico acom-panhou a descoberta do ouro em Minas - a primeiracorrida do ouro do Ocidente. Em cinqüenta anos, 600 000portugueses emigraram para cá. Desses, calcula o histo-riador Jaelson Brítan Trindade, do Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) , de São Paulo,"pelo menos 800 eram artistas".

No final do século XVII,descontados os índios, a po-pulação brasileira de origem européia contava 40 000 ha-bitantes. _TO fim do século XVIII,pulou para 1,5 milhão.Nas cidades litorâneas, sob maior influência da metrópo-le, o barroco foi mais português. Já no interior de Minas,isolado pela distância e pela precariedade das comunica-ções, ganharia cada vez mais característícas próprías.

Um século de evoluçãoQuando surgiu, em Salvador e em Recife, o estilo

mudou o interior das igrejas, não o exterior. Nesse pe-ríodo inaugural, chamado de nacional português, as fa-chadas e plantas continuam retilíneas, mas, por dentro,os templos viraram suntuosas "cavernas douradas",com paredes e tetos inteiramente revestidos de madei-ra esculpida em alto ou baixo-relevo (a talha), e pintu-ras encaixadas em molduras (os caixotões). Os painéisque ficam atrás e acima do altar (os retábulos) apresen-tam colunas torcidas e decoração profusa. É o caso daCapela Dourada (1695), em Recife, da Igreja de SãoFrancisco de Assis (1703), em Salvador, e da capela de

o retábulo do altar. esculpidoem madeira. formava umaverdadeira caverna dourada

Todos os espaços disponíveisem paredes e tetos eramprofusamente decorados.

Nossa Senhora do , em Sabará (1719), Minas Gerais.A partir de 1730, nota-se uma mudança. É o períod

joanino, marcado pela gosto italiano do rei português, <fJoão V.As estátuas se integram à madeira dos retábuloe os caíxotões desaparecem, substituídos por pinturilusionistas (que provocam ilusão de óptica), recobrindo teto. A arquitetura adota linhas curvas, naves alonga-das e torres circulares, como nas igrejas de Nossa Senho-ra da Conceição da Praia (1758), em Salvador, Nossa Se-nhora do Pilar (1734) e Nossa Senhora do Rosán(1750), ambas em Ouro Preto.

Outras mudanças cristalizam-se a partir de 1760, como ciclo rococó. Aí,as fachadas tornam-se mais leves e au-daciosas, com curvas e contra-curvas, elegantes torresredondas e portadas com relevo de pedra-sabão. Os am-bientes são claros e arejados, e a luz natural enfatiza aor-namentação sobre fundos caiados de branco. Os templosprojetados por Aleijadinho, como a Igreja de Nossa Se-nhora do Carmo (1766), em Ouro Preto, e a de São Fran-cisco de Assis (1774), em São João del Rey, são obras-primas da época. "O interior dessas igrejas", diz MyriamRibeiro de Oliveira, professora de História da Arte naUniversidade Federal do Rio de Janeiro, "são verdadei-ros poemas sinfônicos de luz e de cor".

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orsa

Pintura ilusionistasugerindo o céuinfinito no tetoda Igreja de NossaSenhora da Conceiçãoda Praia, em Salvador

dossel

nicho

Períodojoanino(1730 -7760)

©1

o retábulo da Igreja deN. Senhora do Rosário,de Ouro Preto, ressaltaa ornamentaçãodas esculturas.

Períodorococó(7760 -7800)

o retábulo da Igreja de SãoFrancisco, em São João DeiRey, sobre fundo branco

O estilo rococó aliviavao exagero ornamentale proporcionava maiormoderação arquitetõnica.

A Igreja deSão Francisco.em São Joãodei Rey, comtorres redondase fachadatrabalhada

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sineira

, I

o ímã do ouro tornou Minas a capítanía mais populo-sa do Brasil. De 1711 a 1730, começando por Ouro Pretobrotaram nove vilas na Serra do Espinhaço - e SãJoão DeI Rey, no sul, a Sabará, no norte. No fim do sécu-lo XVITI, a região já tinha 500 000 habitantes. Para se ~eJuma idéia, em 1762,o Rio tinha apenas 30 000 habítant ;Salvador, em 1797, 50000; e VilaRica, 100000. ourcriou um mercado interno para o gado do Sul, f eaçúcar do Nordeste e escravos do Rio. Com a abertuiadeCaminho Novo das Gerais, em 1715, os tropeiros param a viajar entre o Rio e VIlaRica em "apenas" doze dias.

A civilizaçãoque levou o barroco brasileiro ao apogeuera aventureira e precária, A Coroa confiscava um quintodo ouro extraído e, por isso, o contrabando era crônico.Os costumes eram promíscuos e as leis, pouco respeita-das. A falta de mulheres tornava a prostituição rendosa.Até os padres envolviam-se em escândalos sexuais.

Para controlar a expansão da Igreja nessa região tãorica, a Coroa proibiu a instalação elas Ordens Primeiras(de frades e monges) e Segundas (de freiras), em 1738."Em conseqüência", explica Ana Maria Monteiro deCarvalho, professora de História da Arte na UniversidadeCatólica eloRio, "proliferaram as Ordens Terceiras, as Ir-mandades e as Confrarias que congregavam leigos. Foi adevoção laica que encheu Minas de obras barrocas."

Cada corporação de ofício tinha a sua Ordem. Haviairmandades ele elite e populares. A Orelem Terceira deSão Franciso de Assis de VIlaRica, por exemplo, proibia"mulatos, negros, judeus, mouros e heréticos ou seusdescendentes até a quarta geração". A Ordem Terceirado Rosário dos Pretos congregava escravos. Cada uma ti-nha seu santo, suas festas e construía sua igreja exclusi-va, competindo com as outras em prestígio. Para o devo-to, o prêmio era ser enterrado pela confraria - garantin-do o céu após a morte.

lombo das mulas, foi tróca por paír is pin dos. A pe-dra-sabão substituiu o ármore e a perua de lioz. Asigrejas e capelas tornaram-se menores, já que eramconstruídas para atender a uma só confraria.

Aos poucos, na medida em que tiveram filhos comescravas, os artistas portugueses repassaram as técnicasa artesãos mestiços. Foi o mestre-de-obras ManuelFrancisco Lisboa, branco e português, que formou Antô-nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, seu filho.

Em 1790, os artistas mulatos e livres já predornina-vam nos cargos de "oficial"e de "mestre". Asintonia coma terra e a cultura artística local filtrava a reinterpreta-ção dos modelos europeus. As paredes curvas se mistu-raram às retas. As cores avivaram-se com a luz dos trópi-cos. Os santos ganharam feições amulatadas. E os anji-nhos morenos receberam viçosas perucas loiras.

óculos

frontão

Síntese originalImpulsionado pelo ouro e pela multiplicação de igre-

jas, o barroco português aos poucos adquiriu traços bra-sileiros. Oazuleja, que não suportava a subida da serra no

I1

ri ©3

Ouro Preto foi tombada pelas Nações Unidas em 1980,Fundada em 1698. tem 25 igrejas do século XVIII preservadas

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CORTE LATERAL

11Il39 metros

I VISTA POR DENTRO

arco-cruzeironave sacristiacoro

altar

(I Jretábulo

PLANTA BAIXAcapela-mor retábulopúlpito

15 metros

Obra-prima daarte mineiraConheça as características daIgreja de São Francisco de Assis.

De 1766 a 1794, a Ordem Terceira deSão Francisco de Assis da Penitência,que congregava muitos intelectuaisde Vila Rica, pagou os melhoresartistas para construir seu templo.O projeto arquitetõnico, o altar-mór, oretábulo, os púlpitos e os frontões dafachada foram feitos por Aleijadinho.Sete entalhadores esculpiram amadeira. O mestre-de-obras foiDomingos Moreira de Oliveira, omelhor da época. A pintura do teto éde autoria de Manoel da Costa Ataíde,um dos grandes artistas da região.

TOQUE DE GÊNIOA talha do Aleijadinho extravasa doretábulo e se expande pela cúpula epelas paredes laterais

DETALHE SUTILApesar do arredondamentodos ângulos. as paredes lateraisda nave não são curvilíneas

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Sotaque brasileiro,gramática portuguesa

Formalmente, o barroco termina em 1816, com achegada da Missão Artística Francesa e do estilo neo-clássico, em voga na Europa, ao Rio. Mas, para muitos, ainfluência barroca não acabou ai. "O Brasil nasceu sobsigno barroco", disse à SUPER o hístoríador NicolauSevcenko, da Universidade de São Paulo. "A fisionomiae alma brasileiras foram compostas por esse sopro lTÚS-

tico. Ele não foi um estilo passageiro, mas a substânciabásica da síntese cultural do país." Para Sevcenko, hámarcas "latentemente barrocas" na identidade brasilei-ra, no catolicismo popular em especial, como "extremosde fé, ilusão de grandeza, exaltação dos sentidos, êxtasede festa, pendor pelo monumental, convivência com dis-paridades e compulsão de esperança".

Essa associação do barroco à identidade nacionalsurgiu há cinqüenta anos com escritores como Olavo Bi-lac (1865-1918) e Mário de Andrade (1893-1945). Ado-tada pelo Serviço do Patrímônío Histórico e Artístico,fundado em 1937, a tese inspirou pesquisadores comoGermainBazin (1901-1990), Lúcio Costa (1902-1998) eo diretor da Pinacoteca Municipal de São Paulo, Ema-noel Araújo, que defende "a existência de uma estéticaprópria do barroco brasileiro, a despeito de raízes e mes-tres portugueses". Para Araújo, o barroco brasileiro car-rega "a tropicalidade, a permissividade e a sensualidadeda miscigenação das culturas. Aqui, as ordens religiosasincorporaram o negro e o índio", ressalta. "Era a Igrejaque promovia a festa.negra do Rei do Congo."

o regional e o universalMas se formou a identidade brasileira, o estilo tam-

bém formou a dos outros países latíno-arnerícanos, quereinterpretaram o barroco espanhol. "Lá, muito mais",ressalta Myríam Ribeiro de Oliveira, "pois as civilizaçõespré-colombianas da América espanhola tinham maistradição cultural e poder de reelaboração do que as cul-turas indígenas brasileiras. Na verdade, o barroco brasi-leiro é o mais europeu da América. No México, no Perue na Bolíviahá mais sincretismo do que aqui." Para a es-

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I! I

pecialista, a genialidade do Aleijadinho não caiu do céu."As fontes e modelos que ele usou chegavam de gravu-ras e livros vindos de Lisboa, Paris, Antuérpia e Roma.Ele conjugava muitas influências." De Lisboa, Vitor Ser-rão reitera: "Por mais genial que a talha do Aleijadinhoseja, a gramática era portuguesa".

Há controvérsia, também, sobre a idéia de nacionali-dade. Para o pesquisador Jorge Coli,professor de Histó-ria da Arte e da Cultura na Uníversídade Estadual deCampinas, "a identidade é um processo: com o tempo, oque parecia essencial revela-se aparente". Colidesconfiada herança "genética" do barroco. Para ele, "o barrocofoi universal, com muitos sotaques e acentos regionais".

Ainda parece faltar uma análise que ilumine a fusãoda influência universal com a local, como sugere MyriamRibeiro: "Falta uma síntese que una a tradição européiadas igrejas mineiras com a sua incontestável originalida-de". Só assim será possível entender o sorriso maroto doanjinho mulato com peruca loira. ~

PARA SABER MAIS

o Universo Mágico do Barroco Brasileiro. Emanoel Araújo (org.).São Paulo, Serviço Social da Indústria, 1998.A Arquitetura Religiosa Barroca no Brasil. Germain Bazin.Rio de Janeiro, Record, 1983.

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Painéis deretábulo, docarioca MestreValentimdaFonseca e Silva.11750-1813)

o torturado Cristo naColuna, do baianoFrancisco dasChagas, "O Cabra",(século XVIII)

Uma ousada cariátidedesnuda, em plenoséculo XVII, daArquidiocese de SãoSalvador, na 8ahia

Cômoda..papeleira,.dejacarandá, de MinasGerais, do século XVIII

Os primeiros gênios

Aleijadinho (1730-1814)Antônio Francisco Lisboa era um artista famoso em Vila Rica,

que gostava de U mesa farta U e U danças vulgares U r segundo seubiográfo. Mas, aos 40 anos, pegou lepra. Tornou-se amargurado erecluso. Com um cinzel amarrado no punho, fez obras-primas comoo santuário de Bom Jesusde Matozinhos, em Congonhas (MG).

Padre Antonio Vieira (1608-1697)Jesuíta, veio para o Brasil com 18 anos. Na Bahia, pregou contra

as invasões holandesas. Em Lisboa, foi diplomata e amigo do reid. João IV.No Maranhão, defendeu os índios contra a escravização.De volta à Europa, virou confessor da rainha da Suécia. EscreveuOs Sermões, monumento da literatura portuguesa.

Gregório de Matos (1633-1696)Escritor baiano, filho de senhor de engenho português. Estudou em

Coirnbra, foi juiz em Portugal e tesoureiro do Arcebispado da Bahia.Abandonou a advocacia e virou poeta, famoso pela sátira e peloerotismo. Seu livro Boca do Inferno valeu-lhe a deportação para Angola.Morreu em Pernarnbuco, impedido de voltar à Bahia. .

Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830)Músico e compositor carioca. Escreveupeças para canto baseadas

em harmonia seqüencial (a repetição da frase em outro tom). Tocavaem igrejas e na Corte. Até o século XIX não se imprimia música noBrasil.As partituras eram importadas ou copiadas à mão. Até hoje,foram descobertas apenas 100 peças do período colonial brasileiro.

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Novas leis de proteçãoambiental assegurama sobrevivência dosanimais das Galápagos,onde o inglês CharlesDarwin buscouinspiração para escrevera Teoria da Evolução.

POR FLÁvIo DIEGUEZ

Visitar Galápagos é, até certoponto, como fazer uma via-gem a outro planeta. Pri-

meiro, porque é um mundo novo.Af:, ilhas foram criadas por erup-ções vulcânicas submarinas háapenas quatro milhões de anos-um tempo muito curto, em termosgeológicos. Em segundo lugar, elasabrigam animais que evoluíram sólá, em mais nenhum lugar da Terra.Das 5 000 espécies, quase 2 000constituem uma fauna exclusiva,que provoca a admiração dos turis-tas e dos pesquisadores. O prímeíroa perceber isso foi o criador da Teo-ria da Evolução, o inglês CharlesDarwin (1809-1882). Em 1835,Darwín estudou os habitantes do lu-gar, concluindo que, há milhões deanos, espécies do continente teriammigrado para as ilhas recém-forma-das. Então, ao se readaptar numambiente isolado e tranqüilo, a fau-na migrante gerou espécies novas,que não se desenvolveriam em ne-nhuma outra parte. Daí a importân-cia das leis editadas agora pelo go-verno do Equador, que tem a sobe-rania sobre essa região. Elas asse-guram que esse mundo fantástico,perdido no Pacífico, poderá conti-nuar a evoluir sem ser perturbado.

© 1 GAMMA / NASA / LlAISDN 2 Diego Rueda

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UGAR SUPERINTERESSANTE

CAMPEÃO VEGETALO arbusto chamado paio santoestá em toda parte. Um herói. Brotano solo pobre que se criou sobrea lava desde a formação das ilhas

Direto dasprofundezasdo planeta

o Arquipélago de Galápagos éum dos lugares mais jovens do pla-neta, com mais ou menos quatromilhões de anos de existência.Brotou direto do fundo do mar,num período em que o leito oceâ-nico foi sacudido por erupçõesparticularmente violentas. Os vul-cões cresceram até despontar aci-ma da superfície e, com o tempo,se acalmaram, transformando-seem ilhas. Até hoje, as ilhas mais jo-vens, como Fernandina e Isabela,com cerca de um milhão de anos,têm vulcões ativos. O motivo é queo arquipélago fica bem na divisa deduas massas rochosas gigantes,chamadas de Placa do Pacífico e .Placa de Nazca. Entre as placas háuma fenda por onde sobe lava ar-dente do interior do planeta. Foramesses vazamentos que produziramos vulcões, há cerca de quatro mi-lhões de anos. E eles continuam agerar calor. Mas, agora, seu princi-pal efeito é empurrar a Placa de

Fogo cercado de mar por todos os ladosAs Galápagos nasceram das lavaslançadas por vulcões submarinos.Oito deles são ativos ainda.

No meio doOceano Pacífico

há uma fenda nosubsolo marinho, por

onde escapa lava dointerior do planeta. Foram

elas que formaram as ilhas,há quatro mihões de anos.

42 SUPER AGOSTO 1998

ALMOÇO COLORIDOCaranguejos são essenciais nacadeia ecológica. Abundantes.são um dos pratos principais dosvários iguanas adaptados às ilhas

Nazca, sobre a qual ficam as ilhas,na direção do continente america-no. Aí, a massa bate na Placa daAmérica do Sul, que a vai engolindolentamente. Estima-se que, dentrode vinte milhões de anos, o arqui-pélago vai mergulhar inteiro de vol-ta para os subterrâneos do planeta,de onde saiu.

A área totaldas oito ilhas

grandes e cincomenores é de

8 000 quilõmetrosquadrados, equivalente

a 1,5 vez o tamanhodo Distrito Federal.

© Fotos: Oiego Rueda Infográfico: Newton Verlangieri

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VISITANTESAssíDUOSLeões-marinhos(à esquerda) não sãomoradores fixos, masaparecem para pescaros peixes cirujanos(no detalhe), que sãofartos no arquipélago

NAVEGANTESDEALTOMARAs ilhas são um dos poucoslugares onde as tartarugas-verdes ainda podem pôrovos com segurança etranqüilidade. Grandesnadadoras, entre umadesova e outra elaspasseiam por vastasáreas do Pacífico

RÉPTEISEM FAMíUAOs iguanas são todosdescendentes de ummesmo bicho, que é oiguana da América do Sul.Só que, depois de migrarpara as ilhas, o réptiloriginal evoluiu e gerounove espécies diferentes.Cinco se adaptaramà terra e quatro ao mar,como os desta foto

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LUGAR SUPERINTERESSANTE

PESCADORAS EXCLUSIVASAs garças-azuis são parentespróximas das que moram nasAméricas do Norte e do Sul. Asmigrantes originais geraram umasubespécie que só pesca nas ilhas

Um mundofeito de bichosdesgarrados

Depois que o choque das pla-cas tectônicas levantou as primei-ras ilhas, elas começaram a rece-ber migrantes vindos do continen-te americano. Os pássaros, os in-setos e as sementes das plantasdevem ter sido arrastados pelovento. Já os iguanas e as tartaru-gas podem ter sido transportadospor correntes marinhas, flutuandoem troncos perdidos. Apanhadosde surpresa pela cheia de um rio,teriam terminado no mar. Aí, umavez nas ilhas, essa fauna perdidase readaptou com rapidez. Algunsbiólogos estimam que os pássaroschamados tentilhões de Darwinevoluíram em apenas 100 000anos. Éuma mudança bem rápida,em termos evolutivos. Ainda maisporque, a partír de um único ances-tral vindo do continente, surgiramnada menos que treze espécies no-vas. E algumas metamorfoses foramradicais, como a dos iguanas. Umadas espécies das Galápagos é hoje a

PREDADORES DO ARAs corujas se deram bem nos hábitatsoceânicos. Como não há grandesmamíferos com que concorrer na caça,essas caçadoras carnívoras dividem oposto de predadores máximos com osiguanas terrestres

única do mundo capaz de procurarcomida no mar, em mergulhos deaté 40 metros o de profundidade.Gostaram tanto do novo estilo desobrevivência que sua populaçãoatual está estimada em 200 000 a300 000 répteis.

De acordo com as circunstânciasOs bichos migrantes se adaptaram ao ambientedas Galápagos criando novas espécies.

o tentilhão vindodas Américas deuorigem a trezeespécies novas.

Uma delas tem obico próprio paracatar sementes ...

As tartarugas quecomem capinrmantiverama cabeça baixa

As que devoram plantasmais altas espicharamo pescoço

o •• outra,para colherfrutos ...

... e umaterceira, paracaçar insetos.

Das nove espéciesde iguana, cinco são terrestres... ... e quatro são marinhas.

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© Fotos: Oiego Rueda Infográfico: Newton Verlanqieri

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NO REINO DOS CÉUSEstas. sim. são aves raras.Espécies como a gaivotacola de golondrina (nodetalhe) são exclusividadeem Galápagos. Tambémé exclusivo o mergulhão.que faz um sapateado decasamento para atrair a fêmea

ARTESÃO ALADOUma das treze espéciesde tentilhões aprendeua manipular espinhos decactus com o bico. É comose o pássaro fizesse uminstrumento. com o qualcutuca troncos podres earranca larvas para comer

AR QUENTE E ÁGUA FRIAAté o pingüim (esquerda)se adaptou às condiçõesclimáticas. por causa dascorrentes frias que sobemda Antártida. A calandria(ao lado) mudou tanto emrelação a seus parentes docontinente que passoupara outro gênero. Existemquatro espécies diferentesvivendo em ilhas distintas

AGOSTO 1998 SUPER 45

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. - - - - . --- ----.. ..•

LUGAR SUPERINTERESSANTE

SíMBOLO LERDOGalápagos significa "tartarugas", emespanhol, e dá nome a essas gigantes,que são um símbolo das ilhas. Elaschegam aos 270 quilos e a 1,5 metro deponta a ponta (passando sobre o casco).Sua digestão demora três semanas

Dos incas epiratas aosimigrantes

Não é possível ter certeza dequanto tempo as Galápagos evoluí-ram isoladas da intromissão huma-na. O registro histórico assinala quea primeira viagem às ilhas foi feitapelos espanhóis, no século XVI,soba orientação do inca Tupac Yupan-qui, avô do célebre Atahualpa Yu-panqui, um grande líder desse povo,no Peru. O fato é que, nessa época enos séculos seguintes, a região per-maneceu deserta. No máximo, ser-viu como esconderijo de grandes pi-ratas, no século XVII.E depois co-mo posto de reabastecimento paracaçadores de baleias (que, por sinal,capturaram um número incalculá-vel de tartarugas para alimentar atripulação). Ainda assim, a ocupa-ção humana só começou para valerno início deste século. Daí para afrente, a presença humana tornou-se uma ameaça para as Galápagos,que já abrigam 15 000 habitantes.Tanto é assim que esse foi o pontomais importante das leis aprovadas

ROEDORESPENETRASOs ratos entraram nas ilhasde contrabando, escondidosnas embarcações. Proliferarammuito, alterando em parte oecossistema natural. Mas, atéonde se saiba, não representamuma interferência significativa

este ano: elas agora proíbem a mi-gração, numa tentativa extrema deevitar o povoamento desordenadodas ilhas. Os cientistas agradecem,pois ainda estão longe de aprendertudo o que a natureza tem para lhesensinar em Galápagos.

Um paraíso longe do mundoAs Galápagos permaneceram em isolamento quase completo até o início do século XX.

SÉCULO XVIColonizadores espanhóistornam-se os primeiroseuropeus a pisar emGalápagos.

1832O Equador toma possedo território e estabelecea primeira colônia

.permanente.

SÉCULO XVIINo meio do mar, as ilhasservem de esconderijoideal para os piratas.

1835Charles Darwin chegaem setembro e passa cincosemanas estudandoa fauna do lugar.

SÉCULO XVIIICaçadores de baleiastiram proveito da faunaexcepcional para sereabastecer de carne.

Nas ilhas, Darwin encontrouargumentos para defendera Teoria da Evolução

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1959O governo do Equadorresolve transformar asilhas em parque nacional.

1979A Organização das NaçõesUnidas declara Galápagosum patrimônio dahumanidade.

1998Novas leis de proteçãoproíbem a pesca comerciale limitam a entradade novos colonizadores.

© 1 GAMMA / LAURENTBILlARO 2 Oiego Rueda 3 AE·Person

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ESPORTE

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Abre-se a porteira. O touroescapa feito um dragão en-furecido, corcoveando e sol-

tando baforadas pelas ventas. So-bre seu lombo, o homem se seguracomo pode, um braço levantado, arespiração presa, as esporas semponta batendo nos flancos do ani-mal. Durante 8 segundos, o públicovibra numa torcida unânime para orepresentante da espécie humana .

.Até que toca a sirene: peão e rnon-..ma se separam. Como o peão não-,espatifou na arena, a audiência

, .a o herói, sem pensar na po-.ecoluna do boiadeiro nem no ín-

.ot:o:modo que o animal possa estar:;J:.: sentindo com a cinta de lã que lhe. -. aperta o ventre. Isso não importa..; O que interessa é o show.

A cena acima se repete com. freqüência cada vez maior no inte-rior do Brasil. Segundo a Federa-ção Nacional do Rodeio Completo,as 1 200 competições realizadas noBrasil no ano passado reuniram24 milhões de espectadores - se-te vezes mais que os jogos do Cam-peonato Brasileiro de Futebol de1997. E entre os dias 21 e 30 destemês o festival continua: em Barre-tos, interior de São Paulo, aconte-ce a Festa do Peão de Boíadeíro, amaior do país, que vai ter um mi-lhão de adeptos do estilo countruacompanhando aos gritos o dueloentre homens e bichos. Apeie naspáginas seguintes para ver e en-tender, em detalhe, esse espetácu-lo que reúne habilidade, coragem,poeira e muita adrenalina.

A G o 5 T o 1 9 9 8 SUPER 49

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ESPORTE

Prova de resistênciaComo em toda prova de montaria,o peão tem que se manter 8 segundossobre o animal. Só assim ele ganha umanota, que varia de Oa 100 - a soma dospontos dados pelos dois juizes. Quantomais o touro corcovear e opeão esporear, maior a nota.

o sedém é uma tira feitade lã ou de rabo do cavalo.Atado à virilha do bicho,estimula os pulos.

Com uma luva, o peãosegura a corda americana(de náilon ou rami, umafibra vegetal), presano touro.

É proibido fixaras esporasna corda queenvolve o corpodo bicho,

Para não ferir, aespora não tempontas nem giraquando é esfregadano animal.

o colete éfundamental porqueprotege o tronco dopeão ao descer ou cair.

50 SUPER A G O 5 T O 1 9 9 8 © 1 Alceu Chiesorin Nunes

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Botando pra quebrarUm estudo do preparador físico DenilsonSantiago, da Federação Nacional doRodeio, mostra que são freqüentes asdistensões enquanto o peão está montado,e as torções e fraturas quando ele cai.

Tipos de acidentes mais freqüentes:fraturatorçãodistensão muscular 14%

É preciso muita força e agili a e paradominar o touro, que pode ser quinzevezes mais pesado que o peão.

os

Raças: nelore, holandês, caracu, red buliPeso: de 600 a 1 100 quilosComprimento: 2,3 metrosAltura: 1,6 metro

Cada pulo do animal é sentidopela coluna do peão como se eletivesse caído sentado no chão.A repetição dos impactos

ressiona os discos elatinososque separam as vértebras,principalmente as da regiãolombar. Por isso, é comumele ter hérnia de disco.

Ao final da prova,o peão escolhe omelhor momento

para pular fora.

o peão-palhaçoé também chamado

de salva-vidas. Fica nafrente do touro, distraindo

o animal depois queo peão desmonta.

Isso é que é herói.

.•••

E O bicho,o.que pensa?

"Os homens sedivertem às custas dosofrimento do animal",afirma a veterinária lrvêniade Santis Prada, daUniversidade de SãoPaulo. "Além da dor física,eu estou convencida deque o barulho, as luzes,e as cordas causamestresse." O ponto maispolêmico é o sedém,a faixa amarrada pertoda virilha Elo touroe do cavalo parafazê-Ios pular.Mas, segundoum laudo daUniversidadeEstadualPaulista (Unespl.a amarra não causalesão alguma. © 1Só que, para lrvênia,mesmo sem machucadosaparentes é impossívelprovar que o bicho nãosinta dor. De acordo comela, o sistema neNOSOdos bovinos e dos eqüinosé parecido com o humano.E um homem, com umafaixa espremendo obaixo-ventre, ficariabem incomodado.Os organizadores dosrodeios se defendem:"Nenhum dono de tropaquer que seu animalsofra e, sim, quepermaneça saudável",raciocina Flávio Silva Filho,presidente do grupoOs Independentes,que organiza a festa deBarretos. Para ele, o touroe o cavalo pulam porqueo sedém incomoda umpouco, como se fosseum relógio de pulsoapertado demais.

"Com certeza, essesbichos são mais

bem tratadosdo que os que

não participamde competições",. garante Plávio .

.( , A G o-s'ro 1998 SUPER 51

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ESPORTECavalo na mira

Contando os pontos

...-No cutiano, o peão também precisa ficarem cima do cavalo por 8 segundos.Mas o que conta ponto são as esporeadasque ele dá no animal. Cada um dos trêsjuizes da prova dá notas de O a 100,avaliando a montaria e o cavaleiro.A nota intermediária é a que vale .

As esporasllão c "M"

têm ponta. Mas. .'ao cootr.ário .•.das usadas namontaria em boi.elas giram.

Peão a cavaloA mão de apoiosegura as rédeas,formadas por duastiras de corda de sisal.

Os pés apoiados nosestribos ajudam a ••manter o equilíbrio.

É usado o mesmotipo de sedém dobul/riding, preso navirilha do animal.

O arreio é decouro, tipicamentebrasileiro.

52 SUPER A G O 5 T O 1 9 9 8 © llvonete D. Lucfrio .'

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,.

o jeito americanoSelaTambém chamada de saddle bronc,é-a modalidade mais antiga nosEstados Unidos. O peão se apóianos estribos, senta sobre uma selae se segura num cabo de 1,20 rnetrode comprimento. sela

No velho Oesteele nasceu

O rodeio surgiu nasfazendas, como atividadede exibição e disputaentre os trabalhadoresdepois da lida. Foi assimno Oeste americano, em1867, GOm os cowboys,que passavam o. tempolivre brincando demontaria e laço. Foiassim também emBarretes, no interior de5,ªo Paulo, cuja atividadeeconômica principalé a agropecuária.O primeiro registro derodeios na cidade é de19S§. Enquanto o gadoera levado das fazendaspara os frigoríficos,os peões competiamentre si "para sair darotina", conta Flávio SilvaFilho, do grupoOs Independentes. Nocomeço, as competiçõeseram realizadasem circosimprovisados,e o cutianoera a provada moda.Só nos anos80 é que a coisapegou fogo. Regras eestilos foram copiados do

rodeio americano edescobriu-se um filão

comercial. Caipiravirou country,

peão viroucowboy.Mas, para

quem achaque o rodeio daqui

é igual ao ianque, umlembrete: "Os brasileiros

parecem se divertir muitomais que os americanos",diz Jerry Beagley, umCQwboy do Kansas quepresta consultoria aosrodeios brasileiros.

Menor e mais leve do que o. touro, o cavalo se agita com vigor na arena.

Raças: árabe, crioulo, manga-largae quarto-de-milhaPeso; 400 quilosComprimento; 2,3 metrosAltura: 1,6 metro

BarebackÉ o teste que exige maiorpreparo físico. Sem estribos,o único apoio é uma pequenaalça, onde o peão se .segura.Sobre uma sela pequena,fica quase deitado nascostas do cavalo.

Mesmo sem apoiosob os pés, ocavaleiro não

•. pode parar deesporear

';

A G O S T O 1 998 SUPER 53

barrigueira

É preciso manterum braço no ar,sem encostar em

nenhuma partedo animal.

Ao final da prova, umpersonagem chamado

madrinheiro salva ocavaleiro. É ele

também quem retira osedém do cavalo.

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ESPORTEA presa ao lado do predadorLaçador e bezerro ficam em cercados separados.

Ganha o mais rápidoTrês juízes cronometram o tempo daprova. Vale a marcação intermediária eela não pode ser maior que 2 minutos.Se o laçador sair do box antes do bezerro,é penalizado com 5 segundos a maisna contagem do tempo final.

o laçador começa aperseguir o bezerro,com três ou quatromeses de idade,assim que atravessaa porteira.

O peão laça acabeça do animal,que no mesmoinstante é puxadopara trás e párade correr.

Com outra corda,carregada naboca,olaçadoramarra três patasdo bezerro.

O peão descerapidamente docavalo e levantao bicho até a

• _ âlturã d1t cintura .-- "•..

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Dois contra um, em sintonia finaEm dupla, no team ropíng, o que vale é a cooperação entre os peões.A modalidade nasceucom os americanos, queprecisavam laçar boisadultos. Como a missãoera difícil para um homemsó, trabaíhava-se em dupla.Na prova, é usado um boijovem, mas de umaraça que tenhachifres, com média . .'de 2 anos e peso ...~de 90 a 150 quilos.

3Estaé a posição final, comos laçadores de frente umpara o outro e as cordasque prendem o boi,esticadas.

2O peseiro, quedeve laçaros"straseiros doanimal,sailogo após ocabeceiro.

peseiro

Com sotaqueamericano, uai

A indumentâria éde cowboy: calça jeansimportada, chapéumade in Iexss, e fivela~=----,com a inscriçãoChampion Bullriding.Mas por dentroda roupa, opeão é bembrasileiro.RogérioFerreira,campeão demontaria emtouro, que competeno circuito de LasVegas, Estados Unidos,nasceu em São João dasDuas Pontas, interior deSão Paulo. Mal sabefalar inglês. Ele é umexemplo do rninqau deculturas que embala orodeio no Brasil. "AFesta do Peão é umevento mundial",analisa a antropólogaMaria Celeste Mira, daPontifícia UniversidadeCatólica de São Paulo,que está trabalhandoem uma tese sobrerodeio. Essafesta tem,

sim, característicasdo rodeio americano,"mas isso não tira

a brasilidade dasnossas competições",diz ela. A cultura localaparece nas tradicionaismodas de violasertanejas, nareligíosidade, no uso doberrante e nas comidastípicas. Entretanto, oknow-howamericanoentra de novo nasestratégias demarketing para a vendade COs, roupas de grife

e acessórios,importadosou não.

- .~'.. 1O calNtc:!iro éoI~or que devepegar a cabeça. Ele éo primeiro a sair emdisparada atrás do boi.

Osbraços levantados sãoo sinal de que a provaterminou. Resta contar otempo que ele levou paradominar o bicho.

©1

SUPER 55

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ESPORTETudo para derrubar o boiQuanto antes ele cair, melhor.

box do touro ..--~

box do bulldogueiro •... ---*--"

!!~!~!!~'-~u~m~auXiliarfaz O

trabalho de cerca,que é impedir o boide se desviar darota prevista.

A prova terminaquando o boi, porfim,é derrubado. Ele podepesar até 150 quilos,praticamente o dobrodo peso do peão. ......_ •• __

.••f .•

56 SUPER A G o 5 T o 1 9 9 8 © 1 Cornélio Júnior 2 Alceu Chiesorin Nunes .

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Para as mulheres, o que conta é habilidadeo teste dos três tambores é exclusivamente feminino.

Na arena, três tambores sãodispostos formando um triângulo(veja ao lado). Quando o juiz dá alargada, a amazona parte em direçãoao primeiro tambor, dando uma voltacompleta nele. Depois repete amanobra no segundo e no terceirotambores. Dar vai em disparadaaté a linha de chegada.

Obstáculos precisosTudo é minuciosamente disposto em cena.

Acavaleirausa seupróprio cavaloe demonstradomínio sobreo animal

Brilho da amazonaGanha quem fizer omenor tempo. Cadatambor derrubado é

penalizado com5 segundos a mais

na marca final dacompetidora.

Os rodeios ocorrem nas regiõesCentro-Oeste, Sul e Sudeste.

• principaiscompetições

• rodeiosmenores

Goiinia--=:---~---:----:,.:.:--

o Parquedo Peão foiprojetado peloarquiteto OscarNiemeyer paraabrigar a Festado Peão deBoiadeiro deBarretos

Preside11f8 Pruden18 -=:::.:::-----:~

Mariagá ----"--

Fonte: Federação Nacional do Rodeio Completo

A festa, dentroe fora da arena

Em um país ondediversão é quase palavrade ordem, o rodeio é maisque uma competição. Hádança, música sertaneja,tudo num clima dequermesse. Quemdá o tom dafesta é olocutor, comseus versos."Dizem queocowboytemvida boa.Entendam como quisé.Cada semana numacidade. Ecada noite comuma muié" r

declama Barra Mansa,um dos mais tradicionaisanimadores, na aberturados rodeios. A devoçãotem sua vez. Ao seapresentar para o público,os peões rezam, pedindoproteção aos santos.É aí que entra em cenaPedro Andarilho-

©2

figurinha carimbadadas maiores competições.Ninguém sabe seu nomeverdadeiro nem de ondeele vem, mas se houverum boi pulando por perto,é certeza: ele vai aparecer,

com a imagem de NossaSenhora Aparecidaa ser beijada pelospeões. Fora da

arena, vende-se detudo: botas de couro,

chapéus e comida.E não pode faltara queima do alho,o momento em que osparticipantes do rodeiose reúnem para comerao ar livre pratos da épocaem que os boiadeirosainda tocavam o gadopelo sertão. Antes que astrilhas fossem substituídaspelas rodovias.

A G o 5 T o 1 9 9 8 SUPER 57

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1 centímetrot----i

T

Vem cá, meu bemGalã, entre as moscas diopsidas,é isso aí: ter seis patas, alguns pêlospelo corpo e olhos espetados emdois palitos. Nos leonardos di caprioda espécie, a distância entre os olhostem 1 centímetro, o mesmo tamanhodo bicho inteiro. Nos menos dotados,a distância é inferior a 0,5 centímetro.

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•man eCara peculiar atraifêmeas e cria muitas mais

Não é antena, não.São os olhos de uma moscamacho que você está vendo nestafoto. Elesseduzem as fêmeas embenefício de um gene egoísta quequer sobreviver a qualquer custo.

Combate mortal deespermatozóidesOs espermatozóides dosmachos têm cromossomosX (rosa) ou Y (azul). Mas sóos espermatozóides com Xcarregam o gene dos olhoscompridos. Para evitarconcorrência, ele liquidaos espermatozóidescom cromossomo Y.

o mesmo gene que estica os olhos dasmoscas diopsidas também interfere comos cromossomos e aumenta a populaçãofeminina. Veja como funciona.

POR FLÁvIo DIEGUEZ

Par'ã algumas moscas, chamadas diopsi-das, charme, mesmo, é ter os olhos o maislonge possível da cabeça, na ponta de has-

tes enormes. Quanto maiores as hastes de um ma-cho, mais sucesso ele faz com as fêmeas. É o mes-mo efeito provocado pela cauda do pavão e poroutros atrativos em muitas espécies. Este ano, aoestudar as díopsidas, o especialista Gerald Wil-ki.nson, da Universidade de Maryland, tornou-seo primeiro a dar uma explicação para esse com-portamento feminino. Parece absurdo, mas aatração sexual é só um meio, não um fim.A verdadeira função das hastes, segundo aWilkinson, é garantir a sobrevivência de umgrupo de genes da mosca. Isso mesmo. Um fragmentode DNA "usa" o corpo do inseto em seu próprio bene-fício. "São genes egoístas", explicou à SUPER o biólo-go Andrew Pomiankowskí, da Universidade CollegeLondon, na Inglaterra. "Ainda não sabemos como es-ses blocos de DNA trabalham, mas eles são podero-sos." Prova disso é que, nas díopsídas, eles sempre fi-cam no corpo dos machos de haste comprida - os

. que geralmente são escolhidos para acasalar. Em ou-tras palavras, existe algum tipo de ligação entre apreferência das fêmeas pelos olhudos e os genesegoístas. E é dessa maneira que eles dominam areprodução dos insetos para se perpetuar. 0

DiscriminaçãosexualAinda não foi possíveldeterminar de que maneirao gene egoísta destróios espermatozóides.O fato é que, duranteo acasaiamento, só aparecemespermatozóides do tipo X,que se juntam ao X queestá no óvulo feminino.Por isso, nascem fêmeas.

Vítima dopróprio feitiçoEm geral, a proporçãofeminina nos grupos de moscasdiopsidas é de 60%. Mas,às vezes sobe para 100%.Aí, o tiro sai pela culatra:não há mais acasalamentoe o gene desaparece.

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© 1 Newton Verlangíerí

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Umapedra gigantesca voa em direção à Terra. Seviesse de mansinho, seria suficiente "apenas"para esmagar os Estados de Minas Gerais, Rio

de Janeiro e Espírito Santo e bons pedaços de seus vizi-nhos. Mas ela risca o céu a 32500 quilômetros por hora.Deve bater no planeta azul em dezoito dias, abrindo umrombo do tamanho do BrasiL Inevitavelmente atingiráos oceanos, que ocupam 70% da superfície do planeta.Ondas de 1quilômetro de altura se levantarão, inundan-do cidades inteiras. Por anos, a luz do Sol permaneceráencoberta pela grossa nuvem de poeira levantada nahora do impacto. As plantações morrerão. Haverá fome.Ébem Possível que a espécie humana não resista. Só háuma saída: mandar lá para cima uma poderosa cargaatômica, que explodirá parte do asteróide assassino, ti-rando-o de sua rota ameaçadora.

Ainda bem que a descrição acima é só ficção. E, doponto de vista da correção científica, bem ruinzinha.Não existe, em possível rota de colisão com a Terra, umasteróide do tamanho do mostrado emAnnageddan, aprodução da Disney que estréia este mês no Brasil. Osmaiores, que os astrônomos chamam de "exterminado-res", têm 10 quilômetros, o quejá não é pouco, enquan-to o do filme tem cerca de 1 000 quilômetros. "Não é sóque eles tenham errado demais. Em termos de massa,eles erraram um milhão de vezes demais", disse àSUPER o chefe da divisão espacial do Centro de Pesqui-sas Ames, da Nasa, na Califómia, David Morrison.

Exagero danosoCorno trata de um perigo real, a licença dramática é

arriscada. Quanta gente não sairá do cinema pensandoque é boa idéia começar desde já a engrossar o estoquede armas nucleares? Desde 1995, o físico húngaro radi-cado nos Estados Unidos, Edward Teller, conhecido co-rno o pai da bomba de hidrogênio, vem defendendo a te-se. Houve quem sugerisse, na época, que o cientista es-tava era querendo um objetivo nobre que pudesse tirardo buraco o Lawrence Livermore National Laboratory- o centro de pesquisa de armas nucleares que ele di-rígíu por anos e que teve suas verbas cortadas pela me-tade desde o final da Guerra Fria. O próprio Teller disseà SUPER, com seu jeito caracteristícamente brusco,achar improvável que um objeto com mais de 1 quilô-metro de diâmetro atinja a Terra no próximo milhão deanos. "Mas se e quando ele vier, deverá ser desviadocom explosivos nucleares." Muitos cientistas concor-dam com ele, mas acham que vale a pena pesquisar ou-tras maneiras de livrar a Terra do perígo. Ainda maisnesses tempos em que novos países - corno Índia e Pa-quistão - entram para o perigoso clube atômico.

A G o 5 T o 1 9 9 8 SUPER 61

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Perigo poderá serprevisto vinte anos antes

Nenhum astrônomo nega que o risco existe. Mas asprobabilidades de um impacto de grandes proporçõessão pequenas, ao contrário do que a onda de filmes so-bre o assunto parece querer mostrar. É bom lembrarque Armageddon chega imediatamente depois deImpacto Profundo e da série de televisão Asteroide,que foi ao ar em fevereiro de 1997 nos Estados Unidose chegou em março às locadoras de vídeo brasileiras.

Para completar o quadro de pânico, um asteróidede verdade, com 1,6 quilômetro de diâmetro, passouum tremendo susto nos astrônomos, em março passa-

62 SUPER A G o S T o 1 9 9 8

do. Brian Marsden, do Harvard Smithsonian Centerfor Astrophysics, em Massachusetts, Estados Unidos,considerado o mais importante calculador de órbitasde asteróides próximos da Terra, deu o alarme: o 1997XF11 passaria dramaticamente perto da Terra, no dia26 de outubro de 2028.

Por sorte, as contas foram refeitas e o fim do mun-do adiado. Se não tivesse sido, o caso se encaixariaperfeitamente no que os astrônomos acreditam quepoderia ser uma situação real de perigo. "O mais pro-vável é que seremos capazes de prever o risco - enos preparar para enfrentá-Ia - com pelo menos dezou vinte anos, e não alguns dias, de antecedência",explicou à SUPER Paul Chodas, do Laboratório dePropulsão a Jato, da Nasa, na Califórnia.

© 1 Newton Verlangieri 2 Sygma

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Outras alternativasAlgumas idéias difundidas entre os pesquisadoresa respeito de como desviar um asteróide.

ReflexoEnormes espelhos poderiam sercolocados no espaço, de forma arefletir a luz solar sobre um lado dobólido. Para asteróides de 1 a 10quilômetros, o espelho deveria ter .uns 5 quilômetros de diâmetro. O .

aquecimento provocaria a vaporizaçâoda superfície e a saída de órbita (como no

caso de uma explosão nuclear próxima).

LaserUma nave nâo-tripulada e carregadacom um poderoso emissor de laserseria posicionada de formaa bombardear o asteróide comenormes quantidades de energia.

Seriam necessários 10 megawatts(a potência de umas 100 000 lâmpadas

elétricas) por metro quadrado paravaporizar a superfície e desviá-lo.

BritadeiraUma nave não-tripulada levaria umasuperbritadeira robótica que poderiaquebrar pequenos pedaços doasteróide, jogando-os no espaço.Com a diminuiçâo significativa da

massa, o corpo se desestabilizariae sairia da rota. O probleminha é que

num asteróide de 1 quilômetro dediâmetro, a máquina teria de trabalhar pelo

menos dez anos.

Cientistas sabem poucosobre supostos infmiqos

É consenso entre os pesquisadores que a única al-ternativa para defender a Terra a curto prazo seria ouso de anuas nucleares. O problema é que ninguémtem certeza de que isso funcionaria. A desconfiançacresceu depois da análise de fotos batidas no ano pas-sado pela sonda Near. Elas revelaram que o asteróideMathilde, um monstro de 61 quilômetros de diâmetroque anda perto da Terra, mas em uma órbita que nãooferece perigo, parece um amontoado de pedregu-lhos unidos por força gravitacíonal. Levando esse da-do novo em conta, o astrônomo Eríc Asphaug, da Uni-versidade da Califórnia, em Santa Cruz, fez simula-ções em computador e mostrou que o cutucão nu-clear pode ser um furo n'água, porque um objeto co-mo o Mathilde absorvería o impacto da explosão(veja o injográfico ao lado). "Muito mais trabalho énecessário antes de decidirmos se os engenhos nu-cleares são uma saída viável", escreveu o pesquisadorna revista inglesa Nature.

O alerta não desanima os defensores das bombas.O capitão da Força Aérea americana William Glascoelidera uma campanha na defesa da criação de umaForça Espacial para coordenar os esforços militaresdo país no espaço, contra inimigos humanos ou natu-rais. No mesmo time, o deputado Dana Rohrabacher,do Partido Republicano da Califórnia, vem atacando opresidente Bill Clinton por ter vetado o projeto Cle-mentíne 2, do Departamento de Defesa, que tambémestudaria estratégias contra os asteróides.

iI!

:1

II

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Os menores sãoquase imprevisíveis

Asteróides assustam e não é sem razão. De acordocom Brian Marsden, "os números são incertos, mas devehaver algumas dúzias deles com mais de 5 quilômetrosde diâmetro próximos da Terra, algo como 2 000 commais de 1 quilômetro e cerca de 200 000 entre 500 me-tros e 1quilômetro". Esses são os que podem serestuda-dos. "Com os telescópios atuais não conseguimos acom-panhar COlpOS com menos de 100 metros", explica PaulChodas. E há centenas de milhares deles. Eventualmen-te até poderiam ser vistos, mas, para estabelecer as órbi-tas, seriam necessárias muitas observações, em pontos

64 SUPER A G o S T o 1 9 9 8

variados da sua trajetória. Vários desse tamanho já caí-ram na Terra. Um abriu uma cratera de 1,2 quilômetrono Arizona, há 50 000 anos. Outro explodiu 80 metrosantes de bater no solo e devastou 2 quilômetros quadra-dos de florestas em Tugunska, na Sibéría, em 1908. Cen-tenas de renas morreram. Gente de diversos países daEuropa afirmou ter visto o clarão no céu.

Mas a preocupação com os bólidos aumentou mes-mo a partir de 1981, quando foi descoberta a craterade Chícxulub, no Golfo do México, com 192 quilôme-tros de diâmetro. Estudiosos acreditam que ela é a CÍ-

catríz deixada por um asteróide de 10 quilômetros,que teria sido o responsável pela extinção dos dínos-sauros há 65 milhões de anos.

© 1 Newton Verlangieri 2 Divulgação

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Empresário quer uniro útil ao lucrativo

. -se que a quedacorpo celeste deilômetros de diâmetro

.ia os dinossaurosmilbões de anos.

o globo tenestre tem cerca de 150 marcas de im-pacto de asteróides. Isso sem contar as que devem es-tar no fundo dos oceanos. Mas foi o susto pregado pelo1989FC, em 1989, que começou a acordar as autorida-des para o problema. A pedra, do tamanho de um por-ta-aviões, cruzou a órbita terrestre num ponto onde oplaneta havia estado apenas seis horas antes. E °fatosó foi constatado depois de ter oconido.

Hoje, a Nasa investe cerca de 2 milhões de dólarespor ano na identificação dos asteróides com mais de1 quilômetro de diâmetro que apresentam risco de co-lidir com a Terra. Cerca de 15% do total que se supõeexistir já foi rastreado. Mas isso é muito pouco. Paraaprender a desviar asteróides, é preciso, antes, conhe-cer sua constituição e estrutura, o que só se conseguemandando naves para olhá-los de perto. Por isso, amaior esperança dos cientistas está na espaçonaveNear (sigla para Encontro com Asteróides Próximosda Terra, em inglês), quejá visitou o Mathílde, e, a par-tir de janeiro, se aproximará do Eras, outro gigante, de40 quilômetros de diâmetro, que ronda a Terra, mas emórbita inofensiva. Outra alternativa será apelar para ainiciativa privada. A empresa americana SpaceDev jáestá vendendo espaço na nave que pretende mandarao asteróide Nereus, de 1 quilômetro de diâmetro, em2002. Além do lucro com o empreendimento, pretendeir treinando para, no futuro, explorar substâncias comocarbono, alumínio, potássio, magnésío e cálcio nessescorpos celestes. Um jeito de unir o útil ao economica-mente agradável.

ências: semelhantesasteróide de 1 quilômetro,

muito mais ampliadas.

iI,II

I

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ASTERÓIDES

Tragédias no cinema e na TVConheça as principais produções que abordaram apossibilidade de choque de asteróides com a Terra.

A S1FRÓIOE(1998)Minissérie de 1V que

virou video (CannesHome Vídeo). Uma

astrônoma descobreque um asteróide de

4 quilômetros dediâmetro e vários

fragmentos estão acaminho. Mísseis sãoenviados, mas alguns •..••••..•.,.=

pedaços acabamcaindo. As cidades deKansas City e Dallas,onde estavam o pai eo filho da astrônoma,

são destruídas.Um dramalhão danado

WHEN WORWS COlliOE(1951)Um planeta se move em direçãoà Terra e uma arca de Noé com

quarenta pessoas parte embusca de outro lugar no

Universo para povoar. Ganhou oOscar de efeitos especiais. Não

há versão em vídeo no Brasil

© 1 ME1FORO (1979).Um asteróide se choca com umcometa e um fragmento, de 8quilômetros de diâmetro, se dirigepara a Terra. Os Estados Unidos ea União Soviética unem forçasatômicas contra o monstro.Com Sean Connery e Nathalie

-Wood.Saiu-$l-vídeo.pelaWarner

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Quem vê o perigo no céu - um cometa - é umadolescente. Informado, o governo americano resolvebombardear o objeto com armas nucleares. Em trocada exclusividade da informação, uma repórter de TVconcorda em esconder um caso sexual do presidente.Entre os preparativos para o impacto, são construídasenormes cavernas para abrigar 1 000 felizardos:800 cidadãos comuns, sorteados, e 200 médicos,cientistas e artistas. Deve chegar às locadoras em breve.

Armageddon (1998)

Estréia este mês noBrasil. Um asteróide"do tamanho do Estadodo Iexas". que tem áreade 692 244 quilômetrosquadrados e 1 200quilômetros em seu pontomais largo, se dirige paraa Terra. Com dezoito diasde prazo para resolver odrama, o diretor da Nasaconvoca um prospector depetróleo, o durão BruceWillis, e o transforma emastronauta em poucos

dias. Willis deve chefiaruma equipe que vai atéo asteróide para implantarnele, a 250 metros deprofundidade, explosivosnucleares. Feito coma colaboração da ForçaAérea americana e daNasa, o filme custou140 milhões de dólarese é a mais cara produçãode ficção científica já feita-Rendeu 9,5 milhões dedólares no primeiro diade exibição nos EUA.

© 1 Warner Bros 2 Divulgação 3 Stills4 Touchstone Pictures and Jerry Bruckheimer 5 Sygms

Filmes trazem errosaos borbotões

David Morrison, da Nasa, costuma dizer que o nú-mero de gente que se esforça, na vida real, para identi-ficar os corpos celestes próximos da Terra para ver seeles correm o risco de bater no planeta é menor do quea equipe de uma lanchonete do McDonald's. Esse pes-soal tem sentimentos contraditórios com relação aosfilmes que andam saindo sobre seu trabalho. "Eles sãobons porque o público toma consciência do problema epode ajudar a pressionar as autoridades para aumentaras verbas da pesquisa na área", diz Morrison. "Mas oserros que apresentam tiram parte desse valor."

Morrison, assim como outros pesquisadores, nãogosta da maneira "fácil" como se desviam asteróidescom bombas nos filmes. "É como se já tivéssemoscerteza de que esse método funcionaria, o que não éverdade."

Talvez os únicos cientistas que lucrem com os fil-mes sejam os que participam deles, como consulto-res. É um tipo de trabalho novo, que não existiaquando o primeiro da série dedicada ao assunto,When Worlds Collide, foi feito, em 1951. Hoje, tor-nou-se indispensável na sofisticada indústria cine-matográfica.

Simplificação barataem esses, no entanto, devem estar completamen-

te satisfeitos, pois não conseguem eliminar das histó-rias certas licenças dramáticas. Ivan Bekey, que seaposentou recentemente do cargo de diretor de pro-gramas avançados da Nasa e deu consultoria paraArmageddon, sabe muito bem que um asteróide da-quele tamanho jamais estaría na rota da Terra. Numasituação real, admite ele, seriam necessários quatro oucinco anos de alerta para preparar uma missão similarà do filme, de seis a doze meses para chegar ao asterói-de e um longo período para cavar os buracos e deixaras bombas. "Se o alerta viesse apenas algumas sema-nas antes do impacto, só nos restaria rezar", afirma.

O principal concorrente de Arrrwgeddon, Impac-to Profundo, também teve consultores. Mesmo assimmostra britadeiras furando um cometa, cuja densida-de na vida real é similar à de um floco de neve. Alémde conseguir a proeza de calcular a órbita do objetoem 15 segundos, quando seriam necessários pelo me-nos alguns meses. Para completar, a interceptação sedá próxima demais da Terra. Se fosse de verdade, aexplosão seria tão danosa quanto uma trombada.

A G o 5 Tal 998 SUPER 67

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ASTERÓIDES

o remédio atômicoé perigoso dema-is

Não custa lembrar àqueles que querem preparara defesa da Terra contra asteróídes que a ameaçade uma hecatombe nuclear - que parecia riscadada lista de perigos potenciais de extínção da raçahumana - voltou à tona este ano.

Índia e Paquistão elevaram para sete o númerode países capazes de detonar bombas atômicas. Emesmo que os dois rivais não tivessem realizadoseus testes, o mundo não estaria menos ameaçado.

Os veteranos do clube atômico estão longe deter aberto mão de seus arsenais, apesar de todas aspromessas. Além disso, o sistema de controle sobreas armas russas está muito mais deteriorado do quenos tempos da União Soviética, o que aumenta orisco de venda ilegal de artefatos nucleares parapaíses ou organizações políticas.

Dinheiro a rodoNos Estados Unidos, o orçamento prevê o gasto

de 35,1 bilhões de dólares em projetos relativos aarmas nucleares em 1998_E, embora os acordos dedesarmamento proíbam o desenvolvimento de no-vas armas, os americanos acabam de criar a B-61-11, uma bomba que penetra na terra antes de ex-plodir, desenhada para arrasar bunkers.

Nesse cenário, o argumento dos asteróides caicomo uma luva nas mãos dos lobbistas nucleares. Eo remédio proposto por Edward Teller pode resul-tar mais perigoso do que o provável perigo repre-sentado pelos asteróides. Tomara que a Unispace3, conferência sobre o espaço que a Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) está preparando para ju-lho do ano que vem, em Viena, discuta o assunto. e

Estoque explosivoA última contagem, em 1996, mostrou que o mundotinha 24 227 armas nucleares prontas para serem usada

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POR JOÃO S~EINER

Agora quese descobriu queo neutrino temmassa, vai ficar maisfácil vasculhar o queacontece no núcleoda fornalha solar.

JOÃO STEINERÉ PROFESSORDEAsTROFislCA DOINSTITUTO ASTRONOMICOE GEOFfSICO DA USP

© Ilustração Maurício Lara

Um jeito de estudar o coração do SolÉ possível ver o que se passa no interior da estrela.Basta observar os neutrinos, que são partículassubatômicas vindas diretamente lá de dentro.

Feche seus olhos por apenas1 segundo. Pois bem, nesse

segundo, cada centímetro qua-drado do seu corpo foi atraves-sado por 100 bilhões de partí-culas subatômicas chamadasneutrinos. Esse bombardeiovem acontecendo em todos ossegundos desde que você nas-ceu. Mesmo assim, você nãosofreu qualquer prejuízo por-que os neutrinos praticamentenão interagem com as outrasformas de matéria. Como nãotêm força elétrica, nem magné-tica, comportam-se como umaespécie de fantasmas, para osquais o planeta Terra inteiro étão transparente quanto umcopo de cristal diante da luz.

De onde vem essaenxurradade neutrinos? Do núcleo doSol! Láocorrem reaçõesatômi-cas que, a todo instante, criamuma enormidade de neutrinos.Como o próprio Sol é transpa-rente a essas partículas, elaschegam livremente até nós.Então, se pudéssemos montarum observatório de neutrinos,poderíamos "observar" direta-mente o que se passa no cen-tro do Sol? Sem dúvida. Isso,na prática, já está sendo feitodesde os anos 60, por meio deobservatórios gigantescos emdiversos países. Esses instru-mentos precisam ser subterrâ-neos porque as rochas, em ci-ma deles, bloqueiam a entradade outros tipos de partículasvindas do céu (como os pró-tons). Debaixo da terra, é maisgarantido que só os neutrinoscheguem aos detectores.

Mas essastentativas pionei-ras de "olhar" o coração doSol deram um resultado sur-preendente: mostraram que aquantidade total de neutrinossolaresera apenas um terço doque se poderia esperar. Foirealmente uma surpresa, pois,até então, os cálculos teóricossobre as reações do Sol pare-ciam corretos e precisos. E ain-da parecem. Então, o que esta-ria errado? Os especialistasdecada área garantiam que elesestavam certos e que os outrosé que estavam errados. Eu ou-vi, em 1976, o maior especia-lista em cálculo teórico de es-trelas, Martin Schwarzschild,dizer que estavacansado dessejogo de empurra-empurra.

Finalmente, este ano, pareceter surgido uma luz, com oanúncio do laboratório Super-kamiokande, no Japão, de quea massados neutrinos não é ze-ro, como se considera desde adécada de 30. A massa é pe-quena, mas existe. Na prática,issoquer dizer que muitos delespodem estar passando batidopelo detectar, sem deixar regis-tro. Daí porque se pensavaquea quantidade de neutrinos sola-resera pequena - um terço daque previam os estudiosos doSol. Estes, portanto, estavamcertos. A teoria do neutrino éque era incorreta. Vamos veragora seos números batem e sepoderemos usar os neutrinospara observaro núcleo solar. •

A G o 5 T o 1 9 9 8 SUPER 69

I

1I~

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Aquecimento global lá longeComo a Terra, a maior lua de Netunotambém está esquentando. Só queas causas são um pouco diferentes.

Problemas com o excessode calor na atmosfera

não é privilégio do nossoplaneta. Até os mundos nosconfins do Sistema Solar es-tão sujeitos a esse tipo deinstabilidade climática. Co-mo Tritão, o maior satélitede Netuno. Mesmo a umadistância do Sol trinta vezesmaior que a da Terra, o cor-po gelado, de tamanho se-melhante ao da Lua, está2 graus Celsius mais quentedo que estava em 1989,quando a sonda Voyager 2passou por lá. Essa onda decalor não dá para bronzearninguém. A temperatura su-biu de 236 graus Celsius ne-

gativos para 234 graus, tam-bém negativos. Dois graus amais num frio desses podeaté parecer pouco. Mas, se-gundo os especialistas, re-presenta uma elevação de5% em apenas nove anos-o que, na Terra, teria efeitoscatastróficos. O súbito calortritoniano foi percebido pelotelescópio espacial Hubble,que detectou um aumentona densidade da atmosferado satélite. Só que o que es-tá deixando a atmosferamais espessa lá não são ga-ses industriais ou qualqueratividade de ETs. É o Sol. Ohemisfério sul de Tritão estáchegando ao auge do verão.

Nessa época, o satélite se in-clina em 50 graus e recebe aluz solar diretamente sobre acalota polar. É como se, noverão do hemisfério sul ter-restre, o Sol batesse direta-mente sobre a pontinha daPatagônia, no final da Amé-rica do Sul. Assim, o gelo tri-toniano, composto princi-palmente de nitrogênio,derrete. Quando passa daforma sólida para a gasosa,sobe para a atmosfera, quefica, assim, mais espessa.Com o cobertor reforçado,o satélite inteiro sofre deabafamento .•

POR THEREZA VENTUROLl

É verão no hemisfério sulo calor faz o gelo polar de Tritão derreter

lança mais gás na atmosfera.e O pólo sul de Tritãoé coberto d~ nitrogêniocongelado. A medida que

-Mercúrio o hemisfério sul se voltapara o Sol, o gelo derrete

eVênus e libera nitrogênio naforma de gás para aatmosfera. É isso quedeixa o cenário com umleve tom rosado. Assim, atênue atmosfera tritonianafica um pouco mais densae retém mais calor solarperto da superfície .

.aSaturno- .Urano eNetuno - Plutãoe Tritão

© 1 Nasa 2 Ilustrações Newton Verlangieri e intográficos Primati/Thereza Venturoli70 SUPER A G O S Tal 9 9 8

Page 61: 83658015 superinteressante-agosto-1998

• Ao se virar de frente paraoutros pontos cardeais (norte,leste ou sul), gire o mapa.Exemplo: para ver o céu sobreo horizonte sul, volte-se paraa esquerda e gire ao mesmotempo a revista, como se fos-se a direção de um carro.

A G O 5 T O 1 9 9 8 SUPER 71

Page 62: 83658015 superinteressante-agosto-1998

Para muita gente,estudar história

já é uma diversãoem si mesma. Agora,então, com jogosque fazem de vocêpersonagem deacontecimentosimportantes,conhecer o passadovirou uma festa.

No game Jane's Fighter.você participa até demissões de resgate

72 SUPER A G O 5 Tal 9 9 8

~i GAMESI

VÔOS históricosna tela do

computador

posteriores ao Dia D, quando astropas aliadas desembarcaram

na França. E,para terminar,no Luftwaffe Commander, da

Strategic Simulations, você entrana pele de um piloto alemão.

Sefor bom, pode mudar orumo da história, fazendo a

Alemanha ganhar aguerra. Não é uma façanha muito

louvável, mas funciona como umbelo teste para os pilotos virtuais.•

RICARDO B. Sem, DE SIDNEI

Preços:não definidosMicrosoft: 011 822 5764

Electronic Arts: 011 55053713Strategic Simulations.·001 880

283844ge001617761300

Depois de uma fase rica emnovidades na área das

animações, os fabricantes degames resolveram apostar em

temas do passado. E muitos sedeixaram seduzir pelo mesmo

assunto: a Segunda GuerraMundial. Doze jogos inspirados

nela devem ser lançados até o fimdo ano e pelo menos três

simuladores de vôo merecematenção. O mais esperado é

Combat Flight

.,..••rIJI-~~~V Simulator, da Microsoft,~ que traz as qualidades do

consagrado Flight Simulator paraaviões de combate em duas

batalhas de 1940.EmJane's Fighter Legends:Europe 1944, da Electronic

Arts, as missõessãoinspiradas em fatos

anteriores e

_LIVRO

Como darbom sensoàs máquinasQmatemático Marvin

Minsky, 70 anos,do Instituto de Tecnologiade Massachusetts (MID,vai apimentar a discussãosobre inteligência artificialcom seu novo livro,A Máquina das Emoções,que deve ficar prontoaté o final do ano. O que

o criador do Laboratóriode Inteligência Artificialdo MIT pretende coma obra é provar queemoções são apenasformas de pensar e queos robôs poderão, sim,se emocionar, se foremprogramados paratanto. Antes, sóprecisam adquirir bomsenso - o que tambémserá conseguido, emmais alguns anos detrabalho .•

o computador játem consciênciaEm São Paulo, onde estevepara um congresso sobretecnologia, Marvin Minsky deuentrevista exclusiva à SUPERo

o que está faltando àinteligência artificial?

Bom senso.

o que éo bom senso?É um programa. Uma

criança de quatro anos sabeum bilhão de coisassobre omundo. Nenhum computador

© 1 Divulgação 2 Digital Ink

Page 63: 83658015 superinteressante-agosto-1998

Os aviões do LuftwafteCommanderforam feitos apartir de fotos dosmodelos reais

sabe isso. É a invenção queestá faltando. Mas somentedez pessoastrabalham nela.Eeram os mesmos dez em1980. Por isso, não sabemosquando chegaremos lá.

Robôs podem realmentepensar?

Nós somos apenasmáquinas complicadas. Sevocê construir uma máquinaigual ao cérebro humano,ela vai pensar como oshumanos, issose você acharque os humanos pensam.

Thomas Edison (1847-1931), o inventor da

lâmpada elétrica, registroumais de 1 000 patentes, entreelas um aparelho de gravaçãode som e outro de projeçãode filmes. Sevocê querconhecer em detalhes essase outras criações do genialamericano, o CD-ROM AsInvenções de Thomas Edison é uma ótima pedida. A seção

Roda das Maravilhas explicatreze achados, tintim por tintim.O CD tem também um bancode dados sobre descobertasem geral e uma linha do tempocom tudo o que aconteceu deimportante no mundo entre1800 e 1932. Bons textos,músicas originais de fundoe um visual caprichado tornam anavegação ainda mais gostosa.•Preço: 51 reaisBrasoft: 011 2855344

CD-ROM

o americanodas 1 001invenções

Se você forágil, poderáver de pertoexplosõesde bombasno Jane'sFighter

Alguns pesquisadoresacham que máquinasnunca serão inteligentesporque não têmconsdênda. Qual suaopinião sobre isso?

É gente estúpida.Consciência é a habilidadede lembrar o que fizemosrecentemente. Não é mágica,só um jeito de usar amemória. Os computadoresjá têm isso.

©1

o senhor acha que ohomem pode - e deve-construir máquinas maisinteligentes que ele?

Pode. E irá construí-Ias.As pessoas irão dizer"estou cansado de ser •estúpido, vou grudaressas coisas no meucérebro, vou substituirpartes dele para que possa

- pensar melhor e sermudado por elas". Bom,algumas pessoas vãopensar assim. Outras,simplesmente vão morrer.

NEWS

A note uma mensagem,","um papel, escreva"send" ou "e-mailn e, emseguida, o número de faxou o endereço eletrônicode quem deve recebero recado. Se você estiverusando a caneta DigitalInk, desenvolvida naUniversidade CarnegieMellon, em Pittsburgh,Estados Unidos,o bilhete será enviadoprontamente.Ela reconhece e armazenao que se escreve oudesenha e transmitemensagens por fax oue-mail. Mas ainda não saiudo campus. Vai demorarpara você ter uma.

Qassunto hipnoseanda dando o que

falar. Equem se interessapela técnica vai gostardo livro Hipnose-ConsideraçõesAtuais.que acaba de ser lançadopela Editora Atheneu(0112209186). É umaboa obra de referênda,escrita pelo médicoAntonio Carlos de MoraesPassose pela psicólogaIsabel Cristina LabateMarcondes. Não foi escritopara espedalistas,mas é predso atençãopara entendê-Io.

A G o 5 T o 1 9 9 8 SUPER 73

©2

Page 64: 83658015 superinteressante-agosto-1998

~LlVRO

A ciênciacontra olugar-comum1\ idéia do francês

t-\Jean-François Bouvet,doutor em Ciências Naturais,era boa: confirmar oucontestar, com argumentoscientíficos, c1ichêsdifundidosao longo da história.No livro Tem Mesmo Ferrono Espinafre? (157 páginas),ele reuniu 43 chavães comoo do título. O resultado,porém, é desanimador.Falta profundidade naargumentação e o texto échato. Ah, o espinafre temferro, sim, mas pouco.

©1

A tela da Infowaypode ser divididaem duas. Você vê TVe navega na Internetao mesmo tempo

© 1 Divulgação

E O touro não se irrita como vermelho - só vê pretoe branco. E a colherinhano gargalo da garrafanão conserva o gás dochampanhe ...•Preço: 14,90 reaisEditora Ática: 0800 115152

ITECNOLOG~

Ligue a TV enavegue naInternetFaz tempo que a televisão

vem mudando. Jáganhourecursosde vídeo, como ocongelamento de imagens,e de áudio, como o som

surround. Agora chegoua vez da acoplagem aocomputador. Imagine só:com o Infoway 1\1,da Itautec Philco,que chega às lojas emsetembro, você navegana Internet olhandopara um monitor de34 polegadas e ouvindoo som que vem de seis

caixasacústicas! •Preço: aproximadamente5000 reaisItautec Philco: 0800 121 444

~.,-~~--~~ CINEMA

Alienígenas,dones e muitaimaginação

os americanos gostamde acreditar que o

governo esconde ETsnoarmário. O filme Arquivo X,que estréia este mês, deitae rola em cima dessahipótese. Conta quemoradores de outrosmundos estão entre nós hátempos e que o governodos Estados Unidos andaclonando seres mistos dehumanos e alienígenas(credo!). Os agentes FoxMulder e Dana Scully,envolvidos até o pescoçocom os arquivos X - casosque o FBInão conseguiuresolver - vão investigara história. Mas essaé sóuma parte da complicadatrama, que já faz parte doseriado apresentado pelaTV Record e pelo canalpor assinatura Fox.Os fãs vão curtir .•IVONETE D. LucíRIO

Os agentes Muldere Dana procuramETs nos armáriosdo governoamericano

NEWS

Sevocê tropeça natabela periódica,

experimente dar umaavegada pelo CD-ROM

Dr. Quark - A MissãoÁtomo. Pilotando umanave microscópica,pode-se viajar pelomundo subatômico eaprender a distribuiçãodos átomos pelos níveise subníveis de energia.Com bons cenários

~e cheio d~ exercícios,_ o CD, que custa 58 reais,

-dá uma considerávelajuda a quem querou precisadesvendaros mistérios da química.

~ Dush, nunca mais.e- -..n Pelo"menospara

os moradores de Seatlle,em Washington, EstadosUnidos. Foi lançadolá o Tratfic 7V, primeiroserviço de TV a cabo queoferece imagens ao vivode vários pontos decongestionamento da

~cidade. As informaçõessão transmitidasde manhã e no finalda tarde. Assim,

". o motorista podeprogramar um roteiroalternativo. Quem tem:TV no carro é que vaigostar deverdade.

"""""""~ o S T o 1 9 9 8 SUPER 75

Page 65: 83658015 superinteressante-agosto-1998

TECNOLOGIA

Dedal mágicodo Mil chegaao mercado

Sabe qual é a última doInstituto de Tecnologia

de Massachusetts (MimChama-se Phantom.À primeira vista pareceuma luminária dessasde prender na mesa.Só que na ponta, em vez deuma lâmpada, traz um dedal.Sevocê colocar o indicador ae tiver a imagem de uma bokde basquete na telade um computador ligadoa ele, poderá sentira textura, a temperaturae a rigidez do objetona ponta do dedo. Setiver

©1

Sensable, produtora deinstrumentos de realidadevirtual, se empolgou com aidéia e fez uma versãocomercial do Phantom.O único e graveproblema é o preço:20 000 dólares.•wvvwsensable.com

dois aparelhos e boacoordenação motora, podesentir até o peso da bola!Essapequena loucura jáestá saindo do laboratório.A empresa americana

Modelo de Phantomproduzido pela Sensable

~_LlVRO

o robô queentende dedinossauros

Boa misturade ficçãoe ciência

(Jassado e futuro dão-seí as mãos no Hall dosDinossaurosdo MuseuCarnegie de História Natural,em Pittsburgh, EstadosUnidos.É que ali, desde maio, um robôé o encarregado de guiar osvisitantes e contar a históriados bichos extintos milhõesde anos atrás. O robô percebe,por meio de sensores,quandotem gente por perto e, ar,desanda a andar, falar emostrar vídeos.•NIRA WORCMAN,DE NOVA YORKwvvwc/pgh.org/cmnh

Qrornance O CromossomoCalcutá (278 páginas)

é uma salada de gêneros.Temficção científica, suspensee ação. Apesar da mistura,acabou virando leitura dasboas. O livro, que se passano século XXI e envolvecientistas em busca da curapara a malária, fanáticosreligiosos e até mutaçõesgenéticas, rendeu ao autor, oantropólogo indo-americanoAmitav Ghosh, o prêmioArthur C. Clarke de ficçãocientífica em 1996. •Preço: 24,90 reaisEditora Ática: 0800 115152

Visitante ouve anarração do robô-guiano Museu Carnegie,de Pittsburgh,Estados Unidos

© 1 RogérioMaroja 2 Internet 3 Melinda McNaugher

76 SUPER A G O 5 T O 1 9 9 8

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o últimocanto dodinossauro

Que tal uma viagemde 75 milhões de

anos em direção aopassado? Basta ir ao site arembaixo e fechar os olhos.Você vai ouvir o barulhoque o Parasaurolophus,dinossauro do final doperíodo Cretáceo, faziacom a ajuda de sua cristaacústica. A reproduçãodo som, feita porpaleontólogos do Museude Ciência e História

labirinto acústicoOs pesquisadores supõemque o ar aspirado pelaboca produzia sons

~LlVRO

Dormir nãoé perdade tempoAté o final de sua

vida você terádormido cerca de200000 horas.Parece um bocadode tempo jogado fora,não é? Pois não é, não. No livroLadrões de Sono (208 páginas),o neuropsicólogo canadense5tanley Coren mostra queum sono ruim ou escasso podecausar doenças, paranóiase até a morte. A obra traz todasas pesquisas mais recentes daárea, acompanhadas de testespara checar se você andadescansando direito e dicaspara dormir melhor. E, o queé melhor, não dá sono. •Preço: 26,90 reaisCultura Editores. 011 2892019

Natural do Novo México,Estados Unidos,levou três anos. Após adescoberta de um fóssil,em 1995, eles mapearamo interior da crista pormeio de tomografia eum computador ajudou asintetizar o som, parecidocom o do trombone ..•www.nmmnh-abq.mus.nm. us/nmmnh/soundsandimages. html

LIGAIMAP (Internet Messaqe Acce.ss Protocol)Permitelermensagensjá abertasemqualquermirro

Telefonia Í"CPIIPA mesmada Intemet,comligaçõesmaisbaratas

ASaI (American Standard Code for Info Interchanqe)Mensagenssimples.Abremsemnavegador

pop (Post Office Protocol)Retémmensagensno mirro em queforamabertas

Telefonia ATM (Asynchronous Transfer Mode)Opadrãoconvencionaldostelefonesfixos

html no e-mailMensagenscomlinks.Sóabremcomnavegador

" "'

NEWS

nt'epare seu sabre de luzrpara uma novamissão.Mistérios dosSíth, segundo capítulodo jogo JediKnight-O Cavaleiro Jedi, baseadona série Guerra nasEstrelas,está chegandoao Brasil.Com lutas,missõese cenáriosinédítos, o game foitotalmente traduzidopara o português.Só tem um probleminha:para funcionar, precisatambém da primeiraversão do Jedi Knight.

Nãofaltava mais nada.Um CD de música,

chamado Navigator, foilançado especialmentepara quem navega naInternet. O compositor,o americano NickStraybizer Serena, diz terusado sons que ativamas regiões do cérebroligadas à concentraçãoe à criatividade. Se éverdade ou não, nãoimporta. Navigator é umCD de newage, aqueleestilo que uns adoram,por achar relaxante,e outros odeiam, porconsiderar um tédio.Custa 20,99 reais e podeser comprado pelotelefone 0112519144.

A G-O 5 T o 1 9 9 8 SUPER 77

Page 67: 83658015 superinteressante-agosto-1998

POR LUIZ BARCO

Brincar detransformar letrasem números podesignificar mais doque uma simplesdiversão. O professorBarco mostra comoa resolução de umpequeno problemaé capaz de revelarcriatividade eaté genialidade.

LUIZ BARCO E PROFESSOR

DA ESCOLA DE COMUNICAÇÕES

E ARTES DA UNIVERSIDADE

DE sÃO PAULO

© Ilustrações lUlz Iria

Letras que valem númerosDuas maneiras engenhosasde solucionar umacuriosidade matemática.

IIse enxerguei mais longefoi porque eu estava

sobre os ombros de gigan-tes." A frase do físico inglêsIsaac Newton (1642-1727) écertamente uma demonstra-ção de modéstia. Mas tam-bém carrega boa dose de ver-dade. Osconhecimentos acu-mulados ao longo do temposervem de base para a maio-ria das descobertas. Da mes-ma forma, porém, é inegávelque homens raros comoNewton têm o condão de en-xergar mais longe.

Um problema simples podeilustrar o que eu quero dizercom esse "enxergar mais lon-ge". A proposta é destrinchara adição representadaabaixo.

ABCOOCBA+000012300

Osnúmeros ABCD, DCBAe0000 possuem osmesmos dígitos, só aordem em que elesaparecemé que mu-da. No primeiro, elaé crescentee os al-garismos são con-secutivos; no se-

gundo, decrescente;no terceiro, desconhecida.

Primeiro, vou mostrar a so-lução que me foi trazida outrodia por um estudante de jor-nalismo. Logo de cara, ele pe-cebeu que A sópoGleriavaler1, 2 ou 3. Sefosse4 ou mais,D seria 7 ou mais e, aí, qual-quer dos valorespossíveispa-ra o primeiro quadradinho (4,5, 6 ou 7) resultarianuma so-

ma maior do que 12, inviabili-zando a solução.

O A igual a 1 também foidescartado, pois os quadra-dos teriam que ser maioresouiguais a 5 para resultar em al-go superior a 10 000, o quecontradiz a hipótese de ter osmesmos dígitos dos númerosanteriores.Veja:

1 2344321

+000012300

A igual a 3, vê-selogo, é ou-tra opção impossível.Há váriasrazõespara isso.A maisvisívelé que o último quadrado, adi-cionado ao 3 e ao 6, seriamaior do que 10. Confira:

3456.6543+000012300

Valea pena pensarum pou-co mais sobre o A igual a 3.Vocêvai sedivertir tanto quan-to paraverificaro A igual a 2:

23455432

+000012300

Paraobter o zero da unida-de, o último quadrado teriaque ser 3. Não esqueça que"vai 1", o que-faz com que openúltimo quadrado seja iguala 2. Paraque a centena do re-sultado dê 3, o quadrado aci-ma dele terá que ser 5 e o quesobrarseránecessariamente4.Observecomo fica a conta:

2 3 4 55432

+452312300

ABCOou O C BA+COAB

12300

Achei tão boa a soluçãoque resolvi mostrá-Ia a vo-cê. Mas há outra, tambéminteressante, atribuída aHans Marbert e citada porMartin Gardner no livro Ro-das, Vida e outras DiversõesMatemáticas, da editoraportuguesa Gradiva (Lisboa,1992). Marbert diz que asaída encontrada vale paraqualquer seqüência ABCD,se a soma for feita na base(A + B + D). Vamos testar aproposta para a base 7.Nesta base, os númerosapareceriam na seguinte se-qüência: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10,11,12, 13, 14, 15, 16,20,21... Ou seja, a cada seisnúmeros, pula-se para a de-zena seguinte. Assim, a so-ma abaixo estaria correta.

1 234432 1

+ 34 1 212300

Todos sabemos que 4 + 1+ 2 é igual a 7, mas não há7 na base 7. Depois do 6,vem o 10. Por isso, o zero naunidade do resultado estariacorreto. Procedendo domesmo modo na adição in-teira, você vai ver que a so-ma está certa. Marbert comcerteza encontrou primeiroa solução do sistema deci-mal, que vimos anterior-mente. Mas ele olhou alémdas cercas consentidas edescobriu esta bela alterna-tiva, isto é, subiu no montedos conhecimentos estabe-lecidos, mas ousou buscaroutros paradigmas .•

A G OS T O 1 998 SUPER 81

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Combate no escuroDesafie seu adversáriopreferido para uma partidade xadrez às cegas.

POR lUIZ DAL MONTE NETO

Bom de jogar e dever, o Kriegspiel,que o Dai Monteensina nesta edição,é um jogo que exigeimaginação.Os adversários ficamde costas um parao outro e só vêemas próprias peças.Um ótimo exercíciode dedução.

,Esempre surpreendente a

capacidade de algunsenxadristas para visualizar,com váriasjogadas de antece-dência, aquilo que o comumdos mortais não enxerga nemmesmo quando a peça já foimovida no tabuleiro. Esseta-lento, comum a todos osgrandes profissionais de vá-rios jogos e também compar-tilhado por alguns amadoresbrilhantes, é ainda mais sur-preendente quando exercidosem ter sequer o apoio visualdo tabuleiro, ou seja, inteira-mente às cegas.

Nesse tipo de dispu-ta, é comum um dosparceiros atuar nor-malmente, olhandoe movendo suas pe-ças,enquanto o adver-sário faz seus lances

mentalmente. Este não podenem observar as posições re-sultantes das jogadas. Traba-lha o tempo todo no escuro.

Há, entretanto, uma moda-lidade que é quase um ultrajeà capacidade de processa-mento de um cérebro co-mum. Trata-se da simultãneaàs cegas, isto é, um só joga-dor disputando, sem olhar,várias partidas diferentes aomesmo tempo, contra opo-nentes que jogam individual-mente, todos acompanhan-do os respectivos tabuleiros.

Confrontos de xadrez bi-zarros assim já foram

várias vezes orga-nizados, sobretu-

do para remu-nerar profissio-

nais talentosos e

LUIZDAL MONTE NETOt ARQUITETO E DESIGNERDE JOGOS E BRINQUEDOS

82 SUPER A G O S T O 1 9 9 8

necessitados, e a quantidadede partidas concomitantescomeçou a inflacionar. Oamericano Harry Nelson Pills-bury (1872-1906) jogou 21partidas contra adversáriosdos bons, durante um tor-neio em Hannover, Alema-nha, em 1902. Pillsbury dei-xava até que os outros jo-gadores se consultassem mu-tuamente sobre os melhoreslances e os testassem previa-mente, mexendo as peçassobre os tabuleiros. Seu re-sultado: três vitórias, onzeempates e sete derrotas.Após doze horas de jogo!

ISSO, claro, é para poucos.Mas existe um curioso

meio-termo entre a parti-da às cegas e a normal,bem mais palatável para gen-te como a gente. É uma va-riante excêntrica do xadrez,chamada Kriegspiel, que vocêpode adaptar para outros jo-gos de tabuleiro, desde queconheça a idéia fundamental,muito simples.

© Ilustrações Osires

Page 69: 83658015 superinteressante-agosto-1998

Além de dois jogadores,é preciso uma terceirapessoa para atuar comojuiz. Os dois primeirossentam-se de costas umpara o outro, cada qualcom um tabuleiro e so-mente as suas próprias pe-ças. Entre eles, posiciona-se o juiz, que terá um ter-ceiro tabuleiro e as peçasde ambos os contendores.

A cada lance, o juiz movea respectiva peça no seu ta-buleiro e avisa o adversárioque o deslocamento foi fei-to. Se a jogada não estiverdentro das regras, limita-sea dizer "não pode" - e so-licita outra opção. Quandoacontece uma captura, avi-sa a ambos e diz onde foi,mas não quais as peças en-volvidas (alguns permitemessa informação). Quandohá xeque, comunica-o, in-formando se foi ao longode uma coluna, fileira, dia-gonal, ou se foi dado comum cavalo. A única pergun-ta que os jogadores podemfazer (quantas vezes quise-rem) é se existem capturasdisponíveis com peões -em caso afirmativo, devemtentar fazer uma.

Usando muito raciocíniodedutivo, os jogadores aca-bam por descobrir onde es-tão as peças inimigas epartem para o assalto fi-nal. Kriegspiel é gostoso dejogar e talvez ainda maisde assistir. Vale a pena ex-perimentá-Io .•

~Fácil

WMédio

0filiDifícil

~~ d

:oA!le5au ou 'o~5nlos 'VsaznJ) A~

t,J1j

·tI-v'senal sewsawsela<! OpUellOA'ep!n5as wa 'a O-V-tI

S04u!we} so JeJap!SUO}oeu iod 'ti epe}eJed azunb ep S!2WJenumua an5asuO}ogu ajUa5 el!nV'j ·lelOI ou sapep!l!q!ssod

elual!O sowal 0501 :saluaJaj!p saiuo,alU!Aap tlVO\1t! Jal as-epod salap wn

epe} sp JllJed v·saJJa oneob sop wnualuaweUe5Sa}au e5awm eJnl!al epe]

Jepelj Ó

'opepõur» ~lsa 05el O Aezal\al IJ

A G O 5 T O 1 9 9 8 SUPER 83

iI"

QY LevezaHélio,o "paranorrnal levitador",não passade um charlatãocheiode truques.Apesardisso,tem conseguidocaminhardiariamentesobreum lago perto desuacasa,semtruquese semdificuldades.Como issoé possível?

n Radar1No esquemaviário ao lado pode-se

ler a palavraRADARde váriasmaneiras,semprecomeçandopor um Re andandopelasruasem todos ossentidospossíveis.Vale lerde cima parabaixo,de baixopara cima,da frente paratrás e de tráspara a frente.Emcadaesquinahá umaletrae,ao passarpor ela, não se podepulá-Ia.Dequantosmodosdiferentespode-selera palavraradar?

('1[1 Cruzes1 Y Asquatro peçasda figura

foram dispostasde modo a comporuma cruz.Nãoé a chamadacruzgrega,na qual todosos braçossão iguais.Comorearranjaras quatro peças,semsuperposição,para que surja umaautênticacruzgrega,inclusivecom a junção centraldo mesmotamanho que os braços?

(1j)[111Y Tudo de frente

Emabril de 1994, os leitoresde 5uperdivertidoconhecerama transformaçãode um Enum quadrado,com três cortes retos,conforme sevê abaixo. Essasoluçãoexigia,porém, que uma das peçasfosseempregadade costas.O inglês HenryErnestDudeney(1857-1930),geniaI criador de quebra-cabeças,conseguiuoutra soluçãoem que todas as peças

podem ser usadas [illJde frente, mas com Dquatro cortes retos.Como? C

A A BI.<::::._---=~

Page 70: 83658015 superinteressante-agosto-1998

e olho no Universo

N a reportagem Velocidademáxima, editada na SUPER

de junho, mostramos paravocê que o Universo está

se expandindo rapidamente.

Na mesma época, a VEJA publicouuma notícia sobre o encolhimentouniversal. Diante do estica e puxa das

galáxias, nossos leitores ficaram

intrigados. Afinal, o que vai acontecer

com o mundo? Para resolver a dúvida,

buscamos a ajuda do astrônomoAugusto Damineli (veja na página 88).Mas uma conclusão é óbvia: o leitor

está com as suas antenas superligadas e

capta todas as informações cósmicas queestão circulando pela mídia. Ainda bem.

REGINA PEREIRA

ATENDIMENTO AO LEITOR·1

Números que você faz

No mês de junhorecebemos:

2 601 e-maUs

1 290 cartas

2032 telefonemas

SUPER de norte a sulEm junho, mais de 5000leitores falaram com a SUPER.O Brasil todo conversouconosco, mas algumas regiõesapareceram mais. Veja nográfico abaixo quais foramos Estados campeões.

PesquisaSUPER

No mês de junho, 333 leitoresresponderam à pergunta:

• Você acredita queo sudário de Turimrealmente abrigou Cristo?

'PArti:- acham que sim.A maioria diz que umafraude seria impossível.Veja uma das opiniões:"Nem com a tecnologiaque temos hoje poderíamosconfeccionar um sudáriotão rico em detalhes."

José Francisco de Oliveira FilhoRiacho das Almas, PE

MiW acham que não.Temgente que vê uma farsapor trás do Sudário:"Tudo não passa de umasituação planejada pelaIgreja para arrastar mais

fiéis e aumentar o seupoder econômico."

Cristiano de Oliveira SousaGoiânia, GO

I!fJIlWID estão indecisos:"Vou esperar os novos testese a resposta final da ciência"

Huarley Pratte,Nova Venécia, ES

86 SUPER A G o S T o 1 9 9 8

19%

SP MG RS BA

Em setembro, é aniversário daSUPER. Escreva para nóscontando qual foi a reportagemque você mais gostou desdeque lê a revista.

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Questionandoa tecnologia

Fiquei admirado com a tec-nologia mostrada na reporta-gem Robocopa (número 6,ano 12), mas questiono sua fi-nalidade. De que adianta a-queles robôs horríveis ficaremempurrando uma bolinha?Para mim, tudo isso não passade excentricidade. Concordocom a evolução tecnológica,mas não com invenções fúteis.

Éder Rosner de MacedoCapão da Canoa, RS

A emoçãoda pelada

Achei muito oportuno oartigo Robocopa (número 6,ano 12). O problema é queaqueles robôs não transmi-tem a menor vibração, ale-gria ou paixão. Além disso,tenho certeza de que elesnunca vão jogar uma peladi-nha no final de semana.

Lucilândio CarvalhoParnaíba, PI

o Brasil ficou em segundolugar no campeonato daFederação Internacional deFutebol de Robôs. Otime daUniversidade de São Pauloperdeu para a Coréia por 25 a O

Imitar a ação dos glóbulos vermelhos é desafio para a ciência

Incentivocontra anemia

Ao ler o artigo Atrás dosangue azul, laranja, in-color (número 6, ano 12)fiquei ansioso pela chegadado sangue artificial, masacho que o preço vai sermuito alto para a popu-lação. Não seria mais viávelincentivar a doação paraque os bancos de sanguenão fiquem anêmicos?

Everaldo Freitas SantosFloriano, PI

Leitorsuperinteressante

Um projetodo barulhoo leitor Carlos Eduardo Leal,que é vice-diretor do Institutode Físicada Universidade Es-tadual do Rio de Janeiro(UERJ),além de trabalhar como que há de mais avançadona Física,agora está aplican-do seus conhecimentos emum belo projeto ambiental:Qual a sua área de atuação?É Física da Matéria Conden-

Sobra pacientee falta doador

Fiquei bastante espantadaao ler a reportagem Atrásdo sangue azul, laranja,incolor (número 6, ano 12).Descobri que os bancos desangue estão cada vez maisvazios, não apenas pela dimi-nuição dos doadores, masprincipalmente pelo aumen-to de pacientes que precisamda transfusão.

Cristine TellierSão Paulo, SP

sada. Pesquiso semiconduto-res, que são essenciais, entreoutras coisas, para desenvol-ver chips mais avançados.Como é o projeto ambientalem que o senhor estáenvolvido?Vamos monitorar as escolasmunicipais e avaliar os da-nos na aprendizagem que apoluição sonora causa. Jásabemos que, em alguns lu-gares, a intensidade do somchega a 70 decíbeis porcausa do trânsito. Com essebarulho, a concentração fi-ca difícil.

A ajudado leitor

Os leitores nos ajudama manter a qualidade dasinformações publicadas.Muitos dos que nos escrevemsão especialistas nos assuntostratados por nossas reporta-gens. É o caso do biólogo luizAngeli Alves, da UniversidadeEstadual do Oeste do Paraná,que nos alertou sobre doiserros na matéria Fósseis na vi-trine (número 5, ano 12):

II Vocês disseram na

legenda da foto de

abertura que o filhote

de besouro ensaiava seu

primeiro vôo. Não está

correto. Quando surgemas asas, o inseto já deixoude ser filhote há muito

tempo. Além disso, foi

dito que os ácaros sãoinsetos, quando naverdade eles sãoaracnídeos. II

© 1 Newton Verlangieri 2 Luiz Iria 3 Pedra GarridoA G O 5 T O 1 9 9 8 SUPER 87

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Cara a caracom o viking

Quando vi a repor-tagem Guerreirosde Odin (número6, ano 12) senti osolhos azuis do vi-king me encaran-do. Além do rosto

bastante expressivo,gostei das ilustraçõesqueenfeitavam as páginas.Me coloquei no lugar deum arqueólogo decifran-do os enigmas escandi-navos. Agradeço à SU-PERpor nos mostrar coi-sasdo passado.

Enzo Potel Quag/ioItajaí, se

Para evitar.as cinzasSobre a reportagem Cui-

dado! Inflamável! (nú-mero 6, ano 12) gostariade enfatizar que a Amazô-nia precisa de um cuidadoespecial para que o pior nãovenha a acontecer: um in-cêndio incontrolável. Todosdevem contribuir, desde ospolíticos até aqueles que vi-vem em áreaspróximas à flo-resta. A região precisa daajuda de todos os brasileiros.Será melhor ainda, é claro,se as condições meteorológi-casestiverem a nosso favor.

Cláudio Apolonio MatosDiadema, SP

Crime contrao verde

Cuidado! Inflamável!(número 6, ano 12) serviu dealerta. Infelizmente, com achegada do período das se-cas, que começa em maio, atendência é a floresta ficarainda mais vulnerável aos in-cêndios criminosos.

Flávio Rodrigues LimaPorto Velho, RO

88 SUPER AGOSTO 1998

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Nacionalidadede Einstein

NaseçãoUniversode junho,o físico Alberf Einstein é cha-mado simplesmente de ale-mão. Mas deve-se lembrarque Einsteinerajudeu nascidona Alemanha. Chamá-Io ape-nas de alemão é apagar suaorigem judaica.

Petrueio ChalegrePorto Alegre, RS

o computadore a arte

Acompanho a SUPERdesdea primeira edição e ultima-mente estou notando que asilustrações estão muito com-putadorizadas. Sinto sauda-des dos desenhos feitos àmão. Hoje os computadoresestão invadindo tudo.

Daniel TrezubFlorianópolis, SC

Há muito oque desvendar

Não aceito a afirmaçãodos cientistas, em Enganoà primeira vista (número6, ano 12), de que o rostovisto em Marte é só uma ilu-são de óptica. A verdadeirailusão é pensar que já des-vendamos tudo.

Ariston Carmo CastroGoiânia, GO

Como diziaSagan

o engano sobre a facemarcianarevelaa validadedafrasede Car!Sagan:"Afirma-ção extraordináriarequer evi-dênciaextraordinária".

Marco Aurélio AntunesSanta Maria, RS

A tendênciada NASA

Por que a NASA insisteem negar ou esconder cer-tas evidências? Na minhaopinião essa descrença émuito tendenciosa.

Eduardo Oliveira SilvaCexiss, MA

©4

,I

A gruta do Lago Azul em Bonito (MS) e suas águas cristalinas

Imagensdo paraíso

Achei asfotos de No reinodas águas claras (número6, ano 12) fantásticas. Dá pa-ra ver que o local é mesmoum paraíso.

Darei Costa de OliveiraDourados, MS

Bonitode se ver

Quando li No reino das á-guas claras (número 6, ano12) fiquei maravilhada. Asimagenssão um bálsamoparaos nossos olhos, cansados dever tanta devastação.

Dalice Gomes SilvaBrasília, DF

© 1 luiz Iria 2 Paulo Nilson 3 NASA 4 Milton Shirata

CRISTAISO inglês Robert Hooke (1635-1703), que desvendou a estrutu-ra dos cristais, não foi o inventordo microscópio composto, co-mo está escrito na página 54(número 5, ano 12). O autor dafaçanha foi o holandês AntonieVan leeuwenhoek (1632-1723).

CARBONO 14As legendas estão troca das napágina 69 (número 6, ano 12).No infográfico que explica co-mo funciona o teste do carbono14, o pano mais recente é o ter-ceiro desenho e a peça antiga, oquarto.

SINAPSENa página 40 (número 4, ano12), foi publicado que as sinap-ses são as regiões onde os neu-rõnios se tocam. Na verdade, ascélulas nervosas não encostamumas nas outras e sinapses sãoo lugar on de ocorre o contatoeletroquímico entre elas.

VIKINGSNo mapa que representa a ex-pansão dos vikings, na página75 (número 6, ano 12), as setas-que representam os povos origi-nários da atual Noruega estãotrocadas com as que indicam osda atual Dinamarca.

SIVAMO Erieye, um dos sensores quefazem parte do projeto Sivam,não é capaz de enxergar debai-xo d'água, ao contrário do queestá escrito na página 52 (nú-mero 4, ano 12). O responsávelpela vigilância submarina é ou-tro radar, o SAR.

A G O 5 T O 1 9 9 8 SUPER 89

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Dominar animais

pode ser umesporte fascinante,

embora arriscado.Aprender com

eles é tãointeressante

quanto, e,ainda por cima,

mais seguro.

Há duas coisas pelasquais os animais sãoinvejados: não sabemnada sobre os futurosinfortúnios nem sobreo que as pessoas dizema respeito deles.Voltaire(François-MarieArouet)(1694 -1778)Filósofo francês

Os gatos são amoraise imorais, quebrandodeliberadamente as regras.Sua "maldade" parecenão ser uma projeçãoda humana: o gato talvezseja o único animal quesaboreia a perversidadeou reflete sobre ela.Camille Paglia51 anosEscritora americana

Os animais estão deposse de si mesmos;sua alma está deposse do seu corpo.Mas eles não têm direitosobre suas vidasporque não querem isso.Georg WilhelmFriedrich Hegel(1770-1831)Filósofo alemão.

eEu aprendi como osmacacos aprendem -olhando os seus pais.Elizabeth 1172 anosRainha da Inglaterra

SUPER AGOSTO 1998

Dilatação inesperadaEm 1992, os laboratórios da empresa farmacêuticaPfeizer na cidade de Sandwich, Inglaterra, testavamuma nova droga para dilatar as coronárias. A subs-tância, chamada sildenafil, estava sendo usada porcerca de 500 voluntários, homens e mulheres. Paradesânimo dos farmacologistas, ela mostrava umefeito medíocre sobre o coração. Mas vários volun-tários do sexo masculino notaram que, quando esti-mulados sexualmente, apresentavam uma ereçãomais duradoura do que a normal. A Pfeizer então re-solveu mudar o rumo da pesquisa e estudar a efi-ciência da droga no combate à impotência. Depoisde cinco anos de testes chegou à fórmula final doViagra (nome comercial do sildenafil). as pílulasazuis lançadas com estrondoso sucesso no mercadoamericano em abril deste ano. •

Gatos nos olhamcom superioridade.Cachorros nos olham comdocilidade. Só os porcosnos olham como iguais.Winston Churchill(1874-1965)Estadista inglês

e

Nenhum animaladmira outro animal.Um cavalo não admirao seu companheiro.Blaise Pascal(1623-1662)Filósofo francês

Os escritores gostamde gatos porque sãocriaturas calmas, amáveise espertas,os gatosgostam dos escritorespelas mesmas razões.Robertson Davies(1913-1995)Escritor canadense

Todo animal deixavestígios do que elefoi; o homem é oúnico que deixa pistasdo que ele criou.Jacob Bronowskj(1908-1974)Matemático polonês

eTodos os animais,com exceção do homem,sabem que o principalobjetivo da vidaé usufruí-Ia.Samuel Butler(1835-1902)Crítico inglês

As boas qualidades dosanimais mostram-seno vigor do corpo;as dos homens naexcelência do caráter.Demócrito de Abdera(460-370 a.C)Filósofo grego

© Fotos Eric Brissaud I Gamma

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