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ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1 CONCRETO AUTOADENSÁVEL COM AGREGADOS BRITADOS DE BASALTO Self compacting concrete added with crushed aggregate Lucas Luizário Coelho (1); Berenice Toralles Carbonari (2) (1) Engenheiro Civil, Tekton Rio Preto LTDA. [email protected] (2) Professora Doutora, Universidade Estadual de Londrina/ Departamento de Construção Civil [email protected] Resumo O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um concreto autoadensável utilizando em sua composição agregados provenientes da britagem de rocha basáltica, da região de Norte do Paraná. Sendo assim, os aspectos físicos e as características destes agregados foram estudados. Também foram verificadas as dificuldades da utilização dos mesmos para a produção do concreto autoadensável. Para atender aos critérios de autoadensabilidade do concreto foram realizados no estado fresco, os ensaios especificados pela NBR 15823/2010, partes 1, 2, 3, 4 e 5. Para tanto, foram realizados previamente estudos de dosagem com os agregados britados selecionados. Para atender aos critérios de autoadensabilidade, utilizou-se um aditivo redutor de água de elevada efetividade de última geração, para promover ao concreto as características reológicas desejadas. Ao longo dos estudos de dosagem foi constatado que a utilização apenas de agregados britados para compor a areia do CAA não alcançou o efeito desejado na produção deste tipo de concreto. Desta forma, a areia utilizada teve de ser composta com areia natural, e os testes prosseguiram até a obtenção do concreto autoadensável. Pode-se concluir então que é possível a incorporação do agregado oriundo de britagem de rocha basáltica, da região Norte do Paraná, para compor a areia utilizada na produção do CAA, porém em baixas quantidades, devido a granulometria e a forma que este agregado apresenta. Palavra-Chave: Concreto Autoadensável. Agregado Britado. Aditivo Redutor de Água. Ensaios para Concreto Autoadensável. Abstract This study aims to develop a self compacting concrete using in its composition aggregates from crushing of basaltic rock of the region of Northern Parana. Thus, the physical aspects and the characteristics of these aggregates were studied, as well as the difficulties of their use for the satisfactory production of a self compacting concrete. To meet the criteria of self compacting of the concrete, were made, in fresh state, tests specified by the NBR 15823/2010 parts 1, 2, 3, 4 and 5. Therefore, were previously performed dosing studies with the crushed aggregates selected. To meet the criteria of self compacting, was used a water- reducing additive of high effectiveness of last generation, to promote the desired concrete plasticity. Over the dosing studies, was found that using only crushed aggregates composed of rock to compose the sand of the SCC not achieved the desired effect in the production of the SCC. Thus, the used sand had to be composed with natural sand, and the tests proceeded until the attainment of self compacting concrete. It can therefore be concluded that it is possible to incorporate the aggregate derived from crushing of basaltic rock of the region of Northern Parana to compose the sand used in the production of SCC, but in low amounts, due to particle size and the shape that this aggregate has. Keywords: Self-compacting concrete. Crushed aggregate. Water Reducing Additive. Tests for self-compacting concrete.

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    CONCRETO AUTOADENSVEL COM AGREGADOS BRITADOS DE BASALTO

    Self compacting concrete added with crushed aggregate

    Lucas Luizrio Coelho (1); Berenice Toralles Carbonari (2)

    (1) Engenheiro Civil, Tekton Rio Preto LTDA.

    [email protected] (2) Professora Doutora, Universidade Estadual de Londrina/ Departamento de Construo Civil

    [email protected] Resumo

    O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um concreto autoadensvel utilizando em sua composio agregados provenientes da britagem de rocha basltica, da regio de Norte do Paran. Sendo assim, os aspectos fsicos e as caractersticas destes agregados foram estudados. Tambm foram verificadas as dificuldades da utilizao dos mesmos para a produo do concreto autoadensvel. Para atender aos critrios de autoadensabilidade do concreto foram realizados no estado fresco, os ensaios especificados pela NBR 15823/2010, partes 1, 2, 3, 4 e 5. Para tanto, foram realizados previamente estudos de dosagem com os agregados britados selecionados. Para atender aos critrios de autoadensabilidade, utilizou-se um aditivo redutor de gua de elevada efetividade de ltima gerao, para promover ao concreto as caractersticas reolgicas desejadas. Ao longo dos estudos de dosagem foi constatado que a utilizao apenas de agregados britados para compor a areia do CAA no alcanou o efeito desejado na produo deste tipo de concreto. Desta forma, a areia utilizada teve de ser composta com areia natural, e os testes prosseguiram at a obteno do concreto autoadensvel. Pode-se concluir ento que possvel a incorporao do agregado oriundo de britagem de rocha basltica, da regio Norte do Paran, para compor a areia utilizada na produo do CAA, porm em baixas quantidades, devido a granulometria e a forma que este agregado apresenta. Palavra-Chave: Concreto Autoadensvel. Agregado Britado. Aditivo Redutor de gua. Ensaios para Concreto Autoadensvel.

    Abstract

    This study aims to develop a self compacting concrete using in its composition aggregates from crushing of basaltic rock of the region of Northern Parana. Thus, the physical aspects and the characteristics of these aggregates were studied, as well as the difficulties of their use for the satisfactory production of a self compacting concrete. To meet the criteria of self compacting of the concrete, were made, in fresh state, tests specified by the NBR 15823/2010 parts 1, 2, 3, 4 and 5. Therefore, were previously performed dosing studies with the crushed aggregates selected. To meet the criteria of self compacting, was used a water-reducing additive of high effectiveness of last generation, to promote the desired concrete plasticity. Over the dosing studies, was found that using only crushed aggregates composed of rock to compose the sand of the SCC not achieved the desired effect in the production of the SCC. Thus, the used sand had to be composed with natural sand, and the tests proceeded until the attainment of self compacting concrete. It can therefore be concluded that it is possible to incorporate the aggregate derived from crushing of basaltic rock of the region of Northern Parana to compose the sand used in the production of SCC, but in low amounts, due to particle size and the shape that this aggregate has. Keywords: Self-compacting concrete. Crushed aggregate. Water Reducing Additive. Tests for self-compacting concrete.

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    1 Introduo Nos dias de hoje, comum se falar de sustentabilidade, ecologia e reutilizao de materiais. Neste contexto, a construo civil aparece como grande contribuinte para a gerao de resduos e de problemas ambientais. Este trabalho tem o intuito de estudar a utilizao da areia de britagem, que um subproduto do processo da moagem do basalto, na composio do concreto autoadensvel, este que por sua vez, representa um dos maiores avanos tecnolgicos no desenvolvimento de concretos das ltimas dcadas. Este tipo de concreto apresenta muitas vantagens se comparado ao concreto convencional, destacando-se: a eliminao da utilizao de vibradores para o preenchimento das formas (mesmo as menores e mais complexas) e a otimizao da mo de obra, visto que necessita de muito menos trabalhadores para sua execuo. Consequentemente esta reduo do uso de equipamentos e de mo de obra resultam tambm em um menor custo para sua aplicao (EFNARC, 2005). Alm destas caractersticas, o CAA apresenta um melhor empacotamento do esqueleto granular, o que propicia um melhor desempenho em ambientes agressivos, devido a sua menor porosidade, dificultando a entrada de agentes qumicos que poderiam causar manifestaes patolgicas no elemento de concreto (EFNARC, 2005). A areia de britagem, por sua vez, utilizada hoje em pequena escala, tendo aplicaes marginais, e ficando em sua grande maioria, estocada em montes nas pedreiras, causando grandes impactos ambientais (ALMEIDA, 2005). Segundo Guacelli (2010), h vrias vantagens na substituio da areia natural pela areia artificial, produzida a partir de moagem de rocha, dentre as quais, se destacam a reduo do impacto ambiental, a abundncia de jazidas de origem basltica, a maior proximidade entre a produo e a utilizao final dos agregados midos, o que implica na reduo dos custos envolvendo o transporte, alm da obteno de uma areia com caractersticas constantes. 1.1 Problema Analisado A utilizao de um agregado produzido a partir do processo de britagem, apresenta algumas peculiaridades quanto a forma do produto final. Segundo Silva (2006), os agregados provenientes do processo de britagem, apresentam a forma mais angular que os agregados naturais, ou seja, menos esfrica, e este fato pode influenciar de forma negativa a trabalhabilidade do material produzido com estes compostos, pois a tendncia que estes agregados tenham maior interao entre si, dificultando assim, a movimentao da pasta de concreto. Sendo assim, h a necessidade de adequar este produto, por meio de otimizao dos parmetros obtidos nas curvas granulomtricas, de forma a propiciar sua utilizao na produo do concreto, sem que este interfira negativamente na reologia do produto final.

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    1.1.1 Histrico O desenvolvimento do concreto autoadensvel ocorreu no Japo em 1986, pelo professor Hajime Okamura, motivado pela preocupao com a durabilidade das estruturas construdas na poca, pois para tornar as estruturas de concreto, tradicionalmente vibradas, mais durveis, era necessrio o emprego de mo de obra especializada, para que assim, houvesse a certeza de que os elementos seriam corretamente vibrados, e no apresentariam manifestaes patolgicas, como o aparecimento de bicheiras, nem a dvida da homogeneidade da resistncia da pea devido a possvel segregao do agregado ocasionada por vibrao excessiva. (OKAMURA et. al., 2003). Porm, esta mo de obra especializada se tornava mais escassa a cada ano devido industrializao japonesa, o que ocasionou a migrao destes trabalhadores para as fbricas japonesas. Sendo assim, a soluo encontrada para garantir a qualidade do produto final, independentemente da mo de obra empregada, foi o desenvolvimento de um concreto com caractersticas de fluidez e coeso, visto que este eliminaria a necessidade de vibrao e atenderia a todos os requisitos necessrios para garantir a qualidade do produto final (OKAMURA et. al., 2003). 1.1.2 Definio das principais caractersticas Basicamente, a composio do concreto autoadensvel muito semelhante do concreto convencional, visto que os compostos primrios so idnticos em ambos, estes que so o cimento, agregados grados, agregados midos e gua. A diferena da composio dos CC e do CAA o uso de aditivos (superplastificantes, e ocasionalmente modificadores de viscosidade), juntamente com a diminuio dos agregados grados e a adio de materiais finos como areias finas e filers de forma a melhorar a reologia do composto (TUTIKIAN, 2004). Estas sutis modificaes propiciaram a produo de um concreto de alto desempenho, com uma grande capacidade de fluir em seu estado fresco, sem sofrer segregao dos agregados que o compe (EFNARC, 2005). A dimenso dos agregados tem de ser menor que a utilizada no concreto convencional visto que um dos objetivos almejados na produo deste material a capacidade de ultrapassar armaduras muito densas, sem que haja necessidade de qualquer forma de compactao. A influncia da interao entre os agregados muito relevante para a boa trabalhabilidade do CAA no estado fresco. Portanto, a quantidade de agregado grado deve ser limitada para que estas caractersticas sejam alcanadas. J, quanto a sua dimenso, esta deve ser limitada de acordo com a pior seo a qual o CAA fluir na pea a ser concretada (EFNARC, 2005; TUTIKIAN, 2004). Um concreto s considerado autoadensvel quando obedece aos parmetros de fluidez, coeso e resistncia segregao (EFNARC, 2005).

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    2 Programa Experimental Para a produo do concreto autoadensvel, primeiramente foram estudados e caracterizados, todos os componentes deste concreto, para que assim fosse possvel obter o primeiro trao, baseado no mtodo de dosagem proposto por Okamura. A dosagem do CAA consiste basicamente no limitado teor de agregado grado, baixa relao gua/materiais finos, com a presena indispensvel de aditivo superplastificante, sendo necessrio em algumas vezes, a adio de um modificador de viscosidade. Para comprovar o xito da produo do CAA, necessrio que se faa a caracterizao dos parmetros de autoadensabilidade. Esta caracterizao, nada mais que uma anlise qualitativa e visual da autoadensabilidade. Como j foi mencionado anteriormente, o concreto deve apresentar caractersticas de grande fluidez, coeso e viscosidade, de forma que no haja segregao do agregado ou a exsudao do concreto. A fluidez, assim como a capacidade de transpassar obstculos e a segregao do concreto, so caractersticas facilmente visualizadas, diferentemente da viscosidade e da coeso, que so analisadas por correlao com os demais fatores. Alm destes fatores, a exsudao tambm facilmente identificada pela anlise visual do material. Neste trabalho, foram realizados alguns ensaios especficos para comprovar a capacidade de autoadensabilidade do concreto desenvolvido. Estes ensaios especficos foram o Slump flow test, Caixa L, Funil V e J-Ring, normatizados pela NBR 15823. Tambm foi realizado o teste de resistncia compresso para verificar o desempenho mecnico do concreto produzido. 2.2 Materiais e Mtodo

    O concreto autoadensvel, como j foi mencionado anteriormente, tem que atender s caractersticas de grande fluidez e coeso do material. Dentre seus materiais constituintes, o agregado mido representa uma parcela muito importante para o resultado final do concreto, pois ir influenciar diretamente a reologia do material. As caractersticas da areia de britagem utilizadas para a produo do concreto so apresentadas na figura 1.

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    Figura 1 Curva Granulomtrica da Areia de Britagem . Os limites apresentados no grfico da curva granulomtrica, so dados pela NBR 7211/2005, estes que representam a zona til e a zona tima, para a utilizao dos agregados midos para concreto. Como possvel observar na figura 1, a curva granulomtrica da areia de britagem ficou fora dos parmetros estabelecidos pela norma, na faixa da peneira # 0,6 mm e com valor bem prximo do limite na peneira # 1,2 mm. Para alterar esta curva, de forma que ela ficasse mais perto dos limites estabelecidos pela norma, foi adicionado areia de britagem, um agregado mido, tambm oriundo da britagem de rocha, o qual tem a curva granulomtrica apresentada na figura 2.

    Figura 2 Curva Granulomtrica do Agregado Britado para Compor a Areia.

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    O resultado da composio entre a areia de britagem e o outro agregado mido, na proporo de 23% da areia de britagem, apresentado na figura 3.

    Figura 3 Curva Granulomtrica do Agregado Composto.

    Como pode ser observado, a curva granulomtrica obtida na figura 3, est dentro do limite til estabelecido na NBR 7211/2005, e apesar de no ser o timo, foi o mais prximo dos limites da norma, que o material disponvel possibilitou alcanar. Definida a curva da areia de britagem a ser utilizada, foi realizada a caracterizao dos demais componentes. Na primeira tentativa de dosagem, buscou-se, trabalhar com um consumo de cimento igual a 400 kg/m e a relao gua/cimento (a/c) igual a 0,40. O trao inicial em massa foi 1 : 2 : 1,96 respeitando assim o limite estabelecido por Okamura, 2003, quanto quantidade de agregado grado presente no CAA e obtendo dessa forma um teor de argamassa () igual a 0,60. O aditivo superplastificante foi adicionado segundo a recomendao do fabricante, para a produo de concretos autoadensveis, e sua dosagem foi fixada em 1,5% da massa de cimento. Foi adicionado 5% de p de brita, em relao massa de cimento, para aumentar o teor de finos e assim promover uma melhora na reologia da pasta do concreto. Porm o resultado do primeiro teste no foi satisfatrio, como pode-se observar na figura 4, tendo havido deficincia em argamassa para envolver o agregado grado.

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    Figura 4 Resultado da primeira tentativa de dosagem.

    Para corrigir a deficincia, visual, de ausncia de argamassa para envolver o agregado, foi aumentado o teor de cimento do concreto para 450kg/m, porm no foi alterada a massa dos agregados, fazendo assim com que o teor de argamassa, passasse a ser igual a 0,61, e o novo trao em massa fosse igual a 1 : 1,8 : 1,74. A produo desse novo trao resultou no concreto apresentado na figura 5.

    Figura 5 Resultado da segunda tentativa de dosagem.

    Aps esta tentativa, ficou evidente a deficincia granulomtrica, tanto quanto a dimenso, quanto forma e a textura dos gros, e como isto prejudica o desenvolvimento de um CAA. Sendo assim, a utilizao de areia natural foi imprescindvel para que fosse possvel melhorar as caractersticas reolgicas e assim ter o objetivo da produo do concreto alcanado. A areia natural utilizada para compor o trao, foi caracterizada e o resultado apresentado na figura 6.

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    Figura 6 Curva Granulomtrica da Areia Natural.

    Como pode ser visto, a areia natural apresenta uma curva granulomtrica totalmente dentro da faixa considerada como utilizvel pela NBR 7211/2005. A incorporao de areia natural faria com que as caractersticas reolgicas do concreto fossem melhoradas, porm a dosagem teve de ser ajustada, visto que com estas caractersticas, a quantidade de aditivo superplastificante poderia ser menor para evitar a exsudao do concreto, sendo assim a nova proporo de aditivo utilizada foi de 1% em relao massa de cimento. Foi alterada tambm a relao a/c para 0,33, com o intuito de evitar a exsudao. A proporo de areia natural para compor a areia do CAA foi de 40%. Mesmo assim o resultado ainda no foi o esperado, e este apresentado na figura 7.

    Figura 7 Resultado da terceira tentativa de dosagem.

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    Como possvel visualizar, houve uma melhoria quanto ao envolvimento do agregado, porm o abatimento e o espalhamento do concreto ainda estavam muito longe do esperado para um CAA. Analisando esta tentativa, pode-se observar a necessidade de aumentar novamente a dosagem do aditivo superplastificante para 1,5% em relao massa de cimento, devido a nova relao a/c. A quantidade de areia natural tambm foi aumentada, agora para 60%, e o resultado apresentado na figura 8.

    Figura 8 Resultado da quarta tentativa de dosagem.

    Com esta nova tentativa, pode-se observar uma ntida melhora nas caractersticas de autoadensabilidade do concreto produzido, porm possvel perceber a exsudao e a segregao desse concreto. Esta tentativa comprova a dificuldade da produo do CAA, mesmo quando boa parte de sua areia seja natural, com forma arredondada, ainda assim a areia de britagem, que tem forma lamelar, dificulta a obteno da reologia desejada para o CAA. Um novo trao foi desenvolvido para que o CAA pudesse ser produzindo ainda mantendo-se a incorporao de areia de britagem em sua composio. Para buscar maior efetividade quanto a capacidade de fluir deste concreto, a quantidade de agregado grado foi reduzida, fazendo assim com que o novo trao fosse igual a 1 : 1,8 : 1,45 apresentando agora um teor de argamassa igual a 0,66. A quantidade de areia natural tambm foi aumentada, agora para 80% da composio da areia utilizada. Os demais constituintes foram mantidos em suas propores posteriores e o resultado deste novo trao, apresentado na figura 9.

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    Figura 9 Resultado da quinta tentativa de dosagem.

    Como possvel visualizar, o novo concreto mostrou-se mais coeso, apresentando uma boa trabalhabilidade, sem segregar o agregado. Entretanto, o envolvimento do agregado grado ainda mostrou-se deficiente e para corrigir este fator, foi aumentada a proporo de areia natural para 90% da areia utilizada, sendo apenas 10% de areia de britagem O resultado apresentado na figura 10.

    Figura 10 Resultado da sexta tentativa de dosagem.

    Com esta proporo de areia natural, foi possvel obter o espalhamento procurado para o CAA. A curva granulomtrica final da areia utilizada compondo-se areia natural e areia de britagem nas propores de 90% e 10% respectivamente apresentada na figura 11.

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    Figura 11 Curva Granulomtrica da Areia Final Utilizada.

    Como possvel observar, a curva granulomtrica est totalmente dentro do limite estabelecido pela norma e isto fator importantssimo para a boa trabalhabilidade do concreto, aliado as caractersticas de forma e textura no agregado composto. O trao definitivo para o desenvolvimento do CAA apresentado na tabela 1.

    Tabela 1 Trao definitivo do concreto.

    TRAO DEFINITIVO (1 m)

    1 : 1,8 : 1,45 CIMENTO 450 Kg

    FILER (p de brita) 4,5 Kg AREIA NATURAL 648 Kg

    AREIA DE BRITAGEM 132 Kg FINO INCORP. AREIA DE BRITAGEM 30 Kg

    BRITA 653 Kg SUP. PLASTIFICANTE 4,5 L

    GUA 150 L TEOR DE ARGAMASSA () 0,66

    a/c 0,33

    Com o xito da produo do CAA, deu-se incio comprovao dos parmetros de autoadensabilidade do concreto produzido. O primeiro teste foi o ensaio da Caixa L, este ensaio foi realizado respeitando-se as recomendaes da NBR15823-4/2010.

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    O ensaio apresentado na figura 12 onde mostra-se a caixa com o concreto preenchida e o concreto aps a realizao do ensaio, onde pode-se perceber a restrio causada pelas barras de ao, assim como a diferena das alturas H1 e H2 medidas aps o ensaio.

    Figura 12 Ensaio da Caixa L.

    Como possvel visualizar, as barras de ao da Caixa L realmente desempenharam o papel de restringir a passagem do concreto, criando assim uma diferena visvel entre as alturas H1 (inicial) e H2 (no final da caixa). A relao H2/H1 foi igual a 0,66, no obtendo assim o valor previsto pela norma para ser classificado como CAA que deveria ser 0,88. Mesmo com a reprovao do primeiro ensaio realizado, partiu-se para o segundo teste, o ensaio do Funil V. Este ensaio foi realizado respeitando-se as recomendaes da NBR15823-5/2010. A figura 13 mostra a sequncia do ensaio, onde primeiramente o funil foi preenchido com o CAA, e aps 30 segundos a portinhola foi aberta e o tempo para o concreto fluir foi cronometrado.

    Figura 13 Ensaio da Funil V.

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    Como previsto na norma, o CAA fluiu atravs da portinhola do funil em menos de 9 segundos, sendo assim aprovado neste experimento como concreto autoadensvel. O ensaio realizado posteriormente foi o anel Japons, este seguiu as recomendaes da NBR15823-3/2010. Para a realizao deste ensaio, o cone de Abrams foi posicionado de forma invertida, para permitir maior facilidade no lanamento do concreto, assim como facilitar a retirada do cone de dentro do Anel J. O resultado do experimento apresentado na figura 14, onde se pode observar um espalhamento homogneo do concreto, apesar da restrio mecnica imposta pelas barras do anel Japons, sem segregao e exsudao.

    Figura 14 Ensaio do Anel Japons.

    Como pode ser observado na figura 14 as barras de ao desempenharam o papel de restringir o deslocamento do concreto. O ensaio pode ser validado considerando que o concreto atingiu a marca dos 50 cm em um tempo menor que 9 segundos, tempo previsto como satisfatrio para o ensaio do anel Japons. O ensaio do Slump flow test j havia sido realizado previamente para verificar o xito da produo do CAA, mas foi repetido de forma a comprovar suas caractersticas. Nesta repetio do ensaio, foram devidamente anotadas as distncias de 20 e 50 centmetros, para que fosse possvel obter o T50 (tempo que o concreto demora para percorrer o caminho at a marca de 50 cm. Como prev a NBR15823-2/2010, o concreto fluiu at a marca dos 50 cm em menos do que 9 segundos, sendo assim aprovado novamente neste teste. Foi medido tambm o seu espalhamento, de forma que o dimetro mdio, obtido perante duas medidas perpendiculares, foi superior a 750 mm, sendo aprovado pelos parmetros da norma. Os resultados do ensaio so apresentados na figura 15.

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    Figura 15 Ensaio Slump Flow Test .

    Concluindo-se todos estes ensaios, o concreto produzido neste trabalho pode ser caracterizado como sendo um Concreto Autoadensvel visto que foi aprovado em trs dos quatro ensaios propostos. Foram ainda moldados quatro corpos de prova sendo que um foi rompido trao para a observao do arranjo das partculas em seu interior e os demais foram submetidos compresso axial para comprovar o desempenho compresso do concreto produzido. Os resultados so apresentados na tabela 2 e na figura 16 para corpos de prova de 200 mm.

    Tabela 2 Resultado do teste de compresso do concreto.

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    Figura 16 Interior do CP produzido. Analisando estes resultados, possvel visualizar um bom desempenho compresso, mesmo que apenas com sete dias de cura, e o corpo de prova rompido a trao revela que o interior est bem homogneo, sendo este o desempenho esperado de acomodao para este tipo de concreto que apenas lanado na forma e no passar por nenhuma compactao e no pode apresentar segregao do agregado. 3 Consideraes Finais. Pode-se perceber com a realizao deste estudo, que a produo do CAA no simples e demanda total conhecimento dos materiais com que se est trabalhando, sendo essencial uma composio granulomtrica adequada dos agregados para garantir a reologia ideal para o produto final. Apesar dos esforos para produzir o CAA apenas com areia de britagem, ou pelo menos com a sua maior parte utilizando este composto, isto no foi possvel. Este fato se deve forma e textura do agregado, assim como sua granulometria, que no eram as ideais para a produo deste tipo de concreto. Acredita-se que, se a produo da areia de britagem for melhorada desenvolvida, promovendo uma caracterstica mais contnua com forma mais arredondada e textura mais lisa dentro dos parmetros previstos pela NBR 7211/2005, talvez o CAA possa ser produzido com maiores propores deste composto, o que de extrema importncia, pois a utilizao do CAA j se faz necessria em vrias obras no Brasil e no mundo, e as medidas ambientais de proteo e reduo da explorao das areias naturais tambm j fazem parte da realidade vivenciada pelo mundo inteiro. Ou seja, um dia ser necessrio produzir CAA com outro tipo de agregado mido e a areia de britagem um forte candidato a ocupar este posto. Alm da melhor continuidade e adequao granulomtrica, a produo da areia de britagem deve buscar promover ao agregado uma forma mais arredondada, para que assim a trabalhabilidade do concreto produzido apresente um melhor desempenho. Talvez uma forma de garantir que este agregado seja produzido com um formato mais arredondado, seja aumentar a interao mecnica no processo de cominuio da brita, mantendo o agregado mais tempo dentro do britadores, e assim se desgastando mais as partculas, de forma a produzir um agregado mais esfrico. O concreto produzido neste trabalho foi aprovado em 3 dos 4 testes a que foi submetido para a comprovao das suas caractersticas de autoadensabilidade. Quanto resistncia compresso, os resultados foram satisfatrios, apresentando uma resistncia elevada, e a ruptura do corpo de prova na seo transversal permitiu a visualizao do posicionamento dos agregados dentro do corpo de prova, que assim como era esperado, mantiveram-se distribudos de forma homognea, sem sinais de segregao.

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    4 Referncias ______:ABNT NBR 7211. Agregados para concreto Especificaes. Rio de Janeiro, 2005. ______:ABNT NBR 15823-1. Concreto autoadensvel. Parte 1: Classificao, controle e aceitao no estado fresco. Rio de Janeiro, 2010; ______:ABNT NBR 15823-2. Concreto auto-adensvel. Parte 2: Determinao do espalhamento e do tempo de escoamento Mtodo do cone de Abrams. Rio de Janeiro, 2010; ______:ABNT NBR 15823-3. Concreto auto-adensvel. Parte 3: Determinao da habilidade passante Mtodo do Anel-J. Rio de Janeiro, 2010; ______:ABNT NBR 15823-4. Concreto auto-adensvel. Parte 4: Determinao da habilidade passante Mtodo da Caixa-L. Rio de Janeiro, 2010; ______:ABNT NBR 15823-5. Concreto auto-adensvel. Parte 5: Determinao da viscosidade Mtodo do Funil-V. Rio de Janeiro, 2010;

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