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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA APOSTILA ZOOTECNIA GERAL Hildeanne Rodrigues Medicina Veterinária Teresina “Falar dos frutos sem lembrar as flores é fazer a história sem vivê A. A. Alves

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

APOSTILA ZOOTECNIA GERAL

Hildeanne RodriguesMedicina Veterinária

Teresina“Falar dos frutos sem lembrar as flores é fazer a história sem vivê-la”

A. A. Alves

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2009MINISTÉRIO DA EUNIVERSIDADE FECENTRO DE CIÊN

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603.250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: INTRODUÇÃO À ZOOTECNIA

1. EVOLUÇÃO DA ZOOTECNIA COMO ARTE E COMO CIÊNCIA

1.1 Zootecnia como arte

As evidências acumuladas durante os últimos anos indicam que a agriculturaprovavelmente teve suas origens no Oriente Médio, embora, ao contrário do que se supunha, nãonos vales férteis da Mesopotâmia, que se tornariam centros importantes da primitiva civilização,mas sim nas regiões montanhosas e semi-áridas próximas. Datas determinadas para foices desílex e moinhos de pedras lá descobertos indicam que antes de 8.000 anos a.C. o homemprovavelmente começou a colher grãos naturais e há provas de que, cerca de mil anos depois, jácultivava esses grãos e possuía animais domésticos (Heiser Júnior, 1977).

Segundo Domingues (1981), uma das primeiras realizações do homem primitivo foicriar animais, concomitante ao cultivo dos vegetais, quando deixou de ser nômade (caçador epescador) e se tornou sedentário, passando a ser pastor e agricultor. Isto na idade da Pedra Polida,cerca de 7.000 anos a.C.Inicialmente, o homem criou animais para satisfazer seu totemismo (zoolatria), emseguida, com a indisponibilidade de alimentos espontâneos próximos às aldeias, passou a utilizá-los como alimento e, por último, com os rigores climáticos ou intempéries, para proteção.

1.2 Zootecnia como ciência

A distinção formal entre o cultivo de vegetais e a criação de animais se deu em 1844,quando o Conde Adrien de Gasparin publicou o livro "Cours d'Agriculture", separandodefinitivamente o estudo dos vegetais cultivados do dos animais criados pelo homem. O estudodo cultivo dos vegetais já era conhecido com o nome de Agricultura. Para o estudo da criação dos

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animais domésticos, o autor propôs o termo “Zootechnie”, do grego: zoon = animal, e technê =arte.

Em 1848, com a instalação do Instituto Agronômico de Versailles, em Paris, foi adotadaa distinção proposta pelo Conde Adrien de Gasparin e para o ensino teórico da exploração dosanimais domésticos foi estabelecida a Cátedra de Zootecnia.A Zootecnia como ciência surgiu em 1849, na França, com a aprovação de uma tese

apresentada pelo naturalista Emile Baudement em concurso para a Cátedra de Zootecnia doInstituto Agronômico de Versailles, ao tornar-se o primeiro docente de Zootecnia. Nesta tese, foiestabelecido o princípio teórico que consiste em considerar o animal doméstico como umamáquina viva transformadora e valorizadora dos alimentos, constituindo-se no fundamento detodos os conhecimentos zootécnicos. Assim, constata-se que a arte de criar é remota, enquanto aciência de criar surgiu há um pouco mais de um século e meio.

No sentido de melhor conhecimento da Zootecnia, recomenda-se recorrer ao vastovolume de fontes bibliográficas, desde aquelas pioneiras, como os livros Introdução à Zootecnia eElementos de Zootecnia Tropical, de autoria do professor Octávio Domingues, granderesponsável pela consolidação da Zootecnia no Brasil, às mais atuais, que apresentam uma visãoatualizada da evolução da Zootecnia no Brasil, incluindo-se Ferreira e Pinto (2000), Fonseca(2001) e Miranda (2001), sendo recomendado ainda o conhecimento da História da SociedadeBrasileira de Zootecnia, segundo Peixoto (2001).

2. CONCEITOS, OBJETIVOS, CLASSIFICAÇÃO, IMPORTÂNCIA E RELAÇÃO DAZOOTECNIA COM OUTRAS CIÊNCIAS

Em 1929, o Professor Octavio Domingues definiu Zootecnia como a ciência aplicadaque estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do animal ao ambientecriatório e deste ambiente ao animal.

A Zootecnia tem como objeto de estudo o animal doméstico e visa o perfeitoconhecimento deste e dos demais fatores envolvidos no seu processo produtivo, sempre visandoalto grau de especialização.

Com relação ao alto grau de especialização, o animal mais produtivo não é o maisaperfeiçoado no sentido geral ou o mais especializado em determinada função produtiva. A"máquina viva" mais perfeita, capaz de oferecer maior retorno econômico, é aquela que estáadaptada às condições de criação e exploração.

Quando se busca alto grau de especialização em determinado animal, dois princípiosdevem ser considerados:• A especialização não deve acarretar desequilíbrio fisiológico no animal;

• O animal adaptado às condições de criação e exploração não deve sofrercomprometimento das características adaptativas.

Para fins didáticos, a Zootecnia é subdividida em Zootecnia Geral e Zootecnia Especial.Em Zootecnia Geral, os animais domésticos são considerados como seres vivos que

evoluíram e apresentam características de natureza étnica e zootécnica, influenciando-se porfatores ambientais de ordem natural ou artificial e que se reproduzem sujeitos às leis dahereditariedade, portanto, capazes de sofrer melhoramento genético.

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Em Zootecnia Especial, são estudados processos e regimes de criação, variáveis com afinalidade da exploração e o destino dos produtos, com a qualidade dos animais a multiplicar, ecom as potencialidades do ambiente criatório. Assim, surge a Zootecnia de cada espéciedoméstica, cada uma com sua denominação particular: bovinocultura, equideocultura,bubalinocultura, ovinocultura, caprinocultura, suinocultura, apicultura, sericicultura, piscicultura,avicultura, etc., ou mesmo, daquelas que, embora não ainda consideradas domésticas, sejamexploradas racionalmente, como por exemplo, a ranicultura, ou criação de rãs; a carcinicultura,ou criação de crustáceos; a minhocultura, ou criação de minhocas, etc.

A Zootecnia como ciência investiga, por meio da observação e da experimentação, osfenômenos biológicos aos quais estão sujeitos os animais domésticos, em determinado ambientenatural ou artificial. Entretanto, não se trata de uma ciência pura, sendo dependente de outrasciências para desenvolver-se. Portanto, além do conhecimento individual, proporcionado pelaAnatomia e Fisiologia Animal, a Zootecnia se fundamenta em ciências auxiliares quando daadaptação, alimentação, melhoramento e sanidade animal, gerenciamento da produção etecnologia de alimentos, destacando-se:

• Na Adaptação: Climatologia (Zooclimatologia e Bioclimatologia), Etologia;• Na Alimentação: Nutrição (Bromatologia), Forragicultura, Botânica,

Bioquímica, Química e Edafologia;• No Melhoramento Genético Animal: Genética, Estatística, Bioestatística,

Matemática e Informática;• Na Sanidade: Medicina Veterinária;• No Gerenciamento da Produção: Economia e Administração;• Na Tecnologia de Alimentos: Engenharia de Alimentos.

Para o perfeito exercício das atividades na área de Zootecnia, exige-se identidadeprofissional, determinada pelo Núcleo de Conteúdos Profissionais Essenciais, integrando assubáreas de conhecimento que identificam atribuições, deveres e responsabilidades, segundoFonseca (2001), assim constituído:

● Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos;● Bioclimatologia Zootécnica;

● Biotecnologia Animal;● Bromatologia;

● Comunicação e Extensão Rural;● Construções Rurais;

● Economia e Administração Agrária;● Ética e Legislação;● Ezoognósia e Julgamento Animal;● Fisiologia Animal;

● Pastagens e Forragicultura;● Genética e Melhoramento Animal;● Gestão de Recursos Ambientais;● Gestão Empresarial e Marketing;

● Industrialização de Produtos de Origem Animal;● Instalações e Equipamentos Zootécnicos;

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● Mecânica e Máquinas Agrícolas;● Meteorologia e Climatologia Agrícola;● Microbiologia Zootécnica;

● Nutrição, Alimentação e Formulação de Rações;● Política e Desenvolvimento Agrário;● Produção Animal;

● Profilaxia e Higiene Zootécnica;● Reprodução Animal;

● Sociologia Rural;● Solos e Nutrição de Plantas;

● Técnicas e Análises Experimentais.

3. A SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA (SBZ) E A CONSOLIDAÇÃO DAZOOTECNIA NO BRASIL

A idéia da fundação da SBZ amadureceu durante a Exposição de Animais de Uberaba,em 1951, quando os zootecnistas presentes incubiram seus colegas de Piracicaba a promoverem aI Reunião Brasileira de Zootecnia, a ser realizada naquela cidade como homenagem aoqüinquagésimo aniversário da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ). Operíodo escolhido foi de 26 a 28 de julho de 1951, coincidindo com a Exposição Nacional deAnimais que, naquele ano, se realizaria em São Paulo (Peixoto, 2001).

O professor Octavio Domingues, engenheiro agrônomo graduado pela ESALQ, foi oprimeiro presidente da SBZ, tendo conduzido os destinos da Sociedade de 1951 a 1968. Alémdessa laboriosa tarefa, segundo o professor Aristeu Mendes Peixoto (2001), coube ao ProfessorOctavio Domingues o mérito de uma doutrinação tenaz e persistente para imprimir novo sentidoaos estudos zootécnicos no Brasil, defendendo a organização de cursos de Zootecnia equiparadosaos de Engenharia Agronômica e de Medicina Veterinária, numa época em que a discussão doassunto constituía um verdadeiro tabu. Sob a égide da SBZ e a inspiração do professor OctavioDomingues, o primeiro currículo acadêmico para um curso de Zootecnia foi proposto em 1953, oqual veio a servir de orientação para os cursos de Zootecnia que surgiram no Brasil a partir de1966, quando se instalou em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, a primeira faculdade deZootecnia.

A Sociedade Brasileira de Zootecnia, no ano de 2000, contava com 1697 sócios,consistindo em uma Sociedade Científica com os seguintes objetivos:● Promover intercâmbio entre os zootecnistas brasileiros e os

estrangeiros, favorecendo as relações profissionais e de amizade;● Promover reuniões anuais na sede da SBZ ou em outro local a critério

da Diretoria;● Promover reuniões extraordinárias, congressos, conferências ou

convenções, nacionais ou internacionais, sobre qualquer assunto da zootecnia e aparticipação da Sociedade em reuniões promovidas por outras entidades congêneres;

● Levar ao conhecimento de todos os associados, por meio depublicação sistemática, os trabalhos realizados por seus membros, mesmo que naforma de resumo;

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● Organizar Comissões especializadas, entre seus membros, para estudarassuntos técnicos de interesse da economia nacional;● Envidar esforços para o aperfeiçoamento da pecuária no País, por meiodo ensino, da pesquisa e da extensão.

Constituem publicações periódicas da Sociedade Brasileira de Zootecnia:

● Anais das Reuniões Anuais da SBZ;● Revista Brasileira de Zootecnia (disponível na Biblioteca

Setorial doCCA/UFPI).Para conhecimento da Sociedade Brasileira de Zootecnia e de suas

publicações, acesse oSite da SBZ: ● http://www.sbz.org.br

A Sociedade Brasileira de Zootecnia realizará sua 44ª Reunião Anual, em Jaboticabal,SP, no ano de 2007, em parceria com a Universidade Estadual Paulista - (UNESP), sob aPresidência do Prof. Dr. Kleber Tomás de Resende.

A representação da Sociedade Brasileira de Zootecnia no Estado do Piauí, encontra-seno Departamento de Zootecnia do CCA/UFPI, tendo como Diretor Estadual o Professor DoutorJoão Batista Lopes ([email protected]).

***CONHEÇA O ESTATUTO DA SBZ E SEJA MAIS UM

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5. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5. ed. São Paulo: Nobel, 1981.143p.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS(FAO/FAOSTAT). FAO Statistical Databases. Disponível em: http://faostat.fao.org/Acesso em Fevereiro/2005.

FERREIRA, A.S.; PINTO, R. Formação do Zootecnista para o Próximo Milênio. In:NASCIMENTO JÚNIOR, D.; LOPES, P.S.; PEREIRA, J.C. Anais dos Simpósios daXXXVII Reunião Anual da SBZ. Viçosa: SBZ, 2000. 325 P., p. 339-352.

FONSECA, J.B. O ensino da Zootecnia no Brasil: dos primórdios aos dias atuais. In:MATTOS, W. R. S. et al. (Ed.). A Produção Animal na Visão dos Brasileiros.Piracicaba: FEALQ, 2001. 927 p., p. 15-39.

HEISER JÚNIOR, C.B. Sementes para a civilização. São Paulo: Nacional, 1977. 253 p,Cap.4, p.42-69.

IBGE. Diretoria de Pesquisas, Departamento de Agropecuária, Pesquisa da PecuáriaMunicipal. Anuário Estatístico do Brasil, 2006.

MIRANDA, R.M. Cinqüenta anos de pesquisa zootécnica no Brasil. In: MATTOS, W.R. S. et al. (Ed.). A Produção Animal na Visão dos Brasileiros. Piracicaba: FEALQ,2001. 927 p., p. 40-88.

PEIXOTO, A.M. História da Sociedade Brasileira de Zootecnia. 3.ed. Piracicaba: SBZ,2001. 202p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Relatar sobre a evolução e características da Zootecnia como arte, especificandofatos e local;

• Relatar sobre a evolução e características da Zootecnia como ciência, especificandofatos, local e responsáveis pela estabilização da Zootecnia como ciência aplicada;

• Apresentar uma discussão sobre o conceito de Zootecnia elaborado pelo professorOctavio Domingues, destacando seus pontos principais;

• Identificar as limitações do estabelecimento do alto grau de especialização do animaldoméstico;

• Apresentar a divisão didática da Zootecnia com respectivas definições;

• Considerando a Zootecnia como uma ciência aplicada, apresentar um problema deinteresse zootécnico e levantar hipóteses para elaboração de uma minuta de projetopara solução com base no Método Científico;

• Identificar as grandes áreas de atuação na Zootecnia e apresentar ciências auxiliares àsolução de problemas nestas áreas;

• À luz das atribuições profissionais do seu curso (Engenharia Agronômica), traçar umparalelo entre estas atribuições e as atividades do Zootecnista;

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• Identificar a importância e papel da Sociedade Brasileira de Zootecnia para aestabilização da Zootecnia no Brasil como atividade produtiva e como ciência;

• A partir de um artigo publicado na Revista Brasileira de Zootecnia, identificar à luzdo Método Científico o problema de pesquisa, os objetivos, hipóteses, metodologia,principais resultados de impacto na produção animal e conclusões. O que pode sersugerido como pesquisa na área em que foi conduzido o experimento, para ascondições do Estado do Piauí.

• Tecer comentários acerca dos efetivos dos principais rebanhos brasileiros deexpressão econômica em relação aos demais países e das regiões e Estados do Brasil,com ênfase para a Região e Estado onde pretende exercer atividades profissionais.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: CLASSIFICAÇÃO ZOOTÉCNICA

1. ESPÉCIE

O conceito de espécie é artificial. Devido à necessidade de agruparindivíduos, determinou-se que espécie corresponde ao "conjunto de indivíduos domesmo gênero, descendentes uns dos outros, com caracteres semelhanteshereditariamente transmissíveis, e separados de outros grupos específicos porinfecundidade ou por separação geográfica".

Bases para o estabelecimento do conceito de espécies:

●CRITÉRIO DA MORFOLOGIA E DA FISIOLOGIA (M): Baseado nasdiferenças morfológicas e fisiológicas entre os diferentes gruposespecíficos;

●CRITÉRIO DA ECOLOGIA E DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (E):Baseado nas diferentes reações adaptativas dos indivíduos das diversasespécies;

●CRITÉRIO DA FECUNDIDADE INTERIOR E DA INFERTILIDADEEXTERIOR (I): Baseado no fato de que os indivíduos de uma mesmaespécie são fecundos entre si e infecundos com indivíduos de outrasespécies.

Diante destes critérios, seria denominada espécie legítima aquela que apresentassefórmula MEI, entretanto, como na natureza nem sempre é possível ocorrência destestrês critérios, admite-se como espécie distinta de uma outra qualquer, aquele grupo deindivíduos que satisfizer a pelo menos dois desses critérios. Dessa forma, as espéciesbovinas Bos taurus e Bos indicus são consideradas diferentes por apresentarem fórmulaME. Quanto à distribuição geográfica, as espécies podem ser classificadas em:

• SIMPÁTRIDAS: Espécies que convivendo em um mesmo território se mantêminfecundas. Ex.: Bubalus bubalis e Bos sp.

• ALOPÁTRIDAS: Espécies diferentes quanto ao isolamento ecológico. Ex.: Oshemípteros Notonecta glauca e Notonecta furcata são infecundos no norte e fecundosno sul do continente europeu.

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2. RAÇA

Raça é definida como agrupamento de animais de mesma espécie e origem,com caracteres morfológicos, fisiológicos e econômicos comuns e transmissíveishereditariamente sob condições ambientais e de exploração ideais.Segundo DECHAMBRE, raça é definida como certo número de animais da

mesma espécie, vivendo em condições semelhantes, com a mesma aparência exterior, asmesmas qualidades produtivas, cujos caracteres reaparecem em seus descendentes talcomo existiam em seus antepassados.

A existência oficial de uma raça requer um "padrão racial" e um "livrogenealógico", o primeiro elaborado e o segundo mantido pela Associação de Criadoresda Raça.

A separação das raças, em geral, é feita por caracteres de fantasia, semconsiderar a importância econômica. Quanto mais acentuados esses caracteres, maiorsegurança se terá de sua pureza. É importante lembrar que nenhuma raça tem constânciaabsoluta.

Por padrão da raça ou "standard" se entende o modelo ideal que deve orientar oscriadores na seleção dos reprodutores. O padrão é estabelecido por criadores reunidosem Associação, que também terá o encargo de preservá-lo através do RegistroGenealógico.

2.1 CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DE RAÇAS

● Semelhança dos indivíduos que a constitui, pelos caracteres raciais,entre os quais os econômicos ou zootécnicos;

● Hereditariedade dos caracteres raciais e das qualidades econômicas;

● Meio ambiente considerado o mesmo ou semelhante para a boaexpressão dos caracteres raciais e qualidades;

● Origem comum;

● Algo de convencional (Padrão Racial para Registro Genealógico).

Uma vez estabelecidos esses critérios pelos criadores, estes se comprometem amanter o Padrão Racial e, para isto, criam o Livro Genealógico onde são registrados osanimais puros ou seus descendentes, isto é, os que estão dentro do Padrão.

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2.2 PUREZA RACIAL E PUREZA GENÉTICA

A pureza racial é um conceito convencional, resultante da existência de um"pedigree", de um registro oficial do animal. As raças podem ser puras racialmente, masgeneticamente são parcialmente puras.

A pureza genética de uma raça pode ser atingida para alguns caracteres,devido à dificuldade de se atingir alto grau de homozigose para todos os genes.2.3 NATUREZA DAS RAÇAS

• QUANTO AO GRAU DE PUREZA

a) Homogênea - Raça mais ou menos fixa em suas principais características. Ex.:Cavalo árabe.

b) Heterogênea - Raça ainda não totalmente fixada. Ex.: Raças formadas por derivação.

• QUANTO À ORIGEM

a) Primitiva - Raça natural de determinada região, formada por seleção natural,submetida ou não, posteriormente à seleção artificial. Ex.: Bovinos Schwyz.

b) Derivada - Raça que provém de outras, ditas primitivas ou naturais, por variabilidadeespontânea ou cruzamento (Derivada sintética). Ex.: Raças bovinas Santa Gertrudis,Canchim, Pitangueira.

c) Nativa - Raça natural ou mesológica, formada em determinada região por seleçãonatural, acompanhada ou não de ação seletiva e conservadora do homem. É dita"nativa melhorada" quando sujeita à seleção artificial, no sentido de seumelhoramento genético, com aperfeiçoamento econômico. Ex.: Raça caprinaMoxotó.

d) Exótica - Raça introduzida em região diferente da região de origem. Ex.: Raçabovina holandesa, no Brasil.

• QUANTO À APTIDÃO ECONÔMICA: Considera-se a aptidão produtiva da raça.Ex.: Raças bovinas leiteiras; Raças de caprinos para abate; Raças de aves parapostura; Raças de suínos tipo carne.

• QUANTO À ÁREA GEOGRÁFICA

Por "área geográfica da raça" entende-se o espaço territorial onde vivem e seaclimaram indivíduos da raça, em estado de pureza ou em alto grau de sangue; e por"berço da raça" entende-se o local onde a raça se definiu e formou, daí se dispersandopara outras regiões, nas quais se aclimou.Quanto à área geográfica, as raças podem ser consideradas:

a) Cosmopolita - Raça de extensa área geográfica. Ex.: Holandesa.

b) Topopolita - Raça de área geográfica restrita. Ex.: Hereford.

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• QUANTO À FILIAÇÃO ÉTNICA: Considera os troncos étnicos de origem. Ex.:Bos taurus aquitanicus - Caracu; Bos taurus batavicus - Holandesa.

3. VARIEDADE: Principalmente em raças cosmopolitas, é possível formar-segrupamentos de indivíduos em diversos locais, mais ou menos isoladamente, e queapresentam distinções sensíveis, de modo a permitir certas diferenças entre a raça eos novos grupamentos. Essa variação limitada a certos caracteres pode serprovocada ou mantida pelo criador visando um melhor rendimento. Assim, seconstituem, dentro da raça, as variedades ou sub-raças. Essa diversificação podebasear-se em atributos zootécnicos ou em caracteres sem valor econômico comopelagem, conformação craneana, etc.

4. FAMÍLIA: Conjunto de descendentes de um casal, direta e colateral, até a quintageração.

5. LINHAGEM: Constituída pelos descendentes "diretos", a partir de um genitormacho ou fêmea. Os descendentes devem apresentar, com notável fixação, certostraços ou qualidades adquiridos por herança biológica daquele antepassado comum.Em geral, é usado o macho, por gerar muito mais descendentes no mesmo espaçode tempo.

6. LINHAGEM PURA: Decorre de atributos fixos e puros nos descendentes diretos apartir de um determinado genitor.

7. SANGUE: Sob o ponto de vista zootécnico, é a parte hereditária. Os animais demesmo sangue pertencem à mesma raça ou descendem dos mesmos antepassados,isto é, possuem antepassados comuns.

8. MISTURA DE SANGUE: É uma alusão a cruzamentos de animais de raçasdiferentes.

9. FORMA: É o conjunto de animais cuja herança ainda é uma incógnita. A fixação doscaracteres não está comprovada. É um termo geral, servindo para designar umgrupo que ainda não pode ser considerado raça.

10. POPULAÇÃO: É um grupamento qualquer de indivíduos, considerado do ponto devista numérico, desde que vivam em determinada área geográfica comum.

11. INDIVÍDUO: É a unidade indivisível. O indivíduo nunca é totalmente igual a outrode mesma raça, variedade ou família, porque um se torna portador de característicasdiferentes da herança biológica dos antepassados. Mesmo sendo irmãos há sempre

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um meio de distinguí-los, pois as variações se fazem notar. Quanto mais fixa ehomogênea for a raça, menos diferenças são notadas. Nos gêmeos univitelinos eclones há alto grau de igualdade.

12. GENÓTIPO: É o indivíduo considerado segundo sua origem genética ou suaherança biológica. O genótipo é uma combinação acidental de heranças que têmorigem no passado e seu futuro na eternidade. No melhoramento animal, o que maisinteressa é o genótipo, pois na conservação ou melhoramento da raça o genótipoprecisa ser conhecido, pois, este passa às novas gerações. No genótipo está agarantia da permanência da raça, da sua fixação ou de seu aperfeiçoamento.

13. FENÓTIPO: É a expressão exterior do genótipo sob a influência de determinadascondições de ambiente. O fenótipo é efêmero, passageiro e morre com o animal. Aoexplorador de animais o que mais interessa é o fenótipo, seus caracteres raciaisexpressos somaticamente, suas finalidades zootécnicas.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3. ed. Rio de Janeiro, MA/SIA, 1968. 392p.,Cap.4, p.83-151.

DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5. ed. São Paulo, Nobel, 1981.143p.

PEIXINHO, S. Conceitos de espécie. http://www.ufba.br/~zoo1/especie.htm. Acessoem 19 de abril de 2004.

SENE, F. de M. Genética e Evolução. São Paulo, EPU, 1981. n.p. (Currículo de Estudosde Biologia, 2).

TORRES, G.C. de V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador, UFBA, 1990. 464p.,p.217-319.

ESTUDO DIRIGIDO

• Apresentar as bases para o estabelecimento de espécies, conceituar espécie ecaracterizar espécie legítima.

• Justificar a assertiva de que espécie é um conceito artificial e caracterizar espéciesquanto à distribuição geográfica, com conceitos.

• Caracterizar sub-raça, variedade, família, linhagem, forma, população, indivíduo,genótipo e fenótipo.

• Identificar raças que possuam variedades, destacando as diferenças entre variedadescom base no Padrão Racial.

• Destacar o fenótipo de uma raça nativa do Nordeste brasileiro e evidenciardiferenças entre indivíduos dentro desta mesma raça.

• Fazer analogia fenotípica entre uma raça derivada sintética e as raças que a formou.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: TAXONOMIA ZOOLÓGICA DAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS

A classificação das espécies é baseada em aspectos estruturais, tamanhos,proporções, coloração e outros contáveis ou merísticos como número de dentes, númerode raios de nadadeiras, etc.

O Sistema de classificação estabelecido por LINEU distribui as espéciesdomésticas em REINO, FILO, CLASSE, ORDEM, FAMÍLIA, GÊNERO e ESPÉCIE,podendo ocorrer subdivisões entre estes agrupamentos. A apresentação dos nomescientíficos das espécies consiste em apresentar o nome genérico com inicial maiúscula,seguido pelo nome específico com inicial minúscula, sendo ambos grifados ou emitálico e seguidos da inicial ou nome do classificador, separados por vírgula, devendoainda, ser citado entre parênteses. Conforme descrito, a título de exemplo, o nomecientífico dos taurinos é Bos taurus L.

As espécies animais domésticas estão agrupadas em quatro CLASSESzoológicas (Mammalia = 17 espécies, Aves = 11 espécies, Pisces = 01 espécie, e Insecta= 02 espécies), pertencentes ao REINO Animalia, com as três primeiras classespossuidoras de coluna vertebral, crânio e encéfalo, considerados cordados superiores epertencentes ao FILO Vertebrata, e a última ao FILO Invertebrata.

A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas e suasclassificações taxonômicas:

I - CLASSE MAMMALIA

*Corpo coberto de pêlos; respiração pulmonar; coração com quatro câmaras;endotérmicos; fêmeas com glândulas mamárias.

Ordem: PERISSODACTYLA

*Mamíferos ungulados de dedos ímpares. Grandes, pernas longas, pés comnúmero ímpar de artelhos dentro de um casco córneo; o eixo funcional da pernapassa através do artelho médio (terceiro artelho); estômago simples.

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O1. Família: Equidae

*Cavalos, asnos e zebras. Um dedo funcional com casco em cada membro; habitamplanícies abertas ou desertos, alimentam-se basicamente de gramíneas.

Espécies: Equus caballus - CAVALO

Equus asinus - ASININO

Ordem: ARTIODACTYLA

*Mamíferos ungulados de dedos pares. Tamanho variado; pernas geralmentelongas, dois(raramente quatro) artelhos funcionais em cada pé, cada umenvolvido por um casco cornificado; eixo da perna entre os artelhos; muitos comchifres ou cornos; todos, com exceção dos suínos, com dentição reduzida; amaioria, com estômago com quatro compartimentos, ruminam.

A - Subordem: Suiformes

*Porcos e semelhantes. Sem cornos ou chifres, 38 a 44 dentes, caninos grandescomo presas curvas.

O2.Família: Suidae

*Porcos do Velho Mundo. Muitos no Sul da África.

Espécie: Sus domesticus - SUÍNO

B - Subordem: Tylopoda

O3.Família: Camelidae

*Pés macios, largos (sem cascos); um par de incisivos superiores; estômagocom três partes, ruminam.Espécies: Camelus bactrianus - CAMELO

Camelus dromedarius - DROMEDÁRIO

Lama glama - LHAMA

Lama pacos - ALPACA

C - Subordem: Ruminantia

*Ruminantes. Pés com cascos, ruminam.

O4.Família: Cervidae

*A espécie doméstica Rangifer tarandus, das regiões setentrionais, apresenta emambos os sexos um par de chifres sólidos, calcários.

Espécie: Rangifer tarandus - RENA

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O5.Família: Bovidae

*Ruminantes com cornos ocos, pares, não ramificados, de queratina, comcrescimento lento e contínuo na base, sobre bases ósseas dos ossos frontais, geralmenteem ambos os sexos, maiores nos machos.

a)Subfamília: Caprinae

Espécies: Capra hircus - CAPRINO

Ovis aries - OVINO

b)Subfamília: Bovinae

Espécies: Bos taurus - TAURINO

Bos indicus - ZEBUÍNO

Bubalus bubalis - BUBALINO

Ordem: CARNIVORA

*Carnívoros, pequenos a grandes; geralmente com cinco artelhos (pelo menosquatro artelhos), todos com garras; pernas móveis, rádio e cúbito, tíbia e perôniocompletos e separados; incisivos pequenos, geralmente 3/3; caninos 1/1, delgadas

presas; útero bicórneo; placenta zonária.

O6.Família: Felidae

Espécie: Felis domestica - GATO

O7.Família: Canidae

Espécie: Canis familiaris - CÃO

Ordem: LAGOMORPHA

*Lebres e coelhos. Tamanho moderado a pequeno; artelhos com garras; cauda curtae grossa; incisivos em bisel; sem caninos; molares sem raiz, movimento dasmandíbulas apenas lateral.

O8.Família: Leporidae

Espécie: Oryctolagus cuniculus - COELHO

Ordem: RODENTIA

*Roedores. Geralmente pequenos; pernas geralmente com cinco artelhos e garras;incisivos em bisel, sem raiz; desprovidos de caninos; movimento das mandíbulastanto para a frente e para trás, como para as laterais.

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O9.Família: Cavidae

*Cauda curta ou ausente.

Espécie: Cavia cobaya - COBAIA

II-CLASSE AVES

*Corpo coberto de penas; membros anteriores transformados em asas para vôo;membros posteriores para nadar, andar ou empoleirar-se; geralmente quatroartelhos, nunca mais; boca distendida em bico, sem dentes; respiração pulmonar;

coração com quatro câmaras; ovíparas.

SUB-CLASSE: Neornithes

*Aves verdadeiras. Apresentam o segundo dedo como mais longo.

Ordem: ANSENIFORMES

*Patos, gansos e cisnes. Bico alargado com "unha" ou capa mais dura naextremidade; pernas curtas; pés com palmouras (palmípedes); filhotes cobertos depenas quando eclodem.

1O.Família: Anatidae

*Patos de superfície, mergulham apenas a cabeça e não o corpo ao sealimentarem.

Espécies: Anser domesticus - GANSO

Anas boschas - MARRECO

Cairina moschata - PATO

Cygnus olor - CISNE

Ordem: GALLIFORMES

*Bico curto; pés geralmente adaptados para ciscar e correr; filhotes cobertos complumas ao eclodirem.

11.Família: Phasianidae

Espécies: Gallus domesticus - GALINHA

Phasianus colchicus - FAISÃO

Numida galeata - CAPOTE

Pavo cristatus - PAVÃO

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12.Família: Penelopidae

Espécie: Meleagris gallopavo - PERU

Ordem: COLUMBIFORMES

*Bico geralmente curto e delgado, com pele mole e grossa na base (ceroma);filhotes nus; cosmopolitas.

13.Família: Columbidae

Espécie: Columba livia - POMBO

Ordem: STRUTHIONIFORMES

*Aves andadoras que não voam; asas reduzidas; cabeça, pescoço e pernas compenas escassas.

14.Família: Struthionidae

Espécie: Struthio camelus - AVESTRUZ

III-CLASSE PISCES

*Animais com respiração branquial; aquáticos; coração com uma aurícula.

SUB-CLASSE: Actinopterygii

*Peixes de nadadeiras com raios.

Ordem: OSTARIOPHYSI

*Grupo dominante de peixes de água doce.

15.Família: Cyprinidae

Espécie: Cyprinus carpio - CARPA

IV-CLASSE INSECTA (HEXAPODA)

*Insetos. Cabeça, tórax e abdome distintos; um par de antenas (exceto na ordemprotura); peças bucais para mastigar, sugar ou lamber; tórax tipicamente com trêspares de pernas articuladas e dois pares de asas muito variadas, reduzidas ou

ausentes; sexos separados.

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Ordem: LEPIDOPTERA

*Mariposas e borboletas. Tamanho variado; peças bucais nas larvas para mastigar enos adultos para sugar (espiritromba); antenas longas; quatro asas membranosascobertas por escamas finas.

16.Família: Bombycidae

Espécie: Bombyx mori - BICHO-DA-SEDA

Ordem: HYMENOPTERA

*Vespas, formigas, abelhas, etc. Peças bucais mastigadoras ou mastigadoras-lambedoras; dois pares de asas pequenas (ou ausentes), membranosas, poucasnervuras; base do abdômen geralmente estreita; fêmeas com ovipositor paraserrar, perfurar ou picar; larvas em forma de lagarta ou ápodes; metamorfosecompleta; algumas espécies vivem em colônia.

17.Família: Apidae

*Abelhas. Olhos peludos; operárias com cestas de pólen (corbículas) naspatas posteriores. Espécie: Apis mellifera - ABELHA

Subespécies: Apis mellifera mellifera - ALEMÃ

Apis mellifera ligustica - ITALIANA

Apis mellifera adansonii - AFRICANA

Apis mellifera carnica - CARNICA

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3.ed. Rio de Janeiro, MA/SIA, 1968. 392p.,Cap.4, p.83-151.

DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5.ed. São Paulo, Nobel, 1981.143p.

STORER, T.I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R.C. et al. Zoologia Geral. 6. ed. SãoPaulo, Nacional, 1986. 816 p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Descrever quanto à importância do sistema estabelecido por Lineu paraclassificação das espécies.

• Caracterizar o sistema binomial para nomenclatura científica das espécies.

• Identificar as espécies de interesse zootécnico quanto aos nomes científicos.

• Apresentar a classificação zoológica das espécies de interesse zootécnicodestacando particularidades que permitam classificação e inclusão em gruposdistintos.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: ORIGEM E DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE INTERESSE

ZOOTÉCNICO

Inicialmente, admitia-se que todas as espécies domésticas teriam seoriginado na Ásia, entretanto, com os trabalhos de paleontologia desenvolvidos ficouesclarecido que, embora os asiáticos tivessem domesticado grande parte das espéciesdomésticas atuais e, naquele continente tivessem origem grande número de espécies, emoutros continentes surgiram e foram domesticadas espécies de interesse zootécnico.

A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas de interessezootécnico, com possíveis origens e ancestrais.

1. CAVALO (Equus caballus)

Originado na América, onde não sobreviveu, e domesticado na Ásia naIdade dos Metais, cerca de 3.500 anos a.C.O Eohippus (em grego, "aurora do cavalo"), também conhecido como

Hyracoterium, é considerado o antepassado mais remoto do cavalo. Apresentava quatrodedos nos membros anteriores e três nos posteriores e estatura em torno de 0,40m.

2. ASININO (Equus asinus)

Originado na África (Núbia e Etiópia) e na Ásia (Tibé), onde foi encontradoem estado selvagem.Na escala evolutiva do Eohippus, chegou-se ao Hipparium, que viveu na

América, Ásia e África, e deu origem aos asininos e zebras. O Equus taeniopus,africano, é a possível espécie selvagem originária dos asininos, ainda sobrevivente.

Possivelmente, foi domesticado antes dos eqüinos, no vale do Nilo, naÁfrica, cerca de 5.000 anos a.C.

3. SUÍNO (Sus domesticus)

Descende provavelmente de duas espécies primitivas, uma delassobrevivente, o Sus scrofa ou Javali europeu; e o Sus indicus ou javali asiático, formaselvagem desconhecida, que apresenta Sus vittatus como forma sobrevivente, emextensa área da China.

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Domesticado inicialmente na China, cerca de 4.000 anos a.C.

4. CAMELO (Camelus bactrianus)

Originado e domesticado na Ásia, possivelmente na Bactriana, atualAfeganistão, após o ano 1.000 a.C. Possui como ancestral o Camelus bactrianus.

5. DROMEDÁRIO (Camelus dromedarius)

Originado e domesticado na Arábia ou Sudoeste da Ásia, cerca de 1.200anos a.C. Sua origem está ligada diretamente ao Macrauchenia, que viveu no continenteamericano e chegou à Ásia pelo istmo de Bering.

6. LHAMA (Lama glama)

Originada e domesticada na Cordilheira dos Andes, na Bolívia e Peru, pelosIncas. O guanaco (Lama guanicoe) é a possível forma selvagem que originou a lhama,que tem origem a partir do Auchenia.

7. ALPACA (Lama pacos)

Originada e domesticada na Cordilheira dos Andes, na Bolívia e Peru, pelosIncas. Tem origem a partir do Auchenia.

8. RENA (Rangifer tarandus)

Originada e domesticada nas Regiões Árticas da Ásia. Possui como formaselvagem o Rangifer tarandus fennicus, que existe na Sibéria como subespécie.

9. CAPRINO (Capra hircus)

Segunda espécie a ser domesticada e primeiro animal leiteiro domesticado,superando os ovinos em prioridade quanto à maior abundância de fósseis(DOMINGUES, 1968), possivelmente no Oriente Médio, tendo-se sugerido a Pérsia oua Palestina como locais (HEISER JUNIOR, 1977).

Quanto à origem da cabra, há duas hipóteses:

a) Hipótese da origem única: a partir da Capra aegagrus, ou cabra-bezoar, dos planaltosocidentais da Ásia.

b) Hipótese da origem polifilética ou poligênica: a partir de três espécies selvagens:

1-Capra aegagrus, ou cabra bezoar, dos planaltos ocidentais da Ásia;

2-Capra falconeri, da Ásia oriental e indiana, de cornos espiralados;

3-Capra prisca, de ADAMETZ, extinta, possível tronco primitivo.

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10. OVINO (Ovis aries)

Domesticado na Ásia no mesmo período que os caprinos.

São destacadas três fontes remotas das modernas raças:

1-Ovis musimon, Musimão, Mouflon, ou carneiro selvagem da Europa;

2-Ammontragus tragelaphus, pseudovino que deve ter originado os carneirosafricanos;

3-Ovis arkal ou Arcal, de cauda longa, das estepes asiáticas. Ancestral mais antigo.

11. TAURINO (Bos taurus)

Todos os bovidae, domésticos ou não, descendem de um tronco filogênicocomum, o "Antílope" do Mioceno e Plioceno, o qual originou todos os cavicórneos:Ovis, Capra, Antilope, Bos, Bubalus, etc.

Dentre os animais domésticos primitivos, são Bos taurus e Bos indicus, osde mais difícil determinação da origem, superados apenas pela dificuldade dedeterminação de origem do cão.Os Taurinos, possivelmente foram domesticados após o Cão, a Cabra e o

Carneiro, entre 6000 a 4000 anos a.C., possivelmente na Índia, Oriente Próximo e Egito.

Supõe-se que o bovino selvagem europeu que originou as espéciesdomesticáveis foi o Bos primigenius, na Suíça, Grécia, Itália e, ainda, na África(Argélia) e Ásia. Seu sobrevivente teria sido o Auroque, denominado Urus pelosAlemães. Até 1.627 ainda sobrevivia no Jardim Zoológico da Masóvia, na Alemanha.

12. ZEBUÍNO (Bos indicus)

Os Zebuínos, espécie diferente dos taurinos, foram domesticadospossivelmente no Egito, antes dos taurinos.A possível origem dos zebuínos parece ser o Bos

namandicus, encontradona forma fóssil no vale do Nerouda, na Índia.

13. BÚFALO (Bubalus bubalis)

Originado e domesticado na Ásia. Possivelmente descende do Arni(Bubalus indicus). A época da domesticação é imprecisa, embora na cultura doMohenjo Daro na Índia (2.500 anos a.C.) e na China (1.000 anos a.C.) já era conhecidoprestando utilidade.

14. GATO (Felis domestica)

Há dúvidas quanto à origem geográfica e zoológica do gato. Admite-se terse originado a partir do Felis catus, europeu, ou do Felis maniculata, africano (da Núbiae Abissínia). Foi domesticado no Egito, cerca de 3.000 anos a.C., onde foi consideradodeus Bast.

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15. CÃO (Canis familiaris)

A mais antiga espécie doméstica é o cão. Domesticada no Neolítico, noVelho Mundo, e utilizada possivelmente, no início, para alimentação e depois comoauxiliar do homem na caça.

Quanto à origem do cão há duas hipóteses:

a) Hipótese da origem única: Baseada na esterilidade entre espécies selvagens de cães ena fecundidade entre as raças domésticas. Também fundamenta-se no hábito de latir,próprio dos cães domésticos. Neste caso, o cão seria originado do pequeno loboindiano, do Chacal, do Lobo, ou ainda, de alguma espécie selvagem extinta.

b) Hipótese da origem polifilética: Baseada na grande diversidade de raças e nassemelhanças entre raças domésticas e determinadas espécies selvagens em diversasregiões da terra. Dessa forma, o cão teria se originado, conforme a região que habita,tendo como ancestrais:

01-Canis pallipes ou pequeno lobo indiano;

02-Canis lupus ou lobo europeu;

03-Canis aureus ou Chacal dourado (originou cães de pequeno porte);

04-Canis sinensis, da Abissínia (originou raças de Galgos);

05-Canis lupus occidentalis ou lobo americano (originou cães dos índiosamericanos);

06-Canis latrans ou coiote americano (originou cães dos índios americanos);

07-Canis ingae ou cão dos Incas;

08-Canis cancrivorus ou cão selvagem das Guianas;

09-Canis mesomelas ou Chacal de dorso preto, da África meridional;

10-Canis adustus ou Chacal listrado.

16. COELHO (Oryctolagus cuniculus)

Descende do Oryctolagus cuniculus, de origem européia. Provavelmente foidomesticado na Península Ibérica.

17. COBAIA (Cavia cobaya)

Descende de Cavia aperea ou preá, forma selvagem encontrada na Américado Sul. Domesticada pelos Incas.

18. GANSO (Anser domesticus)

Descende provavelmente das espécies selvagens Anser cygnoides ou gansoChinês; Anser canadensis ou ganso do Canadá; e Anser cinereus ou Anser ferus, o

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ganso europeu, e mais importante descendente. Sua domesticação deve ter ocorrido emvários locais, como China, Índia e Egito.

19. MARRECO (Anas boschas)

Descende da espécie selvagem Anas boschas, sobrevivente no norte daEuropa, Ásia, América do Norte e África. De domesticação recente, não se conhecendoformas pré-históricas dos marrecos. Era criado em cativeiro pelos romanos que,provavelmente, o domesticaram.

20. PATO (Cairina moschata)

Descende da espécie selvagem Cairina moschata, sobrevivente em lagoas ebanhados da América do Sul. Possivelmente domesticado na Europa (DOMINGUES,1968), embora HEISER JUNIOR (1977) admita sua domesticação na América do Sul.

21. CISNE (Cygnus olor)

Descende do Cygnus olor, de origem européia. Domesticado provavelmenteno fim da Idade Média, na Europa.

22. GALINHA (Gallus domesticus)

Originada na Índia e domesticada na Índia, China e Pérsia. Possui comoantepassado direto o Gallus bankiva ou galinha selvagem da Índia e Indochina, aindasobrevivente. Podendo ser incluídas como ancestrais da galinha doméstica, devido àinterfecundidade, três espécies selvagens da Ásia meridional, Gallus sonnerati ougalinha parda da Índia, Gallus lafayetti ou galinha do Ceilão e Gallus varius ou galinhade Java.

23. FAISÃO (Phasianus colchicus)

Descende da espécie selvagem Phasianus colchicus, da região do Rio Phase,na antiguidade, limite entre Europa e Ásia. Não considerada espécie perfeitamentedoméstica. Provavelmente os Gregos persistiram na sua domesticação, complementadapelos Ingleses, pelo que a espécie é também conhecida como faisão inglês.

24. CAPOTE (Numida galeata)

A forma selvagem deve ter sido Numida galeata, dispersa na Áfricaocidental, Nigéria, Senegal, Marrocos e Ilhas de Cabo Verde, sendo inclusive conhecidacomo galinha d`angola. Não considerada espécie perfeitamente doméstica, emboraGregos e Romanos a criavam em domesticação.

25. PAVÃO (Pavo cristatus)

Descende de Pavo cristatus, de origem da Índia e Irã. Domesticado naGrécia.

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26. PERU (Meleagris gallopavo)

Descende da espécie selvagem americana Meleagris gallopavo, das regiõesmontanhosas dos EUA e México. Domesticada provavelmente pelos índios Astecas doMéxico, antes de 2.000 anos a.C.

27. POMBO (Columba livia)

Descende do pombo selvagem dos rochedos ou torcaz (Columba palimbus),encontrado nas costas meridionais da Noruega, Ilhas Canárias e Madeira, costas doMediterrâneo, Índia e Japão. De domesticação remota e em diferentes locais. Como avede criação é reconhecida a partir de 3.000 anos a.C., no Egito.

28. AVESTRUZ (Struthio camelus)

Descende das espécies africanas Struthio camelus e Struthio australis.Domesticada na África do Sul.

29. CARPA (Cyprinus carpio)

Descende de Cyprinus carpio, da Pérsia e Ásia Menor, onde foi iniciada acriação em cativeiro. A domesticação iniciou na China, desde 2.100 anos a.C.

30. BICHO-DA-SEDA (Bombyx mori)

Descende de Bombyx religiosae, de origem chinesa, onde foi criadoinicialmente antes de 2.500 anos a.C.

31. ABELHA (Apis mellifera)

Descende das subespécies primitivas de Apis mellifera fasciata ou abelhaalemã, de Apis mellifera ligustica ou abelha italiana e de Apis mellifera adansonii ouabelha africana. A primeira abelha criada foi provavelmente a Apis mellifera ligustica.

Segundo IOIRISH (1981), antes de domesticar as abelhas, o homem pilhavao mel. Há cerca de 5.000 a 6.000 anos existiam colméias primitivas no Egito e emoutros países da Antiguidade, de formas diversas, fixas em argila cozida. Na Gréciaantiga, as colméias em forma de vaso eram feitas de bronze; enquanto que na antigaRoma, eram de madeira. Nas regiões Sul e no Cáucaso, as colméias eram feitas deramos ou de palha entrançada, endurecidos com argila. Em 1814, o apicultor ucranianoI. Prokopovitch inventou a colméia de quadros móveis. A colméia desmontável dequadros móveis foi desenvolvida pelo apicultor americano Lourenço Langstroth, em1851, e foi aperfeiçoada por outro apicultor americano, Amos Ives Root, passando adenominar-se “colméia Langstroth-Root”.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

CRISTO, N.; CARVALHO, L.O.M. Criação de Búfalos: Alimentação, Manejo,Melhoramento e Instalações. Brasília: EMBRAPA/SPI, 1993. 403p. Cap.1, p.1-9.

DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3.ed. Rio de Janeiro: MA/SIA, 1968.392p., Cap.4, p.83-151.

DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5.ed. São Paulo: Nobel, 1981.143p.

HEISER JÚNIOR, C.B. Sementes para a civilização. São Paulo: Nacional, 1977.253p., Cap.4, p.42-69.

IOIRISH, N. As abelhas: farmacêuticas com asas. Moscou: Editorial Mir, 1981. 228p.,Cap.1, p.9-38.

TORRES, G.C.V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador: UFBA, 1990. 464p.,p.217-319.

ESTUDO DIRIGIDO

• Identificar os locais de origem das principais espécies de interesse zootécnico,destacando características de adaptação e importância econômica para os povosdestas regiões.

• Identificar os ancestrais das principais espécies de interesse zootécnico.

• Descrever quanto à domesticação das espécies de interesse doméstico, destacandolocal, período e fatos.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: CLASSIFICAÇÃO DAS APTIDÕES E FUNÇÕES ZOOTÉCNICAS

I- APTIDÕES E FUNÇÕES MORFOLÓGICAS, FISIOLÓGICAS EECONÔMICAS

Aptidão zootécnica, produtiva ou econômica é a disposição natural do animaldoméstico para exercer determinada função produtiva, na dependência de suacapacidade para determinada produção.

A aptidão zootécnica é uma característica em potencial do animal paraprodução em maior ou menor grau, sendo portanto hereditária, consistindo da soma dasvirtualidades produtivas que o animal transmite aos seus descendentes. Enquanto afunção produtiva é de natureza fenotípica e depende do ambiente (manejo, clima,alimento, exercício, etc.) para a exteriorização. Assim, a cabra leiteira transmite a ótima,boa ou má aptidão para lactação, enquanto o bode também transmita essa aptidão éincapaz de exibir a função respectiva.

As funções produtivas, também denominadas de funções econômicas dosanimais domésticos, consistem de atos fisiológicos dos quais resultam utilidades ouserviços, os quais servem para garantir a sobrevivência do indivíduo ou da espécie, e, aoserem explorados pelo homem, ganham a característica fundamental de funçõeseconômicas. Para que sejam exploradas economicamente, não basta que satisfaçam asnecessidades vitais do animal, mas que forneçam uma sobra utilizável de sua produção.Isto é, a função deve ser altamente especializada (COSTA, 2000).

Segundo COSTA (2000), o desenvolvimento das funções produtivas foisimples, desde que a lógica sensibilizou o homem a reter para reprodução os animaismais produtivos. Essa “seleção”, processada através de séculos, e o acúmulo de seusresultados, permitiram se atingir as elevadas produções atualmente verificadas nasdenominadas raças especializadas.

As principais funções fisiológicas de interesse zootécnico podem seragrupadas quanto aos atos fisiológicos em:a) DE CRESCIMENTO: Aumento da massa corporal em função do tempo.

b) DE LOCOMOÇÃO: Capacidade de transladar-se no espaço em progressãocontínua, partindo de uma postura inicial de equilíbrio.

Os segmentos envolvidos na locomoção são agrupados em:

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• ATIVOS: Representados pelos músculos.

• PASSIVOS: Representados pelos ossos e suas ligações, cartilagens, bolsas sinoviaise tendões.

A dinâmica corporal ou movimentos são agrupados em:

• MOVIMENTOS LOCAIS: Não aparecem na locomoção, sem deslocamento:decubitar, levantar, escoicear, etc.

• MOVIMENTOS COM DESLOCAMENTO: Constituem o ato da locomoção,envolvendo passo, trote, galope e marcha, como também os movimentos especiais,como recuar, saltar, escalar, nadar, bem como os de "alta escola".

c) DE REPRODUÇÃO: Responsável pela perpetuação das espécies.

d) DE LACTAÇÃO: O colostro e o leite são indispensáveis à vida dos mamíferos.

As funções produtivas variam com a espécie, raça e sexo do animal, e com o tipo deexploração, ocorrendo os seguintes tipos de funções produtivas:

a) Produção de alimentos: carnes e derivados (vísceras, toucinho, gorduras), leites ederivados (queijo, manteiga), ovos, mel e correlatos (própolis, geléia real), etc.

Espécies: Bovina, bubalina, suína, ovina, caprina, coelhos, aves, abelhas, etambém eqüídeos em certas regiões. Na Bolívia e Peru, a cobaia constitui fontealimentar.

b) Matéria-prima para a indústria manufatureira: lã, pêlos, cerdas, crinas, seda,peles, couros, cornos, cascos, gorduras não comestíveis (sebo), penas, plumas, bile, etc.

Espécies: Ovina, caprina, bicho-da-seda, coelho, bovina, bubalina, eqüídeos,alpaca e aves. c) Força motriz: trabalho e esporte.

Espécies: Eqüídeos, bovina, bubalina, camelo, lhama, rena e cão.

d) Despojos e adornos.

Espécies: Neste particular se inclui a função das aves domésticas, cujasplumas são usadas como adorno ou na confecção de objetos de uso doméstico. Oavestruz é a mais importante das aves quanto à produção de plumas, pelo seu valor,já que as demais produzem plumas utilizadas como despojos em almofadas,travesseiros, colchões, etc.

e) Adubo orgânico: detritos e excreções. Deve-se ressaltar que o esterco da lhama nãoé utilizado como adubo e sim como combustível.

Espécies: Bovina, bubalina, eqüídeos, ovina, caprina e aves.

f) Função afetiva.

Espécies: Cão e gato, podendo-se ainda incluir ainda aves ornamentais, comoos pavões e cisnes.g) Faro e segurança: Explora-se o olfato dos cães (faro), bastante eficiente dentre as

espécies domésticas, e a coragem, notável qualidade moral seja para caça, seja paraauxiliar às ações policiais e na defesa do próprio homem.

Espécie: Cão.

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h) Função humanitária: Serviço prestado pelos animais de laboratório.

Espécies: Cobaia, coelho, eqüina.

i) Capital vivo: Em concomitância com a função produtiva, certos animais aumentamde valor com a idade, e nisso reside uma das grandes diferenças entre a “máquinaviva” e a máquina propriamente dita. Enquanto esta só pode funcionar a partir do diaem que esteja pronta e acabada, o animal pode produzir e trabalhar sem ter alcançadoainda o seu completo desenvolvimento. A seguir, são apresentados dados referenciaisda valorização de algumas espécies com a idade:

ESPÉCIE VALOR VALORCRESCENTE CONSTANTE

Eqüina e bovina até 5 anos de 7 a 10 anos

Ovina e caprina até 4 anos até 6 anos

Suína até 2 anos até 3 anos

Galinha caipira até 1 ano até 2 anos

Obs.: Os reprodutores são exceção, devido à avaliação pelo mérito da descendência(Teste de progênie).

II - TIPO ÉTNICO E TIPO ZOOTÉCNICO

Tipo étnico é o tipo referente à raça. Nada mais é do que o tipo racial. Afisionomia, o conjunto dos caracteres exteriores e hereditários de uma raça. É umaexpressão da etnografia.

Tipo zootécnico constitui uma expressão de exterior, designando umaconformação que corresponde a certa utilização do animal. Portanto, nada tem a vercom a noção de raça, e tão somente à de rendimento zootécnico. Como exemplo, "tipoleiteiro", refere-se à conformação do animal cuja função é produzir leite, nãoimportando qual a raça.

III - CLASSIFICAÇÃO ZOOTÉCNICA DAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS

1. EQÜINA

a) Sela: Cavalos leves, enérgicos, inteligentes, com ossatura fina e densa, tendões earticulações bem definidos, corpo enxuto e estatura superior a 1,45m.

Ex.: Árabe e Mangalarga Marchador.

b) Tração: Cavalos com aspecto largo e profundo, bem proporcionado. Ossatura forte,musculatura abundante. Menos ágil que o cavalo de sela. Andar desembaraçado,direito e regular.

Ex.: Percherão e Bretão.

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c) Misto (Sela e Tração): Cavalos com características intermediárias entre os tipos sela etração.

Ex.: Andaluz.

2. SUÍNA

a) Banha: Também conhecidos como "lard type". Apresentam o corpo largo, profundo,simétrico, baixo e compacto.

Ex.: Raças nativas brasileiras Canastra e Piau.

b) Carne magra: Também conhecidos como "bacon type". Apresentam o corpo longo,profundo, bem equilibrado ou com quartos posteriores predominantes.

Ex.: Wessex.

c) Carne e toucinho: Suínos intermediários entre os tipos banha e carne magra.

Ex.: Landrace.

3. BOVINA

a) Leite: Apresentam tendência leiteira, ou seja, atributos indicativos de aptidão leiteira.Demonstram forma de cunha, quando observados sob três ângulos:

• Visto de lado, a linha inferior se mostra descendente da frente para trás.• Visto de frente, as linhas das paletas se abrem para baixo;

• Visto de cima, as linhas laterais apertadas na frente, se afastam nos quartosposteriores.

A aparência geral, em comparação com a dos bovinos de corte, é de umanimal menos musculoso, com ângulos e costelas mais salientes, porém revelandovivacidade, vigor e saúde. Apresentam um bom desenvolvimento das glândulasmamárias.

Ex.: Holandesa, Jersey, Guernsey.

b) Corte: Apresentam tendência à engorda, ou seja, atributos relacionados com acapacidade de ganhar peso. Possuem corpo em forma de cilindro compacto, profundoe moderadamente comprido. Deve ser tão liso quanto possível na união das diversasregiões, sem saliências nas espáduas, sacro e base da cauda; sem depressões nocilhadouro e flancos; bem proporcionados e devem se locomover com facilidade.

A linha superior deve ser retilínea, larga e bem musculosa desde o pescoço até a base dacauda. O quarto anterior deve ser largo, profundo, cheio e apresentar bom espaçoentre os membros, denotando boa capacidade respiratória, e o quarto posterior deve

ser comprido, largo e profundo.O corpo tem a forma cilíndrica, conforme a raça, com os quartos anteriores e posterioresigualmente desenvolvidos, preferindo-se maior volume muscular nos posteriores.

Ex.: Hereford, Nelore, Indubrasil.

c) Tração: Os bovinos tipo tração apresentam conformação compacta, forte emusculatura bem desenvolvida, principalmente no dorso e quartos posteriores.Pernas curtas e fortes, possuindo peito largo. O peso do corpo apoia-se cerca de 60%

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nos membros anteriores e 40% nos membros posteriores. O temperamento deve serdócil, calmo e sem vícios.

Ex.: Mestiços nativos.

d) Misto (Leite e carne): Apresentam atributos intermediários aos bovinos tipo carne etipo leite

Ex.: Pardo suíço, Sindi.

4. CAPRINA

a) Leite: Muito semelhantes às características gerais da vaca leiteira, possuindoconformação geral tendendo às formas clássicas de cunha. Aspecto descarnado,feminilidade acentuada nas matrizes e, sobretudo, úbere desenvolvido e glanduloso.

Ex.: Saanen, Parda Alpina.

b) Corte: Corpo comprido e profundo, largo no dorso, espáduas bem desenvolvidas ecom amplas e bem distribuídas massas musculares. Peito amplo, largo, com boaprofundidade e com uma profunda e larga massa muscular. Linha dorso-lombarretilínea e ampla. Tórax profundo, com costados bem arqueados e musculosos, e comcostelas bem separadas. Ancas bem separadas, musculosas e arredondadas. Garupaampla e comprida, com inclinação suave e boa cobertura muscular.

Ex.: Boer.

c) Pêlo: Caprinos com pelo brilhoso, fino, suave e uniforme. São preferidos os animaisde pelos cacheados e enovelados, sendo rejeitados os fios muito lisos, curtos,untuosos, esponjosos e grosseiros.

Ex.: Angorá.

d) Misto (leite e carne): Caprinos que apresentam, em geral, baixa capacidade paraproduzir leite e carne. Devem ser melhorados visando maior grau de especializaçãopara o tipo desejado.

Ex.: Moxotó, Anglo-nubiana.

5. OVINA

a) Lã: Apresentam pequeno porte e corpo menos profundo que os demais tipos. O corpoapresenta como contorno desejável o mais cilíndrico, envolto por uma densacobertura de lã, ocorrendo os tipos de lã fina, média ou forte. É característica apresença de maior ou menor número de rugas na pele, especialmente no pescoço epeito.

Ex.: Lã fina a forte - Merinos.

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Lã forte - Corriedale, Ideal, Romney Marsh e Suffolk.

TIPO DE LÃ DIÂMETRO DASFIBRAS

(MICRÔMETROS)

CLASSIFICAÇÃO

BRASILEIRA

Fina 16 a 20 Merina

Média 20 a 22 Merina

Forte 23 a 26 Amerinada, Prima A ePrima B

b) Corte e Pele: Ovinos deslanados, presentes no Nordeste brasileiro. A substituição dovelo de lã por pêlos curtos se deve à adaptação ao ambiente tropical. Tendem apossuir porte superior ao dos ovinos tipo lã.

Ex.: Santa Inês e Morada Nova.

c) Misto (Leite, carne e Lã): Apresentam carcaças de boa qualidade; lã de espessura ecomprimento médios e de inferior qualidade, usada geralmente em tecidosgrosseiros; e, baixa produção de leite com alto teor de gordura. Devem sermelhorados visando maior grau de especialização para o tipo desejado.

Ex.: Bergamácia.

6. BUBALINA

a) Leite.

Ex.: Murrah, Mediterrânea.

b) Misto:

Leite e Carne.

Ex.: Jaffarabadi.

Carne e Tração.

Ex.: Carabao.

7. AVES

a) Postura.

As boas poedeiras apresentam cristas, barbelas e patas descoradas e poucodesenvolvimento corporal, mostrando aparência sadia.

b) Corte.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS (ARCO). ManualTécnico. Bagé: Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, 1989. 88p.

COSTA, R.S. Tópicos de Zootecnia Geral. Mossoró: Escola Superior de Agricultura deMossoró, Gráfica Tércio Rosado - ESAM, 2000. 135p.

CRISTO, N.; CARVALHO, L.O.M. Criação de Búfalos: Alimentação, Manejo,Melhoramento e Instalações. Brasília, EMBRAPA/SPI,1993.403p. Cap.1:Desempenho produtivo em carne, desempenho em produção de leite, animal detrabalho, outras performances, p.1-9.

TORRES, A.P.; JARDIM, W.R.; JARDIM, L.F. Manual de Zootecnia: Raças queInteressam ao Brasil. 2.ed. São Paulo: Ceres, 1982. 136p.

TORRES, G.C. de V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador: UFBA, 1990. 464p.,p.217-319.

VIEIRA, M.I. Pecuária Lucrativa. 1.ed. São Paulo: Nobel, 1986. 136p.

ZEZZA NETO, L.; BADINI, K.B. O que representam os animais domésticos para ohomem. Unimar Ciências, v.1, p.66-70, 1992.

ESTUDO DIRIGIDO

• Caracterizar aptidão e função produtiva.

• Identificar as principais funções produtivas quanto aos atos fisiológicos e asfunções produtivas de interesse zootécnico.

• Identificar as causas de variações das funções produtivas.

• Distinguir tipo étnico de tipo zootécnico.

• Apresentar a classificação zootécnica das espécies domésticas, descrevendoprincipais características e exemplificar.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: NOMENCLATURA E LOCALIZAÇÃO DAS REGIÕES DO CORPO

DOS ANIMAIS

1 - INTRODUÇÃO

O conhecimento da localização, limites e denominações das regiões docorpo é de fundamental importância para que se possa julgar com eficiência um animal,assim como classificá-lo (Neiva, 1998).

As regiões do corpo dos animais possuem denominações próprias, assimcomo os órgãos que nele se encontram, quer no seu exterior (olhos, ouvidos, boca,nariz, etc.); quer no seu interior (coração, fígado, rins, intestinos, etc.).

O estudo das denominações de cada região externa do corpo dos animais edas suas delimitações se conhece como ezoognósia.

Cada região do corpo dos animais possui particularidades de acordo com asespécies e, dentro das espécies, com as raças e tipos zootécnicos.Basicamente, podemos subdividir o corpo de um animal em quatro partes,quais sejam: cabeça, pescoço, tronco e membros.A seguir, estão apresentadas as principais regiões do corpo dos animais

domésticos, sendo citados, inicialmente o termo utilizado em ezoognósia, e a seguir, osrespectivos sinônimos, que podem ser apropriados ou não.

2 - REGIÕES DO CORPO DOS BOVINOS

2.1 - CABEÇA

Na cabeça, encontra-se o maior número de partes, que pelas características,auxiliam na identificação do animal, quanto ao grupo racial a qual pertence (Neiva,1998). A cabeça é composta por quatro faces e duas extremidades:

I) As faces são:

• Anterior - Formada pela fronte, chanfro e espelho nasal.

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•Posterior - Onde localizam-se a ganacha e entre-ganacha.• Laterais -(direita e esquerda) - Onde estão as orelhas, olhais, olhos,

bochechas, narinas e fontes.

II) As extremidades são:

• Superior - Limitada pela nuca, parótida e pela garganta.• Inferior - Constituída pela boca.

FRONTE, FRONTAL ou TESTA - Região ímpar que tem por base anatômica os ossosfrontais, parietais e face anterior do occipital, localizada na parte ântero-superior da cabeça. Limitada posteriormente pela nuca, inferiormente pelochanfro, e lateralmente pelos olhos, olhais, fontes e orelhas.

MARRAFA ou TOPETE - Região ímpar correspondente ao bordo caudal da fronte,situada medianamente à inserção dos cornos. Anatomicamente denominadaprotuberância intercornual. Nos animais mochos, a marrafa é saliente earredondada. "Nimburi" é o termo usado na Índia para designar a eminênciafrontal. Na marrafa, às vezes está presente o topete ou tufo de pelos.

CHANFRO ou CANA DAS VENTAS - Região ímpar que tem por base anatômica osossos nasais. Seu limite caudal é a fronte; o oral, o espelho e as narinas; e oslaterais, as bochechas. O perfil da fronte juntamente com o do chanfrocaracterizam o perfil da cabeça, que segundo Neiva (1998) pode ser retilínea,concavilínea e convexilínea, sendo as duas últimas sub-divididas emultracôncavo e subcôncavo e ultraconvexo e subconvexo, respectivamente. Atítulo de exemplo, destacam-se os perfís ultra-convexo no Gir; sub-convexono Indubrasil, no Sindi e no Nelore; e, sub-côncavo no Guzerá.

CORNO, ASPA ou ARMA - Região par formada pelo estojo córneo que recobre oprocesso cornual. Varia quanto à inserção, diâmetro, comprimento, seçãotransversal, forma e coloração, o que tem grande importância nacaracterização das raças, devido à alta hereditariedade dessas variações.Podem estar ausentes em algumas raças, denominadas mochas, em inglês"polled". Outra variação é o corno chamado "banana", móvel e pendente,onde a cavilha óssea na sua conjunção com a marrafa interrompe-se e umtecido fibro-cartilaginoso liga o corno à cabeça, explicando-se, assim, suamobilidade, aliás muito variável, podendo chegar a ser nula. O animal queapresenta cornos é denominado aspado. Por batoque se entende os tocos decornos (em inglês, "scurs"), rudimentos de aspas, protuberâncias, botões, nãoaderidos ao tecido ósseo da caixa craniana, diferentemente dos cornosverdadeiros.

ORELHA - Região par implantada entre a fronte, a nuca e a parótida. Anatomicamentecorresponde ao pavilhão auricular. Tem por base anatômica cartilagem emúsculos. Serve para distinguir as raças, visto serem a forma, dimensão eposição altamente hereditárias. Nos bovinos europeus, não há grande variaçãoem seu formato e tamanho, que normalmente são curtas e médias e de pontasarredondadas. O posicionamento da orelha é fator indicativo detemperamento e estado de higidez dos animais.

OLHO ou VISTA - Região par, situada entre a fronte, o chanfro e a bochecha. Consistedo globo ocular, protegidos pelas pálpebras e pestanas; devem ser simétricos.

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Constitui-se fator indicativo do tipo étnico e da saúde dos animais. Sãoelípticos (Guzerá e Nelore) e mais aproximados da forma circular nas outrasraças.

BOCA - Região ímpar. Limita-se com o focinho, as narinas e bochechas. Tem por baseanatômica os intermaxilares, maxilares e palatinos. Nela encontram-se oslábios, os dentes, as gengivas, o céu da boca, palato ou palatino e a língua.Nos bovinos, os incisivos superiores e os caninos são ausentes, onde severifica uma cartilagem dura revestindo a gengiva, denominada almofadadentária.

GANACHA ou PARTE POSTERIOR DO QUEIXO - Região par, situada abaixo dabochecha, tem por base anatômica as bordas ventrais das mandíbulas.

GARGANTA, GORJA ou GOLA - Região ímpar, situada entre o pescoço e a fauce.Deve ser larga, correspondendo a um bom desenvolvimento da laringe e aoafastamento dos ramos do mandibular. Quando a garganta é larga, a boca éespaçosa e o animal comedor.

ESPELHO - Situado entre as narinas e acima do lábio superior. Correspondeanatomicamente à região naso-labial. As rugosidades do espelho apresentamvariações individuais que permitem identificação específica, tal qualimpressões digitais dos humanos. A coloração do espelho constitui-se emindicativo da pureza racial e também pode caracterizar o estado sanitário doanimal, devendo apresentar-se úmido e brilhoso. Nos zebuínos, o espelhodeve ser preto.

NUCA - Região ímpar que tem por base anatômica a articulação atlóideo-occipital. Estásituada entre as orelhas, posteriormente à crista nucal(marrafa) eanteriormente ao bordo superior do pescoço. Deve ser espaçosa.

PARÓTIDA - Região par compreendida pela glândula do mesmo nome. Situa-se entre aorelha, garganta, bochecha e tábua do pescoço. Deve apresentar ligeiradepressão.

FONTE ou TÊMPORA - Região par, em saliência, situada entre a orelha, a fronte, oolho e a bochecha. Tem por base anatômica a fossa temporal.

BOCHECHA - Região par, situada entre a fonte, o chanfro, o olho, a parótida, a boca ea ganacha. Divide-se em "chato da bochecha" e "bolsa" que têm por baseanatômica, respectivamente, os músculos masseter e bucinador.

NARINA ou VENTA - Região par, correspondente à abertura externa das viasrespiratórias ou aberturas nasais. Tem por base anatômica cartilagens emúsculos. Devem estar sempre bem abertas e saudáveis.

FAUCE, ENTRE GANACHAS ou CALHA - Região ímpar, limitada lateralmente pelasganachas, posteriormente pela garganta e anteriormente pelo lábio inferior.Tem por base anatômica o hióide e músculos.

GARGANTA, GORJA ou GOLA - Região ímpar, situada entre o pescoço e a fauce.Deve ser larga, correspondendo a um bom desenvolvimento da laringe e aoafastamento dos ramos do mandibular. Quando a garganta é larga, a boca éespaçosa e o animal comedor.

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2.2-PESCOÇO - Liga-se anteriormente à nuca, parótidas e garganta; posteriormente àcernelha, escápula e peito. Tem por base anatômica as vértebras cervicais,ligamentos cervicais e músculos. As tábuas direita e esquerda, apresentam a"goteira da jugular", depressão longitudinal por onde passa a veia de mesmonome. As tábuas apresentam, ainda, dobras da pele que a reveste e que semostra frouxa. No bordo superior ocorre, nos machos taurinos, uma massamúsculo-gordurosa denominada cangote, diferente do cupim dos zebuínos.No bordo inferior insere-se a barbela ou papada, prolongamento da pele quereveste este bordo, muito desenvolvida nos zebuínos. Forma na parte anteriora papada e desce ao longo do pescoço até a extremidade deste.

BARBELA - A barbela se inicia discretamente bifurcada em dois pequenos ramos quese juntam, até alcançar a inter-axila e atingir o refego, ou seja, a dobra de peleque percorre o esterno e liga, na maioria dos casos, a barbela ao umbigo. Odesenvolvimento do refego, às vezes, acompanha o da barbela.

2.3-TRONCO

CERNELHA, GARROTE ou CRUZES - Região ímpar, anatomicamente denominadaregião inter-escapular. Situa-se entre o bordo superior do pescoço e o dorso.Tem por base anatômica as apófises espinhosas da segunda à sétima vértebratorácica. É elemento indicador do tipo zootécnico.

GIBA ou CUPIM - Presente nos Zebuínos. Situa-se no alto da cernelha, estendendo-seum pouco para frente, e sua base não deve ultrapassar posteriormente avertical que passa pelo cotovelo, tangenciando-o. Tem por base anatômica osmúsculos rombóide e trapézio. Varia de dimensões conforme o sexo e a raça.O cupim tombado constitui defeito.

DORSO ou ESPINHAÇO - Região ímpar, localizada entre a cernelha e o lombo, acimados costados. Tem por base anatômica as últimas vértebras torácicas emúsculos correspondentes, conhecida como região toráxica dorsal. Deve serretilíneo, amplo e longo.

LOMBO ou RIM - Região ímpar, situada entre o dorso e a garupa, acima dos flancos eadiante das ancas. Tem por base anatômica as vértebras lombares e osmúsculos correspondentes(íleo, espinais e psoas). Deve ser amplo eanguloso. É comum no Zebu o lombo oblíquo, ascendente, de que resultauma garupa alta.

ANCA, QUADRIL, COXAL ou CADEIRA - Região par, em saliência, situada nolimite entre o lombo e a garupa, posteriormente e acima dos flancos.Anatomicamente, corresponde ao ângulo anterior externo do osso íleo,denominada tuberosidade coxal. Devem ser afastadas e ao nível do lombo eda garupa.

GARUPA - Está situada entre o lombo e a base da cauda, separada da coxa pela linhaque liga a anca à ponta da nádega. Tem por base anatômica o osso sacro, ocoxal e músculos correspondentes, denominada região glútea ou sacral.Apresenta forma trapezoidal, delimitada pelas linhas e ângulos que unem as

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tuberosidades isquiáticas entre si e os ângulos externos dos íleos. Sua belezaestá em ser ampla, em plano horizontal. Normalmente é considerada "teto doúbere".

PEITO - Região ímpar, situada entre a base do pescoço, a ponta das escápulas e as inter-axilas. Tem por base anatômica a extremidade anterior do esterno erespectivos músculos, denominada região pré-esternal. Deve ser largo emusculoso nos bovinos de corte e mais discreto nos bovinos leiteiros. Emambos os casos, deve apresentar o couro pregueado e frouxo.

AXILA ou SOVACO - Região entre o membro anterior e as inter-axilas. Nessa região apele é mais flácida e os pelos mais ralos.

INTER-AXILA - Região situada entre as axilas, posteriormente ao peito e adiante docilhadouro. Tem por base anatômica a porção média do osso esterno emúsculos.

COSTADO ou COSTELAS - Região par abaixo do dorso, atrás da paleta, adiante doflanco e acima do ventre. Tem por base anatômica oito a nove pares decostelas e músculos correspondentes, denominada região toráxica lateral.Deve apresentar-se largo, profundo, longo e convexo, com costelasarqueadas, determinando amplitude torácica e abdominal. Envolve osprincipais órgãos respiratórios e circulatórios. Nos bovinos de corte, deve serbem revestido por massa muscular.

FLANCO, VAZIO, ILHAL ou ILHARGA - Região par situada posteriormente aocostado, adiante da anca e da coxa, abaixo do lombo e acima do ventre,anatomicamente denominada fossa paralombar.

CILHADOURO, CINCHA ou PASSAGEM DA CILHA - Região ímpar, situada entreas inter-axilas e o ventre, abaixo do costado. Corresponde à parte posterior doesterno, mais cartilagens e músculos.

VENTRE, BARRIGA, PANÇA ou ABDOMEM - Região ímpar, abaixo do costado edo flanco, adiante da região inguinal, atrás do cilhadouro. Tem por baseanatômica os músculos abdominais.

UMBIGO - Ponto da linha média onde se localiza a cicatriz umbilical.

VIRILHA - Região par formada pela prega cutânea que une o ventre ao membropélvico. Anatomicamente corresponde à região inguinal.

REGIÃO INGUINAL - Região ímpar, situada entre o ventre e o períneo. Nesta regiãoestão localizados os órgãos reprodutivos externos dos machos.

FONTE DO LEITE - Região par, onde a veia mamária penetra no interior do abdômen.Sua forma e calibre podem estar associados à capacidade circulatória doaparelho mamário.

CAUDA, RABO ou COLA - Região ímpar inserida na porção mediana e distal dagarupa, continuidade da linha dorso-lombar, na extremidade posterior dotronco, constituída pelas vértebras coccigianas(18 a20) e respectivosmúsculos. A cauda possui duas partes: "sabugo" ou parte vertebrada e"vassoura da cauda" formada por um tufo de pelos longos, abundante no gadoindiano. A inserção da cauda, na garupa, pode ser alta (sacro elevado), oubaixa, quando se insere entre os ísquios, ao dobrar-se para baixo.

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ÂNUS - Região ímpar, correspondente à abertura posterior do tubo digestivo. Localiza-se sob a cauda, acima do períneo, nos machos; nas fêmeas situa-se acima davulva. Deve ter coloração escura.

PERÍNEO ou REGO - Situa-se entre as nádegas. Nos machos localiza-se do anus aoescroto. Nas fêmeas, entre a vulva e o úbere.

NÁDEGAS - Região par, situada posteriormente à coxa, estendendo-se da tuberosidadeisquiática ao tendão do jarrete. Tem como base anatômica a tuberosidade doísquio e músculos. Deve ser saliente, espessa, descida, polpuda earredondada.

ESCROTO - Situado entre as coxas, na região inguinal dos reprodutores. Não deve sermuito desenvolvido e deve conter dois testículos, também conhecidosvulgarmente como bagos, grãos ou ovos, onde são produzidos osespermatozóides, os quais devem apresentar simetria e bom desenvolvimento,além de mobilidade.

BAINHA, FORRO, BOLSA ou PREPÚCIO - Formada pela dobra de pele que recobre averga em repouso. Nos zebuínos, caracteriza-se pelo seu desenvolvimento. Éincorreto denominá-la de umbigo. Quando demasiadamente longa, corre orisco de traumatizar-se podendo surgir, em conseqüência, a acrobustite e afimose.

VERGA, PÊNIS, MEMBRO ou PEÇA - Acha-se envolto pela bainha, quando emrepouso.

VULVA ou VASO - Região ímpar das fêmeas. Localiza-se abaixo do ânus, entre asnádegas. Mostra dois lábios ligados por comissuras em sentido vertical.Compõem a abertura externa das vias genito-urinárias. Quando apresentapelos demonstra baixa fertilidade.

ÚBERE ou MAMAS - Está situado na região inguinal das fêmeas. Anatomicamentecorresponde às glândulas mamárias. Nas raças leiteiras, projeta-se para oventre e para o posterior, atingindo a região média do períneo. Subdivide-seem quatro quartos, cada qual com uma teta, simétricas, normais, cada umacom um pequeno orifício na sua face inferior, onde há um esfíncterresponsável pela liberação do leite. É um órgão globoso, em forma de taça, devolume variável com o estado em que a vaca se encontra, isto é, produzindoleite ou seca, e ainda, apresenta-se bastante desenvolvido nas raçasespecializadas na produção de leite.

2.4-MEMBROS

Os membros estão subdivididos em torácicos e pélvicos.

I) Torácicos - Apresentam as seguintes regiões: escápula, braço, cotovelo, antebraço,joelho, canela, boleto, quartela e pé.

II) Pélvicos - Apresentam as seguintes regiões: coxa, patela, perna, jarrete, canela,boleto, quartela e pé.

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ESCÁPULA, PÁ, APA ou PALETA - Região par situada abaixo da cernelha, acima dobraço, entre a base do pescoço e o costado. Está justaposta ao tórax. Temcomo base anatômica o omoplata e músculos da região, correspondendo àregião escapular. Nos bovinos de corte, deve apresentar-se bem revestida pormúsculos.

BRAÇO - Região par localizada entre a paleta e o antebraço. Seu limite posterior é ocodilho. A base anatômica é constituída pelo osso úmero e músculos. Abeleza desta região, nos bovinos de corte, está no desenvolvimento muscular.

CODILHO ou COTOVELO - Limite entre o braço e o antebraço. Correspondeanatomicamente ao olécrano.

ANTEBRAÇO - Região par que se limita, superiormente, com o braço e o codilho e,inferiormente, com o joelho. Tem como base anatômica os ossos rádio e ulna.Deve apresentar-se musculoso nos bovinos de corte.

JOELHO - Região par localizada entre o antebraço e a canela. Tem como baseanatômica os ossos do carpo.

COXA - Região par, limitada proximalmente com a garupa, distalmente com a perna,anteriormente com o flanco e posteriormente com a nádega. No limite com aperna, anteriormente, fica a patela. Tem como base óssea a articulação fêmur-tíbio-patelar e músculos da região. Deve ser bem desenvolvida e musculosanos bovinos de corte.

PERNA - Região par localizada abaixo da coxa e da patela, acima do jarrete. Tem porbase anatômica tíbia, fíbula e músculos respectivos. É bela quandomusculosa.

JARRETE, GARRÃO ou CURVILHÃO - Região par, situada inferiormente à perna eacima da canela. Anatomicamente a ponta do jarrete corresponde àtuberosidade do calcâneo.

2.5-REGIÕES COMUNS AOS MEMBROS TORÁCICOS E PÉLVICOS

CANELA ou CANA - Nos membros torácicos, está situada abaixo do joelho e acima doboleto. Nos membros pélvicos, fica abaixo do jarrete e acima do boleto. Tempor base anatômica os ossos do metacarpo, no primeiro caso, e do metatarso,no segundo caso. Para ser bela, deve ser bem dirigida, em aprumo, curta,larga e espessa, apresentando bons ligamentos paralelos.

BOLETO - Região par localizada entre a canela e a quartela. Tem por base anatômica aarticulação metacarpo-falangeana no membro anterior e metatarso-falangeanano membro posterior e os ossos grandes sesamoideanos em ambos os casos.Deve ser largo, espesso, seco e bem dirigido.

QUARTELA ou MIÚDO - Região par, situada entre o boleto e a coroa que circunscreveo casco. Tem por base anatômica as duas primeiras falanges ou falangesproximais. Apresenta uma forma estrangulada, em comparação com asregiões limítrofes. Deve ser larga e espessa, seca, não alongada e bem

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dirigida. O exagerado comprimento acarreta sobrecarga dos ligamentos e, seestes não forem resistentes, o animal pode se tornar "sapateiro" isto é, baixo-juntado. A quartela deve formar um ângulo de 45 a 50° com o solo.

COROA - Região que circunscreve o casco. É uma parte da quartela que se articula como casco. Está dividida em duas por um sulco que separa os dois dedos. Tempor base anatômica a porção da segunda falange que está fora do estojocórneo do casco.

SOBRE-UNHAS - Rudimentos de unhas, localizados posteriormente aos boletos,apresentam-se duplos em cada membro. Anatomicamente corresponde aosparadígitos.

UNHA, PÉ ou CASCO - É o estojo córneo que recobre e protege a extremidade de cadamembro. Apresenta-se dividido em duas metades, constituindo as unhas comum espaço central, denominado espaço interdigital. Pode ser dividido emperioplo, muralha e sola. Perioplo é a parte córnea que contorna o bordosuperior da muralha. Muralha é a região visível do casco, abaixo do perioplo.Sola ou palma é a concavidade da face plantar. A coloração das unhas deveser sempre preta ou escura nos zebus. As unhas posteriores são maisdesenvolvidos que as anteriores. Os posteriores formam um ângulo de 55°com a horizontal e os anteriores são menos inclinados(50°). As unhasexternas são mais largas e um pouco mais curtas que as internas. Adenominação "casco" não é adequada no caso dos bovinos.

3 - REGIÕES DO CORPO DOS EQUINOS

NUCA - Região ímpar que tem por base anatômica o occipital e músculos. Está situadaentre a fronte, orelha e bordo superior do pescoço. Nela se implanta o topete.Deve ser alta, cheia e larga.

GARGANTA - Região ímpar situada no ponto de ligação da cabeça com o pescoço,entre as parótidas. Deve ser larga correspondendo a um bom desenvolvimentoda laringe e ao afastamento dos ramos do mandibular. Quando a garganta élarga, a boca é espaçosa e o animal comedor.

PARÓTIDA - Região par compreendida pela glândula do mesmo nome. Situa-se decada lado da cabeça, em depressão entre as orelhas, garganta, bochecha epescoço. Deve apresentar-se longa, lisa e moderadamente reentrante.

FRONTE - Região ímpar que tem por base anatômica os ossos frontais, parietais e faceanterior do occipital. Situa-se entre nuca, chanfro, olho, fonte e orelha. Deveser comprida, larga e chata, com perfil retilíneo.

CHANFRO - Região ímpar que tem por base anatômica os ossos nasais. Seu limitecaudal é a fronte, o lateral são bochechas, olhos e narinas e o oral é o focinho.

FOCINHO - Está situado entre o chanfro, as narinas e a boca. Deve apresentar-se comaparência delicada, suavidade ao tato e íntegro.

ORELHA - Região par implantada entre a nuca, o topete e a parótida. Tem por baseanatômica cartilagem e músculos. Devem ser curtas, delicadas, simétricas e

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bem dirigidas. São conhecidas as orelhas dos tipos de lebre, de porco,cabanas, corajosas, medrosas e más.

FONTE - Região par, em saliência reentrante, situada entre orelha, fronte, olho ebochecha. Tem por base anatômica a região têmpro-maxilar. Deve apresentarprofundidade reduzida.

OLHO ou VISTA - Região par situada entre fronte, chanfro e bochecha. Os olhos sãoformados pelo globo ocular, protegido pelas pálpebras e pestanas. Aspálpebras devem ser finas, lisas, rasgadas, móveis, bem dirigidas e mostrandoconjuntiva rosada. Os globos oculares devem ser grandes, simétricos, bemaflorados, medianamente convexos e brilhantes.

BOCHECHA - Região par situada entre a fonte, o focinho e a ganacha. Deve apresentarpele fina e musculatura lisa e firme.

NARINA - Região par correspondente à abertura externa das vias respiratórias. Tem porbase anatômica cartilagens e músculos. Localizam-se nas laterais do focinho,limitada pelo chanfro e lábio superior.

GANACHA - Região par que tem por base anatômica o bordo inferior do ramomandibular. Situada aos lados da fauce, acima da barba e abaixo da garganta.Devem ser secas e bem afastadas.

FAUCE - Região ímpar limitada pelas ganachas, garganta e barba. Deve ser larga, secae cavada.

BARBA - Situada entre o lábio inferior e a ganacha, adiante da fauce. Deve ser larga,arredondada e limpa.

BOCA - Limita-se com focinho, narina e bochecha. Tem por base os intermaxilares,maxilares e palatinos. Nela encontram-se os lábios, os dentes, as gengivas, océu da boca ou palatinos e a língua. É a porção inicial do aparelho digestivo.

PESCOÇO - Liga-se anteriormente à nuca, parótidas e garganta; posteriormente àcernelha, escápula e peito. Tem por base anatômica as vértebras cervicais,ligamentos cervicais e músculos. As tábuas direita e esquerda, apresentam a"goteira da jugular", depressão longitudinal por onde passa a veia de mesmonome.

CRINEIRA - Situada no bordo superior do pescoço. Pode ser simples ou dupla,podendo ser cortada ou trançada. Deve apresentar fios lustrosos, não muitoabundantes, macios e relativamente finos.

CERNELHA - Região ímpar situada entre o bordo superior do pescoço e o dorso, acimadas escápulas. Deve ser alta, longa, seca, musculosa, limpa, bem dirigida edotada de base larga.

DORSO - Região ímpar localizada entre a cernelha e o lombo, acima dos costados. Tempor base anatômica as últimas vértebras torácicas e músculoscorrespondentes. Deve ser direito, curto, largo e musculoso.

LOMBO - Situado entre o dorso e a garupa, acima dos flancos e adiante das ancas. Tempor base anatômica as vértebras lombares e os músculos correspondentes.Deve ser horizontal, curto, largo, musculoso, bem ajustado e flexível.

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ANCA - Região par, situada no limite entre lombo e garupa, acima dos flancos.Anatomicamente, corresponde ao ângulo externo do osso ílio. Devem sersalientes, simétricas e bem musculosas.

GARUPA - Está situada entre o lombo e a base da cauda, separada da coxa pela linhaque liga a anca à ponta da nádega. Tem por base anatômica o osso sacro, ocoxal e músculos correspondentes. Vista de cima, deve mostrar formaaproximada de um quadrado.

PEITO - Situa-se entre a base do pescoço, a ponta das escápulas e as inter-axilas. Tempor base anatômica a extremidade anterior do esterno e respectivos músculos.Deve ser largo e forte, como indícios de tórax e músculos bem desenvolvidos.

AXILA - Região situada entre as faces internas dos membros torácicos e o tronco. Deveapresentar pele fina, macia e elástica, livre de irritações.

INTER-AXILA - Região situada entre as axilas, abaixo do peito e adiante docilhadouro. Tem por base anatômica o osso esterno e músculos. Deve serlarga e saliente.

COSTADOS - Região par abaixo do dorso, atrás da paleta, adiante do flanco e acima docilhadouro e ventre. Tem por base anatômica oito a nove pares de costelas emúsculos correspondentes. Deve apresentar-se alto, longo e convexo.

FLANCO - Região par situada atrás do último par de costelas, adiante da anca e dacoxa, abaixo do lombo, acima da virilha e do ventre. Deve ser curto e cheio,com movimentos vagarosos e compassados.

CILHADOURO - Região situada entre a inter-axila e o ventre, abaixo do costado.Corresponde à parte posterior do esterno, mais cartilagens e músculos. Deveser largo e achatado, mas com as partes laterais convexas, indicando tóraxlargo e musculoso.

VENTRE - Região situada na face inferior do tronco, abaixo do costado e do flanco,adiante da virilha e dos órgãos genitais, atrás do cilhadouro. Deve apresentarvolume médio, forma cilíndrica e ligações corretas com regiões adjacentes.

VIRILHA - Região par formada pela prega da pele que une a coxa ao ventre. Deve seríntegra, com pele fina e elástica, recoberta por pelos curtos e delicados.

CAUDA OU COLA - Região que se insere na extremidade posterior do tronco,implantada na garupa. A beleza desta região depende das partes que aconstituem, isto é, do sabugo e das crinas.

ÂNUS - Abertura posterior do tubo digestivo, localiza-se sob a cauda. Deve serarredondado, saliente, rijo, bem fechado, apresentando superfície untosa,glabra e escura.

PERÍNEO - Situa-se entre as nádegas e vai do ânus ao escroto nos machos e da vulva àsmamas nas fêmeas. Deve apresentar pele macia, fina, lisa e íntegra, com pelosdelicados e curtos.

ESCROTO - Localizado entre as coxas, na região inguinal, tem a função de alojar eproteger os testículos. Deve ser fino, macio, elástico, untoso e recoberto por peloscurtos e delicados.

BAINHA - Formada pela dobra de pele que cobre a verga em repouso. Deve ser fina,macia, elástica, ampla, íntegra e isenta de verrugas.

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VERGA ou PÊNIS - Acha-se envolto pela bainha, quando em repouso.

VULVA - Parte posterior do aparelho genital das fêmeas. Localiza-se abaixo do ânus,entre as nádegas. Mostra dois lábios ligados por comissuras. Deve apresentarlábios serrados, firmes, sem verrugas, apresentando pele macia, fina, elástica,untosa, glabra e de cor escura.

MAMAS - Situadas na região inguinal, entre as coxas, formando duas saliênciasarredondadas. Cada mama é prolongada por uma teta, cujo ápice apresentadois ou mais orifícios para saída do leite. Devem apresentar volume deacordo com a idade e estado da fêmea, mostrando pele fina, lisa, macia e decor escura. As tetas devem apresentar tamanho regular, forma perfeita esimétrica.

ESCÁPULA, PÁ ou PALETA - Região par situada abaixo da cernelha, acima do braço,entre a base do pescoço e o costado. Tem como base anatômica o omoplata emúsculos da região. Deve ser longa, bem dirigida, musculosa e dotada demovimentos amplos.

BRAÇO - Região par localizada entre a paleta e o antebraço. Seu limite posterior é ocodilho. Deve ser longo, musculoso, embora esta musculatura deva ser secanos cavalos galopadores.

CODILHO - Região par, situada entre o braço e o antebraço, na parte posterior doprimeiro. Deve ser longo, alto e bem dirigido.

ANTEBRAÇO - Região par que se limita, superiormente, com o braço e,inferiormente, com o joelho. Tem como base anatômica os ossos rádio ecúbito. Deve ser longo, largo, musculoso e bem dirigido.

JOELHO - Região par localizada entre o antebraço e a canela. Tem como baseanatômica os ossos do carpo. Deve ser volumoso, seco e bem sustentado.

COXA - Região par que se limita superiormente com a garupa, inferiormente com aperna, anteriormente com o flanco e a patela e, posteriormente, com a nádega.No seu limite com a perna, anteriormente, fica a patela, cuja base óssea é arótula. Tem como base anatômica o fêmur e músculos da região. Deve serlonga, musculosa e bem desenvolvida.

NÁDEGAS - Região par situada posteriormente à coxa, estendendo-se da tuberosidadeisquiática ao tendão do jarrete. Tem como base anatômica a tuberosidade doísquio e músculos. Deve ser saliente, musculosa e seca.

PATELA - Região par, situada na parte anterior da união entre a coxa e a perna. Adobra da perna que forma a patela deve ser fina, macia e elástica.

PERNA - Região par localizada abaixo da coxa e da patela, acima do jarrete. Tem porbase anatômica a tíbia, a fíbula e músculos respectivos. Sua beleza está emser musculosa, longa e bem dirigida.

JARRETE - Região par situada abaixo da perna e acima da canela. A ponta do jarretecorresponde à tuberosidade do calcâneo. Deve ser volumoso, seco, com boaabertura e bem movimentado.

3.1 - REGIÕES COMUNS AOS MEMBROS TORÁCICOS E PÉLVICOS

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CANELA - Nos membros torácicos, está situada abaixo do joelho e acima do boleto.Nos membros pélvicos, fica abaixo do jarrete e acima do boleto. Tem porbase anatômica os ossos do metacarpo no primeiro caso e do metatarso nosegundo caso. Para ser bela, deve ser bem dirigida, em aprumo, curta, larga,espessa e apresentar bons tendões.

BOLETO - Região par localizada entre canela e quartela. Tem por base anatômica aarticulação metacarpo-falangeana no membro anterior e metatarso-falangeanano membro posterior, e os ossos grandes sesamoideanos em ambos os casos.Deve ser largo, espesso, seco e bem sustentado.

QUARTELA - Região par situada entre o boleto e a coroa que circunscreve o casco.Deve ser volumosa, seca, regularmente longa, flexível e bem dirigida.

COROA - Região que coroa o casco, situada entre a quartela e o casco. Deve ser larga,seca e bem ajustada à quartela.

CASCO - É o estojo córneo que recobre e protege a extremidade de cada membro. Oscascos anteriores são mais desenvolvidos que os posteriores. Sãocaracterizados quanto ao volume, à forma, à qualidade da matéria córnea eaos aprumos.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

BATTISTON, W. C. Gado Leiteiro: Manejo, Alimentação e Tratamento. Campinas, SP.Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1977. 404p.

CAMARGO, M. X. de; CHIEFFI, A. Ezoognósia. São Paulo, Instituto de Zootecnia,1971. 320p.

DEGASPERI, S.A.R.; PIEKARSKI, P.R.B. Bovinocultura Leiteira; Planejamento,Manejo e Instalações. Curitiba, Livraria do Chain, 1988. 429p.

JARDIM, V. R. Curso de Bovinocultura. 4.ed. Campinas, Instituto Campineiro deEnsino Agrícola, 1988. 525p.

MILLEN, E. Zootecnia & Veterinária; Teoria e Práticas Gerais. Campinas, InstitutoCampineiro de Ensino Agrícola, 1975. 409p.

NEIVA, R.S. Produção de Bovinos Leiteiros. Lavras: UFLA, 1998. 534p.

RIBEIRO, D. B. O Cavalo; Raças, qualidades e defeitos. Rio de Janeiro, Globo, 1988.318p.

SILVA, A. L. Manual do Criador. São Paulo, J. L. Gráfica Editora. 1963. 204p.

VAL, L. J. L. do. Exterior dos Equídeos. Belo Horizonte, Escola de Veterinária daUFMG, 1982. 95p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Discorrer quanto à importância da ezoognósia para a Zootecnia e ciências afins.

• Identificar as principais regiões do exterior dos animais domésticos.

• Apresentar a importância das regiões do exterior dos animais domésticos quanto àcaracterização racial e ao tipo zootécnico.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: IDADE DOS ANIMAIS

I - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Segundo CAMARGO e CHIEFFI (1971), a existência do animal pode sermaior ou menor, passando o mesmo por três fases distintas:a) Infância, na qual o animal cresce e se desenvolve. Nesta fase, o animal emprega a

quase totalidade dos alimentos ingeridos na formação e desenvolvimento de seusórgãos, mas, à medida que esta fase avança, aproximando-se da idade adulta, partedesses alimentos já pode ser transformada em rendimento econômico, aumentando-o;

b) Idade adulta, na qual o desenvolvimento se mostra estacionário. O animal empregaos alimentos ingeridos na sua produção econômica. Em geral, o valor econômico doanimal atinge o máximo, porque o organismo completa o seu desenvolvimento e oaparelho digestivo, em plena atividade, está apto a extrair dos alimentos quase todosos princípios nutritivos. Desses princípios, pequena parte é utilizada na manutençãodo animal e o restante é transformado em elementos exploráveis economicamente,como força, leite, gordura, lã, etc., conforme a aptidão de cada espécie ou raça;

c) Velhice ou fase senil, período em que o animal vai definhando e perdendo a suaenergia vital até a morte. O animal utiliza os alimentos ingeridos em menorproporção, pois grande parte dos alimentos não é assimilada.

A avaliação da idade dos animais é importante em nosso meio criatório,onde muitos animais não têm idade real conhecida, por falta de registro da data denascimento e são comercializados com base na idade aproximativa, isto é, avaliadaatravés de indícios morfológicos e anatômicos. Dentre tais indícios, os principais,porque permitem uma avaliação bastante aproximada da idade real, são fornecidos pelaevolução dentária.

Quanto à dentição, os animais podem ser classificados em heterodontes,apresentam desde o nascimento dentes diferenciados; e difiodontes, apresentam duasdentições, uma de leite ou caduca e outra permanente ou definitiva.

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II - CATEGORIAS DE BOVINOS QUANTO À IDADE

Os bovinos apresentam quatro fases de vida. Denomina-se bezerro(a),desde o nascimento até a desmama, em condições naturais; da desmama ao início dapuberdade, o bovino é denominado garrote(a); do início da puberdade à primeira cria,as fêmeas são denominados novilhas, e os machos novilhos até atingirem a maturidadesexual; após a primeira cria, as novilhas são consideradas vacas, enquanto, os novilhosmaduros sexualmente são denominados touros. Às vezes denomina-se novilha deprimeira cria, às novilhas após o primeiro parto, passando a ser denominadas vacas sóapós o segundo parto.

III - PROCESSOS PARA DETERMINAÇÃO DA IDADE DOS BOVINOS

1 - Elementos primários

Para se determinar a idade aproximativa ou o cálculo etário dos bovinos sãoutilizados indícios fornecidos principalmente pelos dentes e pelos cornos.

a) Dentes

O bovino jovem apresenta 20 dentes: 12 molares igualmente distribuídosnas duas arcadas e 8 incisivos implantados na parte anterior do maxilar inferior. Oadulto possui 32 dentes: 24 molares e 8 incisivos. No lugar dos incisivos superiores, osbovinos apresentam uma cartilagem fibrosa, denominada almofada gengival oualmofada dentária.

As fórmulas dentárias dos bovinos, segundo a dentição, são as seguintes:

a) Dentição caduca

I: 0/4; C: 0/0; PM: 3/3; M: 0/0 = 20 dentes.

b) Dentição definitiva

I: 0/4; C: 0/0; PM: 3/3; M: 3/3 = 32 dentes.

OS INCISIVOS - Os dois dentes centrais chamam-se pinças; os dois imediatos,um de cada lado das pinças, são denominados primeiros médios; os seguintes, segundosmédios; e os extremos, cantos.

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São denominados caducos ou "de leite", os incisivos da primeira dentição, edefinitivos os da segunda. A diferença entre os dentes caducos e definitivos é dada,principalmente, pelo volume, pois os primeiros são bem menores e não apresentamestrias longitudinais.

O aparecimento dos incisivos substitutos coincide praticamente com a quedados caducos correspondentes. Por ocasião da irrupção, o bordo anterior dos incisivos é aprimeira parte a aparecer e, somente depois de algum tempo surge o restante do dente.

O dente incisivo apresenta as seguintes regiões anatômicas: coroa, que semostra livre, em forma de pá, convexa na face labial e côncava na face lingual,apresentando a mesa dentária; colo bem acentuado, ainda mais no dente caduco; raiz,relativamente alongada e de secção circular, implantada no alvéolo dentário, recobertapela gengiva e um tanto móvel, conforme sua implantação, evitando traumatismos naalmofada gengival.

Na mesa dentária de cada incisivo há uma depressão oval, mais ou menosprofunda, denominada cavidade dentária externa ou corneto dentário externo.

No interior da cavidade dentária externa há depósito de uma substânciaescura, conhecida por germe de fava.

O dente é constituído por dentina (substância fundamental), esmalte ecimento (substâncias de revestimento) e polpa dentária. O esmalte, transparente emuito duro, recobre e protege a coroa, dando brilho e rigidez ao dente. Abaixo doesmalte, na coroa, e do cimento, na raiz, nota-se a dentina, substância dura eligeiramente amarelada que predomina na constituição do dente, na qual estão ascavidades dentárias externa e interna; a dentina de neoformação é de um amarelomais escuro. Envolvendo a raiz encontra-se o cimento, amarelo sujo e menos duro que adentina, serve para dar maior consolidação ao dente no alvéolo. Enchendo a cavidadedentária interna, está a polpa dentária, de cor avermelhada e incluindo vasos sangüíneose filetes nervosos (substância vásculo-nervosa), que gera a dentina de neoformação.

A eminência ou saliência avale é representada pela saliência cônicaexistente na face lingual da coroa e está diretamente relacionada ao nivelamentodentário.

A USURA - O desgaste do dente inicia-se pela mesa dentária, de modo queesta passa, com o tempo, a retilínea. Mais tarde, a ação da usura alcança toda a facelingual da coroa, quando a eminência avale desaparece e a mesa dentária apresenta-secôncava.Na fase do incisivo irrompido, observa-se a cavidade dentária externa,

compreendida entre os bordos anterior e posterior, sendo o primeiro mais elevado que osegundo; devido a esta diferença de nível, o bordo anterior é atingido pela usura seismeses após o início da irrupção do dente, enquanto o bordo posterior sofre o mesmofenômeno seis meses mais tarde, isto é, um ano após o início da irrupção. Continuandoo desgaste, as bordas da cavidade dentária externa tendem a desaparecer, verificando-seo rasamento do dente. Mais ou menos nesta ocasião aparece, entre o esmalte central eo bordo anterior do dente, a estrela dentária, inicialmente sob a forma de um traçoamarelo escuro, paralelo ao bordo anterior, depois quadrada e, finalmente, arredondadae ocupando a parte central da mesa dentária. A estrela dentária é constituída por dentinade neoformação, que preenche o fundo da cavidade dentária externa formando um

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relevo sobre a mesa dentária, e ao desaparecer caracteriza a fase de nivelamento dodente.

A forma da mesa dentária sofre modificações com a usura, e passa deelíptica a oval, desta a arredondada, depois triangular, e, finalmente, biangular.

INFLUÊNCIA DA PRECOCIDADE

Quanto à precocidade, é importante considerar os caracteres étnicos e ascondições de manejo alimentar e sanitário.No Quadro 1, se observa a evolução dentária em animais de raças

bovinasprecoces e tardias, considerando a irrupção dos dentes definitivos em função da idade.

QUADRO 1: evolução dentária em animais de raças bovinas precoces e tardias

Dentes Raças precoces Raças tardias

Pinças 14-16 meses 24 meses

1os médios 18-22 meses 36 meses

2os médios 26-28 meses 48 meses

Cantos 32-34 meses 60 meses

Fonte:INCHAUSTI e TAGLE citados por DEGASPERI e PIEKARSKI (1988).

É importante observar que entre os zebuínos aparecem animais cujas mudascoincidem com as de animais de raças altamente precoces. Nos zebuínos a primeiramuda é mais tardia, em média aos 27 meses, e a última é mais precoce, em média aos 51meses.

O nivelamento dos dentes definitivos é também bastante adiantado nosanimais precoces.No Quadro 2, são apresentados os valores de idade

aproximativa dosbovinos pela arcada dentária.O bovino é considerado de boca cheia aos cinco anos,

quando o processode muda estiver completo.

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QUADRO 2 - Idade aproximativa dos bovinos pela arcada dentária

IDADE Dentes caducos Dentes permanentes

Pi M C Pi M Cannças édios antos nças édios tos

Ao nascer 2 2 - - - -

Aos 20 dias 2 4 2 - - -

Aos 2 anos - 4 2 2 - -

Aos 3 anos - 2 2 2 2 -

Aos 3 ½ anos - - 2 2 4 -

Aos 5 anos - - - 2 4 2

Aos 7 anos - - - Rasamento das pinças

Aos 8 anos - - - Rasamento dos 1os. médios

Aos 9 anos - - - Rasamento dos 2os. médios

Aos 10 anos - - - Rasamento dos cantos

Aos 11 anos - - - Nivelamento dos dentes

Aos 12 anos - - - Afastamento dos dentes

b) Cornos

O bezerro nasce sem cornos, podendo ser verificados a partir da primeirasemana duas proeminências no frontal sensíveis ao tato. Aos dois meses, os cornoscomeçam a apontar na forma de botão córneo e crescem cerca de um centímetro pormês, até a idade de um ano e meio. Aos seis meses, os cornos já estão fixadosfirmemente ao crânio. Todavia, estas indicações variam com as raças; portanto, adeterminação da idade unicamente pelo crescimento dos cornos torna-se um tantoimprecisa, além de ser afetada pela recomendável prática da descorna e pela ocorrênciade raças mochas e de animais com batoques.

A partir de um ano de idade, o crescimento dos cornos torna-se irregular,sendo maior nos períodos de disponibilidade alimentar e quase nulo, nos períodos deescassez. A cada período de escassez corresponde um sulco anular em torno do cornoocasionado pela menor produção de matéria córnea.

Os sulcos formados nos dois primeiros anos de vida logo desaparecem,porém, a partir do terceiro ano surgem sulcos persistentes. A avaliação da idade é feita

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somando-se dois ao número de sulcos existentes no corno. Por exemplo, cornos comseis sulcos indicam oito anos de idade.

Nos animais velhos, o crescimento dos cornos é lento, conseqüentemente, ossulcos ficam muito aproximados. Neste caso, a palpação é mais conveniente que avisão, para o exame e a contagem dos sulcos pouco nítidos.

O desgaste dos cornos sobre superfícies ásperas e a limagem dos mesmosdificultam a apreciação.

Períodos prolongados de doença podem provocar confusão, poisdeterminam a formação de sulcos secundários mais ou menos profundos.Nas vacas mantidas em regime de estabulação, com alimentação

suplementar permanente, os sulcos correspondem mais a períodos de gestação que àescassez temporária e intermitente de alimentação. Mesmo assim, a contagem dossulcos deve ser feita da forma já recomendada, pois, em geral, a primeira gestaçãoocorre até três anos de idade e as subseqüentes, se sucedem anualmente, sob condiçõesnormais.

2 - Elementos secundários

a) Ganachas: apresentam-se mais finas nos animais velhos;

b) Olhais: mais profundos nos animais velhos;

c) Prega da pele: quando feita nas bochechas e fronte, demora a se desfazer;

d) Nó da cauda: surge o primeiro nó na base da cauda aos 13 anos, o segundo aos 17anos e o terceiro aos 21 anos.

IV - CATEGORIA DOS EQÜINOS QUANTO À IDADE

Considerando as ocorrências fisiológicas, as categorias dos eqüinos quanto àidade são:

1) Infância ou período de crescimento: O organismo se completa e se aperfeiçoaanatômica e funcionalmente. Vai do nascimento aos cinco anos. Neste período ocavalo é denominado potro;

2) Idade adulta ou período de estacionamento: O organismo, tendo alcançado ocompleto desenvolvimento, acha-se na plenitude de suas funções. Vai dos cinco aosdoze anos e o cavalo é denominado adulto;

3) Velhice ou período de decrescimento: O organismo, pouco a pouco, vaidefinhando, física e funcionalmente, perdendo a energia vital. Começa aos treze anose vai até a morte, e o cavalo é denominado velho.

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V - PROCESSOS PARA DETERMINAÇÃO DA IDADE DOS OVINOS ECAPRINOS

A idade aproximada dessas espécies também pode ser determinada pelaarcada dentária, em períodos caracterizados pelas modificações especiais sofridas pelausura dentária. Embora, a precocidade de algumas raças destas espécies seja um fator dedesequilíbrio nas diversas fases de determinação da idade pelos dentes.

1o Período: Irrupção dos dentes caducos.

5 a 7 dias - irrompem as pinças e primeiros médios;

14 dias - irrompem os segundos médios;

30 dias - irrompem os cantos.

2o Período: Nivelamento dos dentes caducos que, embora se processe com certairregularidade, segundo as raças, a natureza das forragens consumidas,etc., apresentam características ligadas à conformação e ao tamanho dosdentes, as quais concorrem para uma determinação aproximada.

6 meses - nivelamento das pinças e primeiros médios;

7 meses - nivelamento dos segundos médios;

9 meses - nivelamento dos cantos.

3o Período: Mudas dos dentes caducos.

15 meses - caem as pinças e estão substituídas a 1,5 anos;

2 anos - muda dos primeiros médios;

3 anos - muda dos segundos médios;

4 anos - muda dos cantos.

Para facilidade de determinação da idade, neste período da vida do animal,que, justamente, é o mais importante sob o aspecto econômico, poderia se dizer que aidade do ovino ou caprino representa a metade do número de incisivos definitivos queapresentar. Assim, um carneiro chamado "de quatro dentes" (teria pinças e primeirosmédios crescidos) seria um animal de dois anos, etc.

4o Período: Nivelamento dos definitivos.

6 anos - pinças niveladas;

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7 anos - primeiros médios nivelados;

8 anos - segundos médios nivelados;

9 anos - cantos nivelados.

Do quarto período em diante, as modificações sofridas pelos dentes sãomuito irregulares, o que dificulta as observações para a determinação da idade.Há citações do aparecimento da cauda de andorinha nos dentes dos ovinos,

proveniente do desgaste anormal das bordas adjacentes das pinças, ocasionado pela açãode forragens grosseiras. Assim, a cauda de andorinha não tem importância na avaliaçãoda idade dos ovinos pela arcada dentária.

VI - FASES DA VIDA DOS SUÍNOS

As crias suínas novas recebem a denominação de leitões ou marrotes, osmachos; e de leitoas ou marrãs, as fêmeas.O macho adulto reprodutor, denomina-se cachaço ou varrão e a fêmea,

porca.

Os castrados são denominados capadetes, quando jovens; e capados,quando adultos.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

CAMARGO, M.X., CHIEFFI, A. Ezoognósia. São Paulo: Instituto de Zootecnia, 1971.320p.

GUIA RURAL. Cavalos. São Paulo: Abril, 1991. 170p.

JARDIM, V.R. Curso de Bovinocultura. 4. ed. Campinas: Instituto Campineiro deEnsino Agrícola, 1988. 525p.

MILLEN, E. Zootecnia & Veterinária: teoria e práticas gerais. Campinas: InstitutoCampineiro de Ensino Agrícola, 1975. 409p.

RIBEIRO, D.B. O Cavalo: raças, qualidades e defeitos. Rio de Janeiro: Globo, 1988.318p.

SEIXAS, V.N.C.; CARDOSO, E.C.; ARAÚJO, C.V. et al. Determinação da cronologiadentária dos machos bubalinos (Bubalus bubalis) criados no estado do Pará. CiênciaAnimal Brasileira, v.8, n.3, p.529-535, 2007.

SILVA, A. L. Manual do Criador. São Paulo: J. L. Gráfica Editora. 1963. 204p.

TORRES, A.D.P., JARDIM, W.R. Criação do Cavalo e de outros Eqüinos. São Paulo:Nobel, 1977. 654p.

VAL, L.J.L. Exterior dos Eqüídeos. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG,1982. 95p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Discorrer quanto à importância do conhecimento da idade aproximativa dos animais.

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• Identificar os elementos que caracterizam a idade aproximativa dos animais.• Caracterizar as fases da vida dos animais.

• Identificar as categorias animais quanto às fases da vida.• Identificar elementos primários e secundários para determinação da idade

aproximativa dos animais.• Identificar os tipos de dentes como elementos primários envolvidos na determinação

da idade aproximativa dos animais.• Apresentar as fórmulas dentárias das espécies difiodontes de interesse zootécnico.• Identificar a idade de animais quanto à cronologia dentária, considerando os

processos de irrompimento, mudas e usura dos dentes.• Discutir quanto aos fatores que limitam a precisão de idade aproximativa.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

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DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: APRUMOS

Os aprumos são determinados pela direção dos segmentos dos membrosconsiderados isolados e em conjunto, ou seja, é a exata direção que têm os membros emrelação ao solo, de maneira a melhor distribuir o peso do animal sobre seus membros.

1 - CLASSIFICAÇÃO DOS APRUMOS

1. Aprumos regulares - São aqueles que permitem ao animal bom equilíbrio, sólidasustentação e correta distribuição de pressões sobre as superfícies articulares dosmembros, facilitando assim execução de movimentos firmes, amplos e livres.

2. Aprumos irregulares - São os aprumos defeituosos, prejudiciais ao equilíbrio, àboa sustentação e à distribuição das pressões, portanto, à manutenção do animal.

2 - APRECIAÇÃO DOS APRUMOS

1. Anteriores - vistos de perfil e de frente.2. Posteriores - vistos de perfil e pela parte de trás.

1.1. APRUMOS ANTERIORES VISTOS DE PERFILa) Aprumos regulares:

• Quando a vertical baixada da ponta da espádua toca o solo uns 5cm adiante das unhas.

• Quando a vertical baixada do meio da articulação do braço com oantebraço divide ao meio o joelho, canela e boleto, caindo atrás dos talões.

b) Aprumos irregulares:

⇒ Desvios totais:• Para diante - Acampado-de-diante (estacado). O animal se torna

impróprio para o serviço de sela.• Para trás - Sobre-si-de-diante (debruçado). Provoca o

abaixamento dos talões ou o levantamento da pinça.

⇒ Desvios parciais:• Nos joelhos

Para diante: ajoelhado Para trás: transcurvo. É tolerável no cavalo de tração.

• Nos boletos

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Para diante: boletado (acarreta fraqueza extrema dos anteriores e anula oamortecimento das reações).

• Nas quartelas Para diante: longe de quartela ou sapateiro (baixo de quartela). Sobrecarrega

os talões e ligamentos. Para trás: curto de quartela (fincado-sobre-a-quartela).

• Nos pés Para diante: pé comprido (oferece mau apoio). Para trás: pé pinçadeiro (recai sobre a pinça e acarreta andamentos

encurtados). Para trás: pé boto (reúne inconvenientes do boletado e pinçadeiro,

apresentando ainda retração dos tendões flexores).

1.2. APRUMOS ANTERIORES VISTOS DE FRENTE

a) Aprumos regulares:• Quando a vertical baixada da ponta da espádua divide joelho,

canela, boleto, quartela e pé ao meio.

b) Aprumos irregulares:

⇒ Desvios totais:• Para fora - Aberto-de-frente. Provoca má distribuição de

pressõesnas superfícies articulares e os ligamentos externos são sobrecarregados.• Para dentro - Fechado-de-frente. Torna o equilíbrio instável e

expõe o animal a lesões.

• Desvios parciais:• Nos joelhos e boletos

Para fora: arqueado Para dentro: cambaio

Nestes casos há comprometimento da firmeza de apoio e da beleza dosandamentos.

• Nos pés Para fora: arqueados Para dentro: cambaios

Nestes casos há frequência de lesões, principalmente nos pés cambaios.

• Torções Para fora: esquerdo. Apresenta torção para fora, isto conduz ao desgaste

prematuro. Para dentro: caravanho.

Nestes casos há freqüência de lesões, principalmente nos pés cambaios.

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2.1. APRUMOS POSTERIORES VISTOS DE PERFIL

a) Aprumos regulares:• Quando a linha do aprumo baixada da ponta da nádega, passa

pelaponta do jarrete, tangencia a porção posterior na parte superior e alcança o soloa 5 cm atrás das unhas.

b) Aprumos irregulares:

⇒ Desvios totais:• Para frente - sobre-si-de-trás (acurvilhado). Sobrecarrega os talões

e as articulações do jarrete e do boleto, facilitando o aparecimento deexostoses.

• Para trás - acampado-de-trás. O animal torna-se facilmente seladocom as pinças e mamas sobrecarregadas e os andamentos prejudicados.

⇒ Desvios parciais:• Nos jarretes

Para trás: jarrete aberto (maior que 160o) Para diante: jarrete fechado (menor que 140o)

Nos boletos, quartelas e pés, os desvios recebem as mesmasdenominações e apresentam os mesmos inconvenientes já identificados emrelação aos membros anteriores.

2.2. APRUMOS POSTERIORES VISTOS PELA PARTE DE TRÁS

a) Aprumos regulares:• Quando a linha de aprumo baixada da ponta da nádega divide o

jarrete, a canela, o boleto, a quartela e o casco em duas partes praticamenteiguais.

b) Aprumos irregulares:

⇒ Desvios totais:• Para fora - Aberto-de-trás. Apresenta andamentos encurtados.• Para dentro - Fechado-de-trás. O animal torna-se impróprio a

todos os serviços, pois seus membros apresentam má distribuição de pressões etrações.

• Desvios parciais:• Nos jarretes Para fora: jarretes arqueados. Apresenta má sustentação, jarretes vacilantes,

má impulsão, etc. Para dentro: jarretes ganchudos. Apresenta andamentos defeituosos e gasto

normal do casco.• Nos boletos e pés

Para fora: zambro. Apresenta soldra afastada, jarretes ganchudos e pinçasdesviadas para fora.

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Para dentro: cambaio. Torna os andamentos defeituosos e expõe o animal àruína.

Obs.: O cambaio pode ocorrer a partir dos jarretes e boletos, ousomente nos pés.

3 - ESTAÇÃO

A estação é verificada quando o animal repousa em pé. Existe dois tipos deestação:

*0 Estação livre - Quando o animal se apoia em três membros e descansa um dosposteriores fletido e apenas com a pinça tocando o solo.*1 Estação forçada - Quando o apoio se dá sobre os quatro membros. Exige tanto,que o cavalo procura voltar logo à estação livre. Em estação forçada, o animalapresenta-se:

Em posição: Quando os membros são mantidos verticalmente, com osaprumos regulares.

Juntado: Com os membros dirigidos para baixo do corpo, diminuindo a basede sustentação e forçando os músculos flexores.

Acampado: se os pés se afastam da projeção do corpo, aumentando a basede sustentação, mas sobrecarregando alguns músculos extensores efacilitando o enselamento.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

CAMARGO, M.X.; CHIEFFI, A. Ezoognósia. São Paulo: Instituto de Zootecnia, 1971.320p.

JUNQUEIRA, A. Podologia eqüina. In: Equinocultura: Curso de Atualização. JoãoPessoa: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1991. p.36-132.

TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do Cavalo e de outros Eqüinos. São Paulo:Nobel, 1977. 654p.

VAL, L.J.L. Exterior dos Eqüídeos. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG,1982. 95p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Caracterizar aprumos.• Identificar os aprumos regulares e irregulares dos animais e as conseqüências que

podem acarretar sobre seu desempenho produtivo.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: CONCEITOS ZOOTÉCNICOS

Na apreciação ou julgamento dos animais domésticos, devem serconsiderados os conceitos zootécnicos determinantes da beleza, defeitos, vícios e tarasdos animais. A seguir, são apresentadas as principais definições destes elementos.

1 - BELEZA

Em zootecnia, o conceito de beleza está mais relacionado com o fimutilitário que com a estética. Beleza é um termo empregado para determinar a eficiênciadas regiões do corpo do animal em relação à sua utilidade. Uma região é consideradabela quando, por sua conformação, preenche os requisitos para o desempenho de seupapel, e uma função é bela quando fisiologicamente perfeita.

A beleza pode ser classificada em absoluta, relativa e convencional.

a) Beleza absoluta

Indispensável a todos os animais, tornando-os eficientes a qualquer fimutilitário, não importando a aptidão, raça ou idade.Ex.: Aprumos perfeitos, olhos normais.

b) Beleza relativa

Exigida para um determinado fim utilitário. Determinada em função do tipozootécnico.

Ex.: O cavalo de tração deve apresentar tronco amplo, peito largo, pescoçomusculoso, garupa maciça, membros curtos e grossos; enquanto, o cavalo de sela deveapresentar tronco delgado, cabeça pequena, pescoço fino e longo, membros longos ecom canelas delgadas. O bovino tipo carne deve apresentar culote cheio e o tipo leite,corpo anguloso.

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c) Beleza convencional

Imposta pela moda, ou apresentada para fim comercial. Determinada apenaspela preferência pessoal.Ex.: Pelagens exóticas ou raras, andamentos naturais ou adquiridos.

2 - DEFEITO

Conformação imprópria ou má qualidade física do animal. É um atributoantagônico à beleza.O defeito pode ser classificado em absoluto, relativo,

convencional,congênito e adquirido. a) Defeito absoluto

Prejudica o animal em qualquer fim utilitário. Não pode ser compensado.

Ex.: Cegueira, maus aprumos, cifose (coluna vertebral convexa), lordose(coluna vertebral côncava, selada), escoliose (curvatura lateral da coluna vertebral, quepode ser única ou múltipla).

b) Defeito relativo

Prejudica parcialmente o animal, não influenciando muito no seu fimutilitário. Pode ser compensado, segundo a utilização do animal.Ex.: Cavalo de sela com pescoço grosso devido à castração tardia.

c) Defeito convencional

Determinado pela moda ou fim comercial, levando o animal à rejeição pelapreferência pessoal.Ex.: Pelagens que não se enquadram na pretensão do indivíduo.

d) Defeito congênito

São anomalias do crescimento e da forma do esqueleto, devidas a fatoresque atuam em um momento qualquer do desenvolvimento do embrião ou do feto, desdea diferenciação dos segmentos mesodérmicos até o nascimento. O defeito congênitoocorre por inibição de um ou mais estágios da complexa seqüência do desenvolvimentofetal e poderá afetar uma simples estrutura anatômica ou funcional, ou um sistema comoum todo, ou ainda poderá haver combinação, tanto de alterações estruturais comofuncionais ou sistêmicas (DENNIS & LEIPOLD, 1986 e LEIPOLD, 1986).

Ex.: Agnatismo (ausência de maxilar inferior), Prognatismo(maxilar

inferior proeminente), Criptorquidismo(ausência de testículos), Monorquidismo(presença de apenas um testículo na bolsa escrotal), Hipoplasia testicular (testículospouco desenvolvidos), etc. e) Defeito adquirido

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Surge após o nascimento. Adquirido durante a fase de vida pós-natal doanimal.

Ex.: Cegueira por acidente ou doença.

3 - OBJEÇÃO

Falha de menor importância que o defeito. Ocorre no exterior do animal.

Ex.: Membros compridos, orelhas grandes, falta de brilho natural dascerdas, presença de tetos rudimentares.

4 - VÍCIO

Corresponde à má qualidade de comportamento, que deprecia parcial outotalmente o animal para determinado fim. É um defeito de ordem moral.A hereditariedade, em grande parte, e também o caráter, o temperamento, o

medo, a imitação, os corretivos brutais, o manejo incorreto, os defeitos de aprumos, avisão anormal, a doma incompleta e a ociosidade, são as causas predominantes dosvícios nos animais.

Como exemplos de vícios, merecem destaque:

• Vacas que mamam em si mesmas ou nas demais;• Bezerros que comem os próprios pelos ou dos demais;• Bois de tração que amuam, escoiceiam ou jogam a canga;• Cavalos que mordem, escoiceiam, disparam ou tomam ofreio, empacam, masturbam-se, comem cola ou apresentam coprofagia egeofagia.

5 - VÍCIO REDIBITÓRIO

Anormalidade grave oculta, capaz de tornar o animal impróprio adeterminado gênero de exploração.

Considera-se vício redibitório todas as doenças, defeitos e vícios quepossam ser encobertos enganosamente.A existência de vício redibitório, quando constatada dentro do prazo

estipulado no contrato de venda, dá ao comprador o direito de intentar ação redibitóriacontra o vendedor.

Os casos de vícios redibitórios são regidos pelo Código Civil Brasileiro eprevistos em Medicina Legal Veterinária.O Código Civil Brasileiro inclui algumas disposições quanto aos víciosredibitórios, a seguir resumidas:

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[O contrato oneroso permite a ação redibitória nas seguintes bases: salvocláusula expressa, a ignorância de tais vícios pelo vendedor não o exime deresponsabilidade; se o vendedor conhecia o vício ou o defeito, restituirá o que recebeucom perdas e danos; se não o conhecia, tão somente restituirá o valor recebido, mais asdespesas do contrato; a responsabilidade do vendedor subsiste ainda que o animalpereça em poder do comprador, se perecer de vício oculto já existente à época datransação; quando o vício não inutiliza por completo o animal, o comprador podereclamar abatimento no preço, em vez de rescindir o contrato; se o animal for vendidoem hasta pública, não cabe ação redibitória, nem a de pedir abatimento no preço;quando os animais forem comercializados em conjunto, parelhas ou lotes, o defeitooculto de um não autoriza a rejeição de todos; a ação redibitória, ou pedido deabatimento no preço, só podem ser intentada dentro do prazo de quinze dias, contados apartir da data da transação.]

Como exemplos de vícios redibitórios, previstos em Medicina LegalVeterinária, podem ser citados:• Enfermidade ou defeito transmitido hereditariamente;

• Enfisema pulmonar;• Asma determinada por alterações crônicas do aparelho

respiratório ou do circulatório;• Esterilidade (180 a 200 dias de garantia);• Claudicação crônica intermitente.

6 - FRAUDE

Mascaramento de defeitos visíveis ou adulteração de conformações normaisque poderiam desvalorizar o animal.

Em exposições, qualquer indício de fraude acarreta desclassificação sumáriado animal.

• Como exemplos de fraudes, podem ser citados:• Raspagem de feridas antigas para que passem por novas, e,

conseqüentemente, menos graves;• Raspagem dos cornos para aparentarem mais novos;• Suspensão da ordenha por um ou dois dias, para que o

úbere apresente maior volume;• Ordenha de novilhas antes do parto, a fim de que

apresentem úbere maior;• Limagem dos dentes, arrasando-os ou nivelando-os

artificialmente, para impingir animais jovens por adultos e vice-versa;•

novos;••

7 - TARA

Extração de dentes, dando aparência idosa aos potros

Engorda do animal para encobrir alguns defeitos;Aplicação de ungüentos ou insuflar de ar nas covas.

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É qualquer sinal visível exteriormente que deprecia o animal. Tumoresmoles ou duros que se desenvolvem geralmente nos membros, ao longo dos raios ósseose em torno das articulações. São provocados por esforço em trabalho ou por acidente.Muitas vezes determinam manqueiras, conforme a localização. Algumas cicatrizesacidentais ou cirúrgicas são denominadas taras.

Quanto à textura, as taras podem ser classificadas em tara mole e tara dura.

a) Tara mole

Provocada pelo derrame de sinóvia articular ou tendinosa (líquido existentena bainha sinovial articular ou tendinosa). Constitui-se de tumores flutuantes, tomandoas denominações de hidartose ou hidropisia. São denominadas vulgarmente de ovas ouventos, quando localizadas na região do boleto.

b) Tara dura

Ocorre notadamente nos membros. Provocada por osteíte ou periostite,proveniente de traumatismos violentos nos ossos ou de origem hereditária, de fadiga oude trabalho exagerado em animais novos ou predispostos. São denominadas exostoses,pois resultam de tumores ósseos de tamanho variável.

A origem hereditária das taras duras é um tanto controvertida. Embora sejamais aceitável a hipótese de que não há transmissão hereditária direta do tumor ósseo esim uma predisposição para o surgimento da tara nos primeiros esforços outraumatismos.

8 - CONSTITUIÇÃO

Resulta do conjunto do organismo e das relações mútuas entre suas partes,das quais depende o comportamento do indivíduo diante das condições ambientes.Engloba as características que determinam parcialmente a capacidade alimentar, aeficiência reprodutiva, a saúde, e o vigor do animal, conseqüentemente, sualongevidade. A constituição tem grande reflexo sobre a rusticidade, a reprodução e orendimento, portanto, deve ser considerada nos animais de reprodução e de produção.

O animal que suporta condições adversas possui boa constituição, em casocontrário, tem má constituição.A boa constituição pode ser dividida em robusta e seca. O animal com

constituição robusta se apresenta com cabeça larga e olhos expressivos, narinas bemabertas, pescoço, peito e tórax amplos, musculatura bem desenvolvida e rija; aparênciasaudável e bom apetite; ossatura forte e seca; pele flexível e elástica; pêlos em coberturauniforme, bem assentados; boas ligações entre as regiões do corpo; temperamento dócil,porém enérgico; resistência às influências desfavoráveis do ambiente; alta capacidadereprodutiva.

O animal dotado de constituição seca mostra notável refinamento; regiões,ossos e articulações delicadas, secas, leves, elegantes, porém fortes; pele fina, com pelos

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lisos, finos, macios e brilhantes, em cobertura uniforme; tendões nítidos e fortes;aprumos regulares; olhar vivo e atento; atitudes alertas; movimentos fáceis, vivos,enérgicos e elegantes; boas ligações e harmonia geral.

A má constituição pode ser dividida em grosseira e débil. A constituiçãogrosseira é revelada por cabeça empastada; olhos encovados e pálpebras grossas; ossosvolumosos e articulações bem definidas; tendões pouco nítidos; pele grossa; pelosgrosseiros e irregularmente distribuídos; musculatura sem relevos salientes; másligações entre as regiões do corpo; falta de harmonia geral; atitudes indiferentes emovimentos pouco enérgicos.

A constituição débil pode ser caracterizada por cabeça estreita; olhosapáticos; orelhas finas; pescoço longo e fraco; tórax estreito e ossatura débil;articulações salientes; musculatura geral deficiente; regiões mal definidas e malconformadas; aprumos irregulares; pele fina e pelos mal assentados, com falhas visíveisem torno das cavidades naturais; má simetria geral; predisposição a adquirir vícios;fraca resistência a doenças e ao ambiente desfavorável; baixa capacidade reprodutiva.

9 - TEMPERAMENTO

É a expressão da organização nervosa do animal, que se traduz na suareação psíquica às condições ambientais. Segundo as reações do indivíduo àsimpressões exteriores, o temperamento é classificado em vivo ou enérgico e linfático oucalmo; o primeiro, quando muito acentuado, é nervoso; o segundo, quando em grauexagerado, é indolente.

Alguns animais têm temperamento próprio, bem adaptado ao exercício deuma determinada função. Por exemplo: o cavalo de tipo pesado mostra em geraltemperamento linfático, enquanto que o corredor é nervoso e o bom cavalo de sela,vivo.

O linfatismo é acusado por reações lentas e atitudes calmas; a indolência érevelada por grande indiferença aos estímulos do meio; a vivacidade é demonstrada poratitudes alertas, movimentos rápidos e fáceis, principalmente dos olhos e orelhas; e, otemperamento nervoso é exteriorizado por grande inquietação, constante excitação,sensibilidade, sinais de medo e reações instantâneas.

10 - DISPOSIÇÃO

Indica a índole do animal e é revelada pelo seu comportamento. Pode serboa ou má.

11 - QUALIDADE

É verificada pela estrutura do organismo e apreciada através do refinamentogeral do animal. Consiste na delicadeza das partes do conjunto do corpo do indivíduo,sem chegar à debilidade. A ausência de regiões grosseiras, a nitidez dos relevos e a

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lisura das superfícies do corpo são indícios de qualidade. Os animais podem serconsiderados de boa ou má qualidade. Nos bovinos tipo corte, considera-se de boaqualidade, o animal que apresentar pouco desenvolvimento nas regiões que apresentamcortes de carcaça de baixo valor comercial.

12 - SUBSTÂNCIA

É avaliada pelos desenvolvimentos ósseo e muscular do animal, englobandoconstituição, qualidade, forma e tamanho. Um animal dotado de boa substância possuipeso e tamanho de acordo com a raça e a idade, corpo forte e bem delineado, e ossosbem desenvolvidos mas não grosseiros, formando articulações amplas, porém secas.Este é um atributo importante em cavalos de tiro.

13 - CONFORMAÇÃO

É determinada pela configuração das regiões do corpo do animal e pelo seuconjunto, abrangendo proporções, dimensões e relações entre as diversas regiões. Ojulgamento tem por base a conformação do indivíduo.

14 - SIMETRIA

Resulta do equilíbrio entre as diferentes regiões e das proporções do corpo,dando ao conjunto uma aparência atraente, equilibrada e harmônica.

15 - TIPO ZOOTÉCNICO

É o conjunto dos caracteres morfológicos do animal em relação à suafinalidade produtiva.

16 - TIPO SEXUAL

É evidenciado pela integridade e desenvolvimento normal dos órgãosgenitais, assim como pela presença de caracteres sexuais secundários bem definidos,dos quais resulta a aparência masculina ou feminina. É importante no julgamento dereprodutores.

17 - ESTILO

Envolve as atitudes e a estética das regiões do corpo do animal e de seuconjunto.

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Atitudes imponentes, linhas elegantes, andamentos regulares, assim comoaparência de força e energia, são indispensáveis ao estilo.

18 - APARÊNCIA GERAL

É a soma dos diversos atributos do animal, principalmente altura e pesosegundo a idade, conformação, estado de saúde, condição, temperamento, disposição,estilo e qualidade.

19 - INTEGRIDADE

Ausência de taras e defeitos.

20 - ESTADO DE SAÚDE

Um animal só desempenha satisfatoriamente suas funções quando em bomestado de saúde, resultante do perfeito funcionamento de seus órgãos. Por esta razão, oindivíduo doente não deve ser submetido a julgamento comparativo.

O exame do estado de saúde do animal é iniciado pela inspeção, isto é, pelaobservação dos olhos, narinas, boca, mucosas, pele, taras mais visíveis, além dasatitudes, movimentos e reações.

O animal sadio apresenta movimentos desembaraçados e enérgicos. Suasatitudes, calmas ou enérgicas, são firmes. Suas orelhas são mantidas bem dirigidas eativas. A cabeça e o pescoço são bem sustentados. Os olhos, além de apresentaremconjuntivas rosadas, são vivos, limpos, brilhantes e expressivos. As cavidades naturaisapresentam mucosas rosadas. O espelho e as narinas devem se apresentar limpas eúmidas e, finalmente, os pêlos são bem assentados e luzidios.

O animal doente se movimenta sem energia e mostra atitudes inexpressivas.Suas orelhas são pouco firmes e indiferentes a ruídos. A cabeça e o pescoço sãomantidos um tanto caídos. Os olhos parados e sem expressão, estão geralmentelacrimejantes. As mucosas adquirem coloração pálida ou vermelha. As narinas ficamsecas ou com corrimento e os pelos, mal assentados e sem brilho.

Mediante palpação, verifica-se a consistência e a sensibilidade de algumasregiões do corpo, especialmente rins e articulações.A percussão e a auscultação, também são elementos úteis

no exame doestado de saúde do animal.

21 - CONDIÇÃO

Estado geral do indivíduo em relação ao fim a que se destina por ocasião desua apreciação.

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22 - DESEMPENHO, PERFORMANCE OU RENDIMENTO

Execução das atividades para as quais o animal é especializado.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

MILLEN, E. Zootecnia & Veterinária: Teoria e Práticas Gerais. Campinas, SP:Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1975. 409p.

RIBEIRO, D.B. O Cavalo: Raças, qualidades e defeitos. Rio de Janeiro, RJ: Globo,1988. 318p.

SANTA ROSA, J. Malformações congênitas em ovinos. Brasília: EMBRAPA/CNPC,1989. 13p. (Documentos, 9).

VAL, L.J.L. Exterior dos Eqüídeos. Belo Horizonte, MG: Escola de Veterinária daUFMG, 1982. 95p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Identificar os conceitos zootécnicos da beleza, defeito, objeção, vício, vícioredibitório, fraude, tara, constituição, temperamento, disposição, qualidade,substância, conformação, simetria, tipo zootécnico, tipo sexual, estilo, aparênciageral, integridade, estado de saúde, condição e desempenho produtivo.

• Apresentar exemplos e situações práticas para os conceitos zootécnicos apresentadosno item anterior.

Determinar dentre as atividades zootécnicas, situações em que estes termos serãoutilizado

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: PELAGENS DOS ANIMAIS

Pelagem é o termo usado no estudo do exterior para designar o conjuntoformado por pele, pelos e crinas que revestem a superfície do corpo e determinam a cordos animais.

A pele quase sempre pigmentada. Quando esta é despigmentada se constituiem defeito absoluto, denominado "albinismo". A melanina tem a função de proteção dapele contra os raios ultravioleta, que são eficazmente absorvidos por este pigmento.Os pelos merecem destaque tanto pela coloração quanto pelo tipo, ou seja,sua expressão morfológica quanto à dimensão, espessura e densidade. Os pelos e crinasvariam de cor, segundo a idade, o sexo, os cuidados de limpeza, a nutrição, o estado desaúde, o clima, a exposição ao sol, etc.

A pelagem dos animais novos se modifica com o avançar da idade. Noseqüinos, os garanhões têm a cor mais viva e brilhante, tal como os demais animais,quando bem alimentados e sadios, apresentando pelos finos e sedosos.

PELAGENS PARA OS TRÓPICOS

Quanto à adaptação dos animais aos trópicos, a cor da pele é tão importantequanto a coloração dos pelos. Os pelames branco amarelo ou vermelho, com uma pelepreta, constituem uma combinação ideal para tornar o animal resistente à temperaturaambiente elevada, radiação intensa de calor e radiação ultravioleta nos trópicos. Essa

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combinação é encontrada entre as raças de bovinos e eqüinos dos trópicos, como porexemplo, as raças zebuínas e os eqüinos da raça árabe.

CLASSIFICAÇÃO EM GRUPOS, TIPOS E VARIEDADES

Na cromotricologia ocorre grande diversidade de termos regionais,dificultando a resenha dos animais.

A - PELAGENS DOS EQÜÍDEOS

O principal sistema para classificar pelagens de eqüinos é o SistemaFrancês, a seguir apresentado e modificado em alguns pontos, permitindo a utilizaçãode termos generalizados no Brasil.

A pelagem do cavalo primitivo, segundo se supõe, era alazã. As diferentes"nuances", com que as pelagens dos eqüinos foram se apresentando posteriormente,permitem enquadrá-las em quatro grupos principais:

GRUPOS TIPOS

Pelagens simples e uniformes Preto

Branco

Amarelo

Vermelho

Pelagens simples com crinas e extremidades

escuras ou pretas Baio

Castanho

Cardão

Pelagens compostas Tordilho

Rosilho

Lobuno

Ruão

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Pelagens conjugadas ou justapostas Pampa ou tobiano

Persa

Apaloosa

I - PELAGENS SIMPLES E UNIFORMES

Apresentam pelos de uma só cor, sendo chamadas também de uniformes. Asextremidades do corpo podem ser mais claras ou mais escuras.A direção dos pelos é importante na resenha destas

pelagens, onde sãodestacados:*2 Rodopios ou remoinhos: Pelos concêntricos, formando um pequeno borrão, que

ocorrem geralmente na fronte, nuca, pescoço, peito e flancos.*3 Espigas ou espadas: Pelos em forma de costuras alongadas. Ocorremgeralmente nas bordas e tábuas do pescoço.

a)TIPO PRETO - Constituído por pelos exclusivamente pretos. Às vezes representabeleza comercial nos animais de elite.

Variedades: preto mal tinto ou macaco, um tanto descorada; preto comum,sem reflexos; preto azeviche ou retinto, de coloração carregada e brilhante; pretomurzelo ou franco, com reflexos arroxeados.

A pelagem "pelo de rato", que se caracteriza pela coloração acinzentada dospelos, pode ser considerada como variedade da pelagem preta; é comum nos asininose muares, que apresentam, como complemento, as extremidades dos membros, crinase cauda pretas.

b)TIPO BRANCO - Apresenta exclusivamente pelos brancos, só é observada noseqüinos adultos. Quando há incidência de pelagem branca nos animais jovens estáquase sempre condicionada ao albinismo. Fatores hereditários podem ocasionar ofenômeno do "embranquecimento". Variedades: branco fosco, pombo ou leite, opaca,sem reflexo brilhante; branco porcelana, com reflexo azulado, devido à pele escura;branco rosado, com reflexos rosados de pele rosada; branco sujo, com tonalidadelevemente amarelada ou encardida.

c)TIPO AMARELO - Pelos variando do amarelo bem claro (loiro) ao escuro.Variedades: alazão dourado ou douradilho, amarelo com tonalidades de ouro; alazãoamarilho ou sopa de leite, amarelo esbranquiçado com crinas e cauda quase brancas,

particularizando-se por caracterizar um tipo de cavalos dos Estados Unidos, o"Palomino"; alazão ordinário ou alazão propriamente dito, apenas amarelo.

d)TIPO VERMELHO - Constituído por pelos vermelhos. Variedades: alazão cereja,pelagem loira avermelhada, semelhante à cor da cereja; alazão sangüíneo, vermelho

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intenso ou retinto; alazão escuro, vermelho escuro quase castanho, porém com crinase extremidades dos membros da mesma cor do corpo.

II - PELAGENS SIMPLES COM CRINAS E EXTREMIDADES ESCURAS OUPRETAS

a) TIPO BAIO - Apresenta pelos amarelos com crinas, cauda e extremidades dosmembros escuras ou pretas. Variedades: baio sujo, pelos amarelos sem brilho; baioclaro, pelos amarelos cor de palha de milho; baio escuro ou baio encerado, pelosamarelos enegrecidos ou cor de bronze; baio apatacado, quando a tonalidade baiaapresenta manchas mais claras ou escuras, de formato circular.

b) TIPO CASTANHO - Apresenta pelos vermelhos com crinas, cauda e extremidadesdos membros escuras ou pretas. Variedades: castanho claro, pelos vermelho intenso;castanho tostado ou escuro, vermelho quase preto, com reflexos avermelhados noventre, axilas, flancos e região perineal.

c) TIPO CARDÃO - Apresenta pelos brancos uniformes com crinas, cauda eextremidades dos membros escuras ou pretas.

III - PELAGENS COMPOSTAS

a) TIPO TORDILHO - Mistura uniforme de pelos brancos e pretos. Variedades:tordilho escuro, predominam pelos pretos; tordilho claro, predomina pelos brancos;tordilho férrico,composição das cores dá tonalidade acinzentada; tordilhoapatacado, sobre fundo mais claro ou mais escuro surgem pequenas manchascirculares escuras ou mais claras; tordilho ordinário, as duas cores se apresentamcom igual intensidade.

b) TIPO ROSILHO - Mistura uniforme de pelos brancos e vermelhos. Variedades:rosilho claro, quando ocorre predominância de pelos brancos; rosilho escuro, quandopredomina pelos vermelhos; rosilho ordinário, com igualdade relativa de pelos deambas as cores; rosilho cardão, o vermelho se apresenta salpicado pelo corpo doanimal, sobre fundo branco.

c) TIPO LOBUNO - Apresenta duas cores no mesmo pelo, preta ou escura naextremidade e amarela na base. Raramente apresentam as duas cores em pelosdiferentes, mas nas duas situações deve apresentar tonalidade pardo-amarelada, ouseja, cor do lobo selvagem. Variedades: lobuno claro, predomina tonalidade amarela;lobuno escuro, predominam pelos pretos, com focinho, axilas e ventre amarelados.

d) TIPO RUÃO - Mescla uniforme de pelos brancos, vermelhos e pretos. Variedades:clara, predomina a cor branca; comum; avinhada, ordinária ou vinhosa, predomina acor vermelha; escura, predomina a cor preta. Esta pelagem é mais comum nosasininos nacionais e nos muares.

IV - PELAGENS CONJUGADAS

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a) TIPO PAMPA, TOBIANO, OVEIRO (no RS), REMENDADO ou MALHADO -Conjugação da cor branca com a preta, castanha, baia ou alazã, sendo necessáriocitar a cor que predomina. Quando predomina a cor branca, o termo pampa é citadoprimeiro: pampa preto, pampa castanho, pampa baio, pampa alazão; quando asdemais cores predominam, cita-se no início a cor que assume maior área no corpo doanimal: preto pampa, castanho pampa, baio pampa, alazão pampa.

Há estudos que revelam a existência de comportamento diferente sob o pontode vista genético desta pelagem. Admite-se que se comporta como dominantehereditariamente a pelagem pampa em que o branco predomina sobre a face dorsaldo corpo, sendo recessiva aquela em que as malhas brancas se distribuem na faceinferior do tronco.

b) TIPO PERSA - Pelagem conjugada predominantemente branca, apresentandopequenas placas circulares de cor preta ou vermelha, distribuídas por todo o corpo.

c) TIPO APALOOSA - Pelagem conjugada onde predominam as cores escuras (pretaou vermelha), com pequenas placas brancas na região da garupa. Variedades:leopardo, mantado e nevado).

V - PARTICULARIDADES DAS PELAGENS

Para se tornar mais eficiente a resenha de um animal, é necessário citar asparticularidades que o mesmo apresenta na pelagem.Quando se trata de animais jovens, certas pelagens simples, têm

tendênciapara modificar-se, sendo importante observar a coloração dos pelos que circundam osolhos dos potros, os quais fornecem elementos mais seguros para a identificação dacoloração.

A. PARTICULARIDADES NA CABEÇA

Alguns pelos brancos - Apresentam-se na fronte pelos brancos esparsos ou em forma decoroa ou pena.

Estrela ou flor - Malha ou mancha branca na fronte, que recebe denominações variadasde acordo com a intensidade e a forma: estrela apagada, quando há apenas umvestígio; estrela pequena ou estrelinha; estrela grande; estrela irregular; estrelaredonda; estrela triangular; estrela em losango; estrela em meia lua; estrela em "V";estrela piriforme; estrela cordiforme; estrela bordada ou rendilhada, quando formadesenhos em seus bordos; estrela arminhada, quando mostra pintas pequenas,escuras, dentro da estrela; etc.

Luzeiro - Quando a mancha branca toma proporções maiores que a estrela, abrangendoquase toda a fronte.

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Frente aberta - Quando o eqüino apresenta listra branca da fronte até o lábio superior,tomando toda a região frontal da cabeça ou quando a mesma se dirige para um doslados (direito ou esquerdo), o que diferencia do Malacara.

Malacara ou mascarado - Eqüino com mais de dois terços da cabeça branca, incluindoface lateral, chanfro, fronte e focinho, apresentando o restante do corpo escuro.Segundo alguns autores, basta apresentar a fronte branca abrangendo os olhos, comuma larga lista da mesma cor até o focinho, para ser considerado Malacara.

Nilo - Eqüino com cabeça branca e o resto do corpo de cor mais escura, lembrando apelagem dos bovinos Hereford.

Cabeça de mouro - Quando o eqüino apresenta a pelagem da face anterior ou de toda acabeça negra, em contraste com a pelagem do corpo, característica do tipo depelagem moura.

Cabeçada de mouro - Se a mancha preta abrange apenas a extremidade inferior dacabeça.

Lista no chanfro ou cordão - Faixa branca, percorrendo o chanfro até as narinas, quepode ser estreita (denominada filete), larga, interrompida, prolongada, bordada earminhada.

Façalvo - Quando a malha abrange uma ou as duas faces.

Ladre ou beta - Quando as manchas brancas ou despigmentadas estão localizadas entreas narinas.

Bebe em branco do lábio superior ou inferior - Quando o ladre ou beta abrange um doslábios.

Bocalvo ou boca de leite - Quando o ladre ou beta atinge os dois lábios.

Celhado - Quando tem sobrancelhas brancas.

Bornal, embornal branco ou bico branco - Quando apresenta mancha esbranquiçada oudescorada envolvendo a extremidade inferior da cabeça, ou seja, o focinho (freqüentenos muares castanhos-escuros ou pretos mal-tintos).

Afogueado - Quando os pelos descorados, amarelados ou avermelhados circundam osolhos e o focinho nas variedades escuras dos tipos preto, castanho e baio.

B. PARTICULARIDADES NO PESCOÇO

Crinalvo ou crinas lavadas - Quando as crinas são, total ou parcialmente, bem maisclaras, em pelagens mais escuras, comum no amarilho ou douradilho.

Ruano - Idêntico ao caso anterior, mas só se emprega esta designação a certasvariedades do tipo alazão ou na variedade baio amarilho ou amarelo, tambémchamado de palomino.

C. PARTICULARIDADES NO TRONCO

Lista de mulo ou de burro - Lista escura acentuada ou apagada, larga ou estreita,prolongada ou interrompida, que vai da crineira à inserção da cauda, freqüente nosmuares.

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Banda crucial, faixa crucial, raia crucial ou lista crucial - Faixa escura acentuada ouapagada, larga ou estreita, prolongada ou interrompida, franjeada ou regular, quecruza a cernelha descendo pelas espáduas, de modo a formar quase sempre com alista de mulo uma cruz.

Obs.: Quando o eqüino apresenta a pelagem baio com a particularidade lista de mulo,recebe a denominação especial de "Baio Isabel".

Meia banda crucial - Quando a faixa está presente em um dos lados do tronco.

Ventrilavado, ventre-de-veado ou pangaré - Quando há descoramento dos pelos daregião ventral, notadamente em algumas variedades dos tipos castanho, baio ealazão.

Caudalvo ou branco-crinado - Apresenta cola branca, contrastando com o resto dapelagem.

Rabicão - Animal de pelagem uniforme que apresenta a cauda mesclada de pelosbrancos.

Tigrado - Quando o animal apresenta listas pretas alongadas e irregulares.

Marca de fogo - Caracterizada por manchas vermelhas, maiores ou menores, na regiãoventral.

D. PARTICULARIDADES NOS MEMBROS

Zebruras (zebrado) - Raias ou estrias escuras que cortam transversalmente os membros.Cana-preta ou cabo-preto - Animal com canelas pretas ou escuras, nas pelagens que não

as incluem.

Calçado - Quando a cor branca aparece nos membros. Conforme a extensão do branco,esta particularidade recebe as seguintes denominações:

a) Cascalvo - Quando apenas os cascos são despigmentados.

b) Calçado-sobre-coroa - Quando o branco está situado à circunferência da coroa;

c) Baixo calçado - O branco vai até o boleto;

d) Médio calçado - O branco abrange qualquer parte da canela, sem contudo atingiro joelho ou o jarrete;

e) Alto calçado ou arregaçado - O branco atinge o jarrete ou joelho, podendoultrapassá-lo.

f) Traço de calçado - Quando a mancha branca circunda parcialmente uma região domembro.

g) Manalvo - Calçamento dos membros anteriores.

h) Pedalvo - Calçamento dos membros posteriores.

i) Quadralvo - Calçamento dos quatro membros.

j) Calçamento diagonal - São calçados um membro anterior e um posterior de ladosopostos.

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k) Calçamento lateral - São calçados um membro anterior e um posterior do mesmolado.

OBS.: Quando uma dessas particularidades ocorre é necessário incluir na resenha omembro em que se verifica.

E - PELAGENS DOS BOVINOS

A pelagem dos bovinos constitui quase sempre atributo étnico.

Nos bovinos, a coloração da vassoura da cauda não tem importância paracaracterização da pelagem. É considerada como característica da raça e acompanha adescrição da pelagem.

As pelagens dos bovinos apresentam os seguintes categorias, tipos evariedades:

GRUPOS TIPOS

Pelagens simples Preto

Branco

Vermelho

Amarelo

Pelagens compostas Moura

Rosilho

Cinza

Pelagens conjugadas Chita de vermelho

Vermelho chitado

Chita de amarelo

Amarelo chitado

Malhado, Remendado ou oveiro

I - PELAGENS SIMPLES

Apresentam pelos de uma só cor, sendo chamados também de uniformes.

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a) TIPO PRETO - Constituído por pelos pretos. Variedades: mal tinto ou macaco, umtanto descorada; azeviche, de coloração carregada e brilhante; murzelo, reflexosarroxeados.

b) TIPO BRANCO - Apresenta somente pelos brancos. Variedades: leitosa ou pérola,sem reflexo brilhante; porcelana, com reflexos azulados; rosado, com reflexosrosados de pele rosada ou despigmentada; suja, com tonalidade levemente amarela;fumaça, com aglomeração de pelos escuros em certas regiões do tronco e dosmembros.

c) TIPO VERMELHO - Constituído por pelos vermelhos nas várias tonalidades, desdea clara até a castanha, quase preta.

d) TIPO AMARELO - Pelos variando do amarelo bem claro ao escuro. Variedades:baia, variedade do tipo amarelo, claro ou escuro, que ocorre no indubrasil; camurça,amarelo com tonalidade de palha de milho.

II - PELAGENS COMPOSTAS

Formada por duas cores no mesmo pelo ou por diversas cores distribuídasem pelos diferentes.

a) TIPO MOURA - Mistura uniforme de pelos brancos e pretos. As variedades clara,comum e escura resultam da proporção maior ou menor de cada uma dessas cores. Acabeça e as orelhas são total ou parcialmente pretas ou escuras.

b) TIPO ROSILHO - Mistura uniforme de pelos brancos e vermelhos, surgindo asvariedades clara, comum e escura conforme a distribuição dos pelos. A rosilha claraé também chamada moura de vermelho.

c) TIPO CINZA - Formada de pelos brancos e pretos ou pelos apresentando essas duascores (ponta branca e base preta). Na variedade prateada a extensão da ponta brancaé de metade ou mais do comprimento do pelo, enquanto, na variedade azulega, ospelos das extremidades (canela, quartela, etc. e da vassoura da cauda), bem como osdas partes escuras apresentam-se pigmentados, às vezes até a ponta.

III - PELAGENS CONJUGADAS

a) TIPO CHITA DE VERMELHO - Consiste na presença de pequenas manchas,numerosas, de pelos vermelhos em fundo branco ou rosilho.

b) TIPO VERMELHO CHITADO - Consiste na presença de pequenas manchas,numerosas, de pelos brancos ou rosilhos em fundo vermelho.

c) TIPO CHITA DE AMARELO - Fundo branco e pintas amarelas.

d) TIPO AMARELO CHITADO - Fundo amarelo e pintas brancas

e) TIPO MALHADO, REMENDADO ou OVEIRO - Quando as manchas ocorrem emuma grande área, constituindo malha. Dependendo da cor de fundo, a pelagem podeser dita malhada de preto, malhada de vermelho ou malhada de amarelo, quando o

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fundo for branco; ou amarela malhada, preta malhada ou vermelha malhada, quandoo branco constituir malhas.

IV - PARTICULARIDADES DAS PELAGENS

Para tornar mais eficiente a identificação de um animal, é necessário citar asparticularidades que o mesmo apresenta na pelagem. A seguir apresentamos algumasparticularidades de pelagens, mais importantes nos bovinos de origem indiana.A) Sarapintada - pelagem com pintas pequenas de cor diferente do resto do pelame. É

desclassificante no Guzerá e no Indubrasil. A coloração castanha não é aceita noIndubrasil.

B) A pele do zebu deve ser pigmentada (preta), permitindo melhor adaptação aostrópicos. A despigmentação ocorre, às vezes, sob a forma de manchas rosascirculares, muito visíveis nas mucosas, indesejável por ser hereditária.

C) Lambida - despigmentação da mucosa do focinho do bovino, podendo ser total ouparcial. A lambida parcial se tolera mas, a total desclassifica o animal para registro.

D) Kolea ou culeia - Termo empregado na Índia para designar o animal de pele e defocinho claros.

E) A pelagem preta e a malhada (de preto, de vermelho, de amarelo) desclassifica oszebuínos para registro. Atualmente se faz exceção, no caso do Nelore malhado.

V - COLORAÇÃO DA VASSOURA DA CAUDA

A coloração da vassoura complementa a pelagem. Assim, as pelagensbranca e cinza dos zebuínos e suas variedades apresentam a vassoura preta.A pelagem vermelha dos zebuínos deverá apresentar vassoura preta,

podendo ser mesclada, com uma mistura de crinas vermelhas e brancas, mas, para oanimal ser registrado, o sabugo deve ser preto.

As pelagens chitadas podem apresentar vassoura mesclada.

A pelagem moura admite vassoura mesclada e mesmo branca mas, comsabugo preto.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

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CAMARGO, M.X., CHIEFFI, A. Ezoognósia. São Paulo: Instituto de Zootecnia, 1971.320p.

GUIA RURAL. Cavalos. São Paulo: Abril, 1991. 170p.

RIBEIRO, D. B. O Cavalo: raças, qualidades e defeitos. Rio de Janeiro: Globo, 1988.318p.

VAL, L.J.L. Exterior dos Eqüídeos. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG,1982. 95p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Discorrer quanto a importância do conhecimento de pelagem em Zootecnia.• Caracterizar o termo pelagem quanto aos elementos que a constituem.• Identificar as pelagens ideais para os trópicos e climas temperados.

• Relatar quanto aos elementos que influenciam na variação da pelagem dos animais.• Caracterizar as pelagens dos eqüinos, asininos, bovinos, ovinos, caprinos e suínos

quanto a grupos, tipos e variedades.• Identificar as particularidades das pelagens dos eqüinos.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: NORMAS PARA A EXECUÇÃO DE SERVIÇO DE REGISTROGENEALÓGICO

Portaria no 7 de 26 de setembro de 1978.

O SECRETÁRIO NACIONAL DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, nouso das atribuições que lhe confere o item IV, do artigo 21, do Regimento Internoaprovado pela Portaria Ministerial no 654, de 26.07.78, publicada no D.O.U. de 04.08.78e o constante da Portaria Ministerial no 294, de 13.04.78, publicada no D.O.U. de

19.04.78,

RESOLVE:

Aprovar as normas, anexas a esta portaria, para a execução dos serviços deregistro genealógico aplicáveis aos bovinos e bubalinos, elaboradas pela Secretaria deProdução Animal - SPA.

Revogar a Portaria no 20, de 05 de setembro de 1977- DNPA -publicada noD.O.U. de 20 de janeiro de 1978.

ANDRÉS TRONCOSO VILAS

Secretário Nacional de Produção Agropecuária

SNAP - SECRETARIA DE PRODUÇÃO ANIMAL - SPA.

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NORMAS PARA A EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE REGISTROSGENEALÓGICOS

1. CATEGORIAS E REGISTROS

Artigo 1o - O serviço de registro genealógico para bovinos e bubalinos deverá obedeceras seguintes normas:

1 - Das Categorias

2 - Dos Registros

Artigo 2o - As associações manterão os registros de bovinos e bubalinos, de acordo comas seguintes categorias:

a) Animais Puros de Origem (PO),

b) Animais do Livro Aberto (LA),

c) Animais do Livro Auxiliar (LX),

d) Animais Puros por Cruzamento (PC),

e) Fêmeas Mestiças (FM),

f) Produtos de Cruzamento sob Controle de Genealogia (CCG).

ANIMAIS PUROS DE ORIGEM (PO)

Artigo 3o - Receberão a inscrição como puros de origem:

a) os animais importados portadores de documentos que asseguram suaorigem, como registro genealógico oficial do país de onde provêm e após submetidos àinspeção zootécnica por comissão de julgamento ou juiz único do serviço de registrogenealógico, além do atendimento das normas estabelecidas pelas entidades detentorasdos registros;b) os produtos originários de animais puros de origem, nascidos no País,

obedecidas as condições normais sobre comunicações de padreação e denascimento;

c) os produtos de inseminação artificial, descendentes de reprodutores purosde origem, devidamente registrados nos livros oficiais das respectivasraças, além do atendimento das normas estabelecidas pelo Ministério daAgricultura e pela entidade detentora do registro:

d) nas raças zebuínas, os animais inscritos no livro fechado e seusdescendentes.

ANIMAIS DO LIVRO ABERTO (LA)

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Artigo 4o - Serão inscritos no livro aberto os animais de ambos os sexos pertencentes aagrupamentos étnicos em variação, desde que portadores de caracterizaçãoracial definida, de produção e tipo, dentro das exigências estabelecidas pelasentidades detentoras do registro genealógico, devidamente homologadaspelo Ministério da Agricultura.

Parágrafo Único - Nas raças bubalinas, os animais registrados de acordo com asnormas estabelecidas pela entidade detentora do respectivo

registro.

ANIMAIS DO LIVRO AUXILIAR (LX)

Artigo 5o - O Livro Auxiliar da Raça Holandesa Variedade Vermelha e Brancadestina-se a receber os animais filhos PO da Variedade Preta e Branca,desde que as ocorrências de cobertura e nascimento tenham sidocontroladas pela entidade de registro oficial.

ANIMAIS PUROS POR CRUZAMENTO (PC)

Artigo 6o - São considerados puros por cruzamento os animais que não podendo serincluídos na categoria de puros de origem(PO), sejam, entretanto,portadores de caracterização racial definida de tipo, dentro das exigênciasestabelecidas pelas entidades detentoras do registro genealógico, edevidamente homologadas pelo Ministério da Agricultura.

§ 1o - Serão inscritos como de registro inicial puros por cruzamento de origemdesconhecida (PCOD) somente as fêmeas não registradas, porém portadorasde exigências mínimas, estabelecidas através de avaliação pelas entidadesdetentoras de registro genealógico.

§ 2o - Serão inscritos como puros por cruzamento de origem conhecida (PCOC), comidentificação das gerações controladas(CG 1, CG 2, etc.), os machos efêmeas, filhos de fêmeas puras por cruzamento e de reprodutores puros deorigem.

§ 3o - As entidades detentoras de registro genealógico baixarão instruções para oregistro de puros por cruzamentos, já citadas, podendo estabelecermodificações, consideradas as condições regionais indispensáveis para omelhoramento zootécnico dessa categoria, com a devida homologação doMinistério da Agricultura.

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§ 4o - Se a seleção de animais puros por cruzamento de uma raça o exigir, com afinalidade de dar objetivo certo ao registro do PC, poderão as entidadesinstituir um agrupamento de animais, estabelecido entre as faixas do PO e PC,dando-lhe identificação que julgarem adequada, encaminhando a respectivaregulamentação ao Ministério da Agricultura para a necessária aprovação.

FÊMEAS MESTIÇAS (FM)

Artigo 7o - Na categoria de fêmeas mestiças, para as inscrições iniciais, a adjudicação degrau de sangue será feita pelo técnico da inspeção, face à informação oudocumentação que o interessado apresentar, obedecendo à classificaçãoinicial de 1/2, 3/4, 7/8 e 15/16 de grau de sangue.

PRODUTOS DE CRUZAMENTO PARA FINS DE CONTROLE DEGENEALOGIA (CCG)

Artigo 8o - Serão inscritos nesta categoria, somente para efeito de confirmação degenealogia e autenticação do documento particular do criador, os produtosdevidamente identificados, nascidos de acasalamento entre bovinos dequalquer raça, atendendo o previsto em regulamento das entidadesdetentoras da concessão do registro genealógico.

DOS REGISTROS

DO REGISTRO INDIVIDUAL

Artigo 9o - As Associações de Criadores expedirão os certificados:

- REGISTRO PROVISÓRIO OU DE NASCIMENTO

- REGISTRO DEFINITIVO

§ 1o - Do certificado constará a raça, número do registro, nome, sexo e data denascimento do animal, nome e número dos ascendentes até a 4ª geração,diagrama de manchas ou fotografias, tatuagem ou marca de fogo (quando for ocaso), dados de "performance" do animal e dos ascendentes, bem como nomee endereço do criador e do proprietário.

§ 2o - Tendo em vista que o Ministério da Agricultura já não registra marcasarbitrárias particulares, as entidades detentoras do registro genealógicosomente aceitarão, como marca a fogo de identificação, as enquadradas no

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Sistema "ORDEM E PROGRESSO", instituído pelo Ministério daAgricultura.

Artigo 10 - Serão inscritos no registro provisório ou de nascimento os filhos deanimais registrados, cuja padreação e nascimento, tenham sido comunicados dentrodos prazos estabelecidos, nos regulamentos das respectivas entidades detentoras da

Carta Patente da Raça.

Artigo 11 - O registro definitivo só será concedido ao animal devidamente identificado,após completar a idade estabelecida nas normas especiais previstas no regulamentodas entidades de registro.

DO REGISTRO SELETIVO

Artigo 12 - Fica instituído o registro seletivo, objetivando a classificação dereprodutores e matrizes de boa conformação, para produção, mediante os critériosestabelecidos pelo art. 16 destas Normas.

RAÇAS LEITEIRAS

Artigo 13 - Poderão ser avaliados para registros seletivos todos os animaisregistrados.

Artigo 14 - As fêmeas devem ser classificadas a partir da 1ª parição e em plenalactação.

Artigo 15 - Os machos poderão ser classificados após 18 meses de idade.

Artigo 16 - Os animais serão classificados em 6 classes assim discriminados:

- Classificados com 90 pontos ou mais - EXCELENTE (E)

- Classificados com 85 pontos até 89 - MUITO BOM (MB)

- Classificados com 80 pontos até 84 - BOM para MAIS (B+)

- Classificados com 75 pontos até 79 - BOM (B)

- Classificados com 65 pontos até 74 - REGULAR (R)

- Classificados com menos de 65 pontos - MAU (M)

Parágrafo Único - Os regimentos internos dos registros genealógicos de cada associaçãonacional ou brasileira, apresentarão tabelas que possibilitem tais

classificações, disciplinando o processo seletivo.

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Artigo 17 - Para as raças zebuínas, serão adotadas as normas de registro seletivo, apartir de 1980.

RAÇAS DE CORTE

Artigo 18 - O sistema de classificação (registro seletivo), a ser determinado pelaentidade detentora do registro genealógico, devidamente homologadopelo Ministério da Agricultura, passará a fazer parte das instruções parao registro genealógico das raças zebuínas de corte.

Parágrafo Único - Para as raças de corte ou de dupla aptidão, de origem européia, oregistro seletivo, que também deverá ser instituído, poderá

adaptar-se aos critérios internacionais, cabendo a cada entidadede registro estabelecer as normas a serem aprovadas peloMinistério da Agricultura.

ESTUDO DIRIGIDO

1- O que significa e de que se compõe um registro genealógico (RG)?

2- Quais as finalidades do serviço de RG?

3- Quais as atribuições do inspetor, produtor, Associação e Serviço de RG do

Ministério da Agricultura diante das diretrizes do RG?

4- Porque os RG só trazem informações dos animais até a quinta geração?

5- Quais as categorias animais e como se caracterizam segundo o serviço de RG?

6- Como se obtêm animais PCOC e PCOD?

7- Qual a diferença entre livro fechado e livro aberto para RG de animais?

8- Quais as diferenças entre registros provisórios (RGN) e definitivos (RGD) e

quais as categorias animais incluídas nos RGN e RGD?

9- No RG, qual a diferença entre proprietário e criador?

10- Porque o sistema de marcas é denominado “ordem e progresso”?

11- Como se apresenta o sistema de marcas segundo os tipos de registros para

zebuínos (ABCZ)?

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: SISTEMAS DE CRIAÇÃO

I - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Dependendo da espécie animal, das condições ambientais, das condiçõesfinanceiras, da disponibilidade de insumos(alimentos, medicamentos, etc), dadisponibilidade de mão-de-obra e das condições de mercado para os produtos geradospela exploração pecuária, determinados sistemas de criação ou de manejo podem seradotados, sendo estes representados por basicamente três categorias: sistema extensivo,sistema semi-extensivo ou semi-intensivo e sistema intensivo de criação ouconfinamento.

II - SISTEMAS DE CRIAÇÃO SEGUNDO A ESPÉCIE ANIMAL

A) BOVINOS

a) Extensivo

É o predominante no Brasil. Caracteriza-se pelo máximo aproveitamentodos recursos naturais, objetivando economia de instalações, equipamentos e mão-de-

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obra. Consiste em manter os animais em liberdade durante todo o ano, divididos emlotes. Em geral, os animais são mestiços e dotados de baixa aptidão produtiva. Quandobovinos leiteiros, realiza-se uma ordenha diária, em virtude da qualidade dos animais eda não suplementação alimentar. O rebanho é levado ao curral duas vezes ao dia, pelamanhã para ordenha e à tarde para separação dos bezerros. As condições higiênicas sãoprecárias e os cuidados profiláticos mínimos. Em geral, é procedida apenas vacinaçãocontra o carbúnculo sintomático. Neste sistema predominam as pastagens de gramínease o pastejo é contínuo, de modo que a alimentação é insuficiente durante a maior partedo ano. A mineralização é à base de sal comum e quase sempre com irregularidades nofornecimento. Os animais são ordenhados no próprio curral ou em galpões rústicos,quase sempre sem a devida higiene. A ordenha é procedida com brezerro ao pé, ficandoeste com o leite mais gorduroso ou, na maioria dos casos, se retirando todo o leite,prejudicando o desenvolvimento ponderal da cria. O touro permanece empromiscuidade com o rebanho, ocorrendo coberturas descontroladas e fecundações forade época. Este sistema de criação é susceptível de grande melhoramento, não sendoaconselhável para raças especializadas, cujas exigências são grandes. Os principaisfatores que afetam a produção de leite ou carne no sistema extensivo são mês deparição, idade da vaca, época do ano, período de lactação, período de serviço e aproteção contra as altas temperaturas.

b) Semi-intensivo

Aproveita em menor quantidade os recursos naturais e exige mais capital,mais mão-de-obra, rebanho aperfeiçoado e pessoal habilitado. De maneira geral, osanimais são mantidos no estábulo nas horas mais quentes do dia, saindo para o pasto nashoras mais frias, pela manhã e ao final da tarde. Em alguns casos, as vacas são presassomente para ordenha e para a distribuição de rações, duas vezes ao dia. Exige que ospastos disponham de boas sombras nas zonas quentes. Neste sistema a suplementaçãoalimentar com volumosos e concentrados é mais cuidadosa. São feitas duas ordenhaspor dia. As coberturas são controladas, de modo que as parições podem ser distribuídasde maneira racional durante o ano. Os cuidados higiênicos e profiláticos são maiores.

c) Intensivo

Só é admissível em casos especiais, quando há falta de espaço e o preço daterra é muito elevado. É recomendável somente para vacas de alta produção, pois toda aalimentação volumosa e concentrada deve ser fornecida no cocho. Os animais sãomantidos presos durante todo o dia. As condições de boa higiene e sanidade são maisdifíceis de serem mantidas. O requerimento de mão-de-obra é muito maior e é própriode zonas urbanas.

B) EQÜINOS

a) "Em regime de campo" ou "a campo"

O animal permanece praticamente todo o tempo em liberdade no pasto. É omelhor para o animal e mais saudável, pois o cavalo neste sistema de criação podemovimentar-se à vontade. O acesso à ração suplementar (fenos e/ou concentrados),

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quando necessários, pode ser feito por meio de cochos colocados no pasto, podendoserem colocados vários cochos individuais ou um só cocho com divisórias paraalimentação individual. Às vezes, quando não muito caro, é viável cobertura da área decochos. O sistema de criação a campo pode ser adotado por criadores que disponham deestábulos já construídos, devendo os animais, durante as horas em que não estejam sealimentando, sendo tratados, etc., estarem em liberdade no campo ou no piquete. Nestesistema de criação podem ser construídos abrigos de proteção contra o frio ou calor,devendo o cavalo ter livre acesso a estes locais.

b) Em regime de semi-estabulação

O cavalo permanece recolhido às instalações durante a noite e/ou durante ashoras de sol quente, passando o restante do tempo a campo.

c) Regime de estabulação total

O cavalo é mantido nas instalações durante todo o dia, saindo apenas paraexercício ou trabalho.

C) SUÍNOS

a) "A campo" ou "solta controlada"

O exercício ao ar livre é importante fonte de vigor para suínos, enquanto acriação em pocilgas fechadas faz com que o animal viva em ambiente viciado eatmosfera úmida. Este sistema é muito recomendado na cria e engorda de suínos.Requer bons pastos em combinação com concentrados. Devem ser tomadasprovidências, no sentido de evitar enfermidades no rebanho, mediante rotação depastagens. O regime de pastoreio tem como vantaqens: o exercício é fator importantepara o desenvolvimento dos animais; a criação a campo proporciona melhorescondições higiênicas aos animais, que se beneficiam dos raios solares; o pastejoproporciona redução na distribuição de alimentos concentrados, resultando emeconomia de 3O a 4O%, se os animais utilizam pastos de gramíneas e leguminosas; e, osuíno restitui grande parte dos nutrientes necessários à fertilidade do próprio pasto.

As plantas forrageiras devem ser tenras, recomendando-se a leguminosaalfafa e as gramíneas capim pangola, grama de burro, quicuio e capim rhodes, entreoutras.

b) Semi-confinamento

Utiliza instalações e equipamentos em menor escala e aproveita asvantagens do sistema de criação a campo. Os animais são criados em piquetesgramados, dotados de um abrigo, que serve também de maternidade. Machos e fêmeassão criados em piquetes separados, para evitar a excitação sexual. Em geral, sãomantidos lotes de doze matrizes e três reprodutores.

c) Confinamento total ou intensivo

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Tem como vantagem aumentar a eficiência de produção e prevenir oucontrolar as doenças, requerendo alto custo com equipamentos e instalações. Os suínossão criados em instalações específicas conforme a fase de vida. Assim, são necessáriasrepartições(para gestantes, maternidade, creche, recria, engorda, terminação e parareprodutores). Essas instalações são construídas em alvenaria, e suas dimensõesdependem do tamanho do plantel, da área aproveitável da propriedade, etc.

D) CAPRINOS

a) Extensivo

Consiste basicamente na criação a pasto, com baixa lotação e alimentaçãoobtida exclusivamente no pastoreio direto. A produtividade, em geral, é baixa. No casode cabras leiteiras, o leite é insuficiente para a comercialização, na maioria dos casos.Este sistema é mais apropriado à produção de carne e pele.

b) Semi-intensivo ou semi-confinamento

Parte da alimentação é obtida no pastoreio direto e parte nos cochos. Osanimais passam a noite e parte do dia confinados no aprisco. É recomendável a rotaçãode pastagens. Se obtém boa produção de leite, sendo recomendadas as raças tropicais,como a anglo-nubiana.

c) Intensivo ou confinado

Os animais não têm acesso aos pastos. Possui a vantagem de utilização depequenas áreas (o suficiente para a construção do aprisco, solários, capineiras, áreas debeneficiamento de leite e depósito de alimentos), melhor controle do fornecimento dealimentos e maior controle de doenças. Porém, exige mais mão-de-obra e só compensase a criação for de cabras altamente produtivas, de raças leiteiras especializadas.

III - NOVOS SISTEMAS DE CRIAÇÃO

Atualmente, visando-se atender demandas de mercado, peculiaridades têmsurgido em relação aos sistemas de produção, adotando-se práticas de manejosustentável e de bem-estar animal, visando-se direcionar prioritariamente o segmento deprodutores com propriedades regidas por gestão e força familiar para a produçãopecuária orgânica, visando melhoria das suas condições sócio-econômicas,sustentabilidade de suas unidades produtivas e fornecimento de produtos diferenciados,saudáveis e com maior valor agregado. Assim surge o sistema de produção pecuáriaorgânica.

Uma outra modalidade de sistema de criação que vem se estruturando esendo adotado em vários estados brasileiros é a produção de leite ou carne em sistemarotacionado, adotando-se técnicas de manejo de pastagem preconizadas inicialmente porVoisin (Método de Voisin), e atualmente adotado na produção de leite e de carne, sendoconsiderado sistema de produção à pasto.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASDEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: CONTENÇÃO

I - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Ao lidar com um animal visando coleta de material para exame, efetuarcurativos ou realizar práticas de manejo como vacinações, vermifugações, castração,descorna, entre outras, é imprescindível sua contenção, sujeição ou imobilização. Destaforma, busca-se segurança para o operador e facilidade na execução da operação.A contenção também é importante no processo de doma de

animais jovensou pouco habilitados às práticas de manejo.

Os métodos de contenção variam entre as espécies, podendo inclusiveapresentar diferenças dentro das espécies, considerando-se a idade, o porte, o sexo e otemperamento individual.A contenção comumente é obtida com os animais de pé

ou, em casosespeciais, deitados, para melhor segurança.

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II - MÉTODOS DE CONTENÇÃO

1. Contenção de animais em pé

a) Bovinos

A contenção de animais dóceis pode ser procedida sem auxílio de cordas. Oauxiliar pega o focinho do animal com o indicador e o polegar da mão esquerda, aomesmo tempo que com a mão direita segura firmemente o corno esquerdo do animal.No caso de bovinos menos dóceis, a contenção pode ser feita por

argolas ouformigas já fixadas ao focinho do animal ou adaptáveis ao mesmo (FIGURA 1).Quando o material a ser colhido e de obtenção mais difícil, a contenção da

cabeça deve ser feita por meio de cordas. Para isso, a cabeça do animal, previamentelaçado em um moirão ou em uma árvore, dando pelo menos três voltas de corda na basedos cornos. A contenção é completada segurando-se o focinho e o corno do animal,como já descrito.

A contenção dos membros completa a imobilização do bovino. Um dosmeios é a suspensão de um dos membros anteriores. Contido o animal pelo cabresto, umauxiliar fixa uma corda na quartela e, passando-a por cima da cernelha, a mão do animalé tracionada pelo lado oposto. Outro meio é a suspensão de um dos membrosposteriores. Seguro o animal pela argola ou pelo cabresto, perto de uma cerca, o seu péé suspenso por outra pessoa, por meio de uma vara com uma das extremidades apoiadasobre a cerca.

Com um animal manso, os membros posteriores podem ser imobilizadosapenas por meio de uma corda que um auxiliar segura (FIGURA 2), ou ainda através dapassagem da cauda entre os membros e o envolvimento de um deles pela própria cauda(FIGURA 3).

O uso do tronco de contenção ou brete para contenção de bovinos é muitoeficiente, principalmente em se tratando de animais pouco dóceis, evitando lesões emtratadores, animais e facilitando em muito as práticas com animais em pé.

b) Eqüídeos

A contenção de eqüídeos dóceis é obtida com muita facilidade, através dosimples emprego das mãos, segurando as orelhas do animal e por elas fixando a cabeçapara baixo. Em eqüídeos mais vigorosos e menos dóceis, é necessário a utilização dematerial de contenção.

A contenção do membro anterior é conseguida segurando-se a canela eflexionando-a rapidamente contra o antebraço; de imediato seguramos a quartela comuma das mãos, apoiando o dedo polegar sobre a sola e os outros dedos sobre a parededo casco.

A contenção dos membros posteriores se torna indispensável quandonecessita-se ter acesso às regiões posteriores do animal. Um dos recursos para este fim é

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o uso de peias ou de nós corrediços: são fixadas duas cordas às canelas ou quartelasposteriores, levadas para a frente, cruzadas sobre o peito, conduzidas para cima deambos os lados do pescoço, e amarradas ao nível da cernelha por um nó de roseta(FIGURA 4). É óbvio que, para maior facilidade de execução dessa operação, o animaldeve estar de olhos vendados.

Outro processo, muito usado, é o chamado "pé de amigo": com a ponta deuma corda terminada em anel, é formada uma alça passada em volta do pescoço enovamente para dentro do anel. Para suspensão do membro, basta puxar a corda(FIGURA 5).

Em vez de flexionar o membro posterior para a frente, este pode ser contidoflexionando-se para trás. Para isso, é amarrada uma corda à crina da cauda, a qual épassada pelo anel de uma peia livre aplicada na quartela e puxada cautelosamente(FIGURA 6).

c) Ovinos e caprinos

Segurar o animal por um membro posterior, abaixo do jarrete, depreferência o direito. Manter em posição de pé, agarrando com as mãos a lã (em animaislanados) e a pele do dorso, ao nível da cernelha e da região lombar, após ter soltado omembro posterior.

A imobilização também pode ser feita simplesmente fazendo-se passar acabeça e o peito do animal entre as pernas de um homem que o aperta energicamente.

d) Suínos

O suíno é um animal de muita agressividade; por este motivo, doisauxiliares geralmente são necessários para a contenção do animal. Os operadoresseguram, com firmeza, a cabeça do animal, pelas orelhas, e no momento em que omesmo se põe a grunhir, passam-lhe um laço por dentro da boca, atrás das presas,apertando-o sobre o maxilar superior. Para maior garantia, pode ser amarrado o animalnum tronco de árvore ou mourão.

e) Caninos

O cão, quando dócil, obedece ao dono, não apresentando maioresdificuldades para sua contenção. Se o animal for menos dócil, deve ser passado um laçoem torno do focinho, amarrando suas extremidades para trás das orelhas (FIGURA 7) emantendo a cabeça com as mãos, enquanto um auxiliar segura os membros posteriores,apoiando-os ao solo.

f) Felinos

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O melhor método de contenção do gato, de modo que o operador fiqueprotegido de suas garras, se dá pela cobertura de suas unhas por meio de esparadrapo(FIGURA 8) e imobilizá-lo com a ajuda de um ou dois auxiliares, para contenção dosmembros anteriores e posteriores.

2. Contenção de animais deitados

a) Bovinos

Ao se derrubar um bovino, deve-se ter o cuidado de evitar que o animal caiabruscamente, o que poderia acarretar lesões traumáticas (fraturas, particularmente noscornos). A queda deverá ser atenuada com o uso de camas macias. Animais com apança cheia ou matrizes em estágio avançado de gestação devem ser derrubados para olado direito.O método Rueff para a derrubada de bovinos, bastante eficiente, consiste noseguinte: com uma corda de aproximadamente 10 metros de comprimento, é feito umanel em uma das extremidades, sendo estabelecido um anel corrediço, que fica ao redordos cornos; a seguir, é procedida uma primeira volta em torno da base do pescoço, umasegunda através das espáduas e uma terceira ao nível do flanco (FIGURA 9). Isto feito,um auxiliar segura os cornos do bovino, enquanto a corda é puxada do lado contrárioaquele para o qual o animal vai cair. A imobilização do animal é complementada com aajuda de dois auxiliares: um que fixa o animal pelos cornos e narina e mantém a cabeçaestendida e outro que segura a cauda.

Outra forma prática para derrubar o animal consiste no método Italiano paracontenção, em que passa-se uma corda com cerca de 10 metros de comprimento pelaparte superior do pescoço, de forma que esta intercepte o pescoço deixando duas partesiguais, as quais passam por entre os membros anteriores, cruzando-se neste ponto, emseguida, cruzam-se sobre o dorso e descem, passando entre os membros posteriores, eao ser puxadas no sentido de trás do animal, derruba-o (FIGURA 10). Após derrubado,o bovino deve ter os membros amarrados para evitar acidentes com coices.

b) Eqüídeos

Os cuidados preliminares dispensados aos bovinos são necessários. Hávários processos de derrubada dos eqüÍdeos, sendo descrito o mais simples.Com uma corda de 10 metros de comprimento, aproximadamente, se

estabelece um anel na base do pescoço do animal já encabrestado; por dentro do anel,passa-se de volta as duas extremidades, cruzando-as sobre o pescoço, dirigindo-asdepois para trás, contornando as quartelas posteriores. Daí são trazidas e puxadasdiretamente para a frente. Com auxílio de ajudantes, o animal é mantido de lado com acabeça estendida pela focinheira do cabresto ou pela ganacha, o que facilita acontenção. A cauda é puxada por um outro auxiliar, que se firma com um dos pés sobrea região dos quartos do animal (FIGURA 11). A corda que serviu para derrubar,continua segura, controlando os arrancos para que o animal não se machuque. Usarcordas suplementares se necessário.

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c) Ovinos e caprinos

Segurar com a mão direita o animal pelo membro posterior oposto ao ladosobre o qual pretendemos deitá-lo; prender, em seguida, com a mão esquerda, omembro anterior do mesmo lado, suspendendo-o do chão e, por um movimento debalanço, deitar o animal. Manter em posição deitado, por uma ligeira pressão contra osolo, e amarrar os membros.

Em se tratando de animais menos dóceis, para maior segurança e, a fim deevitarmos acidentes, devemos recorrer a outro tipo de contenção. Com uma cordagrossa ou correia de couro, são amarrados os dois membros, cruzando-os em X epassando também a corda sobre estes membros cruzados. É feita idêntica contenção dosmembros opostos e ficam sustentadas por um nó as duas pontas da corda ou da correia.Mais simplesmente: os quatro membros podem ser reunidos em X com uma só corda,imobilizando-os com maior rapidez.

d) Suínos

Também para conter o suíno deitado, são necessários dois auxiliares. Osoperadores seguram, com firmeza, a cabeça do animal, pelas orelhas, e no momento emque o mesmo se põe a grunhir, passam-lhe um laço por dentro da boca, atrás das presas,apertando-o sobre o maxilar superior; este laço, em seguida, circunda um dos membrosposteriores e, por fim, é puxado para cima da região do quarto correspondente(FIGURA 12). e) Caninos

Amordaçado o animal, deve ser o mesmo deitado sobre o chão ou sobreuma mesa, mantido por dois auxiliares, um dos quais fixará a cabeça e o outroimobilizará os membros.

f) Felinos

Fazer a cobertura das unhas por meio de esparadrapos, como já foi descrito,e imobilizá-lo com a ajuda de um ou dois auxiliares, pela contenção dos membrosanteriores e posteriores.

3. Contenção em tronco de contenção

O tronco de contenção ou brete, ligado ao curral por uma seringa édestinado à contenção de animais em pé. É de fácil construção e apresenta comovantagens a facilidade de trabalho, exigência de menos mão-de-obra, redução do riscode acidentes e facilidade de manejo do rebanho. Na FIGURA 13 estão apresentadas asperspectivas para construção de um tronco de contenção rústico para quatro bovinos,recomendado pelo Serviço de Saúde Animal (SESAN) do Ministério da Agricultura,sendo necessário o seguinte material: 10 mourões com 2,5 metros de comprimento e 20cm de diâmetro; 48 varões com 2 metros de comprimento e 10 cm de diâmetro; 5travessas com 1,35 metros de comprimento e 10 cm de diâmetro; 80 metros de aramepara amarrio; pregos.

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4. Contenção através de relaxantes musculares

Os relaxantes musculares permitem contenção eficiente dos animais,devendo ser manipulados apenas por profissionais devidamente habilitados,familiarizados com o uso e que disponham de recursos apropriados para que possamfazer face a uma eventual intoxicação por tais substâncias.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

MILLEN, E. Zootecnia & Veterinária: Teoria e Práticas Gerais. Campinas: ICEA,1975. 409p.

MILLEN, E. Guia do Técnico Agropecuário: Veterinária e Zootecnia. Campinas:ICEA, 1988. 794p.

SERVIÇO DE SAÚDE ANIMAL/MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (SESAN/MA).Construa você mesmo um tronco rústico para manejar seu rebanho. Brasília:SESAN/MA. s.d. 1p. (Informativo técnico).

ESTUDO DIRIGIDO

1) Discorrer quanto à importância da contenção dos animais.

2) Caracterizar os métodos de contenção de animais.

3) Decidir quanto ao método de contenção a utilizar diante de determinadas situações,como por exemplo vacas gestantes, garrotes e reprodutores.

4) Identificar o material necessário numa fazenda visando eventuais práticas decontenção, como por exemplo laçar animais, peiar, derrubar animais de pequeno egrande porte, conter a cabeça ou algum membro do animal.

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DESCORNA

A descorna consiste na extirpação dos cornos mediante cirurgia ou noimpedimento ao crescimento destes por métodos físicos ou químicos, consistindo emuma prática de manejo muito difundida, apresentando como principais vantagens:

• Maior facilidade de manejo dos animais, devido maior docilidade;• Menores riscos de acidentes com tratadores, devido

à menoragressividade dos animais descornados;• Redução do espaço nos estábulos, currais e veículos de

transporte(cerca de 20%);• Redução de lesões corporais e acidentes nos animais;

• Maior valorização do couro.O animal amochado apresenta a mesma característica genética do animal com cornos e,para efeito de cruzamentos, o amochado deve ser considerado como com cornos.

MÉTODOS PARA DESCORNA

a) FÍSICOS

• Cauterização a ferro candente

Essa é a descorna mais comum, por ter baixo custo, ser eficiente e de aplicaçãorelativamente simples e rápida. Utiliza-se um“ferro” de descorna, de ferro ou,preferencialmente, de cobre, em forma de martelo, com duas pontas, uma côncava (paraqueimar a bordadura do botão), e a outra convexa (para queimar a parte central), ou comapenas uma ponta, na mesma direção do cabo, aquecido em uma fonte de calor (umafogueira, braseiro, fogão ou lança-chamas).

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A descorna em cabritos deve ser feita precocemente, com cinco a dez dias deidade, no máximo20, pois será menos traumática para o animal. Em bezerrosrecomenda-se a descorna quando não apresentarem mais de três meses de idade,devendo-se ser realizada nas primeiras semanas de vida.

Para se efetuar a descorna, o animal deve ser bem contido. Uma vezdeterminada a posição exata do botão, os pêlos ao redor devem ser aparados(tricotomia). Quando o corno ainda não apontou, pode ser cauterizado diretamente,sendo recomendável o seu corte com uma lâmina (um canivete, por exemplo), quandoesse botão estiver um pouco maior. Em seguida, cauterizar segurando o ferro de formafirme, inicialmente com a extremidade côncava e depois com a convexa ou plana.

Ao concluir a cauterização, passa-se uma pomada para queimadura e umrepelente cicatrizante ao redor do local, para evitar a formação de miíases.

A cauterização deve ser realizada de forma segura e definitiva, evitando-se crescimentodo corno e a necessidade de repetição da intervenção, o que será muito mais dolorosopara o animal, e caso não seja repetida deixará a apresentação do animal bastante

prejudicada.

Embora dolorosa no momento em que é efetuada, essa descorna apresenta bonsresultados e rapidamente os animais estarão recuperados. Não se pode esquecer dedeixar um ferro de reserva preparado, muito útil em caso de hemorragias ocorridasquando os cornos estão um pouco maiores.

• Eletrocauterização

O descornador elétrico ou termocautério tem um controle que conserva atemperatura da ponta a aproximadamente 154ºC. A aplicação do descornador elétrico aobotão por dez segundos é suficiente para destruir as células geradoras de queratina eimpedir o crescimento dos cornos.

b) QUÍMICO

• Descorna com pasta cáustica

Em cabritos, deve ser feita o quanto antes, com dois a cinco dias de vida. Apartir dessa idade, sua eficiência se torna reduzida e o traumatismo para o animal émaior. Para impedir o crescimento de cornos nos bezerros, recomenda-se o emprego desoda ou potassa cáustica quando o bezerro está com quatro a dez dias de idade. Nessaidade, os botões córneos ainda não estão implantados no crânio e podem ser facilmentemovidos de um lado para outro com os dedos.

Antes de aplicar o cautério, tosa-se o pelo em volta dos botões dos cornos,untando-se a região circundante com vaselina, a fim de evitar que a soda ou potassacáustica entre em contato com a pele do animal e a queime. Envolve-se o bastão de sodacáustica em papel, deixando uma das extremidades descobertas, a qual se molha e seesfrega alternadamente em cada um dos botões, fazendo uma mancha de um a doiscentímetros de diâmetro. Não se deve prolongar a aplicação até sangrar, mas só durante

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o tempo suficiente para uma ligeira escarificação da pele. Esta prática será mais fácil seo bezerro estiver imobilizado.

Os cornos de bezerros de dois a três meses de idade, também podem serremovidos pelo processo cáustico, mas a operação é mais difícil e exige mais cautério.Para cauterizar os cornos de bezerros mais idosos, se faz um círculo em torno da base decada corno, junto à inserção. Isto impede o crescimento dos cornos, que se nutrem apartir da pele do animal. Ao aplicar o cautério, usa-se pouca água, para que não escorrapela cabeça do animal e lhe cause danos.

Depois da cauterização, o bezerro deve ser resguardado da chuva por uns doisdias, devendo ficar isolado de outros animais para evitar lesões. Os bastões cáusticosabsorvem umidade, devendo serem guardados em vidros de boca larga e bem tampados.

c) CIRÚRGICO

Este método é executado por médicos veterinários. É recomendado paraanimais desmamados e adultos, com cornos desenvolvidos.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

JARDIM, V. R. Curso de Bovinocultura. 4.ed. Campinas, Instituto Campineiro deEnsino Agrícola, 1988. 525p.

MILLEN, E. Guia do Técnico Agropecuário: Veterinária e Zootecnia. Campinas,Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1983. 794p.

RIBEIRO, S. D. A. Caprinocultura: Criação Racional de Caprinos. São Paulo: Nobel,1997. 318p.

ESTUDO DIRIGIDO

• Em que consiste a descorna e quais as vantagens de descorna dos animais.

• Discorrer quanto aos métodos de descorna dos animais.

• Apresentar a importância, vantagens, instrumental e procedimento do método dedescorna por cauterização a ferro candente.

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CASTRAÇÃO

A castração pelos métodos comumente empregados, consiste na retirada ouatrofia das glândulas sexuais, resultando na abolição da produção de células ehormônios sexuais.

A finalidade da castração varia com a espécie animal, podendo-se objetivar:

• Ausência de odor e sabor na carne

Os suínos machos adultos apresentam na carne odor e sabor característicos,que desaparecem com a castração. Isto contribui para melhorar a qualidade da carne,além de propiciar também melhor coloração. O Serviço de Inspeção do Ministério daAgricultura não permite abate de animais não castrados (inteiros).

• Facilidade de manejo

Os animais castrados tornam-se mais dóceis e, sendo indiferentes para comas fêmeas, podem ser criados juntos com as mesmas.

• Prevenção de reprodução não controlada

Evita que animais não selecionados para reprodução fecundem fêmeas deimportância para reprodução.

• Melhor rendimento de carcaça

No caso de suínos, a castração melhora o rendimento de carcaça.

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Trabalhos de CHAMPAGNE et al. (1969), SEIDEMAN et al. (1982) eRESTLE et al. (1993, 1996), demonstraram que bovinos inteiros apresentam maiorrendimento de carcaça, em função da maior musculatura e menor deposição de gordurainterna (pélvica) removível.

• Coloração e maciez da carne

A caracaça de bovinos inteiros se apresenta mais escura ao resfriamento, emdecorrência da deficiente cobertura de gordura (RESTLE et al., 1994).A carne de bovinos inteiros é menos macia, devido ao menor teor de

gordura intramuscular, à maior velocidade de maturidade fisiológica, que acelera aformação de colágeno insolúvel, e maior atividade de inibidores enzimáticos durante oprocesso de maturação (ARTHAUD et al., 1977; SEIDEMAN et al., 1982; BURSON etal., 1986; GERRARD et al., 1987 e MORGAN et al., 1983).

Segundo RESTLE et al. (1996) e MORAIS et al. (1993), bovinos castradosproduzem maior proporção de traseiro, explicada pelo efeito hormonal da testosteronanos machos inteiros; maior quantidade de porção comestível, devido à menor proporçãode ossos na carcaça; e carne de melhor textura e maciez, também relatada porMÜLLER; RESTLE (1983).

I - MÉTODOS DE CASTRAÇÃO

Há vários métodos de castração, desde a ablação dos testículos, até acastração de volta e o esmagamento percutâneo com torquês Burdizzo. Este último é ummétodo simples, rápido, seguro e próprio para animais de testículos pendentes, como osbovinos, ovinos e caprinos. O processo, em resumo, consiste no esmagamento doscordões testiculares, por meio de um torquês especial, de modo que, por falta decirculação sanguínea, os testículos se degeneram após aproximadamente quarenta dias.

A técnica de castração por Burdizzo pode ser assim resumida: o animalpode ser castrado de pé, imobilizado em um brete; o operador, colocado atrás do animal,sustenta o torquês aberto na mão direita e com o polegar e o indicador da mão esquerdadesloca o cordão para o lado externo do escroto, colocando as mandíbulas doinstrumento sobre o mesmo, junto aos dedos que o segura; em seguida, apoiando o cabodo torquês no joelho direito, fecha-o com as duas mãos, de maneira a esmagar o cordão,mantendo-o fechado por alguns momentos. Depois, abre o torquês, retira-o e repete aoperação no outro cordão, para completá-la.

Se persistir qualquer dúvida quanto ao esmagamento do cordão, deve serprocedida uma segunda compressão, um pouco acima da primeira, antes que a regiãofique inchada. A castração de um bovino é feita em aproximadamente dois minutos e oanimal pode ser solto em seguida no pasto, sem necessidade de grandes cuidadosposteriores, exceto quando houver algum ferimento durante a prática.

O Burdizzo patenteado é fabricado em diversos tamanhos, sendo osseguintes indicados para bovinos: de 12 polegadas, para bezerros com menos de 6meses; de 13, para garrotes; de 16, para bovinos em geral; de 19, para touros.

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III - CASTRAÇÃO DE BOVINOS

A castração praticada precocemente retarda a ossificação dos ossos longos,que então se tornam mais delicados e mais compridos; a cabeça fica mais longa e fina;os músculos menos desenvolvidos, principalmente no trem anterior; a carne mais tenra esem as características organolépticas da carne de touro.

A castração precoce é mais recomendada para animais de engorda, devendoser realizada após a puberdade e, quando o abate for procedido somente após 2,5 anos; acastração de bovinos para tração deve ser mais tardia, após o completo desenvolvimentodo animal.

IV - CASTRAÇÃO DE SUÍNOS

Aconselha-se castrar os leitões até 15 a 2O dias de idade, podendo acastração ser realizada até mesmo após o nascimento, quando são realizadas outraspráticas de manejo com os leitões recém-nascidos. A castração precoce apresenta asseguintes vantagens: a)Facilidade de execução;

b)Cicatrização rápida e de pouco risco.

A castração deve ser evitada próximo à desmama, administração devermífugos, proximidade de viagens e outras práticas de manejo. Os machos adultosserão castrados sempre que forem afastados da reprodução, merecendo maiorescuidados neste caso.

A castração dos suínos é realizada pelo método cirúrgico, requerendohigiene e técnica apropriada, embora se constitua em operação simples quando realizadaprecocemente.

ESTUDO DIRIGIDO

• Discorrer quanto ao princípio da castração dos animais.

• Discorrer quanto a finalidade da castração dos animais.

• Citar e relatar sobre os métodos de castração de animais.

• Apresentar as vantagens, limitações, importância, instrumental e procedimento demétodo de castração utilizando torquês de Burdizzo.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍCENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral

PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves

TÓPICO: ALIMENTOS

Em nutrição animal, assim como na prática da alimentação e na descriçãodos alimentos, comumente são usados termos e expressões, nem sempre decompreensão geral, e muitas vezes mal interpretados. A seguir são apresentados algunstermos de importância em alimentação animal.

1) Alimentos - Substâncias que podem ser ingeridas, digeridas e assimiladas,contribuindo para a manutenção e a produção do animal. São produtos vegetais ouanimais, bem como subprodutos deles derivados, assim como de outros que podemser sintetizados quimicamente, purificados como nutrientes ou preparados comosuplementos para produtos naturais.

2) Nutriente ou princípio nutritivo - Constituinte ou grupo de constituintes dosalimentos de igual composição química geral, assim como certas substâncias, quecontribuem para a manutenção da vida do animal: carboidratos, lipídeos, proteínas,etc.

101

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{

Água

Orgâ

ALIMENTO nica

Matériaseca

Inorgânica:

Carboidratos

Lipídeos

Proteínas{Vitaminas

Matéria mineral

3) Nutriente digestível - Fração de um nutriente que pode ser digerida e aproveitadapelo organismo. Esta expressão é aplicada mais comumente a constituintesorgânicos dos alimentos.

4) Ração - É a quantidade de alimentos, volumosos e concentrados, que um animalconsome no período de 24 horas, em uma ou mais refeições.

5) Ração balanceada - É a mistura de alimentos calculada para satisfazer asnecessidades diárias do animal, incluindo todos os nutrientes necessários, nasquantidades e proporções devidas.

6) Refeição - Parte da ração distribuída para ser consumida de cada vez ao dia.

7) Dieta - É tudo que o animal ingere em 24 horas, capaz de atender ou não as suasnecessidades.

8) Normas de alimentação - São especificações das quantidades de elementos nutritivosque devem ser incluídos nas rações, consideradas a espécie e a categoria do animal,assim como a natureza e o volume de sua produção. Tais normas são baseadas emprovas experimentais realizadas com as diversas espécies e categorias animais. Emgeral, levam em consideração as necessidades nutritivas relacionadas com amanutenção, crescimento, produção e reprodução. São fundamentais nasnecessidades de energia, proteína, minerais e vitaminas.

I - IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS

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Como já estabelecido, os alimentos são fontes de nutrientes, os quaisdesempenham funções específicas ou em conjunto no organismo. Assim, destaca-se opapel dos principais nutrientes contidos nos alimentos:Os carboidratos e os lipídeos são utilizados de forma relativamentesemelhante. Após a absorção pelo organismo, são utilizados para produção de calor eenergia. Os lipídeos são mais importantes na alimentação de monogástricos, devido àbaixa disponibilidade nas plantas forrageiras. As fibras, carboidratos de elevado pesomolecular, são parcialmente digeridas por monogástricos, tendo maior importância naalimentação de ruminantes, devido à simbiose destes com a microflora ruminal.

As proteínas têm função específica. Nos animais jovens servem para formarnovos tecidos ou desenvolvê-los. Nas reprodutoras, para formação do feto e do leite.Nos adultos, servem para refazer as perdas constantes dos tecidos. Uma relaçãoadequada entre o total de proteína digestível da ração e o seu teor em nutrientesdigestíveis totais é necessária para seu melhor aproveitamento.

Os minerais da ração geralmente satisfazem as necessidades em condiçõesnormais, exceto para o cálcio e o fósforo, que costumam faltar. O déficit observadodeve ser suprido com um suplemento que pode ser o calcário (só para o cálcio), afarinha de ossos ou o fosfato bicálcico, ressalvando-se a proibição de uso de fontesalimentares de origem de ruminantes para esta classe de animais. As misturas dealimentos são também deficientes em cloreto de sódio ou sal, que é sempre incorporadoàs rações ou fornecido separadamente.

Entre as vitaminas, apenas o caroteno (uma provitamina A) costuma serincluída nas Tabelas, porque é a vitamina que freqüentemente pode faltar emdeterminados regimes alimentares.

II - CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS

De maneira prática, os alimentos são classificados em:

1) VOLUMOSOS - Pelo menos 25% de fibra em detergente neutro (FDN) ou mais de18% de fibra bruta (FB) na matéria seca (MS):

a) Suculentos: pastos, capineiras, culturas forrageiras, silagens, frutos, raízes etubérculos;

b) Secos: fenos, forragens desidratadas, palhas e cascas.

2) CONCENTRADOS - Em geral, mais de 60% de Nutrientes Digestíveis Totais(NDT):

a) Básicos ou energéticos (menos de 16% de proteína bruta): grãos decereais e seus subprodutos (milho, aveia, trigo, cevada, centeio, arroz e sorgo).b) Protéicos (mais de 20% de proteína bruta):

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*0 De origem vegetal - sementes de oleaginosas e seus subprodutos (algodão, soja,girassol, amendoim, gergelim, linho e cocos);

*1 De origem animal - farinhas de carne, sangue, pescado, penas, crisálidas e leiteem pó.

3) DIVERSOS: Subprodutos industriais (melaços, polpas, uréia, etc.).

4) ADITIVOS: Antibióticos, graxas, hormônios, minerais (macro e microelementos) evitaminas.

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