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    TEMAS & MATIZES - N 11 - PRIMEIRO SEMESTRE DE 2007

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    DOSSI BIOPOLTICA

    TEMAS&MATIZES

    CORPO, ESCOLA, BIOPOLTICA E A ARTE COMORESISTNCIA

    Maria Rita de Assis Csar

    RESUMO: Ao perguntar sobre o corpo no mundo contemporneo, em especial na escola, estetexto analisa os significados do corpo a partir de dispositivos disciplinares e biopolticos. Osconceitos de Michel Foucault sobre disciplina e biopoltica so abordados e a escola tomadacomo uma instituio que produz significados sobre o corpo no contexto da modernidadedisciplinar. Nesta investigao o conceito de biopoltica ampliado e relacionado com a idia dasociedade de controle proposta por Gilles Deleuze. Tal perspectiva terica no apenas revela acrise das instituies disciplinares, dentre elas a escola, como tambm permite refletir sobreas novas produes de sentido sobre o corpo a partir da anlise da questo da obesidade e de seucombate na escola por meio de novos programas sociais. Por fim, a arte de Fernanda Magalhes apresentada como um largo riso que zomba da verdade mdica sobre o corpo nacontemporaneidade, problematizando-se assim a abordagem biopoltica da obesidade na escola.

    PALAVRAS-CHAVE: Biopoltica; Corpo; Escola; Obesidade; Arte.

    ABSTRACT: By questioning the body in the contemporary world, specifically in the school, thistext analyses the bodys new meanings in light of the disciplinary and the biopolitical dispositives.Michel Foucaults concepts of discipline and biopolitics are discussed and the school is viewedas an institution that produces meanings about the body in the context of disciplinary modernity.In this investigation, Foucaults concept of biopolitics is enlarged and connected with Deleuzesconcept of control society. This theoretical approach not only reveals the crisis of our disciplinaryinstitutions, among them the school, but also permits a critical reflection on the bodys newmeanings as produced by large political programs aiming at combating obesity in the school.Finally, I present some aspects of Fernanda Magalhes art, presented as a critical mockery

    against the new biopolitical approach to obesity and the contemporary body.

    KEYWORDS: Biopolitics; Body; School; Obesity; Art.

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    1. INTRODUO

    uais os lugares do corpo no mundocontemporneo? A escola permanececomo um lugar privilegiado deproduo de sentidos para o corpo?

    O que significa cuidar do corpo? Quase

    trezentos anos depois de Harvey e Cuvier(FOUCAULT, 1995: 140 e 160) teremproduzido verdades que ainda hoje dosentido ao corpo em funcionamento, estepermanece nos assombrando e fascinando.Aps meia dcada de estudos quehistoricizaram e desnaturalizaram o corpo,este permanece nos intrigando. Maiscontemporaneamente as possibilidades detransformao corporais e a busca pelo corpomagro e saudvel traduzido nas incontveisdietas, tabelas de calorias, alimentos

    funcionais, fitas mtricas, adipmetros, osaparelhos de bioimpedncia, que medem,auscultam, transpassam, beliscam epenetram com correntes eltricas nossoscorpos produzindo verdades sobre a nossasade como as taxas de colesterol,triglicerdeos, LDL, HDL e IMC. Este arsenalde guerra, alm das intervenes cirrgicascontra um corpo gordo e conseqentementedoente, certamente um poderoso produtorde sentido no mundo contemporneo. Poroutro lado, a escola e as demais instituies

    que tiveram um papel preponderante naproduo do corpo a partir do sculo XIX, comginsticas, exerccios, comportamentos, dasmais simples at as complexas tarefas quedeveriam ser executadas milimetricamentecom o corpo. O ensino da escrita quemobilizava msculos e tendes dos ps acabea. Em tempos de crise institucionalesse papel permaneceu o mesmo? certoque o papel da escola em relao ao corpotenha se transformado, mas em que medida?Quais so os termos dessa transformao do

    papel da escola em relao produo docorpo contemporneo?

    Este texto percorre alguns lugaresepistemolgicos por meio dos quais asinterrogaes sobre o corpo foram tornadaspossveis em especial a instituio escolar.Para tanto, desenvolve algumas reflexes

    sobre os conceitos de vida, disciplina ebiopoltica na obra de Michel Foucaultcentrais aqui para pensar o lugar do corpona modernidade. Entretanto, ao ampliartemporalmente esta anlise os conceitoslapidados por Foucault so tensionados paraque seja possvel compreender, o limite e os

    deslocamentos na contemporaneidade. Porfim, Em se tratando das nossas prticas esaberes contemporneos sobre o corpo, o quesignifica resistir? H territrios corporaispossveis de produes de resistncias? Napossibilidade de pensar as resistncias uma biopoltica do corpo saudvel trago paraa discusso uma obra da fotgrafa e artistaplstica Fernanda Magalhes sobre o corpogordo.

    2. DISCIPLINA, BIOPOLTICA E ESCOLA

    A modernidade, compreendida nostermos de Michel Foucault, entre o final dosculo XVIII e o sculo XX, trouxe consigotodo um conjunto de procedimentosdiscursivos e institucionais sobre a educaoe produo do corpo. Foucault foi o autor quena maior parte de sua obra, dedicou-se acompreender todo um sistema de exerccioscorporais que foram a expresso da ao dopoder na modernidade. Para Foucault, o corpofoi a pea central sem a qual o poder no

    teria condies de ser exercido. Para esteautor, modernidade e disciplinarizao doscorpos so correspondentes, visto que aodescrever o funcionamento da sociedademoderna, a partir do final do sculo XVIII,Foucault descreveu o funcionamento de umasrie de dispositivos disciplinares, presentesno interior das instituies que tomaram ocorpo como objeto de sua ao.

    Ao iniciar o seu texto sobre a disciplinado corpo, Vigiar e Punir, Michel Foucaultevocou a imagem do corpo mquina de

    Offray de La Mettrie. Para este mdicofrancs do sculo XVIII, o corpo dos homensseria como uma mquina e no sedistinguiria em nada do corpo dos animaisEmpenhado na construo da idia dohomem mquina La Mettrie negou atmesmo a existncia do esprito, afastando-

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    se do dualismo cartesiano. Para este mdico,a diferena entre homens e animais se davaapenas pela diferena do ponto defermentao da massa que compunha ohomem, tamanha era a sua convico emum corpo articulado e em movimento.(ROUANET, 2003: 38)

    Para Foucault, o corpo mquina, porseu elemento de automao, foi o antecessore da possibilidade de existncia de um corpoorganismo insuflado pela vida, fundamentalpara a ao dos exerccios disciplinares.Afinal, a idia de vida adveio da possibilidadede se pensar um corpo composto por umconjunto rgos e sistemas emfuncionamento, isto , digesto, circulao,respirao, os quais, em ao, produzem avida. O surgimento da idia de vida emfuncionamento como elemento fundamental

    para a abordagem do corpo e,conseqentemente, do homem, remete-se aonascimento da biologia como campo deinterrogao sobre o homem e sobre a vida.A partir desse momento, o homem foi tomadocomo uma expresso da vida biolgica, comoum organismo, e o corpo como unidadebiolgica e lugar da vida humana. Foucaultdelimitou, em As palavras e as coisas, osurgimento da biologia como sendodecorrente de uma grande transformao dosolo epistemolgico que, estabelecido no

    sculo XVII, descrevia animais e plantas nointerior de um saber denominado comoHistria Natural. A descoberta da circulaosangunea, descrita por Cuvier, foi omomento em que a vida se imps soberana,provocando um deslocamento entre o corpomquina e o corpo biolgico.

    A noo de vida, que produziu o corpoorganismo e posteriormente deu origem aocorpo espcie, que por sua vez foi tambmmatria para novas formas de exerccio dopoder. Tais possibilidades epistemolgicas

    sobre o corpo impuseram um conjunto deidias que transformaram as condies depossibilidade de produo de saberes,discursos e prticas, configurando asdiferentes instituies que tomaram o corpocomo matria dos exerccios e produtor desubjetividade. Assim, do esgotamento das

    formas de classificar e ordenar a paisagemdo mundo, em um lugar anterior modernidade, a idia de vida surgiu impondooutras formas de interrogao, no somentesobre o corpo, mas tambm sobre todas aspossibilidades de produo do conhecimento(FOUCAULT, 1995: 279-81)

    Todavia, para o poder disciplinar ocorpo vida no ir substituir o corpomquina, mas sobrepor-se a ele, pois acomposio de peas e engrenagens queconstituem o autmato que responde aoestmulo com o movimento correto, ainspirao do corpo mquina, foifundamental para o desenvolvimento dadisciplina corporal e seus nfimos controlesdo corpo. Assim, a sobreposio entre corpomquina e corpo vida acabou por configuraro corpo disciplinado; afinal, no

    desenvolvimento das disciplinas o princpiodo corpo mquina aquilo que possibilita oexerccio exaustivo sobre o corpo. Assimsegundo Foucault, o princpio da disciplinasobre o corpo ir agir (...) no seuadestramento, na ampliao de suasaptides, na extorso de suas foras, nocrescimento paralelo de sua utilidade edocilidade, a sua integrao em sistemas decontrole eficazes e econmicos tudo issoassegurado por procedimentos de poder quecaracterizam as disciplinas: antomopoltica

    do corpo humano (FOUCAULT, 1984a: 131)O modelo escolar da sala de aula foi descritopor Foucault, em Vigiar e Punir, como oparadigma moderno da disciplinarizao doscorpos, e ainda como locus privilegiado darealizao exaustiva dos exerccios, dosexames, das punies e recompensas.

    Alm do princpio da disciplinaFoucault tambm descreveu o exerccio dopoder na modernidade por meio de outroconceito, investigado a partir da organizaodo conceito de sexualidade. Esta outra forma

    de exerccio do poder, o biopoder apareceucom um conceito distinto da disciplina e apartir desta outra demarche analtico-conceitual a biopoltica foi estabelecida comoforma de re-encontrar o Estado e suasformas de exercer o poder na modernidadeSe a disciplina recortou o corpo na sua

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    individualidade para a reproduo controladados exerccios e a produo dos corpos dceis,o biopoder tomou o corpo, a partir dodispositivo da sexualidade no conjunto dapopulao engendrando o exerccio degoverno da vida. O sexo e as prticas sexuaisforam retiradas das ordenaes religiosas e

    jurdicas e passaram a habitar os consultriomdicos e psiquitricos como forma deorganizao da subjetividade. Em suasanlises desenvolvidas na Histria daSexualidade Vol. I A vontade de saber,Foucault percebeu que o sexo e as prticassexuais foram tomadas como o ponto para oexerccio do biopoder. Por intermdio dasexualidade o poder soberano do Estado teveacesso populao, atingindo os indivduosno seu conjunto controlando dosnascimentos, das mortes, as prticas

    sexuais, as epidemias e endemias, alm dasnovas determinaes sobre as formas demoradia, urbanizao das cidades, instruoe do trabalho. Tomando os corpos em conjuntoe aplicando-lhes um conjunto normativo deregras ditadas pelo novo poder de soberania,que por sua vez havia subtrado o prpriosoberano, atuando por meio dos saberesmdicos e psiquitricos e produzindo umcontrole sobre a vida. (FOUCAULT, 1999: 293)

    Tanto quanto para o surgimento dasdisciplinas e do poder disciplinar, o poder

    sobre a vida foi fundamental para oaparecimento de uma srie de intervenese controles reguladores que produziram umabiopoltica da populao. (FOUCAULT, 1984a:131) Ao seguir com sua analtica sobre oexerccio do biopoder Michel Foucaultafirmou a funo normalizadora como umefeito do poder centrado na vida e na suaproduo, classificando-a e excluindo-a pormeio da norma. Para ele: Um poder dessanatureza tem de qualificar, medir, avaliar,hierarquizar (...) no tem que traar a linha

    que separa os sditos obedientes dosinimigos do soberano, opera distribuiesdentro da norma. (FOUCAULT, 1984a: 135)Assim, a disciplina sobre os corpos individuaise a biopoltica sobre as populaescompuseram, conjuntamente, todo umarsenal de aparatos dentro das instituies

    que configuraram a sociedade moderna sobuma forma especfica de governo, operandodentro da lgica normativa produzindo formasespecficas de governo dos corpos dasmulheres, dos casais, das crianas, dostrabalhadores, etc. Esse exerccio do poderde governo dos corpos e populaes fo

    posteriormente denominado degovernamentalidade. (FOUCAULT, 1984b277)

    O aparecimento da escola tanto comolugar da disciplinarizao dos corpos infantise das formas de controle e produo desaberes sobre as crianas, quanto o lugar degoverno da infncia, foi posteriormentedemonstrado em investigaeshistoriogrficas sobre a instituio escolarImannuel Kant, que para Foucault foi opersonagem central da inveno da

    modernidade, em suas reflexes sobre apedagogia (1776) definiu a escola como olugar por excelncia da disciplinarizao docorpo da criana. (VEIGA-NETO, 2000) Naspalavras de Kant: Enviam-se em primeirolugar as crianas para a escola no com ainteno de que elas l aprendam algo, mascom o fim de que elas se habituem apermanecerem tranqilamente sentadas ea observar pontualmente o que se lhesordena (KANT, 1996: 16). Alm disso, aochamar o Estado para a organizao dos

    sistemas de ensino, Kant estabelece umarelao clara entre governo e educao dainfncia. Isto , uma educao que se d naforma de um governo sobre as crianas, nopor meio da fora, mas por meio da razo.

    Alm da obrigatoriedade da educaopara a infncia, que foi estabelecida emalguns Estados europeus entre as ltimasdcadas do sculo XVIII e as primeiras doXIX, tambm nesse perodo a pedagogiaapareceu como uma ctedra especfica nasuniversidades alems, marcando uma

    preocupao com formao especfica eregulada do exerccio da docncia no interiorda escola. (DUSSEL; CARUSO, 2003: 111Kant em seus textos sobre a pedagogiaestabeleceu os parmetros a partir dos quaisa instituio escolar deveria ser pensada apartir do Estado como o lugar de organizao

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    do sistema de ensino, desde as prpriasrelaes com o governo, at os mtodos deensino. Mesmo com todas as determinaesmetodolgicas expressas no texto do filsofo,a idia central apresentada foi a necessidadeda cuidadosa interveno sobre o governo doscorpos e almas infantis que ir engendrar o

    processo de escolarizao no decorrer dosculo XIX e XX, por meio de um processoque poder ser descrito como uma biopolticada infncia.

    A configurao dos sistemaseducacionais nacionais, na sua face maisacabada, se deu longo no decorrer de umlongo processo que atravessou o sculo XIXe por sua vez suplantou diversas formasexistentes de instruo. A escola se impscomo lugar exclusivo da educao da infnciaem uma tarefa que implicou em operaes

    complexas de oposio e principalmentenegociaes com as diversas formas deinstruo existentes. (PINEAU, 2005: 31) Oaparecimento da escola como lugar exclusivoda educao da infncia, nessa perspectiva,dever ser tomada como uma operaobiopoltica, na medida em que foi o Estadoque tomou para a si a tarefa de educar ainfncia.

    Nesse longo processo de configuraoda instituio educacional haver areapropriao de elementos presentes em

    outras experincias educacionais anteriores,ou de outra natureza, como o currculo, ohorrio, o espao fechado, alm da aplicaode novos dispositivos. Dentre estesestabeleceu-se um conjunto de regras, leise decretos que cercaram todo ofuncionamento das instituies escolares, daarquitetura at os mtodos pedaggicos,assim como as punies e os prmios que,distribudos no interior universo escolar,trouxeram a tarefa da instruo infantilexclusivamente para o interior da escola.

    Nessa conjugao entre escola, instruo einfncia, que estavam anteriormentedispersos em tarefas no relacionadas entresi, sero estabelecidos os instrumentos degoverno, isto , alm da prpria instruo,as medidas higinicas e alimentares desade fsica e moral. Na aliana entre

    Estado, pedagogia e medicina todos osaspectos da vida das crianas no interior daescola sero escrutinados; as brincadeirasde ptio, a merenda, as vacinas, os exercciosfsicos, a higiene corporal, a escrita e amatemtica, tudo ser tomado com o mesmograu de importncia, em um sistema de

    controle no qual as revistas corporais e osexames comporo partes de idnticaimportncia no processo da educaoescolarizada. O governo da infncia cercaras vidas das crianas em todos os aspectosproduzindo efeitos normalizadores, por meiodas aes de classificar, hierarquizarnomear e excluir os corpos infantis.

    3. DA CRISE DISCIPLINAR ASTRANSFORMAES BIOPOLTICAS

    O prprio Foucault demonstrou que oslimites temporais do modelo disciplinarestavam demarcados e que este haviaentrado em crise na segunda metade dosculo XX. Gilles Deleuze seguindo as pistasde Foucault demonstrou a crise disciplinarpor meio da crise dos modos de confinamentocomo a priso, o hospital, a fbrica, a escolae a famlia. Para Deleuze, os confinamentosda disciplina eram moldes produtores desubjetividades, ao passo em que os novoscontroles so uma modulao, isto , uma

    moldagem que pode ser transformadacontinuamente, produzindo uma situaoflexvel da subjetividade que a chave docontrole. (DELEUZE, 1996) As antigasinstituies, como a fbrica, o hospital, apriso e a escola se transformaram emempresas, modificando a gramtica quehavia sido produzida pela sintaxe disciplinarque se torna obsoleta nesta sociedade decontrole. Se na sociedade disciplinar o corpoe a vida formam matria farta para oexerccio da disciplina e do biopoder

    produzindo e governando os corpos, asociedade de controle, tanto como um novomodelo de sociedade ou como a intensificaoda anterior, (HARDT, 2000) tambm toma ocorpo como substrato de sua ao.

    Se, por um lado a sociedade disciplinardeixou de existir, por outro lado h toda uma

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    intensificao dos controles sobre o corpo,que podero ser traduzidos em umaampliao e transformao da biopoltica,como afirmou Giorgio Agambem em Homosacer(AGAMBEM, 2002). Pensar a biopolticana contemporaneidade, alm da ampliaoda necessria ampliao do conceito, trata-

    se tambm de uma intensificao do conceitoformulado por Foucault entre 1975 e 1976.Permanece a idia que central naformulao original, de que em nome da vidaem segurana de alguns, outros deverodesaparecer. A partir dessa premissa docuidado para com a vida e do governo depopulaes, em um mundo marcado pelasnovas modalidades de controle tecnolgico,vemos a mxima biopoltica cada vez maispresente, isto , a morte e o assassinato emnome da preservao, segurana e otimizao

    da vida.As novas tecnologias de gerenciamento

    da vida e do corpo so corolrios detransformaes profundas na forma deproduo de conhecimento sobre a vida. Como advento da biologia molecular e dasbiotecnologias, o conceito de vida se deslocoupara uma idia de codificao a serdesvendada, o DNA se torna a chave designificao da vida. A partir dessa novaapreenso da vida, o corpo passou a sertomado como a decorrncia de um conjunto

    de informaes que devem ser melhoradase reproduzidas (SIBILA, 2002). Todavia, apsos resultados obtidos pelo mapeamento dogenoma humano as expectativas maiseufricas e imediatistas no tenham seconfirmado, pois se constatou que entre nse o rato, ou a minhoca no existem diferenasto significativas. No entanto, o cdigogentico se transformou em um poderosoprodutor de significados sobre a vida, que vodesde as propagandas de cremes para o rostocomo at a venda de carros e celulares.

    Assim, enquanto o controle gentico do corpopermanece como um conjunto de anlisesfuturolgicas que excitam as nossaspossibilidades de uma vida mais longa esaudvel, j se pratica em consultriosmdicos exames sangues que detectam apresena de marcadores para certos tipos de

    cnceres, determinando um futuro sombrioou um conjunto de novas regras de vida paraquem os possui.

    Anterior s transformaes genticasa ciborguizao do corpo, como definiuDonna Haraway em seu Manifesto ciborguej est a tempos em curso por meio das

    intervenes de superfcie que ampliam aspossibilidades do corpo, como prteses, lentese medicamentos, de modo que todos ns, demaneira praticamente indistintacompartilhamos dessa poro ciborgue(HARAWAY, 1994) O governo dos corpos setransformou em um processo individualizadode gesto e administrao do corpo saudvelentendido como magro, leve e flexvel. Estagesto da vida se d por meio de umaalimentao cientificamente balanceadaexerccios fsicos controlados, o controle do

    estresse e da felicidade.A idia do risco para a sade e para o

    corpo torna-se central na contemporaneidadetomando contornos biopolticosfundamentais. O corpo, que j era suporte eproduto da matria disciplinar, convoca umanova centralidade nas novas modulaesbiopolticas. Estabelece-se uma operao desubstituio em relao a observao dosobjetos, as prticas sexuais, antes lugar desubjetivao e produo de normatizao, substituda pela observao das prticas

    alimentares, que pode ser compreendidacomo nova produo de subjetivao. Asprticas alimentares saudveis, como formade produo subjetiva, diferente dasexualidade que necessitava dos princpiosda disciplina, so agora produzidas por umconjunto de prticas moduladoras atribudasao sujeito, mesmo na ausncia dos princpiosinstitucionais. Essa concepo de modulaobiopoltica pode ser observada, por exemplonas inmeras capas de revistas que trazemttulos de matrias sobre emagrecimento sob

    o ttulo s e gordo quem quer. Agora a decisoentre ser magro ou gordo subjetiva eindividual, todavia, se a deciso correta nofor tomada todos sero punidos, a sade sedeteriora e os gastos com a sade seroinmeros. Assim, a deciso individual quedir sobre o carter, a fora de vontade, a

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    preguia, a indolncia e a incapacidade deno resistir a uma fatia de bolo, dir quemsou eu. Francisco Ortega em recente livro Ocorpo incerto, em uma cuidadosa anlise sobreo corpo contemporneo definiu essa novadeterminao biopoltica sobre o corpo magroe saudvel de bioacesse. (2008: 30) Assim, a

    comida ir ocupar um lugar central nas novaspreocupaes biopolticas, lugar antesocupado pelo sexo e o seu exerccio. ParaFrancisco Ortega: O tabu que se colocavasobre a sexualiade descola-se agora para oacar, as gorduras e as taxas de colesterol.Os tabus passam da cama para a mesa. Ogluto sente-se com freqncia, mais culpadoque o adultero. (2008: 41).

    A escola contempornea no passara margem desse novo processo biopoltico.Desde o incio dos anos de 1990, a instituio

    escolar vem tentando esboar um novosentido em virtude da crise das instituies.Ao longo das ltimas dcadas observamos umvasto processo de reformas atingiremsistemas educacionais no mundo todo. Vimosa escola se transformando de instituiodisciplinar s modulaes das pedagogias docontrole, visto que os dispositivosdisciplinares que a instituram no sculo XIXj no produzem significados. (CESAR, 2004)No Brasil, com a promulgao das reformasque iro estabelecer Parmetros Curriculares

    Nacionais, Diretrizes Curriculares, alm de umasrie de medidas que vo dos ciclos de ensino formao continuada de professores,encontramo-nos com a tentativa deestabelecimento de novos sentidos para aescola.

    Todavia, novos e velhos sentidos seencontram na escola contempornea. Aolongo do sculo XX, a sexualidade foi matriade vigilncia, cuidados e prescries.Confirmando as asseres biopolticas asexualidade penetrava o mbito da

    instituio escolar com forma de controle dasprticas sexuais dos jovens e das crianase, sobretudo como controle do risco, oragravidez, ora das doenas sexualmentetransmissveis. Posteriormente, com osParmetros Curriculares Nacionais, asexualidade passou a ocupar definitivamente

    um lugar explicito nas novas configuraescurriculares. Alm da sexualidade outrostemas, denominados transversaiscomearam a ser destaque nos currculos, atica, a cidadania, o meio ambiente enovamente a sade. Assim, no mbito deuma reconhecida crise da instituio

    educacional se observa uma colonizao dodiscurso currculo escolar, por meio dessesnovos temas pedaggicos, que por sua vezdemonstram as transformaes profundasem relao ao sentido da educao escolarcontempornea.

    Especialmente na ltima dcada a boaforma e o corpo magro comeam a tomar umlugar importante nas preocupaesescolares. Ainda que a sade nunca tenhadeixado de ser um foco importante daspreocupaes escolares, percebe-se agora um

    deslocamento mais incisivo para a idia deproduo do corpo magro e saudvel, emboraas aes de medir e pesar os corpos tenhamsido j constitutivos das pedagogiashigienistas no decorrer dos sculos XIX eXX. Carmen Lcia Soares encontra a medidaj est presente como categoria fundamentasobre o corpo nos manuais de ginstica dosculo XIX. Todavia, para a autora na escolacontempornea esta medida ser atualizadapor meio de transformaes cientificas etecnolgicas, alm de uma preocupao

    crescente com a juventude, a sade e aobesidade. (2006: 76) Desse modo, os novosprogramas iro uma vez mais tomar asmedidas corporais de crianas e jovens nointerior da escola instaurando um dispositivodenominado por Soares de um novohigienismo (2006: 82). Redefinidos os novosparmetros relativos magreza e sade estessero a tnica dos programas escolarescontra a obesidade infantil. Tomam-semedidas de cintura, abdome, coxas, peitoralcalcula-se o IMC e se realiza a temvel

    equao sobre a circunferncia abdominaligualmente como realizado por academias deginstica, consultrios de mdicos e denutricionistas, e assim como tambm foensinado nas inmeras revistas e programastelevisivos sobre o tema, estabelecendo-seuma nova pedagogia do corpo magro.

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    Os especialistas sairo de seusconsultrios, gabinetes e centros de pesquisae partiro rumo instituio escolar em umacruzada contra a obesidade na escola, o lemaser fechar o cerco. Aferies, exerccios,novas merendas e sobretudo, um novo estilode vida, magro e saudvel. Desse modo,

    instrumentos de medida, velhos e novos, re-habitaro e re-significaro o interior dainstituio escolar produzindo talvez o novomau-aluno, que agora ser o aluno obeso.A obesidade ser agora o novo lugar daindolncia e da falta de carter no interiorda escola, que por sua vez, induzir a produodeste aparato biopoltico para o controle dasmedidas em nome da sade fsica e moralda populao escolar. Novas formas deproporcionar a alimentao no interior daescola so observadas, pois esta dever ser

    balanceada e diferenciar os alunosnormais dos obesos, que por sua vezrecebero lanches de cores diferentes. Acaixa azul com bolo de chocolate e a caixavermelha com maa.1Tudo isso em nome dasade da criana e da populao.

    Os novos postulados sobre o corposaudvel na escola visam uma transformaode maior amplitude. Ao constatar a obesidadeem crianas cada vez mais jovens no interiorda instituio escolar, aps a aplicao dosprogramas desenhados por especialistas,

    estas se convertero, alm de crianasmagras, ativas e saudveis, tambm ememissria da boa forma, isto ,multiplicadoras das boas maneiras mesa,ou do novo estilo de comer. No importa maisse a comida ser saborosa, importa que arefeio seja balanceada, esta sim a chavedos procedimentos alimentares nesse novouniverso biopoltico. Quando os especialistasprojetam fechar o cerco contra a obesidadeescolar, significa um conjunto de medidasque vo desde deteco do mal at a prtica

    de exerccios fsicos e a aquisio de novoshbitos alimentares, em nome da sade dascrianas e de suas famlias que serotambm beneficiadas por este novo saberadquirido na escola. Assim, depois deconvertida boa forma, a criana ir tambmtransformar os hbitos alimentares e de

    sade de toda sua famlia contribuindo parao aparecimento de uma populao magraativa e saudvel. Todavia, tais medidas nasescolas, provocam uma srie de reaes quevo do desconforto em relao balana aochoro como reao ao leve beliscar doadipmetro, sobretudo, aquilo que se percebe

    como produto desta cruzada o ato declassificao, nominao e evidenciao datal criana obesa. Nesta lgica a novaanomalia escolar deixar de ser a crianaindisciplinada, pois est estarfarmacolgicamente tratada e sedada, masa criana obesa, que renitente as investidaspedaggicas dever ser o novo alvo damedicalizao. Esse novo contingente depessoas gordas e obesas resistentes spolticas de sade e da prtica de exercciossero um peso econmico ao Estado, pois

    segundo esta lgica certamente contrairograves doenas em virtude da sua fraquezade carter, defeito de personalidade edebilidade da vontade. Estes novos outrosconstituiro alvos legtimos de repulsa morale do ostracismo social (ORTEGA, 2008: 47).

    4. O RISO DA ARTE E A RESISTNCIA

    O corpo contemporneo, ciborguizadomodificado, exercitado e at mesmo tornadoobsoleto, tal como interpretado e construdo

    por uma variedade de autores, tambm podeser concebido dentro da encruzilhadacolocada por Foucault em seus ltimosescritos, isto , em termos das formas degoverno de si e de governo dos outrosAssim, as tecnologias corporais, nas suasformas mais variadas de aplicao, podemser tomadas no interior de uma dupla dobracomo define Deleuze, pois, alm de ser oproduto do controle, so ao mesmo tempolinhas de fuga ou as pequenas resistnciasdo tempo presente. Nossos corpos so ao

    mesmo tempo tcnicas quase-autnomasde individuao, assim como tambm so oresultado de tcnicas totalizantes dasestruturas do controle contemporneo.2

    Com essa idia de dupla dobra leio o corpoe o corpus artstico de FernandaMagalhes, fotgrafa e artista plstica que

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    utiliza os corpos de mulheres gordas, alm do seu prprio corpo, em grande parte de suaproduo artstica.3 Ao dizer no aos controles contemporneos sobre os corpos, produzuma arte libertria. Dentre os projetos artsticos de Fernanda, analiso aqui o trabalhointitulado As classificaes cientificas da obesidade. (MAGALHES, 2006) Nessa obra a artistacaptura o discurso mdico dirigido a ela prpria, isto , o saber mdico que insiste emdissertar sobre os riscos da gordura corporal sade e felicidade. Trata-se da falabiopoltica que define e classifica a sade, a boa forma, a beleza, a leveza, e que tambm

    condena Fernanda pela presena da gordura em seu prprio corpo. Em resposta, a artistacaptura e antropofagiza o discurso mdico, que caracteriza os tipos de obesidade determinandoos riscos de morte, e constri uma obra-instalao com corpos de mulheres gordas. Odiscurso mdico afirma voc tem que cortar a gordura e Fernanda reponde retirandocom a tesoura a gordura do interior dos seus corpos. As formas criadas escapam, seconstituem em resistncias e linhas de fuga que riem do sisudo olhar biopoltico do discursomdico-cientfico sobre a sade e a beleza dos corpos. A artista fotografa os corpos gordos eamplia as imagens para alm do tamanho natural dos corpos, depois recorta o interiordesses corpos deixando apenas as siluetas ocas. Fernanda corta a gordura, os ossos, ascarnes, as veias e tudo mais que possa ser nominado de risco para os seus corpos. Oscorpos reduzidos aos seus contornos flutuam vazios e sem peso, suspensos por fios de nylonpresos no teto da galeria. So formas que riem das certezas mdicas embaralhando definies

    sobre tamanho, leveza, agilidade, volume e peso, para que ns, visitantes desses corpospossamos nos alojar em suas resistncias.Os contornos gordos de Fernanda se oferecem a uma interpretao que poder ser a traduoda fico da ausncia de carnes e rgos, se apresentando como realizao de um corposem rgos (DELEUZE & GUATARRI, 1987: 151) que atingiu o peso de uma pluma, pairandosobre o piso das galerias. So corpos que se cansaram dos rgos e querem licenci-los, ouantes perd-los. So corpos contrrios ao organismo. Os corpos de Fernanda Magalhes soaqueles que, ao se dobrarem e se abriram para a experimentao, so como nos apresentouFoucault, a produo de ns mesmos como obra de arte.

    Texto recebido em maro de 2007.Aprovado para publicao em junho de 2007.

    T & M

    5. SOBRE A AUTORAMaria Rita de Assis Csar Professora do Setor de Educao e do Programa de Ps-Graduao emEducao da Universidade Federal do Paran. Endereo eletrnico: [email protected].

    6. NOTAS

    1Esse procedimento de cores diferentes na embalagem dos lanches das crianas nas escolas vem sendoadotado pela Rede Estadual do Paran.2Utilizei a idia de quase-autonomia pois a idia de autonomia presente nesse texto no corresponde deum sujeito livre e esclarecido que pode fazer uso da sua liberdade de escolha. Essa quase-liberdade dizrespeito a um sujeito que, no interior das matrizes do poder e do controle, pode tambm experimentardiferentes graus de uma certa autonomia nos moldes da resistncia ou da produo de si, para MichelFoucault, e das linhas de fuga de Gilles Deleuze.3Texto e vdeo apresentado por Fernanda Magalhes no VII Seminrio Internacional Fazendo Gnero -UFSC.

    CORPO, ESCOLA, BIOPOLTICA E A ARTE COMO RESISTNCIA

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    MARIA RITA DE ASSIS CSAR