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UNIVERSIDADE POTIGUAR UnP ALQUIMY ART PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ARTETERAPIA LEDALÍCIA BARRETO MONIZ SODRÉ PEREIRA A ALQUIMIA DA ARTE NO PROCESSO DE CRESCIMENTO NATAL / RN 2006

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

ALQUIMY ART

PRÓ – REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ARTETERAPIA

LEDALÍCIA BARRETO MONIZ SODRÉ PEREIRA

A ALQUIMIA DA ARTE NO PROCESSO DE CRESCIMENTO

NATAL / RN

2006

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LEDALÍCIA BARRETO MONIZ SODRÉ PEREIRA

A ALQUIMIA DA ARTE NO PROCESSO DE CRESCIMENTO

Monografia apresentado à Universidade

Potiguar - UnP, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Especialista em

Arte Terapia.

Orientadora: Cristina Oselia Ernesto

Gomes Lisboa

NATAL / RN

2006

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LEDALÍCIA BARRETO MONIZ SODRÉ PEREIRA

A ALQUIMIA DA ARTE NO PROCESSO DE CRESCIMENTO

Monografia apresentado à Universidade

Potiguar - UnP, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Especialista em

Arte Terapia.

Aprovada em ____/____/____

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Cristina Oselia Ernesto Gomes Lisboa

Orientadora

Prof. Drª. Cristina Dias Allessandrini

Coordenadora da Especialização

Prof. Drª. Cristina Dias Allessandrini

Coordenadora da Especialização

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Hélio (in memoriam), pela pessoa marcante, sensível que me ajudou na

construção de minha base.

À minha mãe Leda (in memoriam), por não ter desfrutado de sua presença, pois

deixou essa vida muito jovem e eu bebê, esteve sempre presente em meus pensamentos, me

fortificando.

A José Fernando, Juliana, Guilherme, Fernanda e Leonardo, marido e filhos queridos,

sonhos realizados, sempre testando minha paciência, tolerância me permitindo muitos

questionamentos de crescimento.

À minha tia Dayse, pessoa forte, criativa. Pela afinidade que temos e exemplo de

figura materna.

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AGRADECIMENTOS

À Mestra Cristina Allessandrini, pela sua humildade de dividir conosco seus

conhecimentos, suas pesquisas, suas experiências e ao corpo docente pela oportunidade do

aprendizado e por terem aberto novos caminhos.

À Cristina Oselia pelo carinho e paciência na orientação deste trabalho.

À Márcia Bottini, pela sensibilidade de me permitir questionamentos de forma tão

clara e sutil, o que muito me ajudou.

À Maria do Socorro da Silva, pelos anos de apoio junto à minha família me

permitindo horas ausentes.

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo apresentar a contribuição da arteterapia para melhorar a

nossa experiência de vida, por estarmos, na atualidade, enfrentando situações de estresse no

cotidiano. Ao escrever esse trabalho apresento minha trajetória de vida e experiências

pessoais aplicadas no estágio. Como a arteterapia demonstra seu caráter transformador, na

construção pessoal e interna, sendo motivada pelo prazer e criação, seguindo o formato das

oficinas criativas como acredita Allessandrinni (1996), ajudando a liberar tensão e

proporciona a liberação dos potenciais internos. Acredito na saúde do corpo e da mente, na

vontade e no auto controle de nossas energias, que nas vivências das oficinas criativas, são

emergidos e nos auxiliam para obter esse bem estar, que vão aparecendo gradualmente, e

através dessas experiências artísticas, esse expressar se faz possível, pois muitas pessoas tem

dificuldades de expressar verbalmente ou através de escrita sobre suas emoções. Quando

conseguimos entrar em contato com nós mesmos, passamos a nos conhecer, percebemos

nossos pontos fortes e fracos, e com isso conseguimos dominar nossas sombras, sabemos

lidar com sentimentos sofridos que antes não conseguíamos enxergar, ou até mesmo fugíamos

da verdade desse encontro tão dolorido e difícil de enfrentar. A arteterapia ajuda a promover

esse equilíbrio. Ela nos permite que essa transformação ocorra de uma maneira tão sutil, leve,

gradual, vai transbordando lentamente como uma dose de remédio homeopático, gota a gota,

a medida certa que podemos suportar. Percebemos então, os caminhos que poderão ser

traçados, e assim facilitar esse novo renascer. Essas percepções nos ajudam a nortear nossos

caminhos e nos permite chegar à luz que tanto buscamos.

Palavras- chave: arteterapia, saúde, qualidade de vida

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ABSTRACT

This monograph has as objective to present the contribution of the arte therapy to improve our

experience of life, for being, in the present time, facing situations of stress in the daily one.

When writing this work I present my applied trajectory of life and personal experiences in the

period of training. As the art therapy demonstrates its transforming character, in the personal

and internal construction, being motivated for the pleasure and creation, following the format

of the creative workshops as it believes Allessandrinni (1996), helping to liberate tension and

provides the release of the internal potentials. I believe the health of the body and the mind,

in the will and the auto control of our energies that in the experiences of the creative

workshops they are emerged and in they assist them to get this welfare, that they go appearing

gradually, and through these artistic experiences, this to express if makes possible, therefore

many people have difficulties to express verbally or through writing on its emotions.

When we obtain to enter in contact with we ourselves, pass in knowing them, we perceive

our strong and weak points, and with this we obtain to dominate our shades, we know to deal

with suffered feelings that before we did not obtain to see, or even though we ran away from

the truth of this so aching and difficult meeting to face. The art therapy helps to promote this

balance. It in allows them that this transformation occurs in a so subtle way, has led, gradual,

goes slowly overflowing as a dose of homeopathic remedy, drop the drop, the certain measure

that we can support. We perceive then, the ways that could be tracings, and thus to facilitate

this new to be born again. These perceptions in help them to guide our ways and in it allows

them to arrive at the light that as much we search.

Key words: art therapy, health, quality of life

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Foto 01- Flor do Aguaí ............................................................................................................21

Foto 02- Semente do Aguaí .....................................................................................................21

Foto 03- Figura da árvore ........................................................................................................22

Foto 04- Oficina “O barro criativo” ........................................................................................23

Foto 05- Expressão livre ..........................................................................................................25

Foto 06- Oficina do corpo ........................................................................................................30

Foto 07- Oficina do corpo .......................................................................................................31

Foto 08- Oficina de fantoche ...................................................................................................32

Foto 09- Oficina de fantoche ...................................................................................................32

Foto 10- Oficina de preparo da tinta de argila e pintura ..........................................................34

Foto 11- Oficina de preparo da tinta de argila e pintura ..........................................................35

Foto 12- Oficina de preparo da tinta de argila e pintura ..........................................................37

Foto 13- Oficina de tinta guache com glíter ............................................................................38

Foto 14- Oficina de tinta guache com glíter ............................................................................39

Foto 15- Expressão livre ..........................................................................................................41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 09

1.1TRAJETÓRIA PESSOAL .................................................................................................. .09

1.2 ESCOLHA PROFISSIONAL ............................................................................................ 13

1.3 DESCOBRINDO A ARTETERAPIA................................................................................ 14

1.4 A ESCOLHA DO TEMA .................................................................................................. 16

2 MINHA ATUAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE .................................................................. 19

2.1 ARTE NO HOSPITAL ....................................................................................................... 19

2.2 A ARTETERAPIA E O DESENVOLVER DOS MÓDULOS .......................................... 20

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 26

3.1 O QUE É ARTE? ............................................................................................................... 26

3.2 O QUE É ARTETERAPIA ................................................................................................ 27

4 VIVÊNCIA DE ESTÁGIO ................................................................................................. 28

4.1 OFICINAS MAIS MARCANTES ..................................................................................... 29

4.1.1 Oficina do Corpo ...........................................................................................................29

4.1.2 Fantoche .........................................................................................................................31

4.1.3 Argila ..............................................................................................................................32

4.2 INDICADORES DE MUDANÇA ..................................................................................... 36

4.3 CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ........................................................................................... 37

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 41

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1 INTRODUÇÃO

1. 1 TRAJETÓRIA PESSOAL

Nasci na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1962. Perdi minha mãe muito cedo, ia

completar dois anos e infelizmente não me recordo de nenhum momento que estive na sua

presença. Segundo me contaram, era uma pessoa diferente das outras. Com muitas qualidades,

dócil, compreensiva, batalhadora, decidida e tantas outras que se fosse listar demoraria um

certo tempo. Várias pessoas que não se conheciam entre si, falavam as mesmas palavras: “Era

muito especial, não pertencia a este mundo”. Sendo assim, a imagem de minha mãe se fez

presente em todos os momentos de minha vida.

Até hoje sinto sua falta, pois não soube o que era ter uma “MÃE”. Nunca tive com

quem conversar, trocar idéias e até mesmo receber a acolhida num momento difícil.

Após a morte da minha mãe, fui morar com uma tia de meu pai e com meu irmão que

tinha 4 (quatro) anos. Vivemos assim por um período de dois meses, pois meu pai estava

muito abalado com a morte de minha mãe e, nessa época, trabalhava o dia todo.

Nos anos posteriores a este período fechei-me no meu próprio mundo de fantasias de

criança e plasmei um mundo bonito, mágico, acolhedor e confortador. Não me deixei abater e

nem me entreguei a esse sofrimento. Busquei forças para superar a ausência materna. Aprendi

a conviver com essa falta, embora em alguns momentos ficasse meio balançada.

Foi nesse contexto que a arte passou a me completar. Lembro-me que desenhava

diariamente. Parte de minha infância foi com lápis de cor, cera, pincéis e tintas nas mãos.

Eram momentos de entrega, e não entendia muito bem o porquê, mas me sentia leve. Esses

momentos eram vividos tão intensamente que marcaram como sendo prazerosos e felizes.

Quando criança experimentei muitas vivências junto à natureza. Tínhamos um sítio

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que ficava a uma hora de Petrópolis, região serrana situada no Estado do Rio de Janeiro. Era

um local bucólico e pitoresco, sua estrada era de barro, onde existia uma grande represa de

água barrenta que se contrastava com o verde da mata e o azul do céu.

Recordo-me que meu pai ao chegar na reta da estrada que se iniciava com uma

pequena igreja, e onde eram localizados os sítios, começava a tocar a buzina do carro que

soava uma melodia harmônica e que avisava aos moradores vizinhos e empregados da casa,

nossa chegada alegre e marcante.

Foi nesse local que passei todas as férias de minha infância, com uma tia que é irmã

de minha madrasta com a qual me identificava e que me serviu de referência materna. Esses

momentos eram de total liberdade e exploração do meio natural, andava à cavalo, bicicleta e

pescava, junto com outras crianças íamos catar minhocas e preparar a vara para pescar.

Todos participavam sob a liderança de meus tios. Havia muitas brincadeiras no

grupo de crianças que entre irmãos, primos, sobrinhos, filhos de meu irmão mais velho que

faziam parte de nossa faixa etária e amigos dos sítios vizinhos, perfaziam um total de 18

crianças, onde o nosso “point” era lá em casa.

Nessa época meu pai trabalhava e dos quatro meses de férias escolares, ele convivia

apenas um deles consecutivo conosco, e alguns finais de semana dos outros meses de nossas

férias.

Meu pai tinha um terreno repleto de hortas e fruteiras que costumávamos colher.

Lembro-me, como se fosse hoje, das cenouras que comi ao lado da plantação: eram lavadas

num pequeno córrego e ali saboreadas, tinham um doce característico e marcante. Até hoje

não me recordo de ter experimentado em outra, o sabor adocicado da minha cenoura de

infância.

Houve um período em que no sítio não havia energia elétrica, o que nos favorecia

essas vivências de momentos divertidos alegres e saudáveis.

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Experiências de verdadeiro retiro de televisão, e outros eletrodomésticos. Éramos

reportados a um passado onde tudo se fazia manualmente, verdadeiros artesãos.

Nossa casa ficava no meio de uma montanha onde a parte térrea tinha um campo de

futebol gramado, uma área com balanços e escorrega.

O caminho para se chegar à casa, era sinuoso, gramado com lajotas de pedra que

facilitavam a subida do carro. No plano em que a casa era construída, dávamos com uma área

de árvores centenárias, onde eram armadas várias redes, sendo o local preferido de meu pai,

que passava o dia deitado realizando seu lazer preferido que era a leitura. A sensação que

tinha era a de que ele estava ali somente fisicamente, pois corríamos em sua volta e não

percebíamos o desviar de seus olhos de seus livros.

Quando chegávamos, estacionávamos o carro nessa área e trazíamos as compras que

seriam estocadas para a temporada, pois só existia comércio a 30 minutos de distância. As

compras eram retiradas do carro e rapidamente, as crianças pegavam as caixas, já vazias e

iniciavam a brincadeira. Entrávamos dentro das caixas e nos atirávamos rampa abaixo, até

chegar ao campo de futebol. Como era muito alto, a emoção se fazia presente e às vezes

sofríamos alguns arranhões que só eram percebidos depois.

A sala da casa era rodeada de vidros, que nos permitia conviver com todas as

estações do ano e com as mudanças naturais do tempo, que mesmo abrigada era sentida e vista

tão de perto.

Tive a oportunidade de todas as noites observar as estrelas, por ser um local alto e

não ter interferência da iluminação artificial eram nítidas as passagens de cometas, além de

outros objetos não identificados, que coloriam e clareavam o escuro do céu.

Quando chovia, por ser uma região montanhosa, a chuva nos presenteava com

pequenos pedaços de gelo. Imediatamente a garotada saía, cada qual, com sua panela nas

mãos para catar as pedrinhas transparentes a brilhar entre o verde da grama. Quando elas

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caiam diretamente na panela nos permitiam ouvir um som harmônico inesquecível, ora

abafado pela gritaria das crianças, já molhadas que chupavam o gelo e aproveitavam aquele

momento único de alegria e prazer que “o mau tempo” nos proporcionava.

A estrada, por ser de barro vermelho, ficava com poças de lama. Assim que

terminava a chuva, quase como um ritual, corríamos em direção às poças e descalças,

pisoteávamos, por entre os dedos dos pés, o barro úmido, pegajoso, com liga que nos

permitia perceber um som que era composto pelo ritmo do caminhar eufórico da criançada e

que esculpiam suas pegadas no caminho, aguçando o cheiro característico do barro.

Nesta época, acredito que estava com 5 (cinco) anos, vieram minhas primeiras

descobertas de modelagem, que desse momento em diante, se fizeram presente sem

interferência. Ao tocar na argila percebi que podia apertá-la e logo a imaginação se fez

presente e panelinhas, tartarugas, além de outros animais e bonecos começaram a nascer.

Foram momentos vividos intensamente. Passava horas e horas brincando sozinha sendo

acompanhada apenas por meus personagens. Até os onze anos desfrutei desse convívio

natural onde guardo dentro de mim recordações inesquecíveis.

Por uma briga entre minha madrasta e meu irmão mais velho, as férias das montanhas

se transformaram em um novo cenário. Agora era o mar que me acompanhava. Novas

amizades, entrando na adolescência, foi nesse momento que dividi o desenhar com o escrever.

Comecei a conversar com os papéis e começaram a surgir minhas primeiras poesias, meus

primeiros desabafos. Recordo-me que em determinadas situações escrevi o que estava doendo

por dentro. Eram lamentações, e sempre buscando uma resposta para o desconforto que estava

sentido. Na época não compreendia o que acontecia comigo, sabia apenas que me aliviava e

me dava ânimo para continuar superando as repressões que aconteciam em casa.

Com a aposentadoria de meu pai, nos mudamos para Petrópolis, cidade serrana que

era mais calma e menos violenta que o Rio de Janeiro. Nova mudança, agora mais madura,

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entendendo melhor as coisas, foi menos dolorida.

Como a cidade era pequena e acolhedora, nos permitiu vivenciar as primeiras

composições ao violão, participar em festivais estudantis e apresentações amadoras nos

aniversários de colegas em parceria, sempre com meu irmão. Foram outros momentos

marcantes e inesquecíveis.

Fazíamos parte dessa história, em plenos anos 60 (sessenta), marcados pela luta dos

jovens em derrubar alguns preconceitos que dominavam e atrapalhavam os relacionamentos

das pessoas e parte de minha infância vivenciei esses dois extremos.

1.2 ESCOLHA PROFISSIONAL

Veio então o vestibular e a vontade de fazer Artes Plásticas ou Arqueologia, por

adorar artes, achar muito interessante as pesquisas e descobertas do desconhecido, e tinha

também uma vontade muito grande de ajudar as pessoas.

Não tive o apoio familiar nas primeiras escolhas vocacionais, segundo a opinião de

meus pais se tratava de profissões sem futuro financeiro.

Como havia feito um curso de Primeiros Socorros, com os estágios no Pronto

Socorro do Hospital, me identifiquei com essa ajuda ao próximo, mas não queria ser médica,

achava que era uma profissão muito distante do ser humano. Os médicos se sentavam do outro

lado da mesa, ouviam os doentes, receitavam um remédio e finalizavam o contato ali.

Foi então que observei as enfermeiras e procurei saber sobre sua atuação, dessa

forma optei pela função cuidadosa e aliviadora do sofrimento alheio. Entreguei-me a essa

profissão que começara a me encantar. Passei no Vestibular para a Universidade Católica de

Petrópolis e por uma mudança domiciliar de uma cidade para outra, interrompi meus estudos.

Nessa época comecei a trabalhar meu corpo com a luta coreana denominada de

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Taekwondo. Lembro-me que todas as minhas angústias eram jogadas para fora no treino.

Por ter objetivos em minha vida estudei com afinco a fim de recuperar o “tempo

perdido”. Fui aprovada em segundo lugar na Faculdade de Enfermagem Luiza de Marilac

onde concluí o curso de Enfermagem.

Finalmente, consegui me formar. Fiz uma Pós-Graduação em saúde pública. Percorri

alguns morros e favelas no Rio de Janeiro, fazendo orientação preventiva, mas a violência já

era grande, sempre que subia o morro era escoltada por metralhadoras e escopetas pelas

máfias de traficantes. Passaram a ser freqüentes tiroteios com a polícia. Percebi que estava

correndo risco de vida e resolvi trabalhar em hospitais.

Quando fazia faculdade, estava casada e separei-me grávida de 5 (cinco) meses, logo

que me formei. Foi um dos momentos difíceis de minha vida.

Nasceu minha primeira filha, Juliana (hoje com 19 anos). Logo senti a necessidade

da independência, achei melhor passar uma borracha no passado e seguir o meu caminho.

Dois anos depois, conheci Fernando, meu marido, com quem convivo até hoje. Desse

relacionamento vieram meus filhos, Guilherme (15 anos), Fernanda (13 anos) e Leonardo (10

anos), que me fazem refletir a cada instante, enriquecendo meu aprendizado. São minhas

melhores criações, pois apresentam vontade própria, e basta que veja seus sorrisos para sentir

a beleza da vida.

1.3 DESCOBRINDO A ARTETERAPIA

Nasceu, em mim, o sonho de montar uma escolinha de artes, e com ele a necessidade

de me aprofundar no assunto.

Conversando com a pediatra de meus filhos, que tem bastante pacientes com

algumas dificuldades e algumas restrições físicas, devido à seqüelas de determinadas doenças

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e que precisavam de uma atividade na área de artes. Ficou um questionamento na minha

cabeça, “como poderia trabalhar com determinadas crianças sem um embasamento mais

científico”. Coincidência ou não, dois dias depois ao passear no shopping, me entregaram uma

propaganda da existência do curso de arteterapia.

E tudo começou na euforia do curso, na expectativa do começar, ao mesmo tempo

na decepção pelo atraso das aulas, na entrega das dinâmicas e vivências, e a certeza da

escolha.

Foi trilhando este caminho colorido, alegre, com a magia do “arco-íris”, que

permitia fazer esta viagem nas cores, percebi possibilidades de caminhos a serem percorridos

e conseguir as melhores escolhas. Assim amadureci com o aprendizado através do mundo

mágico que tanto necessitava.

Continuo buscando essa felicidade interior observando cada vez mais a natureza e

pisando mais firme ao chão. A arteterapia para mim é assim, essa metamorfose em busca da

melhora íntima para um novo renascer, na conquista de nossa liberdade. Se não podemos

escolher o desenho, podemos escolher o lápis com que vamos colori-los.

Em sala de aula a professora Cristina Dias Allessandrini, coordenadora do Curso em

questão, parafraseou que a arteterapia representa um portal que possibilita a cada pessoa

penetrar no universo que constela a construção de novas competências para ensinar e para

aprender.

Na opinião de Viana:

A arteterapia é uma terapia onde se usam técnicas expressivas, ou seja, a expressão

artística. A arte, na arteterapia não requer uma preocupação estética, o objetivo é

somente o de possibilitar e facilitar a comunicação. Não é necessário “fazer bonito”,

porquê o que importa na arteterapia é o significado do que se faz, o simbólico.

(VIANA, INTERNET, 2005).

Na visão de Philippini:

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Em arteterapia, dar forma corresponde a organizar para compreender e transformar,

pois através da materialização de símbolos presentes na produção expressiva, cumpri-

se a função transcendente, ou seja: a comunicação simbólica cria condições de

estruturar, informar e transcender. (PHILIPPINI, 2000, p. 51).

A arteterapia se constrói artesanalmente, criando o fio da transformação do ser em um

indivíduo conhecedor de si mesmo por meio de sua expressão artística.

1.4 A ESCOLHA DO TEMA

Já na minha primeira formação profissional em Enfermagem, questionava-me sobre

o tema “doença”, surgiam pensamentos sobre como a prevenção seria importante para

diminuir muitas moléstias. Foi pensando nessa idéia que durante o curso, em experiências de

estágio em saúde pública, tive a certeza da escolha da primeira pós-graduação nessa área.

Trabalhei como orientadora em uma favela no Morro do Borel, no bairro da Tijuca,

Rio de Janeiro, fazia acompanhamento domiciliar, e sentia que valia a pena lutar por essa

bandeira a “prevenção”, pois percebia que era a base da saúde e auxiliava consideravelmente

a redução no número de doenças, segundo relatos de clientes.

Foi um período de muita satisfação, onde obtive resultados positivos, ao mesmo

tempo em que enriquecia meus conhecimentos. Sentia-me útil e realizada quanto à

colaboração social prestada. Com a violência no Rio de Janeiro aumentando, sem apoio de

nenhum Órgão Público, ficou arriscado continuar meu trabalho, resultando, assim, meu

afastamento.

Ao optar em fazer uma nova pós-graduação na área de arteterapia, uma luz acendeu

imediatamente. A certeza se fez forte em minha mente, onde o tema da monografia que bem

antes do curso começar já estava definido: ”arteterapia preventiva”. Com o início do curso e

as vivências oferecidas nos módulos foram surgindo questionamentos sobre a escolha do

tema.

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Lembro-me do dia em que a professora Allessandrini me indagou sobre o tema. Qual

seria meu objeto de estudo? Fiquei em dúvida quanto ao tema escolhido. Ela me questionou:

“O que é ser saudável?”. Sem que eu pudesse pensar na resposta, acrescentou nova pergunta:

“Você está querendo dizer que todos têm doença?”. E foi aí que a ficha caiu !!! Percebi que

não poderia ter a mesma interpretação da palavra abordada “prevenção”, dentro da área

médica complementando a palavra doença, e na área mental do ser humano, já que o

indivíduo transita em várias faixas de ordem emocional, comportamental, que percorre dentro

ou fora dos níveis do que se conhece como “normalidade”, dependendo de situações externas

ou internas que venham a comprometer seu estado emocional, à medida que se sinta invadido

e reaja a essa invasão.

Fiquei meses com essa questão em minha mente, mas ainda assim, o tema inicial se

fazia bastante forte.

Com o curso veio a necessidade de pesquisar mais, existiam muitas perguntas sem

respostas. Insegurança de algumas decisões, que no decorrer dessa busca do conhecimento,

foram ficando mais claras, respondidas e até mesmo confirmadas. Foi nesse momento de

descoberta que percebi que os conflitos antes existentes em minha casa, como as divergências

de opiniões, as necessidades pessoais, foram ficando cada vez mais claras.

Esta descoberta onde dia a dia piorava os relacionamentos, desentendimentos,

fazendo-me perceber que o tema inicial, não fazia mais tanto sentido. Nesse momento passei

por muitos problemas pessoais como esposa, e também como mãe. Sentia-me sem forças para

seguir a caminhada pela vida. Estava cansada por não estar sendo compreendida, respeitada e

atendida em minhas necessidades. Estava sem chão, perdida e desamparada. Apenas a certeza

da necessidade de mudanças. No desespero decidi mudar, percebi que uma nova força brotava

dentro de mim, trazendo a necessidade de atitudes, de respeito como pessoa, não deveria me

sobrecarregar, e me dar o direito de descobrir quem sou e o que preciso para ser inteira.

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Retornando ao tema, sendo muito forte a minha experiência na área de saúde, resolvi

então escrever esse TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), para depois nomeá-lo.

Para não perder o foco inicial, segundo a Organização Mundial de Saúde: “Saúde é o

completo bem estar físico, mental, social e espiritual”. Baseada nesse conceito vejo essa

definição como recurso para encontrar o equilíbrio. Penso que corremos todos atrás deste

equilíbrio, e na arteterapia pude assimilar que este momento se dá quando conseguimos

aceitar, conviver e melhorar nossas dificuldades, para então poder respeitar o outro e

compreendê-lo.

Sendo assim, finalizarei esse capitulo com a afirmação de Allessandrini:

O trabalho, por meio de recursos expressivos e artísticos, possibilita ao indivíduo

concretizar sua imagem interna de modo significativo. Há uma possibilidade nova e

diferenciada que emerge do ser e que canaliza seus recursos cognitivos internos para

um refazer transformador. (ALESSANDRINI, 1996, p. 32).

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2 MINHA ATUAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE

2.1 A ARTE NO HOSPITAL

A arte, com sua característica com sua capacidade de expressar concomitantemente

uma multiplicidade de níveis de significado, mostra-se capaz de expressar a

complexidade humana em seus conteúdos conscientes e quase-conscientes ,

revelando-se um recurso poderoso e eficaz. (1994, CIORNAI apud

ALLESSANDRINI, 1996, p. 29).

Como uma profissional da área de Saúde, sempre fui uma pessoa que procurei dar o

melhor nas atividades desenvolvidas, buscando fazer tudo com capricho, delicadeza além de

me entregar e até mesmo me desligar do mundo. Minha atuação tem um diferencial, é feito

com amor.

Novamente a arte se fez presente em minha vida, e agora era dividida com meus

clientes. Como trabalhava em obstetrícia e pediatria, percebi a necessidade de brincar com

“meus baixinhos”, que ficavam internados, às vezes por longos períodos, entre quatro

paredes.

Primeiramente, transformei as luvas cirúrgicas em bonecos, enchi-as de ar,

amarrava-as na ponta e desenhava carinhas que alegravam os rostinhos das crianças. Logo as

tampas dos esparadrapos viraram carrinhos.

As crianças gostavam tanto das atividades que ao entrar nos quartos vinham as

cobranças, “Tia o que você vai fazer hoje?”. Pensei comigo: “bela encrenca em que estava me

metendo!” Voltava para casa com aquela pergunta na cabeça. Não poderia manipular todas as

sucatas do Hospital por causa da contaminação, e ao mesmo tempo não queria desapontar

“meus baixinhos”. Foi com a falta de recursos disponíveis no hospital, para as atividades, que

abri meu armário, peguei cartolinas colorida, canetas hidrocor, e plástico contact e

começaram a surgir os enfeites como móbiles, painéis, bonecos que passaram a conviver com

as crianças. Realizei esse trabalho durante quinze anos. Foi uma trajetória que começou com

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20

as indecisões de uma adolescente, que não tinha maturidade suficiente para uma resolução

que será vivida e convivida diariamente durante grande parte de nossa vida. Escolhi a

trajetória que mais tinha afinidade e percebo que minha experiência profissional começou de

um sonho.

Resolvi fazer Enfermagem e apesar de todos os obstáculos, concretizei meus ideais.

Aprendi nesse período que não podemos estar sozinhos, temos que criar raízes, ouvir e

sermos ouvidos, para podermos crescer como cidadãos. A união, o trabalho em conjunto, o

calor humano é fundamental para o amadurecimento, assim como a divergência de opiniões,

as trocas de conhecimentos nos tornam mais sensíveis e humanos e nos permite enxergar mais

além.

Mudei-me para Natal, RN, cidade que me acolheu e onde consegui a saúde de

Guilherme, meu filho. Fui abençoada com o meu quarto filho Leonardo. Era um recomeçar,

como família, como profissional, e também como mãe, pois meu bebê nasceu com refluxo

gastro-esofágico e teve duas paradas respiratórias, que me levou a testar meus conhecimentos

e minhas habilidades de primeiros socorros.

Meu filho está recuperado, com saúde, mas o ano da sua doença, foi de muita luta.

Com isso mais uma vez acordei a arte que existia dentro de mim, atuando ainda hoje com

pinturas em tela, madeira, modelagem em argila e outros trabalhos artesanais, como

autodidata, conseguindo, dessa forma, estar perto de minha família e ao mesmo tempo,

exercer esta profissão que também é a minha paixão.

2.2 A ARTETERAPIA E O DESENVOLVER DOS MÓDULOS

Descreverei algumas vivências que foram marcantes no curso de pós-graduação em

arteterapia. Lembro-me do nosso primeiro contato de apresentação com a professora

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Allessandrini, no módulo: Processos Criativos no Desenvolvimento da Consciência. Cada

aluno escolheu uma flor e associou a esta característica que chamavam sua atenção.

Escolhi a flor do Aguaí, por ser bonita, sua copa parecer com uma árvore de natal. É

uma planta que foi estudada pelo médico Dr. Henrique Smith que, em seu livro Aguaí-zen

para macrobióticos (1996), chegou à conclusão de se tratar de uma semente energética,

existindo semente macho (com energia yang), semente fêmea (com energia yin), e semente

hermafrodita. Planta capaz de fazer o equilíbrio do indivíduo que a utiliza. Foi comprovado

por foto kirlian (foto que capta por meio de um campo magnético, a energia que circunda o

corpo conhecida também como “Aura”).

Identifiquei-me com ela, principalmente por se tratar de uma planta misteriosa, com

poderes energéticos e de cura, essas características me encantaram desde o primeiro instante

que tive o conhecimento de sua existência.

Flor do Aguaí Semente do Aguaí

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22

Na trajetória profissional descobri que nada acontece por acaso.

Do sonho a indecisão

Da imaturidade e falta de apoio

Afinidade por outra opção

Parada, mudança e recomeço

Volta ao dom artístico.

Minha caminhada estava traçada. Era tão forte que voltei onde ocorreu esse desvio.

Luto por essa magia de energia que me impulsiona e me fortalece para recomeçar, a trajetória,

de certa forma, modificada, porém absorvi experiências gratificantes desse desvio onde este

aprendizado tem enriquecido minha história de vida, ancorando em mim as características

pré-existentes de pessoa sensível, humilde e humana.

Cito em: O Diálogo com o Barro. O Encontro com o Criativo, na fala de Regina

Fiorezzi Chiesa, quando afirma que:

Figura da árvore do Águaí

Do A

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23

[...] O contato com o barro (argila) desperta a sensibilidade, alivia as tensões e satisfaz

os mais profundos e primitivos instintos humanos da natureza criativa. À medida que

vamos modelando o barro, temos a oportunidade de resgatar uma antiga atividade

humana. É um material que nos coloca em contato com a natureza e os quatro

elementos: terra, água ar e fogo, despertando a consciência para a natureza e

possibilitando o reconhecimento da nossa natureza interna. (CHIESA, 2004, p. 50).

O Barro Criativo. Atitude Terapêutica em Diagnóstico e Intervenção, foi um dos

módulos que mais mexeu meu inconsciente adormecido.

Obtive respostas para muitas perguntas, e confirmações de algumas respostas. Fiz

uma viagem ao passado, vivenciei experiências pessoais marcantes, boas e ruins.

Apresentaram-se perturbadoras em alguns momentos, fazendo-se necessário uma reflexão

para buscar o equilíbrio corpo-mente.

Oficina: O barro criativo

Vejamos o que diz a teoria sobre o barro e o trabalho com a arte.

Na visão de Andrade:

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As imagens mentais são o conteúdo natural da imaginação, da saudade, do sonho, são

as formas de linguagem do hemisfério cerebral direito e são mecanismos não verbais

e não lógicos de comunicação entre a percepção, a emoção, a mudança corporal e o

outro, o meio ambiente. (CARVALHO, Prefácio ANDRADE, 2000)

Na opinião de Ferretti:

Trabalhar o barro de forma criativa pode ser um caminho para a revelação das

potencialidades, onde cada indivíduo tem a oportunidade de se apropriar dos seus

conhecimentos. „Quando essa porta se abre, o colorido do mundo se modifica e, ao

entrarmos em contato com esta realidade, descobrimos o caminho da cura de nós

mesmos e do mundo‟. (FERRETTI, apud CHIESA, 2004, p. 52).

O módulo de Terapias expressivas: Arteterapia, Arte Educação e Terapia Artística

ministrado pelo professor Liomar. Foi muito conflitante, e me senti em alguns momentos um

pouco angustiada. Observava as respostas tão claras para mim e a turma sem compreender da

necessidade de mudanças, de romper tabus, e foi depois da vivência do sonho que pude me

aquietar e compreender que cada um tem o seu ritmo de compreensão, que se faz necessário

esse lento processo de absorção de conteúdos para que as mudanças aconteçam com

compreensão, propriedade e estrutura.

Isso tudo ficou muito mais claro, quando no módulo Oficinas Criativas, a professora

Allessandrini me presenteou com o conhecimento das quatros funções, e o aprofundamento

na literatura junguiana, onde persona, sombra, anima, animus, self e ego entre outras escritas

ilustraram a minha compreensão.

Na minha caminhada

A luz brotou dentro de mim

Me fortalecendo

Veio o megulho

Nadei muito

Até sentir a necessidade de voar

Desse vôo retornei ao mar

Agora sou um veleiro

E me deixo levar

Na direção desse sol

E desse colorido que busco

Ledalícia Sodré

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25

Imagem de uma Expressão livre

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26

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 O QUE É ARTE?

Nem tudo pode ter um nome, o significado de algumas coisas transcende as palavras.

A arte pode inflamar até uma alma enregelada e levá-la a uma alta experiência

espiritual. A arte nos proporciona às vezes maneira rápida e vaga revelações que não

podem ser fruto do pensamento racional. (A.Soljenitsin)

A arte se faz presente desde o início da humanidade, ela tem um marcante papel na

sociedade, pois contribui para facilitar o despertar de emoções. Faz parte da história de vida

de cada um, pois é difícil ou até mesmo impossível encontrar alguém que não tenha tido

qualquer manifestação artística.

Andrade cita que:

Diz-se que a arte salva o homem da banalidade do quotidiano. Sua importância está

em que através dela uma vida pode abranger um contexto maior, alternando-lhe o

ângulo de visão. A arte possui virtude de aliviar a espécie humana, e por extensão,

toda a vida deste planeta da violência, da insensibilidade, do absurdo, da loucura e da

miséria, em suas múltiplas e variadas formas. (TRINCA, apud ANDRADE, 2000, p.

32).

E ainda que:

A vivência de arte em gestalt tem a capacidade de tornar a experiência criativa

disponível para as pessoas poderem entrar em contato com seus conflitos. Ao

expressá-los, há possibilidade de reorganizar as próprias percepções, visando um

melhor equilíbrio da personalidade. (ANDRADE, 2000, p. 57).

Arte é esse meio mágico de transformação do ser em um novo, é sutil, misteriosa,

surpreendente e é capaz de desafiar a ciência. Quem se dá a oportunidade de mergulhar nesse

mundo sabe como reforma toda nossa essência interior e limpa pouco a pouco, cada um no

seu tempo as impregnações de nossas vivências nesse mundo de tantos desafios.

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3.2 O QUE É ARTETERAPIA?

Arteterapia é um processo de integração de um ser. É um compartilhar de uma

intimidade, instrumento que auxilia o cliente a emergir seus conteúdos interiorizados para

suprir suas necessidades.

A arteterapia favorece a descoberta gradual dos pontos fortes e fracos do indivíduo,

seus desejos ainda escondidos. Quando dominamos nossas sombras sabemos lidar com

sentimentos sofridos e conseguimos chegar à luz. Ela acolhe, espera, busca a liberação de

alguma forma expressiva. Permite que manifestações expressivas e criativas se despertem e

facilite um renascer.

O objetivo da arteterapia está no desenvolvimento criativo na arte para a vida do

cliente. O contato consigo mesmo acontece através desse fazer artístico, pois nos permite

fazer uma auto-análise, pela análise de nossas criações. E é sem essas barreiras que a arte nos

proporciona, permite dar um sentido diferenciador. Atua como um facilitador da busca de

novos caminhos, permitindo um novo olhar para si e para o mundo.

Arteterapia é uma profissão assistencial ao ser humano. Ela oferece oportunidades

de exploração de problemas e de potencialidades pessoais por meio da expressão

verbal e não-verbal e do desenvolvimento de recursos físicos, cognitivos e

emocionais, bem como a aprendizagem de habilidades, por meio de experiências

terapêuticas com linguagens artísticas variadas. (CARVALHO, 1995:24, apud

FABIETTI, p. 17, 2004).

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4 VIVÊNCIA DE ESTÁGIO

Projeto: Caminhando com a Arteterapia

Arteterapeutas em formação:Ledalícia Barreto Moniz Sodré Pereira

Neyre Kely Menezes Pessoa Dantas

O projeto “Caminhando com a Arteterapia” foi idealizado, planejado e executado

com crianças carentes. Crianças portadoras de algumas dificuldades pessoais e sociais.

Buscamos através das oficinas criativas proporcionar um auxílio na construção de uma

consciência pessoal, facilitando um auto-conhecimento.

Esse projeto foi realizado na Creche “Espírita Irmãos do Caminho”, localizada no

conjunto Ponta Negra, Natal RN. Tivemos como clientela crianças de 04 (quatro) a 05 (cinco)

anos. Foram prioridades crianças hiperativas, agressivas, com a sexualidade aflorada, com

dificuldades de aprendizado, carentes: desprovidas de amor, atenção, carinho e principalmente

aquelas que apresentavam sérios problemas familiares, sociais e financeiros.

Objetivos

• Uma melhora na integração social das crianças, buscando amenizar a ansiedade, o

estresse da vida diária;

• Proporcionar um melhor equilíbrio físico e mental, visando uma melhor qualidade de

vida;

• Re-significar os conteúdos internos que estão adormecidos nos seus inconscientes.

Metodologia

Oficinas Criativas.

Formação do Grupo

O grupo teve inicio com 06 participantes de faixa etária bem diferenciada e de

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comportamentos variados. Após uma avaliação dos participantes foram escolhidas 04 (quatro)

crianças que tinham a mesma faixa etária e demonstravam interesses semelhantes.

Uma das crianças escolhidas se afastou da creche, o que nos levou a concluir o

estágio com apenas 03 crianças.

O primeiro contato com as crianças permitiu observar que:

Criança M. - 5 anos, cursa o Jardim II, apresentou-se passivo, curioso, tímido,

alegre, demonstra um certo receio de manifestar suas opiniões.

Criança J. P. - 4 anos, cursa o jardim II, apresentou-se agitado, alegre, curioso e

demonstrou agressividade com os colegas.

Criança L. - 5 anos, cursa o jardim II, apresentou-se passivo, alegre, com dificuldade

de expressar-se olhando nos olhos, além da agressividade com colegas.

4.1 OFICINAS MAIS MARCANTES

4.1.1 Oficina do corpo

Uma oficina que confirmou o quanto o giz de cera e o papel são dois materiais

estruturantes, pois proporcionaram um envolvimento instantâneo das crianças no processo,

deixando-as mais livres para se expressarem.

O envolvimento das crianças aconteceu de uma maneira bem interessante, pois

chegaram muito inquietos e aos poucos se entregaram. Caracterizaram cada um seu próprio

corpo, sem que houvesse interferência.

Foi uma oficina em que as crianças retrataram com muita evidência a sexualidade,

incluindo fala durante a confecção como: “Vou vestir uma calça, pois não pode ficar pelado, é

feio!”.

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Essa oficina facilitou uma aproximação com os participantes que favoreceu a

realização de uma massagem corporal nas crianças. O que mais impressionou foi que partiu

deles o desejo de fazê-la.

Surpreendentemente, duas das crianças fecharam seus olhos, espontaneamente, e

ficaram quietas por um bom tempo, enquanto recebiam a técnica em seus corpos. Saíram

calmos e felizes.

Oficina do corpo

Criança J.P. 4 anos

“está lindo

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31

Oficina do corpo L. 5 anos

“vou vestir uma calça, não pode ficar pelado, é feio”

4.1.2 Fantoche

O uso do fantoche nas atividades possibilitou a integração individual e coletiva do

grupo, dando possibilidade de estabelecer uma relação com o mundo externo.

Esse recurso artístico facilitou a comunicação dos clientes, dando liberdade para

expressarem suas idéias, sentimentos, tais como medos, desejos e suas dificuldades que de

forma criativa liberaram através de seus personagens. Deixaram escapar informações que

dificilmente conseguiriam verbalizar diretamente.

Utilizamos esse recurso em várias oficinas, a pedido das próprias crianças.

O interesse dessa oficina por parte das crianças foi contagiante, pois a atividade se

desenvolveu com muito entusiasmo, possibilitando o contador de história (uma das próprias

crianças), convidava os colegas para participarem de sua história. Respeitaram o momento de

cada um, ocasionando uma integração sintonizada.

Houve muita verbalização de fundamental importância, pois manifestaram vivências

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pessoais e gostaram tanto que não queriam terminar. Foram encontros tranqüilos e com

conteúdos liberados que emergiram de seus inconscientes.

Oficina de fantoche Criança M.J.P e L.

Oficina de fantoche

Criança J.P. 4 anos

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33

4.1.3 Argila

A natureza misteriosa do barro foi que propiciou ao ser humano um conhecimento

mais profundo de si mesmo. A partir da estrutura oculta do barro o homem vem se

descobrindo quando pelo calor de suas mãos faz da terra molhada a confidente de

imagens carregadas de emoções vividas e por viver. No barro o homem cria e é

criado. Vivência a si mesmo como criatura e criador. No barro ele encontra o espaço

da divindade em si (GOUVÊA, p. 59, 1989).

Nas oficinas em que foram manuseada a argila, as crianças apresentaram reações de

envolvimento, afloraram sentimentos fortes guardados em seus inconscientes, tais como raiva/

alegria, agitação/ calma, repulsa /envolvimento.

Esses antagonismos foram surgindo de acordo com o momento, dependo das

atividades que estavam sendo oferecidas.

Inicialmente foi realizada a confecção da tinta feita com a própria argila. Foi

separada a rocha e areias do pigmento. Nesse momento estavam centrados e em nenhum

momento sentiram-se incomodados em limpar suas mãos.

Expressaram palavras “É gelado”, “É mole”, “E nojento”, mesmo assim, estavam

felizes em manipular o material.

Ao pintarem com os pigmentos tiveram necessidade de acrescentar a areia, antes

peneirada, ao desenho. Foi um dos momentos de muita calma.

Ao utilizarem em outro momento a massa de argila, exploraram as diferentes

texturas. Quando a argila estava molhada observamos o alisar e acariciar do material, por

parte das crianças, que em determinado momento jogavam para o alto, chutavam, socavam,

pisavam e achatavam o material, sem conseguir criar uma forma na argila, apenas intitularam

como sendo “pizza” e “bolo”.

Em outra oficina, utilizando ainda o mesmo material é que começaram a dar forma

na argila. Pediram ajuda para confeccionar um animal e foram criados uma foca e um pato.

J.P. nesse momento pegou a foca, fez uma casa para ela, fechou-a e confeccionou um amigo

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para o animal, uma abelha brava, colocando-a em cima para proteger a foca do pato.

A criança M. pegou o pato e também fez uma casa com aberturas de janelas e portas

, nesse momento J. P. se irritou de uma tal forma que pisoteou a casa de M., que revidou e

pisou na casa de J. P.. Em seguida J. P. pegou toda argila e começou a jogar para o alto e

pisotear. Saíram incomodados dessa oficina, porém ao se passar alguns minutos, ao termino

da atividade nos corredores da escola, a aparência era de estarem calmos.

E é assim que o barro permite o transbordar de conteúdos internos e transita em

vários campos emocionais. Durante a manipulação da argila foi possível observar atentamente

os níveis cinestésico, afetivo, sensorial, cognitivo, e perceptual das crianças. "Criar é,

então,mais do que liberdade de jorrar idéias; é crescimento

interior, abertura para a vida" ( CHIESA, p.43, 2004 ).

Oficina de preparo da tinta de argila e pintura.

Criança: M.

Idade: 5 anos

Linguagem simbólica na exploração do material:

“Estou pintando muita água”

Palavra de fechamento-“água”

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35

Oficina de preparo da tinta de argila e pintura.

Criança: L.

Idade: 5 anos

Linguagem simbólica na exploração do material:

“é gelado” “é mole”

Palavra de fechamento-

“Praia shopping”

Oficina de preparo da tinta de argila e pintura.

Criança: J.P.

Idade: 4 anos

Linguagem simbólica na exploração do material:

“É nojento”

Palavra de fechamento-

“Praia”

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36

4.2 INDICADORES DE MUDANÇAS

Nas oficinas foram utilizados os mais variados materiais artísticos e expressivos, que

auxiliaram a reverter transtornos, que dificultavam o processo de desenvolvimento das

crianças assistidas na arteterapia.

Os retornos foram satisfatórios nos aspectos observáveis dos níveis do ETC, que

segundo Kagin Lusebrink, consistem de quatro níveis organizados numa seqüência

desenvolvimentista da formação de imagens e processamento das informações.

Os primeiros três níveis do ETC correspondem: Sensório/Motor (S/M), o

Perceptual/Afetivo (P/A), e o Cognitivo/Simbólico que correspondem ao processamento de

informações, já o quarto nível é considerado como síntese dos outros níveis é o criativo.

• Apresentou uma melhora na concentração.

• Melhora na auto-estima.

• Maior interação no grupo.

• Pela organização da sistematização o método foi bem recebido e compreendido

pelo grupo.

M.- No início era passivo, curioso, tímido e alegre, não tinha opinião própria e

copiava o que os outros faziam, no decorrer das oficinas apresentou iniciativa, tornando-se

líder de algumas brincadeiras, ficando mais desinibido, mais confiante em suas atitudes.

J.P.- Chegou agressivo, agitado, egoísta, curioso e alegre. Apresentava dificuldade de

concentração e de fala. Desenvolveu o respeito entre o seu espaço e o espaço do outro.

Apresentou concentração nas atividades, se tornou uma criança mais calma, e ocorreu uma

melhora na fala, tornou-se menos egoísta.

L.- Inicialmente apresentou-se uma criança passiva, muito dispersa, com dificuldade

de concentração, em alguns momentos se mostrava agressivo. Apresentava sexualidade

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aflorada e baixa-estima. No seu processo, ocorreu uma maior concentração nas atividades, um

olhar mais atento, já olha nos olhos do outro ao falar, distanciando-se daquele olhar disperso

que tinha anteriormente. Ultimamente vem dando sugestões nas atividades. Apresentou

melhora na auto-estima, se sente mais seguro e confiante, compreende o início e o fim das

tarefas que antes não percebia.

Sabemos que não podemos esperar que todas as atividades tenham o mesmo efeito

em indivíduos tão diferentes, mas a cada oficina realizada houve um re-significar, um

reorganizar das emoções.

Sendo assim, concluiremos parafraseando a fala da professora Allessandrini, ao

afirmar que:

O processo de conhecimento vivenciado por meio de experiências artísticas permite

que o indivíduo simbolize suas percepções do mundo, especialmente quando não

consegue expressar-se verbalmente, pela linguagem oral ou escrita ( Oficina

criativa e Psicopedagogia, p. 33, 2002).

4.3 CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

"É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser

criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo

descobre o seu eu (self)" (WINNICOTT, p. 80, 1975).

Portanto, foi através das vivências artísticas nas oficinas que esse expressar se fez

possível, já que para eles é tão difícil escrever ou verbalizar sobre suas emoções.

A experiência de estágio foi um desafio, nele pude aprender primeiramente como

parceira de estágio a refletir sobre formas diferentes de pensamentos. Foi um verdadeiro teste

de paciência, tolerância, pois permitiu um aprendizado a partir dos erros e acertos. Tirei dos

pontos positivos que me somavam e eliminei os negativo ou que não me acrescentavam nada.

Foi uma vivência muito rica de trocas ajudando no meu processo individual.

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Pintura coletiva: Guache com glíter

Crianças M., L., J. P.

Palavra de fechamento

“ nosso trabalho ”

Oficina pintura coletiva com guache, criança J.P. 4 anos.

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39

5 CONCLUSÃO

Expressão Livre

Levarei para o futuro meu conhecimento adquirido. A necessidade de me aprofundar

mais, a minha sensibilidade, a vontade de crescer e de servir de instrumento para que o outro

se conheça e seja mais feliz, pois à medida que sabemos quem somos, arrumamos, facilitamos

nossos ir e vir de nossas caminhadas.

O curso me permitiu confirmar algumas dúvidas que existiam dentro de mim e com a

certeza consegui me soltar, rompendo todas as barreiras e continuo voando e quero chamar

outras pessoas para voarem junto comigo.

Percebo que a arte, naturalmente me acompanhou. Ajudou-me a conviver com

alguns conflitos internos e externos, e se fez preventiva. Permitiu um permanente re-significar

dos valores. Clareou assim, minhas idéias. Fez com que achasse respostas que procurava nos

meus recursos internos.

Foi assim, nesses dois anos de curso de Arteterapia onde pude montar cada peça de

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um quebra-cabeça que me ajudou a ter o entendimento que o profissional em arteterapia deve

desenvolver sua sensibilidade, ser paciente e oferecer caminhos explorando o “criar”, para que

naquele momento de criação pessoal possa expressar sem medo e sem censura o que guarda

no seu íntimo. Assim vivenciei meu processo, onde me permiti uma entrega, descobertas

vieram em minha consciência facilitando meu crescimento pessoal.

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41

REFERÊNCIAS

ALLESSANDRINI, C. D. Oficina Criativa e Psicopedagogia. São Paulo: Casa do

Psicólogo, 1996.

ALLESSANDRINI, C. D. Tramas criadoras na construção do ser si mesmo. São Paulo:

Casa do Psicólogo, 1999.

ANDRADE, L. Q. Terapias Expressivas: Arteterapia, Arte-Educação, Terapia-artística,

Vetor, Editora Psico-Pedagógica Ltda., Sã Paulo, 2000.

CHIESA, R. F. O Diálogo com o Barro O Encontro com o Criativo. São Paulo: Casa do

Psicólogo, 2004.

FABIETTI, D. M. C. F. Arteterapia e Envelhecimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

GOUVÊA,A. P. Sol da Terra. São Paulo: Summus Editorial, 1989.

JUNG, Carl G. O Homem e seus símbolos, , Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964.

LUSEBRINK, Vija Bergs. Imagery and Visual Expression in Therapy. New York and

London: Plenum Press, 1990.

PHILIPPINI, Ângela. Cartografias da Coragem: Rotas em arteterapia / Ângela

Philippini. Rio de Janeiro: Pomar, 2000.

SILVEIRA, N. da O mundo das Imagens: Rio de Janeiro: Ed Ática.

SMITH, H. Aguaí Zem para Macrobióticos. São Paulo: Gráfica Palas Athena, 1993.

STEIN, M. Jung- O Mapa da Alma. São Paulo: Ed Cultrix.

VIANA, Maria Manuela. O que é arteterapia? Net. Rio de Janeiro, fev. 2005.

Seção arteterapia. <http: // www. Arteterapia.com / port / arteterapia / > acesso: 18 fev. 2005.

WINNICOTT, Donald W., O Brincar e a Realidade, Tradução José Octário de Aguiar

Abreu e Vanede Nobre, Rio de Janeiro. Imago, 1975.

Page 43: 2006_natal_rn_PEREIRA_ledalicia_barreto_moniz_sodre.pdf

42

P436a Pereira, Ledalícia Barreto Moniz Sodré.

A alquimia da arte no processo de crescimento / Ledalícia

Barreto Moniz Sodré. - Natal, 2006.

41f.

Monografia (Especialização em Arteterapia ) Universidade

Potiguar. Pró - Reitoria de Pesquisa de Pós – Graduação.

1. Arteterapia – Monografia. 2. Oficinas Criativas –

Monografia. 3. Estresse – Monografia. I. Título.

RN/UNP/BCFP CDU:372.3 (043)