1 Coríntios 1 Matthew

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1 Coríntios 1 Versículos 1-9: Saudações e agradecimento; 10-16: Exortação ao amor fraternal, e repreensão pelas divisões; 17-25: A doutrina do Salvador crucificado, que promove a glória de Deus; 26-31: E humilha a criatura diante dEle. Vv. 1-9. Todos os cristãos são dedicados e consagrados a Cristo pelo batismo, e têm a estrita obrigação de serem santos, porque na verdadeira Igreja de Deus estão todos os santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, e que o invocam como o Deus manifestado na carne, para todas as bênçãos da salvação; os quais o reconhecem e obedecem como Senhor deles, e Senhor de tudo; não inclui outras pessoas. O cristão se distingue do profano e do ateu porque não ousa viver sem oração; e pode se distinguir dos judeus e pagãos, pois invoca o nome de Cristo. Note com quanta frequência o apóstolo repete nestes versículos as palavras nosso Senhor Jesus Cristo. Temia não mencioná-lo com bastante honra e frequência. O apóstolo dá a saudação habitual a todos os que invocam a Cristo, desejando de Deus para eles a misericórdia que perdoa, a graça que santifica e a paz que consola através de Jesus Cristo. Os pecadores não podem ter a paz de Deus nem nada dEle, senão por meio de Cristo. Paulo dá graças pela conversão deles à fé de Cristo; essa graça lhes foi dada por Jesus. Eles foram enriquecidos por Ele com todos os dons espirituais. Fala de palavras e conhecimento. Onde Deus tem concedido estes dois dons, tem dado grande poder para o trabalho. Estes eram dons do Espírito Santo, pelos quais Deus dava testemunho dos apóstolos. Os que esperam a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, serão sustentados por Ele até o fim; estes serão livres de culpa no dia de Cristo, feitos assim pela rica e livre graça. Quão gloriosas são as esperanças de tal privilégio: estar resguardados pelo poder de Cristo, do poder das nossas corrupções e das tentações de Satanás! Vv. 10-16. Sede unânimes nas grandes coisas da religião; onde não há unidade de sentimentos, deve haver ao menos a união do afeto. O acordo nas coisas maiores deveria fazer minguar as divisões sobre as menores. No céu haverá perfeita união, e quanto mais nos aproximarmos dela na terra, mais perto chegaremos da perfeição. Paulo e Apolo eram ambos fiéis ministros de Jesus Cristo, e ajudantes de sua fé e gozo; porém, aqueles que estavam dispostos a ser beligerantes, dividiram-se em grupos. As melhores coisas estão tão

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1 Coríntios 1

Versículos 1-9: Saudações e agradecimento; 10-16: Exortação ao amor fraternal, e repreensão pelas divisões; 17-25: A doutrina do Salvador crucificado, que promove a glória de Deus; 26-31: E humilha a criatura diante dEle.

Vv. 1-9. Todos os cristãos são dedicados e consagrados a Cristo pelo batismo, e têm a estrita obrigação de serem santos, porque na verdadeira Igreja de Deus estão todos os santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, e que o invocam como o Deus manifestado na carne, para todas as bênçãos da salvação; os quais o reconhecem e obedecem como Senhor deles, e Senhor de tudo; não inclui outras pessoas. O cristão se distingue do profano e do ateu porque não ousa viver sem oração; e pode se distinguir dos judeus e pagãos, pois invoca o nome de Cristo.

Note com quanta frequência o apóstolo repete nestes versículos as palavras nosso Senhor Jesus Cristo. Temia não mencioná-lo com bastante honra e frequência. O apóstolo dá a saudação habitual a todos os que invocam a Cristo, desejando de Deus para eles a misericórdia que perdoa, a graça que santifica e a paz que consola através de Jesus Cristo.

Os pecadores não podem ter a paz de Deus nem nada dEle, senão por meio de Cristo. Paulo dá graças pela conversão deles à fé de Cristo; essa graça lhes foi dada por Jesus. Eles foram enriquecidos por Ele com todos os dons espirituais. Fala de palavras e conhecimento. Onde Deus tem concedido estes dois dons, tem dado grande poder para o trabalho. Estes eram dons do Espírito Santo, pelos quais Deus dava testemunho dos apóstolos.

Os que esperam a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, serão sustentados por Ele até o fim; estes serão livres de culpa no dia de Cristo, feitos assim pela rica e livre graça. Quão gloriosas são as esperanças de tal privilégio: estar resguardados pelo poder de Cristo, do poder das nossas corrupções e das tentações de Satanás!

Vv. 10-16. Sede unânimes nas grandes coisas da religião; onde não há unidade de sentimentos, deve haver ao menos a união do afeto. O acordo nas coisas maiores deveria fazer minguar as divisões sobre as menores. No céu haverá perfeita união, e quanto mais nos aproximarmos dela na terra, mais perto chegaremos da perfeição.

Paulo e Apolo eram ambos fiéis ministros de Jesus Cristo, e ajudantes de sua fé e gozo; porém, aqueles que estavam dispostos a ser beligerantes, dividiram-se em grupos. As melhores coisas estão tão sujeitas a corromper-se, que o Evangelho e suas instituições são transformados em motivos de discórdia e contenda. Satanás sempre tem se proposto a estimular a discórdia entre os cristãos, como um de seus principais intentos contra o Evangelho. O apóstolo deixou o batismo para os outros ministros, enquanto ele pregava o Evangelho, como obra mais útil.

Vv. 17-25. Paulo fora criado no ensino judaico, mas a clara pregação de Jesus crucificado era mais poderosa que toda a oratória e filosofia do mundo pagão. Esta é a suma e a essência do Evangelho. Cristo crucificado é o fundamento de todas as nossas esperanças, a fonte de todo o nosso gozo. Nós vivemos por sua morte. Ele explica e aplica fielmente a pregação da salvação dos pecadores perdidos pelos sofrimentos e pela morte do Filho de Deus, e esta parece loucura para os que caminham para a destruição. O sensual, o cobiçoso, o ambicioso e o orgulhoso notam igualmente que o Evangelho se opõe às suas obras preferidas. Porém, os que recebem o Evangelho e são iluminados pelo Espírito de Deus, notam mais da sabedoria e o poder de Deus na doutrina de Cristo crucificado, do que em todas as suas outras obras.

Deus deixou grande parte da humanidade livre para seguir os ditos da razão arrogante do homem, e os fatos têm mostrado que a sabedoria humana é néscia, e incapaz de encontrar ou reter o conhecimento

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de Deus como Criador. Agradou a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Pela loucura da pregação, não pelo que com justiça poderia chamar pregação louca, mas que o que era pregado era loucura para os homens sábios segundo o mundo. O Evangelho sempre foi e será algo néscio para todos os que vão pelo caminho da destruição. A mensagem de Cristo, entregue com simplicidade, tem sido sempre uma pedra de toque pela qual os homens podem saber por qual caminho viajam. Porém, a desprezada doutrina da salvação pela fé no Salvador crucificado, que compra a Igreja com seu sangue para salvar multidões da ignorância, do engano e do vício, tem sido bendita em todas as épocas. Os instrumentos mais fracos que Deus usa, são mais fortes em seus efeitos que os homens mais fortes. Não se trata de que haja atitudes néscias ou fraquezas em Deus, mas que o que os homens consideram como tais, superam toda a sua admirada sabedoria e poder.

Vv. 26-31. Deus não escolheu filósofos, oradores, estadistas, nem homens ricos, poderosos e interessados no mundo para divulgar o Evangelho de graça e paz. Antes julga quais são os homens adequados, e em que medida são capazes de servir aos propósitos de sua glória.

Ainda que não são muitos os nobres habitualmente chamados pela graça divina, têm havido alguns deles em todas as épocas, que não têm se envergonhado do Evangelho de Cristo porque as pessoas de todos os níveis necessitam da graça que perdoa. Muitas vezes o cristão humilde, ainda que pobre segundo o mundo, possui mais conhecimento verdadeiro do Evangelho do que aqueles que têm feito do estudo da letra das Escrituras o objetivo de suas vidas, mas que as estudam mais como testemunho de homens do que como Palavra de Deus.

Até as crianças adquirem grande conhecimento da verdade divina, a ponto de silenciar os infiéis. A razão é que Deus os ensina; a intenção é que nenhuma carne se glorie na sua presença. Esta distinção, a única na qual poderiam gloriar-se, não é deles mesmos. Foi pela opção soberana e pela graça regeneradora de Deus que eles estavam em Jesus Cristo por fé. Ele nos é feito por Deus sabedoria, justiça, santificação e redenção: tudo o que necessitamos ou podemos desejar. Nos é feito sabedoria para que por sua Palavra e Espírito, e por sua plenitude e tesouros de sabedoria e conhecimento, possamos receber tudo o que nos fará sábios para a salvação e aptos para todo serviço a que venhamos ser chamados. somos culpáveis, destinados ao justo castigo, mas Ele é feito justiça, nossa grande expiação e sacrifício. Somos pervertidos e corruptos; Ele é feito santificação, a fonte de nossa vida espiritual. DEle, que é a Cabeça, a santificação é dada ao seu corpo por seu Espírito Santo. Estamos escravizados, e Ele nos é feito redenção, nosso Salvador e Libertador. Onde Cristo for feito justiça para uma alma, também será feito santificação. Nunca absolve a culpa do pecado sem libertar de seu poder; é feito justiça e santificação, para que ao final seja feito redenção completa, e possa libertar a alma do ser de pecado e livrar o corpo das correntes do sepulcro. Isto é para que toda carne, conforme a profecia de Jeremias 9.23, possa se gloriar no favor especial, na graça absolutamente suficiente e na preciosa salvação de Jeová.

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Versículos 1-5: A maneira simples como o apóstolo prega a Cristo crucificado; 6-9: A sabedoria contida nesta doutrina; 10-16. Não pode ser devidamente conhecida senão pelo Espírito Santo.

Vv. 1-5. Em sua Pessoa, ofícios e sofrimentos, Cristo é a suma e a essência do Evangelho, e deve ser o grande tema da pregação de um ministro do Evangelho, mas não tanto como para deixar de fora as panes da verdade e da vontade revelada de Deus. Paulo pregava todo o conselho de Deus. Poucos conhecem o temor e o tremor dos ministros fiéis pelo profundo sentimento de sua própria fraqueza. Eles sabem quão insuficientes são e temem por si mesmos. Quando nada, senão o Cristo crucificado, é pregado com clareza, o êxito deve ser inteiramente do poder divino que acompanha a Palavra, e desta maneira, os homens são levados a crer na salvação de suas almas.

Vv. 6-9. Aqueles que recebem a doutrina de Cristo como divina e havendo sido iluminados pelo Espírito Santo, a observam bem, e não somente vêem a clara história de Cristo crucificado, como também os profundos e admiráveis desígnios da sabedoria divina. É o mistério manifestado aos santos (Cl 1.26),

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ainda que anteriormente escondido do mundo pagão; foi somente mostrado em tipificações obscuras e profecias distantes, mas agora é revelado e dado a conhecer pelo Espírito de Deus. Jesus Cristo é o Senhor da glória, título demasiadamente grande para qualquer criatura. Há muitas coisas que as pessoas não fariam se conhecessem a sabedoria de Deus na grande obra da redenção. Há coisas que Deus tem preparado para os que o amam e o esperam, que os sentidos não podem descobrir, que nenhum ensino pode transmitir aos nossos ouvidos, nem ainda podem entrar em nossos corações. Devemos tomá-las como estão nas Escrituras, como Deus as quis revelar-nos.

Vv. 10-16. Deus nos tem revelado a verdadeira sabedoria por seu Espírito. Esta é uma prova da autoridade divina das Sagradas Escrituras (2 Pe 1.21).

Observe este fato como prova da divindade do Espírito Santo, que conhece e esquadrinha todas as coisas, mesmo as profundezas de Deus. Ninguém pode saber das coisas de Deus, senão o seu Espírito Santo, que é um com o Pai e o Filho, e que dá a conhecer os mistérios divinos à sua Igreja. Este é um testemunho muito claro da verdadeira divindade e da personalidade do Espírito Santo.

Os apóstolos não foram guiados por princípios mundanos. Receberam do Espírito de Deus a revelação destas coisas, e do mesmo Espírito receberam sua impressão salvadora. Estas coisas são as que declararam com uma linguagem clara e simples, ensinando pelo Espírito Santo, totalmente diferente da afetada oratória ou palavras sedutoras da sabedoria humana. O homem natural, o homem sábio do mundo, não recebe as coisas do Espírito de Deus. A soberba da argumentação carnal é tão oposta à espiritualidade quanto a sensualidade mais baixa. A mente santa discerne as verdadeiras belezas da santidade, mas não perde o poder de discernir e julgar as coisas comuns e naturais. O homem carnal é estranho aos princípios, alegrias e ações da vida divina. somente o homem espiritual é uma pessoa a quem Deus dá o conhecimento de sua vontade. Quão pouco ele tem conhecido a mente de Deus pelo poder natural! O Espírito capacitou os apóstolos para que conhecessem a sua mente. A mente de Cristo, e a mente de Deus em Cristo, nos são dadas a conhecer plenamente nas Sagradas Escrituras. O grande privilégio dos cristãos é que têm a mente de Cristo, que lhes é revelada por seu Espírito. Eles experimentam o seu poder santificador em seus corações e dão bons frutos em suas vidas,

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Versículos 1-4: Os coríntios são repreendidos por suas discussões; 5-9: Os verdadeiros servos de Cristo não podem fazer nada sem Ele; 10 15: Ele é o único fundamento, e cada um deve ter cuidado com o que edifica sobre Ele; 11-17: As igrejas de Cristo devem se manter puras e ser humildes; 18-23: Não devem gloriar-se nos homens, porque os ministros e todas as demais coisas são suas por meio de Cristo.

Vv. 1-4. As verdades mais claras do Evangelho, quanto à pecaminosidade do homem e a misericórdia de Deus, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, expressas na linguagem mais simples, são melhor recebidas pelas pessoas do que os mistérios mais profundos. Os homens podem ter muito conhecimento doutrinário, e serem somente principiantes na vida de fé e experiência.

As discussões e as discórdias sobre a religião são tristes provas de carnalidade. A verdadeira religião torna os homens pacíficos, não belicosos. Devemos lamentar que muitos dos que deveriam andar como cristãos, vivem e agem demasiadamente como os demais homens. Muitos professos e pregadores também mostram que são carnais, até por discórdias vangloriosas, pela ansiedade para debater e a facilidade para desprezar a outros e falar mal deles.

Vv. 5-9. Os ministros pelos quais os coríntios discutiam eram somente instrumentos usados por Deus. Não devemos colocar os ministros no lugar de Deus. O que planta e o que rega são um, empregados por um Mestre, encarregados da mesma revelação, ocupados em uma obra e dedicados a uma mesma intenção. Têm dons diferentes, do único e mesmo Espírito, para os mesmos propósitos; e devem executar de todo coração a mesma intenção. As coisas irão melhor para aqueles que trabalham mais arduamente. Os que forem mais fiéis terão uma recompensa maior. Trabalham com Deus para promover os propósitos de sua glória e a salvação das almas preciosas; e aquEle que conhece a sua obra

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se ocupará de que não trabalhem em vão. São empregados em sua vinha e em sua casa, e Ele se ocupará cuidadosamente deles.

Vv. 10-15. O apóstolo era um perito construtor, mas foi a graça de Deus que o capacitou desta maneira. O orgulho espiritual é abominável, e usa os maiores favores de Deus para alimentar a nossa vaidade, e fazer de nós mesmos ídolos. Todo homem deve se cuidar: pode haver má edificação sobre um fundamento bom. Nada dever ser colocado em cima, senão o que o fundamento suporta, e que forme só uma peça com Ele. Não devemos nos atrever a unir uma vida meramente humana ou carnal com a fé divina, a corrupção do pecado com a confissão do cristianismo. Cristo é a Rocha eterna, firme e imutável; capaz de suportar de todas as maneiras, todo o peso que o próprio Deus ou o pecador possam colocar sobre Ele; também não há salvação em nenhum outro. Se a doutrina de sua expiação for retirada, não haverá fundamento para as nossas esperanças.

Há duas classes dos que se apóiam neste fundamento. Alguns não se apegam a nada a não ser à verdade em Jesus, e não pregam outra coisa. Outros edificam sobre o bom fundamento algo que não será aprovado no dia da prova. Cada um de nós pode se equivocar consigo mesmo e com os demais, porém vem o dia em que as nossas ações serão mostradas sob a luz verdadeira, sem encobrimentos nem disfarces. Aqueles que anunciarem a verdadeira e pura religião em todos os seus aspectos e cuja obra permanecer no grande dia, receberão uma grande recompensa! Quanto mais excederão as suas deserções! Há outros cujas corruptas opiniões e doutrinas e vãs invenções e práticas no culto a Deus serão reveladas, censuradas e rejeitadas naquele dia. Isto claramente é dito referindo-se a um fogo figurado, não a um real; que fogo real pode consumir rituais ou doutrinas religiosas? Este fogo é para provar as obras de cada homem, as de Paulo, as de Apolo e as de outros. Consideremos a tendência de nossas obras, comparemo-las com a Palavra de Deus, e julguemos a nós mesmos para que não sejamos julgados pelo Senhor.

Vv. 16,17. De outras partes da epístola surge que os falsos mestres dos coríntios ensinavam doutrinas ímpias. Tal ensino tendia a corromper, a contaminar e a destruir o edifício que deve manter-se puro e santo para Deus. Os que difundem princípios relaxados, que tornam a Igreja de Deus impura, acarretam destruição a si mesmos. Cristo habita em todos os crentes verdadeiros por seu Espírito. Os cristãos são santos por profissão de fé e devem ser puros e limpos de coração e de conversação. Engana-se aquele que se considera templo do Espírito Santo, mas não se preocupa com a santidade pessoal ou com a paz e a pureza da Igreja.

Vv. 18-23. Ter uma opinião elevada de nossa própria sabedoria é adularmos a nós mesmos, e a adulação de si mesmo é o passo que precede a decepção sobre si mesmo. A sabedoria que os homens mundanos estimam é néscia para Deus. Com quanta justiça Ele despreza e com quanta facilidade Ele pode confundi-los e impedir o seu progresso! Os pensamentos dos homens mais sábios do mundo têm vaidade, debilidade e são néscios para eles. Tudo isto deve nos ensinar a ser humildes e nos tornar dispostos para ser ensinados por Deus, como para que as pretensões da sabedoria e perícia humana não nos desviem das claras verdades reveladas por Cristo. A humanidade tem a tendência de se opor ao desígnio das misericórdias de Deus.

Observe as riquezas espirituais do crente verdadeiro: "Todas são suas" até os ministros e as ordenanças, sim, o próprio mundo é teu. Os santos têm tanto deste quanto a sabedoria infinita estimar conveniente para eles, e o possuem com a bênção divina. A vida é tua para que tenhas tempo e oportunidade de preparar-te para a vida no céu; e a morte é tua para que possas ir a possuí-lo. Ela é o bom mensageiro que te tira do pecado e do sofrimento, e te guia à casa de teu Pai. As coisas presentes são tuas para te sustentar no caminho; as coisas vindouras são tuas para te deleitares para sempre ao final de tua viagem. se pertencemos a Cristo e somos leais a Ele, todo o bem nos pertence e está assegurado para nós. Os crentes são os súditos de seu reino. Ele é o nosso Senhor; devemos reconhecer o seu domínio e nos submetermos alegremente às suas ordens. Deus em Cristo, reconciliando consigo mesmo o mundo pecador, e derramando as riquezas de sua graça sobre um mundo reconciliado) é a suma e a essência do Evangelho.

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Versículos 1-6: O verdadeiro caráter dos ministros do Evangelho; 7-13: Precauções contra o desprezo para com o apóstolo; 14-21: O apóstolo reclama a consideração deles como seu pai espiritual em Cristo, e mostra a sua preocupação por eles.

Vv. 1-6. Os apóstolos eram somente servos de Cristo, mas não deveriam ser menosprezados. Haviam recebido uma grande missão, e por isto tinham um ofício honroso. Paulo tinha uma justa preocupação por sua reputação, mas sabia que aquele que pretende agradar os homens não será um servo fiel de Cristo. É consolador que os homens não sejam os nossos juizes definitivos. Não é fazer um bom juízo de nós mesmos, nem justificar-nos que nos dará finalmente segurança e felicidade. Nosso próprio juízo sobre a nossa fidelidade não é mais confiável que as nossas próprias obras para a nossa justificação.

Vem o dia em que os pecados secretos dos homens serão trazidos à luz, e os segredos de seus corações serão descobertos. Então, todo crente caluniado será justificado, e todo servo fiel será aprovado e recompensado. A Palavra de Deus é a melhor regra pela qual julgar os homens. Não nos envaideçamos uns contra os outros, pois devemos nos lembrar que somos instrumentos empregados por Deus e dotados por Ele com talentos variados.

Vv. 7-13. Não temos razão para ser orgulhosos; tudo o que temos, somos ou fazemos que seja bom, deve-se à rica e livre graça de Deus. Um pecador arrebatado da destruição pela graça soberana será muito incoerente e agirá de maneira absurda se ensoberbecer-se das dádivas gratuitas de Deus. Paulo explica as suas próprias circunstâncias (v. 9). Faz alusão aos cruéis espetáculos das diversões romanas, onde forçava-se os homens a cortarem uns aos outros em pedaços, para divertir o povo; e onde o vencedor não escapava vivo, mesmo que destruísse seu adversário, porque era conservado somente para mais outro combate, e até que fosse morto. Pensar que há muitos olhos postos sobre os crentes quando lutam com dificuldades ou tentações, deve estimular a coragem e a paciência. somos fracos, mas somos fortes. Todos os cristãos não são expostos por igual. Alguns sofrem tribulações maiores do que outros.

O apóstolo começa a detalhar os seus sofrimentos. E quão gloriosas são a caridade e a devoção que os fazem passar por todas estas aflições! sofreram em suas pessoas e caráter como os piores e mais vis dos homens, como a própria imundícia do mundo, que deveria ser varrida; sim, como o resto de todas as coisas, a escória de todas as coisas. Todo aquele que deseja ser fiel a Cristo deve preparar-se para enfrentar situações que procurem levá-lo à pobreza ou ao desprezo. seja o que for que os discípulos de Cristo sofram da parte dos homens, devem seguir o exemplo e cumprir os preceitos e a vontade de seu Senhor. Devem estar contentes com Ele e por Ele, por serem submetidos a desprezos e abusos. É muito melhor ser rejeitado, desprezado e suportar abusos, como aconteceu com Paulo, do que ter a boa opinião e o favor do mundo. Ainda que sejamos desprezados pelo mundo como vis, ainda assim, seremos preciosos para Deus, reunidos por suas próprias mãos e colocados em seu trono.

Vv. 14-21. Ao repreender o pecado devemos distinguir entre os pecadores e os seus pecados. As desaprovações que são feitas com bondade e afeto podem transformar. Ainda que o apóstolo falasse com autoridade de pai, preferia rogar-lhes com amor. Como os ministros devem dar o exemplo, os outros devem segui-lo enquanto seguem a Cristo em fé e prática. Os cristãos podem errar e diferir em seus pontos de vista, mas Cristo e a verdade cristã são os mesmos ontem, hoje e para sempre. Aonde quer que o Evangelho for eficaz, não somente vai com a Palavra, mas também com poder pelo Espírito Santo, fazendo reviver pecadores mortos, livrando as pessoas da escravidão do pecado e de Satanás, renovando-os por dentro e por fora e consolando, fortalecendo e confirmando aos santos, o que não pode ser feito com palavras persuasivas de homens, mas pelo poder de Deus. E é uma condição feliz quando um espírito de amor e mansidão usa a vara, porém, mantendo uma justa autoridade.

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Versículos 1-8: O apóstolo culpa os coríntios de cumplicidade com uma pessoa incestuosa; 9-13: Dá ordens quanto à conduta para com os culpáveis de delitos escandalosos.

Vv. 1-8. O apóstolo nota um abuso flagrante, diante do qual os coríntios faziam vistas grossas. O espírito festivo e a falsa noção de liberdade cristã parece haver salvado da censura o que praticou o ato. sem dúvida é penoso que às vezes, aqueles que professam o Evangelho cometam delitos dos quais até os pagãos se envergonhariam. O orgulho espiritual e as falsas doutrinas tendem a introduzir e a disseminar tais escândalos. Quão temíveis são os efeitos do pecado! O Diabo reina onde Cristo não reina. O homem está sob o poder de Satanás quando não está em Cristo.

O mau exemplo de um homem influente é muito danoso e disseminado por todas as partes. Os princípios e exemplos corruptos causam dano a toda a Igreja se não forem corrigidos. Os crentes devem ter novos corações e levar vidas novas. A conversação habitual deles e as suas obras religiosas devem ser santas. Tão longe está o sacrifício de Cristo, nossa Páscoa, por nós, de fazer desnecessária a santidade pessoal e pública, que dá poderosas razões e motivos para ela. Sem santidade não podemos viver por fé nEle, nem unirmos as suas ordenanças com consolo e proveito. Vv. 9-13. Os cristãos devem evitar a familiaridade com os que desprestigiam o nome cristão. Os tais são companhias convenientes para os seus irmãos de pecado, e devem ser deixados nessa companhia, todas as vezes que for possível fazê-lo. Infelizmente há alguns que são chamados de cristãos, cuja convivência é mais perigosa que a dos pagãos!

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Versículos 1-8: Advertências contra recorrer à lei dos tribunais pagãos; 9-11: Pecados que excluem do reino de Deus, se alguém viver morrer neles; 12-20: Nossos corpos, membros de Cristo e templos do Espírito Santo, e não devem ser contaminados.

Vv. 1-8. Os cristãos não devem contender uns com os outros porque são irmãos. Esta orientação evitaria muitos juízos legais, e acabaria com muitas dissensões e disputas se fosse devidamente atendida. Nos assuntos que muito prejudicam a nós e às nossas famílias, poderíamos recorrer aos meios legais para fazer justiça, mas os cristãos devem agir com o perdão. Julgai vós mesmos os assuntos em disputa antes de ir às cortes por causa deles, são futilidades e podem ser resolvidos facilmente se alguém vencer primeiramente o seu próprio espírito, suportando e tolerando, os homens mais prudentes entre nós serão capazes de acabar com a disputa.

Envergonha saber que entre os cristãos, pelejas de pouca importância cresçam de tal maneira que os irmãos não possam resolvê-las. A paz mental do homem e a tranquilidade de seu próximo valem mais que a vitória. Os juízos legais não podem ter lugar entre irmãos, a menos que haja faltas neles.

Vv. 9-11. Os coríntios são advertidos a respeito de muitos e grandes males, dos quais haviam sido culpáveis antes. Há muita força nestas perguntas, quando consideramos que se dirigem a um povo envaidecido com a ilusão de ser superior aos demais em sabedoria e conhecimento. Toda injustiça é pecado; todo pecado reinante, sim, todo pecado atual, cometido de modo intencional, e do qual o pecador não se arrepende, exclui do reino do céu. Não vos enganeis.

Os homens se inclinam muito a agradarem a si mesmos e acharem que podem viver em pecado, porém, morrer em Cristo e ir para o céu. Contudo, não podemos esperar que semeando na carne colhamos vida eterna. são recordados da transformação realizada neles pelo Evangelho e pela graça de Deus. O sangue de Cristo e a lavagem da regeneração podem tirar toda a culpa. Nossa justificação se deve aos sofrimentos e aos méritos de Cristo; nossa santificação à obra do Espírito Santo, mas ambas andam juntas. Todos os que são feitos justos aos olhos de Deus, são feitos santos pela graça de Deus.

Vv. 12-20. Alguns dos coríntios parecem ter estado prontos para dizer: "Todas as coisas me são lícitas". Paulo se opõe a este perigoso engano. Há uma liberdade com a qual Cristo nos tem feito livres, na qual

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devemos nos firmar, mas com toda segurança, o cristão nunca deve se colocar debaixo do poder de um apetite carnal, qualquer que seja. O corpo é para o Senhor, e deve ser instrumento de justiça para a santidade; portanto, não deve ser instrumento de pecado. É uma honra para o corpo o fato de Jesus Cristo ter sido levantado dentre os mortos; e será uma honra para os nossos corpos serem ressuscitados. A esperança da ressurreição em glória deve guardar os cristãos de desonrarem os seus corpos com luxúrias carnais.

Se a alma se une a Cristo por fé, todo o homem torna-se membro de seu corpo espiritual. Outros vícios podem ser derrotados com luta, mas contra o que aqui somos advertidos, somente com fuga. Grandes multidões são exterminadas por estes vícios em suas variadas formas e consequências. seus efeitos não somente caem diretamente sobre o corpo, mas também na mente. Nossos corpos foram redimidos da merecida condenação e da mísera escravidão pelo sacrifício expiatório de Cristo. Devemos ser limpos, como vasos dignos para o uso de nosso Mestre. Estando unido a Cristo com um só espírito, e comprado por um preço incalculável, o crente deve considerar-se como sendo totalmente do Senhor, pelos laços mais fortes. Que glorificar a Deus seja a nossa atividade até o último dia e hora de nossa vida, com nossos corpos e com nossos espíritos, que são dEle.

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Versículos 1-9: O apóstolo responde várias perguntas sobre o casamento; 10-16. Os cristãos casados não devem se separar de seu cônjuge não convertido; 17-24: As pessoas em qualquer estado permanente devem ficar neste estado; 25-35: Era muito desejável, por causa dos dias perigosos, que as pessoas se desligassem deste mundo; 36-40: Deve-se empregar grande prudência no casamento; este deve ser unicamente no Senhor.

Vv. 1-9. O apóstolo disse aos coríntios que naquela circunstância seria bom que os cristãos permanecessem solteiros. Contudo, disse que o matrimónio e as consolações deste estado têm sido estabelecidas pela sabedoria divina. Ainda que ninguém possa transgredir a lei de Deus, esta regra perfeita deixa os homens em liberdade de servi-lo da maneira mais apropriada aos seus poderes e circunstâncias, das quais os demais não costumam ser bons juízes.

Vv. 10-16. Marido e mulher não devem separar-se por nenhuma outra causa além daquela permitida por Cristo. Naquela época o divórcio era muito comum entre os judeus e gentios, com pretextos muito levianos. O casamento é uma instituição divina, um compromisso para toda a vida por desígnio de Deus. Estamos obrigados, naquilo que nos concerne, a viver em paz com todos os homens (Rm 12.18), portanto, a promover a paz e o consolo de nossos parentes mais próximos, mesmo que sejam incrédulos. Deve ser tarefa e preocupação dos casados dar um ao outro a maior comodidade e felicidade. O cristão deve abandonar o seu cónjuge quando há oportunidade para dar uma grande prova de amor? Permaneça em sua posição diante do Senhor e trabalhe de todo o coração para a conversão dele. O Senhor nos tem chamado para a paz em todas as situações e relacionamentos, e tudo deve ser feito para promover a harmonia, à medida que a verdade e a santidade o permitam.

Vv. 17-24. As regras do cristianismo alcançam todas as condições; o homem pode viver em todas as situações fazendo com que estas tenham prestígio. O dever de todo cristão é contentar-se com sua sorte e conduzir-se em sua posição social e lugar como corresponde ao cristão. Nosso consolo e felicidade dependem do que somos para Cristo, não do que somos no mundo. Nenhum homem deve pensar em fazer de sua fé ou religião um argumento para transgredir obrigações civis ou naturais. Deve estar contente e calado na condição em que foi colocado pela providência divina.

Vv. 25-35. Considerando a angústia destes tempos, era melhor permanecer solteiro. Contudo o apóstolo não condena o casamento. Quantos se opõem ao apóstolo Paulo, aqueles que proíbem a muitos de se casar e os enredam com votos para permanecerem solteiros, sem dar-lhes a chance de considerar se deveriam ou não fazê-lo!

Exorta a todos os cristãos a terem santa indiferença em relação ao mundo. Quanto aos relacionamentos: não devem colocar os seus corações nos benefícios de seu estado. Quanto às aflições: não devem cair em tristeza segundo o mundo porque o coração pode estar feliz ainda que passando por

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aflições. Quanto aos prazeres do mundo: o nosso repouso não é aqui. Quanto à ocupação mundana: aqueles que prosperam no comércio e têm a sua riqueza aumentada, devem ter as suas posses como senão as tivessem. Quanto às preocupações mundanas: devem manter o mundo fora de seus corações para que não abusem deste quando o tiverem em suas mãos. Todas as coisas mundanas são puro espetáculo: nada sólido. Tudo passará rapidamente. A sábia preocupação pelos interesses do mundo é um dever, mas estar completamente preocupado e ansioso a ponto de estar em confusão é pecado.

Com esta regra o apóstolo resolve o caso, sobre a questão de se é ou não aconselhável casar-se. O melhor estado na vida para o homem é aquele que é melhor para a sua alma, e que o mantenha mais resguardado dos afãs e dos enganos do mundo. Reflitamos sobre os benefícios e os enganos de nosso próprio estado na vida, para que possamos aperfeiçoar a uns e, dentro do possível, escapar de todos os danos por parte de outros. sejam quais forem as preocupações que nos pressionem, sempre devemos deixar tempo para as coisas do Senhor.

Vv. 36-40. Pensa-se que o apóstolo aconselha aqui sobre a entrega das filhas ao casamento. O significado geral deste ponto de vista é claro. Os filhos devem procurar e seguir as instruções de seus pais acerca do casamento. Os pais devem consultar os desejos de seus filhos, sem pensar que têm poder para fazer com eles e dar-lhes ordens como lhes agradar, mas sem razão.

Termina com um conselho para as viúvas. O segundo casamento não é ilícito, sempre que se tiver presente o casar-se no Senhor. Ao escolher relacionamentos e mudanças de estado civil, sempre devemos nos guiar pelo temor a Deus e pelas suas leis, dependendo da providência de Deus. A mudança de estado somente pode ser feita após cuidadosa consideração, e sobre a base provável de que será de proveito para as nossas preocupações espirituais.

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Versículos 1-6. O perigo de se desprezar demais o conhecimento; 7-13: O mal de ofender aos irmãos mais fracos.

Vv. 1-6. Não há prova de ignorância mais comum que o orgulho de ser sábio. Tendo um bom propósito, muito se pode saber ainda que nada se saiba. Aqueles que pensam que sabem tudo e se envaidecem por isto, provavelmente são os que menos fazem bom uso de seu saber. Satanás causa dano a alguns tentando-os a orgulharem-se de poderes mentais, enquanto seduz outros por meio da sensualidade. O conhecimento que ensoberbece o seu possuidor e torna-o confiado é tão perigoso quanto o orgulho da justiça própria, mesmo que se saiba que pode ser correto. sem santo amor, todo conhecimento mundano perde o seu valor. Os pagãos tinham deuses de alto e baixo nível, muitos deuses, muitos senhores; assim os chamavam, mas nenhum era verdadeiro. Os cristãos sabem. Um Deus fez tudo e tem poder sobre tudo. O único Deus, o Pai, significa a divindade como o único objeto de toda adoração religiosa; e o Senhor Jesus Cristo denota a pessoa do Emanuel, Deus manifestado na carne, um com o Pai e conosco; o Mediador nomeado, e Senhor de tudo; por meio do qual vamos ao Pai, e por meio do qual o Pai nos envia todas as bênçãos pelo poder e pela obra do Espírito Santo. Ao recusar toda a adoração aos muitos que são chamados deuses e senhores, e aos santos e anjos, provamos se realmente vamos a Deus por meio da fé em Cristo.

Vv. 7-13. Comer um tipo de alimento e abster-se de outro não tem nada em si como mérito de uma pessoa diante de Deus, mas o apóstolo adverte sobre o perigo de se colocar uma pedra de tropeço no caminho dos mais fracos, para que não aconteça de comerem o que é oferecido aos ídolos, não como comida comum, mas como sacrifício, e, por isto, serem culpáveis de idolatria. O que tem o Espírito de Cristo em si amará aos que Cristo amou, tanto que morreu por eles. O dano causado aos cristãos é feito a Cristo; porém, sobretudo, o fazê-los sentirem-se culpados, ferir suas consciências é ferir a Ele.

Devemos ter muito cuidado para não fazermos algo que possa produzir uma pedra de tropeço a outras pessoas, ainda que isto em si seja inocente. se não devemos colocar as almas alheias em perigo, quanto mais devemos cuidar de não destruir a nossa própria! Que os cristãos evitem aproximarem-se do

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abismo do mal ou da sua aparência, ainda que muitos o façam em assuntos públicos, pelo que talvez se defendam. Os homens não podem pecar contra os seus irmãos sem ofender a Cristo e colocar as suas próprias almas em perigo.

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Versículos 1-14: O apóstolo mostra sua autoridade e afirma o seu direito a ser sustentado; 15-23: Despreza esta parte de sua liberdade cristã para o bem dos demais; 24-27: Fez tudo com cuidado e diligência tendo em vista a coroa incorruptível.

Vv. 1-14. Não é nenhuma novidade que se responda a um ministro de maneira nada amável como retribuição de sua boa vontade para com as pessoas, e por realizarem um serviço diligente e coroado de êxito entre eles. Tinha direito de casar-se como os demais apóstolos, e a reclamar das igrejas o que fosse necessário para a sua esposa e filhos, se os houvesse tido, sem ter que trabalhar com suas próprias mãos para obter recursos.

Àqueles que procuram fazer o bem às nossas almas, deve-se prover-lhes a sua alimentação. Porém, Paulo renunciou o seu direito para não impedir seu êxito pelo fato de reclamá-lo. É um dever do povo manter o seu ministro. Podem abrir mão de seu direito como fez Paulo, mas aqueles que negam ou retém o devido sustento transgridem um preceito de Cristo.

Vv. 15-23. A glória do ministro é negar-se a si mesmo para servir a Cristo e salvar as almas. Porém, quando o ministro renuncia o seu direito por amor ao Evangelho, faz mais do que demanda o seu ofício e cargo. Ao pregar gratuitamente o Evangelho, o apóstolo demonstra que a sua atitude está baseada em princípios de zelo e amor, e desta maneira desfruta de muito consolo e esperança em sua alma.

Ainda que considerasse a lei cerimonial como um jugo que foi tirado por Cristo, submetia-se a ela para trabalhar entre os judeus, eliminar os seus preconceitos, conseguir quer eles ouvissem o Evangelho e ganhá-los para Cristo. Mesmo que não transgredindo as Íeis de Cristo por agradar ao homem, contudo adequava-se a todos os homens, enquanto pudesse fazê-lo licitamente para ganhar alguns. Fazer o bem era a preocupação e a atividade da sua vida, e para alcançar este objetivo não reclamava seus privilégios. Devemos estar alertas contra os extremos, e não confiarmos em qualquer coisa, senão em Cristo. Não devemos permitir erros ou faltas que firam aos demais ou prejudiquem o Evangelho. Vv. 24-27. O apóstolo se compara com os atletas corredores e com os combatentes dos jogos ístmicos, bem conhecidos pelos coríntios. Porém, na carreira cristã, todos podem correr para ganhar. Portanto, este é o maior alento para perseverar nesta carreira com todas as nossas forças. Os que corriam nestes jogos mantinham-se com uma dieta magra, se acostumavam às dificuldades e se exercitavam. Os que procuram os interesses de suas almas devem pelejar com força contra as luxúrias carnais. Não se deve tolerar que o corpo mande. O apóstolo enfatiza este conselho aos coríntios. Expõe ante si mesmo e ante eles o perigo de render-se aos desejos carnais, cedendo ao corpo e às suas luxúrias e apetites. se o santo temor de si mesmo era necessário para manter um apóstolo fiel, quanto mais é necessário para a nossa preservação! Aprendamos aqui a humildade e a cautela, e a vigiar contra os perigos que nos rodeiam enquanto estivermos neste corpo.

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Versículos 1-5: Os grandes privilégios dos israelitas, contudo, são lançados no deserto; 6-14: Precauções contra todos os idólatras e outros costumes pecaminosos; 15-22: A participação na idolatria não pode coexistir com a comunhão com Cristo; 23-33: Tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus e sem ofender a consciência do próximo.

Vv. 1-5. O apóstolo expõe diante dos coríntios o exemplo da nação judaica do passado, para dissuadi-los da comunhão com os idólatras e da segurança em algum caminho pecaminoso. Por um milagre atravessaram o Mar Vermelho, onde o exército egípcio, que os perseguia, foi afogado. Para eles este fato tipificou o batismo. O maná do qual se alimentavam, tipificava Cristo crucificado, o Pão que desceu do céu, e os que dEle comerem viverão para sempre.

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Cristo é a Rocha sobre a qual a Igreja cristã está edificada; e dos ribeiros que dali surgem, todos os crentes bebem e se refrescam. Isto tipifica as influências sagradas do Espírito Santo, que é dado aos crentes por meio de Cristo. Porém, que ninguém presuma de seus grandes privilégios ou de sua profissão da verdade: elas não asseguram a felicidade celestial.

Vv. 6-14. Os desejos carnais são fortalecidos com a indulgência; portanto, devem ser refreados em sua primeira aparição. Temamos cometer os mesmos pecados de Israel, se quisermos evitar as suas pragas. É justo temer que os que assim tentam a Cristo sejam deixados por Ele à mercê do poder da antiga serpente. Murmurar contra as disposições e os mandamentos de Deus é uma extrema provocação. A Palavra não foi escrita em vão, .e seremos sábios aprendendo dela. Outros têm caído, o que significa que nós também estamos sujeitos a cair. A segurança cristã contra o pecado é desconfiar de si mesmo. Deus não tem prometido impedir que caiamos se não cuidarmos de nós mesmos. Adiciona-se uma palavra de consolo a esta palavra de cautela. Os demais têm cargas semelhantes, e tentações parecidas; nós também podemos suportar o que eles suportam e sair adiante.

Deus é sábio e fiel, e fará com que as nossas cargas sejam segundo a nossa força. Ele sabe o que podemos suportar. Dará uma via de escape; livrará da própria prova, ou pelo menos, da maldade desta. Temos um estímulo pleno para fugir do pecado e sermos fiéis a Deus. Não cairemos em tentação se nos apegarmos fortemente a Ele. Não importa se o mundo sorria ou se ire, é um inimigo; porém, os crentes serão fortalecidos para vencer o mundo, com os seus terrores e seduções. O temor do Senhor em seus corações será o melhor meio de segurança.

Vv. 15-22. Unir-se à ceia do Senhor não mostra uma profissão de fé em Cristo crucificado e de agradecida adoração por sua salvação? Os cristãos eram unidos por esta ordenança e pela fé professada por ela, como os grãos de trigo em um pão, ou como os membros do corpo humano; todos estão unidos a Cristo, têm comunhão com Ele e uns com os outros. Isto é confirmado pela adoração e pelos costumes judaicos do sacrifício. O apóstolo aplica isto a comer com os idólatras. Comer o alimento como parte de um sacrifício pagão era adorar ao ídolo ao qual era oferecido, e confraternizar ou ter comunhão com este; o que come a ceia do Senhor é contado como participante do sacrifício cristão, ou como os que comiam dos sacrifícios judaicos participavam do que era oferecido em seu altar. Era negar o cristianismo, porque não pode haver ao mesmo tempo a comunhão com Cristo e a comunhão com os demônios. se os cristãos se arriscam a ir a certos lugares, e se unem aos sacrifícios oferecidos à concupiscência da carne, à dos olhos e à vanglória da vida, provocarão a Deus.

Vv. 23-33. Havia casos em que os cristãos podiam comer o que era oferecido aos ídolos sem pecar, por falta de conhecimento, quando o sacerdote, a quem a carne havia sido entregue, a vendia no mercado como alimento comum. Contudo, o cristão não deve considerar somente o que é lícito, mas o que é conveniente e edificar os demais. O cristianismo não prole em absoluto os ofícios comuns da bondade, nem permite a conduta descortês com ninguém, por mais que eles difiram de nós em sentimentos e costumes religiosos. Isto não se aplica às festividades religiosas, à participação no culto idólatra. segundo este conselho do apóstolo, os cristãos devem ter o cuidado de não usar a sua liberdade para prejudicar ao próximo, ou para a sua própria reprovação. Ao comer e ao beber e em tudo o que fizermos, devemos fazê-lo para a glória de Deus, para agradá-lo e honrá-lo. Esta é a grande finalidade de toda religião, e nos serve como direção quando não existirem regras expressas. Um espírito piedoso, pacífico e benevolente desarmará os maiores inimigos.

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Versículos 1: Saudação; 2-16. O apóstolo corrige alguns abusos; 17-22: Corrige discussões, divisões e desordem nas celebrações da ceia do Senhor; 23-26. Lembra-os da natureza e do desígnio de sua instituição; 2 7-34: E os instrui sobre como participar dela da maneira correta.

Vv. 1. O primeiro versículo deste capítulo parece apropriado para concluir o capítulo anterior. O apóstolo não somente prega a doutrina em que eles deveriam crer, mas o modo de vida que devem

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viver. Uma vez que Cristo é o nosso exemplo perfeito, as ações e a conduta dos homens acerca das Escrituras deveriam ser seguidas, somente à medida que sejam como as atitudes dEle.

Vv. 2-16. Aqui começam os detalhes acerca das assembléias públicas, (capítulo 14). Alguns abusos haviam se introduzido na abundância de dons espirituais concedidos aos coríntios; porém, como Cristo fez a vontade de Deus, cuja honra procurou, assim o cristão deve confessar sua submissão a Cristo, fazendo a sua vontade e procurando a sua glória. Devemos, até em nossas vestes e hábitos, evitar tudo o que possa desonrar a Cristo.

A mulher foi submetida ao homem porque foi criada para sua ajuda e consolo. Ela não deve fazer nada nas assembléias cristãs que pareça uma pretensão de ser igual ao homem. Ela deve ter um sinal de potestade sobre a sua cabeça, isto é, um véu, por causa dos anjos. A presença deles deve guardar os cristãos de tudo o que é mau enquanto adoram a Deus. Contudo, o homem e a mulher foram feitos um para o outro. seriam consolação e bênção mútua; ela não seria uma escrava e ele um tirano. Deus tem estabelecido todas as coisas, no reino da providência e da graça, de modo que a autoridade e a sujeição de cada parte sejam para ajuda e benefício mútuo. Era costume nas igrejas que as mulheres se apresentassem usando um véu nas assembléias públicas, e assim ingressassem na adoração em público; e era bom que fizessem assim. A religião cristã sanciona os costumes nacionais onde quer que estes não sejam contrários aos grandes princípios da verdade e da santidade; as peculiaridades afetadas não recebem nenhum consentimento bíblico.

Vv. 17-22. O apóstolo repreende as desordens na celebração da ceia do Senhor. As ordenanças de Cristo, se não nos tornarem melhores por causa de nossa desobediência, terão a tendência de piorar a nossa situação, se o uso delas não corrigir, endurecerá. Ao se reunirem, eles caíram em divisões e partidarismos. Os cristãos podem se separar da comunhão uns dos outros, mas ainda serem caridosos uns com os outros; ou podem continuar na mesma comunhão, mas sem serem caridosos. Este último caso é uma divisão maior do que o primeiro.

Participar da ceia do Senhor de forma descuidada e irregular acrescenta a culpa. Parece que muitos coríntios ricos agiram de maneira má na participação da mesa do Senhor, ou nas festas fraternais que aconteciam ao mesmo tempo que a ceia do Senhor. O rico desprezava o pobre, comia e bebia das provisões que trazia e não permitia que o pobre participasse; assim, alguns ficavam sem nada, enquanto outros tinham mais que o suficiente. O que deveria ser um vínculo de amor e afeto mútuo, foi transformado em instrumento de discórdia e desunião. Devemos ser cuidadosos para que nada de nossa conduta à mesa do Senhor pareça desconsiderar esta sagrada instituição. A ceia do Senhor não é, agora, uma ocasião de glutonaria ou de festa, mas às vezes, pode converter-se em um apoio para a soberba da justiça própria ou em um manto para a hipocrisia! Não descansemos nas formas exteriores de adoração, mas examinemos os nossos corações.

Vv. 23-34. O apóstolo descreve a ordenança sagrada, da qual tinha conhecimento por revelação de Cristo. Quanto aos sinais visíveis, estes são o pão e o vinho. O que se come chama-se pão, ainda que ao mesmo tempo simbolize o corpo de Cristo, mostrando claramente que o apóstolo não queria dizer que o pão fosse transformado em carne. Mateus nos disse que o nosso Senhor convidou a todos a beberem do cálice (cap. 26.27), como se houvesse previsto com esta expressão, que um crente poderia ser privado deste cálice. As coisas significadas por estes sinais externos são o corpo e o sangue de Cristo, seu corpo partido, seu sangue derramado, com todos os benefícios que fluem de sua morte e sacrifício.

As ações de nosso Senhor foram, ao tomar o pão e o cálice, dar graças, partir o pão e dar ambos aos discípulos. As ações daqueles que estavam participando da comunhão foram: tomar o pão e comê-lo, tomar o cálice e bebê-lo, fazendo ambas ações em memória de Cristo. Os atos externos não são o todo, nem a parte principal daquilo que se deve fazer 1 Coríntios 25nesta santa ordenança. Os que participam dela devem tomar a Cristo como seu Senhor e sua vida, render-se a Ele e viver para Ele.

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Nela temos um relato das finalidades desta ordenança. Deve ser realizada em memória de Cristo, para manter viva em nossa mente a sua morte por nós, e também recordar a Cristo que intercede por nós à destra de Deus, em virtude de sua morte. Não é tão-somente em memória de Cristo, daquilo que Ele fez e sofreu, mas para celebrar a sua graça em nossa redenção. Declaramos que a sua morte é a nossa vida, a fonte de todos os nossos consolos e esperanças. Nos gloriamos em tal declaração; mostramos sua morte e a reivindicamos como nosso sacrifício e resgate aceito. A ceia do Senhor não é uma ordenança que deva ser observada somente por um certo tempo, mas deve ser perpétua.

O apóstolo expõe aos coríntios o perigo de recebê-la com um estado mental inapropriado ou conservando o pacto com o pecado e a morte enquanto se professa renovar e confirmar o pacto com Deus, sem dúvida, eles incorrem em grande culpa, e assim se tornam motivo obrigatório de juízos espirituais. Os crentes temerosos não devem se desencorajar de participar desta santa ordenança. O Espírito Santo nunca teria feito que esta Escritura fosse escrita para dissuadir os cristãos sérios de seu dever, ainda que o Diabo tente fazer isso frequentemente.

O apóstolo estava se dirigindo aos cristãos, e adverte-os a estarem alertas diante dos juízos temporais, com os quais Deus corrige aos seus servos que o ofendem. Em meio à ira, Deus lembra-se da misericórdia, muitas vezes castiga os que ama. É melhor suportar problemas neste mundo, do que ser miserável para sempre.

O apóstolo mostra o dever daqueles que se assentam à mesa do Senhor. O exame de si mesmo é necessário para que se possa participar corretamente desta ordenança sagrada. Se nos examinássemos realmente para condenar e endireitar aquilo que estivesse mal, impediríamos os juízos divinos.

O apóstolo conclui com uma advertência contra as irregularidades à mesa do Senhor, das quais os coríntios eram culpáveis. Evitemos 1 Coríntios 26cometer estes erros, para que eles não se unam à nossa adoração a Deus, pois provocariam a sua ira e acarretariam a sua vingança sobre nós.

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Versículos 1-11. Mostra-se a variedade e o uso dos dons espirituais; 12-26. Cada membro no corpo humano tem o seu lugar e uso; 27-30: Isto se aplica à igreja de Cristo; 31: Existe algo mais excelente que os dons espirituais.

Vv. 1-11. Os dons espirituais são poderes extraordinários outorgados a partir das primeiras épocas, para convencer os incrédulos e para difundir o Evangelho. Os dons e a graça diferem amplamente. Ambos são dados generosamente por Deus; porém, onde a graça é dada, é para a salvação daqueles que a recebem. Os dons são para o benefício e a salvação do próximo. E pode haver grandes dons onde não há graça. Os dons extraordinários do Espírito Santo eram exercidos principalmente nas assembléias públicas, onde parece que os coríntios faziam exibição deles, por faltar-lhes o espírito de piedade e do amor cristão.

Enquanto eram pagãos, não haviam sido influenciados pelo Espírito de Cristo. Ninguém pode chamar a Cristo de Senhor, por fé, se esta fé não for uma obra do Espírito Santo. Ninguém pode crer em seu coração, ou provar por um milagre que Jesus é o Cristo, senão pelo Espírito Santo. Há diversidade de dons e diversidade de operações, mas todos procedem de um só Deus, um só Senhor, um só Espírito; isto é, do Pai, Filho e Espírito Santo, origem de todas as bênçãos espirituais. Nenhum homem os recebe simplesmente para si mesmo. Quanto mais os usarem para o benefício dos demais, mais se favorecerão a si mesmos. Os dons mencionados parecem significar o exato entendimento e a expressão das doutrinas da religião cristã; o conhecimento dos mistérios, e a destreza para exortar e aconselhar. Além do mais, representam o dom de curar os enfermos, fazer milagres e explicar as Escrituras através de um dom peculiar do Espírito Santo, e a habilidade para falar e interpretar línguas. se temos algum conhecimento da verdade, ou algum poder para ensiná-

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1 Coríntios 27la, devemos dar toda a glória a Deus. Quanto maiores furem os dons, mais exposto à tentação estará o seu possuidor, e maior será a medida de graça necessária para mantê-lo humilde e espiritual; e este se deparará com mais experiências dolorosas e dispensações humilhantes. Não temos nenhuma razão para nos gloriarmos por algum dom a nós concedido, ou para desprezar aqueles que não os possuam.

Vv. 12-26. Cristo e a sua Igreja formam um corpo, como cabeça e membros. Os cristãos tornam-se membros deste corpo pelo batismo. Este rito exterior é uma instituição divina, é um símbolo do novo nascimento e portanto, chamado lavagem da regeneração (Tt 3.5). É somente pela renovação do Espírito Santo que nos tornamos membros do corpo de Cristo. Pela comunhão com Cristo na ceia do Senhor, somos fortalecidos, não por beber vinho, mas por beber de um mesmo Espírito. Cada membro tem a sua forma, lugar e uso. O de menos honra faz parte do corpo.

Deve haver diversidade de membros no corpo, sim, os membros de Cristo têm diferentes poderes e distintas posições. Devemos cumprir os deveres de nosso próprio cargo sem nos queixarmos nem pelejar com os demais. Todos os membros do corpo são úteis e necessário, uns para os outros. Não existe nem um membro do corpo de Cristo que não deva nem possa ser de proveito para os seus co-membros. Como no corpo natural do homem, os membros devem estar estritamente unidos pelos mais fortes laços de amor, o objetivo de todos deve ser o bem do todos. Todos os cristãos dependem uns dos outros; cada um deve esperar e receber ajuda dos demais. Então, tenhamos mais do espírito de união em nossa religião.

Vv. 27-31. O desprezo, o ódio, a inveja e a discórdia são antinaturais nos cristãos. É como se os membros do mesmo corpo não se interessassem uns pelos outros, ou como se lutassem entre si. Assim, condenava-se o espírito orgulhoso e belicoso que prevalecia quanto aos dons espirituais. São mencionados os mistérios e os dons, ou favores dispensados pelo Espírito Santo. 1 Coríntios 28Também os principais ministros, as pessoas capacitadas para interpretar as Escrituras, os que trabalhavam na Palavra e na doutrina; os que tinham poder para curar enfermidades, os que socorriam aos enfermos e fracos, os que administravam o dinheiro dado pela Igreja para a caridade, e administravam os assuntos da Igreja, e os que podiam falar diversas línguas. O que está em uma classe inferior e é o último desta lista, é o poder de falar línguas; quão vão é que um homem faça isso somente para divertir-se ou enaltecer-se!

Observe que a distribuição destes dons não é por igual (vv. 29, 30), coisa que teria tornado toda a Igreja igual, como se o corpo fosse todo ouvido, ou todo olho. O Espírito distribui a cada um como lhe agrada. Devemos estar contentes ainda que sejamos inferiores, e menos que os demais. Não devemos desprezar aos demais, se tivermos dons maiores.

Que abençoada seria a Igreja cristã se todos os seus membros cumprissem o seu dever! Ao invés de cobiçar os postos mais altos, ou os dons mais excelentes, deixemos que Deus nomeie os seus instrumentos, e aqueles nos quais opere por sua providência. Lembremo-nos de que no além não serão aprovados os que procuram postos altos, mas os que forem fiéis à tarefa que lhes foi encarregada, e os mais diligentes na obra de seu Mestre.

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Versículos 1-3: A necessidade e o benefício da graça do amor. 4-7: Sua excelência está representada por suas propriedades e efeitos; 8-13: Por sua permanência e superioridade.

Vv. 1-3. O caminho excelente declarado ao término do capítulo anterior, não é o que se entende por caridade no uso corrente da palavra, dar esmola, mas amor em seu significado mais pleno; o amor verdadeiro a Deus e ao homem. sem este, os dons mais gloriosos não nos servem para nada, nem estimáveis aos olhos de Deus. A cabeça aberta e o entendimento profundo não têm valor sem um coração benevolente e caridoso. Pode haver uma mão aberta e generosa onde não há um

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1 Coríntios 29coração benevolente e caridoso. Fazer o bem ao próximo não nos trará nenhum benefício se não for feito por amor a Deus e boa vontade para com os homens. De nada nos aproveitaria se dermos tudo o que temos, enquanto não entregarmos o nosso coração a Deus. Nem mesmo os sofrimentos mais dolorosos. Quanto se enganam aqueles que procuram aceitação e recompensa por suas boas obras; sendo tão mesquinhos e defeituosos, como são corruptos e egoístas!

Vv. 4-7. Alguns dos efeitos do amor são aqui estipulados para que saibamos se temos esta graça; e para que se não a tivermos, não descansemos até obtê-la. Este amor é uma prova clara da regeneração, e é o fundamento de nossa fé professada em Cristo.

O apóstolo quer mostrar aos coríntios com esta bela descrição da natureza e dos efeitos do amor, que em muitos aspectos a conduta deles era um claro contraste com este. O amor é o maior inimigo do egoísmo; não deseja nem procura a sua própria honra, louvor, benefício ou prazer.

Não significa que o amor destrua toda a consideração que temos de nós mesmos, nem que o homem caridoso deve se descuidar de si mesmo e de todos os seus interesses. O amor nunca busca os seus próprios interesses à custa do próximo, ou descuidando-se dos demais. Até prefere o bem estar do próximo, antes de sua vantagem pessoal.

De quão boa e amável natureza é o amor cristão! Quão excelente o cristianismo seria para o mundo se os que o professam estivessem mais submetidos a este princípio divino, e prestassem a devida atenção ao mandamento no qual o seu bendito Autor coloca a ênfase principal! Perguntemo-nos se este amor divino habita em nossos corações. Este princípio tem nos levado a conduzirmo-nos como devemos para com todos os homens? Estamos dispostos a deixar de lado os objetivos e finalidades egoístas? Aqui há um chamado a estarmos alertas, diligentes e orando.

Vv. 8-13. O amor é preferível aos dons dos quais os coríntios se orgulhavam, porque é permanente. É uma graça que dura como a eternidade. O estado presente é um estado infantil, e o futuro é o adulto, 1 Coríntios 30tal como é a diferença entre o céu e terra. Que pontos de vista difíceis, que noções confusas as crianças têm das coisas, quando comparadas com os adultos! Assim pensaremos de nossos dons mais valiosos neste mundo quando chegarmos ao céu.

Todas as coisas são obscuras e confusas agora, comparadas com o que serão depois. Elas só podem ser vistas como por um reflexo de um espelho, ou como descrição de uma revelação, mas no além, o nosso conhecimento será livre de toda obscuridade e erro. será unicamente a luz do céu que eliminará todas as nuvens e trevas que ocultam de nós a face de Deus.

Para resumir, a excelência do amor é preferível não somente aos dons, mas às outras graças, à fé e à esperança. A fé se firma na revelação divina, e ali se assenta, confiando no Redentor divino. A esperança se apega à felicidade futura, e à espera; no céu, a fé será absorvida pela realidade, e a esperança pela felicidade. Não há lugar para crer e ter esperança quando vemos e desfrutamos. No além, o amor será aperfeiçoado, e lá amaremos perfeitamente a Deus e uns aos outros. Bendito estado! Quanto supera o melhor que há aqui na terra! Deus é amor (1 Jo 4.8,16). Onde Deus é visto assim como Ele é, e face a face, ali está o amor em sua maior intensidade.

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Versículos 1-5: A profecia é um dom preferível ao dom de línguas; 6-14: A falta de proveito para os ouvintes quando alguém fala uma linguagem desconhecida, sem que haja quem interprete; 15-25: Exortações a adorar com entendimento; 26-33: Desordens pela falta de consideração pelos dons recebidos; 34-40: E das mulheres que falam na igreja.

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Vv. 1-5. Profetizar, isto é, expor a Escritura, é comparado a falar em línguas. Esta atrai a atenção mais que a clara interpretação das Escrituras; gratifica mais o orgulho, porém, contribui menos para os propósitos do amor cristão; não fará u bem por igual às almas dos 1 Coríntios 31homens. O que não se pode entender, não pode edificar. Nenhum benefício pode ser recebido dos mais excelentes discursos se estes forem entregues em uma língua tal que os ouvintes não possam falar nem entender. Toda a capacidade ou posse adquire valor proporcional à sua utilidade. Até o fervoroso amor espiritual de,~e ser governado pelo exercício do entendimento; caso contrário, os homens envergonharão as verdades que professam promover.

Vv. 6-14. Nem sequer um apóstolo poderia edificar, a menos que falasse de tal maneira que os seus ouvintes o entendessem. Dizer palavras que não têm significado para aqueles que as escutam é falar ao ar. Dizer o que não tem significado, não pode atender à finalidade do falar; neste caso, o que fala e os que ouvem são estrangeiros entre si. Todos os serviços religiosos devem ser realizados nas assembléias cristãs, de maneira que todos possam participar deles e tirar proveito. A linguagem simples e clara de entender é a mais apropriada para a adoração em público, e para outros exercícios religiosos. Todo verdadeiro seguidor de Cristo desejará mais fazer bem ao próximo, do que adquirir fama de saber ou de falar bem.

Vv. 15-25. Não se pode concordar com as orações que não se entende. Um ministro verdadeiramente cristão procurará muito mais fazer o bem espiritual às almas dos homens, do que obter o mais grandioso aplauso para si. Isto mostra que é servo de Cristo.

As crianças têm a tendência de se impressionar com novidades; nós, porém, não devemos agir como elas. Os cristãos devem ser como as crianças, desprovidos de más intenções e malícias, mas não ser iletrados na palavra de justiça.

É prova de que um povo tem sido abandonado por Deus, quando Ele o entrega ao governo dos que o ensinam a adorar em outra língua. Não podem receber benefício com tal ensino. Contudo, assim agiam os pregadores que davam as suas instruções em língua desconhecida. Não faria com que o cristianismo parecesse ridículo para um pagão se este ouvisse que os ministros oram ou pregam em uma língua que nem ele 1 Coríntios 32nem a assembléia entendem? Porém, se os que ministram interpretam claramente a Escritura ou pregam as grandes verdades e regras do Evangelho, o pagão ou a pessoa indouta podem vir a converter-se ao cristianismo. sua consciência pode ser tocada, os segredos de seu coração podem ser revelados, e assim, pode ser levado a confessar a sua culpa e reconhecer que Deus está presente na assembléia. A verdade das Escrituras, clara e devidamente ensinada, tem um poder maravilhoso para despertar a consciência e tocar o coração.

Vv. 26-33. Os exercícios religiosos nas assembléias públicas devem ter este ponto de vista: Que tudo seja feito para edificar. Quanto ao falar em língua desconhecida, se estiver presente alguém que possa interpretar, podem ser exercidos de uma só vez dois dons milagrosos, e por eles a igreja será edificada, e ao mesmo tempo a fé dos que ouvem será edificada. Quanto a profetizar, devem falar dois ou três em uma reunião, e um depois do outro, nunca todos ao mesmo tempo. O homem inspirado pelo Espírito de Deus observará a ordem e a decência para comunicar as suas revelações. Deus nunca ensina os homens a descuidarem de seus deveres, ou a atuarem de alguma forma inconveniente à sua idade ou a seu cargo.

Vv. 34-40. Quando o apóstolo exorta as mulheres cristãs a buscarem informações sobre temas religiosos com seus esposos, em casa, mostra que as famílias de crentes devem se reunir para promover o conhecimento espiritual.

0 Espírito de Cristo nunca se contradiz, e se as revelações de alguém são contrárias às do apóstolo, não procedem do mesmo Espírito. A maneira de manter a paz, a verdade e a ordem na igreja é procurar o

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que é bom para ela, dar suporte ao que não traga danos ao seu bem estar, e conservar a boa conduta, a ordem e a decência.

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Versículos 1-11: O apóstolo demonstra a ressurreição de Cristo dentre os mortos; 12-19: Responde aos que negam a ressurreição do 1 Coríntios 33corpo; 20- 34: A ressurreição dos crentes para a vida eterna; 35-50: Resposta às objeções; 51-54: O mistério da transformação que acontecerá naqueles que estiverem vivos na Segunda Vinda de Cristo; 55-58: O triunfo do crente sobre a morte e a sepultura - Uma exortação à diligência.

Vv. 1-11. A palavra ressurreição indica habitualmente a nossa existência além da sepultura. Não encontramos nenhum traço da doutrina do apóstolo em todos os ensinos dos filósofos. A doutrina da morte e ressurreição de Cristo é o fundamento do cristianismo. se for tirada, imediatamente perecerão todas as nossas esperanças de eternidade. Por sustentar esta verdade com firmeza, os cristãos suportam as tribulações e se mantêm fiéis a Deus. Cremos em vão, a menos que nos mantenhamos na fé do Evangelho. Esta verdade é confirmada pelas profecias do Antigo Testamento; muitos viram a Cristo depois que Ele ressuscitou. Este apóstolo foi altamente favorecido, porém, sempre teve uma modesta opinião sobre si mesmo e a expressava. Quando os pecadores são santificados pela graça divina, Deus faz com que as lembranças de pecados anteriores os torne humildes, diligentes e fiéis. Atribui à graça divina tudo o que era valioso nele. Mesmo que os crentes verdadeiros não ignorem o que o Senhor tem feito por eles, neles e por meio deles, quando olham para toda a sua conduta e obrigações, são levados a sentir que ninguém é tão indigno quanto eles. Todos os cristãos verdadeiros crêem que Jesus Cristo, e este crucificado e ressuscitado dentre os mortos, é a surtia e a essência do cristianismo. Todos os apóstolos concordam neste testemunho; por esta fé viveram e nesta fé morreram.

Vv. 12-19. Havendo mostrado que Cristo havia ressuscitado, o apóstolo responde aos que diziam que não há ressurreição. Não haveria justificação nem salvação se Cristo não tivesse ressuscitado. se Cristo ainda estivesse entre os mortos, a fé em Cristo não seria vã e inútil? O que prova a ressurreição do corpo é a ressurreição do nosso Senhor. Até os que morreram na fé teriam perecido em seus pecados se Cristo não tivesse ressuscitado. Todos os que crêem em Cristo têm esperança nEle, 1 Coríntios 34como Redentor; esperança de redenção e salvação por Ele. Porém, se não existisse ressurreição ou recompensa futura, a esperança deles nEle seria somente para esta vida. Estariam em pior condição que o restante da humanidade, especialmente na época e circunstâncias em que o apóstolo escreveu, porque naquela ocasião, os cristãos eram odiados e perseguidos por todos os homens. Porém, na realidade não é assim; estes, dentre todos os homens, desfrutam bênçãos firmes em meio a todas as suas dificuldades e provas, mesmo nos tempos das maiores perseguições.

Vv. 20-34. Àqueles que por fé se unem a Cristo, por sua ressurreição, é assegurado a sua própria ressurreição. Por causa do pecado do primeiro Adão, todos os homens se tornaram mortais, porque todos passaram a ter a sua mesma natureza pecaminosa. Assim, por meio da ressurreição de Cristo, todos se tornaram participantes do Espírito, e da natureza espiritual; ressuscitaremos e viveremos para sempre.

Haverá uma ordem na ressurreição. O próprio Cristo foi o primeiro; em sua vinda ressuscitará o seu povo redimido antes das demais pessoas; ao final, os ímpios também serão ressuscitados. Então, será o fim do presente estado das coisas. Se queremos triunfar nessa solene e importante ocasião, detemos submetermo-nos agora ao seu reinado, aceitar a sua salvação, e viver para a sua glória. Então, nos regozijaremos ao concluir-se a sua obra, para que Deus receba toda a glória de nossa salvação, o sirvamos para sempre e desfrutemos o seu favor.

O que farão aqueles que se batizam pelos monos, se de modo algum os mortos ressuscitam? Provavelmente aqui o batismo seja usado como uma figura de aflições, sofrimentos e martírio, como em

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Mateus 20.22,23. O que é, ou o que será daqueles que sofreram muitos danos graves e até perderam a sua vida por causa desta doutrina da ressurreição, se os mortos de modo nenhum ressuscitam?

Qualquer que seja o significado, sem dúvida os coríntios entendiam o argumento do apóstolo. Para nós é evidente que o cristianismo seria uma confissão néscia, se não nos propusesse esperanças para mais além 1 Coríntios 35desta vida, ao menos em tempos de perigo, como nos primeiros tempos, e muitas vezes desde então.

É lícito e adequado que os cristãos saibam que possuem benefícios para si mesmos por sua fidelidade a Deus; e que dêem fruto para a santidade, e que o nosso fim seja a vida eterna. Porém, não devemos viver como animais porque não morremos como eles. Deve ser a ignorância sobre Deus o que leva alguém a não crer na ressurreição e na vida futura. Aqueles que reconhecem que existe um Deus e uma providência, e observam quão injustas são as coisas na vida, e quão frequentemente vai muito mal aos melhores homens, não podem duvidar de um estado futuro onde tudo será corrigido com justiça. Não nos juntemos aos ímpios, mas advirtamos a todos os que nos rodeiam, especialmente às crianças e aos jovens, para que os evitem, como evitariam uma peste. Despertemos para a justiça e não pequemos.

Vv. 35-50. Observe:

1. Como os mortos ressuscitarão, isto é, por que meios? Como podem ressuscitar?

2. Quanto aos corpos que ressuscitarão, terão a mesma forma, estatura, membros e qualidades?

A primeira objeção é daqueles que se opõem à doutrina; a segunda, dos curiosos.

A resposta para a primeira é: será efetuada pelo poder divino; esse poder que todos vêem absoluto parecido, ano após ano, na morte e no reviver do trigo. É néscio questionar o absoluto poder de Deus para ressuscitar os mortos, quando o vemos diariamente vivificando e fazendo reviver coisas que estão mortas.

A resposta para a segunda pergunta é: os grãos sofrem uma grande transformação, e assim será com os mortos, quando forem levantados e viverem outra vez. A semente morre, ainda que uma parte dela brote para a vida nova; porém, não podemos entender como isto acontece. As obras da criação e da providência nos ensinam diariamente a ser humildes, e a admirarmos a sabedoria e a bondade do Criador. Há uma 1 Coríntios 36grande variedade entre os outros corpos, como há entre as plantas. Há uma variedade de glória entre os corpos celestes. Os corpos dos mortos, quando forem levantados, serão adequados para o estado celestial; e haverá uma variedade de glória entre eles.

Enterrar aos mortos é como entregar a semente à terra, para que brote dela outra vez. Nada é mais aborrecível que um còrpo morto. Porém, na ressurreição, os crentes terão corpos preparados para estarem unidos para sempre a espíritos que se tornaram perfeitos. Todas as coisas são possíveis para Deus. Ele é o Autor e a Fonte da vida espiritual e da santidade para todo o seu povo, pela provisão de seu Espírito Santo para a alma; também vivificará e transformará o corpo por obra de seu espírito. Os mortos em Cristo não serão somente ressuscitados, mas ressuscitarão gloriosamente transformados. Os corpos dos santos serão transformados quando ressuscitarem. Então, serão corpos gloriosos e espirituais, aptos para o mundo celestial e para o estado celestial, onde viverão para sempre e eternamente. O corpo humano, em sua forma presente e com suas necessidades e fraquezas, não pode entrar no reino de Deus nem desfrutar dele. Então, não semeemos para carne, da qual só podemos colher corrupção. O corpo segue o estado da alma. Portanto, aquele que se descuida da vida da alma, expulsa o seu bem presente; aquele que se recusa a viver para Deus, desperdiça tudo o que tem.

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Vv. 51-58. Nem todos os santos morrerão, porém todos serão transformados. Muitas verdades do Evangelho que estavam ocultas em mistérios serão reveladas. A morte nunca aparecerá nas regiões às quais o nosso Senhor levará os seus santos ressuscitados. Portanto, procuremos a plena segurança da fé e da esperança, para que em meio à dor, e na expectativa da morte, possamos pensar com calma nos horrores da sepultura, certos de que apenas os nossos corpos dormirão ali, enquanto as nossas almas estarão presentes com o Redentor.

O pecado dá à morte todo o seu poder nocivo. O aguilhão da morte é o pecado, porém Cristo ao morrer, tirou este aguilhão; Ele fez expiação pelo pecado; ele obteve a remissão dos pecados. 1 Coríntios 37A força do pecado é a lei. Ninguém pode responder às suas exigências, suportar a sua maldição ou acabar com as suas transgressões. Daí vem o terror e a angústia. Por isso a morte é terrível para o incrédulo e impenitente. A morte pode surpreender o crente, mas não pode retê-lo em seu poder. Quantos mananciais de gozo para os santos, e de gratidão a Deus, foram abertos pela morte e ressurreição, pelos sofrimentos e pelas conquistas do Redentor!

No versículo 58, temos uma exortação a que os crentes sejam firmes e constantes na fé neste Evangelho que foi pregado pelo apóstolo, e que eles receberam. Além disso, são exortados a permanecerem inabaláveis em sua esperança e expectativa deste grande privilégio de ressuscitar incorruptível e imortal, para abundar na obra do Senhor, fazendo sempre a sua obra, e obedecendo os seus mandamentos. Que Cristo nos dê a fé, e aumente a nossa fé, para que não somente estejamos a salvo, mas também alegres e triunfantes.

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Versículos 1-9: Oferta para os pobres de Jerusalém; 10-12: Timóteo e Apolo são recomendados; 13-18: Exortação a estar vigilantes na fé e no amor: 19-24: Saudações cristãs.

Vv. 1-9. Os bons exemplos de outros cristãos e igrejas devem nos estimular. É bom armazená-los para que os utilizemos bem. Aqueles que são ricos neste mundo devem ser ricos em boas obras (1 Tm 6.17,18). A mão diligente não se enriquecerá sem a bênção divina (Pv 10.4,22).

O que pode ser mais adequado para estimular-nos à caridade para com o povo e para com os filhos de Deus, do que considerar tudo o que temos como dádiva dEle? As obras da misericórdia são frutos reais do verdadeiro amor a Deus, e portanto, serviços apropriados para o dia do Senhor. Os ministros fazem a atividade que lhes cabe como dever, quando ajudam ou promovem as obras de caridade.

O coração de um ministro cristão deve estar orientado ao bem estar das pessoas no meio das quais tenha trabalhado por muito tempo e com 1 Coríntios 38êxito. Todos nós devemos realizar os nossos propósitos com submissão à providência divina (Tg 4.15). Os adversários e a oposição não quebrantam os espíritos dos ministros fiéis e bem-sucedidos, mas inflamam o seu zelo e lhes inspiram um novo valor. O ministro fiel se desencoraja mais com a dureza dos corações de seus ouvintes e com o desvio dos professos cristãos, do que com os atentados dos inimigos.

Vv. 10-12. Timóteo fez a obra do Senhor. Portanto, afligir o seu espírito é contristar o Espírito Santo; desprezá-lo é desprezar Aquele que o enviou. Aqueles que trabalham na obra do Senhor devem ser tratados com ternura e respeito. Os ministros fiéis não terão ciúme uns dos outros. Os ministros do Evangelho devem demonstrar interesse pela reputação e a utilidade uns dos outros.

Vv. 13-18. O cristão sempre corre perigo, portanto deve sempre estar alerta. Deve estar firme na fé no Evangelho, sem abandoná-la nem jamais renunciar a ela. somente por esta fé será capaz de resistir na hora da tentação. Os cristãos devem procurar fazer com que a caridade não apenas reine em seus corações, mas que brilhe em suas vidas. Há uma grande diferença entre a firmeza cristã e o ativismo febril. O apóstolo dá instruções particulares para alguns que servem à causa de Cristo entre eles.

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Aqueles que servem aos santos, aqueles que desejam a honra da Igreja, e os que estão dispostos a evitar que ela seja reprovada, devem ser muito considerados e amados. O valor destes deve ser voluntariamente reconhecido, bem como o de todos os que trabalharam com o apóstolo ou o ajudaram.

Vv. 19-24. O cristianismo não destrói em absoluto o civismo. A religião deve promover um temperamento cortês e amável para com todos. Aqueles que encontram na religião o ânimo para serem irritáveis e obstinados, transmitem uma falsa idéia sobre ela e lhe causam reprovação. As saudações cristãs não são simples cumprimentos vazios, mas expressões reais de boa vontade para com o próximo, e os encomendam à graça e à bênção divinas. Toda família cristã deve ser 1 Coríntios 39como uma igreja cristã. Onde quer que dois ou três se reúnam em nome de Cristo, Ele estará no meio deles, e ali haverá uma igreja.

Aqui há uma advertência solene: muitas pessoas que pronunciam frequentemente o nome de Cristo não têm por Ele um amor verdadeiro em seus corações. Aquele que não ama as Íeis de Cristo nem obedece aos seus mandamentos não o ama de verdade. Muitos são cristãos apenas de nome, porque não amam a Cristo, o Senhor, com sinceridade. Os tais estão separados do povo e do favor de Deus. Aqueles que não amam ao Senhor Jesus Cristo devem perecer sem remédio. Não descansemos em nenhuma profissão religiosa onde não há o amor de Cristo, os sinceros desejos por sua salvação, a gratidão por suas misericórdias, e a obediência aos seus mandamentos.

A graça do Senhor Jesus Cristo tem em si mesma tudo o que é bom para o tempo e a eternidade. Desejar que os nossos amigos tenham esta graça consigo é desejar-lhes o supremo bem. Devemos desejar isto a todos os nossos amigos e irmãos em Cristo. Não podemos desejar-lhes nada maior que isto, e não devemos desejar-lhes nada menos. O cristianismo verdadeiro faz com que desejemos as bênçãos de ambos os mundos para aqueles a quem amamos; isto significa desejar-lhes que a graça de Cristo esteja com eles.

O apóstolo tratara de modo claro com os coríntios, e falou-lhes de suas faltas com justa severidade, mas despede-se com uma solene profissão de seu amor por eles, por amor a Cristo. Que o nosso amor seja com todos os que estão em Cristo Jesus. Provemos se todas as coisas nos parecem sem valor quando as comparamos com Cristo e com a sua justiça. Nos permitimos algum pecado conhecido ou a negligência de algum dever conhecido? Fazendo tais perguntas de modo fiel, podemos julgar o estado de nossas almas.