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    A IMPORTNCIA DO GUIA INTRPRETE PARA O ALUNO SURDOCEGO NO

    PROCESSO DE INCLUSO NA ESCOLA DE ENSINO REGULAR.

    FABRI, Rozi Terra1

    LEME, Carolina Guerreiro

    GODOY, Shirley Alves

    Escola Estadual Prof Margarida de Barros Lisboa

    SEED/Paran

    1-Introduo:

    Nos dias de hoje a proposta inclusiva o objetivo de todos aqueles comprometidos com a

    educao. No entanto, a sua implementao depende de um processo contnuo de

    conscientizao em relao aceitao das pessoas com necessidades educacionais especiais

    no meio social e compreenso do seu direito a fazer uso pleno de sua cidadania.

    A educao inclusiva tem como meta atender a todas as pessoas com necessidades

    educacionais especiais e com distrbios de aprendizagem na rede regular de ensino em todos

    os graus de estudo.

    Registros em relao a educao de surdocegos mencionam que pessoas conseguiram

    aprender a ler e escrever bem como conseguiram concluso de ensino superior. Entretanto,

    os pareceres no so precisos quanto ao perfil e ao mtodo utilizado na comunicao e no

    processo de aprendizagem de surdocegos.

    No Estado do Paran, Ncleo Regional de Londrina no havia a funo de guia intrprete,

    diante da necessidade da aluna B. K. surdacega, pr-linguistica estar inserida na rede estadual

    de ensino regular e de vir da rede municipal em que freqentou o Ensino Fundamental 1 4

    srie com acompanhamento de professor especializado.Mediante a situao surgida houve a

    necessidade de se ter o professor guia-intrprete para a aluna na rede estadual de ensino.

    O professor guia intrprete surdocegueira realiza atividades diversificadas na escola em

    que se encontra o aluno matriculado com o intuito de proporcionar autonomia, aprendizagem

    e interao social do mesmo em relao ao ambiente escolar e consequentemente com o

    mundo.

    Segundo Ross (2006) a educao inclusiva aquela que favorece uma relao dialgica,

    estimulando-os a considerar, analisar e argumentar com um pensamento ou idia diferente de

    seus pares e que h necessidade de promover alguma adaptao no material, ou mudana na

    estratgia de explicao oferecida pelo professor. Neste caso cabe ao professor guia

    intrprete realizar as adaptaes de materiais para promover a aprendizagem do aluno.

    1 Pedagoga especialista em Educao Especial docente Guia Interprete Surdocegueira e do Centro de Atendimento Especializado na rea da Surdocegueira . E-mail: [email protected] 2Pedagoga especializada em Educao Especial, docente do Centro de Atendimento Especializado na rea da Surdocegueira e Mltipla Deficincia Sensorial em processo de formao em Guia-intrprete. E-mail: [email protected]. Pedagoga, especialista em Educao Especial e Psicopedagogia. Ncleo Regional de Educao de Londrina. Responsvel pela rea da Surdocegueira. E-mail: [email protected]

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    No momento presente existem vrias leis e diretrizes que podem nos situar e serem

    analisadas com o intuito de se determinar critrios que amparem a Surdocegueira em suas

    especificidade entre elas.

    A Declarao Universal dos Direitos Humanos (1948) assegura o direito de todos educao

    pblica gratuita e defende oportunidades educacionais e sociais para todos.. A Declarao de

    Salamanca (Espanha, 1994) defende:As pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso s escolas comuns que devero integr-las numa pedagogia centralizada na

    criana, capaz de atender a essas necessidades. A Lei 9394/96- Diretrizes e Bases da Educao Nacional preconiza no artigo 58, que a educao especial, na modalidade escolar

    dever ser ofertada para os educandos com necessidades educativas especiais,

    preferencialmente na rede regular de ensino, assegurando o direito aos apoios e servios que

    essa clientela possa necessitar. O Estado do Paran tem ofertado como apoio a Sala de

    Recursos Multifuncionais, Classe Especial/CE, Professor de Apoio Permanente/PAP, Centro

    de Atendimento Especializado/CAE, Professor Guia-intrprete entre outros.(CEE/PR 2003)

    Com relao s pessoas surdocegas, a educao do Paran se efetiva na rede regular no nvel

    fundamental em classe comum com apoio de professor guia-intrprete e Centro de

    Atendimento Especializado na rea da Surdocegueira ( CAE/Surdocegueira).

    Entretanto, os servios educacionais existentes ainda esto distantes de promover a real

    incluso com qualidade ao educando com surdocegueira no sistema regular de ensino, haja

    vista que h inmeras dificuldades encontradas no processo educativo, principalmente no que

    concerne as adaptaes no espao e no tempo do contexto escolar e do currculo, na escassez

    de recursos humanos capacitados para o atendimento. Quando os sentidos da audio e da

    viso do aluno surdocego se encontram gravemente comprometidos, as dificuldades

    relacionadas aprendizagem e a adaptao ao meio ambiente se multiplicam. A falta desses

    sentidos o limita, resultando na privao de sua motivao e na explorao do meio. Estes

    educandos necessitam ser encorajados a desenvolver uma maneira prpria de aprendizagem,

    compensando suas dificuldades e estabelecendo alguma comunicao com o outro. Percebe-se

    que os desafios esto sendo vistos naturalmente como uma forma de se quebrar os estigmas

    em relao a incluso para que a mesma acontea dentro da legalidade e direito a cidadania

    das pessoas envolvidas nesse processo.

    Conceito de Surdocegueira: Considera-se a pessoa com uma perda fundamental da viso e da

    audio ou seja, de dois canais sensoriais, vivencia uma combinao de privao de sentidos

    que pode originar enormes dificuldades. Sendo assim, a surdocegueira no somente a soma

    das duas deficincias, e sim uma forma de deficincia com suas espeficidades e que h

    necessidades de solues voltadas para essas particularidades.

    H relativamente poucas pessoas que so totalmente cegas e completamente surdas.

    Entretanto, encontraremos nesse universo pessoas cegas congnitas que perderam a

    audio aps a aquisio da fala, outras, surdas que perderam a viso aps

    aprenderem a lngua de sinais e a leitura labial, outras ainda, que perderam a

    audio e a viso aps dominarem a linguagem oral; destas algumas possuem

    resduo auditivo ou visual.O conhecimento de todos esses antecedentes, alm do

    estgio da perda, de fundamental importncia para a definio das prioridades que

    devero constar nos planejamentos a serem elaborados especificamente para cada

    indivduo que venha a participar de Programas de Atendimento ao Surdocego.(

    Monteiro, 1996)

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    A definio de surdocegueira bastante discutida pelos profissionais que atuam nesta rea,

    como tambm pelos rgos que definem as polticas de atendimento. Dentre as definies

    aceita pelos especialistas que lidam com a rea podemos citar:

    uma deficincia singular que apresenta perdas auditivas e visuais

    concomitantemente em diferentes graus. Levando a pessoa surdocega a desenvolver

    diferentes formas de comunicao para entender e interagir com as pessoas e o

    meio ambiente, proporcionando-lhes o acesso a informaes, uma vida social

    com qualidade, orientao, mobilidade, educao e trabalho. (GRUPO

    BRASIL,2003)

    Mltipla deficincia sensorial:

    Considera-se uma criana com mltipla deficincia sensorial aquela que apresenta

    deficincia visual e auditiva associadas a outras condies de comportamento e

    comprometimentos, sejam eles na rea fsica, intelectual ou emocional, e

    dificuldades de aprendizagem. Quase sempre, os canais de viso e audio no so

    os nicos afetados, mas tambm outros sistemas, como os sistemas ttil (toque),

    vestibular (equilbrio), proprioceptivo (posio corporal), olfativo (aromas e

    odores) ou gustativo (sabor). Limitaes em uma dessas reas podem ter um efeito

    singular no funcionamento, aprendizagem e desenvolvimento da criana (Perreault,

    2002).

    Tipos de surdocegueira: surdocegueira total;surdez profunda com resduo visual; surdez

    moderada ou leve com cegueira e surdez moderada com resduo visual.

    A surdocegueira classificada em: Surdocegueira Pr-Linguistica aquela acometida no

    nascimento ou adquirida em tenra idade, antes da aquisio de uma lngua, seja ela oral -

    Lngua Portuguesa ou visual espacial - Lngua Brasileira de Sinais/Libras e Surdocegueira

    Ps-Lingstica quando crianas, jovens e adultos apresentam uma deficincia sensorial

    primria (auditiva ou visual) e adquire a outra no decorrer da sua existncia, aps a aquisio

    de uma lngua (Lngua Portuguesa ou Lngua Brasileira de Sinais/Libras), podendo ocorrer a

    aquisio da surdocegueira sem outros antecedentes.

    Atendimentos ofertados pela Rede Pblica do Estado do Paran: O educando surdocego

    atendido em duas situaes distintas, primeira, no Centro de Atendimento Especializado

    destinado a rea, CAE/Surdocegueira, com apoio do servio itinerante ou Itinerncia.

    Segunda, na classe comum da Rede Regular de Ensino com apoio de um professor guia-

    intrprete.

    CAE/Surdocegueira: O Centro de Atendimento Especializado na rea da Surdocegueira

    consiste em:

    Servio de natureza pedaggica, desenvolvido por professor habilitado ou

    especializado em educao especial ofertado a alunos com necessidades

    educacionais especiais matriculados na educao bsica. A finalidade desse servio

    ser a de oferecer apoio escolarizao formal do aluno e/ou possibilitar o acesso

    a lnguas, linguagens e cdigos aplicveis, bem como a utilizao de recursos

    tcnicos, tecnolgicos e materiais, equipamentos especficos, com vistas a sua maior

    insero social. O atendimento nesse servio tem incio na faixa etria de zero a

    seis anos e realiza-se em escolas, em salas adequadas, podendo estender-se a

    alunos de escolas prximas, nas quais ainda no exista esse atendimento. Pode ser

    realizado individualmente ou em pequenos grupos, para alunos que apresentem

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    necessidades educacionais especiais semelhantes, em turno contrrio, caso

    freqentem a classe comum. (Del. 02/03, PORTARIA N. 22/00-CEE).

    Servio itinerante ou itinerncia - Constitui uma modalidade especializada de apoio

    pedaggico desenvolvida por profissional devidamente capacitado. Esse atendimento

    caracteriza pela movimentao do professor, que se deslocar para as escolas de ensino

    regular e tambm especial onde existirem alunos matriculados com deficincia para passarem

    orientaes ao docente que atende o aluno com surdocegueira na operacionalizao dos

    contedos curriculares, na realizao das adaptaes de materiais, na orientao quanto a

    estimulao necessria para o pleno desenvolvimento do educando.

    2-Mtodos

    As atividades foram desenvolvidas mediante a prtica pedaggica educativa dos professores

    regentes da srie cursada pela aluna B. K. como: adaptaes de materiais

    didticos/pedaggicos para melhor compreenso de contedos; fala ampliada na comunicao

    oral (relatos de filmes, documentrios, fotografias, paisagens,mapas...), ditar contedos

    escritos no quadro-negro, embora a aluna tenha domnio da leitura e escrita em Braille a

    mesma est comeando a conhecer e aprender outra forma de se comunicar a qual ocorre

    atravs de Sinais (LIBRAS) pela possibilidade de perda auditiva total; escrita e transcrio

    em Braille de textos, letras de msicas, avaliaes; organizar apostilas em Braille conforme

    bimestre e contedo abordado pelo professor; propiciar materiais para atividades concretas na

    sala de aula;chamar o professor regente para explicaes individual quando surgem dvidas

    quanto ao contedo ministrado; adequar o local de permanncia da aluna na sala de aula ou

    em outro recinto da escola; orientar na locomoo dentro do ambiente escolar ou em

    atividades extraclasse; sempre que necessrio orientar nas execues de atividades

    pedaggicas conforme as orientaes dadas pelo professor regente, propiciar momentos de

    avaliaes em determinados locais em que haja silncio para melhor concentrao da aluna

    em relao a mesma, sendo um direito haja vista da necessidade de um tempo maior para a

    realizaes das avaliaes; quando h necessidade explicar e relembrar contedos (dados

    anteriormente pelo professor regente) para sanar dvidas em relao determinadas palavras e

    seus significados; proporcionar interao com colegas e demais funcionrios da escola.

    Deficincia auditiva (surdez): a impossibilidade ou dificuldade de ouvir, podendo ter vrios

    fatores como causa, antes, durante ou aps o nascimento. A deficincia auditiva pode

    apresentar de um grau leve a profunda, isto , o indivduo pode no ouvir apenas os sons mais

    baixos ou at mesmo no ouvir som algum.

    A Lngua Brasileira de Sinais - Libras - Mtodo francs de educao dos surdos,

    desenvolvido em meados do sculo XVIII considerada a linguagem gestual como a lngua

    natural dos surdos. Consiste numa forma de comunicao visomotora, construda no espao

    atravs de movimentos das mos em diferentes configuraes e pontos de contato no corpo.

    Algumas pessoas creem que as lnguas de Sinais esto intimamente ligadas a gestos que

    explicam as lnguas orais de determinado lugar, pas.

    Deficincia visual:

    Sistema Braille - um sistema de escrita e leitura ttil criado por Louis Braille, em 1824.

    Conhecido mundialmente como cdigo ou meio de leitura e escrita das pessoas cegas. Baseia-

    se no arranjo de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de trs pontos, as diferentes

    posies desses seis pontos faz com que seja possvel sessenta e trs combinaes,

    representaes essas de todas as letras do alfabeto, numerais e diversos smbolos grficos.

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    Histrico da aluna - A menor B. nascida no ano de 1995, de parto prematuro. Em laudo

    oftalmolgico em janeiro de 2000, declara que a criana apresentava descolamento de retina

    por retinopatia da prematuridade gra V e em laudo audiolgico de 18/05/2001, apresentava

    perda auditiva neurossensorial em ambas orelhas com classificao segundo Davis e

    Silvermann (severa).

    A aluna B. frequentou a educao infantil no ensino particular, e posteriormente ao ingressar

    no ensino fundamental (1 4 srie), a aluna frequentou o ensino municipal, onde recebeu

    atendimento de profissional de apoio permanente em sala de aula durante os quatro anos.

    Vale ressaltar que durante o perodo pr-escolar e ensino fundamental (1 4 srie), a aluna

    frequentou no perodo contraturno ao escolar apoio no Instituto Londrinense de Instruo e

    Trabalho para Cegos (ILITC).

    A dificuldade maior foi encontrada com a sada da aluna da Escola Municipal para a Escola

    Estadual, j que o referido no contempla a funo de apoio permanente para o aluno cego,

    somente para o aluno deficiente fsico/neuromotor.

    Comeou assim uma busca para se conseguir um profissional que pudesse atuar com a aluna

    em sala de aula. Para que isso se concretizasse foi preciso que a aluna fosse transferida do

    Instituto Londrinense de Instruo e Trabalho para cegos (ILITC), para o Centro de

    Atendimento Especializado Surdocegueira e Mltiplos deficientes Sensoriais

    (CAE/Surdocegueira), visto que a aluna surdocega e no somente cega.

    Com esta transferncia foi possvel que a representante do Setor (CAE/Surdocegueira) do

    Ncleo Regional de Educao, sediado no Municpio de Londrina PR, abrisse um processo

    para a demanda da funo do professor Guia Intrprete para atuar com a aluna no ensino

    regular.

    Aberto a demanda, alguns critrios foram adotados para a seleo do professor Guia

    Intrprete, que decorreu de um processo em que preferencialmente o professor deveria ser do

    Quadro Prprio do Magistrio (QPM) e ter experincia como docente na rea da Educao

    e/ou Educao Especial.

    Em abril de 2009 a aluna B. passou a contar com o apoio da professora Guia Intrprete.

    Declogo do surdocego:

    Declarao aprovada na IV Conferncia Mundial Helen Keller, realizada em Estocolmo, em

    setembro de 1989.

    1- Todo pas deve realizar o senso de sua populao surdo-cega.

    2- A surdez-cegueira uma deficincia nica e no a simples soma das duas deficincias

    surdez e cegueira assim requerem servios especializados.

    3- imprescindvel a formao de profissionais altamente especializados em todos os pases.

    Quando, em algum pas, no for possvel formar esses especialistas, dever ser solicitada a

    ajuda de outras naes.

    4- A comunicao a maior barreira para o desenvolvimento pessoal e a educao do surdo-

    cego, por este motivo o ensino de mtodos de comunicao eficazes dever ser priorizado.

    5- Todo pas dever oferecer oportunidades para a educao do surdo-cego.

    6- O surdo-cego pode ser algum produtivo. Assim, devem ser criados programas de

    integrao profissional.

    7- Dever ser dada ateno formao de intrpretes, profissionais imprescindveis para a

    independncia do surdo-cego.

    8- Devem ser criados sistemas residenciais alternativos, independentes, para o surdo-cego,

    que atendam suas necessidades e aptides.

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    9- A sociedade tem obrigao de permitir ao surdo-cego a participao em atividades de lazer

    e recreao, em interao com a comunidade.

    10- essencial que a sociedade tome conhecimento das possibilidades e necessidades do

    surdo-cego para que possa exigir o apoio governamental e comunitrio (Richard Kinney,

    1977)

    No Brasil a histria da Surdocegueira no Brasil tem incio com a criao do Instituto dos

    Surdos Mudos ( hoje, Instituto Nacional de Educao de Surdos - INES) na cidade do Rio de

    Janeiro, por iniciativa do Governo Imperial, pelo professor Eduard Huet, recomendado pelo

    Ministro da Instruo Pblica da Frana Corte Imperial Brasileira em 26 de setembro de

    1857.O Instituto dos Surdos-Mudos pouco tempo depois de ter sido criado sofreu processo de

    deteriorao. Em 1953 com a visita de Helen Keller (surdacega) ao Brasil, sensibilizou a

    educadora Nice Tonhozi Saraiva, que j trabalhando na Educao de cegos em So Paulo

    dedicou-se tambm a Educao de Surdocegos a partir de 1962. Tambm em 1962, fundou a

    SEADAV - Servio de Atendimento ao Deficiente Audiovisual. Em 1963, por interveno do

    estado a SEADAV foi transferida de So Paulo para So Bernardo do Campo. Em 1968, a

    SEADAV passou a se chamar ERDAV - Escola Residencial para Deficientes Audiovisuais.

    Em 1977 passa a ser chamada de FUMAS - Fundao Municipal Anne Sullivan, que ficou

    sendo a mantenedora da Escola de Educao Especial Anne Sullivan.

    O professor guia intrprete o mediador do aluno surdocego com o universo escolar, servindo

    de ponte para interao entre os professores, alunos inseridos no mbito escolar, funcionrios

    da escola entre outros. Tem que estar comprometido com a sua funo e narrar com fidelidade

    o que o aluno manifestar, respeitando a opinio do aluno com o cuidado de no impor a sua

    opinio, ser neutro dentro da sala de aula voltado somente para a sua funo.

    Cdigo de tica do Intrprete:

    O intrprete do surdocego deve ter conscincia da importncia de seu trabalho.

    Deve ser uma pessoa preparada para transmitir mensagens faladas e sinalizadas, saber e

    adaptar-se as distintas habilidades e capacidades de comunicao de cada pessoa surdocega,

    para qual possuir o domnio dos principais mtodos de comunicao e saber guiar com

    segurana, quando a atividade a ser realizada requerer.

    Deve tambm, ser muito consciente de que seu papel, no de uma "irm de caridade", sendo

    que na prtica pode ocorrer que tenha que realizar algumas coisas, que na interveno, o

    surdocego no pode realizar por si mesmo, a regra pela qual se conduzir ser de servir "de

    olhos e ouvidos" da pessoa surdocega, sendo esta quem deve tomar a iniciativa e realizar as

    aes de acordo com a informao que lhe fornecida e o que pode fazer por si mesma.

    O Intrprete no deve importar-se com a inevitvel proximidade fsica para transmitir as

    mensagens.

    Idntico aos intrpretes de surdos, devem seguir estas regras do cdigo de tica, que so

    como se segue:

    1- Toda informao correspondente interpretao, devem ser confidencial.

    2- Expressar a mensagem com fidelidade e objetividade, sempre transmitindo o contedo e a

    inteno como disse o interlocutor.

    3- No se deve manifestar a prpria opinio, nem dar sugestes, nem fazer gestos de

    estranheza ou exclamao durante a interveno.

    4- Na contratao do servio devem ser consideradas as qualidades do intrprete, as

    caractersticas do contrato e da pessoa que utiliza o servio.

    5- O pagamento pelo servio realizado, deve requerer um contrato com base legal e

    profissional.

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    6- A conduta deve ser prpria de um profissional.

    7- Esforar-se em ampliar conhecimentos profissionais, e em melhorar as habilidades para

    realizar a interveno por meio de reunies e interao de outros intrpretes, mesas redondas,

    e buscando a informao atualizada sobre o tema.

    8- Tomar parte da organizao de intrpretes e manter-se em contato com ela, se houver. Em

    um servio organizado, se poderia considerar a convenincia de alternar com outro intrprete

    se o servio requerido for de longas sesses. importante tambm que o intrprete conhea

    quem lhe contrata, antes de realizar a interveno e assim poder preparar-se de acordo com o

    mtodo e meio de comunicao, a situao mais confortvel para a interpretao e os tempos

    de descanso.

    Todo guia-intrprete deve conhecer e utilizar o Cdigo de tica profissional. O servio que

    prestam s pessoas surdocegas de vital importncia e se pode sintetizar assim: "Ser seus

    olhos e seus ouvidos para que possa atuar e integrar-se meio social e cultural".

    essencialmente importante entender que os intrpretes existem para que os Surdocegos

    "Possam atuar por si mesmo".(retirado do Cdigo de tica de intrprete)

    3-Resultado e Discusso

    O governo do Estado do Paran tem proporcionado condies efetivas para que a incluso se

    concretize dentro do contexto atual de respeito diversidade. Hoje os professores podem

    contar com cursos de capacitao que envolvem grupos de estudos presenciais, a distncia,

    entre outros, que visam a aquisio de novos conhecimentos , prticas educativas, tcnicas,

    que sero revertidos em profissionais aptos, seguros, motivados, comprometidos com a

    educao e atuantes na sociedade.

    A incluso se faz presente em nossas escolas, porm, a nossa preocupao enquanto

    profissionais responsveis no que ela acontea, mas que acontea da melhor forma, com

    responsabilidade onde todos se beneficiem disso, professores, alunos inseridos no ensino

    regular, corpo escolar e familiares, para que todos os envolvidos neste processo possam

    aprender com essas interaes existentes no universo escolar.

    4-Concluso

    No contexto da educao inclusiva, o desafio de ser guia intrprete de aluno surdocego tem se

    voltado para desenvolver estratgias das atividades ministradas pelo professor docente, com

    qualidade no processo de ensino aprendizagem. Que envolva aluno, docentes da srie cursada,

    toda a equipe pedaggica e demais funcionrios da escola, contemplando um universo de

    reflexes sobre as orientaes e decises acerca da prtica educativa sendo esta construda no

    dia a dia . A aquisio de contedos pelo aluno surdocego tem sido significativa com o apoio

    do professor guia intrprete, oportunizando momentos de interaes e aprendizagens nicas,

    respeitando sua especificidade e seu tempo para cada realizao de atividades propostas.

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