Post on 30-Mar-2016
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Expediente
Bispo da Primeira Região Eclesiástica
Paulo Lockmann
Conselho Editorial
Ronan Boechat de Amorim –coordenador,Paulo Fernando Barros da Silva, SelmaAntunes da Costa, Paula Damas Vieira,Luciano Amorim, Deise Luce Marques eNádia Mello.
Editora e jornalista responsável
Nádia Mello (MT 19.333)
Assistente de redação
Paula Damas
Capa/Editoração Eletrônica
Olga Rocha dos Santos
Circulação: 10 mil exemplares
Esta publicação circula comosuplemento do Jornal Avante,não sendo, portanto, distribuída
SumárioCAPA:
Uma análise sobre a prática da educação metodista a
partir da experiência com oInstituto Metodista Bennett
aponta para a necessidade de uma renovação e a
importância de se definir a identidade do educador num
colégio metodista. São destacadas dificuldades teóricas e
práticas, fazendo uma abordagem da missão do professor
como colaborador de uma missão apostólica e, mais
particularmente, como educador da fé.
Carta aos leitores 4
Quem era João Batista? 5
Estudo e Reflexão
A Vida que vence a morte 8
Espaço Aberto
O professor do colégio metodista como educador
da fé 10
Contexto
A importância da consolidação 13
Discipulado
Martin Luther King: Uma obra inacabada 14
História Viva
Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro
Calendário Litúrgico
Janeiro-Fevereiro
Epifania (3ª estação)
Nº 20 – Ano 2 – janeiro-fevereiro/2009
Período: 6 de janeiro a 29 de fevereiro.
Cor litúrgica: branco por oito dias e depois,amarelo-ouro, a cor mais alegre de todas, a corda realeza.
Temas básicos: manifestação do Cristo ao mundocomo salvador de todas as pessoas.
Símbolos litúrgicos: estrela e coroa dos magos,mãos, peixes.
4Fé&Nexo
Talvez na véspera de sua morte, Luther King pressentis-
se o fim de sua carreira, quando proferiu um discurso fazen-
do menção a Moisés. Assim como o patriarca, ele veria a
“terra prometida”, mas não entraria nela. De fato, a profecia
se cumpriu. Ele morreu sem ver seu sonho tornar-se realida-
de. De King até Obama houve mudanças. No entanto, o ne-
gro continua sua luta, embora num cenário mais favorável.
Obama como presidente dos Estados Unidos é um prova in-
contestável. Mas entre o sonho de Luther King e a realidade
de Obama ainda existem e existirão muitos confrontos dire-
tos e indiretos por melhorias que vão além da cor da pele.
Isso é bem real.
Por falar em melhorias, lembramos também de uma área
que merece cudados especiais: educação. Todo início de ano,
esse é um tema recorrente. Por se tratar de um setor de suma
importância para o desenvolvimento socioeconômico de uma
nação, professores e técnicos em educação decidiram anali-
sar a qualidade do ensino metodista e concluíram que as res-
ponsabilidades dos educadores não se limitam aos livros di-
dáticos. Vale apenas conferir.
Boa leitura!
Nádia Mello
Editora
Quando Barack Obama surgiu no cenário político inter-
nacional, o mundo vislumbrou a possibilidade de um
feito histórico: Estados Unidos teria seu primeiro presidente
negro. E isso aconteceu justamente num país marcado pela
lembrança do segregacionismo. Klu Klux Klan, guetos, guer-
ras entre brancos e negros nas ruas fazem parte da história
do negro norte-americano. A ascensão de Obama ao cargo
máximo da maior economia do mundo nos trouxe à memó-
ria outro grande nome do cenário afro-americano: Martin
Luther King, assassinado durante sua luta contra a discrimi-
nação nos Estados Unidos. No ano em que completaria 80
anos, sua trajetória é relembrada nesta edição como uma
História Viva.
Diferente de Obama, que se converteu ao cristianismo já
adulto, tornando-se membro da Igreja Batista da Trindade
Unida em Cristo, em Chicago, Luther King teve seus pri-
meiros ensinamentos religiosos em seu próprio lar. Tanto é
que ele foi ordenado pastor aos 19 anos. No entanto, seus
esforços não se limitaram em buscar apenas o Reino de Deus,
mas também garantir uma vida mais justa aqui na Terra, so-
bretudo para os negros americanos. Como um bom cristão,
nunca olhou para as circunstâncias por mais desfavoráveis
que elas aparentavam ser.
De Luther King a ObamaCARTA AOS LEITORES
BOA DICA
O prisioneiro do Senhor,de autoria do bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann, “revela uma posição de fé.
Embora numa prisão romana, o apóstolo Paulo não se reconhece prisioneiro de César,
mas sim de Cristo (cf. Ef 3.1). Na concepção cosmológica e histórica do apóstolo, quem
governa o mundo é o Senhor da História, Deus. Por isso, Deus permitira sua prisão com
um propósito, e, se desejasse, o soltaria, como já fizera antes. Sua prisão era, antes, uma
oportunidade diferenciada de serviço a Deus, como fora a prisão em Filipos, quando
todos foram tocados pelo louvor e testemunho de Paulo e Silas, culminando com a
conversão do carcereiro”.
Informações e pedidos na Sede Regional pelos telefones: (21) 2557-7999 e 2557-3542
5Fé&Nexo
Quem era João Batista?Bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann
Nós, que vivemos num país de for-
te influência católica romana, temos
João Batista afetado por esta cultura
religiosa; muito pouco de quem ele foi
e de seu testemunho foi ensinado. O que
se vê é o santo mártir sendo adorado
como aquele que por sua fidelidade a
Deus foi assassinado, decapitado por
ordem de Herodes (Mc 6.16).
Mas, na verdade, João Batista era,
sem dúvida, o último dos profetas ao
estilo do Antigo Testamento. Suas se-
melhanças com Elias são notórias e re-
conhecidas (Lc 1.17), sua história de
nascimento tem semelhança com
Sansão (Jz 13.2-25), mas também
com Samuel, pois tanto um como
o outro nasceram de mulheres es-
téreis, o que aponta o nascimen-
to como um propósito de Deus,
um milagre (1 Sm 1.5-28; Lc
1.5-25). João Batista nasceu
cheio do Espírito Santo, e, por
orientação divina, foi consa-
grado a Deus. Seu pai, que ha-
via ficado mudo em virtude de
sua incredulidade, voltou a fa-
lar quando do seu nascimento
(Lc 1.62-64).
A figura de João Batista, ao ini-
ciar seu ministério, impressionava: bar-
budo, pois fizera certamente voto de
Nazireu, vestido de peles de camelo,
ESTUDO E REFLEXÃO
alimentando-se de mel silvestre, era
magro e musculoso devido às longas
caminhadas pelo deserto, onde vivera
até se manifestar a Israel (Lc 1.80).
Com certeza, não era o padrão de pro-
feta e homem de Deus que nós temos.
Se entrasse, hoje, em uma de nossas
igrejas, certamente, antes que abrisse
a boca, seria posto para fora, como
mendigo.
No entanto, antes de vermos o seu
testemunho, vejamos o que Jesus disse
dele: “Então, em partindo eles, passou
Jesus a dizer ao povo a respeito de João:
Que saístes a ver no deserto? Um cani-
ço agitado pelo vento? Sim, que saístes
a ver? Um homem vestido de roupas
6Fé&Nexo
finas? Ora, os que vestem roupas finas
assistem nos palácios reais. Mas para
que saístes? Para ver um profeta? Sim,
eu vos digo, e muito mais que o profe-
ta. Este é de quem está escrito: “Eis aí
eu envio diante da tua face o meu men-
sageiro, o qual preparará o teu cami-
nho diante de ti. Em verdade vos digo:
entre os nascidos de mulher, ninguém
apareceu maior do que João Batista;
mas o menor no reino dos céus é maior
do que ele” (Mt 11.7-11). O que João,
o autor do Evangelho, disse? “Houve
um homem enviado por Deus cujo
nome era João. Este veio como teste-
munha para que testificasse a respeito
da luz, a fim de que todos virem a crer
por intermédio dele” (Jo 1.6-7).
O TESTEMUNHO DE JOÃO
“... o que vem depois de mim tem,
contudo, a primazia, porquanto já exis-
tia antes de mim...” (Jo 1.15).
Sem dúvida, Jesus é o primogênito
de toda a criação, sendo Ele o primei-
ro, tendo a primazia, pede um reconhe-
cimento disso por cada um de nós.
Vivemos numa sociedade onde to-
dos querem ter a primazia, querem ser
os primeiros, reivindicam tratamento
diferenciado, em tudo se investe nesta
idéia, anúncios de toda ordem querem
fazer de você alguém especial, mere-
cedor de tratamento diferenciado, en-
fim, todos querem estar no centro. Isso
no Brasil é tão sério que, quando a se-
leção brasileira de futebol não tira o 1º
lugar na Copa do Mundo, é como se
tivesse tirado o último. Todos queremos
a primazia.
Aqui, entra o Evangelho. Nele, nós
devemos nos colocar no segundo pla-
no, e Jesus deve ocupar a primazia. Isso
pede reorganização dos nossos valores,
pede que contrariemos nossos interes-
ses pessoais e a tendência que nos cer-
ca. Com certeza, não é algo que se faz
somente com uma disposição mental ou
esforço humano: precisamos ser afeta-
dos pelo Espírito, ou seja, nascer da
água e do Espírito, conforme ensinou
Jesus mais tarde ( Jo 3.5).
O anúncio de João Batista, além de
colocar Jesus como prioridade, como o
primeiro, nos apresenta a graça de
6Fé&Nexo
7Fé&Nexo
Paulo Tarso deOliveira Lockmannbispo da IgrejaMetodista na PrimeiraRegião Eclesiástica
Deus: “...temos recebido da sua pleni-
tude graça sobre graça...” (Jo 1.16).
Isso deve ter soado entre os judeus
comuns como verdadeira “boa nova”,
e, para os religiosos da sinagoga e do
templo, como uma grande heresia. Por
isso, as embaixadas religiosas que se
seguiram incumbidas de confrontar
João Batista (Jo 1.19).
O Judaísmo, como religião, era pe-
sado. Jesus mesmo afirmou isso ao se
referir aos mestres de Israel: “Atam far-
dos pesados e difíceis de carregar e os
põem sobre os ombros dos homens,
entretanto, eles mesmos, nem com o
dedo querem movê-los” (Mt 23.4).
Uma religião sem graça, pura discipli-
na religiosa e ritual sem vida.
O apóstolo Paulo, grande anun-
ciador da graça, conseguiu mostrar o
contraste entre a religião judaica e a
mensagem de Jesus Cristo, já intro-
duzida pelo testemunho de João Batis-
ta. Ele dizia que a lei é como uma dama
que acompanha a noiva, ou como se
dizia antigamente: um aio, aquele ou
aquela que conduz a noiva ao noivo,
diante do noivo se encerra a função da
dama; neste caso, Cristo é o noivo. A
lei, do mesmo modo, vem ao nosso
encontro e denuncia que somos peca-
dores e que estamos debaixo da maldi-
ção, já que, biblicamente, pecado é
maldição. A desobediência à lei de Deus
traz maldição e morte, conforme a lei
revelada na Torah (Dt 27.26). Junto a
isso, Paulo ensinando a Igreja na
Galácia, disse: “Cristo nos resgatou da
maldição da lei, fazendo-se ele próprio
maldição em nosso lugar (porque está
escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado em madeiro), para que a
bênção de Abraão chegasse aos genti-
os, em Jesus Cristo, a fim de que rece-
bêssemos, pela fé, o Espírito prometi-
do” (Gl 3.13-14).
Por tudo isso, é que, quando pelo
Espírito, João Batista anuncia a vinda
da graça sobre graça inaugura o Novo
Testamento, a nova aliança de Deus com
os seres humanos. O sacrifício de Jesus,
o seu sangue, anula a sentença de morte
e maldição que estava lançada sobre to-
dos nós, transgressores da lei de Deus,
pecadores e destituídos da glória-graça
de Deus (Rm 3.23; 6.23). Paulo chega a
dizer que, segundo a mente, ele era es-
cravo da lei; segundo a carne, do peca-
do, e dá um gemido: “... quem me livra-
rá do corpo desta morte?” (Rm 7.24). A
seguir, ele anuncia a graça do Espírito e
da vida em Cristo Jesus: “Agora, pois,
já nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espíri-
to”. Porque a lei do Espírito da vida, em
Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado
e da morte” (Rm 8.1-2).
A melhor ilustração da diferença da
religião dos mestres de Israel e a reli-
gião ou fé anunciada por João Batista,
e vivida e ensinada por Jesus, é o epi-
sódio narrado no próprio Evangelho de
João, no capítulo 8, a cena da mulher
apanhada em adultério. Leia com cal-
ma pedindo o discernimento do Espíri-
to Santo. Você fica estarrecido com o
contraste entre a religião judaica e a fé
ensinada por Jesus. Uma queria mon-
tar uma armadilha para Jesus, astúcia,
engano e traição, estratégias malignas.
Além disso, alimentava-se do sangue
dos pecadores e pecadoras apanhados:
queriam ver um apedrejamento, algo
cruel, e já traziam as pedras. A outra, a
de Jesus, era mansa, sem malícia ou
maldade. Ele nos enxerga conforme
somos: pecadores. Não como gostaría-
mos de ser vistos, por nossas belas rou-
pas, títulos, cursos, sim, olha para nós
e diz: “... quem não tiver pecado atire a
primeira pedra” (Jo 8.7). Em seguida,
rompe com o machismo patriarcal ju-
deu, que dirige a palavra à mulher, coi-
sa proibida. Um homem adulto não
podia dirigir a palavra a uma mulher
que não fosse sua esposa, ou filha, em
público. “... Nem eu tampouco te con-
deno, vai e não peques mais.” (Jo 8.11).
Com essa atitude, Jesus vive a religião
da graça sobre graça, anunciada e tes-
temunhada por João Batista. Que lição
aprendemos: Jesus investiu na miseri-
córdia, na restauração do pecador.
É esta a fé cristã que pregamos e
devemos discipular. Uma mensagem e
discipulado que não discrimina, que
ama, perdoa, salva, ensina, treina e en-
via os discípulos e discípulas como tes-
temunhas para contar a outros o que
Cristo fez por elas.
8Fé&Nexo
A Vida quevence
a morteJoão 14.27
Luiz Vergílio Batista da Rosa*
ESPAÇO ABERTO
Para determinados ramos do conhe-
cimento, notadamente a Antropologia,
Sociologia e a Psicologia, o ser humano
tem na agressividade sua força impulsio-
nadora para realizações sublimes e ações
dantescas. Essa realidade, entre o ser ci-
vilizado e o lobo, determina uma perma-
nente tensão entre os valores da pessoa
humana e os valores do contrato social
estabelecido no processo civilizatório. Os
séculos desse processo demonstram que
o sentimento de matilha não respeita as
razões de quem é colocado, supostamen-
te, como integrante desse rebanho.
Por isso, a estupidez de uma guerra,
geralmente de natureza econômica, onde
vidas inocentes são ceifadas diariamen-
te, não causa indignação e desconforto
maior do que a indisposição gerada pelo
excesso de comida e bebida; um descon-
forto superado por uma boa noite de sono.
A morte de crianças palestinas são ape-
nas notas jornalísticas que incrementam
uma mórbida emoção provocada pelos
programas e noticiários das redes de tele-
visão e as multimídias eletrônicas inter-
nacionais.
O massacre de crianças palestinas –
estas têm sido a maioria – é registrado
como uma lamentável consequência de
causas maiores envolvendo árabes e is-
raelenses. Mas por que se preocupar com
as crianças que estão longe de nós e são
vítimas de um conflito histórico e com-
plexo?
Sim, por que se preocupar com aque-
las, tão distantes, quando no cotidiano das
ruas, vilas, becos e praças de nossas cida-
des milhares de crianças sucumbem ao
9Fé&Nexo
tráfico de drogas, à violência e à ex-
ploração do comércio de seus corpos
prostituídos, da falência da estrutura
familiar numa realidade socioeconômi-
ca de pobreza que atinge parcelas sig-
nificativas da população?
Como ter atitude diferente se esta
realidade justifica-se pela falta de uma
educação universal e qualificada, de
programas de saúde preventiva, de mo-
radia digna e de trabalho que permita o
sustento necessário aos valores e direi-
tos da pessoa humana, ainda conside-
rados privilégios?
A mensagem de Cristo anuncia a
paz de Deus, que restabelece a comu-
nhão perdida pelo pecado humano, pro-
duzindo reconciliação, nova vida e no-
vos relacionamentos pautados pela éti-
ca do amor e pelo fruto da alegria, jus-
tiça e paz. Apesar disso, continuamos
em guerra uns contra os outros. Assim,
começamos mais um ano novo onde a
violência humana, que atenta contra a
própria vida, criação divina, continua.
Guerras, tráfico, exploração, sinais de
morte ainda persistem.
Porém, persiste também nosso com-
promisso profético, nossa ação sacer-
dotal e pastoral, como povo cristão e
metodista, anunciando, denunciando,
derribando e edificando. A cada nova
pessoa que confessa que Jesus é Senhor,
aumenta a esperança de que mais vidas
serão defendidas, preservadas e salvas
do coração de pedra (de lobo) para um
coração solidário, fraterno e consagra-
do à missão daquele que trouxe vida
em abundância.
Em Cristo reside a nossa esperança
de que a paz de Cristo, vivenciada en-
tre nós, produza uma onda de entendi-
mento e reconciliação, que se propaga
na família e se estende a toda a socie-
dade humana. Há esperança de que nes-
te ano a vida também vença a morte!
* Bispo da 2ª Região Eclesiática das Igre-jas Metodistas
10Fé&Nexo
CONTEXTO
O professordo colégio metodistacomo educador da fé
Ana Lucia Cordeiro Cruz Lago
Iniciou-se um tempo de estudo e
reflexão com vistas à renovação da prá-
tica educativa dos colégios metodistas.
Uma das dificuldades encontradas nes-
ses esforços de renovação refere-se à
identidade do educador num colégio da
rede metodista.
Ressaltamos que
ensinar num colé-
gio metodista é um
ministério. Cons-
tata-se que as difi-
culdades são tão te-
óricas quanto práti-
cas e se referem,
sobretudo, à mis-
são plena do pro-
fessor como cola-
borador de uma
missão apostólica
e, mais particular-
mente, como edu-
cador da fé. Afinal,
um ensino de qua-
lidade afinado com
as exigências do
mundo contempo-
râneo é uma questão moral, de com-
petência e de sobrevivência.
Essa reflexão é dirigida, em primei-
ro lugar, aos professores e técnicos em
educação de nossos colégios. Ela apon-
ta para um ideal elevado, uma utopia
que, num colégio metodista, se consti-
tui ao mesmo tempo meta e desafio. A
educação enfrenta hoje uma crise mun-
dial. Generaliza-se uma filosofia de
vida voltada para o privatismo, o
narcisismo e a satisfação egoísta e ime-
diata dos sentidos.
Nossos alunos de-
vem aprender a
amar a todos como
irmãos e irmãs na
sociedade humana
e a dar de si para
construir uma soci-
edade mais justa e
melhor.
A situação edu-
cacional na Améri-
ca Latina constitui-
se um drama e um
desafio. Analisan-
do as deficiências
quantitativas e qua-
litativas, propomos
uma educação liber-
tadora, que corres-
ponda às nossas ne-
Reprodução
11Fé&Nexo
cessidades: uma educação que coloque
o educando como sujeito do processo
educativo e se oriente no sentido de cri-
ar um novo homem numa nova socie-
dade.
Devemos aprofundar e completar
essa proposta de educação libertadora
com a noção de uma educação evange-
lizadora, pois a educação deve contri-
buir para a conversão do homem total
e para sua abertura a Deus e à comu-
nhão fraterna. A educação metodista
deve preparar agentes de transforma-
ção permanentes, pois é o que a socie-
dade da América Latina requer.
O Evangelho testifica que no minis-
tério de Jesus o processo educativo foi
priorizado. A educação, no entanto, es-
teve lado a lado com a proclamação
histórica e profética e o ministério
terapêutico de libertação e restauração
que Ele desenvolveu.
Num mundo globalizado, transna-
cional, nossos alunos precisam estar
preparados para uma leitura crítica das
transformações que ocorrem em escala
mundial. Diante das intensas transfor-
mações científicas e tecnológicas, pre-
cisam de uma formação geral sólida,
capaz de ajudá-los na sua capacidade
de pensar cientificamente e de colocar,
da mesma forma, os problemas urba-
nos. Por outro lado, diante da crise de
princípios e valores, resultante da
deificação do mercado e da tecnologia,
do pragmatismo moral ou relativismo
ético, é preciso que a escola contribua
para uma nova postura ético-valorativa
de recolocar valores humanos funda-
mentais como a justiça, a solidarieda-
de, a honestidade, o reconhecimento da
diversidade e da diferença, e o respeito
à vida e aos direitos humanos básicos
como suportes de convicções democrá-
ticas. A par disso, a escola tem um gran-
de papel no fortalecimento da socieda-
de civil, das entidades, das organiza-
ções e movimentos sociais.
A escola tem, pois, o compromisso
de reduzir a distância entre a ciência
cada vez mais complexa e a cultura de
base produzida no cotidiano – e a pro-
vida pela escolarização. Junto a isso,
tem, também, o compromisso de aju-
dar os alunos a tornarem-se sujeitos
pensantes, capazes de construir elemen-
tos categoriais de compreensão e apro-
priação crítica da realidade.
Os desafios do século que se inicia
reafirmam a importância desse campo
de trabalho e abrem os colégios meto-
distas a uma renovação pedagógica e
pastoral com uma definição bem clara:
“o serviço da fé e a promoção da justi-
ça”. A humanidade necessita de uma
restauração de princípios e valores cri-
ados segundo a justiça e a graça divi-
nas. Por isso, a proposta pedagógica dos
nossos colégios, além de seguir os
parâmetros da lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, baseia-se nos
fundamentos educacionais metodistas
conforme expressas nas Diretrizes para
a Educação na Igreja Metodista.
A educação confessional, dentro da
caminhada metodista da fé, traduz no
despertar dos alunos para uma consci-
ência crítica e um conceito de cidada-
nia mais justo e solidário, pois a edu-
cação é um processo de construção e
reconstrução de valores, procedimen-
tos e experiências. Assim traçamos o
perfil do aluno que queremos formar e
da comunidade educativa necessária
para essa missão.
O ponto de partida para o desenvol-
vimento desse trabalho é a consciência
de quem somos, da nossa realidade atu-
al e de nossas potencialidades, daquilo
que podemos vir a ser se nos dispuser-
mos a abraçar juntos esta missão de
educar na fé. A fé é algo muito existen-
cial, mas, ao mesmo tempo, está ligada
à história e à revelação de Deus por
meio de Jesus Cristo. Assim, entende-
mos por fé o seguimento consciente,
alegre e convicto do caminho de Jesus
Cristo e a adesão a Ele dentro de uma
comunidade cristã que celebra essa fé
e busca crescer junto no compromisso.
Qual o perfil do professorado dos
colégios metodistas do Brasil? Em
muito aspectos, é semelhante ao perfil
do professor das demais escolas, sejam
privadas, sejam estatais. Muitos, inclu-
sive, fazem parte dos quadros do ma-
gistério público, trabalhando numa re-
alidade, em geral, completamente di-
ferente das escolas metodistas. Quanto
ao aspecto religioso, muitos trazem
consigo uma formação cristã básica,
que, na maioria dos casos, ficou numa
primeira iniciação, sem aprofunda-
mento. Há os que vivem e expressam
conscientemente sua adesão à fé e à
Igreja, as quais constituem valores sig-
nificativos em sua vida. Mas até que
12Fé&Nexo
ponto o caráter con-
fessional da escola
metodista terá exer-
cido alguma influên-
cia na decisão do
professor de ingres-
sar ou permanecer
num colégio meto-
dista? Não é fácil
dizê-lo. De qualquer
modo, em algum
momento, lhe terá
surgido esta pergun-
ta: qual o meu com-
promisso com a pro-
posta da escola em
que trabalha? Ou de
forma mais positiva:
como posso colabo-
rar com os metodis-
tas para educar mo-
ralmente nossos alunos segundo a pro-
posta filosófica da escola?
Que essas perguntas fiquem dentro
do coração de cada um de nós para que
assim entendamos pela fé o seguimen-
to consciente, alegre e convicto do ca-
minho de Jesus Cristo e a adesão a Ele
dentro de uma comunidade cristã que
celebra essa fé e busca crescer junto no
compromisso. Ressalto que essa fé não
apenas leva a uma visão crítica da rea-
lidade e à descoberta progressiva das
causas da pobreza e da injustiça, mas
também busca estabelecer contato real
com o mundo da injustiça e realizar
ações que eduquem para a justiça e para
a caridade, olhando o mundo com o
olhar misericordioso de Deus.
Ao educador, pede-se uma atitude
pedagógica que parta do respeito pro-
fundo a cada pessoa, que use o diálogo
como método e que procure fazer do
próprio aluno o sujeito do seu cresci-
mento pessoal. A missão de educar na
fé, ou seja, educar moralmente e cons-
truir em nossos alunos uma autonomia
moral é responsabilidade de todo o cor-
po docente de um colégio metodista.
O dia-a-dia de uma escola oferece
oportunidades frequentes para educar-
mos moralmente, para que o educador
exerça sua missão de educador da fé
não só em situações em sala de aula,
mas também no trato e convívio infor-
mal. As ocasiões surgem, às vezes, de
forma inesperada e em disciplinas que
aparentemente nada
têm a ver com reli-
gião. O questiona-
mento de dogmas
positivistas no mun-
do da ciência, a crí-
tica a um relativismo
ético, o significado
das conquistas técni-
cas ou o exemplo de
fé religiosa de cien-
tistas de renome po-
dem dar ocasião a
discussões muito
proveitosas.
Diante de todas
essas exigências, to-
do o currículo da
vida da escola deve
ajudar a testemunhar
a fé, uma educação
moral e a construção de uma autono-
mia moral em nossos alunos, de modo
que os que passem por ela ganhem me-
lhores e mais efetivas condições de
exercício da liberdade política e inte-
lectual. É esse o desafio que se põe à
educação escolar neste início de sécu-
lo. Mesmo assim, o tratamento da ques-
tão ética na escola ainda depende de in-
vestigações mais consolidadas. No en-
tanto, constitui-se um desafio aos edu-
cadores preparar-se para ajudar os alu-
nos nos problemas morais, tais como a
luta pela vida, a solidariedade, a demo-
cracia, a justiça, a convivência com as
diferenças, o direito de todos à felici-
dade e auto-realização.
* Professora do Colégio Metodista Bennett
Reprodução
13Fé&Nexo
DISCIPULADO
Deus é o Criador de toda humani-
dade e estabeleceu princípios rígidos
que regem o desenvolvimento do ho-
mem e possibilita a perpetuação da sua
espécie. A Bíblia mesmo faz alusões a
essas situações levando-nos a perceber
as realidades destes fatos e permitin-
do-nos tomar as devidas providências
em todas as fases de desenvolvimento
do nosso ser.
A FASE DO RECÉM-NASCIDO
EFÉSIOS 4.13
Para que não sejamos mais meni-
nos inconstantes, levados em roda por
todo o vento de doutrina, pelo engano
dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente.
Inicia-se no instante do nascimento
e termina com a queda do coto umbili-
cal. Tem a duração, em média, de sete
dias e vai depender dos cuidados que
irá receber para desenvolver-se satisfa-
toriamente. Da mesma maneira acon-
tece com o bebê espiritual. E este ne-
cessitará:
I - ALIMENTAR-SE DA PALAVRA DE
DEUS PARA PERMANECER VIVO
“Não só de pão viverá o homem,
mas de toda Palavra de Deus” (Mt 4.4).
Assim como um bebê natural necessita
do seio de sua mãe, também o bebê es-
piritual precisa nutrir-se da Palavra de
Deus, porque é o único elemento que
pode ajudá-lo no crescimento espiritu-
A importância da ConsolidaçãoPaulo Fernando Barros da Silva*
al. “Desejai ardentemente, como crian-
ças recém-nascidas, o puro e genuíno
leite espiritual, para que por ele seja
dado crescimento para a salvação”
(1 Pe 2.2). Devemos estar bem para aju-
darmos os bebês que estão chegando,
pois a Bíblia diz: “Ora, todo aquele que
se alimenta de leite é inexperiente na
Palavra da justiça, porque é criança”
(Hb 5.13). Um bebê não pode cuidar
de outro bebê. Por isso, devemos ma-
nejar bem a Palavra de Deus e aplicá-
la especialmente em nossas vidas, ten-
do a vida de Deus e um caráter irre-
preensível, qualidades que os adultos
espirituais certamente possuem.
II - MANTER UMA VIDA DE ORAÇÃO
PERMANENTE
Seja lá o que estejamos fazendo du-
rante o dia, os nossos corações devem
pulsar pelo Pai celeste, pois tudo no
mundo e em nossas vidas depende da
oração. Disse Jesus: “...porque sem mim
nada podeis fazer” (Jo 15.5). A oração é
o meio de comunicação estabelecido por
Deus; ela é tão imprescindível que Je-
sus, que não ensinou os seus discípulos
a pregar, os ensinou a orar. Nós também
vamos ensinar a nossos bebês como de-
vem se comunicar com o Pai.
III - DAR TESTEMUNHO DA SUA FÉ
Como um choro que o bebê não
pode conter, os novos crentes podem
dizer: “não podemos deixar de falar das
coisas que temos visto e ouvido”
(At 4.20). E fazem como a mulher
samaritana que “deixou o seu cântaro,
foi à cidade e disse (...) vinde, vede um
homem que me disse tudo quanto te-
nho feito” (Jo 4.28-29).
IV - SER INCENTIVADO A TER
COMUNHÃO COM OUTROS CRISTÃOS
A Igreja Primitiva tinha como ca-
racterística perseverar na comunhão uns
com os outros (At 2.42). “Conside-
remo-nos uns aos outros, para nos esti-
mularmos ao amor e às boas obras; não
deixando de congregar-nos, como é
costume de alguns, antes, façamos ad-
moestações, e tanto mais quando vedes
que o dia se aproxima” (Hb 10. 24-25).
Devemos andar e estar na luz para que
tenhamos comunhão uns com os outros
e assim, o sangue de Jesus nos purifi-
cará de todo pecado (1 Jo 1.7).
Finalizando, os bebês espirituais
também precisam ser avaliados para
sabermos se estão desenvolvendo-se
normalmente com meditação na Pala-
vra de Deus; vida ativa de oração; tes-
temunho de sua fé; comunhão com os
outros cristãos e exercício da fé em to-
das as áreas: espiritual, física, sentimen-
tal, etc. E isso se dá através do acom-
panhamento individual (discipulado)
dos Grupos Pequenos.
* Pastor e coordenador do Ministério Re-gional de Discipulado
14Fé&Nexo
o título de doutor em filosofia na área
de teologia sistemática.
Ao longo dos tempos, as igrejas
negras, principalmente as batistas e
metodistas, vieram a ser espaços de re-
sistência e luta contra o racismo e a se-
gregação racial nos Estados Unidos.
Foram elas nutridas na aplicação do
ensino bíblico à vida cotidiana sofrida
da população afro-americana, tanto
antes como depois de sua emancipação,
tão bem expressa nos cânticos dos Ne-
gro Spirituals.
Pesquisas mais recentes sobre o
pensamento de King mostram que sua
formação teológica tanto no Crozer
como em Boston o levaram a apro-
fundar sua resistência e crescentemente
oposição a qualquer forma intimista ou
individualista da fé religiosa. Neste sen-
tido, King assumiu crescentemente a
agenda teológica do liberalismo norte-
americano, especialmente do Evange-
lho Social (Social Gospel). A forte pie-
dade e espiritualidade místicas de King,
insertadas na cultura religiosa afro-
americana, foram cada vez mais ao lon-
go de sua curta existência determina-
das por seu crescente e radical compro-
misso social na luta em favor da justi-
ça e da paz.
Sua vida vai ter uma mudança ra-
dical com a sua designação para o
pastorado da Igreja Batista da Aveni-
da Dexter em Montgomery, Alabama,
Martin Luther King:Uma obra inacabada
No dia 19 de janeiro, foi feriado
nacional nos Estados Unidos, em ho-
menagem a Martin Luther King Jr.,
quando completaria 80 anos. Quere-
mos honrar a memória e a luta de um
dos maiores seres humanos que o sé-
culo XX teve oportunidade de oferecer
a todas as gerações. Vamos refletir so-
bre a trajetória desse homem que sem-
pre soube que sua obra não terminaria
com a sua morte. Essa convicção fez
de Martin Luther King um símbolo para
todas as pessoas que lutam pela supe-
ração de todas as formas de exclusão e
discriminação.
Mas quem foi Martin Luther King?
Ele nasceu em Atlanta, em 15 de janei-
ro de 1929. Como seu pai, tornou-se
pastor batista, sendo ordenado aos 19
anos de idade, quando também se gra-
duou em Sociologia na conceituada fa-
culdade negra Morehouse College. Foi
nessa mesma época que King pela pri-
meira vez tomou contato com a vida e
obra de Mahatma Ghandi, passando
desde então a estudar com seriedade
seus ensinos sobre a não-violência
como estratégia para radicais mudan-
ças sociais.
Sua carreira acadêmica foi desen-
volvida primeiro no Seminário Teoló-
gico Crozer, na Pennsylvania, onde se
bacharelou em Teologia, e posterior-
mente na Faculdade de Teologia da
Universidade de Boston, onde recebeu
no coração racista do chamado Deep
South, a terra da mais abjeta discrimi-
nação e segregação raciais. Um ano
depois de sua chegada a Montgomery,
King não teve como escapar ao desa-
fio colocado pela inusitada e radical
decisão de Rosa Parks, uma mulher ne-
gra de 42 anos de idade, que se recu-
sou ceder seu lugar a um branco num
dos ônibus da cidade. Rosa, recente-
mente falecida, por causa de seu apa-
rente tresloucado gesto no dia 1º de
dezembro de 1955, acendeu a chama
de uma fogueira que logo estaria in-
cendiando a vida de milhares e milha-
res de mulheres e homens negros em
todo sul dos Estados Unidos, inclusi-
ve de Martin Luther King. Quatro dias
depois, simultaneamente, ocorreram o
boicote contra as companhias de ôni-
bus, o julgamento de Rosa Parks, e a
eleição de King por unanimidade para
presidente da Associação para o Pro-
gresso [de Pessoas de Cor] de
Montgomery.
Em 1958, King sofreu um atentado
no Harlem, em Nova Iorque. No início
de 1960, ele foi transferido para Atlanta
a fim de assumir com seu pai o co-
pastorado da histórica Igreja Batista
Ebenezer. Os anos seguintes veem King
cada vez mais articular politicamente a
luta contra o racismo, tanto local como
nacionalmente. Em agosto de 1963, em
um grande encontro nacional, King pro-
HISTÓRIA VIVA
15Fé&Nexo
feriu seu célebre discurso I have a
Dream (Eu tenho um sonho). Nessa
ocasião King e outros líderes do movi-
mento se encontram uma vez mais com
o presidente norte-americano John
Kennedy.
Em setembro quatro meninas ne-
gras são mortas num atentado à bom-
ba a uma igreja negra na cidade de
Birmingham, Alabama, e em novem-
bro o Presidente Kennedy é assassi-
nado. O ano de 1964 vê King envolvi-
do em diversos protestos por todo o
sul dos Estados Unidos. No início de
1965, Malcom X, ex-líder do movi-
mento muçulmano negro, é assassina-
do por antigos companheiros muçul-
manos. King, apesar de suas profun-
das divergências ideológicas com
Malcolm, devido à questão do uso es-
tratégico da não-violência, expressa
seu profundo pesar pela morte do ou-
tro líder negro norte-americano mais
importante naquela década.
Em 1966 King toma a decisão que
vai gerar graves conseqüências para
os três anos finais de sua vida: ele re-
solve deslocar sua ação no movimen-
to dos direitos civis para as cidades
do norte dos Estados Unidos. Isto vai
lhe custar problemas praticamente in-
superáveis com os brancos liberais e
os setores negros do norte. Os distúr-
bios urbanos particularmente no nor-
te do país exemplificavam em gran-
de parte o desencanto com a estraté-
gia não-violenta ardorosamente de-
fendida por King.
Ao alugar um apartamento no
gueto negro de Chicago, King passa a
viver com o cotidiano da vida dos ne-
gros numa grande metrópole do norte
do país e de um grande centro do libe-
ralismo norte-americano. É neste mes-
mo ano que King vai começar a se en-
volver no movimento contra a guerra
no Vietnam. No ano seguinte, em mar-
ço de 1967, no Coliseu de Chicago,
durante uma grande demonstração
contra a guerra, King lança um forte
ataque à política militarista norte-ame-
ricana. No restante do ano, a situação
social se agrava e se torna cada vez
mais tensa e conflituosa, com distúr-
bios urbanos explodindo em distantes
partes do norte do país com enorme
número de feridos e mortos. Diante de
tal quadro, King cada vez mais articu-
la sua luta não-violenta contra o ra-
cismo com as lutas contra a
guerra e a pobreza, explici-
tando cada vez mais com
maior clareza a natureza
estrutural-econômica de
suas causas.
Em fevereiro de 1968
é deflagrada a greve dos
trabalhadores dos serviços
de água e esgoto de
Memphis, no Estado do
Tennessee. King resolve
apoiar o movimento e duran-
te uma marcha de protesto, a
violência irrompe e deixa o
saldo de um morto e cerca de
cinquenta feridos. No dia 3 de
abril, King profere diante da assem-
bleia dos grevistas o seu discurso: “Eu
estive no alto da montanha”. Ele fez
menção à passagem bíblica
em que Moisés só avista a
terra prometida, mas não
entra nela. No dia seguinte King é as-
sassinado.
Nota da Redação. O homem que teve
um sonho de viver numa sociedade
mais justa e sem preconceitos morreu.
Mas sua morte não significa o fim des-
se sonho. A eleição do primeiro presi-
dente negro nos Estados Unidos,
Barack Obama, que, além de afro-ame-
ricano, vem de família muçulmana, si-
naliza para um mundo um pouco mais
próximo daquele sonhado por Martin
Luther King.
Adaptação do artigo de Paulo AyresMattos, publicado na íntegra no site
www.metodista-rio.gov.br e nometodistavilaisabel.org.br
Renato Ormond