Por que a limpeza primorosa dos tanques é fundamental para a indústria de laticínios?

A grande questão da indústria é encontrar o equilíbrio entre a redução do tempo empregado e uma limpeza eficiente, além de economizar água

Cuidar das condições de higiene é fundamental para a atividade industrial como um todo. Para a indústria de alimentos, em especial a de laticínios, que lida com matéria-prima altamente perecível, a limpeza do ambiente e dos equipamentos em que os produtos são processados é crucial e pode gerar problemas fatais para o negócio se for negligenciada.Os tanques de laticínio são um ponto de preocupação para todos os fabricantes. Há um grande risco de contaminação se as suas superfícies não são completamente limpas. A formação de microrganismos nessas áreas em decorrência de falhas na higienização pode gerar muita dor de cabeça, como infecções alimentares nos consumidores, perda de remessas de produtos e recall. Além das questões financeiras imediatas, a situação pode provocar danos de longo prazo, como prejuízos irreversíveis à imagem da empresa.

Uma limpeza eficiente envolve quatro fatores: tempo, temperatura, ação mecânica e ação química. Quanto mais tempo é empregado na limpeza, mais eficiente a higienização; quanto maior a ação mecânica ou o impacto na superfície do tanque, mais limpo ele estará; quanto maior a temperatura e o uso de componentes químicos, mais fácil será a limpeza.

Outro modo de higienização comumente empregado é encher e esvaziar o tanque inúmeras vezes. Além de gastar muita água e químicos, é um processo também pouco eficiente, já que não garante impacto em toda a superfície. A limpeza feita dessa forma não chega ao teto, por exemplo. Dependendo das características do produto, pode ser muito difícil removê-lo dessa forma.

A grande questão para a indústria é otimizar o tempo empregado no processo de limpeza, pois tanques parados implicam em pausas na produção. No entanto, é preciso fazê-lo sem onerar demais a higienização ao elevar os custos com os demais fatores (impacto, componentes químicos e temperatura, que impacta também o consumo de energia). Outro ponto essencial é a quantidade de água empregada. Não só por questões financeiras de captação e descarte, mas também pela premissa de economia de um recurso natural fundamental para o equilíbrio ambiental.

Hoje, a indústria de laticínio no Brasil recorre a procedimentos diversos para a limpeza dos tanques. Um deles é a operação manual. Um operário entra no tanque para fazer a limpeza. Além de não ser 100% eficiente, pois a atividade humana é passível de falhas, esse processo precisa estar em conformidade com a Norma Regulamentadora 33 (NR 33), que estabelece requisitos mínimos para as condições de segurança e saúde de trabalho em espaços confinados. De acordo com a NR, é vedada a realização de qualquer trabalho em espaço confinado de maneira isolada, ou seja, a empresa precisa disponibilizar mais de um trabalhador para realizar a limpeza. Além disso, o espaço precisa ter condições atmosféricas adequadas (é preciso cuidar da eliminação dos gases antes de iniciar o processo) e os colaboradores envolvidos na atividade devem ser submetidos a exames médicos específicos, o que torna o processo manual extremamente demorado e custoso.