Post on 22-Jul-2016
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“A cultura do BC é baseada em
ética, excelência, compromisso, foco
em resultados, transparência e
responsabilidade social”
Fundação iFHC Pesquisa ACREFI/TNS
Banco Central: 50 anos
Fórum que transcende as fronteiras nacionais
Consumidor revela moderação
ao contratar crédito
Alexandre Tombini, presidente
Rubens Ricupero “Ninguém torce pelo insucesso da equipe econômica”
edição
91Abr/Maio
conteúdofinanceiro
16
5 Editorial
10 Entrevista do mês Alexandre Tombini, presidente
do BC, trata dos desafios enfrentados pelas diversas
gestões nas cinco décadas de fundação da instituição
16 Homenagem Diploma de Mérito COAF
18 Pesquisa Consumo com moderação
20 Evento Orientação financeira
26 Debates ACREFI
34 Conjuntura Rubens Ricupero
38 Gestão de ativosCassiopae
Escreva o seu e-mail, faça seu comentário:acrefi@acrefi.org.br
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3abril/maio 2015 financeiro
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40 Informações estratégicasTNS Brasil/James Conrad
42 Segurança digital
44 Painel Cetip
46 Harley-DavidsonDivirta-se no trânsito. É possível
50 Fundação iFHCFórum para falar e ouvir o mundo
55 Galeria Rabieh Arte que instiga reflexões sociais e políticas
57 Informe Fractal
Artigos24 Denise Campos de ToledoJornalista
29 Ricardo DinizBank of America Merrill Lynch
30 Pedro Henrique Pessanha RochaConfederação Nacional das Instituições Financeiras
33 Aquiles Leonardo DinizACREFI
37 Dorival Dourado Jr.Boa Vista SCPC
66 Nicola TingasACREFI
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4 financeiro abril/maio 2015
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O Brasil passou por uma espécie de “tempes-tade perfeita” no primeiro trimestre, quando as más notícias se acumularam dia após dia.
Felizmente, no entanto, o cenário começou a ficar menos nebuloso em abril, tanto no campo político quanto no econômico – o que não significa que nossos graves problemas estejam encaminhados no sentido positivo. Ao contrário, os desafios ainda são muito grandes e requerem ações imediatas no sentido de superá-los, sob pena de o País continuar a conviver com baixas taxas de crescimento e com todos os pre-juízos que elas trazem para todos.
Sinais positivos começaram a aparecer no segun-do trimestre tanto pelo lado político quanto pelo eco-nômico, mas certamente ainda há muito a fazer, com destaque para a urgente necessidade de retomar os investimentos em infraestrutura. Não se pode falar em crescimento sustentável sem que os investimen-tos voltem e é preciso que os aportes sejam feitos prioritariamente em infraestrutura, cujas carências saltam aos olhos.
Esse ponto é quase uma unanimidade quando se fala na volta do crescimento. Ao mesmo tempo, no entanto, surge uma dúvida: de que maneira atrair esses aportes?
Não há uma resposta simples a essa pergunta, mas é certo que os recursos não virão sem o resta-belecimento da credibilidade. Sem dúvida, o Brasil deu passo importante nessa direção com a escolha
O primeiro
passo
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editorial
de Joaquim Levy como ministro da Fazenda. Desde o anúncio do nome dele, e mais ainda com as iniciativas de Levy no comando da economia, o País passou a ser considerado como uma alternativa mais confiável pelos investidores e, entre outras boas notícias, man-teve o grau de investimento. Mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Ninguém faz aportes sem a certeza de que regras e contratos serão respeitados. Quando o Brasil demons-trar que adotará essa postura para valer, a estrada estará pavimentada para que os investimentos vol-tem. Esse é um filme a que já assistimos: os recursos voltam quando o investidor, tanto daqui quanto do exterior, constata que um país tem estabilidade e res-peita as regras. E com os aportes o Brasil pode iniciar um novo processo de crescimento, em que o crédito reconhecidamente ocupará lugar de destaque, embo-ra isoladamente não seja (nem queira ser) a solução de todos os problemas.
Tendo como pano de fundo a volta da credibili-dade, estaremos no caminho certo. Claro que não é fácil, mas é uma meta que podemos alcançar, como mostra nossa história recente. O Brasil precisa dessa retomada porque não pode se dar por satisfeito com um crescimento pífio ou negativo. O tamanho e a importância de nossa economia exigem que o desen-volvimento volte, para que tenhamos um país melhor e mais justo, em linha com o que pede e merece a nossa sociedade. f
Érico Sodré Quirino Ferreira: presidente da ACREFI
5abril/maio 2015 financeiro
João ficou surpreso quando teve crédito concedido rapidamente para a compra do seu carro. Agora, ele pode fazer suas entregas e fazer seu negócio prosperar. O que o João e muitos brasileiros não sabem é que a Cetip trabalha em parceria com as instituições financeiras, trazendo agilidade e segurança para o consumidor.
Para conhecer esta e outras histórias, acesse o site: www.cetip.com.br/financiamentos
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João ficou surpreso quando teve crédito concedido rapidamente para a compra do seu carro. Agora, ele pode fazer suas entregas e fazer seu negócio prosperar. O que o João e muitos brasileiros não sabem é que a Cetip trabalha em parceria com as instituições financeiras, trazendo agilidade e segurança para o consumidor.
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expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi – associação Nacional das instituições de crédito, financiamento e investimentorua Líbero Badaró, 425 – 28°andar – São Paulo – SP
Tel: (11) 3107-7177 fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br
PresidenteÉrico Sodré Quirino Ferreira
Vice-presidentesAquiles Leonardo Diniz, Décio Carbonari de Almeida, Felicitas Renner, Fernando Marsella Chacon Ruiz, José Luiz Acar Pedro, Leonardo Marcondes Dadalto,
Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa e Rubens Buttion
Diretor TesoureiroJosé Garcia Neto
Diretores regionaisCarlos Alberto Samogim, Edmar Casalatina, Eliseu Colman, Leonardo Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Rosa,
Paulo Henrique P. Guimarães e Romeu Zema Neto
Diretores executivos Alexandre Teixeira, Gabriel José Gama Ferreira, João dos Santos Caritá Júnior e Ronaldo Rondinelli
Montadoras
Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Joelcyr Carmello Filho e Nelson Dias de Aguiar
Diretores conselheirosJosé Carlos Alves, Ricardo Janini e Roberto Jabali
conselho consultivo
Alkindar de Toledo, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Alarico Assumpção Júnior, Alencar Burti, Décio Carbonari de Almeida, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Tavarez e Miguel José Ribeiro de Oliveira (membros)
conselho fiscalDomingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos) e Geraldo Lima Wandalsen (suplente)
Diretor superintendenteAntonio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
controllerCarlos Alberto Marcondes Machado
consultora JurídicaLívia Esteves
economista-chefeNicola Tingas
assessoria contábilAG Silveira Contabilidade
assessoria de imprensaTamer Comunicação Empresarial
av. Brigadeiro faria Lima, 1912, cj. 12b - Jardim Paulistano - São Paulo - SP - Tel.: (55.11) 3031.2388 - ceP: 01451-000 – www.tamer.com.br
Publisher Sergio Tamer
redaçãoeditores
Theo Carnier e Gilberto de Almeida
editor assistenteGustavo Girotto
fotografiaGabriel Kosman, Mário Bock e Rogério Montenegro
arteMoacyr MW e Rafael Pascoal
revisorVicente dos Anjos
impressãoEskenazi Gráfica
As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.
8 financeiro abril/maio 2015
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BANCO A.J. RENNER S.A. BANCO BONSuCESSO S.A.
BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. BANCO CACIQuE S.A. BANCO CBSS S.A.
BANCO CETELEM S.A. BANCO CSF S.A. BANCO CIFRA S.A. BANCO CITIBANK S.A. BANCO CNH INDuSTRIAL CAPITAL S.A. BANCO DAYCOVAL S.A. BANCO DE LAGE LANDEN BRASIL S.A. BANCO DO BRASIL S.A. BANCO FICSA S.A. BANCO FIDIS S.A. BANCO GMAC S.A. BANCO HONDA S.A.
BANCO INTERMEDIuM S.A. BANCO ITAÚ uNIBANCO S.A. BANCO ITAuCARD S.A. BANCO LOSANGO S.A. BANCO MERCANTIL DO BRASIL S.A. BANCO PAN S.A. BANCO PAuLISTA S.A. BANCO PSA FINANCE BRASIL S.A. BANCO RODOBENS S.A. BANCO SAFRA S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. BANCO SEMEAR S.A. BANCO TOYOTA DO BRASIL S.A.
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9abril/maio 2015 financeiro
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“A nOssA missãO é assegurar o poder de compra da moeda e manter um sistema financeiro sólido e eficiente”
“A nOssA missãO é assegurar o poder de compra da moeda e manter um sistema financeiro sólido e eficiente”
10 FINANCEIRo abril/maio 2015
F uncionário de carreira do Banco Central, Alexandre Tombini assumiu a presidên-
cia da instituição, em 2011, suce-dendo a Henrique Meirelles, um dos mais longevos executivos no cargo, posto que ocupou por oito anos. Isso, porém, estava longe de ser um problema para o homem indica-do pela Presidente Dilma Rousseff para a vaga. Considerado austero e disciplinado, Tombini já tinha con-quistado a admiração dos colegas e do mercado financeiro em seus 17 anos dedicados ao BC. Tanto que, na recente comemoração dos 50 anos do Banco Central, ele conse-guiu promover um feito inédito: a reunião de dez ex-presidentes da instituição. Nesta entrevista exclu-siva à revista Financeiro, o coman-dante do BC aborda diversas ques-tões relacionadas às cinco décadas da criação do banco. Ele trata, sem rodeios, das turbulências enfren-tadas pelas diversas gestões, dos desafios transpostos, da estabili-zação monetária, da transparên-cia das informações compartilha-das com o mercado, do sistema de metas de inflação, entre outros temas. A seguir, leia a íntegra da sua entrevista.
Há 17 anos ocupando diversos cargos no BC, o
presidente Alexandre Tombini
fala sobre a instituição, que acaba de comemorar
50 anos de fundação
11abril/maio 2015 FINANCEIRo
nhor avalia que o nível de transparência do BC é adequado?
Tombini – Como disse, a transparência é um dos valores que cultivamos no Banco Central. Esse conceito se desdobra e permeia as nossas ativi-dades e o nosso relacionamento com todos os stakeholders. O regime de metas para a inflação, por exemplo, é um arcabouço de política monetá-ria que demanda transparência, de modo a promo-ver a ancoragem das expectativas, fator-chave de sucesso desse modelo. Desde 2012, passamos a divulgar os votos de cada um dos membros do Co-mitê de Política Monetária, o Copom. Mas é certo que, dadas as responsabilidades do Banco Cen-tral e a repercussão, por vezes ampliada, de cada
Revista Financeiro – Em sua opinião, por que o Banco Central do Brasil só começou a operar em 1965, quando a maioria dos países da América La-tina já tinha esse tipo de instituição?
Alexandre Tombini – A criação dos bancos centrais foi o resultado final de processos institu-cionais em suas respectivas jurisdições. Tendo em conta as diferenças entre nações, não há sentido em se comparar tais processos em ambientes dis-tintos. No caso brasileiro, o processo de criação do Banco Central passou por uma etapa intermediá-ria, com a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), criada em 1945, já com a feição inaugural de autoridade monetária, atingindo sua maturida-de em 1964, com a edição da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Como essa lei estabelecia a entrada em vigor em 90 dias, nosso Banco Central começou a operar em 31 de março de 1965.
RF – Não faltaram turbulências nesses 50 anos do Banco Central. Fazendo um balanço geral desse período, como o senhor analisa a atuação do BC em meio a esse cenário agitado?
Tombini – Nesse período tivemos vários desafios. O primeiro foi estruturar o próprio Banco Central na década de 60. Tivemos crises internacionais, como o choque do petróleo na década de 70 e a gestão do balanço de pagamentos e do endividamento exter-no nos anos 80. No início dos anos 90, tivemos, por um lado, o início de um processo bem-sucedido de estabilização monetária, mas enfrentamos, por ou-tro lado, uma crise bancária de grandes proporções, debelada de forma eficaz por meio de um processo de intervenção conduzido pelo BC para o sanea-mento do Sistema Financeiro Nacional. Mais recen-temente, enfrentamos os efeitos da crise financeira internacional de 2008, a maior em nível global des-de o crash de 1929. O que se pôde constatar em to-das essas situações, foi a atuação do Banco Central de forma prudente e com a serenidade exigida para os momentos mais tensos. Para isso, nos apoiamos em uma missão e em processos de trabalho bem definidos, em um corpo funcional altamente capaci-tado e em uma cultura organizacional baseada em seis valores: ética, excelência, compromisso com a instituição, foco em resultados, transparência e responsabilidade social. Esse arcabouço corporati-vo foi construído pelas gerações de servidores que por aqui passaram nesses 50 anos.
RF – Em sua avaliação, qual tem sido o grau de transparência do Banco Central do Brasil? O se-
entrevistadomês
“A transparência é um dos valores
que cultivamos no Banco Central. Esse
conceito se desdobra e permeia as nossas atividades e o nosso relacionamento com
todos os stakeholders”
12 financeiro abril/maio 2015
pronunciamento de suas autoridades, e o fato de lidarmos cotidianamente com informações sen-síveis e protegidas, a transparência não pode ser confundida com ausência de critérios e cuidados com o que se pode e se deve ser tornado público; isso significa que a comunicação do Banco Central deve ser calibrada e gerida, de modo a não preju-dicar o cumprimento de nossa missão institucio-nal. Analisando essas e outras facetas da questão, considero que o Banco Central tem hoje nível ade-quado de transparência, sem prejuízo de continu-armos evoluindo nesse quesito.
RF – O Brasil já completou 15 anos de adoção do sistema de metas de inflação, em que o Banco Central tem papel de destaque. Qual é a sua ava-
liação quanto à atuação do BC para que esse siste-ma fosse bem-sucedido?
Tombini – Fiz parte do grupo que criou o regime de metas de inflação em 1999 e tenho grande satisfação por ter participado desse trabalho, cujo resultado veio num momento, também de dificuldade, quando o País havia perdido o referencial da âncora cambial. O regime de metas veio substituir esse referencial. Na prática, ele fixa um objetivo a ser perseguido pelo Banco Central e é definido conjuntamente com ou-tras políticas macroeconômicas, como a disciplina fiscal e a adoção de um regime de câmbio flutuante. A combinação desses elementos, o chamado tripé macroeconômico, possibilita maior previsibilidade em relação às ações dos entes públicos, no que diz
13abril/maio 2015 financeiro
“O Banco Central tem competências exclusivas e necessita desenvolver
conhecimento e tecnologia próprios”
substanciadas em nossa missão institucional: “as-segurar o poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. O cumprimento des-sa missão é fator fundamental para a manutenção das estabilidades monetária e financeira. Essa missão, por si só, já atrai interesse de grandes talentos de várias carreiras, como economistas, contadores, advogados, engenheiros, matemáticos e administradores. Nós temos também uma políti-ca de capacitação permanente e contínua bastante forte. Dos quatro mil funcionários que temos hoje, cerca de mil têm pós-graduação, em torno de 800 têm mestrado e outros 200, doutorado. Há também um programa voltado a incentivar nossos servido-res de nível médio a concluírem sua primeira gra-duação, além de um plano anual de capacitação dos servidores ativos, formatado e administrado por nossa universidade corporativa, a unibacen. Esse esforço de formação e treinamento também nos ajuda a lidar com problemas complexos em um ambiente dinâmico. O cenário econômico e o nosso universo regulado estão em constante mutação. É preciso um elevado grau de análise do corpo técni-co. E isso nós reforçamos com treinamento. Enfim, não basta a experiência do trabalho, embora essa seja também de grande relevância, já que o Banco Central tem competências exclusivas e necessita desenvolver conhecimento e tecnologia próprios.
RF – A tecnologia cresce e se renova em velocida-de espantosa. E para uma entidade como o Banco Central é essencial manter-se a par das inovações tecnológicas, seja do mercado, seja da própria ins-tituição. De que maneira o BC tem sido orientado para atuar em um cenário como esse?
Tombini – Traço característico da nossa cultura no Banco Central é a inovação, a sistematização dos processos de trabalho. Nós sempre procura-mos estar à frente no que diz respeito à tecnolo-gia. Essa postura é fundamental porque o mercado anda rápido. Sobretudo o brasileiro que, diante do histórico nacional de turbulências do qual trata-mos há pouco, investiu muito no processamento de operações. O BC procurou sempre acompanhar o sistema financeiro para desempenhar bem suas missões. Mais que isso até, o Banco Central foi in-dutor de muitos aperfeiçoamentos tecnológicos no sistema financeiro. Na segunda metade dos anos 70, e no início dos anos 80, por exemplo, passamos de um período de encantamento, do milagre eco-nômico, a um período econômico mais restritivo, de escassez de divisas. Demos passos importan-tes não só na área macroeconômica, mas na ins-
respeito à estabilidade financeira do Brasil. A adoção do regime de metas é um marco para a economia brasileira. É um sistema transparente, de fácil enten-dimento e aferição, que explicita o objetivo de política monetária e o resume a um número, um intervalo, compreensível a toda a sociedade.
RF – O corpo técnico do Banco Central do Brasil é de alto nível, na análise da grande maioria do mercado. No entanto, o mercado é muito dinâmico e exige constante avaliação. De que maneira o BC se prepara para exercer seu importante papel em linha com as necessidades do mercado?
Tombini – O Banco Central tem responsabilida-des nobres e, ao mesmo tempo, complexas, con-
entrevistadomês
14 financeiro abril/maio 2015
titucionalização do BC. Desenvolvemos o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e o Sis-tema de Informações do Banco Central (Sisbacen), que revolucionou a forma de o BC se relacionar com os entes regulados. Temos uma preocupação contínua com a inovação. Já nos anos 2000, demos outro grande salto tecnológico com a criação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), que ala-vancou a segurança nas transações entre institui-ções reguladas e a solidez do sistema financeiro como um todo. Continuamos atentos para a disse-minação das inovações tecnológicas no mercado. Atualmente, está em curso o processo de autori-zação de arranjos e de instituições de pagamento. Nunca perdemos de vista o futuro, as inovações ou mesmo as revoluções tecnológicas, que poderão redesenhar parte significativa do relacionamento entre clientes e instituições financeiras.
RF – A prevenção à lavagem de dinheiro é um tema que tem importância cada vez maior. Qual tem sido a atuação do BC nesse assunto?
Tombini – No Brasil, a sistemática de prevenção à lavagem de dinheiro está instituída pela Lei nº 9.613, de 1998, que criou um sistema, no âmbito do Poder Público, do qual participam diferentes órgãos do Estado, entre eles o Banco Central. Esse sistema tem o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) como órgão central. Cabe ao BC regulamentar os comandos da Lei para as ins-tituições do Sistema Financeiro Nacional sob sua
supervisão, tomando por referência também as melhores práticas internacionais, além de fisca-lizar o cumprimento das normas estabelecidas. O modelo adotado no Brasil, segundo a Lei e as práticas internacionais, é baseado na realização de comunicações de transações ou situações com determinadas características, com atipicidades ou suspeitas pelos diversos segmentos obriga-dos ao Coaf. O trabalho de prevenção e combate à lavagem de dinheiro é resultado das ações coor-denadas de todos os que integram esse sistema, cada um atuando segundo suas respectivas com-petências legais.
RF – Em sua visão, quais são as perspectivas do Banco Central do Brasil para os próximos anos? Existe alguma área que merecerá especial atenção do BC? Por quê?
Tombini – Dos desafios que temos, eu sublinho dois. Primeiro, precisamos consolidar o processo de inclusão financeira no País. Não basta a um sis-tema financeiro ser sólido. Ele tem de ser eficiente. Tem de estar acessível à maior parte da população do país. Nas últimas décadas, mais de 50 milhões de brasileiros entraram no sistema, demandan-do produtos e serviços financeiros. É importante assegurar que esse processo continue evoluindo. Para isso, precisamos de regulação adequada, que dê base para produtos e serviços compatíveis a esse novo contingente de clientes bancários. E precisamos proporcionar educação financeira a toda a população, não só desse novo cliente bancá-rio. É uma ferramenta muito importante para que a expansão do sistema financeiro se dê com bases sólidas, sem reversões. Essa prioridade está no topo. Inclusão com educação, para que o proces-so se sustente ao longo do tempo. Outro desafio mais estrutural, colocado para todos os regula-dores e supervisores nos fóruns internacionais, é a interseção do sistema financeiro com as novas tecnologias. Cada vez mais se torna menos nítida a distinção entre um agente financeiro, participante do sistema financeiro, e um não participante. Tem aumentado o número de atores entrando em áreas como o sistema de pagamentos, como a extensão de crédito. E isso é um desafio para todos os regu-ladores. Como disciplinar essa nova indústria, que derruba as barreiras entre instituições financeiras e não financeiras e, também, as fronteiras na-cionais? Precisamos estar preparados para lidar com essas novas tecnologias. Já estamos atuando nesse processo e vamos nos aprofundar nele nos próximos anos. f
MOMENTO hISTóRICO Alexandre Tombini reúne dez ex-presidentes do BC Da esq. para a dir.: Paulo Cesar Ximenes Alves, Gustavo Loyola, Wadico Bucchi, Fernando Milliet, Persio Arida, Alexandre Tombini, Carlos Langoni, henrique Meirelles, Ernane Galvêas, Armínio Fraga e Gustavo Franco
15abril/maio 2015 financeiro
16 financeiro abril/maio 201516
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O trabalho da ACREFI mereceu um
novo reconhecimento do mercado.
Desta vez, a entidade foi distingui-
da com o Diploma de Mérito COAF (Conse-
lho de Controle de Atividades Financeiras)
2015, em cerimônia que aconteceu no dia
3 de março, no Teatro do Centro Cultural
Banco do Brasil, em Brasília. “É uma hon-
ra para a ACREFI receber essa distinção do
COAF, um órgão público, moderno e eficaz,
voltado para a lisura das atividades finan-
ceiras”, destacou Érico Ferreira, presidente
da ACREFI, ao receber título.
Além da ACREFI, foram homenagea-
das mais 11 personalidades e instituições
que se destacaram na prevenção à lava-
gem de dinheiro e no combate ao financia-
mento do terrorismo. Geraldo Magela Si-
queira, secretário-executivo do BC; Oslain
Campos Santana, diretor de Investigação
e Combate ao Crime Organizado da Polí-
cia Federal; Vanessa Scarmagnani, pro-
curadora da República em Minas Gerais;
e Wilson Roberto Trezza, diretor-geral da
Agência Brasileira de Inteligência foram
alguns dos nomes homenageados.
Durante a cerimônia, o presidente do
COAF, Antonio Gustavo Rodrigues, home-
nageou também os servidores com cinco e
dez anos de serviços prestados ao órgão,
em reconhecimento ao profissionalismo
e dedicação empregados no exercício de
suas funções. Além dos homenageados, a
cerimônia de outorga contou com a par-
homenagem
ACREFI recebe o Diploma de mérito COAF 2015A honraria foi concedida a personalidades e instituições que se destacaram na prevenção à lavagem de dinheiro e no
combate ao financiamento do terrorismo
Érico Ferreira, da ACREFI, recebe o diploma de André Ortegal, representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
ticipação dos conselheiros do plenário do
COAF, autoridades do Ministério da Fazen-
da e de outros órgãos da iniciativa pública
e privada, bem como dos servidores do
COAF e de seus familiares. f
Levantamento inédito realizado pela ACREFI
em parceria com a TNS Brasil, empresa glo-
bal de pesquisa de mercado, revela que 76%
dos consumidores não estão propensos a contratar
um financiamento. No entanto, 51% disseram que
poderão tomar empréstimo este ano para comprar
um carro (mesmo índice de 2014) e 22% planejam
fazer empréstimo pessoal (15% no ano passado).
Apenas 8% querem fazer empréstimo consig-
nado este ano, de acordo com o levantamento, em
comparação a 12% na pesquisa de 2014. A queda foi
maior na intenção de conseguir crédito para compra
de eletrodoméstico (10% este ano e 17% em 2014).
Quanto à intenção de conseguir empréstimo para
compra de imóvel, o percentual recuou para 55%
este ano (61% em 2014).
A pesquisa ouviu mais de mil pessoas de to-
das as regiões do País, com idade entre 18 e 65
anos, sendo 54% mulheres e 46% homens. Captou
o comportamento da população nos primeiros me-
ses de 2015, e perspectivas de consumo, crédito e
financiamento.
Segundo o levantamento ACREFI/TNS Brasil,
85% dos entrevistados pretendem mudar o padrão
de consumo, passando a economizar mais em 2015.
Pensando na situação do Brasil em 2015, compara-
da ao ano passado, a percepção piorou em todos os
itens. Quando questionados sobre a oferta de crédito
em 2015, 62% dos pesquisados acreditam que vai
piorar, 26% que ficará igual e somente 12% acredi-
tam que vai melhorar.
Em relação ao crescimento do País, 64% disse-
ram que acreditam em piora – contra 31% em 2014.
Além disso, 69% acreditam que o consumo das famí-
lias também irá piorar e 80% dos ouvidos enxergam
maior aumento da taxa de juros. Veja o gráfico 1.
pesquisa
Crédito conscientePesquisa da ACREFI/TNS Brasil mostra que aumenta a fatia dos que podem fazer empréstimo pessoal, mas cai a porcentagem quanto ao crédito imobiliário
A preocupação em relação ao futuro aumentou 21 pontos percentuais em
2015, comparada ao ano passado: de 47% (em 2014) saltou para 68% (em 2015).
Veja o gráfico 2.
1
2
18 financeiro abril/maio 201518
A pergunta sobre como ‘imagina sua situação
em 2015’ também mostrou piora em todos os cam-
pos, quando comparada ao ano passado. Em relação
à situação financeira, a sensação de piora aumentou
19 pontos percentuais (2014: 18% – 2015: 37%); pa-
drão de vida (2014: 17% – 2015: 31%); capacidade de
fazer compras para casa (2014: 23% – 2015: 41%);
capacidade de fazer investimentos, como carro ou
casa é o dado que mais chama atenção: o sentimen-
to de piora aumentou 22 pontos percentuais (2014:
28% – 2015: 50%). Veja o gráfico 3.
Entre os entrevistados, 66% classificaram a si-
tuação do Brasil como ‘ruim’ ou ‘péssima’, e o mes-
mo dado em 2014 registrou 37% – aumento de 29
pontos percentuais. Veja o gráfico 4.
A pergunta “quem você acha que é responsável
por essa situação?” mostrou que 73% responderam
que é o Governo Federal, 61% o Congresso (Sena-
dores e Deputados Federais) e 24% o setor privado.
Veja o gráfico 5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma agenda de mudançasInflação e reforma política são as principais
prioridades. Independentemente do voto.
Persiste divisão na sociedadeEm levantamento tão próximo da eleição é
natural que o duro embate que permeou a
eleição continue marcando tão determinante-
mente as expectativas, mas, por quanto tem-
po isso perdurará?
Na incerteza, padrão de ação é economizar75% dos consumidores declararam que pre-
tendem mudar o padrão de consumo econo-
mizando mais em 2015. Sem clareza sobre
os desdobramentos práticos do resultado da
eleição, a população tende a parar (de consu-
mir) e esperar.
Pesquisa completa pode ser lida no link: www.acrefi.org.br/eventos/2014/9o-siac/
pesquisa-tns.pdf
3
4
5
19abril/maio 2015 financeiro
$Educação Financeira como Pilar da
Estabilidade, evento promovido pela ACREFI, reforça o conceito de que uma população
que sabe administrar seu orçamento doméstico contribui para o desenvolvimento
da sociedade e do país
Prioridade
eventoorientação Financeira
$
20 financeiro abril/maio 2015
nacionalD
esde criança, os avós costumam comparti-lhar com os netos uma sabedoria popular: “De grão em grão a galinha enche o papo”.
Em outras palavras, é quando uma pessoa economi-za, durante meses e, até anos, para conseguir con-cretizar a compra de alguma coisa. Simploriamente, esse seria um ensinamento incipiente de educação financeira, mas de fundamental importância para incutir, ainda na infância, a cultura do controle do orçamento pessoal. Com o propósito de difundir as noções do consumo consciente e de auxiliar em de-cisões de investimento, a ACREFI reuniu especialis-tas para debater o tema, dia 12 de março, no Hotel Renaissance, em São Paulo, iniciativa que aconteceu em sintonia com a programação oficial da 2ª Semana Nacional de Educação Financeira (ENEF).
Luiz Edson Feltrim: Diretor da área de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central
21abril/maio 2015 financeiro
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s: M
ário
Boc
k
Sérgio Tamer, CEO da Tamer Comunicação, ex-pôs as tendências sobre a comunicação dos assun-tos financeiros sob o ponto de vista do consumo de informações por parte das empresas e do público externo. “É preciso entender a forma correta de transmitir sua mensagem. Ou seja, é preciso adap-tar a linguagem da comunicação para os diversos públicos. O principal veículo de comunicação visto pela população ainda é a TV — 95% assistem-na e 79% a usam para se informar. É o meio que atinge diretamente as pessoas. Portanto, é um espaço em que se deve explorar e investir em programas de educação financeira. As novelas deveriam tratá--lo de alguma forma, pois é um horário que atinge frontalmente o público”, ressaltou o CEO da Tamer.
Para exemplificar um atrativo que facilita a compreensão de uma mensagem, Tamer exibiu um vídeo da Nike que mostra um confronto entre o te-nista Roger Federer e o golfista Tiger Woods, dois exímios talentos individuais. “Eles nasceram com um dom, mas precisaram treinar muito para chegar
“É preciso entender a forma correta de transmitir sua
mensagem. ou seja, é preciso adaptar a linguagem da comunicação
para os diversos públicos”
Luis Sergio Tamer: CEO da Tamer Comunicações
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eventoorientação Financeira
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22 financeiro abril/maio 2015
à posição que ocupam. As empresas devem com-preender seu papel empreendedor e social. Mais do que isso, precisam saber como transmitir e com-partilhar suas ideias. Cada veículo de imprensa tem um público e um canal específico. É preciso saber se comunicar com cada um deles”, alertou.
Hilgo Gonçalves, ex-presidente do Banco Lo-sango, demonstrou que 50 milhões de brasileiros ganharam acesso a novos bens de consumo. “Ain-da temos oportunidades, inclusive, mais de um terço da população brasileira não possui conta em banco. É importante poupar. Só que, atualmente, apenas três em cada dez pessoas conseguem pou-par. É muito pouco. Esse movimento é importante para a educação financeira, diante de um quando que mostra que quatro, em uma amostra de cinco famílias, passam dificuldades para que o dinheiro dure até o fim do mês. É preciso estabelecer um equilíbrio entre a satisfação pessoal e a sustenta-bilidade financeira, saber identificar o necessário para evitar o desperdício”, pontuou o empresário.
Ele mencionou que a empresa precisa ter transparência e respeito com o cliente. “Hoje a orientação está ligada ao consumo financeiro, des-sa forma, precisamos levar a informação para que o consumidor decida sua compra evitando o supe-rendividamento”, enfatizou Gonçalves.
Luiz Edson Feltrim, diretor da Área de Relacio-namento Institucional e Cidadania do Banco Cen-tral, falou sobre a educação financeira como pilar de estabilidade. “Fizemos parte de um projeto com a Embaixada do Reino unido, com a finalidade de entender como os países aplicam de forma eficien-te esse conceito. A premissa é de que a autoridade financeira deve participar e, para fomentar, é pre-ciso sempre focar em parcerias”, informou Feltrim. A missão institucional do BC, segundo o executivo, é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda por meio de um sistema sólido e eficiente. “A alta direção do BC está focada neste tema em todos os sentidos. O programa Cidadania Financei-ra contribuiu para a eficiência do sistema financei-ro e para a manutenção da estabilidade econômica do País. O efeito multiplicador é um desafio e que-remos que o tema entre na grade de ensino das
hilgo Gonçalves: ex-presidente do Banco Losango
instituições nacionais”, mencionou Feltrim.Como anfitrião do evento, Érico Ferreira, pre-
sidente da ACREFI, encerrou o encontro, reforçan-do que o tema educação financeira é de extrema importância na agenda nacional. “O Brasil só será um país de primeiro mundo quando a educação for realmente a nossa primeira prioridade e, para levarmos a educação financeira, primeiro precisa-mos investir fortemente na base da educação do brasileiro. Somente assim teremos no futuro um diferencial competitivo”, finalizou. f
$“É preciso estabelecer
um equilíbrio entre a satisfação pessoal e a sustentabilidade
financeira, saber identificar o necessário
para evitar o desperdício”
23abril/maio 2015 financeiro
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s: M
ário
Boc
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Pesquisar antes de
comprar, buscar pro-
moções em super-
mercados, sacolões, reduzir
gastos no dia a dia, diminuir
o consumo de energia, cortar
o lazer, planejar com muito
mais cuidado ou até adiar
compras maiores, como de
um carro ou de um imóvel.
Não temos uma hiperinfla-
ção, mas a disparada recente
dos índices está levando o
brasileiro a retomar práticas
antigas, que a geração mais
nova nem conhecia, mas
também está adotando.
A inflação subiu muito
rápido e puxada por despe-
sas básicas, como as tari-
fas de energia, transportes,
combustíveis e alimentos.
De repente, até quem plane-
ja as despesas com cuidado
e segue um orçamento, co-
meçou a sentir dificuldade para manter as contas
equilibradas. Antes, até tínhamos os serviços e al-
guns preços subindo bastante. Afinal, a demanda
aquecida dava espaço para isso. Pagar ou não era
uma questão de opção. Agora a situação é diferente.
Mantendo o consumo de sempre, você recebe a con-
ta de luz e leva um susto. Enche o tanque do carro
e acha que o frentista errou na quantidade. Vai ao
supermercado e percebe que tem de gastar muito
mais pra levar o de sempre. Se gastar o que estava
acostumado sai com uma sacolinha “mínima”.
Essa situação não deve mudar tão cedo. Ainda
que, pontualmente, em um mês ou outro, tenhamos
uma inflação mais baixa, o ano deve fechar com
uma variação de mais de 8% do IPCA, que é a infla-
ção oficial. Muito acima do teto da meta, do limite de
tolerância, que é 6,5%. E não é só isso. Quem está
com as contas desequilibradas ainda tem de pesar
muito os riscos de assumir um
empréstimo, para cobrir eventu-
ais rombos do orçamento, porque
os juros também estão bem mais
altos, em decorrência da política
implementada pelo Banco Central.
Desde 2013 o BC vem elevando a
taxa básica pra frear o consumo
e, como consequência, inibir os
aumentos de preços, na tentativa
de garantir uma trajetória melhor
para a inflação.
O problema é que a inflação
não pesa só no bolso do consumi-
dor. As empresas também estão
sentindo o efeito do tarifaço, sem
esquecer do dólar mais alto, e, em
alguma medida, acabam repassa-
do o custo maior para os preços.
Mesmo com a demanda mais fra-
ca, a inflação mostra resistência.
A combinação fica mais per-
versa. Inflação alta, com juros
elevados, atividade em desace-
leração, o que está provocando
maior desemprego. Para o consumidor o que resta
mesmo é apertar o cinto. Segurar as despesas, o
máximo que puder, pra evitar desequilíbrios que le-
vem a um endividamento exagerado ou mesmo à
inadimplência. O momento é de cautela.
Claro que nem todo mundo está no sufoco. Mas
é importante tomar cuidado para não jogar dinheiro
fora, deixando que a inflação roube uma fatia maior
dos rendimentos. O controle de gastos pode até ini-
bir reajustes abusivos que acabam ocorrendo nes-
ses períodos, em que todo mundo fica meio sem re-
ferência do que seria um preço justo. Tudo bem que
as empresas estão tendo aumento de custos, que
o governo elevou tarifas, impostos, mas tem muito
abuso nas remarcações. E quem economiza pode
poupar, investir e aproveitar o lado mais favorável
da alta dos juros, que é o aumento da rentabilidade
das aplicações. f
artigo
Economizar é a palavra de ordem
Art
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ado
em 9
/4/2
015
Denise Campos de Toledo: jornalista, especializada em economia, comentarista da Rádio Jovem Pan e do Jornal da Gazeta, autora do livro Assuma o Controle das suas Finanças e editora do site www.economiaemfoco.com.br
REVISTA_ACREFI_20.8x27.5.indd 1 2/27/15 3:41 PM
24 financeiro abril/maio 201524
Denise Campos de Toledo
REVISTA_ACREFI_20.8x27.5.indd 1 2/27/15 3:41 PM
Ciclo de Debates
26 financeiro abril/maio 201526
Apostas para o futuro
A retomada da econo-
mia brasileira vai de-
pender da velocida-
de com que o governo fará os
ajustes propostos pelo minis-
tro Joaquim Levy. Mesmo que
essas mudanças sejam imple-
mentadas, é pouco provável
que o PIB reaja antes de 2016.
Esse cenário foi desenhado
na primeira edição do Ciclo de
Debates ACREFI, realizado em
março, com a participação dos
economistas Marcel Solimeo,
da Associação Comercial de
São Paulo; Nicola Tingas, da ACREFI; e Celso Grisi,
professor da FEA (Faculdade de Economia e Admi-
nistração) da uSP. O mediador
do encontro foi Luis Sergio Ta-
mer, CEO da Tamer Comunica-
ção. Veja os principais trechos
dos temas debatidos por esse
seleto grupo de especialistas.
CRESCIMENTOMarcel Solimeo – A
perspectiva não é muito
animadora. O PIB deverá ter
queda este ano e o desem-
penho em 2016 vai depen-
der do que se fizer em 2015.
Sem ajuste, haverá nova re-
tração no ano que vem.
Nicola Tingas – Precisamos de ajustes, e quan-
to mais rápido melhor. Se fizermos esses ajustes
A primeira edição do Ciclo de Debates ACREFI reúne os economistas Marcel Solimeo, da ACSP; Nicola Tingas, da ACREFI; e Celso Grisi, da FEA, para uma conversa
franca sobre os rumos da economia nacional
Celso Grisi: professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da uSP
pautadodia
27abril/maio 2015 financeiro
Apostas para o futuro berto Campos, de que pequena inflação é como uma
pequena gravidez. Ou seja, não existe.
Tingas – Quando a moeda perde valor a renda é
perdida e cria-se um drama para a sociedade. É im-
portante criar formas de fugir da inflação e lembrar
que o crescimento não é a única arma para com-
batê-la. É necessário ter um planejamento para o
futuro, para escapar da armadilha de combater a
inflação apenas com política monetária.
Grisi – Por um tempo, prevaleceu a ideia errada
de que “um pouco de inflação faz bem ao Brasil”.
É um erro que não faz sentido. Entre outros pro-
blemas, essa ideia gerou a política monetária an-
ticíclica e os perigos da volta da inflação elevada
voltaram a surgir.
AJUSTESSolimeo – Debelar a inflação é uma prioridade.
Mas é preciso fazer mais. O Brasil é um país caro
para o consumidor. Não concluímos o processo que
teve como destaque a estabilidade da moeda. Foi
uma conquista importante,
mas nada foi feito para au-
mentar a eficiência da eco-
nomia e melhorar o sistema
educacional. Essas são ini-
ciativas mais do que neces-
sárias. É preciso abrir a eco-
nomia, mas não como se fez
para importar bens de consu-
mo. Abrir dessa forma, sem
importar o que impulsiona a
eficiência, resulta apenas em
sérios problemas no balanço
de pagamentos.
Tingas – Conseguimos a
estabilidade da moeda, mas
falta ainda muita coisa. O País
não adotou uma política fiscal correta, não está
conseguindo um superávit primário. E praticamen-
te nada foi feito para incentivar a produtividade. É
necessário caminhar nessa direção.
Grisi – A inflação é muito importante, mas tem ca-
ráter episódico. Necessitamos de um planejamento
de longo prazo, que leve em conta as reais necessi-
dades do País para as próximas décadas. uma das
prioridades deve ser um política industrial, assim
como deve-se ter planejamento para a educação e
para o setor de tecnologia.
Marcel Solimeo: economista da Associação Comercial de São Paulo
corretamente e no timing adequado é muito pro-
vável que a economia melhore. Deveremos fechar
o primeiro semestre deste ano com PIB negativo
e o desempenho na segunda metade de 2015 ain-
da é uma incógnita.
Celso Grisi – É necessário, antes de mais nada, re-
cuperar a confiança dos empresários. Só assim virão
os investimentos e o País terá condições de voltar a
crescer. Os ajustes são absolutamente necessários,
como pressuposto para a retomada da economia.
INCERTEZASSolimeo – O governo precisa emitir sinais de que
fará sua parte nos ajustes, o que até agora não acon-
teceu. É preciso anunciar que está vendendo ativos e
reduzindo o número de cargos de confiança. Soman-
do-se a isso o cenário político, temos até agora um
quadro de incerteza. O empre-
sário não tem ideia de como
será o futuro, assim como o
consumidor que, retraído, re-
duz o consumo.
Tingas – O Brasil vive um
aprofundamento da incerte-
za. A economia está rodando
no curtíssimo prazo. Quanto
mais o governo puder dizer o
que está fazendo efetivamen-
te, melhor para a economia.
Essa sinalização é vital para
que a incerteza se dissipe.
Grisi – A incerteza predomi-
na, principalmente, porque o
País continua desprovido de
um planejamento de longo prazo. É preciso pensar
o Brasil para 2030, 2040, 2050. Precisamos de re-
formas patrimonial, política, tributária, trabalhista,
administrativa. Sem isso a incerteza se mantém.
INFLAÇÃOSolimeo – Parece que predomina a percepção de
que a inflação não é um assunto muito importante.
Temos um centro de meta de inflação muito alto
(4,5% ao ano) e já estouramos o teto dessa meta. A
leniência cria uma certa tolerância da sociedade com
a inflação. Nessa hora vem à memória a frase de Ro-
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s: G
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osm
an
28 financeiro abril/maio 201528
Nicola Tingas:economista-chefe da ACREFI
CRÉDITO E CONSUMOSolimeo – O governo ado-
tou por um período o cres-
cimento baseado no crédito.
Mas no momento não é esse
o caminho. Agora, não adian-
ta buscar estímulo ao con-
sumo porque a confiança do
consumidor está baixa, nin-
guém compra. A estratégia
anterior provocou antecipa-
ção de consumo, mas agora
o cenário é outro. Ninguém
vai comprar duas geladeiras,
dois fogões, etc.
Tingas – O modelo anterior foi até onde tinha que
ir. O momento é outro. Supondo, por exemplo, que a
China volte a crescer nos níveis de anos anteriores
(o que é pouco provável), o Brasil teria mais divisas,
mas seria burrice repetir a fórmula anterior de usar
esses recursos para aumentar o consumo. O País
conseguiu fazer uma distribuição de renda, mas o
processo tem que ser permanente. Devemos incenti-
var o investimento de forma qualitativa. Não adianta
fazer política econômica “da mão para a boca”. Tem-
-se que olhar o longo prazo.
Grisi – Não pode ser o mesmo modelo. É preciso
poupar mais e investir mais. O Brasil é forte em
commodities como soja e minério de ferro, mas é
preciso verificar que lugar esses produtos devem
ocupar nas cadeias internacionais de suprimento.
O parque industrial está sucateado, por erros da
política econômica e agora é necessário pensar em
ações como a importação de bens de capital para
ajudar na produtividade. A economia não está arti-
culada, não pensamos o País como um todo.
O LADO BOMSolimeo – É preciso lembrar uma frase que, em-
bora seja chavão, é verdadeira: o Brasil é maior que
a crise. Quem já viveu tantas crises nos últimos 50
anos acredita que a atual crise será superada. O
mercado interno é grande e dinâmico. uma das in-
cógnitas é o emprego. As sinalizações com base nos
dados do CAGED e da PNAD são de que o desempre-
go tem tendência de aumentar. Mas não deveremos
ter nível alto de desemprego.
Tingas – O Brasil pode se manter atrativo para o
investidor estrangeiro. Mas vai depender do custo/
oportunidade e da situação
global, principalmente nos
Estados unidos, na Europa
e na China. Para o investidor
daqui, vai depender muito do
tamanho da queda do PIB e de
quando ela vai parar.
Grisi – Temos ainda setores
que têm desempenho ao me-
nos satisfatório. Para o vare-
jo, por exemplo, o primeiro
trimestre não foi tão ruim.
O setor de saúde, principal-
mente hospitais, continua
atraindo os fundos de private equity. O segmento
de cartões de crédito está prevendo crescimento de
13% este ano e o setor imobiliário não tem retração
no segmento de luxo. E temos o agronegócio, com
preços de produtos importantes em recuperação e
bom desempenho no setor de carnes.
“SE EU FOSSE PRESIDENTE...”A revista Financeiro perguntou aos três partici-
pantes do debate o que eles fariam se assumissem
a Presidência da República, contando com o apoio
do Congresso. As respostas:
Solimeo – Se tivesse a pouca sorte de assumir
a Presidência daria prioridade às reformas estru-
turais ‒ tributária, trabalhista e política. Buscaria
racionalizar o setor público, sem tanta sobreposi-
ção de atividades. E também priorizaria um projeto
amplo de infraestrutura.
Tingas – Ter o apoio do Congresso é muito im-
portante, mas é preciso também ter o apoio da po-
pulação. Faria uma sinalização para a construção
de uma sociedade melhor e mais justa, levando em
conta não só o lado econômico, mas também o so-
cial e o político. Buscaria construir um mínimo de
consenso e colocar a juventude voltada para a ino-
vação. Mais do que essa ou aquela medida, no en-
tanto, sinalizaria a construção de um futuro melhor
e coerente com as propostas de melhora do País.
Grisi – uma das prioridades seria, para mim,
uma reforma educacional, que abrangesse desde
o ensino básico até o universitário. Na saúde, seria
“proibido” que um brasileiro morresse sem aten-
dimento médico. E resgataria o planejamento eco-
nômico. O Brasil não tem como trilhar o caminho
correto se não definir suas metas. f
Ciclo de Debates
pautadodia
Foto
: Gab
riel
Kos
man
T emos a percepção de que
a mudança da política
econômica, com ênfase
no ajuste fiscal de longo prazo,
está levando investidores es-
trangeiros em mercados emer-
gentes a voltar a enxergar o Bra-
sil como um destino promissor
para a aplicação de seus aportes.
Somado a isso, o fato de o País
possuir uma comunidade em-
presarial sofisticada, com alta
capacidade de liderar em momentos controver-
sos, colabora para que a expectativa se mantenha
positiva em relação à recuperação da economia.
Com presença global e conhecimento aprofun-
dado de mercados locais, o Bank of America Mer-
rill Lynch leva sua experiência aos clientes com o
objetivo de ser o principal intermediador em nego-
ciações entre empresas nacionais e internacionais,
sempre tendo como princípios o comprometimento
com o País e o foco no cliente. Continuamos inves-
tindo no mercado brasileiro, sobretudo em iniciati-
vas que proporcionam sua integração com merca-
dos de outras regiões do mundo, pois o Brasil e a
América Latina são praças importantes e estraté-
gicas para o desenvolvimento da nossa instituição.
Equipes qualificadas em
diversas áreas, principalmente
em pesquisa, e a oferta de pro-
dutos e serviços que facilitam
transações internacionais são
alguns dos diferenciais que
apresentamos. Recentemen-
te, lançamos uma plataforma
para câmbio, chamada Foreign
Exchange (Fx), que é uma solu-
ção pioneira no Brasil capaz de
oferecer baixos custos e redu-
zir os riscos das partes envolvidas em operações
para pagamentos de exportações, importações,
royalties, dividendos e serviços, oferecendo câm-
bio comercial e financeiro. Trabalhamos também
com um dos sistemas de gestão de caixa mais
sofisticados e transparentes do mercado, o que
nos confere credibilidade e um relacionamento
estreito com companhias locais e globais.
Estamos atentos à percepção internacional
em relação ao Brasil e mantemos a crença nas
oportunidades que não param de surgir. Aprovei-
tamos para convidar o leitor para juntos reafir-
marmos o potencial do País na retomada do cres-
cimento e do desenvolvimento de uma economia
cada vez mais competitiva. f
artigo
Ricardo Diniz é vice-chairmam do Bank of America Merrill
Lynch do Brasil
A hora é agora, o lugar é aqui
Art
igo
envi
ado
em 1
5/4/
2015
29abril/maio 2015 financeiro
Ricardo Diniz
30 financeiro abril/maio 201530
A representação sindical patronal é fun-
damental para a defesa de interesses
do setor empresarial. Assim como as
entidades laborais cumprem importante papel
na defesa dos direitos dos trabalhadores, as
confederações patronais exercem papel estra-
tégico para a representação dos variados seto-
res econômicos.
No caso do setor financeiro, a Confederação
Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) é legí-
tima representante para a discussão de temas
que afetam tanto as empresas, quanto o ambien-
te de negócios. A CONSIF possui registro sindical
no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) des-
de 2002, estando habilitada constitucionalmente
a representar os diversos segmentos do setor
perante o Poder Executivo, o Congresso Nacional
e os Tribunais Superiores.
A entidade participa de importantes representações
em diversos colegiados oficiais instituídos pelo Poder
Executivo com a missão de discutir e fomentar políticas
públicas trabalhistas, tributárias, financeiras, jurídicas e
outras tantas. Além disso, a entidade também atua nos
conselhos, grupos de trabalho, comitês, comissões e ou-
tros, no âmbito do Ministério da Fazenda, do Ministério
do Trabalho e Emprego, do Ministério das Cidades, do Mi-
nistério da Justiça, entre outras pastas, cooperando tec-
nicamente para o alcance dos interesses das instituições
financeiras no plano nacional.
Outra atividade relevante é a articulação com as de-
mais confederações patronais e entidades da sociedade
civil organizada, para atuação conjunta em temas de in-
teresse comum que impactam todo o setor produtivo. Se-
manalmente, as confederações realizam reuniões para
discutir e definir estratégias de atuação coordenada no
Poder Legislativo e no Poder Executivo.
Temas como terceirização, planos econômicos,
capitalização de juros, estabilidade da relação empre-
gatícia, correspondentes no País e tantos outros, são
questões enfrentadas pela confederação, sempre sob
a ótica de se garantir a higidez do sistema financeiro,
bem como o desenvolvimento equilibrado e harmônico
da economia nacional.
Nesse sentido, em 2011, o Conselho de Representan-
tes da CONSIF instituiu estrutura denominada “Desen-
volvimento Associativo”. O objetivo é garantir que todo o
sistema sindical do setor financeiro esteja em ordem e
em bom funcionamento, para continuar defendendo essa
categoria econômica. Outro papel importante é ampliar
a sinergia, na esfera associativa, entre os diversos seg-
mentos do setor financeiro, fortalecendo a interação com
as entidades associadas.
Realizado o diagnóstico, foi percebida a necessidade
de se fortalecer institucionalmente as entidades sindicais
que integram o sistema. O Brasil consagrou, na Constitui-
ção da República em 1988, o sistema sindical piramidal,
no qual os sindicatos patronais estão na base. Ao se uni-
rem cinco sindicatos da mesma categoria, constitui-se
uma federação, seja nacional ou interestadual. Organi-
zadas pelo menos três federações, o setor tem a prer-
rogativa de constituir uma confederação, respeitados os
princípios da unicidade e da liberdade sindical.
No caso da CONSIF, são quatro as federações: Fede-
ração Nacional das Empresas de Seguros Privados e Ca-
pitalização (Fenaseg), Federação Nacional das Empresas
Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (Fenadis-
tri), Federação Interestadual das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento (Fenacrefi) e Federação
Nacional dos Bancos (Fenaban). Cada entidade articula
questões afetas a seu setor no âmbito da confederação.
Assim, é cada vez mais importante que no âmbito do
desenvolvimento associativo as empresas participem
sempre mais das atividades do sistema sindical do setor
financeiro, apresentando suas demandas, seus proble-
mas e suas necessidades. Aliás, indubitavelmente, a legi-
timidade da representação institucional da confederação
se aperfeiçoa na participação das empresas que fazem
parte do setor que representa.
Atualmente, o nosso sistema sindical é composto
por 24 sindicatos, que compõem quatro federações e, no
topo da pirâmide, sustentam a confederação. A CONSIF
articula atualmente a criação de três novos sindicatos, a
regularização cadastral de cinco entidades e a filiação de
mais um sindicato. Além de dar suporte técnico, auxilia
na constituição e nos trâmites jurídicos.
Para a CONSIF, é imprescindível essa proximidade
com as federações, com os sindicatos e com as empre-
sas, tanto quanto a maior participação das empresas
para o fortalecimento institucional do sistema sindical
patronal do setor financeiro. f
artigo
Sistema sindical do setor financeiro: estrutura, importância e necessidades
Pedro henrique Pessanha Rocha: é gerente de
Relações Institucionais da Confederação
Nacional das Instituições Financeiras (CNF)
Art
igo
envi
ado
em 3
1/3/
2015
Pessanha Rocha
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25 ANOS PROMOVENDOTECNOLOGIA E INOVAÇÃOPARA O SETOR FINANCEIRO
DE 16 A 18 DE JUNHOTRANSAMERICA EXPO CENTERSÃO PAULO
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Associação Brasileira deBancos Internacionais
PARCEIRO ESTRATÉGICO
APOIO
33abril/maio 2015 financeiro
Você pode dizer que sou um sonhador, mas
não sou o único”, disse John Lennon na
memorável canção Imagine. Mais que um
sonho, a ideia do Brasil empresa, regido pelas leis
da meritocracia, da eficiência, da livre concorrência
e da busca constante por melhores resultados é to-
talmente viável. Essa é a discussão que pretendo
levantar. um país onde os seus acionistas, o povo
brasileiro, que paga seus impostos, exija o devido
retorno em volumosos dividendos, com a melhor
educação, saúde e segurança pública do mundo.
Os sentimentos que temos são de que no Brasil
nada funciona de verdade, tudo está errado, em to-
das as instâncias, do municipal ao federal, nos níveis
executivo, legislativo e judiciário. Nada escapa da to-
tal ineficiência das leis, da incompetência, do desgo-
verno em que nada funciona e impera a roubalheira
generalizada.
Nesse quadro nefasto, só vejo uma solução: fo-
car no Brasil S.A., um país pensado para o futuro, em
longo prazo e não como solução imediatista eleitoral
a cada quatro anos. Teríamos, então, que começar do
zero, rasgando a Constituição Federal e produzindo
uma nova com poucos itens, semelhante à dos Esta-
dos unidos. O Brasil gerador de riqueza cuidará com
eficiência das áreas da saúde, educação, segurança
pública e estabilidade da moeda. O restante será
privatizado, com a iniciativa privada tomando conta,
sem a interferência do Estado. O empresariado bra-
sileiro é forte e competente, basta que se criem as
condições e o ambiente adequados.
Para funcionar, a meritocracia deve ser busca-
da a qualquer preço. O primeiro passo é reduzir
toda a estrutura de poder a no máximo 10% do que
existe atualmente. No campo político, tomamos,
como exemplo, um Estado do porte de Minas Ge-
rais, com 853 municípios. A ideia é que, em média,
cada trinta municípios elejam ou indiquem um re-
presentante. Esses “trinta” representantes esco-
lheriam um presidente.
Está constituído o órgão municipal descentra-
lizado que administraria cada conjunto de trinta
municípios. Com a reforma, seriam eliminados mi-
lhares de cargos de vereadores, secretários, vice-
-prefeitos, desobstruindo e desonerando a máquina
burocrática municipal. Cada um dos trinta órgãos
municipais indicaria um representante, formando
o órgão estadual de trinta representantes, que te-
ria também um presidente. O mesmo modelo seria
adotado em nível federal com a escolha por Estado,
de três representantes, dois deputados e um sena-
dor, constituindo assim o Congresso Nacional.
Toda a equipe de governo, nos três níveis, pode
ser mudada a cada seis meses se não apresentar re-
sultados satisfatórios. Esses governantes, exercen-
do cargo público, serão altamente remunerados, in-
cluindo ganhos sobre o PIB crescente. Pagando bem
a quem governa, orientados pelos princípios da me-
ritocracia, com resultados e eficiência do trabalho, a
corrupção será enfim extirpada de vez.
Reduzindo drasticamente a interfe-
rência na administração pública com as
privatizações, o Brasil dará o salto de
excelência desejado e o nível necessá-
rio para competir com os demais 205
países da lista de Estados soberanos do
mundo. Se pensarmos o país nos próxi-
mos cem anos, que país vencerá a bata-
lha de criação de empregos, produção
de bens e exportações que revertam no
desejado bem-estar do seu povo?
Será aquele país que implantou a
meritocracia na sua administração, que
conseguiu ser eficiente, e equilibrou
economia com câmbio e inflação, com
menor desgaste e menos perdas. Com
o Estado mínimo e a máquina governa-
mental enxuta em todos os níveis, com-
petitiva e eficiente, com a implantação
de uma reforma política como nunca
houve em lugar nenhum do mundo, o País sairá na
frente em todos os sentidos.
O ex-presidente norte-americano Ronald Rea-
gan tem uma frase famosa: ”Quando uma pessoa
ou uma empresa gasta mais do que ganha, ela vai
à falência. Quando o governo gasta mais do que
arrecada, ele te manda a conta”.
Não custa nada sonhar com um BRASIL S.A. f
artigo
BrAsil s.A., ficção ou solução?
Art
igo
envi
ado
em 1
1/3/
2015
“
Aquiles Leonardo Diniz: diretor-executivo do Banco Intermedium e
vice-presidente da ACREFI
Aquiles Leonardo Diniz
Por Gustavo Girotto
34 financeiro abril/maio 201534
O embaixador Rubens Ricupero
é detentor de uma capacida-
de única de conhecimento dos
percalços da economia e dos aconteci-
mentos mais importantes da história do
Brasil. Logo no começo da conversa, dis-
parou: “não tenho problema de falar em
‘on’ ou em ‘off’, uma vez que já dei muitas
entrevistas na carreira. Sei como funcio-
na!”, argumentou.
Em 1994, quando era ministro da
Fazenda do governo Itamar Franco, Ri-
cupero ia regularmente à televisão es-
clarecer as dúvidas da população sobre
a implantação do Plano Real. Em uma
dessa aparições ao vivo, antes de en-
trar no ar, ele deixou escapar a seguinte
frase ao jornalista Carlos Monforte, da
TV Globo: “o que é bom a gente fatura,
o que é ruim a gente esconde”, sem sa-
ber que o áudio já estava sendo captado
pela emissora. Mesmo com o vazamento
daquele ‘off’, que o levou a perder o pos-
to, seu prestígio internacional e respeito
nunca tiveram um downgrade; pelo con-
trário, ganhou ainda mais proeminência.
Em uma sala espartana na FAAP (Fun-
dação Armando Alvares Penteado), onde
dá expediente, desde 2005, como diretor
da Faculdade de Economia, apresentou à
equipe da Financeiro uma visão cristalina
sobre o entrave do atual sistema político-
-econômico do País: “Recordo-me que
quando assumi o Ministério da Fazenda,
a inflação do País estava em quase 55%
ao mês. Foi um período difícil”, destacou
Ricupero, relembrando que foi chama-
do até de sacerdote do Plano Real pelo
presidente Itamar Franco”. Mas enfatizou
uma diferença do período, comparando
com o atual momento: a população nos
apoiava em bloco, hoje em dia essa con-
dição não existe. Vivemos hoje uma situ-
ação mais complicada”.
Para ele, a intensidade e a duração do
tempo da recessão vão depender muito
do cenário político e econômico que se de-
senhará nos próximos meses. “Ninguém
torce pelo insucesso da equipe econômi-
ca. O Joaquim Levy, da Fazenda, Nelson
Barbosa, do Planejamento, e o Alexandre
Tombini, do Banco Central, são pessoas
sérias e estão fazendo um bom trabalho,
um esforço até heroico, ninguém está em-
purrando os problemas com a barriga”,
afirmou Ricupero. “Eles podem estar até
cambaleando, mas não por culpa deles, e
sim porque recebem uma rasteira daqui
outra de lá. Se eles se mantiverem de pé
e, aos poucos, arrumarem as coisas, acho
que poderemos ter uma queda menor do
PIB (Produto Interno Bruto)”, sustentou o
embaixador. “O Brasil tem um certo dina-
mismo e todos desejamos que não haja
recessão”, garantiu.
Ricupero relatou que o Brasil preci-
conjuntura
O dispendioso preço do poder
Rubens Ricupero recebe a Financeiro e descreve um quadro cristalino sobre o entrave do atual
sistema político-econômico do País
35abril/maio 2015 financeiro
Rubens Ricupero: diretor da Faculdade de Economia da FAAP
sa criar condição para crescer de 3,5 a
4% ao ano, o que seria a única forma de
conseguir avançar socialmente. “O País
inteiro precisa estabelecer uma união
sagrada em benefício do crescimento.
É por isso que, para mim, não são im-
portantes essas divergências entre PT,
PMDB e PSDB. O fundamental é ter uma
união nacional em favor da superação
dos problemas da conjuntura econômi-
ca. Não há razão nenhuma que condene
o Brasil ao crescimento baixo, acho mes-
mo que não vamos ter um crescimen-
to equivalente ao da Índia ou da China.
Até porque, o Brasil já ultrapassou essa
fase de crescimento demográfico bai-
xo, evoluir 3,5% ou 4% é a mesma coisa
que crescer antigamente 8% ou 9% ao
ano. Não acho retomada de crescimento,
uma vez que o problema é basicamente
político, até mais que econômico”, frisou.
Ele exemplificou que uma solução po-
lítica nos possibilitaria avançar mais ra-
pidamente. Quando questionado sobre o
cenário contrário, Ricupero é franco: “se
não houver, pode acontecer aquilo que é o
pior dos mundos, que o Armínio Fraga, ex-
-presidente do Banco Central, até mencio-
nou – você faz o ajuste e pode não haver
investimento, o que é terrível. É o caso da
Grécia, ou da própria Itália, que agora está
melhorando um pouco, mas é uma situa-
ção mais parecida com a nossa e, devido
à divisão interna, à resistência nos traba-
lhos, eles não conseguem deslanchar”.
Em contraponto, segundo ele, a gran-
de vantagem dos países do norte da Eu-
ropa é um consenso social que nasce da
negociação. “Na Alemanha, na Holanda,
na Escandinávia, eles reúnem governo,
patrões e trabalhadores – e conseguem
fazer uma negociação em que, às vezes,
os trabalhadores até aceitam contenção
salarial. Eles têm essa capacidade de um
tipo de capitalismo por negociação, em
que não há conflito. Embora para nós seja
mais difícil, precisamos ter essa posição
de bom senso”, exemplificou, lembrando
que o Brasil não pode se satisfazer com
crescimento baixo.
Ricupero pontuou que não se pode
pensar em uma solução da crise econô-
mica sem a questão da resolução política.
“O PT tem muita dificuldade de aceitar
alternância de poder. Digamos que, teo-
ricamente, eles aceitam, mas eles, como
muito dos regimes com que têm afinida-
de, acham que precisam ficar no poder um
tempo muito grande para poder consoli-
dar mudanças estruturais. Aliás, o grupo
do ex-presidente Fernando Henrique Car-
doso também tinha um pouco essa ideia,
tanto que foi por isso que mudou a regra
constitucional para permitir a reeleição
Foto
s: M
ário
Boc
k
Alencar Burti volta a presidirAssociação Comercial de São Paulo
Não vou ler um discurso, apenas transmi-
tirei as palavras do meu coração”, disse o
empresário Alencar Burti, ao assumir as
presidências da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP) e da Federação das Associações Comerciais
do Estado de São Paulo (Facesp), durante sessão
solene na Assembleia Legislativa de São Paulo,
arrancando aplausos da plateia, composta de auto-
ridades e empresários. “Sinto-me em casa quando
estou aqui, nessa posição”, declarou.
A cerimônia foi conduzida pelo presidente
da Alesp, deputado Fernando Capez, no plenário
Juscelino Kubitschek. Burti recebeu os cargos do
“ empresário Rogério Amato, que presidiu as en-
tidades durante os biênios 2011/2013 e 2013/
2015. Durante o evento também foi realizada ses-
são de posse dos eleitos para os órgãos diretivos
das duas entidades.
Burti, eleito para o biênio março 2015/março
2017, destacou a importância da entidade e do seu
papel de liderança em momentos decisivos da so-
ciedade. “Liderar é ouvir, entender, e ficar a servi-
ço das pessoas que você lidera. É uma permanente
troca de ideias, com determinação e entusiasmo. É
assim que me colocarei à frente da entidade du-
rante meu mandato”, ressaltou. f
Alencar Burti: novo presidente da Associação Comercial de São Paulo
36 financeiro abril/maio 201536
posse
e estão colocando em prática a plataforma
da oposição”, avaliou.
Sobre os movimentos sociais, nos úl-
timos meses, que ocuparam as ruas do
País na luta por direitos, Ricupero foi en-
fático. “A minha impressão é de que hou-
ve uma soma de vários elementos. uma
parte considerável dessas pessoas são
as que ficaram frustradas porque vota-
ram em mudanças e elas não vieram. São
pessoas que não se conformaram porque
a campanha foi com recursos muito discu-
tíveis, tanto de marketing como de falsear
a verdade, destruir adversários com falsi-
dades. É uma campanha que deixou uma
ferida. Não é de surpreender que muita
gente esteja inconformada, porque quan-
do se ganha a qualquer custo, fica mais
difícil de reconciliar”, pontuou Ricupero,
finalizando que um dos “piores problemas,
além da corrupção, é a volta da inflação e
a destruição da Petrobras, que vai ter que
se reconstruir e ressuscitar, porque hoje
no mundo inteiro ela é desprezada pelos
outros participantes do mercado de pe-
tróleo: olha-se como se fosse a PDVSA, ou
até pior. Corrupção, a herança amarga da
eleição e a inflação – que já está pesando
– motivam as pessoas a irem para rua”. f
do poder executivo. No caso do PT, há uma
convicção ideológica, uma vez que eles
acreditam que para mudar as estruturas
você precisa de mais tempo e acabaram
ganhando as eleições. Não vou discutir
como, uma vez que é complicado, mas ga-
nharam e agora estão com essa herança
terrível – que é ruim para o País”, analisou.
Para ele, a atual plataforma do que é
necessário fazer, como oposição, seria
mais legítima. “A oposição teria ganhado
com essa plataforma, teria mandato, o
povo teria dado esse mandato. No caso da
Presidente Dilma é o contrário, ela teve
mandato para não fazer – agora ela está
tentando persuadir as pessoas, dizendo
que o mundo mudou, mas já tinha muda-
do no ano passado. Esse ponto é muito
importante, por mais que você o queira
subestimar. A grande parte da perda de
credibilidade dela (Dilma) e do PT é que
eles foram eleitos com uma plataforma,
conjuntura
“Não é de surpreender que muita
gente esteja inconformada,
porque quando se ganha a qualquer
custo, fica mais difícil de reconciliar”
ve a adoção mais generalizada de so-
luções que atenuassem o aumento da
inadimplência, como melhores técnicas
de análise de crédito e migração da car-
teira de crédito para modalidades menos
arriscadas. Nesse momento, os birôs de
crédito ganharam importância pela in-
corporação de modelos de inadimplên-
cia com melhor capacidade preditiva.
A Boa Vista SCPC fez a sua parte nesse
processo, lançando novas ofertas e so-
luções inovadoras, com destaque para a campanha de
sustentabilidade do crédito “Acertando as suas Contas”.
Com maior qualidade na oferta de crédito e maior
cautela da demanda, a inadimplência cedeu significativa-
mente e estabilizou-se em patamares mais baixos.
Mas o ambiente econômico está mudando. A piora
observada nas principais variáveis macroeconômicas
abalou diretamente a confiança de empresários e consu-
midores. A atividade econômica entrou em tendência de
desaceleração, a inflação rompeu o teto da meta, a po-
lítica monetária retomou trajetória restritiva e o crédito
desacelerou. No período mais recente, mesmo o mercado
de trabalho e a inadimplência, que até então equilibravam
esse abatido cenário, começaram a se deteriorar.
Mas há luz no fim do túnel; o consumidor agora é
outro, conforme demonstrado na pesquisa Hábitos de
Consumo da Classe C, realizada pela Boa Vista SCPC em
parceria com o programa Finanças Práticas da Visa. O
baixo crescimento econômico, a perda de ganhos reais,
o aumento do desemprego e o encarecimento do crédi-
to encontraram famílias mais preparadas e experientes
quanto à gestão de suas finanças, e capazes de repensar
o consumo em prol do planejamento financeiro.
O novo consumidor demanda menos crédito, con-
some de forma mais planejada, preocupa-se mais com
o equilíbrio de seu orçamento doméstico e é bem mais
criterioso em suas novas decisões financeiras. O simples
acesso facilitado ao crédito não é mais suficiente para
atraí-lo. Finalmente, o aparecimento do “consumidor po-
sitivo”, protagonista de sua história financeira, é cada vez
mais uma realidade. f
O consumidor não é mais o mesmo. Tampouco o
cenário macroeconômico. Há muito aguardamos
que o consumidor seja protagonista de sua vida
financeira e se torne o que costumamos denominar de
consumidor positivo, aquele que entende a relação en-
tre o seu comportamento de consumo e as condições de
crédito que lhe são oferecidas. E as mudanças recentes
no cenário determinaram modificações importantes no
comportamento dos consumidores.
O consumidor de hoje já passou pela experiência da
grande expansão do crédito ocorrida na última década,
beneficiou-se e abusou das facilidades nas aprovações. E
ainda aprendeu com as angústias da inadimplência.
Em meio à última crise internacional de 2008/2009,
assistimos ao incentivo do uso do crédito como instru-
mento propulsor do consumo das famílias. O objetivo era
gerar efeitos multiplicadores a partir do aumento do con-
sumo, principalmente de bens duráveis. uma vez que a
produção nacional se voltasse ao mercado interno, o País
se protegeria dos impactos da crise.
De início, tudo aconteceu como o planejado. O crédi-
to impulsionou o consumo das famílias, que, por sua vez,
alavancou o resultado da atividade econômica, manteve
o mercado de trabalho aquecido e os avanços sociais
oriundos da estabilidade monetária, durante um período
em que o resto do mundo amargava as consequências da
crise norte- americana.
Mas nem tudo são flores. Os concedentes nunca ha-
viam emprestado tanto e os consumidores não estavam
tão acostumados com a utilização desse instrumento fi-
nanceiro. A consequência imediata foi a escalada da taxa
de inadimplência, que chegou ao pico em setembro de
2012. Ou seja, apesar das variáveis macroeconômicas se
recuperarem da crise, a inadimplência começava a andar
na contramão.
Esse cenário, que ficou conhecido como a “ressaca do
crédito”, foi importante para forjar um consumidor ama-
durecido, cauteloso e preocupado em evitar os mesmos
erros. O aprendizado, na prática, foi intensificado pelas
ferramentas de educação financeira disponíveis que pro-
liferaram por diversos ambientes.
Pelo lado das empresas concedentes de crédito, hou-
O novo consumidore o crédito
Dorival Dourado Jr.: presidente da Boa Vista SCPC
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16/
4/20
15
37abril/maio 2015 financeiro
Dorival Dourado Jr.
Georges Legrand: CEO da Cassiopae na
América Latina
Rodrigo Botas: diretor de vendas da Cassiopae
Sempre atenta às novidades que podem me-
lhorar a performance dos processos no mer-
cado financeiro, a ACREFI promove encontros
periódicos para apresentar as inovações aos asso-
ciados. No dia 26 de fevereiro, a reunião foi em tor-
no da solução Cassiopae, empresa líder mundial de
software de gestão de ativos financeiros. Antes de
falar sobre os benefícios da ferramenta, que já está
instalada em mais de 350 clientes em 36 países,
Georges Legrand, CEO da Cassiopae na América La-
tina, fez questão de ressaltar os 28 anos de exper-
tise da empresa em desenvolvimento de software
para gestão de financiamento de ativos.
“Atendemos às instituições financeiras tanto nas
demandas de pessoas físicas como também nas
exigências corporativas”, destacou Legrand. “A nos-
sa ferramenta abrange o ciclo completo da negocia-
ção de crédito. Começamos na captura, passamos
depois pela fase de cotação, avaliação de risco, assi-
natura do contrato e até chegar ao gerenciamento”,
descreveu o CEO da Cassiopae na América Latina.
Além da sua grande experiência internacional, a
Cassiopae conhece bem o cenário brasileiro. Embo-
ra a empresa tenha chegado ao País há dois anos,
sua história por aqui traz na bagagem 30 anos de
vivência no mercado nacional. Isso porque antes de
cravar sua bandeira dentro das nossas fronteiras, a
Cassiopae comprou a Disoft Crédito, que já atendia
14 clientes no Brasil, a maior parte de bancos.
Totalmente familiarizado com a realidade bra-
Tecnologia
Um “lego” para gerenciar produtos financeiros
Em evento organizado pela ACREFI, Georges Legrand, CEO da Cassiopae na América Latina, apresentou a
empresa ao mercado e falou sobre os benefícios e a flexibilidade da ferramenta global desenvolvida pela
multinacional que permite administrar diversos serviços a partir de uma única plataforma
sileira, Legrand revela que os bancos por aqui tra-
balham com até sete sistemas que controlam cen-
tenas de produtos financeiros. Além disso, existe
grande complexidade dos requisitos legais, que são
constantemente atualizados. E as regras são apli-
cadas de forma diferente de Estado para Estado,
causando maior complexidade e lentidão nos pro-
cessos administrativos e operacionais.
“A solução da Cassiopae permite consolidar
todas essas variáveis em uma única plataforma”,
garante Legrand. “A nossa ferramenta é global, fle-
xível e on-line, pode atender tanto um grande banco
38 financeiro abril/maio 2015
Foto
s: M
ário
Boc
k
como uma pequena empresa de crédito. Ela funciona
como um “Lego”, o produto é montado de acordo com
o perfil e as necessidades do cliente. Não há também a
barreira da língua, podendo ser adaptada a dezenas de
idiomas”, explicou o CEO da Cassiopae.
Segundo Rodrigo Botas, diretor de vendas da Cas-
siopae, o software da empresa é multitudo, pois aten-
de e identifica multicarteiras, multiativo, multimoedas,
multitaxas, multipaíses, entre outras especificidades.
“É possível gerenciar, a partir de uma única plataforma,
empréstimos corporativos, financiamentos de máqui-
nas e de equipamentos, créditos rotativos, gestão de
frota e de patrimônio, entre demais segmentos de pro-
dutos financeiros. Tudo on-line, em qualquer parte do
planeta”, ressalta Botas. “São benefícios que refletem
diretamente no aumento da competitividade dos clien-
tes, pois racionalizam processos, otimizam negócios,
reduzem os riscos operacionais e favorecem o geren-
ciamento das regras de compliance”, ponderou o diretor
de vendas da Cassiopae. f
Problemas enfrentados no mercado brasileiro
Legislação com regras diferenciadas por Estado
Maior complexidade dos processos administrativos
Maior número de produdos financeiros
Maior complexidade dos requisitos legais
Mudanças constantes da legislação
Problemas comuns enfrentados por nossos clientes (mundo)
Corrida atrás da compliance
Sistema heterogêneo e complexo
Custos elevados
Riscos operacionais
Dificuldade para otimizar os processos de negócios
Falta de competitividade
Solução unificada para todos os produtos financeiros
39abril/maio 2015 financeiro
Insights para construção de
estratégias
A unidade brasileira da TNS, uma das líderes mundiais na área de
pesquisa, encara 2015 como um ano especialmente importante. É
que a empresa começa a colher este ano, desde janeiro, os resulta-
dos da reestruturação implantada no ano passado, com a divisão por áreas
de expertise e o lançamento de novas ferramentas e soluções para atender
ao mercado brasileiro. Até agora, a companhia tem tido boas notícias com
James Conrad, principal executivo da TNS no Brasil, uma das líderes mundiais na área de pesquisa,
diz que a principal missão da empresa é ajudar os clientes a crescer e desbravar novos mercados
inteligência
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James Conrad: diretor e principal executivo da TNS no Brasil
40 financeiro abril/maio 2015
“Temos uma equipe de especialistas que conhece bem a área financeira, no Brasil e no exterior, e assim podemos oferecer soluções adequadas e inovadoras para a montagem de estratégias dessas companhias”.
relação a essa iniciativa. “Nossos diferenciais es-
tão sendo cada vez mais compreendidos e aceitos
pelos clientes de vários segmentos, como o finan-
ceiro”, afirma James Conrad, diretor e principal
executivo da TNS no Brasil.
Conrad explica que a empresa trabalha prin-
cipalmente para ajudar seus clientes a crescer e
desbravar mercados, utilizando pesquisas como
uma de suas ferramentas. Para isso, oferece in-
teligência, que se origina de seus especialistas,
responsáveis por extrair informações estratégicas
dessas pesquisas que servem como “guia” para a
caminhada rumo ao crescimento.
especialistas para que se faça a ‘leitura’ adequada do
cenário”, afirma o diretor da TNS. “Temos uma equi-
pe de especialistas que conhece bem a área financei-
ra, no Brasil e no exterior, e assim podemos oferecer
soluções adequadas e inovadoras para a montagem
de estratégias dessas companhias”.
Na visão de Conrad, a TNS é uma das pionei-
ras na adoção dessa postura, que deverá ganhar
força no futuro também em outras empresas de
pesquisa. Ele afirma que o ambiente de negócios
está cada vez mais sofisticado e competitivo, o que
cria demanda crescentemente exigente por parte
dos clientes dessas companhias.
Para dar força a essa estratégia, a TNS optou
por fazer uma reestruturação por área de expertise
e adotou soluções globais, um diferencial importan-
te, tendo em vista as necessidades dos clientes.
Na avaliação da TNS, essa atuação voltada para
fornecer insights na construção de estratégias traz
excelentes resultados e coloca por terra a máxima
de que pesquisa é apenas uma commodity. “Con-
tar com essa inteligência e com o trabalho de uma
equipe integrada de especialistas é fundamental
para os clientes e vai muito além de um trabalho
tradicional de pesquisa”, garante o executivo.
Ele prevê que esse tipo de aproximação com os
clientes seja o futuro do mercado de pesquisa, que
também deve utilizar cada vez mais as mídias so-
ciais para aumentar a proximidade com o mercado.
A estratégia da TNS, que abrange todos os
segmentos da economia, tem grande valia para o
setor financeiro, assegura Conrad. Para ele, mais
e mais as instituições financeiras precisam estar
perto de seus clientes e compreendê-los – uma
necessidade que abrange bancos de varejo, finan-
ceiras, bancos de investimento e todos os demais
segmentos do setor.
“Para conseguir esse objetivo, que é fundamental
para os negócios do setor, é necessário interagir com
as pessoas, saber o que elas pensam e ter o apoio de
O constante diálogo entre a unidade brasileira e
as outras subsidiárias da TNS no mundo é apontado
por ele como diferencial de mercado, já que integra-
ção é a palavra de ordem em todas as unidades da
companhia, e a empresa conta com capilaridade. A
TNS está presente em mais de 80 países e é parte
do Grupo Kantar, um dos maiores do setor no mun-
do e que faz parte do WPP, líder mundial em publici-
dade e serviços de marketing.
James Conrad constata que o mercado bra-
sileiro mostra crescente aceitação desse tipo de
trabalho, realizado pelas maiores empresas de
pesquisa. Por isso, está otimista em relação ao
crescimento da TNS no País, mesmo com as previ-
sões de que as dificuldades e ajustes vão prevale-
cer na economia do Brasil em 2015.
O otimismo dele baseia-se também em experi-
ências anteriores que teve ao trabalhar em países,
como Argentina e Colômbia, conhecidos pelas difí-
ceis travessias econômicas que foram obrigados a
fazer. O caso colombiano é, na avaliação de James
Conrad, um exemplo de que um país pode vencer
obstáculos que, a princípio, parecem intranspo-
níveis: “O Brasil vencerá suas dificuldades, com
certeza. O País tem uma economia grande e diver-
sificada, acostumada a conviver com desafios. Esta-
mos otimistas”, garante. f
41abril/maio 2015 financeiro
As instituições financeiras utilizam, cada vez mais, ferramentas que garantem o fluxo
adequado das informações encaminhadas ao conselho de administração
digital
A governança corporativa ganha
cada vez mais espaço nas ins-
tituições financeiras e o Brasil,
nesse quesito, é destaque no cenário glo-
bal. Por ser diretamente ligada ao risco,
até pelo volume e pela velocidade de tran-
sações com que trabalha, o setor financei-
ro tem privilegiado a governança e nessa
estratégia dedica especial atenção aos
conselhos de administração.
Esses conselhos desempenham papel
fundamental no processo de gestão de
empresas, já que defendem os interesses
dos acionistas, definindo estratégias de
longo prazo. São, assim, de grande rele-
vância para a governança corporativa,
mas enfrentam problemas para desenvol-
ver seu trabalho. Pesquisa global da Con-
sultoria McKinsey, com 1.597 conselhei-
ros, mostrou que eles são muito menos
preparados do que deveriam.
De olho nessa constatação, cresceu o
debate nas instituições financeiras para
melhorar o desempenho dos conselhos
de administração e chamou atenção a
necessidade de ter agilidade e segurança
das informações que circulam entre seus
membros. “O setor financeiro é particu-
larmente sensível à segurança das infor-
mações estratégicas, como as que fazem
parte do trabalho dos conselhos de admi-
nistração”, constata André Bodowski, dire-
tor geral no Brasil da Diligent, que desen-
volveu um portal voltado especificamente
para esses conselhos.
Nesse contexto, uma das maiores pre-
ocupações das empresas em geral, e do
pela velocidade e pelo volume de transa-
ções com que trabalha é um dos mais re-
gulamentados no Brasil e no mundo. Além
disso, a cultura da governança corporativa
é forte no País, particularmente nas institui-
ções financeiras. Diante desse quadro, ter
segurança em relação aos dados dos con-
selhos de administração é fundamental”.
O uso da tecnologia ajuda, mas tam-
bém preocupa as empresas brasileiras.
Recente levantamento mostrou que três
em cada quatro companhias brasileiras
se sentem vulneráveis a ataques ciber-
néticos, que têm entre seus alvos infor-
mações estratégicas importantes para os
conselhos de administração. No entanto,
segundo André Bodowski, o vazamento
das informações acontece, na maioria dos
casos, por responsabilidade das pessoas
(por acidente ou por leviandade) e por falta
de sistemas adequados.
Assim, longe de ser um entrave, a tec-
nologia pode ser uma solução para melho-
rar o trabalho dos conselhos de adminis-
tração. Com as ferramentas adequadas, é
possível decidir como e quando é possível
ter acesso a informações importantes
para as reuniões desses grupos. “É por
isso que essas ferramentas ganharam ra-
pidamente espaço no mundo das finanças.
Todos os maiores bancos de varejo e de in-
vestimento do planeta e os mais importan-
tes fundos de private equity estão optando
por essas inovações”, garante André Bodo-
wski. “O mais importante, nesse processo,
é contar com opções de comprovada segu-
rança e de fácil utilização”. f
segurança acima de tudo
André Bodowski: diretor geral da Diligent Boardbooks na América Latina
42 FINANCEIRo abril/maIo 201542
setor financeiro em particular, é a seguran-
ça com que os dados discutidos pelos con-
selhos são tratados. Os riscos relacionados
à segurança cibernética, por exemplo, es-
tão no topo da preocupação dos membros
desses grupos. O fluxo das informações
também preocupa. “Precisamos estar bem
informados para tomar decisões”, lembra o
presidente do conselho de administração
da Localiza, Salim Mattar.
Para atender a essa necessidade, as
instituições financeiras trabalham para,
cada vez mais, utilizar ferramentas que
garantam o fluxo adequado das informa-
ções encaminhadas ao conselho. E nesse
trabalho têm reduzido o uso de papel para
a transmissão desses dados. “É preciso pri-
vilegiar a segurança”, diz André Bodowski.
“O setor financeiro, pela complexidade,
Faça parte do maior evento
de crédito do País
11 de novembro de 2015 Teatro Cetip, Rua Coropés, 88 - Pinheiros, São Paulo, SP
INSCRIÇÕES GRATUITAS: www.acrefi.org.br
Palestrantes Confirmados
Wil l iam Rhodes: CEO da Wil l iam Rhodes Global Advisors e professor da Brown University
Delf im Netto: economista, professor e ex-ministro da Fazenda
Patrocínio Apoio Realização
10º SIAC
painelcetip
O volume de financiamentos de veículos
no Brasil, no primeiro trimestre, somou
1.394.053 unidades, queda de 8,6% em
relação ao mesmo período de 2014. Em março, os
financiamentos de veículos aumentaram 7,7%, na
comparação anual, e somaram 497.622 unidades,
sendo 228.358 unidades novas e 269.264 usadas.
Os números levam em consideração os automóveis
de passeio, comerciais leves, motos e pesados.
O levantamento é da unidade de Financiamen-
tos da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gra-
vames (SNG), base integrada de informações que
reúne o cadastro das restrições financeiras de
veículos dados como garantia em operações de
crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o pro-
cesso de financiamento de veículos seja suscetível
a fraudes sistêmicas.
“Por dia útil, os financiamentos de automóveis
leves novos somaram 6.142 unidades em março,
alta de 4,9% em relação a fevereiro. Porém, no
No ano, as vendas financiadas de automóveis leves novos acumulam queda de 16,8%
Font
e: In
telig
ênci
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Cet
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Financiamentos de veículos somam 1,4 milhão de unidades
no primeiro trimestre
44 financeiro abril/maio 201544
acumulado do ano, o volume totalizou 387.138 unidades,
queda de 16,8%. As principais razões para essa desacele-
ração são o desaquecimento da economia e o baixo índice
de confiança do consumidor, que atingiu em março o menor
nível histórico”, afirma Marcus Lavorato, gerente de Rela-
ções Institucionais da unidade de Financiamentos da Cetip.
Em março, os financiamentos de veículos, entre autos
leves, motos e pesados, atingiram 22.619 unidades por dia
útil, alta de 2% em relação a fevereiro. Já na comparação
anual, o volume caiu 7% por dia útil. No primeiro trimestre,
os financiamentos de automóveis leves usados somaram
708.277 unidades, acumulando queda de 1,1% em relação
ao mesmo período de 2014. f
A partir de outubro de 2013, a Cetip adotou nova metodo-logia para calcular os recursos liberados para financiamentos de veículos. São consideradas apenas inclusões de gravames de automóveis leves, com financiamento de até R$ 200 mil, e cujos prazos não sejam superiores a 120 meses; para moto-cicletas, o montante limite é de R$ 50 mil, com prazo de 90 meses. A metodologia também limita em R$ 500 mil e prazo de até 150 meses as inclusões de gravames de pesados. Dessa forma, a Cetip desconsidera operações com valores e prazos destoantes com as práticas do mercado.
45abril/maio 2015 financeiro
Os tempos modernos e o novo panorama econômico mun-
dial tornaram os países emergentes em alvos obrigató-
rios das grandes marcas. No universo das motos não foi
diferente. Prova disso é a Harley-Davidson, que pretende lançar no
Brasil até o fim do ano o modelo Street 750, concebido para circular
no trânsito dos grandes centros, sem perder seu arrojo e esportivi-
dade. Seu custo será de uS$ 7.499, cobrados nos Estados unidos.
Em declaração recente, Mark-Hans Richer, vice-presidente
de marketing da Harley-Davidson, afirmou: “Será uma linha
com preço competitivo, mas vamos manter a qualidade pre-
mium”. A 750 é mais amigável para o trânsito do que as outras
da marca – em geral mais robustas –, característica que pode
pesar na decisão de quem mora em cidades como São Paulo
e não quer abrir mão de um produto requintado. Seu motor V2
750, refrigerado a água, rende 6,01 kgfm de torque. O acaba-
mento é impecável e recebe tons de preto, os quais dão har-
monia e remetem à tradição, esta selada com o logotipo da
fabricante colada no tanque.
A Harley-Davidson promete esquentar o mercado de moto-
cicletas no Brasil com as outras novidades que está trazendo
para comercializar ainda este ano no País. Conheça as recen-
tes atrações em duas rodas.
supermáquinas
Uma Harley para chamar de
suaReconhecida pelo ronco
clássico dos seus motores, a emblemática marca de motos
investe em clientes de perfil mais urbano e lança no Brasil a Street 750, um modelo mais amigável ao trânsito dos grandes centros
Por Rafael Gratieri
46 financeiro abril/maio 2015
Sportster Iron 883
Clean, minimalista e retrô. Com visual predominantemente pre-
to, os para-lamas recortados e o garfo dianteiro ajudam a dar o
ar desafiador e agressivo dessa moto old-school. O que confirma
essa característica é o guidão, cuidadosamente pensado para se
apresentar sem excessos. Com 6,7 kgfm de torque, o motor é um
Revolution. O preço do modelo é de R$ 34.900.
Softail Breakout
O estilo é clássico. Mas o acabamento em flocos de metal, rodas
grandes e com potência moderna, pintura premium brilhante e
cromada, colocadas sob um design inspirado em motos dos anos
50 mostram que a nova Breakout não é apenas um veículo – é
uma declaração de independência. O modelo sai por R$ 58.700
iniciais e tem motor V2 com torque de 11,8 kgfm. O que também
rouba a cena é o clássico e apaixonante emblema em 3D no tan-
que, inserido em meio a coloridos impactantes à escolha do fre-
guês, como o QuickSilver Flake, Superior Blue, Mysterious Red
Sunglo, Charcoal Pearl e o Vivid Black.
DYNA Low Rider
Você não precisa olhar duas vezes para identificar essa moto como
uma autêntica Harley-Davidson. O motor Twin Cam 96 tem um trata-
mento preto e cromado e é o coração dessa Low Rider de acabamen-
tos primorosos e rodas de aço cromado. Começando com o preço de
R$ 46.600, tem como cor padrão a Vivid Black, mas pode variar de cor
e preço nas opções Brilliant Silver e Amber Whisky. Tudo isso coroado
com o motor Twin Cam 96 e torque de 12 kgfm.
Foto
s: D
ivul
gaçã
o
47abril/maio 2015 financeiro
supermáquinas
V-Rod Muscle
Se o modelo pudesse ser resumido em uma palavra, esta cer-
tamente seria ‘imponência’. Leve, mas com motor extremamen-
te potente, a moto tem um pneu traseiro com largos 240 mm de
comprimento. Os garfos invertidos completam o visual moderno
e fazem jus à designação “muscle”. O painel triplo contribui para
o visual diferenciado e transmite a preocupação da marca com to-
dos os detalhes. O motor Revolution é um V2 refrigerado a líquido,
que garante 11,9 kgfm de torque. O preço inicial é de R$ 59.000.
Touring Ultra Limited
Compartilha algumas semelhanças com a Touring Street Glide,
mas o modelo – o mais caro anunciado pela Harley-Davidson
para o Brasil em 2015 –, tem seus diferenciais. Mais robusta,
a moto comporta combustível de seis galões e é revestida por
uma aparência elegante. Além das “saddlebags”, a parte traseira
conta com uma estrutura de armazenamento batizada de tour-
-pak, com capacidade para até dois capacetes fechados. Atenção,
passageiro! Você não vai querer sair da garupa. Com acabamento
aperfeiçoado, o assento de trás é delicadamente feito de couro e
possui contornos e texturas que vão proporcionar um conforto
indescritível. O motor é um Twin Can 103 com 14,3 kgfm de tor-
que. O preço? Algo próximo de R$ 87.000, podendo chegar a R$
89.000, caso sejam escolhidos dois tons de cor.
Touring Street Glide Special
Absolutamente tudo chama a atenção nessa moto. A começar pelo
desenho. A carenagem recebe o apelido de “asa de morcego”, devi-
do ao formato. As “saddlebags” (como são chamados os comparti-
mentos laterais) são práticas, espaçosas por dentro e possuem trava
integrada ao fecho, para não estragar a pintura premium. Também
marca presença o painel touch screen que combina funcionalidade e
design elegante. O motor, um Twin Cam 13, rende 14,4 kgfm de tor-
que. Seu preço inicial é de R$ 76.000.
Foto
s: D
ivul
gaçã
o
48 financeiro abril/maio 2015
Criada há quase 11 anos, a Fundação iFHC produz
regularmente 35 grandes eventos anuais, que discutem
temas que transcendem as fronteiras nacionais, além
organizar exposições e preservar e digitalizar um acervo que
supera os 100 mil documentos
cultura
O bom professor é aquele que não esquece o
seu compromisso com a formação das fu-
turas gerações. Mesmo limitado por seus
afazeres nacionais e internacionais, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso não abre mão dos seus
encontros informais com os estudantes. Esse hábito,
aliás, FHC mantém desde antes ainda de ingressar
firme na vida pública, quando era pesquisador do CE-
BRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento),
nos anos 1970, e abria sua agenda, sem dificulda-
de, para ouvir e interagir com os jovens. Hoje, es-
ses bate-papos, cerca de dez por ano, fazem parte
da extensa e rica programação da Fundação iFHC.
“Não existe nenhum tema preestabelecido, eles tro-
cam ideias sobre tudo: os benefícios gerados pelo
Plano Real, o Bolsa Família, a maioridade penal, a
legalização da maconha, assim por diante”, explica
o cientista político Sergio Fausto, superintendente-
-executivo da Fundação iFHC. “No início, a conversa
começa formal, os estudantes chamam o presidente
de senhor, mas da terceira pergunta em diante, eles
esquecem o protocolo e passam a tratá-lo por você,
o que é muito bom”, conta Fausto.
Sergio Fausto: superintendente--executivo da Fundação iFHC
FhC despacha com sua assistente na ala privativa da fundação
Uma usina de conhecimento
Essa atmosfera, aparentemente formal, não
inibe em nada o clima franco, transparente e gen-
til que permeia os 35 grandes encontros anuais
organizados pelo iFHC, além de diversos seminá-
rios, mesas-redondas e palestras. Os temas variam
desde a análise dos recentes movimentos sociais,
passando pela reforma do sistema eleitoral, a crise
Embora o ex-presidente tenha brincado, em seu
rápido contato com a equipe da Revista Financeiro,
que, aos 83 anos, não tenha mais condições de traba-
lhar e todas as iniciativas da fundação são realizadas
por sua equipe de colaboradores, esse simples diálo-
go com os estudantes é apenas amostra do conheci-
mento do qual ele está à frente, gerado pela usina de
cultura da Fundação iFHC. Criado onde antes estava
a elegante sede do Automóvel Club de São Paulo, no
tradicional Edifício CBI-Esplanada, esquina da Praça
Ramos de Azevedo com a Rua Formosa, no Vale do
Anhangabaú, o espaço da fundação, concebido pelo
escritório Piratininga Arquitetos, também é uma for-
ma de contribuir com a recuperação e a revitaliza-
ção do centro da capital. Seu mobiliário inglês, que
decorava os salões do antigo clube, foi restaurado e
adaptado às novas funções.
Por Gilberto de Almeida
Foto
: Már
io B
ock
50 financeiro abril/maio 2015
pessoas, representantes da sociedade, líderes de
associações e formadores de opinião dispostos a
falar e ouvir o mundo”, pondera Sergio Fausto.
George Legmann – responsável pela agenda
de palestras do ex-presidente, pelos projetos in-
centivados da Lei Rouanet, pela edição dos livros
e pela formatação de alguns temas que serão
nha, após a Segunda Guerra Mundial, no cenário
internacional, analisando a presença do Brasil
nesse contexto. “Sempre procuramos montar os
debates a partir de um olhar diferente, que fuja
do convencional”, comenta Legmann, colaborador
de FHC desde os tempos de CEBRAP.
Em meio à intensa agenda da fundação, que
FhC recebe alunos do colégio Monteiro Lobato
Debate “Dilemas da Economia”: Edmar Bacha, André Lara Rezende, FHC e Gustavo Franco
Bill Clinton: ex-presidente dos EuA, em visita ao iFHC, 2004
debatidos nos eventos – diz que três importantes
assuntos chamarão atenção especial, ainda este
ano, na programação do iFHC: a economia do mar,
a curva ascendente da mulher na sociedade, o pa-
pel e a influência dos Estados unidos e da Alema-
hídrica, os atentados de Paris, a segurança públi-
ca, o relacionamento do Brasil com os países vizi-
nhos, até os desafios internos e externos da China.
“A nossa intenção é que as discussões aqui trans-
cendam as fronteiras nacionais. Procuramos reunir
Foto
: Már
io B
ock
Foto
: Car
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ro/i
FHC
Foto
: Car
ol C
arqu
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ro/i
FHC
51abril/maio 2015 financeiro
quase sempre atrai personalidades internacio-
nais, os estudantes, alguns degraus abaixo, agi-
tam diariamente o 5º andar do CBI-Esplanada,
espaço adquirido pelo iFHC em 2007, para abri-
gar desde 2010 a exposição “um Plano Real: A
história da estabilização do Brasil”, projeto de
Marcello Dantas, o mesmo que idealizou o Museu
da Língua Portuguesa. Por ano, mais de 6.000 jo-
vens de escolas de ensino médio e de universi-
dades interagem com jogos, projeções, assistem
depoimentos e observam arquivos que revelam
de maneira lúdica como aconteceu o processo de
controle da inflação e da estabilização da moeda
– desde o movimento das Diretas Já, o período
da redemocratização do País, até a implantação
do Plano Real. Mas não é incomum que Clarissa
Reche e Ricardo Melo, monitores da mostra, re-
cebam no espaço autoridades e até mesmo ex-
-ministros da Fazenda, como já aconteceu com
Maílson da Nóbrega e Rubens Ricupero.
No 6º andar, onde está a recepção da fundação,
o visitante, antes de ser recebido em reunião, pode
conhecer duas interessantes exposições internas.
uma delas de dedicatórias feitas em livros que o
ex-presidente ganhou ao longo da vida. São men-
sagens deixadas por Bill Clinton, Nelson Mandela,
Tony Blair, Mário Soares, Gabriel García Márquez,
Nélida Piñon, Boris Fausto, sua esposa, D. Ruth
Cardoso (falecida em 2008), entre outros nomes
ilustres. No salão ao lado, antigo espaço do restau-
rante do Automóvel Club de São Paulo, está mon-
tada a mostra FHCharges, que reúne charges polí-
ticas publicadas em jornais e revistas, entre 1993
a 2002, algumas são obras originais dos humo-
ristas. Se ainda tiver tempo, é possível conhecer
também peças selecionadas, entre as lembranças
recebidas de autoridades internacionais, durante
seus dois mandatos de Presidente.
Mas, isso é apenas um fragmento do acervo
do iFHC, que abriga mais de 100 mil documentos,
dos quais cerca de 60% estão digitalizados, entre
livros, fotos, negativos, vídeos, fitas cassete, obje-
tos, etc., mantidos em dois subsolos climatizados
do edifício CBI. Tudo coordenado e administrado
Exposição Plano Real: mais de 6.000 jovens por ano conhecem a história da estabilização da moeda no Brasil
George Legmann: responsável pelos projetos incentivados da Fundação iFhC
cultura
52 financeiro abril/maio 2015
Foto
: Már
io B
ock
Foto
s: A
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HC
pela curadora e socióloga Danielle Ardaillon, pes-
soa de extrema confiança do ex-presidente desde
o tempo em que ele era professor da universida-
de de São Paulo.
Além manter os itens de FHC e de D. Ruth,
a fundação preserva também a documentação
deixada por Joaquim Ignácio Batista Cardoso
(1860-1924) e a Leônidas Cardoso (1889-1965),
respectivamente, avô e pai do ex-presidente, e os
arquivos doados pelas famílias dos ex-ministros
Sergio Motta (1940-1998) e Paulo Renato Souza
(1945-2011). “Para quem se interessa pela his-
tória do País, o acervo da fundação oferece um
material riquíssimo para pesquisadores e estu-
dantes”, avalia Sergio Fausto.
Quem vê tantas atividades certamente deve
se perguntar: de onde vem o dinheiro que man-
tém essa usina de conhecimento? É simples, não
tem mistério. As verbas da Fundação iFHC saem
de algumas fontes, como doações de pessoas
físicas, apoio financeiro da iniciativa privada,
eventos e atividades patrocinados e de projetos
que recebem incentivos da Lei Rouanet. No final,
as contas são auditadas pela Pricewaterhouse-
Coopers. Gostou? Se quiser, entre no site da fun-
dação (www.ifhc.org.br) e mergulhe ainda fundo
nesse universo de sabedoria. . f
Fundação iFhCRua Formosa, 367, 6º andar, São Paulo-SP
Tel.: (11) 3359.5000
www.ifhc.org.br
Mostras internas: ao lado, lembranças que FHC ganhou de chefes de Estado durante a Presidência da República e, abaixo, a coleção de dedicatórias de amigos ilustres
Gabinete de FhC: visão do cartão postal do Vale do Anhangabaú
53abril/maio 2015 financeiro
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Olhar contemporâneoEm um espaço moderno e charmoso, no corredor da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo, a Galeria Rabieh reúne artistas capazes de surpreender o público e de instigar reflexões sociais e políticas
A Alameda Gabriel Monteiro da Silva é uma
das principais referências em São Pau-
lo, em design e decoração de interiores. É
exatamente nessa via tão charmosa que, há cinco
anos, Lourdina Jean Rabieh, uma libanesa que che-
gou ao Brasil aos 14 anos e depois se naturalizou,
abriu sua galeria de arte na cidade. Embora trabalhe
no mercado das artes há 30 anos, com passagem pe-
las casas de leilões Renato Magalhães Gouvêa, sua
principal escola, e a respeitada Christie’s de Londres,
Lourdina cultivava o sonho de abrir um espaço dedi-
cado exclusivamente à arte contemporânea. “Minha
intenção sempre foi descobrir novos talentos, apre-
sentá-los ao mercado, difundi-los e mesclá-los com
nomes já consagrados, em exposições e grandes fei-
ras nacionais e internacionais”, explica Lourdina.
Agora na sua Galeria Rabieh, a marchand conse-
guiu colocar de pé esse velho sonho. O projeto ficou
ainda mais completo no fim do ano passado, quando
concluiu a obra de duplicação do espaço idealizada
pela arquiteta Simone Mantovani, que passou a ter
600 m² de área para exposição, um jardim e deck em
sua cobertura e estrutura para eventos, facilitando a
integração entre os artistas, os curadores, os arqui-
tetos e os colecionadores.
Fotos: Divulgação
Mesmo com um espaço de trabalho mais atra-
ente e confortável, Lourdina não pretende ampliar
seu elenco de artistas que, atualmente, conta com
nomes como de Eduardo Srur, Denise Milan, Sonia
Guggisberg, Nina Chanel Abney, Cris Bierrenbach,
Gil Vicente, Helen Faganello, Katja Loher, Lídia Lis-
boa, Marga Puntel, Ronaldo Grossman e Rosângela
Dorazio. “É preciso selecionar, trabalhar com artistas
que tenham algo a dizer, que sejam capazes de sur-
preender o público e que instiguem reflexões sociais
e políticas”, resume Lourdina. “Essa é a essência do
nosso trabalho”. f
Lourdina Jean Rabieh: proprietária
da Galeria Rabieh
artesplásticas
Galeria RabiehAl. Gabriel Monteiro da Silva, 147, São Paulo – SP
Tel.: (11) 3062.7173
www.galeriarabieh.com.br
55abril/maio 2015 financeiro
Foi muito honroso receber o convite da
ACREFI para ocupar o espaço deixado pela
INEPAD, após tantos anos de profícua co-
laboração com essa revista. Não se trata de mis-
são tão fácil, sobretudo quando somos privados
das informações produzidas pela inteligência e o
talento do nosso colega de universidade, o Prof.
Dr. Alberto Borges Mathias. Trata-se, portanto, de
desafio e responsabilidade incomensuráveis a que
nos expomos ao sucedê-lo nessa tarefa.
Nesse sentido, a Fractal preparou um novo
formato para esse espaço editorial, dividido em
três seções, que correspondem às vocações na-
turais de uma empresa voltada à construção e
análises de grandes bases de dados relacionadas
ao sistema financeiro, sobretudo àquelas nasci-
das das pesquisas com consumidores e usuários
desse sistema.
Teremos, então, três seções:(1) Leading indicators, tratando de assuntos
relacionados à análise e à produção de indicado-
res sociais, demográficos, econômicos e financei-
ros, com recortes geográficos e setoriais;
(2) Painel da indústria financeira, registrando
mudanças e evoluções de comportamento de con-
sumo e de uso de produtos e serviços financeiros,
a partir das pesquisas conhecidas como PIFs e
que cobrem todos os segmentos de pessoas físi-
informe Fractal
bancodedados
cas e jurídicas. Será possível, aqui, acompanhar
os movimentos relativos à desintermediações fi-
nanceiras, introdução e desempenhos de produ-
tos, acompanhar a evolução dos empréstimos e
as participações de financeiras, cooperativas de
crédito, factorings, bancos, etc.;
(3) Fractal ABC – Analytics Business Consul-
ting, apresentando um rico conjunto de análises
multivariadas, aplicado aos resultados da pesqui-
sa, com foco nos relacionamentos mantidos entre
respondentes e suas instituições financeiras, bem
como nos produtos dirigidos a esses segmentos de
mercado. Entre os assuntos mais relevantes, esta-
remos apresentando casos de uso de analytics em
mercados de crédito.
Temos a intenção, sempre, de favorecer o en-
tendimento e o uso das informações pelos textos,
ora maiores, ora menores, que acompanharão ta-
belas, gráficos e figuras.
Disponibilizamos nosso site (www.fractalcon-
sult.com.br) para quaisquer esclarecimentos adi-
cionais que o leitor deseje. Pedimos apenas que
se cadastre nele, se houver interesse em também
receber nossas newsletters.
Agradecemos à ACREFI, na figura de seu presi-
dente, o Dr. Érico Sodré Quirino Ferreira, pelo con-
vite feito e esperamos cumprir a missão que nos
foi por ele confiada.
Celso Grisi: diretor-presidente da Fractal – Forma, Acaso e Dimensão
57abril/maio 2015 financeiro
bancodedados
LEADING INDICATORS
AgronegócioSegundo a Pesquisa Agrícola Municipal (IBGE),
as duas principais culturas do agronegócio brasileiro
— milho e soja — apresentaram na safra 2013/2014
(dado mais recente disponível) valores próximos em
termos de quantidade produzida (aproximadamente
80 milhões de toneladas). O último balanço de ofer-
ta e demanda mundial da safra de milho 2013/2014,
publicado pelo Departamento de Agricultura dos Es-
tados unidos, apontou que a produção mundial foi de
966,6 milhões de toneladas de milho.
Nesse período, a produção norte-americana
respondeu por 353,7 milhões de toneladas. O con-
sumo mundial foi estimado em 943,3 milhões de to-
neladas e as exportações em 114,4 milhões de to-
neladas, resultando num estoque de 151 milhões de
toneladas, 17,4% superior ao do ano safra 2012/13.
Quanto à soja, o balanço de oferta e demanda
2013/2014 registrou a produção mundial de 287,7
milhões de toneladas, das quais 89,5 nos Estados
unidos, 90 milhões de toneladas no Brasil e 54 mi-
lhões de toneladas na Argentina. O consumo do-
méstico mundial está estimado em 269,3 milhões
de toneladas e a exportação em 109,3 milhões de
toneladas. O estoque final, nesse caso, aumentou
de 58,7 em 2012/13 para 73,0 milhões de tonela-
das em 2013/14.
Contudo, o valor da produção da soja foi, na-
quele ano, cerca de 2,6 vezes maior (R$ 69 bilhões
ante R$ 27 bilhões). Além disso, a evolução desse
valor da produção, no período 2007-2013, foi bem
mais favorável para a soja, decorrente do aumen-
to, em moeda corrente, que 89% para a soja e ape-
nas 11% para o milho.
Para 2015, as estimativas falam de uma redução
de área cultivada nos Estados unidos em relação à
safra anterior de 3,6%, embora mantendo o resulta-
do da produção levemente superior (355,2 milhões
de toneladas) ao volume colhido em 2013/14.
Os números divulgados reforçam a expectati-
va de baixa nas cotações internacionais do cereal
no ano de 2014.
Para a safra de soja norte-americana 2014/15,
estima-se aumento de 3,9% na área plantada, equi-
valente à produção de 96,6 milhões de toneladas.
Por essas razões a média da cotação interna-
cional do grão em 2014 ficará menor do que a mé-
dia de 2013. Essa produção pressionará os preços
da soja durante todo o ano.
Análise: Celso Miori
Gráfico 1
58 financeiro abril/maio 2015
Economia mundial: indicadores em destaque
O gráfico 3 apresenta a evolução (desde 2011)
do Bloomberg Commodity Index que sintetiza a
evolução dos preços das commodities agrícolas e
minerais, das quais a balança comercial brasileira
é fortemente dependente.
Os sinais de declínio são evidentes. Entre outras,
a principal razão para explicar essa tendência é a
desaceleração do crescimento da economia chinesa
e a própria mudança de seu modelo de desenvolvi-
mento, que deixa de ser impulsionado pelos grandes
investimentos, especialmente em infraestrutura, e
procura recuperar o consumo do mercado interno.
Para o Brasil, essa queda compromete a conta de
transações correntes.
Por outro lado, o gráfico 4 mostra uma evolução
Gráfico 2
Gráfico 3 Gráfico 4
59abril/maio 2015 financeiro
do Dollar Index Spot desde 2011. A forte valorização
do dólar no mercado internacional, frente a uma ces-
ta de moedas, especialmente a partir de maio/2014,
adiciona novas preocupações para os formuladores
de política econômica e traz oportunidades e proble-
mas para a vida empresarial.
Apesar das pressões inflacionárias que possam
decorrer desse movimento, a valorização da moeda
norte-americana estimula as exportações brasilei-
ras e inibe as importações de maneira geral.
DEMOGRAFIA Segundo estimativas do uS Census
Bureau, a população mundial aumentará, no período
2013-2050, em 2,3 bilhões de habitantes (ou 32%).
O segmento de maior destaque é o das pessoas
com 65 anos ou mais, com crescimento de 170%.
Enquanto isso, a população de jovens até 14
anos crescerá módicos 4,4%. Isso prenuncia uma
transformação radical na economia de todos os
países, em especial daqueles mais alinhados com
essa macrotendência (entre os quais encontram-
-se Japão, Itália, China e Brasil).
Em particular, no Brasil, segundo estimativa
do IBGE, as taxas anuais de crescimento popula-
cional, já decrescentes desde a década de 60, se
tornarão negativas a partir de 2044. Dessa forma,
de acordo com essa previsão, a população, nesse
ano de 2044, atingirá um pico de 218 milhões e, a
partir daí, decrescerá.
Os impactos sobre a economia são preocupantes
e produzirão suas maiores consequências nos seto-
bancodedados
Tabela1
Gráfico 5
60 financeiro abril/maio 2015
res da saúde e da previdência.
DOMICíLIOS Segundo a PNAD (IBGE), o Brasil
contava, em 2013, com quase 61 milhões de domicí-
lios particulares permanentes.
No período 2001-2013, os grupos de domicílios
com maior velocidade de crescimento anual foram
os das classes de rendimento mensal domiciliar en-
tre 1 e 2 salários mínimos (4,2% ao ano) e entre 2 e 3
salários mínimos (4,4% ao ano).
Observe-se que essas taxas de crescimento de-
clinaram nos últimos seis anos para 3,0% e 3,3% ao
ano, respectivamente.
De toda forma, a observação deste gráfico mos-
tra que, para as faixas de renda acima de 10 salários
mínimos, o número total de domicílios declinou.
Taxasde crescimento populacionalMédias móveis de 10 anos, 1882-2050
Fonte: IBGE Gráfico 6
Gráfico 7
61abril/maio 2015 financeiro
% %
bancodedados
Painel da indústria Financeira PIF – FinanceirasÉ uma pesquisa anual desenvolvida pela Fractal, em nível nacional, com pessoas de renda individual entre
R$ 1.200,00 e R$ 4.000,00 por mês. Os resultados são comparados com os obtidos no mesmo período do ano anterior. Apontam para uma intensificação do relacionamento entre clientes e suas financeiras.
Os principais produtos utilizados (em%)
uso de crediário em lojas de varejo (em%)
Já realizou um empréstimo pessoal, CDC, financiamento ou crediário?
Finalidade do empréstimo (em%)
uso do cartão das lojas de varejo (em%)
Base 2014: 327
Base: 3023
O(s) empréstimo(s) pessoal(ais) e o(s) empréstimo(s) pré-aprovados(s) que você fez foi(ram) utilizado(s) para.
Por favor, indique as lojas que você utilizou nos últimos 12 meses e pagou com cartão de financiamento da loja.
Você já tomou um empréstimo pessoal/ CDC/ financiamento/ crediário alguma vez na vida (em financeira ou loja)?
(% no ano de 2014)
Quais os produtos que foram utilizados, nos últimos 12 meses, por meio dessas financeiras?
Por favor, indique as lojas que você utilizou nos últimos 12 meses e pagou com crediário próprio da loja.
% %
Distribuição por Renda Familiar (em%)
Base 2014: 327 Base 2013: 285
%
R$
62 financeiro abril/maio 2015
O resultado mais recente do Painel
da Indústria Financeira Pessoa
Física, realizado com pessoas de
renda superior a R$4.000,00 (PIF Alta Ren-
da 2014) registra que uma grande parcela
desses clientes bancários não apresenta
contratação de produtos de crédito, inves-
timento, seguros e previdência. Ao mesmo
tempo, a análise dos clientes mais fideli-
zados e com maior mix de produtos e ser-
viços financeiros, indica a necessidade da
adoção de estratégias de cross-sell e de
exploração de nichos de mercado.
Com base nas 2.794 entrevistas alea-
tórias, realizadas com clientes bancários
nas principais regiões metropolitanas do
país, identificou-se 4.769 relacionamentos
bancários (média de 1,7 bancos por respon-
dente). A natureza desses relacionamentos,
suas estruturas e composições são identifi-
cados e descritos de maneira a entender as
contribuições para os negócios de cada um
desses bancos. Os respondentes são carac-
terizados com suas características sócio-
-demográficas e pelos seus estilos de vida.
Oportunidades e desafios para bancos e financeiras no segmento pessoas físicas de alta renda
Heatmap do mercado estudado, extraído da base de dados 2.014 da Fractal
Tabela 1
Os estilos de vida foram obtidos por meio
dos testes conhecidos por AIOV (atividades,
interesses, opiniões e valores).
Os dados relativos à posse de produtos
e serviços financeiros foram agrupados
em cinco principais famílias (seguros, pre-
vidência, aplicações, cartões e emprésti-
mos) e organizados graficamente segundo
os quadrantes da tabela 1. O eixo vertical
representa as famílias de produtos que o
respondente tem no mercado, independen-
temente do banco. O eixo horizontal repre-
senta as famílias de produtos que o respon-
dente tem no banco em que é correntista.
Dessa forma, se um determinado res-
pondente é correntista em dois bancos, A
e B, no primeiro possuindo apenas cartão
de crédito ativo e, no segundo, possuindo
empréstimos e seguros, considera-se que
o mesmo possui três produtos contratados
no mercado (eixo vertical), um produto con-
tratado no banco A e dois produtos contra-
tados no banco B. Graficamente, seu rela-
cionamento com o banco A estará presente
no quadrante 3x1 e seu relacionamento
com o banco B estará presente no quadran-
te 3x2. O primeiro índice do quadrante refe-
re-se à leitura do eixo vertical e o segundo
índice, à leitura do eixo horizontal.
A análise dos quadrantes revela o po-
tencial do mercado a ser explorado por
estratégias de aquisição de clientes e de
venda cruzada de produtos: 14,3% das con-
tas-correntes não apresenta produtos con-
tratados (percentual de relacionamentos
contidos na primeira coluna de quadrantes)
e 30,4% das contas correntes apresentam
apenas um produto contratado. Em outras
palavras, 44,7% das contas-correntes são
utilizadas de forma muito pontual pelos
clientes e pouco exploradas pelos bancos.
As contas com maior nível de cross-sell de
produtos estão nos quadrantes contidos
nas três colunas mais à direita (verdes) e
representam 28,4% dos relacionamen-
tos pesquisados. Apenas 1,9% das contas
apresentam as cinco famílias de produtos
contratadas no própio banco, conforme
pode ser visto no quadrante 5x5.
Além do posicionamento dos relacio-
Análise: Rodrigo Neman
63abril/maio 2015 financeiro
bancodedados
namentos bancários quanto ao número
de produtos contratados, os quadrantes
apontam as duas combinações de produ-
tos mais frequentes em cada quadrante,
denominadas Top1 e Top2, respectivamen-
te. Assim, ao analisar os relacionamentos
de clientes com um produto no mercado e
um produto contratado no banco (quadran-
te 1x1), observa-se que cartão de crédito
(C) aparece em 52,6% dos relacionamen-
tos e aplicação (A) aparece em 30,9% dos
relacionamentos. Esse quadro se inverte
quando consideramos relacionamentos de
clientes com cinco produtos contratados no
mercado e apenas um no relacionamento
(quadrante 5x1) em que a maior incidên-
cia é de produtos de aplicação com 35,7%
dos relacionamentos contra cartões com
21,4%. A segunda coluna de quadrantes
mostra que os produtos de aplicação cos-
tumam ser a porta de entrada para clientes
com baixa fidelização.
Os produtos de empréstimo, por outro
lado, mostram-se relevantes nos qua-
drantes mais fidelizados (2x2, 3x3, 4x4
As financeiras, por outro lado, podem
otimizar seus esforços de marketing e
relacionamento com os clientes, usando
fontes de dados que permitam enqua-
drar seus prospects e clientes dentro dos
quadrantes. Com isso, é possível propor-
cionalizar o investimento de recursos de
acordo com o tamanho do mercado em
cada quadrante/coluna para que seja ma-
ximizado o retorno esperado.
No gráfico 1 está representada a pro-
porção de respondentes, por faixa de renda
mensal, que não possuem produtos e servi-
ços financeiros além de conta-corrente (linha
vermelha) ou conta corrente e cartão de cré-
dito (linha verde). A linha azul totaliza ambos
os casos e mostra que para renda mensal
entre R$ 4 mil e o R$ 8 mil, mais de 14% dos
respondentes não possuem produtos de em-
préstimo, crédito ou seguros contratados em
bancos. Identificar esse grupo e atuar com
com modelos analíticos para identificação de
contexto de vida e de melhor próxima ofer-
ta/ação representa uma oportunidade tanto
para bancos quanto para as financeiras.
Percentuais de clientes que não utilizam os produtos estudados, por faixa de renda
Gráfico 1
e mais quadrantes verdes). Nos relacio-
namentos presentes nos quadrantes da
terceira coluna, ou seja, clientes com dois
produtos contratados no banco, as combi-
nações de empréstimo com cartões (EC)
aparecem consistentemente com a segun-
da maior frequência nos quadrantes mais
fidelizados da coluna.
As estratégias que os bancos devem
adotar para aumentar a fidelização de seus
clientes e, consequentemente, aumentar
a concentração de negócios dos mesmos
com a instituição devem ser desenhadas de
tal modo que possibilitem uma migração
do relacionamento para a direita, ou seja,
para quadrantes com produtos mais diver-
sificados. Ilustrativamente, para desenvol-
ver um relacionamento no quadrante 5x2
com aplicação e cartão de crédito (AC), a
melhor oferta é um produto de emprésti-
mo que seja compatível ao contexto de vida
do cliente, dado que a aceitação da oferta
posicionaria o cliente no quadrante 5x3 em
que a combinação AEC é mais frequente
com 33,9% de incidência.
64 financeiro abril/maio 2015
A independência financeira dos clientes
pode ser avaliada a partir da penetração de
produtos de crédito e empréstimos conforme
a renda mensal aumenta. Na tabela 2 encon-
tra-se a penetração dos produtos de crédito
e investimento por faixa de renda mensal.
Entre os produtos de crédito, crédito imobi-
liário e financiamento de autos apresentam
maior penetração no público de maior renda.
Com CDC a penetração decresce conforme a
renda aumenta e para os demais produtos
não há uma correlação pronunciada com a
renda. No caso de produtos de investimento,
a penetração de fundos e títulos cresce con-
forme a renda cresce.
Finalmente, o gráfico 2 apresenta a pe-
netração das principais famílias de produ-
tos por faixa de renda. O critétio utilizado
foi considerar que o respondente possui a
família, se este tem contratado pelo menos
um produto da família nos bancos em que
é correntista. Famílias de produtos para
gestão de riscos (previdência, seguros e
aplicacões) apresentam um crescimento
de penetração mais acentuado conforme
a faixa de renda cresce. A penetração das
famílias de produtos de empréstimo e car-
tões também cresce à medida que a renda
aumenta, porém com taxas de crescimen-
to mais modestas. f
Penetração das famílias estudadas
Penetração de produtos de crédito e investimento, por faixa de renda
Gráfico 2
Tabela 2
Equipe de autores da FractalCelso Grisi - Professor titular da
FEA-uSP e diretor-presidente da
Fractal - Forma, Acaso e Dimensão
Celso Miori - Consultor de
empresarial, doutorando pela
FEA-uSP e professor dos cursos
de MBA da Fundação Instituto de
Administração
Rodrigo Neman - Advisor da prática
de Business Analytics da Fractal
e professor de Gestão Analítica de
Desempenho em programas de MBA
65abril/maio 2015 financeiro
artigo palavrafinal
E stamos em recessão! Pior, ainda não sabemos bem
a intensidade desse retrocesso econômico e nem
quanto tempo esse ciclo irá durar. Buscamos iden-
tificar elementos novos na conjuntura política e econômi-
ca que permitam projetar um “ponto de virada” em que a
confiança e a capacidade perdidas pelo investidor e pelo
consumidor sejam resgatadas; para que, assim, possa ha-
ver perspectiva efetiva de retomada do crescimento eco-
nômico e social.
Nesse ambiente é insuficiente ficar apenas esperan-
do e torcendo pela rápida recuperação da política e da
economia. É imperioso e necessário criar resiliência sufi-
ciente para enfrentar os riscos do atual ciclo de contração
econômica e mitigar as perdas financeiras e patrimoniais,
a deterioração do mercado de trabalho, a fragilização do
ambiente de negócios e do orçamento familiar.
A recessão do ano de 2015 será significativa. Atu-
almente é estimada uma contração do produto interno
bruto (PIB) de 1,2% a 1,5%. O consumo das famílias tem
retração estimada de 0,5% a 0,9% do PIB, encerrando um
ciclo benigno de expansão do emprego, da renda, do con-
sumo e do crédito. O consumo da administração pública
(APu) poderá ser positivo, mas em intensidade bem me-
nor do que em anos anteriores, consequência do severo
ajuste (fiscal) das contas públicas.
Art
igo
envi
ado
em 1
0/4/
2015
A TRAVESSIA da recessão e da incerteza
las empresas com excesso de capacidade ociosa derivada
da contração do mercado doméstico.
Portanto, as projeções atuais indicam que a “deman-
da agregada” da economia terá, essencialmente, um ve-
tor contracionista e de gradual e difícil recuperação neste
e no próximo ano, conforme ilustra o gráfico. Ou seja, a re-
cuperação do crescimento da economia deverá ser mais
lenta e demorada que o esperado e desejado.
Esse diagnóstico parece ser compartilhado pelo Go-
verno (Fazenda, Planejamento e Banco Central) que tem
indicado crescente adesão às estimativas e projeções da
economia pelo mercado. Assim sendo, os “policy makers”
do Governo têm buscado sinalizar ao mercado a premência
de acelerar as ações e os atos de política econômica para
avançar na agenda, resgatar expectativas dos agentes eco-
nômicos e favorecer a melhoria de desempenho da econo-
mia em menor tempo e de forma mais virtuosa. Por outro
lado, é fato que a política econômica enfrenta, entre outros
obstáculos, aqueles derivados do ambiente de crise políti-
ca, que acaba por retardar a efetividade e a progressividade
pretendida nessa “ação pró-cíclica” de resgate da econo-
mia. Em breve síntese, podemos identificar como sendo
três as principais etapas da política econômica pretendida
para restabelecer na economia, o crescimento virtuoso:
1 - Resgate fiscal e sinalização monetária (etapa de
busca da credibilidade);
2 - Condicionamentos para atração de capital (etapa
de busca do investimento);
3 - Realização de investimentos e produtividade (eta-
pa de busca do crescimento).
Como temos verificado nos meses recentes, o pro-
cesso de recuperação econômica na atual conjuntura
brasileira consiste em desafio amplo e diversificado,
que poderá ser acelerado; mas, ainda assim, requererá
tempo maior até atingir a fase três de crescimento eco-
nômico significativo. Caberá aos agentes econômicos –
entidades, associações, empresas, famílias e indivíduos
– buscar o pensar e agir de forma objetiva e focada em
suas próprias atividades “micro”, sem esperar pela rápi-
da recuperação “macro” da economia. Quer dizer, há um
hiato de tempo entre alcançar efeitos amplos e substan-
ciais da política econômica em curso e as necessidades
cotidianas e de curto prazo dos agentes econômicos.
Agora é momento de focar em inovação, produtivida-
de e reinvenção na empresa e no orçamento familiar, para
melhor enfrentar o período de recessão na economia. f
Por Nicola Tingas:economista-chefe
da ACREFI
PIB – Produto Interno Bruto,
em % anual
PIB Consumo das FamíliasFonte: IBGE, ACREFI.
A taxa de investimento (formação bruta de capital fixo),
que teve uma queda de 4,4% do PIB em 2014, deverá ainda
ter difícil reversão em 2015, ficando todos os esforços de
governo concentrados em obter resultados mais significa-
tivos a partir de 2016. Pelo lado do setor externo, as impor-
tações continuarão em queda, em linha com a contração da
economia; enquanto as exportações terão gradual incre-
mento estimulado pela desvalorização acentuada da taxa
de câmbio e também pela busca de mercados externos pe-
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