Esteróides Anabolizantes. CONCEITO: Os esteróides anabolizantes (anabólicos ou esteróides...

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Esteróides Anabolizantes

CONCEITO:

Os esteróides anabolizantes (anabólicos ou esteróides anabólicos androgênicos – EAA) são os hormônios esteróides da classe dos hormônios sexuais masculinos (andrógenos), promotores e mantenedores das características sexuais associadas a masculinidade e do status anabólico dos tecidos somáticos.

Estrutura básica dos hormônios sexuais:

Estrutura básica dos EAA:

Alguns autores derivados sintéticos da testosterona que possuem atividade anabólica >

androgênica.

Local de síntese dos EAA (testosterona e derivados):

• Células de Leydig, nos túbulos seminíferos dos testículos;

• Ovários (em uma quantidade bem menor que nos testículos);• Córtex adrenal.

Controle da produção:• Corticotropina controle da produção adrenal;

• Hipotálamo GnRH (hormônio de liberação das gonadotrofinas) hipófise anterior liberação de FSH, que estimula a gametogênese, e de LH (também chamado de hormônio de estimulação de célula intersticial – ICSH – no sexo masculino), que estimula a secreção de androgênios pelas células testiculares.

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

O COLESTEROL é o precursor dos esteróides.

Colesterol oxidações Pregnenolona (principal precursor

intermediário dos hormônios esteróides).

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

• DHEA e androstenediol fígado conversão para testosterona e DHT;

• DHEA e androstenediona precursores da testosterona mais utilizados pelos atletas;

• DHEA albumina carreia, tendo a forma não conjugada e a conjugada (DHEA-S o esteróide adrenal de maior concentração plasmática).

Aromatização:

O hormônio testosterona sofre a ação da enzima AROMATASE, sendo

convertido em estradiol (principal estrogênio secretado pelo ovário).

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

Ativação da testosterona:5-redutase

Próstata (5AR tipo 1), pele e couro cabeludo (tipo 2)

Converte a molécula de testosterona em DHT, seu principal metabólito ativo

Maior atuação nas vesículas seminais, acne e calvície

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

Síntese dos EAA (testosterona e derivados):

• Testosterona 2,5 a 11mg/dia;• 0,3 mg de testosterona/dia DHT (nas células-

alvo);• Testículos secretam quantidades muito pequenas

de DHT;• > afinidade pelo receptor, forma complexo

hormônio-receptor mais rápido e dissocia-se mais lentamente;

Outras enzimas:

Enzimas da classe P450 (reação irreversível)UDPGT (reação reversível)

Sulfotransferases (reação reversível)

DESATIVAM OS EAA, TORNANDO-OS MENOS EFETIVOS.

Transporte dos EAA e da testosterona:Natureza LIPOFÍLICA

• Poucos (2%) estão dissolvidos no sangue;• Maioria está complexada com transportadores

proteicos: ESPECÍFICO (40%) proteína ligante do

hormônio sexualINESPECÍFICOS (o restante) ex.: albumina

Testosterona:

• Rapidamente metabolizada no fígado (se via oral);

• Meia-vida da livre = 10-21 min;• Inativada no fígado pela conversão em

androstenediona.

Mecanismo de ação:

Proteínas do choque térmico:

• Estabilizam os receptores citosólicos até a ligação desses com os hormônios;

• São as hsp90.

Mecanismo de ação:

Formação do complexo hormônio-receptor (citosol) sai hsp90 do receptor

complexo se liga a ERH transcrição ou repressão gênica.

* Ativação do gene zif268 tem relação com a hipertrofia muscular.

Mecanismo de ação:

Mecanismo de ação:

Este (relacionado aos receptores citoplasmáticos) provavelmente não é o único mecanismo.

Alguns pesquisadores, dessa forma, tem levantado hipóteses de mecanismos como o seguinte:

• Competição com o cortisol pelos receptores (efeito anticatabólico);

Excreção:

FÍGADO

Conversão em produtos de excreção

Ligações insaturadas+

Introdução de grupos OH Conjugação com ác.glicurônico SOLUBILIDADE

Conjugação com sulfato

Excreção:

• 20 A 30% (algumas referências falam em 10%) dos metabólitos bile fezes

• O restante circulação sangüínea rim filtrados do plasma urina

Efeito androgênico da testosterona:

• Crescimento do pênis;• Espessamento das cordas vocais;

• Aumento da libido;• Aumento das secreções das glândulas

sebáceas;• Aumento de pêlos no corpo e na face;• Padrão masculino dos pêlos pubianos;

• Estimula a espermatogênese (junto com o FSH);

Efeito anabólico da testosterona

“Ação formativa de proteínas, que influencia o metabolismo e estimula a formação de tecidos, principalmente do organismo em crescimento, agindo sobre músculo, esqueleto e órgãos.”

produção de proteína muscular esquelética

principal efeito anabólico;

Cortisol: as reservas proteicas nos tecidos extra-hepáticos;

* O EAA inibe a atuação do cortisol ( catabolismo proteico). Porém, dependendo do esforço durante o exercício, pode

ocorrer o oposto. concentração de glicose no sangue

Gliconeogênese impede a utilização de glicose pelo músculo e pelo tecido adiposo

(efeito anti-insulínico)

a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo por permitir a ação de hormônios lipolíticos mais potentes (epinefrina e GH)

Outros efeitos anabólicos da testosterona:

[ Hb];• hematócrito (estimula a eritropoiese); retenção de nitrogênio (= balanço

nitrogenado positivo); deposição de Ca nos ossos;

Efeito andrógeno x anabólico dos EAA:

As drogas se diferenciam por alterações em suas estruturas químicas

(principalmente quanto ao grupo funcional do carbono 17 da estrutura em anel da testosterona) que fazem

predominar um ou outro efeito.

Total efeito anabolizante dos EAA:

Os anabólicos só apresentam todo o efeito quando há simultaneamente estímulos de

treinamento e alimentação rica em proteínas. Sem isso não pode ocorrer a

formação de tecido muscular.

Outros efeitos dos EAA:

• Pouco efeito sobre a capacidade metabólica anaeróbia (glicolítica);

• Nenhum efeito sobre a capacidade metabólica aeróbica;

• Melhora geral dos atos reflexos; retenção de glicogênio;

Outros efeitos dos EAA:

fadiga;• Suprime mecanismos imunológicos ( da

suscetibilidade a gripes e a resfriados); força de contratilidade muscular;• Não aumentam a capacidade de realizar

exercícios musculares;

Outros efeitos dos EAA:• Hipertrofia das fibras tipo IIa, mionuclear e

formação de novas fibras nos músculos trapézio e vasto lateral;• Agem diretamente na expressão do gene da

proteína contrátil

número de miofilamentos e mofibrilas

na largura das fibras musculares peso corporal = retenção de fluidos + massa

livre de gordura.

Relação do EAA com a idade e o sexo:

Adolescentes masculinos e mulheres

Efeitos do uso de testosterona são maiores que nos homens adultos

Tipos de EAA mais consumidos:

ORAIS E INJETÁVEIS

ORAIS:

Via comprimido;• Boca estômago intestino (absorção) fígado (processamento) corrente sangüínea;

• O fígado destrói os EAA orais pelo processo chamado de 17--alcalinização – causa uma

sobrecarga sobre ele que acaba danificando-o, pois faz um esforço exagerado para combater

algo que não consegue processar.(HEPATOTOXICIDADE)

INJETÁVEIS:

• Menos nocivos (sem processo de alcalinização);

• Via intramuscular;• Vantagem a base oleosa permanece na

corrente sangüínea por um período maior (viscosidade);

• Mais tóxicos para os rins;• Desconfortáveis pela forma de aplicação.

EAA mais consumidos:

ORAIS Anadrol (oximetalona)Oxadrin (oxandrolona)

Dianabol (metandrostenolona)Winstrol (estanozolol)

ALTA HEPATOTOXICIDADE

ORAIS:Anadrol (oximetalona):

EAA oral mais perigoso devido a sua ALTA toxicidade ao fígado, obrigando a limitação da dose e do ciclo para não aumentar os efeitos colaterais;

Ocasiona rápido ganho de força e de volume muscular;

É necessário o uso de Nolvadex para limitar os outros efeitos indesejáveis;

5-redutase não atua sobre ela.

ORAIS: Oxandrin (oxandrolona):

Moderadamente androgênico (por isso também utilizado por mulheres);

Com poucos efeitos colaterais; Proporciona um grande aumento de força por ampliar os

depósitos de creatina fosfato intracelular; Aromatase não atua sobre ela.

ORAIS: Dianabol (metandrostenolona):

Foi um dos EAA orais mais populares; Bastante androgênica, causando significativos ganhos de

força e volume muscular em poucas semanas de uso; Retenção hídrica (boa parte do volume); Pela aromatização pode causar ginecomastia e acne; 5-redutase não atua sobre ela.

ORAIS:

Winstrol (estanozolol):

Pequenas taxas anabólicas; Pouca retenção hídrica; Pode ter efeitos ótimos em alguns e em outros

nenhum (talvez porque nem todos tenham receptores para esse EAA);

5-redutase e aromatase não atuam sobre ela.

EAA mais consumidos:

INJETÁVEISDeca-Durabolin (decanoato de nandrolona)Durabolin (fenilpropionato de nandrolona)

Depo-testosterona (cipionato de testosterona)Equipoise (undecilenato de boldenona)

INJETÁVEIS:Deca-Durabolin (decanoato de nandrolona):

Uma das mais conhecidas e consumidas pelos “leigos”; Ganho de massa muscular; Pode ocasionar retenção de líquido; Evita inflamações e dores devido ao treinamento

pesado (EAA de base em muitos ciclos).

INJETÁVEIS:Depo-testosterona (cipionato de testosterona):

Promove rápido ganho de força e de volume muscular;

Altamente androgênica; Tende a aromatizar facilmente, sendo talvez a

maior responsável por ginecomastia em fisiculturistas;

Por reter muita água pode causar PA; Anabolizante que mais atrofia os testículos; Causa perdas vertiginosas de força e volume tão

logo seu uso seja descontinuado.

INJETÁVEIS:Equipoise (undecilenato de boldenona):

Muito utilizado, assim como a Deca, no trabalho de base, apesar de ser de uso EXCLUSIVAMENTE VETERINÁRIO;

Excelentes efeitos anabólicos; Moderadamente tóxica ao fígado e com baixo

nível de aromatização.

Deficiências androgênicas:• Hipogonadismo masculino (restaurar os níveis

plasmáticos de testosterona e, assim, as funções testiculares – com exceção da espermatogênese);

• Garotos com puberdade e crescimento retardados;

• Micropênis neonatal;• Deficiência parcial em homens idosos;

• Deficiência secundária a doenças crônicas;

Aplicação Clínica dos EAA:

Aplicação clínica:

OSTEOPOROSE:

* O uso de tibolona perda óssea em mulheres após a menopausa, aumentando a densidade óssea (Berning, 1996);

Aplicação Clínica dos EAA:

TRATAMENTO...• ...da anemia causada por falhas na medula

óssea ou nos rins;• ...do câncer de mama avançado;• ...de garotos com estatura exagerada;• ...em situações especiais de obesidade;• ...da fadiga em pacientes com doença renal

crônica submetidos à diálise.

Aplicação Clínica dos EAA:

SARCOPENIA...• ...relacionada ao HIV em pcts hipogonadais

e eugonadais;• ...associada à cirrose alcóolica;• ...associada à doença pulmonar obstrutiva

crônica;• ...em pcts com queimaduras graves;

Aplicação Clínica dos EAA:

• Há relatos de seu uso em baixas doses no tratamento de doenças cardiovasculares efeito antiaterogênico e antianginoso.

• Estudos efeitos no tratamento da baixa estatura por síndr. de Turner;

• Estudos efeitos benéficos no retardo da fraqueza em pacientes com distrofia muscular de Duschene.

Aplicação no Esporte:Significativos para todas as modalidades esportivas que

exigem grande peso corporal e alta força muscular (ou força rápida)

massa (estimulação do crescimento muscular), força (melhorando o desempenho nas modalidades que a

exigem) e potência muscular

Entre 0 e 10% (a taxa de testosterona intracelular de cada um determinará o resultado)

Doping segundo o COI:“Doping é o uso de qualquer substância

endógena ou exógena em quantidades ou vias anormais com a intenção de aumentar o

desempenho do atleta em uma competição .”

* O EAA é a droga mais encontrada nos exames antidoping feitos pelo COI.

Esportes mais suscetíveis ao doping:

Caso mais conhecido:Bem Johnson

O corredor canadense medalha de ouro nos 100m rasos nas Olimpíadas de Seul, em

1988, cujo exame detectou a presença dos metabólitos do anabolizante estanozol.

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

Corrigan (agosto, 1996) dividiu os efeitos psicológicos em três grupos:

1) Efeitos imediatos: melhora da confiança, energia e autoestima; da motivação ( >

ímpeto para o desempenho) e entusiasmo; fadiga; insônia; habilidade para treinar

com dor; irritação; raiva; agitação;

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

2) Administração em altas doses por longo período: perda da inibição com alteração

de humor;

3) Efeitos graves: quando os sentimentos de agressividade viram comportamentos hostis e anti-sociais, tendo ataques de

fúria que vão desde o abuso infantil até suicídios e assassinatos.

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

Alterações psiquiátricas:Esquizofrenia aguda

Mania Confusão mental

Paranóia Depressão

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

• Outros sintomas cognitivos como distração, esquecimento e confusão;

• Dependência;• Narcisismo patológico;• Na puberdade fechamento das epífises

ósseas (= déficit final do crescimento);

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

• O uso de testosterona icterícia e potencial para neoplasia hepática (adenocarcinoma);

• Falência renal aguda; • Hematoma hepático e subseqüente hemorragia

intra-abdominal.• Altas doses deterioração de longa duração da

função endócrina normal da testosterona;

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

• Risco de infecção pelo compartilhamento de seringas injetáveis HIV, HBV, HCV, Candida albicans (imunossupressão secundária após o uso prolongado);

Além disso pode-se formar um abcesso pela falta de assepsia e pela procedência incerta da droga.

• Retraimento e depressão ao deixar de usar a droga;

Efeitos colaterais nos homens:• Atrofia testicular e esterilidade (temporário); da contagem de espermatozóides; níveis de testosterona;• Ginecomastia:

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

Eventos cardiovasculares adversos:

• Predisposição à hipercoagulabilidade, ao agregação plaquetária e à fibrinólise;

• Trombose ventricular e embolismo sistêmico; da espessura do septo interventricular e do índice

de massa do VE (sem alterar sístole e diástole);

Efeitos colaterais e o abuso dos EAA:

Eventos cardiovasculares adversos:

• Morte súbita por hipertrofia de VE;• Efeito mais freqüente e menos discutível: LDL

(e do colesterol total) e HDL.• IAM por oclusão da artéria descendente anterior;

Efeitos colaterais nas mulheres:

Efeitos colaterais nas mulheres:

• Alterações masculinizantes;• Amenorréia;• Aparecimento de acne;• Pele oleosa;• Crescimento de pêlos na face;• Posteriormente desenvolvimento da

musculatura e do padrão de calvície masculino;

Efeitos colaterais nas mulheres:

• Engrossamento da voz;• Hipertrofia do clitóris;• Irregularidades menstruais; tecido mamário;

Administração contínua e prolongada

IRREVERSÍVEIS

Epidemia silenciosa:

Como se define nos EUA o uso crescente de EAA para fins estéticos

Pesquisas apontam:• 7% dos estudantes colegiais dos EUA já

foram ou são usuários de EAA;• 9% dos freqüentadores de academias nos

EUA os consomem;

Epidemia silenciosa:27% dos adolescentes consumidores de EAA os

utilizam única e exclusivamente para a MELHORIA DA APARÊNCIA.

2 anos sem EAA 1 ano com EAA

Conceição et al., 1999:Uso de EAA por praticantes de musculação nas

academias de Porto Alegre:• 24,3% usavam EAA;Desses:• 34% uso por vontade própria;• 34% indicação por outros atletas;• 19% indicação os amigos;• 9% indicação dos professores;• 4% sob prescrição médica;

Conceição et al., 1999:Uso de EAA por praticantes de musculação nas

academias de Porto Alegre:• 80% dos usuários usavam mais de um EAA;• 35% dependência física e psicológica;Principais motivações para o uso:• 42,2% aquisição de força;• 27,3% aquisição de beleza;• 18,2% melhora no desempenho;

Da Silva e Czepielewski, em 2001:

Pesquisa com 36 atletas competitivos e recreacionas de 8 academias de Porto Alegre:

95% dos entrevistados estavam usando ou já haviam utilizado EAA pelo menos uma vez na

vida.

Referências:• Da Silva, P.R.P.; Danielski, R.; Czepielewski. Esteróides

anabolizantes no esporte. Rev Bras Med Esporte –Vol 8, no 6 – nov/dez, 2002.

• Ghorageb, N.; Barros, T.. O Exercício – Preparação Fisiológica, Avaliação Médica, Aspectos Especiais e Preventivos. Ed. Atheneu.

• Weineck, J. Biologia do Esporte. Ed. Manole.• Powers, S.K.; Howley, E.T.. Fisiologia do Exercício – Teoria e

Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. Ed. Manole. 3a edição, 2000.

• Smith, E.L.; Hill, R.L.; Lehman, I.R.; Lefkovitz, R.J.; Handler, P.; White, A ..Bioquímica dos Mamíferos. 7a Edição. Ed. Guanabara Koogan, 1985.

• http://www.esteroidesanabolizantes1.hpg.ig.com.br/esteroides_anabolizantes.htm