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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
LINGUAGEM E INTERAÇÃO EM LETRAMENTO LITERÁRIO
Neiva Lanzarini Zuchi1 Drª Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira2
RESUMO: A pesquisa visa promover reflexões sobre o Letramento Literário. Para tanto, analisamos fábulas como: O Patinho Feio (Hans Christian Andersen), O Menino Azul (Cecília Meireles), além da narrativa O Menino Marrom (Ziraldo). A discussão, inicialmente, envolveu educadores que cultivam os ingredientes da leitura da literatura como tempero essencial e prazeroso de estímulo ao aluno, tendo como referencial teórico principal, os estudos de Alice Áurea Penteado (2005), Regina Zilberman (2008) e Rildo Cosson (2009). Em seguida, realizamos leitura crítica das fábulas, por meio de debates; planejamos as histórias e mergulhamos na produção de contos, criando novos enredos com alunos da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont, de Itapejara D’Oeste - Pr. As ilustrações ficaram por conta dos alunos. Com o auxílio da Mídia eletrônica, elaboramos um livro com a produção de fábulas. Por fim, houve momentos de integração com outros colegas da escola para socializar o conhecimento adquirido. Este material fará parte do acervo pedagógico cultural do Departamento Estadual de Educação do Paraná (SEED-PR). PALAVRAS-CHAVE: Letramento Literário, fábulas, ensino da literatura. ABSTRACT: The research had the aim to promote reflectiions about the Literary Literacy. So that, fables and fairy tales were analysed such as: The Uggly Duck (Hans christian Andersen), The blue Boy ( Cecília Meireles), The Brown Boy (Ziraldo). The discussion, initially, involved educators who grow the ingredients for the reading of literature as essential condiment and pleasurable stimulus to the student. We took for this study the theory of Alice Àurea Penteado (2005), Regina Zilberman (2008) and Rildo Cosson (2009). Nextly, we made some criticism of the tales through discussions; we planned out the stories and produced tales, creating new plots with students from Irmão Isidoro Dumont State School, in Itapejara D'Oeste-PR. The illustrations were designed by the students.With the help of the mídia, we elaborated an eletronic book with the tales students produced. Lastly, through this experience there were some moments of interaction with another classmates of the school to socialyze the knowloge. This material will make part of the pedagogycal cultural life of State Department of Education of Paraná (SEED-PR). KEYWORDS: Literary Literacy, fables, literature teaching.
1 Professora PDE. Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont – Itapejara D’Oeste – PR.
2 Orientadora do projeto. Pós-doutora em Ciência da Literatura. Professora Adjunta do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro.
INTRODUÇÃO
Uma história não é mais que um grão de trigo. É ao ouvinte ao leitor, que compete fazê-lo germinar. Se não germina, é questão de falta de ar, de sol, de liberdade de solidão.
(MICHEL DÉON)
O artigo busca sintetizar e analisar a produção de intervenção
pedagógica na escola estadual Irmão Isidoro Dumont de Itapejara D’Oeste PR,
estudo realizado ao longo de um ano de formação continuada. Dentre os
resultados atingidos, obtivemos a produção do Material Didático-Pedagógico,
com um livro eletrônico contendo fábulas em áudio. O objetivo deste estudo é
tornar público o resultado de um trabalho de pesquisa realizado acerca do
Plano Integrado de Formação Continuada (PDE- 2009); incentivar e promover
discussão entre educadores que curtem essa literatura a contagiarem suas
escolas com o Letramento Literário, propondo uma prática inovadora e
satisfatória no contexto educacional e social.
Esperemos, com este trabalho, poder contribuir com a melhoria da
prática docente no que se refere à abordagem da leitura do Letramento
Literário no interior da sala de aula, uma vez que buscamos valorosas
contribuições no Grupo de Trabalho em Rede (GTR 2009), em estudo com as
educadoras que aceitaram o desafio de compartilhar suas experiências e
contextualizar com a nossa proposta.
A pesquisa reflete sobre o Letramento Literário e envolve “Roedores de
Livros” satisfeitos com leituras. Desafia educadores sensíveis e comprometidos
com a formação de leitores críticos, reflexivos, oportunizando aos educandos
da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont de Itapejara D’ Oeste PR, momentos
de interação, satisfação e realização pessoal por meio de leitura de fábulas,
histórias, debates e socialização. Com referência a este estudo, realizamos a
intervenção pedagógica na escola citada com alunos da turma 8ª série “A”
2010.
COSSON (2009, p. 68) expressa que é necessário “dar” ao aluno a
oportunidade de fazer uma reflexão acerca da obra lida e externalizar essa
reflexão de forma explícita, permitindo o estabelecimento do diálogo entre os
leitores da comunidade escolar”.
Enfim, o que estamos propondo é a busca do encantamento literário.
Inicialmente, para professores envolvidos neste estudo, para que levem às
suas práticas pedagógicas, reflexões e análises prazerosas que ficarão como
uma semente a germinar no estímulo ao Letramento Literário, e, que este
estudo venha a contribuir com a formação de muitos alunos das escolas
públicas e privadas do Estado do Paraná, assim como outros estados.
Portanto, nossa proposta é ler as fábulas, compartilhar conhecimentos
com o autor do texto e com os colegas; imaginar personagens, contar histórias,
revelar segredos, seduzir o ouvinte e convidá-lo a se apaixonar pelo livro e pelo
Letramento Literário. É isso que a criançada aprecia; o importante é o
envolvimento com a história. Diante disso, o bom gosto aflora e une-se, a tríade
indissociável: o autor, a obra e o leitor. E, da sintonia entre eles, acontece o
Letramento Literário.
O artigo é estruturado da seguinte forma: inicialmente, disserta-se
sobre a importância das histórias no capítulo “Um pouco de história não faz mal
a ninguém”. Em seguida, faz-se um levantamento das principais teorias acerca
do assunto. Na terceira parte, explicitam-se os conceitos de Letramento
Literário e os horizontes da escola. Também, demonstra-se a realidade da
escola e sua contextualização, bem como o campo de pesquisa, a proposta de
trabalho de implementação na escola. Finalmente, apresentam-se os
resultados do estudo com os alunos da turma 8ª Série ”A”, análise, resultados
dos conteúdos e as conclusões acerca desta pesquisa.
UM POUCO DE HISTÓRIA NÃO FAZ MAL A NINGUÉM
Os livros que têm resistido ao tempo são os que possuem uma essência de verdade, capaz de satisfazer a inquietação humana por mais que os séculos passem.
(Cecília Meireles)
O resgate histórico realizado acerca da literatura neste texto faz
referência às concepções de origem da mesma, que surge no Ocidente, com
rastros desde o Oriente, passando pela infância no Renascimento Europeu até
a escola, nos dias atuais. Essas narrativas têm sua origem no conto
maravilhoso. É a fonte onde nasceu a literatura.
O ofício de contar histórias é muito remoto e, está em todo o mundo,
passa de indivíduo a indivíduo; isso já era mencionado pelos profetas. A
princípio, era um instrumento mágico, a palavra. Jean La Fontaine (1621-1692)
deu forma definitiva à literatura ocidental, ao criar a fábula. Esse autor buscou
inspiração em fontes gregas, latinas, francesas, parábolas bíblicas, contos
populares, narrativas medievais e renascentistas. O que há em comum entre
essas obras é que todas expõem uma “situação” que encerra com uma
moralidade.
Enquanto as pessoas contavam e ouviam essas maravilhosas
histórias, as doenças, as desgraças passavam despercebidas. Estas histórias
eram contadas para satisfazer a sede de instrução do saber, que nasce na
natureza do homem. As bibliotecas não tinham as vozes presas nos livros. Elas
eram vivas e atraentes, com gestos e canções enlaçadas nas narrativas. As
mães cantavam para seus filhos cantigas da literatura tradicional.
Desse modo, a família criava um ambiente aconchegante para os
filhos. Percebe-se, então, que a literatura não abrange apenas o que se
encontra escrita. É o fato de usá-la como forma de expressão. Os povos
primitivos de quaisquer agrupamentos humanos do mundo inteiro, com suas
representações dramáticas, deixaram-nos uma vasta herança literária
transmitida de memória em memória, de boca em boca. Esse conhecimento,
ninguém consegue tirar das pessoas; ele está inserido na cultura, na tradição.
É folclórico. A literatura surgiu, com a tradição oral. É por isso que existe uma
forte ligação entre a oralidade e a literatura. Podemos dizer que as lendas, os
contos, as narrativas, os mitos, as canções e outras expressões folclóricas são
fontes dessa literatura.
Nesses tempos remotos, os pais sentavam ao redor do fogo, com seus
filhos para contar histórias. Eram histórias maravilhosas que faziam com que as
pessoas se envolvessem com elas. Passavam horas e horas reunidas
contando, inventando e recriando.
Também faziam “serões” em noites de luar para visitar amigos,
parentes, e contavam as histórias que eram chamadas de “casos”. É
exatamente desse tempo histórico e remoto que surgem as fábulas, nas quais,
as personagens protagonistas são animais. Estas representavam os humanos
com seus talentos e virtudes. Vem do Oriente, a coletânea Calila e Dimna,
com 14 livros, considerada a mais antiga. Posteriormente, foi traduzida para
árabe, persa e castelhano.
As grandes narrativas que embalaram a humanidade em tempos
remotos, consideradas tesouros da antiguidade, são as histórias das Mil e Uma
Noites, contadas por Sherazade, uma jovem encantadora, que desafiou a
família e, casou-se com o rei para salvar as moças da sua cidade, pois, as que
casavam com o Sultão tinham uma sentença a cumprir. Sherazade teria
apenas uma noite para ficar casada; porém, com muita sabedoria, continuava a
contar histórias, tentando adiar a sua sentença.
Ela deixava sempre uma surpresa, um suspense. “Veja, o dia já vai
raiar e ainda falta o melhor da história”. Essa expressão está inserida na obra
“A Princesa Sherazade”, 1995, p.15. Coleção 1001 Noites. “[...] quando se pensa nessas monumentais coleções das Mil e uma noites, do Pantchatantra, e muitas outras que salvaram do esquecimento lendas, histórias, fábulas, canções, adivinhações e provérbios... não se pode deixar de sentir uma profunda admiração por esses narradores anônimos que com a disciplina da sua memória e da sua palavra salvaram do esquecimento uma boa parte da educação da humanidade”. (Meireles, 1984, p.48).
Para a referida autora, “O gosto de contar, é idêntico ao de escrever”,
“o gosto de ouvir, é como o gosto de ler”. A exemplo temos os contos coletados
por Perrault, (França), contemporâneo de La Fontaine; publicou em 1697, a
obra “Os Contos da Mãe Gansa”, os quais foram imortalizados como leitura
para crianças. No século XVII, as histórias maravilhosas fazem da França o
reinado da fantasia e, de Perrault, o mago do reino. Os Irmãos Grimm, na
Alemanha, recolheram narrativas vindas de coleções diversas, as quais foram
adaptadas e republicadas uma infinidade de vezes.
Na Idade Média, muitas histórias ganharam versões escritas, feitas
principalmente pelos padres que moravam nos mosteiros. O registro escrito
tornava mais fácil a preservação das histórias. É na infância que a fase da
criatividade e da pura imaginação se manifestam na criança; no entanto, na
sociedade primitiva, a criança era educada conforme seus pais determinavam;
era considerada “um adulto em miniatura”.
É importante destacar que nesse período, a ideia de infância não
estava posta, apesar de se considerar histórico o “sentimento da infância”. Com
a sociedade clássica, Grécia e Roma, a criança era educada para servir a
sociedade (estado). Assim, meninas se assemelhavam à figura da mãe e os
meninos se transformavam em guerreiros.
Muitas obras constituíram-se como grande marco da literatura infantil,
embora não tenham sido escritas para esse público. A exemplo: Os contos da
Mãe Gansa (La Fontaine).
Enfim, com o passar do tempo, as mudanças sociais determinaram
algumas alterações nessa literatura oral. Como se pode perceber, hoje, o livro
supre as ausências familiares vividas na antiguidade. A literatura infantil e
juvenil é vista com a função de educar, instruir e também divertir, permitindo
que a criança desenvolva suas capacidades sociais com liberdade e
criatividade.
Não podemos esquecer que a literatura dos clássicos resistiu ao tempo
por séculos. Essa cultura não pode ser ignorada por mais que os séculos
passem. Uma literatura clássica movida por canções de ninar onde a fábula
denuncia valores e posturas, dá bons exemplos e cria o aconchego adequado.
Essa cultura é necessária tanto para a escola quanto para a família. Aos
educadores e pais cabe a responsabilidade de estarem atentos para com a
ideologia da sociedade moderna, capitalista e tecnológica.
Por conseguinte, o presente texto teve o objetivo de descrever e
explanar parte da origem da leitura e da literatura. A seguir, apresenta-se a
fundamentação teórica desse estudo.
LETRAMENTO LITERÁRIO X OS HORIZONTES DA ESCOLA
O MENINO AZUL
O menino azul quer um burrinho para passear. Um burrinho que saiba inventar histórias bonitas, com pessoas e bichos e barquinhos no mar. E os dois sairão pelo mundo, como se o mundo fosse um jardim, um jardim sem fim... Você sabe onde conseguir um burrinho assim?
(Cecília Meireles)
O objetivo deste texto é discutir os fundamentos teóricos sobre os
processos de letramento literário, leitura e escola, e a formação do leitor,
especialmente no âmbito das instituições escolares. É preciso, pois, refletir a
questão da literatura infantil e infanto-juvenil no contexto escolar, buscando
articular a relação do educador com essa literatura e a de ambos com a escola.
O desafio é viver a aventura de ler e conhecer, estabelecendo contrato
leitor e autor. É importante que a atividade de leitura seja aguçada,
acompanhada e orientada. Dessa forma, um projeto literário favorável à leitura,
faz-se necessário para incentivar o hábito da ler os bons textos literários.
O Letramento Literário pode ser iniciado pelo contato com histórias,
provérbios, parlendas, advinhas, ou ditos populares. Enfim, supõe um processo
que pode ser iniciado, até mesmo, antes de a criança aprender ler e escrever.
Compreendemos com isso, que o Letramento Literário apóia-se no
início da oralidade e por meio de muitas vozes, que se manifesta no cotidiano,
o indivíduo vai aprimorando essa linguagem. Na escola, durante a prática da
leitura e escrita, no envolvimento com os livros, revistas, jornais e a mídia
eletrônica que contribuem com os textos literários, o leitor interage com essa
cultura, adquirindo segurança e autonomia.
Cosson (2009, p.68) mostra que é necessário um olhar diferenciado
para os educadores que desejam fazer do letramento literário uma atividade
significativa para si e para seus alunos. Ele propõe reformular, fortalecer e
ampliar o estímulo à leitura no ensino básico para além das práticas cotidianas.
E, dessa forma, desata os nós da relação entre literatura e educação, propondo
a construção de uma comunidade de leitores nas salas de aula e sugere
oficinas criativas para que o professor possa adaptar sua prática pedagógica
ao Letramento Literário.
Sendo assim, é essencial que os educadores encontrem alternativas
para que se promova o encontro do aluno com a leitura literária prazerosa. O
Letramento Literário é uma abordagem especificamente literária, que incentiva
e dá encaminhamentos de orientação da leitura aos alunos. É fundamental que
o leitor estabeleça uma relação com a obra lida, para depois, compartilhá-la e
se possível aumentar seu campo de visão de mundo.
A leitura compartilhada da obra literária não só possibilita o contato do
leitor com a literatura, mas também proporciona um encontro da obra literária
com o leitor. Assim, ambos se transformam e constroem conjuntamente o
sentido do texto. Isso é essencial para propiciar aos nossos alunos/leitores
estabelecerem relações entre a obra literária e suas experiências pessoais e
sociais.
Desse modo, é importante oportunizar os alunos a um contato com o
texto narrativo. Convidá-los a lançar um olhar sobre as características do
gênero fábula, no ato de experiência da leitura com interpretação e
compreensão. Deixar de lado, a leitura mecanicista e mergulhar na vivência da
leitura da obra literária, incentivando-os à atividade de interpretação e
compreensão, compartilhando experiências.
Contudo, nestes encontros de interação verbal, o Letramento Literário
coloca-nos em confronto com três componentes inseparáveis no texto: o autor,
a obra e o leitor. No momento em que o autor vai tecendo o seu texto, ele usa a
imaginação em linguagem criativa; busca a seiva que irá alimentar a sua obra
literária em muitas fontes e propõe ao leitor um desafio e um contrato.
Portanto, esse contrato, já compromete o leitor que está encantado
com a beleza do Letramento Literário que se manifesta através da Linguagem.
Esta se apóia na integração, na emoção, na percepção, na reflexão e na
harmonia, seja ela ficcional ou verossímil. O grande desafio é viver a aventura
de mergulhar na leitura das fábulas como é o propósito deste estudo.
De acordo com Bakhtin [...] a verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de uma produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua”. (1979, p. 109).
Nessa perspectiva, a literatura possui o poder da palavra como tal.
Tem na linguagem verbal a sua matéria-prima. Pode ser expressa e tornar-se
acessível aos leitores por meio das palavras escritas ou orais; no caso, a
contação de histórias, poesia popular, contos de fadas entre outros gêneros.
Esta é a razão pela qual escolhemos neste estudo o tema: Letramento
Literário. “Discutimos “As Fábulas”, gênero que expressa a arte e o poder da
palavra, partindo do trabalho artístico com a linguagem.” São textos que
denunciam a miséria e as desigualdades sociais.
À medida que o leitor deixa aflorar suas emoções e sentimentos no
diálogo – mediado pelo texto literário vai se consolidando a função estética da
literatura e, consequentemente, da leitura. “O segredo maior da literatura é
justamente o envolvimento único que ela nos proporciona em um mundo feito
de palavras”, Afirma Cosson (In: COSTA, p. 146, 2007).
O desejo de Cosson é uma escola aberta para preparar os jovens a
enfrentarem os obstáculos da vida através do Letramento Literário. A mesma
“escola” se não estiver adequada às expectativas da clientela, também pode
excluir ou matar as inúmeras possibilidades de contato com o universo
imaginário da criança ou do jovem.
Poder falar das histórias, identificarem-se com as personagens, rir e se
emocionar com os contos, poemas e com as imagens contidas nos livros, ou
até mesmo em narrações ouvidas, proporciona para o educando de qualquer
idade, um espaço para imaginar, criar e brincar.
Desse modo, percebemos que se aprende a ler literatura. Não é algo
que nasce pronto, não é atávico, não é inato, nem é dom. O leitor de literatura,
não apenas lê, como também faz uma aprendizagem desta leitura literária,
atribui valores e habilidades, fortalecendo e ampliando a educação literária no
ensino básico, acrescentando desafios, para que ambos, os educadores e os
educandos sintam o sabor da diferença entre o texto literário e o texto
informativo.
Zilberman, em “Sim, a literatura educa” (1990), lembra-nos, a esse
respeito, que as tragédias gregas tinham o princípio básico de educar moral e
socialmente o povo. O avesso do livro é a escola, que sufoca ou reprime a imaginação, Instaurando a rotina. Olavo Bilac e Raul Pompéia elegem Verne para escapar à opressão da sala de aula, conforme depõe a crônica do poeta, já referida. Quando não é a escola, é o cotidiano que insatisfaz, de modo que a literatura apresentar-se-á na condição de alteridade e transformação do dia-a-dia, nunca coincidindo com o habitual e imutável. (Zilberman, p. 46, 2008).
A afirmação da autora faz com que volte no tempo, cujo exemplo de
libertação é a obra “Júlio Verne”, (Olavo Bilac), a qual faz com que o leitor
sinta-se salvo e liberto para o mundo da fantasia e das imaginações. Os
caminhos da libertação se abrem para o jovem leitor. Diante dessa realidade,
compreendemos que para haver letramento literário no contexto escolar, o
educador precisa ter clareza sobre a sua concepção de linguagem.
Considerando que a leitura na escola é um ato dialógico e o leitor se
utiliza de suas experiências e vivências, se isso não for considerado, as aulas
tornam-se rotineiras e rejeitadas. Por isso, o Educador no processo de leitura
deve propiciar um trabalho pedagógico criativo, se utilizando de inúmeras
formas de mediação, estabelecendo recursos materiais e metodológicos
apropriados de acordo com o contexto social do educando, proporcionando
interação professor/aluno.
Sabemos que somos frutos de um país que se forjou sob a égide da
exclusão social, econômica, educacional e cultural, e a formação de
professores esteve historicamente voltada para atender a uma minoria
privilegiada de crianças e jovens que já chegavam à escola com um entorno
cultural alimentado na família pela convivência informal com as artes e as
ciências. E os professores, oriundos do mesmo grupo social, desempenhavam
a tarefa de organizar e apontar horizontes aos indivíduos, tudo dentro do
mesmo contexto social.
Desse modo, é necessário reconhecer que é difícil para os educadores
abandonarem alguns conceitos de uma cultura escolar enraizada durante a
formação profissional, os quais definem seus hábitos, concepções e métodos
pedagógicos.
Porém, como a intenção é construir uma sociedade mais justa e
democrática, na qual todos tenham acesso à educação, à cultura, ao esporte,
ao emprego, à moradia, ao saneamento básico, à saúde, enfim, uma sociedade
em que haja efetivamente participação democrática (inclusive nas discussões
sobre elaboração de políticas públicas), é preciso rever várias concepções.
Além de sistematizarem os conhecimentos, cabe à escola e ao
educador a função de apontar caminhos para o acesso aos bens culturais,
entre eles a leitura de textos literários, que possibilita, em parte, a superação
das diferenças sociais e atua concretamente sobre os mecanismos de
exclusão. Ou seja, o acesso a textos produzidos e sistematizados
historicamente pelos homens é uma das formas de fazer uso dos bens culturais
produzidos pela humanidade e de direito de todos.
Por isso, o Letramento Literário precisa ser encarado pela escola
como “uma arte de aprender”, para funcionar como instrumento na superação
de diferenças culturais. A pluralidade cultural presente na moderna literatura
infantil e juvenil poderá chegar ao contexto escolar através do texto literário de
qualidade, do texto que possibilite a formulação de perguntas, indagações, que
não apresente estereótipos como ponto de chegada e sim como ponto de
partida para outras leituras, e também outras descobertas de situações cada
vez mais inesperadas.
Por meio da leitura das fábulas é possível o pleno desenvolvimento dos
alunos, que passam a ter maior consciência da importância de sua participação
nas decisões coletivas, sobretudo naquelas que contemplam os diferentes
grupos sociais e culturais.
Zilberman (1985, p. 21) confirma a importância da literatura na escola,
ao afirmar: A escola e a literatura podem provar sua utilidade quando se tornarem o espaço para a criança refletir sobre sua condição pessoal”. E acrescenta: “Propor a abolição da literatura na escola ou mesmo a abolição da escola representa tão somente abandonar, a criança à sua própria sorte, após tê-la feito adotar a imagem de sua impotência e Incapacidade.
Conforme consta no projeto inicial de Regina Zilberman, obra pioneira
da autora “A literatura infantil na escola”, publicada em 1981, o trabalho com a
literatura deve contar com um educador apto “à escolha de obras apropriadas
ao leitor infantil e juvenil; ao emprego de recursos metodológicos que
estimulem a leitura, provocando a compreensão das obras e a verbalização,
pelos alunos, no sentido apreendido.”
Logo, percebemos que para essas duas tarefas serem cumpridas faz-
se necessário adaptar um conjunto de aprendizagens que possam dar
subsídios às nossas práticas pedagógicas. O educador comprometido irá
buscar aprimoramento satisfatório a fim de socializar o conhecimento com seus
educandos.
No entanto, é essencial o conhecimento de um acervo literário
representativo que permita a seleção de obras de valor do conjunto literário
destinado às crianças ou aos jovens aos quais irá propor as atividades de
incremento de estímulo à leitura. É essencial que haja curiosidade de
professor/aluno, aprender a ler, isto é: aprendendo a ler dando sentido ao texto
e sentindo a emoção e a satisfação de exercer controle sobre a sua
aprendizagem. De acordo com Silva (1989), em relação ao leitor, não se questiona quais são as suas expectativas. Segundo o autor, as expectativas dos leitores constituem assunto ainda pouco discutido nas escolas, uma vez que é comum encontrar preocupação com métodos ou modelos de leituras. Parece que há uma atenção maior em como ensinar e não em saber como o aluno aprende. Outro ponto forte que ele questiona são as expectativas da escola em relação ao aluno, ao invés de serem as expectativas do aluno em relação ao saber.
Silva (1981 p.12) assevera: “Cada vez mais nos convencemos de que
a formação do aluno-leitor é o resultado da prática do professor e da política
educacional vigente”.
Desse modo, o autor indiretamente nos diz que antes do educador
atuar pedagogicamente ele deve ser um leitor, pois, transferir a leitura pessoal
para uma prática docente de letramento literário é uma ação suave,
modestamente prazerosa. Caso contrário, a tarefa torna-se um fardo pesado,
com dificuldades e indagações frustradas. Será que é possível dar aquilo que
não possuímos para alguém?
Nesse caso, a formação de novos leitores poderá se comprometer com
a dependência de fórmulas, receitas, dúvidas e cópias. Aí, o professor passa a
ser o intermediário, jamais o criador.
Não estamos aqui criticando nossos colegas, mas, os estudos apontam
que é possível afirmar que há escolas cujo processo ensino aprendizagem
ainda não está contribuindo para a formação integral do educando uma vez
que priorizam, no trabalho com a língua e a literatura, práticas
descontextualizadas de leitura, nas quais a maior preocupação diz respeito aos
aspectos formais da língua escrita.
Dessa forma, o texto é usado como álibi para o desenvolvimento de
exercícios ortográficos e gramaticais simplesmente mecânicos. Vejamos a
seguir;
Estamos adiante da falência do ensino da literatura. Seja em nome da ordem, da liberdade ou do prazer, o certo é que a literatura não está sendo ensinada para garantir a função essencial de construir e reconstruir a palavra que nos humaniza. Em primeiro lugar porque falta um objeto próprio de ensino. Os que se prendem aos programas curriculares escritos a partir da história da literatura precisam vencer uma noção conteudista do ensino para compreender que, mais que um conhecimento literário, o que se pode trazer ao aluno é uma experiência de leitura a ser compartilhada. No entanto, para aqueles que acreditam que basta a leitura de qualquer texto convém perceber que essa experiência poderá e deverá ser ampliada com informações específicas do campo literário e até fora dele. (COSSON, 2009 p. 23).
Nas palavras do autor, podemos nos munir de textos literários
agradáveis ao bom gosto da clientela e promover um envolvimento literário
abrindo caminhos para a cultura da arte, da atividade criativa, que faz parte do
cotidiano como ferramenta adequada e necessária à linguagem. Também vale
lembrar que, enquanto arte, o Letramento Literário se utiliza da linguagem
principalmente para sensibilizar o leitor.
A razão que leva muitos e muitos alunos a não lerem e não produzirem
textos escritos é que eles não vivem no espaço escolar a realidade que os
cerca. Os textos lhes apresentados pela escola não acrescentam nada à sua
vida. Nada é novidade. Nada causa expectativa e motivação. É comum
ouvirmos palavras assim: “aquele aluno não quer nada”. Nesse contexto, faz-se
necessário que a escola conheça as expectativas do aluno em relação a ela.
Precisamos contemplar o seu conhecimento, partindo do conhecido
para o desconhecido. Cabe a nós fortalecer essa resistência do educando,
respeitando suas experiências e propondo o diferente para ampliar o seu
repertório cultural.
Queirós (2000) afirma: “A literatura é feita de fantasias. O que move a
gente é o desejo. Só desejamos o que não temos. Eu nunca vou ser inteiro.
Vou sempre buscar outros pedaços, afinal, é na falta que a gente dialoga, é na
falta que a gente encontra, é na falta que a gente ama”. Esse é o desafio do
educador consciente de que se deve produzir conhecimento.
É preciso, em parceria com a escola, criar mecanismos para mostrar a
importância do Letramento na formação dos indivíduos e fazer com que haja
um maior engajamento de toda a comunidade escolar no processo de
formação de leitores. É um jeito de perceber criticamente como se produzem
as práticas cotidianas libertadoras sem os mecanismos de exclusão.
Dizia Descartes (1984, p.12) que “[...] a leitura de todos os bons livros é
como uma conversa entre as pessoas mais honestas dos séculos passados,
que forma os seus autores”. Essa afirmação denota que o acesso a boas
fábulas pode assegurar ao leitor que a verdade extraída do texto resulta da
leitura que se faz do mesmo. Eis então a importância da descoberta: o
entendimento de que o texto pode transmitir ao leitor o que é a verdadeira
essência.
O letramento literário tem como finalidade provocar o prazer estético, o
que acontece à medida que o leitor desenvolve o seu senso de criação. Ele
atribui diferentes funções na escola assim como: informar, educar, entreter,
persuadir, expressar opiniões, idéias, entre outros. Ele requer inovações,
comprometimento e clareza dos princípios básicos da linguagem verbal. É dele
que o homem se serve, entre outros processos, para construir seu mundo e
sua história. Ele ensina a serenidade diante da vida, à paciência, a
compreensão e a reflexão e nós, aprendemos.
Esclarece Coelho (2000, p 66), que há uma ciranda de textos em cada
obra literária que lemos. Essa concentração faz com que quanto mais o leitor
entra em contato com os textos da história e da contemporaneidade, mais ele é
capaz de estabelecer vínculos, de descobrir relações de semelhança entre
diferentes textos. Portanto, nenhum texto é totalmente original, pois estão
sempre em conexão uns com os outros.
Neste estudo, as fábulas precisam ser interpretadas e, interpretar é
dialogar, é uma rodovia de mão dupla, e o limite é o contexto, o qual é dado
pelo texto ou pelo leitor do mesmo atribuindo-lhe sentidos. A linguagem é o
material da literatura, tal como a pedra e/ou o bronze são materiais da
escultura; as tintas, da pintura; os sons da música. Importa saber que a
linguagem, em si própria, é uma criação humana e, como tal, herança cultural
de um grupo linguístico.
“No que se refere às aulas far-se-á necessário que o educador pense e
reflita sobre “o que propõe fazer”, “como fazer” e “para quê fazer.” Quais são
seus objetivos e intenções, que podem fornecer elementos que subsidiem a
compreensão da sua proposta pedagógica diante da literatura? Por falta talvez,
de esclarecimentos, algumas questões relacionadas à prática docente são, no
mínimo, intrigantes: o que foi pensado pelo professor efetivamente se
concretiza? O que é que o professor pretende com uma determinada proposta
de letramento literário em sala de aula? Neste sentido, a escola, a equipe
pedagógica está dando suporte?
Pensando nisso, concluímos que a metodologia é um referencial muito
importante neste cenário. Planejar as aulas procurando atender as expectativas
dos alunos assim como a sua realidade no contexto em que estão inseridos.
Educar no espaço da sala de aula implica formar um homem reflexivo, crítico,
criativo, consciente, participativo, comprometido socialmente e transformador
da sociedade.
Diante do exposto, procuramos apresentar os pressupostos teóricos
nesta pesquisa; discutir e refletir sobre as relações estabelecidas no interior da
sala de aula. Assim sendo, as características do campo de pesquisa são
relatadas a seguir.
CARACTERISTICAS DO CAMPO DE PESQUISA
Ninguém educa ninguém como tampouco. Ninguém educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, midiatizadas pelo Mundo (...). A leitura do mundo precede a Leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela.
(Paulo Freire)
A presente pesquisa foi realizada na Escola Estadual Irmão Isidoro
Dumont Ensino Fundamental, 5ª a 8ª séries, no município de Itapejara D’Oeste
PR. Essa escola caracteriza-se como uma escola confessional3 sob a tutela da
congregação Marista. Os Maristas iniciaram suas atividades nesse município
em 1968, quando aqui se instalaram em busca de vocações para a sua
congregação. Inicialmente, era escola particular, no entanto, em parceria com a
Secretaria de Estado da Educação - SEED transformou-se em 1970, em uma
escola da rede pública de ensino. Portanto, essa escola possui características
da filosofia marista.
Essa escola tem uma estrutura física que comporta o atendimento da
maioria dos alunos do município. Atualmente, a escola funciona nos três
períodos, manhã, tarde e noite, atendendo uma clientela de aproximadamente
900 (novecentos) alunos. Convém explicar que 50% dos alunos são moradores
da zona rural, e 50%, da zona urbana. São filhos de famílias de classe média
baixa. Muitos trabalham para auxiliar os pais.
Neste estabelecimento, atuam 32 docentes da rede pública de ensino,
sendo que a maioria é do regime estatutário. Todos os docentes possuem
curso de especialização “lato sensu”. No que se refere ao atendimento didático-
pedagógico, a escola conta com cinco profissionais atuando na Direção,
Orientação e Supervisão Escolar.
O município de Itapejara D’Oeste localiza-se na região sudoeste do
Paraná, com uma população de aproximadamente dez mil habitantes; a base
da sua economia e subsistência é a agricultura e pecuária com pequenas
propriedades agrícolas, predominando a agricultura familiar.
3 É uma escola em parceria com a mitra que tem suas raízes religiosas, pertence a Filosofia Marista (Padre Marcelino Champagnat).
Na sequência, abordaremos o trabalho realizado acerca do projeto de
intervenção pedagógica na escola.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS X IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
O presente texto tem por finalidade
apresentar os procedimentos metodológicos
que constituíram esta pesquisa. Na
sequência, relataremos uma síntese da
proposta de Implementação pedagógica na
escola Est. Irmão Isidoro Dumont Ens.
Fundamental. A pesquisa em questão apresenta-se como um estudo de caso
com abordagem qualitativa. Um estudo de caso é “uma pesquisa empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real. O estudo
de caso consiste na observação de um contexto ou indivíduo, de uma fonte de
documentos ou de um acontecimento específico” (MERRIAM, 1988, apud
BOGDAN e BIKLEN, 1994, p.89).
Optamos por esse tipo de pesquisa porque o foco investigado faz parte
dos fenômenos atuais da educação e porque o estudo de caso auxilia a
responder às questões “como” e “por que” ocorrem determinados fatos. E,
também, por se entender que os fenômenos educacionais só podem ser
analisados dentro de um contexto de vida real.
Como docente dessa escola, notava o descontentamento dos
professores. A escolha do estudo “Linguagem e Interação em Letramento
Literário”, ocorreu por se perceber a insatisfação dos docentes e alunos da
escola mencionada, em relação à prática de leitura em sala de aula.
Para realizar a pesquisa sobre o Gênero Fábulas, planejamos dez
oficinas em horário extraclasse com aproximadamente 32/h/aula, com
cronograma definido e uma sequência didática do conteúdo proposto elaborada
com textos, livros e slides os quais se encontram em anexo à produção do
material didático.
Partindo do tema, Letramento Literário o qual já estava em busca de
“Roedores de Livros”, para interligar a metodologia docente e o conceito de
leitura, realizei a intervenção pedagógica acreditando na escola. [...] “é
Implementação na Escola
Narrativas
justamente para ir além da simples leitura que o Letramento Literário é
fundamental no processo educativo”. COSSON, 2009, p.30).
Assim, nasceu o projeto em estudo, e a “intervenção pedagógica na
escola”. Pesquisa realizada com os alunos da turma 8ª “A” 2010. Optamos pelo
Gênero Fábulas, por serem textos conhecidos na escola; são narrativas curtas,
com contribuição dos animais falantes que dialogam ao longo do texto e
preservam as características das narrativas tradicionais.
Moisés (1978), assim define a fábula: “é protagonizada por animais
irracionais, cujo comportamento, preservando as características próprias, deixa
transparecer uma alusão, via de regra satírica ou pedagógica, aos seres
humanos”.
ANÁLISE E RESULTADOS DOS CONTEÚDOS
A análise do estudo ocorreu com base nas oficinas realizadas no
processo de implementação pedagógica na Escola Estadual Irmão Isidoro
Dumont Ens. Fundamental de Itapejara D’Oeste PR.
Os dados categorizados passaram pelo procedimento metodológico de
análise de conteúdo. Na perspectiva de Bardim (1979), essa técnica tem sido
utilizada como instrumento metodológico que se pode aplicar a formas de
comunicação, seja qual for a natureza do seu suporte. Ela parte do
pressuposto de que, por trás do discurso aparente, simbólico e polissêmico,
esconde-se um sentido que convém desvendar.
Mediante a análise, buscamos por raízes mais profundas, no intuito de
entender o contexto educacional estudado, encontrar explicações para a
prática docente em relação ao letramento literário, tomando por base situações
observadas no cotidiano escolar.
Faremos aqui, um breve relato dos encontros realizados acerca do
tema em estudo Letramento Literário.
“Preparando o terreno” foi a primeira oficina, um período delicado de
acolhida e preparação. O objetivo era mantê-los atentos e envolvidos. Essa foi
uma estratégia de diálogo, esclarecimentos e integração; explicamos tudo
sobre o estudo em questão, resolvemos dúvidas, definimos o melhor horário
para todos, e expusemos as nossas expectativas em relação à equipe. Na
oportunidade, organizamos o ambiente de estudo. Esse encontro aproximou e
agradou a todos. O desafio foi aceito.
Na sequência didática, com o grupo já composto, buscamos estudar e
pesquisar a origem da leitura e da literatura. Foram momentos prazerosos com
uma viagem inesquecível. Nessa mesma viagem, sem passaporte viajamos
com: “Livros: O mundo numa rede encantada” (Ana Maria Machado). A
propósito, seguido por Cosson teria que formar aí uma comunidade de leitores.
Contudo, foi um desafio maior, incentivo, e provocação, partindo do conhecido
para o desconhecido.
Para o encantamento dos alunos leitores
ainda nessa oficina, tivemos a oportunidade de
ler e fantasear as narrativas: “O Menino Azul”
Cecília Meireles, “O Menino Marrom” Ziraldo. Na
expressão dos alunos: “Esse foi o melhor convite
que já tive”. (Beto) “Nunca pensei que fosse
poder viajar pelo mundo da fantasia e
imaginação, achei um barato”. (Juju).
Em “Minha Vida e Minhas Histórias”,
vivemos outra experiência fantástica que foi a
aventura de contar suas histórias de vida. Afinal, quem não tem histórias para
contar? Somos feitos de histórias, movidos por elas, ouvimos, contamos,
criamos e recriamos. É muito bom poder expressar os desejos, sonhos,
expectativas, lugares, objetos, animais e pessoas que nos envolvem. Por fim,
as histórias foram ilustradas e, em forma de painéis expostas na sala de aula a
fim de aquecer o espaço com vida e cores. Esse ambiente serviu de cenário.
Ele determinou as circunstâncias que deram realidade e verossimilhança às
narrações. Criamos o clima adequado para a sensibilização.
Com o gênero Blog, nos servimos do mundo virtual. Essa ferramenta
auxiliou os autores na comunicação com o grupo e nas produções das fábulas.
Criamos “Bloghistórias” com o propósito de marcar a presença com a
experiência pessoal do diálogo interior. Depois das histórias e o Bloghistórias, a
integração do grupo foi visível. Eles se acharam o máximo, não tinha mais
“Patinho Feio” na história, portanto, foi oportuno ler a narrativa de Hans
Christian Andersen “O Patinho Feio”. Exploramos a obra, contextualizamos e
procuramos compreender o comportamento das personagens. Contudo, não foi
satisfatório. Uma fala surgiu: - “fazemos o
quê”? – “Faremos assim”: - “primeiro,
seduziremos o autor, segundo, tomamos
conta da narrativa; terceiro, recriaremos a
história”. Essas atividades proporcionaram
diversão e conhecimento. A partir desse
encontro, todos os patinhos ficaram lindos.
Desse modo, “Os Seresteiros da Noite” aprenderam a brincar com a
Nossas histórias
Reflexão sobre as narrativas
linguagem. Para eles, tornou-se um vício, contar, falar, narrar histórias e
contos. As expressões fluíram modestamente sem que a gente notasse. Assim,
aconteceram as serenatas, em noites enluaradas, cantando a nossa alegria
para as pessoas envolvidas com a escola. As narrações das “Mil e Uma Noites”
aqueceram as moradias das famílias visitadas. A propósito, querem continuar
com as serenatas.
“Nossas Narrativas” surgiram! A tarefa inicial foi uma reflexão sobre a
proposta em estudo, assim como a ação didática desempenhada no decorrer
das oficinas. Deixei-os bem à vontade, uma conversação fluiu, retomando os
temas discutidos e vivenciados. Lembraram situações que viveram dentro das
histórias, travando discussões com o autor e o texto. Divertiram-se e sentiram o
aconchego no ambiente. A partir disso, mergulhamos no mundo da
imaginação.
Afinal, quem não gosta de se enrolar em temas divertidos e até
assustadores?! Produzimos as fábulas com os ingredientes agradáveis ao
paladar com o tempero essencial de estímulo à leitura do Letramento Literário
no Ensino Fundamental. Os fabulistas construíram fábulas com diferentes
enredos e com o auxílio da mídia, produziram um livro eletrônico. “Fábulas em
áudio.” Essa vivência ficou registrada como mais uma prova de satisfação,
realização e inclusão na escola.
Porém, “Uma
Noite Diferente”, ainda
faltava para marcar a
nossa forte presença no
projeto, “Linguagem e
Interação em Letramento
Literário”. E, tinha que ser
à noite, por ser mais
emocionante. Para deixar
claro, seria o momento
de socializar todo o
conhecimento adquirido, com a escola em geral. A nossa Intervenção
Pedagógica realizada com os alunos em estudo queria mostrar os resultados
da pesquisa.
Socialização na Escola
Planejamos uma noite com feira de livros, decorações maravilhosas e
atrativas. Na oportunidade, em síntese, expusemos toda a trajetória da
pesquisa, o envolvimento do grupo e, exibimos a nossa produção final do
projeto já citado acima. Após isso, tivemos oficinas de roda de leituras
(contação de histórias), nas quais fizemos o papel de personagens da
Literatura Clássica Infantil e Juvenil, e, com o auxílio dos educadores da
escola, coordenamos as atividades.
O campo esportivo da escola foi o palco das narrações e, com as
lamparinas acessas dentro das tendas, contamos e encantamos, com o auxilio
da coletânea Oriental “As Mil e Uma Noites”. Foi uma noite contagiosa; alguns
pais se emocionaram; vieram até avós por exigência de netos. Contaram,
recontaram, e inventaram histórias. Enfim, na fala dos alunos participantes,
essa noite será inesquecível. Dá emoção e arrepio na gente! Quando vimos, o
tempo tinha se esgotado, e as pessoas continuaram com as narrativas.
Os alunos deram depoimentos aos pais, em casa, sobre a participação
nas oficinas. Ao visitar as famílias nas noites de “serenatas,” ouvíamos os pais
confessarem a alegria e a animação dos filhos. Eles curtiram muito. Fala de
uma Mãe: “precisava ver como minha filha chegava em casa animada e me
contava tudo”. Foram dias de animação. Enfim, atingimos os objetivos e
comprovamos que eles leem com bom gosto, sabem avaliar e expressar seus
saberes. O projeto se estende para fora da escola, expressando a realização
dos alunos “Roedores de Livros” por meio de serenatas em noites enluaradas.
O projeto se estende para fora da escola, expressando a
realização dos alunos “Roedores de Livros” por meio de serenatas em noites
enluaradas.
O mais bonito disso tudo, com certeza, foi o encantamento do grupo
pela literatura. As “Fábulas em Áudio”, são produções das leituras realizadas
acerca da implementação pedagógica na escola que nos forneceu a matéria-
prima com qualidade para a realização do produto final desta etapa de estudos.
Pensamos que, o “Material Pedagógico”, produzido com este
estudo, poderá ser útil, no sentido de fomentar e fortalecer a Educação do
Estado do Paraná, a fim de semear e cultivar no contexto educacional, o
tempero essencial e prazeroso de estímulo aos educadores e educandos para
se fazer Letramento Literário no contexto da sala de aula. Neste material,
reunimos a produção final num livro eletrônico com “Fábulas em Áudio” as
quais fazem referência ao projeto Linguagem e Interação em Letramento
Literário. Vejamos a seguir:
Mensagens dos fabulistas da escola Est. Irmão Isidoro Dumont de
Itapejara D’Oeste, Pr.
“Achei um máximo” (Juju),
“Nunca tinha me envolvido tanto com
a leitura”, (Beto) “Foi demais”, (Leti)
“Me diverti a beça,” (Lia).
Consideramos que este
trabalho é mais uma alternativa de
ferramenta pedagógica, sugestões
para o educador do ensino
fundamental da escola pública.
Acreditamos que o gênero fábulas poderá assessorar o educador na
leitura, na produção textual e na análise linguística. Esperemos que este
material contribua como mais um recurso didático para a educação do Paraná.
Depoimentos e contação de histórias
O Menino Azul (Cecília Meireles) Ed. Global Coleção
Magias Infantil.2008
O MENINO MARRON (Ziraldo), Ed .Melhoramentos. (2005).
O Patinho Feio (Hans Christian Andersen) Coleção Contos Clássicos. Ed. Ciranda Cultural.
BRAIDO. Eunice. A PRINCESA SHERAZADE. Coleção Mil e Uma Noites. Ed. FTD. Ano 1995
CONCLUSÃO
O estudo que planejei realizar permitiu pesquisas: bibliográfica e de
campo. Proporcionou-me grande desafio no contato com a linguagem. Meus
anseios eram contribuir com a escola de primeiro grau atendendo as demandas
existentes tanto de educadores quanto de educandos. A proposta foi refletir
sobre o ensino de literatura na escola. Escolhi a produção do gênero fábula
para realizar o estudo do Letramento Literário, como instrumento de superação
e transformação social.
Quero, portanto, iniciar meus agradecimentos aos alunos do grupo de
trabalho em rede (GTR), que refletiram comigo essa proposta de Letramento
Literário, e certamente experienciaram o estudo em sala de aula. Suas
contribuições foram pertinentes para a conclusão da pesquisa. Também
expresso a minha gratidão aos alunos da Escola Estadual Irmão Isidoro
Dumont que foram os sujeitos da pesquisa. Não poderia deixar de citar, A Profª
Drª. Níncia C.R. Borges Teixeira, que me acompanhou e me orientou durante o
trabalho. Profº Ms. Márcio Fernandes que gentilmente elaborou o livro
eletrônico. Material didático da conclusão dessa etapa de estudos.
Entretanto, cabe aqui um comentário, sem entrar no mérito da questão.
Senti a ausência dos colegas que não conseguiram concluir o curso.
Considera-se que foi perdida uma oportunidade para aperfeiçoamento de
formação continuada do educador. É preciso buscar alternativas de solução
acerca dessa questão, no sentido de auxiliar os referidos educadores para que
não haja perca qualitativa nem para o educador cursista em sua função social,
nem para a escola. O texto merece esse comentário, pois, como professora
tutora percebi o quanto está sendo necessário refletir e analisar essa questão.
Nóvoa (1992), ao se referir à constituição de saberes da experiência: Recordo do desabafo bem antigo de JOHN Dewey: escuta lá, mas quando se diz que o professor tem dez anos de experiência, quer se dizer que ele tem mesmo dez anos de experiência ou quer se dizer que ele tem um ano de experiência repetido dez vezes.
A formação continuada de professores é bastante diversificada; implica
em aspectos políticos, culturais e profissionais, contando com os métodos e
concepções. A compreensão dos saberes abarca a experiência; são as
vivências adquiridas ao longo do tempo que nos dão coragem e sabedoria para
inovar, criar e recriar. E desse modo, poderemos auxiliar colegas educadores
que por razões desconhecidas se omitem de trabalhar no coletivo.
Nesse sentido, gostaria de dizer que a proposta com este estudo foi
significativa. Ler, contar e se divertir com as fábulas. E ainda, compartilhar
conhecimentos com o autor e as personagens dos textos e com os colegas.
Imaginar personagens, contar histórias, revelar segredos. Seduzir os ouvintes
e convidá-los a se apaixonar pelo livro e pelo Letramento Literário. Foi o foco
em estudo. Os alunos viajaram muito com as personagens nas narrativas. Isso
marcou na história de vida da equipe.
Acredito que o objetivo do estudo foi atingido, visto que a participação e
animação do grupo de alunos foram enriquecedoras. Contudo, sabe-se que é
apenas uma semente que poderá germinar na escola de primeiro grau. Porém,
essa deve ser regada, e cuidada para gerar mais frutos. Penso que a proposta
de reflexões e, encanto literário para os educadores tenha sido relevante no
sentido de responder algumas demandas de professores e alunos por um
aprendizado crítico da leitura da literatura significativa.
Os procedimentos metodológicos adotados atenderam as
necessidades. Diante disso, tive maior acessibilidade à clientela escolhida e os
resultados foram satisfatórios. Procurei usar criatividade a contento das
crianças; elas tinham expectativas. As oficinas sempre traziam surpresas.
Passo a passo, fomos entendendo que a proposta de Letramento Literário que
procurou “Roedores de Livros”, mostrou o caminho que é preciso percorrer
para que a literatura na escola seja também, aquilo que ela é fora dela.
As discussões abordadas neste estudo provocam um repensar sobre a
dinâmica da sala de aula e seu cotidiano. Percebe-se que o Letramento
Literário implica na aprendizagem, e o leitor, ao mesmo tempo em que perde,
ganha sua identidade ao interagir com o texto. Letramento Literário mais
especificamente no gênero fábula, neste contexto, é marcado pela beleza da
linguagem. No entanto, aprofundar, refletir e conhecer significa mergulhar na
cultura de um povo, sujeito da história, que contribui com a produção de
conhecimento.
Procurei apresentar algumas reflexões sobre as relações estabelecidas
no interior da sala de aula, a qual é um espaço de mediação, uma vez que a
realidade da escola pesquisada clamava por um projeto de intervenção
pedagógica desta natureza. É na escola que o educador vai tecendo a
interação com seus alunos. Nesse espaço de ação de sua prática educativa
que ele pode realizar mudanças em relação às concepções de seus alunos no
que se refere à leitura e a intimidade deles com a mesma.
Nesse sentido, Cosson (2009, p.51) propõe para a sequência básica do
Letramento Literário na escola, quatro passos: motivação, introdução, leitura e
interpretação. Não vamos detalhar aqui cada item citado, mas, é necessário
nos apropriarmos das referências e aprofundá-las posteriormente. Porém, se o
educador seguir as recomendações do autor, com certeza colherá bons frutos.
São sugestões que poderão contribuir no sentido de que as aulas sejam
motivadas, ganhem relevo e importância.
Além da reflexão entre os educadores em estudo, a proposta visa
interação e acesso à leitura da literatura a adolescentes, àqueles que se
sentem excluídos na escola, muitas vezes esquecidos pela família e
discriminados pela sociedade. Parece comprometedora essa expressão, mas
realmente existem, e muitos. São preconceitos que surgem.
Comprova-se com este estudo, que, o bom docente, em sala de aula
precisa alimentar um pesquisador, movido pela curiosidade e pela insistência
em conhecer e buscar o desconhecido.
A partir das leituras e discussões desencadeadas neste projeto, adquiri
maior bagagem para analisar, acompanhar e entender o Letramento Literário
como um fenômeno social da linguagem, ainda, que esteja chegando de
mansinho em nossas escolas, e em processo de discussão no Brasil. Está a
contribuir com uma sociedade justa, digna e livre de preconceitos; com ele,
educadores e educandos sentem o “sabor” do saber em liberdade de
expressão.
Concluímos dizendo que “Linguagem e Interação em Letramento
Literário” foi significativo para a escola Estadual Irmão Isidoro Dumont, Ensino
Fundamental de Itapejara D’oeste, Pr. Este Projeto literário dialoga com o leitor,
educadores e educandos, no tempo e no espaço, identificando-se e
reinventando a educação numa relação dialógica entre literatura e escola.
O Senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.
(João Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas)
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