Post on 11-Apr-2017
Universidadde do Estado de Minas Gerais – UEMG
Faculdade de Engenharia de Passos – FEP
Curso de Agronomia
Pablo Forlan Vargas
Agronomia
PREPARO DO SOLO PERIÓDICO NO SISTEMA CONVENCIONAL DE
PLANTIO PARA GRANDES CULTURAS
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A agricultura constitui um dos maiores e mais antigos ramos da atividade
humana no mundo, desde que seus produtos, tanto de origem vegetal como animal, são
básicos para a alimentação e vestuário do homem. A princípio esta atividade limitava-se
apenas a umas poucas sementes plantadas somente para suprir às necessidades de
alimentação do indivíduo, da sua família e dos seus animais. Depois os homens
sentiram que podiam especializar-se na agricultura e passaram a ter que produzir
também para comercializar. Por esta razão, houve a necessidade de aumentar a área de
cultivo e introduzir aperfeiçoamentos nas operações visando a melhoria e o aumento das
colheitas e diminuir seus esforços físicos. Dentes as medidas utilizadas para o amento
da produtividade e redução do esforço físico do homem, destaca-se o preparo do solo
para recebimento da semente.
O preparo do solo pode ser definido como a manipulação física, química ou
biológica do solo, com o objetivo de atingir as condições para a germinação destas. O
preparo do solo pode ser inicial ou periódico, sendo que o primeiro consiste no
desbravamento de novas áreas, hoje muito restrito, devido à legislação.
2 - PREPARO PERIÓDICO DO SOLO
O preparo periódico do solo para o cultivo de grandes culturas é feito
anualmente visando adequá-lo para receber as sementes.
As primeiras ferramentas de preparo do solo foram feitas de pedras, madeira e,
possivelmente, de osso e conchas. Foram utilizadas para eliminar ervas daninhas e fazer
um sulco superficial que permitisse a colocação de sementes no solo. Mais tarde,
animais foram usados para puxar hastes de madeira em formas apropriadas que, como
tempo, foram munidas com pontas ou partes de metal. Posteriormente, o ferro foi
utilizado na confecção de implementos, até chegar ao arado de aiveca de tração animal
e, com isto, possibilitar o aumento das áreas trabalhadas. Desde então, o preparo do solo
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vem evoluindo, com implementos cada vez maiores, tracionados por tratores cada vez
mais pesados e possantes.
Os objetivos do preparo periódico do solo podem ser agrupados nos seguintes
itens;
a. Eliminação de plantas não desejáveis, diminuindo a concorrência coma cultura
implantada;
b. Obtenção de condições favoráveis para a colocação de sementes ou partes de
plantas no solo, permitindo a sua boa germinação e emergência, além de bom
desenvolvimento;
c. Manutenção da fertilidade, melhorando, se possível, a produtividade ao longo do
tempo, preservando a matéria orgânica no solo e evitando a ocorrência de
erosão;
d. Eliminação de camadas compactadas para aumentar a infiltração de água no solo
e melhor desenvolvimento do sistema radicular;
e. Enterrio de restos vegetais;
f. Quebra das crostas superficiais para permitir a germinação normal das sementes.
Ressalta-se, no entanto, que esses objetivos devem ser atingidos com o menor
número possível de operações sobre o terreno, reduzindo o tempo e o consumo de
combustível necessários para a implantação da cultura e sempre conservando o solo. As
operações mais utilizadas para se alcançar esses objetivos são a aração, a gradagem e
quando necessário a subsolagem.
2.1 - ARAÇÃO
A aração é a operação agrícola básica, pois de sua boa execução vai depender a
existência de um solo adequado para servir de leito à semente e, depois, ao bom
desenvolvimento do sistema radicular da planta, com reflexos diretos na produção.
A aração constitui-se numa operação de inversão de camadas. O arado corta uma
faixa de solo, denominada “leiva”, que é elevada e invertida. Nessa inversão de camadas
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ou nesse tombamento da leiva, os materiais da superfície passam para baixo, e os de
baixo vêm para cima, tornando mais profunda a camada útil do solo.
Esse revolvimento inicia, ativa e acelera atividades biológicas, pela oxidação,
pela incorporação, aprofundamento e mistura da matéria orgânica, pela quebra de
camadas endurecidas e impermeabilizadas, proporcionando um melhor arejamento,
mais calor e mais água.
Para preparar o solo deverá ser avaliada a possibilidade de trafegar sobre ele
com um trator e máquinas relativamente pesadas. A capacidade do solo suportar e
permitir o trabalho dessas máquinas depende muito da umidade em que ele se encontra.
O ponto de umidade ideal para o preparo do solo é o da friabilidade, a qual, a
campo, pode ser facilmente identificada. Coleta-se, a 10 cm de profundidade, um torrão
de solo de aproximadamente 2 a 5 cm de diâmetro, e exerce-se sobre ele uma leve
pressão entre os dedos polegar e indicador. Se o torrão desagregar-se sem oferecer
grande resistência e sem moldar-se ao formato dos dedos o solo encontra-se friável.
Quando a aração é feita com o solo muito úmido, este sofre danos físicos na
estrutura (compactação no lugar onde trafegam as rodas do trator) e gruda
(principalmente os argilosos) com maior força nos implementos até o ponto de
inviabilizar a operação.
Por outro lado, a aração com o solo muito seco não provoca danos físicos na
estrutura, mas um número maior de passagens será necessário para conseguir o
destorroamento que permita efetuar a operação de semeadura, além de maior esforço do
trator, acarretando um maior gasto de combustível. A aração em solo seco, propicia
ainda, a formação de grandes torrões duros, difíceis de serem quebrados.
A aração pode ser feita por tração animal ou motorizada. Na tração animal os
arados mais utilizados são de aiveca, fixos ou reversíveis, enquanto que na motorizada
utiliza-se arados de aiveca e de discos, fixos ou reversíveis. Salienta-se, no entanto, que
na tração motorizada, os arados mais utilizados são os de discos reversíveis.
Os arados de discos podem ser de arrasto, semi-acoplados ou totalmente
acoplados. Os de arrasto são mais recomendados para grandes áreas, para solos duros,
terrenos recém-desbravados e quando se pretende arações mais profundas, por
apresentarem maior capacidade de trabalho. Entretanto, na maioria das situações deve-
se preferir os arados totalmente acoplados ou de suspensão hidráulica, sobretudo por
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serem de desempenho mais fácil, regulagem mais simples e por facilitarem as manobras
nos cantos das glebas a serem aradas.
Os discos dos arados podem ser lisos ou recortados, sendo os primeiros mais
recomendados para a maioria das situações. Os discos recortados são indicados para
terrenos muito sujos, em palhadas de milho ou de arroz, em canaviais, etc.
A aração é feita através de deslocamentos na gleba que se quer arar, de várias
formas ou em várias direções ou sentidos. Algumas dessas formas proporcionam maior
rendimento que outras, permitem um trabalho de melhor qualidade e outras propiciam,
ainda, preparo do solo menos sujeito à erosão, e assim por diante.
Por esta razão, antes de iniciar a aração, e com o objetivo de se determinar ou
escolher o sistema de aração a adotar, deve-se considerar o formato da gleba, a
declividade do terreno, o tipo de arado de que se dispõe, o tipo de solo e se o terreno
está terraceado ou não.
2.1.1 - ARAÇÃO EM ÁREAS NÃO TERRACEADAS
Quando se dispõe de arado reversível deve-se fazer a aração em faixas niveladas,
jogando-se a terra sempre para um mesmo lado.
Se o arado disponível for fixo e o terreno apresentar declividade superior a 3%
deve-se arar em quadro, suspendendo o arado nas extremidades da área.
Entretanto, se o terreno for plano ou levemente declivoso (até 3% de declive) e
pouco arenoso, a aração pode ser feita em quadra, de dentro para fora, ou de fora para
dentro da área.
2.1.2 - ARAÇÃO EM ÁREAS TERRACEADAS
A aração em áreas terraceadas com arado reversível deve ser feita do camalhão
do terraço superior para o canal do terraço inferior, jogando-se a terra sempre para cima.
Se o arado disponível for fixo, a aração em áreas terraceadas deve ser feita de
uma maneira num ano e de outra no ano seguinte.
No primeiro ano a aração deve ser feita de fora para dentro, ou seja, começar no
topo do camalhão do terraço de cima e nas margens (bordas) do canal do terraço de
baixo e ir fechando para dentro até encontraram-se. A terra é sempre jogada para fora,
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para a direita. O sentido de deslocamento é o anti-horário. Se este sistema for usado
muitos anos seguidos haverá formação de um sulco ou valo no centro da faixa. Para se
evitar isso deve-se alterar este sistema no ano seguinte.
No outro ano, a aração é feita de dentro para fora a partir do meio da faixa entre
terraços e vai abrindo em direção ao topo do camalhão superior e da margem do canal
inferior. Este sistema, quando usado por anos seguidos, provoca a formação de
barrancos ou degraus na parte inferior dos camalhões dos terraços. Por isso deve-se
alterná-lo com o sistema anterior.
2.1.3 - ÉPOCA DE ARAÇÃO
A aração pode ser feita logo após a colheita, após o início do período chuvoso,
ou em qualquer época entre a colheita e o início do período chuvoso.
Quando feita logo após a colheita, a aração apresenta algumas vantagens como o
enterrio dos restos culturais e plantas daninhas ainda com o solo úmido; tempo
suficiente para a decomposição destes restos culturais antes do novo plantio; destruição
de plantas daninhas hospedeiras de pragas e doenças; destruição de plantas daninhas
antes de produzirem sementes; e permite a incorporação de calcário com o mínimo de
antecedência desejável do novo plantio (60 -90 dias).
Por outro lado, a aração logo após a colheita deixa o solo exposto aos riscos de
erosão por muito tempo, além de ocorrer uma tendência do solo voltar às condições
anteriores da aração, caso ocorram muitas chuvas.
A aração após o início do período chuvoso apresenta como desvantagem o
acúmulo de operações que ocorrem nesta época, podendo provocar atraso no plantio.
Quando o produtor dispõe de todo maquinário, pode-se optar para realizar a
aração em qualquer época, de acordo com a programação das operações do imóvel.
Todavia, salienta-se que em todas as situações deve-se levar em conta a umidade
do solo, conforme já mencionado.
2.1.4 - PROFUNDIDADE DE ARAÇÃO
A aração pode ser classificada como rasa quando sua profundidade for até 15
cm, média de 15 a 25 cm e, profunda, acima de 25 cm. A profundidade de aração varia
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de acordo com a cultura que se vai plantar. Entretanto, mesmo que a cultura seja a
mesma, deve-se variar a profundidade de aração no decorrer dos anos, para se evitar que
ocorra compactação do solo logo abaixo da camada arada, a qual se denomina “piso de
arado”. O “piso de arado” pode criar problemas de infiltração de água no solo e
desenvolvimento radicular, além de favorecer a erosão pelo acúmulo de água na
superfície.
2.2 - GRADAGEM OU GRADEAÇÃO
A superfície do terreno, depois de arada, apresenta-se irregular. O arado, ao
cortar e tombar o solo, deixa leivas, sulcos e muitos torrões. Isto, além de dificultara
operação de plantio, provoca muita falha na germinação e dificulta as outras operações
de cultivo. Por esta razão deve-se fazer a gradagem, com o objetivo de destorroar e
nivelar o terreno. A gradagem, além dessas operações, destrói plantas daninhas, pica
restos culturais, incorpora sementes, fertilizantes e defensivos quando distribuídos a
lanço e realiza escarificações.
O número de passadas de grade, no preparo do solo é variável, de acordo com o
tipo de solo, cobertura do terreno e finalidade. Todavia, deve-se reduzir ao máximo o
número de gradagens, pois, além de aumentar o custo, o preparo excessivo deixa o solo
sujeito à erosão.
No caso de solos argilosos é necessário que seja feita uma gradagem logo após a
aração, visto que neste tipo de solo há a formação de grande quantidade de torrões, os
quais se secarem ficam endurecidos não cedendo à ação da grade.
2.3 - SUBSOLAGEM
Com o passar dos anos, havendo constante uso da terra, mecanização intensiva,
pode-se formar, no solo, a uma certa profundidade, uma camada compactada, menos
permeável que a camada superior. Esta camada é formada por um adensamento ou
concentração de argila, e é compactada pela constante passagem de implementos,
sobretudo o arado, numa mesma profundidade.
Essa camada deve ser rompida e vários métodos são utilizados para este fim.
Dependendo da profundidade da camada compactada, o trabalho pode ser feito através
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de arações profundas. Outro método utilizado é o plantio de determinadas plantas que
possuem sistema radicular bem desenvolvido e robusto (alguns adubos verdes). No
entanto, o processo mais indicado e mais comum é o realizado por subsoladores, os
quais são tracionados por tratores.
Para obtenção de um resultado mais eficiente, dependendo da intensidade da
compactação, pode-se associar a subsolagem coma utilização posterior de um adubo
verde que, além de complementar a descompactação, enriquece o solo com matéria
orgânica, a qual apresenta diversas melhorias físicas e químicas no solo.
O preparo do solo deve ser planejado e bem executado, pois, de nada adianta
utilizar sementes de boa qualidade, adubações adequadas, se o solo não apresentar
condições para o bom desenvolvimento da lavoura.
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALETI, PAULO ANESTAR - Mecanização Agrícola: Preparo do Solo. Campinas,
SP, Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1981. 220 p.
CASTRO, ORLANDO MELO DE - Preparo do Solo para a Cultura do Milho.
Fundação Cargill - Série Técnica, no 3, Campinas, 1989.
MIALHE, LUIZ G. - Manual de Mecanização Agrícola. Editora Agronômica Ceres
Ltda. São Paulo, 1974. 301 p.
GALETI, PAULO ANESTAR - Práticas de Controle à Erosão. Campinas, SP.
Instituto Campineiro de Insumo Agrícola, 1973. 278 p.
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ADUBAÇÃO ORGÂNICA
1) HISTÓRICO
No antigo Egito, a terra mais disputada pelos agricultores era aqueles situados nas
margens do rio Nilo, em determinadas épocas do ano o rio transbordava levando M.O.
em suas águas e depositando-as nas áreas inundadas. Os Fenícios no Oriente e os Incas
no Ocidente, descobriram que plantando em terraços e patamar impediam as perdas de
terra e M.O. Os Maias na América, ao plantar milho colocavam um ou mais peixes no
fundo da cova, oferecendo-os aos deuses, com isso realizavam sem saber uma adubação
orgânica.
Ate o ano de 1892, os adubos aplicados aos solos eram praticamente de origem
orgânica, só após essa data surgiram os fertilizantes minerais.
Para que a M.O. possa fornecer nutrientes as plantas necessita sofrer um processo
de decomposição microbiológica, acompanhado de mineralização de seus constituintes
orgânicos. O fertilizante orgânico, portanto, ao fermentar e se decompor, gera húmus e
compostos minerais assimiláveis pelas plantas.
A cultura do café foi introduzida em S.P., M.G., norte do Paraná, através do R.J.,
expandindo-se até o Uruguai e Paraguai. Essa disseminação avassaladora aconteceu,
visto que os produtores buscavam áreas novas, ricas em M.O., sendo que as anteriores
haviam se esgotado, pois, o café era plantado após a desmata de áreas não desbravadas.
A M.O. formada a partir de vegetação que entra em estagio de senescência com
posteriores decomposições, isto, juntamente a fase mineral do solo.
2) DECOMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS
A M.O. sob o ponto de vista químico, é toda a substância que apresenta em sua
composição o carbono tetravalente.
Na natureza são encontrados três reinos (mineral, vegetal e animal). A M.O.
compreende as substâncias que provém dos reinos que possuem órgãos, o animal e
vegetal.
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Os restos animais e vegetais são atacados e decompostos por numerosos grupos de
microrganismos: bactérias, fungos, protozoários, algas, actinomicetes, além de vermes,
insetos e suas larvas.
Como resultado dessa intensa decomposição da M.O. são liberados nutrientes
como N, P, K, Ca e Mg, os quais deixam a forma orgânica (imobilizadas), para
passarem a forma de nutrientes disponíveis às plantas (mineralógica).
O tempo de decomposição esta relacionada à relação C/N. Quanto > [] do N mais
rápido será a decomposição.
3) EFEITOS DA M.O. SOBRE AS PROPRIEDADES DO SOLO
A produtividade do solo é um atributo que repousa principalmente em três fatores:
clima (F), propriedades químicas (F2, fertilidade do solo) e propriedades físicas (F1).
Propriedade = F + F1 + F2
3.1) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICAS
A M.O. exerce apreciável influência nas propriedades do solo, daí classificada por
certos autores como materiais melhoradores do solo e não como fertilizantes
fornecedores de nutrientes.
a) DENSIDADE APARENTE
A M.O. reduz a densidade aparente do solo.
Densidade aparente do solo é a relação existente entre a massa de uma amostra de
terra seca a 110ºC e o volume aparente global ocupado pela soma das partículas e poros.
Densidade:
Solo arenoso: 1,4 – 1,6 g/cm3
Solo argiloso: 1,2 – 1,4 g/cm3
Solo turfoso: 0,6 – 0,8 g/cm3
M.O: 0,2 – 0,4 g/cm3
Adubação orgânica quando empregada em quantidade adequada, reduz a
densidade da camada que recebe o fertilizante.
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b) ESTRUTURAÇÃO
A M.O. melhora a estrutura do solo agregando partículas primarias de areia, silte,
argila e outras compostos do solo, originando agregados estáveis.
c) AERAÇÃO E DRENAGEM
A M.O. melhora a aeração e drenagem interna do solo.
O solo é constituído de três fases:
Sólida matéria inorgânica e orgânica
Liquida água do solo (solução do solo)
Gasosa ar do solo
Solo ideal 50 % da porosidade total dividida entre ar (25%); água (25%),
outros consideram 1/3, ou seja , 17 % ar e 33% água.
Aplicação de M.O. melhora a agregação e estruturação do solo (argiloso e
arenosos), corrigindo, conseguentemente, a falta ou exceso de aeração e drenagem.
Solos argiloso e barrentos mal drenados e mal arejados
Solos arenosos excessiva aeração e drenagem
d) RETENÇÃO DE ÁGUA
A M.O. aumenta direta e indiretamente a capacidade do solo em armazenar água.
A M.O. crua tem a capacidade de retenção de água em torno de 80%, a medida que vai
sendo humificada a capacidade de retenção aumenta podendo chegar a 600 – 800%. A
M.O. humificada armazena água indiretamente, melhorando as propriedades físicas do
solo, e diretamente, quando em quantidades apreciáveis, pela sua inerente capacidade de
retenção.
e) CONSISTÊNCIA
A M.O. altera a consistência do solo reduzindo a tenacidade, a plasticidade, a
aderência e melhorando a friabilidade do solo.
3.2) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES QUÍMICAS
A M.O. é uma importante fonte de nutrientes para as plantas, microflora e fauna
terrestre.
O húmus possui três funções distintas no solo:
- fornecedor de nutrientes
- corretivos de toxidez
- condicionador do solo
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fornecimento de nutrientes
Fonte de macro (N, P e S) e micronutrientes
correção de substâncias tóxicas
Aplicação de M.O. humificada ao solos tem sido recomendada como uma maneira
de controlar a toxidez causada por certos elementos e substâncias encontradas em
quantidades acima do normal no (sais, ferro, cromo, mercúrio, chumbo, níquel, bário,
fluor, arsênio e selênio). A forma de controle por parte do húmus consiste em fixar,
complexar ou mesmo quelatizar estes elementos.
Índice de pH: M.O. humificada torna o pH mais alcalino
poder tampão
A M.O. possue elevado poder tamponante do solo. Supondo 2 soluções com pH =
8. Uma alcalizada com soda cáustica e outra com suspensão de húmus. Para tornar o pH
= 7, das 2 soluções, seria necessário mais ácido clorídrico na solução com húmus do que
na solução com soda.
condicionamento do solo
-eleva a capacidade de troca de cátions, notadamente nos solos altamente
intemperizados ou arenosos
-contribui para maior agregação das partículas do solo, reduzindo a
susceptibilidade à erosão
-reduz a plasticidade e coesão do solo, favorecendo as operações de preparo
-aumenta a capacidade de retenção de água
-concorre para maior estabilidade de temperatura do solo
3.3) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICO
3.4) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES BIOLÓGICAS
A M.O. é a principal fonte de nutrientes e energia para os microrganismos do
solo.
4) EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Para aumentar a eficiência da adubação orgânica deve-se levar em conta alguns
aspectos de cunho prático, destacando os seguintes:
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-os dejetos animais sofrem perda de 30 a 60%, tanto pelo arrastamento de material
como pelo processo de fermentação, que envolve desprendimento de amônia. Essas
perdas podem ser diminuidas pelo uso de camas de material com bom poder de
absorção em quantidade suficiente. As camas devem ser renovadas com frequência.
-o processo de cura (fermentação), é essencial quando se uso os estercos e
compostos. Visa obter M.O., bem estruturada, homogênica, livre de cheiro
desagradável, sem sementes nem pragas e agentes causadores de doenças, com realção
C/N ideal e com boa mineralização dos compostos orgânicos e liberação de nutrientes.
Sob condições controladas de umedecimento e aeração, o processo se completa de 60 a
90 dias.
-o tratamento de escrementos animais com super-fosfato-simples tem as seguintes
finalidades: efeito desinfetante, efeito desodorante, redução das perdas de N e
enriquecimento do esterco com P, S e Ca.
-o gesso agrícola pode também ser adicionado, em substituição ao super-fosfato-
simples, sem, entretanto, enriquecer o produto final com fósforo.
Percentagem de conversão dos nutrinetes aplicados, via adubos orgânicos, para a
forma mineral
TEMPO DE CONVERSÃO
NUTRIENTES 1º ANO 2º ANO APÓS O 2º ANO
N 50 20 30
P2O5 60 20 20
K2O 100 0 0
Dados em %
5) PRICIPAIS FONTES DE M.O.
Todo fertilizante orgânico é M.O. , mas nem toda a M.O. é fertilizante orgânico.
-esterco de animais e adubos verdes (são os mais empregados como fertilizantes)
-fezes humanas (no Oriente recebe o nome de solo noturno – nigth soil => lodo de
esgoto)
-lixo urbano domiciliar
-tortas vegetais
-turfas e linhito
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-resíduos industriais agrícolas (coserva alimentícia, bebidas, frigorífico, produtos
farmacêuticos, curtumes etc.
6) CLASSIFICAÇÃO DA M.O.
Quanto a natureza
-vegetal (restos de cultura e outros)
-animal (esterco e restos de animais)
-mista (residuos vegetais e animais misturados)
Quanto a consistência
-sólida (esterco, humus etc)
-líquido (lodo de esgoto, vinhaça, chorume etc)
-semi liquido (resíduo de biodigestores)
7) QUANTIDADE COMUMENTE UTILIZADAS
Principal fator determinante da quantidade de adubo orgânico a ser aplicada e a
disponibilidade e a dificuldade de seu manejo. Como orientação básica, sugerem-se as
seguintes quantidades:
Aplicação em area total
Esterco de curral e compostos 20 a 40 t/ha
Esterco de galinha 2 a 5 t/ha
Esterco liquido ou chorume 30 a 90 m3/ha
Vinhaça de mosto de melhaço 50 m3/ha
Vinhaça de mosto misto 100 m3/ha
Vinhaça de mosto de calda 150 m3/ha
Aplicação localizada (quando feito em covas ou sulcos de plantio)
Cultura de graõs:
Esterco de curral e compostos 10 a 20 t/ha
Esterco de galinha 2 a 3 t/ha
Hoticultura:
Esterco de curral e compostos 30 a 50 t/ha
Esterco de galinha 5 a 10 t/ha
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Covas em geral:
Esterco de curral e compostos 10 a 20 L/cova
Esterco de galinha e tortas 3 a 5 L/cova
No caso de aplicação localizadas (sulcos e covas), deve-se misturar o adubo
orgânico com solo, com antecedência mínima de 15 a 20 dias ao plantio, procurando
manter a umidade suficiente no período.
8) REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:
Comissão de fertilidade do solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG.
Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª
apoximação/ANTÔNIO CARLOS RIBEIRO, PAULO TÁCITO GONTIJO
GUIMARÃES, VICTOR HUGO ALVAREZ V., editores. Viçosa, MG, 1999.
359p
KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Ed. Agronômica Ceres. São Paulo. 1985.
492p
Relatório e recomendação sobre agricultura orgânica – Brasília Seplan
CNPq/coordenação editorial, 1984. 128p
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ADUBAÇÃO VERDE
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O homem primitivo era nômade e vivia da caça e agricultura afro-primitiva.
Posteriormente, tornou-se sedentário, plantando para sua subsistência e partindo, desde
então, em busca de terras ricas em matéria orgânica, pois, esta tem sido considerada há
milênios como principal fator de fertilidade do solo.
No entanto, como passar do tempo, as áreas cultivadas tornavam-se esgotadas e
erodidas, tornando-se necessário a busca de novas áreas e assim sucessivamente. Para
contornar esta situação, o homem passou então a estudar a forma de repor ao solo a
matéria orgânica. Para isso tornou-se necessário o conhecimento das várias fontes de
matéria orgânica que podem ser obtidas nas propriedades rurais a serem utilizadas como
fertilizante orgânico.
Dentre estas fontes podemos destacar estercos animais, restos de cultura,
resíduos agro-industriais, composto orgânico e adubação verde.
A adubação verde é uma prática milenar que teve sua contribuição na história de
muitos povos. Os chineses, gregos e romanos, antes da era cristã, já a utilizavam com
sucesso na agricultura.
No Brasil, já no início deste século, Dutra (1919), em seu trabalho intitulado
“Adubação Verde: sua produção e modo de emprego”, mostra o efeito melhorador
dos adubos verdes e recomenda a sua utilização.
Com o tempo, foram surgindo vários trabalhos sobre adubos verdes, inclusive
alguns estudos do sistema radicular desses materiais e seus efeitos no solo.
Pelo estudo dos hábitos das colonizações européias nos estados do sul do Brasil,
a adubação verde teve ênfase nas décadas de 40e 50, constituindo prática habitual nas
zonas coloniais.
O emprego do adubo verde era, até então, considerado como uma cultura de
leguminosas, plantada no período de verão, ocupando as áreas de plantio de outubro a
abril. Isso se devia basicamente ao montante de nitrogênio fixado simbioticamente pelas
leguminosas, a boa ramificação e profundidade do sistema radicular e por ser uma
família bastante numerosa e adaptada a diversas situações de clima e solo.
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No entanto, trabalhos mais recentes mostraram resultados promissores na
utilização de plantas de outras famílias como adubo verde, além das leguminosas.
2 - CONCEITOS
O conceito clássico de adubação verde, segundo Chaves (1989), pode ser
enunciado como “A prática de se incorporar ao solo massa vegetal não decomposta, de
plantas cultivadas no local ou importadas, com a finalidade de preservar e/ou restaurar a
produtividade das terras agricultáveis”.
Na atualidade, pode-se conceituar a adubação verde como a utilização de plantas
em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou
deixando-as na superfície, visando-se a proteção superficial, bem como a manutenção.
Se melhoria das características físicas químicas e biológicas, inclusive a profundidades
significativas (Calegari et al, 1993).
3 - FUNÇÕES
O modelo tecnológico desenvolvido para a agricultura induz o solo a uma
exposição direta ao sol, à chuva e aos ventos, principais agentes causadores de sua
degradação nas condições tropicais e subtropicais. A sustação desse processo implica a
adoção de método de manejo que propicie sua permanente cobertura com matéria viva
ou morta, a reciclagem mais eficiente da fitomassa, material orgânico com propriedades
condicionadoras de solo e fertilizantes.
Nesse aspecto amplo de manejo e conservação do solo, onde o objetivo e a
recuperação e/ou manutenção de sua fertilidade e do potencial produtivo, especial
destaque deve ser conferido à prática de adubação verde.
Por suas características, os adubos verdes proporcionam benefícios bastante
significativos à agricultura, que as práticas convencionais químicas e mecânicas não
conseguem desempenhar. Dentre eles pode-se relacionar um conjunto de ações
integradas, com as seguintes funções:
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a. Proteger o solo das chuvas de alta intensidade. A cobertura vegetal dissipa a
energia cinética das gotas da chuva, impedindo o impacto direto e a
conseqüente desagregação do solo, evitando o seu “selamento” superficial.
b. Manter elevada a taxa de infiltração de água no solo pelo efeito combinado
do sistema radicular com a cobertura vegetal. As raízes, após sua
decomposição, deixam canais no solo que agregam sua estrutura, enquanto a
cobertura evita a desagregação superficial e reduz a velocidade de
escoamento das enxurradas.
c. Produzir grande quantidade de fitomassa, de maneira a manter ou até mesmo
elevar, ao longo dos anos, o teor de matéria orgânica do solo.
d. Aumentar a capacidade de retenção de água do solo.
e. Atenuar as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo e diminuir a
evaporação, aumentando a disponibilidade de água para as culturas.
f. Recuperar solos degradados através de uma grande produção de raízes,
mesmo em condições restritas, rompendo camadas adensadas e promovendo
aeração e estruturação, o que se pode entender como um “preparo biológico
do solo”.
g. Promover mobilização e reciclagem mais eficiente de nutrientes. As plantas
usadas como adubo verde, por possuírem sistema radicular profundo e
ramificado, retiram nutrientes de camadas subsuperficiais, que as culturas de
raízes pouco profundas normalmente não conseguem atingir. Quando tais
fitomassas são manejadas (incorporadas ou deixadas na superfície) os
nutrientes nelas contidos são liberados gradualmente durante o processo de
decomposição, nas camadas superficiais, ficando assim disponíveis para as
culturas subseqüentes. Alguns adubos verdes como, por exemplo, o tremoço-
branco (Clarkson, 1985), apresentam a capacidade de solubilizar o fósforo
não disponível.
18
h. Diminuir a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio. A ocorrência de
chuvas de alta intensidade e precipitações anuais elevadas, normalmente
estão associadas a processos intensos de lixiviação de nutrientes.
i. Fixar nitrogênio atmosférico através de processo simbiótico com bactérias,
utilizando-se leguminosas.
j. Reduzir a população de ervas invasoras, dado o crescimento rápido e
agressivo dos adubos verdes (efeito supressor e/ou alelopático). A alelopatia
(neste caso) é a inibição química exercida por uma planta (viva ou morta)
sobre a germinação ou o desenvolvimento de outras. O efeito supressor é
atribuído à ação de impedimento físico. Assim, por exemplo, a passagem de
luz é prejudicada, reduzindo a germinação, ou desenvolvimento de espécies
exigentes nesse fator.
k. Melhorar a eficiência dos fertilizantes minerais. A utilização integrada de
adubação verde e mineral tem apresentado muitos aspectos positivos, entre
eles o aumento da eficiência da própria adubação mineral, em função dos
adubos verdes possuírem sistema radicular profundo (diminui perdas por
lixiviação) e capacidade de utilizar nutrientes em formas normalmente
inaproveitáveis pelas culturas comerciais, como é o caso do fósforo.
l. Fornecer cobertura vegetal para preparos conservacionistas do solo. Além da
quantidade, é muito importante a qualidade dos resíduos vegetais que serão
utilizados em preparo de solo que vise ao controle da erosão. Assim, são
características desejáveis no manejo do solo, coberturas cuja velocidade de
decomposição assegure a proteção do solo em períodos críticos, e elevada
quantidade de nutrientes na massa vegetal, os quais serão gradualmente
colocados à disposição das culturas subseqüentes.
m. Criar condições ambientais favoráveis ao incremento da vida biológica do
solo.
19
4 - CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS A UM BOM ADUBO VERDE
Um bom adubo verde deve apresentar as seguintes características:
a. Crescimento rápido para que consiga sobressair quando em concorrência
com plantas daninhas, principalmente quanto a luminosidade, além de
promover boa cobertura do solo.
b. Grande produção de massa. Quanto maior a quantidade de massa, melhor a
cobertura do solo e maior a quantidade de matéria orgânica a ser incorporada
no solo.
c. Fixação do nitrogênio atmosférico. As leguminosas são as plantas mais
recomendadas, por fixarem, através de simbiose com bactérias, o nitrogênio
atmosférico.
d. Bom desenvolvimento radicular. Um sistema radicular bem desenvolvido
ajuda na infiltração de solos adensados, na retirada de nutrientes das
camadas mais profundas, forma pequenas galerias nos locais das raízes
quando estas secam e incorporam matéria orgânica nas camadas mais
profundas.
e. Resistência a pragas e doenças para que não sirvam de hospedeiras a estas
repassando-as às culturas principais.
f. Facilidade de obtenção de sementes.
g. Fácil extinção para não transformarem em plantas indesejáveis durante o
cultivo das culturas principais.
20
5 - SISTEMAS DE ADUBAÇÃO VERDE
A prática da adubação verde, quanto à sua utilização, pode ser classificada em:
a - ADUBAÇÃO VERDE EXCLUSIVA DE PRIMAVERA/VERÃO
Essa modalidade de adubação verde é a mais antiga e tradicional. Consiste no
plantio de adubos verdes (geralmente leguminosas) no período de outubro a janeiro,
apresentando rigoroso crescimento durante o verão. Entre as espécies utilizadas
destacam-se a mucuna, o feijão-de-porco, o guandu, as crotalárias, o labe-labe e o caupi.
As principais vantagens desse tipo de adubação verde são a elevada produção de
massa verde e a grande quantidade de nitrogênio. Destaca-se também a proteção ao solo
durante o período de chuvas de alta intensidade na região sul do Brasil. A ocupação de
áreas agrícolas durante um período em que são cultivadas culturas econômicas, tem sido
apontada como a principal desvantagem dessa modalidade. A rotação de áreas, ou seja,
a divisão da propriedade em glebas, reservando uma por ano para o plantio de
leguminosas e as restantes para culturas comerciais pode ser uma alternativa viável.
Nesse sistema, a adubação verde deve ser cultivada na mesma área com intervalo
máximo de quatro anos.
b - ADUBAÇÃO VERDE EXCLUSIVA DE OUTONO/INVERNO
Esse tipo de adubação é mais recente e baseia-se na utilização de leguminosas
durante o outono/inverno na entressafra de culturas comerciais de verão.
Nos estados do sul do país, as principais espécies utilizadas são aveia preta, o
agevém, o nabo forrageiro, os tremoços, o chícaro, as ervilhacas, a serradela e a gorga.
A época de semeadura desses adubos verdes varia de março a junho. Em São Paulo, os
adubos verdes mais utilizados nessa modalidade são as aveias, os tremoço, a crotalasia
juncea e a mucuna preta, com época de semeadura compreendida entre fevereiro e abril.
Entre as vantagens dessa modalidade de adubação destacam-se a proteção de
áreas normalmente ociosas, o controle da erosão, a diminuição da infestação de ervas
invasoras, a redução de perdas de nutrientes por lixiviação, o aporte de nitrogênio
(especialmente quando se usa leguminosas), a possibilidade de utilização de adubos
21
verdes com potencial forrageiro na alimentação animal e o fornecimento de cobertura
morta para preparos conservacionistas do solo. O somatório dessas vantagens faz com
que esse tipo de adubação verde seja atualmente o mais empregado na região sul do
Brasil.
c - ADUBAÇÃO VERDE INTERCALAR
Nesta modalidade o adubo verde é plantado durante o período de utilização da
área com outra cultura, em uma fase desta em que o adubo verde não lhe venha
comprometer a produção.
Esse sistema adapta-se principalmente às pequenas propriedades nas quais a
utilização do solo é a mais intensa possível.
Esse tipo de adubação, quando feito com culturas anuais, deve ser feito
criteriosamente, de maneira a evitar que o adubo verde possa vir a competir com a
cultura comercial. No caso específico do milho e mucunas cinza e preta, a semeadura
dessas deve ser feita a partir do florescimento do milho.
No caso de culturas-perene a recomendação geral e que a implantação de adubo
verde deve ser feita no segundo ano da cultura, em áreas onde os riscos de erosão são
pequenos. Neste caso a planta utilizada para adubo verde não deve ter hábito de
crescimento trepador.
d - ADUBAÇÃO VERDE EM FAIXAS
Nesse sistema alocam-se faixas onde são plantados os adubos verdes,
permanecendo o restante da área cultivada com a cultura comercial. Nos anos seguintes,
as faixas são deslocadas, com o objetivo de gradualmente ir promovendo a melhoria do
solo de toda a propriedade. Uma variação desse sistema é o plantio de leguminosas
perenes em faixas que são mantidas fixas, podendo ser utilizadas periodicamente na
alimentação animal, através de cortes ou distribuídas na área de cultivo comercial,
visando-se à cobertura do solo e à economia da adubação nitrogenada. Como exemplo
cita-se o cultivo da cultura do milho e feijão intercalados com faixas de leucena. Esse
sistema adapta-se às regiões declivosas, onde as faixas atuam na retenção de enxurradas
e no controle de erosão.
22
Alguns outros exemplos dessa adubação no cultivo da mandioca com faixas de
crotalárias e guandu, do milho e arroz de sequeiro com faixas de guandu e leucena, do
trigo com tremoço e do algodão com soja.
6 - INOCULAÇÃO DE SEMENTES
O objetivo da inoculação de sementes é colocar junto à semente recém-
germinada uma elevada população de rizóbio específico, capaz de modular e realizar
simbiose eficiente com a planta que irá se desenvolver.
A inoculação pode ser feita através do emprego de revestimento das sementes
com outros materiais (pellet), protegendo a bactéria da acidez do solo e dos fertilizantes,
ou simplesmente misturando água potável (100 ml) com inoculante (100 g), até formar
uma pasta homogênea que deverá ser misturada às sementes, as quais devem ser
espalhadas à sombra até secar. Sementes inoculadas apenas com pasta deverão ser
semeadas no máximo no dia seguinte à inoculação, caso contrário, deverão ser
reinoculadas.
7 - ESPAÇAMENTOS E NECESSIDADE DE SEMENTES
No plantio de leguminosas como adubo verde, deve-se optar por um
espaçamento que leve a uma rápida cobertura do solo, evitando-se, assim, a emergência
e a concorrência das invasoras com a cultura comercial. No geral, isso implica a adoção
de menor espaçamento entre as plantas e maior gasto de sementes por unidade de área,
resultando, por conseguinte, em elevação do custo da adubação verde. Assim, a prática
na lavoura leva a recomendar um espaçamento baseado no bom senso.
8 - INCORPORAÇÃO
A incorporação dos adubos verdes deve ser feita quando as plantas atingirem
aproximadamente 50% da floração, época em que estão com alto teor de nitrogênio, boa
produção de massa e ainda no estão muito lenhosas.
Para se obter uma incorporação mais eficiente, inicialmente deve-se picar o
material utilizando-se uma grade de discos e posteriormente incorporá-lo através de
23
uma aração. O enterrio deve preceder a operação de plantio da cultura comercial, pelo
menos em 20 dias, período necessário para que ocorra o pico da fermentação, onde
normalmente há elevação de temperatura.
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HERNANI, L. C. et al - Adubos verdes de outono/primavera no Mato Grosso do
Sul, EMBRAPA, CPAD, Dourados, p. 5, 1995.
CALEGARI, ADEMIR, et al. - Adubação verde no Sul do Brasil. AS-PTA, 2a edição,
Rio de Janeiro, 1993.
24
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS
1- INTRODUÇÃO
A utilização adequada dos fertilizantes químicos e/ou orgânicos na agricultura
brasileira é importante para elevar o nível de produtividade dos solos, geralmente
pobres em nutrientes essenciais às plantas.
A intensificação da adubação mineral no Brasil passou a ser uma das inovações
tecnológicas nas décadas de 1950 a 1970. Consequentemente a adubação orgânica neste
período foi quase totalmente esquecida.
No entanto, o setor produtivo, especialmente as pequenas e médias propriedades,
possui condições limitadas de utilizar insumos industrializados com recursos próprios, o
que leva a um decréscimo da sua produtividade.
Por outro lado, a agropecuária é fonte de grande quantidade de resíduos, como
dejetos de animais, restos de culturas, palhas e resíduos agroindustriais, os quais, em
alguns casos, provocam sérios problemas de poluição. Todavia, quando manipulados
adequadamente, podem suprir, com vantagens, boa parte de demanda de insumos
industrializados sem afetar adversamente os recursos do solo e do ambiente.
O aproveitamento dos elementos nutritivos dos resíduos agrícolas pode ser ocorrer
através de seu processamento simples, como a compostagem, realizada no próprio
imóvel rural.
2- COMPOSTAGEM
A compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica crua
em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características diferentes do
material que lhe deu origem. Em linhas gerais, consiste no aproveitamento de matérias-
primas que contenham um balanço de relação carbono/nitrogênio favorável ao
metabolismo dos organismos que vão efetuar sua biodigestão. A fermentação dessas
matérias-primas pode ser aeróbia ou anaeróbia, controlando-se a umidade, a aeração, a
temperatura e demais fatores, conforme o caso.
Em se tratando de resíduos agrícolas, a fermentação mais simples e adequada é a
aeróbia, na qual procura-se a compactação e o enchertamento da massa. A
25
decomposição aeróbia é caracterizada pela elevação da temperatura e por gases
inodoros.
METODOLOGIA
Para se obter um composto de boa qualidade e em menor espaço de tempo são
necessários alguns cuidados, como:
3.1- Local
O local para montagem das pilhas de matéria prima deve ser limpo e
ligeiramente inclinado para facilitar o escoamento de águas de chuvas. Deve ter área
suficiente para a construção das pilhas e espaço para revolvimento das mesmas e
circulação de tratores com carretas e/ou caminhões.
3.2- Qualidade dos resíduos agrícolas
A princípio, todos os resíduos agrícolas podem ser compostados. No entanto,
para se obter um composto de boa qualidade em menos tempo é necessário que os
resíduos apresentem um conteúdo apropriado de nitrogênio e carbono, favorecendo o
crescimento e a atividade das colônias de microrganismos envolvidos no processo.
Tendo em vista que esses microrganismos absorvem o carbono e o nitrogênio
numa proporção de 30 partes do primeiro para uma parte do segundo (C/N=30/1 ), essa
também
será a proporção ideal de resíduos. No entanto, consideram-se os limites de 26/1 a 35/1
como sendo as relações C/N mais recomendadas para uma rápida e eficiente
compostagem.
Resíduos com relação C/N baixa perdem nitrogênio na forma amoniacal durante
um processo de compostagem, prejudicando a qualidade do composto. Nesse caso,
recomenda-se juntar restos vegetais celulósicos para eleva-la a um valor próximo do
ideal (30/1)
Quando ocorre o contrário, ou seja, a matéria prima possui relação C/N alta, o
processo torna demorado e o produto final apresentará baixos teores de matéria
26
orgânica. Para corrigir essas distorções basta acrescentar materiais ricos em nitrogênio
tais como esterco, camas animais, tortas vegetais, etc.
3.3- Tamanho das partículas dos resíduos agrícolas
Os resíduos a serem compostados não devem ser em partículas muito pequenas
para evitar a compactação durante o processo de compostagem, comprometendo a
aeração (exemplo, serragem). Por outro lado, resíduos com colmos inteiros retardam a
decomposição por reterem pouca umidade e apresentarem menor superfície de contato
com os microrganismos (exemplos, colmos de milhos). Restos de culturas de soja e
feijão, gramas, folhas, por exemplo, podem ser compostados inteiros.
3.4- Umidade
A melhor umidade para o material ser compostado situa-se entre 40% e 60%.
Abaixo de 35%, a atividade microbiana é afetada e acima de 65% começa a haver
comprometimento da aeração da massa, provocando condições anaeróbicas e com
conseqüentemente liberação de odores desagradáveis.
Em caso de falta de água, deve-se irrigar uniformemente o material em
compostagem uma ou duas vezes por semana e quando em excesso (após chuvas), deve-
se fazer o revolvimento do material para provocar a evaporação.
Na operação de controle da umidade é importante que todas as camadas do
material em compostagem tenham igual teor de água, portanto, ao revolve-lo deve-se
misturar as camadas externas mais secas, com as internas mais úmidas.
3.5- Aeração
O oxigênio é de vital importância para a oxidação biológica do carbono dos
resíduos orgânicos, para que ocorra produção de energia necessária aos microrganismos
que realizam a decomposição. Parte dessa energia é utilizada no metabolismo dos
microrganismos e o restante é liberado na forma de calor.
O arejamento evita a formação de maus odores e a presença de moscas, o que é
importante tanto para o processo como para o meio ambiente. Para se obter o adequado
27
suprimento de oxigênio deve-se realizar revolvimentos do material, que podem ser
feitos utilizando-se garfos, enxadas e ancinhos.
Recomenda-se que se faça o primeiro revolvimento duas ou três semanas após o
início do processo, período em que se exige a maior aeração possível. O segundo
revolvimento deve ser feito aproximadamente três semanas após o primeiro, ocasião em
que se inicia o abaixamento lento da temperatura, indicando o início da estabilização do
processo de compostagem.
Na décima semana após o início do processo faz-se um terceiro revolvimento
para uma incorporação final de oxigênio. É provável que nessa oportunidade não esteja
mais ocorrendo liberação de calor, pois a matéria orgânica não estará mais sofrendo
decomposição e os elementos fertilizantes poderão ser conservados sem perdas.
3.6- Temperatura
O calor desenvolvido no composto é o resultado da influência de outros fatores
que atuam no processo de decomposição. Havendo microrganismos, oxigênio, umidade,
granulometria favorável e material com relação C/N em torno de 30/1 haverá,
forçosamente, desenvolvimento de calor, indicativo de que o processo fermentativo
iniciou-se.
Para verificar se o processo está ocorrendo normalmente, deve-se fazer o
monitoramento da temperatura frequentemente. Para isso, basta introduzir algumas
barras de ferro (vergalhões) até o fundo das pilhas dos materiais a serem compostados
tão logo estejam prontos. Essas barras deverão ser retiradas para verificação da
temperatura a cada dois ou três dias até o primeiro revolvimento, passando a uma vez
por semana a partir de então, até o final do processo.
A temperatura deve ser verificada tocando-se com a palma da mão a parte da
barra de ferro que estava introduzida na pilha dos materiais em compostagem, podendo
ocorrer três situações:
a)- a barra de ferro apresenta-se quente, porém o contato com a mão é
suportável. São indícios de que o processo está ocorrendo normalmente;
b)- a barra de ferro está muito quente não sendo suportável o contato com a
palma da mão. Nesse caso, está havendo excesso de temperatura e o material deve ser
resolvido se estiver muito úmido, ou umidecido se estiver seco.
28
c)- a barra de ferro se encontra morna ou fria. Nesse caso, deve-se considerar o
tempo em que está ocorrendo o processo, ou seja; se ainda não tiver sido feito o
primeiro revolvimento, provavelmente está faltando umidade na pilha ou ela não foi
construída com as dimensões corretas (item 3.7). Se o processo já estiver ocorrendo a
mais de sete semanas, com dois ou mais revolvimentos, a baixa temperatura indica que
a decomposição está estabilizada, por tanto, o composto está pronto.
O composto estabilizado, além de ter temperatura igual à ambiente, apresenta-se
quebradiço quando seco, moldável quando úmido, não atrai moscas e não tem cheiro
desagradável.
3.7)-Preparo da pilhas
As pilhas devem ser preparadas diretamente no solo e constituídas por camadas
de restos vegetais, intercaladas com camadas de estercos, numa proporção de 3:1,
respectivamente.
Primeiramente, demarca-se no solo uma largura de 3 a 4 metros, deixando
espaço para um comprimento indeterminado (de acordo com a quantidade de material).
Na localização, deve-se prever um espaço para revolvimento do composto (2 metros,
aproximadamente) numa das extremidades da pilha. Deve-se também construir valas de
escoamento para águas de chuva ao redor das pilhas.
Inicia-se a construção das pilhas distribuindo-se uniformemente os resíduos
vegetais, de preferência bem fragmentados, numa camada de 15 a 25 centímetros de
espessura. Em seguida, irriga-se bem o material e espalha-se o esterco sobre ele numa
camada de 5 a 7 centímetros de espessura, também irrigando-o. Esse procedimento deve
ser repetido sempre alternando e irrigando as camadas de restos vegetais e esterco, até
atingir uma altura entre 1,5 a 1,8 metros.
Alturas inferiores a 1,5 metro não são recomendadas, por não apresentarem um
volume suficiente para manter uma temperatura adequada (item 3.6). Do mesmo modo,
alturas superiores a 1,8 metros não devem ser adotadas pois acumulam muito peso,
provocando compactação e, conseqüentemente, comprometendo a aeração.
Preferencialmente a última camada deve ser de resíduos vegetais para melhor
proteção contra águas de chuva, embora o ideal seja proteção com sapé ou outro capim,
ou ainda lonas.
29
A modalidade de compostagem em pilhas e a aeração por revolvimento manual são
impraticáveis para grandes volumes de resíduos. Criações e produções de grande porte,
com volumes expressivos de resíduos, exigem processamento mecanizado.
3- RENDIMENTO
O rendimento final da compostagem é de ordem de 1/3 a ½ do volume inicial,
pesando de 400 a 600kg/m3, dependendo do material de origem e do teor de umidade.
4- UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO
A maior eficiência do composto orgânico é obtida quando ele é utilizado
imediatamente após o término do processo de compostagem. Entretanto, se isso não for
possível, o composto deve ser armazenado em local protegido do sol e da chuva, de
preferência mantendo-o coberto com lona de polietileno ou mesmo com sacos velhos.
No Brasil, após um período de estagnação até a década de 1980, alguns agricultores
vêm praticando uma agricultura diferenciada, orgânica, mais viável econômica e
socialmente, produzindo alimentos mais saudáveis, chamados orgânicos ou ecológicos,
de grande procura pelos consumidores.
5- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARRETO, Celso Xim; Prática em agricultura orgânica. 200p.São Paulo, Ícone
Editora Ltda, 1986. 2ª edição.
KIEHL, Edmar José. Fertilizantes orgânicos, 492p. Piracicaba, Editora Agronômica
“Ceres” Ltda, 1985.
MARRIEL, E. M.; KON ZEN, E. A.; ALVARENGA, R.C.; SANTOS, H.L.
Tratamento e utilização de resíduos orgânicos. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
13(147): 24-36, março, 1987.
30
TAGLIARI, Paulo Sérgio. Produção agroecológica: uma ótima alternativa para
agricultura familiar. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, 10 (1): 29-39, março,
1997.
31
ROTAÇÃO DE CULTURAS
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O plantio contínuo da mesma cultura, no mesmo lugar, durante muitos anos
(monocultura), somente é possível em caso de culturas especiais, usando-se tecnologias
adequadas, como é o caso do arroz irrigado, que vem sendo cultivado durante séculos
em regiões altamente povoadas da Ásia.
Em geral a monocultura tem como conseqüência a queda da produtividade, seja
pelo aumento de doenças, pragas e plantas daninhas específicas, pela diminuição da
disponibilidade de nutrientes devido a mudanças na atividade biológica e degradação
física do solo, pela diminuição do desenvolvimento do sistema radicular ou pela
acumulação de substâncias tóxicas específicas ou inibidoras de crescimento
(autoalelopatia).
Possivelmente, por esta razão, é que os indígenas, ou nativos, já adotavam a
prática de mudas a cultura de lugar. O ideal é, portanto, esquematizar um sistema de
cultivo, onde se realize a sucessão ordenada de diferentes culturas num espaço de
tempo, no mesmo campo ou gleba, obedecendo a objetivos definidos, sendo que uma
cultura não deve ser plantada no mesmo lugar mais de dois anos seguidos (rotação de
culturas).
A rotação de culturas não objetiva apenas uma mudança de espécies, mas sim a
escolha de culturas respeitando as suas necessidades e características diferentes e de
acordo coma sua influência diferenciada sobre o solo, o crescimento de plantas
daninhas, assim como desenvolvimento de doenças e pragas, numa seqüência
apropriada e prática, que promova efeitos residuais benéficos. Portanto, antes de sua
implantação, deve-se verificar quais os seus objetivos, e baseado nestes, elaborar um
planejamento.
32
2 - OBJETIVOS DA ROTAÇÃO
a - CONTROLE DA EROSÃO
A erosão é tanto maior quanto menor for a densidade de cobertura do solo.
Algumas plantas protegem melhor o solo que outras devido a sua maior cobertura ou
pelo menor número de operações necessárias aos seus tratos culturais.
Quando o plantio é feito em faixas, associando-se a isto a rotação de culturas, é
possível alcançar os melhores resultados do ponto de vista conservacionista. Neste
sistema, planta-se uma faixa com cultura mais suscetível à erosão e outra com cultura
menos sujeita ao processo erosivo.
b - CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
Certas espécies de plantas daninhas desenvolvem-se melhor se associadas a
determinadas culturas, devido a diferenças de cobertura do solo, tratos culturais e ciclo
vegetativo e efeito alelopático.
A persistência de determinada invasora pode ser conseqüência do esgotamento
unilateral de determinado elemento, ou acúmulo de outros. Cada planta daninha pode
ser uma indicadora de condição específica criada no solo pela monocultura. A rotação
contribui para interromper essa condição.
c - CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS
As doenças e pragas, em geral, tendem a aumentar sua infestação a cada safra, se
a cultura se repete no mesmo terreno. Isto ocorre porque o ciclo evolutivo destes
agentes se completa nos restos de cultura, interligando-se ao início da nova safra.
No entanto, se for feita a rotação com outra cultura que não seja susceptível às
mesmas doenças e pragas, ocorre a quebra do ciclo evolutivo destes patógenos e pragas,
controlando desta forma suas infestações.
33
d - RECICLAGEM DE NUTRIENTES DO SOLO
As plantas cultivadas apresentam grande diferença em relação ao sistema
radicular. As leguminosas têm um sistema radicular pivotante que pode alcançar ass
camadas mais profundas do solo e explorar as reservas de nutrientes do subsolo. As
gramíneas, por sua vez, têm sistema radicular fasciculado, mas raso, portanto retirando
nutrientes das camadas mais superficiais do solo. A rotação com leguminosas e
gramíneas é um sistema em que há um melhor aproveitamento do solo.
e - APROVEITAMENTO DE ADUBO RESIDUAL
Certas culturas, por sua inerente capacidade fisiológica, aproveitam melhor os
adubos aplicados do que outras. Um exemplo deste fato é a rotação de milho com soja.
Quando o milho é plantado após a soja, este responde menos à adubação nitrogenada
em cobertura, pois os restos de cultura da soja incorporados ao solo após a colheita,
constituem, para alguns pesquisadores, suficiente fonte de nitrogênio para o milho.
f - ADUBAÇÃO VERDE
OUTROS OBJETIVOS
Como outros objetivos de rotação de cultura pode-se incluir a melhor utilização
dos fatores de produção na agricultura, a ampliação dos períodos de utilização de
máquinas e implementos, diminuindo as necessidades de investimento de capital, a
possibilidade de melhor organizar os trabalhos na propriedade agrícola, com melhor
aproveitamento das áreas plantadas, do capital investido e da mão-de-obra empregada.
3 - PLANEJAMENTO
Para que o sistema de rotação de culturas obtenha sucesso é necessário que se
faça um planejamento com certa antecedência (ideal uma safra antes da implantação) e
que se observe alguns requisitos tais como:
34
a. Escolher o sistema de plantio e adotar, se convencional ou se plantio direto;
b. O esquema de rotação, de acordo com o sistema de plantio adotado, deve ser
flexível para permitir, se necessário, uma mudança na escolha das culturas, em
decorrência de flutuação climática ou de preços. Essa maior flexibilidade poderá
ser conseguida nos esquemas baseados em um grupo de culturas rentáveis;
c. Escolher culturas para cultivos alternados, que possuam habilidade diferenciada
para absorver nutrientes do solo ou com sistema radicular que alcance
profundidades diferentes;
d. Planejar o cultivo alternado de culturas susceptíveis a certas doenças ou pragas,
com aquelas que são resistentes, assim como as que tendem a exaurir o solo com
as que contribuem para melhorar a sua fertilidade;
e. Escolher culturas que se adaptem ao clima da região, sejam de inverno ou de
verão;
f. Considerar espécies que possuem efeito alelopático sobre outras, sejam
negativos ou positivos;
g. Prever um intervalo entre a colheita de uma cultura e o plantio de sua sucessora,
tendo em vista o período de decomposição dos restos de cultura e as operações
de preparo do solo;
h. Levar em consideração a melhor utilização de mão-de-obra, máquinas e
implementos durante o ano, evitando que ocorra o pico de trabalho em
determinada época. A sucessão de culturas deve ser prática, exeqüível e rentável.
Uma vez verificada qual a melhor combinação ou sucessão de culturas, deve-se
manter um plano de rotação adequado, de acordo com as condições sócio-econômicas,
edafoclimáticas, de mercado e localização da propriedade. Este plano deve ser seguido
ano após ano, sem incorrer no erro de agricultores imediatistas, que trocam sementes de
35
uma determinada cultura por sementes de outra, praticamente na hora do plantio. Fatos
como este levam a desorganização técnica e administrativa do imóvel.
Uma vez tomada a decisão de adotar a rotação de culturas, deve-se fazer um
planejamento com, pelo menos uma safra de antecedência, considerando os seguintes
pontos:
a. Inicialmente deve-se escolher o sistema de cultivo a ser adotado, se
convencional ou plantio direto;
b. Trabalhar com um grupo de culturas que sejam próprias para o cultivo na região
quanto as exigências edafoclimáticas e socioeconômicas. Deve-se ter mercado
par a produção esperada;
c. As exigências nutricionais das culturas sucessoras, assim como a profundidade
de exploração do sistema radicular, devem ser diferentes das antecessoras, para
melhor aproveitamento dos nutrientes do solo. As leguminosas possuem o
sistema radicular pivotante e mais profundo do que o das gramíneas que são
fasciculadas e mais superficiais;
d. Deve-se escolher culturas com suscetibilidade diferente a pragas e doenças, para
que o ciclo evolutivo destes patógenos seja interrompido, evitando assim,
infestações;
e. Certas plantas daninhas se desenvolvem melhor quando associadas a
determinadas culturas. A utilização de outras culturas com capacidade
supressora e/as alelopáticas sobre essas plantas daninhas é desejável para evitar
a infestação da área;
f. Outro aspecto a ser considerado é o controle de erosão. A técnica da rotação de
cultura, associada ao plantio em faixas, constituem uma excelente técnica
conservacionista. Algumas culturas são menos densas do que outras, ou exigem
maior número de tratos culturais, deixando o solo mais exposto à erosão. Por
outro lado outras culturas protegem melhor o solo. O plantio destas culturas em
36
faixas alternadas ajuda no controle a erosão. Em cada ano deve-se fazer a
rotação nas faixas, minimizando assim as perdas por erosão;
g. As culturas antecessoras não devem ter efeito alelopático negativo sobre as
sucessoras, pois isso acarretaria na queda de produtividade. Todavia esse assunto
ainda carece de mais pesquisas, principalmente para as culturas de cobertura;
h. Deve-se determinar a finalidade de cada cultura, se para produção de grãos,
adubação verde ou palha para cobertura morta;
i. No caso de plantio convencional, deve-se prever um intervalo entre a colheita de
uma cultura e o plantio da outra, para que haja tempo de preparar o solo e
decompor os restos culturais.
Uma vez concluído o planejamento, deve-se colocar a técnica em execução,
evitando ao máximo possível, trocas de culturas de última hora, o que certamente levará
ao fracasso todos os esforços e cuidados despendidos no planejamento.
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROLF DERPSCH - Rotação de Culturas, Plantio Direto e Convencional, Programa
de Manejo, IAPAR, Londrina.
VIÉGAS, GLAUCO P. - Rotação de Culturas, São Paulo, Sementes Cargill Ltda,
1990.
SANTOS, HENRIQUE PEREIRA DOS; REIS, ERLEI MELO; DERPSCH ROLF -
Rotação de Culturas in Plantio Direto no Brasil, EMBRAPA, Passo Fundo,
Editora Aldeia Norte, 1993, p. 85-103.
CALETI, PAULO ANESTAR - Conservação do Solo: reflorestamento, clima.
Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, Campinas, 1977, 279 p.
37
MULTIPLICAÇÃO ASSEXUADA DAS PLANTAS
1- Considerações Preliminares
A propagação assexuada, vegetativa ou orgânica é o processo de multiplicação que
ocorre através de mecanismos de divisão e diferenciação celular, por meio de
regeneração de partes da planta-mãe. Baseia-se no princípio de que as células da planta
contêm toda informação genética necessária para a perpetuação da espécie
(totipotencialidade) e consiste no uso de órgão da planta, sejam estruturas
especializadas, estacas da parte aérea ou raiz, gemas ou meristemas, ápices caulinares,
calos e embriões (sementes agronômicas).
Sua utilização permite a formação de clones, grupo de plantas provenientes de uma
matriz em comum, ou seja, com carga genética uniforme e com idênticas necessidades
climáticas, edáficas , nutricionais e de manejo. No entanto, como o fenótipo de um
indivíduo é resultante da interação do genótipo com o ambiente, plantas de um mesmo
clone podem ter diferentes aspectos, em função do clima, solo e manejo das mesmas.
2- Importância e utilização
A importância e a viabilidade da utilização da propagação assexuada são em função da
espécie ou da cultivar, da capacidade de regeneração de tecidos (raízes ou parte aérea)
do número de plantas produzidas, do custo de cada processo e da qualidade de muda
formada.
De um modo geral, o uso da propagação assexuada justifica-se nas espécies e cultivares
que produzem sementes viáveis ou na perpetuação de clones, como no caso das
frutíferas, as quais são altamente heterozigotos e perderiam suas características com a
propagação sexuada.
A propagação vegetativa apresenta diversas vantagens, que a torna, muitas vezes, mais
viável que a propagação sexuada. Dentre essas vantagens pode-se destacar as seguintes:
a)- Permite a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou clone, pela
perpetuação de seus caracteres;
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b)- Possibilita que se reduza a fase juvenil, uma vez que a propagação vegetativa
mantém a capacidade de floração pré-existente na planta-mãe. Desta forma, as novas
plantas, torna-se mais precoces.
c)- Permite a obtenção de plantas com maior uniformidade fenológica, assim como
idêntica capacidade de resposta aos fatores ambientais, o que facilita na definição das
práticas de manejo;
d)- Possibilita a combinação de clones, especialmente quando utilizada a enxertia.
Todavia, deve-se salientar, que a escolha das matrizes é fundamental para o sucesso da
propagação e para a fecundidade das mudas.As plantas matrizes devem ser obtidas em
órgão oficiais de pesquisa ou em empresas idôneas, ou ainda, caso haja tecnologia
adequada no próprio viveiro.
A propagação assexuada pode ser feita por diversos métodos, sendo que a escolha de
um ou de outro, depende da espécie a ser multiplicada, ou às vezes, dos recursos
disponíveis. Dentre os diversos métodos utilizados, os principais são: utilização de
estruturas especializadas, estaquia, mergulhia, enxertia e micropropagação.
3- Utilização de estruturas especializadas
A multiplicação natural, em muitas plantas, é conseguida por meios de estruturas
vegetativas especializadas. Estas estruturas são caules ou raízes modificadas, que muitas
vezes, funcionam como reservas de alimentos, possibilitando a sobrevivência das
plantas em condições adversas.
3.1- Tipos de estruturas
- Bulbos
São caules modificados, que se apresentam curtos, com folhas escamosas, grossas e
polpudas. Além de seu desenvolvimento no seu ponto de crescimento central, gemas
desenvolvem-se nas axilas das escamas foliares formando bulbilhos. No caso do alho,
39
estes bulbilhos ou “dentes”, são estruturas ricas em amidos e substâncias aromáticas de
alto valor condimentar, conteúdo, cada uma, uma gema capaz de originar uma nova
planta.
A cebola é outra espécie que pode ser multiplicada por métodos de bulbilhos,
especialmente para Minas Gerais, quando se deseja obtenção de safras precoces, isto é,
nos meses de maio e junho. É o método mais comum de se obter colheita nesta época,
havendo porém o perigo de maior distribuição de nematóides e outras doenças do que
em semeio direto.
Outras espécies como o jacinto, os gladíolos e o açafrão, também são multiplicados por
este tipo de estrutura.
- Estolhos ou Estolhões
São caules aéreos especializados que se desenvolvem partindo das axilas das folhas, na
base ou na coroa das plantas que possuem caules em roseta. Entre as plantas propagadas
por meio de estolhos encontra-se o morangueiro e o gerânio. A propagação comercial
do morangueiro é feita por intermédio de plantas produtoras de estolhos. A produção de
mudas por planta-mãe depende da variedade, porém, sob condições ótimas, pode atingir
200:1. No campo ocorre um aumento de 20-30:1, por muda plantada.
- Rizomas
São caules modificados, que se apresentam de forma cilíndrica e que se desenvolvem
subterrânicamente e no sentido horizontal. Os rizomas contêm nós e entrenós de vários
comprimentos e produzem, rapidamente, raízes adventícias. A bananeira é uma cultura,
que pelo sistema convencional de multiplicação é propagada através de rizomas.
- Tubérculos
Também são caules modificados, subterrâneos, ricos em reservas nutritivas. O exemplo
mais conhecido neste método de propagação é a batata inglesa, ou batatinha.
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- Rebentos ou Filhotes
São chamadas de rebentos ou filhotes, brotações que surgem das raízes ou do caule das
plantas. A framboeseira e a amoreira-preta são exemplos de plantas facilmente
propagadas por rebentos produzidos em abundância por suas raízes. Já o abacaxizeiro se
propaga por rebentos que se desenvolvem de gemas axilares e que são classificados, de
acordo com sua posição da planta. Denomina-se filhote o rebento que se localiza no
pedúnculo, logo abaixo do fruto, filhote rebento o que se encontra no ponto de conexão
de pedúnculo com caule e rebento encontrado na parte inferior do caule, podendo este
ser aéreo ou subterrâneo, conforme sua localização, acima ou abaixo da superfície do
solo, respectivamente. Em casos de faltas de mudas, na propagação do abacaxizeiro,
podem-se usar como muda a coroa, que é o tempo de folhas que se encontra no ápice do
fruto.
4- Estaquia
A estaquia é um dos mais importantes processos de propagação vegetativo. O termo
“estacas” refere-se a qualquer parte destacada da planta-mãe, capaz de regenerar uma
planta nova e completa.
Em fruticultura, o emprego de estacas é elevado, uma vez que quase todas as espécies
de clima temperado tem sua multiplicação baseada na estaquia.
As estacas podem ser retiradas tanto na parte aérea quanto na parte subterrânea da
planta original. Quando retirada da parte aérea, ela pode-se foliar, herbáceas ou lenhosa,
ao passo que as estacas radiculares são lenhosas. As estacas foliares são mais utilizadas
nas propagações de plantas ornamentais, enquanto que a fruticultura utiliza-se as
herbáceas e principalmente as lenhosas. As estacas radiculares são pouco comuns e de
pouco uso, podendo ser usadas em cerejeiras, goiabeiras, cajuzeiro, framboeseira,
amora-preta, nogueiras e várias outras espécies.
As estacas mais difundidas são as de ramos (herbáceas ou lenhosas), que podem ser
classificadas em simples, talão, cruzeta e gema. A estaca simples apresenta de 20 a 30
cm de comprimento e de 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, com algumas exceções, como é o
caso da figueira, cujas estacas de um ano apresentam diâmetro bem maior. A estaca
denominada talão, como particularidade, trás um pequeno fragmento de ramo de dois
41
anos, de onde foi destacada. A cruzeta apresenta uma porção maior e mais regular de
ramo de dois anos, aparentando, a forma de um T. A estaca gema, por sua vez, é um
tipo mais delicado e exigente com relação às condições de enraizamento e é utilizada
em casos de escassez de material propagativo.
Para que a prática da estaquia seja realizada com sucesso, é necessário selecionar como
planta matriz, aquela que possua identidade conhecida, características peculiares da
espécie ou cultivar, que apresente ótimo estado fitossanitário, vigor moderado e sem
danos provocados por secas ou geadas. Deve-se ainda, coletar as estacas na época
correta e para isso é necessário se realizar testes com o objetivo de se verificar, em
pericamente, qual a época mais adequada para coleta. Esta época relaciona-se mais com
as condições fisiológicas da planta do que com um período fixo do ano, A princípio,
desde que se disponha de estrutura com a nebulização, a coleta de estacas pode ser feita
em qualquer época.
5- Mergulhia
A mergulhia é um processo de multiplicação assexuada em que a planta a ser formada
só é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. A
mergulhia, via de regra, é realizada na primavera ou no fim de verão, ou seja, durante a
estação de crescimento das plantas, ou em seu final.
A mergulhia é um processo de propagação vegetativa de custo elevado, no entanto, em
alguns casos onde as espécies apresentam dificuldade de enraizamento, é o método mais
indicado. Na propagação de plantas frutíferas, é um processo muito utilizado para
obtenção de porta-enxertos de macieiras, pereiras e marmeleiros. Existem muitas formas
de se executar a mergulhia, porém todas elas obedecem ao princípio de cobertura parcial
do ramo com o solo ou outro material semelhante, a mergulhia pode ser realizada no
solo ou aérea. A mergulhia aérea, também chamada de alforquia, utilizada quando ramo
não pode ser levado até o nível do solo, que seja por não apresentar comprimento
suficiente, por estar localizado na parte superior da planta ou por não ser flexível.
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6- Enxertia
A enxertia é o método de propagação assexuada que consiste na união de um fragmento
vegetal, contendo pelo menos uma gema, com outro que lhe sirva de suporte. O
fragmento contendo as gemas é responsável pela formação da parte aérea da nova planta
e é denominado de enxerto, borbulha, garfo ou cavaleiro. A parte responsável pela
formação do sistema radicular é denominada a porta-enxerto ou cavalo.
Normalmente, a propagação por enxertia consiste nestas duas partes, porém, em certas
situações, há problemas de compatibilidade entre elas ou há necessidade de controlar o
vigor da copa, requerendo o uso de um terceiro componente, o interenxerto.
Dentre as principais finalidades do uso da enxertia encontra-se a propagação de plantas
que não podem ser multiplicadas por outros métodos, o aproveitamento de
características favoráveis do porta-enxerto, evitar problemas de juvenilidade e estudar
viroses.
Para que a enxertia tenha um bom pegamento, alguns fatores devem ser observados.
Dentre estes fatores pode-se destacar os seguintes:
a)- Compatibilidade
As partes a serem enxertadas devem ser compatíveis, ou seja, devem possuir um certo
grau de parentesco. Na prática recomenda-se que o porta-enxerto sejam no mínimo da
mesma família.
b)- Condições ambientais
As condições ambientais antes, durante e depois da enxertia afetam fortemente o
fragmento dos enxertos. Temperaturas muito elevadas favorecem a desidratação do
enxerto, bem como temperaturas muito baixas não favorecem a cicatrização.
O vento pode provocar a quebra do enxerto no ponto de união, além de acelerar o
processo de desidratação, após a realização da enxertia. Além disso, o vento poderá
deslocar o enxerto e prejudicar a coincidência entre o câmbio de ambas as partes.
Deve-se evitar também, efetuar a enxertia em dias com intensa luminosidade, pois pode
causar dessecação rápida do enxerto.
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c)- Sanidade
É importante que as plantas utilizadas na enxertia estejam livres de pragas e doenças, as
quais podem comprometer o pegamento e o desenvolvimento da nova planta.
d)- Idade do material usado
Como se sabe, quanto maior a idade dos tecidos, menor a atividade celular e a
capacidade de cicatrização. Por esta razão, é recomendável que tanto o enxerto quanto o
porta-enxerto sejam mais jovens.
e)- Habilidade do enxertador
Quanto mais rápido for realizado o processo da enxertia, melhor será o índice de
pegamento, uma vez que as partes envolvidas sofrerão uma menor influência da
desidratação. Outro fator relacionado diretamente com a habilidade do enxertador é a
uniformidade dos cortes, que possibilitam um melhor contato entre as partes enxertadas.
A enxertia pode ser feita pêlos métodos de borbulhia, garfagem ou encostia. A
borbulhia, também conhecida como enxertia de gema, consiste em justa por uma
pequena porção de casca de uma planta (enxerto) contendo apenas uma gema, com ou
sem lenho, em outra planta (porta-enxerto). Conforme o modo de incisão da gema, a
borbulhia pode ser executada de diversas formas: T normal; T invertido; placa ou
escudo; em anel e em gema com lenho.
A garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada de uma porção de ramo,
chamada de garfo ou enxerto, em forma de bisel ou cunha, contendo duas ou mais
gemas, para ser introduzidas no porta-enxerto ou cavalo. A garfagem pode ser feita
através de diversos métodos: fenda cheia; dupla garfagem; fenda simples ou vigles
simples; fenda dupla ou inglês complicado.
A encostia, também chamada de enxertia de aproximação, consiste na união lateral de
duas plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que o enxerto e o porta-
enxerto sejam mantidos por seus sistemas radiculares até que a união esteja
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completamente formada. É um método pouco utilizado para propagação de plantas
frutíferas em nível comercial.
7- Micropropagação
Micropropagação é o desenvolvimento de novas plantas em um meio artificial sob
condições assépticas, a parte de pequenos propágulos (ex-plantas). Para as frutíferas, as
partes mais empregadas são ápices caulinares, micro-estacas, embriões, caules celulares,
entre outras.
A cultura de tecidos difere dos métodos tradicionais, principalmente nas condições sob
as quais a propagação é efetuada, mas não difere destes quanto a seus princípios.
A micropropagação baseia-se no princípio da tipotência celular, isto é, a célula teria
capacidade de tornar-se um indivíduo, uma vez que ela contém todas informações
genéticas no núcleo da mesma.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- FACHINELLO, José Carlos e tal. Propagação de plantas frutíferas de clima
temperado – Universidade Federal de Pelotas, 2ª edição. Editora e gráfica
Universitária – UFPEL, 1995 – 178p.
- HOFFMANN, Alexandre e tal. Fruticultura comercial, propagação de plantas
frutíferas. UFLA – Universidade Federal de Lavras. FAEPE, Fundação de Apoio
ao Ensino, Pesquisa e Extensão, 1996 – 319p.
- FILGUEIRA, Fernando A. R. Manual de olericultura – Editora Agronômica
Ceres, 2ª edição, Volume I, 1981 – 338p.
- JANICK, Jales. A ciência da horticultura. Livraria Freitas Bastos S.A. – 1969,
Rio de Janeiro – 485p.
- FONTES, Paulo Cézar Resende e tal. Métodos de plantas de cebola visando a
produção de bulhos. Informe agropecuário, Belo Horizonte, 6 (62) fev. 1980 :
26-31.
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CULTURA DE TECIDOS VEGETAIS
1- Histórico:
A cultura de tecidos vegetais é uma técnica de surgimento recente, pois os
primeiros passos foram dados já no início do século XX e os maiores avanços
´foram notados a partir da segunda metade do século.
Fertilização 2 gametas zigoto corpo multicelular (funções diversas).
Cada célula possui todas as informações genéticas suficientes para que um novo
indivíduo seja regenerado, ou seja, a partir de uma única célula é possível obter um
novo indivíduo, isso, graças ao fenômeno da totipotencialidade, postulada em 1838 por
Schleiden e Schwann.
Em 1892, Sachs definiu que as plantas sintetizam substância capazes deformar órgãos e
que apresentam distribuição de forma polar.
Haberlandt (1902) foi considerado o pai da cultura de tecidos, sugerindo com
explorar a totipotencialidade das células vegetais a partir de ensaios com material muito
maduro ( tecido paliçádico de folhas) e obteve pouca expansão, porém não obteve
divisão celular, devido ao desconhecimento dos reguladores de crescimento que
contribuíram para o insucesso.
Hanning (1904) foi o primeiro a cultivar embriões imaturos de cricíferas in vitro.
A cultura de tecidos pouco evoluiu nos 30 anos seguintes, até que duas grandes
descobertas impulsionaram a técnica:
a) Identificação da auxina como um regulador de crescimento
b) Reconhecimento das vitaminas B
Skoog e Miller (1957) efeito do balanço auxina/citocinina sobre a resposta
morfogenética in vitro.
Murashige e Skoog descobriram em 1962 o meio de cultura definitivo para a cultura do
fumo, conhecido hoje como meio básico “MS”
Fundamentos da cultura de tecidos
Baseia-se na totipotencialidade da célula vegetal, ou seja, na sua capacidade de
por si só, originar uma nova planta, devido a encerrar em seu núcleo, toda a informação
genética, para isto. È uma questão de ativação e repressão de genes.
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Duas condições básicas( totipotente)
a) As células do explante devem ser livres uma das outras.
b) Meio de cultura básico (crescer)
Conceito de cultura de tecidos:
É uma técnica que consiste em cultivar plantas ou partes de plantas em meio
apropriado e asséptico.
Diferenciaçãocélulas meristemáticas passam para diferenciadas
Desdiferenciação células diferenciadas passam para meristemáticas
Rediferenciação célula diferenciada passa para outra diferenciada
Calo tecido desorganizado com certo grau de diferenciação
Fenômeno morfogenéticos in vitro
Direto Ocorre menor variação somaclonal
Células meristemática diferenciação reneração (brotos)
Célula diferenciada (parenquimatosa) desdiferenciação célula meristemática
diferenciação broto ( as células estão pré-determinadas
Indireto Passa pelo estágio de calo
Meristema diferenciação calo desdiferenciação estado
meristemáticodiferenciação broto
Vantagens dos métodos in vitro.
- Pequeno espaço
- Propagação é conduzida em condições assépticas
- Plantas livres de vírus
- Condições mais flexíveis de controlar
- Clones difíceis de propagar
- Produção o ano todo
- Material vegetativo pode ser armazenado por longo tempo
- Não há necessidade de irrigação, pulverização etc.
Desvantagens
- Habilidade e especialização
- Laboratório especializado
- Métodos específicos
- Custo alto
- Aclimatação
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- Aberrações
Organização de um laboratório
- Sala de preparação de meio
- Sala para lavagem, esterilização
- Sala de transferência
- Sala de crescimento
- Outras salas: escritório, almoxarifado, sala de aclimatação
Reguladores de crescimento
A necessidade de adicionar reguladores de crescimento é completamente
dependente do tipo de explante e da espécie:
- Auxinas
AIA (IAA) se degrada com a luz
2,4 D induz a formação de calos
AIB (IBA) melhor auxina para indução de raízes
ANA (ácido naftoxiacético – NAA) crescimento e alongamento
Efeitos na cultura de tecidos:
- Indução de calos
- Formação de clorofila
- Morfogênese
o Formação de raiz e brotos
o Embriogênese
o Cultura de órgãos ( promove crescimento inicial de meristemas)
- Citocininas
Regula crescimento e morfogênese em cultura de tecidos.
BAP induz a formação de brotos e alta taxa de multiplicação
Cinetina e 2iP permitem crescimento normal sem formação de brotações
múltiplas.
Efeitos em cultura de tecidos:
- Estimula a divisão celular
- Formação de brotos adventícios
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- Uso em culturas de gemas ( proliferação de brotos laterais e reduz a dominância
apical)
- Pode inibir a formação de raiz
OBS: -Altas temperaturas reduzem a eficiência da citocinina.
Na interação auxina/citocinina as quantidades são antagônicas:
Ex: para formação de raízes em estacas a concentração de auxina deve ser alta e de
citocinina baixa
Ex: Proliferação de brotos axilares ( baixa auxina e alta citocinina)
- Giberelinas
Efeitos em cultura de tecidos;
´Morfogênese promove ou inibe, depende da espécie
Rizogênese
Diferenciação celular
- Ácido abscísico
Aplicação em cultura de tecidos
- Inibe o crescimento de calos
- Promove folha ou caule em citrus
- Efeito na morfogênese
- Etileno
Pode ser produzido em cultura de células, tecidos e órgãos.
Pode modificar a morfogênese ou desenvolvimento da plântula
Meio de cultura
Diferenças:
- quantidade ( concentração)
- forma do elemento
WPM < concentração de sais enraizamento
MS > concentração de sais
AIB enraizamento de estacas, + ativo biologicamente
AIA muito pouco usado (degradado pela luz e enzimas)
IBA mais usado para enraizamento (estacas , microestacas , cultura de tecidos)
IPA ácido indol propiônico
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ANA
2,4D crescimento e alongamento
BAP brotações
Ex: meios para propagação de Violeta
MS + 0,7% de agar
1,0 mg /L BAP
0,1 mg/L ANA
Explante Brotos (roseta) (repicagem) Indução enraizamento aclimatação
Preparação do explante
Explante planta ou parte dela, a qual será utilizada para regeneração e propagação in
vitro
a) Assepcia do tecido:
Desinfecção da superfície (exudação)
Agente Concentração Fitotoxidade Tempo Eficiência
Hipoclorito Na 0,25 – 1,0% moderado 5 – 20
min
Excelente (+ usado USA)
Hipoclorito Ca 9 – 10% moderado 5 – 20
min
Excente
H2O2 3 – 10% Alta 5 - 20 min Bom
Álcool (etanol,
isopropanol)
70% Alta 30 min Bom
Para aumentar a superfície de desinfestação:
1) Mecânico
- Agitar o tecido com o desinfetante
- Uso de vácuo (penetra nos espaços celulares)
2) Pré – incubação
- Antibióticos, fungicidas etc
3) Agente molhante ou espalhante
- Tween 20 ajuda espalhar e penetrar o desinfetante
4) Crescimento do material
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O local de crescimento do explante ajuda no problema de contaminação ( Material
proveniente de casa de vegetação, apresenta menor contaminação do que o material
advindo do campo.
Ambiente da cultura
1 – Temperatura
2- Luz
3- UR
1) Temperatura
a) Temperatura constante quase todos tecidos em cultura são
crescidos na mesma temperatura. Em geral 27 ºC.
Ex: calos em citrus 30ºC
Coníferas 27ºC
Batata 18ºC
b) Temperatura diurna 21 – 27ºC
c) Temp. noturna 16 – 22ºC
d) Quebra de dormência embrião de pêssego (Chilling na
cultura)
2) Luz
a) Intensidade (entre 1000 – 3000 lux (em geral)
b) Qualidade: em geral o espectro no azul – vermelho é mais
efetivo
c) Fotoperíodo: 16 horas/dia
Tipos de Luzes:
- Luz branca fria – azul pouco vermelho
- Grow lux – azul e vermelho
- Incandescente – vermelho e pouco azul
3) Umidade relativa
Se há um ambiente muito seco a cultura tende a secar rapidamente. 100 % de umidade
pode haver condensação no tubo
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Influência do explante no crescimento e desenvolvimento in vitro
a) Genótipo
Principal fator que interfere no crescimento e desenvolvimento do explante. Cada
espécie necessita de um meio de cultura diferente, isso devido a grande variação na
constituição genética. As espécies respondem diferentemente e dentro de uma
espécie as cultivares apresentas exigências específicas.
As dicotiledôneas regeneram melhor que as monocotiledôneas.
b) Idade da planta
Tecidos embriônicos e juvenis, normalmente tem alta capacidade regenerativa. Já
em tecidos velhos a capacidade regenerativa decresce.
c) Idade do tecido e órgão
Tecidos jovens, macios (não lenhosos) são geralmente mais adequados são
geralmente mais adequados para cultura de tecidos que velhos.
d) Estado fisiológico
Em geral, partes vegetativas da planta regeneram melhor in vitro do que partes
generativas da planta.
Botões ( gemas) no estado de dormência são mais difíceis de culturar in vitro do
que gemas de plantas que não estão em dormência.
e) Estado fitossanitário
Quando a planta apresenta um bom estado de saúde, a probabilidade de sucesso no
cultivo in vitro é bem mais alto, visto que, plantas doentes promovem a
contaminação do meio e, muitas vezes do laboratório como um todo.
f) Efeito de anos diferentes
Um verão mais seco, um inverno mais severo ou insuficiência de luz durante a
eestação de crescimento ( menos reserva de alimentos)
g) Condições de crescimento
Se a planta cresce em condições normais de fotoperíodo e luz, este reagirá de forma
diferente ao material proveniente de casa de vegetação.
h) Posição do explante dentro da planta
Aqueles situados na parte apical possuem auxina em maior quantidade, enquanto os
explantes situados na parte basal mais citicinina, desta forma essa poderão
interferior no balanço hormonal no meio, levando ao insucesso.
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i) Tamanho do explante
Geralmente é mais difícil induzir crescimento em estruturas muito pequenas, tais
como: células e meristema, do que estruturas maiores, tais como: folhas, caules e
tubérculos.
Cada parte da planta possui reservas específicas de alimentos (nutrientes e
hormônios),é óbvio que as maiores são mais fáceis de se induzir crescimento e
desenvolvimento.
j) Ferimento
Quanto maior o ferimento, maior será absorção de nutrientes e reguladores de
crescimento, porém, aumentará consecutivamente a produção de etileno. Se há uma
barreira anatômica ( uma camada de células de esclerênquima) em um explante para
formação de raízes adventícias, então é possível quebrar isto através de ferimento.
k) Método de inoculação (horizontal e vertical)
O explante pode ser colocado no meio de cultura de diferentes maneiras:
Polaridade ( Fluxo de auxinas e citocininas)
l) Preparo do explante
Deve ser retirado de uma planta em crescimento ativo em tamanho de 0,5 – 1 cm ,
desenfectado e,principalmente não utilizar tecidos necrosados.
Importância e aplicações da cultura de tecidos vegetais
1) Obtenção de plantas livres de viroses
Aplicação mais ampla da cultura de tecidos, pois plantas propagadas
vegetativamentes tendem a acumular viroses.
Técnicas de limpeza:
a) Cultura de meristemas
A cultura de meristema baseia-se no princípio de que esta parte da planta é a única
não infectada por vírus devido à velocidade de multiplicação celular e ausência de
um sistema vascular por onde o vírus pudesse ser disseminado.
Ex: Sul do país a produção de morango pelo sistema convencional é de 3t/ha.Com o
uso da cultura de meristemas a produtividade passou para 12t/ha e, em alguns casos
até 22t/ha.
b) Microenxertia
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É aplicável quando não possível a obtenção de plantas livres de viroses por cultura
de meristemas. Neste caso, obtém-se um porta enxerto in vitro a partir de sementes,
sobre o qual é enxertado um meristema da planta da cultivar copa infectado por
vírus.
Ex: Citrus, ameixeira, pessegueiro etc.
c) Termoterapia
Tratamento com temperatura elevada, provocando a inativação do vírus. É
considerada uma técnica complementar da cultura de meristemas e da
microenxertia.
d) Indexação
Técnica para verificação da presença de virose em uma determinada planta
previamente submetida à limpeza. É importante na avaliação da qualidade de plantas
matrizes.
2) Micropropagação
Técnica destinada a propagação de plantas de difícil propagação convencional,
permitindo a obtenção de um grande número de plantas sadias e geneticamentes
uniformes e num curto período de tempo.
Ex ornamentais herbáceas e arbustivas e também porta enxerto de frutíferas
(macieira,pereira videira e citrus, samambaias, crisântemos, orquídeas, violetas e
florestais).
3) Preservação e intercâmbio de germoplasma
Preservação da variabilidade genética existente na natureza, a qual está sendo
gradativamente reduzida com avanço da exploração dos recursos naturais, com a
vantagem de ocupar pequeno espaço e por longo período de tempo.
54
A SAÚVA E SEU COMBATE
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Dentro das mais de 8.000 espécies de formigas estão as saúvas, formigas do
gênero Attaful, possuem o hábito de cortar e transportar fragmentos de vegetais
diversos, flores e sementes para seus ninhos subterrâneos. Tais hábitos as tornam uma
das principais pragas das áreas cultivadas, das florestas e das pastagens da Américas do
Sul, Central e do Norte.
A sua importância não se restringe apenas aos prejuízos causados às plantações,
mas também a danos verificados em construções, estadas, represas, pontes e outras
benfeitorias. Além disso, estas pragas apresentam um efeito prejudicial indireto, que é
causado pela grande quantidade de agrotóxicos aplicados no seu controle.
No Brasil, os prejuízos ocasionados pelas saúvas, têm recebido menção desde o
século XVI (Mariconi, 1970). Desde aquela época diversas tentativas foram efetuadas
com o intuito de se estimar os danos infligidos por estas formigas, aos diversos
agroecossistemas. No entanto, muitos desses cálculos podem estar super ou
subestimados, embora sejam inegáveis as perdas ocasionadas por essas formigas.
As medidas de controle dessas pragas atualmente disponíveis são ainda
insuficientes, havendo, portanto, a necessidade constante na procura de conhecimentos
sobre a biologia, comportamento e ecologia desses insetos.
2 - CARACTERIZAÇÃO DOS NINHOS (SAUVEIROS OU FORMIGUEIROS)
As formigas saúvas apresentam formigueiros formados por dezenas ou centenas
de câmeras subterrâneas (panelas), ligadas entre si e com a superfície do solo, por meio
de galerias ou canais.
As câmeras ou panelas encontram-se próximas umas das outras, no mesmo nível
e em profundidades diferentes. A capacidade dessas câmaras é variável e podem ser
pelo menos de quatro tipos, a saber:
a. “Panelas vivas” - são as que contêm a cultura do fungo ou jardim de fungo;
55
b. “Panelas de lixo”- utilizadas para o descarregamento de resíduos de vegetal
esgotado, fungo exaurido e cadáveres de formigas;
c. “Panelas vazias” - nada contêm. Ainda não se sabe porque;
d. “Panelas de Terra” - apresentam terra solta em seu interior e são raramente
encontradas por ocasião da escavação de sauveiros. Essas panelas são
interligadas por meio de canais curtos que se comunicam com outros canais de
maiores diâmetros e, finalmente, estes últimos se abrem para o exterior. A esse
conjunto de câmaras e canais subterrâneos denomina-se sede real. Naturalmente
ocorrem particularidades quanto às características dos ninhos das várias
espécies.
No exterior, os formigueiros caracterizam-se principalmente por apresentarem
um monte de terra solta, formado pelo acúmulo de terra extraída das câmaras ou panelas
que geralmente apresentam cor diferente da terra da superfície local. Esse monte de
terra é denominado de sede aparente e está situado aproximadamente sobre a projeção
da sede real.
As numerosas aberturas na superfície externa do sauveiro denominam-se
olheiros, que podem localizar-se no monte de terra solta ou fora dele. Para algumas
espécies, os olheiros situados fora dos montes de terra, são utilizados par alimentação
ou para ventilação, enquanto que os situados nos montes de terra servem par a retirada
de terra.
As trilhas ou carreiros, são caminhos externos percorridos pelas formigas
operárias quando saem à procura de alimento ou quando voltam com ele até os olheiros
de alimentação. Estas trilhas são marcadas por uma substância denominada “feromônio
de trilha”.
Um sauveiro adulto pode medir até 200m2, com uma população que pode variar
de 3 milhões a 6 milhões de insetos.
3 - CASTAS
As formigas são consideradas insetos verdadeiramente sociais apresentando
castas reprodutivas, superposição de gerações e divisão de trabalho. A população de um
sauveiro é composta de indivíduos que se diferenciam morfologicamente
56
(polimorfismo), de acordo com o trabalho ou as funções que desempenham na colônia
(polietismo).
3.1 - CASTAS PERMANENTES
As formigas das castas permanentes são ápteras e apresentam indivíduos
sexuados e estéreis. A forma sexuada é representada apenas ela rainha, içá ou tanajura,
responsável por toda multiplicação do sauveiro.
As formas estéreis são constituídas pelas operárias que se dividem segundo seu
tamanho e função. As menores (cerca de 2 mm de comprimento) são denominadas de
jardineiras e têm como função principal cuidar da cultura do fungo, mantendo-a livre da
infestação de fungos saprófitas e impedir que o cogumelo cultivado forme “chapéu”.
As operárias médias (4 - 7 mm de comprimento) são chamadas de cortadeiras ou
carregadeiras, responsáveis por cortar e transportar o material verde. As operárias
maiores (cerca de 11 mm de comprimento) são as responsáveis pela defesa do sauveiro
e são denominadas de “cabeçudas” ou “soldados”.
3.2 - CASTAS TEMPORÁRIAS
Estas castas são constituídas por formas aladas e sexuadas. Os machos são
denominados bitus e as fêmeas, iças ou tanajuras. Estas formas ocorrem em certa época
do ano, apenas nos sauveiros adultos (mais de 3 anos) e permanecem no ninho em que
nasceram por pouco tempo (possivelmente 4 meses no máximo), abandonando-o para
efetuarem a revoada ou vôo nupcial.
4 - VÔO NUPCIAL OU REVOADA
O fenômeno da revoada ou vôo nupcial no formigueiro, caracteriza-se pela
liberação de grande número de formas aladas de machos e fêmeas ( 3000 fêmeas/
14000 machos) que voarão juntos e se acasalarão no ar. Não se conhece exatamente o
mecanismo que dispara a revoada, entretanto esta só ocorre sob condições climáticas
propícias e que garantem à nova rainha sucesso na escavação do ninho, principalmente
em termos de umidade.
57
O vôo nupcial ocorre em sauveiros considerados adultos (38 meses de idade a
partir da data de sua fundação), sendo depois repetido todos os anos. Na região sudeste
do Brasil, o vôo nupcial realiza-se entre outubro e dezembro. Essa revoada ocorre
geralmente em dias bem claros, frientos e úmidos. No entanto já se observou que
algumas vezes a revoada ocorreu em dias nublados no estado de São Paulo e em dias
nublados e/ou chuvosos em Minas Gerais.
As içás, antes de saírem para a revoada, carregam pequena porção do fungo
alojada na cavidade infrabucal, o qual servirá como “semente” do novo sauveiro. Após
algum tempo sobre o formigueiro, as içás levantam vôo, isoladas inicialmente, sendo
seguidas por diversos bitus, até que a revoada se torne geral, quando então ocorre a
fecundação em pleno ar. Inicialmente o vôo é vertical, alcançando certa altura, que
ainda não foi determinada. A seguir, as içás tomam o sentido horizontal e a velocidade
aumenta, graças à ação de correntes de ar. Os machos morrem no mesmo dia de vôo.
5 - FUNDAÇÃO E ESTABELECIMENTO DE FORMIGUEIROS
As içás, logo após a fecundação, descem ao solo e se livram de suas asas com o
auxílio da musculatura do tórax e das pernas medianas. Geralmente as içás procuram
locais mais destituídos de vegetação para iniciar a construção do sauveiro.
A içá inicia a perfuração de um pequeno canal, de 8,5 a 18 cm de profundidade,
jogando a terra escavada na forma de pelotinhas para a superfície do solo, com o auxílio
das mandíbulas. A seguir, ela inicia a construção da primeira câmara ou panela, de
formato hemisférico e paredes lisas. Suas dimensões, segundo Mariconi (1970), são de
18 a 25 mm na maior altura e base de 30 a 45 mm no maior diâmetro e 27 a 40 mm no
menor. A terra retirada, pela construção da primeira panela é utilizada para obstruir o
canal.
Quarenta e oito horas após o início da escavação, a rainha regurgita o fungo, que
mede pouco mais de 1 mm. De cinco a seis dias após o início do trabalho de escavação
pela rainha, são colocados os primeiros ovos. Além dos ovos reprodutivos, as rainhas
colocam ovos tróficos, que servem para sua própria alimentação e da prole inicial. No
início da fundação da colônia, cerca de 90% dos ovos são consumidos pela própria
rainha.
58
As primeiras larvas originadas dos ovos reprodutivos irão emergir de 24 a 25
dias após a perfuração do solo e as pupas e adultas surgem de 51 a 52 dias e 62 a 66
dias, respectivamente. As operárias que primeiro emergem no formigueiro são as
jardineiras, as quais permanecem no seu interior cerca de 20 dias antes de desobstruir o
primeiro olheiro.
Segundo Mariconi (1970), as atividades de um sauveiro se dividem em duas
fases distintas, sendo que a primeira dura cerca de 70 dias, em que a içá, e somente ela
exerce todos os serviços necessários ao sauveiro inicial como limpeza de si própria,
cuidados com a porção inicial do fungo, desova, alimentação de si própria e da colônia e
cuidados gerais com a role.
Na segunda fase as primeiras formigas ajudam a içá nas várias tarefas. Com o
aumento da população a içá deixa de trabalhar, para se dedicar quase que
exclusivamente à postura. Os ovos de alimentação deixam de aparecer e toda a colônia,
inclusive a novas larvas, passam a viver à custa das frutificações do fungo.
Nessa segunda fase aparece o primeiro olheiro, que, segundo Autuori, citado por
Della Lúcia (1993), ocorre aproximadamente aos 87 dias após a escavação inicial. Já o
segundo olheiro, é reaberto cerca de 14 meses depois do primeiro e o 10o
aproximadamente 20 meses após fundada a colônia. Ao atingir 3 anos ( 38 meses), o
formigueiro torna-se adulto e produz o primeiro vôo nupcial.
Apesar do grande número de içás e bitus que são produzidos em cada revoada,
salienta-se que cerca de 0,05% das içás chegam a formar novos sauveiros. A causa
desse baixo índice de sobrevivência é o grande número de predadores destas formas
aladas. Como todos os machos morrem naturalmente no mesmo dia do vôo nupcial e
que a maioria das içás são destruídas por predadores, não se recomenda o combate
durante a revoada.
6 - COMUNICAÇÃO QUÍMICA
No comportamento dos insetos, a comunicação química entre os indivíduos é
amplamente utilizada, sendo muito desenvolvida entre as formigas cortadeiras. Essa
comunicação envolve substâncias ou sinais químicos (ou semioquímicos).
Dentre os semioquímicos encontram-se os feromônios cuja atuação é entre
indivíduos da mesma espécie.O termo “feromônio” designa um semioquímico de
59
atuação intra-específica, ou seja, uma mistura de substâncias químicas que transportam
uma ou mais mensagens (estímulos) entre indivíduos da mesma espécie. Portanto, os
feromônios são substâncias que, liberadas para o exterior, promovem a comunicação
entre indivíduos. Podem, por isso, ser classificados pela função que desempenham,
como, por exemplo, feromônios de trilha, quando responsáveis pela marcação da trilha
do ninho até a área de forrageamento.
O que se sabe atualmente sobre os feromônios, segundo Della Lúcia (1993), foi
praticamente adquirido a partir dos anos 70, quando muito pouco ainda se sabia sobre
estas substâncias químicas modificadoras do comportamento dos seres vivos. Os insetos
têm sido os organismos mais estudados quanto a ocorrência e à função do feromônio e,
dentre eles, os insetos sociais foram inicialmente os que receberam maior a tenção, o
que se explica pela necessidade de desenvolvimento de novos métodos de controle de
formigas-pragas, bem como pelo interesse de cientistas em desvendar o intrigante
mundo social de abelhas, cupins e formigas.
Os feromônios são responsáveis por grande parte do repertório comportamental
das formigas cortadeiras e, por isso são mais conhecidos. Eles são produzidos por
glândulas exócrinas distribuídas pelo corpo e podem ser classificados de acordo com a
função que desempenham ou de acordo com o comportamento que desencadeiam.
Assim, os feromônios podem ser de alarme, reconhecimento individual, de trilha e
recrutamento, de marcação de território e folhas.
7 - MÉTODOS ATUAIS DE CONTROLE E PERSPECTIVAS
Em razão de sua importância econômica, as formigas cortadeiras têm sido alvo
das mais diversas tentativas de controle que incluem desde as receitas caseiras, que
passam de geração em geração, até recursos de alta tecnologia.
Atualmente, segundo Della Lúcia (1993), pode-se citar as seguintes estratégias
de manejo das formigas cortadeiras:
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a - MÉTODOS ATUAIS DE CONTROLE QUÍMICO
Os produtos químicos disponíveis no mercado brasileiro para combate às
formigas cortadeiras são gases liquefeitos (brometo de metila), líquidos
termonebulizáveis (fosforados e iretróides) e iscas granuladas.
O brometo de metila é um formicida fumigante, não inflamável e não explosivo.
É comercializado sob a forma de um líquido em embalagens resistentes a altas pressões.
Por ser muito tóxico ao homem (o contato prolongado com o gás pode causar sérias
queimaduras), sua formulação inclui 2% de cloropicrina, que causa irritação nos olhos e
nariz do aplicador. Assim, sua presença é detectada, já que é inodoro e incolor.
A utilização do brometo de metila dispensa o emprego de equipamentos
mecânicos de aplicação. Entretanto, é um processo de custo relativamente alto, em
razão do preço do produto, além de sua aplicação envolver maiores custos com mão-de-
obra.
A termonebulização consiste em se introduzir, através de olheiros, um inseticida
que produz fumaça tóxica dentro do formigueiro. O método implica a atomização, por
intermédio do calor, de um formicida veiculado em óleo diesel ou mineral, utilizando-se
equipamentos denominados termonebulizadores. Apresenta grandes desvantagens
operacional e econômica, pois requer o transporte e a manutenção de equipamentos e
formulação especial do inseticida, além do alto custo do equipamento.
Um aspecto positivo da termonebulização é a paralisação rápida das atividades
de corte e transporte nos formigueiros, o que se torna importante em áreas recém-
plantadas de reflorestamento, por exemplo.
O emprego de iscas granuladas, principalmente através de porta-iscas e micro
porta-iscas é aparentemente, o método de combate mais econômico e prático do
mercado, atualmente.
A isca granulada eficiente e mais econômica deve ser atrativa às formigas, de
modo que sejam transportadas para o interior dos ninhos; deve conter um inseticida
altamente específico e de toxicidade tal que se manifeste em toda a colônia após sua
introdução. Além disso, essa toxicidade a mamíferos tem que ser baixa, porém deve
mostrar-se resistente a umidade, chuvas e temperatura, apesar de ser biodegradável.
61
b - CONTROLES MECÂNICO E CULTURAL
O controle mecânico de formigas cortadeiras consiste, simplesmente, na
extirpação de seus ninhos na área.
A escavação do formigueiro é efetuada com o auxílio de uma enxada e pá até
que se retire e mate a rainha. É uma alternativa razoável em pequenas áreas, sempre que
os ninhos estiverem superficiais. Pode ser usado quando as colônias apresentam menos
de quatro meses de idade pois, daí para a frente a rainha se localiza a uma profundidade
superior a 1,5 m. Tratos culturais como aração e gradagem na área, dentro desse prazo,
podem ser importantes na eliminação de formigueiros, o que só ocorrerá se a lâmina do
arado matar a rainha.
No controle cultural tem-se estudado a utilização de culturas-armadilha, como o
gergelim cultivado entre fileiras de árvores de áreas reflorestadas. Este princípio é
baseado no fato de que, apesar de altamente atacadas, as folhas do gergelim não mantêm
o crescimento do fungo. Todavia, o uso desta cultura-armadilha ou, mesmo, de outras
que apresentem características semelhantes não tem sido bem sucedido, necessitando de
mais estudos.
c - OUTROS MÉTODOS DE CONTROLE
Outros métodos de controle às saúvas têm sido estudados, necessitando, porém,
de mais pesquisas para se tornaram viáveis. Dentre eles, encontra-se a utilização de
feromônios em iscas, o controle biológico através de inimigos naturais e utilização de
variedades de plantas resistentes e de plantas tóxicas.
Apesar da grande importância das saúvas como insetos-praga, pode-se concluir
que a literatura ainda se apresenta bastante escassa no que diz respeito ao controle eficaz
desta praga.
62
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DELLA LÚCIA, TEREZINHA, M. C. - As formigas cortadeiras, Viçosa - MG, 262 p,
1993 - Editora Folha de Viçosa.
MARICONI, FRANCISCO A. M. - As Saúvas, Piracicaba - SP- Editora Agronômica
Ceres, 1970. 167 p.
NETTO, CLÁUDIO TOLEDO - Formigas cortadeiras, uma organização eficaz,
Sinal Verde - São Paulo, 10 (18): 14-15, março, 1997.
63
CULTIVO HIDROPÔNICO
1 – Introdução
Passado, presente e futuro
Hidroponia – palavra de origem grega: hydro = água e ponos = trabalho. Portanto, no
cultivo de plantas em hidroponia, o fornecimento de nutrientes às raízes das plantas é
feito via água, sem uso do solo.
A literatura cita relatos de uso de meio líquido para o crescimento de plantas no
século XVII. Os alemães Sachs (1860) e Knop (1865) fora os primeiros a cultivar
plantas em meio líquido de semente a semente, usando soluções aquosas com o
fornecimento de N,P,K, Ca, Mg, S,Cl e Fe, elementos tidos como indispensáveis na
época. A técnica de cultivo em meio líquido deu um salto, certamente no século XX,
através de estudos da essencialidade dos elementos minerais e da nutrição mineral das
plantas. Muitas fórmulas nutritivas foram propostas e usadas, sendo o interesse
basicamente voltado para pesquisa.
A partir de 1930, o professor William F. Gericke da Universidade da Califónia,
aplicando os conhecimentos da técnica em laboratório, ao cultivo prático de hortaliças,
flores, tubérculos e frutas, batizando a nova técnica de“hidroponia”.A partir desses
resultados, o emprego da hidroponia espalhou-se rapidamente pelos Estados Unidos e
Europa. Na segunda guerra mundial, o exército norte americano instalou, com sucesso,
unidades de hidroponia em suas bases militares em ilhas do pacífico, único meio para a
produção de alimentos frescos aos seus soldados.
Atualmente, o cultivo hidropônico de hortaliças, flores e frutas, dentre outras, é
encontrado em todos os continentes do mundo. Castellane e Araújo (1994), citam que a
estimativa de hectares de produção hortícula em cultivo sem solo na Europa Ocidental,
em 1989, superava 6.650 ha.
No Brasil, o cultivo comercial em hidroponia é bastante recente, concentrando-
se ao redor dos grandes centros urbanos, sendo utilizado principalmente no cultivo da
alface.
Uma série de fatores vislumbram um futuro bastante promissor para hidroponia,
como um componente do setor de produção de alimentos à população brasileira:
64
escassez de mão de obra na área agrícola e de solos de melhor fertilidade; incidência de
determinadas doenças de solo dificilmente controladas por métodos químicos, físicos ou
de resistência genética: rápido desenvolvimento das técnicas de hidroponia e
plasticultura; uso racional da água, fertilizantes, defensivos agrícolas e preservação do
meio ambiente; obtenção de elevadas produtividades e produtos de alta qualidade em
áreas relativamente pequenas, perto dos centros consumidores; mercado cada vez mais
competitivo e consumidor mais exigente.
2 - Principais vantagens e desvantagens do cultivo sem solo
O cultivo hidropônico apresenta uma série de vantagens, mas também
desvantagens, em comparação com o cultivo tradicional no solo a campo:
Vantagens
- Produção em pequenas áreas próxima aos centros consumidores ( agricultura
urbana)
- Utilização de baixo volume de água e com controle de qualidade da mesma
(recomenda-se o uso de água de poço)
- Uso de pequenas quantidades de fertilizantes
- Redução drástica no uso de defensivos agrícolas
- Redução no número de operações durante o ciclo da cultura
- Antecipação da colheita, devido ao encurtamento do ciclo da planta
- Melhor qualidade e melhores preços dos produtos obtidos
- Produção fora de época (sazonalidade), com comercialização mais fácil e
melhores preços
- Redução de riscos advindos de adversidades climáticas tais como geadas e
granizo
- Dispensa rotação de culturas
- Rápido retorno econômico
- Maior produtividade
Desvantagens
- Custo inicial relativamente alto
- Exige assistência e conhecimento técnico efetivo sobre o sistema
65
- Riscos de perdas por falta de energia elétrica em sistemas automatizados;
- Se a água se contaminar por patógenos ou outra causa, todo o sistema é afetado;
- Falta de conhecimento das técnicas de hidroponia e plasticultura e exige mão de
obra especializada
- Requer um acompanhamento permanente do funcionamento de todo o sistema e
controle da solução nutritiva
Atenção: antes da implantação da atividade, recomenda-se um estudo criterioso de
mercado consumidor. Têm-se notícias de muitas tentativas frustradas na exploração
comercial de plantas em hidroponia, por falta de assistência técnica e de mercado para o
produto obtido.
Produções de algumas hortaliças cultivadas em estufas com sistema hidropônico e em
campo.
Culturas Estufa com hidroponia Condições de
campo
t/cultivo. ha nº cultivos t/ha . ano t/ha . ano
Brócolis 32,5 3 97,5 10,5
Feijão- vagem 11,5 4 46,0 6,0
Repolho 57,5 3 172,5 30,0
Couve- chinesa 50,0 4 200,0 -
Pepino 250,0 3 750,0 30,0
Berinjela 28,0 2 56,0 20,0
Alface 31,3 10 313,0 52,0
Pimentão 32,0 3 96,0 16,0
Tomate 187,5 2 375,0 100,0
Fonte: Adaptado por Castellane e Araújo (1994)
66
3 Nutrição Mineral
É comprovado que a planta necessita de 16 elementos para sua nutrição e um
crescimento normal.
Esses elementos são:
*Fornecidos pelo ar:
-Carbono
-Oxigênio
*Fornecidos pela água:
-Hidrogênio
*Fornecidos pelos adubos químicos:
-Nitrogênio
-Potássio
-Fósforo
-Cálcio
-Magnésio
-Enxofre
-Ferro
-Cobre
-Manganês
-Boro
-Molibdênio
-Cloro
Por aspectos puramente quantitativos, ou seja, pelas quantidades que cada
nutriente é exigido pelas plantas, estes são classificados em:
-Macronutrientes: N,P,K, Ca, Mg e S.
São exigidos pelas plantas em kg/ha, portanto, as quantidades aplicadas no solo
ou solução nutritiva são maiores.
-Micronutrientes: B,CI,Cu,Fé,Mn,Mo e Zn
São exigidos pelas plantas em g/ha, assim, ha necessidade da aplicação de doses
menores ao solo ou solução nutritiva.
É importante lembrar, que tanto os macro quanto os micronutrientes tem a mesma
importância para as plantas: a falta ou deficiência de qualquer um deles promoverá a
redução do crescimento e produção das culturas.
67
4 Solução Nutritva
O cultivo da alface em hidroponia, normalmente, é feito no sistema denominado
de NFT (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes), onde as raízes das plantas se
desenvolvem num canal por onde flui a solução nutritiva.
Não existe uma solução nutritiva ideal para todas as culturas. A composição da
solução varia com uma série de fatores, como a espécie de planta a ser cultivada (as
exigências nutricionais são diferentes), idade da planta, época do ano (duração do
período de luz), fatores ambientais (temperatura, luminosidade, umidade), parte colhida,
etc. O quadro1, dá uma idéia da diversidade de concentração dos nutrientes que se
encontra em diferentes propostas de solução nutritiva no mundo.
Quadro 1. Faixas de concentrações de nutrientes usadas em soluções nutritivas
recomendadas para o cultivo hidropônico no mundo.
Macronutrien
tes
Faixa (ppm) Micronutrientes Faixa (ppm)
N (14,00) 100-300 B (10,82) 0,50-1,00
P (30,97) 35-70 Cu (63,54) 0,02-0,10
K (39,10) 200-400 Fe (55,85) 2,00-10,0
Ca (40,08) 150-400 Mn (54,94) 0,50-1,00
Mg (24,32) 40-80 Mo (95,95) 0,01-0,05
S (32,06) 40-80 Zn (63,37) 0,05-0,10
CI (35,45)
Entre parênteses: Peso atômico do nutriente.
Fonte: Adaptado de Bernardes e Carmello (1996).
A unidade de expressão da concentração dos nutrientes na solução nutritiva mais
utilizada é o ppm (partes por milhão) que significa: partes do nutriente em um milhão de
partes de água, na composição da solução. Como a densidade da água é igual a 1,0 (1L
= 1 kg), as expressões seguintes significam ppm: mg do nutriente/L de solução; g do
nutriente/m de solução. Por exemplo: uma solução com 150 ppm de Ca, apresenta
150mg de Ca/L de solução (ou 150g/m).
A expressão da concentração em Molar é mais rara, mas a transformação para
ppm (e vice-versa) torna-se fácil pelo uso da seguinte fórmula:
68
ppm = mP x P.A. onde:
- mM = milimolar (= M/1.000)
P.A. = peso atômico do nutriente (ver quadro 1)
Os sais fontes de macronutrientes, após a pesagem, devem ser dissolvidos
saparadamente em um balde e só depois adicionados ao tanque de solução de cultivo,
contendo mais da metade do seu volume com água e com agitação freqüente. Nunca se
deve misturar na forma concentrada, soluções que contenham cálcio, sulfato de fosfato,
pois ocorre a precipitação de sulfato de cálcio e fosfato de cálcio. Os micronutrientes
são preparados na forma de coquetel como solução estoque e adicionados ao tanque na
hora do preparo da solução de cultivo.
Atenção: Toda a operação de pesagem e preparação da solução deve ser extremamente
cuidadosa, pois qualquer engano nesta etapa poderá trazer danos irreversíveis e
comprometer seriamente o crescimento e a qualidade das plantas.
4.2 – Manejo da solução nutritiva
O volume de solução nutritiva no tanque, para o cultivo da alface no sistema
NFT, não deve ser inferior a 1 litro por planta. Quanto maior o volume, menores serão
as alterações na concentração dos nutrientes na solução. O volume de água
evapotranspirada deve ser reposto diariamente, bem como efetuado também o
monitoramento de pH e da condutividade elétrica.
- pH
O índice pH mede a atividade dos íons hidrogênio (H) na solução.
Em valores de pH baixo (ácido), além dos efeitos do H sobre as células radiculares,
ocorre a competição entre o H e os nutrientes catiônicos (N-NH4, K, Ca, Mg, Cu, Fe,
Mn, Zn) e em pH elevado (alcalino), além da diminuição da absorção dos nutrientes
aniônicos da solução (NO3,H2PO4, SO4, CI, MoO4), ocorre também a precipitação do
Fe, Mn e Zn.
O valor pH da solução deve ser mantido entre 5,5 e 6,5. Quando o valor estiver abaixo
de 5,5, deve-se adicionar bases para elevá-lo, tais como o hidróxido de sódio (NaOH
69
1N) ou hidróxido de potássio (KOH 1N) e, quando acima de 6,5, adicionar ácidos para
abaixá-lo, como o ácido nítrico (HNO3 1N), ácido clorídrico (HCI 1N) ou ácido
sulfúrico (H2SO4 1N). É importante ressaltar que tratam-se de bases e ácidos fortes e
devem ser utilizados bem diluídos e com bastante cuidado no manuseio. O contato
direto com a pele e com os olhos pode causar sérias queimaduras. A medida do pH é
feita diretamente no tanque com o uso de um “peagâmetro portátil”. Deve-se lembrar,
que o peagâmetro exige uma calibração periódica. O uso do equipamento descalibrado
leva a erros que poderão prejudicar as plantas.
- Condutividade elétrica
A água contendo íons (nutrientes), apresenta a característica de conduzir a
eletricidade, e esta propriedade é denominada de “condutividade elétrica”. Quando
maior a quantidade de íons (nutrientes) na solução nutritiva, maior será sua
condutividade elétrica e vice-versa. Assim, a medida da condutividade elétrica, fornece
informações sobre a concentração de sais na solução, e é uma maneira prática e barata
de avaliar a necessidade ou não de se adicionar mais sais (nutrientes) à solução.
- Aeração, luz, temperatura e outros cuidados
O nível de oxigênio (O2) na solução é de fundamental importância para o sucesso do
cultivo em hidroponia. A absorção dos nutrientes pelas raízes das plantas é um processo
que depende de energia metabólica (ATP), que é originada na respiração das raízes.
Quando a solução apresenta baixos níveis de O2, ocorre a morte dos meristemas
radiculares, pequena ramificação das raízes e baixa absorção dos nutrientes; em
conseqüência, a planta cresce lentamente, ocorre o alongamento do seu ciclo e redução
da produção. Segundo Bliska Jr. E Honório (s/d), a alface responde bem acima de 7,82
x 10 moles de O2/litro de solução.
No sistema NFT, onde a circulação da solução é periódica, a sua aeração é feita
naturalmente. Para isto, é importante que a solução nutritiva, no seu retorno da
circulação pelas plantas, seja despejada no tanque com uma certa turbulência,
possibilitando sua melhor oxigenação. Em alguns casos onde o número de plantas é
elevado e o volume do tanque é pequeno, torna-se necessário uma aeração artificial.
70
Em todo sistema hidropônico, a solução nutritiva deve ficar protegida da luz, p/ evitar o
desenvolvimento de algas, que competem com as plantas por nutrientes e oxigênio e
produzem toxinas prejudiciais aos vegetais. Sobre os canais, tem sido utilizado lâminas
de isopor, brita e outros materiais, que além de fixar a planta, protegem a solução dos
raios solares. Nas extremidades dos canais, tanto na entrada quanto na saída da solução,
o bloqueio da luz tem sido feito com o uso de lona plástica preta.
A temperatura da solução não deve ultrapassar a 30ºC, com o risco de causar
injúrias à planta. A solução aquecida, tende a perder a capacidade de reter o oxigênio
nela dissolvido. Durante as épocas frias, recomendam-se que a temperatura esteja
próxima de 16ºC de dia e 10ºC à noite e nas épocas quentes, 24ºC de dia e 15ºC á noite,
variando esses valores com a espécie. Para a alface, a temperatura da água não deve
ultrapassar a 22ºC (L.J.L.Bernardes, 1995). A localização do tanque aterrado no solo, é
uma técnica recomendada para a manutenção de baixa temperatura na solução.
No sistema NFT, a circulação da solução nutritiva nos canais de cultivo não é contínua e
sim intermitente. Tem sido usados, períodos de 15 minutos de circulação e 15 minutos
de descanso, desde o raiar do sol até o anoitecer.
71
Sugestões de Soluções Nutritivas para Algumas Hortaliças Cultivadas no Sistema
NFT (valores em g/1000 l)
Sal Tomate Pimentão Beringela Pepino Alface Morango
Nitrato de
Cálcio
900 650 750 960 950 700
Nitrato de
Potássio
270 506
Sulfato de
Potássio
122
Fosfato de
Potássio
272 170 204 245 272 204
Cloreto de
Potássio
141
Sulfato de
Magnésio
216 246 370 418 246 246
Nitrato de
Magnésio
228 50 20
Fe - DTPA 43 37 32 43 50 25
Sulfato de
Manganês
4,23 1,70 2,54 4,23 1,70 1,70
Boráx 1,90 2,40 2,40 4,23 2,85 1,90
Sulfato de
Zinco
1,15 1,15 1,45 1,15 1,15 1,15
Sulfato de
Cobre
0,12 0,12 0,19 0,12 0,19 0,12
Molibdato
de Sódio
0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12
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Soluções Testadas para Cultura de Alface
A – Soluções
160g de sulfato duplo de potássio e magnésio
316g de nitrato de potássio
26g de MAP (monoamônio de fosfato)
96g de nitrato de amônio
164g de nitrato de cálcio
16g de sulfato de ferroso
2,5g de sulfato de manganês
2g de boráx
1g de sulfato de zinco
1g de sulfato de cobre
0,1g de ácido molíbdico
B – Soluções
19g de nitrato de amônio
50g de fosfato biácido de potássio
380g de nitrato de potássio
170g de nitrato de cálcio
80g de sulfato de magnésio
Micronutrientes: como da solução A
C – Soluções
200g de nitrato de potássio
125g de nitrato de nálcio
60g de sulfato de magnésio
30g de MAP (monoamônio de fosfato)
Micronutrientes: como da solução B
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Soluções Testadas para Cultura de Tomate
200g de nitrato de potássio
175g de nitrato de cálcio
125g de sulfato de magnésio
40g de MAP (monoamônio de fosfato)
Micronutrientes: como da solução B
Quantidade de Nutrientes em Meio Litro
CULTURAS N P K Ca Mg
Tomate 7 2 4 3 2
Pimentão 9 2,5 6 3 1,5
Pepino 13 3 6 7 4
Melão 13 4 6 7 3
Alface 6 1,5 4 2 1
Agrião 7 1 5 2 1
Rosa 7 2,4 7 3,6 4
Cravo 8 6 2 6 3
5 Estufas
A estufa é uma estrutura com cobertura plástica transparente, que confere às
plantas proteção a geadas, ventos, chuvas, granizo; encurta seu ciclo, aumenta a
produção e propicia a obtenção de colheitas fora de época, além de diminuir a
incidência de pragas e doenças.
Materiais diversos são utilizados na construção das estufas como madeira,
concreto, ferro galvanizado, alumínio, cada um com seus custos e durabilidade.
Encontra-se firmas especializadas na construção de estufas, na maioria das vezes, de
estrutura metálica. Dependendo do material, do modelo, do fabricante, etc., o custo de
uma estufa pode variar de R$5,00/m a R$18,00/m (Bliska Jr. e Honório, s/d). As mais
baratas, normalmente de madeira, bambu, exigem uma maior manutenção e seu tempo
de vida é curto (5 a 7 anos). As caras, geralmente metálicas, além de exigirem menor
manutenção, apresentam um tempo de vida útil mais longo (até 25 anos).
74
Na prática, as dimensões das estufas são bastantes variadas. Tem sido utilizadas
estufas pequenas, individuais p/ cada bancada de cultivo, com dimensões de 2m de
largura e até 15m de comprimento. Estufas grandes, acomodando diversas bancadas no
seu interior são as mais utilizadas, com dimensões que variam de acordo com produção
mensal que se deseja obter. Este dimensionamento, certamente, exige um projeto
técnico. Em locais muito quentes, recomenda-se que as estufas, principalmente as
grandes, tenham no mínimo 3m de pé direito. Existem diversos modelos de estufa,
como mostra a e a escolha fica, também, a critério do interessado.
É importante construir as estufas em locais protegidos de ventos, próximas de
fontes de água, energia, resistência e expostas ao sol. O ideal é que o terreno seja
levemente inclinado (2 a 3%), p/ permitir boa drenagem.
De acordo com Castellane e Araújo (1994), p/ a cobertura das estufas, os filmes
de polietileno transparentes são os mais utilizados, sendo encontrados no mercado nas
larguras de 4,0; 6,0; 7,6; 8,0; e 12,0m; com comprimentos que variam de 105,0 e
200,0m; e espessuras 0,075; 0,10; 0,15 e 0,20mm. Segundo os autores, os filmes de
polietileno devem ser tratados com materiais específicos visando a sua proteção contra
os raios ultravioletas (U.V.), que aceleram a degradação do plástico, obtendo assim, um
material de vida útil mais longa.
Para qualquer modelo escolhido o ângulo de inclinação do telhado deve ser
suficiente p/ um rápido escoamento da água das chuvas de maneira a não “embriagar” o
plástico. Este deve ser colocado em horário de pouco vento, temperatura quente e bem
esticado. Os locais da estrutura (madeira ou metálica) em contato com o plástico, devem
ser protegidos com plásticos velhos, pois o atrito entre eles é um dos principais fatores
de danos ao plástico da cobertura.
Quando a estrutura é de madeira, p/ uma maior durabilidade, recomenda-se o
uso de produtos químicos que auxiliem na preservação da mesma. Em contato com o
solo, deve-se usar uma proteção de plástico ou base de concreto.
Literalmente, as estufas ficam abertas ou podem ser providas de uma tela plástica
(clarite, sombrite), o que protege as plantas de insetos e/ou transmissores de doenças.
Em locais onde o inverno é rigoroso, cortinas de filme de polietileno tem sido utilizadas
p/ maior proteção contra o frio e os ventos.
5.1 Bancadas de cultivo
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As bancadas de cultivo da alface no sistema NFT, montadas a cerca de 80cm do
solo, geralmente apresentam de 1,5 a 2m de largura e no máximo 15cm de
comprimento. As bancadas contém canais por onde circula a solução nutritiva e onde se
desenvolvem as raízes das plantas. Podem ser utilizadas telhas de fibrocimento ou
cimento-amianto (2,44m x 0,5m e 4 mm de espessura, e canais com 4 a 5cm de
profundidade) ou canos de pvc de 75 ou 100mm, partidos ao meio no sentido
longitudinal. A declividade dos canais deve ser de 2%, p/ a circulação normal da
solução por gravidade. Quando se usa telhas de cimento-amianto, estas devem ser
forradas com um filme plástico. O comprimento total de cada bancada não deve exceder
15m, devido ao esgotamento dos nutrientes e do oxigênio da solução pelas raízes das
plantas e pelo aquecimento da solução.
5.2 Componentes do Sistema Hidráulico
O sistema hidráulico de um conjunto hidropônico NFT é fechado ou seja, a solução
nutritiva é bombeada de um reservatório e distribuída sobre as bancadas. O excesso de
solução que saia das bancadas é captado e levado novamente até o reservatório por
intermediário de uma outra tubulação .
Na escolha dos materiais que serão utilizados no sistema hidráulico, deve-se
lembrar que a solução nutritiva é composta de diversos sais que poderão acelerar o
processo de corrosão de alguns materiais deverá compensar o maior investimento
inicial.
O outro ponto que também não deve ser esquecido durante a montagem ou elaboração
de um projeto, é que as plantas não poderão ficar sem receber a solução nutritiva por
muito tempo. Por este motivo, qualquer garantia adicional que permita o perfeito
funcionamento do sistema é importante.
a)- Reservatório
A capacidade do reservatório depende da espécie e do número de plantas que pretende
produzir. Para a alface têm-se recomendado no mínimo 1 litro de solução por planta.
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Por exemplo: se quisermos produzir 5.000 plantas num conjunto de estufas, o
reservatório deverá ter um volume de no mínimo 5.000 litros (5m).
Os reservatórios podem ser de qualquer material (cimento, cimento-amianto,
fibra de vidro, plástico, aço, etc.). Como regra geral, qualquer reservatório que possa ser
utilizado p/ água potável poderá ser utilizado p/ hidroponia. O uso de lonas plásticas ou
de tintas atóxicas são recursos que podem permitir uma melhor impermeabilização e
reduzir a corrosão de alguns materiais.
Eles deverão ser colocados na parte mais baixa do conjunto de estufas,
permitindo que a solução retorne das bancadas sob efeito da gravidade. Caso haja
necessidade, poderão ficar abaixo do nível do solo (escavados).
b)- Tubulação e registros
Sempre deve-se dar preferência a materiais como o pvc por razões anteriormente
comentadas. Apresentam, quando comparado com outros materiais, vantagens como a
facilidade de instalação, baixo custo e resistência à corrosão.
A tubulação que distribui a solução sobre as bancadas (tubulação de
distribuição) deverá ter 25mm (3/4) de diâmetro e apresentar furos com
aproximadamente 2,5mm coincidentes com os canais onde se desenvolverão as raízes
das plantas (figura 6c). A instalação de um registro nesta tubulação, individual em cada
bancada, permitirá o controle da vazão, que deverá ser de aproximadamente 1,5 a 2,0
litros por minuto em cada orifício (canal).
A tubulação que sai da bomba e vai até as bancadas (tubulação de recalque)
deverá ter um diâmetro suficiente p/ atender todas as bancadas. Quanto maior for o
número de bancadas atendidas por esta tubulação, maior deverá ser o diâmetro. Para o
seu dimensionamento, recomenda-se que a velocidade de escoamento da solução no
interior da tubulação, no trecho inicial, permaneça entre 1,0 e 2,5 m/s.
Normalmente uma tubulação de 50mm com declividade maior ou igual a 1% é
suficiente p/ várias estufas. Esta tubulação deverá entrar no reservatório acima do nível
em que a solução se encontra.
c)- Conjunto moto-bomba
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O conjunto moto-bomba tem a função de levar a solução nutritiva do
reservatório até as bancadas. Os modelos mais adequados p/ o cultivo hidropônico são
popularmente denominados de bombas centrífugas. Estes equipamentos são bastante
versáteis e, no caso da hidroponia, normalmente requerem motores de pequena potência
p/ o seu acionamento.
As bombas também estarão sujeitas à corrosão. Por este motivo recomenda-se
manutenções mais freqüentes, reduzindo o risco de alguma falha no sistema que possa
deixar as plantas sem receber a solução. A manutenção de elementos de vedação do
eixo da bomba (gaxeta, selo mecânico) em estoques e/ou um conjunto moto-bomba
reserva também são alternativas interessantes. Já existem no mercado bombas cujas
peças em contato com o líquido não sofrem o ataque de sais. Estas bombas, apesar de
apresentarem um custo mais elevado, tem as mesmas vantagens dos tubos e registros de
pvc.
Para o dimensionamento do conjunto moto-bomba, é necessário o conhecimento
da vazão total do conjunto de estufas que se está atendendo (Q) e da altura manométrica
(Hm). São dados que deveremos informar p/ a aquisição do equipamento no comércio.
A vazão aplicada em cada bancada será igual a vazão aplicada em cada canaleta
(geralmente de1,5 a 2,0 L/min) multiplicada pelo número de canaletas utilizadas por
bancada. A soma da vazão de cada uma das bancadas será a vazão que a bomba deverá
produzir (Q).
O conjunto moto-bomba poderá ser instalado acima ou abaixo do nível da
solução no interior do reservatório. A instalação abaixo do nível não necessita de
válvula na tubulação de sucção. Esta válvula está freqüentemente sujeita a problemas e
equipamentos que poderiam colocar a distribuição da solução em risco.
Exemplo: Suponhamos que um conjunto moto-bomba deva atender a um sistema
composto por 3 bancadas. Em cada uma delas serão utilizadas 8 canaledas e aplicados
2,0 litros por minuto. Admitindo que a diferença de nível entre o reservatório e a
tubulação de distribuição seja de 4 metros e que a bomba terá um rendimento de 60%, a
potência do motor poderá ser estimada da seguinte forma:
Vazão aplicada por bancada = 8 canaletas por bancada x 2,0 L/min = 16L/min
Vazão a ser bombeada (Q) = 16 L/min x 3 bancadas = 48 L/min
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Altura geométrica (Hg) = 4m
Perda de cargas nos acessórios (a) = 0,4m
Perda de carga nas tubulações (b) = 0,9m
Pressão necessária na tubulação de distribuição = 1,0m
Altura manométrica (Hm) = Hg + (a) + (b) + (c) = 4,0 + 0,4 + 0,9 + 1,0 = 6,2m
Potência absorvida pela bomba (N) => N= Q. Hm = 48 . 6,2 = 0,11 cv
45.ƞ 45.60
Potência do motor = N + 50% = 0,11 + 0,05 = 0,16 cv
Outros Métodos de cultivo sem solo
Sistema de Tanque de Areia e Cascalho
A representação de uma unidade hidropônica em areia e cascalho consta de uma
armação de canteiro com cobertura impermeabilizante de tinta asfática, que recebe
calhas perfuradas p/ subirrigação cobertas por camada de cascalho (em torno de 20cm) e
de areia, p/ sustentação das plantas.
Osistema funciona como se fosse agricultura convencional com subirrigação,
substituindo-se o solo por leito de areia e cascalho, com resultados positivos. Em
regiões de temperatura elevada e baixa altitude esse tipo de cultivo também é variável
desde que haja proteção, com cobertura de sombrite e microaspersores de água, p/
amenizar o efeito dos raios ultravioletas, evitando assim aquecimento excessivo. É o
método mais difundido em regiões áridas e semi-áridas. A calha central funciona à base
de subirrigação. Os espaços entre os cascalhos e grãos de areia, no passar da solução
nutritiva, com os movimentos de inundação e escoamento, faz o arejamento. O esquema
seguinte mostra um esboço da instalação. Esse tipo de estrutura é ideal p/ o cultivo de
batata, cenoura, beterraba, rabanete, melão, etc.
Sistemas de Tanque de Água Aberto
O tanque de água é simplesmente uma “piscina”e pode ser construído de
alvenaria, madeira, metal e outros materiais. A superfície em contato com a água deve
ser impermeabilizada ou protegida com plástico. É necessário que se mantenha uma
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pequena profundidade de solução no tanque constantemente (de três a cinco centímetros
mais ou menos). A solução deve ser renovada periodicamente, pelo menos de 30 em 30
minutos, levada através de bomba, controlada por um “timer” programador. As mudas
são colocadas no tanque e são coletadas através de podas. É ideal p/ agrião.
Terra Artificial
O sistema de produção sem terra define-se como aquele no qual a planta se
desenvolvem seu sistema radicular em alguns substrato ou mistura de substratos inertes.
A administração dos alimentos essenciais p/ o desenvolvimento das plantas faz-se
através da irrigação por gotejamento ou por capilaridade.
Materiais inertes:
- pedra
- palha de arroz queimada
- areia
- lã de rocha
- vermiculita
Há certos requisitos que cada meio de cultivo deve suprir. Deve prover suficiente
ancoragem mais do que de suporte à planta, ter boa aeração, boa retenção de umidade e
ao mesmo tempo ter boa drenagem, estar livre de enfermidade e que possa ser
esterilizado sem causar efeitos adversos ao cultivo.
Existem muitas formas de montar um sistema de cultivo sem terra. Para isso, utiliza-
se desde, potes plásticos, canais de cimento, caniçadas e até o chão do galpão.
A seguir, descrevemos alguns sistemas, relembrando que, cada um deles é factível
com o uso de qualquer substrato ou mistura deles.
Sistema de cultivo sem terra utilizando potes e cilindros plásticos
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Para esse tipo de sistema, são utilizados substratos e misturas que sejam leves,
como: turfa, vermiculita, serragem de coco, casca de arroz, argila e expandida, lã
mineral e outros.
Neste tipo de sistema não se recicla a solução. O consumo de nutrientes é maior que em
sistemas recicláveis, no entanto, é um sistema fácil de manejar por não haver
necessidade de controle da solução nutritiva. Enquanto a solução não estiver circulando,
a sua composição inicial não muda, porque cada vez que se irrigar o sistema, a
concentração de nutrientes será sempre a mesma.
Lã de rocha
O sistema que utiliza a lã de rocha (material usado geralmente na floricultura p/
fixar as plantas nos arranjos florais, tipo argila expandida, e retém umidade) em
substituição à terra, foi desenvolvido na Holanda e popularizou-se rapidamente no
mundo inteiro.
Como sistema de fornecimento do líquido nutriente, utilizamos o gotejamento.
Pode-se utilizar outros sistemas, mas este é o mais recomendável.
Valor Nutritivo dos Produtos Hidropônicos
Pesquisas feitas por engenheiros de alimentos e nutricionistas, comprovam que o valor
nutritivo dos produtos obtidos pela técnica hidropônica, é satisfatória. As análises feitas
revelam que o conteúdo em sais minerais e vitaminas é perfeitamente normal. As
plantas, por receberem a dosagem certa e controlada, apresentam um valor nutricional
balanceado. Podemos observar que é possível obter tomates mais ricos em cálcio e
ferro. O sabor das frutas e verduras hidropônicas é excelentes, considerados como
saborosos e substanciais.
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ANÁLISE E ADUBAÇÃO FOLIAR
Na planta são encontrados praticamente todos os elementos da tabela periódica,
pois a mesma absorve indiscriminadamente elementos essenciais e não essenciais.
Entretanto somente poucos elementos têm importância na nutrição mineral de plantas.
Existe uma relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas
e, o teor de nutrientes em seus tecidos. Essa relação caracteriza-se por uma curva em
que se distingue 5 regiões:
I e II – regiões de deficiência
III – região de adequação
IV – região de consumo de luxo
V – região de toxidez
(ver gráfico na apostila de nutrição mineral de plantas – xerox)
O conhecimento dos teores de nutrientes nos tecidos relacionados com cada uma
dessas regiões permite que por meio de sua análise, avalie o estado nutricional das
culturas.
Os solos são heterogêneos e neles ocorrem reações complexas, envolvendo os
nutrientes adicionados pelos adubos, que muitas vezes, embora presentes em
quantidades adequadas, não estão disponíveis para absorção pelas raízes.
Os tecidos da planta, mostram o status nutricional da planta em dado momento,
de modo que a análise dos tecidos, aliada à análise de solos, permite uma avaliação mais
eficiente do estado nutricional da cultura e das necessidades de redirecionamento do
programa de adubação.
Com relação à análise de micronutrientes, a análise de tecidos se torna ainda
muito mais importante , considerando a carência de valores de referência para
interpretação dos teores no solo e a falta de padronização dos métodos analíticos
empregados em sua determinação.
A parte da planta geralmente usada para diagnóstico do estado nutricional é a
folha, por ser a sede do metabolismo e refletir bem, na sua composição, as mudanças
nutricionais.
82
A diagnose foliar tem sido utilizada nas seguintes situações:
- Na avaliação do estado nutricional das plantas e da probabilidade de respostas às
adubações;
- Na verificação do equilíbrio nutricional das plantas;
- Na constatação da ocorrência de deficiência e toxidez de nutrientes;
- No acompanhamento, avaliação e ajuda nos ajustes do programa de adubação;
- Na avaliação da ocorrência de salinidade elevada em áreas irrigadas ou cultivos
hidropônicos.
Para que a diagnose foliar seja aplicada com sucesso, é necessário que se cumpra
adequadamente as seguintes etapas:
1ª Normatização da amostragem, preparo das amostras e análise química dos
tecidos;
2ª Obtenção de padrões de referência;
3ª Interpretação dos resultados analíticos.
Amostragem, preparo das amostras e análise dos tecidos vegetais
- Coleta das amostras
A parte amostrada deve ser representativa da planta toda, e a escolha em geral
recai sobre as folhas.
A coleta deve ser feita em:
- Talhões homogêneos
- Época apropriada
- Em posições definidas
- 50 a 100 folhas por talhão
Obs: Não se deve fazer coletas de folhas em semanas que antecedem adubação
de solo ou foliar, aplicações de defensivos ou após períodos intensos de chuvas.
Tipos de folhas coletadas
- Espécies herbáceas => folhas recém-maduras completamente desenvolvidas
- Espécies lenhosas => folhas do terço médio do broto do ano, com posição bem
definida em relação aos frutos.
- Espécies perenes => época de menor flutuação estacional como a mais indicada
para o diagnóstico.
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Obs: A posição de amostragem ideal é aquela em que ocorrem menores flutuações
nas concentrações de nutrientes ao longo do ano. (Veja a época mais específica para
cada cultura na 5ª aproximação)
Outros tipos de materiais analisados:
Seiva => principalmente em cultivo hidropônico
Flores=> fruteiras cuja às folhas se desenvolvem após a floração ( Pêra, maçã,
pêssego, etc...)
Preparo e remessa das amostras ao laboratório
Ideal que amostra chegue ao laboratório ainda verde e, se possível no mesmo dia
da coleta, acondicionadas em saco plástico, quando mantida e transportada a baixa
temperatura, caso contrário, deve ser acondicionadas em saco de papel.
Obs: As amostras devem ser enviadas em embalagens reforçadas, devidamente
identificadas com número, tipo de cultura, localidade, data de coleta, nutrientes para
analisar e endereço.
No laboratório:
Lavagem secagem moagem armazenamento
Lavagem: dois processos – 1º Lavagem em água destilada contendo gotas de
detergente sob agitação. Em seguida enxaguada em água destilada, em porções
sucessivas, para remover todo detergente, sendo a seguir colocadas sobre papel
absorvente.
2º Por imersão em solução de HCl 0,1 mol/L mais Tween a 0,1g/L/3´. Em seguida
enxaguada em água destilada – papel absorvente.
Secagem: as amostras são colocadas em sacos de papel perfurados e postas a
secar em estufas com circulação forçada de ar, com temperatura variando de 65 a 70º C.
Na ausência de estufas, as amostras podem ser acondicionadas em sacos de papel e
postas a secar ao sol.
Moagem: Utilizar, de preferência, moinhos inoxidáveis para evitar contaminação
com Fé, Zn e Cu. A seguir as amostras são passadas em peneiras de 1mm de malha ou
de 20 mesh no caso de moinhos do tipo Wiley.
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Armazenamento: Acondicionar as amostras trituradas em frascos de vidro ou
plástico, devidamente tampados e identificados.
No caso de seiva, a mostra deve ser representativa da parcela cujo estado
nutricional se deseja avaliar, sendo necessário tomadas de sub amostras para compor a
amostra a ser analisada. Em geral são necessários 10 mL de seiva, que poderão ser
extraídos de 20 a 30 g de tecidos frescos para plantas herbáceas e, de 40 – 100g de
tecidos fresco para plantas mais lenhosas. Essas amostras devem ser enviadas ao
laboratório o mais rápido possível. No laboratório, a amostra será limpa, o tecido
condutor separado, fatiado, imerso em éter etílico e congelado à temperatura de –20 a –
30ºC. Após congelamento a amostra poderá ser armazenada por tempo indeterminado.
A extração da seiva será realizada no momento da análise, após o descongelamento e
separação do éter etílico em funil de decantação.
Análise química do tecido
O material vegetal seco é submetido à moagem e mineralizado por via seca em
mufla a 450ºC, ou por digestão ácida. Os nutrientes são dosados nos extratos obtidos
por colorimetria ou absorção atômica. No caso da análise de seiva, a mineralização pode
ser dispensável, fazendo-se apenas diluições adequadas e dosando-se os nutrientes com
eletrodos seletivos,cromatografia iônica, colorimétrica ou absorção atômica.
É importante que o laboratório seja confiável e possua algum sistema de
acompanhamento e avaliação da qualidade.É de grande interesse que os laboratórios de
determinada região, ou mesmo do País, padronizem os métodos de análises, evitando,
assim, variações nos resultados, inerente aos métodos empregados.
Modo simplificado das metodologias de análises
- gravimétrico
- titulometria
o oxi-redução
o complexometria
o ácido-base
- turbidimetria
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- colorimetria
- fotometria
o emissão
o absorção
Padrões de referências ou normas
Esses padrões podem ser obtidos de populações de plantas da mesma espécie e
variedades altamente produtivas, ou ensaios em condições controladas.
Deve-se atentar para:
- clima
- face de exposição
- tipo de solo
- disponibilidade de água e nutrientes
- idade da cultura
- porta-enxerto
- volume e eficiência de sistema radicular
- ataque de pragas e doenças
- uso de defensivo foliar.
Interpretação dos resultados da análise foliar
São interpretados pela comparação com padrões ou normas.
Os métodos de interpretação dos resultados podem ser estatísticos, quando
implicam uma mera comparação entre a concentração de um elemento na amostra em
teste e sua norma {nível crítico, faixa de suficiência, fertigramas e desvio percentual do
ótimo (DOP)}. Dinâmico, quando usam relação de 2 ou mais elementos (sistema
integrado de diagnose e recomendações – DRIS)
(VER 5ª APROXIMAÇÃO – diagnose foliar)
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Adubação foliar
A adubação foliar consiste no suprimento de nutrientes por pulverização nas
partes aéreas das plantas, principalmente nas folhas.
A mais de 100 anos é conhecido à habilidade das plantas em absorver nutrientes
pelas folhas. No Brasil a adubação foliar de micronutrientes já era rotina em café, citrus
e hortaliças, a cerca de 50 anos, baseando-se em recomendações de outros países.
Primeiros estudos no país, fim da década de 50 e início de 60.
Tem sido observado, realmente que a adubação foliar tem potencial para
proporcionar uma economia de adubos
(VER TABELA NA APOSTILA DE NUTRIÇÃO)
Absorção foliar
- Simplasto
- Apoplasto
Fatores que influenciam a absorção foliar
a) Superfície foliar
Presença de pêlos e tricomas, aumentam a superfície de contato com a solução
b) Composição química da cutícula
Ceras e cutinas, são substâncias lipídicas: quanto > a quantidade de cera mais
difícil é absorção.
c) Permeabilidade da cutícula
As cutículas desidratadas são quase impermeáveis, enquanto as bem hidratadas
são bastante permeáveis à água e hidrossolutos.
d) Idade da folha
Quanto mais nova, maior é absorção
e) Estado iônico interno
Quanto maior a concentração do elemento menor é a absorção, principalmente no
caso do P.
f) Estádio fisiológico da cultura
A absorção varia com cada cultura.
g) Mobilidade
h) Seletividade
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A planta sempre absorve primeiro cátion monovalentes (K+) e depois os bivalentes
(Ca ++, Mg++).
Relações semelhantes ocorrem entre os ânions
i)Absorção desigual de ânions e cátions
j)Antagonismo iônico
k) Inibição competitiva e não competitiva
Trata-se da diminuição na quantidade de um elemento absorvido, devido a
presença de outro.
- competitiva => compete pelo mesmo sítio do carregador
- não competitiva=> quando a ligação se faz por sítios diferentes
l)Sinergismo iônico
O Mg++ acelera a entrada do H2PO4-
Ca ++ em baixa concentração aumenta a absorção de K+
m) Concentração das soluções
Ver TABELA – APOSTILA)
n) Composição da solução
Os diferentes elementos apresentam velocidades tb diferentes de absorção:
Ex: N amídico >N nítrico > N amoniacal
o) pH da solução
O efeito é variável, pois cada nutriente apresenta um pH ideal para absorção
p) Surfactantes
Produto utilizado para melhorar a superfície de contato entre a solução e a
superfície foliar.
q) Luz
Quanto maior a intensidade , maior é absorção
r) Disponibilidade de água no solo
Solo suprido em água, mantém túrgidas as células das plantas e boa hidratação da
cutícula, favorecendo a penetração foliar dos nutrientes
s) Temperatura
Máxima absorção ocorre quando a temperatura é ótima também para o
crescimento
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t)Umidade atm
A umidade favorece a absorção foliar ao impedir a evaporação da solução
aplicada, conservando-se sobre a folha por mais tempo, permitindo sua melhor
distribuição sobre a superfície da folha e mantendo a cutícula hidratada.
u) Horário de aplicação
As aplicações devem ser feitas pela manhã ou a tarde, nas horas mais frescas do
dia, pois, proporcionam o favorecimento dos adubos foliares sem perigo de ocorrer
queima das folhas
Influência do horário de aplicação de foliares na produção de soja
Hora Produção
t/ha
8:00 2350
11:00 2180
14:00 2060
18:00 2550
v) Equipamento
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