Apostila de Agricultura

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Apostila de Agricultura- MóduloI Professora Débora Valente Introdução a Agricultura Agricultura: Do latim: “agri” – DO CAMPO, e “cultura” – CULTIVO, APROVEITAMENTO, Portanto, Agricultura consiste no cultivo ou aproveitamento dos campos. Definições: 1. A arte e a ciência de cultivar os campos . 2. Arte de cultivar ou de melhorar o solo, de modo a fazê-lo produzir a > qtde possível de vegetais próprios ao uso do homem e dos animais domésticos. 3. A arte de retirar do solo de maneira + econômica, a maior quantidade de materiais úteis ao homem. 4. O esforço do homem em tirar do solo, ou melhor, da natureza, os elementos necessários à vida. 5. Arte de cultivar os campos ou o conjunto de operações que transformam o SOLO NATURAL para produção de vegetais úteis ao homem (AURÉLIO). ORIGEM DA AGRICULTURA Agricultura teve origem com o início da existência da espécie “A agricultura é a mais antiga das artes de cultivo da terra “tão velha qt°a existência do gênero humano” NA BÍBLIA “...E PLANTOU o Senhor Deus um jardim no Éden, ao Oriente... Do solo fez brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boa para alimento... E saia um rio do Éden p/ regar o jardim e dali se dividia em quatro braços: Fisom, Geon, TIGRE e EUFRATES...Tomou, pois, o Senhor Deus o homem e o colocou no Jardim do Éden p/ que o cultivasse.” (Gênesis, 1, 11-12, 29a. 2, 8-15a) “...Abel era pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo.” (Gênesis, 2, 2) PARA A CIÊNCIA (Evolução da agricultura no tempo) Surgimento da espécie humana: 500.000 a.C.

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Apostila de Agricultura- MóduloIProfessora Débora ValenteIntrodução a Agricultura

Agricultura: Do latim: “agri” – DO CAMPO, e “cultura” – CULTIVO, APROVEITAMENTO, Portanto, Agricultura consiste no cultivo ou aproveitamento dos campos.

Definições:1. A arte e a ciência de cultivar os campos .

2. Arte de cultivar ou de melhorar o solo, de modo a fazê-loproduzir a > qtde possível de vegetais próprios ao uso dohomem e dos animais domésticos.

3. A arte de retirar do solo de maneira + econômica, a maior quantidade de materiais úteis ao homem.

4. O esforço do homem em tirar do solo, ou melhor, da natureza, os elementos necessários à vida.

5. Arte de cultivar os campos ou o conjunto de operações quetransformam o SOLO NATURAL para produção de vegetaisúteis ao homem (AURÉLIO).

ORIGEM DA AGRICULTURAAgricultura teve origem com o início da existência da espécie

“A agricultura é a mais antiga das artes de cultivo da terra “tãovelha qt°a existência do gênero humano”

NA BÍBLIA“...E PLANTOU o Senhor Deus um jardim no Éden, ao Oriente...Do solo fez brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista eboa para alimento... E saia um rio do Éden p/ regar o jardim edali se dividia em quatro braços: Fisom, Geon, TIGRE eEUFRATES...Tomou, pois, o Senhor Deus o homem e ocolocou no Jardim do Éden p/ que o cultivasse.”(Gênesis, 1, 11-12, 29a. 2, 8-15a)“...Abel era pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo.”(Gênesis, 2, 2)

PARA A CIÊNCIA (Evolução da agricultura no tempo)Surgimento da espécie humana: 500.000 a.C.Evolução da agricultura:→ Paleolítico: 600.000 até 10.000 a.C.→ Neolítico: 10.000 até 5.000 a. C.

Durante o período neolítico as principais áreas agrícolaslocalizavam-se:- Golfo Pérsico: nos vales dos rios TIGRES e EUFRATES(Antiga Mesopotâmia)- No vale do rio Nilo (Egito).

Acredita-se também que a agricultura surgiu em três outrasregiões sem nenhuma comunicação com a região doCrescente Fértil- CHINA- SUDOESTE DA ÁSIA (ÍNDIA)- NA AMÉRICA TROPICALAs primeiras civilizações que se tem conhecimento eregistros históricos surgiram nas seguintes regiões:- No Oriente médio às margens dos rios Nilo, Tigre eEufrates- Na China às margens dos rios Amarelo e Huang-ho- Nas Américas nos planaltos do México e Peru.

ORIGEM E DOMESTICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIESCULTIVADAS- Mediterrâneo oriental (Crescente Fértil):• O trigo e cevada (Carboidratos)• Lentilha e a Ervilha (Proteínas)• Outras (grão de bico, oliveira, tamareira, romã e parreira)- China• Arroz (6.000 a. C.): 11% das terras cultivadas do mundo• Soja (3.100 a. C.)- Regiões tropicais da Ásia• Inhame: rizomas que são caules subterrâneos• Banana: amplamente cultivada na América Central e Latina.

ORIGEM E DOMESTICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIESCULTIVADAS- África• Sorgo, quiabo, cará e o cafeeiro• O dendê e a Cana-de-açúcar- Novo Mundo (Américas)• Cucurbitáceas: melão, melancia e abóbora (10.000 a. C.)• Milho (como fonte de carboidratos)• Feijão comum (fonte de proteína)• Amendoim• Tomate, fumo, cacaueiro, abacaxi e o abacateiro (méxico)• Batata inglesa (andes)• Girassol (domesticado por nativos EUA a 3.000 a. C.)• Mandioca (Regiões secas da América do Sul)

IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS PARA HUMANIDADE→ Liberam e mantêm o oxigênio atmosférico (respiração)→ Captam CO2 que é um contaminante do ar→ Fornecem produtos p/ nossa alimentação→ Medicamentos para prevenção e cura de doenças→ Enriquecem os solos: ciclagem de nutrientes→ Proteção do solo contra o processo de erosão

IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS PARA HUMANIDADE→ São utilizadas na construção civil→ Produção de energia (biodiesel)→ Fibras são utilizadas na fabricação de roupas→ Papel, borracha e temperos

→ Bebidas alcoólicas: cerveja, vinho, aguardente, etc.→ Bebidas não-alcoólicas: café, chocolate, sucos, etc.→ Embelezamento do ambiente físico

SUPRIMENTO MUNDIAL DE ALIMENTOSQuatorze espécies de plantas (essenciais)• Trigo, arroz, milho, a batata inglesa, batata-doce emandioca (carboidratos): 80% das calorias ingeridas peloshumanos.• Cana-de-açúcar, beterraba açucareira, feijão, soja,cevada, sorgo, coco e a banana.

IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURADe acordo com as Escrituras Sagradas a agricultura foi oprimeiro ramo da atividade humana, desde Abel que era pastor eCaim agricultor.Foi sempre considerada, em todos os tempos, como a ocupaçãomais nobre e mais útil da humanidade.Os povos mais antigos do Oriente se basearam na agricultura ea ela deveram o progresso de suas civilizações.

“Não há profissão que se possa compararem importância à agricultura, porque deladepende a alimentação dos homens e dosanimais domésticos; nela repousam asaúde e o desenvolvimento da espéciehumana e a riqueza dos Estados (Liebig)”.

Assim, a agricultura se tornou uma ciência, muito complexa:AGRONOMIA (agros = campos, nomos = ciência) queestuda as leis físicas, químicas e biológicas, aplicadas aossolos, culturas e rebanhos, melhorando-os p/ o máximoprogresso das nações e bem-estar da humanidade.

UM BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA MODERNA

Em escala global, a agricultura tem sido bem sucedida, satisfazendo uma demanda crescente de alimentos durante a última metade do século XX. O rendimento de grãos básicos com trigo e arroz aumentou enormemente, os preços dos alimentos caíram, a taxa de aumento da produção de alimentos excedeu, em geral, a taxa de crescimento populacional, e a fome diminuiu. Esse impulso na produção de alimentos deveu-se, principalmente, a avanços científicos e inovações tecnológicas, incluindo o desenvolvimento de novas variedades de plantas, o uso de fertilizantes e agrotóxicos, e o crescimento de grandes infraestruturas de irrigação.

A despeito de seus sucessos, contudo, nosso sistema de produção global de alimentos está no processo de minar a própria fundação sobre a qual foi construído. As técnicas, inovações, práticas e políticas que permitiram aumentos na produtividade também minaram a sua base. Elas retiram excessivamente e degradam os recursos naturais dos quais a agricultura depende - o solo, reservas de água e a diversidade genética natural. Também criaram dependência de combustíveis fosseis não

renováveis e ajudaram a forjar um sistema que cada vez mais retira a responsabilidade de cultivar alimentos das mãos de produtores assalariados agrícolas, que estão na melhor posição para serem os guardiões da terra agricultável. Em resumo,

a agricultura moderna é insustentável - ela não pode continuar produzindo comida suficiente para a população global, a longo prazo, porque deteriora as condições que a tornam possível.

Nada pode ser mais imprescindível quanto a agricultura, lembremo-nos das palavras do presidente Jackson, dos EUA, “ se as cidades forem destruídas e os campos agrícolas conservados, essas ressurgirão, contudo se forem arrasados os campos e conservadas as cidades, estas sucumbirão.

Os norte-americanos, após a segunda guerra organizaram a reestruturação da economia internacional, criaram mecanismos sofisticados, para tornar a Europa e o Japão dependentes, tanto de seu poderio militar quanto de sua agricultura industrial.

Mas os europeus e japoneses logo perceberam as manobras diplomáticas militares e comerciais dos EUA e passaram a opor-se silenciosamente, dentro da liberdade possível.

Os japoneses imploraram submissamente que lhes fosse permitido colocar, em sua constituição pós-rendição incondicional, que não seriam obrigados a importar arroz, seu alimento básico.

Reestruturaram a produção de arroz e passaram dez anos comendo somente arroz, porem arroz da agricultura japonesa base da construção do milagre.

Os alemães passaram cinco anos comendo batatas, somente batatas produzidas por sua agricultura, para poupar recursos e poder também, reconstruir sua economia.

Eles perceberam que sem Segurança alimentar, seriam absorvidos pelos dois blocos hegemônicos, sem oposição.

Os países em desenvolvimento e sem essa visão da agricultura passaram a importar o modelo de agricultura criado pelos EUA(Revolução Verde) sem se preocupar com sua Segurança Alimentar. A agricultura foi transformada em consumidora desenfreada de produtos e isto gerou o êxodo rural, por falta de oportunidades e destruição da saúde e meio ambiente.

Fertilizantes químicos solúveis são caros e inacessíveis para os pequenos agriculturas, sem crédito. Agrotóxicos perigosos envenenam os trabalhadores e o ambiente. Por tudo isso é que deve-se buscar uma agricultura sustentável que não prejudique quem nela trabalha, dela se alimenta e nem destrua o planeta.

Tipos de agriculturaAgricultura tradicional

Modelo muito abrangente Procura um equilíbrio entre:

objetivos de produção manutenção das condições de fertilidade dos solos manutenção dos recursos hídricos e biológicos

Pode ser mecanizada Recorre a produtos químicos Procura usar a fertilização orgânica Adapta um sistema de rotação de culturas,:

Pousio Cultivo de leguminosas

Agricultura itinerante

Tipo de sistema agrícola primitivo Adaptado nos ecossistemas de florestas tropicais O ser humano

derruba um trechoda floresta

Queima-se a terra para a preparar para cultivo de subsistência Obtém-se alimento durante poucos anos (4 a 6 anos) No final, abandona-se a área que se torna improdutiva Ocupa-se novos trechos da floresta e assim por diante A área inicial abandonada, onde se estabeleceu vegetação secundária, após

cerca de vinte anos, poderá ser novamente utilizada para o cultivo

Agricultura intensiva

Aposta na exclusiva maximização das produções com recurso a elevada mecanização e uso de cultivares de alta produtividade

Usa abundantemente pesticidas, herbicidas, fungicidas e adubos Recorre a tecnologias de rega e/ou de criação de condições artificiais de

ambiente, como é o caso das estufas Qualidade do solo é pouco determinante Grande parte de nutrientes é fornecida com adubos incorporados na água de

rega Produtividades mais significativas do que nos sistemas tradicionais Empobrecimento absoluto do solo ou na sua contaminação com substâncias

químicas indesejáveis a médio prazo Decréscimo progressivo das produções

Adição excessiva de adubos causa problemas de qualidade da água nos cursos de águaO uso exagerado de pesticidas diminui a biodiversidade, uma vez que mata quer as infestantes quer os organismos (animais e plantas) que poderiam ser benéficos para as culturas agrícolas.

A monoespecificidade desta agricultura afeta drasticamente a diversidade biológica

Elimina-se qualquer espécie animal ou vegetal que possa afectar as produções das culturas

Resulta na eliminação indireta de muitas mais espécies

Agricultura Alternativa

Exclui o uso de agro-químicos Promove a utilização de adubos orgânicos Promove a luta biológica para o controle de pragas Promove práticas sustentáveis que não afetem o ambiente Aposta no uso de:

organismos - insetos ou outros animais que combatam naturalmente as pragas

bio-insecticidas armadilhas para captura de pragas feromonas para evitar ou reduzir a sua reprodução

AGRICULTURA ORGÂNICA: fundada na Índia em 1931, por SirAlbert Howard - Compostagem.AGRICULTURA BIOLÓGICA: Surgiu na França na década de60, fundada por Claude Aubert – Uso de rochas moídas.AGROECOLOGIA: Teve origem nos EUA na década de 70,fundada por William Albrecht, Atuart Hill e Fritz Schumacher– Incorpora idéias ambientais e sociais na agricultura.AGRICULTURA NATURAL: teve origem no Japão fundada porMokit Okada na década de 30 – reciclagem de restosvegetais, microrganismos efetivos.AGRICULTURA BIODINÂMICA: Alemanha 1924, por RudolfStainer – trabalha a propriedade como um organismo vivo.

CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS E NOÇÕES DE BOTANICA

Devido à grande quantidade de espécies envolvidas e as particularidadesde cada cultura, torna-se necessário uma metodologia capaz deevidenciar as semelhanças e as diferenças botânicas ou de ordem tecnológicaentre essas culturas.Por isso, procura-se agrupá-las didaticamente e, nesse sentido, existemvárias classificações baseadas nas características comuns.Uma classificação muito antiga considera, como critério para oagrupamento, as partes utilizadas na alimentação humana, e que têmvalor comercial. Atualmente, tal classificação vem sendo utilizada,com pequenas modificações, pelo sistema Nacional de Centrais deAbastecimento.A classificação é a seguinte:• Hortaliças tuberosas - são aquelas cujas partes utilizáveis desenvolvem-se dentro do solo, compreendendo: tubérculos (batatinha, cará),rizomas (inhame), bulbos (cebola, alho) e raízes tuberosas (cenoura,beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa).• Hortaliças herbáceas - aquelas cujas partes aproveitáveis situam-seacima do solo, sendo tenras e suculentas: folhas (alface, taioba, repolho,espinafre), talos e hastes (aspargo, funcho, aipo), flores e inflorescências(couve-flor, brócoli, alcachofra).• Hortaliças-fruto - utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em

parte: melancia, pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinjela,abóbora.Outra classificação, mais simples, incorreta e pouco abrangentetambém, e muito utilizada, é a que reúne todas as hortaliças em doisgrandes grupos: as “verduras” e os “legumes”. O critério para enquadraras numerosas hortaliças cultivadas num ou noutro grupo, seria aadequação ou não à tradicional embalagem que é a caixa tipo “K”(de querosene, pois este produto era trazido, na época da SegundaGuerra, neste tipo de caixa), também conhecida como caixa tipo “tomate”.Assim, os “legumes” seriam aquelas hortaliças consideradasadaptadas a tal embalagem (hortaliças tuberosas e hortaliças frutos);todas as demais (hortaliças herbáceas) seriam simploriamentedenominadas de “verduras”, mesmo que a cor verde não predomine.Esses termos também são utilizados, freqüentemente, como sinônimosde hortaliças.Porém, o melhor critério para agrupar as culturas oleráceas, é considerarmoso parentesco botânico das plantas, com a vantagem de sebasear em características muito estáveis. Assim, enquanto que os métodosculturais utilizados ou as partes aproveitáveis na alimentaçãopodem variar de uma região para outra, conforme imposições econômicasou por simples tradição regional, as características botânicassão invariáveis. Esse tipo de classificação baseia-se no parentesco enas semelhanças entre elas, utilizando-se os órgãos vegetativos e reprodutivos.Para tanto, utilizamos três unidades taxonômicas que nos interessammais de perto:• a família botânica - que é a reunião dos gêneros botânicos afins;• o gênero botânico - que é o agrupamento de espécies afins;• a espécie botânica - que é a unidade taxonômica básica, englobandoindivíduos vegetais muito semelhantes entre si.Essas unidades são utilizadas desde os trabalhos pioneiros do célebreprofessor sueco Karl von Linnée (1707 - 1775), adotando-se um sistemabinário de nomenclatura, em latim, aceito universalmente, que compreendeo nome do gênero e o epíteto específico para designar umaespécie botânica. Como exemplo, temos:

FAMÍLIA BOTÂNICA NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO

Alliaceae Cebola Allium cepa

Apiaceae Cenoura Daucus carota

Apiaceae Salsa Petroselinum crispum

Asteraceae Alface Lactuca sativa

Brassicaceae couve-manteiga Brassica oleracea var. acephala

Brassicaceae Rabanete Raphanus sativusBrassicaceae Rúcula Eruca sativa

Chenopodiaceae Beterraba Beta vulgaris

Solanaceae Tomate Lycopersicon esculentum

VARIEDADE BOTÂNICA E VARIEDADE CULTIVADANo meio técnico atual, o antigo termo “variedade”, no sentido deuma variedade comercial plantada pelos olericultores, não vem sendomais utilizado. Tem sido substituído pelo termo “cultivar” (do inglêscultivated variety), estabelecendo-se que sua abreviatura é cv. Definesecultivar como um grupo de plantas cultivadas, muito semelhantesentre si, que se distingue por quaisquer características, como morfológicas,fisiológicas, químicas, citológicas, etc., como é o caso do rabanete,que pode ser comprido ou redondo, uma alface que suporta o calorsem florescer, os diversos tipos de tomate existentes, etc. Tais característicassão mantidas inalteráveis durante a propagação da cultivar, porvia sexual ou vegetativa.A variedade botânica ou varietas (em latim) não deve ser confundidacom “cultivar”. O termo varietas ou abreviando-se var. é uma unidadetaxonômica, utilizado logo após o nome da espécie botânica, para designaruma população de plantas, dentro de um mesma espécie, mascom aparência marcadamente diferente daquela. Um bom exemplo é oda espécie botânica Brassica oleracea, originária da couve selvagemmediterrânea, que abrange algumas varietas muito importantes, poissão muito conhecidas entre nós:

Brassica oleracea var. capitata (repolho)Brassica oleracea var. acephala (couve-manteiga)Brassica oleracea var. tronchuda (couve tronchuda)Brassica oleracea var. botrytis (couve-flor)Brassica oleracea var. italica (brócoli)

Com isso, podemos definir bem uma determinada hortaliça. Exemplificandonovamente, o nome completo, do ponto de vista científico, técnicoou comercial, de uma couve-flor brasileira, criada para condiçõesde verão quente, muito cultivada no centro-sul é:Brassica oleracea var. botrytis cv. “Piracicaba precoce”.

PLANEJAMENTO DA HORTAA horta é o local onde serão cultivadas as hortaliças, plantas popularmenteconhecidas como verduras e legumes. Seu tamanho dependeráda disponibilidade de área, do objetivo da produção, do número depessoas envolvidas, da disponibilidade de tempo dessas pessoas, dos recursosexistentes, etc. Para dimensionamento,considera-se uma áreade 10m2 por pessoa, em uma horta para autoconsumo. As hortaliças exigemtratos culturais intensivos e diários: uma pessoa trabalhando em tornode 2 a 3 horas por dia pode manter uma horta de 150 a 200m2.Em função da finalidade da produção, temos diferentes tipos de horta:• Horta doméstica: para abastecimento de uma família;• Horta comunitária: várias pessoas ou famílias envolvidas dividindo ostrabalhos, as despesas e os produtos;• Horta escolar ou institucional: com finalidade didática/educativa nasescolas e para abastecer instituições (ex.: orfanatos, asilos, etc.);• Pequena horta comercial: visando complementação de renda em pequenapropriedade ou mesmo em casas com quintais grandes;• Grande horta comercial: quando é a principal fonte de renda do agricultorou da propriedade.Pequena Escala Grande Escala

Nível caseiro ou comunitário Nível comercial

Diversas espécies Poucas espécies

Em pequenas hortas Em hortas maiores

Não visa produtividade Visa alta produtividadeou lucro e rentabilidade

De maneira simplificada podemos, então, separar a produção de hortaliçasem duas escalas:

A horta realizada de acordo com os princípios da agricultura orgânicadeve ser baseada em um conjunto de procedimentos e técnicas,que tem por objetivo propiciar um ambiente equilibrado para as plantase garantir a segurança ambiental, ocupacional (das pessoas envolvidascom a horta) e alimentar (os adubos químicos solúveis e os agrotóxicosou defensivos agrícolas são proibidos, devendo-se utilizar fontesorgânicas na adubação e métodos alternativos e ambientalmenteseguros, no controle de pragas e doenças das hortaliças).No planejamento de uma horta a ser implantada, o espaço disponíveldeve ser dividido de forma a contemplar: área para a sementeira- local onde são produzidas as mudas (em torno de 1% da áreatotal); área para guarda de ferramentas e insumos; área para a compostagem(prática imprescindível na agricultura orgânica) e armazenamentodo composto e área para os canteiros de produção. A áreadeve ser cercada, impedindo principalmente o acesso de animais indesejáveis.Em hortas comerciais, as mudas são normalmente produzidasem estufas, em bandejas de isopor.A realização de uma horta, além de possibilitar o consumo de hortaliçasfrescas e sadias (isentas de agrotóxicos, quando cultivadas organicamente),traz inúmeros benefícios:• Permite a prática do exercício ao ar livre rompendo o sedentarismo ediminuindo o estresse das pessoas;• Permite a integração das pessoas dentro da comunidade;• Permite a complementação da renda familiar;• Serve para o desenvolvimento de atividades de cunho terapêutico;• Serve como instrumento para o desenvolvimento de atividades decaráter pedagógico e de educação ambiental;• Permite a melhoria da qualidade do meio, com a utilização de espaçosociosos e/ou utilizados indevidamente.Elementos necessários para a produção de hortaliças• Meio onde a planta vai se desenvolver (solo, substratos preparados nolocal ou comprados, etc);• Sementes ou outros materiais de propagação das espécies de interesse(mudas de estacas, rebentos, bulbos, tubérculos, estolões,entre outros);

• Água: de boa qualidade para não contaminar as hortaliças e o solo;• Sol: a planta clorofilada precisa da luz solar para se desenvolver eproduzir carboidratos (glicose, amido) através da fotossíntese;• Ar: a planta inteira respira (inclusive as raízes);• Nutrientes: se o solo for pobre em nutrientes, temos que complementarpor meio dos adubos;

• Mão-de-obra: a horta é uma atividade intensiva, exigente em mãode-obra (os tratos ou serviços diários devem ser divididos entre osparticipantes – o sucesso de uma horta comunitária está diretamenterelacionado ao envolvimento e comprometimento das pessoas queparticipam de sua execução);• Ferramentas: enxada, enxadão, sacho, rastelo, pulverizador, carrinhode mão, regador ou mangueira de borracha, conjunto deferramentas de jardim (com colheres de transplante e rastelinho),pás (curva, reta), forcado ou gadanho, etc.; em hortas comerciais,utilizam-se máquinas e implementos agrícolas (arado, grade,escarificador, enxada rotativa, etc.) nas diferentes operações;• Outros insumos: calcário, caldas e preparados, biofertilizantes, etc.

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DA HORTAEscolha do localEm áreas urbanas a escolha do local muitas vezes fica um pouco limitadaem função da disponibilidade de terreno (normalmente são áreaspequenas, com muitas interferências), mas deve-se, na medida do possíveldar preferência aos locais com as seguintes características:• Proximidade de água de boa qualidade e em abundância;• Proximidade das casas das famílias ou pessoas participantes da horta:facilitar os trabalhos de manutenção da horta e evitar furtos;• Área exposta ao sol o dia todo ou por pelo menos 4 a 6 horas diárias;• Distante de árvores para evitar o sombreamento e competição pornutrientes do solo;• Terrenos não sujeitos a alagamentos ou encharcamentos e ligeiramenteinclinados (para facilitar o escoamento do excesso de água);• Áreas de solo de consistência média (areno-argilosa): se possível evitaros solos muito argilosos ou arenosos.

Escolha das espéciesEsta etapa é muito importante, pois as espécies de hortaliças possuemdiferentes exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura,luz e umidade. A escolha de culturas e cultivares adaptados às condiçõeslocais e às épocas de plantio é prática fundamental na agricultura orgânica.No centro-sul do Brasil (inclui o Estado de São Paulo) a temperatura éo fator que maior influência exerce sobre a produção de hortaliças: afetao desenvolvimento vegetativo, o florescimento, a frutificação, a formaçãodas partes tuberosas ou bulbosas e a produção de sementes. Algumasespécies se desenvolvem melhor em períodos mais quentes (primavera everão), outras em períodos mais amenos e frios (outono e inverno) e outraspossuem cultivares adaptados ao ano todo (ex.: alface de verão ealface de inverno; cenoura de verão e cenoura de inverno, etc.).De um modo geral, as hortaliças encontram melhores condições de desenvolvimentoe produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e poucofreqüentes. As temperaturas elevadas favorecem o florescimento e acelerama maturação. As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificaçãoe a maturação, podendo também induzir florescimento indesejável.

Sem generalizar, podemos agrupá-las da seguinte forma:• Hortaliças de folhas, raízes e bulbos: temperaturas mais amenas(15 a 23ºC). Exemplos: alface, couve, almeirão, chicória, rúcula, espinafre,cenoura, beterraba, rabanete, mandioquinha-salsa, alho, cebola,etc.• Hortaliças de frutos e condimentos: temperaturas mais elevadas

(18 a 30ºC). Exemplos: abóboras e morangas, berinjela, jiló, chuchu,melancia, melão, pimentão, quiabo, salsa, coentro, etc.Portanto, as diferentes exigências das espécies em temperatura éque vão definir as épocas adequadas de plantio.A luz solar é um dos fatores climáticos mais importantes para avida vegetal, pois é aquele que promove o processo da fotossíntese.O aumento da intensidade luminosa provoca o aumento da atividadefotossintética da planta e conseqüente aumento da produçãode hidratos de carbono, elevando o teor de matéria seca nosvegetais. A deficiência luminosa provoca um maior elongamentocelular, resultando no estiolamento da planta (aumento em alturae extensão da parte aérea - caule, folhas, sem elevação do teor dematéria seca).A duração do período luminoso, denominado de fotoperíodo(número de horas diárias de luz solar), influencia o crescimentovegetativo, a floração e a produção de algumas hortaliças, comoo alho e a cebola. Ambas as espécies somente formam bulbos emcondições de comercialização, quando os dias têm a sua duraçãoacima de um certo número mínimo de horas de luz - característicaque varia de um cultivar a outro. Exemplos: alho - o cultivar“Branco Mineiro” adapta-se bem a dias curtos, quando plantadono outono, em diferentes latitudes e altitudes; os cultivares “Gigante-de-Lavínia” e “Amarante” são menos precoces, mais exigentesem fotoperíodo, mas também produzem bons bulbos quandoplantados no outono na região do centro-sul; já os cultivares argentinosvegetam vigorosamente nessas condições, mas não bulbificam;cebola - cultivares de ciclo médio (“Baia Periforme”,“Baia Periforme” “Piracicaba”, “Pira Ouro”, etc.) exigem fotoperíodode 11 a 13 horas diárias de luz e são as mais indicadaspara o plantio no Estado de São Paulo; cultivares precoces (“Granex”,“Texas Grano 502”, etc.) exigem fotoperíodos de 10-12 horaspara a formação dos bulbos.Outro fator climático importante é a umidade, uma vez que a água éimprescindível à vida vegetal e constitui mais de 90% do peso da maioriadas hortaliças. O grau de umidade do ar influencia na perda de água dasplantas por meio da transpiração e o teor de umidade do solo influenciaa absorção de água e nutrientes pelas plantas. A umidade do solo podeser controlada por meio da irrigação, sendo esta uma prática imprescindívelao cultivo de hortaliças. O alto teor de umidade do ar afeta oestado fitossanitário das hortaliças, pois favorece o ataque de fungos ebactérias patogênicos. A baixa umidade do ar, por outro lado, oferececondições adequadas para a proliferação de ácaros.Um aspecto importante a considerar no planejamento da hortacom relação às espécies, se refere à duração do ciclo de vida de cadaplanta (período da semeadura à colheita), que vai determinar o períodode ocupação de cada canteiro com as diferentes espécies.

• Limpeza da área escolhida para a horta: capinação e amontoa domato em um ponto do terreno para decomposição e posterior incorporaçãoao solo (a queimada é prática proibida no manejo orgânico,exceto para eliminação de plantas contaminadas por vírus e outrasdoenças), retirada de entulhos, tocos e raízes de árvores, etc.• Locais de fácil encharcamento: efetuar a drenagem da área.• Revolvimento do solo: a uma profundidade de 20 a 25cm (aproximadamenteum palmo) quebrando-se os torrões de terra e nivelando-se

o terreno. Em áreas pequenas usam-se o enxadão e enxada nestaoperação; em áreas grandes o arado e grade tracionados por tratorou por animais (usar equipamentos que impeçam ao máximo a reversãodas camadas de solo e a desagregação de sua estrutura). Nestaoperação pode-se aproveitar para incorporar corretivos (ex.: calcário)ou adubos orgânicos (ex.: estercos animais curtidos, compostosorgânicos, etc.).• Construção dos canteiros para sementeiras, semeadura direta e parao transplante de mudas, com as seguintes dimensões: largura entre0,80 e 1,20m; altura de 20 a 25cm e comprimento variável de acordocom a dimensão do terreno, normalmente não superior a 10m, emhortas para autoconsumo.• Para algumas hortaliças não há necessidade de canteiros, bastandorevolver e destorroar a terra e, em seguida abrir as covas, adubar eplantar (ex.: abóbora, quiabo, berinjela, jiló, couve, etc.);• Distância entre canteiros (caminhos): 30 a 40cm. Os caminhos, bemcomo as entrelinhas das plantas, devem ser mantidos e protegidoscom cobertura morta para controle do mato, manutenção da umidadee do equilíbrio térmico do solo;• Nos terrenos com declive, os canteiros devem ser dispostos de maneiraque “cortem as águas”, ou seja, devem acompanhar as curvasde nível do terreno, para diminuir perdas de solo por erosão; nosterrenos planos, dispostos no sentido norte-sul;• Devem apresentar a terra solta, sem torrões, pedras, raízes grandes,e a superfície plana.• Correção do solo (calagem e adubação orgânica): aplicação de calcáriopara correção da acidez e dos adubos e compostos orgânicospara correção das deficiências minerais e melhoria da bioestruturado solo. A calagem deve ser feita antecipadamente ao plantio, podendo-se aplicar no sistema orgânico, no máximo 2t/ha/ano (equivalea 200g/m2). Com a melhoria do solo, pelas adubações orgânicasfreqüentes e incorporações de restos de vegetais, a calagempode ser suspensa.O preparo do solo é uma das operações mais importantes para o sucessodo cultivo de hortaliças orgânicas, pois a manutenção de um solosadio, vivo e equilibrado é que garantirá o desenvolvimento de plantassaudáveis, capazes de suportar as adversidades (fatores climáticos desfavoráveis,ataques de pragas e doenças, entre outros).

A maioria das hortaliças é propagada por sementes e algumas peloplantio de suas partes vegetativas.Devem-se utilizar sementes de hortaliças de boa qualidade e também,dar preferência a cultivares brasileiros ou aquelas variedades jáconsagradas pelos agricultores daqui.Na hora da compra das sementes, deve-se ter o cuidado de escolhera variedade mais adaptada ao local (clima) e à época de plantio (primaveraou verão) que será feita. Deve-se preferir a compra de sementesacondicionadas em sacos aluminizados, que foram estocados em localseco, arejado e sombreado, prestando-se atenção no prazo de validadeanotado na embalagem.Em alguns casos, as sementes que apresentam a casca (tegumento)muito dura, devem ficar de molho em água por 24 horas para facilitar aentrada de água e dar início à germinação. Como exemplo, temos oespinafre, a abóbora, o quiabo, entre outros. Por último, utilize somenteas sementes que estiverem no fundo do recipiente, pois as que ficarem

boiando quase sempre serão chochas e não irão germinar.

SEMENTEIRACorresponde ao local onde será feito o cultivo das ‘mudinhas’ porum determinado tempo, e depois, será realizado o transplante para olocal definitivo (canteiros ou covas). A sementeira será feita paraas hortaliças que formam “cabeças” (ex.: alface, chicória, acelga,entre outros), as que possuem sementes muito pequenas (necessitam de boas condições para germinar e crescer), ocorre demora na germinação, ou então, hánecessidade de cuidados especiais durante a germinação e seu desenvolvimentoinicial.Para deixar as sementes bem espaçadas entre si, pode-se misturá-lascom partes iguais de areia fina ou terra peneirada para permitir melhordistribuição dentro dos sulcos de plantio.Para a sementeira, não é necessário o preparo de grandes áreas.Ela pode ser feita em caixotes (furadas no fundo, com uma camadade pedras embaixo, para facilitar o escoamento do excesso de água ecomo substrato, pode-se usar uma mistura contendo partes iguais deareia, terra de jardim e terra vegetal); ou em uma parte do canteiro,onde a distribuição das sementes deverá ser uniforme e em sulcos distanciadosde aproximadamente 10cm.As sementes deverão estar a uma profundidade de, aproximadamente,duas vezes o seu tamanho ou então, o equivalente a duas vezes o seumaior diâmetro, pois quando semeadas muito rasas, as plantas não têmo apoio necessário e quando muito fundas, têm dificuldade de romper acamada de solo e atingir a superfície.A cobertura deverá ser feita com uma fina camada de terra, de preferênciapeneirada e, em seguida, regada com regador de crivo fino,para que as gotas de água não enterrem demais as sementes, ou asespalhem para fora do sulco de semeadura.É importante manter o solo da sementeira sempre úmido, sem excessos,para que haja uma boa germinação.

TRANSPLANTEConsiste na retirada das mudas da sementeira e replantio das mesmas para o local definitivo (em canteiros ou covas). Deve ser feito quando as mudas estiverem com 4 a 6 folhas definitivas ou com o tamanho entre 4 a 5cm, para que o pegamentoseja bom e não haja retardamento no seu crescimento. Deve-se molhar bem a sementeira,proceder à retirada das mudas (com a colher de jardineiro) com otorrão de terra e desmanchá-lo com todo o cuidado para preservar as raízes,e a seguir, escolher as de melhor aspecto (fortes e bem desenvolvidas)e transplantar, com espaçamento variável de acordo com a espécie.Com a colher de transplante, abrem-se as covas no local definitivo(canteiro ou cova), e a seguir, é colocada uma muda por cova e, tomandoo cuidado para que a raiz principal não fique enrolada durante o processo do transplante. Por fim, cobrir com terra a raiz e apertar umpouco a terra ao redor das raízes para ficarem bem firmes e depois,molhar bem o local (regar todos os dias, de manhã ou no final da tarde,evitando regar nas horas de sol quente).O ideal para realizar o transplante é no final de tarde, dias chuvososou nublados, ou durante as horas mais frescas do dia, para um melhorenraizamento.A profundidade de plantio das mudas, no local definitivo, depende dotipo de hortaliça, sendo:

• mudas de caule evidente: é o caso do tomate, berinjela, pimentão,couve-flor, repolho, etc., que devem ser plantadas a uma profundidade um pouco maior do que aquela em que se encontravam na sementeira. Devemficar enterradas até a altura da inserção no caule das folhas definitivasmais velhas.• mudas de caule pouco perceptível: como a beterraba, o espinafre, aalface, a chicória, etc.; devem ser transplantadas de modo a ficaremà mesma profundidade, em relação à superfície do solo, em que seencontravam anteriormente na sementeira.

SEMEADURA DIRETAAs hortaliças de plantio direto podem se divididas em 3 grupos:1. Culturas que são semeadas diretamente em covas amplas, distanciadaspor espaçamentos largos, como a abóbora, abobrinha, pepino,quiabo, entre outras. São recomendados para plantas de grande porte,que possuem ciclo longo de cultivo ou são perenes.2. Culturas que são semeadas diretamente em sulcos, com espaçamentomais estreito, como o feijão, a vagem, entre outras. Para estaforma de plantio, são recomendados para plantas de ciclo longo, ou menosexigentes a tratos culturais, ou então, quando as partes vegetativasde propagação são resistentes e permitem a colocação direta no solo.3. Culturas que são semeadas em sulcos superficiais, abertos emcanteiros, como a cenoura, rabanete, nabo, acelga, beterraba, espinafre,entre outras. Recomendado para plantas de porte pequeno ou deciclo curto.Quando a semeadura for em sulcos, procede-se da mesma forma feitanas sementeiras e, quando as plantas estiverem com aproximadamente5 a 7cm, fazer o desbaste, ou seja, retirar algumas plantas paradar mais espaço para as outras crescerem.Quando a semeadura ou o plantio de mudas for em covas, abri-las como enxadão, de preferência com 30cm de profundidade e 30cm de boca,com distâncias variando conforme o tipo de hortaliça a ser semeada outransplantada. Adicionar o composto orgânico na terra retirada e misturarbem. Recolocar a terra adubada para dentro da cova e fazer uma covarasa (3 a 5cm ) e a seguir, colocar de 3 a 4 sementes por cova (realizar odesbaste, deixando de 1 a 2 mudas por cova); ou então, colocar umamuda por cova. Por fim, proceder a rega, que deve ser diária.Sendo uma vez por dia no inverno ou duas vezes por dia no verão ou,quantas vezes forem necessárias para manter o solo úmido, até que amuda se estabeleça no local (sistema radicular bem desenvolvida queexplore um grande volume de solo, permitindo que as regas sejam maisespaçadas).

PROPAGAÇÃO VEGETATIVAAlgumas hortaliças são propagadas pelo plantio de partes vegetativasdiversas (propagação assexuada), procedentes da planta-matriz e nãopor sementes. Como exemplos, temos: agrião, alcachofra, alho, aspargo,batata-doce, batata, cará, cebolinha, couve-manteiga, inhame,mandioquinha-salsa, morango e taioba. No caso da alcachofra, do aspargo,da cebolinha e da couve-manteiga, a propagação pode ser feitapor sementes ou vegetativamente; sendo que no segundo caso, há umaredução no ciclo cultural, antecipando a colheita.Quando a propagação se dá pelas partes vegetativas, a escolha dasmatrizes é importante, pois o sucesso da cultura dependerá destas plantas.

Assim sendo, escolha plantas matrizes com as melhores característicasda espécie ou variedade. Não retire as mudas quando a plantaestiver em repouso (inverno) e por fim, não retire material de propagaçãoquando a planta matriz estiver em flor.

As estruturas de propagação vegetativa utilizadas podem ser classificadasem: rebentos, ramas, bulbilhos, tubérculos, perfilhos, estolhos,etc. Elas são plantadas diretamente no local definitivo, em covasou sulcos.As razões para que a propagação vegetativa seja a única utilizadapara determinadas espécies está relacionada com a incapacidadede produzir sementes férteis (como é o caso do alho),ou então,as sementes são produzidas somente em condições ecológicas especiais(como a mandioquinha-salsa e a couve-manteiga). Também, apropagação vegetativa torna-se interessante, devido à capacidadede antecipar a colheita e a cultura ser idêntica a planta que sedeseja cultivar.Como desvantagem nesse método, podemos citar o acúmulo de vírus eoutros patógenos, responsáveis pela perda de vigor e de produtividade.Os exemplos de reprodução vegetativa são:rebentos / perfilhos - são brotos laterais que surgem nas plantasadultas ou ao redor delas, chamadas de mudas - ex.: alcachofra, couve,cebolinha, mandioquinha-salsa.ramas - utiliza-se pedaços de 20-30cm de comprimento das ramas ouhastes de plantas adultas, enterrando-se inclinadamente mais da metade- ex.: agrião, batata-doce, espinafre.tubérculos - como é o caso da batata, cujos tubérculos devem ter de3 a 4cm de tamanho e brotados (com brotos de 1 a 2cm de tamanho).bulbilhos - no caso do alho, em que chamamos o bulbilho de dente,devendo este ter 1 a 2 gramas de peso.frutos - para o plantio do chuchu, usa-se o fruto com o broto de 15 a20cm de altura.estolhos - no caso do morango, utilizam-se os brotos que saem daplanta-mãe (caule rastejante que enraíza em contato com o solo).

TRATOS CULTURAIS

A fim de proporcionar às plantas melhores condições para seu desenvolvimentoe produção, é necessária a execução de diversos tratos culturais.Essas operações devem ser executadas na época certa e comtodo cuidado.São eles:• cobertura morta - consiste em cobrir o solo com vários tipos demateriais, que podem ser: capim cortado, serragem, palha de trigo oude milho, casca de amendoim ou de girassol, ou bagacinho de cana. Éutilizada para: proteger o solo do sol forte e das chuvas, reter a umidadenatural do solo, manter a temperatura do solo mais amena, evitarerosão facilitando a infiltração da água no solo e manter os nutrientesmais disponíveis ao acrescentá-los ao solo pela decomposição damatéria orgânica imitando a natureza. A cobertura do solo deve serfeita, principalmente, após a semeadura (tomando-se o cuidado pararetirá-la assim que as sementes comecem a germinar, evitando o estiolamentodas plântulas) e logo depois do transplante, quando as plantasestão mais susceptíveis à falta de água, o que poderá afetar ocrescimento normal delas.

• Controle do mato (capinas) - operação que pode ser feita manualmente,ou com o auxílio de enxada ou do sacho, utilizada para manter acultura “no limpo”, isto é, sem plantas daninhas (que são todas aquelasplantas diferentes das que foram plantadas). Deve-se retirá-las apenasnos estágios iniciais, para evitar a competição com água, luz e nutrientes.Depois o “mato” não mais atrapalha, ajudando até, protegendo osolo, formando uma “cobertura viva”, auxiliando na diminuição da temperaturado solo, protegendo as plantas contra ventos fortes, abrigandoinimigos naturais das pragas e sendo um excelente indicador das condiçõesdo solo. Algumas plantas trazem minerais do subsolo para garantira fertilidade da camada superficial. Deve-se fazer o controle do matonos períodos mais secos.• Cobertura plástica - é semelhante à cobertura morta, pois mantém osolo mais fresco. É mais fácil que a cobertura morta e reduz a evaporaçãode água no solo, no entanto, é mais cara e isola de um vez as trocasgasosas de oxigênio e nitrogênio, não permitindo uma respiração totaldo solo.• Afofamento do solo - é a chamada escarificação do solo. Consiste emromper a crosta superficial que tende a se formar, especialmente em soloargiloso, dificultando o desenvolvimento das plantas. É feita com ancinho(rastelinho) ou com o sacho, de preferência com o solo um pouco úmido.As hortaliças de raízes necessitam de uma escarificação com maior freqüênciado que as folhosas.• Raleação ou desbaste - consiste na eliminação das plantas menosdesenvolvidas para deixar espaço adequado entre as plantas restantes,permitindo que elas cresçam bem. Feita quando as plantas têm mais de5cm de altura, naquelas hortaliças de semeadura direta, tanto nas covascomo nos canteiros.• Desbrota - utilizada para eliminar o excesso de brotos e galhos paraarejar a planta, a luz poder penetrar com maior facilidade e tambémeliminar o excesso de frutos, para haver um melhor desenvolvimento dosque restaram. É utilizada na couve, no tomate, na abobrinha, na berinjela,no melão e na melancia. Sem a desbrota a planta fica parecendo umamoita, cresce muito em volume e os frutos, ou as folhas, não atingem otamanho ideal para comercialização. Essa operação é feita quando a plantajá está um pouco desenvolvida e pode ser usada como fonte de mudas quedão origem a novas plantas adultas, como é o caso da couve.• Amontoa - em certas culturas é necessário chegar terra ao pé daplanta, após certo grau de desenvolvimento, para que as raízes ou tubérculosfiquem enterrados (como é o caso da batata, cenoura, beterraba,rabanete, nabo, etc.).• Estaqueamento - é feito para algumas hortaliças que necessitam de suporte para evitar o seu crescimento em contato com a terra, ou proteção contra ventos ou excesso de produção, como é o caso da ervilha-torta, feijão- vagem, pepino, tomate, pimentão, berinjela, etc. As trepadeiras se prendem sozinhas, mas outras plantas precisam ser amarradas com barbante, cipó, tira de pano, arame, tira de borracha, etc., sem apertar muito para não quebrar o caule.• Estiolamento - com o salsão e a chicória, faz-se o estiolamento, que éuma amarração não muito apertada das hastes que ficam logo abaixodas folhas. É feita quando as plantas têm mais ou menos 30cm de alturae serve para dar um tom branco-creme às folhas, tornando-as apetitosaspara o consumo.• Irrigação - a água é essencial para as plantas. A falta dela retardao crescimento, piora a qualidade do produto, acelera a maturaçãoe diminui a produtividade. As plantas precisam de mais água após a

semeadura e após o transplante e, de modo geral, as hortaliças defolhas precisam de mais água e os tubérculos, como a batata, cenoura,alho e cebola não precisam tanto, especialmente próximo àcolheita. As regas devem ser diárias, delicadas, sem jatos fortes,sempre nas horas mais frescas do dia (final da tarde ou de manhãcedo). Quando feita no final da tarde, a umidade do solo permanecepor mais tempo.