“TENDA DOS MILAGRES” (1970) DOS MILAGRES.pdf · Medicina da Bahia, que se converte em estudioso...

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“TENDA DOS MILAGRES” (1970)

JORGE AMADO

O livro conta várias histórias que se cruzam ante a luta de Pedro Archanjo: a amizade com Lídio Corró, a luta contra o preconceito racial dos poderosos, a perseguição pela polícia aos terreiros de candomblé, a relação de Pedro Archanjo com as mulheres, a história de Tadeu Canhoto, os embates com o Professor Nilo Argolo.

O LIVRO APRESENTA DOIS PLANOS NARRATIVOS:

• 1º - No presente: preparação para a comemoração do centenário de Pedro Archanjo; narrativa em 1ª pessoa (Fausto Pena).

• 2º - A vida de Pedro Archanjo vai sendo rememorada; narrativa em 3ª pessoa.

• Tenda dos Milagres é uma obra em que o diálogo com as teorias da identidade nacional é explorado em sua máxima potência. Seu personagem principal, Pedro Archanjo, transita entre teorias populares e eruditas, torna-se autor (sem jamais ser inserido formalmente na academia).

• O candomblé, a capoeira e as festas populares da Bahia fazem parte do universo de Pedro Archanjo, escritor, sábio e malandro. Os tipos folclóricos das ladeiras de Salvador estão presentes também . Ele é descrito como Ojuobá (ou "olhos de Xangô"). Mulato e capoeirista, mestre Archanjo tocava viola, era bom de cachaça e pai de muitas crianças com as mais lindas negras, mulatas e brancas.

• No romance, é ele quem percorre as ladeiras de Salvador e recolhe dados sobre o conhecimento dos negros africanos e sua cultura. Pedro é um mulato sociólogo que combate os preconceitos da Salvador do começo do século e que continua frequentando os terreiros mesmo depois que deixa de acreditar nos orixás.

• Romance sociológico, a obra segue a linha típica dos romances de Jorge Amado, que tem a cidade de Salvador como cenário e é, basicamente, a narrativa das proezas e dos amores de Pedro Archanjo, bedel da Faculdade de Medicina da Bahia, que se converte em estudioso apaixonado de sua gente, publicando livros sobre a mestiçagem genética e os sincretismos simbólicos do povo baiano. Mostra sua luta pela afirmação da cultura popular.

Personagens principais

PEDRO ARCHANJO

Nasceu em 18 de dezembro de 1868, morreu em 1943, enquanto as rádios anunciam a iminente derrota do III Reich, pobre, com 75 anos de idade, deixou muitos filhos, teve muitas mulheres (Dorotéia, Rosália, a finlandesa Kirsi, mas só amou Rosa de Oxalá (mulher de Lídio Corró); era bedel da Faculdade de medicina; guiado por sua mãe-de-santo “Magé Bassan”, que lhe revela a missão de ser “a luz de seu povo” (Ojuobá). Publica quatro livros que buscam proteger e valorizar a cultura africana e integrá-la à sociedade brasileira.

Livros: “A vida popular na Bahia” (1907), “Influências africanas nos costumes da Bahia” (1918),

“Apontamentos sobre a mestiçagem nas famílias baianas” (1928) e “A culinária baiana – origens e preceitos” (1930).

O 3º livro custa-lhe o emprego devido à reação racista do Professor da Faculdade de Medicina, Nilo Argolo de Araújo.

Archanjo dedica o livro “Ao ilustríssimo senhor professor e homem de letras, doutor Nilo d’Ávila Oubitikô Argolo de Araújo, em contribuição aos seus estudos sobre o problema de raças no Brasil, oferece as modestas páginas que se seguem seu primo Pedro ArchanjoOubitikô Ojuobá”.

LÍDIO CORRÓ

Amigo e compadre de Pedro Archanjo, proprietário da Tenda dos Milagres, oficina que pinta com tinta óleo, tinta de água e lápis de cor os milagres alcançados pelas pessoas. Na oficina também são produzidas capas e folhetos de literatura de cordel. Lídio Corró imprimiu pequenas tiragens dos livros de Pedro Archanjo e os mandava para bibliotecas, Universidades e estudiosos do Brasil e do exterior, tornando Pedro Archanjo mais conhecido no exterior que na Bahia. Lídio morre antes de Pedro Archanjo.

JAMES D. LEVENSON

Prêmio Nobel norte-americano, vem ao Brasil para conhecer melhor a obra de Pedro Archanjo, pois a considera indispensável para a compreensão do problema de raças no Brasil. É responsável para que os baianos conheçam a importante obra de Archanjo.

FAUSTO PENA

Narrador que, no presente, faz pesquisa, encomendada por James Levenson, em torno da vida e da obra de Pedro Anchanjo.

ROSA DE OXALÁ

Mulher de Lídio Corró, o grande amor (platônico) de Pedro Archanjo.

KIRSI

Sueca que vive um tempo na Bahia. Apaixona-se e vive com Pedro Archanjo. Volta para a Suécia grávida dele.

TADEU CANHOTO

Filho de Dorotéia, entregue a Pedro Archanjopara que o encaminhe aos estudos. Trabalha com Lídio Corró na Tenda dos Milagres; faz seus estudos, consegue formar-se na Faculdade de Engenharia Civil, consegue trabalho no Rio de Janeiro, de onde vem para casar-se com seu grande amor, Luiza, filha de uma família rica, tradicional e preconceituosa de Salvador. O casal vai morar no Rio de Janeiro e quase nunca mais manda notícias para Archanjo.

ZABELA

Pertence à aristocracia decadente; amiga de Archanjo. Em conversa, revela que sua avó, Virgínia Argolo, fora casada com o negro Fortunato Araújo. Comprovando, portanto, que o racismo do Professor Nilo Argolo, não faz sentido diante da miscigenação existente na Bahia.

• Tenda dos Milagres termina com a homenagem póstuma do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia ao centenário de nascimento de Pedro Archanjo. Mais condizente com sua vida vivida nas ruas e ladeiras da Bahia, foi a homenagem prestada pela escola de samba Filhos do Tororó, no carnaval de 1969, em Salvador, com o enredo “Pedro Archanjo em Quatro Tempos”.