A NBR 6118:2003 NA VISÃO DE UM USUÁRIO

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A NBR 6118:2003 NA VISÃO DE UM USUÁRIO

Antonio Carlos Reis Laranjeiras

ENECE 2006

São Paulo, 26/out/2006

INTRODUÇÃO

Objetivo: Uma revisão conceitual da NBR

6118, sob a ótica de seu usuário, com vistas à sua já anunciada Revisão.

• A abordagem conceitual segundo a visão do profissional visa afastar a discussão acadêmica de métodos e conceitos científicos, focando-se na relação da nossa Norma com seu caráter e objetivos.

Reconhecimento:

• Engº José Augusto Mendonça• Prof. Justino Vieira• Prof. Murilo Miranda• Engº Wanderlan Paes Filho

• CONHECIMENTO, NORMA TÉCNICA E PRÁTICA

• DIVERGÊNCIA CONCEITUAL DA NBR 6118:2003

• CONTEÚDO E LINGUAGEM• DETERIORAÇÃO E CRITÉRIOS DE

DURABILIDADE• CONCLUSÕES

CONHECIMENTO, NORMA TÉCNICA e PRÁTICA

• A prática da Engenharia envolve formação de juízos e tomada de decisões, apoiadas no conhecimento disponível.

• O conhecimento disponível, na maioria das vezes, não oferece respostas completas e definitivas aos problemas da Engenharia e isso torna a prática do Engenheiro dependente do juízo que ele possa fazer do risco aceitável em suas decisões.

• Daí surgem as Normas Técnicas na tentativa de reduzir as possibilidades de decisões inadequadas ou inconvenientes, sejam por mera incompetência ou por consciente insensatez.

• Para isso, as Normas Técnicas oferecem ao profissional o conhecimento confiável atualizado e os seus respectivos limites de aplicação.

São duas as fontes básicas do nosso conhecimento :

• a experimentação e • a experiência adquirida na prática

profissional.

• A Teoria contribui sob duas formas: Consolidando e dando forma ao

conhecimento empírico Ajudando o entendimento, com

auxílio dos elevados recursos da informática, hoje disponíveis, das respostas das estruturas idealizadas.

• Todas as teorias baseiam-se em determinadas hipóteses e seu uso é restrito aos âmbitos de validade dessas hipóteses.

• O uso das teorias, no entanto, pode ser validado e seus limites de aplicação definidos através da experimentação e da experiência.

• Os procedimentos recomendados pela Norma, mesmo quando envolvem teorias sofisticadas, são de natureza basicamente empírica, pois necessitam ser validados pela pesquisa e pela prática.

DIVERGÊNCIA CONCEITUAL DA NBR 6118:2003

• A NBR 6118:2003, em alguns itens, concede às teorias uma sensação de falsa prevalência em relação ao conhecimento real.

• O exemplo mais enfático é o item 15.9.3, “Processo aproximado para consideração do efeito localizado de 2ª ordem” em pilares-parede.

Aumento de armação nas extremidades das seções dos pilares paredes

Alio Kimura

Aumento de armação nas extremidades das seções dos pilares paredes

Alio Kimura

As dificuldades da Comissão em intervir através da NBR eram:

• Nenhum registro de danos;• Omissão das outras Normas (ACI,

EC);• Nenhum resultado de experimentação;• Nenhuma publicação teórica a

respeito.

• A inclusão na NBR de um procedimento teórico, sem qualquer validação pela experimentação ou por observação de estruturas reais, é uma divergência frontal aos conceitos emitidos nessa palestra.

Fig.15.4 – Avaliação aproximada do efeito de 2ª ordem localizado

Hermes L. Bolinelli Jr. & Nelson Covas

Engº Hermes Luiz Bolinelli Jr. Engº Nelson Covas

EDIFÍCIO COTOXÓResidencial, 27 pavimentos,

78 m de altura, piso a piso 3 m

V1

V3

V4

V8

V12

V2

(14/65)

(14/

65)

(14/

65)

V5(14/65)

(14/60)

(14/

50)

(14/

50)

V7

(14/60)

P1(150x19)

P2(19x224)

P7(19x210)

P10(25x130)

P5

P9

P4P3

P8

P11(25x130)

P6

P12

h=19L1

h=11L2

h=11L3

V619.54 m

17.1

4 m

V11

V10

(19/110)

V9

(14/50) (14/50)

(19x210)

(19x224) (150x19)

(14/

50)

EDIFÍCIO COTOXÓ. Piso tipo

19

279

19

170

Lance 6 em diante

23

283

174

Até Lance 523

EDIF. COTOXÓ Seções transversais dos pilares P5/P6

até lance 5 a partir lance 6

23

23

28319

19

279

EDIF. COTOXÓ Pilares P5/P6 – Lance 2

64 φ16 ρ = 1,3% 83 φ25 ρ = 4,1%

NBR (1980) NBR (2003)

276,93.0808172168,26842553109,44462134152,33911555210,76652146260,04681307146,9321130846,919113096,2138130106,213813011

-24,69813012..24AslAslAslLance

Dif.%20031980NBR

QUANTIDADES, SEGUNDO LANCES, EM kg

14.2.2 – “A análise deve ser feita com um modelo estrutural realista, ...”

CONTEÚDO E LINGUAGEM

• “As normas técnicas brasileiras originam-se da necessidade humana de registrar seu aprendizado, para repetir ações das quais decorram os mesmos resultados e, assim, otimizem-se forças físicas e mentais.”

Desembargador. André Nabarrete

• “As normas técnicas também não se enquadram como regulamentos ou atos oficiais (art. 8º, V, LDA). São voluntárias, como a própria Resol. nº 06/02 do Conmetro o diz. Não vinculam. Tanto não são compulsórias que sua obrigatoriedade depende do legislador, como ocorre no Código de Defesa do Consumidor (art. 39) e na Lei de Licitações Públicas (art. 6º, X).”

Des. André Nabarrete

• “As Normas Brasileiras são desenvolvidas e utilizadas voluntariamente. Elas tornam-se obrigatórias somente quando explicitadas em um instrumento do Poder Público (lei, decreto, portaria, normativa, etc) ou quando citadas em contratos.”

ABNT

• Entretanto, mesmo não sendo obrigatórias, as normas são sistematicamente adotadas em questões judiciais por conta do Inciso VIII do Art. 39 do Código de Defesa do Consumidor.”

ABNT

O CDC considera como prática abusiva:• “VIII - colocar, no mercado de consumo,

qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);”

• “ACI 350 has no legal status unless it is adopted by government bodies having the power to regulate building design and construction. Where the code has not been adopted, it may serve as a reference to good practice.”

• A obrigatoriedade eventual de atendimento ao contido na Norma Técnica ABNT confere-lhe um caráter mandatório, o qual deve passar a reger o seu conteúdo e condicionar a sua linguagem.

• A condição mandatória da Norma exige clareza, objetividade e simplicidade de seu texto.

• Os capítulos 14, Análise estrutural, 16, Princípios gerais de dimensionamento, 23 Ações dinâmicas e fadiga devem ser inteira e especialmente revistos, sob essa nova ótica.

• 15.8.3.3.2 - Método do pilar-padrão com curvatura aproximada;

• 15.8.3.3.3 - Método do pilar-padrão com rigidez K aproximada;

• 15.8.3.3.4 - Método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N,1/r.

VRd3 = Vc + Vsw

ρw%ρmin

θ= 45º

DETERIORAÇÃO E DURABILIDADE

• O quesito DURABILIDADE é, na visão geral dos engenheiros, o que mais afetou a prática.

• A Norma, em seu capítulo 7, estabelece correspondências entre “classe de agressividade ambiental” com a qualidade do concreto e com a grandeza do cobrimento nominal.

ElevadoMuito ForteIV

GrandeForteIII

PequenoModeradaII

InsignificanteFracaI

Risco de deterioração

AgressividadeClasse

Tabela 6.1

Tabela 7.1

≥C40≥C35≥C30≥C25CP

≥C40≥C30≥C25≥C20CC

≤ 0,45≤ 0,50≤ 0,55≤ 0,60CP

≤ 0,45≤ 0,55≤ 0,60≤ 0,65CAa/c

IVIIIIII

Classe agressividadeTipoConcr.

Tabela 7.2

55453530TodosCP

50403025Viga/Pilar

45352520LajeCA

IVIIIIII

Classe de agressiv.Elementos

Ponte sobre o rio Jaguaribe, Salvador

23/09/2004

23/09/2004

23/09/2004

23/09/2004

23/09/2004

CONCLUSÕES

• A prevalência da Experimenta-ção e da Prática sobre a Teoria;

• O caráter mandatório da Norma a condicionar seu conteúdo e sua linguagem.

Cinco regras simples para a Revisão da NBR 6118:2003

3. EXPOR TODOS OS ASPECTOS DO PROJETO ESTRUTURAL DE FORMA SIMPLES, CLARA E DIRETA.

1. INDUZIR OS USUÁRIOS A PERCEBER QUE A NORMA CONDUZ A ESTRUTURAS COM PADRÃO DE SEGURANÇA MÍNIMO.

1. EVITAR TEXTOS QUE SE ASSEMELHAM A APOSTILAS, PRÁTICA RECOMENDADA OU LIVROS-TEXTO DE CURSO ACADÊMICO.

1. NÃO TORNAR AS EXIGÊNCIAS DA NORMA MAIS RESTRITIVAS, A NÃO SER QUE SE DISPONHA DE RESULTADOS EXPERIMENTAIS QUE JUSTIFIQUEM ESSA MUDANÇA, OU QUE TENHAM OCORRIDOS DANOS EM ESTRUTURAS REAIS.

ACIMA DE TUDO, NÃO TORNAR A NORMA MAIS RESTRITIVA COM BASE EM ALGUNS ENSAIOS DE LABORATÓRIO OU EM SOFISTICADAS TEORIAS, SEM QUE SEUS RESULTADOS TENHAM SIDO VALIDADOS PELA PRÁTICA.

1. NÃO ALTERE A NORMA PARA FAZER PEQUENOS AJUSTES E CORREÇÕES POIS ISSO CONFUNDE A PRÁTICA.

OBRIGADO !• HERMES BOLINELLI Jr. e NELSON

COVAS- Análise Comparativa Do Dimensiona-mento De Pilares Entre As Normas NBR 6118:1980 E NBR 6118:2003. Publicação interna TQS Informática.

• CHESTER P. SIESS – Research, Building Codes, and Engieneering Practice. Concrete International. Feb., 2004, p.109-125;

• METE A. SÖZEN – Building a Building Code. Concrete International, May 2006, p.45-50.