CNTEDIÇÃO INFORMATIVADA CNT
ANO XVII NÚMERO 189MAIO 2011
T R A N S P O R T E A T U A L
ARTICULISTA CLÁUDIO DE MOURA CASTRO FALA SOBRE EDUCAÇÃO
Cidades brasileiras buscam alternativas para a mobilidade urbana;Copa no Brasil é estímulo para atrair grandes investimentos
Oportunidade únicaCidades brasileiras buscam alternativas para a mobilidade urbana;
Copa no Brasil é estímulo para atrair grandes investimentos
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 20114
CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho
EDITORA RESPONSÁVEL
Vanessa Amaral
EDITOR-EXECUTIVO
Americo Ventura
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Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do
1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.
Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
REPORTAGEM DE CAPA
ANO XVII | NÚMERO 189 | MAIO 2011
CNTT R A N S P O R T E A T U A L
CAPA JÚLIO FERNANDES/CNT
Cláudio de MouraCastro fala sobre aeducação no Brasil
PÁGINA 8
ENTREVISTA
País tem histórico de valorizar ainfraestrutura
PÁGINA 38
JAPÃO
Projeto estudaviabilidade de 14trechos no país
PÁGINA 34
FERROVIA
AQUAVIÁRIO
Portos do Nordestese destacam nocomércio externo
PÁGINA 44
ENSINO
Curso da Faculdadedo Transporte foca oplanejamento
PÁGINA 52
MEDALHA JK • Profissionais que se destacarampelos serviços prestados à atividade transportadoraem 2010 foram homenageados em Brasília
PÁGINA 22
Com a falta de planejamento urbano por várias décadas,cidades buscam alternativas para driblar problemas, como anecessidade de mais investimento em transporte público, usoexcessivo do automóvel, ruas estreitas; Copa é oportunidade
Página 26
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 5
Caminhões sofremrestrição para circularnos grandes centros
PÁGINA 62
CARGA
AVIAÇÃO • Obras em aeroportos precisam de agilidade paraficarem prontas até a Copa do Mundo de 2014; governo brasileiroanuncia cinco concessões ainda para este semestre
PÁGINA 56
Alexandre Garcia 6
Humor 7
Mais Transporte 14
Boletins 71
Debate 78
Opinião 81
Cartas 82
SeçõesSEST SENAT
Treinamento esperareduzir número de acidentes nas estradas
PÁGINA 68
A partir deste mês, unidadesdo Sest Senat de todo o paísrecebem o seminário“Conversando sobre Aids no local de trabalho”. A proposta é mobilizarempresas para o enfrentamento do problema e falar sobre a importância de implantar programas de prevenção nos locais de trabalho. Acesse sestsenat.org.br e confira o calendário!
Nesta edição, 17 personalidades que se destacaram pelos serviçosprestados à atividade transportadora foram homenageadas. Confira agaleria de fotos do evento napágina cnt.org.br/agencia.
Despoluir• Conheça o programa• Acompanhe as notícias sobre
meio ambiente
Canal de Notícias• Textos, álbuns de fotos, boletins
de rádio e matérias em vídeosobre o setor de transporte no Brasil e no mundo
Escola do Transporte• Conferências, palestras e
seminários• Cursos de Aperfeiçoamento• Estudos e pesquisas• Biblioteca do Transporte
Sest Senat
• Educação, Saúde, Lazer e Cultura
• Enfrentamento da exploraçãosexual de crianças e adolescentes
SEST SENAT NA LUTACONTRA A AIDS
CNT ENTREGAMEDALHA JK
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rasília (Alô) - A Assembleia do RioGrande do Sul acaba de aprovar um pro-jeto de lei que obriga, no Estado, tradu-ção para o português toda vez que forusado um vocábulo estrangeiro. O lojis-ta que anunciar uma liquidação como
“sale” e descontos como “off”, ficaria obrigadoa pôr, entre parênteses, a tradução. As empre-sas de publicidade já estão reclamando. Hámuitos anos não entro em loja que anuncie eminglês. Penso que se alguém não respeita a leimaior, que é a Constituição – que diz, no artigonº 13, “que a língua no Brasil é o português –não haverá de respeitar uma simples lei ordiná-ria, como é o Código de Defesa do Consumidor.
No Congresso Nacional houve tentativasemelhante, e um projeto chegou a ser aprova-do na Câmara, mas depois foi consideradoimpraticável. Proibia estrangeirismos sempreque houvesse equivalente na língua pátria. NoParaná, em 2009, as agências de propagandaderrubaram, no Tribunal de Justiça, lei esta-dual com o mesmo objetivo. A propaganda, noBrasil, chama painéis de “outdoor”. NosEstados Unidos, o nome disso é “billboard”. Oque aqui chamamos de “shopping center”, nosEstados Unidos chamam de “mall”. Como se vê,a gente vai mal até na tradução.
Ainda não se sabe se o governador gaúchovai sancionar ou vetar a lei. Ele apenas deuuma pista lembrando que no Canadá os francó-fonos defendem sua língua da influência ingle-
sa que os cerca. Os que contestam, por inútil, alei recém-aprovada, alegam que melhor seriadefender a língua portuguesa, que está sendocada vez mais deteriorada pelo mau uso. Em “OGlobo”, o escritor João Ubaldo Ribeiro, daAcademia Brasileira de Letras, ironizou asbobagens que cada vez mais se misturam à lín-gua portuguesa.
“’Comerciar’ praticamente não existe mais echegará talvez o dia em que os que comerciamserão comercializantes. Aliás, ninguém vendemais nada, só comercializa”, divertiu-nos JoãoUbaldo. Ele não deve ter visto no “CorreioBraziliense” reportagem sobre diabetes em quea repórter – supostamente com diploma de cursosuperior – escreveu que o difícil é “inicializar” otratamento. A lista de João Ubaldo é grande, masnão posso deixar de repetir este trecho: “Achoque foi essa necessidade de usar palavras poralgum motivo consideradas preferíveis, ou chi-ques, que ocasionou o triste banimento dos ver-bos ‘botar’ e ‘pôr’, preteridos universalmente por‘colocar’. Ainda não vi referência a galinhas colo-cadeiras, em lugar de poedeiras, mas já li sobregalinhas colocando ovos e o dia das colocadeirasnão deve tardar.” Depois de lembrar a besteirade trocar “por causa de” por “por conta de”,João Ubaldo termina lembrando a presidente: “apresidente pode preferir ser presidenta, mas,quando mencionada na condição mais genéricade ‘governante’, duvido que ela queira ser desig-nada pela forma feminina da palavra.”
B
“Um projeto aprovado na Câmara foi considerado impraticável. Proibiaestrangeirismos sempre que houvesse equivalente na língua pátria”
A nossa governanta
ALEXANDRE GARCIA
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 7
Duke
ENTREVISTA CLÁUDIO DE MOURA CASTRO
Aqualidade da educa-ção brasileira estábem ruim e bastaquerer para mudar
essa realidade. É assim queCláudio de Moura Castro vê osistema educacional no país.
Para ele, falta uma realpercepção de como a baixaqualidade da educação blo-queia o desenvolvimento dopaís. “Temos problemas deineficiências crônicas emtodos os sistemas. É dinheirojogado fora, por conta degente que não tem o quefazer, faz malfeito ou faz oque não precisa ser feito”,diz ele, enfático.
Embora seja economistaformado pela UFMG(Universidade Federal deMinas Gerais) e Ph.D. em eco-nomia pela Universidade deVanderbilt, nos EstadosUnidos, Moura Castro tem
dedicado os seus últimosanos ao tema educacional.
Autor de mais de 30 livros,entre eles “EducaçãoBrasileira” (Editora Rocco,1994), “Crônicas de uma educa-ção vacilante”, (Editora Rocco,2005) e 200 artigos para publi-cações científicas, ele já atuouem grandes organizações finan-ceiras mundiais, como o BancoMundial, no cargo de economis-ta sênior de recursos humanos,o BID (Banco Interamericano deDesenvolvimento), onde foichefe da Divisão de ProgramasSociais, e a Divisão de Políticas deFormação da OIT (OrganizaçãoInternacional do Trabalho).
Atualmente, Moura Castroé assessor especial da presi-dência do Grupo Positivo earticulista da revista “Veja”.Leia a entrevista que eleconcedeu à CNT TransporteAtual.
Qual a importância daeducação para o desenvolvi-mento de um país?
Alguns poucos países avan-çaram muito na sua educação,mas por crises políticas ou eco-nômicas, não avançaram nodesenvolvimento. Contudo,hoje já não há países crescendocontinuamente com educaçãofraca. Ou seja, é condiçãonecessária, mas não suficiente.
Como o senhor avalia asituação da educação brasi-leira em todos os seusníveis?
Bem ruinzinha, exceto a pós-graduação. O grande gargaloestá nos anos iniciais, em que,após quatro anos, metade dosalunos ainda é funcionalmenteanalfabeta.
Mesmo com o destaqueconquistado em algumasáreas, o Brasil ainda continua
ocupando os últimos lugaresnos índices educacionaismundiais. Quais os motivospara isso?
Obtivemos os últimoslugares no Pisa (sigla, eminglês, para ProgramaInternacional de Avaliação deAlunos), que abrange cercade 60 países, dentro de umuniverso de 200. Os queficam de fora são ainda pio-res. Assim sendo, no panora-ma mundial, 75% dos paísestêm educação pior do que anossa. Isso seria ótimo, nãofora o fato de nossos concor-rentes serem os 25% queestão acima de nós.
O que é preciso paramudar essa realidade?
Querer, e querer muito.Não há uma real percepçãode como nossa educação éruim e de como isso está blo-
“Gastamos na média mundial, e muitos países gastam menos e obtêmsão as distorções e ineficiências. O aluno do superior público custa 5
Raio X da educação POR LIVIA CEREZOLI
melhores resultados. Os problemasvezes mais do que o do básico”
queando o nosso desenvolvi-mento. Os pais cuidam poucoda educação dos filhos. Nãoacompanham o seu passo apasso. As escolas refletemessa desatenção, sendo dis-plicentes e incompetentes.
Há muitas críticas à edu-cação no Brasil, mas é possí-vel citar realizações bem-sucedidas?
Para mim, os mestrados edoutorados são o que temosde melhor.
Com relação ao montanteque é investido em educaçãono país, o valor é suficiente?
Podia ser mais, sobretudoconsiderando a juventude danossa pirâmide demográfica.Mas gastamos na média mun-dial, e muitos países que gas-tam menos obtêm melhoresresultados. O problema são
as distorções e ineficiências.Gastamos demais no univer-sitário público e de menos nofundamental. Nosso aluno dosuperior público custa cincovezes mais do que os do bási-co. A média mundial é duasvezes mais.
Então o erro está na des-tinação dos recursos?
Gastamos mal. Há desperdí-cios por todos os lados.Burocracia inchada, escolasdesagradáveis para alunos eprofessores. Regras do serviçopúblico que não premiam omérito e não penalizam a negli-gência e incompetência.
O que pode ser considera-do negligência e incompetên-cia dentro do sistema nacio-nal de educação?
São muitos níveis e muitossistemas. Não poderíamos
imaginar um sistema únicoque sirva para todos. Mascomo orientação geral,temos problemas de inefi-ciências crônicas em todoseles. É dinheiro jogado fora,por conta de gente que nãotem o que fazer, faz malfeitoou faz o que não precisa serfeito. Apenas para ilustrar,tomemos o sistema público(estadual ou municipal) deeducação básica. Se calcular-mos o número de professorespor aluno em cada escola,podemos chegar a umamédia por escola. Podemosentão comparar essa médiacom cada escola, mostrando
excesso de pessoal aqui ouacolá (em geral, nas escolasmelhor localizadas). Omesmo acontece com funcio-nários, merendeiras, bibliote-cárias, supervisores pedagó-gicos e assim por diante.Obviamente, esses quadrossão mais necessários exata-mente nas escolas maiscarentes, onde tendem a fal-tar. Só com esses númerossimples poderemos eliminarum tsunami de ineficiências.Além disso, tende a havergente demais nas burocra-cias das secretarias munici-pais (ou estaduais) de educa-ção. Comparando umas com
ARQUIVO PESSOAL
no Brasil
as outras, podemos encon-trar distorções enormes. Háerros acidentais, mas acredi-to que predominam disfun-ções devidas ao peso políticode alguns professores ouseus padrinhos.
Nos últimos anos, ascadeiras dos cursos de peda-gogia estão sendo esvazia-das. Formar professoresainda é o grande desafio?
O erro começa com a ten-tativa de formar professoresem um curso que foi concebi-do para preparar orientado-res pedagógicos. Como resul-tado, os graduados nemaprendem a dar aulas nemaprendem os conteúdos quedeverão ensinar. Como oambiente da escola pública éruim, os cursos não atraembons candidatos.
O acesso ao ensino supe-rior no país vem sendo modi-ficado nos últimos anos. Quala relação existente entre auniversalização do ensino e aqualidade dos cursos?
Praticamente nenhuma. Ocrescimento significa apenasque algumas faculdadespoderão ser excelentes nasdefinições convencionais.Outras deverão se ajustar aalunos mais fracos. É issoque faz o ensino superior
americano, de forma explíci-ta e eficiente. Nós achamosque todos poderão dominaros mesmos currículos hipe-rabstratos. Se insistirmosnesse equívoco, continuare-mos a ter algumas faculda-des de elite muito boas e oresto oferecendo um ensinodescalibrado aos alunos querecebe.
Os processos de avalia-ção aplicados no país con-seguem identificar as defi-ciências do ensino que estásendo oferecido?
De tudo o que aconteceuna educação do Brasil, omelhor foi o aparecimento daProva Brasil (sistema de ava-liação de alunos matricula-dos no 5º e 9º anos do ensinofundamental de escolaspúblicas localizadas emáreas urbanas) e do Ideb(Índice de Desenvolvimentoda Educação Básica). Comesses indicadores, ficamossabendo quem é quem entreos municípios e escolas.Somente a visibilidade des-sas estatísticas já é um fatorde correção. Mas é possívelfazer muito mais. Prefeitos egovernadores podem premiaro bom desempenho e osavanços. No primeiro caso,premiam os melhores, nosegundo caso, premiam
aqueles que fizeram forçapara crescer, ainda que pos-sam não estar entre osmelhores. O Distrito Federalfez isso. Além disso, ONGs eempresas privadas podemajudar nas escolas e, tam-bém, premiar os melhores.Isso já está começando aacontecer.
O ensino fundamental narede privada tem qualidadesuperior ao da rede pública ea situação se inverte no ensi-no superior. Por que existeessa diferenciação entre aqualidade de ensino nos seusdiversos níveis?
Para competir pela univer-sidade gratuita e cara paraos cofres públicos, os pais
RECURSOS Ensino fundamental não
“O grande gargalo está
nos anos iniciais. Apósquatro anos,metade dos
alunos ainda éfuncionalmente
analfabeta”
to seletivo. Escolas técnicasfederais que oferecem ensinogratuito podem peneirar dra-maticamente os seus candi-datos. Assim sendo, como oensino superior recebe ape-nas graduados do médio, temuma matéria-prima peneira-da pelos anos anteriores.Algo como um em quatrojovens do grupo etário con-segue se formar no médio.Mas há também o fato de quea pós-graduação brasileiraprepara um número muitoexpressivo de mestres e dou-tores, capazes de abasteceros quadros docentes do ensi-no superior com professoresbem formados. Isso nãoacontece nos quadros de pro-fessores do ensino básico
que sofrem com a falta debons cursos de preparação.
Há alguns anos, empresasbrasileiras dos diversos seto-res que compõem a economiaconvivem com a dificuldadeem contratar profissionaiscapacitados. Como mudaresse cenário?
É justamente essa escas-sez e a pressão para aliviá-laque vai consertar esse esta-do de coisas. Em países comoo nosso, é ingênuo achar quevamos preparar gente parauma oferta que poderá sematerializar no futuro. Oapagão de mão de obra étambém a fórmula da suasuperação.
Os cursos a distânciapodem ser bons aliados paraisso?
O Enade (Exame Nacional deDesempenho de Estudantes)mostrou que os graduados decursos a distância são tão bempreparados quanto os do pre-sencial. Pesquisa internacionalmostra o mesmo com todos ostipos de cursos a distância.
O ensino técnico/profis-sional pode contribuir parareverter o atraso educacio-nal do país?
Não é que pode, tem que estarpresente. Há centenas de ocupa-
ções em que não é possívelaprender no local de trabalho. Ouhá um curso sério ou sofre grave-mente a qualidade do trabalho.
Como forma de suprir acarência da mão de obra qua-lificada, muitas empresas jácriaram seus próprios cen-tros de capacitação profis-sional. Como o senhor avaliaessa iniciativa?
Em todos os países avança-dos, as empresas têm os seuscentros de treinamento e uni-versidades corporativas. Háespecificidades no trabalho decada empresa que não podemser atendidas por cursos gené-ricos. No Brasil é a mesmacoisa, só que se torna necessá-rio ensinar também conteúdosque deveriam ser aprendidos deforma corriqueira nas escolas.
O modelo estatal é insufi-ciente para uma boa qualida-de da educação?
A experiência internacionalmostra cursos públicos de qua-lidade que vai da excelente atéa abominável. Só que o mesmose dá com os cursos privados,por razões um pouco diferen-tes. O problema não é ser públi-co, mas estar submetido aregras burras que não permi-tem flexibilidade, não permitempremiar nem penalizar odesempenho. l
recebe os investimentos necessários
JÚLIO FERNANDES/CNT
que têm os meios econômi-cos fazem seus filhos estudarem escolas privadas de quali-dade, e, por via de conse-quência, caras. Cria-se assimuma imensa aberração nosprincípios da equidade.
Mas por que a qualidadeno ensino superior é maiordo que no nível fundamental?Qual a motivação para isso?
O grande determinante daqualidade do ensino é a qua-lidade da matéria-prima.Escolas privadas que rece-bem alunos de classe maisalta, sem fazer muita força,terminam com graduadosmelhores. Escolas públicasbem localizadas se benefi-ciam do mesmo recrutamen-
“Não há umareal percepçãode como nossa
educação éruim e de
como isso estábloqueando
o nosso crescimento”
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201114
MAIS TRANSPORTE
Os emplacamentos do setor automotivo, que inclui automóveis de passeio, veículos comerciais leves, caminhões, ônibus, motos, implementos rodoviários e outros comocarretinhas de transporte,cresceram 5,64% neste
primeiro quadrimestre, se comparados ao mesmo período de 2010. Foram1.742.375 unidades negociadaseste ano, frente às 1.649.397do ano passado. Os dadosforam divulgados pelaFenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Crescimento moderado
A Aliança Navegação e Logísticareestruturou seu serviço de cabotagem para acompanhar oaumento do volume de cargastransportadas no Brasil e noMercosul. As alterações, iniciadas nofinal de 2010 e finalizadas esteano, redimensionaram os doisanéis de serviços de cabotagem da empresa. Segundo a Aliança, oAnel 1, que cobria de Buenos Airesa Manaus, passa a escalar os portos de Santos, Navegantes,Itaguaí, Suape e Manaus. O Anel 2
opera, agora, com os portos deBuenos Aires, Montevidéu, RioGrande, Paranaguá, Santos,Itaguaí, Salvador, Suape e Pecém, atendendo assim todo o Mercosul. Para atender à região do Espírito Santo, a empresa desenvolveu o Anel 3,que faz a escala dos portos de Santos, Itaguaí e Vitória. Após encerrar 2010 com um faturamento de R$ 2,2 bilhões, a empresa projeta um crescimento de 10% este ano.
Investimento portuário
A Anac (Agência Nacional deAviação Civil) concluiu a negociação de acordo de céusabertos entre Brasil e UE (UniãoEuropeia). Esse tipo de tratado éfirmado para definir regras deoperações e, especialmente, aquantidade de frequências devoos que podem ser operados emdeterminado espaço aéreo. De
acordo com a Anac, antes danegociação, o Brasil fazia acordoscom cada país-membro da UEseparadamente. Ficou estabelecidoo aumento gradual de frequênciascom os Estados-membros daquelaregião, até a liberação total.Também chamado de Open Skies,o acordo seguirá para ratificaçãono Congresso Nacional.
Anac conclui acordo
FÁBIO FÁVERO/GOLDEN CARGO/DIVULGAÇÃO
RESPONSABILIDADE Programa propõe ações pelo meio ambiente
ALIANÇA NAVEGAÇÃO/DIVULGAÇÃO
MUDANÇAS Aliança reestruturou serviço de cabotagem
Programa Óleo Certo A Golden Cargo, especializada nogerenciamento e operação dacadeia logística de mercadoriasespeciais, lançou o ProgramaÓleo Certo. O objetivo é contribuirpara o descarte correto de óleode fritura, que será levado peloscolaboradores da empresa à companhia. O programa foi
desenvolvido para evitar a agressão ao meio ambiente, causada pelo descarte incorretodo resíduo. A empresa responsável pela coleta e reciclagem do óleo vegetal é a Retióleo. A retirada do material será feita a cada 40 litros armazenados.
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ASSEMBLEIA DA CIT
A15ª Assembleia da CIT(Câmara Interamericanade Transportes), realiza-
da nos dias 6 e 7 de abril, emBuenos Aires, teve como desta-que o debate do transporterodoviário de cargas e os pro-cessos de agilização aduaneiranas fronteiras americanas.
A análise das malhas ferro-viárias do Cone Sul, em particu-lar as que se encontram nos ter-ritórios brasileiro e argentino; opapel do transporte e da DefesaCivil em casos de desastresnaturais; além das novas ten-dências para os transportesurbanos, também foram trata-dos pelos países membros nosdois dias do encontro.
Paulo Caleffi, presidente daentidade, afirma que dois impor-tantes documentos foram ela-borados durante a reunião. Elesdizem respeito ao trabalho para-lelo entre transporte e DefesaCivil e às novas tendências do
setor. “São apontamentos derecomendação, assinados portodos os presidentes e repre-sentantes dos capítulos (paísesmembros) da CIT que estiverampresentes. Os membros poderãoapresentá-los aos seus respecti-vos governos para propor solu-ções, já que foram adaptadosconforme a realidade institucio-nal de cada nação.”
Caleffi destaca que, alémdos temas previstos, outras dis-cussões foram propostas.“Muitas delegações apresenta-ram informações e dadosimportantes, os quais só enri-queceram o debate e o alcancede uma maior homogeneidadede opiniões e posições entre ospaíses representados na CIT.”
De acordo com ele, o envol-vimento dos países membroscontribui para consolidar aentidade como uma organiza-ção internacional “responsá-vel, ativa e expressiva.”
Caleffi observa que o númerode entidades filiadas à CIT vemaumentando ao longo dos anos,permitindo a formação de novospaíses membros. A entidadefaz parte do Registro deOrganizações da SociedadeCivil da OEA (Organização dosEstados Americanos) e doComitê Executivo da ComissãoInteramericana de Portos CIP/OEA. A CIT está em processo deassociação junto à ONU(Organização das Nações Unidas).
“O nível de nossas discus-sões e o rigor no trato dasinformações e dos dados quesão compartilhados durante asassembleias vêm se refinando,ao ponto de hoje conseguir-mos elaborar documentos deapoio aos governos dos capí-tulos em um único encontro”,destaca o dirigente.
A próxima Assembleia da CITacontece em novembro, no Peru.
(Letícia Simões)
Contribuição aos países americanos
Novos voos A Trip Linhas Aéreas anunciou avolta de voos comerciais nosaeroportos de Macaé e BartolomeuLizandro, em Campos dosGoytacazes, ambos no norte fluminense. Os voos fazem parteda chamada rota do petróleo.Estão previstos três voos diários,em duas rotas: a primeira compreende as cidades do Rio deJaneiro, Macaé, Campos, Vitória (ES) e Ipatinga (MG), com possibilidades de conexão emJuiz de Fora (MG); e a segundatem início em Campos e seguepara Macaé, Rio de Janeiro, São José dos Campos (SP) eVarginha (MG). Os voos serãooperados por aeronaves ATR 42,com capacidade para até 50 passageiros. As passagens podemser compradas via Internet. Se adquiridas com antecedência,as tarifas têm preço fixado a partir de R$79,90.
Leilão do TAV A ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) anunciou para 29 de julho o leilãodo TAV (Trem de Alta Velocidade). Esse foi o segundo adiamento doleilão. A entrega das propostaspoderá ser feita até 11 de julho. AANTT acatou o pedido de alguns grupos interessados em participardo processo, para que houvessemaior prazo para consolidação das propostas.
REUNIÃO Próximo encontro está marcado para novembro, no Peru
ORGANIZACIÓN - XV ASAMBLEA GENERAL DE LA CIT/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201116
MAIS TRANSPORTE
Macrowikinomics – Reiniciando osNegócios e o MundoMostra como reinventar os negócios apartir do conceito wiki – de serviçosfinanceiros, economia verde e mídia àinovação e criação de riquezas.De: Don Tapscott e Anthony Williams,Ed. Campus, 432 págs., R$ 89,90
Gestão de Empresas Segundo The Wall Street JournalCom capítulos que falam sobre ética,liderança, motivação e estratégia, oautor reúne um estudo de conhecimentose práticas em gestão de empresas.De: Alan Murray, Ed. Campus, 224págs., R$ 59,90
Boa Ventura! A Corrida Do Ouro NoBrasil (1697-1810)Nesta reportagem histórica, narradacomo um romance de aventura, o jornalistaconta como a cobiça forjou um país,sustentou Portugal e inflamou o mundo.De: Lucas Figueiredo, Ed. Record, 368 págs., R$ 39,90
A TAM caracterizou um Airbus A320 como o personagem Blu, do longa de animação “Rio”. A companhiaé parceira promocional da 20th Century Fox, produtora do filme. A aeronave pode ser vista nos voos quepartem ou chegam aos aeroportos Galeão (RJ) e Guarulhos (SP) e nos de Buenos Aires e Santiago do Chile.
Avião caracterizado com personagem de filme
TAM/DIVULGAÇÃO
Mais espaço rumo a Paris Um dos dois voos diários da AirFrance entre Rio de Janeiro eParis é operado, desde o início demaio, pelo novo Boeing 777-300.O avião oferece uma nova classeexecutiva, que agrega 27% maisespaço para os passageiros. Apoltrona possui um novo assentoem estrutura fixa que garantemais privacidade e se transforma
em uma cama plana de 2 metrosde comprimento e 61 centímetrosde largura. O 777-300 tem espaçoextra para bagagem, tela touchscreen de 15 polegadas, fone de ouvido redutor de ruídos, travesseiro antialérgico, nécessaire e novos cardápios. A aeronave conta com 42 assentos na classe executiva, 24
na Premium Voyageur (classe que combina elementos da executiva a tarifas acessíveis) e 317 na Voyageur (econômica), totalizando 383 lugares. De acordo com a companhia, 110 milhões de euros foram investidos no projeto, em três anos.
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 17
SEST SENAT
Com o objetivo de esti-mular o trabalhador emtransporte a realizar ati-
vidades esportivas e criar maisum espaço de convivênciasocial na comunidade, o SestSenat realiza a segunda ediçãoda Copa de Futebol Society.
A competição, que come-çou no início do mês demaio, em algumas unidades,e acontece até agosto, éaberta aos trabalhadores deempresas de transporte decargas e passageiros, moto-ristas autônomos e taxistas.Neste ano, 55 unidades parti-cipam do campeonato. Maisde 500 jogos devem ser rea-lizados aos sábados e domin-gos na própria unidade ouem outros campos de futebolexistentes nas cidades. Emsua primeira edição, em2010, 51 unidades do Sest
Senat participaram do even-to que contou com a partici-pação de aproximadamente6.000 jogadores.
Além de promover a práti-ca esportiva, o evento tam-bém desenvolve um trabalhosocial. Para a inscrição, cadaequipe doou duas cestas dealimentos. Todo o materialarrecadado será destinado ainstituições localizadas nosmesmos municípios de reali-zação dos jogos.
Em Araraquara (SP), o cam-peonato acontece pelo segun-do ano. Ao todo, 12 equipesestão inscritas na competi-ção. Os jogos realizados sem-pre aos domingos permitemuma maior participação dostransportadores, segundoMaria Gertrudes SalvajoliAlbiero, diretora da unidade.
Em Fortaleza (CE), o suces-
so do campeonato em 2010permitiu que o número deequipes inscritas neste anopassasse de 17 para 25.“Fizemos um bom trabalhocom todas as empresas daregião e conseguimos mobili-zar os funcionários. Elesentenderam como é impor-tante a integração e a práticade exercícios físicos”, contaCeli de Oliveira Dias, coorde-nadora do Sest.
Pelo regulamento do cam-peonato, os melhores timesserão premiados com troféus(1º ao 3º lugar) e os partici-pantes receberão medalhas(1º ao 4º lugar). Tambémserão premiados, por unidade,o artilheiro e o goleiro menosvazado da competição. Vejafoto da abertura do campeo-nato na unidade de Fortaleza.
(Livia Cerezoli)
Unidades realizam Copa de Futebol Society
INTEGRAÇÃO Campeonato disputado em Fortaleza reúne 25 equipes
SEST SENAT FORTALEZA/DIVULGAÇÃO
A CNT iniciou oficialmente, no início de maio, sua participação nogrupo de trabalho de embalagensde óleos lubrificantes do governofederal. Somado às outras quatroequipes, o grupo vai discutir aimplementação da política delogística reversa no país. O temaenvolve o recolhimento de resíduos hoje não aproveitáveis e sua transformação em mercadorias para o consumidor.Os grupos fazem parte da PolíticaNacional de Resíduos Sólidos, criada pelo governo federal em2010, e visam discutir e implementar ações que promovam o desenvolvimentosustentável.
Participação
A Harley-Davidson abriu duasnovas concessionárias noBrasil. A Rio Harley-Davidson,na capital fluminense, e a The One Harley-Davidson, em Curitiba (PR), ampliam a cobertura de mercado damarca no país. De acordo com a montadora, as novasconcessionárias começam suas atividades em instalaçõestemporárias. A montadora já contava com a Autostar Harley-Davidson, em São Paulo(SP), a BH Harley-Davidson, quefica em Belo Horizonte (MG), e a Tennesse Harley-Davidson,de Campinas (SP).
Motos
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201118
MAIS TRANSPORTE
LANÇAMENTO EXTRAPESADO
AIveco, fabricante da FiatIndustrial, lançou emmeados de março o pri-
meiro caminhão da marca comcâmbio automatizado e 16 mar-chas. O Stralis NR Eurotronictem sistema antitravamento derodas ABS de série e maiorpotência de frenagem, chegan-do a até 985 cv com o opcionalIntarder ZF. Disponível nas ver-sões 4x2, 6x2 e 6x4, o preço doveículo varia de R$ 430 mil aR$ 542 mil.
Além da proposta de segu-rança e conforto na direção,uma grande aposta da monta-dora com o lançamento dessenovo caminhão é a economiade combustível e, consequen-temente, menos danos aomeio ambiente. Conforme osexecutivos da Iveco, os testesmostraram que o Stralis NREurotronic pode reduzir ematé 7% o gasto de combustí-vel, quando comparado aomodelo manual.
O câmbio automatizado foidesenvolvido em parceria coma empresa alemã ZF, especiali-zada no fornecimento de siste-mas de transmissão e tecnolo-gia de chassis para o setor. Omotorista pode optar em fazer
a troca de marchas manual-mente, por meio de uma ala-vanca ao lado do volante.Conforme o diretor operacio-nal da ZF, Thomas Schmidt, emuma frota de 200 caminhões épossível economizar 290 millitros de combustível.
De acordo com a Iveco, amaior elasticidade proporcio-nada pelas 16 marchas permi-te que se encontre sempre arelação de marcha certa paracada situação enfrentadapelo veículo. A montadoragarante que há uma ótimaresposta em relação às varia-ções de peso da carga, dassubidas e descidas da estra-da e também diante de algu-mas exigências do motorista,como maior aceleração parauma ultrapassagem.
Durante o lançamento, nailha de Comandatuba, naBahia, o diretor de vendas emarketing da Iveco do Brasil,Alcides Cavalcanti, tambémdestacou que o caminhãotem a proposta de facilitar acondução e de melhorar aperformance do motorista.Uma bandeira levantada pelaIveco é que o Stralis NREurotronic pode ajudar os
operadores de transporte emrelação à falta de mão deobra experiente.
“Com essa escassez demão de obra que existe hoje,a grande dificuldade dostransportadores é encontrarbons motoristas e retê-los.Com a caixa automatizada,não há tanto essa dependên-cia. A caixa automatizada vaiajudar o motorista a tirar omelhor do equipamento, sejana economia ou na perfor-mance”, disse Cavalcanti.
O diretor de desenvolvi-mento de produto, RenatoMastrobuono, afirma que ocaminhão é fácil de dirigir.Ele também garantiu que acaixa automatizada permitea melhoria das médias deconsumo de combustível,tendo o motorista como ele-mento secundário nesseprocesso.
Segundo ele, há umademanda no mercado de trans-porte por mais eficiência, segu-rança e durabilidade dos pro-
Com câmbio automatizado
FRENAGEM
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 19
dutos. E a automação do siste-ma de transmissão do novo veí-culo procura atender essademanda. “Busca transformar amédia dos motoristas de umafrota nos melhores motoristasque se poderia contratar, colo-cando o computador, auxilian-do a condução econômica esegura, protegendo os compo-nentes e usando o motor narotação ideal do consumo decombustível. Entrando aindacom freio motor na hora maisapropriada”, explica.
Mas o Stralis NR Eurotronicainda terá de passar poradaptações quando começa-rem a valer no ano que vemas normas do Proconve(Programa de Controle daPoluição do Ar por VeículosAutomotores). Em 2012, entraem vigor a fase P7 do progra-ma do governo federal, quecorresponde à fase Euro 5,implantada na Europa. Naprática, os veículos terão deobedecer a limites mais res-tritivos de emissões de
poluentes. Para conseguirrespeitar os níveis determi-nados, os caminhões precisa-rão de nova tecnologia.
“Esse motor está predis-posto para atender aoProconve 7. Mas é uma ques-tão de adaptação. Depois, noano que vem, terá que insta-lar o equipamento pós-trata-mento”, disse Cavalcanti. Eleafirmou que a Iveco sentiu anecessidade de colocaragora esse veículo automati-zado no mercado, mesmo
antes de começarem a valeras novas normas.
Conforme Cavalcanti, aexpectativa é comercializarneste ano cerca de 3.000 uni-dades do Stralis NREurotronic, o que correspon-de a aproximadamente 40%do volume total da gamaStralis NR previsto para esteano. Atualmente, a Iveco tem92 concessionárias no Brasil,e a meta é chegar a cem atéo final de 2011.
(Cynthia Castro)
FOTOS IVECO/DIVULGAÇÃO
Freio motor chega a 985 cv de potência, com o opcional Intarder ZF TECNOLOGIA Marchas podem ser acionadas por teclas no painel
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201120
MAIS TRANSPORTE
Encontro de tecnologia O 1º Encontro Nacional deTecnologia Metroferroviária queserá realizado nos dias 5 e 6 dejulho, na Escola Politécnica daUSP (Universidade de São Paulo),na capital paulista, abriu inscriçõespara os interessados em apresentarsuas contribuições ao setor. Ocadastro pode ser feito no site doevento. O encontro propõe odebate de oito temas, selecionadospelo Comitê Brasileiro
Metroferroviário da ABNT(Associação Brasileira de NormasTécnicas). Segundo a organização,os assuntos abordados são atuaise estão na pauta de discussãodas operadoras. As inscriçõessão abertas a qualquer pessoa.Os relatores do comitê vão avaliaros trabalhos inscritos. Os melhoresserão apresentados durante oencontro e se transformarão emnormas técnicas para a área.
IVECO/DIVULGAÇÃO
DEFESA Divisão da Iveco define primeira ação
A divisão de veículos de defesada Iveco, em Sete Lagoas (MG),terá como primeira ação o gerenciamento do projeto doVBTP-MR-Guarani. O veículo blindadoanfíbio tem 18 toneladas e tração6x6. Ele é capaz de transportar 11militares e pode ser equipadocom torre de canhão automáticoou de metralhadora, operada
por controle remoto. O VBTP-MR-Guarani servirá, ainda,como plataforma base de umafamília de blindados médios derodas, que poderá ter mais dedez versões diferentes. De acordo com a Iveco, a cadeia produtiva deve envolver 110 fornecedores diretos e até 600 indiretos.
Blindados gerenciados em Minas
EcoSport 2012O novo Ford EcoSport chegou àsrevendas de todo o país trazendonovidades como airbag e freiosABS. Os acessórios são itens desérie no modelo FreeStyle 2.0 Flex.A Ford disponibiliza os mesmos equipamentos como opcionais no modelo FreeStyle 1.6 Flex, porR$ 1.700. Em seu exterior, o modelose destaca pelo pacote de itens na cor cinza London, como gradedo radiador, molduras laterais,
capas dos retrovisores e rodas de liga leve de 15 polegadas. Internamente, o veículo traz direção hidráulicacom ajuste de altura, ar-condicionado, computador de bordo, trio elétrico, volante revestido em couro etravamento automático das portas. A linha 2012 tem preço de lista a partir de R$ 54.250.
Novas estruturasO Porto de Rio Grande recebeu em abril estruturaspara alguns módulos da plataforma P-63. As peçastotalizaram 970 toneladas eforam trazidas pelo navioTraveller, de Amsterdã. Asestruturas feitas de açoforam montadas na Turquia.A P-63 produzirá 140 mil barris de óleo por dia e 1
milhão de metros cúbicos degás quando estiver em plenaatividade no Campo de PapaTerra, na Bacia de Campos,Rio de Janeiro. Segundo a assessoria do porto, o próximo navio com as peças finais das estruturas da plataformadeve chegar em meados de junho.
PORTO DE RIO GRANDE/DIVULGAÇÃO
PLATAFORMA Porto de Rio Grande recebe equipamentos
MEDALHA JK
A19ª edição da Ordem do Mérito doTransporte Brasileiro, conhecidacomo Medalha JK, homenageou em28 de abril 17 profissionais que se
notabilizaram pelos serviços prestados à ati-vidade transportadora em 2010. O grandedestaque da cerimônia foi o ex-ministro daSecretaria de Portos, Pedro Brito, agraciadocom o grau Grã-Cruz pela implantação deprogramas como o de dragagem dos portose o projeto Porto sem Papel.
A medalha instituída da ConfederaçãoNacional do Transporte foi entregue em soleni-dade no Memorial JK, em Brasília. Na ocasião, opresidente da CNT e do Sest Senat, senadorClésio Andrade, lembrou a trajetória política doex-presidente Juscelino Kubitschek e destacouo reconhecimento da instituição à contribuiçãode Pedro Brito ao setor. “Ao reverenciar JKhomenageamos um brasileiro que nos legouexemplos inesquecíveis de persistência políti-ca”, afirmou o senador.
Brito discursou em seguida em nome detodos os agraciados e disse que a medalha domérito é um estímulo e um desafio para que otrabalho desenvolvido para a melhoria do trans-porte no país tenha continuidade. O ex-ministrofez um balanço positivo dos projetos concretiza-dos em sua gestão, e destacou o crescimento docomércio exterior brasileiro de US$ 100 bilhõesem 2003 para US$ 400 bilhões no ano passado.Desse total, 90% passaram pelos portos.
A medalha do mérito condecorou com acomenda de Grande Oficial cinco liderançassindicais e empresariais de diferentes segmen-tos do setor transportador. Na categoria Oficial,dez lideranças receberam a medalha. A home-nagem póstuma, na categoria Grande Oficial,foi conferida ao advogado Abrão Abdo Izaacpela atuação na área jurídica e na direção deempresas e de instituições do setor. A medalhafoi recebida pelo filho, David Salim Izaac.
CNT reconhece trabalho de lide
Otávio Cunha e José Luiz Santolin
Presidente da CNT, Clésio Andrade, e o ex-ministro da Secretaria de Portos, Pedro Brito
Flávio Benatti e Vander Francisco Costa
POR SUELI MONTENEGRO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201122
ranças do setor de transporte
Meton Soares e Aluísio de Souza Sobreira
Pedro Lopes e Egídio CeccattoDavid Lopes de Oliveira e Luís Régis Nogueira Moreira
José da Fonseca Lopes e Diumar Deléo Cunha Bueno
Newton Gibson e Jurandir Gueiros Dantas Neto
Marco Antonio Gulin e José Gulin
FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 23
José Fioravanti e Odemar Ferreira
Rodri
Meton SoaresJosé Hélio Fernandes e Manoel Souza Lima
José da Fonseca Lopes e Claudinei Natal Pelegrini
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201124
GRÃ-CRUZ
• Pedro Brito - Ex-ministro da Integração
Nacional e da Secretaria de Portos
GRANDE OFICIAL
• José Luiz Santolin - Superintendente da Abrati,
atuou em empresas e federações de transporte
• Diumar Deléo Cunha Bueno - Presidente
da Fenacam e fundador do Sindicam
• Vander Francisco Costa - Presidente da
Fetcemg e vice-presidente do Setcemg
• Aluísio de Souza Sobreira - Vice-presidente
da Câmara Brasileira de Contêineres
• Eduardo Parente Menezes - Presidente
da concessionária MRS Logística
OFICIAL
• Luís Régis Nogueira Moreira - Empresário,
fundador e ex-diretor da Cepimar
• José Gulin - Empresário, ex-presidente
do Rodopar e atual diretor da Fepasc
• Jurandir Gueiros Dantas Neto - Empresário,
membro da diretoria da Fetracan
• Egídio Ceccatto - Possui forte atuação
em empresas de transporte rodoviário
• Manoel Souza Lima - Vice-presidente do
Setcesp e diretor da NTC&Logística e da ABTC
• Odemar Ferreira - Vice-presidente da Federação
dos Taxistas do Estado de São Paulo
• Claudinei Natal Pelegrini - Atua com destaque
na liderança dos caminhoneiros autônomos
• João Mário Pinto de Albuquerque Mello - Empresário,
foi vice-presidente da Fenamar
• Richard Klien - Presidente da Associação
Latino-Americana de Portos e Terminais
• Ellen Regina Capistrano Martins - Especialista
em logística, assessora técnica da ANTF
“POST MORTEM” - GRANDE OFICIAL
• Abrão Abdo Izaac - Empresário, destacou-se na
defesa das empresas de transporte rodoviário
Meton Soares e Richard Klien
go Vilaça e Ellen Regina Capistrano Martins
e João Mário Pinto de Albuquerque Mello Otávio Cunha e David Izaac
VEJA OS AGRACIADOS
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 25
REPORTAGEM DE CAPA
Em busca de u
RAHEL PATRASSO/FUTURA PRESS
m novo modelo
Cidades precisam criar alternativas para
melhorar mobilidade;Copa é oportunidade
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201128
Depois de décadas sem oplanejamento ideal, ascidades brasileirascresceram muito e hoje
grande parte delas enfrenta gra-ves problemas na mobilidadeurbana. Excesso de carros parti-culares, ruas e avenidas comcapacidade insuficiente para darfluência ao tráfego, necessidadede mais investimento no trans-porte público e de infraestruturaurbana. Tudo isso contribui parasituações que irritam a popula-ção diariamente.
Mas alguns municípios têmbuscado alternativas para resol-ver os problemas, e há uma gran-de expectativa com os investimen-tos que serão feitos para a realiza-ção dos eventos esportivos inter-nacionais no Brasil. A implantaçãodo BRT (Bus Rapid Transit) é umdos caminhos que grande partedas cidades-sede da Copa deveseguir. E municípios que estãofora do Mundial também têm bus-cado alternativas para o trânsito.
Anápolis, em Goiás, tem umtransporte urbano com qualidadereconhecida. Segundo o presiden-te da NTU (Associação Nacionaldas Empresas de TransportesUrbanos), Otávio Vieira da CunhaFilho, o sistema implantado no
sido feitos para apontar soluçõespara os problemas do trânsito dascidades de menor porte. No finaldo ano passado, o economistaDercio Terrabuio defendeu umadissertação de mestrado naEscola de Engenharia de SãoCarlos, da USP (Universidade deSão Paulo). Ele desenvolveu ummodelo para tentar explicar ademanda por transporte coletivoem cidades de porte médio.
O método pode vir a ajudar asprefeituras e empresas de ôni-bus a trabalhar pela melhoria dotransporte, a partir da análise dademanda. Segundo o professor e
município de pouco mais de 300mil habitantes é aprovado pelamaioria da população. “Os ônibussaem na hora, e há 100% de cum-primento das viagens.”
A empresa TCA (TransportesColetivos Anápolis) busca otimi-zar a utilização do sistema, alian-do a isso a renovação e amplia-ção da frota. Entre as medidasaplicadas para melhorar a efi-ciência estão a capacitação dopessoal, sistema de bilhetagemeletrônica, integração de todasas linhas do sistema, permitindodois embarques com uma únicapassagem. Segundo a TCA, aoentrar no terminal de passagei-ros, o ônibus urbano é rastreadopor um radar, que informa aocomputador central seu númeroe suas características.
Com tais informações, o com-putador, sem auxílio humano,registra a hora de entrada do veí-culo. Após consultar seu banco dedados, decide qual viagem o ôni-bus deverá efetuar. Uma vez esco-lhida a viagem, o computadorinforma ao motorista e mostra emum painel o horário e o destino aserem cumpridos. Com o sistema,“torna possível cumprir diaria-mente todas as viagens progra-madas, 100% dos horários defini-dos”, garante a TCA.
Diversos estudos também têm
orientador Coca Ferraz, o estudoengloba a população da cidade, onúmero de veículos e a renda percapita. Foram analisadas situa-ções de Araraquara, São Carlos eSão José do Rio Preto, as três emSão Paulo. Conforme o estudo, ademanda total por transportecoletivo é influenciada pelapopulação, índice de motoriza-ção e PIB per capita. “Quando arenda é bem baixa, muitas pes-soas não têm dinheiro para otransporte coletivo e andam apé. Se a renda melhora, vem aopção por andar de carro.”
Na avaliação do professor
ANÁPOLIS Cidade em Goiás
POR CYNTHIA CASTRO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 29
Coca Ferraz, é necessário quehaja no Brasil um grande investi-mento em transporte coletivo,com subsídio do governo, paraque a população passe a usar oscarros e as motos de forma maisinteligente. “Na maior parte dascidades europeias, há subsídiopara o transporte público, as tari-fas ficam mais baixas.”
O professor comenta que há nomundo, basicamente, dois tipos decidades. Uma delas é a norte-ame-ricana (ou “car cities”, cidades docarro, na tradução literal), planeja-da para os carros. “Os EstadosUnidos investiram muito no siste-
ma viário, na sinalização, controle,vias expressas. Há pouquíssimasexceções, mas a maioria das cida-des foi feita para o automóvel,com as free ways. O pedestre e otransporte público têm poucaimportância”, afirma.
Ele cita também as cidadestipicamente europeias (“transitand walking cities”, cidades dotrânsito e do pedestre), mais vol-tadas para o transporte coletivo,para o pedestre e o uso de bicicle-tas. As pessoas usam mais osmetrôs e ônibus, andam mais a pé.Há muitas vias para os pedestres eciclovias. “As vantagens dessas
cidades europeias é que as áreascentrais são mais agradáveis,transformam-se em espaços lúdi-cos, há menos congestionamen-tos, menos poluição.”
Na opinião de Coca Ferraz, aolongo de várias décadas, o Brasilvem seguindo a tendência dosEstados Unidos, e um exemplocitado por ele é a capital do país,Brasília, que adota um modelochamado por muitos de rodovia-rista – com largas avenidas, trânsi-to rápido, pouco espaço para opedestre nas ruas.
E um risco ainda maior doBrasil, conforme Coca Ferraz, é
que, ao migrar do transporteurbano para o transporte indivi-dual, muitas pessoas estão esco-lhendo a motocicleta, contribuin-do assim para o aumento de aci-dentes graves e mortes. “O riscode morrer em um acidente demotocicleta é próximo de 30vezes maior do que em relação aocarro”, afirma.
O presidente da NTU, OtávioCunha, considera que ao longodos últimos 30 anos faltou a defi-nição de uma política de transpor-te público no Brasil, o que acaboucontribuindo para todas as dificul-dades atuais. “O serviço de trans-
criou sistema de ônibus com alto índice de aprovação entre os usuários
TCA/DIVULGAÇÃO
Veja as desvantagens do uso massivo desse meio de transporte
• Congestionamentos que provocam baixa velocidade de circulação
• Poluição da atmosfera com substâncias tóxicas
• Investimentos de recursos públicos na infraestrutura viária e sistemas de
controle do tráfego em detrimento da saúde, habitação, educação etc
• Acidentes que causam perdas de vidas e lesões graves
• Consumo desordenado de energia
• Desumanização da cidade: descaracterização da estrutura física devido à
grande área com vias expressas, obras viárias e estacionamentos
• Degradação da vizinhança próxima de grandes vias e obras viárias em
decorrência da poluição visual
• Ineficiência da cidade: é muito maior o custo da infraestrutura e do
transporte nas cidades em que predomina o uso do carro, devido ao grande
número de vias expressas e obras viárias
Fonte: USP-São Carlos
AUTOMÓVEL
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201130
pirado na experiência lançadana cidade de Curitiba na déca-da de 1970.
A pesquisa mostrou que aimplantação do Transmilênio foiresponsável pela transformaçãourbana e pela melhoria da mobili-dade de Bogotá. Foram constata-dos aumento da demanda dotransporte coletivo, redução dotempo das viagens e acidentes,redução de emissões de poluenteslocais e globais.
Nas obras nas cidades-sede daCopa do Mundo no Brasil está pre-vista a implantação de pelomenos 22 corredores de BRT. Trêsdeles devem ser implantados emgrandes avenidas de Belo
forto, a velocidade comercialelevada. Hoje, a velocidademédia nacional dos ônibus é 12km/h, chegando a 8 km/h emalgumas cidades e horários. NoBRT, a velocidade comercial éelevada, de até 35 km/h. Em viassegregadas, chega a 60 km/h”,diz o presidente da NTU.
Cunha destaca também asvantagens para o meio ambien-te e cita um estudo que venceuo Prêmio CNT ProduçãoAcadêmica 2009, sobre oTransmilênio, sistema de ôni-bus de Bogotá, na Colômbia.Em 1998, a Prefeitura de Bogotácomeçou a implantar o sistemade alta capacidade (o BRT), ins-
porte coletivo urbano oferecidohoje em muitas cidades é omelhor possível, se consideramosas dificuldades e a falta de investi-mentos ao longo de décadas.”
Cunha considera que parteda crise da mobilidade ocorretambém em função da estabili-dade econômica e melhoria derenda do brasileiro, o que con-tribui para que mais pessoasconsigam adquirir o automóvele façam essa opção.
Eventos esportivosPara o presidente da NTU, a
Copa do Mundo de 2014 e asOlimpíadas de 2016 são os eventosque irão contribuir para que ocor-
ram os grandes investimentosnecessários em transporte urbanoem algumas capitais do país.
Uma aposta do PAC da Copa éa implantação de corredores deBRT nas cidades-sede. E o PACda Mobilidade, lançado nesteano, também prevê um grandeaporte de recursos para melho-rias do transporte dos municí-pios. Na opinião de Cunha, o BRTé uma boa solução para dar umalívio aos problemas de mobili-dade dessas cidades. “O BRTtraz para a superfície a mesmaeficiência e a qualidade dometrô. Entre as vantagens estãoo acesso rápido ao transporte, oembarque na superfície, o con-
Mobilidade urbana e asoportunidades do Brasil coma realização dos dois gran-des eventos esportivos nospróximos anos serão discu-tidas durante o 18ºCongresso Brasileiro deTransporte e Trânsito, queserá realizado no Rio deJaneiro, de 18 a 21 de outu-bro. Realizado pela ANTP(Associação Nacional deTransportes Públicos), ocongresso terá a participa-ção de palestrantes do setorno Brasil e no exterior.
Devem estar presentesrepresentantes daAlemanha, Inglaterra e Áfri-ca do Sul, que irão relatarsuas experiências em rela-ção às realizações de Copa
do Mundo e Olimpíadas.Temas como o legado quefica para as cidades e quaisos principais pontos a serematacados estarão no cernedas discussões.
“Depois de décadas deinvestimento zero emtransporte público, o Brasiltem hoje um cenário inte-ressante. Tivemos o PAC 1.E agora os PACs da Copa eda Mobilidade. São mais deR$ 40 bilhões de investi-mentos nesses três paco-tes”, diz o superintendenteda ANTP, Marcos PimentelBicalho.
Para obter mais infor-mações, ligue para (11)3371-2299.
RIO DE JANEIRO
Congresso sobre mobilidade
ALTERNATIVA Extensão de metrôs e linhas de BRTs são
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 31
Horizonte, que ligam bairros daregião Norte e Pampulha (ondefica o estádio Mineirão) ao centroda cidade. “Acreditamos queesses corredores e outras inter-venções irão resolver 100% des-ses problemas, até a Copa”, afir-ma o diretor de planejamento daBHTrans (Empresa de Transportese Trânsito de Belo Horizonte),Célio Freitas Bouzada.
A capital mineira vive atual-mente uma situação de trânsitoextremamente complicado, comengarrafamentos constantes emvários horários do dia. De acordocom Bouzada, nos últimos trêsanos foi elaborado um plano demobilidade que prevê a implanta-
MARCOS BRAND„O/CPDOC JB/FUTURA PRESS
MOBILIDADEVeja algumas obras que estão previstas nas cidades-sede da Copa de 2014
medidas a serem implantadas no país
Belo Horizonte• BRT Pedro 2º/Carlos Luz• BRT Antônio Carlos/Pedro 1º• BRT Centro• BRT Cristiano Machado• Controle de tráfego• Via 710 - corredor integrando região nordeste e BRT
Cristiano Machado• Boulevard Tereza Cristina - requalificação do
espaço viário• Via 210 - corredor de ônibus, ligando Barreiro
ao Centro e metrô
Brasília• VLT - liga o aeroporto ao terminal de integração
da Asa Sul. O empreendimento inclui também a ampliação dacapacidade da rodovia DF-047
Cuiabá• BRT CPA/Aeroporto • BRT Coxipó/Centro • Corredor Mário Andreazza
Curitiba• BRT Aeroporto/Rodoferroviária• Sistema integrado de monitoramento • BRT Cândido de Abreu• Requalificação da Rodoferroviária• BRT Linha Verde Sul• Requalificação do terminal Santa Cândida• Requalificação do corredor Marechal Floriano• Corredor metropolitano – integra municípios da região
metropolitana e vias radiais• Vias de integração radiais metropolitanas –
estruturação e requalificação
Fortaleza• VLT Parangaba/Mucuripe • Corredor Norte/Sul-Via Expressa • BRT Dedé Brasil • BRT Raul Barbosa • BRT Alberto Craveiro • BRT Paulino Rocha• Estações Padre Cícero e Montese
Manaus• Monotrilho Norte/Centro• BRT Eixo Leste/Centro
Natal• Eixo 1 (integração novo aeroporto/arena Dunas/setor
hoteleiro) – requalifica vias, liga novo aeroporto ahotéis, passando pelo estádio
• Eixo 2 (implantação da via Prudente de Morais) – alternativa de ligação ao aeroporto Severo Gomes e à BR-101
Porto Alegre• Corredor Tronco• Corredor 3º Perimetral • Corredor Padre Cacique/Beira Rio• Monitoramento dos três corredores• BRT Protásio Alves • BRT Assis Brasil • Corredor voluntário da pátria e terminal de ônibus
São Pedro• Prolongamento da av. Severo Dulius• Complexo da rodoviária• BRT Bento Gonçalves-portais Azenha e Antônio
Carvalho
Recife• Corredor Caxangá• BRT Norte/Sul • BRT Leste/Oeste• Corredor Via Mangue• Terminal Cosme e Damião
Rio de Janeiro • BRT Transcarioca
Salvador• BRT Estruturante/Acesso Norte
São Paulo• Monotrilho linha 17-Ouro
Fonte: Ministério do Esporte
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201132
Osecretário nacional deTransporte e Mobilidadedo Ministério das
Cidades, Luiz Carlos Bueno deLima, considera que o proble-ma da mobilidade hoje nosgrandes e médios centrosurbanos é decorrente da faltade planejamento de longasdécadas. Lima garante que atéa Copa do Mundo de 2014 o des-locamento das pessoas nascidades-sede se dará de formaadequada. Ele cita tambémoutros investimentos queserão feitos pelo governo fede-ral em municípios que não irãoabrigar os eventos esportivos.Leia a entrevista a seguir.
As grandes cidades brasi-leiras vivem hoje uma espé-cie de doença, sufocadaspelo trânsito estressante. Oque está sendo feito pelogoverno federal para resol-ver o problema?
O problema da mobilidadehoje nos grandes e médioscentros vem exatamente dafalta de planejamento.Tivemos um crescimento aolongo do tempo e não houveplanejamento urbano dessedesenvolvimento, não houveadequação urbana. Isso com-prometeu nossas ruas, nossasestruturas municipais. Masesse não é um problema exclu-sivamente nosso. São situa-ções verificadas em cidadesde médio e grande porte do
mundo. Estamos identificandoações ofertadas pelos nossosmunicípios. Aproveitando aCopa 2014, estamos trabalhan-do na requalificação das viasurbanas.
Qual é o investimentototal para mobilidade urba-na?
São R$ 8 bilhões em obrasde mobilidade urbana (no PACda Copa), na requalificação daestrutura urbana dos municí-pios, em relação também àsligações com portos e aeropor-tos. A ideia é que tenhamos viasde acesso qualificadas para queo transporte seja rápido. O totalde investimento é em torno deR$ 11,5 bilhões nas cidades-sede, R$ 8 bilhões de financia-mento do governo federal e orestante é contrapartida dosEstados e municípios.
A proposta é tambématrair passageiros depoisda Copa?
A ideia é oferecer essamelhoria da mobilidade, mas deforma sustentável. São projetosde VLT (Veículo Leve sobreTrilhos) e BRT. O objetivo é quetenhamos estrutura de trans-porte público com qualidade.Assim, as pessoas poderão sesentir atraídas para utilizar otransporte público. Tivemosuma preocupação com o lega-do. Foram vários debates sobreo que seria útil depois.
Os investimentos se con-centram nas cidades-sede?Há também o PAC daMobilidade.
As cidades-sede são capi-tais e receberão muitos inves-timentos, mas outras tambémestão sendo contempladas.Dentro do PAC 2, estamos tra-balhando a qualificação erequalificação de vias urba-nas, num total de R$ 6 bilhões.Essas intervenções vão serfeitas em municípios que pos-suem bairros onde não hápavimentação, calçada. A ter-ceira ação é o PAC MobilidadeGrandes Cidades, lançadoneste ano.
Os projetos apresentadospelas cidades terão de seraprovados para que elas pos-sam receber os recursos. Emque fase esse processo está?
Serão investidos R$ 18bilhões nas 24 maiores cidadesdo país, sendo R$ 12 bilhões definanciamento e R$ 6 bilhões daOGU (Orçamento Geral daUnião). Os municípios que seenquadraram nos critériosapresentaram propostas eentramos na fase de avaliação.O ministério vai convidar repre-sentantes do município ou dosgovernos estaduais que apre-sentaram propostas para fazer-mos juntos a análise técnicasobre o que é viável. Isso deveocorrer até o final de maio. Emtodos, há contrapartida.
O BRT tem sido adotadocomo uma alternativa para amobilidade. Há críticas deque o sistema poderia serpaliativo em alguns casos.
No PAC da Mobilidade, esta-mos trabalhando BRTs emetrôs. Nosso interesse sãoobras estruturantes, corredo-res estruturantes, como o BRT,o metrô, o VLT. A ideia é tertransporte rápido, com quali-dade, para que as pessoas sesintam atraídas e deixem ocarro em casa. Com o BRT, aprincipal vantagem é a dimi-nuição do tempo de viagem,com aceleração constante ediminuição da emissão depoluentes. Vamos trabalhartambém com material rodantenovo, que tem ótima qualidade.
Muitas pessoas defendemque o metrô deveria ser umaalternativa priorizada.
Todos nós sabemos quemetrô é um transporte defensá-vel. O grande diferencial, se for-mos comparar metrô, BRT e VLT,é o custo. Implantar metrô temum custo alto demais, e essarelação acaba nos levando aoptar por outras soluções. Maso metrô também está no PACMobilidade Grandes Cidades.
O aumento da venda deautomóveis torna-se umempecilho para a melhoria damobilidade?
A indústria automobilísti-
ENTREVISTA
“O grande desafio que temos é o planejamento urbano”
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 33
ca tem participação entre3% e 4% do PIB. É geradorade emprego e renda. Nossapreocupação é que tenha-mos uma indústria automo-bilística atuante, em conse-quência dessa atuação,dessa geração de emprego erenda. Mas aos gestorespúblicos cabe o planejamen-to dos centros urbanos, aoferta do transporte públicode qualidade. As pessoaspodem ter o carro particular,mas devem utilizá-lo somen-te nos momentos necessá-rios. No dia a dia, poderiamoptar pelo transporte públi-co. Por isso, estamos traba-lhando para melhorar essetransporte, para renovar afrota de ônibus, integrarmodais.
Os grandes desafios damobilidade são oferecertransporte de qualidade econscientizar as pessoas adeixarem o carro em casa?
O grande desafio quetemos é o planejamentourbano. Municípios e gover-nos estaduais têm que iden-tificar os seus gargalos. Ogoverno federal vai disponi-bilizar recursos, mas temosque identificar as ações prio-ritárias para a melhoria daqualidade de vida. Os municí-pios maiores têm de apre-sentar de forma adequada arequalificação necessária
para suas estruturas urba-nas. E os municípios, em fasede crescimento e desenvolvi-mento, têm de conseguir pla-nejar suas necessidades notempo certo para evitar pro-blemas futuros.
E a conscientização dosusuários passa pela melhoriado transporte público?
Com certeza. A conscienti-zação só acontece a partir domomento em que tivermostransporte público atrativo. Eo grande desafio para o ges-tor público é ter essa estrutu-ra atrativa. Curitiba e PortoAlegre têm transportes dife-renciados. Curitiba tem plane-
jamento de muitos anos, quecomeçou com Jaime Lerner. EPorto Alegre tem a Carris,empresa pública que se tor-nou referência.
O senhor considera queserá possível ter uma mobili-dade urbana adequada até aCopa de 2014?
Sim. Nos municípios sededa Copa teremos uma melho-ra significativa. E nos outrosmunicípios, incluídos no PACMobilidade, também teremos.O governo federal tem tidoum empenho para que tenha-mos estrutura urbana requali-ficada nos nossos municípios,de modo geral.
ção de BRT, extensão do metrô,criação de ciclovias, melhorias decalçadas, aplicação de tecnologiapara controle de tráfego, entreoutras medidas.
O diretor de planejamentodefende que as medidas trarãoalívio para o trânsito na cidade.Entretanto, ele afirma que asações de melhoria esbarram nocrescente uso do automóvel.“No ano passado, os emplaca-mentos de veículos aumenta-ram 12%. Cada vez mais as pes-soas estão utilizando o automó-vel. Nossas medidas vão sendotomadas por esse crescentevolume de automóveis”, afirma.
O doutor em engenharia detransporte Rômulo Orrico, pro-fessor dos cursos de mestradoe doutorado do Programa deEngenharia de Transporte daCoppe, da UFRJ (UniversidadeFederal do Rio de Janeiro),avalia que nas últimas trêsdécadas as cidades se desen-volveram de uma maneiradiferente. Por isso, atualmen-te, as lógicas de planejamentoprecisam se modificar.
No Rio de Janeiro, serãoimplantadas linhas de BRT. MasOrrico destaca também aimplantação de outros corredo-res que estão sendo chamadosBRS (Bus Rapid Service). “Sãocorredores estruturadores, maspodem não ter uma demandatão grande como a do BRT.” l
MINISTÉRIO DAS CIDADES/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201134
FERROVIÁRIO
Os trens regionais depassageiros, quepromovem o trans-porte de pessoas
entre cidades e Estados etambém podem levar algumasencomendas de uma região aoutra, devem começar a serreativados no Brasil. No Planode Revitalização dasFerrovias, do governo federal,há o programa de resgate dotransporte ferroviário de pas-sageiros. Quatorze trechosque já foram utilizados um diapassarão por estudos de via-
Próximapartida
Projeto do governo federal quer reativar trechos de trens regionais de passageiros; 14 estudos de viabilidade devem ser feitos
POR CYNTHIA CASTRO
bilidade. Dois desses estudosdevem ficar prontos aindaneste semestre. Outros doisou três terão início neste ano.
O diretor do Departamentode Relações Institucionais doMinistério dos Transportes,Afonso Carneiro Filho, consi-dera que em dois anos é possí-vel que alguns projetos come-cem a funcionar. Os que tive-rem o estudo de viabilidadeaprovado serão apresentadosà comunidade, e a ideia inicialé que haja licitação para a ini-ciativa privada. Há a perspecti-
va de que seja feito um pro-cesso de outorga para a explo-ração do sistema – concessãodireta para o poder privado,constituição de algumaempresa pública ou mesmoparceria público-privada.
Atualmente, dois trechosestão passando por estudosde viabilidade, que devem serconcluídos em breve: um noParaná (Londrina/Maringá) eoutro no Rio Grande do Sul(Bento Gonçalves/Caxias doSul). Na década se 1990, umestudo do BNDES (Banco REATIVAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 35
Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social) identifi-cou 64 trechos de interessepara o transporte de passa-geiros. A partir daí, foi feitauma pré-seleção de 28 tre-chos. Atualmente, 14 passarãopelo estudo de viabilidade.
A representante da Aune-RS (Aglomeração Urbana doNordeste do Rio Grande doSul), a arquiteta RosanaGuarese, diz que é grande aexpectativa na região, com apossível reativação do trans-porte ferroviário de passagei-ros. De acordo com Rosana, alinha férrea antiga liga Caxiase Bento Gonçalves e passapor outras cidades, comoFarroupilha, Carlos Barbosa eGaribaldi.
“Essas cidades têm umatendência forte de conurba-ção. Temos vias únicas deligação, e essas vias rodoviá-rias acabam ficando satura-das. Se algum problema acon-tece, os moradores não têmvias alternativas”, comenta aarquiteta. Rosana diz quemuitas pessoas moram emuma cidade e trabalham emoutra. Com isso, a reativaçãodo trem regional será aindamais importante. “Em Caxias,há um polo forte de ensinosuperior. Muitos vão para lápara estudar.”
Na avaliação da represen-tante da Aune-RS, estimular otransporte ferroviário tam-bém será muito positivo parao turismo dessa região do RioGrande do Sul. “Temos o Valedos Vinhedos. Garibaldi temtradição de espumante;Carlos Barbosa, de queijo elaticínios. Melhorar o desloca-mento de pessoas vai poten-cializar tudo isso”, considera.
O diretor-comercial daANPTrilhos (AssociaçãoNacional dos Transportadoresde Passageiros sobre Trilhos),Vicente Abate, considera queesses trens regionais vão res-gatar o transporte ferroviáriode passageiros existente emdécadas passadas.
“A primeira vantagem éoferecer um transporte dequalidade, seguro, rápido emenos poluente. Ainda não háuma definição exata de qualtipo de veículo irá trafegar,mas é possível que seja a die-sel. Há também a possibilida-de de ser diesel hidráulico”,disse Abate, ao afirmar tam-bém que tudo irá dependerdos estudos de viabilidade.
De acordo com VicenteAbate, na década de 1960, otransporte ferroviário de pas-sageiros de longa distânciatransportava cerca de 100milhões de pessoas por ano.
ROSANA GUARESI//DIVULGAÇÃO
Estudo apontará viabilidade da estrada de ferro entre Bento Gonçalves e Caxias (RS)
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201136
porte de passageiros sobretrilhos é uma opção importan-te na logística do transportede pessoas em geral. “Esseprojeto e também o TAV (Tremde Alta Velocidade) vêm colo-car o trem como uma grandeopção. E esperamos que ogoverno dê a devida atenção.É importante ter vontade polí-tica e também estudos crite-riosos para que sejam proje-tos positivos”, avalia.
A ANPTrilhos começou suasatividades no início desteano. Conforme Roberta, a
implantação do projeto,tempo de viagem.
“Um objetivo importanteda implantação desses trensregionais é facilitar o dia a diae aumentar a qualidade devida da população. Com a rea-tivação dos trechos, a propos-ta é, por exemplo, tirar omaior número possível decarros que façam esse mesmotrajeto”, diz Roberta.
Na opinião da gerente-exe-cutiva da ANPTrilhos, noBrasil, é preciso desenvolver opensamento de que o trans-
“Com a falta de investimentosgovernamentais ao longo dosanos, isso foi reduzindomuito. E hoje temos cerca de1,5 milhão por ano, apenas”,afirma.
A gerente-executiva daANPTrilhos, Roberta Marchesi,explica que os estudos de via-bilidade dos trechos de trensurbanos vão apontar, porexemplo, qual o número depassageiros que deve seratendido, qual seria o valormédio das tarifas, os pontosde conexão, custos para a
associação busca trabalharpela defesa dos interesses dosetor de transporte de passa-geiros sobre trilhos, pelodesenvolvimento e aprimora-mento do que já existe.“Buscamos aproveitar a linhapositiva do transporte de pas-sageiros sobre trilhos quepercebemos nesse momento.”
Em funcionamentoAtualmente, há somente
dois trechos de trens regio-nais no país, de acordo cominformações da ANTT
ESTRADA DE FERRO CARAJÁS Trem
ESTADO TRECHO
BA Conceição da Feira/Salvador/Alagoinhas
MA/PI Codó/Teresina
MG BH/Conselheiro Lafaiete/Ouro Preto
MG Bocaiuva/Montes Claros/Janaúba
PE Recife/Caruaru
PR Londrina/Maringá
RJ Campos/Macaé
RJ Niterói/Itaboraí/Santa Cruz/Mangaratiba
RS Bento Gonçalves/Caxias
RS Pelotas/Rio Grande
SC Itajaí/Blumenau/Rio do Sul
SE São Cristóvão/Aracaju/Laranjeiras
SP Campinas/Araraquara
SP São Paulo/Itapetininga
Fonte: Ministério dos Transportes
Veja os trechos que deverão passar por estudos de viabilidade
EM ESTUDO
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(Agência Nacional deTransportes Terrestres). Essesdois trechos são operadospela Vale: o trem de passagei-ros da EFVM (Estrada de FerroVitória a Minas) e o da EFC(Estrada de Ferro Carajás).
Responsável pelo transpor-te de 1.100 pessoas diariamen-te, o trem da EFC atende 23municípios no Maranhão ePará. Em funcionamentodesde 1986, possui classeseconômica e executiva.Conforme a Vale, na composi-ção há também ambulatório
para atendimento de primei-ros socorros. O trem parte daestação ferroviária de SãoLuís, no Maranhão, com desti-no a Parauapebas, no sudestedo Pará, às segundas e quin-tas-feiras e sábados. Terças,sextas-feiras e domingos, fazo percurso de volta.
O trem de passageiros daEFVM realiza viagens diárias ede longa distância. Passandopor cidades históricas, àsmargens do rio Piracicaba edo rio Doce, em Minas Gerais,ele chega às praias do
Espírito Santo. A viagem de664 km entre Belo Horizonte eVitória tem duração de apro-ximadamente 13 horas. Todosos dias, dois trens circulamnessa estrada de ferro.
RevitalizaçãoO Plano de Revitalização
das Ferrovias, do governofederal, inclui quatro progra-mas principais: o de integra-ção e adequação operacionaldas ferrovias, o de ampliaçãoda capacidade dos corredoresde transportes, o de expansão
e modernização da malha fer-roviária e o de resgate dotransporte ferroviário de pas-sageiros.
Conforme o Ministério dosTransportes, esse último criaas condições para o retornodo transporte de passageirosàs ferrovias, promovendo oatendimento regional, social eturístico. E também a geraçãode emprego e renda. Dentrodesse programa, há três fren-tes principais: os trens de altavelocidade, os trens turísticose os trens regionais. l
AGÊNCIA VALE/DIVULGAÇÃO
regional de passageiros atende 23 municípios no Maranhão e no Pará
Há quatro programas incluídos nesse plano:
• Programa de integração e adequação operacional das ferrovias
• Programa de ampliação da capacidade dos corredores de transportes
• Programa de expansão e modernização da malha ferroviária
• Programa de resgate do transporte ferroviário de passageiros
No programa para transporte ferroviário de passageiros, há três frentes:
• Trens de alta velocidade
• Trens turísticos
• Trens regionais
Características dos trens regionais
• Promovem o transporte de passageiros entre cidades ou Estados
• Têm como objetivo incentivar o desenvolvimento regional
• O trem deve ser regular e moderno, podendo ser movido a diesel,
biodiesel, GNV, GNVL
• Também podem ser transportados mercadoria, pacotes e outras
encomendas de alto valor agregado (Correios, eletrônicos)
• A implantação dos trens regionais tem o objetivo de impulsionar a
indústria ferroviária brasileira
Fonte: Ministério dos Transportes
PLANO DE REVITALIZAÇÃO DAS FERROVIAS
Otsunami provocadopelo terremoto queassolou o Japão emmarço deste ano dei-
xou o mundo estarrecido. Opaís oriental, mesmo afligidopela destruição, encontroumecanismos para que a tragé-dia fosse amenizada, reorga-nizando sua infraestrutura. Oesforço japonês permitiu queum trecho de estrada fossereconstruído em apenas seisdias. De acordo com especia-listas, a agilidade nipônicanão está atrelada apenas àtecnologia, mas também à cul-tura de um povo que tem, namobilidade, uma de suas dire-trizes de desenvolvimento.
O trecho reconstruído tem150 metros de extensão e estálocalizado na rodovia deNaka, importante ligação daprovíncia de Ibaki com a capi-tal japonesa, Tóquio. A arqui-teta Rosaria Ono, professoraassociada da Faculdade deUrbanismo da USP(Universidade de São Paulo),afirma que foi preciso umdesastre anterior para que as
autoridades daquele país seprecavessem e criassem ochamado “Disaster ResponsePlanning” (Plano de Respostaa Desastres, na tradução parao português).
“O governo japonês sofreugrandes críticas após o terre-moto que aconteceu na região
de Kobe, em 1995, com mais de5.000 mortes. Houve umafalência no sistema de comu-nicação e organização dosdiversos órgãos governamen-tais, nos vários âmbitos. Issoresultou na demora do socor-ro à população atingida.”
Rosaria diz que, desde
então, as autoridades seempenharam em uma revisãodo sistema de resposta adesastres. “A eficiência desocorro e reconstrução vistasno evento de março foramresultado dessa evolução.”
O engenheiro civil DickranBeberian, professor da UnB
JAPÃO
Agilidade e importância dada à infraestrutura
Cultura d
POR LETICIA SIMÕES
(Universidade de Brasília), enfa-tiza que o fato de o Japão estarsuscetível a fenômenos naturaisde grandes proporções comoterremotos e tsunamis contribuipara que a cultura de prevençãoseja ratificada no país constan-temente. “A responsabilidadesocial deles é inacreditável”, diz.
Beberian destaca os inves-timentos em equipamentos dealta tecnologia feitos peloJapão. “No que se refere àinfraestrutura rodoviária, opaís investe em máquinas depreparação do sistema de dre-nagem, que permite que apista não seja chacoalhada em
caso de terremotos de menormagnitude. As mantas aplica-das sob as rodovias são espe-ciais, chamadas de geotêxteis,que permitem o escoamento eo transporte das águas plu-viais e subterrâneas.”
Ele afirma que o Japão possuiequipamentos que permitem efi-
ciência em todos os níveis depavimentação rodoviária. Porisso, a rapidez e a eficiênciaobservadas na reconstrução darodovia de Naka foram possíveis.“O país tem tecnologia paradesenvolver equipamentos queexecutam parte do serviço sem oauxílio de mão de obra humana.”
permitem trecho de rodovia ser reconstruído em 6 dias
a eficiênciaFO
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“A tecnologiajaponesa permite
executar partedo serviço
sem mão deobra humana”
DICKRAN BEBERIAN, PROFESSOR DA UNB
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201140
país em virtude de temporais,verificados, principalmente,durante o período de verão.“Há bastante tempo o Brasilregistra tragédias na épocadas chuvas, como o desliza-mento ocorrido no Rio deJaneiro no início do ano. Essacultura de esperar acontecerpara tomar providências devemudar. E tem de levar em contatodos os aspectos estruturais,inclusive, os de mobilidade.”
No Brasil, aponta o profes-sor, não há estratégias depronta providência para casosemergenciais como no Japão.“Por não ter terremoto demagnitude relevante, o paíssempre se manteve lapso enunca desenvolveu um planode combate a desastres.”
Beberian acredita, porém,que essa realidade tende amudar, devido às constantescalamidades registradas no
Em janeiro deste ano, cida-des da região serrana doEstado do Rio, como NovaFriburgo, Teresópolis ePetrópolis, foram destruídaspela força da chuva que inva-diu os municípios, deixandovítimas fatais e milhares dedesabrigados.
O engenheiro civil JoséLeomar Fernandes Júnior,professor do Departamentode Transportes da USP São
“Para eles, o transporte
deve ser mantido emcondições plenas”
JOSÉ LEOMAR FERNANDES, ENGENHEIRO CIVIL
O dia 11 de março de 2011ficará marcado para semprena memória dos japoneses.Nesse dia, um terremoto de 9graus na escala Ritcher aba-lou o país nipônico. Após otremor, um tsunami invadiu aregião nordeste, com ondasque chegaram a 13 metros, eatingiu a usina nuclear deFukishima, intensificando oestado de terror em todo oterritório japonês e pelomundo inteiro.
De acordo com informa-ções da polícia japonesa, onúmero de mortos pela tragé-dia, até meados de abril, era demais de 12 mil pessoas. Outras15.472 permaneciam desapare-cidas. O tsunami devastou
cidades, e o terremoto, nasáreas de montanha cobertaspela neve, provocou inúmerasavalanches que destruíram aslinhas férreas. Moradores dasáreas mais atingidas passaram20 horas isolados, até seremresgatados.
Pouco mais de doismeses depois da tragédia, oJapão vai, aos poucos, reer-guendo-se. O funcionamentodo trem-bala, na região nor-deste do país, voltou a ope-rar com normalidade a par-tir do dia 29 de abril, 50 diasdepois dos eventos. Apesardo esforço, o país vem rece-bendo críticas internacio-nais pela maneira como vemconduzindo a crise nuclear.
A expectativa é que oJapão inclua especialistas deoutras nacionalidades naequipe que avalia o desastrena usina de Fukishima, devidoao vazamento de radiação noar e no mar japonês. Tóquio ea região metropolitana dacapital tiveram os níveis nor-mais de concentração de iodona água das torneiras consta-tados pelas autoridadesainda em março.
Já os mais de 170 mil desa-brigados pela tragédia per-manecem alojados em, apro-ximadamente, 2.000 refúgios,sendo a maioria deles, giná-sios. Nesses locais foramerguidos pequenos quartospara as famílias.
NOVO RECOMEÇO
Trem-bala volta a funcionar após 50 dias
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 41
Carlos, credita a rapidez nareconstrução da estrada deNaka à seriedade com que osjaponeses tratam a infraes-trutura. “Para eles, o trans-porte é importante e deve sermantido em condições plenas,inclusive, em situações deexceção, como as verificadasem virtude do terremoto e dotsunami.”
Júnior enfatiza que, princi-palmente em países da Europa
e da Ásia, é comum investi-mentos vultosos para que asrodovias suportem cargaspesadas por muito tempo, semnecessidade de manutenção.
Por isso, na opinião do pro-fessor, a reconstrução daestrada japonesa em apenasseis dias foi um trabalho bas-tante relevante, levando-seem conta a estrutura da rodo-via. “A malha viária japonesafoi projetada para receber
grande densidade de veículos.As estradas têm uma compo-sição bastante rígida e o tre-cho reconstruído tinha 40centímetros de base asfálticae 25 centímetros de revesti-mento asfáltico. Nos paíseseuropeus e em alguns asiáti-cos, as rodovias recebem amelhor estrutura disponível,para que durem em boas con-dições 20 anos ou mais.”
Para o engenheiro, a res-ponsabilidade japonesa estáenraizada na cultura do país epermite que a eficiência guieas ações ligadas à infraestru-tura local. No Brasil, segundoele, as decisões são paliati-vas. “Se a cultura nacionalprimasse pela prevenção,seria diferente. Com açõespreventivas, podem-se detec-tar os problemas antes queaconteçam. Não se trata deum problema tecnológico. Éuma questão de postura”, diz.
Rosaria Ono, da USP, afir-ma que os eventos ocorridosno início deste ano, no Rio deJaneiro, evidenciam a neces-sidade de o país estar prepa-rado para lidar com catástro-fes. “É preciso investir emmonitoramento de situação ede locais de risco, além depreparar a população paraenfrentar situações de emer-gência.” l
MOBILIDADE O trem-bala é um meio de transporte essencial na vida dos japoneses
“É precisopreparar apopulaçãopara as
situações de risco”
ROSARIA ONO, PROFESSORA DA USP
Investimentos colocam portos da região como alternativas aos gargalos
Nordeste como s
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 45
Antes conhecida apenaspor suas belezas natu-rais, a região Nordesteocupa agora lugar signi-
ficativo na movimentação de car-gas do país. O volume de produtosque cruzaram os portos nordesti-nos com destino a outros paísescresceu nos últimos anos e aregião já começa a ser vista comouma alternativa aos gargalos exis-tentes no Sul e Sudeste do país.
Dados do Anuário Estatístico daAntaq (Agência Nacional deTransportes Aquaviários) mostramque o volume de cargas transpor-tadas apenas nos portos públicosdo Nordeste passou de 41,2milhões de toneladas, em 2006,para 44,8 milhões de toneladasem 2010.
Enquanto isso, na região Sul, amovimentação caiu de 71,4 milhõesde toneladas para 66,9 milhões, nomesmo período. O Sudeste, puxadopelo desempenho do Porto deSantos (SP), ainda mantém a lide-rança na movimentação de cargasno país e continua registrando altasanuais. O volume transportado pas-
sou de 114,8 milhões de toneladas,em 2006, para 152,7 milhões detoneladas, em 2010.
“Estamos felizmente descobrin-do que existem possibilidades viá-veis para o escoamento da produ-ção interna do país fora da regiãoSudeste. Acredito que os portos doNorte e Nordeste se despontam nosetor, mas eles ainda precisamprovar que são boas alternativas”,afirma Paulo Tarso de Resende,doutor em planejamento de trans-portes e logística e coordenadordo Núcleo de Infraestrutura eLogística da Fundação Dom Cabral.
De acordo com ele, para isso, épreciso investir em eficiência ope-racional, desburocratização dossistemas e melhoria nos acessos.E, mesmo que os investimentosainda sejam poucos diante danecessidade real do país, Resendeacredita que a região Nordesteestá no caminho certo.
Um dos complexos portuáriosmais promissores é o de Suape, emPernambuco. Depois de movimen-tar mais de 9 milhões de toneladasem 2010 (crescimento de 16,34%
logísticos do Sul e Sudeste
olução
AQUAVIÁRIO
POR LIVIA CEREZOLI
PORTO DE ITAQUI/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201146
em relação a 2009), o portose prepara para alcançar amarca de 30 milhões de tone-ladas anuais até 2013. Para2016, a projeção é de 48milhões de toneladas. Tudoisso devido ao início das ope-rações de diversos empreen-dimentos que estão sendo ouserão instalados no local,como a refinaria Abreu eLima, da Petrobras, cominvestimentos de US$ 13,3bilhões, a ferroviaTransnordestina e a montado-ra Fiat, que deve injetar maisUS$ 1,7 bilhão na economiaregional.
“A proposta de Suape é setornar um grande porto distri-buidor para operações decabotagem e de longo curso.A área tem uma infraestrutu-ra moderna e mantém um pla-nejamento de expansão paraos próximos 30 anos justa-mente para atender essa novademanda que está sendogerada”, afirma FredericoAmâncio, vice-presidente deSuape.
Situação semelhante vive oPorto de Pecém, no Ceará. Ainstalação da refinariaPremiun 2 da Petrobras e deuma siderúrgica da Vale obri-garam o governo do Estado a
refinaria da Petrobras. Paraisso o governo do Ceará deveinvestir mais R$ 610 milhões”,afirma. O porto movimentou,em 2010, 3,15 milhões detoneladas.
No Maranhão, as apostasestão no Porto de Itaqui. Oprojeto de construção doTegram (Terminal de Grãos doMaranhão) e a ampliação daslinhas regulares de contêine-res vão possibilitar a movi-mentação de até 25 milhõesde toneladas anualmente até2016. No ano passado, a movi-mentação foi de 12,67 milhõesde toneladas. “Acreditamos
trabalhar na expansão dosberços de atracação do com-plexo. Segundo Luiz Hernanide Carvalho Júnior, diretor deimplantação e expansão doporto, a primeira fase da obra,orçada em R$ 414 milhões,prevê a construção de doisnovos berços e a ampliaçãoda ponte e do quebra-mar jáexistentes. O projeto, que teveinício em dezembro de 2008,deve ser finalizado até julhodeste ano. “Na segunda fase,a nossa proposta é construirmais dois novos berços e umasegunda ponte justamentepara atender a demanda da
EXPECTATIVA Porto de Suape prepara obras para expandir sua movimentação a
“Estamos descobrindo
que há possibilidadesviáveis para oescoamentoda produção
fora da regiãoSudeste”
PAULO TARSO DE RESENDE, FUNDAÇÃO DOM CABRAL
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 47
no potencial de Itaqui comoalternativa aos portos que jánão oferecem boas opções deescoamento de mercadorias.Itaqui está em uma posiçãoprivilegiada e tem profundi-dades capazes de recebergrandes navios”, diz DanielVinent, diretor de planeja-mento e desenvolvimento daEmap (Empresa Maranhensede Administração Portuária).
No total, a construção doterminal de grãos deve rece-ber R$ 339 milhões da iniciati-va privada. A previsão é queas obras tenham início nosegundo semestre deste ano.
30 milhões de toneladas anuais em 2013
PORTO DE SUAPE/DIVULGAÇÃO
Mesmo que o turismo movi-mente boa parte da economiado Nordeste, é no comércio eno setor de serviços que aregião tem se destacado.Grandes redes de supermerca-dos e indústrias alimentícias,têxteis, de calçados e até auto-mobilística estão se instalandoem Estados como Bahia,Pernambuco, Ceará e RioGrande do Norte.
Segundo o doutor em eco-nomia e professor do programade mestrado em economia apli-cada da Ufal (UniversidadeFederal de Alagoas), CíceroPéricles de Carvalho, a chama-da guerra fiscal, iniciada nofinal dos anos 90, foi o primeiroponto de atração dessasempresas para a região. “Osincentivos fiscais fizeram comque muitas empresas viessempara o Nordeste. Hoje, temosuma indústria têxtil que repre-senta 18% de toda a produçãonacional e, no setor calçadista,exportamos mais do que o RioGrande do Sul”, conta ele.
Aliado a isso, lembra o pro-fessor, estão os programassociais, como o Bolsa Família,que contempla pelo menos 6,6milhões de famílias da região.Outros 7,8 milhões de famílias
também são beneficiárias daPrevidência Social. “Esses mas-sivos benefícios sociais movi-mentam de forma significativa aeconomia da região. Todo essedinheiro circulando vai para oconsumo e, na cadeia econômi-ca, atrai mais empresas.”
E o aquecimento da econo-mia na região também fez sur-gir empreendimentos diferen-ciados, como o InstitutoInternacional de Neurociênciade Natal Edmond e Lily Safra,fundado em 2004 pelo neuro-cientista Miguel Nicolelis, e oPorto Digital de Recife, comfoco no desenvolvimento desoftware, situado na capitalde Pernambuco.
De acordo com NeivaCristina Paraschiva, diretora-exe-cutiva da Aasdap (AssociaçãoAlberto Santos Dumont paraApoio à Pesquisa), responsávelpela gestão do Instituto deNeurociência, o empreendi-mento faz parte de um grandeprojeto que tem como objetivoutilizar a ciência como agentede transformação social. “Eraum desejo do professor(Miguel) Nicolelis descentrali-zar a produção científica dopaís para provar que em outrasregiões também existe poten-
cial. Então, a partir de umaparceria com a UFRN(Universidade Federal do RioGrande do Norte), o institutofoi criado.”
Em Recife, o Porto Digital,criado há dez anos, tambémtrabalha com a missão de des-centralizar a produção tecnoló-gica do país e atrair mais inves-timentos e empresas para aregião. Atualmente, o polo detecnologia da informaçãoemprega aproximadamente6.500 pessoas nas 169 institui-ções instaladas no local. O fatu-ramento anual é de R$ 550milhões.
“Porém, a falta de mão deobra qualificada ainda é umdesafio a ser superado naregião”, ressalta Cícero Périclesde Carvalho, professor da Ufal.De acordo com ele, é grande onúmero de empresas que bus-cam profissionais preparadosem outros Estados para supriressa carência no Nordeste.“Mesmo que o processo migra-tório esteja sendo feito no senti-do inverso de anos atrás – hojeem dia é maior o número de nor-destinos que deixam a regiãoSudeste e voltam para sua cida-de de origem –, esse profissionalainda necessita de qualificação.”
AQUECIMENTO
Comércio e serviço se destacam
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201148
A Emap também projetainvestimentos de R$ 49milhões em obras de melhoriana infraestrutrura portuáriaainda em 2011.
Completando a lista deexpansões, na Bahia, os por-tos de Aratu, Salvador eIlhéus, administrados pelaCodeba (Companhia dasDocas do Estado da Bahia),deverão receber até 2014investimentos de aproximada-mente R$ 1 bilhão em projetos
O crescente volume deinvestimentos nos portosdo Nordeste pode criar umefeito multiplicador emmelhorias de infraestrutu-ra de transportes naregião, acredita o coorde-nador do Núcleo deInfraestrutura e Logísticada Fundação Dom Cabral,Paulo Tarso de Resende.
De acordo com ele, aexpansão dos portos podefavorecer as obras deduplicação das rodoviasBR-101 e BR-116, que têmimportante papel noescoamento da produçãodo interior do país até osportos do Nordeste.
Segundo o Dnit(Departamento Nacionalde Infraestrutura deTransporte), o valor empe-nhado do Orçamento daUnião de 2011 para a reali-zação de obras de melho-rias e adequações nasrodovias do Nordeste é deR$ 1,2 bilhão. Os projetosincluem obras de manu-tenção, adequação eduplicação de trechosrodoviários, construçãode novas rodovias, alémde contornos próximosaos grandes centros.
No modal ferroviário, agrande expectativa é a
construção da FerroviaTransnordestina, que develigar a cidade de EliseuMartins (PI) aos portos deSuape (PE) e Pecém (CE).No início de abril, a presi-dente Dilma Rousseff afir-mou que, até 2013, a obrade 1.728 km deve estarpronta.
Para Tufi Daher, presi-dente da TransnordestinaLogística, empresa contro-lada pela CSN (CompanhiaSiderúrgica Nacional), quetem a concessão da malhadesde 1987, a construção danova ferrovia permitirá quea matriz de transporte doNordeste mude drastica-mente, possibilitando queempresas se instalem, aprodução do cerrado alcan-ce níveis extremamentepositivos e que a integra-ção ferrovia-portos setorne uma realidade nocurto prazo.
“Tudo isso permitiráuma maior competitividadenas exportações das com-modities do agronegócio enas commodities minerais”,afirma. Segundo Daher, amovimentação de cargasna ferrovia deve passar de1,5 milhão ao ano para 30milhões depois da implan-tação da nova malha.
ACESSOS
Transporte será beneficiado
MELHORIAS
“A propostade Suape
é se tornarum grande
porto distribuidor”
FREDERICO AMÂNCIO, VICE-PRESIDENTE DE SUAPE
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 49
e obras estruturantes. Osinvestimentos serão compar-tilhados entre o governofederal, entes portuários, ini-ciativa privada, além derecursos próprios da compa-nhia. “Os investimentos pro-gramados alimentam nossasexpectativas de crescimentofuturo, pois vão aprimorarainda mais os serviços dispo-nibilizados e atrair novosarmadores e outros clientespotenciais”, afirma o diretor-
presidente da Codeba, JoséMuniz Rebouças.
Entre as melhorias previs-tas nos três complexos estãoa ampliação do terminal decontêineres, as obras da ViaExpressa Baía de Todos osSantos e a implantação daestação marítima de passa-geiros no porto de Salvador, amodernização do terminal degranéis sólidos do porto deAratu, a ampliação do píer etanques do terminal de gra-
néis líquidos e a dragagem deaprofundamento e moderni-zação do Porto de Ilhéus.
Para a professora do depar-tamento de pós-graduação emgeografia da UFPE (UniversidadeFederal de Pernambuco), TâniaBacelar de Araújo, o que fez osportos do Nordeste se destaca-rem no cenário nacional foique a modernização desseslocais está diretamente ligadaao aquecimento econômicovivenciado pela região nos
ASCOM/DNIT
Porto Toneladas
Itaqui (MA) 12.567.090
Fortaleza (CE) 4.349.022
Areia Branca (RN) 3.133.908
Natal (RN) 295.891
Cabedelo (PB) 1.371.418
Recife (PE) 1.860.981
Suape (PE) 8.989.653
Maceió (AL) 2.983.747
Aratu (BA) 5.633.296
Ilhéus (BA) 195.031
Salvador (BA) 3.436.737
TOTAL 44.816.774
Fonte: Antaq
MOVIMENTAÇÃODE CARGAVeja os desempenhos dosportos do Nordeste em 2010
Governo federal aplica recursos em obras de duplicação da BR-101 no Nordeste que facilitarão o acesso aos portos
“Os incentivosfiscais fizeramcom que muitas
empresasviessem parao Nordeste”
CÍCERO PÉRICLES DE CARVALHO,PROFESSOR DA UFAL
PORTO DE SALVADOR (BA)No PAC 1: DragagemNo PAC 2: Ampliação do quebra-mar e do terminal de passageiros
PORTO DE ARATU (BA)No PAC 1: Dragagem
PORTO DE MACEIÓ (AL)No PAC 1: Construção do cais de contêineresNo PAC 2: Dragagem
PORTO DE SUAPE (PE)No PAC 1: Dragagem e acesso rodoferroviárioNo PAC 2: Terminal de granéis sólidos
PORTO DE RECIFE (PE)No PAC 1: DragagemNo PAC 2: Terminal de passageiros
PORTO DE CABEDELO (PB)No PAC 1: Dragagem
PORTO DE NATAL (RN)No PAC 1: DragagemNo PAC 2: Ampliação do cais e terminal de passageiros
PORTO DE AREIA BRANCA (RN)No PAC 1: RepotencializaçãoNo PAC 2: Dragagem
PORTO DE FORTALEZA (CE)No PAC 1: DragagemNo PAC 2: Terminal de contêinerese de passageiros
PORTO DE LUIS CORREA (PI)No PAC 1: Conclusão de o construçãodo portoNo PAC 2: Dragagem
PORTO DE ITAQUI (MA)No PAC 1 : Construção dos berços100 e 108 e recuperação dosberços 101 e 102. Obras de dragagemNo PAC 2: Não prevê obras em Itaqui
Fonte: PAC/Casa Civil
Veja o que está feito pelo governo federal
CANTEIRO DE OBRAS
De acordo com Tânia, alémdesse aquecimento econômi-co, a localização privilegiadadiante do mercado interna-cional – em média, os portosestão a seis ou sete dias dosEstados Unidos e da Europa –e a existência de incentivosfiscais tanto dos governosestaduais como do federalcontribuíram de forma signifi-cativa para a ampliação dosportos e a instalação deoutros empreendimentos naregião.
Entre os mais significati-vos, a professora destaca astrês novas refinarias de
últimos anos. “A economia doNordeste esteve muito dinâ-mica na última década e issogerou demanda por serviçoslogísticos.”
Segundo a pesquisaContas Regionais do IBGE(Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística), entre2002 e 2008, a economia daregião cresceu 31,5% enquan-to a alta nacional foi de27,9%. Os Estados doMaranhão, Piauí e Bahia, quecompõem a base graneleirado Nordeste, tiveram cresci-mentos de 46%, 38% e 33%,respectivamente.
ADEQUAÇÕES Governo do Ceará investe na construção de mais quatro
“A economiado Nordesteesteve muitodinâmica na
última décadae isso geroudemanda por
serviços logísticos”
TÂNIA BACELAR DE ARAÚJO,PROFESSORA DA UFPE
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 51
petróleo da Petrobras emPernambuco, Maranhão eCeará, a construção de quatronovos estaleiros (dois emPernambuco, um na Bahia eum no Maranhão), duas plan-tas siderúrgicas no Ceará e noMaranhão, além da instalaçãode duas indústrias petroquí-micas e uma automobilísticaem Pernambuco.
Porém, mesmo com todaessa movimentação, Tâniaafirma que a infraestrutura detransporte da região aindacontinua sendo um dos princi-pais gargalos. “A qualidade denossas rodovias, ferrovias e
até mesmo dos portos ainda ébem inferior à de outrasregiões, como o Sul e oSudeste do país”, diz ela (leiamais sobre infraestrutura napágina 48).
O vice-presidente da CNTpara o transporte aquaviário,ferroviário e aéreo, MetonSoares, vê com bons olhos osinvestimentos nos portos doNordeste, mas ressalta queapenas isso é insuficientepara solucionar todos os gar-galos existentes no setor.“Precisamos melhorar os por-tos do Brasil de uma formageral. O ideal seria termos
seis ou sete grandes comple-xos portuários eficientes eoutros portos de menor capa-cidade para dar conta dademanda nacional”, afirma.
O ministro-chefe da SEP(Secretaria de Portos),Leônidas Cristino, reconheceque o potencial de expansãodos portos no Nordeste émaior do que em outrasregiões do país, mas garanteque os investimentos estãosendo empregados em todosos complexos. “O programade dragagem contemploutodo o Brasil, mas é fato queportos como o de Itaqui,
Suape e Pecém ainda têmuma grande possibilidade decrescimento.”
O potencial da região tam-bém deve ser explorado den-tro do PGO (Plano Geral deOutorgas), que prevê a cons-trução de novos portos públi-cos com operação privada nopaís. “Ainda precisamosaguardar os estudos de viabi-lidade, mas é certo que oNordeste está dentro do nossoprograma de novas conces-sões portuárias.” O novo portode Manaus é o primeiro a serconstruído dentro dessa novaproposta da SEP. l
CEARÁPORTOS/DIVULGAÇÃO
berços de atracação no Porto de Pecém
“Precisamosaguardar osestudos, mas o Nordeste está dentro do nosso programa de novas
concessões portuárias”
LEÔNIDAS CRISTINO, MINISTRO-CHEFE DA SEP
SUAPE (PERNAMBUCO)
Complexo Industrial Portuário de Suape
Valor: R$ 1,58 bilhão
PECÉM (CEARÁ)
Obras de melhorias na infraestrutura do complexo
Valor: R$ 1,02 bilhão
ITAQUI (MARANHÃO)
Construção de novo terminal de grãos e melhorias no complexo
Valor: R$ 388 milhões
ILHÉUS, SALVADOR E ARATU (BAHIA)
Ampliação e modernização de terminais, construção de estação
de passageiros e dragagem
Valor: R$ 1 bilhão
Fontes: Porto de Suape, Emap, Codeba, Porto de Pecém
INVESTIMENTOS NOS PORTOSVeja valores que estão sendo aplicados em alguns portos do Nordeste
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201152
EDUCAÇÃO
Com o crescimentofrequente da popula-ção urbana registra-do nas cidades brasi-
leiras nos últimos anosaumentam os problemas demobilidade e trânsito. A circu-lação de mais pessoas implicaem aumento no tráfego de veí-culos, no número de acidentese na poluição ambiental.
A própria população cobramedidas eficientes para resol-ver todos esses gargalos. Épreciso pensar em medidasinovadoras e criativas que pos-sam ser aplicadas nos centrosurbanos. E as soluções paraesses problemas devem serapresentadas por pessoas qua-lificadas. É com esse objetivoque a Faculdade de Tecnologiado Transporte, instituição liga-da à CNT, oferecerá o curso degraduação Tecnólogo emTransporte Terrestre, o primei-ro da modalidade na regiãoCentro-Oeste do país.
Com duração de dois anos,o curso tem como propostaformar profissionais capacita-
TransportequalificadoCurso de graduação da Faculdade de Tecnologia
do Transporte prepara profissionais para a área de gestão e planejamento
POR LIVIA CEREZOLI
dos para atuar em atividadesde planejamento, operação egestão de serviços de trans-porte e sistema de trânsito nomodal rodoviário. Os profis-sionais também serão capa-zes de atender a demandasespecíficas de movimentaçãoe circulação de pessoas e demercadorias, entre origens edestinos, inseridos no contex-to da mobilidade e da acessi-bilidade urbanas.
A formação técnica profis-
sionalizante oferecida pelaFaculdade de Tecnologia doTransporte tem papel relevan-te na absorção de um contin-gente maior e mais qualifica-do para o mercado de traba-lho, gerando, com isso, empre-go, renda e, consequentemen-te, o desenvolvimento socioe-conômico. As inscrições parao processo seletivo devem serabertas ainda neste primeirosemestre. A previsão de iníciodas aulas é para agosto.
De acordo com o presiden-te da NTU (AssociaçãoNacional das Empresas deTransportes Urbanos), OtávioVieira da Cunha Filho, o cursooferecido pela faculdade con-tribui de forma significativapara o esforço brasileiro dese tornar um país de primeiromundo. “Pelas experiênciasinternacionais que temosconhecimento, esse patamarsó foi alcançado com investi-mento em educação”, afirma
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 53
GEILSON LIMA/ASCOM/ST
EXIGÊNCIA Para trabalhar no trânsito o profissional precisa ter qualificação específica
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201154
Copa. Por isso, precisamos deprofissionais qualificados”,afirma.
Segundo Messina, as vagasexistentes hoje são absorvi-das por pessoas de diversasáreas com especialização emtransporte e existe a necessi-dade de uma formação maistécnica no segmento. Eleacredita que, para atuar naárea de transporte, seja eleurbano ou não, é preciso queo profissional tenha conheci-mentos sobre o sistema e o
novas vagas para a gestãodos sistemas.”
Para Luiz Fernando Messina,assessor especial da Secretariade Transportes do DistritoFederal, o lançamento docurso vem ao encontro dasnecessidades da cidade e daregião. “Acabamos de aprovaro nosso Plano Diretor, com aspolíticas e diretrizes voltadaspara o transporte em Brasília.Vários projetos já estão sendoexecutados e ainda teremosmuita coisa para fazer até a
ele, que também é vice-presi-dente da seção de transportede passageiros da CNT.
De acordo com o dirigente,o sistema de transporte urba-no no país passa por um bommomento devido aos investi-mentos que estão sendo reali-zados pelo governo federalcom intenção de preparar ascidades para a Copa de 2014.“Essas melhorias em infraes-trutura refletem de formapositiva em diversas áreas,inclusive na abertura de
CHANCES A especialização permite
“Melhorias eminfraestrutura
refletem na abertura de novasvagas”
OTÁVIO CUNHA, PRESIDENTE DA NTU
Conheça possibilidades de trabalho
• Empresas de transporte de passageiros e de cargas
• Órgãos gestores e regulamentadores de transporte de cargas
e passageiros
• Consultorias nas áreas de planejamento urbano e de transportes
• Órgãos reguladores de trânsito
• Terminais de integração intermodal ou multimodal
• Empresas que trabalham com sistemas de informações geográficas
aplicadas ao gerenciamento de frotas e mercadorias
• Locadras de veículos
• Prefeituras municipais
• Controladorias regionais de trânsito
• Concessionárias de transportes públicos
• Outros órgãos ou empresas que desenvolvam atividades relacionadas à
gestão, planejamento e segurança de trânsito e transporte
Fonte: Faculdade de Tecnologia do Transporte
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 55
fluxo de trânsito das cidades,a infraestrutura viária, a ges-tão da frota, entre outros.
Mas não é só na gestão dotransporte urbano que o profis-sional formado pela Faculdadede Tecnologia do Transportepoderá atuar. Outras áreas dotransporte também precisamde profissionais qualificados,como é o caso do transporterodoviário de cargas.
Com o crescimento da eco-nomia nacional, a movimenta-ção de mercadorias também
registra alta. Com isso, é cadavez maior a necessidade dosetor em se profissionalizar. Alei federal nº 11.442, de janeirode 2007, já exige que asempresas tenham um respon-sável técnico formado paraatuar no setor.
Ainda existem possibilida-des na área da educação parao trânsito, disciplina obriga-tória na educação básica. Háregistros de falta de profissio-nais em número suficientepara exercer a atividade nasescolas do país.
E o campo de atuação éainda mais amplo. O tecnólogoem transporte terrestre podetambém atuar na gestão defrotas em empresas de trans-porte, logística e locação deveículos. De acordo com WeberMesquita, diretor-adjunto daAbla (Associação Brasileira dasLocadoras de Automóveis), ocrescimento do setor, princi-palmente na área de terceiriza-ção de frotas, deve oferecernovas possibilidades de traba-lho nas empresas, e a qualifica-ção é exigência fundamentalpara a contratação.
“Certamente, o nosso setornecessita de investimentosem qualificação profissionalque venham suprir a demandacada vez maior de mão deobra preparada e atualizada,
tanto para atuar imediata-mente em serviços quantopara planejar soluções”, afir-ma ele. Hoje, aproximadamen-te, 260 mil funcionáriosatuam de forma direta e indi-reta nas 2.000 locadoras deveículos existentes no Brasil.
A fiscalização do trânsitotambém exige profissionaisqualificados. Segundo o geren-te de fiscalização e policiamen-to de trânsito do Detran-DF(Departamento de Trânsito doDistrito Federal), MarceloMadeira, os agentes precisamter conhecimentos que vãodesde o Código Nacional deTrânsito, até leis específicassobre transporte de produtosperigosos, direitos da criança edo adolescente, entre outros.
“Em Brasília, ainda temos umsistema de trânsito mais com-plexo do que em outras cidades.Como estamos no DistritoFederal, nossos agentes têm atri-buições municipais e estaduaise, por isso mesmo, precisamosainda mais de profissionais qua-lificados na área. A responsabili-dade acaba sendo maior.”Madeira afirma que, atualmente,esses profissionais são prepara-dos pelo próprio Detran depoisde serem aprovados no concur-so público, mas uma formaçãotécnica especializada garanteuma melhor colocação. l
JÚLIO FERNENDES/CNT
oportunidades de trabalho em diversas áreas do setor de transporte
“Como estamosno DistritoFederal,
precisamosainda mais deprofissionaisqualificados”
MARCELO MADEIRA, GERENTE DO DETRAN-DF
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201156
AVIAÇÃO
Atrês anos da Copado Mundo no Brasil,entre os desafiospara que o país con-
siga realizar o Mundial comqualidade está a adequaçãodos aeroportos das 12 cida-des-sede, que sofrem com asobrecarga de passageiros ea necessidade de mais infra-estrutura. Em meados deabril, o Ipea (Instituto dePesquisa Econômica Aplicada)divulgou um estudo levantan-do a preocupação com oandamento das obras e tam-
Um planopara voar
Aeroportos precisam vencer dificuldades para a Copa de 2014; governo anuncia concessão de obras
POR CYNTHIA CASTRO
bém com a operação acima dacapacidade.
No final do mês, o governofederal anunciou que as obrasem cinco aeroportos serão fei-tas pelo regime de concessão aempresas privadas, em umatentativa de acelerar as cons-truções necessárias para aCopa do Mundo e para asOlimpíadas. Ainda neste semes-tre deve ficar pronto o primeiroedital de concessão – para osaeroportos de Guarulhos, emSão Paulo, e JuscelinoKubitschek, em Brasília.
O segundo edital seria paraViracopos, em Campinas, e oterceiro para Confins, emMinas, e Galeão, no Rio deJaneiro. O anúncio foi feitopelo ministro-chefe da CasaCivil, Antonio Palocci, durantereunião do Conselho deDesenvolvimento Econômico eSocial. “Nós queremos combi-nar a urgência das obras coma necessidade do investimen-to público e privado para quea gente possa dar resposta aquestões no menor espaço detempo possível”, disse Palocci.
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 57
INFRAERO/DIVULGAÇÃO
Aeroporto de Brasília
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201158
Até o fechamento destaedição, a forma como se dariaa concessão estava sendoanalisada. Mas, provavelmen-te, a empresa que fizer asintervenções poderá ganhartaxas pagas pelas compa-nhias aéreas e passageiros ouainda ter o aluguel de lojas noaeroporto.
No dia do anúncio das con-cessões, a presidente DilmaRousseff também falou sobreas obras nos aeroportos dopaís. “Eles são muito impor-
tantes para a Copa e para asOlimpíadas e, quando nósolharmos o curto prazo dosaeroportos, também estare-mos fazendo o planejamentode médio e longo prazo deles,para além da Copa e dasOlimpíadas.”
De acordo com a Infraero(Empresa Brasileira deInfraestrutura Aeroportuária),os preparativos para a Copado Mundo estão em andamen-to e seguem de acordo com ocronograma estabelecido. “A
Infraero reitera o seu compro-misso de entregar osempreendimentos capazes deatender à demanda para ospróximos anos, incluindo aque surgirá em função daCopa do Mundo”, garantiu aempresa, por meio de suaassessoria de comunicação.
Segundo a Infraero, osaeroportos diretamente rela-cionados às 12 cidades-sedereceberão R$ 5,63 bilhões deinvestimentos. Desse total, aInfraero investirá, entre 2011 e
Estudo aponta prioridades para atender à demandaREGIONAIS
Neste mês de maio, a Abetar(Associação Brasileira dasEmpresas de Transporte AéreoRegional) deve apresentar aoMinistério do Turismo o “Estudopara adequação da infraestrutu-ra aeroportuária nas regiões deinteresse turístico”. Foram ana-lisados 174 aeroportos regionaisdo país, com o detalhamentodas medidas necessárias paraque eles sejam capazes de aten-der à demanda.
O levantamento analisoutodos os itens que envolvem ainfraestrutura aeroportuária,como equipamentos de seguran-ça (raio X), condições da pista,terminal de passageiros, entreoutros. “Além dos aeroportossituados nas 12 cidades-sede, queoperam além do limite da capaci-dade, o Brasil precisa ter uma
infraestrutura de apoio capaz deatender bem os passageiros”, dizo presidente da Abetar, ApostoleLazaro Chryssafidis.
Ele defende que uma alterna-tiva para a ampliação da redeaeroportuária está na adequa-ção dos aeroportos secundários.A Abetar considera essencialque o governo invista e auxilieos municípios e Estados a execu-tarem obras nesses aeroportos.
“O objetivo do estudo é mos-trar quais são as necessidadesde adequação desses aeropor-tos de baixa e de média intensi-dade, como os de Uberlândia eUberaba (MG), por exemplo,onde as empresas aéreas têminteresse em operar. Nós quanti-ficamos, ou seja, oferecemosuma proposta para que o gover-no tenha isso em mãos e possa
fazer os investimentos”, explica.O presidente da Abetar con-
sidera que os aeroportos doNorte e Nordeste são os quenecessitam de mais atenção.Na região amazônica, reque-rem investimentos urgentesdevido a exigências da Anac(Agência Nacional de AviaçãoCivil). “Se eles não se adequa-rem em termos de programade combate a incêndio e ques-tões de segurança, até 31 dedezembro deste ano, vão dei-xar de ter uma operação detransporte aéreo regular.”
Movimento A aviação regional no Brasil
atende atualmente entre 140 e150 localidades, transportandomensalmente cerca de 300 milpassageiros/mês. Desde a cria-
ção da Abetar, em 2001, a partici-pação no mercado das empresasregionais saltou de menos de 1%para 6%. Chryssafidis destacouque, desde 2003, o processo dedemocratização do acesso aotransporte aéreo no Brasil vemse acentuando.
Segundo ele, a partir de2004, a estabilidade econômicae o aumento do poder de com-pra dos brasileiros contribuírampara que as empresas de trans-porte aéreo regional iniciassemo processo de ocupação dosespaços. “O ano de 2005 foi sig-nificativo, pois apresentamosum crescimento, não da oferta,mas do consumo, de impressio-nantes 42%. A indústria apre-sentou, em média, 12%”, afirmaChryssafidis.
(Com Aerton Guimarães)
“O estudovai mostrar anecessidade
de adequaçãodos
aeroportos”APOSTOLE LAZARO CHRYSSAFIDIS,
PRESIDENTE DA ABETAR
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 59
2014, cerca de R$ 5,23 bilhõesnos empreendimentos previs-tos para ampliar a capacidadedos aeroportos sob sua admi-nistração, consideradosestratégicos pelo governofederal.
O restante, cerca de R$ 408milhões, será investimento dainiciativa privada, comodecorrência do processo deconcessão do aeroporto deSão Gonçalo do Amarante, emNatal (RN). Esses númerosforam divulgados antes do
anúncio do governo sobre asconcessões das obras em SãoPaulo, Minas, Rio de Janeiro eDistrito Federal. Mas, confor-me a assessoria de comunica-ção da Infraero, os investi-mentos informados anterior-mente estão mantidos.
EstudoO estudo do Ipea,
“Aeroportos no Brasil: investi-mentos recentes, perspecti-vas e preocupações”, anali-sou o plano de investimentos
da Infraero para a Copa eapontou “dificuldade paraque a maioria dos empreendi-mentos em terminais de pas-sageiros fique pronta a tempode atender ao evento”.
O instituto ressaltou quepossivelmente não haveráproblemas de prazo nas exe-cuções das obras relativas àpista, pátio e terminais provi-sórios.
O estudo diz que a segundametade da década de 2000 foium período de bons númerospara a economia brasileira.Entretanto, “se por um ladoisso representou a melhoriados indicadores sociais, comoa geração de emprego erenda, por outro, os gargalosda infraestrutura brasileiratornaram-se mais evidentes”.
O Ipea reconhece que osinvestimentos do governo nainfraestrutura aeroportuáriaaumentaram muito, massugere que é necessário mais.“Embora os investimentospúblicos no setor aéreotenham se elevado de R$ 503milhões em 2003 para mais deR$ 1,3 bilhão em 2010, as infor-mações sobre as taxas deocupação dos terminais depassageiros mostram neces-sidades de investimentosfuturos ainda maiores.”
Na lista de investimentos da
L.ADOLFO/FUTURA PRESS
AVIAÇÃO REGIONAL Por mês, são transportados cerca de 300 mil passageiros em 150 localidades
Aeroportosreceberão,
pelo menos,
R$ 5,6 bipara melhoria
Aeroporto de Brasília – R$ 748,4 milhões • Reforma e ampliação sul do terminal de passageiros • Ampliação dos sistemas de pátios de aeronaves e viário• Construção de edificações complementares• Construção do módulo operacional
Aeroporto de Confins – R$ 408,6 milhões • Reforma e modernização do terminal de passageiros • Adequação do sistema viário• Reforma e ampliação da pista de pouso e do sistema de pátios
Aeroporto de Cuiabá – R$ 87,5 milhões • Reforma e modernização do terminal de passageiros • Adequação do sistema viário• Construção de estacionamento
Aeroporto de Curitiba – R$ 72,8 milhões• Ampliação do sistema de pátio e pista de táxi• Ampliação do terminal de passageiros e do sistema viário
Aeroporto de Fortaleza – R$ 279,5 milhões• Reforma e ampliação do terminal de passageiros• Adequação do sistema viário
Aeroporto de Manaus – R$ 327,4 milhões • Reforma e ampliação do terminal de passageiros
Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) – R$ 254 milhões • Infraestrutura de pista de pouso, táxis, pátio, sistema de navegação aérea
Aeroporto de Porto Alegre – R$ 345,80 • Reforma e ampliação do terminal de passageiros
Aeroporto do Recife – R$ 19,8 milhões• Construção de nova torre de controle
Aeroporto do Rio de Janeiro/Galeão – R$ 687,4 milhões • Reforma do terminal de passageiros 1• Conclusão da reforma do terminal de passageiros 2
Aeroporto de Salvador – R$ 45,1 milhões • Construção da torre de controle• Reforma e adequação do terminal de passageiros• Ampliação do pátio de aeronaves
Aeroporto de São Paulo/Guarulhos – R$ 1.219,4 bilhão • Ampliação e revitalização do sistema de pistas e pátios• Construção de pistas de táxi e de saída rápida• Construção de módulos operacionais• Construção do terminal de passageiros 3
Aeroporto Viracopos/Campinas – R$ 739,9 milhões • Adequação do terminal de passageiros existente• Construção do novo terminal de passageiros e pátio• Construção do módulo operacional
* Os investimentos foram informados antes do plano de concessões, mas aassessoria da Infraero garante que estão mantidos
Fonte: Infraero
Investimentos da Infraero nos aeroportos para a Copa 2014*
INFRAESTRUTURA
GUARULHOS Aeroporto em SP está entre os
“Os maioresproblemasestão nos
pátios, terminais
e acessos”CLAUDIO ALVES, PROFESSOR DO ITA
Infraero para ampliar a capaci-dade dos 13 aeroportos, omaior montante de dinheiroserá destinado para o aeropor-to de Guarulhos, R$ 1,2 bilhão.Estão previstas a ampliação erevitalização do sistema depistas e pátios, a construçãode pistas de táxi e de saídarápida, o módulo operacional eainda a construção do termi-nal 3 de passageiros.
Em seguida, o aeroportoque mais receberá investi-
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 61
mentos é o da capital federal.Serão feitas a reforma eampliação sul do terminal depassageiros, a ampliação dossistemas de pátios de aerona-ves e viário, a construção deedificações complementarese a construção de módulooperacional. O investimentono aeroporto de Brasília seráde R$ 748,4 milhões. E o aero-porto do Galeão receberá R$687,4 milhões para a reformado terminal de passageiros 1 e
conclusão da reforma do ter-minal de passageiros 2.
De acordo com a Infraero,os módulos operacionais sãouma solução de engenhariautilizada em aeroportos devários países e também emgrandes eventos ou paraatender demandas específi-cas. Em 2004, o aeroporto deLisboa utilizou os módulosdurante a Eurocopa e, em2006, o aeroporto de Doha(no Catar) adotou a solução
durante os Jogos Asiáticos,conforme a Infraero.
No Brasil, serão utilizadasestruturas modulares comtoda infraestrutura de umasala convencional de embar-que e desembarque, taiscomo ar-condicionado, sani-tários, sistema informativo devoos etc. Na rede da Infraero,o Aeroporto Internacional deFlorianópolis foi o pioneiro nainstalação do módulo, emdezembro de 2009. Entre osaeroportos relacionados coma Copa, Brasília já conta comum em funcionamento.Guarulhos e Campinas estãoem processo de instalação.
O engenheiro da área deinfraestrutura aeronáuticaClaudio Jorge Pinto Alvescomenta que desde 2006alguns estudos acadêmicosevidenciaram que a taxa decrescimento da demanda dosaeroportos havia se elevado eque o nível de investimentodeveria ser maior.
“De lá para cá, a situaçãose agravou. As taxas de cres-cimento da demanda, nogeral, têm se mantido muitoelevadas. Seja pela oferta devoos com tarifas mais acessí-veis (maior competição, redu-ção de custos das empresas e
redução de nível de serviço),seja pelo crescimento dopoder aquisitivo da popula-ção, pela falta de outrosmodais de transporte”, diz.
Na opinião de Alves, quetambém é professor titular doDepartamento de TransporteAéreo do ITA (InstitutoTecnológico de Aeronáutica),“a luz vermelha está acesa”.Ele considera que a presiden-te Dilma Rousseff vem bus-cando estruturar o setor paraacelerar as ações para mini-mizar os problemas e cita, porexemplo, a criação daSecretaria de Aviação Civil,com status de ministério.
Alves considera que “osnossos maiores problemasnão estão nas pistas dosaeroportos, mas sim nospátios de estacionamento deaeronaves, nos terminais enos seus acessos”. O enge-nheiro do ITA afirma que aaviação regional pode aliviaras pressões sobre os grandesaeroportos centrais e levar osturistas a pontos de visitainteressantes do país. Eleconsidera que há também anecessidade de melhorar oaparelhamento dos aeropor-tos que atendem à aviaçãoregional. l
cinco que passarão por processo de concessão para dar agilidade às obras
INFRAERO/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201162
TRANSPORTE DE CARGAS
Arestrição ao tráfego decaminhões pesadosem determinadoshorários nas principais
cidades brasileiras, especial-mente nas capitais, ainda é temade muita polêmica. E parece quea discussão não chegará tãocedo a um consenso entre auto-ridades de trânsito e empresá-rios. Especialistas no assunto,no entanto, alertam: é precisorever a forma como são defini-das as proibições. “Enquanto o
TráfegolimitadoProibição de circulação de caminhões pesados nos grandes centros urbanos divide opiniões
POR MIRIAM CHALFIN
proibir for simplesmente porproibir, sem o acompanhamentode incentivos fiscais e físicos, oproblema vai continuar nasgrandes cidades e afetaroutros locais, que passam areceber o trânsito de veículospesados para fugir das puni-ções nos locais onde a restri-ção está em vigor”, afirmaPaulo Resende, especialista emLogística e Infraestrutura daFundação Dom Cabral.
São Paulo, principal polo
industrial e comercial do país, éum exemplo das consequênciasda restrição sem benefícios paraos caminhoneiros. Com uma frotaatual de 6,9 milhões de veículos(entre leves e pesados), em 2008a CET (Companhia de Engenhariade Tráfego) implantou a ZonaMáxima de Restrição a Caminhõesna cidade. No ano seguinte, pas-sou a vigorar a Zona Máxima deRestrição aos Fretados.
Sem autorização para circu-lar nesses locais, os motoristas
procuraram rotas alternativas, oque aumentou o fluxo de veícu-los na marginal Pinheiros e naavenida dos Bandeirantes – queno ano passado passaram a con-tar com a proibição de circula-ção de caminhões em determi-nados horários. A saída para oscaminhoneiros foi passar pelaregião do Morumbi. Porém, arota não pôde ser usada pormuito tempo. No segundosemestre de 2010, a CET anun-ciou a restrição em algumas
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 63
vias do bairro. “E para ondeesses veículos estão indo, senão existem terminais públicosde carga?”, questiona o especia-lista da Dom Cabral.
Resende critica a formacomo a decisão pela proibiçãoacontece no Brasil. “Na maioriadas vezes, ocorre sem a partici-pação de todos os interessados,vem de cima para baixo. As cida-des decidem, jogam para cimade quem deve cumprir a deter-minação e pronto.” Para ele,
assim como em cidades do exte-rior, o poder público deveriaconstruir galpões de distribui-ção. A finalidade desses locais éreceber os caminhões maiorespara o fracionamento da carga,de onde o material sairia em veí-culos menores. “Mas isso nãoacontece. E a única saída para omotorista, que não quer sermultado, é procurar rotas alter-nativas, pesando o trânsito emoutros locais. Aí vem proibiçãoatrás de proibição”, afirma.
Sem a sinalização por partedos órgãos públicos para a cons-trução dos terminais de carga edescarga, o jeito foi o próprioempresariado paulista tomar ainiciativa. No final do mês demarço, as empresas Souza &Santos Empreendimentos eParticipações e AlcântaraNegócios Imobiliários anuncia-ram a construção de um galpãode 370 mil metros quadrados nomunicípio de Suzano para rece-ber caminhões com destino de
STEPHAN SOLON/FUTURA PRESS
“Caminhõesnão podemparar, poisé preciso
abastecer as cidades”
PAULO RESENDE, FUNDAÇÃO DOM CABRAL
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201164
entrega de mercadorias em SãoPaulo. O local escolhido está a300 metros do acesso para arodovia Índio Tibiriçá, ondeestão quatro grandes terminaisintermodais de cargas e contêi-ner e é importante rota para otransporte de materiais doporto de Santos via ComplexoAnchieta-Imigrantes.
O novo Terminal de CargasLeste terá 131 galpões e um pátiopara atender a 1.256 carretassimultaneamente e começa aser construído no segundosemestre deste ano. A previsãoé que ele seja inaugurado emtrês etapas, a primeira em 14meses. O empreendimento esta-rá em pleno funcionamento em2014. “Mas não deve absorvertoda a demanda. São Paulo hojerecebe cerca de 10 mil cami-nhões diariamente. Vamos con-seguir atender metade disso. Anecessidade é de ter pelo menosdois galpões do tipo”, dizAlexandre Dantas de Souza, umdos sócios do grupo Alcântara.Na avaliação de Flávio Benatti,presidente da NTC&Logística, oTCL atende às necessidades dosetor, desviando os caminhonei-ros dos trechos restritos.
Com restrição à circulação decaminhões desde 2007, BeloHorizonte vem implantando aproibição em etapas. A norma jávigora nas principais ruas e ave-
nidas da região Centro-Sul e noHipercentro da capital mineira.Especialista em trânsito eassuntos urbanos da ONG SOSMobilidade, José AparecidoRibeiro avalia como razoável aproibição de caminhões no perí-metro urbano. Mas faz ressalvas.“As empresas pagam impostos,os caminhões não podem sertolhidos de trafegar. Essa medi-da extrema acontece porque háincompetência por parte dasautoridades em solucionar oproblema de vez.”
José Aparecido acredita que
somente esse tipo de medidanão resolve a situação. “Em BeloHorizonte, são necessárias, deacordo com a prefeitura, pelomenos 130 intervenções viáriaspara reduzir o caos no trânsito.Enquanto elas não acontecem,os problemas continuam”, afir-ma. Nos bairros Buritis eBelvedere, regiões Oeste eCentro-Sul de Belo Horizonte,por exemplo, o especialistasugere a criação de pontes. Jáao longo da avenida Amazonas,uma das ligações da capital como município de Contagem, na
CONGESTIONAMENTO A cidade de São Paulo possui
“Empresaspagam
impostos, oscaminhõesnão podemser tolhidosde trafegar”JOSÉ APARECIDO RIBEIRO, SOS MOBILIDADE
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 65
Grande BH, a construção de pon-tilhões e viadutos seria suficien-te. “Esses locais recebem muitovolume de caminhões, poisContagem é polo industrial. Énecessário reforçar que jogam aculpa do trânsito ruim em cimados veículos pesados, mas issonão é verdade.”
Para atender à lei, os empre-sários do setor de transporte decargas e logística foram obriga-dos a investir em veículos meno-res e adaptar o horário de traba-lho dos seus funcionários. OSetcesp (Sindicato das
RAHEL PATRASSO/FUTURA PRESS
Mais restrições a caminhoNOVAS MEDIDAS
Engana-se quem pensa queas cidades já implantaram asrestrições necessárias ao trá-fego de caminhões. Váriosmunicípios já anunciaramampliação do horário das res-trições e até mesmo a proibi-ção da circulação dos pesadospara os próximos meses. É ocaso de Curitiba, que já restrin-ge a circulação no centro dacidade desde 1997. Há quatroanos, um decreto municipalestipulou que caminhõesacima de 7 toneladas somentepodem trafegar entre as 19h30e as 8h30 nos dias úteis, eentre as 13h de sábado e as8h30 de domingo.
Por lá, a restrição à circula-ção de caminhões seráampliada a partir de julho. Otráfego dos pesados será proi-bido na Linha Verde e emoutras 38 ruas da região. Aproibição começaria no últimomês de março, mas a Urbs(Urbanização de Curitiba S.A.)estendeu o prazo a pedido dasempresas do setor de trans-porte de cargas, que solicita-ram tempo para atender àsexigências da Zona de Tráfegode Cargas Linha Verde.
Em Belo Horizonte, aBHTrans anunciou as próxi-mas três etapas de ampliação
da restrição de caminhões nacapital mineira. Em abril, ocor-reu a extensão da medida nobairro de Lourdes, na regiãoCentro-Sul. No mês de julho, amedida será ampliada noentorno da AssembleiaLegislativa e no Barro Preto. Eem outubro será a vez da áreahospitalar. Nessas regiões, acirculação de veículos decarga começou a ser discipli-nada em abril do ano passado.
E mesmo com os resultadospositivos obtidos com a restri-ção de caminhões na capitalpaulista, a CET (Companhia deEngenharia de Tráfego) nãodescarta novas proibições.Porém, a empresa de trânsitogarante que houve melhorasignificativa na lentidão dacidade. Por meio da assessoria,a CET informou que, pela pri-meira vez desde 2007, a médiaanual da lentidão nos horáriosde pico da manhã e da tardeficou abaixo da casa dos 100km, registrando uma média de99 km em 2010. Na comparaçãoentre a lentidão verificada em2008 – quando foram implanta-das as primeiras medidas derestrição ao tráfego de cami-nhões – e a de 2010, a reduçãoé de 14,8% na lentidão do trân-sito: de 116,5 km para 99,2 km.
uma frota estimada de 6,9 milhões de veículos (entre leves e pesados)
“Veículosmenores sãomais ágeis,
trazemmenos
impacto aotrânsito”JOSÉ CARLOS LADEIRA, BHTRANS
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201166
Empresas de Transportes deCarga de São Paulo e Região)estima que os custos da opera-ção aumentaram em até 18%com a compra de caminhõesque se enquadrem na legislaçãoe o pagamento de encargos tra-balhistas, como o adicionalnoturno. “A situação é complica-da nos locais onde a entregasomente pode ser feita durantea noite. Nem todos podem espe-rar a noite inteira para recebê-la”, diz Francisco Pelúcio, presi-dente do Setcesp.
O dirigente espera que a CET
ALTERNATIVA
Municípios apontam melhorias após restriçãoOUTRO LADO
Enquanto especialistas etransportadores de cargasquestionam de um lado, seto-res responsáveis pelo trânsitodas principais cidades brasi-leiras comemoram os resulta-dos obtidos com as restriçõesdo tráfego de caminhões nasvias urbanas. Em virtude dosresultados satisfatórios, asmedidas devem permanecer.A BHTrans, que administra otrânsito na capital mineira,afirma que a quantidade decarga transportada por pesa-dos nas principais vias domunicípio não passa de 4toneladas. "Dá para utilizarveículos menores e atender àdemanda. É uma questão demudança cultural no sistemade logística da cidade.Veículos menores são maiságeis, trazem menos impactoao trânsito e ao pavimento dacidade", afirma o coordena-dor de Projetos da BHTrans,José Carlos Ladeira.
Além disso, a empresa detrânsito reforça que, após as20h, é possível que um cami-nhão grande entre na área
central e faça o descarrega-mento. "Se é inevitável o usode um caminhão grande,então é preciso apenas ade-quar-se ao horário", salientaLadeira. O coordenador dizainda que o disciplinamentoda circulação de caminhõesna capital mineira abrangequatro objetivos. "Possibilitarveículos mais ágeis e maiorrotatividade nas vagas decarga e descarga, garantirmaior segurança no trânsitoe preservar o pavimento dasvias da cidade”, explica.
A mudança no perfil dafrota, de acordo com o órgão,já pode ser sentida na capital.O coordenador exemplificacom os veículos que abaste-cem o Mercado Central, noHipercentro. “Se o caminhão émenor, ele é mais rápido, adescarga é mais rápida,ocupa um espaço menor naárea de carga e descarga,possibilitando que mais deum veículo utilize o espaço.Com os antigos caminhõesgrandes, enquanto um des-carregava, o outro ficava
dando voltas no trânsitoesperando”, diz.
Na avaliação da CET(Companhia de Engenharia deTráfego), as definições sobrea circulação de caminhões nacidade alcançaram resulta-dos satisfatórios. Para aempresa, houve melhora nosíndices de lentidão no segun-do semestre de 2010 em com-paração com o mesmo perío-do do ano anterior. Os índicespassaram de 72,9 quilôme-tros para 56,9 quilômetros,das 7h às 20h.
Um dos fatores que contri-buíram para amenizar os con-gestionamentos foi a inaugu-ração, em 2010, do trecho Suldo Rodoanel Mário Covas –obra viária idealizada parafacilitar o escoamento do trá-fego ao porto de Santos, sempassar pela capital paulista.Pela rodovia trafegam pesa-dos vindos das regiões Nortee Sul do país. A empresa detrânsito, no entanto, nãocomentou sobre os questio-namentos dos transportado-res de carga.
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 67
libere sem restrições o tráfegodos veículos urbanos de carga,caminhões de até 6,3 metros decomprimento. “Hoje eles podemcircular somente das 10h às 16h.O período é muito curto. Mastambém vale refletir sobre isso.Você tira um caminhão que podetransportar 13 toneladas das ruase tem que colocar outros trêspara suprir a demanda. O impac-to no trânsito continua, pois étrocar seis por meia dúzia.”
Já Vander Francisco Costa,presidente da Fetcemg(Federação das Empresas de
Transportes de Carga do Estadode Minas Gerais), espera que aBHTrans (Empresa de Transportee Trânsito de Belo Horizonte) fle-xibilize o horário da restriçãoem algumas vias. “Entendemosque a medida é necessária nosgrandes centros, mas ela nãoprecisaria ser tão rigorosa. EmBH, nos corredores em que a cir-culação é proibida das 7h às 21h,por serem de grande movimen-to, a restrição poderia ser das 7hàs 9h e das 16h às 20h”, diz.
Um ponto no qual especialis-tas e empresários do setor de
transporte de cargas e logísticasão unânimes diz respeito àmelhoria do transporte coletivo.“O número de veículos pequenosaumenta todos os anos nos gran-des centros. Se o transportepúblico fosse melhorado, o usuá-rio deixaria o carro em casa e uti-lizaria o metrô ou o ônibus coleti-vo. Por isso, deve-se pensar emcorredores de transporte rápidopor ônibus e nos veículos levessobre trilhos. Os caminhões, real-mente, não podem parar, pois oabastecimento das cidades tam-bém não pode ser comprometi-do”, diz Paulo Resende. “A merca-doria precisa chegar aonde opovo está”, diz Francisco Pelúcio.
Com restrições adotadas em2008, a medida no Rio deJaneiro é vista de forma maistranquila. A determinação proí-be a circulação de pesados naorla marítima e 26 vias doCentro, Zona Sul e parte daszonas Norte e Oeste da capital.Nesses locais, estão proibidasas operações de carga e des-carga nos horários das 6h às10h e das 17h às 20h, nos diasúteis. Levantamento do gover-no municipal apontou que,após a medida, a velocidademédia dos veículos aumentou.A ausência dos pesados noshorários estipulados aumentoua velocidade média de 20 km/hpara 60 km/h. l
Caminhões com menor capacidade de carga estão sendo usados por causa da proibição nos grandes centros
ZANONE FRAISSAT/FUTURA PRESS
“A medida énecessária
nos grandescentros, mas
ela não precisaria sertão rigorosa”
VANDER FRANCISCO COSTA, PRESIDENTE DA FETCEMG
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201168
Acidentes rodoviáriosde uma forma geralcausam inúmeros pre-juízos para empresas,
transportadores, motoristas decaminhão e outras pessoas quepossam ser envolvidas. E se acarga for de produtos quími-cos, os danos materiais, físi-cos e ambientais chegam a serinestimáveis.
A condução segura dos veí-culos é ainda uma das formasmais eficientes para se evitaresse tipo de problema. E épensando nisso que o Sest
Senat, em parceria com aAbiquim (Associação Brasileirada Indústria Química), mantémdesde 2005 o programa OlhoVivo na Estrada.
O objetivo é prevenir com-portamentos inseguros duran-te o transporte de produtosperigosos, visando à reduçãodo número de acidentes. OOlho Vivo na Estrada surgiucomo projeto piloto dentro daDow Chemical Company, em2003, e foi incluído no progra-ma de Atuação Responsável daAbiquim, dois anos depois.
Desde a sua implantação, maisde 14 mil motoristas já foramtreinados nas unidades do SestSenat em todo o país.
O programa está baseadoem uma metodologia queauxilia os motoristas a reco-nhecerem os riscos durante otransporte, prevenir atitudesinseguras ao volante e a evi-tar acidentes.
“Após compreenderem osobjetivos do treinamento, osmotoristas participam de umadinâmica de grupo para quepossam relatar e listar o que
eles e a empresa podem fazerpara diminuir e até mesmoevitar a ocorrência das situa-ções de risco”, explica DarlanLuis Priamo, instrutor de trân-sito da unidade do Sest Senatde Concórdia (SC).
Depois de passarem poresse treinamento, os condu-tores são orientados a obser-var o comportamento deoutros colegas de profissãonas estradas. Em cada via-gem, eles levam um check-listcom a descrição dos 11 com-portamentos que devem ser
Mais segurançanas rodovias
POR LIVIA CEREZOLI
SEST SENAT
Treinamento em parceria com a Abiquimespera reduzir a zero o número de
acidentes nas estradas do país
RESULTADOS Conscientização
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 69
observados. Nos momentosde descanso, realizam as ano-tações de tudo o que foi veri-ficado nas estradas.
De acordo com Rita deCássia Volponi Carvalho, mem-bro da comissão executiva daAbiquim, a observação doscomportamentos dos motoris-tas não tem caráter de denún-cia. Ela serve apenas paraidentificar os principais erroscometidos. “São esses relatosque permitirão às empresasdesenvolverem ações de cons-cientização que reflitam na
mudança de comportamentodos motoristas”, esclarece ela.
Entre as principais práticasincorretas relatadas pelosmotoristas no último anoestão a velocidade acima dolimite (14,3%), a falta de cintode segurança (14,1%) e dirigirde forma agressiva ou impru-dente (13,7%). Além disso,também há relatos de moto-ristas que não mantêm a dis-tância segura do veículo àfrente (9,6%) e não respeitama sinalização e as regras detrânsito (7,8%).
O programa tem como focoprincipal o comportamentodos motoristas porque, deacordo com a Abiquim, asfalhas humanas provocadasprincipalmente por comporta-mentos inadequados aovolante estão entre as princi-pais causas dos acidentesrodoviários registrados nopaís, juntamente com a faltade manutenção dos veículos ea infraestrutura precária dealgumas rodovias.
“Trabalhamos muito com apercepção dos riscos que
esse tipo de comportamentopode causar, por menor queele seja. É importante que omotorista perceba que nãocometer pequenos erros podeevitar grandes acidentes”,afirma Rita. Segundo aAbiquim, existem estimativasapontando que ocorrem entre50 e 100 acidentes menorespara cada acidente sério.
De acordo com RicardoAlves Rocha, coordenador doSest Senat de São Vicente,onde também existe o treina-mento, a mudança no com-
FOTOS SEST SENAT SÃO VICENTE/DIVULGAÇÃO
de motoristas durante treinamento reduz índices de acidentes nas estradas
Veja as práticas erradas mais verificadas nas estradas
Relato Índice (%)
Dirigir em velocidade acima do limite 14,3
Não uso do cinto de segurança 14,1
Dirigir de forma agressiva e/ou imprudente 13,7
Dirigir de chinelo, vestimenta inadequada, pneus lisos, rotas inseguras etc 9,9
Não deixar distância segura do veículo à frente 9,6
Não respeitar a sinalização e as regras de trânsito 7,8
Dirigir em velocidade inadequada para o trecho 7,5
Ultrapassar em local inseguro ou inadequado 7,4
Sono, cansaço e falta de atenção 6,7
Dirigir em velocidade menor que a mínima aceitável 5,4
Amarração, travamento ou distribuição inadequada da carga 3,5
Fonte: Abiquim
COMPORTAMENTOS CRÍTICOS
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201170
corridos passou de 1,26 para0,58 em 2009.
“Não tenho dúvidas de queo Olho Vivo na Estrada contri-bui de forma significativa paraa melhoria do trânsito em todoo país”, afirma Benedito TelesSantos, sócio da ConcórdiaTransportes Rodoviários,empresa que transporta gra-néis líquidos do PoloPetroquímico de Camaçari atéo porto de Salvador.
Participante do programadesde a sua criação, a trans-
portadora lançou a campanhaAcidente Zero, Carro Zero paraincentivar ainda mais os seusmotoristas a adotarem com-portamentos adequados aovolante. Segundo Santos, acada 4 milhões de quilômetrosrodados na empresa sem aocorrência de acidentes gra-ves, um veículo é sorteadoentre os motoristas. Já foramdistribuídos dez veículos.“Podemos perceber como nos-sos motoristas estão compro-metidos com o programa.
Acredito que, quando eles pas-sam a observar os comporta-mentos errados dos colegasde profissão, acabam fazendoa crítica a eles mesmos. Nãodá para dizer que o outro nãousa cinto se eu também come-to o mesmo erro.”
E os bons resultados estãopermitindo a expansão do pro-grama. As transportadoras inte-ressadas em fazer parte do pro-jeto podem procurar a unidadedo Sest Senat mais próxima desua localidade. l
portamento dos motoristasdepois do treinamento é defácil observação. “As empre-sas nos passam esse retornoe é possível observar umaredução significativa nonúmero de acidentes devido àmudança de postura dos nos-sos motoristas”, conta ele.
Dados da Abiquim revelamque, desde 2003, quando oprojeto piloto foi implantadona Dow Chemical Company, oíndice de acidentes pormilhão de quilômetros per-
APOIO A Concórdia Transportes Rodoviários participa do programa Olho Vivo na Estrada desde o seu início
• Problemas tecnológicos, como
veículos sem manutenção
adequada ou muito velhos
• Problemas de infraestrutura
(rodovias mal sinalizadas,
malconservadas ou com falhas
estruturais de pavimentação)
• Problemas com procedimentos
e regulamentações, como
aplicação inadequada das
legislações e dos procedimentos
de gestão
• Problemas de falhas humanas,
como comportamentos
inadequados levando a riscos
desnecessários, incluindo
a falta de treinamento ou de
profissionalismo
Fonte: Abiquim
PRINCIPAIS CAUSASDE ACIDENTES
LUIZ
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A PR
ESS
Aquecimento beneficiao rodoviário de cargaAvanço da indústria de transformação impulsionou o setor de
transporte em março, aumentando a carga industrial transportada
OIBGE (Instituto Brasileirode Geografia e Estatística)divulgou crescimentoacentuado na produção
industrial em nove Estados dafederação, o que resultou em umcrescimento médio de 1,9% daprodução em fevereiro. Esteavanço da indústria de transfor-mação aqueceu o setor de trans-porte em março, aumentando acarga industrial transportada emrelação ao mês anterior.
A tonelagem industrialtransportada por terceirosapresentou variação de 4,4%em relação a fevereiro,porém, a movimentação deoutras cargas teve decrésci-mo de 2,3%. Em parte, essaredução de outras cargastransportadas é reflexo doperíodo de entressafra dasprincipais culturas nacionais.No que se refere ao transpor-te de safra agrícola a previ-
são é otimista, visto que oIBGE indica safra recordeeste ano (4% superior à safrade 2010).
Foram transportadas 101,5milhões de toneladas de car-gas em março, crescimentode 0,7% em relação a feverei-ro. Do total movimentado,46% são cargas industriaistransportadas por terceiros eos outros 54% correspondemao transporte de safras agrí-
colas, produtos de extrativis-mo (madeireiro e não madei-reiro), combustíveis e cargaprópria.
O mês de março apresen-ta tradicionalmente maiormovimentação de passagei-ros no transporte coletivourbano, devido à volta àsaulas e ao maior número dedias úteis em comparação afevereiro. Porém, em 2011, oCarnaval caiu em março,
CRESCIMENTO Transporte de carga industrial se destacou no mês de março
IDET
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201172
fato que reduziu o númerode dias úteis. O resultado doferiado nacional foi umavariação inferior ao obser-vado em outros anos quan-do comparados fevereiro emarço. Foram transporta-dos por ônibus regulares993,4 milhões de passagei-ros, o que configurou cresci-mento de 5,4% em relação afevereiro.
No que se refere ao trans-porte rodoviário interesta-dual de passageiros, houveuma redução de 1,4% emrelação a fevereiro. Foramtransportados em março 6,4milhões de passageiros,7,9% mais passageiros doque o mesmo período em2010. Apesar da alta compa-rativa ao ano anterior, éinteressante destacar quehouve queda de movimenta-ção em relação ao mês defevereiro, mesmo com aocorrência do Carnaval emmarço. Este fato indica umamigração de passageirosdesse modal para outros.
O modal aquaviário de car-gas apresentou, em fevereiro,queda de 7,4% na movimenta-ção mensal. No mês, apenasas regiões Centro-Oeste e Sulapresentaram variações posi-tivas. Novamente há destaquepara o Porto de Santos que,após bater recorde para omês de janeiro, teve recorde
de importações em fevereiro.É importante destacar que oaquecimento do setor histori-camente ocorre a partir deabril.
Em fevereiro, o modal fer-roviário de cargas apresentouresultado inferior em relaçãoao mês de janeiro. Foramtransportados 36,1 milhões deTU, 7,8% a menos que emjaneiro e produzidos 19,4bilhões de TKU.
O transporte aeroviário depassageiros apresentou, emmarço, aumento de 15,5%,recuperando a queda sofridaem fevereiro. A movimenta-ção doméstica (dados deembarque) apresentou cresci-mento de 15% no mês demarço. Na comparação com omesmo período de 2010, osegmento apresentou alta de22,2%. Parte desse cresci-mento acentuado está rela-cionado à escolha dos passa-geiros pelo modal aéreo emseus deslocamentos no car-naval.
O Idet CNT/Fipe-USP é umindicador mensal do nível deatividade econômica do setorde transportes do Brasil. l
8
Para a versão completa daanálise, acesse www.cnt.org.br.Para o download dos dados,www.fipe.org.br
ERRATA
Os dados divulgados peloIdet Fipe/CNT nas edições nºs
186 e 187, referentes aosmeses de dezembro de 2010 ejaneiro de 2011, contêm algu-mas informações incorretas.As informações publicadasrelativas ao transporte decargas fornecidas pela Fipeapresentaram erro no progra-ma de cálculo. Abaixo as cor-reções devidas:
• O modo rodoviário de cargaapresentou queda de 1,2% nomês de dezembro de 2010. Atonelagem industrial por ter-ceiros apresentou variaçãonegativa de 3,5% em relação aeste mesmo tipo de carga emnovembro de 2010. Já a movi-mentação de outras cargas,também em comparação a
novembro, apresentou acrésci-mo de 0,95%. O volume decarga industrial transportadapor terceiros foi de 47,9milhões de toneladas, enquan-to outras cargas somaram 51,6milhões de toneladas.
• No mês de janeiro de 2011foram transportadas, pelomodal rodoviário, 100,3milhões de toneladas. Destas,46 milhões foram de cargasindustriais por terceiros e54,2 milhões de outras car-gas. A tonelagem de cargaindustrial movimentada teveredução de 3,9% em relaçãoa dezembro de 2010. Já otransporte de outras cargasapresentou crescimento de5,0% quando comparado aomês anterior.
Retificação: Idet
Transporte Rodoviário de Cargas Dados comparativos do número de toneladas transportadas
nov/10 dez/10 jan/11 fev/11
Carga industrial
por terceiros 49.719.619 47.974.115 46.076.729 44.828.008
Outras cargas 51.138.890 51.626.051 54.239.398 55.979.433
Total 100.858.509 99.600.166 100.316.127 100.807.441
IDET
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 73
Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO
Transporte Rodoviário de Cargas - Total
Milh
ões
de T
onel
adas
110
90
95
100
105
85
80jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
Milh
ões
de P
assa
geiro
s
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Rodoviário de CargasIndustriais por Terceiros
Milh
ões
de to
nela
das
65
55
60
50
35
40
45
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Rodoviário Interestadual dePassageiros
Milh
ões
de P
assa
geiro
s
8.500
7.500
8.00
5.00
5.500
6.00
6.500
7.00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Ferroviário de Cargas
Milh
ões
de T
onel
adas
35
40
45
50
30
25jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Aquaviário de Cargas
Milh
ões
de T
onel
adas
80
65
70
75
30
35
40
45
50
55
60
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2008 2010 20112009 2008 2010 201120092008 2010 20112009
2008 2010 20112009
2008 2010 201120092008 2010 20112009
2008 2010 20112009
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s s
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s s ss
s s
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201174
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO
MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL
Federal 62.351 13.844 76.195 Estadual Coincidente 17.012 6.013 23.025 Estadual 106.548 113.451 219.999 Municipal 26.827 1.234.918 1.261.745Total 212.738 1.368.226 1.580.964
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KMAdminstrada por concessionárias privadas 14.621Administrada por operadoras estaduais 1.195
FROTA DE VEÍCULOSCaminhão 2.060.002Cavalo mecânico 379.721Reboque 732.616Semi-reboque 570.798Ônibus interestaduais 13.976Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000
Nº de Terminais Rodoviários 173
INFRAESTRUTURA - UNIDADES
Terminais de uso privativo misto 122
Portos 37
FROTA MERCANTE - UNIDADES
Embarcações de cabotagem e longo curso 139
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA
Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148
AQUAVIÁRIO
FERROVIÁRIO
MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
Total Nacional 29.637Total Concedida 28.465Concessionárias 11Malhas concedidas 12
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMALL do Brasil S.A. 11.738FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 8.066MRS Logística S.A. 1.674Outras 6.987Total 28.465
MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 92.814Locomotivas 2.919Carros (passageiros urbanos) 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289Críticas 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h
AEROVIÁRIO
AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 33Domésticos 33Pequenos e aeródromos 2.498
AERONAVES - UNIDADESA jato 873 Turbo Hélice 1.783Pistão 9.513Total 12.505
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS
MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)
Rodoviário 485.625 61,1
Ferroviário 164.809 20,7
Aquaviário 108.000 13,6
Dutoviário 33.300 4,2
Aéreo 3.169 0,4
Total 794.903 100
JANEIRO - 2011
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 75
BOLETIM ECONÔMICO
Investimentos em Transporte da UniãoDados atualizados abril/2011
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
Autorizado Total PagoValor Pago do ExercícioObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
Arrecadação Acumulada
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001.Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis,projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES(PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
Investimento Pago Acumulado
121086R
$ bi
lhõe
s
420
20181614
R$ 0,05
R$ 17,99
60
40
30
20R$
bilh
ões
10
0
2002 2003
20042005
20062007
20082009
2010 2011
80
70
50
8
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE*
Rodoviário Ferroviário Aquaviário Aéreo
R$ 0,003(0,01%)
R$ 0,043(0,1%)
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
Observações:
1 - Taxa de Crescimento do PIB 2010 e acumulada em 12 meses
2 - Taxa Selic conforme Copom20/04/2011
3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até abril/2011
4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até abril/2011
5 - Posição dezembro/2010 e abril/2011 em US$ Bilhões
6 - Câmbio de fim de período abril/2011, média entre compra e venda
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (abril/2011), IBGE e
Focus - Relatório de Mercado 20/04/11), Banco Central do Brasil.
Investimento da União por Modal Total Pago,em R$ bilhões. Acumulado até abril/2011 (R$ 4,2 bilhões)
CIDE (R$ Milhões)Arrecadação no mês março/2011 663,0
Arrecadação no ano (2011) 2.064,0
Investimentos em transportes pagos (2011) 0,0
CIDE não utilizada em transportes (2011) 2.064,0
Total Acumulado CIDE (desde 2002) 66.413,0
R$ 0,24(6,5%)
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - ABRIL/2011
2010 acumuladoem 2011
últimos12 meses
Expectativapara 2011
PIB (% cresc a.a.)1 7,50 - - 4,00
Selic (% a.a.)2 10,75 12,00 12,25
IPCA (%)3 5,91 2,44 6,30 6,34
Balança Comercial4 16,88 3,17 22,51 18,00Reservas Internacionais5 288,6 326,2 - -
Câmbio (R$/US$)6 1,75 1,57 1,68
R$ 0,26(7,2%)
R$ 4,15 R$ 4,2
Restos a Pagar Pagos
66,4
28,1
Outros
R$ 3,1(85,0%)
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201176
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
* Em partes por milhão de S - ppm de S
Estrutura do Despoluir
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - MARÇO 2011
AL AM
% N
C
AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Brasil
9,0
1,10,05,2 3,0
0,04,9
0,0 1,5 0,82,6 2,9 3,4
AC2,7 16,3 0,0 1,2 2,0 0,0 4,5 0,0 1,4 9,0 1,1 7,9 2,0 5,2 3,0 0,0 2,7 3,8 4,9 0,0 3,7 1,5 0,8 2,6 2,9 0,0 3,40,01,9 21,1 0,0 1,3 1,6 0,0 3,3 0,0 1,9 10,4 1,3 7,4 1,6 3,9 3,2 0,0 3,3 3,4 2,8 0,0 3,8 1,5 1,0 3,3 2,6 0,0 3,50,0
Trimestre Anterior
Trimestre Atual
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - MARÇO 2011
0,0
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
8
1,4
16,3
2,01,20,0
2,7
0,00
10
25
5
15
20
4,5
0,0
Corante 1,7%
1,4%
7,0%
Aspecto 52,3%
Pt. Fulgor 10,5%
Enxofre 7,0%
Teor de Biodiesel 27,2%Outros 1,4%
27,2%
52,3%
10,5%
1,7%
2,0
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DASEMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
NÚMEROS DE AFERIÇÕES
392.505
Federações participantes 21Unidades de atendimento 70Empresas atendidas 6.645Caminhoneiros autônomos atendidos 8.073
QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*
Japão 10 ppm de SEUA 15 ppm de SEuropa 50 ppm de S
Brasil
1.800 ppm de S
500 ppm de S
SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 1.202,13 76,30Industrial* 140,05 8,90Transporte 136,15 8,60Outros setores 47,78 3,12Geração de energia 48,45 3,10Total 1.574,56 100
MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 123,17 90,46Aéreo 7,68 5,65Outros meios 5,29 3,88Total 136,15 100
VEÍCULO CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Caminhões 36,65 44Veículos leves 32,49 39Comerciais leves - Diesel 8,33 10Ônibus 5,83 7Total 83,30 100
50 ppm de S
MODAL MILHÕES DE m3 PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 32,71 96,6Ferroviário 0,69 2Hidroviário 0,48 1,4Total 33,88 100
TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Diesel 39,01 41,56 44,76 44,29 49,23 7,36Gasolina 24,01 24,32 25,17 25,40 29,84 5,01Etanol 6,19 9,37 13,29 16,47 15,07 2,14
3,8 3,7
ATÉ FEVEREIRO MARÇO20112007 A 2010 TOTAL
Aprovação no período
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)*
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR
7,9
Diesel interior (substituição de 19% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
Diesel metropolitano (grandes centros urbanos)
Frotas cativas de ônibus urbanos das regiõesmetropolitanas da Baixada Santista, Campinas,São José dos Campos e Rio de Janeiro. Frotascativas de ônibus urbanos das cidades deCuritiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador.Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém,Fortaleza e Recife.
2,7
25.650 14.660 432.815
87,05% 88,14% 87,83% 87,14%
(ATÉ FEVEREIRO)
* Inclui processos industriais e uso de energia
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)
Apesar de todos osavanços no debateambiental no Brasile da incorporação
pela arquitetura e a engenha-ria do conceito de adequaçãoambiental em seus projetos eobras, ainda persiste no paísum certo discurso que con-trapõe o desenvolvimento dainfraestrutura física à preser-vação do meio ambiente.Atualmente, uma das facesmais visíveis dessa concep-ção é o argumento de que asexigências ambientais e osprocessos de validação dosrequisitos são excessivos emorosos, sendo, dessa forma,a razão de atrasos e adia-mentos em obras públicasessenciais.
A ideia, além de questio-nável, coloca em segundoplano o problema da falta deplanejamento no setor públi-co brasileiro, esse sim acausa de obras e empreendi-mentos que desrespeitam ocronograma estipulado e nãoraro custam bem mais doque o orçado. No caso dosestudos de impacto ambien-tal, estes devem ser inseri-dos de forma planejada nos
JOÃO ALBERTO VIOL
projetos, para que sua execu-ção e aprovação aconteçamno tempo devido, evitandoproblemas como atrasos eperda da qualidade doempreendimento.
Na visão do setor de arqui-tetura e engenharia consulti-va, nenhuma obra é melhordo que seu projeto. Projetaralgo significa pensar antesde realizar; estudar soluçõesantes de optar pela querepresente a melhor relaçãocusto/benefício; enfim, pre-ver todas as etapas necessá-rias de uma obra. O projeto,além dos desenhos e plantasfornece todas as especifica-ções técnicas de materiais eserviços, assim como suaquantificação, o que resultano orçamento e no crono-grama da obra. É também aoprojeto que cabe compatibi-lizar a intervenção física e apreservação ambiental, tra-balhando para a conserva-ção do meio ambiente e amitigação de impactos,tendo em vista o desenvolvi-mento sustentável.
É por meio desses levan-tamentos que se podem pre-ver os eventuais riscos ao
meio ambiente e escolherentre a opção que resultaráem menor impacto. Pode-seevitar agredir o meioambiente estudando alterna-tivas que preservem espé-cies animais e vegetais, ouas comunidades tradicionais,como indígenas e quilombo-las. Se os impactos são inevi-táveis, o que ocorre emalguns casos, a solução émitigá-los. E, quando nemisso é possível, os impactosainda sim podem ser com-pensados.
Enfim, se determinadaobra é considerada necessá-ria, o desafio posto é o debuscar, entre as diversasalternativas, aquela que, aum só tempo, atenda à fun-ção a que se destina e provo-que o menor dano socioam-biental possível, o que só épossível por intermédio daidentificação dos impactospotenciais da instalação detal empreendimento. Porém,para cumprir sua funçãoessencial, os estudos deimpacto ambiental devemser planejados com a devidaantecedência, ainda na fasede projetos.
DEBATE Os estudos de impacto ambiental ajudam ou atrapalham?
JOÃO ALBERTO VIOL Presidente nacional do Sinaenco(Sindicato da Arquitetura e daEngenharia Consultiva)
Se inseridos nos projetos de forma planejada, ajudam
“Se os impactos são inevitáveis, a solução é mitigá-los. E, quandonem isso é possível, os impactos ainda sim podem ser compensados”
As grandes obras aserem realizadasnos próximos anos,por meio do PAC
(Plano de Aceleração doCrescimento) e das modifica-ções necessárias para sediara Copa, serão de importânciapermanente para o país.Caso os estudos para suasimplementações sejam mal-elaborados, poderão com-prometer a qualidade dosrecursos naturais e conse-quentemente a qualidade devida dos cidadãos.
As ações compreendemdesde a construção, adequa-ção, duplicação e recuperaçãode estradas, portos, ferroviase aeroportos, até a instalaçãode usinas de biodiesel e eta-nol, hidrelétricas, investimen-tos em logística, em habita-ção, saneamento, em infraes-truturas hídricas e terrestres,entre outros.
Para uma equilibrada rela-ção entre o atual crescimentoe desenvolvimento em todasessas áreas e a qualidadesocioambiental, os Estudos deImpacto Ambiental vêm cons-tituir uma ferramenta paracontrolar e monitorar as
recursos, sem que a produtivi-dade e a economia humanassejam afetadas. Em muitoscasos os estudos auxiliam naproteção de culturas étnicasdiversas, como o caso dosempreendimentos em áreasprotegidas pela Funai(Fundação Nacional do Índio),pelo Instituto Chico Mendes,que atua em Unidades deConservação, a FundaçãoPalmares e o Iphan (Institutodo Patrimônio Histórico eArtístico Nacional) com osestudos de arqueologia pre-ventiva.
Essa é outra contribuiçãodos Estudos de ImpactosAmbiental, conhecimento eproteção à cultura, aos recur-sos naturais e à sociedadeatual e futura. Pois com a exi-gência desses estudos, vem-se ampliando o conhecimentodo patrimônio natural, cultu-ral e antropológico nas áreasestudadas, atualizando osmodelos tecnológicos, aper-feiçoando as técnicas de aná-lise e aplicando as melhoresferramentas e alternativaspara que o desenvolvimentoande em consonância com aqualidade do meio ambiente.
ANA PAULA NAHIRNYBióloga da Ecossistema ConsultoriaAmbiental, com mestrado emInvestigação Social aplicada ao Meio Ambiente pela Universidade de Sevilla (Espanha)
Elaborados corretamente,não afetam a economia
“Estudos têm como fundamento os princípios da prevenção, em quesão adotadas medidas para evitar dano, ou possível dano, ambiental”
ações e/ou impactos na quali-dade do ar, da fauna, da flora,do solo, das águas, da saúde edo bem-estar social.
Os estudos de impactoambiental têm como funda-mento os princípios da pre-venção e precaução, em quesão adotadas medidas paraevitar dano, ou possível dano,ambiental. Além disso, sãorealizados por equipes multi-disciplinares, e as avaliaçõestécnicas e cientificas identifi-cam e buscam minimizar qual-quer consequência que oempreendimento poderá cau-sar no meio ambiente físico,biológico e socioeconômico.
Com um diagnóstico pré-vio da situação ambiental daárea onde está inserido oempreendimento é possíveldefinir os melhores traçadose assim reduzir possíveisconflitos, pois analisa todosos impactos e suas alternati-vas e propõe medidas ate-nuantes, bem como progra-mas de acompanhamento emonitoramento.
Como resultado de umestudo corretamente elabora-do, a sociedade obterá a pre-servação e conservação dos
ANA PAULA NAHIRNY
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 2011 81
CLÉSIO ANDRADEOPINIÃO
ão sai da lista dos principais problemas dasmédias e grandes cidades, do Brasil e deoutros países, a questão do trânsito caóticode veículos nas vias urbanas. O desgaste psi-cológico e emocional, a perda de tempo e osprejuízos financeiros explicam toda a ansie-
dade e irritação da população e a preocupaçãodos gestores públicos. O crescimento urbanodesordenado e a falta de planejamento estão naorigem desse complexo problema e devem serconsiderados para que se atinjam soluçõessatisfatórias e duradouras.
O planejamento urbano é preocupação recen-te dos governos. A criação em 2003 do Ministériodas Cidades confirma que o problema atropelouas autoridades públicas, antes que soluçõestivessem sido pensadas para evitar ou mitigar asconsequências dele. Felizmente, o atual governovem demonstrando sensibilidade e efetiva mobili-zação em torno de soluções.
A oportunidade dos eventos esportivos mun-diais em nosso país está forçando respostas defi-nitivas. Uma das propostas do governo é investirna melhoria dos acessos viários. O ministério estácontando com R$ 11,5 bilhões para investimentosem obras de mobilidade urbana nas cidades-sededa Copa de 2014, contemplando ligações com por-tos, aeroportos e o aperfeiçoamento das princi-pais vias e estruturas urbanas.
Com esse tipo de mudança é possível criarmais fluidez no trânsito e melhor mobilidade. Assoluções contemplam fundamentalmente a oferta
de transporte coletivo urbano de qualidade com aadoção de novos projetos, como o de VLT (VeículoLeve sobre Trilhos), metrôs, melhoria dos serviçosde ônibus com novos espaços de circulação e autilização em maior escala do BRT (os chamadosônibus de trânsito rápido), entre outras soluções.
Novas políticas públicas para o aperfeiçoa-mento do transporte coletivo público são medi-das imprescindíveis para a solução do problemados grandes congestionamentos. O ordenamentodos espaços urbanos, por meio de políticas públi-cas eficientes, deve visar, sobretudo, as condiçõesde atuação das empresas de transporte coletivopara que cumpram sua missão.
O governo, pelo seu Ministério das Cidades,mostra muita seriedade e compromisso no enfre-tamento dessa delicada questão. O ministérioestá dando acesso para que os municípios apre-sentem seus projetos e propostas de soluçõesduradouras. A responsabilidade agora diz respei-to à competência das autoridades municipais empropor soluções tecnicamente justificáveis.
Transportadores, autoridades públicas, espe-cialistas e todos os interessados desejam obrasque propiciem novas estruturas para a mobilida-de urbana, no sentido mais amplo. Um transportepúblico mais rápido e eficiente é mais atraente àutilização do passageiro e um grande estímulopara que mantenha seu carro em casa. Para a CNT,não há como pensar em mobilidade urbana ediminuição do caos no trânsito sem políticas deincentivo ao transporte público coletivo.
NTrânsito e
transporte público
“Para a CNT, não há como pensar em mobilidade urbana sem políticas de incentivo ao transporte público coletivo”
CNT TRANSPORTE ATUAL MAIO 201182
DOS LEITORES
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE
PRESIDENTE Clésio Andrade
PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa
VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata FilhoTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti
PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio BenattiPedro José de Oliveira LopesTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay
Paulo Cabral Rebelo
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça
Júlio Fontana Neto
TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou
José Afonso Assumpção
CONSELHO FISCAL (TITULARES)
David Lopes de Oliveira
Éder Dal’lago
Luiz Maldonado Marthos
José Hélio Fernandes
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)
Waldemar Araújo
André Luiz Zanin de Oliveira
José Veronez
Eduardo Ferreira Rebuzzi
DIRETORIA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe
Alfredo José Bezerra Leite
Lelis Marcos Teixeira
José Augusto Pinheiro
Victorino Aldo Saccol
José Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellEurico GalhardiFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJoão Rezende FilhoMário Martins
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini
Urubatan Helou
Irani Bertolini
Pedro José de Oliveira Lopes
Paulo Sérgio Ribeiro da Silva
Eduardo Ferreira Rebuzzi
Oswaldo Dias de Castro
Daniel Luís Carvalho
Augusto Emílio Dalçóquio
Geraldo Aguiar Brito Viana
Augusto Dalçóquio Neto
Euclides Haiss
Paulo Vicente Caleffi
Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de SousaJosé Alexandrino Ferreira NetoJosé Percides RodriguesLuiz Maldonado MarthosSandoval Geraldino dos SantosDirceu Efigenio ReisÉder Dal’ LagoAndré Luiz CostaDiumar Deléo Cunha BuenoClaudinei Natal PelegriniGetúlio Vargas de Moura BratzNilton Noel da RochaNeirman Moreira da Silva
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna
Paulo Duarte Alecrim
André Luiz Zanin de Oliveira
Moacyr Bonelli
George Alberto Takahashi
José Carlos Ribeiro Gomes
Roberto Sffair
Luiz Ivan Janaú Barbosa
José Eduardo Lopes
Fernando Ferreira Becker
Raimundo Holanda Cavacante Filho
Jorge Afonso Quagliani Pereira
Alcy Hagge Cavalcante
Eclésio da Silva
INDÚSTRIA NAVAL
Queria deixar registrada minha satisfação em receber arevista CNT Transporte Atual(edição nº 186), pela excelente reportagem sobre a Indústria Naval: “Bahia espera atrair maisinvestimentos para a construção de equipamentospara o mercado do petróleo”.Parabéns para a equipe! Esugiro uma pauta sobre oturismo náutico no país.
Luciano Estevam SantosMaragojipe/BA
VOOS PARA O INTERIOR
A matéria da edição nº 188 darevista CNT Transporte Atualsobre as empresas aéreas que ampliam as suas ofertasde voos para o interior do país me deixou bastante feliz.Moro no Triângulo Mineiro e preciso sempre viajar a trabalho para as cidades do Sul do país. Fazer o trajeto de carro ou ônibus em apenas dois ou três dias de trabalho é praticamenteimpossível. Ter a opção depoder viajar de avião me deixa mais tranquilo pelacomodidade e pelo ganho de tempo.
Marco Antônio PeixotoUberlândia/MG
SEST SENAT
Parabenizo o Sest Senat pelo trabalho que vem sendo realizado em diversascidades do país. Sou trabalhadordo setor de transporte emRecife (PE) e sempre utilizo os serviços oferecidos pelaentidade. Para mim, os cursosde qualificação são muitoimportantes porque consigome manter atualizado.
Fernando Soares da CostaRecife/PE
CADEIRINHAS
O uso de cadeirinhas e decinto de segurança no bancotraseiro dos automóveis é umainiciativa que salva vidas edeve ser obrigatória. O assunto, muito bem abordadoem reportagem da edição nº188 da revista CNT TransporteAtual, mostra como algumasações são importantes notrânsito.
José Silva PergolinBetim/MG
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J
Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar
70070-010 - Brasília (DF)
E-mail: [email protected]
Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes
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