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ISSN 2179-4529 – ANAIS DO 4º SIMPÓSIO DE CIBERJORNALISMO
Redes sociais e ciberacontecimento –
a dinâmica do processo interacional
Alciane Nolibos Baccin1
Resumo: Os consumidores de notícias também são agentes de agendamento, provocando
acontecimentos que emergem nas redes sociais e circulam, até serem construídos pelo
Jornalismo, e transformados em acontecimentos jornalísticos. Acontecimentos que
apresentam as marcas das redes sociais na internet podem ser chamados de
ciberacontecimentos. Parte-se do pressuposto de que há uma nova configuração de
acontecimento, próprio das interações proporcionadas pelas redes sociais na internet, que
altera a dinâmica comunicacional e desestabiliza a prática jornalística. Este artigo se propõe
a analisar um acontecimento que emerge nas redes sociais na internet - ciberacontecimento
-, a fan page Diário de Classe, criada no dia 11 julho de 2012 e mantida pela estudante,
Isadora Faber, de 13 anos, de Florianópolis, refletir sobre o conceito de ciberacontecimento,
além de detectar as marcas da interação mediada por computador, que transformam o
ciberacontecimento em acontecimento jornalístico. O artigo apresenta o que os
acontecimentos que emergem das redes sociais na internet têm de particular e o que essas
mudanças alteram o fazer jornalístico.
Palavras-chave: Redes sociais. Ciberacontecimento. Webjornalismo. Processo
interacional.
1. No rastro das mudanças
1 Doutoranda em Comunicação e Informação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em
Ciências da Comunicação pela Unisinos, especialista em Comunicação Midiática pela UFSM. Jornalista da Emater/RS-Ascar. E-mail: [email protected]
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É visível na sociedade atual a mudança na forma como o público e as próprias
mídias estão produzindo, fazendo circular e consumindo informações. O modelo antes
objetivista do Jornalismo cede espaço para uma cultura mais participativa. Podemos dizer
que essa é uma demanda que parte do público, que quer cada vez mais participar da
construção jornalística. O tema deste artigo é parte do projeto de tese de doutorado que a
autora desenvolve junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, que tem a ver com essas mudanças, de como se dá o processo de construção
dos acontecimentos no espaço das mídias sociais digitais e como o Jornalismo se apropria
desses acontecimentos, transformando-os em acontecimentos jornalísticos. Aos poucos o
Jornalismo está seguindo o rastro das mudanças que ocorrem na sociedade, experimentando
e adaptando-se à cultura da convergência, que requer uma transformação de conteúdo,
espaço e tempo. Seria então uma adaptação do “fazer jornalístico”?
O Jornalismo está agora diante da continuidade e a construção dos acontecimentos
jornalísticos em constante transformação. Muitas das experiências dos acontecimentos são
interpretadas e narradas nos sites de redes sociais. Percebemos hoje que há deslocamentos
com temas que emergem originalmente das redes (como Twitter, Facebook e YouTube),
cada vez mais o público quer colaborar e construir informações. Os consumidores de
notícias também passam a ser agentes de agendamento, provocando acontecimentos que
emergem nos sites de redes sociais e circulam até serem construídos pelas mídias e
transformados em acontecimentos jornalísticos. Acontecimentos que apresentam as marcas
das redes sociais, já estão sendo chamados de ciberacontecimentos2.
A dinâmica que movimenta os sites de redes sociais está alterando as rotinas de
produção noticiosa, estando hoje profundamente integrada à atividade profissional
jornalística, ao “fazer jornalístico”. Parte-se do pressuposto de que há uma nova
2 Ciberacontecimento é um termo trabalhado por Henn (2011) , com base no historiador Pierre Norá. Para
Norá, há uma certa correspondência entre a natureza dos acontecimentos e as mídias que lhe são contemporâneas. Nessa perspectiva, entende que já existe hoje uma gama de acontecimentos que se constituem a partir das lógicas das redes na internet.
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configuração de acontecimento, próprio das redes sociais na internet, que se constitui na
sociedade. Um acontecimento produzido e provocado pelo público está alterando a
dinâmica comunicacional e desestabilizando a prática jornalística.
A disseminação e popularização da internet e os avanços que esta tem apresentado
nos últimos anos, o uso das mídias locativas, que permitem uma aproximação viva com os
acontecimentos, transmitindo, muitas vezes, em tempo real falas e imagens, constituem-se
como elementos vitais no funcionamento e na rotina jornalística. “Assim, cada cidadão em
potencial é produtor de informação, não importando se com intenções ou com ambições
jornalísticas, mas atuando de alguma forma no campo do jornalismo ou muito próximo
dele” (MIELNICZUK, 2013, p. 123).
A incorporação dessa nova dinâmica como instrumento do ofício tem consequências
substantivas sobre o modo de produzir as notícias e de como essas informações estão
chegando às redações. A estrutura da comunicação em rede traz diferenças fundamentais
para cada elemento do processo comunicativo. Trata-se de emissão dispersa e capilarizada,
fundamentalmente não-hierárquica, em que emissores alternativos estão produzindo
acontecimentos, procurando atrair a atenção dos jornalistas e, consequentemente, um
espaço valioso no noticiário.
Os produtores de notícias estão recorrendo cada vez mais à internet, principalmente
como fonte de informação. Sabendo disso, alguns emissores postam mensagens (textuais ou
visuais) que acabam gerando interesse jornalístico. Na dissertação, defendida em 2012,
concluiu-se que o acontecimento jornalístico estudado “Geisy Arruda – Uniban”
configurou-se a partir da participação do público, desde a divulgação do Acontecimento
(via vídeos no YouTube) nos sites de redes sociais para chamar a atenção das mídias
(webjornalismo e mídias tradicionais), reverberando, até provocar desdobramentos e
fazendo-os circular em muitos outros momentos do fluxo (BACCIN, 2012).
O processo linear de produção da notícia (emissor – mensagem – receptor) não se
sustenta mais. Para Baccin (2012), a cultura da convergência está tensionando esse
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processo e reconfigurando a construção do acontecimento jornalístico, promovendo uma
autoria participativa, um processo mais inclusivo, e fazendo com que a informação flua em
diversos canais e em múltiplas direções. “Essa cultura desafia as mídias tradicionais a se
adaptarem e os jornalistas a adequarem as práticas jornalísticas e a aceitarem a colaboração
do público em todo o processo comunicacional” (BACCIN, 2012, p. 125).
Este artigo se propõe a iniciar uma reflexão sobre esse novo acontecimento que
emerge das redes sociais digitais – o ciberacontecimento – e como se configura nesse
espaço, partindo do acompanhamento de um acontecimento que emerge nas redes sociais
na internet, a fan page Diário de Classe, criada no dia 11 julho de 2012 e mantida pela
estudante, Isadora Faber, de 13 anos, de Florianópolis. Este trabalho ainda faz uma breve
reflexão sobre o conceito de ciberacontecimento (HENN, 2012 e 2013; ARIAS, 2008;
JUNGBLUT, 2011), e detecta as marcas da interação mediada por computador (PRIMO,
2011 e 2013), que transformam o ciberacontecimento em acontecimento jornalístico.
A fan page Diário de Classe faz parte da pesquisa de doutorado que a autora
desenvolve, desde o início deste ano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação, sob orientação
da professora Luciana Mielniczuk.
2. Acontecimento e acontecimento jornalístico
Autores de várias áreas (como sociologia, história, linguagem) discutem o conceito
de acontecimento. Uma das perspectivas que aborda tal conceito é a da linguagem, que se
refere ao acontecimento como resultado de um processo de narração de um fato, incluindo
uma dimensão de seleção e de escolha e envolvendo a elaboração de um arranjo narrativo
que ordena e desordena o ocorrido. De acordo com Charaudeau (2009, p. 131-132), “para
que o acontecimento exista é necessário nomeá-lo. O acontecimento não significa em si. O
acontecimento só significa enquanto acontecimento em um discurso”. Se ele só existe em
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um discurso, depende do olhar do sujeito que vai narrá-lo, por isso nunca é transmitido à
instância da recepção tal e qual surge, pois quando um acontecimento é descrito/narrado em
uma notícia, esta é objeto de um tratamento discursivo.
O acontecimento não é jamais transmitido em seu estado bruto, pois, antes de ser
transmitido, ele se torna objeto de racionalizações: pelos critérios de seleção dos
fatos e dos atores, pela maneira de encerrá-los em categorias de entendimento,
pelos modos de visibilidade escolhidos. (CHARAUDEAU, 2009, p. 151).
A captura da realidade não acontece sem que haja um filtro do que se quer captar,
ou seja, realiza-se uma fragmentação do real, constrói-se um real, a partir da seleção de
acontecimentos que serão noticiados pela mídia. Como nos fala Charaudeau (2009, p. 253),
“as mídias nos impõem suas escolhas dos acontecimentos. Não é, como dizem, porque elas
tornem visível o invisível, mas porque só tornam visível aquele visível que decidiram nos
exibir, e esse visível não é necessariamente igual àquele que o cidadão espera ou deseja”.
Assim a mídia impõe à instância da recepção uma certa visão de mundo já previamente
articulada.
Para Charaudeau (2009), o acontecimento é sempre construído. E para que aconteça
esse processo evenemencial3 é necessário que se produza dele três ações fundamentais:
primeiro uma “modificação no estado do mundo fenomenal, geradora de um estado de
desequilíbrio, que essa modificação seja percebida por sujeitos (ou que estes julguem que
houve uma modificação) num efeito de ‘saliência’, e que essa percepção se inscreva numa
rede coerente de significações sociais por um efeito de pregnância” (CHARAUDEAU,
2009, p. 99 – 100, grifos do autor). O acontecimento para que seja narrado precisa provocar
uma mudança no estado das coisas - uma ruptura no curso normal da ordem estabelecida;
depois, essa ruptura necessita ser percebida pelos sujeitos e significada, conferindo-lhe uma
razão de ser - ao mesmo tempo em que provoca espanto também suscita uma tentativa de
racionalização.
3 Evenemencial é uma palavra francesa que não possui tradução literal para o português, podemos lê-la
como acontecimental. Processo evenemencial significa processo de construção do acontecimento.
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Essa reintegração do acontecimento é operada principalmente pelos meios de
comunicação. Nesse contexto, o jornalista não é apenas um mediador, é o agente de
articulação de vários mundos. O jornalista é quem opera a construção de um mundo
possível manifestado na construção dos acontecimentos jornalísticos. Essa operação de
construção é processada com base nas informações oferecidas pelo mundo dos
acontecimentos que é legitimado em um mundo de referência. E é nesse mundo de
referência que se estabelece o modelo social que determinará a importância dos
acontecimentos, os enquadramentos jornalísticos e o seu entorno. O mundo de referência é
a matriz em que se constrói o mundo possível narrado pela mídia e os procedimentos
utilizados pelos jornalistas no processo de construção dos acontecimentos jornalísticos
(ALSINA, 2009).
Ao construírem esses acontecimentos, os jornalistas não podem estabelecer
qualquer mundo possível sem levarem em conta o que conhecem sobre o tema que
pretendam relatar, e as características do mundo de referência a que lhe remete ao
acontecimento. Assim, nessa perspectiva, o acontecimento jornalístico seria então uma
"representação social da realidade cotidiana, produzida institucionalmente e que se
manifesta na construção de um mundo possível" (ALSINA, 2009, p. 185-190).
3. As redes sociais e o ciberacontecimento
Com o avanço das tecnologias digitais, a internet passou a estar presente no
cotidiano social, como mediadora de grande parte das interações ocorridas atualmente.
Segundo Manuel Castells (2003, p.8), “a internet é um meio de comunicação que permite,
pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em
escala global.” A partir da utilização da internet, mais especificamente das mídias sociais
digitais, pelo jornalismo, a maneira como os acontecimentos emergem na sociedade é
reconfigurada. Os que antes eram receptores agora são convidados a participar de forma
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ativa e interativa da construção do acontecimento jornalístico, enviando vídeo e fotos,
participando de enquetes ou até mesmo narrando o acontecimento.
Nas mídias sociais e no webjornalismo o acontecimento é mostrado de forma
imediata, em alguns casos, até antecipam e pautam as mídias tradicionais. Segundo Alsina
(2009, p. 295), no processo de seleção dos acontecimentos a importância dos critérios de
intervenção varia segundo as circunstâncias do dia a dia e com os sentimentos de quem o
seleciona. Esse processo permanece o mesmo, o que nos parece a principal diferença é que
o jornalista deixa de ser o único produtor de conteúdo, uma vez que os sujeitos utilizam as
redes e as mídias sociais digitais para também narrarem os acontecimentos, que serão
reconfigurados pelas mídias convencionais e pelo webjornalismo em acontecimentos
jornalísticos. A internet tem o poder de deslocar a função dos jornalistas como mediadores
sociais, fazendo com que as comunidades virtuais (e redes sociais) sejam cruciais para o
tráfego da informação no ciberespaço (RECUERO, 2010).
Ao longo da história, os meios de comunicação sempre foram afetados pelo
aparecimento de novas tecnologias. Com o surgimento da prensa de tipos móveis de
Gutenberg, a oralidade deixou de ser a única forma de comunicação das sociedades. Já na
época do aparecimento do rádio, muitos pregavam o fim do domínio da escrita – o que não
aconteceu. O mesmo ocorreu com a difusão da televisão em relação ao rádio. O veículo
anterior sempre se adaptou à nova tecnologia que surgia, passando a conviver com as
mudanças. Assim também as formas de narrar o acontecimento jornalístico foram se
moldando de acordo com o desenvolvimento dos meios de comunicação (primeiro a
imprensa escrita, depois a comunicação radiofônica, logo após o surgimento da televisão)
(MIELNICKUZ; PALÁCIOS, 2001, online).
Agora com a internet, esses meios de comunicação passam por outro processo de
adaptação, pois, conforme Jenkins, “os velhos meios de comunicação não estão sendo
substituídos. Mais propriamente, suas funções e status estão sendo transformados pela
introdução de novas tecnologias” (2009, p. 41-42). A rede converge o texto, o som e a
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imagem em uma única mídia. O acontecimento passa a ser narrado por sujeitos “comuns”,
de várias formas, sem um formato jornalístico previamente estabelecido, para somente
depois adquirir configurações jornalísticas.
Essa nova forma de produção traz também uma nova maneira de ver e entender o
acontecimento em sociedade. Os usuários têm a possibilidade, além de selecionar as
informações dos acontecimentos que desejam receber, também de produzir a sua versão
desses acontecimentos e ainda construir seus acontecimentos na rede. A agenda de notícias,
antes determinada essencialmente pelos jornalistas e organizações de mídia, com a internet
passa a ser determinada por um número cada vez maior de pessoas. De acordo com Deuze
(2006), a internet na última década não serviu apenas para os meios de comunicação lançar
suas versões online, “mas também milhões de pessoas comuns e grupos particulares
acabaram por usar a ‘Rede’ como um meio para difundirem as suas notícias” (DEUZE,
2006, p. 16).
Segundo Castells (2003), a internet concebe a existência de um novo espaço de
fluxos. A partir da Internet e tecnologias de conexão, o fluxo informacional passou a ser
redimensionado, tanto em velocidade quanto em disseminação. Esse fluxo vai ao encontro
das reflexões feitas por Henn (2013). De acordo com o autor, “é nesse ambiente de
convergência constitutivo de outras possibilidades de narrativas, e consequentemente de
semioses, também descritos nas pesquisas que tratam de jornalismo de dados, que se
delineia a emergência do ciberacontecimento” (HENN, 2013, p. 06). Outro pesquisador que
também estuda a produção dos acontecimentos nos ambientes cibernéticos é o antropólogo
Airton Jungblut. Para ele, a popularidade dos ciberacontecimentos se deve, principalmente,
às “coisas que desastradamente emergem do privado para o público produzindo eco no
ciberespaço ainda mais se forem mobilizadoras de atenção (polêmicas) e tiverem como
suporte uma rede de atores atuantes e de recursos favorecedores desse eco” (JUNGBLUT,
2011, p. 370).
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Com as redes sociais o processo de produção e circulação de notícia hoje está
disseminado. “A notícia não precisa necessariamente frequentar o ambiente chancelado
como o lugar institucional da notícia” (HENN, 2011, p. 94). As redes sociais digitais
tornaram-se populares em um curto espaço de tempo e passaram a ser uma das formas mais
importantes de socialização no século XXI. Um site de rede social é uma estrutura
composta de nós (pessoas e organizações) conectados de acordo com as relações que
possuem entre si, isto é, trata das conexões entre os indivíduos no ciberespaço (RECUERO,
2010). Bem como explica Castells (1999),
rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se
entrecorta. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de
que falamos – redes de fluxos. (...) A topologia definida por redes determina que
a distância (ou intensidade e frequência da interação) entre dois pontos (ou
posições sociais) é menor (ou mais frequente, ou mais intensa), se ambos os
pontos forem nós de uma rede do que se não pertencerem à mesma rede.
(CASTELLS, 1999, p. 498).
Essas redes são dinâmicas e transformam-se constantemente, de acordo com o grau
de interação suportada por elas (RECUERO, 2010). Os sites de redes sociais permitem ao
indivíduo construir um perfil público ou parcialmente público dentro da rede; criar uma
lista de usuários com os quais compartilha informações, conhecidos como “amigos” nas re-
des sociais; acessar o perfil de outros usuários na rede de relacionamento. Uma vez criado
um perfil em determinado site de rede social, o usuário pode inserir informações pessoais,
fotos, vídeos ao seu perfil; criar uma lista de amigos; criar uma lista de comunidades as
quais deseja filiar-se; ou até mesmo criar sua comunidade de interação.
Para Castells (2003), as redes são formas abertas com capacidades ilimitadas de
expansão e de integração entre os vários nós, comungando de códigos de comunicação, os
quais possibilitem a troca de informações. Aqui o conceito de rizoma se assemelha ao
conceito de redes, pois ambos são sistemas abertos, instáveis, não-lineares e de múltiplas
conexões entre os nós que formam esse sistema. Essas conexões são dinâmicas e
horizontais, se construindo e se desconstruindo ao mesmo tempo. Todos os nós são
responsáveis pela difusão e propagação das informações na rede. Mesmo, muitas vezes, a
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informação sendo posta na rede por um único ator (nó), sem as múltiplas conexões o
processo comunicacional se perderia e não teria um caráter multidirecional, característico
do sistema rizomático.
Com o desenvolvimento da internet, as redes sociais digitais têm papel essencial na
construção dos acontecimentos jornalísticos contemporâneos, pois elas não só impulsionam
a circulação do acontecimento, dinamizando o fluxo, como estão constituindo
acontecimentos próprios. Como destaca Henn (2011, p. 86), “com a explosão das redes
sociais é possível pensar em um acontecimento que já contenha a textura da rede. Entende-
se que já há uma gama de acontecimentos que têm a sua força de agendamento vinculada às
novas formas de produção e consumo de noticiário”.
Pois segundo Henn (2011, p. 84) os acontecimentos ao se transformarem em
notícias dão forma às ocorrências e “trazem embutidas as interveniências produtivas e os
circunstanciamentos dos códigos que regem a atividade”, onde habitam principalmente os
critérios de noticiabilidade. Cabe-nos analisar e identificar as características próprias dos
acontecimentos que surgem nas redes sociais digitais. Um termo que se desenha, cunhado
pela primeira vez por Rafael Diaz Arias (2008), mas que requer ainda mais conceituação é
o ciberacontecimento. Para Arias (2008), esse termo daria conta daqueles episódios em que
há “propagação explosiva de informação” no ciberespaço causada pela divulgação de fatos
com grande capacidade de mobilização de atenção através, quase sempre, de material
visual, sonoro ou audiovisual (Arias, 2008).
4. A fan page Diário de Classe – um ciberacontecimento
O processo de comunicação é transformado a partir do crescimento do uso da
internet e da interatividade dos dispositivos midiáticos. Os acontecimentos, experiências
inesperadas vivenciadas pelos sujeitos, eram vistos e narrados ao público apenas pelo olhar
das mídias convencionais (rádio, impressos e TV), atualmente são disseminados e
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discutidos, principalmente, através das mídias sociais digitais, que se caracterizam pela
colaboração e pelo compartilhamento de informações, sejam através de fotos, vídeos,
comentários ou narração de acontecimentos pessoais ou coletivos. A cobertura jornalística
alimenta-se cada vez mais dessas intervenções.
Esses acontecimentos afetam não somente os sujeitos envolvidos, mas também a
todos aqueles que tomam conhecimento e se identificam com a ocorrência. A fan page
Diário de Classe é um ciberacontecimento porque apresenta várias características como
provocar transformação no cotidiano das pessoas envolvidas, alterando o fluxo normal dos
fatos, tem a “textura da rede” (HENN, 2011) – o próprio acontecimento é parte de um site
de rede social e tem “propagação explosiva de informação” (ARIAS, 2008).
Podemos reconhecer na fan page também, tendo como base essa realidade, um canal
de interação, onde o público passa a ser também um produtor de conteúdo, relatando suas
experiências e emitindo opiniões. Em apenas um ano, a fan page Diário de Classe, atingiu
mais de 600 mil curtidas. No dia 11 de julho de 2013, a página completou um ano e a
autora agradeceu pela grande repercussão da página e pelas mudanças que foi possível
conquistar a partir de seus seguidores, que curtiram, compartilharam e comentaram as
postagens. Essa postagem de agradecimento recebeu 9.723 curtidas, 647 comentários e 479
compartilhamentos. O que demonstra que a rede tem grande poder de interação entre os
membros e de fazer o acontecimento circular.
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Figura 1 – Fan page Diário de Classe, post do dia 11 de julho de 2013
Essa cultura participativa intensificada com os usos das novas tecnologias está
impulsionando o processo de convergência, permitindo que conteúdos fluam entre os
múltiplos canais de mídias, seja pelas ações das próprias mídias ou por meio da
participação dos usuários dessas mídias. Henry Jenkins, um dos principais estudiosos desse
processo aponta que “a circulação de conteúdo – por meio de diferentes sistemas de mídia,
sistemas administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais – depende
fortemente da participação ativa dos consumidores” (JENKINS, 2009, p. 29). Para Mark
Deuze (2006), está emergindo uma nova ecologia dos meios, “onde cada vez mais
consumir meios de comunicação inclui algum tipo de produção de meios e onde o nosso
comportamento face aos media parece envolver algum tipo de participação, co-criação e
colaboração, dependendo do grau de abertura ou clausura dos meios envolvidos” (DEUZE,
2006, pág. 24).
Mas é importante destacar que essa convergência não diz respeito apenas a uma
mudança tecnológica, ela é muito mais que isso, ela envolve uma transformação na forma
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de produzir e na forma de consumir os meios de comunicação. E essa mudança, de acordo
com o autor, requer um processo de produção mais inclusivo, promovendo “uma nova
cultura popular participativa” ao permitir que os usuários comuns produzam, arquivem,
comentem, ajustem e façam circular os conteúdos. Segundo Castells (2009, p. 187), “la
convergência es fundamentalmente cultural, y se produce, en primer lugar, en las mente de
los sujetos comunicadores que integran varios modos y canales de comunicación en sus
costumbres y en si interación”.
Em fevereiro de 2013, a fan page Diário de Classe já contabilizava cerca de 580 mil
curtidas, chamando a atenção das mídias tradicionais até de fora do Brasil. O jornal
britânico Financial Times destaca Isadora Faber como uma das 25 personalidades
brasileiras que devem ser observadas 4. O que chamou a atenção dos britânicos foi a
explosão de seguidores que a página da estudante teve em um curto espaço de tempo, o que
a levou a ser recebida pelo próprio ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
4 http://oglobo.globo.com/educacao/financial-times-cita-isadora-faber-entre-25-brasileiros-de-destaque-7688455
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Figura 2 – Matéria veiculada dia 27 de fevereiro de 2013 no site do jornal O Globo
Nos últimos anos a participação na construção das notícias e dos acontecimentos
jornalísticos, daqueles que eram apenas receptores de informações vem aumentando
rapidamente. Para Jenkins (2009), o crescente contato e colaboração entre as antigas
instituições de mídia e as emergentes e a participação, cada vez maior dos usuários de
mídia, produzindo e circulando informações possibilita um fluxo de conteúdo pelas
múltiplas plataformas e redes, moldando a “cultura da convergência”. Segundo Jenkins
(2009, pág. 343), a cultura da convergência “é o futuro, mas está sendo moldada hoje. Os
consumidores terão mais poder na cultura da convergência – mas somente se reconhecerem
e utilizarem esse poder tanto para consumidores quanto para cidadãos, como plenos
participantes da nossa cultura”.
Esta crescente cultura da convergência está possibilitando que o público consumidor
de mídia participe ativamente da produção e da circulação dos conteúdos na mídia. A cada
novo texto, vídeo, áudio ou fotografia acrescentado a uma história, os consumidores
contribuem para o desenrolar da história. A narrativa é construída a múltiplas mãos e a
partir de múltiplos meios. No exemplo seguinte, de uma das postagens feita por Isadora na
sua fan page, pode-se perceber grande interação entre seus curtidores, além dos muitos
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comentários postados (alguns com mais de 48 respostas), compartilhamentos e curtidas,
relacionam outras notícias ao post de Isadora, colaborando na construção do acontecimento.
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Figura 3 – Fan page Diário de Classe, post feito no dia 13 de maio de 2013
Com base nessa postagem e nas interações que se estabelecem entre os curtidores e
entre estes e Isadora, pode-se perceber um processo multi-interacional, pois reúne tanto
“interações mútuas” quanto “interações reativas”. Segundo Primo (2005), nas interações
mútuas, os interagentes reúnem-se em torno de contínuas problematizações. Para o autor,
“a interação mútua é aquela caracterizada por relações interdependentes e processos de
negociação, em que cada interagente participa da construção inventiva e cooperada do
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relacionamento” (PRIMO, 2011, p. 57). O relacionamento construído durante a dinâmica
do processo também influencia o comportamento dos envolvidos, dependendo da
negociação relacional que se estabelece entre as partes da interação. Já a interação reativa
está alicerçada na previsibilidade e na automatização das trocas, ela “é limitada por relações
determinísticas de estímulo e resposta” (PRIMO, 2011, p. 57).
A cultura da convergência defendida por Jenkins (2009) provoca uma reflexão sobre
o que ela traz de novidade ao processo de construção do acontecimento jornalístico. Sem a
utilização dos sites de mídias sociais e do webjornalismo, muitos acontecimentos que hoje
são transformados em acontecimentos jornalísticos não teriam espaço, ou talvez a mídia
tradicional nem ficasse sabendo da sua ocorrência. As mídias sociais digitais não só
difundem o acontecimento, como ampliam o seu fluxo, isso é o que ressalta Recuero
(2010). De acordo com a autora,
o surgimento da Internet proporcionou que as pessoas pudessem difundir as
informações de forma mais rápida e mais interativa. Tal mudança criou novos
canais e, ao mesmo tempo, uma pluralidade de novas informações circulando nos
grupos sociais. Juntamente com essa complexificação, o aparecimento de
ferramentas de publicação pessoal, tais como os weblogs, fotologs, e mesmo o
YouTube, por exemplo, deu força e alcance para esses fluxos (Adar & Adamic,
2005), ampliando a característica de difusão das redes sociais. (RECUERO, 2010,
pág.116)
Essas redes estão atuando muito próximas ao jornalismo, ampliando suas funções,
filtrando conteúdos, emprestando credibilidade para as matérias jornalísticas, por meio das
reverberações. E essa proximidade é cada vez maior. Segundo Primo (2013, p. 17) “as
grandes empresas jornalísticas adotaram em seus periódicos on-line funções colaborativas
aprendidas com os sites de jornalismo participativo”.
5. Considerações
Embora saibamos que os meios tradicionais ainda apresentem um papel
predominante na definição das agendas midiáticas, identificamos acontecimentos
construídos pelo público, a partir das redes sociais, que estão conseguindo deslocar papéis,
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antes próprios das mídias convencionais. Um dos grandes desafios dos jornalistas é admitir
a cultura da convergência em todo o processo de construção dos acontecimentos
jornalísticos. O Jornalismo tem muito a aprender com os sites de redes sociais, onde o
consumo da informação não é visto como o fim da cadeia, mas como um entre, um espaço
dinâmico de possibilidades de inovação e reconstrução. Seria dar espaço a um Jornalismo
mais aberto, que aceite a efetiva participação do público na produção, seleção e circulação
dos acontecimentos jornalísticos. “Esse movimento nos instiga a nos abre um leque de
possibilidades para a construção de pautas de interesse social, que contribuam para
discussões de temas importantes para toda a sociedade, um dos principais objetivos do
Jornalismo” (BACCIN, 2012, p. 123).
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