Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
1
Curso Bíblico Internacional
Apostila no. 22
Prescrições de Cristo
(Terceira Parte)
Introdução
Esta é a terceira e última apostila sobre “Prescrições de
Cristo”. Se você ainda não leu as duas primeiras, não deixe de
adquiri-las. É de extrema importância que você conheça e aplique as
Prescrições de Deus e da Sua Palavra aos problemas e desafios da
vida ao invés de buscar soluções no mundo.
Quando não estamos bem de saúde, procuramos um médico e
não um dentista ou um advogado. É o médico que procuramos para
obter a “prescrição” correta para o que nos aflige.
A Palavra de Deus apresenta prescrições divinas para todos
nós. Nesta terceira apostila sobre as Prescrições de Cristo, vamos
estudar as Prescrições de Deus para descobrir a direção dEle, a nossa
verdadeira identidade e a paz verdadeira para lidarmos com a
ansiedade e aprendermos a orar e sermos obedientes à Palavra de
Deus.
Agora, abra sua Bíblia para descobrir essas prescrições do
Cristo Vivo e Ressurreto, Aquele que é o Verdadeiro Médico.
Minha oração é que a transmissão do Curso Bíblico
Internacional e esta apostila o façam entrar na Palavra de Deus e a
Palavra de Deus entrar em você.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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Capítulo 1
“Prescrição para Ter Direção”
Enquanto servi como pastor por quase cinco décadas, a
pergunta que mais ouvia era esta: “Pastor, como posso saber qual é a
vontade de Deus?”. Às vezes a pergunta tinha a ver com alguma
decisão crucial, outras vezes a pessoa queria conhecer a vontade de
Deus para sua vida.
Sempre que respondia a essa pergunta me concentrava em
doze passos que devemos dar quando precisamos conhecer a vontade
de Deus. Esses doze passos não são uma fórmula exata que nos leva
automaticamente à vontade especifica de Deus, mas definem
algumas questões que devem ser consideradas quando tentamos
alinhar a nossa vontade com a vontade de Deus.
Lemos na Bíblia que quando Deus falou com o homem pela
primeira vez depois da sua queda, a primeira pergunta que lhe fez
foi: “Onde está você?”. E a segunda: “Quem lhe disse ...?”. Fica
explícito na primeira pergunta que às vezes podemos estar em algum
lugar onde não devemos estar; e na segunda, é como se Deus
perguntasse: “A quem você tem ouvido?”. Diante disso entendemos
que uma das primeiras coisas que Deus compartilhou conosco na
Bíblia foi a direção divina.
Essas duas perguntas do terceiro capítulo da Bíblia são uma
prescrição para termos direção divina. Essa prescrição que valeu
para aquele tempo continua valendo para nós hoje. De repente
percebemos que estamos espiritualmente distantes de onde
deveríamos estar. Essa percepção não vem de pessoas, mas é uma
direção espiritual que vem de Deus.
A partir do texto hebraico a segunda pergunta poderia ser
assim traduzida: “Quem o fez saber ...?”. Quando percebemos que o
propósito de Deus é que saibamos onde estamos e onde deveríamos
estar, costumamos justificar nossas atitudes dizendo: “Deus me disse
...”. Talvez você se sinta à vontade explicando: “Deus me disse ...”,
ou pode ser que se sinta ainda melhor complementando sua
explicação dizendo: “Deus me fez saber que neste momento da
minha vida eu não estou onde precisava estar”.
Conta-se que um almirante da Marinha dos Estados Unidos
estava na ponte de comando da sua capitânia durante uma forte
tempestade, quando foi informado de que haviam captado um ponto
no radar e que se continuassem naquela rota haveria uma colisão. O
almirante imediatamente mandou que se passasse a seguinte ordem:
“Vocês estão na nossa rota. Por favor, alterem sua rota em 15 graus
para o norte”.
Alguns minutos depois o almirante foi informado de que a
mensagem tinha sido respondida: “Afirmativo. Vocês estão no curso
de uma colisão. Por favor, alterem o seu curso quinze graus para o
sul”. O almirante ordenou a seguinte mensagem em resposta: “Aqui
quem está falando é o Almirante Peter W. Johnson, da Marinha dos
Estados Unidos da América e repito: alterem sua rota em 15 graus
para o norte”.
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Essa mensagem teve a seguinte resposta: “Aqui é o Primeiro
Marinheiro Willard P. Sawyer da Guarda Costeira dos Estados
Unidos e repito: alterem seu curso quinze graus para o sul”. Quando
o almirante recebeu essa resposta ficou muito irritado e ordenou a
seguinte resposta: “Eu ordeno que vocês alterem sua rota quinze
graus para o norte. Saibam que sou um almirante da Marinha dos
Estados Unidos e isso é uma ordem”.
Depois de uma breve pausa, essa foi a resposta que o
almirante recebeu: “Insisto: alterem o curso da sua rota em quinze
graus para o sul. Saibam que sou Primeiro Marinheiro da Guarda
Costeira dos Estados Unidos de vigia em um farol!”.
Quando nosso Deus Onipotente nos faz saber onde estamos e
onde deveríamos estar, não deve haver dúvidas quanto a alterar o
curso das nossas vidas. Devemos nos submeter à Sua Direção
quando Ele mostrar onde deseja que estejamos.
A Vontade de Deus Para o Nosso Caráter
A vontade de Deus para a vida de todos os discípulos de Jesus
Cristo é a aplicação da essência dos Dez Mandamentos e do Sermão
do Monte. O apóstolo Paulo enfocou essa dimensão da vontade de
Deus ao escrever aos tessalonicenses: “A vontade de Deus é que
vocês sejam santificados...” (I Tessalonicenses 4:3).
Moisés não desceu do Monte Sinai com “Dez Sugestões”,
mas com “Dez Mandamentos” que representam a vontade Deus para
o caráter do Seu povo. O Sermão do Monte é o clímax da revelação
de Deus referente ao caráter de cada discípulo de Jesus Cristo. Toda
a Bíblia expressa a vontade de um Deus Santo para todo homem e
toda mulher de Deus, para que sejam perfeitos e plenamente
preparados para toda boa obra (cf. II Timóteo 3:16-17).
É importante que compreendamos que os Dez Mandamentos
e o Sermão do Monte não dizem que devemos ter o caráter ali
apresentado para que sejamos salvos. Os ensinos de Jesus e os
mandamentos de Moisés foram dados por Deus para que saibamos
como os salvos devem viver como povo autêntico de Deus. Da
mesma forma, a vontade de Deus para o caráter do Seu povo deve ser
cumprida para que sejamos reconhecidos como povo dEle.
A Vontade de Deus Para Nossa Carreira Profissional
Davi escreveu que os passos de um homem de Deus são
firmados pelo Senhor (cf. Salmo 37:23). Ele também escreveu que
antes que o homem existisse, Deus já tinha todos os seus dias escritos
(cf. Salmo 139:16). Além disso, no Salmo 23 Davi também afirma
que Deus está com ele, à sua frente e atrás dele, e dessa forma torna-
se impossível escapar do interesse que o seu Pastor pessoal tem por
cada um dos seus movimentos (cf. Salmo 23).
Essa intimidade com Deus não era exclusiva de Davi, mas
pode e deve ser a experiência de todo filho de Deus. “Toda vez que
um pardal cai de uma árvore e morre, Deus vai no velório!”. Esta é a
frase de um evangelista de outra geração sobre as seguintes palavras
de Jesus: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha?
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Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de
vocês” (Mateus 10:29).
A aplicação que Jesus faz deste ensino é que, como dois
pardais são vendidos por uma moedinha, e nós temos muito mais
valor para Deus do que um pardal, e se Deus tem uma vontade
específica para a vida e a morte de um pardal, podemos ter certeza de
que Ele tem uma vontade específica para cada detalhe de nossas
vidas.
Nessa ilustração do pardal, Jesus confirma a revelação de
Davi sobre um Deus pessoal que se importa com os pequenos
detalhes da nossa vida, que tem programado cada um dos nossos dias
e que dirige nossos passos. Ainda na mesma passagem Ele reforça
essa idéia de que Deus se importa conosco, dizendo que Ele conhece
até o número de fios de cabelo da nossa cabeça (Mateus 10:30).
O apóstolo Paulo também concordou com Jesus e com Davi
ao escrever que, mesmo que as boas obras não salvem, somos salvos
para as boas obras, as quais Deus, em Sua providência determinou
que as façamos para Ele (Efésios 2:10). Paulo escreveu que quando
se converteu na estrada de Damasco, sua obsessão passou a ser
agarrar o propósito que Jesus tinha agarrado para ele (cf. Filipenses
3:12). Ele também nos exortou a provar na prática que o plano de
Deus para nós é bom, satisfaz as exigências de Deus e nos leva à
maturidade espiritual (cf. Romanos 12:1,2).
Como já comentamos anteriormente, nos primeiros versículos
da Bíblia Moisés mostrou que existe um lugar onde Deus deseja que
estejamos, e o próprio Deus nos fará saber se estamos ou não neste
lugar.
Ao considerar esses valores de Jesus, Moisés, Davi e Paulo,
somos grandemente abençoados em saber que nosso Deus é um Deus
pessoal e que se importa com cada um de nós individualmente. De
acordo com esses canais de revelação, Deus conhece o número de
fios de cabelo da nossa cabeça, firma nossos passos, programa nossos
dias e deseja o cumprimento de um plano para nosso caráter, nossa
carreira profissional e para todas as decisões importantes que
tomamos ao vivermos para Ele neste mundo.
Passo No. 1
Crer Na Vontade Específica de Deus Para Sua Vida
O ponto de partida para buscar a vontade de Deus para nossas
vidas é crer que ela existe. O fato de existirem mais de seis bilhões
de dedos no mundo e cada um ser diferente do outro, sugere que
Deus tem um plano único para cada um de nós. Hoje o DNA vai
mais longe do que as impressões digitais, como testemunha
eloqüente do milagre de que cada um de nós é um ser único e
exclusivo e que Deus realmente tem um plano específico para cada
indivíduo.
Mesmo que tenhamos a salvação, isso não nos leva
automaticamente a esse plano. Um dos primeiros subprodutos e
propósitos da nossa salvação é a recuperação da vontade de Deus
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para nossas vidas.
Minha oração é que esses doze passos que comecei a
compartilhar com você o guiem ao conhecimento da boa, agradável e
perfeita vontade de Deus. O primeiro passo nesta recuperação é
acreditar que Deus tem um plano pessoal para você e para mim.
Passo No 2
Estar Disposto a Fazer a Vontade de Deus
O segundo passo, estar disposto a fazer a vontade de Deus, é
o mais importante dos doze passos que vou compartilhar com vocês.
Na Oração do Pai Nosso Jesus nos ensinou a orar “Seja feita Tua
vontade”. No jardim, na noite anterior à Sua crucificação, quando
suou gotas de sangue, Jesus mostrou aos Seus discípulos como
devemos orar: “não seja como eu quero, mas sim como tu queres”
(Mateus 6:10; 26:39; Lucas 22:42-44.).
Ao mostrar que Seu ensino é o ensino de Deus, Jesus deixou
outro princípio que pode ser aplicado quando buscamos o
conhecimento da vontade de Deus. Este princípio é bem simples:
“Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu
ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7:17). Essas
poucas palavras de Jesus colocam em nossas mãos a chave que abre a
vontade de Deus para nossas vidas.
De acordo com o Apóstolo Paulo, conhecer a vontade de
Deus não é difícil nem complicado. Deus não complica nem
obscurece Sua vontade deliberadamente. Ao falar sobre este assunto,
Paulo deixou uma prescrição para conhecermos a “boa, agradável e
perfeita vontade de Deus: levantar nossas mãos para o alto em
completa rendição, e submissão da nossa vontade à vontade de Deus.
“... se ofereçam (rendam-se) em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus” (cf. Romanos 12:1-2).
Nossa rendição incondicional a Deus simplifica a busca para
conhecer a Sua vontade. Através da observação, experiência e
estudo das Escrituras, cheguei à conclusão de que o maior obstáculo
para conhecermos a vontade de Deus para nossas vidas é a nossa
própria vontade. Deus não Se revela para aqueles que se recusam a
fazer a Sua vontade.
Passo No 3
Estar Aberto Para o Que Possa Ser a Vontade de Deus
Certa vez uma mulher pediu ao seu pastor que não a
confundisse com textos das Escrituras, porque ela já tinha decidido o
que ia fazer! Um homem que ganha muito bem para dar consultoria,
disse-me recentemente que na maioria das vezes que recebe pelo seu
serviço, seus clientes não querem a consultoria pela qual estão
pagando. Querem simplesmente a confirmação do que eles já
decidiram fazer.
Muitas vezes a vontade de Deus está fora do nosso alcance
porque quando a buscamos já temos nossos próprios planos. Se
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nossas mentes já estão fechadas para a vontade de Deus, isso quer
dizer que na verdade, não a estamos buscando. O que estamos
fazendo é pedir a Deus que abençoe a nossa vontade, os nossos
planos e o caminho que já decidimos tomar.
Passo No 4
A Palavra de Deus
Isaías afirma que existe uma diferença tão grande entre os
pensamentos e os caminhos de Deus e os nossos próprios
pensamentos e caminhos, como os céus estão distantes da terra. A
filosofia do ministério de Isaías era pregar a Palavra de Deus porque
ela estabelece um alinhamento entre os nossos pensamentos e os
pensamentos de Deus, entre os nossos caminhos e os caminhos de
Deus e entre a nossa vontade e a vontade de Deus (Isaías 55:9-11).
Esse importante príncipe dos profetas na verdade está dizendo
o por que ele pregou a Palavra de Deus. De acordo com Isaías, se o
povo de Deus realmente quiser conhecer a vontade de Deus, que não
age nem pensa como ele, deve simplesmente gastar mais tempo com
a Palavra de Deus.
Certa vez ouvi Billy Graham contar um episódio de quando
ele ainda não era conhecido como é hoje. Numa ocasião, quando ele
estava embarcando em um avião, cumprimentou um velho pastor
amigo dele, que já estava sentado no avião lendo a Bíblia. Esse
pastor ignorou completamente Billy Graham. Depois de estarem
voando há uma hora, o pastor foi se sentar onde Billy Graham estava
sentado, cumprimentou-o eufórico e se desculpou por não o ter
cumprimentado antes. Ele se justificou dizendo: “Quando oro, falo
com Deus, mas quando abro a Palavra de Deus Ele fala comigo. Ele
estava falando comigo quando você me dirigiu a palavra e eu não
podia interromper Deus para falar com Billy Graham”.
Todos os dias Thomas A’Kempis abria sua Bíblia com essa
oração: “Que todas as outras vozes se calem e que eu ouça apenas o
Senhor falando comigo”. Se queremos sinceramente conhecer a
vontade de Deus, devemos estar prontos para ouvi-lO. Devemos
pedir a Deus que fale conosco quando abrimos Sua Palavra. É por
isso que devemos gastar tempo com a Palavra de Deus quando
buscamos conhecer Sua vontade.
Passo No 5
Oração
Qual é o primeiro passo que tomamos quando queremos saber
a vontade de alguém? Primeiro devemos nos encontrar com essa
pessoa e conversar com ela. Quando um homem está apaixonado e
decide se casar com a mulher que ama, o primeiro pensamento que
lhe vem à mente é encontrar-se com ela e conversar a respeito dos
seus sentimentos. Quando buscamos conhecer a vontade de Deus,
nossa primeira atitude deve ser a de buscar um encontro com Deus e
ter uma conversa com Ele.
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Em toda boa conversa existem duas dimensões. Toda pessoa
boa de conversa sabe que a dimensão mais importante numa
comunicação é quando a outra pessoa fala. Devemos nos lembrar
disso quando oramos ou quando abrimos a Palavra de Deus. Se uma
pessoa acredita que a oração é um encontro com Deus no qual só ela
fala, essa pessoa não sabe orar. A dimensão mais importante da
oração, dessa conversa com Deus, obviamente não é quando falamos
com Ele, mas quando Ele fala conosco.
Com sinceridade e humildade os apóstolos pediram a Jesus
que lhes ensinasse a orar. Em resposta à confissão e ao pedido deles
Jesus ensinou a oração do Pai Nosso (Lucas 11:1-5; Mateus 6:8-14).
Esta foi uma oração e ao mesmo tempo um ensino sobre como orar.
Ao orar, use a oração do Pai Nosso como um guia para falar com
Deus. Depois abra sua Bíblia e peça a Deus que fale com você.
Jesus não pretendeu que esse guia de conversa com Deus
fosse usado de maneira mecânica, como se Deus se agradasse de
muita repetição. Jesus deixou instruções bem claras de que essa não
era Sua intenção. Acho importante observar outra instrução de Jesus
sobre como orar. Existem algumas pessoas que crêem que se
repetirem uma oração e apenas recitarem a mesma súplica repetidas
vezes, Deus vai ouvir e atender.
Quando Jesus ensinou Seus discípulos a orar Ele disse: “Mas
quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai,
que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o
recompensará. E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a
mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito
falarem serão ouvidos” (Mateus 6:7, 8).
Passo No 6
Examinar Suas Motivações
Você quer conhecer a vontade de Deus para sua vida por
causa do que vai ganhar com isso ou por causa do que Deus vai
ganhar? Nossas motivações são muito importantes para Deus. A
Palavra de Deus relaciona nossas motivações com nosso coração e a
Bíblia afirma que nosso coração é enganoso mais do que todas as
coisas. Jeremias escreveu que nosso coração é tão enganoso que
somente Deus pode conhecê-lo (cf. Jeremias 17:9 e 10). O apóstolo
Paulo escreveu que só depois que Deus expuser as motivações
ocultas dos nossos corações é que nossas obras serão julgadas (I
Coríntios 4:5).
Ao enfrentar a cruz Jesus orou: “Agora meu coração está
perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim
exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome!”.
Então veio uma voz dos céus: “Eu já o glorifiquei e o glorificarei
novamente” (João 12:27 e 28).
Com base nesta passagem, certo homem de Deus escreveu
que essa deveria ser a oração de todos nós: “Pai, glorifica o Teu
nome e manda a conta para mim. Pode ser qualquer coisa, Pai,
apenas glorifica o Teu nome!”. As palavras de Jesus e as desse servo
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de Deus que acabei de citar mostram qual deve ser a nossa
motivação. Devemos sempre querer conhecer a vontade de Deus.
Você quer conhecer a vontade de Deus para a glória de Deus
ou para sua própria glória e ganho pessoal? Nossa resposta a essa
pergunta será muito importante para Deus quando nossas obras
forem avaliadas no dia do julgamento de Cristo. Por isso é muito
importante que ao buscarmos conhecer a vontade de Deus, nossa
motivação seja a glória de Deus.
Passo No 7
Avaliar Seus Dons
De acordo com o apóstolo Paulo, se realmente queremos
conhecer a vontade de Deus, depois de nos rendermos
incondicionalmente a Ele, de termos sido transformados pela
renovação da nossa mente e determinado que o mundo não vai nos
moldar, devemos descobrir nossos dons espirituais e depois oferecê-
los a Deus como um sacrifício vivo (cf. Romanos 12:1-8). Essa
disciplina espiritual vai nos levar ao coração da vontade de Deus.
Um de meus tutores, muito tempo atrás, costumava dizer:
“Deveria ser óbvio para todos que Deus não chamou um homem
manco para ser um corredor olímpico dos 100 metros”. Depois que
fizermos um inventário dos nossos dons naturais e espirituais, como
mordomos fiéis devemos aceitar nossas limitações e também assumir
a responsabilidade pelas nossas habilidades.
João Batista é um bom exemplo de homem que praticou essas
duas disciplinas. Ele sabia quem ele era e quem ele não era. Ele
declarou: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um
caminho reto para o Senhor’” (João 1:23). Era isso o que ele era.
Ele sabia que a vida dele era preciosa demais para ser algo menos do
que a voz que clamava no deserto. Mas ele também sabia quem ele
não era (cf. João 3:27-36, Marcos 1:7, 8).
Conheço crentes que sofreram desnecessariamente porque
não aceitaram suas limitações. Por outro lado, poderemos vir a
sofrer no Dia do Julgamento porque não assumimos a
responsabilidade pelas nossas habilidades. Como o servo mau e
negligente da Parábola dos Talentos, muitas vezes achamos que não
temos nenhum dom e enterramos os talentos que nos foram dados
(Mateus 25:14-30).
Inventário dos Dons Espirituais
Já vi muitos crentes frustrados porque não sabiam quais eram
seus dons ou porque não estavam exercitando os dons que tinham. O
roteiro que vem a seguir pode ajudá-lo a fazer um inventário dos
dons espirituais derramados pelo Espírito Santo.
1. Familiarize-se com a lista dos dons espirituais. Existem
por volta de vinte a vinte e um dons espirituais mencionados no
Novo Testamento. Pessoalmente, eu não creio que os dons possam
ter sido compilados pelos vários autores das Escrituras para ser uma
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lista fechada e completa. Creio que os dons apresentados sirvam
como exemplos de dons espirituais.
2. Creia que você recebeu dons. O capítulo 12 de Primeira
Carta aos Coríntios é o capítulo mais importante do Novo
Testamento sobre a questão de dons espirituais. Ao estudar esse
capítulo observe a ênfase dada à palavra “todo”. Resumindo este
capítulo, podemos concluir que todos os crentes, todos os nascidos de
novo têm dons espirituais.
3. Considere as maneiras como você pode ser útil e frutífero
na sua igreja local. Todos os dons do Espírito são dados para
edificação, benção, instrução, preparação, encorajamento e
inspiração dos membros da Igreja. Portanto, sua igreja local é o
lugar para você descobrir, identificar, exercitar e desenvolver o seu
conjunto de dons espirituais.
4. Faça a distinção entre habilidade natural e dom espiritual.
Suas habilidades naturais são os dons e talentos que você recebeu por
herança genética. Esses dons se tornam espirituais quando você os
consagra a Deus. Por exemplo, se alguém tem uma ótima voz para
cantar e dedica o uso dela para glorificar e adorar a Deus, seu talento
natural torna-se um dom espiritual. Você herdou seu dom espiritual
ou conjunto de dons espirituais quando nasceu espiritualmente.
Quando o Espírito Santo vem habitar em nós, traz com Ele um
conjunto de dons espirituais que antes de nascer espiritualmente nós
não tínhamos (cf. I Coríntios 12).
5. Outros membros da sua igreja podem ajudá-lo a identificar
seus dons espirituais. Calcule o impacto desses dons naqueles por
causa de quem os dons espirituais lhe foram dados. Se pessoas
crêem e se tornam membros do corpo de Cristo porque você
compartilhou com elas o Evangelho, isso significa que você tem o
dom de evangelismo. Se pessoas compreendem as verdades
espirituais depois que você faz uma explanação delas, quer dizer que
você tem o dom do ensino. Um dos papéis mais importantes da
igreja local é ajudar os crentes a identificar, reconhecer e exercitar
seus dons espirituais.
6. Encontre oportunidade para experimentar os seus possíveis
dons e ministérios. Como você vai saber se tem o dom do ensino se
não tiver a fé e a coragem para tentar ensinar em uma Escola
Dominical ou em um pequeno grupo de estudo bíblico?
7. Dê um tempo a você mesmo para desenvolver aqueles dons
espirituais que você acha que tem. Uma experiência negativa após a
tentativa de um estudo bíblico não significa que você não tenha o
dom do ensino.
8. Participe de um culto de consagração e com sinceridade
dedique seus dons espirituais a Deus, que lhos deu, que é o Poder por
trás desses dons e Aquele cuja glória é o propósito de todos os dons.
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Passo No 8
Buscar Um Padrão
Nosso Deus é um Deus de ordem e essa característica pode
ser percebida na criação. Por isso, não é de surpreender a maneira
como Ele revela Sua vontade em nossas vidas.
No Livro de Atos lemos que o apóstolo Pedro teve a visão de
um lençol com animais, os quais, pela lei de Moisés eram proibidos
de ser consumidos pelos judeus (cf. Atos 10). Três vezes Pedro
ouviu a ordem para matar e comer aqueles animais e todas as vezes
ele recusou a obedecer. Foi quando ele ouviu uma batida na porta e
o Espírito lhe disse que fosse com aqueles homens que estavam a sua
procura, sem perguntar o por que eles o estavam procurando. Pedro
logo percebeu que além de serem gentios, aqueles homens eram
servos de um centurião do exército de Roma, que tinha conquistado e
ocupado a terra de Israel.
Pedro não achou que tudo aquilo fosse coincidência, mas viu,
na seqüência dos acontecimentos, um padrão da direção divina. A
experiência de Pedro foi uma revelação que o Evangelho de Jesus
Cristo não era apenas para o judeu, mas para todas as nações da terra.
O Livro de Atos relata outro episódio semelhante. Filipe, o
evangelista, estava realizando uma cruzada evangelística na região de
Samaria quando o Espírito o levou para o deserto de Gaza (cf. Atos
8). Apesar dos evangelistas geralmente irem para os grandes centros
populacionais, Filipe obedeceu à direção do Espírito e foi para onde
não havia ninguém: para o deserto.
Ao obedecer ao Espírito Santo ele encontrou o tesoureiro da
Etiópia que estava cruzando o deserto em uma carruagem. Filipe foi
convidado pelo etíope a subir em sua carruagem e pôde levar aquele
político africano a Cristo e batizá-lo. A história da Igreja conta que
uma forte igreja foi plantada no norte da África por causa da
conversão desse político etíope. Pode ser que o Espírito Santo tenha
usado outras pessoas para pregar o Evangelho de Cristo na África
além daquele etíope que Filipe alcançou em Samaria, mas certamente
Filipe entendeu que tudo que estava acontecendo não era uma
coincidência e sim a direção divina.
Essas são duas histórias, entre tantas contidas na Bíblia, que
mostram o padrão de orientação divino. Quando você estiver
buscando a vontade de Deus, busque por esses padrões. Eles podem
não ser necessariamente extraordinários ou sobrenaturais, mas serão
evidências do grande milagre, que Deus nos dirige e orienta. Por isso
busque esse padrão quando você estiver buscando conhecer a
vontade de Deus.
Passo No 9
Buscar Uma Confirmação
Existem momentos, quando buscamos a vontade de Deus, em
que devemos buscar uma confirmação. Em nossa jornada de fé
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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deparamo-nos com “encruzilhadas” ou situações nas quais
simplesmente não sabemos qual é a vontade de Deus e para as quais
não encontramos nenhum versículo das Escrituras que nos indique se
o caminho certo é pela direita ou pela esquerda, a não ser que nos
sujeitemos à direção do Espírito. Fazemos o possível para optar pela
melhor decisão, embora reconheçamos a dura realidade que
simplesmente não sabemos que caminho seguir. Depois de termos
feito tudo o que estava ao nosso alcance para discernir a vontade de
Deus, optamos por um caminho ou outro.
Apesar de não existir nenhum versículo que diga
especificamente por qual caminho devamos ir, um versículo das
Escrituras apresenta um princípio muito útil para esses momentos de
encruzilhada em que às vezes nos encontramos. No Salmo 37:23
lemos que “O Senhor firma os passos de um homem, quando a
conduta deste o agrada”. Isso quer dizer que às vezes devemos
caminhar em frente, para o que entendemos que é a vontade de Deus,
orando e buscando confirmação.
Essa confirmação pode ser positiva ou negativa. Se tudo der
certo e a direção que escolhemos tiver uma marca evidente da
aprovação de Deus, temos a confirmação positiva da vontade dEle.
Deus está dizendo para nós: “Este é o caminho; siga-o” (cf. Isaías
30:20,21) Depois que tomamos uma direção, vemos as evidencias do
Cristo Vivo adiante de nós preparando-nos o caminho (cf. João 10:4).
Às vezes a confirmação é negativa e os resultados são o
oposto dos que mencionamos. Quando isso acontece, devemos ser
humildes o suficiente para voltar ao ponto da encruzilhada e escolher
a outra direção.
Passo No 10
Esperar no Senhor
Deus não está com pressa. Freqüentemente perdemos a
direção do Senhor tentando dirigi-lO no plano que nós temos para
nossas próprias vidas. É por isso que a expressão “Esperar no
Senhor” é tão freqüente na Palavra de Deus.
É preciso ter mais fé para esperar do que para ser ativo. A
prescrição e direção de Deus para pessoas com a personalidade como
a de Jacó é “esperar no Senhor”. Jacó estava sempre correndo o risco
de perder a vontade de Deus para sua vida porque corria na frente de
Deus.
Leia a história de Jacó no Livro de Gênesis, capítulos 25 a 32,
e o comentário de Paulo sobre essa história no capítulo 9 de sua
Carta aos Romanos. Deus deixou Jacó manco para coroá-lo com a
bênção da Sua vontade. Vemos nisso um exemplo do que significa
esperar no Senhor. Quando um homem temente a Deus fica manco,
não tem jeito. Não pode mais correr e aprende a esperar no Senhor.
Em algumas traduções da Bíblia a palavra “Selá” aparece
setenta e três vezes no Livro dos Salmos. Uma tradução moderna
usou a palavra “Pausa. Pense com calma sobre isso”.
Freqüentemente Deus coloca “Selá’s” em nossa vida para nos guiar
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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na nossa jornada de fé. Deus tem suas próprias razões para nos fazer
esperar quietos. Quando experimentamos a vontade de Deus,
podemos ser levados a uma pausa para pensarmos calmamente sobre
nossas prioridades, nossos objetivos e sobre outras questões.
Quando encontramos um dos “Selá’s” do Senhor, devemos
perguntar o que Ele quer que pensemos, uma vez que nos fez dar essa
pausa. Além disso, na nossa jornada de fé jamais devemos colocar
um ponto de interrogação, onde Deus já colocou um ponto final.
Lembre-se de que Deus pode estar usando essa pausa em nossos
planos para nos preparar para algo maior dentro dos planos d’Ele
(Leia sobre a vida de José em Gênesis, capítulos 39 a 41).
Passo No 11
Permanecer em Movimento
A Bíblia está cheia de paradoxos. Um paradoxo é algo que
parece ser contraditório, mas ao ser examinado mais de perto, pode
não apresentar contradições. Algumas vezes um paradoxo não é uma
contradição porque as duas proposições apresentadas são
verdadeiras. As proposições que parecem contraditórias podem ser
esclarecidas quando percebemos que a questão não é “ou um ou
outro”, mas e/ou. Esse paradoxo é resolvido quando percebemos que
às vezes pode ser de um jeito ou de outro.
Podemos também deixar passar a vontade de Deus porque
vivemos na correria e Deus não vive correndo. Quando o caso é
esse, precisamos esperar no Senhor. Outras vezes perdemos a
vontade de Deus porque estamos sentados, apáticos, indecisos, sem
fé nem coragem e aí o Senhor continua sem nós. Esses dois
conceitos aparentemente contrários entre si, não são contraditórios.
Não é um caso de um ou outro, mas de e um e outro. A verdade é
que às vezes precisamos esperar no Senhor e às vezes precisamos
continuar caminhando.
Temos um adversário que não quer o nosso bem. Sua
primeira estratégia é fazer que sejamos preguiçosos, indecisos,
apáticos e espiritualmente fracos, deixando passar a vontade de Deus
porque não temos a fé, a coragem nem a disciplina para seguir a
direção do Senhor. Quando essa estratégia falha, ele então tenta nos
fazer pessoas obcecadas e viciadas no trabalho, e que por isso,
também deixamos passar a vontade de Deus lutando por adquirir o
que está fora do nosso alcance e que não é da vontade de Deus para
nossas vidas – corremos na frente de Deus.
Obviamente, todos nós precisamos ter o equilíbrio entre esses
dois extremos para sermos servos maduros do Senhor, que sabem
discernir e fazer a vontade dEle.
Passo No 12
Buscar Conselho Espiritual
A Bíblia ressalta a importância de ter conselheiros: “quem sai
à guerra precisa de orientação, e com muitos conselheiros se obtém
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
13
a vitória” (Provérbios 24:6; cf. 11:14). Isso não quer dizer que
quando estivermos diante da encruzilhada que citei anteriormente,
devemos consultar uma multidão de conselheiros. Isso causaria
confusão, porque a multidão de conselheiros vai resultar em uma
multidão de opiniões para a decisão que temos de tomar.
Quando esses homens sábios escreveram esses dois
versículos do Livro de Provérbios, ensinaram duas verdades básicas.
Uma é que quando duas nações entram em guerra, terá mais chance
de vencer aquela que tiver uma multidão de conselheiros. O outro
provérbio ensina que quando estamos diante de uma encruzilhada e
precisando escolher o caminho a ser tomado, temos que ter uma
multidão de bons conselheiros. Em outras palavras, temos que ter
uma boa educação espiritual para estarmos preparados para tomar as
decisões difíceis.
Encontramos em Isaías uma passagem muito bonita que
define os benefícios de uma boa educação espiritual. De acordo com
Isaías, aqueles que têm uma multidão de bons conselheiros
espirituais, quando estiverem diante de uma encruzilhada na vida,
vão ouvir as vozes desses conselheiros dizendo: “Este é o caminho;
siga-o” (cf. Isaías 30:20,21).
Todos os dias, quando conto minhas bênçãos, fico agradecido
porque na minha jornada de fé tive conselheiros maravilhosos que
me deram conselhos sábios em momentos críticos da minha vida e do
meu ministério.
Existem momentos em que não é fácil discernir a vontade de
Deus para nossas vidas, que afinal, é o propósito da nossa salvação.
Por isso, é sábio buscar conselhos de crentes mais velhos, que há
anos têm buscado e encontrado a vontade de Deus para suas vidas.
A igreja tem se movimentado neste mundo como um
comboio de navios, com a formação e o sincronismo perfeitos e
sobrenaturais do Espírito Santo. O Cristo Vivo é o Navio Bandeira, a
Capitânia no centro desse comboio que a todo tempo dá sinais para
todos os navios. Mas, se você não tiver os olhos no Navio Bandeira
e perder os Seus sinais, a obra de Cristo vai continuar, mas sem você,
porque fora da sintonia do comboio você perde a formação.
Aqueles que se identificam como servos de Cristo não são
pessoas especiais porque nunca perdem um sinal. Mas os servos que
Deus usou e ainda hoje usa, são aqueles que não recebem os sinais da
cultura nem da sociedade em que vivem. Eles são e sempre foram
servos do Senhor, com os olhos no “Navio Bandeira”, preparados
para captar os sinais do Cristo Vivo.
Concluo este estudo sobre a direção divina como comecei:
enfatizando o milagre que é a existência de um lugar para cada um de
nós nesta jornada com Cristo, e que é Deus quem nos mostra esse
lugar.
Minha oração é que esses 12 Passos o ajudem a manter seus
olhos no “Navio Bandeira”, o Cristo Vivo e Ressurreto, que o guiará
na vontade de Deus para sua vida. Essa vontade é boa, agradável e
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
14
perfeita e essa vida é aceitável a Deus, que o criou e o recriou para
viver nela (cf. Romanos 12:1-2).
Capítulo 2
“Prescrição Para Identidade”
Existe um lugar onde Deus quer que estejamos e alguém que
Ele quer que sejamos. Eu gostaria de destacar na Bíblia, oito
perguntas que Deus faz e que mostram onde Ele quer que estejamos,
o que Ele quer que sejamos e, principalmente, quem Ele quer que
sejamos. Intitulei essas oito perguntas de “Bússola Espiritual”. Se
você deixar que Deus lhe faça essas perguntas e as responder com
sinceridade, você vai se ver num diálogo com Deus. Isso é verdade
principalmente em tempos de transição, quando estamos convencidos
de que precisamos passar por uma mudança na nossa vida pessoal ou
em nosso ministério.
As quatro primeiras perguntas são as primeiras palavras que
Deus dirigiu ao homem caído: “Ouvindo o homem e sua mulher os
passos do SENHOR Deus que andava pelo jardim quando soprava a
brisa do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus entre as
árvores do jardim. Mas o SENHOR Deus chamou o homem,
perguntando: ‘Onde está você?’. E ele respondeu: ‘Ouvi teus passos
no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me
escondi’. E Deus perguntou: ‘Quem lhe disse que você estava nu?
Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?’. Disse o
homem: ‘Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do
fruto da árvore, e eu comi’. O SENHOR Deus perguntou então à
mulher: “Que foi que você fez?”. Respondeu a mulher: ‘A serpente
me enganou, e eu comi’” (Gênesis 3:8-13).
Não é estranho o Criador fazer perguntas para a criatura? É
claro que Deus já sabia todas as respostas às perguntas que Ele fez!
Deus sabia onde o homem estava. O problema é que o homem não
sabia onde estava.
A primeira coisa que um homem perdido precisa saber é que
está perdido. Nesta passagem de Gênesis temos um diálogo entre
Deus e o homem, no qual Deus levou o homem a pensar sobre sua
condição, até perceber que estava perdido; que estava onde não
deveria estar.
Como tudo o que vemos no Livro de Gênesis, essas perguntas
não representam um diálogo de Deus apenas com o homem daquele
tempo, mas com o homem de hoje também. Você já se sentiu
perturbado com um sentimento como se Deus quisesse você em
algum lugar no qual você não estava? Você já ficou preocupado,
pensando que não é a pessoa que Deus quer que você seja? Você
pode chamar isso de crise de identidade. De acordo com Moisés, sua
crise de identidade pode ser a voz de Deus, andando pelo jardim da
sua vida, desafiando-o com a pergunta “Onde está você?”, a mesma
que Ele fez para o homem caído.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
15
O propósito da primeira pergunta de Deus é colocar o homem
onde seu Criador quer que ele esteja; e o da segunda, “Quem lhe
disse...?”, é deixar o homem consciente de que Deus estava tentando
estabelecer um diálogo com ele. Deus queria que o homem
confessasse a quem ele estava dando ouvidos e exatamente onde ele
estava. Esta segunda pergunta levou Adão e sua mulher de volta
para o lugar e o momento em que eles comeram do fruto da árvore
que não deveriam comer e imediatamente perceberam que estavam
nus (7).
Antes de Deus iniciar esse diálogo Ele se comunicava com
Adão e Eva. O propósito da segunda pergunta era deixá-los
conscientes desse milagre do qual eles não tinham consciência: Deus
fazendo-os saber o que Ele queria que eles soubessem. Você tem
consciência de que é um milagre, quando Deus tenta fazê-lo saber
algo que Ele quer que você saiba?
A terceira pergunta, “Você comeu do fruto da árvore da qual
lhe proibi comer?”, pode ser assim parafraseada: “Você tem
procurado as respostas em lugares errados?”.
As árvores do jardim foram criadas por Deus para satisfazer
as necessidades do primeiro homem e da primeira mulher.
Examinando o cenário no qual esse diálogo aconteceu, vemos que
essas necessidades deveriam ser supridas pelas árvores do jardim,
obedecendo a uma ordem de prioridades (Gênesis 2:8, 9).
As árvores do jardim supririam as necessidades dos olhos, a
necessidade do alimento e depois a necessidade da própria vida. A
árvore do conhecimento foi declarada por Deus fora dos limites
permitidos. No capítulo 3 lemos que Adão e Eva pecaram quando
violaram essa prioridade prescrita por Deus. Eles colocaram suas
necessidades físicas ou de alimento em primeiro lugar, a necessidade
dos olhos como segunda prioridade mais importante e a necessidade
de vida jamais foi suprida. No lugar da vida Deus os fez
experimentar a morte e a expulsão do jardim e da Sua presença.
Eles não foram considerados culpados por substituir as
prioridades de Deus pelas deles, mas por desobedecerem a Deus e
comerem do fruto da árvore do conhecimento. Adão e Eva foram
motivados pelo pensamento que se comessem daquele fruto tornar-
se-iam sábios como Deus.
Uma aplicação dessa alegoria nos dias de hoje é a super
valorização do conhecimento humano e o pouco ou nenhum respeito
pela necessidade de revelação da parte de Deus.
Você já viu uma árvore do conhecimento ou uma árvore da
vida? Tudo isso é uma alegoria. As árvores no jardim são uma
ilustração desse grande sermão pregado por Moisés. Jesus começou
Seu ministério público citando o sermão de Moisés: “Mas depois os
sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados
conheciam, para mostrar-lhes que nem só de pão viverá o homem,
mas de toda palavra que procede da boca do SENHOR”
(Deuteronômio 8:3; Mateus 4:4). A verdade que Moisés e Jesus
enfocaram está ilustrada nessas árvores do jardim do Éden.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
16
Na Bíblia vemos que “olho” se refere também à perspectiva
ou maneira de enxergar a vida. “Os olhos são a candeia do corpo.
Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas
se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas.
Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas
trevas são!” (Mateus 6:22, 23).
Jesus estava ensinando que nossa vida, ou pode ser cheia de
felicidade, ou de depressão e infelicidade. A diferença entre os dois
extremos está na maneira como enxergamos as circunstâncias, na
nossa disposição mental, na perspectiva de vida.
A mesma verdade foi ensinada alegoricamente no Jardim do
Éden, com a afirmação de que essas árvores deveriam suprir as
necessidades do homem. A verdade básica que Deus estava
comunicando é esta: se buscarmos a Palavra de Deus pedindo a Ele
que supra as necessidades dos nossos olhos, ou que nos mostre
através da Sua Palavra como devemos ver as coisas, todas as nossas
necessidades serão supridas. Teremos vida à medida que Deus suprir
nossa necessidade, qual seja, a necessidade de que Ele nos mostre
como Ele quer que enxerguemos tudo o que está ao nosso redor.
A árvore do conhecimento da qual Deus havia dito que Adão
e Eva não comessem, e que eles comeram, é uma ilustração da
filosofia humana que afirma: “eu não preciso da revelação de Deus.
Tenho uma inteligência superior e isso é tudo de que preciso”.
No início da Bíblia Deus já está dizendo para você e para
mim que nosso Criador tem consciência de todas as nossas
necessidades, pois foi Ele quem nos criou com elas. Ele sabe e quer
que também saibamos que nossa maior necessidade está na visão.
Precisamos desesperadamente pedir a Deus que nos dê revelação
através da Sua Palavra de como nosso Pai Amoroso que está nos céus
quer identificar e satisfazer nossas necessidades.
Como era naquele tempo ainda é nos dias de hoje! Será que
interpretamos nossas necessidades à luz da Palavra de Deus, ou
interpretamos a Palavra de Deus à luz das nossas necessidades? O
que exatamente esse primeiro casal fez no Jardim do Éden? Comeu
uma maçã? Fez sexo? Numa leitura reflexiva e cuidadosa desse
capítulo, com o ensino do Espírito Santo, teremos a revelação de uma
verdade muito mais profunda do que essas visões equivocadas.
Deus está dizendo que como era naquele tempo ainda é nos
dias de hoje. Adão e Eva interpretaram a Palavra de Deus à luz de
suas necessidades. Eles colocaram suas necessidades em primeiro
lugar e a revelação de Deus em segundo. Em outras palavras, eles
fizeram o que quiseram e depois pediram que Deus lhes mostrasse
como suas necessidades poderiam ser supridas.
Eles eram bem parecidos com a maioria dos crentes que hoje
ouvem a Palavra de Deus nas igrejas. Durante a semana eles fazem o
que querem, escolhem como suprir suas necessidades e depois vão à
igreja ouvir Deus falar como elas podem ser supridas, quando
deveria ser o contrário. Eles deveriam primeiro buscar a Deus e
pedir que lhes mostre como suprir suas necessidades dispondo-se a
obedecer.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
17
A quarta pergunta que Deus fez no Jardim do Éden foi: “Que
foi que você fez?”. Essa pergunta desafiou-os a olharem para trás e
refletirem sobre a atitude que tiveram. O propósito desta quarta
pergunta foi tirar uma confissão daquele primeiro casal da
humanidade.
Em grego a palavra “confessar” é formada de duas outras,
“falar” e “a mesma coisa”. Portanto, literalmente, “confessar” é
“falar a mesma coisa” ou “concordar com Deus”. Como nosso Pai
dos Céus, Deus sabe o que fazemos, mas Ele quer nos ouvir dizendo
a mesma coisa que Ele diz sobre o que nós fazemos. Você, que tem
filhos, nunca fez isso com eles?
A quinta pergunta de Deus está mais adiante no Livro de
Gênesis. Deus perguntou à criada egípcia Hagar: “Hagar, serva de
Sarai, de onde você vem? Para onde vai?” (Gênesis 16:8). Esta é a
última pergunta diretiva de Deus.
Nos últimos dias do ano e nas últimas horas do ano velho,
quando estamos ou acreditamos estar passando por um momento de
transição, Deus gosta de fazer perguntas.
A quinta pergunta que Deus fez nos desafia a olhar para trás e
relacionar nosso passado com o presente e o futuro.
As boas novas começaram a chegar com essa quinta pergunta.
O Evangelho, que são as Boas Novas da Bíblia, é que não precisamos
voltar para o lugar de onde viemos. Hoje, milhões de pessoas
acreditam que o presente e o futuro são previstos pelo nosso passado.
Esta “análise de paralisia” declara as más notícias de que estamos
sempre indo para o lugar de onde viemos.
Apesar dessa quinta pergunta apontar para as Boas Novas, o
que ela realmente faz, é apresentar uma terrível realidade. Se não
houver um acontecimento que mude nossa vida, então nosso futuro
pode ser previsto pelo nosso passado. A Bíblia ensina que ninguém
consegue mudar o que realmente é. Jeremias foi até irônico ao falar
sobre tentarmos mudar a nós mesmos (cf. Jeremias 2:36; 13:23).
“Como era, ainda é”, diziam os filósofos gregos a respeito dessa
realidade.
O Evangelho da Bíblia, entretanto, é otimista e positivo ao
proclamar essa verdade maravilhosa: podemos nos aproximar de
Deus com fé e sermos transformados! (II Coríntios 5:17; 3:18;
Romanos 12: 2).
Vamos encontrar a sexta pergunta de Deus no final do Livro
de Gênesis, quando Ele perguntou para dois irmãos: “Quem é você?”
(cf. Gênesis 27:18,19,32-34). Usando o mesmo raciocínio anterior,
essa pergunta implica que deveríamos ser alguém que provavelmente
não o somos.
Quando foi perguntado a Esaú “Quem é você?” ele chorou e
lamentou, porque tinha vendido a sua identidade por um prato de
sopa. Quando fizeram a mesma pergunta a João Batista, esse grande
profeta deu a resposta certa (cf. João 1:19-23). João Batista sabia
quem ele era e quem ele não era e não deixou que a pressão da
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
18
sociedade o impedisse de ser aquilo que Deus tinha planejado para
ele.
A resposta errada ou a falta de resposta à sexta pergunta
talvez seja a única razão da infelicidade pessoal que vemos no
mundo hoje. Com a experiência de pastor há mais de cinco décadas,
posso dizer que isso também se aplica aos crentes.
Se você é um crente seguidor de Jesus e está passando por
momentos de tristeza, seu Deus amoroso gostaria de instigá-lo e
persuadi-lo com a sexta pergunta até que você entenda que Ele o
criou e o recriou para ser alguém. Deus pode incomodá-lo a pensar
sobre isso, até que use esta sexta pergunta para fazer você saber que
jamais será feliz até que, pela graça de Deus, diga que você é o que
Deus criou e recriou para que você seja (Salmo 139:16-24; Romanos
12:1, 2).
Encontramos esta pergunta “Onde está você?” implícita em
declarações como a do apóstolo Paulo em I Coríntios 15:10: “Mas,
pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi
inútil”. Ele agradeceu a Deus não ter recebido inutilmente a graça de
ser o que era, e deixou a exortação para que nós não recebamos em
vão a graça de Deus.
O que somos também está implícito em exemplos como
Moisés, a quem Deus chamou e preparou para ser libertador, ou em
outros, que foram reis, profetas, sacerdotes e algum tipo de líder na
obra de Deus. Também relacionamos essa pergunta e suas respostas
ao ensino de Paulo, de que somos salvos para boas obras, as quais
Deus planejou para nós quando nos salvou (Efésios 2:10).
A sétima pergunta tem a ver com os dons naturais e
espirituais, com o nosso serviço ministerial para o Senhor ou sendo
candeia onde Ele nos colocou para ser luz neste mundo.
Essa pergunta tem a ver com o que fazemos no nosso dia-a-
dia e com o que Somos e não com o que Fazemos. O que somos é
mais importante do que o que fazemos ou onde estamos. O que
fazemos está diretamente relacionado com o que somos.
A última pergunta é: “O que vocês querem?”. Estas foram as
primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João, quando Ele
recrutou alguns discípulos que posteriormente foram comissionados
para apóstolos (João 1:38).
Quando permitimos que essas perguntas brilhem em nosso
espírito até que saibamos quem somos, o que somos e onde Deus
quer que estejamos, as perguntas mais importantes passam a ser “o
que queremos?” e “Quanto realmente queremos!”
Deus nos fez criaturas com capacidade de livre escolha. Ele
sabe onde você está, quem e o que você é. Deus também sabe quem
Ele quer que você seja, onde Ele quer que você esteja e o que Ele
quer que você seja. Porque ele o ama, deseja profundamente que
você chegue às respostas certas para essas perguntas.
Deus honra o fato de sermos criaturas com livre arbítrio, por
isso Ele jamais nos forçará às respostas. Falando de maneira
figurada, Ele pode nos tratar como tratou Jonas e mandar
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
19
tempestades sobre nossas vidas, ou colocar-nos na barriga de um
grande peixe até que respondamos corretamente às suas perguntas.
Ele pode fazer uma “pressãozinha do peso de um elefante” até que só
nos reste dar as respostas que Ele espera. Ele pode intervir em
nossas vidas, como fez com o apóstolo Paulo na estrada de Damasco.
Como Ele nos ama, pode nos fazer uma oferta irrecusável, mas como
Jonas e o apóstolo Paulo, devemos escolher alinhar nossa vontade
com a vontade de Deus e ser quem Ele quer que sejamos e fazer o
que Ele quer que façamos.
Ao fazer-nos criaturas com livre arbítrio, Deus criou-nos à
Sua imagem e semelhança. Grandes criações de Deus, como o sol, a
lua e as estrelas não podem fazer escolhas (cf. Salmos 8; 19). As
micro-criaturas de Deus também não fazem escolha. As abelhas,
numa colméia e as formas de vida que vemos em um microscópio
também não fazem escolhas.
Quando olhamos a criação de Deus através de um telescópio
ou microscópio, observamos que existe uma ordem, porque a
vontade dEle tem sido imposta sobre toda criação. O homem é a
única criatura de Deus criada com a capacidade de fazer escolhas.
Nossa capacidade para escolher faz parte do plano de Deus para nós,
por isso Ele jamais violará essa liberdade de escolha.
No final do Novo Testamento temos a revelação do Cristo
Vivo de pé, batendo pacientemente à porta das nossas vidas (cf.
Apocalipse 3:19, 20). Jesus batendo à porta, representa o amor de
um Salvador tentando fazer-nos abrir-Lhe a porta das nossas vidas
para que Ele possa ter comunhão conosco. Cristo jamais vai forçar a
fechadura nem arrombar a porta.
Um artista pintou um quadro de Jesus batendo pacientemente
numa porta, mas esta não tinha maçaneta do lado de fora. Isso
mostra que ela só pode ser aberta pelo lado de dentro. Como somos
criaturas com livre arbítrio, a pergunta “O que você quer?” ganha um
significado muito profundo.
Depois de usar essas perguntas como uma bússola espiritual e
pessoal há mais de cinco décadas, hoje eu as compartilho com você,
com o desejo que elas sirvam de bússola espiritual para você
também. Descobri que apesar das perguntas nunca mudarem, as
respostas podem variar. Ao permitir que Deus use essas perguntas
para fazê-lo saber quem Ele quer que você seja, o que Ele quer que
você seja e onde Ele quer que você esteja, deixe que seu Amoroso
Criador mais uma vez lhe faça a segunda pergunta “Quem lhe
disse?”. “Quem você acha que o está fazendo saber essas coisas?”.
Capítulo 3
“Prescrição Para Ansiedade”
O período pós Segunda Guerra Mundial, quando o mundo
começou a enfrentar a realidade das armas termonucleares de
destruição em massa, foi chamado de “A Era da Ansiedade”. Agora
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
20
essas armas estão nas mãos de um número maior de pequenas
nações, e grupos terroristas também estão tentando adquiri-las.
Armas químicas e biológicas de destruição em massa foram
acrescentadas a um arsenal tão horrível, que não dá para ser descrito.
Hoje acrescentamos a esse cenário a ameaça de terrorismo global e
constatamos que vivemos realmente uma “Era de Ansiedade”.
Em todo o mundo pessoas sofrem com a ansiedade, porque,
além do estresse provocado por circunstâncias pessoais, ainda existe
a nuvem de ansiedade causada pelo mundo.
Com você, que é ansioso, eu compartilho a prescrição de
Jesus para ansiedade. Essa prescrição vem dos lábios do nosso
Senhor e é maravilhosa!
“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e
a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas
acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem
não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois
onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.
Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem
bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem
maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que
está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!
Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e
amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não
podem servir a Deus e ao Dinheiro.
Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria
vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo,
quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e
o corpo mais importante que a roupa? Observem as aves do céu:
não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o
Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que
elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar
uma hora que seja à sua vida?
Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como
crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem.
Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor,
vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que
hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a
vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo:
‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos
vestir?’. Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai
celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão
acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o
amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o
seu próprio mal.” (Mateus 6:19-34).
Jesus não falou para aprendermos a viver com a preocupação
e com a ansiedade nem para controlar o estresse. Ele disse: “não se
preocupem”. Outra tradução do texto grego poderia ser: “Parem de
ficar ansiosos”.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
21
Qual é exatamente a prescrição de Jesus para lidar com a
ansiedade? Nessa passagem das Escrituras encontramos um estudo
muito importante sobre os valores de Cristo. Na primeira parte dessa
prescrição, Jesus enfocou alguns falsos valores que podem levar à
ansiedade (cf. 19-21).
O dicionário registra a seguinte definição para valor: “preço
atribuído a uma coisa; estimação, valia”. Na prescrição de Jesus para
ansiedade, Ele fala sobre alguns frágeis tesouros.
De acordo com Jesus, existem dois tipos de tesouros: os
tesouros da terra e os tesouros do céu. Jesus ensinou que os tesouros
da terra são vulneráveis e frágeis, consumíveis pela traça e ferrugem.
Em outras palavras, eles se depreciam e além disso podem ser
levados por ladrões. Mas os tesouros do céu não são consumidos
pela traça nem pela ferrugem nem os ladrões jamais poderão tirá-los
de nós.
A maioria das pessoas que ouviram essas palavras de Jesus
costumava armazenar o alimento para sustento de suas famílias. Eles
sabiam o que era estocar comida que podia ser estragada por
roedores, insetos e outros tipos de animais. Eles sabiam muito bem o
que Jesus quis dizer com tesouros terrenos, vulneráveis, que levam a
um alto nível de ansiedade e preocupação.
Para apresentar o segundo passo da prescrição para
ansiedade, Jesus usou uma metáfora que revela outra fonte de
ansiedade. Essa metáfora mostra que a diferença entre felicidade e
infelicidade está na maneira como vemos as coisas (cf. 22,23).
Depois Jesus atacou outra causa de ansiedade ao falar que
devemos servir apenas a Deus e a Ele (cf. 24). Existem dois tipos de
tesouros e dois tipos de senhores. Conhecendo o primeiro
mandamento, “Não terás outros deuses além de mim”, e a resposta
de Jesus para a tentação de Satanás, dizendo que Lhe daria todos os
reinos do mundo, devemos saber que se servimos a alguém ou a algo
além de Deus estamos trazendo ansiedade sobre nossas vidas.
A declaração de Jesus que não podemos servir a dois
senhores é, portanto, a prescrição para a ansiedade. Este senhor de
quem Jesus falou que não devemos servir, mesmo que não o
reconheçamos como senhor, é o dinheiro. Jesus declarou que se
servirmos a Deus e ao dinheiro, temos uma lealdade dividida, um
senhor frágil e um pensamento muito delicado. A palavra que Jesus
usou para dinheiro significa o poder do dinheiro. O vício de ganhar
dinheiro é uma doença comum e mortal.
A essência dessa prescrição de Jesus é enfocada nas vinte e
uma perguntas que Ele fez, direta ou indiretamente, nessa passagem
das Escrituras. Vemos em toda a Bíblia, Deus fazendo perguntas.
Quando Deus se tornou carne e viveu entre nós, continuou fazendo
perguntas. Encontramos oitenta e três perguntas de Jesus, só no
Evangelho de Mateus.
Em espírito de oração procure encontrar, na passagem bíblica
do Sermão do Monte – no capítulo 6 de Mateus - as respostas certas
para as vinte e uma perguntas que Jesus fez. Você se verá fazendo a
aplicação de uma prescrição que reduzirá drasticamente seu nível de
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
22
ansiedade, respondendo corretamente estas perguntas: Onde está o
seu coração? (21). Qual a sua perspectiva de vida? (19 e 20). Você
vê a vida de maneira saudável e pura? O seu corpo está cheio de luz
e de felicidade? Ou o seu corpo está cheio de escuridão e
infelicidade? Você tem uma visão dupla ou sofre de “esquizofrenia
espiritual”? (22, 23). Você serve a Deus ou está servindo ao dinheiro
e ao poder do materialismo? (24). Você é ansioso e se preocupa
com o que vai comer, beber ou vestir? (25). O que é sua vida? (25).
O que é o seu corpo? (25). Quanto você vale? (26). Quais são os
seus limites? (27). Se o Pai Celeste alimenta os pássaros, será que
Ele também não vai alimentá-lo? (26). Se o Pai Celeste veste os
lírios do campo, será que Ele não vai vestir você também? (30). Sua
ansiedade ajuda em alguma coisa na resolução dos problemas? (27).
O que sua ansiedade revela a respeito da sua fé? (30). Você acredita
que Seu Pai Celeste sabe de tudo o que você precisa? (32). Se você
coloca Deus em primeiro lugar e faz o que Ele lhe mostra para fazer,
você confia que Ele vai suprir suas necessidades enquanto O serve?
(33).
Resumo
Se você quiser diagnosticar a fonte da sua ansiedade, em
espírito de oração responda estas cinco perguntas: Quais são as suas
atividades diárias? Que pensamentos tem ocupado sua mente
durante o dia? A quem ou o que você serve diariamente (Com quem
são suas alianças)? Quais são suas preocupações diárias (Suas
ansiedades)? Quais são suas ambições?
Depois de responder a essas perguntas você está pronto para
ler este resumo da prescrição de Jesus para a ansiedade de um crente:
“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e
todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se
preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias
preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6:33-
34). A essência da prescrição de Jesus para a ansiedade de um crente
é expressa nesta frase: “Deus em primeiro lugar!”.
Capítulo 4
“Prescrição Para Paz”
A frase seguinte é de um dos meus autores preferidos,
escrevendo para cristãos: “A dor e o sofrimento são inevitáveis, mas
a miséria é opcional”. Quer saber qual foi o homem que teve todas
as razões do mundo para ser miserável? Abra a Bíblia no Novo
Testamento e leia os escritos do apóstolo Paulo. Aquilo é que era dor
e sofrimento! Na sua segunda carta aos Coríntios, o grande apóstolo
apresentou uma rápida autobiografia, e para mostrar um pouco da
vida do maior missionário de toda a história da Igreja de Jesus Cristo,
transcrevo este texto: “São eles servos de Cristo? - Estou fora de
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
23
mim para falar desta forma - eu ainda mais: trabalhei muito mais,
fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto
à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove
açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado
(Atos 14), três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia
exposto à fúria do mar (Atos 27 e 28). Estive continuamente
viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de
assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios;
perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos
falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem
dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei
frio e nudez” (II Coríntios 11:23-27).
Existe um falso ensino sendo disseminado, que diz que Deus
quer que estejamos sempre bem, ricos e felizes. Nem o apóstolo
Paulo nem Jesus jamais concordariam com o ensino da chamada
“Teologia da Prosperidade”. Jesus disse: “Neste mundo vocês terão
aflições ...” (João 16:33).
Na carta aos filipenses Paulo escreveu que mesmo nas
dificuldades ele tinha paz, a paz de Deus, “que excede todo o
entendimento” ou a paz que não faz muito sentido – uma paz
sobrenatural. Um estudo cuidadoso da carta de Paulo aos filipenses
mostrará que essa paz que ele tinha também estava ligada à alegria.
Na verdade, mesmo tendo sido escrita enquanto ele estava preso, essa
carta é chamada de “A Epístola da Alegria”, porque menciona a
palavra “alegria” 17 vezes.
Se você for como eu, ao ler as dificuldades pelas quais Paulo
passou pode perguntar: “Como ele podia ter paz no meio do
sofrimento e de tanta tribulação?”. Devemos ser gratos ao Espírito
Santo que levou Paulo a nos escrever respostas inspiradas a essa
pergunta.
A resposta está no capítulo 4 da sua carta aos filipenses.
Neste capítulo Paulo escreveu o que chamo de “A Prescrição Para a
Paz”, que explica como ele podia viver na paz, independentemente
das circunstâncias e prescrever esse tipo de vida para você e para
mim.
Essa paz que a Bíblia chama de “paz de Deus”, é um estado
de paz contínuo no qual Deus mantém o crente. Antes de
enfocarmos a prescrição de Paulo para esse estado de paz no qual o
Cristo Vivo o mantinha, quero escrever três instruções que devemos
conhecer e aplicar em nossas vidas.
Primeira: esse estado de paz é a paz de Deus que devemos
aprender. Segunda: essa é a paz que recebemos num relacionamento
pessoal com Cristo. Terceira: existem condições específicas que
devem ser observadas para aplicar a prescrição para a paz de Deus.
A Paz Tem Que Ser Aprendida
Na carta de Paulo aos filipenses lemos que ele tinha
aprendido a ter essa paz: “...aprendi a adaptar-me a toda e qualquer
circunstância (...). Aprendi o segredo de viver contente em toda e
qualquer situação (quer dizer que antes ele não sabia) seja bem
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
24
alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:11-13).
Não dá para evitar a seguinte pergunta: O que foi que ele
aprendeu e quem ele estava ensinando? De acordo com o próprio
Paulo, ele foi instruído pelo Cristo Vivo e Ressurreto. É empolgante
e ao mesmo tempo confortante para mim, ler que a paz pode ser
aprendida. Isso quer dizer que posso aprender a ter essa paz
miraculosa. Percebo que independentemente das circunstâncias,
estar em estado de miséria é uma opção.
Pela graça de Deus aprendi essa prescrição para paz durante
uma das maiores crises da minha vida. Eu era pastor, desfrutando de
uma década de ministério frutífero, quando minha saúde me forçou a
desistir daquele ministério tão ativo. Apesar do desenvolvimento
progressivo dessa doença incurável na coluna vertebral, forçando-me
a encarar os desafios e as limitações de passar o resto da minha vida
em uma cadeira de rodas ou coisa pior, descobri a prescrição para a
paz no capítulo 4 da carta de Paulo aos filipenses. Memorizei esse
capítulo e fiz dele a minha oração antes de dormir. Meditei sobre ele
e descobri a prescrição para a paz. A boa nova é que se Paulo
aprendeu, você também pode aprender essa prescrição para a paz de
Deus.
Paz Relacional
Ao meditar sobre a prescrição para paz dada por Paulo, você
logo verá que ele tinha um relacionamento pessoal com o Cristo vivo
e Ressurreto e presumia que aqueles para quem ele estava fazendo
essa prescrição também o tinham. Sem esse relacionamento é
impossível aplicar essa prescrição de paz. A prescrição de paz foi
escrita para crentes que já abriram a porta de suas vidas para um
relacionamento pessoal com o Cristo Vivo (Apocalipse 3:20).
Paz Condicional
De acordo com Paulo, mesmo alguém que tenha um
relacionamento pessoal com o próprio Príncipe, o estado de paz
pessoal e perpétuo, conhecido como paz de Deus só será
experimentado por aqueles que cumprirem certas condições. Se você
conhece a Jesus Cristo e cumpre essas condições poderá
experimentar a paz de Deus.
Na carta de Paulo aos Filipenses encontramos dezesseis
condições explícitas ou implícitas para a paz de Deus. Procure
encontrá-las enquanto lê esta passagem: “Alegrem-se sempre no
Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês
conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por
coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de
graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês
em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro,
tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro,
tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de
excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
25
prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram
em mim. E o Deus da paz estará com vocês. Alegro-me
grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu
interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não
tinham oportunidade para demonstrá-lo. Não estou dizendo isso
porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e
qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é
ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer
situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou
passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”
(Filipenses 4:4-13).
16 Condições Para Ter Paz
Se você quer ter a paz que Paulo prescreveu, a primeira
condição que você deve cumprir é não se preocupar com coisa
alguma (6). Ele disse para não ficarmos ansiosos nem preocupados
porque a preocupação é contraproducente. Você não consegue nada
com a preocupação e ainda esgota suas energias emocionais e
espirituais tão necessárias para lidar com os problemas. Paulo,
concordando com Jesus, disse que não devemos nos preocupar com
nada.
Segunda condição para a paz: “Orar a respeito de tudo”. A
preocupação é contraproducente, mas o grande apóstolo conhecia a
produtividade da oração e sabia que a oração nos livra das crises que
nos preocupam.
Paulo, por exemplo, pediu que os filipenses orassem para que
ele saísse da prisão. Eles oraram e ele foi liberto da prisão em que
estava quando escreveu a carta. Mas Paulo também sabia, por
experiência própria, que Deus nem sempre acaba com os nossos
problemas.
Paulo tinha um problema de saúde que ele mesmo chamou de
“espinho na carne”. Três vezes ele pediu a Deus que o curasse. Esse
homem viu muitas pessoas serem curadas e foi um veículo poderoso
do Espírito Santo para a cura de outros. Mas quando ele pediu a
Deus que resolvesse o seu problema de saúde, três vezes Deus lhe
disse “não”. Basicamente o que Deus disse a Paulo foi: “Eu vou lhe
dar a graça para lidar com este problema” (cf. II Coríntios 12).
Quando Deus deu a Paulo a graça para lidar com o seu
problema de saúde, o apóstolo aprendeu por experiência própria, que
a oração pode nos livrar dos problemas ou nos dá a graça para lidar
com eles. O fato é que devemos orar nos dois casos. Devemos
sempre orar a respeito de tudo. Por isso as duas primeiras condições
para paz são: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo,
pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus
pedidos a Deus”.
Paulo apresentou a terceira prescrição para a paz quando
escreveu sobre nossos pensamentos: “Finalmente, irmãos, tudo o que
for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o
que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se
houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas”.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
26
Nossos pensamentos são como ovelhas e nós, como pastores desses
pensamentos. Decidimos como vamos pensar e como não vamos
pensar.
Segundo dados estatísticos “5% das pessoas pensam, 10%
pensam que pensam, 85% preferem morrer do que pensar e 10%,
pensam que estão pensando, mas estão simplesmente remanejando
seus preconceitos e não pensando!”. Nessa prescrição para paz,
Paulo nos desafia a nos juntarmos aos 5% que realmente pensam. A
sua prescrição é decidir corretamente como vamos pensar. A
instrução de Paulo foi para que nos concentremos no que é
verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, de boa fama, excelente e
digno de louvor.
Os estudiosos acreditam que parte dessa prescrição de Paulo é
uma paráfrase do que Isaías escreveu: “Tu, Senhor, guardarás em
perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia”
(Isaías 26:3). Isaías apresentou duas condições para a paz de Deus:
ter propósito firme no Senhor e confiar nEle.
Dentro daquela masmorra em Roma, onde passou seus
últimos dias de vida na terra e onde foi decapitado, provavelmente
essas prescrições tenham se tornado a prescrição pessoal de Paulo
para manter a sanidade. Em situações de extremo estresse, como um
divórcio, falência, ataque do coração, uma cirurgia complicada,
doença maligna em estágio final, guerra e prisões, descobrimos que
essa prescrição pode preservar nossa paz e sanidade mental.
Paulo e Isaías concordaram que quando existe confiança, a
paz é perfeita e constante. Se não houver confiança, não há paz,
porque a paz de Deus é essencialmente condicional.
A quarta condição para paz prescrita por Paulo envolve ação
da nossa parte. Acompanhe comigo o versículo 9 do capítulo 4 de
Filipenses: “Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam,
receberam (creram), ouviram e viram em mim. E (então) o Deus da
paz estará com você”. Talvez você pergunte: “Você quer dizer que
existe algo que eu posso fazer para conseguir e manter a paz de Deus,
principalmente quando estou passando por uma crise?”. É
exatamente isso que estou falando; pode estar certo disso! Paulo fala
de maneira bem precisa e objetiva do papel que devemos exercer se
quisermos experimentar a paz de Deus. Às vezes, quando não
fazemos a nossa parte o “ladrão da paz” aparece. Perdemos nossa
paz quando, por medo, fazemos o que achamos que temos de fazer,
ao invés de fazermos o que é certo. A prescrição é fazer o que é
certo!
A quinta condição para paz enfoca o “ladrão da paz” na vida
dos crentes que passaram por grandes perdas enquanto serviam ao
Senhor (cf. 4:8). Alguns crentes e servos de Deus podem chegar ao
desespero e questionar o valor de tudo que fizeram como
missionários, evangelistas, pastores ou testemunhas fiéis de Cristo,
trabalhando onde quer que Deus os tenha colocado. Nessa tradução,
Paulo usou a palavra “se”: “... se houver algo de excelente ou digno
de louvor, pensem nessas coisas” (8). Paulo foi enfático em seus
escritos ao destacar que não somos salvos pelas boas obras, mas para
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
27
boas obras (cf. Efésios 2:10). Nessa passagem de Filipenses Paulo
estava ensinando que um crente jamais pode duvidar do valor que
existe em fazer o bem servindo ao Senhor.
Desde sua conversão, Paulo comprometeu-se a fazer o bem e
dedicou-se completamente à obra de Jesus. E o que ganhou com
isso? Uma prisão atrás da outra, uma pior que a outra, mas mesmo
assim ele vivia em paz. Paulo tinha paz porque tinha aprendido a
superar a tentação de não crer mais na bondade.
Essa condição está incluída na prescrição para paz de Paulo,
porque ele abriu mão de privilégios que poderia usufruir dentro da
igreja. Aqueles irmãos poderiam perder a paz se esquecessem que,
mesmo não sendo recompensados por todo o bem que tinham feito
por Jesus nesta vida, seriam recompensados na vida eterna.
Observe que Paulo prescreveu “oração e súplicas com ação
de graças” (4:6). A sexta condição para paz é expressa nestas duas
palavras “ser grato”. Se você está se debilitando por causa da
velhice, de um acidente, um derrame ou qualquer outra doença,
restam-lhe duas opções: concentrar-se no que perdeu ou está
perdendo e ficar deprimido e amargurado, ou concentrar-se no que
você ainda tem e ser grato. Você vai descobrir que essa segunda
opção é uma terapia muito eficiente. Pense em quantas bênçãos você
tem e descubra que, quando começar a se concentrar nas bênçãos e
agradecer a Deus por elas, sua mente vai sair do que é negativo para
o que é positivo e sua paz vai voltar.
Paulo enfocou a sétima condição para paz ao explicar que
devemos aprender a ser pacientes porque a impaciência é outro
“ladrão de paz” (cf. 10, 11). Outra causa para o contentamento
expressa por Paulo nesses versículos é paciência. Em nosso
relacionamento com Deus, a paciência é “a fé na expectativa”.
Quando oramos por algo e achamos que não estamos sendo
respondidos, pode ser que Deus esteja nos chamando para
experimentar o tipo de paciência que envolve ter “fé na expectativa”,
ou seja, esperar em Deus. Em nossos diversos relacionamentos, a
paciência é “o amor na expectativa”.
Quando ficamos impacientes com Deus ou com outras
pessoas, perdemos nossa paz pessoal. O tipo de paciência que Paulo
prescreveu aqui é o nono fruto do Espírito (Gálatas 5:22, 23). Isso
confirma o pré-requisito que já compartilhei com vocês: a paz de
Deus tem que ser relacional.
O Senhor quer desenvolver em nós duas dimensões da
paciência: a paciência vertical, ensinando-nos a ter a fé que espera no
Senhor, e a paciência horizontal, exercitada em nossos
relacionamentos, ensinando-nos que o amor espera. Enquanto não
aprendermos a ter paciência, nossa paz pessoal será muito frágil.
A oitava condição para paz na instrução de Paulo é que
sejamos amáveis, ou seja, tenhamos um espírito manso, como o de
Jesus (cf. 5). Essa mansidão também é fruto do Espírito Santo,
citado por Paulo na sua Carta aos Gálatas (cf. Gálatas 5:22,23).
Mansidão e amabilidade não são sinais de fraqueza. Na
verdade, o significado da palavra “mansidão” está ligado ao
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
28
significado da palavra “domado”. Quando um cavalo selvagem é
domado e finalmente aceita o freio ser colocado na sua boca e a ser
controlado pela pessoa que está na sela, isso quer dizer que ele está
“manso” mas não “fraco”. Essa mansidão pode ser traduzida por
“força sob controle”. A amabilidade é um sinônimo de mansidão.
Um cavalo domado é um cavalo amável. Esse é o sentido bíblico da
palavra “manso”.
Outra palavra que também tem o conceito de “amabilidade”
usada por Paulo é “aceitação”. Muitos heróis da fé, com anos de
experiência andando com Deus contam que existe uma relação muito
próxima entre aceitação e paz. Não deveria ser surpresa para nós
encontrar essa correlação na prescrição para paz de Paulo. A paz
vem e geralmente retorna quando aceitamos nossas limitações.
Para a nona condição para paz retome comigo os motivos de
contentamento desse apóstolo. Quando consideramos que esse
apóstolo aprendeu a “viver contente em toda e qualquer situação”
(cf. Filipenses 4:12), concluímos que a partir do momento em que ele
fez de Jesus o seu Senhor, ele creu que Jesus estava no controle da
sua vida. Ele sabia estar contente em toda e qualquer circunstância
porque cria que estava na vontade do seu Senhor e Salvador, o Cristo
Vivo, que tem tudo sob o Seu controle. A nona condição implica em
uma rendição incondicional à vontade de Jesus Cristo como nosso
Senhor. Qualquer coisa que não seja uma rendição incondicional a
Jesus Cristo como Senhor pode ser um “ladrão de paz” para aqueles
que professam seguir a Cristo. Grande parte da nossa ansiedade ou
perda de paz pode ser resultante do fato de jamais termos feito de
Jesus nosso Senhor; de não levantarmos nossas mãos para o alto em
rendição completa e incondicional a Ele.
Alguns de nós não estamos dispostos a fazer a vontade de
Cristo; resistimos à Sua vontade como um cavalo selvagem resiste ao
controle do freio em sua boca. O simples fato de nos rendermos
sincera e incondicionalmente à Sua vontade, se é que ainda não
aconteceu, isso nos levará a ter a paz de Deus.
A décima condição para paz foi enfocada por Paulo quando
escreveu: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura.
Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação,
seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando
necessidade” (12). Paulo tinha descoberto o segredo para estar
contente em toda e qualquer situação em que se encontrasse.
Qual era esse segredo? Aprender a receber a graça para
aceitar o que ele não podia controlar, crendo que tudo o que acontece
é com a aprovação do Senhor. A vida de Paulo é um exemplo
maravilhoso de discípulo que aceitou a vontade do seu Senhor, quer
as circunstâncias fossem favoráveis ou extremamente desfavoráveis.
A aplicação da décima condição é óbvia: podemos perder a
paz de Deus se não recebermos a graça do Cristo Vivo para
aceitarmos Sua vontade a cada dia, independentemente das
circunstâncias.
A décima primeira condição para paz é aprender a viver em
meio à dificuldade ou, como escreveu Paulo: “Sei o que é passar
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
29
necessidade e sei o que é ter fartura” (Filipenses 4:12). Em meio a
uma crise, por acaso você pediu a Jesus para lhe ensinar o que Ele
ensinou a Paulo? Essa é outra dimensão da paz de Deus que
devemos aprender. Para manter a paz com Deus, peça a Cristo que
lhe ensine a passar pelas dificuldades.
Se você ama a Deus e é chamado de acordo com o Seu plano,
Deus pode fazer com que tudo que acontece em sua vida se encaixe
para o seu bem. Pode ser que não exista nada de bom no que vem
lhe acontecendo ultimamente, mas “Deus age em todas as coisas
para o bem daqueles que o amam” (Romanos 8:28). Tenha essa
verdade em mente quando estiver passando por uma crise.
A décima segunda condição para a paz é pedir ao Senhor que
lhe ensine a viver a prosperidade. Você já pensou nisso? O desafio é
maior em meio à prosperidade do que em meio à dificuldade e
pobreza. Muitos de nós corremos para Deus e para Sua Palavra em
tempos de dificuldade, mas muitos crentes caem quando tudo vai
bem, há prosperidade e segurança. O maligno derruba muitos crentes
quando esses estão usufruindo a prosperidade e as bênçãos do
Senhor.
O apóstolo Paulo deu o exemplo e apresentou o preceito com
a décima segunda condição para a paz ao dizer que devemos pedir ao
Senhor que nos ensine a viver em prosperidade. Muitos crentes
perderam a paz porque jamais pediram ao Senhor que os ensinasse o
segredo de uma vida santa em meio à prosperidade. (cf. Filipenses
4:12).
Paulo enfocou a décima terceira condição dessa prescrição
para a paz quando nos desafiou a jamais esquecermos que “perto está
o Senhor” (5). Se você conhece um pouco da vida do apóstolo
Paulo, pense no que significava para ele essa proximidade com o
Senhor. Era muito perigoso visitar Paulo durante o seu último e mais
difícil confinamento em Roma. Por isso ninguém foi vê-lo. Em sua
última carta a Timóteo ele escreveu: “todos me abandonaram” (II
Timóteo 4:16, 17). Foi por isso que ele escreveu: “Perto está o
Senhor” (Filipenses 4:5). Quando você se vir em meio a uma crise,
nunca se esqueça de que “Perto está o Senhor”.
É por isso que tenho enfatizado que se alguém realmente quer
entender e aplicar a prescrição para paz com Deus que Paulo deixou
para nós, tem que cultivar um relacionamento pessoal com o Senhor.
A décima quarta condição para a paz é fundamentar sua
serenidade e alegria no seu relacionamento com o Cristo Vivo. Em
que se baseia sua serenidade e alegria? Se a base da sua serenidade e
alegria é seu cônjuge, são seus filhos ou é alguém especial com quem
você tem um relacionamento, então a base da sua serenidade é muito
frágil, porque não existe relacionamento algum sobre a face da terra
que não seja passível de perda.
Milhões de pessoas que firmaram suas vidas nas
circunstâncias naturais e viram tudo ruir por causa de uma doença ou
uma deficiência qualquer que desmoronou essa base juntam-se a
mim para dizer a você, que baseia sua paz e alegria na sua saúde, na
sua juventude ou vitalidade, que essas bases são muito frágeis. Paulo
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
30
apresentou um fundamento forte para sua paz: “Alegrem-se sempre
no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” (4).
Encontramos a décima quinta condição para paz nas seguintes
palavras de Paulo: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro,
tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro,
tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de
excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em
prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram
em mim. E o Deus da paz estará com vocês” (8 e 9).
No Evangelho de João encontramos estas palavras muito
profundas de Jesus: “Como vocês podem crer, se aceitam glória uns
dos outros, mas não procuram a glória que vem do Deus único?”
(João 5:44).
Deus disse a Abraão: “ande segundo a minha vontade”
(Gênesis 17:11). Quantos de nós fazemos isso? Quantos de nós
andamos com Deus a cada dia? Quantos de nós passamos as vinte e
quatro horas do dia pensando em como Deus Se sente a respeito de
quem somos, onde estamos e o que fazemos?
Todo crente vai enfrentar uma crise quando não conseguir ter
a aprovação de Deus nem a do homem. Há momentos em que não
conseguimos explicar às pessoas o que está acontecendo em nossas
vidas. Nesses momentos, se precisarmos da aprovação no nível
horizontal, descobriremos que o fundamento da nossa paz é muito
frágil. Para mantermos a paz com Deus, devemos aprender a
valorizar a aprovação de Deus.
Finalizo meu resumo sobre as prescrições de Paulo, com a
décima sexta condição para obtermos e mantermos a paz de Deus
que é aprender o que significa descansar em Cristo Jesus: “E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a
mente de vocês em Cristo Jesus” (7).
O que significa “descansar em Cristo”? O que significa estar
“em Cristo Jesus”? Estar “em Cristo” é a metáfora preferida dos
autores do Novo Testamento para descrever nosso relacionamento
com nosso Senhor e Salvador, fator vital para se conhecer e preservar
a paz de Deus. Esses autores do Novo Testamento, principalmente o
apóstolo Paulo, contam que estamos “em Cristo” se somos discípulos
verdadeiros de Jesus Cristo. Paulo usou essa expressão noventa e
sete vezes em suas cartas.
Essa expressão significa estar em união com Cristo, como um
ramo está unido à videira (João 15:1-16). Estar “em Cristo” significa
tirar dEle, que é a Videira, todo o poder espiritual doador da vida,
necessário para fazer tudo que fazemos para Ele, com Ele e por Ele,
enquanto descansamos nEle. Estar “em Cristo” significa descansar
dia-a-dia no Seu poder para fazermos o que Ele nos chamou para
fazer.
Criei um pacote que chamo de “Os Quatro Segredos
Espirituais” para transmitir o conceito de estar “em Cristo”. Sem
dúvida alguma eu, um tetraplégico, não poderia fazer nada do que
faço, nem jamais estaria ensinando a Bíblia em todo o mundo e em
tantas línguas, se não fosse a aplicação desses quatro segredos
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
31
espirituais: “A questão não é quem ou o que eu sou, mas quem e o
que Ele é, porque eu estou nEle e Ele está em mim. Nada depende
do que eu posso fazer, mas do que Ele pode fazer, porque eu estou
nEle e Ele está em mim. O que eu quero não é importante, mas sim o
que Ele quer, porque eu estou nEle e Ele está em mim”.
Quando coisas boas acontecem porque Ele derramou Sua vida
dando poder através de mim, um dos Seus ramos, devo sempre me
lembrar do quarto segredo espiritual: “A questão não é o que eu fiz,
mas o que Ele fez porque eu estava nEle e Ele estava em mim”. Em
outras palavras, é isso o que significa “descansar em Cristo Jesus”.
Grande parte da nossa ansiedade e falta de paz é resultante do
pensamento de que devemos viver como Cristo viveu e fazer a obra
de Cristo com nossas próprias forças.
Você pode estar passando por uma crise de saúde que lhe
roubou a capacidade de se concentrar para orar. Por isso quero lhe
ensinar uma oração baseada nessa prescrição. Se você quer
experimentar a paz de Deus que Paulo prescreveu para nós, eu o
convido a fazer esta oração comigo: “Pai, na Tua Palavra o Senhor
afirma que pode nos manter em perfeita paz se cumprirmos as
condições para essa paz. Eu quero a Tua paz na minha vida por isso
peço que me dê sabedoria para não me preocupar com coisa alguma,
e fé para orar por tudo. Que minha mente seja disciplinada para eu
pensar em tudo o que é bom e que eu tenha a integridade moral para
fazer o que é certo. Que eu seja sempre otimista para acreditar na
bondade. Dá-me entendimento sobre o que o Senhor tem feito para
que eu sempre lhe dê graças por tudo. Que eu jamais tente empurrá-
lO ou ir à Sua frente, mas que eu saiba esperar em Ti,
experimentando e expressando a mansidão e a paciência, fruto do
Seu Espírito em mim. Que eu estabeleça minhas prioridades de
acordo com a Tua aprovação sobre quem sou, o que sou e o que faço
e jamais faça nada para ser visto nem aprovado pelos homens. Não
me deixes esquecer de como o Senhor está perto quando eu buscar
me aproximar de Ti, adorando e usufruindo de Ti a cada dia e para
sempre. Que eu entregue minha vida a Ti até que haja um
alinhamento perfeito entre a minha vontade e a Tua vontade. Dá-me
a graça para aceitar a Tua vontade em cada situação, em momentos
de dificuldade e também de prosperidade. Pela Tua graça, que eu
aprenda a prosperar espiritualmente e a estar contente em situação de
abundância e de necessidade. E, finalmente, Pai, agora que entendo
que não importa quem eu sou, mas quem o Senhor é, não importa o
que eu posso fazer, mas o que o Senhor pode, não importa o que eu
quero, mas o que o Senhor quer, e sei que no final não será o que eu
fiz, mas o que o Senhor fez que vai trazer resultados eternos, dá-me
completa confiança e total dependência de Ti para que eu descanse
meu coração e minha mente totalmente em Cristo. Capacita-me a
cumprir essas condições para que eu tenha paz. Em nome do meu
Senhor Jesus Cristo, para minha paz e para Sua glória. Amém”.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
32
Capítulo 5
“A Prescrição Para Oração”
Existem muitas prescrições para oração nas Escrituras. A
Oração do Pai Nosso que Jesus Cristo ensinou é a mais importante e
profunda prescrição para oração que o mundo já ouviu, mas não é a
única da Bíblia. De vários exemplos e ensinos sobre oração, existe
um em particular que eu gostaria de comentar. Quando a vida se
mostrou muito difícil para mim, descobri essa prescrição para oração,
que se apresenta por meio de uma metáfora.
O Trono da Graça
Essa metáfora ilustra e ensina que a oração é como se
aproximar de um trono. E esse trono é chamado de “Trono de
Graça”: “Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a
confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça
que nos ajude no momento da necessidade” (Hebreus 4:16).
Desse trono Deus derrama livremente misericórdia e graça
para o Seu povo por causa de seus erros e necessidades. Por isso,
quando buscamos esse trono, podemos esperar receber misericórdia
para nossos erros e graça para nos ajudar em tempos de necessidade.
Misericórdia é o atributo de Deus que impede que recebamos o que
merecemos. Graça é a característica do caráter de Deus que derrama
sobre nós todos os tipos de bênçãos que não merecemos e não
conquistamos por nosso próprio mérito ou esforço.
Quando você busca a Deus em oração, busca esses dois dons
de Deus, misericórdia e graça? A palavra “misericórdia” é
encontrada 366 vezes na Bíblia, ou seja, uma vez para cada dia do
ano, inclusive para o ano bissexto, quando ele tem 366 dias.
Usando essa palavra tantas vezes na Bíblia, Deus está nos
dizendo: “Vocês não têm um dia na vida em que não precisem da
Minha misericórdia”.
Com qual freqüência você agradece a Deus por esta
misericórdia que o impede de receber o que você merece? Meu pai
na fé, Dr. J. Vernon MacGee, tinha 81 anos quando o ouvi pregando
pela última vez. Lembro-me que ele disse: “Tenho 81 anos e nunca
me interessei tanto pela misericórdia de Deus como me interesso
hoje”.
Heróis espirituais da Bíblia buscavam a Deus, como fez Davi
confessando seu pecado de adultério e assassinato, desta maneira:
“Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande
compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a
minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo
reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me
persegue” (Salmo 51:1-3).
Estas são as palavras de um homem de Deus, depois de ter
entendido que precisava da misericórdia de Deus por causa do
pecado que tinha cometido. A prescrição para oração no Trono de
Graça que aprendemos é: Quando buscamos o trono de graça,
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
33
devemos fazê-lo com total confiança de que as misericórdias de Deus
têm como base o que Jesus Cristo conquistou na cruz por nós.
Ele veio do céu por nossa causa, ofereceu o Seu sangue pelos
nossos pecados, e hoje, novamente no céu intercede por nós (cf.
Hebreus 9:11-14). A morte de Jesus na cruz é a única base sobre a
qual Deus pode nos purificar completamente dos nossos pecados. O
sacrifício de Jesus conquistou para nós a salvação eterna. Não há
mais nada para acrescentar ao que Ele fez por nós na cruz (cf.
Hebreus 10:17,18). Aproximemo-nos do trono de graça com plena
confiança nessas Boas Novas.
“Graça”, o favor e as bênçãos de Deus que não merecemos é
outra palavra muito bonita na Bíblia. A graça de Deus vem a nós de
várias formas. A raiz dessa palavra significa “favor imerecido”.
Esta definição de graça significa que não temos nossos pecados
perdoados porque o mereçamos. Nossos pecados são perdoados
porque Deus nos amou o suficiente para mandar Seu Filho ao mundo
para morrer na cruz pela nossa salvação. Entretanto, a palavra
significa muito mais do simples favor imerecido.
Graça Maravilhosa
Este é outro versículo maravilhoso sobre graça que saiu da
pena do apóstolo Paulo: “E Deus é poderoso para fazer que lhes seja
acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o
tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda
boa obra” (II Coríntios 9:8). Este versículo é o mais enfático da
Bíblia sobre a graça de Deus disponível para o Seu povo.
De acordo com Paulo, Deus é capaz de fazer toda graça (não
apenas um pouco dela) abundar (não pingar) sobre você (não apenas
sobre Billy Graham, o pastor ou o missionário, mas sobre você), para
que você (repeti para enfatizar) sempre (não apenas de vez em
quando) tenha toda a suficiência (não apenas suficiência) em todas as
coisas (não apenas em algumas coisas), abunde e prospere (não
apenas capengue) em toda (não apenas em alguma) boa obra.
Toda graça, em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo
o que for necessário, para que transbordem em toda boa obra que
Deus quer fazer através de você! A igreja do Novo Testamento virou
o mundo de cabeça para baixo, porque creu e experimentou a
verdade que Paulo proclamou nesse versículo extraordinário sobre a
graça maravilhosa de Deus.
A qualidade e a quantidade dessa graça estão disponíveis para
você e para mim no trono da graça toda a vez que oramos. Sempre
que oramos devemos ter a consciência de que essa metáfora sobre o
trono da graça nos convida a nos aproximarmos de Deus para
recebermos misericórdia para nossos erros e graça para nos ajudar
em tudo que precisamos para viver como Cristo e servir a Cristo
nesse mundo.
Como amo a Deus por fazer com que o trono da graça seja
acessível a mim! Deus nos diz que o trono de graça está lá sempre
que precisamos. Devemos simplesmente ir até ele e Deus nos dará
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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livremente Sua misericórdia para nossos erros e pecados e a Sua
graça para nos ajudar em tempos de necessidade. Deus tem prazer
em abrir as portas do céu e derramar Sua graça maravilhosa sobre
nós.
Como o coração de Deus deve se entristecer quando
ignoramos completamente o Seu trono da graça! Ele nos ama e tem
Seus métodos para nos encorajar a encontrarmos com Ele.
As Escrituras contam que o povo de Deus às vezes sofre porque há
momentos em que Deus, literalmente força Seu povo a acessar a
graça que Ele disponibilizou.
Paulo escreveu que Deus nos dá acesso pela fé à graça que
nos possibilita ficarmos firmes na fé e viver uma vida que glorifique
a Deus neste mundo. Ele também mostrou que devemos nos alegrar
na tribulação (no sofrimento), porque nosso sofrimento muitas vezes
nos força a acessarmos a graça de Deus disponível para nós
(Romanos 5:2-5).
Devemos todos nos alegrar e agradecer a Deus pelos
momentos difíceis de sofrimento que nos forçam a buscar o trono de
graça. Sem essas tribulações talvez não tivéssemos a graça que tanto
precisamos para viver na terra, cumprir os propósitos para nossa
salvação e glorificar o nome de Deus.
Concluindo, você já acessou o trono de graça e misericórdia
de Deus? Se ainda não o fez, não adie até amanhã. Deus está no
trono da graça esperando para derramar sobre você Sua graça e
misericórdia. Você já aceitou que a graça e a misericórdia
maravilhosa de Deus estão diariamente acessíveis através do trono da
graça de Deus? Você tem recebido e compartilhado da misericórdia
e graça de Deus com outras pessoas?
Capítulo 6
“Prescrição Para Obediência”
Você já sabe que o Novo Testamento enfatiza a importância
vital da obediência na vida do seguidor de Jesus Cristo, não sabe?
Jesus enfatizou a importância da obediência mais do que qualquer
outro autor do Novo Testamento. Por exemplo, Ele enfocou e
definiu o que é obediência quando perguntou: “Por que vocês me
chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?” (Lucas 6:46).
Em Seu sermão mais importante, o Sermão do Monte, ao
enfatizar a justiça pessoal dos Seus discípulos, Jesus mostrou o valor
que dava à obediência. Das oito bem-aventuranças, duas declaram
bênçãos sobre o discípulo que tiver fome e sede de justiça, ou seja,
fome e sede de fazer o que é certo, e também sobre o discípulo que
for perseguido por causa da sua justiça. Jesus também acrescentou
que a justiça dos Seus discípulos tinha que ser superior à justiça dos
escribas e fariseus (cf. Mateus 5:6,10,20).
Jesus concluiu o Seu sermão com algumas tremendas
ilustrações sobre a importância da obediência, e com as seguintes
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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palavras Ele apresentou um veredicto: “Nem todo aquele que me diz:
‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que
faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7:21).
Suas palavras finais naquele monte foram para contar a
estória de duas casas sobre as quais caiu uma forte tempestade.
Nessa metáfora, a casa que desaba ilustra o discípulo que não
obedece ao ensino de Jesus e a casa que não desaba, o discípulo que
realmente obedece ao Seu ensino.
Jesus ensinou que a única maneira de provar que o Seu ensino
é a Palavra de Deus é obedecendo ao Seu ensino. Apenas o discípulo
que obedecer saberá se o ensino de Jesus é mesmo a Palavra de Deus.
Aprendemos com Jesus que obter mais conhecimento da Palavra não
leva a obedecer, mas o obedecer leva à Palavra de Deus, e a conhecê-
la mais profundamente.
Depois de dar o exemplo e ensinar que devemos lavar os pés
uns dos outros e servir uns aos outros, Jesus proclamou: “Agora que
vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem” (João
13:17).
Durante a Última Ceia, quando os apóstolos perguntaram a
Jesus como eles poderiam ter um relacionamento com Ele depois da
Sua ressurreição, Jesus disse que isso é uma questão de obediência.
Ele disse a Judas e aos outros apóstolos: “Se alguém me ama,
obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e
faremos morada nele” (João 14:22-23).
Jesus tinha feito essa mesma declaração quando disse aos
discípulos, ainda no mesmo contexto: “Vocês serão meus amigos, se
fizerem o que eu lhes ordeno” (15:14). Encontramos a confirmação
dessas palavras no Livro de Atos, quando Pedro anunciou que Deus
concede o Espírito Santo aos que Lhe obedecem (Atos 5:32).
A Grande Comissão
Eu apresentei esse breve panorama dessas prescrições de
Cristo para obediência, a fim de criar um contexto para o Seu Maior
Mandamento. Quando Jesus Se encontrou com Seus apóstolos e
cerca de quinhentos discípulos depois de Sua ressurreição, Ele
deixou esta ordem para todos aqueles que professam ser Seus
discípulos: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra.
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a
obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com
vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:18-20).
Paulo foi obediente à Grande Comissão. Quando começou a
contar aos coríntios qual era a grande motivação por trás do seu
ministério e que o fazia o maior missionário da história da igreja, ele
revelou três grandes valores: ele cria que Um tinha morrido por
todos; que todos estavam perdidos e que todos deveriam ouvir o
Evangelho. Por isso ele viveu tão consumido pelo zelo de contar ao
mundo sobre Cristo. E por isso, os coríntios o acusaram de ser “fora
de si” ou louco. Ele estava defendendo sua sanidade quando revelou
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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qual era sua motivação por trás do ministério do maior missionário
que a igreja já teve (II Coríntios 5:13-6:2).
No final da carta aos romanos, Paulo contou àqueles
discípulos que estava ansioso para ir a Roma, porque ele queria que
eles o ajudassem a alcançar aqueles que deveriam ouvir o Evangelho
na Espanha. E ao revelar esse desejo, Paulo fez uma declaração
surpreendente. Ele disse que se fosse traçada uma linha de Corinto
até o meio da Itália, não haveria nenhum ponto nesse círculo onde ele
não tivesse pregado o Evangelho.
Se você pegar um mapa e observar esse traçado, verá que
Paulo estava falando de um feito e tanto. Os historiadores da igreja
afirmam que Paulo realmente pregou o Evangelho em todos os
lugares nessa circunferência e que ele realmente pregou o Evangelho
na Espanha, apoiado pela igreja de Roma. Paulo tinha um coração
missionário voltado para todo o mundo. Paulo e os outros apóstolos
se entregaram totalmente à pregação do Evangelho de salvação por
meio da fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo para perdão dos
nossos pecados (I Coríntios 15:1-4).
O que motivou a primeira geração da igreja a pregar o
Evangelho e a fazer discípulos em todo o mundo? A resposta a essa
pergunta, na verdade, é muito simples. Eles criam convictamente
nos três valores de Paulo. Eles criam que Cristo morreu por todos,
que todos se perderam e que todos deviam ouvir o Evangelho.
Por que algumas igrejas não levam o Evangelho para os
perdidos deste mundo? Será que não acreditam que os homens
estejam perdidos? Existem alguns crentes denominados “neo-
evangélicos” que não crêem que todos estão perdidos nem que todos
devem ouvir que Jesus morreu pela salvação de todos. Mas o que
devemos fazer é cumprir a Grande Comissão de fazer discípulos para
Cristo, dada à primeira geração da igreja.
Em 1974 aconteceu em Lausanne, na Suíça, o Congresso
Internacional de Evangelização Mundial. Líderes espirituais de 150
países se reuniram para discutir sobre uma única questão: Nós
realmente cremos que os perdidos estão perdidos? Todos
concordaram com as três premissas missionárias de Paulo e
documentaram sua resolução no documento que chamaram de “O
Tratado de Lausanne”.
Esse tratado declara a convicção dos autênticos discípulos
evangélicos de Jesus Cristo a respeito da missão da igreja do Cristo
Vivo e Ressurreto no mundo de hoje. Estudando esse documento
podemos observar que ele trata de algumas razões pelas quais tantos
crentes hoje não estão envolvidos em missões mundiais.
Gostaria de destacar apenas alguns pontos sobre os quais
esses líderes evangélicos concordaram:
“Cremos que o Evangelho são as Boas Novas de Deus para o
mundo e estamos determinados, pela Sua graça, a obedecer à Grande
Comissão de Cristo de proclamar o Evangelho a toda humanidade e
fazer discípulos em todas as nações.”
“O propósito de Deus é chamar do mundo, um povo para Si e
enviá-lo de volta ao mundo como Seus servos e Suas testemunhas.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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Envergonhados confessamos que muitas vezes negamos nosso
chamado e não cumprimos nossa missão ao tomarmos a forma do
mundo ou ao nos isolarmos do mundo. Alegramo-nos porque
mesmo que seja transmitido através desses vasos terrenos, o
Evangelho é um tesouro precioso.”
Eles fizeram as seguintes afirmações a respeito da autoridade
das Escrituras:
“Declaramos que cremos na divina inspiração, confiabilidade
e autoridade, tanto do Velho como do Novo Testamento em sua
totalidade, como a Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que
afirma e a única regra infalível de fé e prática.”
“Declaramos que cremos no poder da Palavra de Deus para
cumprir o Seu propósito para salvação, porque cremos que a
mensagem da Bíblia é dirigida a toda humanidade.”
Eles também concordaram que uma das razões por que a
evangelização não é tão atuante no mundo hoje como deveria, é
porque muitos acreditam que uma religião é igual a outra. Eles
concordaram que não é toda e qualquer religião que leva à salvação e
ao céu.
Em um dos parágrafos lemos:
“Declaramos que cremos que existe apenas um Salvador e um
Evangelho. Mesmo que haja a revelação de Deus através da
natureza, negamos que a revelação da natureza possa salvar, e
rejeitamos qualquer afirmação de que Cristo fala através de todas as
religiões e ideologias da mesma maneira. Não existe outro nome sob
o céu pelo qual devamos ser salvos. Todos os homens estão
perecendo por causa do pecado, mas Deus ama a todo homem e não
deseja que qualquer um deles pereça, mas que todos se arrependam”.
Certo estadista missionário escreveu: “A Grande Comissão é
o Estatuto da Igreja. Como qualquer outra organização, a igreja deve
cumprir os termos deste estatuto para que continue a existir”.
Voltando ao Tratado de Lausanne, a declaração mais
importante dele é: “A Evangelização Mundial requer que toda a
igreja leve todo o Evangelho a todo o mundo”. Como eles
concordaram que a igreja é o centro do propósito de Deus e escolhida
por Ele para ser o canal de divulgação do Evangelho, acrescentaram
que “o Evangelho não deve ser associado a nenhuma cultura,
nenhum sistema social ou político nem a ideologia humana”.
O Tratado também concluiu que “O papel determinante das
missões ocidentais está desaparecendo rapidamente e, como
missionários, estamos sendo muito lentos na preparação e
encorajamento de líderes nacionais que assumam suas
responsabilidades. Em toda nação e cultura deve haver programas de
treinamento para pastores e leigos de doutrina, discipulado,
evangelismo, preparação e serviço. Esses programas de treinamento
devem se basear em iniciativas locais e serem estruturados de acordo
com padrões bíblicos”.
O consenso desse tratado foi que “líderes de suas respectivas
culturas sabem alcançar e treinar seu próprio povo melhor do que os
ocidentais”.
Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):
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Sempre me encontro com líderes espirituais em outros países
e lhes pergunto: “Qual é a sua maior necessidade?”. E a resposta que
costumo obter é a seguinte: “Treinamento para nossa liderança. Essa
é a nossa maior necessidade”. Acredita-se que haja hoje no mundo
inteiro dois milhões de pastores e apenas menos de cem mil desses
pastores se formaram em seminário. Isso é verdade para muitos
deles porque a educação teológica ou bíblica é proibida e muito
difícil de ser obtida em suas culturas.
Os oito pastores que fizeram a tradução dos nossos estudos
bíblicos fizeram o seguinte comentário: “Temos procurado uma
ferramenta que possa ser compreendida pela grande maioria dos
agricultores da China. Apenas 5% do povo em nosso país tem o
privilégio de ir para a faculdade. A grande maioria compõe-se de
simples agricultores. Estávamos procurando um curso bíblico a ser
dirigido para mentalidades de doze anos de idade. Quando nos
deparamos com este estudo bíblico, vimos que é a ferramenta que
estávamos procurando”.
Isso me trouxe grande alegria porque quando me converti,
jamais me esquecerei disso, busquei alguém que pudesse fazer com
que o estudo das Escrituras fosse suficientemente simples para eu
entender. Sou muito grato porque, com vinte anos de idade, tive
como professor da Bíblia, o Dr. J. Vernon McGee. Deus usou o seu
método simples e dinâmico de ensino para abrir os 66 livros da
Bíblia para mim. Durante mais de quinze anos eu tenho feito o
mesmo por jovens convertidos. Isso se aplica principalmente em
países e culturas onde a educação bíblica é proibida e muito difícil de
ser encontrada.
A última resolução do Tratado de Lausanne afirma que a
única esperança do mundo e a única esperança abençoada da igreja é
a Segunda Vinda de Jesus Cristo. Juntos eles determinaram: “A
Promessa da Vinda de Jesus Cristo é um incentivo para nosso
evangelismo, bem como Suas palavras, dizendo que o Evangelho
deve ser pregado primeiro para todas as nações antes que venha o
fim. Cremos que o período entre a ascensão de Cristo e a Sua volta
deva ser preenchido com a missão do povo de Deus que não pode
parar até que venha o fim”. O fato do Evangelho ter que ser primeiro
pregado para toda criatura antes da volta de Cristo, deve nos motivar
a falar para outros sobre Cristo (cf. Mateus 24:14, Marcos 16:15).
Pedro nos desafiou a apressarmos o dia da volta de Cristo dessa
maneira, porque Jesus não quer que nenhum se perca, mas que todos
sejam salvos (II Pedro 3:9, 11,12).
O Tratado de Lausanne é o estatuto doutrinário do Ministério
de Cooperação Internacional, o ministério que produz o Curso
Bíblico Internacional, transmitido em todo o mundo.
Concluindo, Jesus não está preocupado com o que falamos
que conhecemos, mas com o que fazemos e com o que conhecemos,
ou seja, que sejamos obedientes como Ele foi. Jesus falou para Deus,
Seu Pai, em oração, conforme lemos em João 17:18: “Assim como
me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”.
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Minha oração é que o Curso Bíblico Internacional o ajude e o
prepare para levar as Boas Novas para o seu mundo.
Obedecer à Grande Comissão é a essência da missão do
Ministério de Cooperação Internacional e do Curso Bíblico
Internacional, que coincide com a conclusão do Tratado de
Lausanne: “Por isso, à luz dessas coisas, nossa fé e resolução é entrar
em aliança solene com Deus e com cada irmão para orarmos,
planejarmos e operarmos juntos para evangelização de todo mundo.
Convocamos todos a juntarem-se a nós. Que Deus nos ajude, pela
Sua graça e para Sua glória, a sermos fiéis a essa aliança”. Amém.
Aleluia!
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