Capítulo 1 Ele Próprio ENCONTRO COM A...
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Apostila no 16 Os Valores de Cristo (Primeira Parte)
ENCONTRO COM A PALAVRA
Apostila no 16
Os Valores de Cristo
(Primeira Parte)
Capítulo 1
Ele Próprio
Em todo mundo hoje vemos as evidências da falta de valores.
O homem não tem uma bússola interior que o guie a uma vida que
valha a pena viver. Com os índices de divórcio alcançando
proporções epidêmicas e milhões de crianças sem segurança nem
orientação encontradas num casamento estável, deparamo-nos com o
colapso dos valores familiares.
De acordo com o dicionário Aurélio, valor é “Qualidade pela
qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor
grau; mérito ou merecimento intrínseco; valia”. Aqueles que crêem
em Deus têm n’Ele um padrão absoluto do que é moralmente certo e
errado. Será que eles têm também n’Ele, o sistema de valores que os
leva à qualidade de vida que Deus planejou para o homem?
Jesus responde esta pergunta no texto de João 10:10: “... Eu
vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. Jesus não
veio ao mundo apenas para morrer pelos nossos pecados. Ele veio
também para nos ensinar Seus valores absolutos, com o Seu próprio
exemplo de vida. Ao acompanharmos nos Evangelhos, a vida da
Pessoa mais importante que já viveu sobre a terra, Jesus, nós o vemos
identificando, exemplificando e declarando Seus valores absolutos.
Uma vez que aprendemos quais são esses valores, devemos confessá-
los como nossos.
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No Novo Testamento aprendemos que devemos confessar os
nossos pecados; mas aprendemos também que devemos confessar
Jesus Cristo (cf. Mateus 10:32; Romanos 10:9). A palavra
“confessar” é composta do significado de duas palavras gregas:
“homo”, que quer dizer “a mesma coisa” e “legeo”, que se traduz por
“falar”. Quando confessamos nossos pecados, dizemos a mesma
coisa que Jesus diz a respeito deles. Quando confessamos a Cristo,
dizemos a mesma coisa que Ele diz, ou concordamos com todos os
valores que Ele exemplificou, ensinou e declarou. Devemos viver de
acordo com os valores que Ele viveu.
Uma boa maneira de começar, é vendo o que Jesus achava
dele Mesmo. Quem Jesus Cristo disse que Ele era? como
confessamos o valor de Cristo? Encontramos resposta para estas
perguntas no capitulo 3 do Evangelho de João: “Ora, ninguém subiu
ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem...
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (13, 16).
Jesus se identificou como o Filho de Deus e hoje nós somos
filhos de Deus. Mas não somos filho de Deus como Jesus O é.
Recebemos a autoridade de sermos chamados filhos de Deus porque
colocamos nossa fé em Jesus Cristo (cf. João 1:12), mas Jesus é o
“Filho Unigênito” de Deus. Ele é O filho de Deus, diferente de todos
os outros. Antes de Sua morte, Jesus orou: “... e, agora, glorifica-
me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto a ti, antes
que houvesse mundo” (João 17:5). Jesus é muito mais do que Aquele
menino que nasceu na manjedoura e que, aos 33 anos de idade
morreu numa cruz. Ele estava com Deus antes que o mundo
existisse.
Mas, além de se identificar como o Filho Unigênito de Deus,
Jesus fez outras declarações marcantes a respeito de Si mesmo. Uma
delas está relatada no diálogo com o rabino Nicodemos, no qual
Jesus afirma que deveria ser “levantado” (João 3:14), o que significa
que Ele deveria ser crucificado. “... E do modo por que Moisés
levantou a serpente no deserto”. Jesus disse a Nicodemos que Ele
deveria ser levantado porque era o Filho Único de Deus, a Única
Solução de Deus para o pecado do mundo e o Único Salvador de
Deus.
Quando Jesus Cristo declarou ser o Salvador do mundo, Ele
também afirmou que aquele que cresse n’Ele seria salvo. E isto se
aplicou não apenas àqueles que, literalmente O viram ser
“levantado”, como a todo o mundo: “Porquanto Deus enviou o Seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por Ele” (João 3:17).
No Livro de Números, no capítulo 21, versículos 6 a 9, lemos
a respeito de um episódio em que o povo de Israel estava morrendo
picado por serpentes por causa de sua constante reclamação. Mas
Deus deu instruções a Moisés para que levantasse uma serpente de
bronze no meio do acampamento no deserto e todos que com fé
olhassem para aquela serpente receberiam a cura. Jesus declarou que
do mesmo modo era necessário que Ele fosse “levantado” para que
todo aquele que n’Ele cresse tivesse a vida eterna (cf. João 3:14, 15).
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Quando Jesus disse isso a Nicodemos, Ele estava falando que
todas as pessoas deveriam nascer de novo. Nicodemos perguntou-
lhe: como alguém pode nascer de novo? Para essa pergunta Jesus
deu duas respostas. Primeiro Ele disse a Nicodemos que a atuação
de Deus na regeneração de uma alma é incompreensível, é como
vento: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes
donde vêm, nem para onde vai; assim é todo que é nascido do
Espírito” (João 3:8).
O que Jesus estava dizendo é que nunca compreenderemos
completamente, a parte do trabalho de Deus no novo nascimento.
Mas Jesus também afirmou que o homem tem sua parte importante
no processo do novo nascimento. A sua parte é crer: “Porque Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:
16). A experiência de nascer de novo acontece através da fé (nossa
parte) e do poder de criação de Deus (a parte d’Ele).
Jesus Cristo é o Salvador do mundo. Ele veio para redimir o
mundo do pecado e para gerar vida naqueles que crêem em Suas
declarações dogmáticas a respeito de Si mesmo, sobre quem Ele é, e
por que Veio ao mundo. Você acredita no que Jesus declarou a
respeito de Si mesmo? Você confessa que para você, Jesus tem o
valor e a importância que Ele declarou de Si mesmo? Jesus está
esperando pelas respostas que você dará às declarações dEle; Ele está
ansioso por perdoar os seus pecados e iniciar o milagre do novo
nascimento em sua vida.
Capítulo 2
Amor
Quando Jesus viu que já era hora de Ele ser julgado pelas
autoridades romanas e judaico-religiosas e ser crucificado, reuniu os
apóstolos, os “Enviados” que Ele tinha comissionado, para passar a
última noite com eles. João relatou o que Jesus compartilhou com
aqueles homens naquela noite dizendo: “Ora, antes da Festa da
Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste
mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim” (João 13:1). Jesus tinha plena consciência de que
Seu tempo neste mundo já havia acabado e por isso reuniu aqueles
homens para lhes mostrar todo o Seu amor por eles.
Os discípulos já tinham conhecimento do amor de Jesus
muito antes daquele momento. Durante três anos eles viram a
manifestação do amor de Jesus. João parecia estar sempre
maravilhado com o amor de Jesus por ele. No seu Evangelho vemos
algumas passagens em que ele se refere a si próprio como “o
discípulo a quem Jesus amava”. Sessenta anos mais tarde ele
dedicou o último livro do Novo Testamento a Jesus com estas
palavras: “Àquele que nos ama...”.
Todos os que tiveram o privilégio de olhar nos olhos de Jesus
conheciam o Seu amor. Por que então, aqueles últimos momentos da
Última Ceia diferem de todos os outros momentos em que aqueles
homens tiveram com Jesus? Por ocasião da Última Ceia Jesus fez o
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que um servo ou escravo deveria fazer. Ele pegou uma bacia com
água e uma toalha e lavou e enxugou os pés dos discípulos! Essa
atitude de humildade deixou aqueles homens perplexos! O
Evangelho de Lucas conta que no caminho para a Última Ceia os
discípulos disputavam qual dentre eles seria o maior no Reino do
qual Jesus estava sempre falando. Eles foram impactados pela
atitude de Jesus naquelas últimas horas (cf. João 13:1-17).
Depois de Jesus lavar-lhes os pés, perguntou-lhes:
“Compreendeis o que vos fiz?”. A resposta parecia ser óbvia; Ele
tinha acabado de lhes lavar os pés! Mas a resposta que Jesus queria
deles encontra-se nas palavras de João: “... tendo amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até o fim”. Ao lavar os pés dos
discípulos, Jesus mostrou que os amava.
Jesus os amou; e eles, da sua maneira imperfeita retribuíram
esse amor. Jesus tinha estabelecido uma aliança com eles: “Vinde
após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4:19). Por
três anos eles viveram nessa aliança com Jesus e durante esse tempo
descobriram que o amor era a força motriz dessa aliança. Jesus os
amou de uma maneira como eles nunca antes tinham sido amados; e
fez deles o que eles jamais sonharam que seriam. Talvez nunca lhes
tivesse ocorrido que entre eles também deveria ser estabelecida uma
aliança de amor.
No meio da última reunião que teve com aqueles homens,
Jesus lhes deu novo mandamento e os desafiou a estabelecer uma
nova aliança: “Novo mandamento vos dou: que vos amei uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos
outros” (João 13:34).
Quando Jesus deu esse mandamento, Ele identificou o tipo de
amor com o qual eles deveriam amar uns aos outros. Eles deveriam
se amar com o mesmo amor com que Jesus os tinha amado; deveriam
lavar os pés uns dos outros como Jesus tinha lavado os seus pés.
Eu sempre imaginei um apóstolo olhando para o outro e
pensando qual o significado de obedecer àquele novo mandamento.
Um dos apóstolos era coletor de impostos para os romanos; outro era
um zelote, um tipo de guerrilheiro da resistência à conquista da
Palestina pelos romanos. Agora imagine esses dois se olhando,
naquela mesa, e pensando: “Eu amá-lo?”. E a esposta era: “Sim!
Você mesmo! Você deve lavar os pés dele. Porque quando o mundo
souber que um zelote está lavando os pés de um publicano, saberá
que vocês são Meus discípulos”.
A maneira mais eficiente de ensinar os nossos filhos a amar, é
amando-os, e fazendo-os ver que seus pais os amam. Jesus estava
dizendo aos discípulos que os tinha treinado e comissionado durante
três anos para que eles proclamassem o Evangelho do amor para o
mundo. Quando Jesus deu esse novo mandamento, estava dizendo
que a melhor maneira de ensinar o amor é olhar para a pessoa que
está do outro lado, comprometendo-se a amá-la como Jesus nos ama.
Esse novo mandamento deu origem a uma nova comunidade
que mais tarde foi chamada de Igreja. Jesus deixou claro que se eles
amassem uns aos outros como Ele os amou, estariam sendo
destacados neste mundo: “Nisto conhecerão todos que sois meus
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discípulos; se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35). E foi
exatamente isso que aconteceu. Depois que Cristo subiu ao céu, o
Espírito Santo veio sobre os crentes e aconteceu o nascimento da
Igreja.
Aplicação Pessoal
Você confessa os valores de Cristo? O amor é a força motriz
que impulsiona o seu relacionamento com outros crentes? Você
confessa os valores de Cristo todos os dias amando as pessoas com
quem convive? Quando essas pessoas olham para você, elas sabem
que você as ama com o amor de Cristo? Jesus nos ensinou a: amar
quando olhamos para cima, para dentro de nós mesmos e ao nosso
redor (cf. Mateus 22:36–40). Ele ensinou que devemos amar a Deus
plenamente, amar a nós mesmos corretamente e amar o próximo
incondicionalmente. Você confessa esses valores ensinados por
Jesus?
Capítulo 3
O Seu Ensino
Podemos observar o valor que Jesus deu à Palavra de Deus, à
medida que acompanhamos os Seus passos através dos Evangelhos.
Você já observou o que Ele disse a respeito do Seu próprio ensino?
Jesus sempre valorizou as Escrituras. Uma pergunta preferida que
Ele fazia aos líderes religiosos, escribas e fariseus era esta: “Nunca
lestes nas Escrituras...?” (cf. Mateus 2l: 42).
Quando Jesus ensinava, dizia qual era o Seu ensino, o efeito
do Seu ensino na vida das pessoas e como o Seu ensino deveria ser
abordado. Exemplo: “Ninguém põe remendo de pano novo em veste
velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura.
Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário rompem-se os
odres, derrama-se o vinho e os odres se perdem. Mas põe-se vinho
novo em odres novos, e ambos se conservam” (Mateus 9:16–17).
Jesus usou essa parábola para ajudar seus ouvintes a
compreender o valor do Seu ensino. A palavra “parábola” é formada
de outras duas gregas: “para”, que significa “ao lado de” e “ballo”,
que significa “jogar”. Uma parábola de Jesus, portanto, é uma
ilustração colocada ao lado de uma verdade que pretendia ensinar.
Nesta passagem encontramos duas parábolas com
significados semelhantes. A primeira é uma ilustração referente a
roupas remendadas. Dizem que uma costureira nunca coloca um
pedaço de pano novo sobre um pano velho porque podem acontecer
dois desastres: o pano novo repuxar o pano velho e fazer um buraco
ainda maior e também porque o pedaço de pano novo vai contrastar
muito com o pano velho.
Nessa parábola Jesus ensinou que Suas palavras não deveriam
ser como um remendo novo no ensino velho das autoridades
religiosas. O Seu ensino era novo e a evidência disso está no Sermão
da Montanha, no qual Jesus diz seis vezes: “Ouviste que foi dito...
Eu, porém, vos digo...”. O ensino de Jesus era diferente e não podia
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ser usado como um remendo novo sobre o ensino que o povo recebia
dos escribas e fariseus. A diferença entre os dois ensinos era muito
grande para se tentar mesclar um com o outro.
Com esta parábola Jesus deixou clara a incompatibilidade que
havia entre o Seu ensino e o ensino dos líderes religiosos. Jesus
estava dando um alerta contra o ensino das autoridades religiosas e
preparando Seus discípulos para uma nova visão da Palavra de Deus.
A seguir Ele deu outro ensino com a parábola do vinho e dos
odres (bolsas de couro onde o vinho era fermentado durante vários
meses). Quando há fermentação, o vinho se expande e aumenta a
pressão na bolsa. Por causa desse processo, nunca se deve colocar
vinho novo (suco de uva) em uma bolsa de couro velha, porque a
pressão causada pela fermentação do vinho pode causar o
rompimento da bolsa de couro. Por isso o vinho novo deve ser
colocado em uma bolsa feita com couro novo e flexível, de forma
que o vinho e o couro se dilatem juntos.
Mais uma vez Jesus estava mostrando a diferença entre os
dois os dois ensinos. O Seu ensino sendo comparado ao vinho novo
(não fermentado) e o ensino dos líderes religiosos, à bolsa velha de
couro. Se Jesus ensinasse dentro do contexto da religião
estabelecida, a pressão do ensino novo de Jesus explodia a tradição
religiosa. Esta foi outra forma que Ele encontrou para dizer que o
Seu ensino era incompatível com o ensino e toda tradição religiosa
dos escribas e fariseus.
Jesus também valorizou o que o Seu ensino faria naqueles
que o abordassem corretamente. Ele alertou Seus discípulos sobre a
pressão que Seu ensino lhes causaria. Se eles fossem como bolsas de
couro velho, não permitiriam as mudanças que Seu ensino causaria
em suas vidas. O ensino de Jesus poderia fazer com que suas mentes
“explodissem”, como as bolsas de couro velho.
O ensino de Jesus era revolucionário. Por isso ele alertou que
devemos estar dispostos a permitir as mudanças que ele pode causar
em nossas vidas. A metáfora do vinho novo em odres velhos refere-
se ao milagre do novo nascimento. Quando nascemos de novo,
somos como odres novos que suportam o vinho novo do ensino de
Jesus.
Você confessa, diz a mesma coisa sobre o ensino de Jesus?
Você confessa tudo o que Ele disse a respeito do Seu ensino? Você
está disposto a ser um odre novo para receber o ensino de Jesus a fim
de fazer parte da sua vida?
Capítulo 4
Julgamento
Qual o seu conceito de julgamento? Normalmente ouvimos
muitas piadas sobre julgamento. Muita gente não leva o julgamento
a sério. De acordo com as Escrituras julgamento é coisa séria.
Alguns crentes parecem pensar, quando se trata de julgamento, que é
como um exame final de teologia. Mas vamos observar o valor que
Jesus deu ao julgamento e qual o Seu conceito a respeito deste
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assunto: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos
os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas
as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos
outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as
ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei
aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai
na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do
mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me
destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me
vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então,
perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e
te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos?
Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos
visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que,
sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes” (Mateus 25:31–40).
Nessa descrição de julgamento, não vemos nenhuma menção
a teologia, mas a compaixão e pessoas feridas. Vemos neste texto
um desafio a respeito dos valores de Jesus: os doentes, os solitários,
famintos, sedentos, o que não tem com que se vestir e os
aprisionados, estes são os feridos deste mundo com quem Jesus
passou a maioria do Seu tempo enquanto esteve na terra.
Jesus se referiu a essas pessoas como Seus irmãos. Quem são
esses pobres? Certa vez Jesus referiu-se àqueles que fazem a
vontade de Deus, como sendo sua mãe, seu pai e seus irmãos (cf.
Mateus 12:50). Nos primeiros três séculos da história da igreja, ser
cristão era considerado um ato criminoso. Os cristãos eram
perseguidos porque faziam a vontade de Deus. Mas, de acordo com
Jesus, todos se encontrarão no julgamento.
Entenda bem. Sabemos que a salvação não depende de obras
sociais nem de qualquer tipo de boas obras. Em todas as suas cartas
Paulo enfatizou a verdade do Evangelho – que nossa fé no que Cristo
fez por nós na cruz é a base da nossa salvação; e toda a Bíblia ensina
que nossas boas obras dão validade à fé que nos salva.
Esta passagem do capitulo 25 de Mateus refere-se ao
julgamento como uma avaliação da vida dos crentes. As três
parábolas ensinadas neste capítulo ensinam que a Segunda Vida de
Jesus Cristo será um julgamento para aqueles que se apresentarem
com coração e mãos vazios. Todos que um dia professaram sua fé
em Cristo e se apresentarem com mãos e corações vazios, estes
invalidaram sua fé e ouvirão do Senhor: “Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos...
sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim
o deixastes de fazer” (Mateus 25: 41, 45).
Qual o valor que damos aos feridos deste mundo? Nós os
alimentamos, os vestimos, saciamos sua sede? Nós os visitamos,
oferecemo-lhes nossa hospitalidade, procuramos fazê-los sentirem-se
melhor? Será que nosso coração se enche de compaixão pelos
necessitados do amor de Deus? O povo ferido deste mundo faz parte
do sistema de valores de Cristo. Afinal, Ele veio “evangelizar os
pobres, proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos
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cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano
aceitável do Senhor” (Lucas 4:18–19).
“Quem é Ele?”
O Novo Testamento começa com um sábio perguntando:
“Quem é Ele?”. Se você quiser descobrir quem Ele é e onde Ele está
hoje, olhe para onde o amor do Cristo ressuscitado está sendo
canalizado; para os feridos deste mundo.
Você confessa os valores que Jesus Cristo deu aos feridos
deste mundo? Você está disposto a pedir ao Cristo vivo que o
posicione estrategicamente entre o Seu amor, o que Ele é, e toda a
dor deste mundo ferido? Você está disposto a ser um canal de tudo o
que Jesus quer ser para aqueles que sofrem neste mundo? Se você
fizer esta oração que estou propondo, descobrirá onde o Cristo vivo
está hoje e onde você quer passar a sua vida daqui pra frente.
Capitulo 5
Liberdade
Quando esteve neste mundo, algumas vezes Jesus se irritou
com os líderes religiosos, porque Seus valores batiam de frente com
os deles. Ele ensinava o oposto do que eles ensinavam e quando
respondia às suas perguntas eles ficavam confusos, e, além disso,
consideravam que Jesus andava acompanhado de pessoas que
pertenciam à baixa escala da sociedade. Tudo o que Jesus fazia
parecia ir contra a Lei na qual eles se sustentavam e por isso estavam
sempre procurando uma maneira de confrontá-lO. Certa ocasião
Jesus curou um homem no dia de Sábado e mandou que ele pegasse a
cama sobre a qual ficava e a levasse pela rua em frente ao Templo
(cf. João 5:2–17). A Lei proibia que qualquer carga fosse carregada
no dia de Sábado, por isso o que Jesus fez foi uma desobediência à
Lei (cf. Êxodo 20:9–11; Jeremias 17: 21,22).
É evidente que esta cura foi uma estratégia de Jesus para
iniciar uma longa discussão com os escribas e fariseus, registrada nos
capitulo 5 a 8 do Evangelho do João. Nesse diálogo Jesus faz várias
declarações sobre quem Ele é e porque veio a este mundo. A maioria
dos judeus que ouviu essas declarações, desprezou-O e desejou que
Ele fosse preso ou apedrejado até a morte, mas no final da discussão,
alguns crerem em Jesus. Aos que creram Jesus disse: “Se vós
permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus
discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João
8:31–32). Nessa conversa Jesus também mostrou o valor do Seu
ensino – aqueles que permanecem na Sua palavra encontrarão
liberdade espiritual.
As pessoas acham que crer é só uma questão de fé e que
depois de crer, pode-se continuar a vida como se nada tivesse
acontecido. Mas não foi assim que Jesus ensinou aos que creram.
Àqueles que criam Jesus enfatizava a importância do Seu ensino. Ele
dizia que se eles criam, deveriam permanecer na Sua palavra, serem
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discípulos verdadeiros e, então, a verdade que lhes fora revelada no
Seu ensino os faria livres.
Um discípulo é um aprendiz. Um aprendiz passa duas
semanas tendo aulas teóricas e duas semanas tendo aula prática. Ele
pratica tudo o que aprende e só então recebe mais lições teóricas.
Um discípulo é aquele que pratica o que aprende e aprende o que
pratica. Os doze apóstolos são um grande exemplo do que significa
ser um discípulo de Jesus. Eles foram discipulados (treinados) por
Jesus durante três anos. Jesus ensinou-os, colocou em prática tudo o
que lhes ensinou e os treinou.
Ao dizer “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
(32), Jesus se referiu ao conhecimento através de um relacionamento.
Se você permanece na Sua Palavra e A coloca em prática, passará a
ter um relacionamento com Aquele que é a Verdade e este
relacionamento com Ele o libertará.
De acordo com o ensino de Jesus, crer n’Ele e tornar-se Seu
discípulo envolve um processo de três etapas. Primeiro cremos que
Jesus é o único Filho de Deus, a única Solução de Deus para o
pecado e o único Salvador de Deus. Depois O seguimos
permanecendo na Sua Palavra. À medida que O Seguimos como
discípulos autênticos, passamos a conhecer o próprio Cristo Vivo. E
quando isso acontece, Ele nos liberta. E quando Ele nos liberta,
somos verdadeiramente livres!
Você conhece o Cristo Vivo e Ressurreto desta maneira?
Você tem experiências pessoais com Jesus? Você tem um
relacionamento com Ele? Este relacionamento já o libertou da prisão
do pecado? Se você quer confessar os valores de Jesus, creia n’Ele,
permaneça na Sua Palavra, torne-se um discípulo autêntico, vá além
das páginas sagradas, e passe a ter um relacionamento com a Palavra
Viva e aí você será verdadeiramente livre!
Capitulo 6
Perdão
Quando Jesus foi convidado para jantar na casa de um fariseu
chamado Simão, identificou o perdão como mais um dos Seus
valores (cf. Lucas 7:36–50). Naquele tempo quando se recebia
alguém em casa, o dono da casa dava um beijo de boas vindas no
hóspede e oferecia bacia com água para lavar-lhe os pés e óleo para
ungir-lhe a testa. Quando Jesus chegou na casa de Simão não
recebeu esse tratamento costumeiro. Mas estava ali uma mulher
conhecida na cidade como pecadora, e que provavelmente já tivesse
se encontrado com Jesus em outra ocasião, e recebido salvação e
perdão dos pecados. Ela deve ter ouvido que Jesus estava jantando
com Simão e foi até à casa dele. Quando ela viu que Simão não tinha
demonstrado hospitalidade para com Jesus, começou a molhar-lhe os
pés com suas lágrimas e a secá-los com o seu cabelo. Depois ela
ungiu os pés de Jesus com um óleo muito perfumado e muito caro.
Ao ver tudo isso Simão julgou consigo mesmo: “Se este fora
profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é
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pecadora” (Lucas 7:39). Conhecendo os pensamentos de Simão,
Jesus proferiu a seguinte parábola: “Certo credor tinha dois
devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta.
Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos.
Qual deles, portanto, o amará mais?”. Simão respondeu: “Suponho
que aquele a quem mais perdoou”. E Jesus respondeu: “Julgaste
bem” (Lucas 7:41-42).
Nesta parábola que foi aplicada ao que aconteceu na casa de
Simão envolvendo a mulher, Jesus deixou bem claro o valor do
perdão dos nossos pecados. Acompanhe a continuação do texto: “E,
voltando-se para a mulher, disse a Simão: ‘Vês esta mulher? Entrei
em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os
meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me
deste ósculo (beijo); ela, entretanto, desde que entrei não cessa de
me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com
bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os
seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem
pouco se perdoa, pouco ama” (44–47).
Simão não achava que os seus pecados tivessem sido um
grande débito a ser perdoado. Era como se o perdão alcançado
tivesse sido por uma dívida de apenas cinqüenta denários. Mas
aquela mulher aos pés de Jesus, achava que a sua dívida perdoada
tinha sido muito grande e por isso caiu aos pés dEle em completo
amor e adoração. Jesus identificou a importância do valor do perdão
concluindo: “... perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque
ela muito amou”.
Isso não quer dizer que o nosso perdão dependa do quanto
amamos. Jesus disse à mulher que ela tinha sido salva por causa da
sua fé: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (4:50). O amor daquela
mulher por Jesus foi uma confirmação da sua fé no perdão e na
salvação que recebeu, enquanto que a atitude de Simão em relação à
mulher pecadora foi uma evidência da sua falta de fé. Jesus aprovou
a atitude da mulher ao aceitar a sua adoração de amor e lhe perdoou
os pecados porque ela valorizou o Seu perdão.
Se você confessa o valor que Jesus deu ao perdão e se você se
identifica com aquela mulher é porque se reconhece pecador; se sua
culpa faz o seu pecado parecer um grande débito que você gostaria
de ver cancelado, entenda que Jesus veio e morreu numa cruz para
que a sua dívida de pecado fosse cancelada. Se os seus pecados
foram perdoados, pela fé valorize o seu perdão de forma que você
não sinta nada mais, além de compaixão por aqueles que como
aquela mulher, amaram muito porque seus pecados foram perdoados.
Nunca se esqueça de que Jesus nos ensinou a orar diariamente: “...
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos
nossos devedores”.
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Capitulo 7
Salvação
O ministério público de Jesus começou numa sinagoga na
Galiléia, na cidade de Nazaré, onde Jesus, na presença do povo, leu
esta passagem do livro de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos,
para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor” (Isaías 61:1-2 e Lucas 4:18–19).
Depois de pregar o sermão que iniciou o Seu ministério
público, Jesus começou a pregar Sua mensagem simples, intitulada
pelos teólogos como “O Manifesto do Nazareno”. Este manifesto era
a visão que Jesus tinha da Sua missão neste mundo. Nele Jesus
declarou que veio ao mundo trazer salvação aos cegos espirituais e
cegos físicos, aos cativos e aos feridos que O interceptassem,
expressando compaixão por eles e manifestando todos os aspectos da
salvação para suas vidas.
Mas outro grupo de pessoas, os fariseus, interceptava Jesus
todos os dias. Os fariseus faziam parte de uma ordem religiosa de
judeus devotos que se dedicava à preservação das doutrinas
ortodoxas do judaísmo. De certa forma, eles eram muito dedicados;
eram os fundamentalistas da religião judaica.
Os fariseus não se viam espiritualmente cegos nem
necessitados e pareciam estar sempre à margem do ministério de
Jesus, apontando-lhe o dedo e acusando-O de transgressor da Lei de
Moisés. Jesus ficava irritado com os fariseus por causa da dureza de
seus corações e do sentimento de superioridade. Mas Jesus passou
tempo com eles, conversou e discutiu. Jesus queria que eles
conhecessem o valor espiritual da lei que eles tanto valorizavam.
Jesus dirigiu o seu ministério aos perdidos deste mundo, a
quem Ele muito valorizou, ao mesmo tempo em que o dirigiu aos
fariseus, a quem Ele ensinou A Parábola das Coisas Perdidas (Lucas
15). Depois de uma pregação em que Jesus falou sobre o preço de
ser um de Seus discípulos, pecadores O cercaram, desejando estar
mais perto d’Ele para ouvir os Seus ensinamentos. Os fariseus e
escribas se afastaram de Jesus, formando um círculo mais externo, e
passaram a criticá-lO por se reunir com um grupo de pecadores.
Os fariseus não se consideravam perdidos e também não
tinham compaixão daqueles que o eram. No meio desses dois
círculos Jesus ensinou a parábola das coisas perdidas. Na verdade,
Ele a dirigiu às pessoas do círculo externo, aos fariseus, a fim de
explicar o que estava acontecendo no círculo interno, o círculo dos
publicanos e pecadores que estavam sendo salvos. Com este sermão
Jesus estava convidando os fariseus a entrar no círculo interno e
participar com Ele da Sua missão de buscar e salvar o perdido. O
desafio que Jesus fez ao círculo externo foi: “Há alegria no céu
quando um perdido é achado; por que vocês também não se alegram?
Quando vocês olham para estas pessoas, enxergam apenas
publicanos e pecadores. Mas Deus os vê como ovelhas perdidas,
filhos e filhas perdidos”. Esta é a mensagem central da Parábola das
Coisas Perdidas e da estória do Filho Pródigo.
12
Na segunda metade da parábola do Filho Pródigo lemos como
o filho mais velho reagiu à volta do seu irmão: “Ora, o filho mais
velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da
casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e
perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu
pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.
Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava
conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te
sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um
cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém,
esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu
mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o
pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.
Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos,
porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi
achado” (Lucas 15:25–32)
De certa forma o filho mais velho estava mais perdido do que
o filho pródigo; seus valores eram diferentes dos valores de seu pai.
O filho mais velho é uma figura dos fariseus que ficavam à margem
do milagre de salvação dos perdidos, sem querer participar da alegria
de salvação e arrependimento dos pecadores. Como o filho mais
velho, os fariseus estavam contrariados e não queriam participar da
festa do milagre de vida daqueles que eram perdidos e foram
achados.
O pai se alegrou com o retorno do filho perdido, enquanto o
filho mais velho ficou contrariado com as boas vindas dadas ao seu
irmão rebelde. Assim como o pai que saiu da festa e convidou o
irmão mais velho para participar daquela celebração, Jesus convidou
os fariseus para participarem da alegria pelo arrependimento dos
pecadores. Jesus estava fazendo um convite aos fariseus para que
participassem do Seu ministério, que era – alcançar os
espiritualmente pobres mencionados no Seu Manifesto e valorizados
durante o tempo do Seu ministério.
Você confessa o valor que Jesus deu aos perdidos deste
mundo? Como você se sente quando se depara com os pecadores?
Será que sua convivência na igreja não o alienou da dura realidade
em que vive uma pessoa que está em pecado? Você compartilha o
mesmo amor e a mesma compaixão pelos perdidos que há no Cristo
que vive em você? Cuidado para não se tornar como um daqueles
fariseus, que não compreendiam o amor de Cristo pelo pecador.
Somos apenas veículos do Cristo Vivo para a recuperação do
homem perdido. No contexto da Parábola das Coisas Perdidas,
confesse o valor que Jesus deu aos perdidos. Entre para o círculo
interno e participe com Ele da missão de dar visão aos
espiritualmente cegos, liberdade aos cativos e cura aos feridos e
quebrantados deste mundo.
13
Capítulo 8
A Ultima Autoridade
O credo da igreja pergunta: “qual é a autoridade máxima da
nossa fé e prática?”. Em que autoridade firmamos nossa fé? Em que
cremos e como tudo isso interfere na nossa vida? A resposta para
estas perguntas tem duas opções: Deus ou o homem. Podemos
fundamentar nossas vidas na revelação de Deus ou no raciocínio
humano.
Jesus sempre deu muito valor às Escrituras. Suas primeiras
palavras registradas nos três primeiros Evangelhos são: “Está
escrito...”. Jesus respondeu algumas vezes aos fariseus dizendo “...
nunca lestes nas Escrituras?”. Os fariseus costumavam memorizar
os cinco primeiros livros da Bíblia; eles eram doutores nas
Escrituras; especialistas na Palavra de Deus. O próprio Jesus
reconheceu isso quando disse: “Examinais as Escrituras...” (João
5:39). Mas Ele continuou dizendo que essa atitude deveria levá-los
ao Messias vivo que estava diante deles: “Examinais as Escrituras,
porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para teres vida”
(João 5: 39–40).
Apesar de serem doutores na Bíblia, não era na autoridade da
Palavra de Deus que eles firmavam sua fé e prática. Por isso Jesus
sempre lhes perguntava: “... nunca lestes nas Escrituras?”. Se a
Palavra de Deus fosse a autoridade para a fé deles, eles não teriam
questionado Jesus da maneira que o fizeram. Muitas de suas práticas
eram uma evidência de que eles não tinham o verdadeiro espírito da
Lei de Deus.
Certa vez, num sábado, Jesus estava andando com Seus
discípulos por um campo onde havia grãos. Eles estavam com fome
e, à medida que caminhavam alimentaram-se daqueles grãos. Os
fariseus perguntaram a Jesus por que Seus discípulos tinham
desobedecido a Lei. Jesus respondeu: “Nunca lestes o que fez Davi,
quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus
companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo
sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é
lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam
com ele?” (Marcos 2: 25 e 26). Jesus citou o exemplo de Davi que
buscou o pão do templo quando estava com fome, o que, de acordo
com a Lei era permitido apenas para os sacerdotes (cf. I Samuel
21:1–6). Aquele pão representava a promessa de Deus de satisfazer
todas as nossas necessidades e se relaciona com a oração que Jesus
fez: “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mateus 6:11).
Em outra ocasião os fariseus estavam discutindo a questão do
casamento com Jesus, com a intenção de levá-lO a se posicionar
contra a Lei de Moisés. Eles sabiam que Jesus falaria sobre a
indissolubilidade do casamento. Eles confrontaram Jesus dizendo
que Moisés tinha permitido que o homem desse carta de divórcio à
sua mulher. Se Jesus contrariasse Moisés, os fariseus teriam de que o
acusar. Mas Jesus lhes respondeu: “Não tendes lido que o Criador,
desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa
deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os
14
dois uma só carne?... Por causa da dureza do vosso coração é que
Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim
desde o princípio” (Mateus 19: 4–5, 8).
Jesus usou as Escrituras para mostrar que Moisés permitiu o
divórcio por causa da dureza de coração dos homens em relação às
suas mulheres. A carta de divórcio permitia certas garantias e
direitos às mulheres e sua função era evitar que o homem
abandonasse a mulher sem qualquer provisão. Foi a isso que Moisés
e Jesus se referiram quando falaram da “dureza de coração” do
homem.
Com este ensino Jesus mostrou que não mudaria em nada a
lei, antes a Lei de Deus e de Moisés seria cumprida integralmente.
A Palavra de Deus era a base para tudo o que Jesus ensinava.
Ele mostrou que as Escrituras eram Sua autoridade e base de fé e
prática. E a pergunta que Jesus fazia aos fariseus, “Não tendes lido
que... ?”, pretendia mostrar aos fariseus que eles não tinham as
Escrituras como autoridade máxima nem como base de fé e prática.
Suas práticas, seus valores e ensinos revelavam que as tradições eram
a autoridade máxima de sua fé e prática. Se eles cressem e
compreendessem as Escrituras, não se oporiam tanto a Jesus.
Você afirma a mesma coisa que Jesus afirmava a respeito das
Escrituras? Você mostra através dos seus valores, das suas palavras,
e da sua vida, que a Palavra de Deus é a autoridade máxima para sua
fé e prática? Hoje vivemos numa sociedade onde não há direção nem
padrão absoluto de moral para se enfrentar as questões morais e
éticas. Hoje pessoas sem padrão absoluto de ética ou moral têm
tomado decisões que acarretam sérias conseqüências. Nunca foi tão
importante confessarmos o valor que Jesus deu à Palavra de Deus.
Hoje é preciso que aqueles que tomam decisões sejam confrontados
com a pergunta de Jesus: “Vocês nunca leram isto nas Escrituras?”.
Capítulo 9
Obediência
As adversidades porque passamos são inevitáveis. Não há
como impedi-las. Elas fazem parte do nosso dia-a-dia porque
vivemos num mundo decaído. Apesar de não termos controle sobre
as adversidades que enfrentamos, podemos ter, de como responder a
elas. A nossa resposta é determinada pelo nosso sistema de fé,
conforme Jesus nos ensinou no final do Sermão da Montanha: “Todo
aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será
comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a
rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e
deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora
edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas
palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato
que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva,
transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto
contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína”
(Mateus 7:24–27).
15
Nesta passagem Jesus descreve um episódio que envolve dois
homens – um que construiu sua casa sobre a rocha e outro que a
construiu sobre a areia. Os dois enfrentaram a mesma tempestade,
mas apenas a casa construída sobre a rocha resistiu firme. Já
dissemos que todo mundo passa por adversidade – todo mundo passa
por tempestades na vida, independente da casa que construiu. A
questão é saber se a casa que você construiu resistirá à tempestade.
A diferença básica entre esses dois homens é como, e onde eles
construíram suas casas.
O próprio Jesus interpretou essa metáfora. Ele disse que o
homem sábio foi aquele que ouviu Seus ensinos e os praticou (24); o
insensato é o que os ouviu e escolheu não aplicá-los à sua vida (26).
Apenas ouvir os ensinos de Jesus não fortaleceu sua casa; afinal, os
dois os ouviram. Foi a aplicação das palavras de Jesus que fez a
diferença. A rocha sobre a qual o sábio construiu sua casa, isto é, sua
vida, não tinha a ver com ouvir, entender, memorizar, citar, nem
ensinar as palavras de Jesus para os outros. A sabedoria está em
colocar o conhecimento em prática. O homem sábio tem o
conhecimento tirado das palavras de Jesus e aplica-o à sua vida.
Quando vem a tempestade - e ela vem para todos, o sistema de fé,
que é a aplicação do ensino de Jesus, faz-nos resistir à tempestade.
Logo depois de pregar o Sermão da Montanha Jesus
atravessou o mar da Galiléia com Seus discípulos. No meio da
travessia começou a cair uma tempestade. Os apóstolos entraram em
pânico, mas Jesus dormia. “Mas os discípulos vieram acordá-lo,
clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! Perguntou-lhes, então,
Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-
se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. E
maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos
e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:25–27).
Este episódio também registra uma grande tempestade e uma
grande calmaria e, entre esses dois acontecimentos extremos, uma
pergunta de Jesus: “Por que sois tímidos, homens de pequena fé?”.
No Evangelho de Marcos lemos um pouco diferente: “Como é que
não tendes fé?” (Marcos 4:40). Nessa história os apóstolos eram
como aquele homem insensato que construiu sua casa sobre a areia e
quando veio a tempestade, ela caiu. Quando a tempestade caiu sobre
o barco, a fé deles também caiu. Eles foram insensatos porque
ouviram as palavras de Jesus, mas não as colocaram em prática; não
puseram sua fé em prática – a fé que Jesus era Quem Ele dizia ser, e
que jamais permitiria que seu barco afundasse. Eles entraram em
pânico! Eles foram confrontados pela adversidade e por um sistema
de fé que não estava fundamentado na rocha, de acordo com a
metáfora de Jesus, mas estava alicerçada sobre a areia.
Jesus nunca prometeu que nos não viria adversidade se O
seguíssemos. Na verdade Ele deixou claro que segui-lO poderia nos
trazer adversidade: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). Jesus prometeu que aqueles
que ouvissem Suas palavras e as praticassem, veriam as grandes
tempestades da vida se transformarem em grandes calmarias. Ele
também prometeu que a casa destes resistiria às tempestades. Mas a
condição para que esta promessa se cumpra, é deixar que Suas
16
palavras penetrem em nossas vidas e transformem o nosso viver.
Devemos ir além do simples ouvir e compreender as palavras de
Jesus. Devemos fazer do Seu ensino parte vital das nossas vidas.
Capítulo 10
Os Feridos
Jesus sempre valorizou as pessoas, principalmente os feridos
e necessitados de cura espiritual e física. Em várias ocasiões Jesus
foi movido por compaixão para curar pessoas que tinham sido
excluídas da sociedade. Numa delas Jesus tocou os olhos de dois
homens cegos que gritavam pedindo cura, enquanto a multidão os
repreendia (Mateus 20:29–34); Jesus estendeu a mão e purificou um
leproso que se aproximou d’Ele, apesar de os leprosos serem
rejeitados pela sociedade (Marcos 1:40–42); Jesus restaurou a mão
ressequida de um homem num dia de Sábado, mesmo que por esse
motivo, os fariseus conspirarem contra Ele (Marcos 3:1–6). Estes
exemplos mostram como Jesus era movido por compaixão pelos
feridos e se entristecia com a dureza de coração dos homens.
Além de ter compaixão por aqueles que passavam pelo Seu
caminho, Jesus também tinha compaixão pelas multidões que O
seguiam: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando
nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte
de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se
delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é
grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da
seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9:35–38).
O texto original grego diz que Jesus soluçou de tanto chorar
ao ver as multidões, tão grande era Sua compaixão por elas. Mas
além de ter compaixão pelos feridos, Jesus também tinha uma
estratégia específica para ajudá-los em suas necessidades – uma
estratégia que envolvia Seus discípulos.
Todas as vezes que Jesus via as multidões sofrendo, Ele
intensificava o treinamento dos discípulos. No texto citado acima,
Jesus disse: “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores
são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara”. No final do capitulo 4 de Mateus
lemos que uma multidão de pessoas de vários países se aglomerou ao
redor de Jesus. Ele então chamou seus discípulos para o alto de uma
montanha onde realizou um retiro e nesse retiro que Jesus recrutou os
doze apóstolos.
Nos capítulos 14 e 15 do Evangelho de Mateus lemos que
Jesus alimentou multidões de cinco e de quatro mil pessoas. “... viu
Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus
enfermos” (Mateus 14:14). E depois disse: “Tenho compaixão desta
gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que
comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça
pelo caminho” (15:32). Nas duas ocasiões Jesus instruiu os
discípulos para que alimentassem o povo com alguns peixes e
17
pedaços de pão que Ele multiplicou, até que as multidões fossem
alimentadas.
Essas passagens bíblicas relatam dois grandes milagres de
Jesus e a Sua visão missionária. Jesus posicionou Seus discípulos de
maneira estratégica entre Ele e a multidão e através das mãos deles
passou Sua provisão para as multidões. É exatamente assim que
Cristo quer satisfazer as necessidades dos feridos deste mundo – Ele
quer passar Ele próprio, o Pão da Vida, para os feridos deste mundo,
através das mãos da Sua igreja.
Você é como um desses feridos no meio da multidão,
desejando se aproximar de Jesus para que Ele lhe passe “O Pão” que
Ele tem para você? Deixe que Ele toque o seu coração para que você
conheça o propósito da Sua vinda a este mundo e pelo qual Ele vive
dentro da igreja e através dela hoje. Ele quer tocar no coração de
pessoas como você.
Para isso você se dispõe a confessar o valor que Jesus deu aos
feridos deste mundo? Diferente das autoridades religiosas que não
manifestavam amor nem compaixão pelos necessitados, Jesus estava
sempre pronto a atender aquele que necessitava d’Ele. Jesus
desafiou a todos nós, Seus discípulos, a dizer a mesma coisa que Ele
disse sobre o valor de alimentar o faminto e ferido com o Pão da
Vida. Quando você passar por alguém com fome ou ferido, lembre-
se do valor que Jesus deu a essas pessoas e peça que o Cristo Vivo
passe do Seu amor, Sua luz e vida para elas através de você.
Capítulo 11
“Eu Sou”
O Evangelho de João é a biografia de Cristo que enfatiza as
declarações de Jesus a respeito da Sua identidade e missão neste
mundo. Nesse Evangelho encontramos a declaração da missão de
Jesus e depois a resposta à pergunta que Ele fez aos apóstolos:
“Quem vocês dizem que eu sou?”. Quando declaramos que Jesus é o
que Ele declarou ser, estamos confessando verdadeiramente Jesus
Cristo.
No capitulo 3 de João vimos que Jesus se auto-declarou como
único Filho de Deus, única Solução de Deus para o pecado do mundo
e único Salvador de Deus para o mundo, para você e para mim,
particularmente. Se quisermos que Ele seja o nosso Salvador,
devemos confessar os valores que Ele deu a Ele mesmo.
No Evangelho de João lemos o relato da conversa que Jesus
teve com uma mulher junto ao poço de Sicar na região de Samaria.
Quando ela quis saber porque Ele, um judeu, estava conversando
com ela, Jesus respondeu: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o
que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água
viva” (João 4:10).
A mulher então perguntou a Jesus se Ele era maior do que o
pai Jacó, que lhes havia dado aquele poço, ao que Jesus respondeu:
“Quem beber desta água, tornará a ter sede; aquele, porém, que
beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a
água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”
18
(João 4:13–14). Ao perceber que Jesus tinha poder para lhe dar
dessa água e para afirmar que ela já tinha tido cinco maridos e o
homem com quem estava vivendo não era seu marido, ela o chamou
de profeta (cf. João 4: 19).
Jesus continuou a intrigar a mulher com Suas respostas até
que ela finalmente fez referência ao Messias: “Eu sei, respondeu a
mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier,
nos anunciará todas as coisas” (25). Jesus lhe respondeu: “Eu o sou,
eu que falo contigo” (26).
Mais tarde, não só a mulher como alguns samaritanos que ela
conhecia, professaram que Jesus era o Cristo: “Já agora não é pelo
que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e
sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (42).
Eles confessaram o valor que Jesus deu a Si próprio; ou seja,
disseram a respeito de Jesus Cristo, o que Ele mesmo disse. Eles
confessaram que Jesus era o Messias, o Cristo, o único Salvador do
Mundo.
O que significou para aquela mulher perceber que estava
falando com o Messias? Nossa pergunta é respondida quando lemos
no texto, que ela largou o seu pote de água, que era a razão porque
tinha ido ao poço, e foi contar aos homens da cidade a respeito de
Jesus. Naquela cultura, uma mulher anunciar qualquer coisa aos
homens era uma coisa inusitada. Ela mesma se espantou com o fato
de Jesus conversar com ela, uma samaritana. Será que ela conhecia
aqueles homens por causa de um relacionamento “profissional”?
Jesus disse que não veio a este mundo por causa dos santos, mas dos
pecadores (cf. Mateus 9:13).
A resposta da mulher à conversa que teve com Jesus é um
desafio para que reflitamos sobre nossas respostas às declarações de
Jesus no Evangelho de João. Jesus disse à mulher que se ela tivesse
idéia de quem estava lhe pedindo água, ela pediria e Ele lhe daria
Água Viva. Isso é um desafio para nós todas as vezes que oramos.
Quando oramos, falamos com o Deus Todo Poderoso. Se cremos
que em oração falamos com esse Deus Todo Poderoso, devemos
saber o que lhe pedir.
Em todo o Evangelho de João Jesus continuou falando quem
Ele é e porque veio ao mundo. Ele alegou ser igual a Deus, ao
declarar que pode fazer tudo o que Deus faz: “Em verdade, em
verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão
somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o
Filho também semelhantemente o faz” (5:19). Isto inclui ressuscitar
mortos, algo que só Deus pode fazer.
É admissível que ao ouvirmos alguém dizer que é igual a
Deus, perguntemos: “Você consegue fazer tudo o que Deus faz?”. A
essa pergunta Jesus respondeu que “Sim” e provou o que disse.
Jesus ressuscitou dos mortos e com isso provou que é igual a Deus, e
que pode fazer tudo o que Deus faz. Por esse motivo os líderes
religiosos perseguiam Jesus; por Ele ter alegado ser igual a Deus (cf.
João 5:18).
Essa hostilidade entre Jesus e os líderes religiosos, começou a
ser registrada no capitulo 5 do Evangelho de João, e continuou até o
19
final do capítulo 8, quando atingiu o seu clímax. Eles chegaram a
pegar em pedras para atirar em Jesus quando Ele declarou que havia
conhecido Abraão. Nessa hora os líderes religiosos perguntaram a
Jesus: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?” (João 8:57).
Os líderes religiosos daquele tempo não tinham dúvidas de
quem Jesus estava afirmando que era. Alguns líderes religiosos de
hoje questionam essas declarações de Jesus. Entretanto outros
dizem: “Eu creio que Ele ainda é enquanto muitos não sabem quem
Ele foi. Mas, enquanto eles não têm certeza do que Ele fez, eu sei
que Ele ainda faz”. Preste atenção em algumas declarações de Jesus
no Evangelho de João e decida em quem você crê. João 10:30
registra estas palavras de Jesus: “Eu e o Pai somos um”; no capítulo
14, respondendo a Felipe sobre o pedido que lhe fizera para ver o
Pai, Jesus disse: “... há tanto tempo estou convosco, e não me tens
conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos
o Pai? ...Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim” (9, 11).
Quando Jesus fez a oração que João registrou no capítulo 17, Ele
disse: “... e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória
que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. Em todos os
Evangelhos, especialmente no Evangelho de João encontramos
declarações de Jesus que atestam sua divindade e igualdade com o
Pai.
Este homem viveu apenas 33 anos, mas causou um impacto
tão grande no mundo, que há dois milênios a história da humanidade
está dividida em dois períodos: antes e depois de Cristo.
O autor inglês, C.S. Lewis, escritor temente a Deus que
ministrava muito bem para os céticos e era um grande defensor da fé,
afirmou que depois de observarmos todas as declarações de Jesus nos
deparamos com duas opções: ou concordamos com Jesus e
declaramos que Ele é quem alegou ser, ou o declaramos mentiroso e
lunático.
Jesus afirmou ser o Filho de Deus, igual ao Pai, e o Único
através de quem podemos receber salvação e vida eterna. Se você
não confessar os valores que Jesus deu a Ele mesmo, terá que decidir,
se para você Ele foi um fraudador e o pior impostor que o mundo já
conheceu, ou você pode não ser tão drástico e dizer que Ele foi um
lunático. Quem você diz que Ele é? Você concorda que Ele foi
quem afirmou ser? Você confessa o valor que Jesus deu a Ele
mesmo e O declara Senhor da sua vida hoje?
Capítulo 12
“Comunhão Com o Pai”
Jesus estava sempre em comunhão com o Deus Pai. Ele
sempre se levantava cedo e gastava tempo sozinho orando ao Pai.
Ele sempre falava sobre fazer somente o que o Pai lhe mandava
fazer. Sua comunhão com o Pai era constante e íntima. O momento
mais intenso do sofrimento de Jesus na cruz foi quando a comunhão
com o Pai foi quebrada porque naquele momento, Ele, literalmente,
20
tornou-se pecado por nós (Marcos 15:34; II Coríntios 5:21; Isaías 53:
5,6).
No Jardim do Getsêmani, quando Jesus fez sua última oração,
lemos que o propósito de Sua vinda ao mundo e da sua morte
sacrifical era para que nós também pudéssemos ter comunhão com o
Pai: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).
Para identificar o tipo de comunhão que tinha com o Pai,
numa ocasião, durante o Seu ministério, Jesus ensinou esta parábola:
“Certo homem deu uma grande ceia e convidou a muitos. À hora da
ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque
tudo já está preparado. Não obstante, todos, à uma, começaram a
escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo;
rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco
juntas de bois e vou experimentá-las, rogo-te que me tenhas por
escusado. E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir.
Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono
da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da
cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda
há lugar. Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e
obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. Porque
vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados
provará a minha ceia” (Lucas 14:16–24).
Naquele tempo na cultura daquele povo, sentar-se à mesa
para comer com alguém simbolizava comunhão. Não havia maior
expressão de comunhão do que aquela experimentada no partir do
pão na casa de um amigo, parente ou alguém que o convidasse para
se sentar à sua mesa. No último livro da Bíblia está registrada uma
linda metáfora em que Jesus diz que Ele está à porta das nossas
vidas, batendo pacientemente, porque Ele quer que abramos a porta e
O convidemos para cear conosco (cf. Apocalipse 3:20).
Na parábola da grande ceia Jesus mostra o valor que Ele deu
à comunhão com Deus. Nela Ele conta a estória de um homem –
figuradamente este homem era Deus – que desejava abrir as portas da
sua casa para um banquete. Seu convite foi rejeitado por todos. Um
dos convidados tinha comprado uma propriedade que deveria ir vê-
la. Estranho alguém comprar alguma coisa sem ver antes! Esse
talvez quisesse ver só depois de saber que era o dono! a desculpa
mostrou como as coisas deste mundo podem se tornar mais
importantes do que a comunhão com Deus.
Outro se desculpou porque tinha comprado cinco pares de
bois e precisava experimentá-las. Cinco pares de bois representavam
uma grande fazendo e muito trabalho. A desculpa então foi o
trabalho.
A terceira desculpa apresentada foi casamento. A pessoa
tinha acabado de se casar e não podia ir.
Como todos os convites foram rejeitados, o senhor da casa
ficou muito bravo e mandou que seus servos fossem pela cidade e
convidassem todos os doentes e aleijados para participarem da sua
festa – pessoas que nunca poderiam retribuir o convite e também
21
nunca teriam imaginado que poderiam ser convidadas para tal
evento.
Para que Deus possa fazer um convite desses para o Seu
banquete, Ele precisou enviar o Seu único Filho ao mundo para
morrer pelos nossos pecados. Na liturgia judaica, a Tenda da
Adoração e o Templo de Salomão representavam as instruções que
Deus deu a Moisés mostrando como pecadores poderiam se
aproximar do Deus Santo. A presença de Deus estava no Santo dos
Santos e a liturgia da adoração era uma preparação para se aproximar
da presença de Deus. Havia um espesso véu que bloqueava a entrada
do Santo dos Santos onde Deus habitava. Os pecadores não podiam
se aproximar desse espaço sagrado. Uma vez por ano todos se
ajuntavam ao redor da tenda da adoração e o sumo sacerdote entrava
na presença de Deus pelo povo. Era assim na Tenda da Adoração no
deserto e também no Templo de Salomão.
O Templo de Salomão foi construído seguindo o mesmo
modelo da Tenda da Adoração. No templo também havia um véu
semelhante à cortina de um palco de teatro. Quando Jesus morreu na
cruz, essa cortina rasgou-se de cima a baixo, simbolizando o milagre
de que a partir de então o povo de Deus não se aproximava mais
d’Ele da maneira como fora ensinado no Velho Testamento. Você
pode achar que houve uma enxurrada de pessoas diante da presença
de Deus quando essas Boas Novas foram anunciadas. Mas a
parábola de Jesus mostra que não foi isso o que aconteceu.
Todas as desculpas mostraram como os valores do povo de
Deus estavam distorcidos. Todas elas mostraram que as prioridades
estavam nas coisas deste mundo, no trabalho e nos relacionamentos,
mais do que na comunhão com Deus.
Você dá valor à comunhão com Deus? Você dá valor para o
que custou a Deus abrir um caminho para ter comunhão com o
homem? Você dá valor ao sacrifício que custou para Jesus Cristo
dizer ao mundo “Eu sou o caminho... ninguém vem ao Pai senão por
mim”? Você confessa (diz a mesma coisa) com Jesus sobre o valor
da sua comunhão com Deus?
Naquilo que realmente cremos, praticamos. O resto não
passa de discurso religioso. Baseado em como você usa o seu tempo,
o seu dinheiro e sua atenção, você está confessando o valor que Jesus
identificou quando ensinou esta parábola?
Capítulo 13
“O Homem Junto ao Tanque”
Já comentamos sobre o valor que Jesus deu aos feridos e
doentes deste mundo e que Ele veio para curar o enfermo e lhe trazer
restauração espiritual. Também já comentamos como Jesus usou a
cura de um homem como estratégia para iniciar um diálogo com os
líderes religiosos (capitulo 5 de João). Se atentarmos para a cura que
veremos a seguir, identificaremos outro valor inerente a Cristo.
Vamos ver o Seu amor restaurando a saúde de um desses
quebrantados e feridos que Ele tanto valorizou. Este é o relato de
22
João: “Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus
subiu a Jerusalém. Ora existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um
tanque chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco pavilhões.
Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos
(esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em
certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma
vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse). Estava
ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o
deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe:
Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho
ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois,
enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Então, lhe disse Jesus:
Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu
curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era
sábado”. (João 5:1–9).
No original grego o texto se refere a esta multidão junto ao
tanque, como “uma multidão sem forças”; outra tradução diz “de
pessoas fracas”. Eles passavam dia após dia ali porque acreditavam
naquilo que talvez fosse uma superstição. Quando a água daquele
tanque se movia, o que às vezes acontecia, eles achavam que era um
anjo que a tinha agitado e acreditavam que a primeira pessoa que
entrasse no tanque seria curada.
Havia 38 anos que um homem vivia ali, junto daquele tanque.
Dentre toda aquela multidão de enfermos e necessitados, Jesus viu-o
e perguntou-lhe: “Queres ser curado?”. Este episódio sugere
algumas perguntas. Por que, entre toda aquela multidão, Jesus
escolheu curar somente aquele homem? Por que Jesus não curou
todos os que estavam ali? E, por que Jesus perguntou ao homem que
estava junto daquele tanque havia 38 anos, se ele queria ser curado?
Médicos e profissionais da saúde dizem que essa pergunta
não é tão descabida como parece. Existem pessoas hipocondríacas,
que não querem ficar bem. Preste atenção: a pergunta não foi “você
quer ficar bem?”. A pergunta foi: “você quer ser curado?”. É
preciso mais para curar do que para ficar bem. Devemos entender
que certas coisas só mesmo o poder de Cristo pode fazer por nós.
O homem respondeu que tinha perdido toda esperança de
ficar bem: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque,
quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes
de mim” (7).
Aquele homem já tinha perdido toda esperança de ser curado
no poder daquele tanque. Ele tinha percebido que jamais conseguiria
por si só, alcançar o tanque antes que alguém o fizesse. Portanto,
aquele tanque jamais poderia curá-lo. Como já tinha desistido dessa
possibilidade, ele estava buscando outra forma de ser curado. Talvez
ele estivesse orando a Deus pedindo que o curasse sem que
precisasse daquele tanque. Talvez estivesse buscando outra
alternativa para sua cura. Ele poderia estar orando a Deus para curá-
lo sem o uso daquela superstição do Tanque de Betesda que não lhe
servia para nada. Foi assim que Jesus o encontrou – esperando por
um milagre; e ele encontrou esse milagre em Jesus.
Muita gente busca cura fora da caixa de poder de Deus. São
pessoas que têm seus “Tanques de Betesda” que jamais trazem a cura
23
completa que procuram e que precisam. Elas se voltam para o
materialismo e para a autogratificação. Buscam cura em suas mais
variadas formas, e curandeirismo, mas não buscam em Deus. Assim
como aconteceu com aquele homem, só quando olhamos para além
do Tanque de Betesda e colocamos nossa esperança apenas no poder
de Cristo, é que podemos começar a ser curados de dentro para fora,
de uma maneira que só Cristo pode curar.
Há duas aplicações para essa história. Em primeiro lugar
devemos perguntar se queremos ser curados crendo que só Cristo é
capaz de nos curar completamente. Segundo, valorizando os feridos
e fracos deste mundo, como Jesus valorizou.
Alguns versículos anteriores relatam o desafio que Jesus
lançou para que seus discípulos colocassem em prática o amor pelos
feridos, como aquela mulher samaritana que estava pronta para
receber a Água Viva: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até
à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois
já branqueiam para a ceifa” (4:35). Pessoas em todo o mundo estão
prontas para receber a cura da salvação – são como os campos
prontos para a colheita. Jesus nos desafia a trabalhar nesses campos,
levando Sua salvação e cura espiritual a pessoas como a mulher
samaritana junto ao poço ou aquele homem junto ao Tanque de
Betesda. Você confessa o valor que Jesus deu aos feridos que estão
olhando para além dos tanques da sua vida, buscando a cura que só
Cristo pode lhes dar?
Capítulo 14
“Como Compreender as Escrituras”
Já vimos como Jesus valorizou as Escrituras. Quando Ele se
referia às Escrituras, estava falando do Velho Testamento, porque,
como sabemos, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito.
Quando Jesus deu início ao Seu ministério Suas primeiras palavras
foram “Está escrito...” e Sua pergunta preferida: “Vocês nunca leram
isto nas Escrituras?”.
Preste atenção nisso: Jesus sempre valorizou as Escrituras.
No Sermão da Montanha Ele valorizou o Velho Testamento quando
afirmou que “até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais
passará da Lei, até que tudo se cumpra”. No Seu coração Jesus
queria que aqueles que estavam com Ele no topo da montanha
compreendessem as Escrituras (Mateus 5:17-20).
No relato de João 5:39-40, quando Jesus estava discutindo
com os líderes religiosos, uma das questões levantadas foi o
entendimento das Escrituras.
Jesus elogiou os fariseus pelo conhecimento que eles tinham
das Escrituras dizendo que eles as pesquisavam e examinavam, mas
não as entendiam. Falou-lhes que as Escrituras testificavam a Seu
respeito, mas eles não criam n´Ele para ter a vida eterna.
Jesus estava dizendo aos fariseus, a você e a mim, que as
Escrituras não devem ser entendidas como um livro que fala a
respeito do estudo das origens, nem como um livro que fala da
história da civilização. As Escrituras falam sobre a salvação e
24
apresentam o contexto histórico no qual o Salvador veio ao mundo.
Na discussão que Jesus teve com os líderes religiosos Ele deixou
claro que eles jamais compreenderiam as Escrituras a não ser que
reconhecessem que elas convergiam para Ele, de capa a capa, do
começo ao fim. A afirmação de Jesus é que as Escrituras são a
palavras santas de Deus referente à história da redenção e ao
Redentor através de quem veio a salvação. O Velho Testamento
testifica a respeito de Cristo e da Sua vinda ao mundo para salvar o
homem do pecado e reconciliá-lo com Deus.
Osvaldo Chamber, outro autor inglês, considera o versículo
39 de João 5, o texto chave da Bíblia, porque ele abre nosso
entendimento a respeito dela. Ele trata de uma discussão entre Jesus
com os líderes religiosos e nela Jesus mostrou a mesma preocupação
que Ele manifestou no Sermão da Montanha: que as pessoas
compreendessem as Escrituras.
As últimas palavras de Jesus também destacaram o valor que
Ele dava às Escrituras. Depois da Sua ressurreição, antes de
ascender aos céus Jesus disse aos Seus discípulos: “Ó néscios e
tardios de coração para crer tudo o que os profetas disseram! E
começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-
lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras...São estas
as palavras que vos falei, estando ainda convosco: importava se
cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos
Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para
compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o
Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro
dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de
pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lucas 24:25,
27; 44–47).
Jesus iniciou Seu ministério demonstrando cuidado para que
as Escrituras fossem compreendidas e terminou o Seu ministério com
a mesma preocupação. O Seu ensino e os diálogos tanto com os seus
opositores e como com os que O seguiam, refletiam o desejo ardente
de levar o povo ao entendimento das Escrituras. Jesus iniciou Seu
ministério terreno proclamando: “Está escrito” e perguntando ao
povo “Vocês nunca leram isto nas Escrituras?” e o concluiu
desafiando os apóstolos e discípulos a terem a compreensão da chave
que abre o entendimento para as Escrituras: que tudo o que foi escrito
na Lei de Deus por Moisés, nos Salmos e nos Profetas diz respeito a
Ele.
Durante o Seu ministério, do começo ao fim e através de Sua
própria vida, Jesus enfatizou a importância da compreensão e
aplicação das Escrituras na vida do homem. Isso mostra o valor que
Ele lhes dava.
A pergunta que fica para nós é: será que confessamos o
mesmo valor que Jesus deu às Escrituras? Você acredita que tanto o
Velho Testamento como o Novo, dão testemunho da redenção de
todos os homens através de Jesus Cristo, o Filho de Deus? Você
acha que o Novo e o Velho Testamento respondem às nossas
perguntas referentes a viver, e viver bem? Será que estamos
preparados para enfrentar todas as tempestades e circunstâncias das
25
nossas vidas inspirados nessas primeiras palavras de Cristo: “Está
escrito”?
Capítulo 15
“Jesus Me Ama”
Você já imaginou como seria conversar com Jesus cara a
cara, olhando nos olhos d’Ele? Por várias razões, esta seria uma
experiência única na vida. A razão principal seria porque veríamos
nos olhos d’Ele a força do Seu amor. Aqueles que andaram e
conversaram com Jesus tinham convicção do Seu amor por eles. A
certeza deste amor está revelada nos quatro Evangelhos.
No capítulo 11 do Evangelho de João lemos sobre o encontro
de Jesus com duas irmãs chamadas Marta e Maria. Esse encontro
evidenciou o amor que Jesus tinha pelo seu irmão Lázaro. Este se
encontrava doente e suas duas irmãs, desesperadas, mandaram um
recado para Jesus: “Senhor, está enfermo aquele a quem amas” (3).
O sentido da palavra original traduzida por “enfermo” é que o irmão
delas estava morrendo. Embora Lázaro também seja mencionado
como uma das pessoas que Jesus amava, depois de receber o
chamado Jesus permaneceu onde estava por alguns dias. Podemos
deduzir que essas três pessoas conheciam bem a Jesus. Mas tarde,
depois da morte de Lázaro, Jesus foi até o seu túmulo. O versículo
35 conta que lá “Jesus chorou”. Na verdade, Jesus soluçou de tanta
tristeza, e aqueles que O viram chorar disseram: “Vede quanto o
amava” (36). Não ficou evidente só para Marta e Maria que Jesus
amava Lázaro, mas também para os judeus que estavam presentes no
seu velório.
No capítulo 10 do Evangelho de Marcos lemos sobre a
história do “jovem rico”. Esse homem se aproximou de Jesus
querendo descobrir o que ele precisava fazer para ter a vida eterna.
O versículo 21 deste capítulo conta que “Jesus, fitando-o, o amou...”.
Esse olhar foi um olhar intenso, é o que o texto original sugere; um
olhar que transmitiu amor ao jovem rico. O texto afirma que esse
jovem não seguiu a orientação que Jesus lhe deu para que tivesse
vida eterna. Entretanto alguns estudiosos afirmam que ele foi o autor
do Evangelho de Marcos, porque esse Evangelho é o único que
registra o detalhe intrigante do olhar de Jesus para aquele jovem que
se afastou, desprezando a oportunidade de ter vida eterna. Mas,
sobre ele, uma coisa podemos dizer com certeza: quando Jesus o
fitou e o amou, ele teve convicção desse amor.
Jesus amou todos aqueles que interceptaram o Seu caminho,
até mesmo os publicanos e pecadores. Afinal, Ele escolheu passar o
Seu tempo com eles em jantares e andando com pelas cidades. Jesus
quis passar tempo com eles e transmitir-lhes a vida eterna, acessível
não apenas para os espiritualmente privilegiados, mas também para
os pecadores como eles. Aqueles que receberam Seu amor
responderam com gratidão e reverência, como aquela mulher que
caiu aos pés de Jesus e o ungiu com óleo precioso e com suas
próprias lágrimas (Lucas 7:36–38).
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Os discípulos de Jesus também foram alvo desse amor. O
Evangelho de João é um grande testemunho do amor de Cristo.
Algumas vezes João referiu-se a si próprio, no seu Evangelho, como
“o discípulo a quem Jesus amava” (13:23; 19:26; 20:2; 21:7, 20).
Ele tinha plena consciência do fato de que Jesus o amava. Sessenta
anos depois de andar com Jesus como um de Seus apóstolos, João lhe
dedicou o último livro da Bíblia, o Livro do Apocalipse, com as
seguintes palavras: “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos
libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para
o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos
séculos” (1:5–6). Jesus tinha dito aos companheiros de João que se
eles O seguissem, Ele faria deles pescadores de homens. Sessenta
anos mais tarde, João disse: “nos constituiu reino e sacerdotes”. Mas
antes de tudo, João lembrou que Ele “nos ama”!
Jesus amou todos os que cruzaram Sua caminhada de três
anos de ministério – os publicanos e pecadores, o rico e o pobre,
Seus amigos, Seus apóstolos e discípulos – e todos eles sabiam que
eram amados. Você tem consciência da verdade maravilhosa de que
Ele tem este mesmo tipo de amor por você? Anos atrás perguntaram
a um famoso teólogo qual tinha sido a verdade mais profunda que ele
tinha ouvido. Depois de pensar um pouco, ele respondeu: “Jesus me
ama, Jesus me ama, Jesus me ama, a Bíblia assim me diz”. Você
confessa este mesmo valor que Jesus deu ao amor? Será que as
pessoas que passam pela sua vida sabem que são amadas com um
amor que vem através de você, e não de você?
Minha vida mudou para sempre quando comecei a pedir ao
Cristo Vivo e Ressurreto que me posicionasse estrategicamente entre
o Seu amor e todas as pessoas feridas e quebrantadas que cruzassem
o meu caminho. O meu conselho é que você peça que Cristo faça o
mesmo com você. Quando você fizer isso, descobrirá onde Ele está e
onde você quer passar o resto da sua vida.
Capítulo 16
“Ovelha Perdida”
Nos quatro Evangelhos encontramos Jesus fazendo uma
citação do profeta Isaías. Usando a profecia de Isaías, Jesus afirmou
que somos como ovelhas perdidas e que Deus é o nosso pastor
amoroso, que busca e encontra Suas ovelhas: “Qual, dentre vós, é o
homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa
no deserto as noventa e nove e vai a busca da que se perdeu, até
encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.
E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-
vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que
assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende
do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento” (Lucas 15: 4–7).
Jesus veio ao mundo para salvar o perdido (cf. Lucas 19:10).
Ele veio trazer cura espiritual aos que estavam doentes, feridos e
27
necessitados de médico. Mas, como vimos em várias ocasiões, os
líderes religiosos não se sentiam à vontade com os pecadores que
Jesus amava. Eles o criticavam porque Ele passava tempo com os
pecadores e se sentiam ofendidos quando Jesus os convidava a
compartilhar com Ele a compaixão pelos perdidos e feridos.
Eles pareciam incapazes de enxergar os cegos, cativos e
quebrantados, citados por Isaías na profecia que Jesus adotou como
Seu Manifesto. Quando eles viam os pecadores ao redor de Jesus,
enxergavam publicanos e pecadores, como um bando de impuros e
nada mais do que isso. Jesus desafiou os fariseus e escribas a verem
essas pessoas da mesma maneira que Deus as via.
Uma das maneiras que Jesus usou para compartilhar esta
visão com os líderes religiosos foi dizendo que Deus via os
pecadores como ovelhas perdidas. Isaías, o príncipe dos profetas,
pregou que cada um de nós é uma ovelha perdida até que sejamos
encontrados pelo Grande Pastor (cf.Isaías 53:6).
Se você se sente como uma ovelha perdida, saiba que para
Deus é ovelha muito preciosa e que Jesus Cristo veio ao mundo por
causa de pessoas como você. Ele veio para morrer por você. Se hoje
Jesus passasse pela sua cidade, provavelmente ia querer passar um
dia todo com você, como fez com um pecador chamado Zaqueu (cf.
Lucas 19:1-10). Hoje Ele está à porta, batendo pacientemente,
porque Ele quer que você abra a porta da sua vida em resposta ao Seu
amor e perdão e quer que você O reconheça como o seu Pastor (cf.
Apocalipse 3:20).
Quando você se tornar uma dessas ovelhas encontradas pelo
Bom Pastor vai confessar o valor que Cristo deu aos perdidos que Ele
veio buscar e salvar. Ao revelar quem Deus é, e o Seu sistema de
valores, Jesus ensinou que Deus dá um valor tremendo aos perdidos.
O Cristo ressurreto quer que confessemos os Seus valores e nos
unamos a Ele na Sua missão de levar salvação ao perdido e
quebrantado deste mundo.
Capítulo 17
“Moedas Perdidas”
“Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”
(Lucas 19:10). Este é o versículo chave do Evangelho de Lucas e a
declaração da missão de Jesus Cristo na terra. Vimos no capítulo 15
do Evangelho de Lucas o valor que Ele deu às “coisas perdidas”. A
Parábola das Coisas Perdidas é uma alegoria da redenção que Cristo
trouxe aos perdidos deste mundo. Você deve se lembrar de que o
cenário dessa parábola era os dois círculos concêntricos que se
formaram ao redor de Jesus. Os perdidos e desejosos de encontrar
perdão para seus pecados formavam um círculo ao redor de Jesus; os
fariseus, que se consideravam justos e queriam manter-se longe dos
transgressores da Lei formavam outro círculo ao redor do círculo
menor, formado pelos pecadores que queriam ser salvos.
28
A Parábola das Coisas perdidas foi dirigida às pessoas do
círculo exterior, os fariseus. Através dela Jesus tentou explicar o que
estava acontecendo no círculo interno. Jesus estava convidando as
pessoas do círculo externo para participarem com Ele do milagre que
estava acontecendo no círculo interior. Visando a cumprir o objetivo
da Sua missão, Jesus contou algumas parábolas de coisas perdidas.
Através dessas parábolas, os pecadores poderiam perceber como
eram valiosos aos olhos de Deus, e os fariseus poderiam entender
como o coração de Deus transbordava de amor por todos os homens,
e também como se alegrava quando uma vida perdida era encontrada
através do arrependimento e da salvação.
Uma das parábolas de Lucas 15 refere-se a uma moeda
valiosa que se perdeu e que uma mulher procurou diligentemente até
encontrar: “Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder
uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente
até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas,
dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha
perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos
anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15: 8–10).
Alguns estudiosos acreditam que essa moeda perdida era uma
das dez moedas que naquele tempo a mulher ganhava do marido e
usava sobre a testa simbolizando sua fidelidade a ele. Se ela lhe
fosse infiel, uma das moedas seria removida. Vocês já imaginaram,
essa mulher sendo fiel e tendo perdido uma das moedas? Podemos
entender porque ela procurou com tanto empenho a moeda e porque
se alegrou tanto ao encontrá-la!
Se este era o contexto cultural dessa parábola e essa a
interpretação que devemos lhe dar, podemos compreender que Jesus
estava dizendo às pessoas do círculo externo que alguns do círculo
interno estavam perdidos porque não conseguiam encontrar a força
espiritual para experimentar santidade ou santificação; eles estavam
perdidos, mas nem por isso não mereciam o desprezo nem a rejeição
do povo de Deus. Eles precisavam de ajuda a fim de manter as dez
moedas no lugar para ter um relacionamento completo com Deus.
Essa estória também é uma figura da redenção. Quando
falamos em redenção, estamos nos referindo a alguma coisa que
pertenceu a alguém, foi perdido e foi reivindicado, geralmente
através de um pagamento. Neste sentido, a coisa reclamada foi
comprada duas vezes – Primeiro alguém tomou posse dela; depois
ela foi reivindicada com um preço estabelecido. Da mesma forma,
antes pertencíamos a Deus porque Ele nos criou. Mas como o
pecado nos separou d’Ele, ficamos perdidos e, a fim de nos
reivindicar, ou nos redimir, Deus fez um plano para nos comprar de
volta – o que fez de fato o fez através do sacrifício expiatório do Seu
Filho Perfeito, de Jesus.
Conta-se que um menino construiu com seu pai, um modelo
de barco à vela. Os dois levaram o barco para a praia, perto de onde
moravam. Numa ocasião estavam brincando com o barco na praia
quando uma correnteza levou o barquinho para longe. Semanas
depois eles o encontraram na vitrine de uma loja e ficaram muito
desapontados ao descobrirem que o dono da loja só entregaria o
barquinho se eles o comprassem. Depois de comprar o barquinho de
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volta, o menino disse ao seu brinquedo: “Agora você é meu duas
vezes! Você é meu porque fui eu que te fiz e você é meu porque eu
te comprei”. Essa é uma ótima ilustração para “redenção”. Ele tinha
redimido o seu barco. Assim como ele fez o barco e depois o
comprou, Deus também nos criou e depois nos comprou de volta. O
preço que Ele pagou foi a vida do Seu Único Filho. O conceito de
redenção foi ilustrado pela estória da moeda perdida que foi
reencontrada.
Jesus estava falando para os fariseus que aqueles que estavam
ao Seu redor eram muito mais do que simples pecadores. Eles
tinham sido criados por Deus, foram perdidos e estavam sendo
reivindicados. Da mesma forma que a mulher se alegrou ao
encontrar sua moeda perdida, os anjos no céu se alegram quando um
pecador é encontrado e reintegrado à família de Deus. Jesus desafiou
os fariseus a mudarem o conceito que tinham a respeito dos
pecadores do círculo interior, porque estes eram como moedas
perdidas que precisam ser procuradas e valorizadas, com o valor que
Jesus lhes atribui.
Você é uma moeda perdida? Se você é uma das moedas
perdidas neste mundo, entenda que Jesus Cristo dá valor para você.
Ele está procurando por você diligentemente e todos os anjos do céu
vão gritar de alegria quando você for encontrado. E se você já foi
encontrado e redimido, como o barco daquele menino, eu gostaria de
saber se você tem compaixão pelas “moedas perdidas” deste mundo.
Você confessa o valor que Jesus deu às moedas perdidas, às vidas
perdidas que precisam ser redimidas para Deus?
Capítulo 18
“Filhos Perdidos”
Depois de ensinar ao círculo externo o valor da moeda
perdida, Jesus continuou com a Parábola do Filho Pródigo: “Certo
homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me
parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.
Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que
era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus
bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo,
sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar
necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquele
terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali,
desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas
ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos
trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de
fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai,
pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado
teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-
se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o
avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o
filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos:
Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo
e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado.
Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e
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reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se”
(Lucas 15:11–24).
Já vimos que esta parábola foi contada no meio de uma
conversa que Jesus teve com os pecadores e os fariseus ao mesmo
tempo. Jesus deu uma resposta à indignação dos fariseus que o
criticavam por Ele estar dando atenção aos pecadores e lançou um
desafio. Foi como se Jesus lhes dissesse: “Vocês não conseguem
enxergar essas pessoas além de pecadores, mas Deus os vê como
filhos perdidos”. Alguns destes pecadores são filhos de Deus que
exerceram seu livre arbítrio e se jogaram no mundo. Mas Deus usou
as conseqüências de suas tolices para trazê-los de volta à casa do Pai.
É isso que importa – por isso os anjos nos céus estão se alegrando.
Por que vocês também não se alegram?”.
Nessa estória o pai foi permissivo o suficiente para deixar que
seu filho exercesse o seu direito de escolha, e é desta maneira que
Deus nos trata. Ele permite que façamos escolhas estúpidas, mesmo
que sejam contrárias à Sua vontade. Ele permite que as
conseqüências das nossas escolhas tolas nos façam atinar para os
erros cometidos e voltar ao centro da vontade do Pai.
Se você é como o filho pródigo, se você tem vivido num país
distante, desperdiçando sua vida em pecado a ponto de agora estar
comendo do amargo “banquete de conseqüências”, entenda que o Pai
do Céu ama você. Mesmo tendo sido permissivo para deixar que
você fizesse escolhas erradas, dói n´Ele ver você desperdiçando anos
de sua vida. As boas novas são que Ele está pronto para correr para
você e lhe dar um caloroso abraço depois de você cair em si e voltar
para casa. Estando você ainda longe Ele correrá até você e o tomará
em Seus braços.
Você confessa o valor de Jesus pelos filhos pródigos? Se
você não é um filho pródigo e nunca foi, será que você tem o amor
de Cristo em seu coração por aqueles que o são? Você se alegra
quando um deles retorna à casa do Pai? As autoridades religiosas
não confessaram o amor de Cristo pelos filhos pródigos de Deus.
Além de não participarem da festa pelo retorno dos filhos pródigos,
ainda ficaram contrariados com aquela celebração. Eles conseguiam
enxergar aquelas pessoas no círculo interior, ao redor de Jesus,
apenas como publicanos e pecadores.
Se estivermos em contato com o amor de Cristo, que hoje
vive em nossos corações, descobriremos que Ele está nos desafiando
a dar as boas vindas aos filhos perdidos que voltam para casa. Como
os anjos no céu, vamos nos alegrar quando os filhos pródigos de
Deus se arrependerem e voltarem para casa. Como o próprio Pai,
vamos abraçá-los e reafirmar que eles pertencem à família de Deus;
vamos colocar um anel e uma capa nova neles. Vamos fazer uma
grande festa! Afinal eles são filhos e filhas de Deus que estavam
perdidos e foram encontrados. Eles estavam mortos, mas agora estão
vivos!