Capítulo 1 Ele Próprio ENCONTRO COM A...

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Apostila n o 16 Os Valores de Cristo (Primeira Parte) ENCONTRO COM A PALAVRA Apostila n o 16 Os Valores de Cristo (Primeira Parte) Capítulo 1 Ele Próprio Em todo mundo hoje vemos as evidências da falta de valores. O homem não tem uma bússola interior que o guie a uma vida que valha a pena viver. Com os índices de divórcio alcançando proporções epidêmicas e milhões de crianças sem segurança nem orientação encontradas num casamento estável, deparamo-nos com o colapso dos valores familiares. De acordo com o dicionário Aurélio, valor é “Qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau; mérito ou merecimento intrínseco; valia”. Aqueles que crêem em Deus têm n’Ele um padrão absoluto do que é moralmente certo e errado. Será que eles têm também n’Ele, o sistema de valores que os leva à qualidade de vida que Deus planejou para o homem? Jesus responde esta pergunta no texto de João 10:10: “... Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. Jesus não veio ao mundo apenas para morrer pelos nossos pecados. Ele veio também para nos ensinar Seus valores absolutos, com o Seu próprio exemplo de vida. Ao acompanharmos nos Evangelhos, a vida da Pessoa mais importante que já viveu sobre a terra, Jesus, nós o vemos identificando, exemplificando e declarando Seus valores absolutos. Uma vez que aprendemos quais são esses valores, devemos confessá- los como nossos.

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Apostila no 16 Os Valores de Cristo (Primeira Parte)

ENCONTRO COM A PALAVRA

Apostila no 16

Os Valores de Cristo

(Primeira Parte)

Capítulo 1

Ele Próprio

Em todo mundo hoje vemos as evidências da falta de valores.

O homem não tem uma bússola interior que o guie a uma vida que

valha a pena viver. Com os índices de divórcio alcançando

proporções epidêmicas e milhões de crianças sem segurança nem

orientação encontradas num casamento estável, deparamo-nos com o

colapso dos valores familiares.

De acordo com o dicionário Aurélio, valor é “Qualidade pela

qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor

grau; mérito ou merecimento intrínseco; valia”. Aqueles que crêem

em Deus têm n’Ele um padrão absoluto do que é moralmente certo e

errado. Será que eles têm também n’Ele, o sistema de valores que os

leva à qualidade de vida que Deus planejou para o homem?

Jesus responde esta pergunta no texto de João 10:10: “... Eu

vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. Jesus não

veio ao mundo apenas para morrer pelos nossos pecados. Ele veio

também para nos ensinar Seus valores absolutos, com o Seu próprio

exemplo de vida. Ao acompanharmos nos Evangelhos, a vida da

Pessoa mais importante que já viveu sobre a terra, Jesus, nós o vemos

identificando, exemplificando e declarando Seus valores absolutos.

Uma vez que aprendemos quais são esses valores, devemos confessá-

los como nossos.

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No Novo Testamento aprendemos que devemos confessar os

nossos pecados; mas aprendemos também que devemos confessar

Jesus Cristo (cf. Mateus 10:32; Romanos 10:9). A palavra

“confessar” é composta do significado de duas palavras gregas:

“homo”, que quer dizer “a mesma coisa” e “legeo”, que se traduz por

“falar”. Quando confessamos nossos pecados, dizemos a mesma

coisa que Jesus diz a respeito deles. Quando confessamos a Cristo,

dizemos a mesma coisa que Ele diz, ou concordamos com todos os

valores que Ele exemplificou, ensinou e declarou. Devemos viver de

acordo com os valores que Ele viveu.

Uma boa maneira de começar, é vendo o que Jesus achava

dele Mesmo. Quem Jesus Cristo disse que Ele era? como

confessamos o valor de Cristo? Encontramos resposta para estas

perguntas no capitulo 3 do Evangelho de João: “Ora, ninguém subiu

ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem...

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho

unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna” (13, 16).

Jesus se identificou como o Filho de Deus e hoje nós somos

filhos de Deus. Mas não somos filho de Deus como Jesus O é.

Recebemos a autoridade de sermos chamados filhos de Deus porque

colocamos nossa fé em Jesus Cristo (cf. João 1:12), mas Jesus é o

“Filho Unigênito” de Deus. Ele é O filho de Deus, diferente de todos

os outros. Antes de Sua morte, Jesus orou: “... e, agora, glorifica-

me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto a ti, antes

que houvesse mundo” (João 17:5). Jesus é muito mais do que Aquele

menino que nasceu na manjedoura e que, aos 33 anos de idade

morreu numa cruz. Ele estava com Deus antes que o mundo

existisse.

Mas, além de se identificar como o Filho Unigênito de Deus,

Jesus fez outras declarações marcantes a respeito de Si mesmo. Uma

delas está relatada no diálogo com o rabino Nicodemos, no qual

Jesus afirma que deveria ser “levantado” (João 3:14), o que significa

que Ele deveria ser crucificado. “... E do modo por que Moisés

levantou a serpente no deserto”. Jesus disse a Nicodemos que Ele

deveria ser levantado porque era o Filho Único de Deus, a Única

Solução de Deus para o pecado do mundo e o Único Salvador de

Deus.

Quando Jesus Cristo declarou ser o Salvador do mundo, Ele

também afirmou que aquele que cresse n’Ele seria salvo. E isto se

aplicou não apenas àqueles que, literalmente O viram ser

“levantado”, como a todo o mundo: “Porquanto Deus enviou o Seu

Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o

mundo fosse salvo por Ele” (João 3:17).

No Livro de Números, no capítulo 21, versículos 6 a 9, lemos

a respeito de um episódio em que o povo de Israel estava morrendo

picado por serpentes por causa de sua constante reclamação. Mas

Deus deu instruções a Moisés para que levantasse uma serpente de

bronze no meio do acampamento no deserto e todos que com fé

olhassem para aquela serpente receberiam a cura. Jesus declarou que

do mesmo modo era necessário que Ele fosse “levantado” para que

todo aquele que n’Ele cresse tivesse a vida eterna (cf. João 3:14, 15).

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Quando Jesus disse isso a Nicodemos, Ele estava falando que

todas as pessoas deveriam nascer de novo. Nicodemos perguntou-

lhe: como alguém pode nascer de novo? Para essa pergunta Jesus

deu duas respostas. Primeiro Ele disse a Nicodemos que a atuação

de Deus na regeneração de uma alma é incompreensível, é como

vento: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes

donde vêm, nem para onde vai; assim é todo que é nascido do

Espírito” (João 3:8).

O que Jesus estava dizendo é que nunca compreenderemos

completamente, a parte do trabalho de Deus no novo nascimento.

Mas Jesus também afirmou que o homem tem sua parte importante

no processo do novo nascimento. A sua parte é crer: “Porque Deus

amou ao mundo de tal maneira que deu o Filho unigênito, para que

todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:

16). A experiência de nascer de novo acontece através da fé (nossa

parte) e do poder de criação de Deus (a parte d’Ele).

Jesus Cristo é o Salvador do mundo. Ele veio para redimir o

mundo do pecado e para gerar vida naqueles que crêem em Suas

declarações dogmáticas a respeito de Si mesmo, sobre quem Ele é, e

por que Veio ao mundo. Você acredita no que Jesus declarou a

respeito de Si mesmo? Você confessa que para você, Jesus tem o

valor e a importância que Ele declarou de Si mesmo? Jesus está

esperando pelas respostas que você dará às declarações dEle; Ele está

ansioso por perdoar os seus pecados e iniciar o milagre do novo

nascimento em sua vida.

Capítulo 2

Amor

Quando Jesus viu que já era hora de Ele ser julgado pelas

autoridades romanas e judaico-religiosas e ser crucificado, reuniu os

apóstolos, os “Enviados” que Ele tinha comissionado, para passar a

última noite com eles. João relatou o que Jesus compartilhou com

aqueles homens naquela noite dizendo: “Ora, antes da Festa da

Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste

mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo,

amou-os até o fim” (João 13:1). Jesus tinha plena consciência de que

Seu tempo neste mundo já havia acabado e por isso reuniu aqueles

homens para lhes mostrar todo o Seu amor por eles.

Os discípulos já tinham conhecimento do amor de Jesus

muito antes daquele momento. Durante três anos eles viram a

manifestação do amor de Jesus. João parecia estar sempre

maravilhado com o amor de Jesus por ele. No seu Evangelho vemos

algumas passagens em que ele se refere a si próprio como “o

discípulo a quem Jesus amava”. Sessenta anos mais tarde ele

dedicou o último livro do Novo Testamento a Jesus com estas

palavras: “Àquele que nos ama...”.

Todos os que tiveram o privilégio de olhar nos olhos de Jesus

conheciam o Seu amor. Por que então, aqueles últimos momentos da

Última Ceia diferem de todos os outros momentos em que aqueles

homens tiveram com Jesus? Por ocasião da Última Ceia Jesus fez o

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que um servo ou escravo deveria fazer. Ele pegou uma bacia com

água e uma toalha e lavou e enxugou os pés dos discípulos! Essa

atitude de humildade deixou aqueles homens perplexos! O

Evangelho de Lucas conta que no caminho para a Última Ceia os

discípulos disputavam qual dentre eles seria o maior no Reino do

qual Jesus estava sempre falando. Eles foram impactados pela

atitude de Jesus naquelas últimas horas (cf. João 13:1-17).

Depois de Jesus lavar-lhes os pés, perguntou-lhes:

“Compreendeis o que vos fiz?”. A resposta parecia ser óbvia; Ele

tinha acabado de lhes lavar os pés! Mas a resposta que Jesus queria

deles encontra-se nas palavras de João: “... tendo amado os seus que

estavam no mundo, amou-os até o fim”. Ao lavar os pés dos

discípulos, Jesus mostrou que os amava.

Jesus os amou; e eles, da sua maneira imperfeita retribuíram

esse amor. Jesus tinha estabelecido uma aliança com eles: “Vinde

após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4:19). Por

três anos eles viveram nessa aliança com Jesus e durante esse tempo

descobriram que o amor era a força motriz dessa aliança. Jesus os

amou de uma maneira como eles nunca antes tinham sido amados; e

fez deles o que eles jamais sonharam que seriam. Talvez nunca lhes

tivesse ocorrido que entre eles também deveria ser estabelecida uma

aliança de amor.

No meio da última reunião que teve com aqueles homens,

Jesus lhes deu novo mandamento e os desafiou a estabelecer uma

nova aliança: “Novo mandamento vos dou: que vos amei uns aos

outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos

outros” (João 13:34).

Quando Jesus deu esse mandamento, Ele identificou o tipo de

amor com o qual eles deveriam amar uns aos outros. Eles deveriam

se amar com o mesmo amor com que Jesus os tinha amado; deveriam

lavar os pés uns dos outros como Jesus tinha lavado os seus pés.

Eu sempre imaginei um apóstolo olhando para o outro e

pensando qual o significado de obedecer àquele novo mandamento.

Um dos apóstolos era coletor de impostos para os romanos; outro era

um zelote, um tipo de guerrilheiro da resistência à conquista da

Palestina pelos romanos. Agora imagine esses dois se olhando,

naquela mesa, e pensando: “Eu amá-lo?”. E a esposta era: “Sim!

Você mesmo! Você deve lavar os pés dele. Porque quando o mundo

souber que um zelote está lavando os pés de um publicano, saberá

que vocês são Meus discípulos”.

A maneira mais eficiente de ensinar os nossos filhos a amar, é

amando-os, e fazendo-os ver que seus pais os amam. Jesus estava

dizendo aos discípulos que os tinha treinado e comissionado durante

três anos para que eles proclamassem o Evangelho do amor para o

mundo. Quando Jesus deu esse novo mandamento, estava dizendo

que a melhor maneira de ensinar o amor é olhar para a pessoa que

está do outro lado, comprometendo-se a amá-la como Jesus nos ama.

Esse novo mandamento deu origem a uma nova comunidade

que mais tarde foi chamada de Igreja. Jesus deixou claro que se eles

amassem uns aos outros como Ele os amou, estariam sendo

destacados neste mundo: “Nisto conhecerão todos que sois meus

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discípulos; se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35). E foi

exatamente isso que aconteceu. Depois que Cristo subiu ao céu, o

Espírito Santo veio sobre os crentes e aconteceu o nascimento da

Igreja.

Aplicação Pessoal

Você confessa os valores de Cristo? O amor é a força motriz

que impulsiona o seu relacionamento com outros crentes? Você

confessa os valores de Cristo todos os dias amando as pessoas com

quem convive? Quando essas pessoas olham para você, elas sabem

que você as ama com o amor de Cristo? Jesus nos ensinou a: amar

quando olhamos para cima, para dentro de nós mesmos e ao nosso

redor (cf. Mateus 22:36–40). Ele ensinou que devemos amar a Deus

plenamente, amar a nós mesmos corretamente e amar o próximo

incondicionalmente. Você confessa esses valores ensinados por

Jesus?

Capítulo 3

O Seu Ensino

Podemos observar o valor que Jesus deu à Palavra de Deus, à

medida que acompanhamos os Seus passos através dos Evangelhos.

Você já observou o que Ele disse a respeito do Seu próprio ensino?

Jesus sempre valorizou as Escrituras. Uma pergunta preferida que

Ele fazia aos líderes religiosos, escribas e fariseus era esta: “Nunca

lestes nas Escrituras...?” (cf. Mateus 2l: 42).

Quando Jesus ensinava, dizia qual era o Seu ensino, o efeito

do Seu ensino na vida das pessoas e como o Seu ensino deveria ser

abordado. Exemplo: “Ninguém põe remendo de pano novo em veste

velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura.

Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário rompem-se os

odres, derrama-se o vinho e os odres se perdem. Mas põe-se vinho

novo em odres novos, e ambos se conservam” (Mateus 9:16–17).

Jesus usou essa parábola para ajudar seus ouvintes a

compreender o valor do Seu ensino. A palavra “parábola” é formada

de outras duas gregas: “para”, que significa “ao lado de” e “ballo”,

que significa “jogar”. Uma parábola de Jesus, portanto, é uma

ilustração colocada ao lado de uma verdade que pretendia ensinar.

Nesta passagem encontramos duas parábolas com

significados semelhantes. A primeira é uma ilustração referente a

roupas remendadas. Dizem que uma costureira nunca coloca um

pedaço de pano novo sobre um pano velho porque podem acontecer

dois desastres: o pano novo repuxar o pano velho e fazer um buraco

ainda maior e também porque o pedaço de pano novo vai contrastar

muito com o pano velho.

Nessa parábola Jesus ensinou que Suas palavras não deveriam

ser como um remendo novo no ensino velho das autoridades

religiosas. O Seu ensino era novo e a evidência disso está no Sermão

da Montanha, no qual Jesus diz seis vezes: “Ouviste que foi dito...

Eu, porém, vos digo...”. O ensino de Jesus era diferente e não podia

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ser usado como um remendo novo sobre o ensino que o povo recebia

dos escribas e fariseus. A diferença entre os dois ensinos era muito

grande para se tentar mesclar um com o outro.

Com esta parábola Jesus deixou clara a incompatibilidade que

havia entre o Seu ensino e o ensino dos líderes religiosos. Jesus

estava dando um alerta contra o ensino das autoridades religiosas e

preparando Seus discípulos para uma nova visão da Palavra de Deus.

A seguir Ele deu outro ensino com a parábola do vinho e dos

odres (bolsas de couro onde o vinho era fermentado durante vários

meses). Quando há fermentação, o vinho se expande e aumenta a

pressão na bolsa. Por causa desse processo, nunca se deve colocar

vinho novo (suco de uva) em uma bolsa de couro velha, porque a

pressão causada pela fermentação do vinho pode causar o

rompimento da bolsa de couro. Por isso o vinho novo deve ser

colocado em uma bolsa feita com couro novo e flexível, de forma

que o vinho e o couro se dilatem juntos.

Mais uma vez Jesus estava mostrando a diferença entre os

dois os dois ensinos. O Seu ensino sendo comparado ao vinho novo

(não fermentado) e o ensino dos líderes religiosos, à bolsa velha de

couro. Se Jesus ensinasse dentro do contexto da religião

estabelecida, a pressão do ensino novo de Jesus explodia a tradição

religiosa. Esta foi outra forma que Ele encontrou para dizer que o

Seu ensino era incompatível com o ensino e toda tradição religiosa

dos escribas e fariseus.

Jesus também valorizou o que o Seu ensino faria naqueles

que o abordassem corretamente. Ele alertou Seus discípulos sobre a

pressão que Seu ensino lhes causaria. Se eles fossem como bolsas de

couro velho, não permitiriam as mudanças que Seu ensino causaria

em suas vidas. O ensino de Jesus poderia fazer com que suas mentes

“explodissem”, como as bolsas de couro velho.

O ensino de Jesus era revolucionário. Por isso ele alertou que

devemos estar dispostos a permitir as mudanças que ele pode causar

em nossas vidas. A metáfora do vinho novo em odres velhos refere-

se ao milagre do novo nascimento. Quando nascemos de novo,

somos como odres novos que suportam o vinho novo do ensino de

Jesus.

Você confessa, diz a mesma coisa sobre o ensino de Jesus?

Você confessa tudo o que Ele disse a respeito do Seu ensino? Você

está disposto a ser um odre novo para receber o ensino de Jesus a fim

de fazer parte da sua vida?

Capítulo 4

Julgamento

Qual o seu conceito de julgamento? Normalmente ouvimos

muitas piadas sobre julgamento. Muita gente não leva o julgamento

a sério. De acordo com as Escrituras julgamento é coisa séria.

Alguns crentes parecem pensar, quando se trata de julgamento, que é

como um exame final de teologia. Mas vamos observar o valor que

Jesus deu ao julgamento e qual o Seu conceito a respeito deste

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assunto: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos

os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas

as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos

outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as

ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei

aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai

na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do

mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me

destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me

vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então,

perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e

te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos?

Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos

visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que,

sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o

fizestes” (Mateus 25:31–40).

Nessa descrição de julgamento, não vemos nenhuma menção

a teologia, mas a compaixão e pessoas feridas. Vemos neste texto

um desafio a respeito dos valores de Jesus: os doentes, os solitários,

famintos, sedentos, o que não tem com que se vestir e os

aprisionados, estes são os feridos deste mundo com quem Jesus

passou a maioria do Seu tempo enquanto esteve na terra.

Jesus se referiu a essas pessoas como Seus irmãos. Quem são

esses pobres? Certa vez Jesus referiu-se àqueles que fazem a

vontade de Deus, como sendo sua mãe, seu pai e seus irmãos (cf.

Mateus 12:50). Nos primeiros três séculos da história da igreja, ser

cristão era considerado um ato criminoso. Os cristãos eram

perseguidos porque faziam a vontade de Deus. Mas, de acordo com

Jesus, todos se encontrarão no julgamento.

Entenda bem. Sabemos que a salvação não depende de obras

sociais nem de qualquer tipo de boas obras. Em todas as suas cartas

Paulo enfatizou a verdade do Evangelho – que nossa fé no que Cristo

fez por nós na cruz é a base da nossa salvação; e toda a Bíblia ensina

que nossas boas obras dão validade à fé que nos salva.

Esta passagem do capitulo 25 de Mateus refere-se ao

julgamento como uma avaliação da vida dos crentes. As três

parábolas ensinadas neste capítulo ensinam que a Segunda Vida de

Jesus Cristo será um julgamento para aqueles que se apresentarem

com coração e mãos vazios. Todos que um dia professaram sua fé

em Cristo e se apresentarem com mãos e corações vazios, estes

invalidaram sua fé e ouvirão do Senhor: “Apartai-vos de mim,

malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos...

sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim

o deixastes de fazer” (Mateus 25: 41, 45).

Qual o valor que damos aos feridos deste mundo? Nós os

alimentamos, os vestimos, saciamos sua sede? Nós os visitamos,

oferecemo-lhes nossa hospitalidade, procuramos fazê-los sentirem-se

melhor? Será que nosso coração se enche de compaixão pelos

necessitados do amor de Deus? O povo ferido deste mundo faz parte

do sistema de valores de Cristo. Afinal, Ele veio “evangelizar os

pobres, proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos

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cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano

aceitável do Senhor” (Lucas 4:18–19).

“Quem é Ele?”

O Novo Testamento começa com um sábio perguntando:

“Quem é Ele?”. Se você quiser descobrir quem Ele é e onde Ele está

hoje, olhe para onde o amor do Cristo ressuscitado está sendo

canalizado; para os feridos deste mundo.

Você confessa os valores que Jesus Cristo deu aos feridos

deste mundo? Você está disposto a pedir ao Cristo vivo que o

posicione estrategicamente entre o Seu amor, o que Ele é, e toda a

dor deste mundo ferido? Você está disposto a ser um canal de tudo o

que Jesus quer ser para aqueles que sofrem neste mundo? Se você

fizer esta oração que estou propondo, descobrirá onde o Cristo vivo

está hoje e onde você quer passar a sua vida daqui pra frente.

Capitulo 5

Liberdade

Quando esteve neste mundo, algumas vezes Jesus se irritou

com os líderes religiosos, porque Seus valores batiam de frente com

os deles. Ele ensinava o oposto do que eles ensinavam e quando

respondia às suas perguntas eles ficavam confusos, e, além disso,

consideravam que Jesus andava acompanhado de pessoas que

pertenciam à baixa escala da sociedade. Tudo o que Jesus fazia

parecia ir contra a Lei na qual eles se sustentavam e por isso estavam

sempre procurando uma maneira de confrontá-lO. Certa ocasião

Jesus curou um homem no dia de Sábado e mandou que ele pegasse a

cama sobre a qual ficava e a levasse pela rua em frente ao Templo

(cf. João 5:2–17). A Lei proibia que qualquer carga fosse carregada

no dia de Sábado, por isso o que Jesus fez foi uma desobediência à

Lei (cf. Êxodo 20:9–11; Jeremias 17: 21,22).

É evidente que esta cura foi uma estratégia de Jesus para

iniciar uma longa discussão com os escribas e fariseus, registrada nos

capitulo 5 a 8 do Evangelho do João. Nesse diálogo Jesus faz várias

declarações sobre quem Ele é e porque veio a este mundo. A maioria

dos judeus que ouviu essas declarações, desprezou-O e desejou que

Ele fosse preso ou apedrejado até a morte, mas no final da discussão,

alguns crerem em Jesus. Aos que creram Jesus disse: “Se vós

permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus

discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João

8:31–32). Nessa conversa Jesus também mostrou o valor do Seu

ensino – aqueles que permanecem na Sua palavra encontrarão

liberdade espiritual.

As pessoas acham que crer é só uma questão de fé e que

depois de crer, pode-se continuar a vida como se nada tivesse

acontecido. Mas não foi assim que Jesus ensinou aos que creram.

Àqueles que criam Jesus enfatizava a importância do Seu ensino. Ele

dizia que se eles criam, deveriam permanecer na Sua palavra, serem

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discípulos verdadeiros e, então, a verdade que lhes fora revelada no

Seu ensino os faria livres.

Um discípulo é um aprendiz. Um aprendiz passa duas

semanas tendo aulas teóricas e duas semanas tendo aula prática. Ele

pratica tudo o que aprende e só então recebe mais lições teóricas.

Um discípulo é aquele que pratica o que aprende e aprende o que

pratica. Os doze apóstolos são um grande exemplo do que significa

ser um discípulo de Jesus. Eles foram discipulados (treinados) por

Jesus durante três anos. Jesus ensinou-os, colocou em prática tudo o

que lhes ensinou e os treinou.

Ao dizer “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”

(32), Jesus se referiu ao conhecimento através de um relacionamento.

Se você permanece na Sua Palavra e A coloca em prática, passará a

ter um relacionamento com Aquele que é a Verdade e este

relacionamento com Ele o libertará.

De acordo com o ensino de Jesus, crer n’Ele e tornar-se Seu

discípulo envolve um processo de três etapas. Primeiro cremos que

Jesus é o único Filho de Deus, a única Solução de Deus para o

pecado e o único Salvador de Deus. Depois O seguimos

permanecendo na Sua Palavra. À medida que O Seguimos como

discípulos autênticos, passamos a conhecer o próprio Cristo Vivo. E

quando isso acontece, Ele nos liberta. E quando Ele nos liberta,

somos verdadeiramente livres!

Você conhece o Cristo Vivo e Ressurreto desta maneira?

Você tem experiências pessoais com Jesus? Você tem um

relacionamento com Ele? Este relacionamento já o libertou da prisão

do pecado? Se você quer confessar os valores de Jesus, creia n’Ele,

permaneça na Sua Palavra, torne-se um discípulo autêntico, vá além

das páginas sagradas, e passe a ter um relacionamento com a Palavra

Viva e aí você será verdadeiramente livre!

Capitulo 6

Perdão

Quando Jesus foi convidado para jantar na casa de um fariseu

chamado Simão, identificou o perdão como mais um dos Seus

valores (cf. Lucas 7:36–50). Naquele tempo quando se recebia

alguém em casa, o dono da casa dava um beijo de boas vindas no

hóspede e oferecia bacia com água para lavar-lhe os pés e óleo para

ungir-lhe a testa. Quando Jesus chegou na casa de Simão não

recebeu esse tratamento costumeiro. Mas estava ali uma mulher

conhecida na cidade como pecadora, e que provavelmente já tivesse

se encontrado com Jesus em outra ocasião, e recebido salvação e

perdão dos pecados. Ela deve ter ouvido que Jesus estava jantando

com Simão e foi até à casa dele. Quando ela viu que Simão não tinha

demonstrado hospitalidade para com Jesus, começou a molhar-lhe os

pés com suas lágrimas e a secá-los com o seu cabelo. Depois ela

ungiu os pés de Jesus com um óleo muito perfumado e muito caro.

Ao ver tudo isso Simão julgou consigo mesmo: “Se este fora

profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é

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pecadora” (Lucas 7:39). Conhecendo os pensamentos de Simão,

Jesus proferiu a seguinte parábola: “Certo credor tinha dois

devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta.

Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos.

Qual deles, portanto, o amará mais?”. Simão respondeu: “Suponho

que aquele a quem mais perdoou”. E Jesus respondeu: “Julgaste

bem” (Lucas 7:41-42).

Nesta parábola que foi aplicada ao que aconteceu na casa de

Simão envolvendo a mulher, Jesus deixou bem claro o valor do

perdão dos nossos pecados. Acompanhe a continuação do texto: “E,

voltando-se para a mulher, disse a Simão: ‘Vês esta mulher? Entrei

em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os

meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me

deste ósculo (beijo); ela, entretanto, desde que entrei não cessa de

me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com

bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os

seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem

pouco se perdoa, pouco ama” (44–47).

Simão não achava que os seus pecados tivessem sido um

grande débito a ser perdoado. Era como se o perdão alcançado

tivesse sido por uma dívida de apenas cinqüenta denários. Mas

aquela mulher aos pés de Jesus, achava que a sua dívida perdoada

tinha sido muito grande e por isso caiu aos pés dEle em completo

amor e adoração. Jesus identificou a importância do valor do perdão

concluindo: “... perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque

ela muito amou”.

Isso não quer dizer que o nosso perdão dependa do quanto

amamos. Jesus disse à mulher que ela tinha sido salva por causa da

sua fé: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (4:50). O amor daquela

mulher por Jesus foi uma confirmação da sua fé no perdão e na

salvação que recebeu, enquanto que a atitude de Simão em relação à

mulher pecadora foi uma evidência da sua falta de fé. Jesus aprovou

a atitude da mulher ao aceitar a sua adoração de amor e lhe perdoou

os pecados porque ela valorizou o Seu perdão.

Se você confessa o valor que Jesus deu ao perdão e se você se

identifica com aquela mulher é porque se reconhece pecador; se sua

culpa faz o seu pecado parecer um grande débito que você gostaria

de ver cancelado, entenda que Jesus veio e morreu numa cruz para

que a sua dívida de pecado fosse cancelada. Se os seus pecados

foram perdoados, pela fé valorize o seu perdão de forma que você

não sinta nada mais, além de compaixão por aqueles que como

aquela mulher, amaram muito porque seus pecados foram perdoados.

Nunca se esqueça de que Jesus nos ensinou a orar diariamente: “...

perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos

nossos devedores”.

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Capitulo 7

Salvação

O ministério público de Jesus começou numa sinagoga na

Galiléia, na cidade de Nazaré, onde Jesus, na presença do povo, leu

esta passagem do livro de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre

mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para

proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos,

para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do

Senhor” (Isaías 61:1-2 e Lucas 4:18–19).

Depois de pregar o sermão que iniciou o Seu ministério

público, Jesus começou a pregar Sua mensagem simples, intitulada

pelos teólogos como “O Manifesto do Nazareno”. Este manifesto era

a visão que Jesus tinha da Sua missão neste mundo. Nele Jesus

declarou que veio ao mundo trazer salvação aos cegos espirituais e

cegos físicos, aos cativos e aos feridos que O interceptassem,

expressando compaixão por eles e manifestando todos os aspectos da

salvação para suas vidas.

Mas outro grupo de pessoas, os fariseus, interceptava Jesus

todos os dias. Os fariseus faziam parte de uma ordem religiosa de

judeus devotos que se dedicava à preservação das doutrinas

ortodoxas do judaísmo. De certa forma, eles eram muito dedicados;

eram os fundamentalistas da religião judaica.

Os fariseus não se viam espiritualmente cegos nem

necessitados e pareciam estar sempre à margem do ministério de

Jesus, apontando-lhe o dedo e acusando-O de transgressor da Lei de

Moisés. Jesus ficava irritado com os fariseus por causa da dureza de

seus corações e do sentimento de superioridade. Mas Jesus passou

tempo com eles, conversou e discutiu. Jesus queria que eles

conhecessem o valor espiritual da lei que eles tanto valorizavam.

Jesus dirigiu o seu ministério aos perdidos deste mundo, a

quem Ele muito valorizou, ao mesmo tempo em que o dirigiu aos

fariseus, a quem Ele ensinou A Parábola das Coisas Perdidas (Lucas

15). Depois de uma pregação em que Jesus falou sobre o preço de

ser um de Seus discípulos, pecadores O cercaram, desejando estar

mais perto d’Ele para ouvir os Seus ensinamentos. Os fariseus e

escribas se afastaram de Jesus, formando um círculo mais externo, e

passaram a criticá-lO por se reunir com um grupo de pecadores.

Os fariseus não se consideravam perdidos e também não

tinham compaixão daqueles que o eram. No meio desses dois

círculos Jesus ensinou a parábola das coisas perdidas. Na verdade,

Ele a dirigiu às pessoas do círculo externo, aos fariseus, a fim de

explicar o que estava acontecendo no círculo interno, o círculo dos

publicanos e pecadores que estavam sendo salvos. Com este sermão

Jesus estava convidando os fariseus a entrar no círculo interno e

participar com Ele da Sua missão de buscar e salvar o perdido. O

desafio que Jesus fez ao círculo externo foi: “Há alegria no céu

quando um perdido é achado; por que vocês também não se alegram?

Quando vocês olham para estas pessoas, enxergam apenas

publicanos e pecadores. Mas Deus os vê como ovelhas perdidas,

filhos e filhas perdidos”. Esta é a mensagem central da Parábola das

Coisas Perdidas e da estória do Filho Pródigo.

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Na segunda metade da parábola do Filho Pródigo lemos como

o filho mais velho reagiu à volta do seu irmão: “Ora, o filho mais

velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da

casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e

perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu

pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.

Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava

conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te

sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um

cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém,

esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu

mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o

pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.

Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos,

porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi

achado” (Lucas 15:25–32)

De certa forma o filho mais velho estava mais perdido do que

o filho pródigo; seus valores eram diferentes dos valores de seu pai.

O filho mais velho é uma figura dos fariseus que ficavam à margem

do milagre de salvação dos perdidos, sem querer participar da alegria

de salvação e arrependimento dos pecadores. Como o filho mais

velho, os fariseus estavam contrariados e não queriam participar da

festa do milagre de vida daqueles que eram perdidos e foram

achados.

O pai se alegrou com o retorno do filho perdido, enquanto o

filho mais velho ficou contrariado com as boas vindas dadas ao seu

irmão rebelde. Assim como o pai que saiu da festa e convidou o

irmão mais velho para participar daquela celebração, Jesus convidou

os fariseus para participarem da alegria pelo arrependimento dos

pecadores. Jesus estava fazendo um convite aos fariseus para que

participassem do Seu ministério, que era – alcançar os

espiritualmente pobres mencionados no Seu Manifesto e valorizados

durante o tempo do Seu ministério.

Você confessa o valor que Jesus deu aos perdidos deste

mundo? Como você se sente quando se depara com os pecadores?

Será que sua convivência na igreja não o alienou da dura realidade

em que vive uma pessoa que está em pecado? Você compartilha o

mesmo amor e a mesma compaixão pelos perdidos que há no Cristo

que vive em você? Cuidado para não se tornar como um daqueles

fariseus, que não compreendiam o amor de Cristo pelo pecador.

Somos apenas veículos do Cristo Vivo para a recuperação do

homem perdido. No contexto da Parábola das Coisas Perdidas,

confesse o valor que Jesus deu aos perdidos. Entre para o círculo

interno e participe com Ele da missão de dar visão aos

espiritualmente cegos, liberdade aos cativos e cura aos feridos e

quebrantados deste mundo.

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Capítulo 8

A Ultima Autoridade

O credo da igreja pergunta: “qual é a autoridade máxima da

nossa fé e prática?”. Em que autoridade firmamos nossa fé? Em que

cremos e como tudo isso interfere na nossa vida? A resposta para

estas perguntas tem duas opções: Deus ou o homem. Podemos

fundamentar nossas vidas na revelação de Deus ou no raciocínio

humano.

Jesus sempre deu muito valor às Escrituras. Suas primeiras

palavras registradas nos três primeiros Evangelhos são: “Está

escrito...”. Jesus respondeu algumas vezes aos fariseus dizendo “...

nunca lestes nas Escrituras?”. Os fariseus costumavam memorizar

os cinco primeiros livros da Bíblia; eles eram doutores nas

Escrituras; especialistas na Palavra de Deus. O próprio Jesus

reconheceu isso quando disse: “Examinais as Escrituras...” (João

5:39). Mas Ele continuou dizendo que essa atitude deveria levá-los

ao Messias vivo que estava diante deles: “Examinais as Escrituras,

porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que

testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para teres vida”

(João 5: 39–40).

Apesar de serem doutores na Bíblia, não era na autoridade da

Palavra de Deus que eles firmavam sua fé e prática. Por isso Jesus

sempre lhes perguntava: “... nunca lestes nas Escrituras?”. Se a

Palavra de Deus fosse a autoridade para a fé deles, eles não teriam

questionado Jesus da maneira que o fizeram. Muitas de suas práticas

eram uma evidência de que eles não tinham o verdadeiro espírito da

Lei de Deus.

Certa vez, num sábado, Jesus estava andando com Seus

discípulos por um campo onde havia grãos. Eles estavam com fome

e, à medida que caminhavam alimentaram-se daqueles grãos. Os

fariseus perguntaram a Jesus por que Seus discípulos tinham

desobedecido a Lei. Jesus respondeu: “Nunca lestes o que fez Davi,

quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus

companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo

sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é

lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam

com ele?” (Marcos 2: 25 e 26). Jesus citou o exemplo de Davi que

buscou o pão do templo quando estava com fome, o que, de acordo

com a Lei era permitido apenas para os sacerdotes (cf. I Samuel

21:1–6). Aquele pão representava a promessa de Deus de satisfazer

todas as nossas necessidades e se relaciona com a oração que Jesus

fez: “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mateus 6:11).

Em outra ocasião os fariseus estavam discutindo a questão do

casamento com Jesus, com a intenção de levá-lO a se posicionar

contra a Lei de Moisés. Eles sabiam que Jesus falaria sobre a

indissolubilidade do casamento. Eles confrontaram Jesus dizendo

que Moisés tinha permitido que o homem desse carta de divórcio à

sua mulher. Se Jesus contrariasse Moisés, os fariseus teriam de que o

acusar. Mas Jesus lhes respondeu: “Não tendes lido que o Criador,

desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa

deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os

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dois uma só carne?... Por causa da dureza do vosso coração é que

Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim

desde o princípio” (Mateus 19: 4–5, 8).

Jesus usou as Escrituras para mostrar que Moisés permitiu o

divórcio por causa da dureza de coração dos homens em relação às

suas mulheres. A carta de divórcio permitia certas garantias e

direitos às mulheres e sua função era evitar que o homem

abandonasse a mulher sem qualquer provisão. Foi a isso que Moisés

e Jesus se referiram quando falaram da “dureza de coração” do

homem.

Com este ensino Jesus mostrou que não mudaria em nada a

lei, antes a Lei de Deus e de Moisés seria cumprida integralmente.

A Palavra de Deus era a base para tudo o que Jesus ensinava.

Ele mostrou que as Escrituras eram Sua autoridade e base de fé e

prática. E a pergunta que Jesus fazia aos fariseus, “Não tendes lido

que... ?”, pretendia mostrar aos fariseus que eles não tinham as

Escrituras como autoridade máxima nem como base de fé e prática.

Suas práticas, seus valores e ensinos revelavam que as tradições eram

a autoridade máxima de sua fé e prática. Se eles cressem e

compreendessem as Escrituras, não se oporiam tanto a Jesus.

Você afirma a mesma coisa que Jesus afirmava a respeito das

Escrituras? Você mostra através dos seus valores, das suas palavras,

e da sua vida, que a Palavra de Deus é a autoridade máxima para sua

fé e prática? Hoje vivemos numa sociedade onde não há direção nem

padrão absoluto de moral para se enfrentar as questões morais e

éticas. Hoje pessoas sem padrão absoluto de ética ou moral têm

tomado decisões que acarretam sérias conseqüências. Nunca foi tão

importante confessarmos o valor que Jesus deu à Palavra de Deus.

Hoje é preciso que aqueles que tomam decisões sejam confrontados

com a pergunta de Jesus: “Vocês nunca leram isto nas Escrituras?”.

Capítulo 9

Obediência

As adversidades porque passamos são inevitáveis. Não há

como impedi-las. Elas fazem parte do nosso dia-a-dia porque

vivemos num mundo decaído. Apesar de não termos controle sobre

as adversidades que enfrentamos, podemos ter, de como responder a

elas. A nossa resposta é determinada pelo nosso sistema de fé,

conforme Jesus nos ensinou no final do Sermão da Montanha: “Todo

aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será

comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a

rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e

deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora

edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas

palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato

que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva,

transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto

contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína”

(Mateus 7:24–27).

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Nesta passagem Jesus descreve um episódio que envolve dois

homens – um que construiu sua casa sobre a rocha e outro que a

construiu sobre a areia. Os dois enfrentaram a mesma tempestade,

mas apenas a casa construída sobre a rocha resistiu firme. Já

dissemos que todo mundo passa por adversidade – todo mundo passa

por tempestades na vida, independente da casa que construiu. A

questão é saber se a casa que você construiu resistirá à tempestade.

A diferença básica entre esses dois homens é como, e onde eles

construíram suas casas.

O próprio Jesus interpretou essa metáfora. Ele disse que o

homem sábio foi aquele que ouviu Seus ensinos e os praticou (24); o

insensato é o que os ouviu e escolheu não aplicá-los à sua vida (26).

Apenas ouvir os ensinos de Jesus não fortaleceu sua casa; afinal, os

dois os ouviram. Foi a aplicação das palavras de Jesus que fez a

diferença. A rocha sobre a qual o sábio construiu sua casa, isto é, sua

vida, não tinha a ver com ouvir, entender, memorizar, citar, nem

ensinar as palavras de Jesus para os outros. A sabedoria está em

colocar o conhecimento em prática. O homem sábio tem o

conhecimento tirado das palavras de Jesus e aplica-o à sua vida.

Quando vem a tempestade - e ela vem para todos, o sistema de fé,

que é a aplicação do ensino de Jesus, faz-nos resistir à tempestade.

Logo depois de pregar o Sermão da Montanha Jesus

atravessou o mar da Galiléia com Seus discípulos. No meio da

travessia começou a cair uma tempestade. Os apóstolos entraram em

pânico, mas Jesus dormia. “Mas os discípulos vieram acordá-lo,

clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! Perguntou-lhes, então,

Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-

se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. E

maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos

e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:25–27).

Este episódio também registra uma grande tempestade e uma

grande calmaria e, entre esses dois acontecimentos extremos, uma

pergunta de Jesus: “Por que sois tímidos, homens de pequena fé?”.

No Evangelho de Marcos lemos um pouco diferente: “Como é que

não tendes fé?” (Marcos 4:40). Nessa história os apóstolos eram

como aquele homem insensato que construiu sua casa sobre a areia e

quando veio a tempestade, ela caiu. Quando a tempestade caiu sobre

o barco, a fé deles também caiu. Eles foram insensatos porque

ouviram as palavras de Jesus, mas não as colocaram em prática; não

puseram sua fé em prática – a fé que Jesus era Quem Ele dizia ser, e

que jamais permitiria que seu barco afundasse. Eles entraram em

pânico! Eles foram confrontados pela adversidade e por um sistema

de fé que não estava fundamentado na rocha, de acordo com a

metáfora de Jesus, mas estava alicerçada sobre a areia.

Jesus nunca prometeu que nos não viria adversidade se O

seguíssemos. Na verdade Ele deixou claro que segui-lO poderia nos

trazer adversidade: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom

ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). Jesus prometeu que aqueles

que ouvissem Suas palavras e as praticassem, veriam as grandes

tempestades da vida se transformarem em grandes calmarias. Ele

também prometeu que a casa destes resistiria às tempestades. Mas a

condição para que esta promessa se cumpra, é deixar que Suas

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palavras penetrem em nossas vidas e transformem o nosso viver.

Devemos ir além do simples ouvir e compreender as palavras de

Jesus. Devemos fazer do Seu ensino parte vital das nossas vidas.

Capítulo 10

Os Feridos

Jesus sempre valorizou as pessoas, principalmente os feridos

e necessitados de cura espiritual e física. Em várias ocasiões Jesus

foi movido por compaixão para curar pessoas que tinham sido

excluídas da sociedade. Numa delas Jesus tocou os olhos de dois

homens cegos que gritavam pedindo cura, enquanto a multidão os

repreendia (Mateus 20:29–34); Jesus estendeu a mão e purificou um

leproso que se aproximou d’Ele, apesar de os leprosos serem

rejeitados pela sociedade (Marcos 1:40–42); Jesus restaurou a mão

ressequida de um homem num dia de Sábado, mesmo que por esse

motivo, os fariseus conspirarem contra Ele (Marcos 3:1–6). Estes

exemplos mostram como Jesus era movido por compaixão pelos

feridos e se entristecia com a dureza de coração dos homens.

Além de ter compaixão por aqueles que passavam pelo Seu

caminho, Jesus também tinha compaixão pelas multidões que O

seguiam: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando

nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte

de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se

delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm

pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é

grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da

seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9:35–38).

O texto original grego diz que Jesus soluçou de tanto chorar

ao ver as multidões, tão grande era Sua compaixão por elas. Mas

além de ter compaixão pelos feridos, Jesus também tinha uma

estratégia específica para ajudá-los em suas necessidades – uma

estratégia que envolvia Seus discípulos.

Todas as vezes que Jesus via as multidões sofrendo, Ele

intensificava o treinamento dos discípulos. No texto citado acima,

Jesus disse: “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores

são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande

trabalhadores para a sua seara”. No final do capitulo 4 de Mateus

lemos que uma multidão de pessoas de vários países se aglomerou ao

redor de Jesus. Ele então chamou seus discípulos para o alto de uma

montanha onde realizou um retiro e nesse retiro que Jesus recrutou os

doze apóstolos.

Nos capítulos 14 e 15 do Evangelho de Mateus lemos que

Jesus alimentou multidões de cinco e de quatro mil pessoas. “... viu

Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus

enfermos” (Mateus 14:14). E depois disse: “Tenho compaixão desta

gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que

comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça

pelo caminho” (15:32). Nas duas ocasiões Jesus instruiu os

discípulos para que alimentassem o povo com alguns peixes e

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pedaços de pão que Ele multiplicou, até que as multidões fossem

alimentadas.

Essas passagens bíblicas relatam dois grandes milagres de

Jesus e a Sua visão missionária. Jesus posicionou Seus discípulos de

maneira estratégica entre Ele e a multidão e através das mãos deles

passou Sua provisão para as multidões. É exatamente assim que

Cristo quer satisfazer as necessidades dos feridos deste mundo – Ele

quer passar Ele próprio, o Pão da Vida, para os feridos deste mundo,

através das mãos da Sua igreja.

Você é como um desses feridos no meio da multidão,

desejando se aproximar de Jesus para que Ele lhe passe “O Pão” que

Ele tem para você? Deixe que Ele toque o seu coração para que você

conheça o propósito da Sua vinda a este mundo e pelo qual Ele vive

dentro da igreja e através dela hoje. Ele quer tocar no coração de

pessoas como você.

Para isso você se dispõe a confessar o valor que Jesus deu aos

feridos deste mundo? Diferente das autoridades religiosas que não

manifestavam amor nem compaixão pelos necessitados, Jesus estava

sempre pronto a atender aquele que necessitava d’Ele. Jesus

desafiou a todos nós, Seus discípulos, a dizer a mesma coisa que Ele

disse sobre o valor de alimentar o faminto e ferido com o Pão da

Vida. Quando você passar por alguém com fome ou ferido, lembre-

se do valor que Jesus deu a essas pessoas e peça que o Cristo Vivo

passe do Seu amor, Sua luz e vida para elas através de você.

Capítulo 11

“Eu Sou”

O Evangelho de João é a biografia de Cristo que enfatiza as

declarações de Jesus a respeito da Sua identidade e missão neste

mundo. Nesse Evangelho encontramos a declaração da missão de

Jesus e depois a resposta à pergunta que Ele fez aos apóstolos:

“Quem vocês dizem que eu sou?”. Quando declaramos que Jesus é o

que Ele declarou ser, estamos confessando verdadeiramente Jesus

Cristo.

No capitulo 3 de João vimos que Jesus se auto-declarou como

único Filho de Deus, única Solução de Deus para o pecado do mundo

e único Salvador de Deus para o mundo, para você e para mim,

particularmente. Se quisermos que Ele seja o nosso Salvador,

devemos confessar os valores que Ele deu a Ele mesmo.

No Evangelho de João lemos o relato da conversa que Jesus

teve com uma mulher junto ao poço de Sicar na região de Samaria.

Quando ela quis saber porque Ele, um judeu, estava conversando

com ela, Jesus respondeu: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o

que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água

viva” (João 4:10).

A mulher então perguntou a Jesus se Ele era maior do que o

pai Jacó, que lhes havia dado aquele poço, ao que Jesus respondeu:

“Quem beber desta água, tornará a ter sede; aquele, porém, que

beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a

água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”

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(João 4:13–14). Ao perceber que Jesus tinha poder para lhe dar

dessa água e para afirmar que ela já tinha tido cinco maridos e o

homem com quem estava vivendo não era seu marido, ela o chamou

de profeta (cf. João 4: 19).

Jesus continuou a intrigar a mulher com Suas respostas até

que ela finalmente fez referência ao Messias: “Eu sei, respondeu a

mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier,

nos anunciará todas as coisas” (25). Jesus lhe respondeu: “Eu o sou,

eu que falo contigo” (26).

Mais tarde, não só a mulher como alguns samaritanos que ela

conhecia, professaram que Jesus era o Cristo: “Já agora não é pelo

que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e

sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (42).

Eles confessaram o valor que Jesus deu a Si próprio; ou seja,

disseram a respeito de Jesus Cristo, o que Ele mesmo disse. Eles

confessaram que Jesus era o Messias, o Cristo, o único Salvador do

Mundo.

O que significou para aquela mulher perceber que estava

falando com o Messias? Nossa pergunta é respondida quando lemos

no texto, que ela largou o seu pote de água, que era a razão porque

tinha ido ao poço, e foi contar aos homens da cidade a respeito de

Jesus. Naquela cultura, uma mulher anunciar qualquer coisa aos

homens era uma coisa inusitada. Ela mesma se espantou com o fato

de Jesus conversar com ela, uma samaritana. Será que ela conhecia

aqueles homens por causa de um relacionamento “profissional”?

Jesus disse que não veio a este mundo por causa dos santos, mas dos

pecadores (cf. Mateus 9:13).

A resposta da mulher à conversa que teve com Jesus é um

desafio para que reflitamos sobre nossas respostas às declarações de

Jesus no Evangelho de João. Jesus disse à mulher que se ela tivesse

idéia de quem estava lhe pedindo água, ela pediria e Ele lhe daria

Água Viva. Isso é um desafio para nós todas as vezes que oramos.

Quando oramos, falamos com o Deus Todo Poderoso. Se cremos

que em oração falamos com esse Deus Todo Poderoso, devemos

saber o que lhe pedir.

Em todo o Evangelho de João Jesus continuou falando quem

Ele é e porque veio ao mundo. Ele alegou ser igual a Deus, ao

declarar que pode fazer tudo o que Deus faz: “Em verdade, em

verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão

somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o

Filho também semelhantemente o faz” (5:19). Isto inclui ressuscitar

mortos, algo que só Deus pode fazer.

É admissível que ao ouvirmos alguém dizer que é igual a

Deus, perguntemos: “Você consegue fazer tudo o que Deus faz?”. A

essa pergunta Jesus respondeu que “Sim” e provou o que disse.

Jesus ressuscitou dos mortos e com isso provou que é igual a Deus, e

que pode fazer tudo o que Deus faz. Por esse motivo os líderes

religiosos perseguiam Jesus; por Ele ter alegado ser igual a Deus (cf.

João 5:18).

Essa hostilidade entre Jesus e os líderes religiosos, começou a

ser registrada no capitulo 5 do Evangelho de João, e continuou até o

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final do capítulo 8, quando atingiu o seu clímax. Eles chegaram a

pegar em pedras para atirar em Jesus quando Ele declarou que havia

conhecido Abraão. Nessa hora os líderes religiosos perguntaram a

Jesus: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?” (João 8:57).

Os líderes religiosos daquele tempo não tinham dúvidas de

quem Jesus estava afirmando que era. Alguns líderes religiosos de

hoje questionam essas declarações de Jesus. Entretanto outros

dizem: “Eu creio que Ele ainda é enquanto muitos não sabem quem

Ele foi. Mas, enquanto eles não têm certeza do que Ele fez, eu sei

que Ele ainda faz”. Preste atenção em algumas declarações de Jesus

no Evangelho de João e decida em quem você crê. João 10:30

registra estas palavras de Jesus: “Eu e o Pai somos um”; no capítulo

14, respondendo a Felipe sobre o pedido que lhe fizera para ver o

Pai, Jesus disse: “... há tanto tempo estou convosco, e não me tens

conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos

o Pai? ...Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim” (9, 11).

Quando Jesus fez a oração que João registrou no capítulo 17, Ele

disse: “... e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória

que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. Em todos os

Evangelhos, especialmente no Evangelho de João encontramos

declarações de Jesus que atestam sua divindade e igualdade com o

Pai.

Este homem viveu apenas 33 anos, mas causou um impacto

tão grande no mundo, que há dois milênios a história da humanidade

está dividida em dois períodos: antes e depois de Cristo.

O autor inglês, C.S. Lewis, escritor temente a Deus que

ministrava muito bem para os céticos e era um grande defensor da fé,

afirmou que depois de observarmos todas as declarações de Jesus nos

deparamos com duas opções: ou concordamos com Jesus e

declaramos que Ele é quem alegou ser, ou o declaramos mentiroso e

lunático.

Jesus afirmou ser o Filho de Deus, igual ao Pai, e o Único

através de quem podemos receber salvação e vida eterna. Se você

não confessar os valores que Jesus deu a Ele mesmo, terá que decidir,

se para você Ele foi um fraudador e o pior impostor que o mundo já

conheceu, ou você pode não ser tão drástico e dizer que Ele foi um

lunático. Quem você diz que Ele é? Você concorda que Ele foi

quem afirmou ser? Você confessa o valor que Jesus deu a Ele

mesmo e O declara Senhor da sua vida hoje?

Capítulo 12

“Comunhão Com o Pai”

Jesus estava sempre em comunhão com o Deus Pai. Ele

sempre se levantava cedo e gastava tempo sozinho orando ao Pai.

Ele sempre falava sobre fazer somente o que o Pai lhe mandava

fazer. Sua comunhão com o Pai era constante e íntima. O momento

mais intenso do sofrimento de Jesus na cruz foi quando a comunhão

com o Pai foi quebrada porque naquele momento, Ele, literalmente,

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tornou-se pecado por nós (Marcos 15:34; II Coríntios 5:21; Isaías 53:

5,6).

No Jardim do Getsêmani, quando Jesus fez sua última oração,

lemos que o propósito de Sua vinda ao mundo e da sua morte

sacrifical era para que nós também pudéssemos ter comunhão com o

Pai: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus

verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

Para identificar o tipo de comunhão que tinha com o Pai,

numa ocasião, durante o Seu ministério, Jesus ensinou esta parábola:

“Certo homem deu uma grande ceia e convidou a muitos. À hora da

ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque

tudo já está preparado. Não obstante, todos, à uma, começaram a

escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo;

rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco

juntas de bois e vou experimentá-las, rogo-te que me tenhas por

escusado. E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir.

Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono

da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da

cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.

Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda

há lugar. Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e

obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. Porque

vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados

provará a minha ceia” (Lucas 14:16–24).

Naquele tempo na cultura daquele povo, sentar-se à mesa

para comer com alguém simbolizava comunhão. Não havia maior

expressão de comunhão do que aquela experimentada no partir do

pão na casa de um amigo, parente ou alguém que o convidasse para

se sentar à sua mesa. No último livro da Bíblia está registrada uma

linda metáfora em que Jesus diz que Ele está à porta das nossas

vidas, batendo pacientemente, porque Ele quer que abramos a porta e

O convidemos para cear conosco (cf. Apocalipse 3:20).

Na parábola da grande ceia Jesus mostra o valor que Ele deu

à comunhão com Deus. Nela Ele conta a estória de um homem –

figuradamente este homem era Deus – que desejava abrir as portas da

sua casa para um banquete. Seu convite foi rejeitado por todos. Um

dos convidados tinha comprado uma propriedade que deveria ir vê-

la. Estranho alguém comprar alguma coisa sem ver antes! Esse

talvez quisesse ver só depois de saber que era o dono! a desculpa

mostrou como as coisas deste mundo podem se tornar mais

importantes do que a comunhão com Deus.

Outro se desculpou porque tinha comprado cinco pares de

bois e precisava experimentá-las. Cinco pares de bois representavam

uma grande fazendo e muito trabalho. A desculpa então foi o

trabalho.

A terceira desculpa apresentada foi casamento. A pessoa

tinha acabado de se casar e não podia ir.

Como todos os convites foram rejeitados, o senhor da casa

ficou muito bravo e mandou que seus servos fossem pela cidade e

convidassem todos os doentes e aleijados para participarem da sua

festa – pessoas que nunca poderiam retribuir o convite e também

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nunca teriam imaginado que poderiam ser convidadas para tal

evento.

Para que Deus possa fazer um convite desses para o Seu

banquete, Ele precisou enviar o Seu único Filho ao mundo para

morrer pelos nossos pecados. Na liturgia judaica, a Tenda da

Adoração e o Templo de Salomão representavam as instruções que

Deus deu a Moisés mostrando como pecadores poderiam se

aproximar do Deus Santo. A presença de Deus estava no Santo dos

Santos e a liturgia da adoração era uma preparação para se aproximar

da presença de Deus. Havia um espesso véu que bloqueava a entrada

do Santo dos Santos onde Deus habitava. Os pecadores não podiam

se aproximar desse espaço sagrado. Uma vez por ano todos se

ajuntavam ao redor da tenda da adoração e o sumo sacerdote entrava

na presença de Deus pelo povo. Era assim na Tenda da Adoração no

deserto e também no Templo de Salomão.

O Templo de Salomão foi construído seguindo o mesmo

modelo da Tenda da Adoração. No templo também havia um véu

semelhante à cortina de um palco de teatro. Quando Jesus morreu na

cruz, essa cortina rasgou-se de cima a baixo, simbolizando o milagre

de que a partir de então o povo de Deus não se aproximava mais

d’Ele da maneira como fora ensinado no Velho Testamento. Você

pode achar que houve uma enxurrada de pessoas diante da presença

de Deus quando essas Boas Novas foram anunciadas. Mas a

parábola de Jesus mostra que não foi isso o que aconteceu.

Todas as desculpas mostraram como os valores do povo de

Deus estavam distorcidos. Todas elas mostraram que as prioridades

estavam nas coisas deste mundo, no trabalho e nos relacionamentos,

mais do que na comunhão com Deus.

Você dá valor à comunhão com Deus? Você dá valor para o

que custou a Deus abrir um caminho para ter comunhão com o

homem? Você dá valor ao sacrifício que custou para Jesus Cristo

dizer ao mundo “Eu sou o caminho... ninguém vem ao Pai senão por

mim”? Você confessa (diz a mesma coisa) com Jesus sobre o valor

da sua comunhão com Deus?

Naquilo que realmente cremos, praticamos. O resto não

passa de discurso religioso. Baseado em como você usa o seu tempo,

o seu dinheiro e sua atenção, você está confessando o valor que Jesus

identificou quando ensinou esta parábola?

Capítulo 13

“O Homem Junto ao Tanque”

Já comentamos sobre o valor que Jesus deu aos feridos e

doentes deste mundo e que Ele veio para curar o enfermo e lhe trazer

restauração espiritual. Também já comentamos como Jesus usou a

cura de um homem como estratégia para iniciar um diálogo com os

líderes religiosos (capitulo 5 de João). Se atentarmos para a cura que

veremos a seguir, identificaremos outro valor inerente a Cristo.

Vamos ver o Seu amor restaurando a saúde de um desses

quebrantados e feridos que Ele tanto valorizou. Este é o relato de

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João: “Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus

subiu a Jerusalém. Ora existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um

tanque chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco pavilhões.

Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos

(esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em

certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma

vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse). Estava

ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o

deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe:

Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho

ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois,

enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Então, lhe disse Jesus:

Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu

curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era

sábado”. (João 5:1–9).

No original grego o texto se refere a esta multidão junto ao

tanque, como “uma multidão sem forças”; outra tradução diz “de

pessoas fracas”. Eles passavam dia após dia ali porque acreditavam

naquilo que talvez fosse uma superstição. Quando a água daquele

tanque se movia, o que às vezes acontecia, eles achavam que era um

anjo que a tinha agitado e acreditavam que a primeira pessoa que

entrasse no tanque seria curada.

Havia 38 anos que um homem vivia ali, junto daquele tanque.

Dentre toda aquela multidão de enfermos e necessitados, Jesus viu-o

e perguntou-lhe: “Queres ser curado?”. Este episódio sugere

algumas perguntas. Por que, entre toda aquela multidão, Jesus

escolheu curar somente aquele homem? Por que Jesus não curou

todos os que estavam ali? E, por que Jesus perguntou ao homem que

estava junto daquele tanque havia 38 anos, se ele queria ser curado?

Médicos e profissionais da saúde dizem que essa pergunta

não é tão descabida como parece. Existem pessoas hipocondríacas,

que não querem ficar bem. Preste atenção: a pergunta não foi “você

quer ficar bem?”. A pergunta foi: “você quer ser curado?”. É

preciso mais para curar do que para ficar bem. Devemos entender

que certas coisas só mesmo o poder de Cristo pode fazer por nós.

O homem respondeu que tinha perdido toda esperança de

ficar bem: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque,

quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes

de mim” (7).

Aquele homem já tinha perdido toda esperança de ser curado

no poder daquele tanque. Ele tinha percebido que jamais conseguiria

por si só, alcançar o tanque antes que alguém o fizesse. Portanto,

aquele tanque jamais poderia curá-lo. Como já tinha desistido dessa

possibilidade, ele estava buscando outra forma de ser curado. Talvez

ele estivesse orando a Deus pedindo que o curasse sem que

precisasse daquele tanque. Talvez estivesse buscando outra

alternativa para sua cura. Ele poderia estar orando a Deus para curá-

lo sem o uso daquela superstição do Tanque de Betesda que não lhe

servia para nada. Foi assim que Jesus o encontrou – esperando por

um milagre; e ele encontrou esse milagre em Jesus.

Muita gente busca cura fora da caixa de poder de Deus. São

pessoas que têm seus “Tanques de Betesda” que jamais trazem a cura

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completa que procuram e que precisam. Elas se voltam para o

materialismo e para a autogratificação. Buscam cura em suas mais

variadas formas, e curandeirismo, mas não buscam em Deus. Assim

como aconteceu com aquele homem, só quando olhamos para além

do Tanque de Betesda e colocamos nossa esperança apenas no poder

de Cristo, é que podemos começar a ser curados de dentro para fora,

de uma maneira que só Cristo pode curar.

Há duas aplicações para essa história. Em primeiro lugar

devemos perguntar se queremos ser curados crendo que só Cristo é

capaz de nos curar completamente. Segundo, valorizando os feridos

e fracos deste mundo, como Jesus valorizou.

Alguns versículos anteriores relatam o desafio que Jesus

lançou para que seus discípulos colocassem em prática o amor pelos

feridos, como aquela mulher samaritana que estava pronta para

receber a Água Viva: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até

à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois

já branqueiam para a ceifa” (4:35). Pessoas em todo o mundo estão

prontas para receber a cura da salvação – são como os campos

prontos para a colheita. Jesus nos desafia a trabalhar nesses campos,

levando Sua salvação e cura espiritual a pessoas como a mulher

samaritana junto ao poço ou aquele homem junto ao Tanque de

Betesda. Você confessa o valor que Jesus deu aos feridos que estão

olhando para além dos tanques da sua vida, buscando a cura que só

Cristo pode lhes dar?

Capítulo 14

“Como Compreender as Escrituras”

Já vimos como Jesus valorizou as Escrituras. Quando Ele se

referia às Escrituras, estava falando do Velho Testamento, porque,

como sabemos, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito.

Quando Jesus deu início ao Seu ministério Suas primeiras palavras

foram “Está escrito...” e Sua pergunta preferida: “Vocês nunca leram

isto nas Escrituras?”.

Preste atenção nisso: Jesus sempre valorizou as Escrituras.

No Sermão da Montanha Ele valorizou o Velho Testamento quando

afirmou que “até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais

passará da Lei, até que tudo se cumpra”. No Seu coração Jesus

queria que aqueles que estavam com Ele no topo da montanha

compreendessem as Escrituras (Mateus 5:17-20).

No relato de João 5:39-40, quando Jesus estava discutindo

com os líderes religiosos, uma das questões levantadas foi o

entendimento das Escrituras.

Jesus elogiou os fariseus pelo conhecimento que eles tinham

das Escrituras dizendo que eles as pesquisavam e examinavam, mas

não as entendiam. Falou-lhes que as Escrituras testificavam a Seu

respeito, mas eles não criam n´Ele para ter a vida eterna.

Jesus estava dizendo aos fariseus, a você e a mim, que as

Escrituras não devem ser entendidas como um livro que fala a

respeito do estudo das origens, nem como um livro que fala da

história da civilização. As Escrituras falam sobre a salvação e

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apresentam o contexto histórico no qual o Salvador veio ao mundo.

Na discussão que Jesus teve com os líderes religiosos Ele deixou

claro que eles jamais compreenderiam as Escrituras a não ser que

reconhecessem que elas convergiam para Ele, de capa a capa, do

começo ao fim. A afirmação de Jesus é que as Escrituras são a

palavras santas de Deus referente à história da redenção e ao

Redentor através de quem veio a salvação. O Velho Testamento

testifica a respeito de Cristo e da Sua vinda ao mundo para salvar o

homem do pecado e reconciliá-lo com Deus.

Osvaldo Chamber, outro autor inglês, considera o versículo

39 de João 5, o texto chave da Bíblia, porque ele abre nosso

entendimento a respeito dela. Ele trata de uma discussão entre Jesus

com os líderes religiosos e nela Jesus mostrou a mesma preocupação

que Ele manifestou no Sermão da Montanha: que as pessoas

compreendessem as Escrituras.

As últimas palavras de Jesus também destacaram o valor que

Ele dava às Escrituras. Depois da Sua ressurreição, antes de

ascender aos céus Jesus disse aos Seus discípulos: “Ó néscios e

tardios de coração para crer tudo o que os profetas disseram! E

começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-

lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras...São estas

as palavras que vos falei, estando ainda convosco: importava se

cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos

Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para

compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o

Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro

dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de

pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lucas 24:25,

27; 44–47).

Jesus iniciou Seu ministério demonstrando cuidado para que

as Escrituras fossem compreendidas e terminou o Seu ministério com

a mesma preocupação. O Seu ensino e os diálogos tanto com os seus

opositores e como com os que O seguiam, refletiam o desejo ardente

de levar o povo ao entendimento das Escrituras. Jesus iniciou Seu

ministério terreno proclamando: “Está escrito” e perguntando ao

povo “Vocês nunca leram isto nas Escrituras?” e o concluiu

desafiando os apóstolos e discípulos a terem a compreensão da chave

que abre o entendimento para as Escrituras: que tudo o que foi escrito

na Lei de Deus por Moisés, nos Salmos e nos Profetas diz respeito a

Ele.

Durante o Seu ministério, do começo ao fim e através de Sua

própria vida, Jesus enfatizou a importância da compreensão e

aplicação das Escrituras na vida do homem. Isso mostra o valor que

Ele lhes dava.

A pergunta que fica para nós é: será que confessamos o

mesmo valor que Jesus deu às Escrituras? Você acredita que tanto o

Velho Testamento como o Novo, dão testemunho da redenção de

todos os homens através de Jesus Cristo, o Filho de Deus? Você

acha que o Novo e o Velho Testamento respondem às nossas

perguntas referentes a viver, e viver bem? Será que estamos

preparados para enfrentar todas as tempestades e circunstâncias das

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nossas vidas inspirados nessas primeiras palavras de Cristo: “Está

escrito”?

Capítulo 15

“Jesus Me Ama”

Você já imaginou como seria conversar com Jesus cara a

cara, olhando nos olhos d’Ele? Por várias razões, esta seria uma

experiência única na vida. A razão principal seria porque veríamos

nos olhos d’Ele a força do Seu amor. Aqueles que andaram e

conversaram com Jesus tinham convicção do Seu amor por eles. A

certeza deste amor está revelada nos quatro Evangelhos.

No capítulo 11 do Evangelho de João lemos sobre o encontro

de Jesus com duas irmãs chamadas Marta e Maria. Esse encontro

evidenciou o amor que Jesus tinha pelo seu irmão Lázaro. Este se

encontrava doente e suas duas irmãs, desesperadas, mandaram um

recado para Jesus: “Senhor, está enfermo aquele a quem amas” (3).

O sentido da palavra original traduzida por “enfermo” é que o irmão

delas estava morrendo. Embora Lázaro também seja mencionado

como uma das pessoas que Jesus amava, depois de receber o

chamado Jesus permaneceu onde estava por alguns dias. Podemos

deduzir que essas três pessoas conheciam bem a Jesus. Mas tarde,

depois da morte de Lázaro, Jesus foi até o seu túmulo. O versículo

35 conta que lá “Jesus chorou”. Na verdade, Jesus soluçou de tanta

tristeza, e aqueles que O viram chorar disseram: “Vede quanto o

amava” (36). Não ficou evidente só para Marta e Maria que Jesus

amava Lázaro, mas também para os judeus que estavam presentes no

seu velório.

No capítulo 10 do Evangelho de Marcos lemos sobre a

história do “jovem rico”. Esse homem se aproximou de Jesus

querendo descobrir o que ele precisava fazer para ter a vida eterna.

O versículo 21 deste capítulo conta que “Jesus, fitando-o, o amou...”.

Esse olhar foi um olhar intenso, é o que o texto original sugere; um

olhar que transmitiu amor ao jovem rico. O texto afirma que esse

jovem não seguiu a orientação que Jesus lhe deu para que tivesse

vida eterna. Entretanto alguns estudiosos afirmam que ele foi o autor

do Evangelho de Marcos, porque esse Evangelho é o único que

registra o detalhe intrigante do olhar de Jesus para aquele jovem que

se afastou, desprezando a oportunidade de ter vida eterna. Mas,

sobre ele, uma coisa podemos dizer com certeza: quando Jesus o

fitou e o amou, ele teve convicção desse amor.

Jesus amou todos aqueles que interceptaram o Seu caminho,

até mesmo os publicanos e pecadores. Afinal, Ele escolheu passar o

Seu tempo com eles em jantares e andando com pelas cidades. Jesus

quis passar tempo com eles e transmitir-lhes a vida eterna, acessível

não apenas para os espiritualmente privilegiados, mas também para

os pecadores como eles. Aqueles que receberam Seu amor

responderam com gratidão e reverência, como aquela mulher que

caiu aos pés de Jesus e o ungiu com óleo precioso e com suas

próprias lágrimas (Lucas 7:36–38).

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Os discípulos de Jesus também foram alvo desse amor. O

Evangelho de João é um grande testemunho do amor de Cristo.

Algumas vezes João referiu-se a si próprio, no seu Evangelho, como

“o discípulo a quem Jesus amava” (13:23; 19:26; 20:2; 21:7, 20).

Ele tinha plena consciência do fato de que Jesus o amava. Sessenta

anos depois de andar com Jesus como um de Seus apóstolos, João lhe

dedicou o último livro da Bíblia, o Livro do Apocalipse, com as

seguintes palavras: “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos

libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para

o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos

séculos” (1:5–6). Jesus tinha dito aos companheiros de João que se

eles O seguissem, Ele faria deles pescadores de homens. Sessenta

anos mais tarde, João disse: “nos constituiu reino e sacerdotes”. Mas

antes de tudo, João lembrou que Ele “nos ama”!

Jesus amou todos os que cruzaram Sua caminhada de três

anos de ministério – os publicanos e pecadores, o rico e o pobre,

Seus amigos, Seus apóstolos e discípulos – e todos eles sabiam que

eram amados. Você tem consciência da verdade maravilhosa de que

Ele tem este mesmo tipo de amor por você? Anos atrás perguntaram

a um famoso teólogo qual tinha sido a verdade mais profunda que ele

tinha ouvido. Depois de pensar um pouco, ele respondeu: “Jesus me

ama, Jesus me ama, Jesus me ama, a Bíblia assim me diz”. Você

confessa este mesmo valor que Jesus deu ao amor? Será que as

pessoas que passam pela sua vida sabem que são amadas com um

amor que vem através de você, e não de você?

Minha vida mudou para sempre quando comecei a pedir ao

Cristo Vivo e Ressurreto que me posicionasse estrategicamente entre

o Seu amor e todas as pessoas feridas e quebrantadas que cruzassem

o meu caminho. O meu conselho é que você peça que Cristo faça o

mesmo com você. Quando você fizer isso, descobrirá onde Ele está e

onde você quer passar o resto da sua vida.

Capítulo 16

“Ovelha Perdida”

Nos quatro Evangelhos encontramos Jesus fazendo uma

citação do profeta Isaías. Usando a profecia de Isaías, Jesus afirmou

que somos como ovelhas perdidas e que Deus é o nosso pastor

amoroso, que busca e encontra Suas ovelhas: “Qual, dentre vós, é o

homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa

no deserto as noventa e nove e vai a busca da que se perdeu, até

encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.

E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-

vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que

assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende

do que por noventa e nove justos que não necessitam de

arrependimento” (Lucas 15: 4–7).

Jesus veio ao mundo para salvar o perdido (cf. Lucas 19:10).

Ele veio trazer cura espiritual aos que estavam doentes, feridos e

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necessitados de médico. Mas, como vimos em várias ocasiões, os

líderes religiosos não se sentiam à vontade com os pecadores que

Jesus amava. Eles o criticavam porque Ele passava tempo com os

pecadores e se sentiam ofendidos quando Jesus os convidava a

compartilhar com Ele a compaixão pelos perdidos e feridos.

Eles pareciam incapazes de enxergar os cegos, cativos e

quebrantados, citados por Isaías na profecia que Jesus adotou como

Seu Manifesto. Quando eles viam os pecadores ao redor de Jesus,

enxergavam publicanos e pecadores, como um bando de impuros e

nada mais do que isso. Jesus desafiou os fariseus e escribas a verem

essas pessoas da mesma maneira que Deus as via.

Uma das maneiras que Jesus usou para compartilhar esta

visão com os líderes religiosos foi dizendo que Deus via os

pecadores como ovelhas perdidas. Isaías, o príncipe dos profetas,

pregou que cada um de nós é uma ovelha perdida até que sejamos

encontrados pelo Grande Pastor (cf.Isaías 53:6).

Se você se sente como uma ovelha perdida, saiba que para

Deus é ovelha muito preciosa e que Jesus Cristo veio ao mundo por

causa de pessoas como você. Ele veio para morrer por você. Se hoje

Jesus passasse pela sua cidade, provavelmente ia querer passar um

dia todo com você, como fez com um pecador chamado Zaqueu (cf.

Lucas 19:1-10). Hoje Ele está à porta, batendo pacientemente,

porque Ele quer que você abra a porta da sua vida em resposta ao Seu

amor e perdão e quer que você O reconheça como o seu Pastor (cf.

Apocalipse 3:20).

Quando você se tornar uma dessas ovelhas encontradas pelo

Bom Pastor vai confessar o valor que Cristo deu aos perdidos que Ele

veio buscar e salvar. Ao revelar quem Deus é, e o Seu sistema de

valores, Jesus ensinou que Deus dá um valor tremendo aos perdidos.

O Cristo ressurreto quer que confessemos os Seus valores e nos

unamos a Ele na Sua missão de levar salvação ao perdido e

quebrantado deste mundo.

Capítulo 17

“Moedas Perdidas”

“Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”

(Lucas 19:10). Este é o versículo chave do Evangelho de Lucas e a

declaração da missão de Jesus Cristo na terra. Vimos no capítulo 15

do Evangelho de Lucas o valor que Ele deu às “coisas perdidas”. A

Parábola das Coisas Perdidas é uma alegoria da redenção que Cristo

trouxe aos perdidos deste mundo. Você deve se lembrar de que o

cenário dessa parábola era os dois círculos concêntricos que se

formaram ao redor de Jesus. Os perdidos e desejosos de encontrar

perdão para seus pecados formavam um círculo ao redor de Jesus; os

fariseus, que se consideravam justos e queriam manter-se longe dos

transgressores da Lei formavam outro círculo ao redor do círculo

menor, formado pelos pecadores que queriam ser salvos.

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A Parábola das Coisas perdidas foi dirigida às pessoas do

círculo exterior, os fariseus. Através dela Jesus tentou explicar o que

estava acontecendo no círculo interno. Jesus estava convidando as

pessoas do círculo externo para participarem com Ele do milagre que

estava acontecendo no círculo interior. Visando a cumprir o objetivo

da Sua missão, Jesus contou algumas parábolas de coisas perdidas.

Através dessas parábolas, os pecadores poderiam perceber como

eram valiosos aos olhos de Deus, e os fariseus poderiam entender

como o coração de Deus transbordava de amor por todos os homens,

e também como se alegrava quando uma vida perdida era encontrada

através do arrependimento e da salvação.

Uma das parábolas de Lucas 15 refere-se a uma moeda

valiosa que se perdeu e que uma mulher procurou diligentemente até

encontrar: “Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder

uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente

até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas,

dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha

perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos

anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15: 8–10).

Alguns estudiosos acreditam que essa moeda perdida era uma

das dez moedas que naquele tempo a mulher ganhava do marido e

usava sobre a testa simbolizando sua fidelidade a ele. Se ela lhe

fosse infiel, uma das moedas seria removida. Vocês já imaginaram,

essa mulher sendo fiel e tendo perdido uma das moedas? Podemos

entender porque ela procurou com tanto empenho a moeda e porque

se alegrou tanto ao encontrá-la!

Se este era o contexto cultural dessa parábola e essa a

interpretação que devemos lhe dar, podemos compreender que Jesus

estava dizendo às pessoas do círculo externo que alguns do círculo

interno estavam perdidos porque não conseguiam encontrar a força

espiritual para experimentar santidade ou santificação; eles estavam

perdidos, mas nem por isso não mereciam o desprezo nem a rejeição

do povo de Deus. Eles precisavam de ajuda a fim de manter as dez

moedas no lugar para ter um relacionamento completo com Deus.

Essa estória também é uma figura da redenção. Quando

falamos em redenção, estamos nos referindo a alguma coisa que

pertenceu a alguém, foi perdido e foi reivindicado, geralmente

através de um pagamento. Neste sentido, a coisa reclamada foi

comprada duas vezes – Primeiro alguém tomou posse dela; depois

ela foi reivindicada com um preço estabelecido. Da mesma forma,

antes pertencíamos a Deus porque Ele nos criou. Mas como o

pecado nos separou d’Ele, ficamos perdidos e, a fim de nos

reivindicar, ou nos redimir, Deus fez um plano para nos comprar de

volta – o que fez de fato o fez através do sacrifício expiatório do Seu

Filho Perfeito, de Jesus.

Conta-se que um menino construiu com seu pai, um modelo

de barco à vela. Os dois levaram o barco para a praia, perto de onde

moravam. Numa ocasião estavam brincando com o barco na praia

quando uma correnteza levou o barquinho para longe. Semanas

depois eles o encontraram na vitrine de uma loja e ficaram muito

desapontados ao descobrirem que o dono da loja só entregaria o

barquinho se eles o comprassem. Depois de comprar o barquinho de

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volta, o menino disse ao seu brinquedo: “Agora você é meu duas

vezes! Você é meu porque fui eu que te fiz e você é meu porque eu

te comprei”. Essa é uma ótima ilustração para “redenção”. Ele tinha

redimido o seu barco. Assim como ele fez o barco e depois o

comprou, Deus também nos criou e depois nos comprou de volta. O

preço que Ele pagou foi a vida do Seu Único Filho. O conceito de

redenção foi ilustrado pela estória da moeda perdida que foi

reencontrada.

Jesus estava falando para os fariseus que aqueles que estavam

ao Seu redor eram muito mais do que simples pecadores. Eles

tinham sido criados por Deus, foram perdidos e estavam sendo

reivindicados. Da mesma forma que a mulher se alegrou ao

encontrar sua moeda perdida, os anjos no céu se alegram quando um

pecador é encontrado e reintegrado à família de Deus. Jesus desafiou

os fariseus a mudarem o conceito que tinham a respeito dos

pecadores do círculo interior, porque estes eram como moedas

perdidas que precisam ser procuradas e valorizadas, com o valor que

Jesus lhes atribui.

Você é uma moeda perdida? Se você é uma das moedas

perdidas neste mundo, entenda que Jesus Cristo dá valor para você.

Ele está procurando por você diligentemente e todos os anjos do céu

vão gritar de alegria quando você for encontrado. E se você já foi

encontrado e redimido, como o barco daquele menino, eu gostaria de

saber se você tem compaixão pelas “moedas perdidas” deste mundo.

Você confessa o valor que Jesus deu às moedas perdidas, às vidas

perdidas que precisam ser redimidas para Deus?

Capítulo 18

“Filhos Perdidos”

Depois de ensinar ao círculo externo o valor da moeda

perdida, Jesus continuou com a Parábola do Filho Pródigo: “Certo

homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me

parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.

Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que

era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus

bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo,

sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar

necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquele

terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali,

desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas

ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos

trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de

fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai,

pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado

teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-

se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o

avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o

filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou

digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos:

Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo

e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado.

Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e

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reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se”

(Lucas 15:11–24).

Já vimos que esta parábola foi contada no meio de uma

conversa que Jesus teve com os pecadores e os fariseus ao mesmo

tempo. Jesus deu uma resposta à indignação dos fariseus que o

criticavam por Ele estar dando atenção aos pecadores e lançou um

desafio. Foi como se Jesus lhes dissesse: “Vocês não conseguem

enxergar essas pessoas além de pecadores, mas Deus os vê como

filhos perdidos”. Alguns destes pecadores são filhos de Deus que

exerceram seu livre arbítrio e se jogaram no mundo. Mas Deus usou

as conseqüências de suas tolices para trazê-los de volta à casa do Pai.

É isso que importa – por isso os anjos nos céus estão se alegrando.

Por que vocês também não se alegram?”.

Nessa estória o pai foi permissivo o suficiente para deixar que

seu filho exercesse o seu direito de escolha, e é desta maneira que

Deus nos trata. Ele permite que façamos escolhas estúpidas, mesmo

que sejam contrárias à Sua vontade. Ele permite que as

conseqüências das nossas escolhas tolas nos façam atinar para os

erros cometidos e voltar ao centro da vontade do Pai.

Se você é como o filho pródigo, se você tem vivido num país

distante, desperdiçando sua vida em pecado a ponto de agora estar

comendo do amargo “banquete de conseqüências”, entenda que o Pai

do Céu ama você. Mesmo tendo sido permissivo para deixar que

você fizesse escolhas erradas, dói n´Ele ver você desperdiçando anos

de sua vida. As boas novas são que Ele está pronto para correr para

você e lhe dar um caloroso abraço depois de você cair em si e voltar

para casa. Estando você ainda longe Ele correrá até você e o tomará

em Seus braços.

Você confessa o valor de Jesus pelos filhos pródigos? Se

você não é um filho pródigo e nunca foi, será que você tem o amor

de Cristo em seu coração por aqueles que o são? Você se alegra

quando um deles retorna à casa do Pai? As autoridades religiosas

não confessaram o amor de Cristo pelos filhos pródigos de Deus.

Além de não participarem da festa pelo retorno dos filhos pródigos,

ainda ficaram contrariados com aquela celebração. Eles conseguiam

enxergar aquelas pessoas no círculo interior, ao redor de Jesus,

apenas como publicanos e pecadores.

Se estivermos em contato com o amor de Cristo, que hoje

vive em nossos corações, descobriremos que Ele está nos desafiando

a dar as boas vindas aos filhos perdidos que voltam para casa. Como

os anjos no céu, vamos nos alegrar quando os filhos pródigos de

Deus se arrependerem e voltarem para casa. Como o próprio Pai,

vamos abraçá-los e reafirmar que eles pertencem à família de Deus;

vamos colocar um anel e uma capa nova neles. Vamos fazer uma

grande festa! Afinal eles são filhos e filhas de Deus que estavam

perdidos e foram encontrados. Eles estavam mortos, mas agora estão

vivos!