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Apostila n o 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte): 1 Curso Bíblico Internacional Apostila n o . 22 Prescrições de Cristo (Terceira Parte) Introdução Esta é a terceira e última apostila sobre “Prescrições de Cristo”. Se você ainda não leu as duas primeiras, não deixe de adquiri-las. É de extrema importância que você conheça e aplique as Prescrições de Deus e da Sua Palavra aos problemas e desafios da vida ao invés de buscar soluções no mundo. Quando não estamos bem de saúde, procuramos um médico e não um dentista ou um advogado. É o médico que procuramos para obter a “prescrição” correta para o que nos aflige. A Palavra de Deus apresenta prescrições divinas para todos nós. Nesta terceira apostila sobre as Prescrições de Cristo, vamos estudar as Prescrições de Deus para descobrir a direção dEle, a nossa verdadeira identidade e a paz verdadeira para lidarmos com a ansiedade e aprendermos a orar e sermos obedientes à Palavra de Deus. Agora, abra sua Bíblia para descobrir essas prescrições do Cristo Vivo e Ressurreto, Aquele que é o Verdadeiro Médico. Minha oração é que a transmissão do Curso Bíblico Internacional e esta apostila o façam entrar na Palavra de Deus e a Palavra de Deus entrar em você.

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Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

1

Curso Bíblico Internacional

Apostila no. 22

Prescrições de Cristo

(Terceira Parte)

Introdução

Esta é a terceira e última apostila sobre “Prescrições de

Cristo”. Se você ainda não leu as duas primeiras, não deixe de

adquiri-las. É de extrema importância que você conheça e aplique as

Prescrições de Deus e da Sua Palavra aos problemas e desafios da

vida ao invés de buscar soluções no mundo.

Quando não estamos bem de saúde, procuramos um médico e

não um dentista ou um advogado. É o médico que procuramos para

obter a “prescrição” correta para o que nos aflige.

A Palavra de Deus apresenta prescrições divinas para todos

nós. Nesta terceira apostila sobre as Prescrições de Cristo, vamos

estudar as Prescrições de Deus para descobrir a direção dEle, a nossa

verdadeira identidade e a paz verdadeira para lidarmos com a

ansiedade e aprendermos a orar e sermos obedientes à Palavra de

Deus.

Agora, abra sua Bíblia para descobrir essas prescrições do

Cristo Vivo e Ressurreto, Aquele que é o Verdadeiro Médico.

Minha oração é que a transmissão do Curso Bíblico

Internacional e esta apostila o façam entrar na Palavra de Deus e a

Palavra de Deus entrar em você.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

2

Capítulo 1

“Prescrição para Ter Direção”

Enquanto servi como pastor por quase cinco décadas, a

pergunta que mais ouvia era esta: “Pastor, como posso saber qual é a

vontade de Deus?”. Às vezes a pergunta tinha a ver com alguma

decisão crucial, outras vezes a pessoa queria conhecer a vontade de

Deus para sua vida.

Sempre que respondia a essa pergunta me concentrava em

doze passos que devemos dar quando precisamos conhecer a vontade

de Deus. Esses doze passos não são uma fórmula exata que nos leva

automaticamente à vontade especifica de Deus, mas definem

algumas questões que devem ser consideradas quando tentamos

alinhar a nossa vontade com a vontade de Deus.

Lemos na Bíblia que quando Deus falou com o homem pela

primeira vez depois da sua queda, a primeira pergunta que lhe fez

foi: “Onde está você?”. E a segunda: “Quem lhe disse ...?”. Fica

explícito na primeira pergunta que às vezes podemos estar em algum

lugar onde não devemos estar; e na segunda, é como se Deus

perguntasse: “A quem você tem ouvido?”. Diante disso entendemos

que uma das primeiras coisas que Deus compartilhou conosco na

Bíblia foi a direção divina.

Essas duas perguntas do terceiro capítulo da Bíblia são uma

prescrição para termos direção divina. Essa prescrição que valeu

para aquele tempo continua valendo para nós hoje. De repente

percebemos que estamos espiritualmente distantes de onde

deveríamos estar. Essa percepção não vem de pessoas, mas é uma

direção espiritual que vem de Deus.

A partir do texto hebraico a segunda pergunta poderia ser

assim traduzida: “Quem o fez saber ...?”. Quando percebemos que o

propósito de Deus é que saibamos onde estamos e onde deveríamos

estar, costumamos justificar nossas atitudes dizendo: “Deus me disse

...”. Talvez você se sinta à vontade explicando: “Deus me disse ...”,

ou pode ser que se sinta ainda melhor complementando sua

explicação dizendo: “Deus me fez saber que neste momento da

minha vida eu não estou onde precisava estar”.

Conta-se que um almirante da Marinha dos Estados Unidos

estava na ponte de comando da sua capitânia durante uma forte

tempestade, quando foi informado de que haviam captado um ponto

no radar e que se continuassem naquela rota haveria uma colisão. O

almirante imediatamente mandou que se passasse a seguinte ordem:

“Vocês estão na nossa rota. Por favor, alterem sua rota em 15 graus

para o norte”.

Alguns minutos depois o almirante foi informado de que a

mensagem tinha sido respondida: “Afirmativo. Vocês estão no curso

de uma colisão. Por favor, alterem o seu curso quinze graus para o

sul”. O almirante ordenou a seguinte mensagem em resposta: “Aqui

quem está falando é o Almirante Peter W. Johnson, da Marinha dos

Estados Unidos da América e repito: alterem sua rota em 15 graus

para o norte”.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

3

Essa mensagem teve a seguinte resposta: “Aqui é o Primeiro

Marinheiro Willard P. Sawyer da Guarda Costeira dos Estados

Unidos e repito: alterem seu curso quinze graus para o sul”. Quando

o almirante recebeu essa resposta ficou muito irritado e ordenou a

seguinte resposta: “Eu ordeno que vocês alterem sua rota quinze

graus para o norte. Saibam que sou um almirante da Marinha dos

Estados Unidos e isso é uma ordem”.

Depois de uma breve pausa, essa foi a resposta que o

almirante recebeu: “Insisto: alterem o curso da sua rota em quinze

graus para o sul. Saibam que sou Primeiro Marinheiro da Guarda

Costeira dos Estados Unidos de vigia em um farol!”.

Quando nosso Deus Onipotente nos faz saber onde estamos e

onde deveríamos estar, não deve haver dúvidas quanto a alterar o

curso das nossas vidas. Devemos nos submeter à Sua Direção

quando Ele mostrar onde deseja que estejamos.

A Vontade de Deus Para o Nosso Caráter

A vontade de Deus para a vida de todos os discípulos de Jesus

Cristo é a aplicação da essência dos Dez Mandamentos e do Sermão

do Monte. O apóstolo Paulo enfocou essa dimensão da vontade de

Deus ao escrever aos tessalonicenses: “A vontade de Deus é que

vocês sejam santificados...” (I Tessalonicenses 4:3).

Moisés não desceu do Monte Sinai com “Dez Sugestões”,

mas com “Dez Mandamentos” que representam a vontade Deus para

o caráter do Seu povo. O Sermão do Monte é o clímax da revelação

de Deus referente ao caráter de cada discípulo de Jesus Cristo. Toda

a Bíblia expressa a vontade de um Deus Santo para todo homem e

toda mulher de Deus, para que sejam perfeitos e plenamente

preparados para toda boa obra (cf. II Timóteo 3:16-17).

É importante que compreendamos que os Dez Mandamentos

e o Sermão do Monte não dizem que devemos ter o caráter ali

apresentado para que sejamos salvos. Os ensinos de Jesus e os

mandamentos de Moisés foram dados por Deus para que saibamos

como os salvos devem viver como povo autêntico de Deus. Da

mesma forma, a vontade de Deus para o caráter do Seu povo deve ser

cumprida para que sejamos reconhecidos como povo dEle.

A Vontade de Deus Para Nossa Carreira Profissional

Davi escreveu que os passos de um homem de Deus são

firmados pelo Senhor (cf. Salmo 37:23). Ele também escreveu que

antes que o homem existisse, Deus já tinha todos os seus dias escritos

(cf. Salmo 139:16). Além disso, no Salmo 23 Davi também afirma

que Deus está com ele, à sua frente e atrás dele, e dessa forma torna-

se impossível escapar do interesse que o seu Pastor pessoal tem por

cada um dos seus movimentos (cf. Salmo 23).

Essa intimidade com Deus não era exclusiva de Davi, mas

pode e deve ser a experiência de todo filho de Deus. “Toda vez que

um pardal cai de uma árvore e morre, Deus vai no velório!”. Esta é a

frase de um evangelista de outra geração sobre as seguintes palavras

de Jesus: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha?

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

4

Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de

vocês” (Mateus 10:29).

A aplicação que Jesus faz deste ensino é que, como dois

pardais são vendidos por uma moedinha, e nós temos muito mais

valor para Deus do que um pardal, e se Deus tem uma vontade

específica para a vida e a morte de um pardal, podemos ter certeza de

que Ele tem uma vontade específica para cada detalhe de nossas

vidas.

Nessa ilustração do pardal, Jesus confirma a revelação de

Davi sobre um Deus pessoal que se importa com os pequenos

detalhes da nossa vida, que tem programado cada um dos nossos dias

e que dirige nossos passos. Ainda na mesma passagem Ele reforça

essa idéia de que Deus se importa conosco, dizendo que Ele conhece

até o número de fios de cabelo da nossa cabeça (Mateus 10:30).

O apóstolo Paulo também concordou com Jesus e com Davi

ao escrever que, mesmo que as boas obras não salvem, somos salvos

para as boas obras, as quais Deus, em Sua providência determinou

que as façamos para Ele (Efésios 2:10). Paulo escreveu que quando

se converteu na estrada de Damasco, sua obsessão passou a ser

agarrar o propósito que Jesus tinha agarrado para ele (cf. Filipenses

3:12). Ele também nos exortou a provar na prática que o plano de

Deus para nós é bom, satisfaz as exigências de Deus e nos leva à

maturidade espiritual (cf. Romanos 12:1,2).

Como já comentamos anteriormente, nos primeiros versículos

da Bíblia Moisés mostrou que existe um lugar onde Deus deseja que

estejamos, e o próprio Deus nos fará saber se estamos ou não neste

lugar.

Ao considerar esses valores de Jesus, Moisés, Davi e Paulo,

somos grandemente abençoados em saber que nosso Deus é um Deus

pessoal e que se importa com cada um de nós individualmente. De

acordo com esses canais de revelação, Deus conhece o número de

fios de cabelo da nossa cabeça, firma nossos passos, programa nossos

dias e deseja o cumprimento de um plano para nosso caráter, nossa

carreira profissional e para todas as decisões importantes que

tomamos ao vivermos para Ele neste mundo.

Passo No. 1

Crer Na Vontade Específica de Deus Para Sua Vida

O ponto de partida para buscar a vontade de Deus para nossas

vidas é crer que ela existe. O fato de existirem mais de seis bilhões

de dedos no mundo e cada um ser diferente do outro, sugere que

Deus tem um plano único para cada um de nós. Hoje o DNA vai

mais longe do que as impressões digitais, como testemunha

eloqüente do milagre de que cada um de nós é um ser único e

exclusivo e que Deus realmente tem um plano específico para cada

indivíduo.

Mesmo que tenhamos a salvação, isso não nos leva

automaticamente a esse plano. Um dos primeiros subprodutos e

propósitos da nossa salvação é a recuperação da vontade de Deus

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

5

para nossas vidas.

Minha oração é que esses doze passos que comecei a

compartilhar com você o guiem ao conhecimento da boa, agradável e

perfeita vontade de Deus. O primeiro passo nesta recuperação é

acreditar que Deus tem um plano pessoal para você e para mim.

Passo No 2

Estar Disposto a Fazer a Vontade de Deus

O segundo passo, estar disposto a fazer a vontade de Deus, é

o mais importante dos doze passos que vou compartilhar com vocês.

Na Oração do Pai Nosso Jesus nos ensinou a orar “Seja feita Tua

vontade”. No jardim, na noite anterior à Sua crucificação, quando

suou gotas de sangue, Jesus mostrou aos Seus discípulos como

devemos orar: “não seja como eu quero, mas sim como tu queres”

(Mateus 6:10; 26:39; Lucas 22:42-44.).

Ao mostrar que Seu ensino é o ensino de Deus, Jesus deixou

outro princípio que pode ser aplicado quando buscamos o

conhecimento da vontade de Deus. Este princípio é bem simples:

“Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu

ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7:17). Essas

poucas palavras de Jesus colocam em nossas mãos a chave que abre a

vontade de Deus para nossas vidas.

De acordo com o Apóstolo Paulo, conhecer a vontade de

Deus não é difícil nem complicado. Deus não complica nem

obscurece Sua vontade deliberadamente. Ao falar sobre este assunto,

Paulo deixou uma prescrição para conhecermos a “boa, agradável e

perfeita vontade de Deus: levantar nossas mãos para o alto em

completa rendição, e submissão da nossa vontade à vontade de Deus.

“... se ofereçam (rendam-se) em sacrifício vivo, santo e agradável a

Deus” (cf. Romanos 12:1-2).

Nossa rendição incondicional a Deus simplifica a busca para

conhecer a Sua vontade. Através da observação, experiência e

estudo das Escrituras, cheguei à conclusão de que o maior obstáculo

para conhecermos a vontade de Deus para nossas vidas é a nossa

própria vontade. Deus não Se revela para aqueles que se recusam a

fazer a Sua vontade.

Passo No 3

Estar Aberto Para o Que Possa Ser a Vontade de Deus

Certa vez uma mulher pediu ao seu pastor que não a

confundisse com textos das Escrituras, porque ela já tinha decidido o

que ia fazer! Um homem que ganha muito bem para dar consultoria,

disse-me recentemente que na maioria das vezes que recebe pelo seu

serviço, seus clientes não querem a consultoria pela qual estão

pagando. Querem simplesmente a confirmação do que eles já

decidiram fazer.

Muitas vezes a vontade de Deus está fora do nosso alcance

porque quando a buscamos já temos nossos próprios planos. Se

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

6

nossas mentes já estão fechadas para a vontade de Deus, isso quer

dizer que na verdade, não a estamos buscando. O que estamos

fazendo é pedir a Deus que abençoe a nossa vontade, os nossos

planos e o caminho que já decidimos tomar.

Passo No 4

A Palavra de Deus

Isaías afirma que existe uma diferença tão grande entre os

pensamentos e os caminhos de Deus e os nossos próprios

pensamentos e caminhos, como os céus estão distantes da terra. A

filosofia do ministério de Isaías era pregar a Palavra de Deus porque

ela estabelece um alinhamento entre os nossos pensamentos e os

pensamentos de Deus, entre os nossos caminhos e os caminhos de

Deus e entre a nossa vontade e a vontade de Deus (Isaías 55:9-11).

Esse importante príncipe dos profetas na verdade está dizendo

o por que ele pregou a Palavra de Deus. De acordo com Isaías, se o

povo de Deus realmente quiser conhecer a vontade de Deus, que não

age nem pensa como ele, deve simplesmente gastar mais tempo com

a Palavra de Deus.

Certa vez ouvi Billy Graham contar um episódio de quando

ele ainda não era conhecido como é hoje. Numa ocasião, quando ele

estava embarcando em um avião, cumprimentou um velho pastor

amigo dele, que já estava sentado no avião lendo a Bíblia. Esse

pastor ignorou completamente Billy Graham. Depois de estarem

voando há uma hora, o pastor foi se sentar onde Billy Graham estava

sentado, cumprimentou-o eufórico e se desculpou por não o ter

cumprimentado antes. Ele se justificou dizendo: “Quando oro, falo

com Deus, mas quando abro a Palavra de Deus Ele fala comigo. Ele

estava falando comigo quando você me dirigiu a palavra e eu não

podia interromper Deus para falar com Billy Graham”.

Todos os dias Thomas A’Kempis abria sua Bíblia com essa

oração: “Que todas as outras vozes se calem e que eu ouça apenas o

Senhor falando comigo”. Se queremos sinceramente conhecer a

vontade de Deus, devemos estar prontos para ouvi-lO. Devemos

pedir a Deus que fale conosco quando abrimos Sua Palavra. É por

isso que devemos gastar tempo com a Palavra de Deus quando

buscamos conhecer Sua vontade.

Passo No 5

Oração

Qual é o primeiro passo que tomamos quando queremos saber

a vontade de alguém? Primeiro devemos nos encontrar com essa

pessoa e conversar com ela. Quando um homem está apaixonado e

decide se casar com a mulher que ama, o primeiro pensamento que

lhe vem à mente é encontrar-se com ela e conversar a respeito dos

seus sentimentos. Quando buscamos conhecer a vontade de Deus,

nossa primeira atitude deve ser a de buscar um encontro com Deus e

ter uma conversa com Ele.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

7

Em toda boa conversa existem duas dimensões. Toda pessoa

boa de conversa sabe que a dimensão mais importante numa

comunicação é quando a outra pessoa fala. Devemos nos lembrar

disso quando oramos ou quando abrimos a Palavra de Deus. Se uma

pessoa acredita que a oração é um encontro com Deus no qual só ela

fala, essa pessoa não sabe orar. A dimensão mais importante da

oração, dessa conversa com Deus, obviamente não é quando falamos

com Ele, mas quando Ele fala conosco.

Com sinceridade e humildade os apóstolos pediram a Jesus

que lhes ensinasse a orar. Em resposta à confissão e ao pedido deles

Jesus ensinou a oração do Pai Nosso (Lucas 11:1-5; Mateus 6:8-14).

Esta foi uma oração e ao mesmo tempo um ensino sobre como orar.

Ao orar, use a oração do Pai Nosso como um guia para falar com

Deus. Depois abra sua Bíblia e peça a Deus que fale com você.

Jesus não pretendeu que esse guia de conversa com Deus

fosse usado de maneira mecânica, como se Deus se agradasse de

muita repetição. Jesus deixou instruções bem claras de que essa não

era Sua intenção. Acho importante observar outra instrução de Jesus

sobre como orar. Existem algumas pessoas que crêem que se

repetirem uma oração e apenas recitarem a mesma súplica repetidas

vezes, Deus vai ouvir e atender.

Quando Jesus ensinou Seus discípulos a orar Ele disse: “Mas

quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai,

que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o

recompensará. E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a

mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito

falarem serão ouvidos” (Mateus 6:7, 8).

Passo No 6

Examinar Suas Motivações

Você quer conhecer a vontade de Deus para sua vida por

causa do que vai ganhar com isso ou por causa do que Deus vai

ganhar? Nossas motivações são muito importantes para Deus. A

Palavra de Deus relaciona nossas motivações com nosso coração e a

Bíblia afirma que nosso coração é enganoso mais do que todas as

coisas. Jeremias escreveu que nosso coração é tão enganoso que

somente Deus pode conhecê-lo (cf. Jeremias 17:9 e 10). O apóstolo

Paulo escreveu que só depois que Deus expuser as motivações

ocultas dos nossos corações é que nossas obras serão julgadas (I

Coríntios 4:5).

Ao enfrentar a cruz Jesus orou: “Agora meu coração está

perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim

exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome!”.

Então veio uma voz dos céus: “Eu já o glorifiquei e o glorificarei

novamente” (João 12:27 e 28).

Com base nesta passagem, certo homem de Deus escreveu

que essa deveria ser a oração de todos nós: “Pai, glorifica o Teu

nome e manda a conta para mim. Pode ser qualquer coisa, Pai,

apenas glorifica o Teu nome!”. As palavras de Jesus e as desse servo

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

8

de Deus que acabei de citar mostram qual deve ser a nossa

motivação. Devemos sempre querer conhecer a vontade de Deus.

Você quer conhecer a vontade de Deus para a glória de Deus

ou para sua própria glória e ganho pessoal? Nossa resposta a essa

pergunta será muito importante para Deus quando nossas obras

forem avaliadas no dia do julgamento de Cristo. Por isso é muito

importante que ao buscarmos conhecer a vontade de Deus, nossa

motivação seja a glória de Deus.

Passo No 7

Avaliar Seus Dons

De acordo com o apóstolo Paulo, se realmente queremos

conhecer a vontade de Deus, depois de nos rendermos

incondicionalmente a Ele, de termos sido transformados pela

renovação da nossa mente e determinado que o mundo não vai nos

moldar, devemos descobrir nossos dons espirituais e depois oferecê-

los a Deus como um sacrifício vivo (cf. Romanos 12:1-8). Essa

disciplina espiritual vai nos levar ao coração da vontade de Deus.

Um de meus tutores, muito tempo atrás, costumava dizer:

“Deveria ser óbvio para todos que Deus não chamou um homem

manco para ser um corredor olímpico dos 100 metros”. Depois que

fizermos um inventário dos nossos dons naturais e espirituais, como

mordomos fiéis devemos aceitar nossas limitações e também assumir

a responsabilidade pelas nossas habilidades.

João Batista é um bom exemplo de homem que praticou essas

duas disciplinas. Ele sabia quem ele era e quem ele não era. Ele

declarou: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um

caminho reto para o Senhor’” (João 1:23). Era isso o que ele era.

Ele sabia que a vida dele era preciosa demais para ser algo menos do

que a voz que clamava no deserto. Mas ele também sabia quem ele

não era (cf. João 3:27-36, Marcos 1:7, 8).

Conheço crentes que sofreram desnecessariamente porque

não aceitaram suas limitações. Por outro lado, poderemos vir a

sofrer no Dia do Julgamento porque não assumimos a

responsabilidade pelas nossas habilidades. Como o servo mau e

negligente da Parábola dos Talentos, muitas vezes achamos que não

temos nenhum dom e enterramos os talentos que nos foram dados

(Mateus 25:14-30).

Inventário dos Dons Espirituais

Já vi muitos crentes frustrados porque não sabiam quais eram

seus dons ou porque não estavam exercitando os dons que tinham. O

roteiro que vem a seguir pode ajudá-lo a fazer um inventário dos

dons espirituais derramados pelo Espírito Santo.

1. Familiarize-se com a lista dos dons espirituais. Existem

por volta de vinte a vinte e um dons espirituais mencionados no

Novo Testamento. Pessoalmente, eu não creio que os dons possam

ter sido compilados pelos vários autores das Escrituras para ser uma

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

9

lista fechada e completa. Creio que os dons apresentados sirvam

como exemplos de dons espirituais.

2. Creia que você recebeu dons. O capítulo 12 de Primeira

Carta aos Coríntios é o capítulo mais importante do Novo

Testamento sobre a questão de dons espirituais. Ao estudar esse

capítulo observe a ênfase dada à palavra “todo”. Resumindo este

capítulo, podemos concluir que todos os crentes, todos os nascidos de

novo têm dons espirituais.

3. Considere as maneiras como você pode ser útil e frutífero

na sua igreja local. Todos os dons do Espírito são dados para

edificação, benção, instrução, preparação, encorajamento e

inspiração dos membros da Igreja. Portanto, sua igreja local é o

lugar para você descobrir, identificar, exercitar e desenvolver o seu

conjunto de dons espirituais.

4. Faça a distinção entre habilidade natural e dom espiritual.

Suas habilidades naturais são os dons e talentos que você recebeu por

herança genética. Esses dons se tornam espirituais quando você os

consagra a Deus. Por exemplo, se alguém tem uma ótima voz para

cantar e dedica o uso dela para glorificar e adorar a Deus, seu talento

natural torna-se um dom espiritual. Você herdou seu dom espiritual

ou conjunto de dons espirituais quando nasceu espiritualmente.

Quando o Espírito Santo vem habitar em nós, traz com Ele um

conjunto de dons espirituais que antes de nascer espiritualmente nós

não tínhamos (cf. I Coríntios 12).

5. Outros membros da sua igreja podem ajudá-lo a identificar

seus dons espirituais. Calcule o impacto desses dons naqueles por

causa de quem os dons espirituais lhe foram dados. Se pessoas

crêem e se tornam membros do corpo de Cristo porque você

compartilhou com elas o Evangelho, isso significa que você tem o

dom de evangelismo. Se pessoas compreendem as verdades

espirituais depois que você faz uma explanação delas, quer dizer que

você tem o dom do ensino. Um dos papéis mais importantes da

igreja local é ajudar os crentes a identificar, reconhecer e exercitar

seus dons espirituais.

6. Encontre oportunidade para experimentar os seus possíveis

dons e ministérios. Como você vai saber se tem o dom do ensino se

não tiver a fé e a coragem para tentar ensinar em uma Escola

Dominical ou em um pequeno grupo de estudo bíblico?

7. Dê um tempo a você mesmo para desenvolver aqueles dons

espirituais que você acha que tem. Uma experiência negativa após a

tentativa de um estudo bíblico não significa que você não tenha o

dom do ensino.

8. Participe de um culto de consagração e com sinceridade

dedique seus dons espirituais a Deus, que lhos deu, que é o Poder por

trás desses dons e Aquele cuja glória é o propósito de todos os dons.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

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Passo No 8

Buscar Um Padrão

Nosso Deus é um Deus de ordem e essa característica pode

ser percebida na criação. Por isso, não é de surpreender a maneira

como Ele revela Sua vontade em nossas vidas.

No Livro de Atos lemos que o apóstolo Pedro teve a visão de

um lençol com animais, os quais, pela lei de Moisés eram proibidos

de ser consumidos pelos judeus (cf. Atos 10). Três vezes Pedro

ouviu a ordem para matar e comer aqueles animais e todas as vezes

ele recusou a obedecer. Foi quando ele ouviu uma batida na porta e

o Espírito lhe disse que fosse com aqueles homens que estavam a sua

procura, sem perguntar o por que eles o estavam procurando. Pedro

logo percebeu que além de serem gentios, aqueles homens eram

servos de um centurião do exército de Roma, que tinha conquistado e

ocupado a terra de Israel.

Pedro não achou que tudo aquilo fosse coincidência, mas viu,

na seqüência dos acontecimentos, um padrão da direção divina. A

experiência de Pedro foi uma revelação que o Evangelho de Jesus

Cristo não era apenas para o judeu, mas para todas as nações da terra.

O Livro de Atos relata outro episódio semelhante. Filipe, o

evangelista, estava realizando uma cruzada evangelística na região de

Samaria quando o Espírito o levou para o deserto de Gaza (cf. Atos

8). Apesar dos evangelistas geralmente irem para os grandes centros

populacionais, Filipe obedeceu à direção do Espírito e foi para onde

não havia ninguém: para o deserto.

Ao obedecer ao Espírito Santo ele encontrou o tesoureiro da

Etiópia que estava cruzando o deserto em uma carruagem. Filipe foi

convidado pelo etíope a subir em sua carruagem e pôde levar aquele

político africano a Cristo e batizá-lo. A história da Igreja conta que

uma forte igreja foi plantada no norte da África por causa da

conversão desse político etíope. Pode ser que o Espírito Santo tenha

usado outras pessoas para pregar o Evangelho de Cristo na África

além daquele etíope que Filipe alcançou em Samaria, mas certamente

Filipe entendeu que tudo que estava acontecendo não era uma

coincidência e sim a direção divina.

Essas são duas histórias, entre tantas contidas na Bíblia, que

mostram o padrão de orientação divino. Quando você estiver

buscando a vontade de Deus, busque por esses padrões. Eles podem

não ser necessariamente extraordinários ou sobrenaturais, mas serão

evidências do grande milagre, que Deus nos dirige e orienta. Por isso

busque esse padrão quando você estiver buscando conhecer a

vontade de Deus.

Passo No 9

Buscar Uma Confirmação

Existem momentos, quando buscamos a vontade de Deus, em

que devemos buscar uma confirmação. Em nossa jornada de fé

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

11

deparamo-nos com “encruzilhadas” ou situações nas quais

simplesmente não sabemos qual é a vontade de Deus e para as quais

não encontramos nenhum versículo das Escrituras que nos indique se

o caminho certo é pela direita ou pela esquerda, a não ser que nos

sujeitemos à direção do Espírito. Fazemos o possível para optar pela

melhor decisão, embora reconheçamos a dura realidade que

simplesmente não sabemos que caminho seguir. Depois de termos

feito tudo o que estava ao nosso alcance para discernir a vontade de

Deus, optamos por um caminho ou outro.

Apesar de não existir nenhum versículo que diga

especificamente por qual caminho devamos ir, um versículo das

Escrituras apresenta um princípio muito útil para esses momentos de

encruzilhada em que às vezes nos encontramos. No Salmo 37:23

lemos que “O Senhor firma os passos de um homem, quando a

conduta deste o agrada”. Isso quer dizer que às vezes devemos

caminhar em frente, para o que entendemos que é a vontade de Deus,

orando e buscando confirmação.

Essa confirmação pode ser positiva ou negativa. Se tudo der

certo e a direção que escolhemos tiver uma marca evidente da

aprovação de Deus, temos a confirmação positiva da vontade dEle.

Deus está dizendo para nós: “Este é o caminho; siga-o” (cf. Isaías

30:20,21) Depois que tomamos uma direção, vemos as evidencias do

Cristo Vivo adiante de nós preparando-nos o caminho (cf. João 10:4).

Às vezes a confirmação é negativa e os resultados são o

oposto dos que mencionamos. Quando isso acontece, devemos ser

humildes o suficiente para voltar ao ponto da encruzilhada e escolher

a outra direção.

Passo No 10

Esperar no Senhor

Deus não está com pressa. Freqüentemente perdemos a

direção do Senhor tentando dirigi-lO no plano que nós temos para

nossas próprias vidas. É por isso que a expressão “Esperar no

Senhor” é tão freqüente na Palavra de Deus.

É preciso ter mais fé para esperar do que para ser ativo. A

prescrição e direção de Deus para pessoas com a personalidade como

a de Jacó é “esperar no Senhor”. Jacó estava sempre correndo o risco

de perder a vontade de Deus para sua vida porque corria na frente de

Deus.

Leia a história de Jacó no Livro de Gênesis, capítulos 25 a 32,

e o comentário de Paulo sobre essa história no capítulo 9 de sua

Carta aos Romanos. Deus deixou Jacó manco para coroá-lo com a

bênção da Sua vontade. Vemos nisso um exemplo do que significa

esperar no Senhor. Quando um homem temente a Deus fica manco,

não tem jeito. Não pode mais correr e aprende a esperar no Senhor.

Em algumas traduções da Bíblia a palavra “Selá” aparece

setenta e três vezes no Livro dos Salmos. Uma tradução moderna

usou a palavra “Pausa. Pense com calma sobre isso”.

Freqüentemente Deus coloca “Selá’s” em nossa vida para nos guiar

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

12

na nossa jornada de fé. Deus tem suas próprias razões para nos fazer

esperar quietos. Quando experimentamos a vontade de Deus,

podemos ser levados a uma pausa para pensarmos calmamente sobre

nossas prioridades, nossos objetivos e sobre outras questões.

Quando encontramos um dos “Selá’s” do Senhor, devemos

perguntar o que Ele quer que pensemos, uma vez que nos fez dar essa

pausa. Além disso, na nossa jornada de fé jamais devemos colocar

um ponto de interrogação, onde Deus já colocou um ponto final.

Lembre-se de que Deus pode estar usando essa pausa em nossos

planos para nos preparar para algo maior dentro dos planos d’Ele

(Leia sobre a vida de José em Gênesis, capítulos 39 a 41).

Passo No 11

Permanecer em Movimento

A Bíblia está cheia de paradoxos. Um paradoxo é algo que

parece ser contraditório, mas ao ser examinado mais de perto, pode

não apresentar contradições. Algumas vezes um paradoxo não é uma

contradição porque as duas proposições apresentadas são

verdadeiras. As proposições que parecem contraditórias podem ser

esclarecidas quando percebemos que a questão não é “ou um ou

outro”, mas e/ou. Esse paradoxo é resolvido quando percebemos que

às vezes pode ser de um jeito ou de outro.

Podemos também deixar passar a vontade de Deus porque

vivemos na correria e Deus não vive correndo. Quando o caso é

esse, precisamos esperar no Senhor. Outras vezes perdemos a

vontade de Deus porque estamos sentados, apáticos, indecisos, sem

fé nem coragem e aí o Senhor continua sem nós. Esses dois

conceitos aparentemente contrários entre si, não são contraditórios.

Não é um caso de um ou outro, mas de e um e outro. A verdade é

que às vezes precisamos esperar no Senhor e às vezes precisamos

continuar caminhando.

Temos um adversário que não quer o nosso bem. Sua

primeira estratégia é fazer que sejamos preguiçosos, indecisos,

apáticos e espiritualmente fracos, deixando passar a vontade de Deus

porque não temos a fé, a coragem nem a disciplina para seguir a

direção do Senhor. Quando essa estratégia falha, ele então tenta nos

fazer pessoas obcecadas e viciadas no trabalho, e que por isso,

também deixamos passar a vontade de Deus lutando por adquirir o

que está fora do nosso alcance e que não é da vontade de Deus para

nossas vidas – corremos na frente de Deus.

Obviamente, todos nós precisamos ter o equilíbrio entre esses

dois extremos para sermos servos maduros do Senhor, que sabem

discernir e fazer a vontade dEle.

Passo No 12

Buscar Conselho Espiritual

A Bíblia ressalta a importância de ter conselheiros: “quem sai

à guerra precisa de orientação, e com muitos conselheiros se obtém

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

13

a vitória” (Provérbios 24:6; cf. 11:14). Isso não quer dizer que

quando estivermos diante da encruzilhada que citei anteriormente,

devemos consultar uma multidão de conselheiros. Isso causaria

confusão, porque a multidão de conselheiros vai resultar em uma

multidão de opiniões para a decisão que temos de tomar.

Quando esses homens sábios escreveram esses dois

versículos do Livro de Provérbios, ensinaram duas verdades básicas.

Uma é que quando duas nações entram em guerra, terá mais chance

de vencer aquela que tiver uma multidão de conselheiros. O outro

provérbio ensina que quando estamos diante de uma encruzilhada e

precisando escolher o caminho a ser tomado, temos que ter uma

multidão de bons conselheiros. Em outras palavras, temos que ter

uma boa educação espiritual para estarmos preparados para tomar as

decisões difíceis.

Encontramos em Isaías uma passagem muito bonita que

define os benefícios de uma boa educação espiritual. De acordo com

Isaías, aqueles que têm uma multidão de bons conselheiros

espirituais, quando estiverem diante de uma encruzilhada na vida,

vão ouvir as vozes desses conselheiros dizendo: “Este é o caminho;

siga-o” (cf. Isaías 30:20,21).

Todos os dias, quando conto minhas bênçãos, fico agradecido

porque na minha jornada de fé tive conselheiros maravilhosos que

me deram conselhos sábios em momentos críticos da minha vida e do

meu ministério.

Existem momentos em que não é fácil discernir a vontade de

Deus para nossas vidas, que afinal, é o propósito da nossa salvação.

Por isso, é sábio buscar conselhos de crentes mais velhos, que há

anos têm buscado e encontrado a vontade de Deus para suas vidas.

A igreja tem se movimentado neste mundo como um

comboio de navios, com a formação e o sincronismo perfeitos e

sobrenaturais do Espírito Santo. O Cristo Vivo é o Navio Bandeira, a

Capitânia no centro desse comboio que a todo tempo dá sinais para

todos os navios. Mas, se você não tiver os olhos no Navio Bandeira

e perder os Seus sinais, a obra de Cristo vai continuar, mas sem você,

porque fora da sintonia do comboio você perde a formação.

Aqueles que se identificam como servos de Cristo não são

pessoas especiais porque nunca perdem um sinal. Mas os servos que

Deus usou e ainda hoje usa, são aqueles que não recebem os sinais da

cultura nem da sociedade em que vivem. Eles são e sempre foram

servos do Senhor, com os olhos no “Navio Bandeira”, preparados

para captar os sinais do Cristo Vivo.

Concluo este estudo sobre a direção divina como comecei:

enfatizando o milagre que é a existência de um lugar para cada um de

nós nesta jornada com Cristo, e que é Deus quem nos mostra esse

lugar.

Minha oração é que esses 12 Passos o ajudem a manter seus

olhos no “Navio Bandeira”, o Cristo Vivo e Ressurreto, que o guiará

na vontade de Deus para sua vida. Essa vontade é boa, agradável e

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

14

perfeita e essa vida é aceitável a Deus, que o criou e o recriou para

viver nela (cf. Romanos 12:1-2).

Capítulo 2

“Prescrição Para Identidade”

Existe um lugar onde Deus quer que estejamos e alguém que

Ele quer que sejamos. Eu gostaria de destacar na Bíblia, oito

perguntas que Deus faz e que mostram onde Ele quer que estejamos,

o que Ele quer que sejamos e, principalmente, quem Ele quer que

sejamos. Intitulei essas oito perguntas de “Bússola Espiritual”. Se

você deixar que Deus lhe faça essas perguntas e as responder com

sinceridade, você vai se ver num diálogo com Deus. Isso é verdade

principalmente em tempos de transição, quando estamos convencidos

de que precisamos passar por uma mudança na nossa vida pessoal ou

em nosso ministério.

As quatro primeiras perguntas são as primeiras palavras que

Deus dirigiu ao homem caído: “Ouvindo o homem e sua mulher os

passos do SENHOR Deus que andava pelo jardim quando soprava a

brisa do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus entre as

árvores do jardim. Mas o SENHOR Deus chamou o homem,

perguntando: ‘Onde está você?’. E ele respondeu: ‘Ouvi teus passos

no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me

escondi’. E Deus perguntou: ‘Quem lhe disse que você estava nu?

Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?’. Disse o

homem: ‘Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do

fruto da árvore, e eu comi’. O SENHOR Deus perguntou então à

mulher: “Que foi que você fez?”. Respondeu a mulher: ‘A serpente

me enganou, e eu comi’” (Gênesis 3:8-13).

Não é estranho o Criador fazer perguntas para a criatura? É

claro que Deus já sabia todas as respostas às perguntas que Ele fez!

Deus sabia onde o homem estava. O problema é que o homem não

sabia onde estava.

A primeira coisa que um homem perdido precisa saber é que

está perdido. Nesta passagem de Gênesis temos um diálogo entre

Deus e o homem, no qual Deus levou o homem a pensar sobre sua

condição, até perceber que estava perdido; que estava onde não

deveria estar.

Como tudo o que vemos no Livro de Gênesis, essas perguntas

não representam um diálogo de Deus apenas com o homem daquele

tempo, mas com o homem de hoje também. Você já se sentiu

perturbado com um sentimento como se Deus quisesse você em

algum lugar no qual você não estava? Você já ficou preocupado,

pensando que não é a pessoa que Deus quer que você seja? Você

pode chamar isso de crise de identidade. De acordo com Moisés, sua

crise de identidade pode ser a voz de Deus, andando pelo jardim da

sua vida, desafiando-o com a pergunta “Onde está você?”, a mesma

que Ele fez para o homem caído.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

15

O propósito da primeira pergunta de Deus é colocar o homem

onde seu Criador quer que ele esteja; e o da segunda, “Quem lhe

disse...?”, é deixar o homem consciente de que Deus estava tentando

estabelecer um diálogo com ele. Deus queria que o homem

confessasse a quem ele estava dando ouvidos e exatamente onde ele

estava. Esta segunda pergunta levou Adão e sua mulher de volta

para o lugar e o momento em que eles comeram do fruto da árvore

que não deveriam comer e imediatamente perceberam que estavam

nus (7).

Antes de Deus iniciar esse diálogo Ele se comunicava com

Adão e Eva. O propósito da segunda pergunta era deixá-los

conscientes desse milagre do qual eles não tinham consciência: Deus

fazendo-os saber o que Ele queria que eles soubessem. Você tem

consciência de que é um milagre, quando Deus tenta fazê-lo saber

algo que Ele quer que você saiba?

A terceira pergunta, “Você comeu do fruto da árvore da qual

lhe proibi comer?”, pode ser assim parafraseada: “Você tem

procurado as respostas em lugares errados?”.

As árvores do jardim foram criadas por Deus para satisfazer

as necessidades do primeiro homem e da primeira mulher.

Examinando o cenário no qual esse diálogo aconteceu, vemos que

essas necessidades deveriam ser supridas pelas árvores do jardim,

obedecendo a uma ordem de prioridades (Gênesis 2:8, 9).

As árvores do jardim supririam as necessidades dos olhos, a

necessidade do alimento e depois a necessidade da própria vida. A

árvore do conhecimento foi declarada por Deus fora dos limites

permitidos. No capítulo 3 lemos que Adão e Eva pecaram quando

violaram essa prioridade prescrita por Deus. Eles colocaram suas

necessidades físicas ou de alimento em primeiro lugar, a necessidade

dos olhos como segunda prioridade mais importante e a necessidade

de vida jamais foi suprida. No lugar da vida Deus os fez

experimentar a morte e a expulsão do jardim e da Sua presença.

Eles não foram considerados culpados por substituir as

prioridades de Deus pelas deles, mas por desobedecerem a Deus e

comerem do fruto da árvore do conhecimento. Adão e Eva foram

motivados pelo pensamento que se comessem daquele fruto tornar-

se-iam sábios como Deus.

Uma aplicação dessa alegoria nos dias de hoje é a super

valorização do conhecimento humano e o pouco ou nenhum respeito

pela necessidade de revelação da parte de Deus.

Você já viu uma árvore do conhecimento ou uma árvore da

vida? Tudo isso é uma alegoria. As árvores no jardim são uma

ilustração desse grande sermão pregado por Moisés. Jesus começou

Seu ministério público citando o sermão de Moisés: “Mas depois os

sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados

conheciam, para mostrar-lhes que nem só de pão viverá o homem,

mas de toda palavra que procede da boca do SENHOR”

(Deuteronômio 8:3; Mateus 4:4). A verdade que Moisés e Jesus

enfocaram está ilustrada nessas árvores do jardim do Éden.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

16

Na Bíblia vemos que “olho” se refere também à perspectiva

ou maneira de enxergar a vida. “Os olhos são a candeia do corpo.

Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas

se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas.

Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas

trevas são!” (Mateus 6:22, 23).

Jesus estava ensinando que nossa vida, ou pode ser cheia de

felicidade, ou de depressão e infelicidade. A diferença entre os dois

extremos está na maneira como enxergamos as circunstâncias, na

nossa disposição mental, na perspectiva de vida.

A mesma verdade foi ensinada alegoricamente no Jardim do

Éden, com a afirmação de que essas árvores deveriam suprir as

necessidades do homem. A verdade básica que Deus estava

comunicando é esta: se buscarmos a Palavra de Deus pedindo a Ele

que supra as necessidades dos nossos olhos, ou que nos mostre

através da Sua Palavra como devemos ver as coisas, todas as nossas

necessidades serão supridas. Teremos vida à medida que Deus suprir

nossa necessidade, qual seja, a necessidade de que Ele nos mostre

como Ele quer que enxerguemos tudo o que está ao nosso redor.

A árvore do conhecimento da qual Deus havia dito que Adão

e Eva não comessem, e que eles comeram, é uma ilustração da

filosofia humana que afirma: “eu não preciso da revelação de Deus.

Tenho uma inteligência superior e isso é tudo de que preciso”.

No início da Bíblia Deus já está dizendo para você e para

mim que nosso Criador tem consciência de todas as nossas

necessidades, pois foi Ele quem nos criou com elas. Ele sabe e quer

que também saibamos que nossa maior necessidade está na visão.

Precisamos desesperadamente pedir a Deus que nos dê revelação

através da Sua Palavra de como nosso Pai Amoroso que está nos céus

quer identificar e satisfazer nossas necessidades.

Como era naquele tempo ainda é nos dias de hoje! Será que

interpretamos nossas necessidades à luz da Palavra de Deus, ou

interpretamos a Palavra de Deus à luz das nossas necessidades? O

que exatamente esse primeiro casal fez no Jardim do Éden? Comeu

uma maçã? Fez sexo? Numa leitura reflexiva e cuidadosa desse

capítulo, com o ensino do Espírito Santo, teremos a revelação de uma

verdade muito mais profunda do que essas visões equivocadas.

Deus está dizendo que como era naquele tempo ainda é nos

dias de hoje. Adão e Eva interpretaram a Palavra de Deus à luz de

suas necessidades. Eles colocaram suas necessidades em primeiro

lugar e a revelação de Deus em segundo. Em outras palavras, eles

fizeram o que quiseram e depois pediram que Deus lhes mostrasse

como suas necessidades poderiam ser supridas.

Eles eram bem parecidos com a maioria dos crentes que hoje

ouvem a Palavra de Deus nas igrejas. Durante a semana eles fazem o

que querem, escolhem como suprir suas necessidades e depois vão à

igreja ouvir Deus falar como elas podem ser supridas, quando

deveria ser o contrário. Eles deveriam primeiro buscar a Deus e

pedir que lhes mostre como suprir suas necessidades dispondo-se a

obedecer.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

17

A quarta pergunta que Deus fez no Jardim do Éden foi: “Que

foi que você fez?”. Essa pergunta desafiou-os a olharem para trás e

refletirem sobre a atitude que tiveram. O propósito desta quarta

pergunta foi tirar uma confissão daquele primeiro casal da

humanidade.

Em grego a palavra “confessar” é formada de duas outras,

“falar” e “a mesma coisa”. Portanto, literalmente, “confessar” é

“falar a mesma coisa” ou “concordar com Deus”. Como nosso Pai

dos Céus, Deus sabe o que fazemos, mas Ele quer nos ouvir dizendo

a mesma coisa que Ele diz sobre o que nós fazemos. Você, que tem

filhos, nunca fez isso com eles?

A quinta pergunta de Deus está mais adiante no Livro de

Gênesis. Deus perguntou à criada egípcia Hagar: “Hagar, serva de

Sarai, de onde você vem? Para onde vai?” (Gênesis 16:8). Esta é a

última pergunta diretiva de Deus.

Nos últimos dias do ano e nas últimas horas do ano velho,

quando estamos ou acreditamos estar passando por um momento de

transição, Deus gosta de fazer perguntas.

A quinta pergunta que Deus fez nos desafia a olhar para trás e

relacionar nosso passado com o presente e o futuro.

As boas novas começaram a chegar com essa quinta pergunta.

O Evangelho, que são as Boas Novas da Bíblia, é que não precisamos

voltar para o lugar de onde viemos. Hoje, milhões de pessoas

acreditam que o presente e o futuro são previstos pelo nosso passado.

Esta “análise de paralisia” declara as más notícias de que estamos

sempre indo para o lugar de onde viemos.

Apesar dessa quinta pergunta apontar para as Boas Novas, o

que ela realmente faz, é apresentar uma terrível realidade. Se não

houver um acontecimento que mude nossa vida, então nosso futuro

pode ser previsto pelo nosso passado. A Bíblia ensina que ninguém

consegue mudar o que realmente é. Jeremias foi até irônico ao falar

sobre tentarmos mudar a nós mesmos (cf. Jeremias 2:36; 13:23).

“Como era, ainda é”, diziam os filósofos gregos a respeito dessa

realidade.

O Evangelho da Bíblia, entretanto, é otimista e positivo ao

proclamar essa verdade maravilhosa: podemos nos aproximar de

Deus com fé e sermos transformados! (II Coríntios 5:17; 3:18;

Romanos 12: 2).

Vamos encontrar a sexta pergunta de Deus no final do Livro

de Gênesis, quando Ele perguntou para dois irmãos: “Quem é você?”

(cf. Gênesis 27:18,19,32-34). Usando o mesmo raciocínio anterior,

essa pergunta implica que deveríamos ser alguém que provavelmente

não o somos.

Quando foi perguntado a Esaú “Quem é você?” ele chorou e

lamentou, porque tinha vendido a sua identidade por um prato de

sopa. Quando fizeram a mesma pergunta a João Batista, esse grande

profeta deu a resposta certa (cf. João 1:19-23). João Batista sabia

quem ele era e quem ele não era e não deixou que a pressão da

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

18

sociedade o impedisse de ser aquilo que Deus tinha planejado para

ele.

A resposta errada ou a falta de resposta à sexta pergunta

talvez seja a única razão da infelicidade pessoal que vemos no

mundo hoje. Com a experiência de pastor há mais de cinco décadas,

posso dizer que isso também se aplica aos crentes.

Se você é um crente seguidor de Jesus e está passando por

momentos de tristeza, seu Deus amoroso gostaria de instigá-lo e

persuadi-lo com a sexta pergunta até que você entenda que Ele o

criou e o recriou para ser alguém. Deus pode incomodá-lo a pensar

sobre isso, até que use esta sexta pergunta para fazer você saber que

jamais será feliz até que, pela graça de Deus, diga que você é o que

Deus criou e recriou para que você seja (Salmo 139:16-24; Romanos

12:1, 2).

Encontramos esta pergunta “Onde está você?” implícita em

declarações como a do apóstolo Paulo em I Coríntios 15:10: “Mas,

pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi

inútil”. Ele agradeceu a Deus não ter recebido inutilmente a graça de

ser o que era, e deixou a exortação para que nós não recebamos em

vão a graça de Deus.

O que somos também está implícito em exemplos como

Moisés, a quem Deus chamou e preparou para ser libertador, ou em

outros, que foram reis, profetas, sacerdotes e algum tipo de líder na

obra de Deus. Também relacionamos essa pergunta e suas respostas

ao ensino de Paulo, de que somos salvos para boas obras, as quais

Deus planejou para nós quando nos salvou (Efésios 2:10).

A sétima pergunta tem a ver com os dons naturais e

espirituais, com o nosso serviço ministerial para o Senhor ou sendo

candeia onde Ele nos colocou para ser luz neste mundo.

Essa pergunta tem a ver com o que fazemos no nosso dia-a-

dia e com o que Somos e não com o que Fazemos. O que somos é

mais importante do que o que fazemos ou onde estamos. O que

fazemos está diretamente relacionado com o que somos.

A última pergunta é: “O que vocês querem?”. Estas foram as

primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João, quando Ele

recrutou alguns discípulos que posteriormente foram comissionados

para apóstolos (João 1:38).

Quando permitimos que essas perguntas brilhem em nosso

espírito até que saibamos quem somos, o que somos e onde Deus

quer que estejamos, as perguntas mais importantes passam a ser “o

que queremos?” e “Quanto realmente queremos!”

Deus nos fez criaturas com capacidade de livre escolha. Ele

sabe onde você está, quem e o que você é. Deus também sabe quem

Ele quer que você seja, onde Ele quer que você esteja e o que Ele

quer que você seja. Porque ele o ama, deseja profundamente que

você chegue às respostas certas para essas perguntas.

Deus honra o fato de sermos criaturas com livre arbítrio, por

isso Ele jamais nos forçará às respostas. Falando de maneira

figurada, Ele pode nos tratar como tratou Jonas e mandar

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

19

tempestades sobre nossas vidas, ou colocar-nos na barriga de um

grande peixe até que respondamos corretamente às suas perguntas.

Ele pode fazer uma “pressãozinha do peso de um elefante” até que só

nos reste dar as respostas que Ele espera. Ele pode intervir em

nossas vidas, como fez com o apóstolo Paulo na estrada de Damasco.

Como Ele nos ama, pode nos fazer uma oferta irrecusável, mas como

Jonas e o apóstolo Paulo, devemos escolher alinhar nossa vontade

com a vontade de Deus e ser quem Ele quer que sejamos e fazer o

que Ele quer que façamos.

Ao fazer-nos criaturas com livre arbítrio, Deus criou-nos à

Sua imagem e semelhança. Grandes criações de Deus, como o sol, a

lua e as estrelas não podem fazer escolhas (cf. Salmos 8; 19). As

micro-criaturas de Deus também não fazem escolha. As abelhas,

numa colméia e as formas de vida que vemos em um microscópio

também não fazem escolhas.

Quando olhamos a criação de Deus através de um telescópio

ou microscópio, observamos que existe uma ordem, porque a

vontade dEle tem sido imposta sobre toda criação. O homem é a

única criatura de Deus criada com a capacidade de fazer escolhas.

Nossa capacidade para escolher faz parte do plano de Deus para nós,

por isso Ele jamais violará essa liberdade de escolha.

No final do Novo Testamento temos a revelação do Cristo

Vivo de pé, batendo pacientemente à porta das nossas vidas (cf.

Apocalipse 3:19, 20). Jesus batendo à porta, representa o amor de

um Salvador tentando fazer-nos abrir-Lhe a porta das nossas vidas

para que Ele possa ter comunhão conosco. Cristo jamais vai forçar a

fechadura nem arrombar a porta.

Um artista pintou um quadro de Jesus batendo pacientemente

numa porta, mas esta não tinha maçaneta do lado de fora. Isso

mostra que ela só pode ser aberta pelo lado de dentro. Como somos

criaturas com livre arbítrio, a pergunta “O que você quer?” ganha um

significado muito profundo.

Depois de usar essas perguntas como uma bússola espiritual e

pessoal há mais de cinco décadas, hoje eu as compartilho com você,

com o desejo que elas sirvam de bússola espiritual para você

também. Descobri que apesar das perguntas nunca mudarem, as

respostas podem variar. Ao permitir que Deus use essas perguntas

para fazê-lo saber quem Ele quer que você seja, o que Ele quer que

você seja e onde Ele quer que você esteja, deixe que seu Amoroso

Criador mais uma vez lhe faça a segunda pergunta “Quem lhe

disse?”. “Quem você acha que o está fazendo saber essas coisas?”.

Capítulo 3

“Prescrição Para Ansiedade”

O período pós Segunda Guerra Mundial, quando o mundo

começou a enfrentar a realidade das armas termonucleares de

destruição em massa, foi chamado de “A Era da Ansiedade”. Agora

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

20

essas armas estão nas mãos de um número maior de pequenas

nações, e grupos terroristas também estão tentando adquiri-las.

Armas químicas e biológicas de destruição em massa foram

acrescentadas a um arsenal tão horrível, que não dá para ser descrito.

Hoje acrescentamos a esse cenário a ameaça de terrorismo global e

constatamos que vivemos realmente uma “Era de Ansiedade”.

Em todo o mundo pessoas sofrem com a ansiedade, porque,

além do estresse provocado por circunstâncias pessoais, ainda existe

a nuvem de ansiedade causada pelo mundo.

Com você, que é ansioso, eu compartilho a prescrição de

Jesus para ansiedade. Essa prescrição vem dos lábios do nosso

Senhor e é maravilhosa!

“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e

a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas

acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem

não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois

onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.

Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem

bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem

maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que

está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!

Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e

amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não

podem servir a Deus e ao Dinheiro.

Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria

vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo,

quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e

o corpo mais importante que a roupa? Observem as aves do céu:

não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o

Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que

elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar

uma hora que seja à sua vida?

Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como

crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem.

Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor,

vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que

hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a

vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo:

‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos

vestir?’. Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai

celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro

lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão

acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o

amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o

seu próprio mal.” (Mateus 6:19-34).

Jesus não falou para aprendermos a viver com a preocupação

e com a ansiedade nem para controlar o estresse. Ele disse: “não se

preocupem”. Outra tradução do texto grego poderia ser: “Parem de

ficar ansiosos”.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

21

Qual é exatamente a prescrição de Jesus para lidar com a

ansiedade? Nessa passagem das Escrituras encontramos um estudo

muito importante sobre os valores de Cristo. Na primeira parte dessa

prescrição, Jesus enfocou alguns falsos valores que podem levar à

ansiedade (cf. 19-21).

O dicionário registra a seguinte definição para valor: “preço

atribuído a uma coisa; estimação, valia”. Na prescrição de Jesus para

ansiedade, Ele fala sobre alguns frágeis tesouros.

De acordo com Jesus, existem dois tipos de tesouros: os

tesouros da terra e os tesouros do céu. Jesus ensinou que os tesouros

da terra são vulneráveis e frágeis, consumíveis pela traça e ferrugem.

Em outras palavras, eles se depreciam e além disso podem ser

levados por ladrões. Mas os tesouros do céu não são consumidos

pela traça nem pela ferrugem nem os ladrões jamais poderão tirá-los

de nós.

A maioria das pessoas que ouviram essas palavras de Jesus

costumava armazenar o alimento para sustento de suas famílias. Eles

sabiam o que era estocar comida que podia ser estragada por

roedores, insetos e outros tipos de animais. Eles sabiam muito bem o

que Jesus quis dizer com tesouros terrenos, vulneráveis, que levam a

um alto nível de ansiedade e preocupação.

Para apresentar o segundo passo da prescrição para

ansiedade, Jesus usou uma metáfora que revela outra fonte de

ansiedade. Essa metáfora mostra que a diferença entre felicidade e

infelicidade está na maneira como vemos as coisas (cf. 22,23).

Depois Jesus atacou outra causa de ansiedade ao falar que

devemos servir apenas a Deus e a Ele (cf. 24). Existem dois tipos de

tesouros e dois tipos de senhores. Conhecendo o primeiro

mandamento, “Não terás outros deuses além de mim”, e a resposta

de Jesus para a tentação de Satanás, dizendo que Lhe daria todos os

reinos do mundo, devemos saber que se servimos a alguém ou a algo

além de Deus estamos trazendo ansiedade sobre nossas vidas.

A declaração de Jesus que não podemos servir a dois

senhores é, portanto, a prescrição para a ansiedade. Este senhor de

quem Jesus falou que não devemos servir, mesmo que não o

reconheçamos como senhor, é o dinheiro. Jesus declarou que se

servirmos a Deus e ao dinheiro, temos uma lealdade dividida, um

senhor frágil e um pensamento muito delicado. A palavra que Jesus

usou para dinheiro significa o poder do dinheiro. O vício de ganhar

dinheiro é uma doença comum e mortal.

A essência dessa prescrição de Jesus é enfocada nas vinte e

uma perguntas que Ele fez, direta ou indiretamente, nessa passagem

das Escrituras. Vemos em toda a Bíblia, Deus fazendo perguntas.

Quando Deus se tornou carne e viveu entre nós, continuou fazendo

perguntas. Encontramos oitenta e três perguntas de Jesus, só no

Evangelho de Mateus.

Em espírito de oração procure encontrar, na passagem bíblica

do Sermão do Monte – no capítulo 6 de Mateus - as respostas certas

para as vinte e uma perguntas que Jesus fez. Você se verá fazendo a

aplicação de uma prescrição que reduzirá drasticamente seu nível de

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

22

ansiedade, respondendo corretamente estas perguntas: Onde está o

seu coração? (21). Qual a sua perspectiva de vida? (19 e 20). Você

vê a vida de maneira saudável e pura? O seu corpo está cheio de luz

e de felicidade? Ou o seu corpo está cheio de escuridão e

infelicidade? Você tem uma visão dupla ou sofre de “esquizofrenia

espiritual”? (22, 23). Você serve a Deus ou está servindo ao dinheiro

e ao poder do materialismo? (24). Você é ansioso e se preocupa

com o que vai comer, beber ou vestir? (25). O que é sua vida? (25).

O que é o seu corpo? (25). Quanto você vale? (26). Quais são os

seus limites? (27). Se o Pai Celeste alimenta os pássaros, será que

Ele também não vai alimentá-lo? (26). Se o Pai Celeste veste os

lírios do campo, será que Ele não vai vestir você também? (30). Sua

ansiedade ajuda em alguma coisa na resolução dos problemas? (27).

O que sua ansiedade revela a respeito da sua fé? (30). Você acredita

que Seu Pai Celeste sabe de tudo o que você precisa? (32). Se você

coloca Deus em primeiro lugar e faz o que Ele lhe mostra para fazer,

você confia que Ele vai suprir suas necessidades enquanto O serve?

(33).

Resumo

Se você quiser diagnosticar a fonte da sua ansiedade, em

espírito de oração responda estas cinco perguntas: Quais são as suas

atividades diárias? Que pensamentos tem ocupado sua mente

durante o dia? A quem ou o que você serve diariamente (Com quem

são suas alianças)? Quais são suas preocupações diárias (Suas

ansiedades)? Quais são suas ambições?

Depois de responder a essas perguntas você está pronto para

ler este resumo da prescrição de Jesus para a ansiedade de um crente:

“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e

todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se

preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias

preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6:33-

34). A essência da prescrição de Jesus para a ansiedade de um crente

é expressa nesta frase: “Deus em primeiro lugar!”.

Capítulo 4

“Prescrição Para Paz”

A frase seguinte é de um dos meus autores preferidos,

escrevendo para cristãos: “A dor e o sofrimento são inevitáveis, mas

a miséria é opcional”. Quer saber qual foi o homem que teve todas

as razões do mundo para ser miserável? Abra a Bíblia no Novo

Testamento e leia os escritos do apóstolo Paulo. Aquilo é que era dor

e sofrimento! Na sua segunda carta aos Coríntios, o grande apóstolo

apresentou uma rápida autobiografia, e para mostrar um pouco da

vida do maior missionário de toda a história da Igreja de Jesus Cristo,

transcrevo este texto: “São eles servos de Cristo? - Estou fora de

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

23

mim para falar desta forma - eu ainda mais: trabalhei muito mais,

fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto

à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove

açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado

(Atos 14), três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia

exposto à fúria do mar (Atos 27 e 28). Estive continuamente

viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de

assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios;

perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos

falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem

dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei

frio e nudez” (II Coríntios 11:23-27).

Existe um falso ensino sendo disseminado, que diz que Deus

quer que estejamos sempre bem, ricos e felizes. Nem o apóstolo

Paulo nem Jesus jamais concordariam com o ensino da chamada

“Teologia da Prosperidade”. Jesus disse: “Neste mundo vocês terão

aflições ...” (João 16:33).

Na carta aos filipenses Paulo escreveu que mesmo nas

dificuldades ele tinha paz, a paz de Deus, “que excede todo o

entendimento” ou a paz que não faz muito sentido – uma paz

sobrenatural. Um estudo cuidadoso da carta de Paulo aos filipenses

mostrará que essa paz que ele tinha também estava ligada à alegria.

Na verdade, mesmo tendo sido escrita enquanto ele estava preso, essa

carta é chamada de “A Epístola da Alegria”, porque menciona a

palavra “alegria” 17 vezes.

Se você for como eu, ao ler as dificuldades pelas quais Paulo

passou pode perguntar: “Como ele podia ter paz no meio do

sofrimento e de tanta tribulação?”. Devemos ser gratos ao Espírito

Santo que levou Paulo a nos escrever respostas inspiradas a essa

pergunta.

A resposta está no capítulo 4 da sua carta aos filipenses.

Neste capítulo Paulo escreveu o que chamo de “A Prescrição Para a

Paz”, que explica como ele podia viver na paz, independentemente

das circunstâncias e prescrever esse tipo de vida para você e para

mim.

Essa paz que a Bíblia chama de “paz de Deus”, é um estado

de paz contínuo no qual Deus mantém o crente. Antes de

enfocarmos a prescrição de Paulo para esse estado de paz no qual o

Cristo Vivo o mantinha, quero escrever três instruções que devemos

conhecer e aplicar em nossas vidas.

Primeira: esse estado de paz é a paz de Deus que devemos

aprender. Segunda: essa é a paz que recebemos num relacionamento

pessoal com Cristo. Terceira: existem condições específicas que

devem ser observadas para aplicar a prescrição para a paz de Deus.

A Paz Tem Que Ser Aprendida

Na carta de Paulo aos filipenses lemos que ele tinha

aprendido a ter essa paz: “...aprendi a adaptar-me a toda e qualquer

circunstância (...). Aprendi o segredo de viver contente em toda e

qualquer situação (quer dizer que antes ele não sabia) seja bem

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

24

alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.

Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:11-13).

Não dá para evitar a seguinte pergunta: O que foi que ele

aprendeu e quem ele estava ensinando? De acordo com o próprio

Paulo, ele foi instruído pelo Cristo Vivo e Ressurreto. É empolgante

e ao mesmo tempo confortante para mim, ler que a paz pode ser

aprendida. Isso quer dizer que posso aprender a ter essa paz

miraculosa. Percebo que independentemente das circunstâncias,

estar em estado de miséria é uma opção.

Pela graça de Deus aprendi essa prescrição para paz durante

uma das maiores crises da minha vida. Eu era pastor, desfrutando de

uma década de ministério frutífero, quando minha saúde me forçou a

desistir daquele ministério tão ativo. Apesar do desenvolvimento

progressivo dessa doença incurável na coluna vertebral, forçando-me

a encarar os desafios e as limitações de passar o resto da minha vida

em uma cadeira de rodas ou coisa pior, descobri a prescrição para a

paz no capítulo 4 da carta de Paulo aos filipenses. Memorizei esse

capítulo e fiz dele a minha oração antes de dormir. Meditei sobre ele

e descobri a prescrição para a paz. A boa nova é que se Paulo

aprendeu, você também pode aprender essa prescrição para a paz de

Deus.

Paz Relacional

Ao meditar sobre a prescrição para paz dada por Paulo, você

logo verá que ele tinha um relacionamento pessoal com o Cristo vivo

e Ressurreto e presumia que aqueles para quem ele estava fazendo

essa prescrição também o tinham. Sem esse relacionamento é

impossível aplicar essa prescrição de paz. A prescrição de paz foi

escrita para crentes que já abriram a porta de suas vidas para um

relacionamento pessoal com o Cristo Vivo (Apocalipse 3:20).

Paz Condicional

De acordo com Paulo, mesmo alguém que tenha um

relacionamento pessoal com o próprio Príncipe, o estado de paz

pessoal e perpétuo, conhecido como paz de Deus só será

experimentado por aqueles que cumprirem certas condições. Se você

conhece a Jesus Cristo e cumpre essas condições poderá

experimentar a paz de Deus.

Na carta de Paulo aos Filipenses encontramos dezesseis

condições explícitas ou implícitas para a paz de Deus. Procure

encontrá-las enquanto lê esta passagem: “Alegrem-se sempre no

Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês

conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por

coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de

graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que

excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês

em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro,

tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro,

tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de

excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

25

prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram

em mim. E o Deus da paz estará com vocês. Alegro-me

grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu

interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não

tinham oportunidade para demonstrá-lo. Não estou dizendo isso

porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e

qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é

ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer

situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou

passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”

(Filipenses 4:4-13).

16 Condições Para Ter Paz

Se você quer ter a paz que Paulo prescreveu, a primeira

condição que você deve cumprir é não se preocupar com coisa

alguma (6). Ele disse para não ficarmos ansiosos nem preocupados

porque a preocupação é contraproducente. Você não consegue nada

com a preocupação e ainda esgota suas energias emocionais e

espirituais tão necessárias para lidar com os problemas. Paulo,

concordando com Jesus, disse que não devemos nos preocupar com

nada.

Segunda condição para a paz: “Orar a respeito de tudo”. A

preocupação é contraproducente, mas o grande apóstolo conhecia a

produtividade da oração e sabia que a oração nos livra das crises que

nos preocupam.

Paulo, por exemplo, pediu que os filipenses orassem para que

ele saísse da prisão. Eles oraram e ele foi liberto da prisão em que

estava quando escreveu a carta. Mas Paulo também sabia, por

experiência própria, que Deus nem sempre acaba com os nossos

problemas.

Paulo tinha um problema de saúde que ele mesmo chamou de

“espinho na carne”. Três vezes ele pediu a Deus que o curasse. Esse

homem viu muitas pessoas serem curadas e foi um veículo poderoso

do Espírito Santo para a cura de outros. Mas quando ele pediu a

Deus que resolvesse o seu problema de saúde, três vezes Deus lhe

disse “não”. Basicamente o que Deus disse a Paulo foi: “Eu vou lhe

dar a graça para lidar com este problema” (cf. II Coríntios 12).

Quando Deus deu a Paulo a graça para lidar com o seu

problema de saúde, o apóstolo aprendeu por experiência própria, que

a oração pode nos livrar dos problemas ou nos dá a graça para lidar

com eles. O fato é que devemos orar nos dois casos. Devemos

sempre orar a respeito de tudo. Por isso as duas primeiras condições

para paz são: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo,

pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus

pedidos a Deus”.

Paulo apresentou a terceira prescrição para a paz quando

escreveu sobre nossos pensamentos: “Finalmente, irmãos, tudo o que

for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o

que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se

houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas”.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

26

Nossos pensamentos são como ovelhas e nós, como pastores desses

pensamentos. Decidimos como vamos pensar e como não vamos

pensar.

Segundo dados estatísticos “5% das pessoas pensam, 10%

pensam que pensam, 85% preferem morrer do que pensar e 10%,

pensam que estão pensando, mas estão simplesmente remanejando

seus preconceitos e não pensando!”. Nessa prescrição para paz,

Paulo nos desafia a nos juntarmos aos 5% que realmente pensam. A

sua prescrição é decidir corretamente como vamos pensar. A

instrução de Paulo foi para que nos concentremos no que é

verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, de boa fama, excelente e

digno de louvor.

Os estudiosos acreditam que parte dessa prescrição de Paulo é

uma paráfrase do que Isaías escreveu: “Tu, Senhor, guardarás em

perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia”

(Isaías 26:3). Isaías apresentou duas condições para a paz de Deus:

ter propósito firme no Senhor e confiar nEle.

Dentro daquela masmorra em Roma, onde passou seus

últimos dias de vida na terra e onde foi decapitado, provavelmente

essas prescrições tenham se tornado a prescrição pessoal de Paulo

para manter a sanidade. Em situações de extremo estresse, como um

divórcio, falência, ataque do coração, uma cirurgia complicada,

doença maligna em estágio final, guerra e prisões, descobrimos que

essa prescrição pode preservar nossa paz e sanidade mental.

Paulo e Isaías concordaram que quando existe confiança, a

paz é perfeita e constante. Se não houver confiança, não há paz,

porque a paz de Deus é essencialmente condicional.

A quarta condição para paz prescrita por Paulo envolve ação

da nossa parte. Acompanhe comigo o versículo 9 do capítulo 4 de

Filipenses: “Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam,

receberam (creram), ouviram e viram em mim. E (então) o Deus da

paz estará com você”. Talvez você pergunte: “Você quer dizer que

existe algo que eu posso fazer para conseguir e manter a paz de Deus,

principalmente quando estou passando por uma crise?”. É

exatamente isso que estou falando; pode estar certo disso! Paulo fala

de maneira bem precisa e objetiva do papel que devemos exercer se

quisermos experimentar a paz de Deus. Às vezes, quando não

fazemos a nossa parte o “ladrão da paz” aparece. Perdemos nossa

paz quando, por medo, fazemos o que achamos que temos de fazer,

ao invés de fazermos o que é certo. A prescrição é fazer o que é

certo!

A quinta condição para paz enfoca o “ladrão da paz” na vida

dos crentes que passaram por grandes perdas enquanto serviam ao

Senhor (cf. 4:8). Alguns crentes e servos de Deus podem chegar ao

desespero e questionar o valor de tudo que fizeram como

missionários, evangelistas, pastores ou testemunhas fiéis de Cristo,

trabalhando onde quer que Deus os tenha colocado. Nessa tradução,

Paulo usou a palavra “se”: “... se houver algo de excelente ou digno

de louvor, pensem nessas coisas” (8). Paulo foi enfático em seus

escritos ao destacar que não somos salvos pelas boas obras, mas para

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

27

boas obras (cf. Efésios 2:10). Nessa passagem de Filipenses Paulo

estava ensinando que um crente jamais pode duvidar do valor que

existe em fazer o bem servindo ao Senhor.

Desde sua conversão, Paulo comprometeu-se a fazer o bem e

dedicou-se completamente à obra de Jesus. E o que ganhou com

isso? Uma prisão atrás da outra, uma pior que a outra, mas mesmo

assim ele vivia em paz. Paulo tinha paz porque tinha aprendido a

superar a tentação de não crer mais na bondade.

Essa condição está incluída na prescrição para paz de Paulo,

porque ele abriu mão de privilégios que poderia usufruir dentro da

igreja. Aqueles irmãos poderiam perder a paz se esquecessem que,

mesmo não sendo recompensados por todo o bem que tinham feito

por Jesus nesta vida, seriam recompensados na vida eterna.

Observe que Paulo prescreveu “oração e súplicas com ação

de graças” (4:6). A sexta condição para paz é expressa nestas duas

palavras “ser grato”. Se você está se debilitando por causa da

velhice, de um acidente, um derrame ou qualquer outra doença,

restam-lhe duas opções: concentrar-se no que perdeu ou está

perdendo e ficar deprimido e amargurado, ou concentrar-se no que

você ainda tem e ser grato. Você vai descobrir que essa segunda

opção é uma terapia muito eficiente. Pense em quantas bênçãos você

tem e descubra que, quando começar a se concentrar nas bênçãos e

agradecer a Deus por elas, sua mente vai sair do que é negativo para

o que é positivo e sua paz vai voltar.

Paulo enfocou a sétima condição para paz ao explicar que

devemos aprender a ser pacientes porque a impaciência é outro

“ladrão de paz” (cf. 10, 11). Outra causa para o contentamento

expressa por Paulo nesses versículos é paciência. Em nosso

relacionamento com Deus, a paciência é “a fé na expectativa”.

Quando oramos por algo e achamos que não estamos sendo

respondidos, pode ser que Deus esteja nos chamando para

experimentar o tipo de paciência que envolve ter “fé na expectativa”,

ou seja, esperar em Deus. Em nossos diversos relacionamentos, a

paciência é “o amor na expectativa”.

Quando ficamos impacientes com Deus ou com outras

pessoas, perdemos nossa paz pessoal. O tipo de paciência que Paulo

prescreveu aqui é o nono fruto do Espírito (Gálatas 5:22, 23). Isso

confirma o pré-requisito que já compartilhei com vocês: a paz de

Deus tem que ser relacional.

O Senhor quer desenvolver em nós duas dimensões da

paciência: a paciência vertical, ensinando-nos a ter a fé que espera no

Senhor, e a paciência horizontal, exercitada em nossos

relacionamentos, ensinando-nos que o amor espera. Enquanto não

aprendermos a ter paciência, nossa paz pessoal será muito frágil.

A oitava condição para paz na instrução de Paulo é que

sejamos amáveis, ou seja, tenhamos um espírito manso, como o de

Jesus (cf. 5). Essa mansidão também é fruto do Espírito Santo,

citado por Paulo na sua Carta aos Gálatas (cf. Gálatas 5:22,23).

Mansidão e amabilidade não são sinais de fraqueza. Na

verdade, o significado da palavra “mansidão” está ligado ao

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

28

significado da palavra “domado”. Quando um cavalo selvagem é

domado e finalmente aceita o freio ser colocado na sua boca e a ser

controlado pela pessoa que está na sela, isso quer dizer que ele está

“manso” mas não “fraco”. Essa mansidão pode ser traduzida por

“força sob controle”. A amabilidade é um sinônimo de mansidão.

Um cavalo domado é um cavalo amável. Esse é o sentido bíblico da

palavra “manso”.

Outra palavra que também tem o conceito de “amabilidade”

usada por Paulo é “aceitação”. Muitos heróis da fé, com anos de

experiência andando com Deus contam que existe uma relação muito

próxima entre aceitação e paz. Não deveria ser surpresa para nós

encontrar essa correlação na prescrição para paz de Paulo. A paz

vem e geralmente retorna quando aceitamos nossas limitações.

Para a nona condição para paz retome comigo os motivos de

contentamento desse apóstolo. Quando consideramos que esse

apóstolo aprendeu a “viver contente em toda e qualquer situação”

(cf. Filipenses 4:12), concluímos que a partir do momento em que ele

fez de Jesus o seu Senhor, ele creu que Jesus estava no controle da

sua vida. Ele sabia estar contente em toda e qualquer circunstância

porque cria que estava na vontade do seu Senhor e Salvador, o Cristo

Vivo, que tem tudo sob o Seu controle. A nona condição implica em

uma rendição incondicional à vontade de Jesus Cristo como nosso

Senhor. Qualquer coisa que não seja uma rendição incondicional a

Jesus Cristo como Senhor pode ser um “ladrão de paz” para aqueles

que professam seguir a Cristo. Grande parte da nossa ansiedade ou

perda de paz pode ser resultante do fato de jamais termos feito de

Jesus nosso Senhor; de não levantarmos nossas mãos para o alto em

rendição completa e incondicional a Ele.

Alguns de nós não estamos dispostos a fazer a vontade de

Cristo; resistimos à Sua vontade como um cavalo selvagem resiste ao

controle do freio em sua boca. O simples fato de nos rendermos

sincera e incondicionalmente à Sua vontade, se é que ainda não

aconteceu, isso nos levará a ter a paz de Deus.

A décima condição para paz foi enfocada por Paulo quando

escreveu: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura.

Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação,

seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando

necessidade” (12). Paulo tinha descoberto o segredo para estar

contente em toda e qualquer situação em que se encontrasse.

Qual era esse segredo? Aprender a receber a graça para

aceitar o que ele não podia controlar, crendo que tudo o que acontece

é com a aprovação do Senhor. A vida de Paulo é um exemplo

maravilhoso de discípulo que aceitou a vontade do seu Senhor, quer

as circunstâncias fossem favoráveis ou extremamente desfavoráveis.

A aplicação da décima condição é óbvia: podemos perder a

paz de Deus se não recebermos a graça do Cristo Vivo para

aceitarmos Sua vontade a cada dia, independentemente das

circunstâncias.

A décima primeira condição para paz é aprender a viver em

meio à dificuldade ou, como escreveu Paulo: “Sei o que é passar

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

29

necessidade e sei o que é ter fartura” (Filipenses 4:12). Em meio a

uma crise, por acaso você pediu a Jesus para lhe ensinar o que Ele

ensinou a Paulo? Essa é outra dimensão da paz de Deus que

devemos aprender. Para manter a paz com Deus, peça a Cristo que

lhe ensine a passar pelas dificuldades.

Se você ama a Deus e é chamado de acordo com o Seu plano,

Deus pode fazer com que tudo que acontece em sua vida se encaixe

para o seu bem. Pode ser que não exista nada de bom no que vem

lhe acontecendo ultimamente, mas “Deus age em todas as coisas

para o bem daqueles que o amam” (Romanos 8:28). Tenha essa

verdade em mente quando estiver passando por uma crise.

A décima segunda condição para a paz é pedir ao Senhor que

lhe ensine a viver a prosperidade. Você já pensou nisso? O desafio é

maior em meio à prosperidade do que em meio à dificuldade e

pobreza. Muitos de nós corremos para Deus e para Sua Palavra em

tempos de dificuldade, mas muitos crentes caem quando tudo vai

bem, há prosperidade e segurança. O maligno derruba muitos crentes

quando esses estão usufruindo a prosperidade e as bênçãos do

Senhor.

O apóstolo Paulo deu o exemplo e apresentou o preceito com

a décima segunda condição para a paz ao dizer que devemos pedir ao

Senhor que nos ensine a viver em prosperidade. Muitos crentes

perderam a paz porque jamais pediram ao Senhor que os ensinasse o

segredo de uma vida santa em meio à prosperidade. (cf. Filipenses

4:12).

Paulo enfocou a décima terceira condição dessa prescrição

para a paz quando nos desafiou a jamais esquecermos que “perto está

o Senhor” (5). Se você conhece um pouco da vida do apóstolo

Paulo, pense no que significava para ele essa proximidade com o

Senhor. Era muito perigoso visitar Paulo durante o seu último e mais

difícil confinamento em Roma. Por isso ninguém foi vê-lo. Em sua

última carta a Timóteo ele escreveu: “todos me abandonaram” (II

Timóteo 4:16, 17). Foi por isso que ele escreveu: “Perto está o

Senhor” (Filipenses 4:5). Quando você se vir em meio a uma crise,

nunca se esqueça de que “Perto está o Senhor”.

É por isso que tenho enfatizado que se alguém realmente quer

entender e aplicar a prescrição para paz com Deus que Paulo deixou

para nós, tem que cultivar um relacionamento pessoal com o Senhor.

A décima quarta condição para a paz é fundamentar sua

serenidade e alegria no seu relacionamento com o Cristo Vivo. Em

que se baseia sua serenidade e alegria? Se a base da sua serenidade e

alegria é seu cônjuge, são seus filhos ou é alguém especial com quem

você tem um relacionamento, então a base da sua serenidade é muito

frágil, porque não existe relacionamento algum sobre a face da terra

que não seja passível de perda.

Milhões de pessoas que firmaram suas vidas nas

circunstâncias naturais e viram tudo ruir por causa de uma doença ou

uma deficiência qualquer que desmoronou essa base juntam-se a

mim para dizer a você, que baseia sua paz e alegria na sua saúde, na

sua juventude ou vitalidade, que essas bases são muito frágeis. Paulo

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

30

apresentou um fundamento forte para sua paz: “Alegrem-se sempre

no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” (4).

Encontramos a décima quinta condição para paz nas seguintes

palavras de Paulo: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro,

tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro,

tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de

excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em

prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram

em mim. E o Deus da paz estará com vocês” (8 e 9).

No Evangelho de João encontramos estas palavras muito

profundas de Jesus: “Como vocês podem crer, se aceitam glória uns

dos outros, mas não procuram a glória que vem do Deus único?”

(João 5:44).

Deus disse a Abraão: “ande segundo a minha vontade”

(Gênesis 17:11). Quantos de nós fazemos isso? Quantos de nós

andamos com Deus a cada dia? Quantos de nós passamos as vinte e

quatro horas do dia pensando em como Deus Se sente a respeito de

quem somos, onde estamos e o que fazemos?

Todo crente vai enfrentar uma crise quando não conseguir ter

a aprovação de Deus nem a do homem. Há momentos em que não

conseguimos explicar às pessoas o que está acontecendo em nossas

vidas. Nesses momentos, se precisarmos da aprovação no nível

horizontal, descobriremos que o fundamento da nossa paz é muito

frágil. Para mantermos a paz com Deus, devemos aprender a

valorizar a aprovação de Deus.

Finalizo meu resumo sobre as prescrições de Paulo, com a

décima sexta condição para obtermos e mantermos a paz de Deus

que é aprender o que significa descansar em Cristo Jesus: “E a paz de

Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a

mente de vocês em Cristo Jesus” (7).

O que significa “descansar em Cristo”? O que significa estar

“em Cristo Jesus”? Estar “em Cristo” é a metáfora preferida dos

autores do Novo Testamento para descrever nosso relacionamento

com nosso Senhor e Salvador, fator vital para se conhecer e preservar

a paz de Deus. Esses autores do Novo Testamento, principalmente o

apóstolo Paulo, contam que estamos “em Cristo” se somos discípulos

verdadeiros de Jesus Cristo. Paulo usou essa expressão noventa e

sete vezes em suas cartas.

Essa expressão significa estar em união com Cristo, como um

ramo está unido à videira (João 15:1-16). Estar “em Cristo” significa

tirar dEle, que é a Videira, todo o poder espiritual doador da vida,

necessário para fazer tudo que fazemos para Ele, com Ele e por Ele,

enquanto descansamos nEle. Estar “em Cristo” significa descansar

dia-a-dia no Seu poder para fazermos o que Ele nos chamou para

fazer.

Criei um pacote que chamo de “Os Quatro Segredos

Espirituais” para transmitir o conceito de estar “em Cristo”. Sem

dúvida alguma eu, um tetraplégico, não poderia fazer nada do que

faço, nem jamais estaria ensinando a Bíblia em todo o mundo e em

tantas línguas, se não fosse a aplicação desses quatro segredos

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

31

espirituais: “A questão não é quem ou o que eu sou, mas quem e o

que Ele é, porque eu estou nEle e Ele está em mim. Nada depende

do que eu posso fazer, mas do que Ele pode fazer, porque eu estou

nEle e Ele está em mim. O que eu quero não é importante, mas sim o

que Ele quer, porque eu estou nEle e Ele está em mim”.

Quando coisas boas acontecem porque Ele derramou Sua vida

dando poder através de mim, um dos Seus ramos, devo sempre me

lembrar do quarto segredo espiritual: “A questão não é o que eu fiz,

mas o que Ele fez porque eu estava nEle e Ele estava em mim”. Em

outras palavras, é isso o que significa “descansar em Cristo Jesus”.

Grande parte da nossa ansiedade e falta de paz é resultante do

pensamento de que devemos viver como Cristo viveu e fazer a obra

de Cristo com nossas próprias forças.

Você pode estar passando por uma crise de saúde que lhe

roubou a capacidade de se concentrar para orar. Por isso quero lhe

ensinar uma oração baseada nessa prescrição. Se você quer

experimentar a paz de Deus que Paulo prescreveu para nós, eu o

convido a fazer esta oração comigo: “Pai, na Tua Palavra o Senhor

afirma que pode nos manter em perfeita paz se cumprirmos as

condições para essa paz. Eu quero a Tua paz na minha vida por isso

peço que me dê sabedoria para não me preocupar com coisa alguma,

e fé para orar por tudo. Que minha mente seja disciplinada para eu

pensar em tudo o que é bom e que eu tenha a integridade moral para

fazer o que é certo. Que eu seja sempre otimista para acreditar na

bondade. Dá-me entendimento sobre o que o Senhor tem feito para

que eu sempre lhe dê graças por tudo. Que eu jamais tente empurrá-

lO ou ir à Sua frente, mas que eu saiba esperar em Ti,

experimentando e expressando a mansidão e a paciência, fruto do

Seu Espírito em mim. Que eu estabeleça minhas prioridades de

acordo com a Tua aprovação sobre quem sou, o que sou e o que faço

e jamais faça nada para ser visto nem aprovado pelos homens. Não

me deixes esquecer de como o Senhor está perto quando eu buscar

me aproximar de Ti, adorando e usufruindo de Ti a cada dia e para

sempre. Que eu entregue minha vida a Ti até que haja um

alinhamento perfeito entre a minha vontade e a Tua vontade. Dá-me

a graça para aceitar a Tua vontade em cada situação, em momentos

de dificuldade e também de prosperidade. Pela Tua graça, que eu

aprenda a prosperar espiritualmente e a estar contente em situação de

abundância e de necessidade. E, finalmente, Pai, agora que entendo

que não importa quem eu sou, mas quem o Senhor é, não importa o

que eu posso fazer, mas o que o Senhor pode, não importa o que eu

quero, mas o que o Senhor quer, e sei que no final não será o que eu

fiz, mas o que o Senhor fez que vai trazer resultados eternos, dá-me

completa confiança e total dependência de Ti para que eu descanse

meu coração e minha mente totalmente em Cristo. Capacita-me a

cumprir essas condições para que eu tenha paz. Em nome do meu

Senhor Jesus Cristo, para minha paz e para Sua glória. Amém”.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

32

Capítulo 5

“A Prescrição Para Oração”

Existem muitas prescrições para oração nas Escrituras. A

Oração do Pai Nosso que Jesus Cristo ensinou é a mais importante e

profunda prescrição para oração que o mundo já ouviu, mas não é a

única da Bíblia. De vários exemplos e ensinos sobre oração, existe

um em particular que eu gostaria de comentar. Quando a vida se

mostrou muito difícil para mim, descobri essa prescrição para oração,

que se apresenta por meio de uma metáfora.

O Trono da Graça

Essa metáfora ilustra e ensina que a oração é como se

aproximar de um trono. E esse trono é chamado de “Trono de

Graça”: “Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a

confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça

que nos ajude no momento da necessidade” (Hebreus 4:16).

Desse trono Deus derrama livremente misericórdia e graça

para o Seu povo por causa de seus erros e necessidades. Por isso,

quando buscamos esse trono, podemos esperar receber misericórdia

para nossos erros e graça para nos ajudar em tempos de necessidade.

Misericórdia é o atributo de Deus que impede que recebamos o que

merecemos. Graça é a característica do caráter de Deus que derrama

sobre nós todos os tipos de bênçãos que não merecemos e não

conquistamos por nosso próprio mérito ou esforço.

Quando você busca a Deus em oração, busca esses dois dons

de Deus, misericórdia e graça? A palavra “misericórdia” é

encontrada 366 vezes na Bíblia, ou seja, uma vez para cada dia do

ano, inclusive para o ano bissexto, quando ele tem 366 dias.

Usando essa palavra tantas vezes na Bíblia, Deus está nos

dizendo: “Vocês não têm um dia na vida em que não precisem da

Minha misericórdia”.

Com qual freqüência você agradece a Deus por esta

misericórdia que o impede de receber o que você merece? Meu pai

na fé, Dr. J. Vernon MacGee, tinha 81 anos quando o ouvi pregando

pela última vez. Lembro-me que ele disse: “Tenho 81 anos e nunca

me interessei tanto pela misericórdia de Deus como me interesso

hoje”.

Heróis espirituais da Bíblia buscavam a Deus, como fez Davi

confessando seu pecado de adultério e assassinato, desta maneira:

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande

compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a

minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo

reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me

persegue” (Salmo 51:1-3).

Estas são as palavras de um homem de Deus, depois de ter

entendido que precisava da misericórdia de Deus por causa do

pecado que tinha cometido. A prescrição para oração no Trono de

Graça que aprendemos é: Quando buscamos o trono de graça,

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

33

devemos fazê-lo com total confiança de que as misericórdias de Deus

têm como base o que Jesus Cristo conquistou na cruz por nós.

Ele veio do céu por nossa causa, ofereceu o Seu sangue pelos

nossos pecados, e hoje, novamente no céu intercede por nós (cf.

Hebreus 9:11-14). A morte de Jesus na cruz é a única base sobre a

qual Deus pode nos purificar completamente dos nossos pecados. O

sacrifício de Jesus conquistou para nós a salvação eterna. Não há

mais nada para acrescentar ao que Ele fez por nós na cruz (cf.

Hebreus 10:17,18). Aproximemo-nos do trono de graça com plena

confiança nessas Boas Novas.

“Graça”, o favor e as bênçãos de Deus que não merecemos é

outra palavra muito bonita na Bíblia. A graça de Deus vem a nós de

várias formas. A raiz dessa palavra significa “favor imerecido”.

Esta definição de graça significa que não temos nossos pecados

perdoados porque o mereçamos. Nossos pecados são perdoados

porque Deus nos amou o suficiente para mandar Seu Filho ao mundo

para morrer na cruz pela nossa salvação. Entretanto, a palavra

significa muito mais do simples favor imerecido.

Graça Maravilhosa

Este é outro versículo maravilhoso sobre graça que saiu da

pena do apóstolo Paulo: “E Deus é poderoso para fazer que lhes seja

acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o

tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda

boa obra” (II Coríntios 9:8). Este versículo é o mais enfático da

Bíblia sobre a graça de Deus disponível para o Seu povo.

De acordo com Paulo, Deus é capaz de fazer toda graça (não

apenas um pouco dela) abundar (não pingar) sobre você (não apenas

sobre Billy Graham, o pastor ou o missionário, mas sobre você), para

que você (repeti para enfatizar) sempre (não apenas de vez em

quando) tenha toda a suficiência (não apenas suficiência) em todas as

coisas (não apenas em algumas coisas), abunde e prospere (não

apenas capengue) em toda (não apenas em alguma) boa obra.

Toda graça, em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo

o que for necessário, para que transbordem em toda boa obra que

Deus quer fazer através de você! A igreja do Novo Testamento virou

o mundo de cabeça para baixo, porque creu e experimentou a

verdade que Paulo proclamou nesse versículo extraordinário sobre a

graça maravilhosa de Deus.

A qualidade e a quantidade dessa graça estão disponíveis para

você e para mim no trono da graça toda a vez que oramos. Sempre

que oramos devemos ter a consciência de que essa metáfora sobre o

trono da graça nos convida a nos aproximarmos de Deus para

recebermos misericórdia para nossos erros e graça para nos ajudar

em tudo que precisamos para viver como Cristo e servir a Cristo

nesse mundo.

Como amo a Deus por fazer com que o trono da graça seja

acessível a mim! Deus nos diz que o trono de graça está lá sempre

que precisamos. Devemos simplesmente ir até ele e Deus nos dará

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

34

livremente Sua misericórdia para nossos erros e pecados e a Sua

graça para nos ajudar em tempos de necessidade. Deus tem prazer

em abrir as portas do céu e derramar Sua graça maravilhosa sobre

nós.

Como o coração de Deus deve se entristecer quando

ignoramos completamente o Seu trono da graça! Ele nos ama e tem

Seus métodos para nos encorajar a encontrarmos com Ele.

As Escrituras contam que o povo de Deus às vezes sofre porque há

momentos em que Deus, literalmente força Seu povo a acessar a

graça que Ele disponibilizou.

Paulo escreveu que Deus nos dá acesso pela fé à graça que

nos possibilita ficarmos firmes na fé e viver uma vida que glorifique

a Deus neste mundo. Ele também mostrou que devemos nos alegrar

na tribulação (no sofrimento), porque nosso sofrimento muitas vezes

nos força a acessarmos a graça de Deus disponível para nós

(Romanos 5:2-5).

Devemos todos nos alegrar e agradecer a Deus pelos

momentos difíceis de sofrimento que nos forçam a buscar o trono de

graça. Sem essas tribulações talvez não tivéssemos a graça que tanto

precisamos para viver na terra, cumprir os propósitos para nossa

salvação e glorificar o nome de Deus.

Concluindo, você já acessou o trono de graça e misericórdia

de Deus? Se ainda não o fez, não adie até amanhã. Deus está no

trono da graça esperando para derramar sobre você Sua graça e

misericórdia. Você já aceitou que a graça e a misericórdia

maravilhosa de Deus estão diariamente acessíveis através do trono da

graça de Deus? Você tem recebido e compartilhado da misericórdia

e graça de Deus com outras pessoas?

Capítulo 6

“Prescrição Para Obediência”

Você já sabe que o Novo Testamento enfatiza a importância

vital da obediência na vida do seguidor de Jesus Cristo, não sabe?

Jesus enfatizou a importância da obediência mais do que qualquer

outro autor do Novo Testamento. Por exemplo, Ele enfocou e

definiu o que é obediência quando perguntou: “Por que vocês me

chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?” (Lucas 6:46).

Em Seu sermão mais importante, o Sermão do Monte, ao

enfatizar a justiça pessoal dos Seus discípulos, Jesus mostrou o valor

que dava à obediência. Das oito bem-aventuranças, duas declaram

bênçãos sobre o discípulo que tiver fome e sede de justiça, ou seja,

fome e sede de fazer o que é certo, e também sobre o discípulo que

for perseguido por causa da sua justiça. Jesus também acrescentou

que a justiça dos Seus discípulos tinha que ser superior à justiça dos

escribas e fariseus (cf. Mateus 5:6,10,20).

Jesus concluiu o Seu sermão com algumas tremendas

ilustrações sobre a importância da obediência, e com as seguintes

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

35

palavras Ele apresentou um veredicto: “Nem todo aquele que me diz:

‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que

faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7:21).

Suas palavras finais naquele monte foram para contar a

estória de duas casas sobre as quais caiu uma forte tempestade.

Nessa metáfora, a casa que desaba ilustra o discípulo que não

obedece ao ensino de Jesus e a casa que não desaba, o discípulo que

realmente obedece ao Seu ensino.

Jesus ensinou que a única maneira de provar que o Seu ensino

é a Palavra de Deus é obedecendo ao Seu ensino. Apenas o discípulo

que obedecer saberá se o ensino de Jesus é mesmo a Palavra de Deus.

Aprendemos com Jesus que obter mais conhecimento da Palavra não

leva a obedecer, mas o obedecer leva à Palavra de Deus, e a conhecê-

la mais profundamente.

Depois de dar o exemplo e ensinar que devemos lavar os pés

uns dos outros e servir uns aos outros, Jesus proclamou: “Agora que

vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem” (João

13:17).

Durante a Última Ceia, quando os apóstolos perguntaram a

Jesus como eles poderiam ter um relacionamento com Ele depois da

Sua ressurreição, Jesus disse que isso é uma questão de obediência.

Ele disse a Judas e aos outros apóstolos: “Se alguém me ama,

obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e

faremos morada nele” (João 14:22-23).

Jesus tinha feito essa mesma declaração quando disse aos

discípulos, ainda no mesmo contexto: “Vocês serão meus amigos, se

fizerem o que eu lhes ordeno” (15:14). Encontramos a confirmação

dessas palavras no Livro de Atos, quando Pedro anunciou que Deus

concede o Espírito Santo aos que Lhe obedecem (Atos 5:32).

A Grande Comissão

Eu apresentei esse breve panorama dessas prescrições de

Cristo para obediência, a fim de criar um contexto para o Seu Maior

Mandamento. Quando Jesus Se encontrou com Seus apóstolos e

cerca de quinhentos discípulos depois de Sua ressurreição, Ele

deixou esta ordem para todos aqueles que professam ser Seus

discípulos: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra.

Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os

em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a

obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com

vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:18-20).

Paulo foi obediente à Grande Comissão. Quando começou a

contar aos coríntios qual era a grande motivação por trás do seu

ministério e que o fazia o maior missionário da história da igreja, ele

revelou três grandes valores: ele cria que Um tinha morrido por

todos; que todos estavam perdidos e que todos deveriam ouvir o

Evangelho. Por isso ele viveu tão consumido pelo zelo de contar ao

mundo sobre Cristo. E por isso, os coríntios o acusaram de ser “fora

de si” ou louco. Ele estava defendendo sua sanidade quando revelou

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

36

qual era sua motivação por trás do ministério do maior missionário

que a igreja já teve (II Coríntios 5:13-6:2).

No final da carta aos romanos, Paulo contou àqueles

discípulos que estava ansioso para ir a Roma, porque ele queria que

eles o ajudassem a alcançar aqueles que deveriam ouvir o Evangelho

na Espanha. E ao revelar esse desejo, Paulo fez uma declaração

surpreendente. Ele disse que se fosse traçada uma linha de Corinto

até o meio da Itália, não haveria nenhum ponto nesse círculo onde ele

não tivesse pregado o Evangelho.

Se você pegar um mapa e observar esse traçado, verá que

Paulo estava falando de um feito e tanto. Os historiadores da igreja

afirmam que Paulo realmente pregou o Evangelho em todos os

lugares nessa circunferência e que ele realmente pregou o Evangelho

na Espanha, apoiado pela igreja de Roma. Paulo tinha um coração

missionário voltado para todo o mundo. Paulo e os outros apóstolos

se entregaram totalmente à pregação do Evangelho de salvação por

meio da fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo para perdão dos

nossos pecados (I Coríntios 15:1-4).

O que motivou a primeira geração da igreja a pregar o

Evangelho e a fazer discípulos em todo o mundo? A resposta a essa

pergunta, na verdade, é muito simples. Eles criam convictamente

nos três valores de Paulo. Eles criam que Cristo morreu por todos,

que todos se perderam e que todos deviam ouvir o Evangelho.

Por que algumas igrejas não levam o Evangelho para os

perdidos deste mundo? Será que não acreditam que os homens

estejam perdidos? Existem alguns crentes denominados “neo-

evangélicos” que não crêem que todos estão perdidos nem que todos

devem ouvir que Jesus morreu pela salvação de todos. Mas o que

devemos fazer é cumprir a Grande Comissão de fazer discípulos para

Cristo, dada à primeira geração da igreja.

Em 1974 aconteceu em Lausanne, na Suíça, o Congresso

Internacional de Evangelização Mundial. Líderes espirituais de 150

países se reuniram para discutir sobre uma única questão: Nós

realmente cremos que os perdidos estão perdidos? Todos

concordaram com as três premissas missionárias de Paulo e

documentaram sua resolução no documento que chamaram de “O

Tratado de Lausanne”.

Esse tratado declara a convicção dos autênticos discípulos

evangélicos de Jesus Cristo a respeito da missão da igreja do Cristo

Vivo e Ressurreto no mundo de hoje. Estudando esse documento

podemos observar que ele trata de algumas razões pelas quais tantos

crentes hoje não estão envolvidos em missões mundiais.

Gostaria de destacar apenas alguns pontos sobre os quais

esses líderes evangélicos concordaram:

“Cremos que o Evangelho são as Boas Novas de Deus para o

mundo e estamos determinados, pela Sua graça, a obedecer à Grande

Comissão de Cristo de proclamar o Evangelho a toda humanidade e

fazer discípulos em todas as nações.”

“O propósito de Deus é chamar do mundo, um povo para Si e

enviá-lo de volta ao mundo como Seus servos e Suas testemunhas.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

37

Envergonhados confessamos que muitas vezes negamos nosso

chamado e não cumprimos nossa missão ao tomarmos a forma do

mundo ou ao nos isolarmos do mundo. Alegramo-nos porque

mesmo que seja transmitido através desses vasos terrenos, o

Evangelho é um tesouro precioso.”

Eles fizeram as seguintes afirmações a respeito da autoridade

das Escrituras:

“Declaramos que cremos na divina inspiração, confiabilidade

e autoridade, tanto do Velho como do Novo Testamento em sua

totalidade, como a Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que

afirma e a única regra infalível de fé e prática.”

“Declaramos que cremos no poder da Palavra de Deus para

cumprir o Seu propósito para salvação, porque cremos que a

mensagem da Bíblia é dirigida a toda humanidade.”

Eles também concordaram que uma das razões por que a

evangelização não é tão atuante no mundo hoje como deveria, é

porque muitos acreditam que uma religião é igual a outra. Eles

concordaram que não é toda e qualquer religião que leva à salvação e

ao céu.

Em um dos parágrafos lemos:

“Declaramos que cremos que existe apenas um Salvador e um

Evangelho. Mesmo que haja a revelação de Deus através da

natureza, negamos que a revelação da natureza possa salvar, e

rejeitamos qualquer afirmação de que Cristo fala através de todas as

religiões e ideologias da mesma maneira. Não existe outro nome sob

o céu pelo qual devamos ser salvos. Todos os homens estão

perecendo por causa do pecado, mas Deus ama a todo homem e não

deseja que qualquer um deles pereça, mas que todos se arrependam”.

Certo estadista missionário escreveu: “A Grande Comissão é

o Estatuto da Igreja. Como qualquer outra organização, a igreja deve

cumprir os termos deste estatuto para que continue a existir”.

Voltando ao Tratado de Lausanne, a declaração mais

importante dele é: “A Evangelização Mundial requer que toda a

igreja leve todo o Evangelho a todo o mundo”. Como eles

concordaram que a igreja é o centro do propósito de Deus e escolhida

por Ele para ser o canal de divulgação do Evangelho, acrescentaram

que “o Evangelho não deve ser associado a nenhuma cultura,

nenhum sistema social ou político nem a ideologia humana”.

O Tratado também concluiu que “O papel determinante das

missões ocidentais está desaparecendo rapidamente e, como

missionários, estamos sendo muito lentos na preparação e

encorajamento de líderes nacionais que assumam suas

responsabilidades. Em toda nação e cultura deve haver programas de

treinamento para pastores e leigos de doutrina, discipulado,

evangelismo, preparação e serviço. Esses programas de treinamento

devem se basear em iniciativas locais e serem estruturados de acordo

com padrões bíblicos”.

O consenso desse tratado foi que “líderes de suas respectivas

culturas sabem alcançar e treinar seu próprio povo melhor do que os

ocidentais”.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

38

Sempre me encontro com líderes espirituais em outros países

e lhes pergunto: “Qual é a sua maior necessidade?”. E a resposta que

costumo obter é a seguinte: “Treinamento para nossa liderança. Essa

é a nossa maior necessidade”. Acredita-se que haja hoje no mundo

inteiro dois milhões de pastores e apenas menos de cem mil desses

pastores se formaram em seminário. Isso é verdade para muitos

deles porque a educação teológica ou bíblica é proibida e muito

difícil de ser obtida em suas culturas.

Os oito pastores que fizeram a tradução dos nossos estudos

bíblicos fizeram o seguinte comentário: “Temos procurado uma

ferramenta que possa ser compreendida pela grande maioria dos

agricultores da China. Apenas 5% do povo em nosso país tem o

privilégio de ir para a faculdade. A grande maioria compõe-se de

simples agricultores. Estávamos procurando um curso bíblico a ser

dirigido para mentalidades de doze anos de idade. Quando nos

deparamos com este estudo bíblico, vimos que é a ferramenta que

estávamos procurando”.

Isso me trouxe grande alegria porque quando me converti,

jamais me esquecerei disso, busquei alguém que pudesse fazer com

que o estudo das Escrituras fosse suficientemente simples para eu

entender. Sou muito grato porque, com vinte anos de idade, tive

como professor da Bíblia, o Dr. J. Vernon McGee. Deus usou o seu

método simples e dinâmico de ensino para abrir os 66 livros da

Bíblia para mim. Durante mais de quinze anos eu tenho feito o

mesmo por jovens convertidos. Isso se aplica principalmente em

países e culturas onde a educação bíblica é proibida e muito difícil de

ser encontrada.

A última resolução do Tratado de Lausanne afirma que a

única esperança do mundo e a única esperança abençoada da igreja é

a Segunda Vinda de Jesus Cristo. Juntos eles determinaram: “A

Promessa da Vinda de Jesus Cristo é um incentivo para nosso

evangelismo, bem como Suas palavras, dizendo que o Evangelho

deve ser pregado primeiro para todas as nações antes que venha o

fim. Cremos que o período entre a ascensão de Cristo e a Sua volta

deva ser preenchido com a missão do povo de Deus que não pode

parar até que venha o fim”. O fato do Evangelho ter que ser primeiro

pregado para toda criatura antes da volta de Cristo, deve nos motivar

a falar para outros sobre Cristo (cf. Mateus 24:14, Marcos 16:15).

Pedro nos desafiou a apressarmos o dia da volta de Cristo dessa

maneira, porque Jesus não quer que nenhum se perca, mas que todos

sejam salvos (II Pedro 3:9, 11,12).

O Tratado de Lausanne é o estatuto doutrinário do Ministério

de Cooperação Internacional, o ministério que produz o Curso

Bíblico Internacional, transmitido em todo o mundo.

Concluindo, Jesus não está preocupado com o que falamos

que conhecemos, mas com o que fazemos e com o que conhecemos,

ou seja, que sejamos obedientes como Ele foi. Jesus falou para Deus,

Seu Pai, em oração, conforme lemos em João 17:18: “Assim como

me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”.

Apostila no 21: As Prescrições de Cristo (Terceira Parte):

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Minha oração é que o Curso Bíblico Internacional o ajude e o

prepare para levar as Boas Novas para o seu mundo.

Obedecer à Grande Comissão é a essência da missão do

Ministério de Cooperação Internacional e do Curso Bíblico

Internacional, que coincide com a conclusão do Tratado de

Lausanne: “Por isso, à luz dessas coisas, nossa fé e resolução é entrar

em aliança solene com Deus e com cada irmão para orarmos,

planejarmos e operarmos juntos para evangelização de todo mundo.

Convocamos todos a juntarem-se a nós. Que Deus nos ajude, pela

Sua graça e para Sua glória, a sermos fiéis a essa aliança”. Amém.

Aleluia!