HOMENAGEM AO DIA DA ARMA DE INFANTARIA
24 DE MAIO
ANTNIO DE SAMPAIO, oficial do Exrcito Brasileiro que lutou na Guerra do Paraguai,
tendo tido papel de destaque na etapa da invaso a este pas.
Nascido aos 24 de maio de 1810, em Tamboril-CE, alistou-se como voluntrio nas fileiras
do ento 22 Batalho de Caadores e destacou-se pelo amor Unidade a que pertencia e pelo
devotamento hierarquia e disciplina. Esteve presente, concorrendo para o xito das
tropas federais, na Balaiada, na Guerra dos Farrapos e na Revoluo Praieira.
Participou com bravura da batalha de Tuiuti (24 de maio de 1866), o maior combate
militar travado na histria da Amrica do Sul, e que considerado o tmulo do exrcito de
Solano Lpez. O general Antnio de Sampaio era o comandante da 3 Diviso Encouraada,
compostas pelas histricas Companhias: Arranca-Toco, Vanguardeira e Treme-Terra e,
ironicamente neste combate, sofreu trs ferimentos fatais aps ousadas manobras com sua
frao, eternizando-se assim, na histria, como patrono da Arma de Infantaria.
2/24
O BRAVO DOS BRAVOS: ANTNIO SAMPAIO
(Lourival Batista, poeta popular)
(Contribuio da Coordenao Regional do Nordeste, do Projeto Rondon ao Dia da Infantaria do
Exrcito, em Tamboril, Cear, 24 de maio de 1971)
(Colaborao especial da Facit S/A)
APRESENTAO
A literatura popular nordestina tem sido e continua a ser amplo campo de pesquisa
para estudantes e estudiosos. Cmara Cascudo, Hermilo Borba Filho, Edson Carneiro, para
falarmos em apenas trs figuras definitivas no estudo do nosso folclore, j realaram em
pginas sbrias e sbias a importncia do "Folheto de Feira", do cantador.
Estudando a dimenso mgica do folheto de cordel, aqueles estudiosos mostraram o
significado e a importncia do mundo do violeiro para o estudo e compreenso da sociedade
sertaneja. Os reis, as rainhas, os pobres que acabavam se transformando em prncipes
poderosssimos, os cavalos que voam, os cangaceiros, os valentes, o amarelinho, todos esses,
seres e personagens que refletem, na sua maneira de ser, a maneira de ser e pensar do
nordestino. A viola, instrumentos simples e redondo como cintura de moa, desabrocha em
canto e abrasa a abrasada terra do serto.
Figuras como Antnio Silvino, Jesuno Brilhante, Lampio, so cangaceiros que o serto,
atravs do violeiro, transformou em lendas. Ainda hoje permanecendo na viola e na boca do
cantador. Feitos como os das Guerras dos Guararapes, com os seus heris, as suas lutas, as
suas refregas, tambm so cantados e decantados, prolongandose, assim, no tempo e na
memria do sertanejo.
Este folheto trata da vida e das lutas de Antnio Sampaio como soldado e como
guerreiro. Um Antnio Sampaio que alcana dimenses mticas na viola de Lourival Batista,
poeta e violeiro nordestino dos bons. Um Antnio Sampaio reconstitudo em versos
simplssimos, quase que sussurrados pela viola. E da viola para o papel. No final, a viso de
um guerreiro nos olhos de um simples, de um homem do povo. Mais do que poesia, ento, uma
homenagem. Razo bastante para que o Projeto Rondon, juntamente com a Facit, preste ao poema
e ao violeiro sua colaborao.
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1
Contarei para os soldados
Do Exrcito Brasileiro
A comovente epopia
De insigne e grande guerreiro
Amor, coragem, energia
Da arma de infantaria
De soldado a brigadeiro.
2
Nasceu na Fazenda Vitor
Municpio Tamboril
Aos vinte e quatro de maio
Sendo no ano de mil
E oitocentos e dez
De pais humildes, fiis
Surge um heri do Brasil.
3
De Antnio Ferreira Sampaio
E D. Antnia de Sousa
O pai um simples ferreiro
E a me humilde esposa
O casal no pensaria
Que deles dois nasceria
A glria do bero lousa.
4
Este grande sertanejo
Filho de uma regio
De seca e de ignorncia
Cresceu sem ter instruo
Tudo quanto ali valia
Dana, jogo e valentia.
5
Foi cantador popular
E versava muito bem
Coragem fsica e moral
Bomio grande tambm
Na sua luta diria
Fascinalhe a pecuria
Mas, um imprevisto vem.
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6
Surgiulhe louca paixo
Amando uma camponesa
Por ela correspondido
Cujos pais com aspereza
Tramam de Sampaio a morte
Ele escapou por ter sorte
Foi parar em Fortaleza.
7
Sentiu de cupido as setas
Ferindo as fibras da alma
Maria Veras, o nome
Dessa camponesa calma
Tinha ela treze anos
Fez castelos, formou planos
Sem ter do amor a palma.
8
Os pais de Maria Veras
Viam somente o bomio
De jogo, de dana e briga
Membro deste fraco grmio
Contratando um grupo forte
Para Sampaio ter a morte
Ao invs da filha, por prmio.
9
Escapando dos punhais
Dos bandidos sem ao
E chegando em Fortaleza
A sua nica inteno
Foi fazer economia
Para desposar um dia
A eleita do corao.
10
Com apenas vinte anos
Com altivez e ardores
Aos dezessete de julho
Voluntrio com valores
Pra crescer tanto depois
Ingressa no vinte e dois
Batalho de Caadores.
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11
Teve a mais bela carreira
O filho de Tamboril
No Exrcito Imperial
Do nosso amado Brasil
Na Praa Castro Pereira
Em Fortaleza altaneira
Tem seu vulto varonil.
12
Uma coluna de mrmore
Com dez metros de altura
Do heri de Tuiuti
De p, na ptria figura
Trinta e seis anos de farda
Foi do pas a vanguarda
Um exemplo de bravura.
13
Entrou como voluntrio
Com amor fez-se um portento
Com moral e liderana
E Veras no pensamento
Com seis meses no quartel
Promovido a furriel
Correspondendo a sargento.
14
Em abril de trinta e dois
Com alegria e franqueza
Patriotismo e dever
Do militar de nobreza
Da arma conhecendo o jogo
Teve o batismo de fogo
Em Ic e Fortaleza.
15
Desfrutando nesta altura
Conceito superior
Recebeu uma licena
Com alegria e fervor
Pra voltar a Tamboril
Recanto do seu Brasil
Morada do seu amor.
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16
Em Tamboril continuam
Os pais de Maria Veras
Com a mesma oposio
Brutos como duas feras
Cada palavra era um raio
Pra destruir em Sampaio
Amor, iluses, quimeras.
17
Secretamente se encontram
Combinaram belos planos
Pra na casa de um amigo
Permanecer sem enganos
At a maioridade
Pois contava na verdade
Somente dezesseis anos.
18
Entre lgrimas de amor
Foi bem triste a despedida
Assumindo o compromisso
Para o Par faz partida
Sampaio fiel nos planos
Pra voltar aps quatro anos
Casar com sua querida.
19
Foi pacificar a revolta
Conhecida por Balaiada
Destacouse com bravura
Com honradez destacada
Este militar disposto
De alferes teve o posto
Foi outra etapa alcanada.
20
Com nove anos de praa
Vinte e nove de idade
Com muitas economias
Teve com felicidade
Uma permisso gentil
Pra visitar Tamboril
Por amor e lealdade.
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21
Ia atrs de bandoleiros
Que infestavam a regio
Achava a luta banal
Valente como um leo
Pouco ligava tais feras
Ia ver Maria Veras
Cuidar da Santa unio.
22
Ao chegar em Tamboril
Com o corao transbordante
De tanta felicidade
Pra ver a noiva elegante
Com outro achoua casada
Nunca ponta de espada
Fez chaga to cruciante.
23
A cruel decepo
Com amarguras e danos
Feriu o jovem soldado
Durante os prximos dez anos
Depois em feliz demanda
Jlia dos Santos Miranda
Fezlhe criar novos planos.
24
A bela filha dos pampas
Deulhe alma e corao
Sampaio em suas palavras
Faz esta revelao
Foi tudo na minha vida
Uma paixo refletida
Acalma a louca paixo.
25
Pra quem sofria h dez anos
Tornou-se a vida melhor
Quem sabe se no pensou
Sem amor tudo pior
Pra no ser mais sofredor
E compensar grande amor
Por um amor bem maior.
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26
O digno bravo dos bravos
Aps a decepo
Pra por termo a Balaiada
Segue para o Maranho
Como insigne militar
Pra combater ou tratar
De uma pacificao.
27
Nesta revolta provou
nimo, coragem, energia
Pessoalmente comanda
Pelotes e companhia
Soldado, guerreiro e vate
Provou aes de combate
Honrando a Infantaria.
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O terror dos bandoleiros
Ele tornou-se no norte
Talvez pensando naqueles
Que contrataram-lhe a morte
Sua paixo quanto custa
Impondo-lhe a lei injusta
Aonde impera o mais forte.
29
Sua ao foi decisiva
Para a pacificao
Dispensando aos bandidos
Que infestavam o Maranho
Piau e Cear
Assim acabou por l
O crime a depredao.
30
Bandoleiros com Sampaio
Nunca tiveram proveito
Lutava sem ser ferido
Pacificava ou prendia a jeito
Diziam na regio
divido uma orao
Que ele traz junto ao peito.
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31
Tem ele o corpo fechado
um extraordinrio
Seus comandados seguiam
Alegres o itinerrio
Sem ser ferido sorria
Por causa disso infundia
Temor ao adversrio.
32
Com trinta e trs anos foi
Promovido a capito
Pelos servios prestados
Nas terras do Maranho
Com ingentes sacrifcios
Trazendo mil sacrifcios
Com a pacificao.
33
Comanda a Infantaria
E combate com bravura
Corpo a corpo baioneta
Sem temer a luta dura
Com honra e muita prudncia
Sua rara inteligncia
Aperfeioa a cultura.
34
Depois de catorze anos
Sem faltar com o dever
Nas horas de intervalo
J tinha aprendido a ler
Tambm a escrever bastante
De ordens ser ajudante
Do comando com prazer.
35
Com seus trinta e quatro anos
Do Cear foi embora
Terra que amava tanto
Mas era chegada a hora
De salvar seu corao
De uma desiluso
De um amor que o deplora.
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36
Disse ao sargento Oliveira
Amo muito meu torro
Meu querido Cear
Tamboril com distino
Morro com ele estampado
No pensamento gravado
E dentro do corao.
37
No Rio Grande do Sul
Chega Sampaio com f
Com seus trinta e cinco anos
Logo assistiu em Bag
Assinatura da Paz
De Ponche Verde que traz
O herosmo de p.
38
Teve esta revoluo
O nome de Farroupilha
Quase uma guerra civil
Onde ningum se humilha
Bag hoje pertencente
A Mdici o presidente
Luz do Exrcito que brilha.
39
Com cento e cinquenta homens
Sampaio parte da
Pra fazerse cumprir os termos
Da paz assinada ali
Pra Canguu vai contrito
Cuja cidade distrito
Da bela Piratini.
40
Pois era dos Farroupilhas
A primeira capital
E Caapava a segunda
Num excelente local
Nesta posio serrana
O capito se ufana
Com garantia geral.
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41
Na cadeia que havia
Ocupou o posto seu
O Baro de Jacu
O Canguu foi quem deu
Um legalista fiel
O valente coronel
Francisco Pedro de Abreu.
42
Demolida em trinta e seis
Construda outra atual
Fica prxima a Prefeitura
De Canguu o local
Feito este prdio altaneiro
Por um rico estancieiro
Dali mesmo natural.
43
Em dezenove e setenta
Mallet Jobim de persi
Escrevendo sobre os trs
Grandes, l do Tuiuti
Muito claro ele apresenta
Em novembro de cinquenta
Sampaio saiu dali.
44
Partindo de Canguu
Com a misso altaneira
Ao Rio de Janeiro foi
Honrando a nossa bandeira
A Pernambuco ele traz
Consolidao da paz
Na Revoluo Praieira.
45
Tinha trinta e nove anos
Quando deuse o casamento
Jlia dos Santos Miranda
Gacha de sentimento
A histria do princpio
No nos diz o municpio
Onde foi o seu nascimento.
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46
Esta segunda paixo
Comandou quem bem comanda
Dez anos desiludido
Quase o Brasil todo anda
Sem Veras outra admira
Maria fugiu da mira
Ficou na mira Miranda.
47
Tantos anos de solteiro
Um homem puro e normal
Devido a paixo frustrada
Ou amor sem igual
Que ao seu ser irradia
A lembrana de Maria
E do Exrcito Imperial.
48
Quinze dias no Recife
Ainda se demorou
Pacificando a Praieira
Grande servio prestou
Por aqui presume uns
Desta vez em Garanhuns
Naturalmente passou.
49
Volta do Recife aos Pampas
O grande batalhador
Cabo de guerra incansvel
Aproveitado instrutor
Do infante brasileiro
Foi um sbio conselheiro
Forte, justo e benfeitor.
50
Ele ao invs das palavras
Usava mais o exemplo
Grande lder nos combates
Como poeta o contemplo
Nos defendeu nos agravos
O grande Bravo dos Bravos
Merece da Ptria um templo.
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51
Chefe e pai dos seus soldados
Partilhava as alegrias
Sentia as suas tristezas
Decepes, agonias
O filho de Tamboril
Equiparase no Brasil
A Osrio e a Caxias.
52
Por ser de origem humilde
Consideravase igual
A todos os seus soldados
Por uma lei natural
Mais velho e experiente
Um companheiro excelente
Com ordem, amor e moral.
53
No Rio Grande do Sul
Foi promovido a major,
Contra Rosas e Oribe
Ele tornase o maior
Dando o combate mais feroz
Dentro do Monte Caseros
Na baioneta o melhor.
54
Terminada a guerra foi
Comandar a guarnio
De Caapava do Sul
Na melhor disposio
Com tticas de infantaria
Valor, dever e energia
Valente, igual um leo.
55
A histria nos afirma
Que a partir deste momento
Todas suas promoes
Foram por merecimento
O sertanejo em aes
Ganhou condecoraes
Que foi um deslumbramento.
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56
Com seu 4 Batalho
Dois anos no Uruguai
General Venncio Flores
Faz o convite ele vai
Fez o seu papel distinto
Diviso Pereira Pinto
Implantando a ordem sai.
57
A Tenente Coronel
Na volta foi promovido
Para o 6 Batalho
O comandante escolhido
Cumprindo o dever com f
Trs anos passa em Bag
Pelo bem, reconhecido.
58
Sua fama de guerreiro
Chegou ao Imperador
Pra o corpo policial
Da Crte, com destemor
Dom Pedro quem o convoca
Para o Rio se desloca
Por ordem superior.
59
Sete meses desempenha
Merecendo a confiana
Depois ao Imperador
Faz um pedido e alcana
Os pampas um patrimnio
Onde fiz meu matrimnio
Seu esprito mais descansa.
60
O Rio Grande do Sul
Vivia em seu corao
O povo, o costume, os hbitos
Recorda do seu serto
Risos, tristezas, quimeras
Aonde Maria Veras
Deulhe o golpe da traio.
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61
Alegre volta s coxilhas
Com o seu esprito altivo
Rever os seus companheiros
E seu lar to positivo
Jlia dos Santos Miranda
Estando de sua banda
Era amor e lenitivo.
62
Sempre amoroso e leal
Chegou Sampaio a Bag
Ali onde conviveu
Com Osrio e Mallet
No Batalho de Brigada
Da Infantaria honrada
Ele comandou com f.
63
Na cidade Paissandu
Luta com muita f
Manoel Luis Osrio
E Sampaio com Mallet
Cinquenta horas de luta
Porm o Brasil desfruta
Vitoriosos e de p.
64
Na manh dois de novembro
Sendo dia de finados
Osrio, Mallet, Sampaio
So trs insignes soldados
Nos momentos gloriosos
Os nossos vitoriosos
Adversrios derrotados.
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Sampaio com fora e ttica
Vai de coluna cerrada
Nutrido fogo inimigo
Parece uma saraivada
Mas parecia chuveiro
De balas, mas o guerreiro
No recuava com nada.
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Adversrios se entrincheiram
Bem na Praa da Matriz
Protegidos por canhes
Porm a sorte inda quis
Com baioneta e metralha
Que a vitria da batalha
Fosse do nosso pas.
67
Mallet fez neutralizada
A inimiga artilharia
Pois a ltima resistncia
Sampaio vencendo ia
Tremulando um pavilho
Bandeira da rendio
Era o Brasil que vencia.
68
De Paissandu vai Sampaio
Entrou em Montevidu
Que estava sitiada
O Brasil ganhou trofu
Com muita alegria e glria
As estrelas da vitria
Brilhavam num belo cu.
69
Levava trs batalhes
De infantes veteranos
geis, fortes, corajosos
Com argcias, tticas e planos
Tinha mais do Cear
D'outros estados pra c
Soldados h muitos anos.
70
Pelos servios prestados
Este bravo brasileiro
O heri de Paissandu
Incomparvel guerreiro
Enrgico, leal, disposto
Elevado ao grande posto
Brilhante de Brigadeiro.
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Na guerra contra Lopes
Ecloso de tirania
Foi nomeado inspetor
Da arma da Infantaria
Composta s de recrutas
Do nordeste que nas lutas
Mostraram supremacia.
72
Quatro mil e quatrocentos
Infantes bravos j tem
Comandante da Terceira
Diviso que lhe convm
Marchando pra Tuiuti
Vamos descrev-lo ali
Sem ter medo de ningum.
73
Sampaio por onde passa
Deixa um rosrio de glrias
Com a Diviso Couraada
Vitrias e mais vitrias
Provando da luta os travos
Mas fez o Bravo dos Bravos
A histria das histrias.
74
Foi no sculo dezenove
No ano sessenta e seis
Aos vinte e quatro de maio
Por ironia talvez
Destino extraordinrio
Seu bolo de aniversrio
Um combate a ltima vez.
75
Nos atacou de surpresa
O exrcito adversrio
Era um lugar bem estreito
Aonde estava Sampaio
Comandante de Infantaria
Deu prova de valentia
Mais rpido do que um raio.
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Sampaio estava a cavalo
Nesta batalha to dura
Dando exemplo aos seus infantes
Encoraj-los procura
Pra Diviso Couraada
Ter a vitria alcanada
Nunca lhe faltou bravura.
77
Vinte cargas so lanadas
Da valente cavalaria
Do exrcito adversrio
Contra a grande artilharia
De Mallet e a Diviso
Sampaio como um leo
Bravamente resistia.
78
Desdobra-se em trs ou cinco
Em dez e at em mil
Percorre todos os ngulos
O filho de Tamboril
Pensava ele talvez
Que seria a ltima vez
Que defendia o Brasil.
79
J quatro das montarias
Por lana foram varadas
No temia baionetas
A tiros e nem espadas
Dentro dos grandes perigos
No matava os inimigos
Defendia os camaradas.
80
Achava-se desmontado
Essa figura altaneira
Numa luta corpo a corpo
Foi-lhe a sorte lisonjeira
Pra nosso grande desgosto
Foi ferido em pleno rosto
Pela bala traioeira.
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81
Um emissrio de Osrio
Chegava com bem prudncia
Para encorajar Sampaio
Redobrar a resistncia
S do bravo e seus infantes
As vitrias retumbantes
Marcavam sua existncia.
82
Ferido a segunda vez
Por um projtil bem certo
O Leo de Tamboril
De sangue e suor coberto
Manda a Osrio dizer
Estamos cumprindo o dever
Com grande perigo perto.
83
Como perdi muito sangue
Seria conveniente
Mandar um substituto
Assumir incontinente
Assim tinha proferido
Por um balao ferido
Cai por terra novamente.
84
De joelhos aquele bravo
Com quatro horas aps
De luta e de resistncia
Tremenda, tenaz, feroz
Assim a histria diz
Que perda para o pas
Quanta tristeza para ns.
85
De joelhos desfalecido
Balbuciando afinal
o terceiro ferimento
Diga ao nosso marechal
Tombou ferido de morte
Intrpido guerreiro forte
Da nossa terra natal.
20/24
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Entre os corpos dos infantes
Feridos, mortos tambm
Da Diviso Couraada
Que ptria fez tanto bem
Aos vinte e quatro de maio
Com o exemplo de Sampaio
A grande glria nos vem.
87
Foi recolhido nos braos
Dos soldados de ao
Todos se achavam presos
De incontida emoo
Seu herosmo no falha
Retirado da batalha
Com grande consternao.
88
Com ferimentos mortais
nsias, dores, agonias
Entre a vida e entre a morte
Durou quarenta e trs dias
A bordo do Eponina
Que o levava Argentina
Perde as ltimas energias.
89
Ele expira, mas sabendo
Que a sua atuao
Foi o fator principal
Da grande transformao
Seus infantes, fortes e vrios
Destroem dos adversrios
Capacidade e ao.
90
Sertanejo analfabeto
Bomio de Tamboril
Trinta e seis no Exrcito
Imperial do Brasil
Intrepidez que no falha
Quando entrava na batalha
Sozinho valia mil.
21/24
91
O heri de Tuiuti
Com a coragem domina
Foi esta a maior batalha
De toda a Amrica Latina
Do Exrcito o grande orgulho
No dia oito de julho
Sepultado na Argentina.
92
Outro grande cearense
No o deixa em abandono
Humberto Castelo Branco
Achou-o digno de um trono
Amor a hierarquia
Da arma da Infantaria
Fez de Sampaio o patrono.
93
Aps vinte e sete anos
Ausente do Cear
Retorna atravs dos restos
Mortais levados pra l
Seu mausolu ningum erra
Em frente ao CPOR
A grande lembrana est.
94
Euclides da Cunha disse:
O sertanejo um forte
Sampaio provou que foi
A barana do norte
Ou por outra do nordeste
A glria da luta o veste
Vencida s pela morte.
95
Foi ele o Bravo dos Bravos
Filho de humildes pais
Ascendeu ao belo quadro
De oficiais generais
assunto pra cinema
Osrio o mesmo sistema
So dois valores iguais.
22/24
96
Para no ser olvidado
Este que nos fez o bem
A ptria deve fazer
Um parque histrico tambm
Ao brigadeiro Sampaio
No deixemos em ensaio
Vamos ver se o parque vem.
97
J fizeram um a Osrio
Outro a Duque de Caxias
Nas cidades que nasceram
Ento daqui mais uns dias
Faamos em Tamboril
Para o bravo do Brasil
Que nos deu mil garantias.
98
Sampaio, Osrio e Caxias
Este trio soberano
Couraas deste gigante
Pas sul americano
Tamboril num ms de maio
Mude o nome pra Sampaio
Patritico e mais humano.
99
Sampaio junto a Osrio
Estrelas de um cu azul
Dois guerreiros, dois heris
Como Davi e Saul
No se separa o mais forte
Sampaio, Osrio do norte
Osrio, Sampaio do sul.
- 100 -
Altivez e energia
No filho de Tamboril
Talento, progresso e glria
O sertanejo viril
Nativo do Cear
Instruo no teve l
O seu livro era o Brasil.
23/24
- 101 -
So de corpo e de esprito
Andou Sul, Nordeste e Norte
Moralizou nossa ptria
Partia pra guerra forte
Arrumou o amor segundo
Instruiuse pelo mundo
O Sul deulhe uma consorte.
102
General Bina Machado
Por ter sido grande infante
Quis de Sampaio mostrar
O valor deste gigante
Da arma de infantaria
Com incentivo da poesia
Popular, simples, brilhante.
103
E Cludio Moreira Bento
Nosso Major, escritor
Com sua insigne cultura
Deu dados ao trovador
Do filho de Tamboril
Para o povo do Brasil
Admirar-lhe o valor.
Bibliografia:
"Um sertanejo um dos maiores soldados do Brasil"
De Cludio Moreira Bento.
24/24
(Reproduo de texto extrado de uma pasta que era guardada na Biblioteca Jos Wasth Rodrigues",
do Centro de Documentao do Exrcito [ QGEx - Bloco H - 2 Piso - Braslia/DF ] e que continha
diversas informaes sobre os patronos das Armas do Exrcito Brasileiro).
Respeitada a grafia da poca
(Centro de Documentao do Exrcito, desativado em 30 de abril de 2012)
Msica: Ending Theme, trilha sonora de Hans Zimmer,
pela L'Orchestra Numerique, com 7,56min
Transcrio: 1 Ten QAO Edmilson L Souza (SGEx)
Apoio: 1 Ten QCO Janaina Costa Silva (Biblioteca da B Adm QGEx). Braslia, DF, 24 de maio de 2016.
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