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HOMENAGEM AO DIA DA ARMA DE INFANTARIA 24 DE MAIO ANTÔNIO DE SAMPAIO, oficial do Exército Brasileiro que lutou na Guerra do Paraguai, tendo tido papel de destaque na etapa da invasão a este país. Nascido aos 24 de maio de 1810, em Tamboril-CE, alistou-se como voluntário nas fileiras do então 22º Batalhão de Caçadores e destacou-se pelo amor à Unidade a que pertencia e pelo devotamento à hierarquia e à disciplina. Esteve presente, concorrendo para o êxito das tropas federais, na Balaiada, na Guerra dos Farrapos e na Revolução Praieira. Participou com bravura da batalha de Tuiuti (24 de maio de 1866), o maior combate militar travado na história da América do Sul, e que é considerado o túmulo do exército de Solano López. O general Antônio de Sampaio era o comandante da 3ª Divisão Encouraçada, compostas pelas históricas Companhias: Arranca-Toco, Vanguardeira e Treme-Terra e, ironicamente neste combate, sofreu três ferimentos fatais após ousadas manobras com sua fração, eternizando-se assim, na história, como patrono da Arma de Infantaria.

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  • HOMENAGEM AO DIA DA ARMA DE INFANTARIA

    24 DE MAIO

    ANTNIO DE SAMPAIO, oficial do Exrcito Brasileiro que lutou na Guerra do Paraguai,

    tendo tido papel de destaque na etapa da invaso a este pas.

    Nascido aos 24 de maio de 1810, em Tamboril-CE, alistou-se como voluntrio nas fileiras

    do ento 22 Batalho de Caadores e destacou-se pelo amor Unidade a que pertencia e pelo

    devotamento hierarquia e disciplina. Esteve presente, concorrendo para o xito das

    tropas federais, na Balaiada, na Guerra dos Farrapos e na Revoluo Praieira.

    Participou com bravura da batalha de Tuiuti (24 de maio de 1866), o maior combate

    militar travado na histria da Amrica do Sul, e que considerado o tmulo do exrcito de

    Solano Lpez. O general Antnio de Sampaio era o comandante da 3 Diviso Encouraada,

    compostas pelas histricas Companhias: Arranca-Toco, Vanguardeira e Treme-Terra e,

    ironicamente neste combate, sofreu trs ferimentos fatais aps ousadas manobras com sua

    frao, eternizando-se assim, na histria, como patrono da Arma de Infantaria.

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    O BRAVO DOS BRAVOS: ANTNIO SAMPAIO

    (Lourival Batista, poeta popular)

    (Contribuio da Coordenao Regional do Nordeste, do Projeto Rondon ao Dia da Infantaria do

    Exrcito, em Tamboril, Cear, 24 de maio de 1971)

    (Colaborao especial da Facit S/A)

    APRESENTAO

    A literatura popular nordestina tem sido e continua a ser amplo campo de pesquisa

    para estudantes e estudiosos. Cmara Cascudo, Hermilo Borba Filho, Edson Carneiro, para

    falarmos em apenas trs figuras definitivas no estudo do nosso folclore, j realaram em

    pginas sbrias e sbias a importncia do "Folheto de Feira", do cantador.

    Estudando a dimenso mgica do folheto de cordel, aqueles estudiosos mostraram o

    significado e a importncia do mundo do violeiro para o estudo e compreenso da sociedade

    sertaneja. Os reis, as rainhas, os pobres que acabavam se transformando em prncipes

    poderosssimos, os cavalos que voam, os cangaceiros, os valentes, o amarelinho, todos esses,

    seres e personagens que refletem, na sua maneira de ser, a maneira de ser e pensar do

    nordestino. A viola, instrumentos simples e redondo como cintura de moa, desabrocha em

    canto e abrasa a abrasada terra do serto.

    Figuras como Antnio Silvino, Jesuno Brilhante, Lampio, so cangaceiros que o serto,

    atravs do violeiro, transformou em lendas. Ainda hoje permanecendo na viola e na boca do

    cantador. Feitos como os das Guerras dos Guararapes, com os seus heris, as suas lutas, as

    suas refregas, tambm so cantados e decantados, prolongandose, assim, no tempo e na

    memria do sertanejo.

    Este folheto trata da vida e das lutas de Antnio Sampaio como soldado e como

    guerreiro. Um Antnio Sampaio que alcana dimenses mticas na viola de Lourival Batista,

    poeta e violeiro nordestino dos bons. Um Antnio Sampaio reconstitudo em versos

    simplssimos, quase que sussurrados pela viola. E da viola para o papel. No final, a viso de

    um guerreiro nos olhos de um simples, de um homem do povo. Mais do que poesia, ento, uma

    homenagem. Razo bastante para que o Projeto Rondon, juntamente com a Facit, preste ao poema

    e ao violeiro sua colaborao.

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    1

    Contarei para os soldados

    Do Exrcito Brasileiro

    A comovente epopia

    De insigne e grande guerreiro

    Amor, coragem, energia

    Da arma de infantaria

    De soldado a brigadeiro.

    2

    Nasceu na Fazenda Vitor

    Municpio Tamboril

    Aos vinte e quatro de maio

    Sendo no ano de mil

    E oitocentos e dez

    De pais humildes, fiis

    Surge um heri do Brasil.

    3

    De Antnio Ferreira Sampaio

    E D. Antnia de Sousa

    O pai um simples ferreiro

    E a me humilde esposa

    O casal no pensaria

    Que deles dois nasceria

    A glria do bero lousa.

    4

    Este grande sertanejo

    Filho de uma regio

    De seca e de ignorncia

    Cresceu sem ter instruo

    Tudo quanto ali valia

    Dana, jogo e valentia.

    5

    Foi cantador popular

    E versava muito bem

    Coragem fsica e moral

    Bomio grande tambm

    Na sua luta diria

    Fascinalhe a pecuria

    Mas, um imprevisto vem.

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    6

    Surgiulhe louca paixo

    Amando uma camponesa

    Por ela correspondido

    Cujos pais com aspereza

    Tramam de Sampaio a morte

    Ele escapou por ter sorte

    Foi parar em Fortaleza.

    7

    Sentiu de cupido as setas

    Ferindo as fibras da alma

    Maria Veras, o nome

    Dessa camponesa calma

    Tinha ela treze anos

    Fez castelos, formou planos

    Sem ter do amor a palma.

    8

    Os pais de Maria Veras

    Viam somente o bomio

    De jogo, de dana e briga

    Membro deste fraco grmio

    Contratando um grupo forte

    Para Sampaio ter a morte

    Ao invs da filha, por prmio.

    9

    Escapando dos punhais

    Dos bandidos sem ao

    E chegando em Fortaleza

    A sua nica inteno

    Foi fazer economia

    Para desposar um dia

    A eleita do corao.

    10

    Com apenas vinte anos

    Com altivez e ardores

    Aos dezessete de julho

    Voluntrio com valores

    Pra crescer tanto depois

    Ingressa no vinte e dois

    Batalho de Caadores.

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    11

    Teve a mais bela carreira

    O filho de Tamboril

    No Exrcito Imperial

    Do nosso amado Brasil

    Na Praa Castro Pereira

    Em Fortaleza altaneira

    Tem seu vulto varonil.

    12

    Uma coluna de mrmore

    Com dez metros de altura

    Do heri de Tuiuti

    De p, na ptria figura

    Trinta e seis anos de farda

    Foi do pas a vanguarda

    Um exemplo de bravura.

    13

    Entrou como voluntrio

    Com amor fez-se um portento

    Com moral e liderana

    E Veras no pensamento

    Com seis meses no quartel

    Promovido a furriel

    Correspondendo a sargento.

    14

    Em abril de trinta e dois

    Com alegria e franqueza

    Patriotismo e dever

    Do militar de nobreza

    Da arma conhecendo o jogo

    Teve o batismo de fogo

    Em Ic e Fortaleza.

    15

    Desfrutando nesta altura

    Conceito superior

    Recebeu uma licena

    Com alegria e fervor

    Pra voltar a Tamboril

    Recanto do seu Brasil

    Morada do seu amor.

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    16

    Em Tamboril continuam

    Os pais de Maria Veras

    Com a mesma oposio

    Brutos como duas feras

    Cada palavra era um raio

    Pra destruir em Sampaio

    Amor, iluses, quimeras.

    17

    Secretamente se encontram

    Combinaram belos planos

    Pra na casa de um amigo

    Permanecer sem enganos

    At a maioridade

    Pois contava na verdade

    Somente dezesseis anos.

    18

    Entre lgrimas de amor

    Foi bem triste a despedida

    Assumindo o compromisso

    Para o Par faz partida

    Sampaio fiel nos planos

    Pra voltar aps quatro anos

    Casar com sua querida.

    19

    Foi pacificar a revolta

    Conhecida por Balaiada

    Destacouse com bravura

    Com honradez destacada

    Este militar disposto

    De alferes teve o posto

    Foi outra etapa alcanada.

    20

    Com nove anos de praa

    Vinte e nove de idade

    Com muitas economias

    Teve com felicidade

    Uma permisso gentil

    Pra visitar Tamboril

    Por amor e lealdade.

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    21

    Ia atrs de bandoleiros

    Que infestavam a regio

    Achava a luta banal

    Valente como um leo

    Pouco ligava tais feras

    Ia ver Maria Veras

    Cuidar da Santa unio.

    22

    Ao chegar em Tamboril

    Com o corao transbordante

    De tanta felicidade

    Pra ver a noiva elegante

    Com outro achoua casada

    Nunca ponta de espada

    Fez chaga to cruciante.

    23

    A cruel decepo

    Com amarguras e danos

    Feriu o jovem soldado

    Durante os prximos dez anos

    Depois em feliz demanda

    Jlia dos Santos Miranda

    Fezlhe criar novos planos.

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    A bela filha dos pampas

    Deulhe alma e corao

    Sampaio em suas palavras

    Faz esta revelao

    Foi tudo na minha vida

    Uma paixo refletida

    Acalma a louca paixo.

    25

    Pra quem sofria h dez anos

    Tornou-se a vida melhor

    Quem sabe se no pensou

    Sem amor tudo pior

    Pra no ser mais sofredor

    E compensar grande amor

    Por um amor bem maior.

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    26

    O digno bravo dos bravos

    Aps a decepo

    Pra por termo a Balaiada

    Segue para o Maranho

    Como insigne militar

    Pra combater ou tratar

    De uma pacificao.

    27

    Nesta revolta provou

    nimo, coragem, energia

    Pessoalmente comanda

    Pelotes e companhia

    Soldado, guerreiro e vate

    Provou aes de combate

    Honrando a Infantaria.

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    O terror dos bandoleiros

    Ele tornou-se no norte

    Talvez pensando naqueles

    Que contrataram-lhe a morte

    Sua paixo quanto custa

    Impondo-lhe a lei injusta

    Aonde impera o mais forte.

    29

    Sua ao foi decisiva

    Para a pacificao

    Dispensando aos bandidos

    Que infestavam o Maranho

    Piau e Cear

    Assim acabou por l

    O crime a depredao.

    30

    Bandoleiros com Sampaio

    Nunca tiveram proveito

    Lutava sem ser ferido

    Pacificava ou prendia a jeito

    Diziam na regio

    divido uma orao

    Que ele traz junto ao peito.

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    31

    Tem ele o corpo fechado

    um extraordinrio

    Seus comandados seguiam

    Alegres o itinerrio

    Sem ser ferido sorria

    Por causa disso infundia

    Temor ao adversrio.

    32

    Com trinta e trs anos foi

    Promovido a capito

    Pelos servios prestados

    Nas terras do Maranho

    Com ingentes sacrifcios

    Trazendo mil sacrifcios

    Com a pacificao.

    33

    Comanda a Infantaria

    E combate com bravura

    Corpo a corpo baioneta

    Sem temer a luta dura

    Com honra e muita prudncia

    Sua rara inteligncia

    Aperfeioa a cultura.

    34

    Depois de catorze anos

    Sem faltar com o dever

    Nas horas de intervalo

    J tinha aprendido a ler

    Tambm a escrever bastante

    De ordens ser ajudante

    Do comando com prazer.

    35

    Com seus trinta e quatro anos

    Do Cear foi embora

    Terra que amava tanto

    Mas era chegada a hora

    De salvar seu corao

    De uma desiluso

    De um amor que o deplora.

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    36

    Disse ao sargento Oliveira

    Amo muito meu torro

    Meu querido Cear

    Tamboril com distino

    Morro com ele estampado

    No pensamento gravado

    E dentro do corao.

    37

    No Rio Grande do Sul

    Chega Sampaio com f

    Com seus trinta e cinco anos

    Logo assistiu em Bag

    Assinatura da Paz

    De Ponche Verde que traz

    O herosmo de p.

    38

    Teve esta revoluo

    O nome de Farroupilha

    Quase uma guerra civil

    Onde ningum se humilha

    Bag hoje pertencente

    A Mdici o presidente

    Luz do Exrcito que brilha.

    39

    Com cento e cinquenta homens

    Sampaio parte da

    Pra fazerse cumprir os termos

    Da paz assinada ali

    Pra Canguu vai contrito

    Cuja cidade distrito

    Da bela Piratini.

    40

    Pois era dos Farroupilhas

    A primeira capital

    E Caapava a segunda

    Num excelente local

    Nesta posio serrana

    O capito se ufana

    Com garantia geral.

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    41

    Na cadeia que havia

    Ocupou o posto seu

    O Baro de Jacu

    O Canguu foi quem deu

    Um legalista fiel

    O valente coronel

    Francisco Pedro de Abreu.

    42

    Demolida em trinta e seis

    Construda outra atual

    Fica prxima a Prefeitura

    De Canguu o local

    Feito este prdio altaneiro

    Por um rico estancieiro

    Dali mesmo natural.

    43

    Em dezenove e setenta

    Mallet Jobim de persi

    Escrevendo sobre os trs

    Grandes, l do Tuiuti

    Muito claro ele apresenta

    Em novembro de cinquenta

    Sampaio saiu dali.

    44

    Partindo de Canguu

    Com a misso altaneira

    Ao Rio de Janeiro foi

    Honrando a nossa bandeira

    A Pernambuco ele traz

    Consolidao da paz

    Na Revoluo Praieira.

    45

    Tinha trinta e nove anos

    Quando deuse o casamento

    Jlia dos Santos Miranda

    Gacha de sentimento

    A histria do princpio

    No nos diz o municpio

    Onde foi o seu nascimento.

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    46

    Esta segunda paixo

    Comandou quem bem comanda

    Dez anos desiludido

    Quase o Brasil todo anda

    Sem Veras outra admira

    Maria fugiu da mira

    Ficou na mira Miranda.

    47

    Tantos anos de solteiro

    Um homem puro e normal

    Devido a paixo frustrada

    Ou amor sem igual

    Que ao seu ser irradia

    A lembrana de Maria

    E do Exrcito Imperial.

    48

    Quinze dias no Recife

    Ainda se demorou

    Pacificando a Praieira

    Grande servio prestou

    Por aqui presume uns

    Desta vez em Garanhuns

    Naturalmente passou.

    49

    Volta do Recife aos Pampas

    O grande batalhador

    Cabo de guerra incansvel

    Aproveitado instrutor

    Do infante brasileiro

    Foi um sbio conselheiro

    Forte, justo e benfeitor.

    50

    Ele ao invs das palavras

    Usava mais o exemplo

    Grande lder nos combates

    Como poeta o contemplo

    Nos defendeu nos agravos

    O grande Bravo dos Bravos

    Merece da Ptria um templo.

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    51

    Chefe e pai dos seus soldados

    Partilhava as alegrias

    Sentia as suas tristezas

    Decepes, agonias

    O filho de Tamboril

    Equiparase no Brasil

    A Osrio e a Caxias.

    52

    Por ser de origem humilde

    Consideravase igual

    A todos os seus soldados

    Por uma lei natural

    Mais velho e experiente

    Um companheiro excelente

    Com ordem, amor e moral.

    53

    No Rio Grande do Sul

    Foi promovido a major,

    Contra Rosas e Oribe

    Ele tornase o maior

    Dando o combate mais feroz

    Dentro do Monte Caseros

    Na baioneta o melhor.

    54

    Terminada a guerra foi

    Comandar a guarnio

    De Caapava do Sul

    Na melhor disposio

    Com tticas de infantaria

    Valor, dever e energia

    Valente, igual um leo.

    55

    A histria nos afirma

    Que a partir deste momento

    Todas suas promoes

    Foram por merecimento

    O sertanejo em aes

    Ganhou condecoraes

    Que foi um deslumbramento.

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    56

    Com seu 4 Batalho

    Dois anos no Uruguai

    General Venncio Flores

    Faz o convite ele vai

    Fez o seu papel distinto

    Diviso Pereira Pinto

    Implantando a ordem sai.

    57

    A Tenente Coronel

    Na volta foi promovido

    Para o 6 Batalho

    O comandante escolhido

    Cumprindo o dever com f

    Trs anos passa em Bag

    Pelo bem, reconhecido.

    58

    Sua fama de guerreiro

    Chegou ao Imperador

    Pra o corpo policial

    Da Crte, com destemor

    Dom Pedro quem o convoca

    Para o Rio se desloca

    Por ordem superior.

    59

    Sete meses desempenha

    Merecendo a confiana

    Depois ao Imperador

    Faz um pedido e alcana

    Os pampas um patrimnio

    Onde fiz meu matrimnio

    Seu esprito mais descansa.

    60

    O Rio Grande do Sul

    Vivia em seu corao

    O povo, o costume, os hbitos

    Recorda do seu serto

    Risos, tristezas, quimeras

    Aonde Maria Veras

    Deulhe o golpe da traio.

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    61

    Alegre volta s coxilhas

    Com o seu esprito altivo

    Rever os seus companheiros

    E seu lar to positivo

    Jlia dos Santos Miranda

    Estando de sua banda

    Era amor e lenitivo.

    62

    Sempre amoroso e leal

    Chegou Sampaio a Bag

    Ali onde conviveu

    Com Osrio e Mallet

    No Batalho de Brigada

    Da Infantaria honrada

    Ele comandou com f.

    63

    Na cidade Paissandu

    Luta com muita f

    Manoel Luis Osrio

    E Sampaio com Mallet

    Cinquenta horas de luta

    Porm o Brasil desfruta

    Vitoriosos e de p.

    64

    Na manh dois de novembro

    Sendo dia de finados

    Osrio, Mallet, Sampaio

    So trs insignes soldados

    Nos momentos gloriosos

    Os nossos vitoriosos

    Adversrios derrotados.

    65

    Sampaio com fora e ttica

    Vai de coluna cerrada

    Nutrido fogo inimigo

    Parece uma saraivada

    Mas parecia chuveiro

    De balas, mas o guerreiro

    No recuava com nada.

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    66

    Adversrios se entrincheiram

    Bem na Praa da Matriz

    Protegidos por canhes

    Porm a sorte inda quis

    Com baioneta e metralha

    Que a vitria da batalha

    Fosse do nosso pas.

    67

    Mallet fez neutralizada

    A inimiga artilharia

    Pois a ltima resistncia

    Sampaio vencendo ia

    Tremulando um pavilho

    Bandeira da rendio

    Era o Brasil que vencia.

    68

    De Paissandu vai Sampaio

    Entrou em Montevidu

    Que estava sitiada

    O Brasil ganhou trofu

    Com muita alegria e glria

    As estrelas da vitria

    Brilhavam num belo cu.

    69

    Levava trs batalhes

    De infantes veteranos

    geis, fortes, corajosos

    Com argcias, tticas e planos

    Tinha mais do Cear

    D'outros estados pra c

    Soldados h muitos anos.

    70

    Pelos servios prestados

    Este bravo brasileiro

    O heri de Paissandu

    Incomparvel guerreiro

    Enrgico, leal, disposto

    Elevado ao grande posto

    Brilhante de Brigadeiro.

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    71

    Na guerra contra Lopes

    Ecloso de tirania

    Foi nomeado inspetor

    Da arma da Infantaria

    Composta s de recrutas

    Do nordeste que nas lutas

    Mostraram supremacia.

    72

    Quatro mil e quatrocentos

    Infantes bravos j tem

    Comandante da Terceira

    Diviso que lhe convm

    Marchando pra Tuiuti

    Vamos descrev-lo ali

    Sem ter medo de ningum.

    73

    Sampaio por onde passa

    Deixa um rosrio de glrias

    Com a Diviso Couraada

    Vitrias e mais vitrias

    Provando da luta os travos

    Mas fez o Bravo dos Bravos

    A histria das histrias.

    74

    Foi no sculo dezenove

    No ano sessenta e seis

    Aos vinte e quatro de maio

    Por ironia talvez

    Destino extraordinrio

    Seu bolo de aniversrio

    Um combate a ltima vez.

    75

    Nos atacou de surpresa

    O exrcito adversrio

    Era um lugar bem estreito

    Aonde estava Sampaio

    Comandante de Infantaria

    Deu prova de valentia

    Mais rpido do que um raio.

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    76

    Sampaio estava a cavalo

    Nesta batalha to dura

    Dando exemplo aos seus infantes

    Encoraj-los procura

    Pra Diviso Couraada

    Ter a vitria alcanada

    Nunca lhe faltou bravura.

    77

    Vinte cargas so lanadas

    Da valente cavalaria

    Do exrcito adversrio

    Contra a grande artilharia

    De Mallet e a Diviso

    Sampaio como um leo

    Bravamente resistia.

    78

    Desdobra-se em trs ou cinco

    Em dez e at em mil

    Percorre todos os ngulos

    O filho de Tamboril

    Pensava ele talvez

    Que seria a ltima vez

    Que defendia o Brasil.

    79

    J quatro das montarias

    Por lana foram varadas

    No temia baionetas

    A tiros e nem espadas

    Dentro dos grandes perigos

    No matava os inimigos

    Defendia os camaradas.

    80

    Achava-se desmontado

    Essa figura altaneira

    Numa luta corpo a corpo

    Foi-lhe a sorte lisonjeira

    Pra nosso grande desgosto

    Foi ferido em pleno rosto

    Pela bala traioeira.

  • 19/24

    81

    Um emissrio de Osrio

    Chegava com bem prudncia

    Para encorajar Sampaio

    Redobrar a resistncia

    S do bravo e seus infantes

    As vitrias retumbantes

    Marcavam sua existncia.

    82

    Ferido a segunda vez

    Por um projtil bem certo

    O Leo de Tamboril

    De sangue e suor coberto

    Manda a Osrio dizer

    Estamos cumprindo o dever

    Com grande perigo perto.

    83

    Como perdi muito sangue

    Seria conveniente

    Mandar um substituto

    Assumir incontinente

    Assim tinha proferido

    Por um balao ferido

    Cai por terra novamente.

    84

    De joelhos aquele bravo

    Com quatro horas aps

    De luta e de resistncia

    Tremenda, tenaz, feroz

    Assim a histria diz

    Que perda para o pas

    Quanta tristeza para ns.

    85

    De joelhos desfalecido

    Balbuciando afinal

    o terceiro ferimento

    Diga ao nosso marechal

    Tombou ferido de morte

    Intrpido guerreiro forte

    Da nossa terra natal.

  • 20/24

    86

    Entre os corpos dos infantes

    Feridos, mortos tambm

    Da Diviso Couraada

    Que ptria fez tanto bem

    Aos vinte e quatro de maio

    Com o exemplo de Sampaio

    A grande glria nos vem.

    87

    Foi recolhido nos braos

    Dos soldados de ao

    Todos se achavam presos

    De incontida emoo

    Seu herosmo no falha

    Retirado da batalha

    Com grande consternao.

    88

    Com ferimentos mortais

    nsias, dores, agonias

    Entre a vida e entre a morte

    Durou quarenta e trs dias

    A bordo do Eponina

    Que o levava Argentina

    Perde as ltimas energias.

    89

    Ele expira, mas sabendo

    Que a sua atuao

    Foi o fator principal

    Da grande transformao

    Seus infantes, fortes e vrios

    Destroem dos adversrios

    Capacidade e ao.

    90

    Sertanejo analfabeto

    Bomio de Tamboril

    Trinta e seis no Exrcito

    Imperial do Brasil

    Intrepidez que no falha

    Quando entrava na batalha

    Sozinho valia mil.

  • 21/24

    91

    O heri de Tuiuti

    Com a coragem domina

    Foi esta a maior batalha

    De toda a Amrica Latina

    Do Exrcito o grande orgulho

    No dia oito de julho

    Sepultado na Argentina.

    92

    Outro grande cearense

    No o deixa em abandono

    Humberto Castelo Branco

    Achou-o digno de um trono

    Amor a hierarquia

    Da arma da Infantaria

    Fez de Sampaio o patrono.

    93

    Aps vinte e sete anos

    Ausente do Cear

    Retorna atravs dos restos

    Mortais levados pra l

    Seu mausolu ningum erra

    Em frente ao CPOR

    A grande lembrana est.

    94

    Euclides da Cunha disse:

    O sertanejo um forte

    Sampaio provou que foi

    A barana do norte

    Ou por outra do nordeste

    A glria da luta o veste

    Vencida s pela morte.

    95

    Foi ele o Bravo dos Bravos

    Filho de humildes pais

    Ascendeu ao belo quadro

    De oficiais generais

    assunto pra cinema

    Osrio o mesmo sistema

    So dois valores iguais.

  • 22/24

    96

    Para no ser olvidado

    Este que nos fez o bem

    A ptria deve fazer

    Um parque histrico tambm

    Ao brigadeiro Sampaio

    No deixemos em ensaio

    Vamos ver se o parque vem.

    97

    J fizeram um a Osrio

    Outro a Duque de Caxias

    Nas cidades que nasceram

    Ento daqui mais uns dias

    Faamos em Tamboril

    Para o bravo do Brasil

    Que nos deu mil garantias.

    98

    Sampaio, Osrio e Caxias

    Este trio soberano

    Couraas deste gigante

    Pas sul americano

    Tamboril num ms de maio

    Mude o nome pra Sampaio

    Patritico e mais humano.

    99

    Sampaio junto a Osrio

    Estrelas de um cu azul

    Dois guerreiros, dois heris

    Como Davi e Saul

    No se separa o mais forte

    Sampaio, Osrio do norte

    Osrio, Sampaio do sul.

    - 100 -

    Altivez e energia

    No filho de Tamboril

    Talento, progresso e glria

    O sertanejo viril

    Nativo do Cear

    Instruo no teve l

    O seu livro era o Brasil.

  • 23/24

    - 101 -

    So de corpo e de esprito

    Andou Sul, Nordeste e Norte

    Moralizou nossa ptria

    Partia pra guerra forte

    Arrumou o amor segundo

    Instruiuse pelo mundo

    O Sul deulhe uma consorte.

    102

    General Bina Machado

    Por ter sido grande infante

    Quis de Sampaio mostrar

    O valor deste gigante

    Da arma de infantaria

    Com incentivo da poesia

    Popular, simples, brilhante.

    103

    E Cludio Moreira Bento

    Nosso Major, escritor

    Com sua insigne cultura

    Deu dados ao trovador

    Do filho de Tamboril

    Para o povo do Brasil

    Admirar-lhe o valor.

    Bibliografia:

    "Um sertanejo um dos maiores soldados do Brasil"

    De Cludio Moreira Bento.

  • 24/24

    (Reproduo de texto extrado de uma pasta que era guardada na Biblioteca Jos Wasth Rodrigues",

    do Centro de Documentao do Exrcito [ QGEx - Bloco H - 2 Piso - Braslia/DF ] e que continha

    diversas informaes sobre os patronos das Armas do Exrcito Brasileiro).

    Respeitada a grafia da poca

    (Centro de Documentao do Exrcito, desativado em 30 de abril de 2012)

    Msica: Ending Theme, trilha sonora de Hans Zimmer,

    pela L'Orchestra Numerique, com 7,56min

    Transcrio: 1 Ten QAO Edmilson L Souza (SGEx)

    Apoio: 1 Ten QCO Janaina Costa Silva (Biblioteca da B Adm QGEx). Braslia, DF, 24 de maio de 2016.

    http://www.suaaltezaogato.com.br

    http://www.suaaltezaogato.com.br/