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Heranas Culturais Brasileiras:Um Programa de ndioLeila Dupret, Professora do Mestrado emEducao e Desenvolvimento Humano.Um Olhar AntropolgicoFoi precisoqueoBrasil fizesse500anosdetersido, efetivamente, achadopelosportuguesesparans,brasileiros, lembrarmos de nossas heranas culturais originais, no de inditas propriamente, mas deoriginrias, certamente!"tento, emnossamemria, sobressaiamosmitosgreco#latinos, astradi$esocidentais, a cultura do branco e a crena nas palavras da B%blia como &nico fundamento religioso! 'ntretanto,mesmo comamassificaoeuropia, desdeo sculo ()*, nohouve possibilidadedeacabar,definitivamente, comacultura, princ%pios, tradi$es ecrenas dopovoind%gena, queterminampor nosacompanhar, at os dias de ho+e, porque participam de nossa construo enquanto su+eitos datados e situadosscio,historicamente! - ob+etivo deste artigo chamar a ateno para a presena da contribuio do %ndiocomo constituinte da comple.idade que comp$e o povo brasileiro!/ebert 0epargneur em seu livro - Futuro dos 1ndios no Brasil, editado pela 0ivraria /achette do Brasil, em2335, de opinio que 4a histria do contato das raas chamadas 5superiores6 com as consideradas 5inferiores6 sempre a mesma7 e.term%nio ou degradao4! "qui cabe ressaltar que o termo raa refere,se a um discursovinculado ao modelo biolgico, enquanto o conceito de etnia acompanha o vis antropolgico! 8e+a como for,a primeira acreditava que deveria impor sua cultura de forma integral, sem qualquer considerao 9 culturasubmetida!'ste fen:meno pode ser visto mais amplamente quando nos voltamos 9 relao entre o %ndio e o europeu,sendoesteentendido, oumelhor, entendendo,secomooser dacultura! "partir detal pressuposto, tr;sconcep$es sobre o %ndio emergem, tendo sempre a figura do europeu como a &nica poss%vel para estabelecerpadr$esdecomportamento, critriosdeproduoevaloresticosemorais! 8oelas7 adeivilizao, publicada em 23L0 pela >ivilizao Brasileira! '.ploraremos, principalmente o avanotecnolgico e algumas de suas conseqM;ncias diretas e indiretas! Dodos sabemos dogenoc%diosubseqMente dos primeiros encontros entre %ndios e brancos! 8emquererminimizar as fortes marcas da e.peri;ncia vivida, para o efeito desse estudo vamos desenvolver aspectos daabsoro da cultura do homem civilizado pelos %ndios, sem entrar na questo do confronto blico que marcouo in%cio desse encontro! 8egundo ?arcF, o %ndio via o civilizado como uma ameaa, ao mesmo tempo como aquele que detinha bens eequipamentos que lhe inspiravam cobia! "s armas, os ob+etos cortantes e toda a sorte de coisas que lhe foramapresentadas, 9 medida que novos costumes iam sendo introduzidos! 8e por um lado a introduo de novasferramentas aumentou a produtividade tribal, por outro desvitalizou o comrcio intertribal que era baseado nafabricao de bens e artesanatos ind%genas! Dais artefatos passaram a no mais funcionar como produtos detrocaentrealdeiasecomosindiv%duosdefora!"tualmenteosob+etosindustrializadossubstituempartesignificativa daimportantemanifestaoesttica ind%gena! "e.pressodebelezapresente noramodeartesanato se traduz na oportunidade de criao esttica e funciona tambm como diferenciador e orgulhotribal! N sempre dispensado muito mais trabalho do que o necessrio nesse tipo de tarefa apenas para que seesgote sua funo de utilidade!- descaso do homem civilizado com a arte ind%gena, atribuindo a ela pouco valor art%stico, fragiliza o esp%ritodo %ndio, tirando dele a vontade de alcanar o mesmo n%vel de perfeio em qualquer outra tarefa!"lguns artesanatos ainda so bemcomercializados, resgatando o orgulho ind%gena! Oorm, quando ocivilizado se interessa por esse tipo de arte, industrializa,a, eliminando seu carter de autenticidade!J?arcF Kibeiro e.plica como se observa a integrao de culturas intertribais de forma a no criar hierarquiasou domina$es! Puando acontece a con+ugao de dois ou mais sistemas aut:nomos, os legados culturais semisturam e os elementos que sero adotados pelas unidades, so selecionados, por sua melhor adequabilidadeao interesse daquele grupo! @ma vez adotados esses elementos, cada grupo independente na sua produosem implicar nenhum tipo de subordinao de um ou de outro! / sempre a preservao da autonomia tnica!'ntretanto, quando a aculturao se d entre a sociedade tribal e a nacional, h sempre a massificao pelacultura dita mais evolu%da, criando laos de subordinao e depend;ncia!-autor nos lembra que o contato comnovas tecnologias mais avanadas sempre crucial para odesenvolvimento de um povo e isso acontece o tempo todo em qualquer cultura! aiaps, a super # e.plorao da fora de trabalho e a postura individualista!Oela forte massificao imputada 9 cultura ind%gena, pela grande violao e desvitalizao dos seus valoresmais significativos, em vrios casos houve uma desestruturao da personalidade social dos grupos! "o criarsu+eitos submissos e e.ageradamente 4enquadrados4 empadr$es supostamente adequados para todos ecolocados de forma autoritria e arbitrria, a sociedade impede a saudvel e.presso da singularidade de cadaparticipante, gerando uma massa de seres alienados!Puando, noentanto, nomeiodessecaos, cadasu+eito, econsequentementeoseucoletivo, conseguemseagarrar a um &ltimo resqu%cio de consci;ncia, +ustamente desse conflito podem ser gerados s%mbolos coletivosque organizam a desordem! 'sses s%mbolos coletivos so, portanto, vitais para a recuperao da organizaops%quica social de um grupo!-ss%mbolos coletivos referem,seaidentidadecultural deumpovo! "identidadeconstitu%dapor umcon+unto de caracter%sticas singulares que fazem reconhecer o que prprio de um indiv%duo ou grupo social!