Londrina 2018
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA
LUCIANE DA SILVA BARBOSA
A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula
LUCIANE DA SILVA BARBOSA
Londrina 2018
A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula
Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias. Orientadora: Profª Drª Bernadete de Lourdes Streisky Strang.
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Barbosa, Luciane da Silva.
B199p A “performance” do professor da EAD. / Luciane da Silva
Barbosa.. Londrina: [s.n], 2018.
87f.
Dissertação ( Mestrado Acadêmico em Metodologias
para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias). Univer-
sidade Norte do Paraná.
Orientadora: Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky
Strang.
1 - Ensino - dissertação de mestrado - UNOPAR 2-
Professor 3- EAD 4- Comunicação I- Strang, , Bernadete de
Lourdes Streisky; orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 37.01.43
LUCIANE DA SILVA BARBOSA
A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula
Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Metodologias para o Ensino
de Linguagens e suas Tecnologias, área e concentração em Formação de
Professores e Ação Docente em Situações de Ensino, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre conferido pela Banca Examinadora formada pelos
professores:
_________________________________________ Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky Strang
UNOPAR
_________________________________________ Prof. Dr. Eliza Adriana Sheuer Nantes
UNOPAR
_________________________________________ Prof. Dr. Vanderley Flor da Rosa
UTFPR - Cornélio Procópio
Londrina, ___ de _____________ de 2018.
Dedico minha dissertação a minha mãe, que
sempre acreditou em mim e me deu subsídios
para alcançar meus objetivos.
Dedico ainda, ao meu marido Marcelo que me
incentiva todos os dias e nesse longo e árduo
processo não foi diferente.
Dedico também a minha orientadora Prof, Dra.
Bernadete Strang pela confiança, paciência,
incentivo, amizade e excelente orientação.
Aos meus filhos Calebe e Theodora que me
impulsionam para alçar voos mais altos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a querida Bernadete Strang pela orientação. Por acreditar
que eu era capaz, e mesmo sem me conhecer direito, me abriu as portas como uma
mãe que abre os braços para receber um filho.
Tenho muita gratidão por você compartilhar comigo seus
ensinamentos tanto pessoais quanto acadêmicos, me orientar, me incentivar e me
dar broncas, muitas broncas. Obrigada por tanta paciência e dedicação para comigo.
Tenho orgulho em dizer que fui sua aluna, sua orientada e hoje sua amiga.
Agradeço a minha mãe que sempre colaborou nesse processo, a
sua maneira, e me possibilitou alcançar esse objetivo tão sonhado chamado
mestrado. Minha eterna gratidão.
Agradeço ao meu amor Marcelo, que sempre em meio as minhas
tempestades, me deu a mão, me apoiou e foi meu parceiro até o fim.
Ao Professor Phillip Hallawell, que em meio a tantos compromissos
se disponibilizou em responder ao questionário que contribuiu para o embasamento
desse trabalho, trazendo ainda mais solidez às teorias.
Ao Pedro Barreto, que com sua imensa expertise na área da
comunicação respondeu ao questionário com tantos detalhes e dessa forma,
compartilhou sua experiência e talento no contexto dessa pesquisa.
A professora Dr. Eliza Nantes, que me auxiliou quando precisei e
principalmente por se disponibilizar em participar da banca de qualificação e defesa
da minha pesquisa.
Igualmente, ao professor Dr. Vanderley Flor da Rosa que se
deslocou de sua cidade para participar da minha qualificação e defesa contribuindo
dessa maneira para a construção do meu trabalho.
A Unopar que disponibilizou acessos, informações, subsídios e
principalmente acreditou na minha pesquisa.
Aos amigos que foram imprescindíveis em momentos específicos
desse processo: Marcelo, Aleksander, Valdecir, Natalia e Jacqueline.
"Combati o bom combate terminei a corrida, guardei a fé" ( 2 Tm. 4:7).
BARBOSA, Luciane da Silva. A “performance” do professor da EAD: a implicação de elementos comunicacionais na teleaula. 2018. 87 f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.
RESUMO
O objetivo principal desta pesquisa é compreender a importância da linguagem verbal e não verbal e como esses elementos podem favorecer a comunicação na teleaula. O modelo de teleaula, aqui utilizado é o da Universidade Norte do Paraná (Unopar), onde aulas da modalidade EAD, em especial para a graduação, são ministradas ao vivo. Esses encontros se dão semanalmente até que a disciplina se encerre, são realizados quatro ou cinco encontros a cada disciplina ministrada. A perspectiva teórica adotada é oriunda da comunicação, tendo McLuhan (2007), como principal interlocutor. O autor afirma que os meios de comunicação atuam como extensão de nós mesmos e a mensagem de qualquer meio é a mudança de padrões, tendências ou paradigmas que acaba por se introduzir e fazer parte da vida humana. Outra contribuição importante para essa discussão vem de Mafesolli (2010), que defende a lógica de que a identidade serve de suporte ao individualismo e que ao longo da vida o sujeito pode se identificar com diferentes projetos, personagens, grupos e situações. As mudanças, conversões e revoluções afetam tanto as aparências, como as relações interpessoais do indivíduo fazendo com que a existência passe a ser construída com base na relação com o outro, na lógica comunicacional. Segundo Mafesolli (2010), a identidade se forma por um conjunto de máscaras, e se dá na e pela comunicação. A metodologia adotada foi a de revisão bibliográfica acrescida de duas entrevistas semiestruturadas, devidamente submetidas ao Comitê de Ética em Pesquisa. Embora não possuam valor estatístico, essas entrevistas se justificam por discutirem especificamente o modelo de EAD observado neste estudo. No conjunto de representações que compõem a sociedade e que contribuem para a identificação, parece relevante, para essa discussão, trazer algumas abordagens específicas como elementos da imagem pessoal, postura, entonação de voz e gesticulação. Esses fatores relacionados a comunicação verbal e não verbal precisam ser considerados e realizados de forma articulada a fim de favorecer a comunicação na teleaula. Phillip Hallawell contribui para esse estudo ao trazer conceitos que atribuem valor a imagem pessoal.
Palavras-chave: Ensino. Professor. EAD. Comunicação.
BARBOSA, Luciane da Silva. The "performance" of the EAD teacher: the implication of communicational elements in teleaula. 2018. 87 p. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.
ABSTRACT
The main objective of this research is to understand the importance of verbal and non-verbal language and how these elements can favor communication in teleaula. The teleaula model used here is the University of Northern Paraná (Unopar), where EAD classes, especially for graduation, are taught live. These meetings are given weekly until the discipline is finished, four or five meetings are held each discipline taught. The theoretical perspective adopted comes from communication, with McLuhan (2007) as the main interlocutor. The author affirms that the media act as extension of ourselves and the message of any means is the change of patterns, tendencies or paradigms that ends up being introduced and being part of human life. Another important contribution to this discussion comes from Mafesolli (2010), who defends the logic that identity serves as support for individualism and that throughout life the subject can identify with different projects, characters, groups and situations. Changes, conversions and revolutions affect both the appearances and the interpersonal relationships of the individual, making existence to be built based on the relationship with the other, on the communicational logic. According to Mafesolli (2010), identity is formed by a set of masks, and occurs in and by communication. The methodology adopted was to review the bibliography, plus two semi-structured interviews, duly submitted to the Research Ethics Committee. Although not statistically significant, these interviews are justified because they specifically discuss the EAD model observed in this study. In the set of representations that make up the society and that contribute to the identification, it seems relevant, for this discussion, to bring some specific approaches such as elements of personal image, posture, voice intonation and gesture. These factors related to verbal and non-verbal communication need to be considered and carried out in an articulated way in order to favor communication in the tele-address. Phillip Hallawell contributes to this study by bringing concepts that attach value to the personal image.
Key-words: Teaching. Teacher. EAD. Communication.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Elementos básicos compõem a comunicação no contexto da EAD. ........ 34
Figura 2 - Gesto que representa tchau no Brasil ...................................................... 56
Figura 3 - Dedos cruzados/Figas .............................................................................. 57
Figura 4 - Postura inadequada x adequada ............................................................. 65
Figura 5 - Olhar de descaso x olhar simpático ......................................................... 66
Figura 6 - Gesticulação inadequada no momento da teleaula.................................. 67
Figura 7 - Gesticulação de acordo com a fala .......................................................... 67
Figura 8 - Vestimenta adequada x vestimenta inadequada ...................................... 68
Figura 9 - Voz alta .................................................................................................... 69
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
ABT Associação Brasileira de Tecnologia Educacional
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior
EAD Educação a Distância
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério da Educação
MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização
MT Ministério das Comunicações
NTIC Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
TIC Tecnologia de Informação e Comunicação
UnB Universidade de Brasília
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11
2 A EDUCAÇÃO POR MEIO DAS TELAS ....................................................... 15
2.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL ........ 15
2.2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL ................ 22
2.3 ESPECIFICIDADES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................................... 25
2.4 APRENDIZAGEM AUTÔNOMA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................... 28
3 ASPECTOS TEÓRICOS DA COMUNICAÇÃO .............................................. 32
3.1 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO DE MASSA ............. 35
3.2 A PERSPECTIVA DA FALA E DA ESCRITA NA COMUNICAÇÃO ............... 37
3.3 LINGUAGEM NÃO VERBAL E COMUNICAÇÃO MEDIADA POR
TECNOLOGIAS .............................................................................................. 40
3.4 APRESENTAÇÃO PESSOAL E APARÊNCIA DO PROFESSOR:
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DO VISAGISMO .......................................... 50
4 ANÁLISE SOBRE A IMAGEM DO PROFESSOR NA TELEAULA ............... 55
4.1 EXPRESSIVIDADE CORPORAL DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA
TELEAULA ..................................................................................................... 55
4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS ............................................. 60
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 70
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 72
APÊNDICES ................................................................................................... 80
APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas ........................................................... 81
APÊNDICE B – Entrevista 1 - Philip Hallawell ................................................ 82
APÊNDICE C – Entrevista 2 – Pedro Barreto ................................................. 86
11
1 INTRODUÇÃO
Com a evolução tecnológica, novos parâmetros para o ensino estão
surgindo. A expansão do uso da internet tem conferido destaque aos cursos a
distância ou semipresenciais. A cada dia o computador permite a utilização de
recursos poderosos para os estudantes realizarem pesquisas, testar conhecimentos
específicos, descobrir novos conceitos e adquirir experiências, ultrapassando
barreiras geográficas e temporais.
A Educação a Distância (EAD) atualmente se configura como uma
das modalidades educacionais disponíveis para atender a demandas de qualificação
e profissionalização impostas por inovações do mercado de trabalho. Este, por sua
vez, está cada vez mais competitivo e em constante expansão, contando, muitas
vezes, com uma força de trabalho que, tradicionalmente, não teria acesso a tais
processos de educação tecnológica.
Além da demanda de mercado de trabalho, a democratização do
ensino, com a crescente necessidade de acesso à informação, garante que
inovações tecnológicas para obtenção de conhecimento se estabeleçam.
Transformações sociais, econômicas, tecnológicas e políticas geram
impacto nas relações de ensino. A sociedade da era tecnológica passou a exigir dos
profissionais da educação postura criativa para a alteração do padrão educacional
no formato tradicional que vinha sendo praticado durante séculos. Desta forma, foi
agregado novas metodologias à dinâmica educativa, fazendo uso dos recursos
tecnológicos disponíveis para mediação da prática didático-pedagógica.
Os avanços tecnológicos promovem a integração de todos os
espaços e tempos, de modo que processo de ensino e aprendizagem se produza
não mais no espaço físico, mas num espaço estendido, isto é, numa interligação
profunda e constante entre mundo físico e digital, uma sala de aula ampliada que se
mescla constantemente (MORÁN, 2015).
Nesse contexto, o modelo de Educação a Distância utilizado na
pesquisa é o da Unopar (Universidade Norte do Paraná) instalada em Londrina,
Estado do Paraná, por se tratar de uma das instituições de ensino superior (INEP)
pioneiras nessa modalidade de ensino no Brasil.
Fundada em 1972, a Universidade Norte do Paraná tem como
missão oferecer educação de qualidade para a região de Londrina, no Paraná,
12
sendo reconhecida uma instituição inovadora e de excelência em ensino. Em 2003,
a IES iniciou a oferta de cursos na modalidade EAD, tornando-se a primeira
instituição a atender todos os requisitos do Ministério da Educação (MEC) para
exercer essa categoria de ensino. A partir de 2011, a Unopar foi adquirida pela
Kroton Educacional, uma das maiores organizações educacionais privadas do Brasil,
com referências mundiais no setor da educação1.
A Unopar obteve credenciamento para atuar em Educação a
Distância, segundo Brasil (2003), a partir da portaria ministerial 3496/2002 de 13 de
dezembro de 2002. O recredenciamento por mais cinco anos aconteceu em 2006, e
se efetivou por meio da Portaria Ministerial n. 556 em 20 de fevereiro de 2006. O
primeiro curso ofertado pela instituição, na modalidade EAD foi o curso Normal
Superior, com habilitação para as séries iniciais do ensino fundamental. O curso
iniciou em março de 2003 e formou a primeira turma no 2º semestre de 2005. No
Brasil, esta modalidade está sendo adotada na educação, em programas de
qualificação e formação profissional e em educação corporativa (ABBAD, 2007).
Segundo dados veiculados no portal online da IES, atualmente a
Unopar oferece mais de 30 cursos na modalidade EAD (tecnólogos, bacharelados e
licenciaturas), além de cursos semipresenciais (cursos de graduação). Criada pela
Unopar, a metodologia semipresencial utiliza recursos tecnológicos no contexto do
ensino. O aluno participa de atividades em grupo e assiste a aulas transmitidas ao
vivo, via satélite (a partir de estúdios localizados no município de Londrina/PR), uma
vez por semana no polo escolhido, com a presença de um tutor em sala. Nos demais
dias, o aluno realiza as atividades de forma online, por meio de recursos e
conteúdos disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e conta com
o suporte de tutores (UNOPAR, 2018).
A teleaula é um sistema bimodal que corresponde ao Sistema de
Ensino Presencial Conectado da Unopar, contando com atividades síncronas e
assíncronas, ou seja, com momentos presenciais em teleaulas transmitidas via
satélite e atividades a serem realizadas no ambiente virtual de aprendizagem, em
momento diverso ao da teleaula.
Tradicionalmente, as teleaulas realizadas nesta IES têm a duração
de uma hora e meia e durante a transmissão os alunos podem interagir de forma
1 Conf. em http://www.kroton.com.br/.
13
simultânea em momentos intitulados como reflexão, momento de pergunta ou a
critério do professor. Outra forma de interação na teleaula se dá quando vídeos são
apresentados pelos professores de acordo com suas respectivas disciplinas. Ao
longo da teleaula o professor consegue interagir com os polos a partir dos chats
controlados pelo tutor eletrônico de dentro do estúdio. Dessa maneira ele pode
controlar e receber contribuições dos alunos também em outros momentos da aula.
Essa comunicação acontece por mediação de tutores presenciais e tutores
eletrônicos.
Os alunos da Unopar EAD têm à disposição o Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) que se configura como espaço para realização de atividades
educativas, mediadas pelo uso de tecnologia de informação e comunicação, com
vistas à interação e o trabalho colaborativo. Nesse ambiente são desenvolvidas
atividades de produção textual, de interatividade síncrona e assíncrona (fórum, chat
e mensagens), organizadas pelos professores e orientadas pelos tutores para os
alunos dos cursos ofertados. Ainda neste ambiente é disponibilizada a biblioteca
digital como suporte pedagógico ao desempenho acadêmico e materiais didáticos
utilizados no contexto de formação (UNOPAR, 2018).
A IES possui polos distribuídos em todos os 26 estados brasileiros e
no Distrito Federal. Nesses espaços, tutores presenciais oferecem suporte ao aluno
no momento em que as teleaulas são ministradas, ao vivo e online. Esses tutores
ficam logados a um chat, que por sua vez é mediado por outros tutores,
denominados tutores eletrônicos, que trabalham no local em que está o professor no
momento da aula, repassando dúvidas, contribuições e comentários pertinentes ao
conteúdo da teleaula.
Uma das ferramentas que alunos, professores e tutores utilizam são
os fóruns de discussão, nos quais os professores trabalham temas de suas
disciplinas e estimulam os alunos a utilizarem aquele espaço também para
dialogarem entre si, além de construírem conhecimentos. Outra ferramenta de
interação que pode ser utilizada pelo aluno, é a “sala do tutor”, nas quais dúvidas
relacionadas à disciplina podem ser esclarecidas.
A inserção ao contexto da Ead motivou o estudo dessa temática
partindo dos conceitos presentes na comunicação, em específico na teleaula da
Unopar, tendo em vista a familiaridade vivenciada no cotidiano com o âmbito da
pesquisa. Como professora da disciplina “Conceitos e Práticas em Imagem Pessoal”
14
do curso de Estética e Cosmética da Unopar, sempre foi percebida a linguagem não
verbal na teleaula e suas implicações no processo de ensino. Contudo, são
incipientes as publicações destinadas para essa temática no contexto da EAD.
Desse modo, o objetivo principal desta pesquisa foi o de compreender a importância
da linguagem verbal e não verbal, assim como, elucidar elementos que podem
favorecer a comunicação do professor na teleaula.
Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico que se debruçou,
portanto, sobre elementos que podem favorecer a comunicação verbal e não verbal
na teleaula, considerando o ambiente no qual os professores ministram suas aulas,
visto que ao invés de alunos, o que eles encontram são câmeras, microfones,
assistentes e tecnologias distintas de uma sala de aula. Segundo McLuhan (2007),
os meios atuam como extensão de nós mesmos e a mensagem de qualquer meio
pode trazer mudanças de padrões, tendências ou paradigmas que acabam por se
introduzir e fazer parte da vida humana.
O referencial teórico da dissertação se situa nas teorias de
comunicação e se apoia nas obras de McLuhan (2007) e Davis (1979). Além destes,
considerando o papel do professor comunicador, dialoga-se com Maffesoli (2010),
que aborda a centralidade da aparência, da banalidade e futilidade das coisas. O
autor explica que a imagem pode ser discutida pelo viés que postula que o corpo e
as roupas são meios de comunicação e que a vida urbana é a vida das aparências.
As referencias que se dão por meio das teorias do visagismo são presididas por
Phillip Hallawell (2009).
Conforme já dito tomou-se como objeto de pesquisa o modelo de
teleaulas produzido na Unopar de Londrina/PR, Unidade Tietê, local em que se
encontram os estúdios, professores e tutores, assim como todo amparo físico e
tecnológico da EAD.
A dissertação está organizada em três capítulos: o primeiro
apresenta um breve panorama histórico e legal da Educação a Distância no Brasil. O
segundo versa sobre aspectos da teoria da comunicação relacionados com o objeto
de pesquisa e o terceiro apresenta a análise e discussão dos elementos
comunicacionais das teleaulas, sobretudo não verbais, traçando correlações entre as
teorias e os dados obtidos nas entrevistas realizadas.
15
2 A EDUCAÇÃO POR MEIO DAS TELAS
Os meios de comunicação evoluíram de maneira exponencial no
último século e tais avanços tecnológicos se estenderam também para o processo
de educação. Isto criou a necessidade de diversificação dos recursos pedagógicos
oferecidos pelas instituições. Com a expansão da internet como ferramenta
comunicacional, tem-se popularizado gradativamente a Educação a Distância como
proposta de democratização do ensino, entretanto a utilização da internet como
veículo educacional não se configura como a primeira nem a única modalidade de
Educação a Distância existente na sociedade brasileira.
Em períodos anteriores da história, as ferramentas pedagógicas
utilizadas no ensino correspondiam à tecnologia disponível na época, quando a
internet ainda não era uma realidade. Desde o início do século XX há registros de
formas de educação a distância por meio de correspondência, radiodifusão, fax,
televisão. Desde então, as inovações ligadas a EAD criaram novas formas de
contato social e de socialização do conhecimento, nas quais o contato físico foi
colocado em segundo plano em favor da ampliação do conhecimento que rompe
várias barreiras, sobretudo geográficas.
2.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Em contexto mundial, Educação a Distância, ainda em seu formato
mais arcaico, se ampliou após a Segunda Guerra Mundial, devido à expressiva
demanda de formação de novos profissionais. Por conseguinte, “[...] muitas
experiências usando EAD foram desenvolvidas no período pós-guerra,
especialmente pela necessidade de capacitar a população europeia em novas
atividades laborais” (VIDAL; MAIA, 2010, p. 14). A escassez de mão de obra exigiu
inovações para a disseminação de conhecimento e a Educação a Distância surge
como opção para suprir esta lacuna, uma vez que a maioria dos países envolvidos
na guerra, se encontravam sem condições materiais e humanas.
A trajetória da EAD no Brasil, de acordo com Alves (2009) é
marcada por avanços e retrocessos, com momentos de estagnação que se deram
em função da ausência de políticas públicas para esse setor. Alguns registros
colocam o Brasil nessa modalidade, entre os principais do mundo, até os anos de
16
1970. A partir, dessa década, o Brasil parou de avançar e outras nações se
destacaram; somente algum tempo depois e com ações positivas houve
desenvolvimento considerável nessa modalidade.
Embora inexistam registros precisos acerca da criação da EAD no
Brasil, (COSTA, 2014) aponta como ponto de partida da trajetória histórica o ano de
1891, quando na seção de classificados do Jornal do Brasil, apareceu a oferta de
curso de datilografia por correspondência. A autora contrapõe esse fato à proposta
de cronologia da Educação a Distância feita por Santos (2011), que tem como marco
histórico o ano de 1904, com a implantação das Escolas Internacionais,
organizações norte-americanas que visavam a oferta de cursos pagos, divulgados
em anúncios de jornais do Rio de Janeiro.
A fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923 é tida
por diversos autores como marco inicial da EAD no Brasil (COSTA, 2014). A
iniciativa tinha como objetivo possibilitar educação popular a partir do sistema de
difusão em curso no Brasil e no mundo (ALVES, 2009). No início a estação de rádio
funcionou em uma escola de ensino superior que era mantida pelo poder público,
mas os instituidores tiveram que doar a emissora ao Ministério da Educação e da
Saúde em 1936, dessa forma, a educação via rádio foi o segundo meio de
transmissão do saber, vindo depois da correspondência.
Embora criados nas décadas de 1930 e 1940 é interessante apontar
o surgimento do Instituto Radio Monitor e do Instituto Universal, respectivamente,
como exemplos de pioneirismo na EAD. De acordo com Guarezi e Matos (2009),
apesar de ter sido criado em 1941, o Instituto Universal é considerado uma das
primeiras experiências em Educação a Distância no Brasil e a metodologia utilizada
se relacionava ao material impresso.
Para Guarezi e Matos (2009) ainda, o uso da televisão no Brasil em
programas de cunho educacional, teve os primeiros registros a partir de 1960. Anos
mais tarde, na época da ditadura militar foi criado o código brasileiro de
telecomunicações, cuja finalidade era a de determinar o que deveria conter nos
programas de ensino, por emissoras de rádio e televisões educativas.
A década de 1960 caracterizou-se como um período de intensas
transformações e isso refletiu diretamente no investimento na EAD, devido a novos
modelos de produção industrial que visavam incrementar com maior eficiência e
baseados em usos intensivos de possíveis formas de organização de trabalho,
17
oportunizadas pelos avanços tecnológicos.
A partir deste período, o avanço tecnológico exigiu do trabalhador
novas e diferentes habilidades para atuar no mercado de trabalho. Contudo, a oferta
de escolarização era escassa e insuficiente. Tal cenário proporcionou o impulso de
novos modelos de educação, portanto dentro do contexto histórico entre 1960 e
1990, essa etapa se efetivou especialmente pela incorporação dos meios de
comunicação audiovisuais.
A Beijing Television College, na China; o Bacharelado Radiofônico, na Espanha, e a Open University, na Inglaterra. Nessa fase, tem-se como modelo de produção industrial o neofordismo. Esse modelo investiu em estratégias de alta inovação dos produtos e na alta variabilidade do processo de produção, mas conservou ainda do fordismo a organização fragmentada e controlada do trabalho. Essa transição impulsionou a EAD a buscar novos caminhos na tentativa de superação dos paradigmas da sociologia industrial. Nesse período, passaram a coexistir duas tendências: de um lado um estilo ainda fordista de educação de massa e do outro uma proposta de educação mais flexível, supostamente mais adequada às novas exigências sociais (BELLONI, 1999, n. 37).
O verdadeiro impulso para o desenvolvimento, conforme Perry e
Rumble (1987), se deu a partir da década de 1960 devido a criação de
universidades abertas de educação superior e secundária, primeiro a partir da
Europa e depois se expandindo para os demais continentes. Para acompanhar a
expansão significativa que a EAD atingiu, o país passou a se espelhar em grandes
universidades como a Open University do Reino Unido, que atendia cerca de cem
mil alunos. De acordo com Nunes (2009), isto a tornou referência mundial com esse
método de EAD. Para Guarezi (2009, p. 30), a “[...] Open University, como modelo
de Universidade Aberta, foi considerada um marco importante nesse período de
transição da primeira para a segunda geração da EAD”.
A partir da década de 1970, no Brasil, outros fatores influíram na
expansão da EAD, como é o caso do processo de democratização da sociedade que
começa a exigir acesso ao ensino superior. Nesse sentido a democratização do
saber começa a se alastrar com velocidade.
No período de ditadura militar, o Governo Federal implementou
programas nacionais para que demandas emergenciais fossem atendidas. O
objetivo era promover a interiorização da educação básica de modo a enfrentar o
auto índice de analfabetismo nacional (COSTA, 2014). Dentre as iniciativas do
18
governo militar, podem ser citados os seguintes projetos:
Projeto Minerva - composto por diversos cursos (capacitação ginasial,
madureza ginasial, curso supletivo do 1º grau) transmitidos, desde 1970, em
cadeia nacional por emissoras de rádio. Criado como solução de curto prazo
para o enfrentamento dos problemas de desenvolvimento econômico, social e
político do Brasil, tinha como cenário um período de intenso crescimento
econômico, conhecido como milagre brasileiro, em que a educação era
entendida como via para a preparação de mão de obra para fazer frente a
esse desenvolvimento (COSTA, 2014).
João da Silva - curso com formato de telenovela, voltado para o ensino das
quatro primeiras séries, e que se desdobraria no Projeto Conquista.
Projeto Conquista - também com formato de telenovela, voltado para as
últimas séries do 1º grau. Foi uma inovação pioneira no Brasil e no mundo.
(BORDENAVE, 1987, p. 64).
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) - utilizou, em caráter
experimental, a partir de 1979, os recursos da TVE para emitir 60 programas
em forma de teleaula dramatizada, com duração de 20 minutos cada um.
Eram apoiados por material impresso.
Projeto Saci - O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1973,
iniciou, em caráter experimental, no Estado do Rio Grande do Norte, o Projeto
SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares) com o objetivo
de estabelecer um sistema nacional de teleducação por satélite. Era voltado
para as primeiras três séries do 1º grau. Foi, porém, logo abandonado.
Programa LOGOS - em 13 anos de existência (1977 a 1991), atendeu a cerca
de 50.000 professores, qualificando aproximadamente 35.000 em 17 Estados
brasileiros. Em 1990, foi desativado e substituído pelo Programa de
Valorização do Magistério.
POSGRAD (Pós-Graduação Tutorial a Distância) - implantado em caráter
experimental (1979-83) pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de
Ensino Superior (CAPES-MEC), mas administrado pela Associação Brasileira
de Tecnologia Educacional (ABT). Seus resultados foram positivos, mas o
MEC, sem explicação plausível, não deu continuidade.
19
Após o término do período militar, outras iniciativas podem ser
elencadas:
Um Salto para o Futuro - Programa de iniciativa do Governo Federal, em
parceria com a Fundação Roquette Pinto (1991).
Programa de Valorização do Magistério - começou a funcionar somente em
1992, seguindo o mesmo formato do Logos e atendendo a professores desde
sua formação, para as séries iniciais, até à formação específica para o
Magistério.
Telecurso 2000 - Programa de iniciativa do Governo Federal, em parceria
com a Fundação Roberto Marinho (1995).
Em referência as iniciativas de EAD desenvolvidas na década de
1970, Costa (2014) explica que estas tiveram grande intervenção governamental,
tendo em vista a urgente necessidade de expansão da oferta educacional, sobretudo
em função da exigência de formação mínima para o mercado de trabalho. Para a
autora, a intervenção do governo militar provocou forte resistência aos projetos de
EAD desenvolvidos no Brasil, o que fez com que algumas experiências fossem
extintas ou totalmente reformuladas na metade da década de 1980, quando tem
início o processo de redemocratização do país.
Na mesma linha, Alonso (1996, p. 56) afirma que:
Desde a década dos anos 70 assistimos às tentativas de organização de experiências em EAD, sem que isto viesse a se consolidar na criação de um sistema de ensino baseado nesta modalidade. Estas experiências tiveram em seu início uma intervenção governamental acentuada, trazendo componentes ideológicos necessários a manutenção do regime militar brasileiro que ocupava naquele momento o poder de estado. Grande parte das resistências a esta modalidade de ensino está associada ao regime ditatorial e a difusão dos chamados modelos tecnológicos tão em voga nesta mesma época.
De 1980 a 1990 novas políticas educacionais foram adotadas, assim
como novas e inovadoras propostas. Reis (2015) atribui este acontecimento a
fatores como a alteração do quadro político, à globalização, à organização
econômica em blocos e a expansão das tecnologias ocorridas neste momento
20
histórico.
Guarezi (2009), pontua que o sistema nacional de radiodifusão se
fortaleceu a partir da criação em 1981, do Fundo de Financiamento da Televisão
Educativa – Funtevê. Depois disso, vários programas educativos foram colocados no
ar em parceria com diversas rádios e canais de TV. As instituições privadas também
começaram a desenvolver seus projetos individuais em paralelo com as iniciativas
do governo tanto federal quanto estadual.
Em 1995, a Fundação Roberto Marinho iniciou os programas
educativos e em 1996, foi lançado o programa TV Escola, com recepção e gravação
de sinal de satélite por antena parabólica, transmitida para todas as escolas públicas
do Brasil. Em 1997 foi criado o Canal Futura - o Canal do Conhecimento
(TODESCATT, 2004).
Entretanto, os resultados concretos não apareceram, apesar das
iniciativas, incluindo até mesmo os cursos da Fundação Roberto Marinho, chamados
Telecursos 2000 e a própria programação que as TVs educativas apresentavam na
TV cultura e TV escola. A difusão dessa programação dependia de emissora aberta
ou a cabo para que a população em geral tivesse acesso (GUAREZI, 2009).
Com o surgimento da web no final dos anos 1990, de acordo com
Laguardia, Casanova e Machado (2010) foi possível criar uma nova forma de ensino,
intermediada pelo uso do computador. Este, por sua vez, se difundiu impulsionado
pela disponibilidade de sistemas específicos, como softwares para a área
acadêmica, conhecidos como ambientes virtuais de aprendizagem. O modelo
caracterizado, sobretudo pela flexibilidade proporcionada pela integração de vários
elementos da tecnologia, a aplicação de novas tecnologias inseridas na educação
ofereceu condições para a ampliação da oferta de ensino tornando-o mais interativo
e autônomo.
Alguns autores classificaram a evolução da educação a distância em
fases ou gerações. Destacam-se aqui as propostas de Maia e Mattar (2007) e Moore
e Kearsley (2008). Para Maia e Mattar (2007), a história da EAD é dividida em três
gerações: os cursos por correspondência; a integração de novas mídias (rádio,
televisão, fitas de áudio e vídeo e telefone); as universidades abertas; e a EAD
online (que introduziu o uso do videotexto, do microcomputador, da multimídia, do
hipertexto e das redes de computadores).
Moore e Kearsley (2008), no entanto, descrevem a evolução da EAD
21
com cinco gerações e não três. A primeira geração é caracterizada pela oferta de
cursos que fazem uso de material impresso, sendo entregue aos alunos através do
correio. Eram denominados de “estudo por correspondência”, também chamado de
estudo em casa pelas primeiras escolas com fins lucrativos, e “estudo independente”
pelas universidades. A utilização do rádio como um novo meio de ensino dá início à
segunda geração da EAD. A partir da década de 1950, surge a televisão educativa
(anos 1930 nos EUA, anos 1960 no Brasil). Essas duas mídias serviram para a
transmissão das aulas e os alunos poderiam esclarecer suas dúvidas utilizando a
correspondência por correio, telefone e, posteriormente, por fax.
A terceira geração, por sua vez, caracterizou-se por diversas
experiências em EAD que levaram em consideração: a) a preparação de recursos
humanos; b) a integração das diferentes tecnologias, o material impresso, as
transmissões via rádio e TV, o telefone, vídeos pré-gravados, as conferências por
telefone e os kits com materiais para experiências práticas a serem realizadas pelos
alunos (MOORE; KEARSLEY, 2008).
A partir do final da década de 1960, com o estabelecimento da Open
University do Reino Unido, as ações institucionais na educação secundária e
superior impulsionam a qualidade em EAD. Na Europa, são criadas as universidades
abertas, na Espanha em 1972 e na Alemanha em 1974. Experiências semelhantes
são desenvolvidas na Ásia, América Latina, África e Oceania (MORAES et al., 2007).
Na quarta geração houve a disseminação da internet em nível
mundial, a tecnologia passa a permitir a comunicação mais próxima e frequente
entre professor-aluno e aluno-aluno. Para Moore e Kearsley (2008), a
teleconferência é vista como uma tecnologia muito significativa, tendo se iniciado
com a audioconferência e, posteriormente, a videoconferência, que efetivou a
transmissão por áudio e vídeo.
Atualmente, a EAD encontra-se em sua quinta geração, visto que a
internet e as redes de computadores permitem a convergência de texto, áudio e
vídeo em uma única plataforma de comunicação, integrando as vantagens e
tecnologias das gerações anteriores e buscando superar as barreiras geográficas e
de comunicação. É importante acrescentar que vários programas de EAD
apresentam características dessa geração com o apoio de ambientes virtuais de
aprendizagem (AVAs), a transmissão multidirecional de áudio e vídeo e
videoconferências ou webconferências. Em AVA, o aluno deve desenvolver suas
22
atividades e pode interagir e cooperar com diferentes sujeitos, contextos e objetos
de conhecimento. Esses ambientes reúnem diversas ferramentas, ferramentas,
síncronas e assíncronas, como e-mail, fórum, chat e lista de discussão.
2.2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Promovido pelos avanços tecnológicos, desde a década de 1990, o
desenvolvimento da EAD impulsionou a utilização da tecnologia pelas instituições
brasileiras de ensino, o que contribuiu para sua consolidação no aspecto legal. Em
1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN), pela primeira vez na história da legislação ordinária a educação a
distância é tida como objeto específico de apreciação. Conforme afirma Costa (2014)
é a partir da Lei n. 9.394/96 (BRASIL, 1996) que a EAD deixa de ter caráter
emergencial e adquire reconhecimento legal, com previsão de critérios e normas
para criação de cursos nesta modalidade de ensino.
Antes da publicação da LDBEN, a modalidade de ensino a distância
não era regulamentada2. Entretanto, a fim de asseverar o direito à educação,
previsto na Constituição Federal de 1988 como direito de todos e dever do Estado, a
partir de 1993, o governo brasileiro tomou as primeiras medidas concretas para a
formulação de uma política nacional de EAD, como a criação do Sistema Nacional
de Educação a Distância (BRASIL, 1994) e da Coordenadoria Nacional de EAD – no
âmbito do MEC – bem como a assinatura de diversos acordos e protocolos de
cooperação entre MEC, Ministério das Comunicações (MC), Universidade de Brasília
(UnB), e outros setores da sociedade (LINO; BUENO, 2015).
Com a promulgação da LDBEN, em 1996, verifica-se importante
abertura para o desenvolvimento da EAD. O artigo 80 da lei preconiza que “O Poder
Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a
distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”,
e prevê, em seu artigo 87, que cabe aos municípios, Estados e União, “[...] prover
cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente
escolarizados; [...] realizar programas de capacitação para todos os professores em
2 Interessante apontar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 5692, de 1971, já
reconhecia a EAD, entretanto a localizava como alternativa para o ensino supletivo, tendo em vista ser considerada por tal legislação como educação de menor qualidade (ZANATTA, 2014).
23
exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância”
(BRASIL, 1996).
O artigo 80 da LDBEN prevê ainda:
§ 1º. A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º. A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância. § 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º. A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996).
Desta forma, a LDBEN foi de grande contribuição para a
disseminação do ensino a distância no país, pois confirmou como papel do governo,
promover, credenciar e difundir o ensino a distância, assim como regulamentar
exames e diplomas para o modelo EAD, às instituições e aos sistemas de ensino a
produção, controle e avaliação dos métodos e processos para a oferta da educação
a distância. A partir desta lei, foram estabelecidas as bases legais para a modalidade
de educação a distância considerando a publicação de inúmeros decretos que
visaram regulamentar as medidas inauguradas com a LDBEN.
Em 10 de fevereiro de 1998 foi publicado o Decreto n. 2.494, de
modo a regulamentar a EAD. Além de apresentar a definição de EAD, o decreto
possibilitou a criação de novos cursos e introduziu normas operativas para os
programas educacionais nessa modalidade (BRASIL, 1998a). A vigência desse
decreto se estendeu até o ano de 2005, quando foi revogado pelo Decreto n. 5.622,
publicado em 20 de dezembro de 2005, que passou a regulamentar os artigos 80 e
81 da LDBEN n. 9394/96 no que concerne ao credenciamento e funcionamento dos
cursos de EAD (BRASIL, 2005).
Ainda em 1998, cabe citar a Portaria Ministerial n. 301, de 07 de abril
de 1998, criada para complementar o decreto 2.494/98, para normatização do
credenciamento de instituições no tocante ao Ensino Superior e à Educação
24
Profissional na modalidade de Educação à Distância. Com a portaria, previu-se
regras para credenciamento de instituições e autorização para criação de novos
cursos. Somente após o processo ser analisado na Secretaria de Educação
Superior, por uma Comissão de Especialistas na área do curso em questão e por
especialistas em educação a distância, este parecer seria encaminhado ao
Conselho Nacional de Educação para que referido curso fosse credenciado.
(BRASIL, 1998b).
Tal portaria foi posteriormente revogada e substituída pela Portaria
Ministerial n. 4.361, de 2004, que passou a normatizar os procedimentos de
autorização para oferta de disciplinas na modalidade a distância em cursos de
graduação reconhecidos (BRASIL, 2004b).
Em 3 de abril de 2001, a Resolução n. 1, do Conselho Nacional de
Educação estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto sensu,
incluindo em seu texto regras para sua oferta na modalidade EAD (BRASIL, 2001b).
A Portaria n. 2253, de 18 de outubro de 2001, estabeleceu-se, em
seu art. 1º que as Instituições Federais de Ensino Superior presenciais reconhecidas
podem ofertar disciplinas que em seu todo ou em parte, utilizem método não
presencial, com base no art. 81 da LDBEN, respeitando o limite de 20% do tempo
previsto para a integralização do respectivo currículo e, ainda, que os exames finais
de todas as disciplinas ofertadas para integralização de cursos superiores serão
sempre presenciais. Já as instituições de ensino superior não incluídas no art. 1º que
desejarem incluir disciplinas com método não presencial em seus cursos superiores
reconhecidos devem ingressar com pedido de autorização, acompanhado dos
correspondentes planos de ensino, no Protocolo da SESu, MEC (BRASIL, 2001a).
A Portaria 2.051, publicada em 9 de julho de 2004, trata da
regulamentação dos procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior (SINAES), instituído na Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004,
contemplando em seu artigo 21º também a modalidade a distância (BRASIL, 2004a).
Em 09 de maio de 2006 foi publicado o Decreto n. 5.773, que dispõe
sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições
de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema
federal de ensino (BRASIL, 2006). No ano seguinte, foi criada a Portaria Normativa
n. 2, de 10 de janeiro, que define procedimentos de regulamentação e avaliação da
educação superior na modalidade EAD (BRASIL, 2007b) e introduzido o Decreto n.
25
6.303, de 12 de dezembro de 2007, que altera dispositivos dos Decretos 5.622/2005
e 5.773/2006 (BRASIL, 2007a).
Posteriormente, outros decretos foram criados, de modo a substituir
o de n. 5.773/2006 (BRASIL, 2013, 2016a) e, atualmente, encontram-se em vigência
os seguintes documentos oficiais:
Decreto n. 9.057, de 25 de maio de 2017 (BRASIL, 2017a), que
regulamenta o art. 80 da LDBEN – Lei n. 9.394/1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Cabe pontuar que este
documento, em seu artigo 1º, define a educação a distância como
[...] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017a).
Decreto n. 9.235, de 15 de dezembro de 2017 (BRASIL, 2017b), que
dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e
avaliação das instituições de educação superior - IES e dos cursos
superiores de graduação e de pós-graduação lato sensu, nas
modalidades presencial e a distância, no sistema federal de ensino.
2.3 ESPECIFICIDADES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Se observado sob o ponto de vista epistemológico, a palavra
teleducação, tomada aqui como sinônimo de “educação a distância”, vem do grego
tele (longe, ao longe), e pode ser conceituada como o processo de ensino e
aprendizagem mediado por tecnologias, no qual professores e alunos ficam
“separados” espacial e/ou temporalmente.
Severino (2001, p. 80), diz que a EAD mostra que “[...] a educação é
um processo de autorrealização do sujeito, o desabrochar de suas potencialidades”.
Nessa perspectiva, a educação a distância representa uma oportunidade para
atualização, aprimoramento e formação dos sujeitos. A educação, especialmente a
EAD, representa uma oportunidade para que o sujeito possa se apropriar de
conhecimentos e, consequentemente, ascender social, econômica e culturalmente.
26
O fator de maior relevância na EAD é que os atores do processo se
envolverem de forma efetiva e consciente. Gestores, professores e tutores precisam
estar alinhados para que todas as possibilidades tecnológicas sejam exploradas com
sucesso. Litwin (2001) diz que a modalidade EAD não se define pela distância e sim
pela proposta de expansão da educação.
Por isso, nessa modalidade é essencial conhecer e explorar todas
as ferramentas disponíveis. Além disso, é necessário considerá-las no contexto
tecnológico do momento em que se aplica as potencialidades do recurso e desta
forma, atender os diversos estilos de aprendizagem dos alunos. Diante do quadro de
Educação a Distância, há a necessidade de que as TIC’s (tecnologias de informação
e comunicação), enquanto recursos de apoio pedagógico, sejam manejadas com
maestria a fim de que a educação presencial e real não se distancie da virtual e real.
Ao se referir aos termos ensino e educação à distância, Moran
(2008) chama a atenção para a imprecisão de ambos, pois “[...] na expressão
‘ensino a distância’ a ênfase é dada ao papel do Professor (como alguém que ensina
a distância). Preferimos a palavra ‘educação’ que é mais abrangente, embora
nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada”. (MORAN, 2008, p. 1). De
acordo com o autor, a expressão educação se torna mais apropriada ao dar ênfase
ao papel do aluno, pressupondo-se que ele desenvolverá o senso de autonomia e se
tornará o protagonista do seu processo educacional. Em uma sociedade que passa
por mudanças constantes, o modelo tradicional, no qual o aluno é encorajado a
adotar postura passiva, não atende ao perfil da geração atual.
No que tange às modalidades de educação, essas podem ser
classificadas em três tipos: presencial, semipresencial e a distância. A educação
presencial é formada por cursos regulares, em que o encontro se dá
presencialmente entre alunos e professores numa sala de aula. Tal modalidade
também é conhecida como ensino convencional (MORAN, 2008). O modelo
semipresencial é caracterizado por cursos que não são totalmente presenciais nem
totalmente a distância, mas carrega características de ambos os modelos. Podem
surgir a partir de cursos de graduação presenciais que oferecem parte da carga
horária a distância, ou, pelo contrário, cursos na modalidade a distância com
determinadas atividades presenciais. Já os cursos a distância (EAD) são cursos em
que a maior parte das atividades se dá nos ambientes virtuais de aprendizagem
(AVA).
27
Todavia, uma crítica recai sob a educação semipresencial3 ao ser
comparada com o ensino a distância. Isso porque esta modalidade é considerada
mais difícil no sentido de apresentar bom desempenho, visto que ocorre a
hibridização de modalidades de ensino, isto é, a mistura dos métodos presencial e a
distância.
O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 7).
A modalidade EAD combina tecnologias convencionais e modernas
(LANDIM, 1997), possibilitando o estudo individual ou em grupo, em locais de
trabalho ou em casa, por meio de métodos de orientação a distância, amparado pelo
trabalho da tutoria. Na década de 1980, Holdenberg (1981 apud LANDIM, 1997)
disse que a principal característica do ensino a distância era a comunicação não
direta. Na atualidade, com ramificação de diferentes ferramentas e plataformas
possibilitadas pela internet, como a realização de videoconferências, a visualização
de vídeos transmitidos ao vivo em canais como youtube, entre diversos outros
exemplos.
Conforme Moran (2008), a educação a distância separa o professor
do aluno fisicamente no espaço, contudo, pode uni-los pela comunicação, por meio
de ferramentas tecnológicas.
A ideia básica de educação a distância é muito simples: alunos e professores estão em locais diferentes durante todo ou grande parte do tempo em que aprendem e ensinam. Estudando em locais distintos, eles dependem de algum tipo de tecnologia para transmitir informação e lhes proporcionar um meio para interagir (VERMELHO, 2014, p. 264).
Sem dúvida, a popularização da internet foi um marco que no
desenvolvimento da EAD em termos quantitativos e qualitativos, pois foi o elemento
capaz de estabelecer uma relação de aprendizagem cooperativa entre os
3 É crescente a utilização da metodologia da EAD em cursos presenciais, tendo em vista a publicação
da Portaria n. 1.134/2016, que autoriza as instituições de ensino a ofertar até 20% da carga horária total de cursos caracterizados como presenciais em disciplinas mediadas pelo uso da tecnologia, denominadas como semipresenciais (BRASIL, 2016b).
28
participantes. Para tanto, há que se falar no surgimento de uma verdadeira
comunidade virtual, construída sobre afinidades de interesses, de conhecimentos,
sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso
independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais
(LÉVY, 2000).
Diante da atual conjuntura, caracterizada por um mercado cada dia
mais exigente com a qualificação profissional, e, considerando também a “falta de
tempo” que impera no cotidiano da sociedade moderna, a tecnologia da Educação a
Distância vem se mostrando alternativa viável para contribuir com a democratização
do ensino. Se inicialmente a EAD se caracterizava como um sistema de ensino que
supunha a total separação física entre professor e aluno, atualmente a fronteira
entre Educação a Distância e Educação Presencial encontra-se cada vez menos
nítida (PIMENTEL; ANDRADE, 2005).
É relevante apontar que, do ponto de vista legal, desde a publicação
do Decreto n. 9.235/2017, ambas as modalidades não possuem qualquer distinção,
como pode ser verificado em seu artigo 100, que proíbe a identificação da
modalidade de ensino (presencial ou a distância) na emissão e no registro de
diplomas (BRASIL, 2017b).
2.4 APRENDIZAGEM AUTÔNOMA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Discute-se que as dificuldades de aprendizagem, tanto podem estar
atreladas a comunicação ineficaz, como também por motivação pessoal, afinal,
como ponderou Silva (2004) não é simples identificar e selecionar conteúdos
curriculares que sejam de interesse de todos os alunos.
Para alguns estudiosos como Nossa (1999), o professor precisa ter
a capacidade de despertar no aluno atitudes e interesses sobre os conteúdos
abordados. Isso se daria por meio de uma comunicação motivadora, de modo que
quando ele se afastar da presença do professor e da influência exercida por este, o
aluno tenha condições favoráveis de elaborar conhecimento que permite o
crescimento pessoal.
Transportando para o modelo de EAD o aluno também pode (e
deve) ser responsável pela sua aprendizagem. Nessa modalidade a aprendizagem
se dá de forma autônoma – o que não elimina a função do professor nesse processo
29
– a autonomia do aluno é imprescindível para que a aprendizagem seja efetivada.
De acordo com Carvalho (1994), várias vantagens podem ser consideradas no
contexto da aprendizagem autônoma, a seguir algumas delas:
Os alunos têm a opção de se aprofundar em assuntos exclusivos de
seu interesse;
Vão além dos ensinamentos de conteúdos que o professor desenvolve;
Respeitando as exigências curriculares e o tempo para distribuição de
conteúdo em cada disciplina, o professor, muitas vezes, não permite
condições que atendam necessidades específicas dos alunos;
Quando o professor respeita as diversas e distintas opiniões sobre
assuntos diversos o aluno, se liberta da dependência dessa relação e
descobre formas alternativas de construir o conhecimento.
De acordo com a autora, para a aprendizagem ser autônoma, devem
ser considerar três componentes essenciais que desempenham papel importante
nesse processo: componente do saber, do saber fazer e do querer.
Componente do saber: Não se trata de um saber teórico aprendido, e sim,
de um saber relativo a si mesmo, relacionado a suas capacidades e
restrições, de acordo com suas motivações. Para tanto, o “saber” envolve
conhecimentos necessários a execução de uma prática e para executá-la é
preciso saber fazer, por isso atrelado ao conhecimento o aluno precisa
executar suas habilidades.
Componente do saber fazer: Refere-se ao pressuposto de que todo
conhecimento sobre o processo de aprendizagem está naturalmente à
disposição de uma aplicação prática, isto é, o saber sobre a aprendizagem
deve ser convertido em um saber fazer. Na aprendizagem autônoma o aluno
deve ser capaz de avaliar o processo desenvolvido na sua aprendizagem,
sendo o professor – ou, no caso da EAD, o tutor – responsável por estimular
que a aprendizagem ocorra de modo ativo, com o aluno como sujeito de seu
próprio conhecimento.
Componente do querer: O aluno precisa ter esse objetivo definido para que
obtenha sucesso nesse modelo de ensino. Nesse caso, o aluno precisa estar
30
disposto a se comprometer e ter iniciativa para que obtenha bons resultados
no processo de aprendizagem. O professor e o tutor têm papel importante
para que o aluno se interesse em aprender e por isso, podem direcioná-lo
para que esse interesse seja despertado.
O professor pode estimular o processo entre o saber, o saber fazer e
o querer. Pode participar do processo construtivo, agradável e desafiador de mostrar
para o aluno a importância da aprendizagem de certa forma, autônoma.
É nesse sentido que o conceito de mediação pedagógica se faz
relevante, uma vez que toma o professor não mais como responsável por repassar
ou transmitir conhecimentos, mas como mediador do processo de aprendizagem,
como incentivador ou motivador,
Moraes (2003) define mediação pedagógica como:
[...] um processo comunicacional, conversacional, de construção de significados, cujo objetivo é abrir e facilitar o diálogo e desenvolver a negociação significativa de processos e conteúdos a serem trabalhados nos ambientes educacionais, bem como incentivar a construção de um saber relacional, contextual, gerado na interação professor/aluno (MORAES, 2003, p. 210).
A organização do estudo nesta modalidade é individualizada e
independente. Assim, se infere que o aluno tenha capacidade de construir seu
caminho acadêmico, seu conhecimento, de até se tornar autodidata, ator e autor de
suas práticas e reflexões.
Além de se considerar a necessidade da autonomia, pode-se dizer
que essa autonomia faz parte do processo de ensino e de aprendizagem
mediatizado. Portanto, a EAD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que
viabilizem e promovam a autonomia dos estudantes. De acordo com Maroto (1995),
isso acontece, em grande parte, por meio do tratamento dado aos conteúdos e
formas de expressão mediatizados pelos materiais didáticos, meios tecnológicos,
sistema de tutoria e de avaliação.
Na modalidade a distância o aluno assume uma postura mais
autônoma diante da construção do seu conhecimento, uma vez que ele é o
gerenciador de seu tempo e método de estudo, podendo organizar suas atividades
segundo suas possibilidades e preferências de horários. Nesse sentido, a mediação
pedagógica assume novos contornos, uma vez que cabe ao professor da Educação
31
a Distância desenvolver novos modos que estimulem e viabilizem a aprendizagem
autônoma. Nas palavras de Souza, Sartori e Roesler (2008, p. 331):
Na EaD, a mediação adquiriu papel de suma importância uma vez que o distanciamento físico sempre esteve a exigir recursos, estratégias, habilidades, competências e atitudes diferentes dos convencionais – pautados na exposição oral e no contato face a face. Com a inserção das tecnologias digitais de comunicação na EaD e o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, a função mediadora do professor tomou um forte impulso, pelas possibilidades e também pelas exigências da configuração desse novo “espaço”.
Assim como a tecnologia, a Educação a Distância está em constante
construção e aperfeiçoamento. Por isso, docentes e discentes precisam se
reinventar continuamente, se afastando definitivamente da ideia de que só se
aprende se o professor estiver na frente do aluno “passando” o conhecimento direta
e passivamente, sem que o aluno precise fazer nada para isso.
Entretanto, maior também passou a ser a responsabilidade do
professor em desenvolver didáticas e metodologias que favoreçam a transmissão do
conhecimento para seus alunos no ambiente digital. É neste sentido que o docente
pode aplicar os conceitos do visagismo para extrair o máximo de benefícios
possíveis e assim tornar sua teleaula mais atraente.
32
3 ASPECTOS TEÓRICOS DA COMUNICAÇÃO
A comunicação acontece por intermédio da interação nas relações
sociais. Essas relações podem acontecer em ambientes formais e não formais,
acontecer entre pessoas e ainda, entre instituições sociais. Essas, por sua vez,
podem interagir entre si, com um grupo ou até com milhares de pessoas ao mesmo
tempo.
Compreender a comunicação pressupõe olhar para a complexa rede
de relações sociais, bem como, para o contexto em que estas se dão, de modo a
perceber práticas, discursos, diálogos, contextos de interação como um todo múltiplo
em constante movimento. A prática comunicativa deve ser entendida como uma
dinâmica que articula a situação discursiva, os interlocutores, os discursos por eles
acionados e as interações simbólicas e ações mediadas pela linguagem
(MARQUES; MARTINO, 2015).
Desse modo, Marques e Martino (2015, p. 16) afirmam que
[...] as interações comunicativas configuram-se como momentos em que diferentes interlocutores usam a linguagem (e produzem linguagem) de modo a produzirem entendimentos sobre algo no mundo objetivo, social e subjetivo. Esses entendimentos não se estabelecem unicamente pela via racional, mas também, e sobretudo, pela emoção e pela afetividade.
Discutir os processos comunicacionais implica, em se ocupar ao
mesmo tempo, com os modos e contextos nos quais se estabelecem as trocas
simbólicas com os conteúdos comunicacionais, produzidos nas interações entre
sujeitos e com os meios de produção de mensagens. Implica, também tomar a
comunicação como processo complexo e dinâmico em constante atualização de
códigos e construção de novos sentidos, tendo em vista que o modo como uma
comunidade avança em suas formas de representar, interpretar e significar o mundo
é constante e imprevisível. (MARQUES; MARTINO, 2015).
É na vida cotidiana que percebemos a força das interações comunicativas, como elo vinculante de sujeitos que agem reciprocamente e que devem reconhecer o outro como parceiro fundante das relações sociais. É no cotidiano que a comunicação mediada pela linguagem se fortalece, se redimensiona e redimensiona os sujeitos e o meio no qual se inserem. Comunicar exige o estabelecimento de um quadro comum de sentidos, uma
33
interface porosa que permite o encontro de subjetividades, de experiências, pontos de vista. Assim, o contexto de interação não é um “aparte”, mas um “entorno” construído simultaneamente às práticas interativas dos indivíduos em comunidade. (MARQUES; MARTINO, 2015, p. 18).
No desenvolvimento comunicacional, as informações para serem
trocadas precisam ser produzidas, o sujeito que se comunica pode ser considerado
como fonte que produz informação ao destinatário e, para tanto, precisa de um
emissor – que transforme a mensagem em sinais/códigos – e também de um
receptor, de modo que o processo de comunicação seja efetivado. Entende-se que a
informação é o conteúdo da comunicação e que vai da fonte ao destinatário por um
canal que transporta mensagens codificadas. Esse modelo comunicacional baseia-
se no paradigma de Shannon e Weaver4, teoria comunicacional amplamente
adotada e empregada nos mais diversos ramos do conhecimento.
Mesquita (1997) comenta que a mensagem é a unidade de
comunicação e a interação entre indivíduos ocorre quando uma série de mensagens
é intercambiada. Assim, a efetivação do processo comunicacional se dá por meio da
transferência de informações, sob duas condições principais: a primeira é a
presença de dois sistemas – um emissor e um receptor; a segunda é a transmissão
de mensagens.
O comunicador (a fonte) de informação representa o sujeito que elabora a mensagem, determinando quais são os elementos do repertório disponível que podem ser transmitidos em cada circunstância. O transmissor é o suporte técnico através do qual a mensagem é transformada em um sinal, e o canal, o meio pelo qual se passa o sinal da fonte para o destinatário. O receptor constitui uma espécie de transmissor ao inverso, que decodifica tecnicamente o sinal recebido, possibilitando que ele chegue ao destinatário. A interferência ou ruído é criada por todos os fatores que, embora não pretendidos pela fonte, acrescentam-se ao sinal durante o processo de transmissão. O feedback representa, enfim, um mecanismo que permite à fonte controlar o modo como o receptor está recebendo as informações: é o mecanismo de realimentação do sistema. (RÜDIGER, 2011, p. 20).
4 Claude Shannon (1916-2001) e Warren Weaver (1894-1978), “[...] com base em suas doutrinas
conceberam uma teoria geral da comunicação que, embora contribuindo para confundir sua problemática com a problemática tecnológica dos mass media, não somente serviu durante muito tempo de paradigma conceituai desse campo de estudo, como teve a pretensão de tornar-se a base para a construção de uma ciência da comunicação.” (RÜDIGER, 2011, p. 18).
34
A fim de ilustrar as diferentes partes do processo comunicacional da
Educação a Distância, segundo o modelo de Shannon e Weaver, foram dispostos de
forma gráfica na Figura 1 os elementos determinantes no processo de comunicação,
a saber:
Figura 1 – Elementos básicos compõem a comunicação no contexto da EAD.
Fonte: Adaptado de Shannon e Weaver (1964).
Como já foi mencionado aqui, o emissor tem o papel de transmitir a
mensagem para um ou mais receptores e pode ser também chamado de locutor. O
receptor é quem recebe a mensagem que o emissor envia e pode ser denominado
também como interlocutor. Já a mensagem é o objeto pelo qual a comunicação se
apropria de forma que represente o conteúdo ou conjunto de informações
transmitido pelo emissor (SHANNON, 1948; RÜDIGER, 2011).
Como indicado na Figura 1, o contexto da EAD pode ser descrito do
seguinte modo: o professor assume o papel de emissor (locutor), isto é, o sujeito que
transmite a mensagem, e os alunos são os receptores (ou interlocutores) da
mensagem, entendida aqui como o conjunto de conhecimentos sistematizados
apresentados ao longo da teleaula.
Para além disso, Shannon (1948) destaca três outros elementos do
processo comunicacional: o contexto, também chamado de referente, que se refere
a situação em que emissor e receptor estão inseridos; o código representa o
conjunto de signos que serão utilizados em cada mensagem e o canal de
comunicação corresponde ao meio que a mensagem será transmitida, jornal, revista,
livro, televisão, redes sociais, telefones e outros. No que concerne ao contexto, no
35
caso deste trabalho, se refere à teleaula. Essa, por sua vez é utilizada como canal
principal de comunicação e apresentação em vídeo, mediada pela internet. Por
último, o código adotado a fim de transmitir a mensagem é o do discurso falado, isto
é, de linguagem verbal, entretanto, como se verá adiante, a linguagem não verbal
assume importante papel nesse processo.
A expressão “ruído de comunicação”, elemento que deve ser
considerado quando se avalia a qualidade da comunicação, ocorre quando a
mensagem não é decodificada de maneira correta pelo receptor. Isso pode
acontecer por diversos motivos, como quando o código utilizado pelo emissor pode
ser desconhecido para o receptor, por causa de barulhos no local, entonação
inadequada da voz, uso incorreto ou confuso de diferentes signos, entre outras
intercorrências (SHANNON, 1948; RÜDIGER, 2011).
Sobre o processo de decodificação, Mesquita (1997) comenta que a
produção da mensagem tem início em organizações interiores do sujeito
(conscientes ou não), até atingir a exteriorização, podendo atravessar uma série
complexa de operações em nível cognitivo, afetivo, social e motor. Embora a
intencionalidade das mensagens seja um problema teórico complexo nas interações
entre indivíduos, a autora pontua a existência de dois posicionamentos distintos
entre os especialistas: segundo ela, para alguns, “só há comunicação quando
houver informação passada com a intenção de comunicar, devendo ocorrer também
a decodificação da mensagem de maneira eficaz e bem-sucedida; para outros, esta
posição rígida está ultrapassada” (MESQUITA, 1997, p. 156).
3.1 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO DE MASSA
A comunicação interpessoal se dá a partir da troca de informações
entre as partes. Essa troca pode ser direta e imediata ou indireta e mediada. A
comunicação é direta e imediata quando duas pessoas estão frente a frente, elas se
relacionam especialmente por meio do olhar, da fala e da gesticulação.
A comunicação indireta e mediada acontece quando as pessoas
estão distantes, não existindo contato físico, visual ou por intermédio da fala. Essa
comunicação necessita de um meio que possibilite a troca de informações, esses
meios podem ser variados (telefone, mensagens, cartas, e-mails) e quando um
desses meios é utilizado ele estará mediando a comunicação entre pessoas.
36
A comunicação interpessoal é realizada entre pessoas que trocam
informações, que informam ou que precisam ser informadas e para isso, se
apropriam de algum tipo de linguagem. Nesta linguagem há elementos de fala,
gestos, escrita ou meio de voz, telefone, mensagem, carta, livro, materiais didáticos,
entre outros, que permitem relacionar-se com outras pessoas para a troca de
informações.
Enquanto a comunicação interpessoal se refere a trocas entre
pessoas, a comunicação de massa alcança proporções mais vastas se
configurando, talvez, como a forma mais democrática de transmissão de
informações, visto que não tem público certo, pode atingir diferentes públicos ao
mesmo tempo e alcançar milhares de pessoas. Os principais meios de divulgação de
massa são: jornal, rádio, televisão e internet. As informações são reproduzidas por
meio de linguagens informais e simplificadas, como é o caso do vocabulário comum
e de linguagens múltiplas, que se dão por meios visuais, sonoros e escritos
(FERNANDES, 2009).
A comunicação em massa fomenta assuntos discutidos pelas
pessoas nas ruas, escolas e em todos os ambientes onde se reúnem para debater
assuntos comuns. Essa comunicação está muito presente no cotidiano das pessoas,
trazendo conhecimentos de maneira ambivalente, informando e padronizando as
informações ao mesmo tempo.
Fernandes (2009) defende que a comunicação de massa exerce
importante influência política e cultural na sociedade e, embora não tenha poder de
determinar o que as pessoas devem pensar, parece ser capaz de estabelecer temas
sobre os quais as pessoas devem refletir. Em suas palavras:
[...] deve-se reconhecer que o papel inafastável da mídia em uma democracia é o de servir de fórum para o debate e a discussão de ideias e opiniões sobre assuntos de interesse público. No entanto, para servir à democracia e exercer em sua plenitude esse papel central na esfera pública, a mídia deve ser capaz de fornecer aos cidadãos a diversidade de vozes, de opiniões e de pensamentos necessários para propiciar o debate nacional e esclarecido sobre assuntos de interesse coletivo. (FERNANDES, 2009, p. 108).
Nesse sentido, o pluralismo das informações, bem como a
diversidade de pontos de vista veiculados por dispositivos de comunicação de
massa são pontos essenciais para a democratização da informação e, em última
37
análise, para a manutenção da própria democracia, uma vez que a concentração
dos meios de comunicação de massa por alguns grupos tende a inibir o debate de
ideias, dificultar a circulação de informações e conhecimento e impedir as diferentes
manifestações intelectuais, culturais e artísticas (FERNANDES, 2009).
De modo mais crítico, Ramos (2014) diz que a mídia, veículo da
comunicação de massa, por muito tempo foi entendida como “o quarto poder”, tendo
em vista sua influência tanto na opinião pública, quanto na organização do estado
democrático. Para a autora, competiria à mídia analisar, denunciar, investigar e
publicizar atos ilícitos, corruptos e incorretos, em diversos setores, principalmente no
político. No entanto, justamente por seus interesses mercadológicos, a imprensa
muitas vezes tem assumido posição contraditória, o que denuncia certa
cumplicidade desta com os poderes dominantes. A se confirmar, cria-se grave
problema à democracia que não pode existir plenamente sem um “contrapoder” da
opinião pública.
No tocante à disseminação de informações, a internet pode ser
compreendida como ferramenta fundamental na mudança de paradigma no modo
como a grande mídia comunica, visto que os veículos de comunicação de massa
não detêm o monopólio da palavra. Pode-se afirmar sem medo de errar que houve
avanço na pluralidade da informação com o surgimento da internet (o não quer dizer
qualidade e confiabilidade), sobretudo, pelas informações divulgadas por meio das
redes sociais e dos blogs que confere voz a milhares de indivíduos comuns
(RAMOS, 2014).
3.2 A PERSPECTIVA DA FALA E DA ESCRITA NA COMUNICAÇÃO
A fala é um processo de pensamento real, não verbal em si mesmo,
enquanto a palavra falada traz o imediatismo, a palavra escrita tem o desafio de
traduzir essa prontidão. Segundo McLuhan (2007, p. 22), “[...] o conteúdo da escrita
é a fala, bem como a palavra escrita traz o conteúdo da imprensa e a palavra
impressa traz o conceito do telégrafo”.
A fala pode determinar as diferentes maneiras de reação de uma
pessoa dependendo dos gestos e tom de voz que foram apropriados. No entanto, a
escrita separa a ação da reação: “A linguagem é para a inteligência o que a roda é
para os pés, pois lhes permite deslocar-se de uma coisa à outra com desenvoltura e
38
rapidez, envolvendo-se cada vez menos” (MCLUHAN, 2007, p. 97).
A fala é a extensão técnica da consciência. A consciência coletiva e
o conhecimento intuitivo ficam diminuídos por essa extensão, a linguagem projeta e
amplia o homem, entretanto, divide seus pensamentos. A linguagem é considerada a
principal arte da humanidade, pois manifesta, expõe, e estende todos os sentidos de
uma só vez, distinguindo humanos de animais.
McLuhan (2007) compara o ouvido humano ao receptor de rádio
capaz de decodificar as ondas eletromagnéticas e recodificá-las como som, nesse
caso a voz humana pode ser comparada ao transmissor de rádio. Se pensarmos nas
estruturas dos sentidos que são projetadas nas várias línguas, observamos que
essas podem ser tão diversas como os estilos na moda e na arte.
De acordo com o autor, a língua matriz ensina a ver e sentir, ao
mesmo tempo em que condiciona a forma de agir, de maneira exclusiva e
individualmente. A língua pode também ser considerada uma tecnologia de extensão
humana. Nos dias atuais, os computadores traduzem textos e códigos em qualquer
idioma ou codificação, instantaneamente. A tecnologia elétrica estimula a palavra
falada, enquanto a palavra escrita tem sido afetada por meios como telefone, radio e
a televisão.
Quando se pensa em palavra falada se pode inferir que é também
uma palavra escutada. Essa cultura oral e acústica estimula uma proximidade
diferente, a de homens entre si, e a construção das relações de grupos. A palavra
oral pode ser considerada limitada ao espaço audível da voz e só percorre distâncias
curtas e limitadas, permanecendo apenas em memórias coletivas (MCLUHAN,
2007).
Quanto à palavra escrita, sobretudo quando reproduzida pela
imprensa, sua permanência no espaço e tempo se torna possível devido a
constituição do coletivo, pautada em memórias externas, registros, inventários,
arquivos de toda a espécie, o que torna possível a democratização da instrução e a
construção do saber. Para o autor, entretanto, não é o conteúdo produzido o que
importa, e sim o meio pelo qual a mensagem é veículado.
McLuhan (2007) diz que:
[...] “o meio é a mensagem”, porque é o meio que configura e controla a proporção e a forma das ações e associações humanas. O conteúdo ou usos desses meios são tão diversos quão ineficazes na
39
estruturação da forma das associações humanas. Na verdade não deixa de ser bastante típico que o “conteúdo” de qualquer meio nos cegue para a natureza desse mesmo meio (MCLUHAN, 2007, p. 23).
Isso significa que as tecnologias comunicacionais produzem
consequências (individuais e sociais), independente do seu conteúdo, transformando
as estruturas da sociedade. A “mensagem” de qualquer meio ou tecnologia é a
mudança que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas (MCLUHAN,
2007).
Quando utiliza a luz elétrica como exemplo de um meio, o autor
demonstra que ela é a informação pura, mesmo havendo dificuldade na percepção
da luz elétrica como meio de comunicação:
A mensagem da luz elétrica é como a mensagem da energia elétrica na indústria: totalmente radical, difusa e descentralizada. Embora desligadas de seus usos, tanto a luz como a energia elétrica eliminam os fatores de tempo e espaço da associação humana como o fazem o rádio, o telégrafo, o telefone e a televisão, criando participação em profundidade. (MCLUHAN, 2007, p. 23).
A velocidade da comunicação por meios elétricos e a
instantaneidade com que a mensagem se difunde demonstra o caráter da
massificação de sua receptividade que não só permite a partilha de novas
experiências como também promove aproximação social em larga escala.
Nesse contexto de previsões do futuro que a revolução tecnológica
em curso irá desencadear, aparecem importantes referencias de McLuhan (2007)
quanto às transformações no ensino. A cultura eletrônica, ao agir por
instantaneidade elétrica e por receber globalmente os dados promove a
simultaneidade sensorial e a integração intelectual, o que resulta na integração dos
saberes.
Aqui se pode confrontar as afirmações de McLuhan (2007), quando
diz que a participação efetiva do aluno em seu processo de ensino e de
aprendizagem o coloca frente a um universo permissivo através da escola
cibernética do futuro. Como será discutido no próximo capítulo, nesta forma de
ensino, o próprio professor é o meio de comunicação, pelo qual a oralidade e o
discurso são compreensíveis. A fala precisa estar coerente com os gestos, a
empatia, a imagem pessoal, a postura, a temperatura do olhar, entonação de voz,
ritmo da fala, e esses elementos podem trazer para o momento da teleaula mais
40
efetividade.
Na teleaula, o envolvimento mais profundo com os alunos não se dá
apenas pela linguagem verbal, mas também por estímulos não verbais. Em se
tratando do modelo de teleaula ao vivo da Unopar, que tem mecanismos suficientes
para estimular a participação do aluno e a interação entre ambas as partes
(professor/aluno), pode apresentar melhores resultados do processo, na medida em
que é mais estimulante assistir uma aula ao vivo do que uma aula gravada ou um
vídeo disponível na internet.
Nesse sentido, os cuidados que envolvem a linguagem não verbal
precisam ser periodicamente repensados ou reconfigurados. Do mesmo modo, a
imagem pessoal pode ser uma estratégia utilizada no ambiente da teleaula. Por meio
dela, o professor pode transmitir proximidade, afetividade e bem-estar, o que pode
contribuir para o maior interesse acerca do conteúdo explanado naquele momento.
3.3 LINGUAGEM NÃO VERBAL E COMUNICAÇÃO MEDIADA POR
TECNOLOGIAS
É consenso em diversas áreas do conhecimento, dos estudos da
linguagem à antropologia, que a linguagem é o que diferencia o homem dos animais.
Nesse sentido, a mensagem que chega ao interlocutor passa por um longo processo
para que o resultado final seja alcançado. Todos os sujeitos envolvidos no processo
são atuantes, interagindo de forma direta ou indireta com o meio que transmite a
mensagem, tal como televisão, jornal, o cinema, o rádio, internet entre outros
(MCLUHAN, 2007).
Quando alguém lê um livro ou uma revista, entra em contato com o
meio de transmissão da mensagem e, assim, capta as mensagens que aquela
ferramenta comunicacional pode proporcionar de acordo com as linguagens
utilizadas. Assim, a mensagem chega ao receptor e somente depois será
processada (MCLUHAN, 2007).
Para o autor, as novas tecnologias que envolvem internet e meios
digitais exigem certo grau de participação e interação por parte do usuário, antes
desnecessária. Quanto maior for a participação, maior o volume de informação sobre
o contexto apresentado dessa cultura digital, o que exige participação efetiva,
envolvimento e reações, bem diferente do rádio que trabalha unicamente o sentido
41
auditivo. Essas reações acontecem dependendo do nível de escolaridade, cultura
dos país e da cultura hereditária de cada indivíduo, ou seja, aquilo que lhe foi
atribuído de geração em geração (BOURDIEU, 1998).
A disseminação das redes sociais nos dias de hoje pode ser lida
como importante exemplo de como as relações passaram a se basear em outras
linguagens para além da escrita ou falada. A ênfase conferida às imagens como
principal meio de comunicação/veiculação de informações, desloca do texto escrito a
centralidade da mensagem compartilhada e confere à imagem importante papel no
processo de comunicação por tais mídias. Na presente sociedade, as imagens
representam muito e comunicam por meio da linguagem não verbal, ainda, a
imagem confere ao indivíduo mais representatividade que textos, levando em
consideração os estímulos e as possibilidades midiáticas que temos na
contemporaneidade.
A popularização dos celulares de acesso à internet, iniciada na
primeira década do século XXI, modificou o comportamento humano, a
interatividade, a simultaneidade das informações e a maneira como nos
relacionamos com as pessoas e com os meios de comunicação.
Com esse cenário de novas atitudes e novos devices, o smartphone ganha destaque. Convergindo várias funções e facilidades, o aparelho se tornou uma extensão do corpo dos indivíduos que conseguem a todo instante se comunicar, se informar e se entreter de maneira simples e pervasiva. Atuando como um complemento de várias tarefas diárias, o smartphone passou a ser enxergado como um grande veículo de possibilidades comunicacionais das marcas com seus consumidores. (GUIDINI, 2017, p. 44, grifo nosso).
Outros autores como é o caso de José de Aguiar (2004) defende
que qualquer conduta comunicativa tem uma finalidade que determina os meios
utilizados para conseguir o efeito que se precisa dentro de um contexto de interação.
Isso nos leva a concluir que a linguagem verbal e as linguagens não verbais compõem-se de códigos globais que abrigam inúmeros subcódigos relacionados entre si e responsáveis por tipos de comunicação diferentes, segundo as funções que queremos privilegiar. Logo as linguagens devem ser estudadas em toda variedade de suas funções (AGUIAR, 2004, p. 57).
Quando a comunicação acontece em determinados grupos, a
42
mensagem que se propõe transmitir precisa ser eficaz e compreendida pelo locutor,
pessoa que emite uma mensagem, e para tanto, precisa estar inserida em um
contexto apreensível pelo interlocutor, pessoa que recebe a mensagem.
A comunicação é uma forma de interação na qual se compartilha
pensamentos, mensagens, sentimentos e ideias e podem influenciar o
comportamento dos outros indivíduos, que reagem de forma a seguir valores,
crenças, histórias e diversos sentidos, dentre eles: a capacidade de trocar ou discutir
informações. É também uma ferramenta de trabalho, relacionamento, lazer, para
tanto, a linguagem não se resume somente às palavras, mas sim, a uma série de
expressões faciais e corporais que tornam as palavras mais efetivas.
A linguagem não verbal envolve a postura do corpo, a expressão da
face, os gestos e esclarece muito sobre o que o indivíduo pretende comunicar, isso
tudo aliado às palavras. Os elementos presentes na comunicação não verbal são
fundamentais para o processo de comunicação e dessa forma, assume papel
essencial na decodificação das mensagens vividas.
A linguagem não verbal é genuína e está presente desde os
primórdios, por isso é considerada primária, intuitiva e menos sujeita a influências,
entretanto, algumas vezes, ela contradiz o que está sendo dito pelas palavras. É a
representação natural das atitudes dos homens e por isso expõe sentimentos e
percepções.
Quando se estabelece uma comunicação, o corpo em conjunto com
a fala traz representatividade para esse momento e dessa forma, isso remete a
certas sensações e valida a comunicação verbal ou a reprova. É comum as pessoas
mostrarem empatia por outras, primeiro por meio de mensagens não verbais e
depois por mensagens verbais.
É por isso que professores da Educação a Distância com atividades
diárias de teleaula devem estar atentos à linguagem não verbal que está sendo
transmitida, em especial no momento da teleaula ao vivo. Gesticulação em excesso,
expressões exageradas ou a falta delas, maquiagem em excesso ou falta de
maquiagem, cabelos arrumados, cores e modelagens das roupas são alguns dos
elementos que devem ser observados nessa modalidade de ensino. O professor da
EAD pode ser considerado um comunicador e para se tornar um, este professor terá
de desenvolver em si competências de uma nova linguagem midiática para se
adequar às características do meio televisão e, ao mesmo tempo, se tornar um
43
produtor/usuário/mediador (FUSARI, 1994).
Tendo em vista a importância de elementos comunicacionais verbais
e não verbais entre locutor e interlocutor5, se faz necessário que ambas as
linguagens estejam em acordo no momento em que o conhecimento é
compartilhado, uma vez que a emissão de sinais controversos pode prejudicar a
compreensão daquilo que é transmitido. A comunicação não verbal pode representar
55%, segundo dados levantados a partir da pesquisa realizada pelo armênio Albert
Mehrabian (PEASE; PEASE, 2005), professor de Psicologia na Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos.
Esse estudo concluiu que a comunicação interpessoal é constituída
7% de linguagem verbal, 38% se dá por meio do tom de voz e 55% da comunicação
é feita de modo não verbal. Quando a comunicação se dá por meio de uma ou mais
pessoas, esse contexto pode ser chamado de interpessoal e promove a troca de
informações entre locutor e interlocutor (BIRK; KESKE, 2008).
A pesquisa de Albert Mehrabian, citada anteriormentem, revelou que
apenas 7% do conteúdo da fala é absorvido pelas pessoas e isso pode ser
compreendido como linguagem verbal. Já 38% representa o tom da voz e a maneira
como se fala e os 55% restantes diz respeito a linguagem não verbal e pode ser
representada pelas vestimentas, cores, maquiagem, cabelos, gestual, expressões
faciais, empatia e postura (PEASE; PEASE, 2005).
A imagem pessoal pode refletir valores, credibilidade, cultura, além
de transmitir segurança em determinadas situações. Se relacionarmos essas
informações ao trabalho do professor da EAD na teleaula, a utilização correta
desses códigos poderá favorecer a comunicação. Para se tornar um professor
comunicador Fusari (1994) diz que o docente precisa desenvolver competências de
uma nova linguagem midiática para se adequar às características do meio televisivo
e, ao mesmo tempo, se tornar um produtor/usuário/mediador.
Quando a comunicação não verbal é direcionada e consciente ela
tem o poder de prender a atenção das pessoas, entretanto, mesmo sendo usada de
maneira involuntária, grande parte das vezes, é possível utilizá-la de maneira
estratégica. Estudos da linguagem corporal realizados por Pease e Pease (2005)
mostram que é possível decifrar a verdadeira intenção do locutor pelas contradições
5 O locutor é aquele que emite a mensagem (para um ou mais sujeitos) e o interlocutor é quem
recebe a mensagem enviada.
44
entre as palavras e os gestos podem ser detectadas ou por meio de sorrisos, gestos,
expressões faciais e códigos de vestimentas.
Enquanto fenômeno social, a comunicação se dá por meio de algum
tipo de linguagem e se modifica de acordo com o uso que as pessoas fazem dela –
verbais ou não verbais, criando diferentes sinais dependendo do grupo social ao
qual fazem parte. As diferentes comunidades espalhadas pelo mundo, por exemplo,
têm estruturas de pensamentos próprios, moldados segundo suas experiências
históricas expressas por meio de linguagens que são significativas àquele contexto
(PEASE; PEASE, 2005).
Quando McLuhan (2007) desconstrói a obsessão pelo conteúdo, o
qual de acordo com ele, parte de uma cultura letrada, obsoleta, incapaz de se
adaptar as novas condições tecnológicas. O autor sugere abandonar o excessivo
esforço para interpretar conteúdos e enfatiza a necessidade de centralizar atenções
no que deveria ser o essencial: O meio. É importante observar aqui que mesmo
quando o meio for as câmeras, certamente os “[...] elementos não verbais também
serão relevantes nesse processo de interação entre professor/aluno” (MCLUHAN,
2007, p. 32).
Essas formas de comunicação não são expressadas por palavras,
por isso, são chamadas de comunicação não verbal, pois revelam subliminarmente
gostos, cultura, experiências de vida, situação econômica, entre outros. Ferrara
(1986, p. 6) essas formas, revelam o que desejamos, “revela o que queremos que
pensem de nós”. Para o autor, nossas escolhas representam signos
comunicacionais de ordem não verbal e esse tipo de linguagem é altamente eficiente
para o contexto da comunicação humana.
De modo complementar aos signos da comunicação verbal, a
linguagem não verbal pode transmitir inúmeras mensagens que transitam entre
expressões faciais, gestos com as mãos, postura física, ritmo do corpo e voz,
refletindo por meio desses sinais, informações sobre o comunicante (FERRARA,
1986). Essa comunicação acontece, inclusive, pelas vestimentas, pela escolha de
cores, pelos sorrisos espontâneos ou simulados, maquiagens, cortes e coloração
dos cabelos, como também acessórios.
Mauricio (1995) pontua que a utilização da comunicação verbal e o
poder da persuasão em discursos são elementos fundamentais da oratória – visando
o convencimento do público – o autor concorda que a comunicação não verbal pode
45
ter a mesma influência sobre o outro quando afirma que o homem é a metade de si
mesmo; a outra metade é a sua expressão. Quando não existe coerência da nossa
fala com movimentos, atitudes e gestos, a linguagem do corpo não está de acordo
com a linguagem verbal e então tem-se a percepção da incoerência do discurso. Em
outras palavras, o que é transmitido verbalmente é indispensável, no entanto, não é
a única forma de comunicação que deve ser considerada.
É possível dizer que a comunicação não verbal é um dos elementos
mais interessantes da comunicação. Acredita-se que esta comunicação incorpora
princípios como o modo que utilizamos nosso corpo, gestos e voz para representar
mensagens que reforçam, complementam ou negam nossas palavras. O verbal e o
não verbal são complementares e juntos promovem uma forma de comunicação
mais ampla, acessível e compreensiva. Willian Shakespeare (apud DIMITRIUS;
MAZZARELLA, 2003, p. 29) disse que “o mundo inteiro é um palco, e todos os
homens e mulheres são apenas atores [...] um homem representa muitos papéis em
sua vida”.
De acordo com Davis (1979, p. 28), a verdade pode ser transmitida
por meio de expressão corporal de gestos, postura, olhares ou tom de voz, ou seja,
“[...] o verbal é o visível – o que o homem diz e como ele mexe seu corpo - são
apenas duas das formas mais óbvias de comunicação”. Na mesma linha, Eco (2001,
p. 397) afirma que “[...] a linguagem gestual teria precedido a linguagem articulada”.
Sem ela, a história, a cultura e a maioria das coisas não teriam sentido. Em outras
palavras, sem os elementos não verbais a troca de mensagens verbais ficaria
comprometida. Quando se comunica algo verbalmente, os gestos acompanham a
fala de modo a complementar o conteúdo do discurso, bem como, transparecer o
que o sujeito está sentindo naquele momento.
Umberto Eco diz que desde o surgimento da televisão, a presença
exerce uma força sinestésica6 sobre a vida sensória de muitas populações. A
televisão se tornou uma grande extensão humana, capaz de envolver e despertar
sentimentos no telespectador e de fazer com que a audiência se veja parte
integrante de um processo que compõe a massa social.
Aqui é possível fazer uma comparação com professores da EAD que
usam meios bastante parecidos com os da televisão para a transmissão das
6 Produção de duas ou mais sensações sob a influência de uma só impressão. Figura de estilo que
combina percepções de natureza sensorial distinta. (SINESTESIA, 2018).
46
teleaulas. No momento da transmissão, o professor estabelece contato com os
alunos, momento em que a mediação pedagógica se dá pelas vias dos instrumentos
tecnológicos, o que permite que o aluno se sinta parte integrante do processo de
ensino. Essa troca de experiências, essa interação é fundamental para incrementar
a teleaula.
Toda conduta comunicativa, segundo Aguiar (2004), tem uma
finalidade e é essa finalidade que determina os meios utilizados para conseguir os
efeitos que se deseja, dentro de um espaço específico de interação. No caso da
teleaula, se pressupõe que a empatia sentida pelo aluno pode levá-lo a aproveitar
mais o conteúdo que está sendo ministrado. Do contrário, se o aluno não se sentir
motivado, nem que seja pela empatia, o interesse pelo conteúdo apresentado fica
comprometido e em casos mais extremos, pode até criar desinteresse total pelo
curso.
Os aspectos como domínio de conteúdo, planejamento de aula e
conhecimento, são parte do cotidiano do professor. No contexto de trabalho da EAD,
além desses elementos, é necessário que o professor se preocupe com sua
imagem, postura, linguagem, vestimenta, entonação de voz, empatia e ainda, faça a
interação com o aluno para o bom andamento da teleaula.
Não há dúvidas de que a proximidade física pode facilitar a relação
entre locutor e interlocutor. Todavia, quando isso não é possível, a experiência que o
professor traz do sistema presencial de ensino pode se adequar à modalidade EAD.
Nesse caso, é fundamental que o professor tenha domínio do olhar, tenha
consciência corporal, empregue linguagem verbal adequada ao contexto, para
despertar o interesse do aluno por meio da câmera.
Quando a comunicação se dá pela linguagem verbal tem-se
consciência do que se está fazendo, contudo, o mesmo não ocorre no processo da
comunicação não verbal. Este é silencioso e, ao mesmo tempo, se expressa muito, é
transparente, involuntário, mas pode ser usado de forma consciente e estratégica.
A linguagem subliminar do corpo reflete elementos importantes de
nós mesmos, ainda que boa parte das pessoas não tenha consciência da linguagem
implícita em seus trejeitos. Os gestos podem ser classificados por categorias e seus
significados dependem do contexto no qual cada indivíduo distinto está inserido.
Pease e Pease (2005, p. 19), afirmam que “[...] a linguagem do corpo é o reflexo do
estado emocional da pessoa. Cada gesto ou movimento pode ser uma valiosa fonte
47
de informação sobre a emoção que ela está sentindo num dado momento”.
Segundo os estudos desses e de outros autores, não é possível
simular a linguagem não verbal, justamente pela falta de coerência que pode ocorrer
entre gestos principais, micro sinais do corpo e o discurso oral. Em outras palavras,
nossas expressões precisam confirmar o que as palavras querem transmitir, a fim de
que exista essa coerência de significação das palavras. “Como podemos observar,
na maioria das nossas relações comunicacionais, as várias funções, dominadas pela
emotiva, tendem a realizar uma mensagem persuasiva” (ECO, 2001, p. 72).
Para além dos componentes da linguagem não verbal, roupas e
acessórios são elementos que representam aspectos da cultura ou grupo a que
pertencem e carregam em si significados inerentes estabelecidos socialmente.
Castilho (2004a) diz que o corpo se transforma em uma via de comunicação entre
sujeitos e materializa sua individualidade e coletividade de maneira estruturada e
declarada em sua forma física. Para tanto, entende-se que o corpo é também usado
como forma de comunicação em determinados grupos e por isso, é preciso ter
consciência para utilizá-lo apropriadamente como discurso.
Considerando o corpo como meio de comunicação, bem como as
implicações do uso de vestimentas e acessórios, um exemplo relevante é o dos
tradutores e intérpretes de LIBRAS7. Como a transmissão da mensagem ocorre,
exclusivamente, pelo uso de sinais, a apresentação é organizada no sentido de
destacar todos os elementos que compõem a mensagem e, ao mesmo tempo,
minimizar todos os estímulos que venham a atrapalhar esse objetivo. Simião (2017,
p. 7) aponta que
Em linhas gerais, as cores da vestimenta, da pele e do cabelo do intérprete precisam ser contrastantes entre si e em relação à cor de fundo da janela ou da tela. Isso garante uma boa visualização dos sinais por parte do telespectador e contribui para a qualidade do material. Pessoas com pele clara podem utilizar tons mais escuros, como azul marinho, grafite, preto e marrom. Peles morenas e negras, por sua vez, pedem cores mais claras, como creme, bege, azul claro e salmão.
Nesse sentido, devem ser evitados quaisquer estímulos que causem
7 Língua Brasileira de Sinais: sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil, de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria (BRASIL, 2002).
48
distração, tanto nas vestimentas – cores vibrantes, estampas, bolsos, fivelas,
decotes, entre outros – como no uso de acessórios em geral (relógio, pulseiras,
colares, piercings, anéis, etc.). Tendo em vista que a expressividade facial é
elemento crucial da comunicação em LIBRAS, cuidados similares são exigidos
acerca do cabelo e maquiagem, de modo que exerçam o mínimo de interferência
possível na transmissão da mensagem.
A maquiagem é um detalhe importante na apresentação do intérprete, uma vez que atenua imperfeições, cicatrizes, olheiras, ou mesmo sinais de cansaço – detalhes que poderiam ficar bem nítidos no vídeo. [...] Além disso, recomenda-se que as mulheres usem maquiagem leve, com batom, blush e sombra em tons próximos à pele. A intenção é dar uma aparência corada e saudável ao rosto, o que contribui para gerar receptividade e identificação com o espectador. (SIMIÃO, 2017, p. 10).
Embora a tele aula, na Educação a Distância, tenha características
distintas da tradução em LIBRAS, sua principal função é a de transmitir mensagens.
Como será discutido mais a frente, a presença de estímulos visuais que perturbem
tal objetivo também é desaconselhada, já que desvia a atenção do interlocutor para
elementos que não guardam qualquer relação com a mensagem, impedindo ou
dificultando o processo de aprendizagem.
A valorização da aparência como importante representação de
papeis e funções sociais se dá nos mais diversos contextos da sociedade. Um
exemplo que se pode trazer para esta pesquisa são os critérios que as empresas
adotam para avaliar um colaborador quando decidem contratar. Esses futuros
colaboradores devem estar em consonância com os valores exigidos pela empresa,
no entanto, ocorre que essa percepção se dará pela linguagem não verbal, como
maquiagem, cabelo, roupas, carisma e tudo que se relaciona a imagem individual,
incluindo, a gestualidade, as posturas e a empatia.
Essa é a linguagem compreendida e explorada a exaustão pela
maioria dos políticos em campanhas: “A política é uma questão de aparência, razão
pela qual a maioria deles recorre a consultores de linguagem corporal para ajudá-los
a criar a imagem de sinceros, honestos e responsáveis, principalmente quando não
são” (PEASE; PEASE, 2005, p. 16).
Pease e Pease (2005) afirmam que existe um relato de Freud sobre
uma paciente que expressava verbalmente a felicidade em seu matrimônio e quando
49
mencionava esse assunto, repetia o gesto de tirar e recolocar a aliança no dedo.
Freud logo compreendeu a mensagem inconsciente deste gesto e não teve surpresa
quando os problemas do casamento daquela paciente vieram à tona. O relato
mostra uma situação banal para os profissionais que trabalham com questões
similares no seu cotidiano, mas não há dúvidas de que o mesmo raramente
acontece em outras áreas profissionais.
Enviar, receber e interpretar a linguagem não verbal são processos
independentes que acontecem sem que se tenha consciência deles. Mesmo sendo
processos naturais, podem se transformar em habilidades, como é o caso dos atores
em cena. Essas habilidades estão associadas ao conhecimento dos assuntos
pertinentes à linguagem não verbal e são importantes para o desenvolvimento da
competência social, seja na área profissional ou no cotidiano do indivíduo.
Ray Birdwhistell (apud DAVIS, 1979), diz que o próprio formato do
corpo eventualmente comunica, e não apenas pelo intermédio de seu movimento ou
de uma posição assumida. A forma do corpo contém uma mensagem, assim como,
as linhas do rosto, basta observar as características das diferentes etnias mundo
afora. Essas características particulares podem harmonizar ou não a face. Nas
palavras da autora: “Isso é uma teoria de Ray Birdwhistell que acredita na aparência
física como complemento quase sempre culturalmente programado. Birdwhistell
acha que a aparência se aprende e não se nasce com ela”. (DAVIS, 1979, p. 45).
A maneira como se conduz o próprio corpo e se realça as
características do rosto, mostra as marcas de uma determinada cultura e funciona
como uma assinatura pessoal. Contudo, a mensagem atribuída a fala, se estende ao
aspecto pessoal e de como o corpo se comunica, como por exemplo um discurso
ríspido, um tipo de olhar opaco, rosto com poucas expressões faciais simpáticas e
de postura desalinhada, seria pouco interessante para o receptor (DAVIS, 1979).
Para os professores que trabalham na modalidade de ensino à
distância, é importante entender e dominar as ferramentas disponíveis para a
comunicação na EAD. A comunicação eficiente no momento da teleaula, depende
de alguns fatores: quem diz? Em qual canal? Para quem? Diz o que? Com qual
efeito? Em qual contexto?
Claro que os contextos sociais, emocionais e físicos podem interferir
no processo de comunicação e por isso, o receptor precisa estar atento à resposta
do emissor. De modo similar é importante que o professor tenha empatia pela figura
50
do aluno na hora de explicar o conteúdo, mesmo que ele esteja do outro lado da
câmera, isso porque comunicar é diferente de informar. Informar é um ato unilateral
e envolve a pessoa que tem uma informação a expor. Comunicar implica tornar algo
comum, fazer-se entender e provocar reações no interlocutor. (SHANNON;
WEAVER, 1964).
3.4 APRESENTAÇÃO PESSOAL E APARÊNCIA DO PROFESSOR:
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DO VISAGISMO
A escolha da vestimenta é sem dúvida uma escolha de acordo com
cada estilo individual, e pode desviar ou persuadir. Vestir-se conforme a ótica alheia
é o modo de se comunicar de forma direcionada, além de conquistar fatores como
respeito e admiração.
O sujeito pode utilizar a vestimenta para demonstrar quem é e de
onde vem. No passado, além da função de proteção, roupas eram utilizadas para
indicar status, posição na hierarquia social e até modos de sedução. Para os hippies
a linguagem era feita de forma inversa, o movimento atacava sutilmente a sociedade
demonstrando desrespeito à hierarquia imposta na época (DAVIS, 1979).
[...] a linguagem do vestuário, tal como a linguagem verbal, não serve apenas para transmitir certos significados, mediante certas formas significativas. Serve também para identificar posições ideológicas, segundo os significados transmitidos e as formas significativas que foram escolhidas para transmitir (ECO et al., 1982, p. 17).
Em relação as cores, o efeito que cores podem produzir, pode ser
diverso à mensagem que a pessoa que está usando, deseja transmitir. Cores
utilizadas de forma correta podem favorecer a comunicação não verbal e influenciar
positivamente a mensagem pessoal de forma mais coerente (HELLER, 2013).
As cores transmitem mensagens. Elas fazem com que o cérebro
receba diferentes estímulos a cada uma delas, transformando isso em emoções,
sentimentos, reações, inspirações e/ou associações. A cor correta próximo ao rosto,
pode iluminar os pontos fortes, trazer harmonia e efeitos positivos, o contrário, pode
envelhecer, acentuar manchas, espinhas e olheiras.
Não existe cor sem significado, postula Heller (2013). Entretanto, o
critério que indica de que modo cada cor será percebida é o contexto em que ela se
51
apresenta. Abaixo, com base na pesquisa de Heller (2013), apresenta-se uma tabela
para indicar as relações mais comuns entre as cores e as mensagens
correspondentes a cada uma delas:
Quadro 1 – As cores e suas mensagens
Vermelho
Agressividade
Sedução Força
Azul
Harmonia Amizade
Concentração Confiança
Dourado
Beleza
Verde
Credibilidade Segurança
Preto e prata
Elegância
Cinza
Insegurança Insensibilidade
Indiferença
Azul, branco e prata
Inteligência
Marrom
Introversão
52
Branco
Leveza
Fonte: Adaptado de Heller (2013).
O homem se veste devido a três circunstâncias fundamentais:
proteção, considerando a necessidade de abrigo para as intempéries;
ornamentação, que traz elementos de diferenciações sejam elas demográficas,
sociais ou relacionadas aos gêneros; e pudor (CIDREIRA, 2005; CASTILHO, 2004b).
Desse modo, o ato de vestir pode se relacionar com questões de sobrevivência, mas
é, marcadamente, um ato social. Cidreira (2005, p. 13) comenta que:
Nada mais arraigado em nossa própria cultura do que o ato de vestir o corpo. Quando nos vestimos, além de agradar a nós mesmos temos a tendência de seguir padrões que o grupo em que estamos inseridos muitas vezes determinam, a partir de padrões estipulados pela sociedade que vivemos.
Verifica-se o caráter intrinsicamente cultural do ato de vestir, bem
como sua relação com a tendência humana a pertencer a grupos. Sobre isso,
Cidreira (2005) explica que a moda “[...] permite ao homem assumir sua liberdade de
se constituir naquilo que ele escolheu ser, mesmo se o que ele escolheu representa
o que os outros escolheram em seu lugar” (CIDREIRA, 2005, p. 96).
No caso deste estudo, as referências sobre a imagem pessoal são
presididas por teorias do visagismo que defendem a harmonia do rosto de cada
indivíduo, através de traços da face, cores e cortes de cabelo e maquiagem,
especialmente por ser um dos ângulos mais focados no momento da teleaula. Por
isso a importância em se harmonizar as características externas, como traços,
formatos e características especificas do rosto do humano.
O termo visagisme foi criado pelo francês Fernand Aubry na década
de 1930 e deriva da palavra visage que significa rosto em francês. Para Aubry o
visagismo representava a arte e o visagista representava um escultor do rosto
humano, com a função de melhorar os pontos positivos e disfarçar os pontos
negativos que desiquilibram toda a harmonia do conjunto.
O visagismo é tão antigo quanto o desenvolvimento da civilização,
uma vez que a busca da melhoria da imagem pessoal, seja pelo uso de adornos ou
53
por outras estratégias de alteração do corpo, pode ser verificada nas mais diferentes
culturas e tempos. Pertencer a determinados grupos tem fator relevante na imagem
pessoal e faz com que o indivíduo se adapte e queira participar desses convívios,
formando, então, grupos distintos.
O visagismo é a arte de criar uma imagem personalizada, abrange muitas áreas dos conhecimentos: estética, artes visuais, geometria, física óptica, matemática, psicologia, antropologia e sociologia. Analisar o cliente é importante, porque o profissional de beleza precisa saber reconhecer com que tipo de pessoa vai trabalhar. Ele precisa também ter consciência de como sua criação, no cabelo ou na maquilagem afetará o estado psicológico e emocional e o comportamento desse cliente (HALLAWELL, 2009, p. 32).
As teorias do visagismo abordam elementos como formatos de
rosto, tons de pele, características físicas, elementos visuais – linhas, formas, cores,
texturas e luz, de modo a indicar pontos do rosto que podem ser valorizados e
destacados de maneira que a adequação da imagem pessoal represente
corretamente características da personalidade de cada indivíduo
Hallawel (2009) defende a importância de expressar a imagem com
clareza e adequação, condizente com as especificidades de cada indivíduo, uma vez
que essa imagem precisa reproduzir gostos, escolhas, crenças e culturas quando é
percebida pelo outro. Desde as épocas mais primitivas a necessidade de proteção,
imitação e individualização fez com que a os sujeitos buscassem se diferenciar uns
dos outros por meio de sua imagem, seja com uso de vestimenta específica,
pinturas, uso de aparatos, etc. Aubry (apud HALLAWELL, 2009), quando criou o
conceito do visagismo objetivou a criação de uma determinada imagem que
definisse o indivíduo, e por isso, o autor identificava primeiro o tipo físico, traços de
personalidade, profissão e preferências pessoais para só então, definir o visual.
Segundo Hallawell (2009), o rosto é ao mesmo tempo uma
identidade e uma máscara. Essa mascara será saudável se funcionar como uma
proteção ou escudo. Não se mostrando ao mundo, a pessoa se defende da
vulnerabilidade, porém esconder a essência do seu ser pode provocar várias crises
de identidade.
A imagem pessoal pode ser interpretada pelas especificidades de
quem carrega consigo histórias de vida. Segundo Hallawell (2009), o cérebro reage
emocionalmente às linhas, formatos, luzes e cores que compõem a face. Dessa
54
forma, os recursos que o visagismo possui conseguem organizar a imagem
adequada de diferentes pessoas para que a imagem refletida seja mais coerente e
transmita com os significados que se pretende transmitir.
55
4 ANÁLISE SOBRE A IMAGEM DO PROFESSOR NA TELEAULA
4.1 EXPRESSIVIDADE CORPORAL DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA
TELEAULA
Davis (1979) afirma que mais de mil expressões faciais são
possíveis a partir do ponto de vista anatômico. Os músculos da face são bastante
versáteis, mesmo assim, os indivíduos raramente os mostram por inteiro, visto que
as noções de civilidade que se aprende desde a infância, exigem gestos contidos,
exceto na cozinha, banheiros ou quartos. A tomada de consciência pelo professor
acerca das implicações da expressividade facial na facilitação do processo de
aprendizagem pode contribuir para o melhor desempenho da comunicação, seja
essa presencial ou à distância.
Além da expressividade facial, os gestos compõem parte da
comunicação não-verbal, podendo auxiliar na compreensão da linguagem verbal e
torná-la mais eficiente caso não seja expressada de forma clara. Para Davis (1979),
a maioria dos gestos relaciona-se intimamente com a linguagem, de modo a ilustrar
ou enfatizar componentes do discurso. Além disso, gestos podem indicar elementos
como distância, direção, formas, movimentos, entre outros.
Embora cada indivíduo possua seu estilo gestual próprio, os gestos
se relacionam com aspectos da cultura a que pertencem esses indivíduos (DAVIS,
1979). As culturas desenvolvem diferentes gestos para contextos específicos e
atribuem sentidos próprios para cada gesto, ou seja, o repertório de gestos de uma
pessoa é socialmente construído e varia conforme o país (ou mesmo região) a que
ela pertence. Desse modo, ao visitar países estrangeiros uma pessoa pode passar
por constrangimentos caso não esteja familiarizada com elementos culturais
específicos daquele local.
56
Figura 2 - Gesto que representa aceno no Brasil
Fonte: 10 gestos... (2011).
O sinal da mão aberta erguida, no Brasil e México, pode representar
diferentes mensagens, como “pare”, o número cinco ou, se em aceno, um simples
tchau (figura 2) ou mesmo boas-vindas. Entretanto, na Grécia, Paquistão ou em
países da África Oriental pode ser interpretado como maldição ou insulto. O gesto
tido como ofensivo pode ter essa representatividade devido ao período Bizantino,
quando as pessoas humilhavam prisioneiros algemados esfregando excrementos
em suas caras.
57
Figura 3 – Dedos cruzados/Figas
Fonte: 10 gestos... (2011).
Dedos cruzados ou figa (figura 3) em países como Brasil, Portugal e
EUA, significa desejo de boa sorte ou fertilidade. Já em países como a China, Japão,
Grécia, Ucrânia, Turquia, Indonésia e Rússia, tal gesto é visto como insulto e
desonra; na Holanda e Tunísia representa o pênis.
Embora a expressão facial seja considerada por diferentes autores
como principal meio de transmissão de informações não verbais (CHAVES;
COUTINHO; MORTIMER, 2010; SANTOS; MORTIMER, 2001), os gestos também
compõem o discurso não-verbal e, se utilizados com coerência, contribuem com a
transmissão efetiva daquilo que se deseja comunicar.
A gesticulação pode informar, complementar conteúdos verbais,
reforçar ideias, além de denunciar estados emocionais, como nervosismo,
ansiedade, insegurança e demais sentimentos e emoções humanas. Como já foi
dito, pode evidenciar a origem cultural de uma pessoa ou, ainda, representar estilo
pessoal, uma marca registrada. A apropriação de novos gestos por uma pessoa
pode, ainda, demonstrar processos de identificação entre indivíduos, como pontua
Davis (1979, p. 116): “Essa mímica inconsciente é muito comum. O indivíduo sempre
incorpora um gesto, um sorriso ou uma variante de entonação de alguém a quem ele
admira.”
Chaves, Coutinho e Mortimer (2010) apontam que os gestos
58
encerram conceitos e princípios que nem sempre se manifestam na língua. Nas
palavras dos autores:
[...] o gesto e a fala são produtos de um só processo de formação de enunciado que é simultaneamente imagístico e linguístico. Sendo o gesto uma manifestação de aspectos imagísticos da nossa atividade cognitiva, a sua análise pode informar sobre o modo como as ideias se encontram estruturadas a nível conceitual, isto é, sobre o modo como organizamos e damos uma estrutura às informações que apreendemos do mundo exterior. (CHAVES; COUTINHO; MORTIMER, 2010, p. 23).
Num contexto de diálogo ou de transmissão de informações, os
gestos também podem oferecer indícios sobre a atenção do ouvinte em relação ao
que é explanado. Situações em que o interlocutor passa a repetir gestos e
expressões do locutor sugerem sincronia e grande atenção dispensada. De modo
inverso, gestos e movimentações que sugerem impaciência ou inquietação por parte
daquele que ouve podem ser compreendidas como forma de acelerar a conclusão
daquela conversa.
Na conversa entre duas ou mais pessoas, há necessidade de um canal não-verbal para que o diálogo continue: um olhar relativamente firme e certos comportamentos de retorno, tais como, concordar ocasionalmente com a cabeça ou reações faciais apropriadas. Se não houver absolutamente nenhum sinal, a conversa fatalmente acaba. A linguagem silenciosa do corpo, que muitas vezes contradiz as palavras, é a expressão do inconsciente e reflete algo importante sobre nós mesmos. (BIRK; KESKE, 2008, p. 6).
Do mesmo modo que na gesticulação, o ritmo de cada indivíduo
também mostra muito sobre sua personalidade e seu estado emocional. Pessoas
mais calmas tendem a se movimentar de maneira mais sútil e delicada, ao passo
que pessoas mais enérgicas e/ou ansiosas tendem a falar mais rápida e a se mover
de maneira igualmente enfática.
Como já foi dito, para tornar compreensíveis as mensagens
transmitidas, é imprescindível considerar outros elementos para além das palavras
faladas, isto é, considerar todo o corpo como um conjunto de movimentos e de
expressões. Nesse sentido, outro elemento não-verbal abordado por Davis (1979) é
a postura corporal que dentre todos os elementos não verbais, componentes do
comportamento humano é um dos mais simples de ser observado e interpretado, de
59
acordo com a autora. Assim como as demais formas de comunicação, a postura
reflete as construções sociais de determinada cultura: posições corporais são
avaliadas como adequadas ou inadequadas pelo grupo social de acordo com o
contexto em que são apresentadas, dessa forma, determinadas posições são mais
prováveis de serem adotadas que outras, o que confere um caráter de relativa
previsibilidade ao estudo da expressividade corporal.
A postura adotada por um indivíduo pode revelar ainda dois
aspectos importantes: as características psicológicas da pessoa (como timidez,
extroversão, autoconfiança, entre outros) e as respostas emocionais da pessoa nas
relações sociais (p. ex.: quando se sente ameaçado, se afasta da pessoa; quando
gosta da pessoa, se inclina em direção a ela) (DAVIS, 1979).
No caso da teleaula da Unopar, objeto dessa pesquisa, o estudo dos
movimentos e expressões corporais pode contribuir para a construção de um
determinado vocabulário não verbal específico ao âmbito da teleaula, de modo a
introduzir saberes acerca do uso adequado de gestos, ritmos e posturas perante as
câmeras, de modo a favorecer a transmissão de conhecimentos no contexto de
ensino a distância. Na mesma direção, Chaves, Coutinho e Mortimer (2010)
comentam que:
[...] o comportamento comunicativo não verbal do docente pode ser visto como um recurso que regula a interação, uma ferramenta com que os professores podem contar para direcionar suas ações na sala de aula, para a organização e o manejo da classe, e mesmo para servir de “chave de interpretação”, ou seja, direcionar o valor a ser atribuído a partes diferentes do enunciado, realçando ou reduzindo-as, de acordo com o contexto em que está inserido. (CHAVES; COUTINHO; MORTIMER, 2010, p. 23).
Assim, hipotetiza-se que o autoconhecimento do docente, sobretudo
no que concerne às expressões não verbais, pode favorecer o processo de
aprendizagem dos alunos. Contudo, para além do autoconhecimento, a empatia
pode ser considerada como elemento importante no sentido de articular e/ou
organizar a apresentação de elementos não verbais.
Em concordância com Brolezzi (2014), adotou-se aqui a definição de
empatia como resposta afetiva e cognitiva que supõe uma mobilização para o outro.
No contexto de ensino-aprendizagem, o autor propõe que a empatia seja analisada
segundo dois aspectos: 1) o papel da empatia no conhecimento que o professor tem
60
do que o aluno sabe; 2) o papel da empatia na compreensão da influência que esse
conhecimento tem no processo. Enquanto o primeiro configura atividade específica
do professor, a quem caberia o papel de compreender profundamente cada aluno,
seus limites e potencialidades; o segundo contempla o professor ao considerar a
influência do seu próprio ego na relação com o aluno, mas também seria uma
atividade fundamental por parte do aluno, que ao mobilizar-se para o universo
exterior, deixar-se-ia adentrar na mente do professor e partilhar dos seus
conhecimentos.
No contexto do ensino a distância, embora o professor não consiga
conhecer com profundidade seus alunos, como sugerido acima, pode-se aventar
que a adoção deliberada de elementos verbais e, especialmente, não verbais que
facilitem a apreensão da mensagem transmitida, são estratégias fundamentais para
o exercício da docência em teleaula. A apresentação de determinadas posturas ou
gestuais que indiquem agressividade e rigidez, por exemplo, podem dificultar a
apropriação pelo aluno daqueles conceitos veiculados. Do mesmo modo,
expressões faciais e gestos que sugiram insegurança, ansiedade ou dúvida,
poderão ser assimilados de modo inadequado ou mesmo não ser assimilados pelos
alunos.
4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS
A fim de fomentar discussões sobre a temática proposta, foram
realizadas duas entrevistas com profissionais de referência nas áreas de
comunicação e imagem, a fim de contribuir para a compreensão da comunicação
não verbal, de maneira prática, no modelo EAD selecionado. Seguindo um
questionário de perguntas semiestruturadas, devidamente submetido e aprovado
pelo CEP, Phillip Hallawell e Pedro Barreto foram entrevistados em dois momentos
diferentes e as entrevistas foram gravadas e transcritas.
É importante salientar que a escolha dos entrevistados se baseou na
busca por participantes com vasta experiência em suas áreas de atuação e
importante relevância com relação ao tema da pesquisa.
Conforme informações veiculadas em seu lattes, Philip Hallawell é
artista plástico e arte-educador. Mestre desenhista e profundo conhecedor da
linguagem visual, ele pesquisa como o cérebro percebe e processa imagens há 40
61
anos. Seu método de visagismo é baseado na associação de vários trabalhos
científicos nas áreas da psicologia, da neurobiologia e da antropologia com os
fundamentos da linguagem visual.8
Pedro Barreto, o segundo entrevistado, foi escolhido em função de
sua experiência profissional na área de comunicação. Em workshop de visagismo e
de técnicas televisivas ministrado pelo profissional a professores da EAD da Unopar
em 2017, o foco foi comportamento e postura diante das câmeras. Além dos vários
pontos importantes abordados, um ponto bastante destacado foi o da compreensão
necessária ao docente que trabalha o conteúdo de aula, dentro de um estúdio, que
naquele lugar ele é, sobretudo, um comunicador. Outro ponto importante trabalhado
foi o exercício da simpatia durante a aula, como sorrir, expressar alegria, confiança e
conhecimento daquilo que está ensinando.
A seguir será feita uma discussão dos principais pontos elencados
pelos entrevistados, de modo a dialogar com os aspectos teóricos abordados no
texto e as práticas de teleaula realizadas no contexto da Unopar.
Há uma diversidade de perfis de alunos matriculados nos cursos de
EAD da Unopar. Mesmo assim, quando o professor entra no estúdio para ministrar a
sua aula, ao vivo, tanto a linguagem verbal, como a não verbal precisam estar
alinhadas aos diferentes contextos logados. Em se tratando do mesmo curso, seja
na modalidade presencial, seja na modalidade EAD, os alunos geralmente têm perfis
parecidos e por isso é comum acontecer situações recorrentes nos diferentes
contextos, nesses casos, a linguagem verbal geralmente ocorre da mesma forma.
Muitos professores ministram suas disciplinas em mais de um curso,
com adequações de materiais para cada um deles. Nesses casos, tanto a linguagem
verbal como a não verbal também deve ser apropriada para o contexto atuante.
Desta forma, o aluno não encontrará dificuldades para compreender o conteúdo,
nem tão pouco a linguagem do professor.
Se pensarmos na Educação a Distância, onde o professor é também
um comunicador, a apropriação dos códigos de comunicação não verbal pelo
docente é imprescindível. Pease e Pease (2005, p. 19) afirmam que “[...] a
linguagem do corpo é o reflexo do estado emocional da pessoa. Cada gesto ou
movimento pode ser uma valiosa fonte de informação sobre a emoção que ela está
8 Conf. em http://www.visagismo.com.br/.
62
sentindo num dado momento”. Portanto, a linguagem corporal deve estar alinhada
ao papel do comunicador na construção do conhecimento.
Destaca-se aqui excerto da entrevista de Pedro Barreto, que versa
sobre isso:
Os professores precisam adequar a linguagem de acordo com o aluno, com o curso, é necessário se fazer entender em qualquer contexto. Por isso a adaptação é essencial. Fato é que, todos os indivíduos são comunicadores e precisam saber comunicar, saber expressar o que pretendem para viver em sociedade. Tudo pode ajudar ou tudo pode atrapalhar esse discurso na hora da teleaula, se o professor estiver de acordo com o que ele se propõe passar para o aluno, a comunicação terá sido realizada com efetividade. (Entrevista 2 – Pedro Barreto).
Defende-se aqui que a comunicação verbal transfere para a teleaula
a linguagem coloquial, enquanto a linguagem não verbal transfere fundamentos
pessoais como gestual, imagem, postura e empatia. Enquanto Pedro Barreto
destaca os aspectos comunicacionais do professor na tele aula, Phillip Hallawell
evidencia em sua fala a instantaneidade da captação, pelos alunos, dos elementos
comunicacionais, verbais e não verbais, veiculados. Para o entrevistado, se o
professor não dominar tais elementos, corre o risco de prejudicar a conexão entre
alunos e o conteúdo ministrado. Em suas palavras:
[...] o professor é um comunicador e na modalidade EAD ele precisa se apropriar de técnicas televisivas, além do conhecimento do conteúdo para prender a atenção do aluno, precisa ter consciência da comunicação não verbal já que a câmera “interpreta” a sua imagem. Os elementos que o aluno vê através das câmeras são captados e imediatamente processados, e a partir disso o cérebro associa a imagem e seus elementos comunicacionais aos arquétipos que estão armazenados no cérebro. Os conteúdos precisam estar alinhados à fala, à gesticulação e aos estímulos apresentados pelo professor para que a atenção do aluno não se perca tão rápido, por isso ter consciência desses elementos da comunicação verbal e não verbal se faz necessário no momento da teleaula ao vivo. (Entrevista 1 - Phillip Hallawell).
Aqui, faço um adendo relacionando a comunicação não verbal às
técnicas da televisão, o professor da EAD terá de desenvolver consciência de todos
os elementos que compõem a sua imagem frente as câmeras. Desde acessórios,
cores da maquiagem, texturas, padronagem e cores das vestimentas, cores de
cabelo, até penteados e cortes de cabelo. Isso porque, nada pode chamar mais
63
atenção do aluno que o próprio conteúdo apresentado pelo professor.
A linguagem que as pessoas fazem das características pessoais de cada um é realizada de forma inconsciente, e após essa leitura do cérebro, mesmo que inconsciente, as pessoas esperam as respostas aos estímulos que tiveram a partir dessas leituras. Quando essas respostas chegam de forma diferente cria-se uma frustração. [Nesse momento da entrevista, o sr. Philip faz uma breve leitura das minhas características, descrevendo linhas, formatos e expressões da minha face enquanto essa entrevista acontecia por meio de uma reunião por Skype] Seu rosto se inclina para frente quando falo, boca e sobrancelhas se levantam e por conta dessas especificidades aparenta ser dinâmica, comunicativa, criativa, espontânea e ainda, uma pessoa de iniciativa. (Entrevista 1 - Phillip Hallawell).
Conforme postula Hallawell, a ausência de elementos não verbais
que confirmem o conteúdo do discurso falado, ou que expressem sentimentos e
emoções que condizem com o contexto de ensino podem criar empecilhos para a
transmissão efetiva de informações na teleaula. Na mesma direção, Birk e Keske
(2008), afirmam que o discurso não verbal pode ser dividido em sons, palavras,
sentenças, parágrafos, pontos e vírgulas, formando uma grande estampa em nosso
corpo. Este, por sua vez, reflete mensagens verdadeiras e muitas vezes, mais fáceis
de interpretar que as próprias palavras. Quando nos comunicamos através da
linguagem não verbal, nossos reflexos involuntários e mais profundos são
expressados por meio do corpo, sem que tenhamos conhecimento desse processo.
Como professora da modalidade EAD, entendo que a imagem nesse
caso é mais ampliada que na sala de aula presencial, visto que o tamanho da
imagem no momento da tele aula ao vivo é muito maior que a da tela de um
computador, por exemplo, dando margem para a observação de muitos elementos.
A expressividade facial, por exemplo, toma novas proporções, tendo
em vista não apenas o tamanho da imagem exibido na tele aula, mas a qualidade da
imagem, o que evidencia, exponencialmente, a presença de traços, formas, sinais e
expressões faciais. Essa diferença em relação a uma aula presencial exige do
professor a consciência de que todos os sinais transmitidos serão visualizados em
proporção maior e mais clara pelos alunos, o que implica não apenas na adoção de
expressões que estejam em consonância com o conteúdo abordado, mas nos
próprios cuidados na preparação do professor para a tele aula, considerando
elementos como uso de acessórios e maquiagem.
64
O professor precisa se conscientizar que para reter a atenção do aluno, em especial a distância, é necessário diferentes estímulos durante a teleaula, intervenções com vídeos, imagens e mudança de tonalidade de voz em determinados momentos [...] já em relação a imagem, ela pode ser dividida em proporções, chamada de regra dos terços (proporção áurea), onde o rosto pode ser dividido em 3 partes iguais, tudo que está no terço inferior tem ação visual para baixo, por isso é uma parte mais pesada visualmente, já o 2/3 e o 3/3 é a parte que chama atenção para cima e cria leveza para a imagem do rosto em especial. Quando existe a consciência dessas proporções, a imagem melhora de forma positiva, tudo isso aliado a vestimenta, maquiagem, postura, cores, volumes, texturas, entonação e gesticulações adequadas. (Entrevista 1 - Phillip Hallawell).
Como Hallawell, acredito na harmonia dessas proporções.
Entretanto, para que exista equilíbrio no fazer uso desses elementos como
estratégia, retorna-se ao um ponto constantemente reforçado aqui: é preciso que
haja consciência de aspectos específicos do rosto, o que até bem pouco tempo,
somente profissionais especializados na área do visagismo, conseguiam interpretar
proporções faciais e seus pontos positivos e negativos. Como o professor da EAD
resolve esse impasse “didático”? Com treinamentos, ensaios e observâncias das leis
do visagismo. Os pontos positivos do rosto podem ser realçados pela paleta de
cores apropriada, maquiagem específica e cortes de cabelo. De igual maneira, os
pontos negativos também poderão ser disfarçados por meio das mesmas
ferramentas.
Aspectos como domínio de conteúdo, planejamento de aula e
conhecimento, já fazem parte da bagagem cotidiana do professor. No contexto de
trabalho da EAD, no entanto, só esse instrumental não é suficiente. É necessário
também que o professor do Ensino à distância tenha sob seu controle a imagem,
postura, linguagem, vestimenta, entonação de voz e tudo mais que será necessário
para interagir com os alunos na teleaula. Evidentemente, a proximidade física facilita
a relação entre locutor e interlocutor. Mesmo na ausência desta, contudo, o
professor da EAD pode despertar o interesse do aluno por meio dos recursos
utilizados no estúdio, em frente a câmera.
A entrevista realizada com o pesquisador Philip Hallawell confirmou
o que teóricos, sobretudo do comportamento e da comunicação, têm dito sobre a
importância da comunicação não-verbal e a simultaneidade de correlação entre a
comunicação verbal e não verbal, vivenciados pelo indivíduo sob influência do seu
inconsciente. Por isso a imagem pessoal de uma pessoa representa não somente
65
beleza ou harmonia estética, ela comunica/revela características interiores e
expressa personalidade, daí a necessidade de domínio de técnicas que harmonizam
a imagem, tanto pessoais quanto profissionais.
Assim, a partir das leituras e das entrevistas, compreende-se melhor
que a linguagem não verbal transmite códigos e mensagens, mesmo quando
estamos em silêncio. Deste modo, seguem algumas ilustrações do que se entendeu
como adequado e inadequado na teleaula da EAD, considerando a linguagem não
verbal, observada pelos olhos, postura, roupas e gestual.
Figura 4 – Postura inadequada x adequada
Fonte: Do autor.
A postura é elemento fundamental diante das câmeras e fala por si
só.
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Figura 5 – Olhar de descaso x olhar simpático
Fonte: Do autor
O olhar pode afastar ou aproximar, dependendo da sua
expressividade. Na Educação a Distância, a câmera mostrará para o aluno a
imagem do professor por inteiro, com seus jeitos e trejeitos, simpatia ou antipatia no
momento da transmissão. Na entrevista 2, Pedro Barreto fala sobre o olhar e sua
relação com a empatia:
A questão do olhar. O professor precisa ver seu interlocutor e não uma câmera. Sempre manter o sorriso para a geração de empatia, a postura ereta de ataque facilita a impostação da voz. Falar sempre como em uma relação individual com o aluno, no singular. Não exagerar na simpatia, ser sempre você mesmo, sem forçar a barra. O aluno precisa entender que você está ali porque gosta, e não porque representa um personagem. Se o professor tentar convencer o aluno a gostar dele próprio terá um trabalho muito maior, o aluno precisa se interessar pela disciplina não pelo professor, se acontecer dessa forma, gostar do professor será uma consequência, para isso o professor precisa contar a disciplina de uma forma agradável. (Entrevista 2 – Pedro Barreto).
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Figura 6 – Gesticulação inadequada no momento da teleaula
Fonte: Do autor
Outro aspecto pouco falado fora do ambiente de estúdio é sobre a
gesticulação. Não raro, essa precede a fala e se impõe como imagem. Gesticular
em vão, como é bastante comum, não colabora com a atenção do aluno, pelo
contrário, pode facilmente dispersar, isso porque a gesticulação deve estar em
sintonia com o que é dito.
Figura 7 - Gesticulação de acordo com a fala
Fonte: Do autor
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Quando a gesticulação acontece de acordo com a fala o
entendimento pode se dar com mais facilidade e a chance de dispersão do aluno é
menor.
Figura 8 – Vestimenta adequada x vestimenta inadequada
Fonte: Do autor.
A vestimenta é importante no momento da teleaula. Tatuagens,
decotes, modelagens, cores, etc., devem ser avaliados pelo professor antes desse
momento. Sobre isso, destaco o excerto abaixo, retirado da entrevista 2:
A estética é um estado de prazer humano, ela sempre representará isso. Mesmo que eu crie um monstro para um filme de terror, ele não pode ser tão horrível e desagradável que eu não consiga olhar para ele no filme. Ele precisa ser um monstro estético, um feio estético. Que seja feio, mas que seja agradável de se olhar. Por isso um professor que não se preocupa com a imagem, vai criar uma impressão estética insuportável, ele vai criar um ruído nessa comunicação. (Entrevista 2 – Pedro Barreto).
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Figura 9 – Voz alta
Fonte: Do autor.
Ponto importante a ser observado é a entonação da voz, que deve
ser comedida, ritmada pela respiração adequada, tendo sempre em mente que o
ouvido do aluno da EAD, está no microfone pregado geralmente na lapela.
Finalmente, entende-se que todos os recursos que envolvam a
aparência do professor devem ser considerados, de modo que os estímulos visuais
atuem como potencializadores da mensagem veiculada e não como empecilhos no
processo de aprendizagem. Como foi discutido, elementos dos mais diversos, como
acessórios, cores e texturas da vestimenta, corte de cabelo e penteados e até a
maquiagem podem influenciar esse processo. Além desses, o repertório não verbal
configura-se como objeto imprescindível de análise e observação, por parte do
professor, de maneira que a comunicação seja de fato, uma ferramenta a favor do
ensino na Educação a Distância.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa o objetivo proposto foi aproximar a importância da
linguagem verbal e não verbal e como esses elementos podem favorecer a
comunicação na teleaula. Para atingir os objetivos propostos, a metodologia
empregada foi a de revisão de bibliografia acrescida de duas entrevistas com
profissionais de referência nas áreas do visagismo e da comunicação por câmeras.
Por considerar importante esses elementos no momento da teleaula,
a pesquisa debruçou-se sobre as teorias da comunicação, conceitos do visagismo e
técnicas utilizadas em programas televisivos.
A comunicação silenciosa (não verbal) que está presente em nosso
cotidiano e nas relações interpessoais, têm o poder de envolver e pode influenciar
tanto quanto a linguagem pura e unicamente verbal. A linguagem verbal não existe
sem a linguagem não verbal, ou seja, elas coexistem.
E é por isso que no contexto da EAD, em específico na teleaula, a
empatia é vital desde o primeiro contato, assim como, a adequação da linguagem
verbal deve estar coerente com o nível universitário e o contexto do aluno.
Ambos os entrevistados dessa pesquisa defenderam a empatia
como um dos elementos da comunicação não verbal, de grande relevância na
teleaula. Essa característica aproxima e traz credibilidade, ao contrário, quando
existe frieza no olhar ou soberba, a sensação será negativa e o distanciamento do
aluno poderá acontecer instantaneamente. Reverter esse quadro em plena aula é
possível, mas demanda muito trabalho.
Já se falou em outro momento, mas reforça-se aqui, que depois de
estudar os elementos comunicacionais que foram abordados nessa pesquisa, ficou
claro que em relação ao trabalho do professor da EAD, a comunicação verbal dá o
tom da teleaula, ou seja, a linguagem formal. Todavia, compete a linguagem não
verbal a construção de representações tais como: gestos, imagem pessoal, postura
e empatia.
Todos os elementos que envolvem uma teleaula começam bem
antes dela ir para o ar. A preparação do material, elaborados de acordo com a matriz
curricular do curso e da disciplina a qual o professor ministrará é um rito pedagógico
que precisa considerar a linguagem verbal do aluno.
Esta pesquisa demonstrou que o professor da EAD pode ser
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considerado também um comunicador e como tal, precisa se apropriar de técnicas
que envolvem autoconsciência quanto a entonação de voz, postura adequada e
consciência corporal frente a câmera, controle das emoções, concatenamento entre
falas e gestos, movimentos corporais e expressões faciais.
Nesse sentido, para melhor desempenhar seu papel na teleaula, o
professor da EAD deve compreender e dominar tanto os aspectos que envolvem a
imagem pessoal, como aspecto da linguagem verbal e não verbal, sobretudo a
segunda, pois emite códigos e mensagens que são imediatamente decodificados
pelo cérebro do aluno. A partir daí, está feita a relação entre à imagem e seus
elementos comunicacionais aos arquétipos que estão armazenados no cérebro de
cada um.
Toda a parte que envolve a aparência do professor deve ser
considerada. Desde acessórios, até a maquiagem, cores e texturas da vestimenta,
de corte de cabelo, de penteados. Contudo, nada pode chamar mais a atenção do
aluno que o conteúdo apresentado naquele momento. É por isso esses elementos
comunicacionais devem ser observados e tratados de maneira que a comunicação
seja de fato, uma ferramenta a favor do ensino pela EAD.
Não há dúvidas de que há muito ainda a ser pesquisado sobre o
tema. Sobretudo pela importância de se pensar, cada vez mais, sobre as teorias da
comunicação e do visagismo em ambiente de sala de aula - exatamente o que o
estúdio se torna na hora da teleaula - Infelizmente, o tempo do mestrado é curto em
relação a dinâmica da pesquisa e ao grau de dificuldade que algumas podem
apresentar. Por isso, quem sabe no doutorado pode-se ir além e buscar
compreender como se dá o aprendizado em ambientes virtuais, desta feita, para
além das teorias da comunicação e visagismo, adotar-se-á teorias do campo da
psicologia.
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APÊNDICES
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APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1) Você considera o professor da EAD um comunicador?
2) A empatia favorece a comunicação dentro do contexto da teleaula?
3) O professor da EAD, além dos conteúdos abordados, deve se apropriar de
recursos voltados a imagem pessoal para tornar a aula mais atraente?
4) O conteúdo precisa estar alinhado, porém o primeiro encontro na teleaula, pode
determinar a empatia ou rejeição pela disciplina?
5) Quais são os elementos que envolvem técnicas televisivas e que são
considerados importantes no primeiro contato e que podem contribuir para a
comunicação na teleaula?
6) A aula deve ser atraente e proporcionar diferentes estímulos aos alunos, em
contrapartida, se confundida com entretenimento seu conteúdo pode se perder?
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APÊNDICE B – Entrevista 1 - Philip Hallawell
ENTREVISTA 1 - PHILIP HALLAWELL
Data:
O senhor considera o professor da EAD um comunicador?
Philip Hallawell: Diferente da sala de aula presencial, onde existe uma
movimentação de um lado para outro e o gestual aproximado, a interação se faz
mútua, existe a interrupção imediata na hora da explicação caso exista dúvidas por
parte do aluno, o professor da EAD precisa ser mais articulado, precisa trazer mais
didática a sua teleaula, cuidar com o gestual de forma que não perturbe a
comunicação na câmera, já que sua imagem será apresentada em uma tela maior
no polo presencial, o professor precisa se preocupar no quadrante da câmera e para
isso uma postura ereta se faz necessário, existe ainda, a preocupação com o tempo
que é todo cronometrado e não pode se estender como em uma sala de aula
presencial por exemplo. O professor é um comunicador e na modalidade EAD ele
precisa se apropriar de técnicas televisivas, além do conhecimento do conteúdo para
prender a atenção do aluno, precisa ter consciência da comunicação não verbal já
que a câmera “interpreta” a sua imagem. Os elementos que o aluno vê através das
câmeras são capitados e imediatamente processados, e a partir disso o cérebro
associa a imagem e seus elementos comunicacionais aos arquétipos que estão
armazenados no cérebro. Os conteúdos precisam estar alinhados à fala, à
gesticulação e aos estímulos apresentados pelo professor para que a atenção do
aluno não se perca tão rápido, por isso ter consciência desses elementos da
comunicação verbal e não verbal se faz necessário no momento da teleaula ao vivo.
E sobre a empatia? É necessária consciência desse fator para que a comunicação
seja mais efetiva dentro do contexto da teleaula?
Philip Hallawell: Como estudioso do assunto a muitos anos, ministrar aulas e
inclusive já ter apresentado programas de TV na cultura, defendo a teoria junguiana
que diz que características do rosto são lidas e representadas por símbolos
arquétipos. A linguagem que as pessoas fazem das características pessoais de cada
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um é realizada de forma inconsciente, e após essa leitura do cérebro, mesmo que
inconsciente, as pessoas esperam as respostas aos estímulos que tiveram a partir
dessas leituras. Quando essas respostas chegam de forma diferente cria-se uma
frustração. [Nesse momento da entrevista, o Sr. Philip faz uma breve leitura das
minhas características, descrevendo linhas, formatos e expressões da minha face
enquanto essa entrevista acontecia por meio de uma reunião por Skype] Seu rosto
se inclina para frente quando falo, boca e sobrancelhas se levantam e por conta
dessas especificidades aparenta ser dinâmica, comunicativa, criativa, espontânea e
ainda, uma pessoa de iniciativa.
O senhor acha que o professor da modalidade EAD, além dos conteúdos abordados,
deve se apropriar de recursos voltados a imagem pessoal para tornar a aula mais
atraente?
Philip Hallawell: O professor precisa se conscientizar que para reter a atenção do
aluno, em especial a distância, é necessários diferentes estímulos durante a
teleaula, intervenções com vídeos, imagens e mudança de tonalidade de voz em
determinados momentos [...] já em relação a imagem, ela pode ser dividida em
proporções, chamada de regra dos terços (proporção áurea), onde o rosto pode ser
dividido em 3 partes iguais, tudo que está no terço inferior tem ação visual para
baixo, por isso é uma parte mais pesada visualmente, já o 2/3 e o 3/3 é a parte que
chama atenção para cima e cria leveza para a imagem do rosto em especial.
Quando existe a consciência dessas proporções, a imagem melhora de forma
positiva, tudo isso aliado a vestimenta, maquiagem, postura, cores, volumes,
texturas, entonação e gesticulações adequadas. Acredito na harmonia dessas
proporções, entretanto, para que exista equilíbrio, é preciso existir consciência de
alguns pontos do rosto, somente profissionais especializados na área do visagismo,
conseguem ter essa visão ampla das proporções do rosto e seus pontos positivos e
negativos. Esses pontos positivos podem ser realçados através de cores,
maquiagem específica e cortes de cabelo. E os pontos negativos também poderão
ser disfarçados através dos mesmos elementos. É necessário entender as
diferenças entre bonito e belo, o bonito está relacionado ao aceitável socialmente, é
o equilíbrio (simetria) e a harmonia (cores). As roupas, maquiagem, cabelos, pele,
sobrancelhas, barba aparada, tudo que é agradável aos olhos, é considerado bonito.
O belo torna evidente a essência da pessoa, estando associado as características
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internas de uma pessoa. Entretanto, é preciso também encontrar o equilíbrio. Por
exemplo: uma pessoa extremamente comunicativa precisa manter o equilíbrio para
que seja agradável ao outro, e aqui, no contexto professor/aluno/teleaula, nesse faz
necessária a harmonia da imagem externa e interna, o equilíbrio da imagem para si
mesmo e para o outro. De acordo com os elementos da comunicação não verbal, a
forma como o outro se relaciona com o indivíduo pode reforçar ou anular a imagem
que está sendo transmitida. Por isso, o equilíbrio entre o exterior e o interior é tão
necessário.
O senhor acredita que além do conteúdo precisar estar alinhado no momento da
teleaula, como já foi mencionado anteriormente, o primeiro contato (teleaula) é
capaz de determinar empatia ou rejeição pela disciplina?
Philip Hallawell: O conteúdo da teleaula precisa ser dinâmico e ter estímulos
constantes para que o interesse do aluno da modalidade EAD se estenda pelos 80
minutos de teleaula. O professor precisa ter a didática específica ao EAD, onde não
posso me aprofundar, já que não diz respeito a minha especialidade, mas toda
instituição deve ter o seu modelo para direcionar o professor. Já em relação ao
primeiro contato, o aluno ou telespectador de algum telejornal espera algo do
professor/comunicador que está do outro lado, sempre existem expectativas antes
desse encontro, a imagem precisa ser diferente do aluno, seja na linguagem, seja na
postura, na impostação da voz, na vestimenta, ou pura e simplesmente na própria
imagem pessoal. Os elementos visuais são importantes tanto presencialmente como
na imagem apresentada em uma tela, na EAD a imagem fica restrita à parte superior
do corpo, da cintura para cima, sendo o rosto o principal ponto de visão do aluno. As
cores das roupas, modelagens, acessórios e maquiagem são percebidas facilmente
no momento da teleaula, e por isso a atenção para a parte superior do corpo precisa
ser redobrada. Já em relação a primeira impressão do aluno é necessário coerência
e adequação no primeiro dia de teleaula, para que a impressão não seja afetada, é
importante que o professor da EAD saiba que a comunicação feita através da
imagem e seus elementos não verbais, traz uma sensação positiva ou negativa.
Quando se transmite uma imagem negativa o trabalho de reverter essa sensação é
muito maior do que o preparo para uma imagem adequada e harmônica.
Então, quais seriam os elementos que envolvem técnicas da televisão que deveriam
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ser adotados no primeiro contato aluno/professor na teleaula e que podem contribuir
para a comunicação?
Philip Hallawell: Todos os elementos de imagem pessoal, entonação de voz, postura
e gesticulação que são adotados por apresentadores de telejornal, acredito que
tenha o modelo desses elementos bem definidos.
O senhor explanou sobre os estímulos que o aluno deve receber durante a teleaula,
para que a atenção seja retida por mais tempo, se confundida com entretenimento o
conteúdo pode se perder?
Philip Hallawell: Com certeza o conteúdo pode se perder se o estimulo for feito de
maneira errada. É necessário, respeitar a linguagem coloquial que uma teleaula
pede, os elementos todos mencionados aqui, um professor por exemplo, não pode
dar uma teleaula (ou pelo menos não deveria) com camiseta de banda, com a barba
descuida, cabelo bagunçado, a professora com a maquiagem inapropriada, ou um
decote mais profundo. Não seria de bom tom, e ainda, considero falta de respeito
para com o aluno. O professor pode e deve ser simpático, fazer uma brincadeira
aqui outra ali, para de vez em quando descontrair aquele momento, mas a
linguagem coloquial, a imagem adequada e condizente, os elementos
comunicacionais (verbais e não verbais) precisam ser respeitados, para que não
caia no entretenimento e pior, na falta de credibilidade que essa postura pode
ocasionar.
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APÊNDICE C – Entrevista 2 – Pedro Barreto
ENTREVISTA 2 - PEDRO BARRETO
Data:
Você considera o professor da EAD um comunicador?
Pedro Barreto: Ele deve ser um comunicador sempre, cabe ao comunicador explicar
com clareza a informação que ele oferece. Os professores precisam adequar a
linguagem de acordo com o aluno, com o curso, é necessário se fazer entender em
qualquer contexto. Por isso a adaptação é essencial. Fato é que, todos os indivíduos
são comunicadores e precisam saber comunicar, saber expressar o que pretendem
para viver em sociedade. Tudo pode ajudar ou tudo pode atrapalhar esse discurso
na hora da teleaula, se o professor estiver de acordo com o que ele se propõe
passar para o aluno, a comunicação terá sido realizada com efetividade.
Em se tratando de empatia, você acredita que favorece a comunicação na tele aula?
Pedro Barreto: Com certeza, empatia e vínculo afetivo faz a diferença na hora de se
comunicar na tele aula.
E sobre o professor da EAD, você considera importante a apropriação de recursos
voltado à imagem pessoal para tornar a teleaula mais atraente?
Pedro Barreto: Não diria atraente e sim mais agradável. Visualmente?
Pedro Barreto: Claro! Óbvio! É uma questão de estética. A estética é um estado de
prazer humano, ela sempre representará isso. Mesmo que eu crie um monstro para
um filme de terror, ele não pode ser tão horrível e desagradável que eu não consiga
olhar para ele no filme. Ele precisa ser um monstro estético, um feio estético. Que
seja feio, mas que seja agradável de se olhar. Por isso um professor que não se
preocupa com a imagem, vai criar uma impressão estética insuportável, ele vai criar
um ruído nessa comunicação.
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O conteúdo precisa estar alinhado, porém o primeiro encontro na teleaula, pode
determinar a empatia ou rejeição pela disciplina?
Pedro Barreto: Acho que não. Mas ela pode criar uma dificuldade muito grande, já
que a primeira impressão fica por muito tempo. Ela pode não ser eterna, mas ela fica
por um bom tempo e para se desfazer dela será trabalhoso. O mesmo acontece em
uma palestra, ou no início de uma aula. Se o locutor causar uma má impressão no
começo, ele passará mais tempo reconquistando a plateia para poder reverter isso.
Quais são os elementos que envolvem técnicas televisivas e que são considerados
importantes no primeiro contato e que podem contribuir para a comunicação na
teleaula?
Pedro Barreto: A questão do olhar. O professor precisa ver seu interlocutor e não
uma câmera. Sempre manter o sorriso para a geração de empatia, a postura ereta
de ataque facilita a impostação da voz. Falar sempre como em uma relação
individual com o aluno, no singular. Não exagerar na simpatia, ser sempre você
mesmo, sem forçar a barra. O aluno precisa entender que você está ali porque
gosta, e não porque representa um personagem. Se o professor tentar convencer o
aluno a gostar dele próprio terá um trabalho muito maior, o aluno precisa se
interessar pela disciplina não pelo professor, se acontecer dessa forma, gostar do
professor será uma consequência, para isso o professor precisa contar a disciplina
de uma forma agradável.
A aula deve ser atraente e proporcionar diferentes estímulos aos alunos, em
contrapartida, se confundida com entretenimento seu conteúdo pode se perder?
Pedro Barreto: Não. Não necessariamente, você pode ensinar entretendo. O que
não deve acontecer é criar um entretenimento alheio ao conteúdo, porque dessa
forma você desvia o caminho. Mas se esse entretenimento estiver relacionado ao
conteúdo da matéria, não tem problema nenhum. E cita o exemplo de professores
de cursinho que transformam seus conteúdos em entretenimento.
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