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Londrina 2018 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS LUCIANE DA SILVA BARBOSA A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula

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Londrina 2018

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA

LUCIANE DA SILVA BARBOSA

A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula

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LUCIANE DA SILVA BARBOSA

Londrina 2018

A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias. Orientadora: Profª Drª Bernadete de Lourdes Streisky Strang.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Barbosa, Luciane da Silva.

B199p A “performance” do professor da EAD. / Luciane da Silva

Barbosa.. Londrina: [s.n], 2018.

87f.

Dissertação ( Mestrado Acadêmico em Metodologias

para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias). Univer-

sidade Norte do Paraná.

Orientadora: Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky

Strang.

1 - Ensino - dissertação de mestrado - UNOPAR 2-

Professor 3- EAD 4- Comunicação I- Strang, , Bernadete de

Lourdes Streisky; orient. II- Universidade Norte do Paraná.

CDU 37.01.43

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LUCIANE DA SILVA BARBOSA

A “PERFORMANCE” DO PROFESSOR DA EAD: A Implicação de Elementos Comunicacionais na Teleaula

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Metodologias para o Ensino

de Linguagens e suas Tecnologias, área e concentração em Formação de

Professores e Ação Docente em Situações de Ensino, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre conferido pela Banca Examinadora formada pelos

professores:

_________________________________________ Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky Strang

UNOPAR

_________________________________________ Prof. Dr. Eliza Adriana Sheuer Nantes

UNOPAR

_________________________________________ Prof. Dr. Vanderley Flor da Rosa

UTFPR - Cornélio Procópio

Londrina, ___ de _____________ de 2018.

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Dedico minha dissertação a minha mãe, que

sempre acreditou em mim e me deu subsídios

para alcançar meus objetivos.

Dedico ainda, ao meu marido Marcelo que me

incentiva todos os dias e nesse longo e árduo

processo não foi diferente.

Dedico também a minha orientadora Prof, Dra.

Bernadete Strang pela confiança, paciência,

incentivo, amizade e excelente orientação.

Aos meus filhos Calebe e Theodora que me

impulsionam para alçar voos mais altos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a querida Bernadete Strang pela orientação. Por acreditar

que eu era capaz, e mesmo sem me conhecer direito, me abriu as portas como uma

mãe que abre os braços para receber um filho.

Tenho muita gratidão por você compartilhar comigo seus

ensinamentos tanto pessoais quanto acadêmicos, me orientar, me incentivar e me

dar broncas, muitas broncas. Obrigada por tanta paciência e dedicação para comigo.

Tenho orgulho em dizer que fui sua aluna, sua orientada e hoje sua amiga.

Agradeço a minha mãe que sempre colaborou nesse processo, a

sua maneira, e me possibilitou alcançar esse objetivo tão sonhado chamado

mestrado. Minha eterna gratidão.

Agradeço ao meu amor Marcelo, que sempre em meio as minhas

tempestades, me deu a mão, me apoiou e foi meu parceiro até o fim.

Ao Professor Phillip Hallawell, que em meio a tantos compromissos

se disponibilizou em responder ao questionário que contribuiu para o embasamento

desse trabalho, trazendo ainda mais solidez às teorias.

Ao Pedro Barreto, que com sua imensa expertise na área da

comunicação respondeu ao questionário com tantos detalhes e dessa forma,

compartilhou sua experiência e talento no contexto dessa pesquisa.

A professora Dr. Eliza Nantes, que me auxiliou quando precisei e

principalmente por se disponibilizar em participar da banca de qualificação e defesa

da minha pesquisa.

Igualmente, ao professor Dr. Vanderley Flor da Rosa que se

deslocou de sua cidade para participar da minha qualificação e defesa contribuindo

dessa maneira para a construção do meu trabalho.

A Unopar que disponibilizou acessos, informações, subsídios e

principalmente acreditou na minha pesquisa.

Aos amigos que foram imprescindíveis em momentos específicos

desse processo: Marcelo, Aleksander, Valdecir, Natalia e Jacqueline.

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"Combati o bom combate terminei a corrida, guardei a fé" ( 2 Tm. 4:7).

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BARBOSA, Luciane da Silva. A “performance” do professor da EAD: a implicação de elementos comunicacionais na teleaula. 2018. 87 f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.

RESUMO

O objetivo principal desta pesquisa é compreender a importância da linguagem verbal e não verbal e como esses elementos podem favorecer a comunicação na teleaula. O modelo de teleaula, aqui utilizado é o da Universidade Norte do Paraná (Unopar), onde aulas da modalidade EAD, em especial para a graduação, são ministradas ao vivo. Esses encontros se dão semanalmente até que a disciplina se encerre, são realizados quatro ou cinco encontros a cada disciplina ministrada. A perspectiva teórica adotada é oriunda da comunicação, tendo McLuhan (2007), como principal interlocutor. O autor afirma que os meios de comunicação atuam como extensão de nós mesmos e a mensagem de qualquer meio é a mudança de padrões, tendências ou paradigmas que acaba por se introduzir e fazer parte da vida humana. Outra contribuição importante para essa discussão vem de Mafesolli (2010), que defende a lógica de que a identidade serve de suporte ao individualismo e que ao longo da vida o sujeito pode se identificar com diferentes projetos, personagens, grupos e situações. As mudanças, conversões e revoluções afetam tanto as aparências, como as relações interpessoais do indivíduo fazendo com que a existência passe a ser construída com base na relação com o outro, na lógica comunicacional. Segundo Mafesolli (2010), a identidade se forma por um conjunto de máscaras, e se dá na e pela comunicação. A metodologia adotada foi a de revisão bibliográfica acrescida de duas entrevistas semiestruturadas, devidamente submetidas ao Comitê de Ética em Pesquisa. Embora não possuam valor estatístico, essas entrevistas se justificam por discutirem especificamente o modelo de EAD observado neste estudo. No conjunto de representações que compõem a sociedade e que contribuem para a identificação, parece relevante, para essa discussão, trazer algumas abordagens específicas como elementos da imagem pessoal, postura, entonação de voz e gesticulação. Esses fatores relacionados a comunicação verbal e não verbal precisam ser considerados e realizados de forma articulada a fim de favorecer a comunicação na teleaula. Phillip Hallawell contribui para esse estudo ao trazer conceitos que atribuem valor a imagem pessoal.

Palavras-chave: Ensino. Professor. EAD. Comunicação.

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BARBOSA, Luciane da Silva. The "performance" of the EAD teacher: the implication of communicational elements in teleaula. 2018. 87 p. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2018.

ABSTRACT

The main objective of this research is to understand the importance of verbal and non-verbal language and how these elements can favor communication in teleaula. The teleaula model used here is the University of Northern Paraná (Unopar), where EAD classes, especially for graduation, are taught live. These meetings are given weekly until the discipline is finished, four or five meetings are held each discipline taught. The theoretical perspective adopted comes from communication, with McLuhan (2007) as the main interlocutor. The author affirms that the media act as extension of ourselves and the message of any means is the change of patterns, tendencies or paradigms that ends up being introduced and being part of human life. Another important contribution to this discussion comes from Mafesolli (2010), who defends the logic that identity serves as support for individualism and that throughout life the subject can identify with different projects, characters, groups and situations. Changes, conversions and revolutions affect both the appearances and the interpersonal relationships of the individual, making existence to be built based on the relationship with the other, on the communicational logic. According to Mafesolli (2010), identity is formed by a set of masks, and occurs in and by communication. The methodology adopted was to review the bibliography, plus two semi-structured interviews, duly submitted to the Research Ethics Committee. Although not statistically significant, these interviews are justified because they specifically discuss the EAD model observed in this study. In the set of representations that make up the society and that contribute to the identification, it seems relevant, for this discussion, to bring some specific approaches such as elements of personal image, posture, voice intonation and gesture. These factors related to verbal and non-verbal communication need to be considered and carried out in an articulated way in order to favor communication in the tele-address. Phillip Hallawell contributes to this study by bringing concepts that attach value to the personal image.

Key-words: Teaching. Teacher. EAD. Communication.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Elementos básicos compõem a comunicação no contexto da EAD. ........ 34

Figura 2 - Gesto que representa tchau no Brasil ...................................................... 56

Figura 3 - Dedos cruzados/Figas .............................................................................. 57

Figura 4 - Postura inadequada x adequada ............................................................. 65

Figura 5 - Olhar de descaso x olhar simpático ......................................................... 66

Figura 6 - Gesticulação inadequada no momento da teleaula.................................. 67

Figura 7 - Gesticulação de acordo com a fala .......................................................... 67

Figura 8 - Vestimenta adequada x vestimenta inadequada ...................................... 68

Figura 9 - Voz alta .................................................................................................... 69

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LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

ABT Associação Brasileira de Tecnologia Educacional

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior

EAD Educação a Distância

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização

MT Ministério das Comunicações

NTIC Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

UnB Universidade de Brasília

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

2 A EDUCAÇÃO POR MEIO DAS TELAS ....................................................... 15

2.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL ........ 15

2.2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL ................ 22

2.3 ESPECIFICIDADES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................................... 25

2.4 APRENDIZAGEM AUTÔNOMA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..................... 28

3 ASPECTOS TEÓRICOS DA COMUNICAÇÃO .............................................. 32

3.1 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO DE MASSA ............. 35

3.2 A PERSPECTIVA DA FALA E DA ESCRITA NA COMUNICAÇÃO ............... 37

3.3 LINGUAGEM NÃO VERBAL E COMUNICAÇÃO MEDIADA POR

TECNOLOGIAS .............................................................................................. 40

3.4 APRESENTAÇÃO PESSOAL E APARÊNCIA DO PROFESSOR:

CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DO VISAGISMO .......................................... 50

4 ANÁLISE SOBRE A IMAGEM DO PROFESSOR NA TELEAULA ............... 55

4.1 EXPRESSIVIDADE CORPORAL DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA

TELEAULA ..................................................................................................... 55

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS ............................................. 60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 70

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 72

APÊNDICES ................................................................................................... 80

APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas ........................................................... 81

APÊNDICE B – Entrevista 1 - Philip Hallawell ................................................ 82

APÊNDICE C – Entrevista 2 – Pedro Barreto ................................................. 86

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1 INTRODUÇÃO

Com a evolução tecnológica, novos parâmetros para o ensino estão

surgindo. A expansão do uso da internet tem conferido destaque aos cursos a

distância ou semipresenciais. A cada dia o computador permite a utilização de

recursos poderosos para os estudantes realizarem pesquisas, testar conhecimentos

específicos, descobrir novos conceitos e adquirir experiências, ultrapassando

barreiras geográficas e temporais.

A Educação a Distância (EAD) atualmente se configura como uma

das modalidades educacionais disponíveis para atender a demandas de qualificação

e profissionalização impostas por inovações do mercado de trabalho. Este, por sua

vez, está cada vez mais competitivo e em constante expansão, contando, muitas

vezes, com uma força de trabalho que, tradicionalmente, não teria acesso a tais

processos de educação tecnológica.

Além da demanda de mercado de trabalho, a democratização do

ensino, com a crescente necessidade de acesso à informação, garante que

inovações tecnológicas para obtenção de conhecimento se estabeleçam.

Transformações sociais, econômicas, tecnológicas e políticas geram

impacto nas relações de ensino. A sociedade da era tecnológica passou a exigir dos

profissionais da educação postura criativa para a alteração do padrão educacional

no formato tradicional que vinha sendo praticado durante séculos. Desta forma, foi

agregado novas metodologias à dinâmica educativa, fazendo uso dos recursos

tecnológicos disponíveis para mediação da prática didático-pedagógica.

Os avanços tecnológicos promovem a integração de todos os

espaços e tempos, de modo que processo de ensino e aprendizagem se produza

não mais no espaço físico, mas num espaço estendido, isto é, numa interligação

profunda e constante entre mundo físico e digital, uma sala de aula ampliada que se

mescla constantemente (MORÁN, 2015).

Nesse contexto, o modelo de Educação a Distância utilizado na

pesquisa é o da Unopar (Universidade Norte do Paraná) instalada em Londrina,

Estado do Paraná, por se tratar de uma das instituições de ensino superior (INEP)

pioneiras nessa modalidade de ensino no Brasil.

Fundada em 1972, a Universidade Norte do Paraná tem como

missão oferecer educação de qualidade para a região de Londrina, no Paraná,

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sendo reconhecida uma instituição inovadora e de excelência em ensino. Em 2003,

a IES iniciou a oferta de cursos na modalidade EAD, tornando-se a primeira

instituição a atender todos os requisitos do Ministério da Educação (MEC) para

exercer essa categoria de ensino. A partir de 2011, a Unopar foi adquirida pela

Kroton Educacional, uma das maiores organizações educacionais privadas do Brasil,

com referências mundiais no setor da educação1.

A Unopar obteve credenciamento para atuar em Educação a

Distância, segundo Brasil (2003), a partir da portaria ministerial 3496/2002 de 13 de

dezembro de 2002. O recredenciamento por mais cinco anos aconteceu em 2006, e

se efetivou por meio da Portaria Ministerial n. 556 em 20 de fevereiro de 2006. O

primeiro curso ofertado pela instituição, na modalidade EAD foi o curso Normal

Superior, com habilitação para as séries iniciais do ensino fundamental. O curso

iniciou em março de 2003 e formou a primeira turma no 2º semestre de 2005. No

Brasil, esta modalidade está sendo adotada na educação, em programas de

qualificação e formação profissional e em educação corporativa (ABBAD, 2007).

Segundo dados veiculados no portal online da IES, atualmente a

Unopar oferece mais de 30 cursos na modalidade EAD (tecnólogos, bacharelados e

licenciaturas), além de cursos semipresenciais (cursos de graduação). Criada pela

Unopar, a metodologia semipresencial utiliza recursos tecnológicos no contexto do

ensino. O aluno participa de atividades em grupo e assiste a aulas transmitidas ao

vivo, via satélite (a partir de estúdios localizados no município de Londrina/PR), uma

vez por semana no polo escolhido, com a presença de um tutor em sala. Nos demais

dias, o aluno realiza as atividades de forma online, por meio de recursos e

conteúdos disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e conta com

o suporte de tutores (UNOPAR, 2018).

A teleaula é um sistema bimodal que corresponde ao Sistema de

Ensino Presencial Conectado da Unopar, contando com atividades síncronas e

assíncronas, ou seja, com momentos presenciais em teleaulas transmitidas via

satélite e atividades a serem realizadas no ambiente virtual de aprendizagem, em

momento diverso ao da teleaula.

Tradicionalmente, as teleaulas realizadas nesta IES têm a duração

de uma hora e meia e durante a transmissão os alunos podem interagir de forma

1 Conf. em http://www.kroton.com.br/.

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simultânea em momentos intitulados como reflexão, momento de pergunta ou a

critério do professor. Outra forma de interação na teleaula se dá quando vídeos são

apresentados pelos professores de acordo com suas respectivas disciplinas. Ao

longo da teleaula o professor consegue interagir com os polos a partir dos chats

controlados pelo tutor eletrônico de dentro do estúdio. Dessa maneira ele pode

controlar e receber contribuições dos alunos também em outros momentos da aula.

Essa comunicação acontece por mediação de tutores presenciais e tutores

eletrônicos.

Os alunos da Unopar EAD têm à disposição o Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA) que se configura como espaço para realização de atividades

educativas, mediadas pelo uso de tecnologia de informação e comunicação, com

vistas à interação e o trabalho colaborativo. Nesse ambiente são desenvolvidas

atividades de produção textual, de interatividade síncrona e assíncrona (fórum, chat

e mensagens), organizadas pelos professores e orientadas pelos tutores para os

alunos dos cursos ofertados. Ainda neste ambiente é disponibilizada a biblioteca

digital como suporte pedagógico ao desempenho acadêmico e materiais didáticos

utilizados no contexto de formação (UNOPAR, 2018).

A IES possui polos distribuídos em todos os 26 estados brasileiros e

no Distrito Federal. Nesses espaços, tutores presenciais oferecem suporte ao aluno

no momento em que as teleaulas são ministradas, ao vivo e online. Esses tutores

ficam logados a um chat, que por sua vez é mediado por outros tutores,

denominados tutores eletrônicos, que trabalham no local em que está o professor no

momento da aula, repassando dúvidas, contribuições e comentários pertinentes ao

conteúdo da teleaula.

Uma das ferramentas que alunos, professores e tutores utilizam são

os fóruns de discussão, nos quais os professores trabalham temas de suas

disciplinas e estimulam os alunos a utilizarem aquele espaço também para

dialogarem entre si, além de construírem conhecimentos. Outra ferramenta de

interação que pode ser utilizada pelo aluno, é a “sala do tutor”, nas quais dúvidas

relacionadas à disciplina podem ser esclarecidas.

A inserção ao contexto da Ead motivou o estudo dessa temática

partindo dos conceitos presentes na comunicação, em específico na teleaula da

Unopar, tendo em vista a familiaridade vivenciada no cotidiano com o âmbito da

pesquisa. Como professora da disciplina “Conceitos e Práticas em Imagem Pessoal”

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do curso de Estética e Cosmética da Unopar, sempre foi percebida a linguagem não

verbal na teleaula e suas implicações no processo de ensino. Contudo, são

incipientes as publicações destinadas para essa temática no contexto da EAD.

Desse modo, o objetivo principal desta pesquisa foi o de compreender a importância

da linguagem verbal e não verbal, assim como, elucidar elementos que podem

favorecer a comunicação do professor na teleaula.

Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico que se debruçou,

portanto, sobre elementos que podem favorecer a comunicação verbal e não verbal

na teleaula, considerando o ambiente no qual os professores ministram suas aulas,

visto que ao invés de alunos, o que eles encontram são câmeras, microfones,

assistentes e tecnologias distintas de uma sala de aula. Segundo McLuhan (2007),

os meios atuam como extensão de nós mesmos e a mensagem de qualquer meio

pode trazer mudanças de padrões, tendências ou paradigmas que acabam por se

introduzir e fazer parte da vida humana.

O referencial teórico da dissertação se situa nas teorias de

comunicação e se apoia nas obras de McLuhan (2007) e Davis (1979). Além destes,

considerando o papel do professor comunicador, dialoga-se com Maffesoli (2010),

que aborda a centralidade da aparência, da banalidade e futilidade das coisas. O

autor explica que a imagem pode ser discutida pelo viés que postula que o corpo e

as roupas são meios de comunicação e que a vida urbana é a vida das aparências.

As referencias que se dão por meio das teorias do visagismo são presididas por

Phillip Hallawell (2009).

Conforme já dito tomou-se como objeto de pesquisa o modelo de

teleaulas produzido na Unopar de Londrina/PR, Unidade Tietê, local em que se

encontram os estúdios, professores e tutores, assim como todo amparo físico e

tecnológico da EAD.

A dissertação está organizada em três capítulos: o primeiro

apresenta um breve panorama histórico e legal da Educação a Distância no Brasil. O

segundo versa sobre aspectos da teoria da comunicação relacionados com o objeto

de pesquisa e o terceiro apresenta a análise e discussão dos elementos

comunicacionais das teleaulas, sobretudo não verbais, traçando correlações entre as

teorias e os dados obtidos nas entrevistas realizadas.

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2 A EDUCAÇÃO POR MEIO DAS TELAS

Os meios de comunicação evoluíram de maneira exponencial no

último século e tais avanços tecnológicos se estenderam também para o processo

de educação. Isto criou a necessidade de diversificação dos recursos pedagógicos

oferecidos pelas instituições. Com a expansão da internet como ferramenta

comunicacional, tem-se popularizado gradativamente a Educação a Distância como

proposta de democratização do ensino, entretanto a utilização da internet como

veículo educacional não se configura como a primeira nem a única modalidade de

Educação a Distância existente na sociedade brasileira.

Em períodos anteriores da história, as ferramentas pedagógicas

utilizadas no ensino correspondiam à tecnologia disponível na época, quando a

internet ainda não era uma realidade. Desde o início do século XX há registros de

formas de educação a distância por meio de correspondência, radiodifusão, fax,

televisão. Desde então, as inovações ligadas a EAD criaram novas formas de

contato social e de socialização do conhecimento, nas quais o contato físico foi

colocado em segundo plano em favor da ampliação do conhecimento que rompe

várias barreiras, sobretudo geográficas.

2.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Em contexto mundial, Educação a Distância, ainda em seu formato

mais arcaico, se ampliou após a Segunda Guerra Mundial, devido à expressiva

demanda de formação de novos profissionais. Por conseguinte, “[...] muitas

experiências usando EAD foram desenvolvidas no período pós-guerra,

especialmente pela necessidade de capacitar a população europeia em novas

atividades laborais” (VIDAL; MAIA, 2010, p. 14). A escassez de mão de obra exigiu

inovações para a disseminação de conhecimento e a Educação a Distância surge

como opção para suprir esta lacuna, uma vez que a maioria dos países envolvidos

na guerra, se encontravam sem condições materiais e humanas.

A trajetória da EAD no Brasil, de acordo com Alves (2009) é

marcada por avanços e retrocessos, com momentos de estagnação que se deram

em função da ausência de políticas públicas para esse setor. Alguns registros

colocam o Brasil nessa modalidade, entre os principais do mundo, até os anos de

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1970. A partir, dessa década, o Brasil parou de avançar e outras nações se

destacaram; somente algum tempo depois e com ações positivas houve

desenvolvimento considerável nessa modalidade.

Embora inexistam registros precisos acerca da criação da EAD no

Brasil, (COSTA, 2014) aponta como ponto de partida da trajetória histórica o ano de

1891, quando na seção de classificados do Jornal do Brasil, apareceu a oferta de

curso de datilografia por correspondência. A autora contrapõe esse fato à proposta

de cronologia da Educação a Distância feita por Santos (2011), que tem como marco

histórico o ano de 1904, com a implantação das Escolas Internacionais,

organizações norte-americanas que visavam a oferta de cursos pagos, divulgados

em anúncios de jornais do Rio de Janeiro.

A fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923 é tida

por diversos autores como marco inicial da EAD no Brasil (COSTA, 2014). A

iniciativa tinha como objetivo possibilitar educação popular a partir do sistema de

difusão em curso no Brasil e no mundo (ALVES, 2009). No início a estação de rádio

funcionou em uma escola de ensino superior que era mantida pelo poder público,

mas os instituidores tiveram que doar a emissora ao Ministério da Educação e da

Saúde em 1936, dessa forma, a educação via rádio foi o segundo meio de

transmissão do saber, vindo depois da correspondência.

Embora criados nas décadas de 1930 e 1940 é interessante apontar

o surgimento do Instituto Radio Monitor e do Instituto Universal, respectivamente,

como exemplos de pioneirismo na EAD. De acordo com Guarezi e Matos (2009),

apesar de ter sido criado em 1941, o Instituto Universal é considerado uma das

primeiras experiências em Educação a Distância no Brasil e a metodologia utilizada

se relacionava ao material impresso.

Para Guarezi e Matos (2009) ainda, o uso da televisão no Brasil em

programas de cunho educacional, teve os primeiros registros a partir de 1960. Anos

mais tarde, na época da ditadura militar foi criado o código brasileiro de

telecomunicações, cuja finalidade era a de determinar o que deveria conter nos

programas de ensino, por emissoras de rádio e televisões educativas.

A década de 1960 caracterizou-se como um período de intensas

transformações e isso refletiu diretamente no investimento na EAD, devido a novos

modelos de produção industrial que visavam incrementar com maior eficiência e

baseados em usos intensivos de possíveis formas de organização de trabalho,

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oportunizadas pelos avanços tecnológicos.

A partir deste período, o avanço tecnológico exigiu do trabalhador

novas e diferentes habilidades para atuar no mercado de trabalho. Contudo, a oferta

de escolarização era escassa e insuficiente. Tal cenário proporcionou o impulso de

novos modelos de educação, portanto dentro do contexto histórico entre 1960 e

1990, essa etapa se efetivou especialmente pela incorporação dos meios de

comunicação audiovisuais.

A Beijing Television College, na China; o Bacharelado Radiofônico, na Espanha, e a Open University, na Inglaterra. Nessa fase, tem-se como modelo de produção industrial o neofordismo. Esse modelo investiu em estratégias de alta inovação dos produtos e na alta variabilidade do processo de produção, mas conservou ainda do fordismo a organização fragmentada e controlada do trabalho. Essa transição impulsionou a EAD a buscar novos caminhos na tentativa de superação dos paradigmas da sociologia industrial. Nesse período, passaram a coexistir duas tendências: de um lado um estilo ainda fordista de educação de massa e do outro uma proposta de educação mais flexível, supostamente mais adequada às novas exigências sociais (BELLONI, 1999, n. 37).

O verdadeiro impulso para o desenvolvimento, conforme Perry e

Rumble (1987), se deu a partir da década de 1960 devido a criação de

universidades abertas de educação superior e secundária, primeiro a partir da

Europa e depois se expandindo para os demais continentes. Para acompanhar a

expansão significativa que a EAD atingiu, o país passou a se espelhar em grandes

universidades como a Open University do Reino Unido, que atendia cerca de cem

mil alunos. De acordo com Nunes (2009), isto a tornou referência mundial com esse

método de EAD. Para Guarezi (2009, p. 30), a “[...] Open University, como modelo

de Universidade Aberta, foi considerada um marco importante nesse período de

transição da primeira para a segunda geração da EAD”.

A partir da década de 1970, no Brasil, outros fatores influíram na

expansão da EAD, como é o caso do processo de democratização da sociedade que

começa a exigir acesso ao ensino superior. Nesse sentido a democratização do

saber começa a se alastrar com velocidade.

No período de ditadura militar, o Governo Federal implementou

programas nacionais para que demandas emergenciais fossem atendidas. O

objetivo era promover a interiorização da educação básica de modo a enfrentar o

auto índice de analfabetismo nacional (COSTA, 2014). Dentre as iniciativas do

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governo militar, podem ser citados os seguintes projetos:

Projeto Minerva - composto por diversos cursos (capacitação ginasial,

madureza ginasial, curso supletivo do 1º grau) transmitidos, desde 1970, em

cadeia nacional por emissoras de rádio. Criado como solução de curto prazo

para o enfrentamento dos problemas de desenvolvimento econômico, social e

político do Brasil, tinha como cenário um período de intenso crescimento

econômico, conhecido como milagre brasileiro, em que a educação era

entendida como via para a preparação de mão de obra para fazer frente a

esse desenvolvimento (COSTA, 2014).

João da Silva - curso com formato de telenovela, voltado para o ensino das

quatro primeiras séries, e que se desdobraria no Projeto Conquista.

Projeto Conquista - também com formato de telenovela, voltado para as

últimas séries do 1º grau. Foi uma inovação pioneira no Brasil e no mundo.

(BORDENAVE, 1987, p. 64).

Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) - utilizou, em caráter

experimental, a partir de 1979, os recursos da TVE para emitir 60 programas

em forma de teleaula dramatizada, com duração de 20 minutos cada um.

Eram apoiados por material impresso.

Projeto Saci - O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1973,

iniciou, em caráter experimental, no Estado do Rio Grande do Norte, o Projeto

SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares) com o objetivo

de estabelecer um sistema nacional de teleducação por satélite. Era voltado

para as primeiras três séries do 1º grau. Foi, porém, logo abandonado.

Programa LOGOS - em 13 anos de existência (1977 a 1991), atendeu a cerca

de 50.000 professores, qualificando aproximadamente 35.000 em 17 Estados

brasileiros. Em 1990, foi desativado e substituído pelo Programa de

Valorização do Magistério.

POSGRAD (Pós-Graduação Tutorial a Distância) - implantado em caráter

experimental (1979-83) pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de

Ensino Superior (CAPES-MEC), mas administrado pela Associação Brasileira

de Tecnologia Educacional (ABT). Seus resultados foram positivos, mas o

MEC, sem explicação plausível, não deu continuidade.

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Após o término do período militar, outras iniciativas podem ser

elencadas:

Um Salto para o Futuro - Programa de iniciativa do Governo Federal, em

parceria com a Fundação Roquette Pinto (1991).

Programa de Valorização do Magistério - começou a funcionar somente em

1992, seguindo o mesmo formato do Logos e atendendo a professores desde

sua formação, para as séries iniciais, até à formação específica para o

Magistério.

Telecurso 2000 - Programa de iniciativa do Governo Federal, em parceria

com a Fundação Roberto Marinho (1995).

Em referência as iniciativas de EAD desenvolvidas na década de

1970, Costa (2014) explica que estas tiveram grande intervenção governamental,

tendo em vista a urgente necessidade de expansão da oferta educacional, sobretudo

em função da exigência de formação mínima para o mercado de trabalho. Para a

autora, a intervenção do governo militar provocou forte resistência aos projetos de

EAD desenvolvidos no Brasil, o que fez com que algumas experiências fossem

extintas ou totalmente reformuladas na metade da década de 1980, quando tem

início o processo de redemocratização do país.

Na mesma linha, Alonso (1996, p. 56) afirma que:

Desde a década dos anos 70 assistimos às tentativas de organização de experiências em EAD, sem que isto viesse a se consolidar na criação de um sistema de ensino baseado nesta modalidade. Estas experiências tiveram em seu início uma intervenção governamental acentuada, trazendo componentes ideológicos necessários a manutenção do regime militar brasileiro que ocupava naquele momento o poder de estado. Grande parte das resistências a esta modalidade de ensino está associada ao regime ditatorial e a difusão dos chamados modelos tecnológicos tão em voga nesta mesma época.

De 1980 a 1990 novas políticas educacionais foram adotadas, assim

como novas e inovadoras propostas. Reis (2015) atribui este acontecimento a

fatores como a alteração do quadro político, à globalização, à organização

econômica em blocos e a expansão das tecnologias ocorridas neste momento

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histórico.

Guarezi (2009), pontua que o sistema nacional de radiodifusão se

fortaleceu a partir da criação em 1981, do Fundo de Financiamento da Televisão

Educativa – Funtevê. Depois disso, vários programas educativos foram colocados no

ar em parceria com diversas rádios e canais de TV. As instituições privadas também

começaram a desenvolver seus projetos individuais em paralelo com as iniciativas

do governo tanto federal quanto estadual.

Em 1995, a Fundação Roberto Marinho iniciou os programas

educativos e em 1996, foi lançado o programa TV Escola, com recepção e gravação

de sinal de satélite por antena parabólica, transmitida para todas as escolas públicas

do Brasil. Em 1997 foi criado o Canal Futura - o Canal do Conhecimento

(TODESCATT, 2004).

Entretanto, os resultados concretos não apareceram, apesar das

iniciativas, incluindo até mesmo os cursos da Fundação Roberto Marinho, chamados

Telecursos 2000 e a própria programação que as TVs educativas apresentavam na

TV cultura e TV escola. A difusão dessa programação dependia de emissora aberta

ou a cabo para que a população em geral tivesse acesso (GUAREZI, 2009).

Com o surgimento da web no final dos anos 1990, de acordo com

Laguardia, Casanova e Machado (2010) foi possível criar uma nova forma de ensino,

intermediada pelo uso do computador. Este, por sua vez, se difundiu impulsionado

pela disponibilidade de sistemas específicos, como softwares para a área

acadêmica, conhecidos como ambientes virtuais de aprendizagem. O modelo

caracterizado, sobretudo pela flexibilidade proporcionada pela integração de vários

elementos da tecnologia, a aplicação de novas tecnologias inseridas na educação

ofereceu condições para a ampliação da oferta de ensino tornando-o mais interativo

e autônomo.

Alguns autores classificaram a evolução da educação a distância em

fases ou gerações. Destacam-se aqui as propostas de Maia e Mattar (2007) e Moore

e Kearsley (2008). Para Maia e Mattar (2007), a história da EAD é dividida em três

gerações: os cursos por correspondência; a integração de novas mídias (rádio,

televisão, fitas de áudio e vídeo e telefone); as universidades abertas; e a EAD

online (que introduziu o uso do videotexto, do microcomputador, da multimídia, do

hipertexto e das redes de computadores).

Moore e Kearsley (2008), no entanto, descrevem a evolução da EAD

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com cinco gerações e não três. A primeira geração é caracterizada pela oferta de

cursos que fazem uso de material impresso, sendo entregue aos alunos através do

correio. Eram denominados de “estudo por correspondência”, também chamado de

estudo em casa pelas primeiras escolas com fins lucrativos, e “estudo independente”

pelas universidades. A utilização do rádio como um novo meio de ensino dá início à

segunda geração da EAD. A partir da década de 1950, surge a televisão educativa

(anos 1930 nos EUA, anos 1960 no Brasil). Essas duas mídias serviram para a

transmissão das aulas e os alunos poderiam esclarecer suas dúvidas utilizando a

correspondência por correio, telefone e, posteriormente, por fax.

A terceira geração, por sua vez, caracterizou-se por diversas

experiências em EAD que levaram em consideração: a) a preparação de recursos

humanos; b) a integração das diferentes tecnologias, o material impresso, as

transmissões via rádio e TV, o telefone, vídeos pré-gravados, as conferências por

telefone e os kits com materiais para experiências práticas a serem realizadas pelos

alunos (MOORE; KEARSLEY, 2008).

A partir do final da década de 1960, com o estabelecimento da Open

University do Reino Unido, as ações institucionais na educação secundária e

superior impulsionam a qualidade em EAD. Na Europa, são criadas as universidades

abertas, na Espanha em 1972 e na Alemanha em 1974. Experiências semelhantes

são desenvolvidas na Ásia, América Latina, África e Oceania (MORAES et al., 2007).

Na quarta geração houve a disseminação da internet em nível

mundial, a tecnologia passa a permitir a comunicação mais próxima e frequente

entre professor-aluno e aluno-aluno. Para Moore e Kearsley (2008), a

teleconferência é vista como uma tecnologia muito significativa, tendo se iniciado

com a audioconferência e, posteriormente, a videoconferência, que efetivou a

transmissão por áudio e vídeo.

Atualmente, a EAD encontra-se em sua quinta geração, visto que a

internet e as redes de computadores permitem a convergência de texto, áudio e

vídeo em uma única plataforma de comunicação, integrando as vantagens e

tecnologias das gerações anteriores e buscando superar as barreiras geográficas e

de comunicação. É importante acrescentar que vários programas de EAD

apresentam características dessa geração com o apoio de ambientes virtuais de

aprendizagem (AVAs), a transmissão multidirecional de áudio e vídeo e

videoconferências ou webconferências. Em AVA, o aluno deve desenvolver suas

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atividades e pode interagir e cooperar com diferentes sujeitos, contextos e objetos

de conhecimento. Esses ambientes reúnem diversas ferramentas, ferramentas,

síncronas e assíncronas, como e-mail, fórum, chat e lista de discussão.

2.2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Promovido pelos avanços tecnológicos, desde a década de 1990, o

desenvolvimento da EAD impulsionou a utilização da tecnologia pelas instituições

brasileiras de ensino, o que contribuiu para sua consolidação no aspecto legal. Em

1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN), pela primeira vez na história da legislação ordinária a educação a

distância é tida como objeto específico de apreciação. Conforme afirma Costa (2014)

é a partir da Lei n. 9.394/96 (BRASIL, 1996) que a EAD deixa de ter caráter

emergencial e adquire reconhecimento legal, com previsão de critérios e normas

para criação de cursos nesta modalidade de ensino.

Antes da publicação da LDBEN, a modalidade de ensino a distância

não era regulamentada2. Entretanto, a fim de asseverar o direito à educação,

previsto na Constituição Federal de 1988 como direito de todos e dever do Estado, a

partir de 1993, o governo brasileiro tomou as primeiras medidas concretas para a

formulação de uma política nacional de EAD, como a criação do Sistema Nacional

de Educação a Distância (BRASIL, 1994) e da Coordenadoria Nacional de EAD – no

âmbito do MEC – bem como a assinatura de diversos acordos e protocolos de

cooperação entre MEC, Ministério das Comunicações (MC), Universidade de Brasília

(UnB), e outros setores da sociedade (LINO; BUENO, 2015).

Com a promulgação da LDBEN, em 1996, verifica-se importante

abertura para o desenvolvimento da EAD. O artigo 80 da lei preconiza que “O Poder

Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a

distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”,

e prevê, em seu artigo 87, que cabe aos municípios, Estados e União, “[...] prover

cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente

escolarizados; [...] realizar programas de capacitação para todos os professores em

2 Interessante apontar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 5692, de 1971, já

reconhecia a EAD, entretanto a localizava como alternativa para o ensino supletivo, tendo em vista ser considerada por tal legislação como educação de menor qualidade (ZANATTA, 2014).

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exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância”

(BRASIL, 1996).

O artigo 80 da LDBEN prevê ainda:

§ 1º. A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º. A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância. § 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º. A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996).

Desta forma, a LDBEN foi de grande contribuição para a

disseminação do ensino a distância no país, pois confirmou como papel do governo,

promover, credenciar e difundir o ensino a distância, assim como regulamentar

exames e diplomas para o modelo EAD, às instituições e aos sistemas de ensino a

produção, controle e avaliação dos métodos e processos para a oferta da educação

a distância. A partir desta lei, foram estabelecidas as bases legais para a modalidade

de educação a distância considerando a publicação de inúmeros decretos que

visaram regulamentar as medidas inauguradas com a LDBEN.

Em 10 de fevereiro de 1998 foi publicado o Decreto n. 2.494, de

modo a regulamentar a EAD. Além de apresentar a definição de EAD, o decreto

possibilitou a criação de novos cursos e introduziu normas operativas para os

programas educacionais nessa modalidade (BRASIL, 1998a). A vigência desse

decreto se estendeu até o ano de 2005, quando foi revogado pelo Decreto n. 5.622,

publicado em 20 de dezembro de 2005, que passou a regulamentar os artigos 80 e

81 da LDBEN n. 9394/96 no que concerne ao credenciamento e funcionamento dos

cursos de EAD (BRASIL, 2005).

Ainda em 1998, cabe citar a Portaria Ministerial n. 301, de 07 de abril

de 1998, criada para complementar o decreto 2.494/98, para normatização do

credenciamento de instituições no tocante ao Ensino Superior e à Educação

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Profissional na modalidade de Educação à Distância. Com a portaria, previu-se

regras para credenciamento de instituições e autorização para criação de novos

cursos. Somente após o processo ser analisado na Secretaria de Educação

Superior, por uma Comissão de Especialistas na área do curso em questão e por

especialistas em educação a distância, este parecer seria encaminhado ao

Conselho Nacional de Educação para que referido curso fosse credenciado.

(BRASIL, 1998b).

Tal portaria foi posteriormente revogada e substituída pela Portaria

Ministerial n. 4.361, de 2004, que passou a normatizar os procedimentos de

autorização para oferta de disciplinas na modalidade a distância em cursos de

graduação reconhecidos (BRASIL, 2004b).

Em 3 de abril de 2001, a Resolução n. 1, do Conselho Nacional de

Educação estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto sensu,

incluindo em seu texto regras para sua oferta na modalidade EAD (BRASIL, 2001b).

A Portaria n. 2253, de 18 de outubro de 2001, estabeleceu-se, em

seu art. 1º que as Instituições Federais de Ensino Superior presenciais reconhecidas

podem ofertar disciplinas que em seu todo ou em parte, utilizem método não

presencial, com base no art. 81 da LDBEN, respeitando o limite de 20% do tempo

previsto para a integralização do respectivo currículo e, ainda, que os exames finais

de todas as disciplinas ofertadas para integralização de cursos superiores serão

sempre presenciais. Já as instituições de ensino superior não incluídas no art. 1º que

desejarem incluir disciplinas com método não presencial em seus cursos superiores

reconhecidos devem ingressar com pedido de autorização, acompanhado dos

correspondentes planos de ensino, no Protocolo da SESu, MEC (BRASIL, 2001a).

A Portaria 2.051, publicada em 9 de julho de 2004, trata da

regulamentação dos procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação

da Educação Superior (SINAES), instituído na Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004,

contemplando em seu artigo 21º também a modalidade a distância (BRASIL, 2004a).

Em 09 de maio de 2006 foi publicado o Decreto n. 5.773, que dispõe

sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições

de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema

federal de ensino (BRASIL, 2006). No ano seguinte, foi criada a Portaria Normativa

n. 2, de 10 de janeiro, que define procedimentos de regulamentação e avaliação da

educação superior na modalidade EAD (BRASIL, 2007b) e introduzido o Decreto n.

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6.303, de 12 de dezembro de 2007, que altera dispositivos dos Decretos 5.622/2005

e 5.773/2006 (BRASIL, 2007a).

Posteriormente, outros decretos foram criados, de modo a substituir

o de n. 5.773/2006 (BRASIL, 2013, 2016a) e, atualmente, encontram-se em vigência

os seguintes documentos oficiais:

Decreto n. 9.057, de 25 de maio de 2017 (BRASIL, 2017a), que

regulamenta o art. 80 da LDBEN – Lei n. 9.394/1996, que estabelece

as diretrizes e bases da educação nacional. Cabe pontuar que este

documento, em seu artigo 1º, define a educação a distância como

[...] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017a).

Decreto n. 9.235, de 15 de dezembro de 2017 (BRASIL, 2017b), que

dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e

avaliação das instituições de educação superior - IES e dos cursos

superiores de graduação e de pós-graduação lato sensu, nas

modalidades presencial e a distância, no sistema federal de ensino.

2.3 ESPECIFICIDADES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Se observado sob o ponto de vista epistemológico, a palavra

teleducação, tomada aqui como sinônimo de “educação a distância”, vem do grego

tele (longe, ao longe), e pode ser conceituada como o processo de ensino e

aprendizagem mediado por tecnologias, no qual professores e alunos ficam

“separados” espacial e/ou temporalmente.

Severino (2001, p. 80), diz que a EAD mostra que “[...] a educação é

um processo de autorrealização do sujeito, o desabrochar de suas potencialidades”.

Nessa perspectiva, a educação a distância representa uma oportunidade para

atualização, aprimoramento e formação dos sujeitos. A educação, especialmente a

EAD, representa uma oportunidade para que o sujeito possa se apropriar de

conhecimentos e, consequentemente, ascender social, econômica e culturalmente.

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O fator de maior relevância na EAD é que os atores do processo se

envolverem de forma efetiva e consciente. Gestores, professores e tutores precisam

estar alinhados para que todas as possibilidades tecnológicas sejam exploradas com

sucesso. Litwin (2001) diz que a modalidade EAD não se define pela distância e sim

pela proposta de expansão da educação.

Por isso, nessa modalidade é essencial conhecer e explorar todas

as ferramentas disponíveis. Além disso, é necessário considerá-las no contexto

tecnológico do momento em que se aplica as potencialidades do recurso e desta

forma, atender os diversos estilos de aprendizagem dos alunos. Diante do quadro de

Educação a Distância, há a necessidade de que as TIC’s (tecnologias de informação

e comunicação), enquanto recursos de apoio pedagógico, sejam manejadas com

maestria a fim de que a educação presencial e real não se distancie da virtual e real.

Ao se referir aos termos ensino e educação à distância, Moran

(2008) chama a atenção para a imprecisão de ambos, pois “[...] na expressão

‘ensino a distância’ a ênfase é dada ao papel do Professor (como alguém que ensina

a distância). Preferimos a palavra ‘educação’ que é mais abrangente, embora

nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada”. (MORAN, 2008, p. 1). De

acordo com o autor, a expressão educação se torna mais apropriada ao dar ênfase

ao papel do aluno, pressupondo-se que ele desenvolverá o senso de autonomia e se

tornará o protagonista do seu processo educacional. Em uma sociedade que passa

por mudanças constantes, o modelo tradicional, no qual o aluno é encorajado a

adotar postura passiva, não atende ao perfil da geração atual.

No que tange às modalidades de educação, essas podem ser

classificadas em três tipos: presencial, semipresencial e a distância. A educação

presencial é formada por cursos regulares, em que o encontro se dá

presencialmente entre alunos e professores numa sala de aula. Tal modalidade

também é conhecida como ensino convencional (MORAN, 2008). O modelo

semipresencial é caracterizado por cursos que não são totalmente presenciais nem

totalmente a distância, mas carrega características de ambos os modelos. Podem

surgir a partir de cursos de graduação presenciais que oferecem parte da carga

horária a distância, ou, pelo contrário, cursos na modalidade a distância com

determinadas atividades presenciais. Já os cursos a distância (EAD) são cursos em

que a maior parte das atividades se dá nos ambientes virtuais de aprendizagem

(AVA).

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Todavia, uma crítica recai sob a educação semipresencial3 ao ser

comparada com o ensino a distância. Isso porque esta modalidade é considerada

mais difícil no sentido de apresentar bom desempenho, visto que ocorre a

hibridização de modalidades de ensino, isto é, a mistura dos métodos presencial e a

distância.

O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 7).

A modalidade EAD combina tecnologias convencionais e modernas

(LANDIM, 1997), possibilitando o estudo individual ou em grupo, em locais de

trabalho ou em casa, por meio de métodos de orientação a distância, amparado pelo

trabalho da tutoria. Na década de 1980, Holdenberg (1981 apud LANDIM, 1997)

disse que a principal característica do ensino a distância era a comunicação não

direta. Na atualidade, com ramificação de diferentes ferramentas e plataformas

possibilitadas pela internet, como a realização de videoconferências, a visualização

de vídeos transmitidos ao vivo em canais como youtube, entre diversos outros

exemplos.

Conforme Moran (2008), a educação a distância separa o professor

do aluno fisicamente no espaço, contudo, pode uni-los pela comunicação, por meio

de ferramentas tecnológicas.

A ideia básica de educação a distância é muito simples: alunos e professores estão em locais diferentes durante todo ou grande parte do tempo em que aprendem e ensinam. Estudando em locais distintos, eles dependem de algum tipo de tecnologia para transmitir informação e lhes proporcionar um meio para interagir (VERMELHO, 2014, p. 264).

Sem dúvida, a popularização da internet foi um marco que no

desenvolvimento da EAD em termos quantitativos e qualitativos, pois foi o elemento

capaz de estabelecer uma relação de aprendizagem cooperativa entre os

3 É crescente a utilização da metodologia da EAD em cursos presenciais, tendo em vista a publicação

da Portaria n. 1.134/2016, que autoriza as instituições de ensino a ofertar até 20% da carga horária total de cursos caracterizados como presenciais em disciplinas mediadas pelo uso da tecnologia, denominadas como semipresenciais (BRASIL, 2016b).

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participantes. Para tanto, há que se falar no surgimento de uma verdadeira

comunidade virtual, construída sobre afinidades de interesses, de conhecimentos,

sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso

independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais

(LÉVY, 2000).

Diante da atual conjuntura, caracterizada por um mercado cada dia

mais exigente com a qualificação profissional, e, considerando também a “falta de

tempo” que impera no cotidiano da sociedade moderna, a tecnologia da Educação a

Distância vem se mostrando alternativa viável para contribuir com a democratização

do ensino. Se inicialmente a EAD se caracterizava como um sistema de ensino que

supunha a total separação física entre professor e aluno, atualmente a fronteira

entre Educação a Distância e Educação Presencial encontra-se cada vez menos

nítida (PIMENTEL; ANDRADE, 2005).

É relevante apontar que, do ponto de vista legal, desde a publicação

do Decreto n. 9.235/2017, ambas as modalidades não possuem qualquer distinção,

como pode ser verificado em seu artigo 100, que proíbe a identificação da

modalidade de ensino (presencial ou a distância) na emissão e no registro de

diplomas (BRASIL, 2017b).

2.4 APRENDIZAGEM AUTÔNOMA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Discute-se que as dificuldades de aprendizagem, tanto podem estar

atreladas a comunicação ineficaz, como também por motivação pessoal, afinal,

como ponderou Silva (2004) não é simples identificar e selecionar conteúdos

curriculares que sejam de interesse de todos os alunos.

Para alguns estudiosos como Nossa (1999), o professor precisa ter

a capacidade de despertar no aluno atitudes e interesses sobre os conteúdos

abordados. Isso se daria por meio de uma comunicação motivadora, de modo que

quando ele se afastar da presença do professor e da influência exercida por este, o

aluno tenha condições favoráveis de elaborar conhecimento que permite o

crescimento pessoal.

Transportando para o modelo de EAD o aluno também pode (e

deve) ser responsável pela sua aprendizagem. Nessa modalidade a aprendizagem

se dá de forma autônoma – o que não elimina a função do professor nesse processo

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– a autonomia do aluno é imprescindível para que a aprendizagem seja efetivada.

De acordo com Carvalho (1994), várias vantagens podem ser consideradas no

contexto da aprendizagem autônoma, a seguir algumas delas:

Os alunos têm a opção de se aprofundar em assuntos exclusivos de

seu interesse;

Vão além dos ensinamentos de conteúdos que o professor desenvolve;

Respeitando as exigências curriculares e o tempo para distribuição de

conteúdo em cada disciplina, o professor, muitas vezes, não permite

condições que atendam necessidades específicas dos alunos;

Quando o professor respeita as diversas e distintas opiniões sobre

assuntos diversos o aluno, se liberta da dependência dessa relação e

descobre formas alternativas de construir o conhecimento.

De acordo com a autora, para a aprendizagem ser autônoma, devem

ser considerar três componentes essenciais que desempenham papel importante

nesse processo: componente do saber, do saber fazer e do querer.

Componente do saber: Não se trata de um saber teórico aprendido, e sim,

de um saber relativo a si mesmo, relacionado a suas capacidades e

restrições, de acordo com suas motivações. Para tanto, o “saber” envolve

conhecimentos necessários a execução de uma prática e para executá-la é

preciso saber fazer, por isso atrelado ao conhecimento o aluno precisa

executar suas habilidades.

Componente do saber fazer: Refere-se ao pressuposto de que todo

conhecimento sobre o processo de aprendizagem está naturalmente à

disposição de uma aplicação prática, isto é, o saber sobre a aprendizagem

deve ser convertido em um saber fazer. Na aprendizagem autônoma o aluno

deve ser capaz de avaliar o processo desenvolvido na sua aprendizagem,

sendo o professor – ou, no caso da EAD, o tutor – responsável por estimular

que a aprendizagem ocorra de modo ativo, com o aluno como sujeito de seu

próprio conhecimento.

Componente do querer: O aluno precisa ter esse objetivo definido para que

obtenha sucesso nesse modelo de ensino. Nesse caso, o aluno precisa estar

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disposto a se comprometer e ter iniciativa para que obtenha bons resultados

no processo de aprendizagem. O professor e o tutor têm papel importante

para que o aluno se interesse em aprender e por isso, podem direcioná-lo

para que esse interesse seja despertado.

O professor pode estimular o processo entre o saber, o saber fazer e

o querer. Pode participar do processo construtivo, agradável e desafiador de mostrar

para o aluno a importância da aprendizagem de certa forma, autônoma.

É nesse sentido que o conceito de mediação pedagógica se faz

relevante, uma vez que toma o professor não mais como responsável por repassar

ou transmitir conhecimentos, mas como mediador do processo de aprendizagem,

como incentivador ou motivador,

Moraes (2003) define mediação pedagógica como:

[...] um processo comunicacional, conversacional, de construção de significados, cujo objetivo é abrir e facilitar o diálogo e desenvolver a negociação significativa de processos e conteúdos a serem trabalhados nos ambientes educacionais, bem como incentivar a construção de um saber relacional, contextual, gerado na interação professor/aluno (MORAES, 2003, p. 210).

A organização do estudo nesta modalidade é individualizada e

independente. Assim, se infere que o aluno tenha capacidade de construir seu

caminho acadêmico, seu conhecimento, de até se tornar autodidata, ator e autor de

suas práticas e reflexões.

Além de se considerar a necessidade da autonomia, pode-se dizer

que essa autonomia faz parte do processo de ensino e de aprendizagem

mediatizado. Portanto, a EAD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que

viabilizem e promovam a autonomia dos estudantes. De acordo com Maroto (1995),

isso acontece, em grande parte, por meio do tratamento dado aos conteúdos e

formas de expressão mediatizados pelos materiais didáticos, meios tecnológicos,

sistema de tutoria e de avaliação.

Na modalidade a distância o aluno assume uma postura mais

autônoma diante da construção do seu conhecimento, uma vez que ele é o

gerenciador de seu tempo e método de estudo, podendo organizar suas atividades

segundo suas possibilidades e preferências de horários. Nesse sentido, a mediação

pedagógica assume novos contornos, uma vez que cabe ao professor da Educação

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a Distância desenvolver novos modos que estimulem e viabilizem a aprendizagem

autônoma. Nas palavras de Souza, Sartori e Roesler (2008, p. 331):

Na EaD, a mediação adquiriu papel de suma importância uma vez que o distanciamento físico sempre esteve a exigir recursos, estratégias, habilidades, competências e atitudes diferentes dos convencionais – pautados na exposição oral e no contato face a face. Com a inserção das tecnologias digitais de comunicação na EaD e o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, a função mediadora do professor tomou um forte impulso, pelas possibilidades e também pelas exigências da configuração desse novo “espaço”.

Assim como a tecnologia, a Educação a Distância está em constante

construção e aperfeiçoamento. Por isso, docentes e discentes precisam se

reinventar continuamente, se afastando definitivamente da ideia de que só se

aprende se o professor estiver na frente do aluno “passando” o conhecimento direta

e passivamente, sem que o aluno precise fazer nada para isso.

Entretanto, maior também passou a ser a responsabilidade do

professor em desenvolver didáticas e metodologias que favoreçam a transmissão do

conhecimento para seus alunos no ambiente digital. É neste sentido que o docente

pode aplicar os conceitos do visagismo para extrair o máximo de benefícios

possíveis e assim tornar sua teleaula mais atraente.

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3 ASPECTOS TEÓRICOS DA COMUNICAÇÃO

A comunicação acontece por intermédio da interação nas relações

sociais. Essas relações podem acontecer em ambientes formais e não formais,

acontecer entre pessoas e ainda, entre instituições sociais. Essas, por sua vez,

podem interagir entre si, com um grupo ou até com milhares de pessoas ao mesmo

tempo.

Compreender a comunicação pressupõe olhar para a complexa rede

de relações sociais, bem como, para o contexto em que estas se dão, de modo a

perceber práticas, discursos, diálogos, contextos de interação como um todo múltiplo

em constante movimento. A prática comunicativa deve ser entendida como uma

dinâmica que articula a situação discursiva, os interlocutores, os discursos por eles

acionados e as interações simbólicas e ações mediadas pela linguagem

(MARQUES; MARTINO, 2015).

Desse modo, Marques e Martino (2015, p. 16) afirmam que

[...] as interações comunicativas configuram-se como momentos em que diferentes interlocutores usam a linguagem (e produzem linguagem) de modo a produzirem entendimentos sobre algo no mundo objetivo, social e subjetivo. Esses entendimentos não se estabelecem unicamente pela via racional, mas também, e sobretudo, pela emoção e pela afetividade.

Discutir os processos comunicacionais implica, em se ocupar ao

mesmo tempo, com os modos e contextos nos quais se estabelecem as trocas

simbólicas com os conteúdos comunicacionais, produzidos nas interações entre

sujeitos e com os meios de produção de mensagens. Implica, também tomar a

comunicação como processo complexo e dinâmico em constante atualização de

códigos e construção de novos sentidos, tendo em vista que o modo como uma

comunidade avança em suas formas de representar, interpretar e significar o mundo

é constante e imprevisível. (MARQUES; MARTINO, 2015).

É na vida cotidiana que percebemos a força das interações comunicativas, como elo vinculante de sujeitos que agem reciprocamente e que devem reconhecer o outro como parceiro fundante das relações sociais. É no cotidiano que a comunicação mediada pela linguagem se fortalece, se redimensiona e redimensiona os sujeitos e o meio no qual se inserem. Comunicar exige o estabelecimento de um quadro comum de sentidos, uma

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interface porosa que permite o encontro de subjetividades, de experiências, pontos de vista. Assim, o contexto de interação não é um “aparte”, mas um “entorno” construído simultaneamente às práticas interativas dos indivíduos em comunidade. (MARQUES; MARTINO, 2015, p. 18).

No desenvolvimento comunicacional, as informações para serem

trocadas precisam ser produzidas, o sujeito que se comunica pode ser considerado

como fonte que produz informação ao destinatário e, para tanto, precisa de um

emissor – que transforme a mensagem em sinais/códigos – e também de um

receptor, de modo que o processo de comunicação seja efetivado. Entende-se que a

informação é o conteúdo da comunicação e que vai da fonte ao destinatário por um

canal que transporta mensagens codificadas. Esse modelo comunicacional baseia-

se no paradigma de Shannon e Weaver4, teoria comunicacional amplamente

adotada e empregada nos mais diversos ramos do conhecimento.

Mesquita (1997) comenta que a mensagem é a unidade de

comunicação e a interação entre indivíduos ocorre quando uma série de mensagens

é intercambiada. Assim, a efetivação do processo comunicacional se dá por meio da

transferência de informações, sob duas condições principais: a primeira é a

presença de dois sistemas – um emissor e um receptor; a segunda é a transmissão

de mensagens.

O comunicador (a fonte) de informação representa o sujeito que elabora a mensagem, determinando quais são os elementos do repertório disponível que podem ser transmitidos em cada circunstância. O transmissor é o suporte técnico através do qual a mensagem é transformada em um sinal, e o canal, o meio pelo qual se passa o sinal da fonte para o destinatário. O receptor constitui uma espécie de transmissor ao inverso, que decodifica tecnicamente o sinal recebido, possibilitando que ele chegue ao destinatário. A interferência ou ruído é criada por todos os fatores que, embora não pretendidos pela fonte, acrescentam-se ao sinal durante o processo de transmissão. O feedback representa, enfim, um mecanismo que permite à fonte controlar o modo como o receptor está recebendo as informações: é o mecanismo de realimentação do sistema. (RÜDIGER, 2011, p. 20).

4 Claude Shannon (1916-2001) e Warren Weaver (1894-1978), “[...] com base em suas doutrinas

conceberam uma teoria geral da comunicação que, embora contribuindo para confundir sua problemática com a problemática tecnológica dos mass media, não somente serviu durante muito tempo de paradigma conceituai desse campo de estudo, como teve a pretensão de tornar-se a base para a construção de uma ciência da comunicação.” (RÜDIGER, 2011, p. 18).

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A fim de ilustrar as diferentes partes do processo comunicacional da

Educação a Distância, segundo o modelo de Shannon e Weaver, foram dispostos de

forma gráfica na Figura 1 os elementos determinantes no processo de comunicação,

a saber:

Figura 1 – Elementos básicos compõem a comunicação no contexto da EAD.

Fonte: Adaptado de Shannon e Weaver (1964).

Como já foi mencionado aqui, o emissor tem o papel de transmitir a

mensagem para um ou mais receptores e pode ser também chamado de locutor. O

receptor é quem recebe a mensagem que o emissor envia e pode ser denominado

também como interlocutor. Já a mensagem é o objeto pelo qual a comunicação se

apropria de forma que represente o conteúdo ou conjunto de informações

transmitido pelo emissor (SHANNON, 1948; RÜDIGER, 2011).

Como indicado na Figura 1, o contexto da EAD pode ser descrito do

seguinte modo: o professor assume o papel de emissor (locutor), isto é, o sujeito que

transmite a mensagem, e os alunos são os receptores (ou interlocutores) da

mensagem, entendida aqui como o conjunto de conhecimentos sistematizados

apresentados ao longo da teleaula.

Para além disso, Shannon (1948) destaca três outros elementos do

processo comunicacional: o contexto, também chamado de referente, que se refere

a situação em que emissor e receptor estão inseridos; o código representa o

conjunto de signos que serão utilizados em cada mensagem e o canal de

comunicação corresponde ao meio que a mensagem será transmitida, jornal, revista,

livro, televisão, redes sociais, telefones e outros. No que concerne ao contexto, no

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caso deste trabalho, se refere à teleaula. Essa, por sua vez é utilizada como canal

principal de comunicação e apresentação em vídeo, mediada pela internet. Por

último, o código adotado a fim de transmitir a mensagem é o do discurso falado, isto

é, de linguagem verbal, entretanto, como se verá adiante, a linguagem não verbal

assume importante papel nesse processo.

A expressão “ruído de comunicação”, elemento que deve ser

considerado quando se avalia a qualidade da comunicação, ocorre quando a

mensagem não é decodificada de maneira correta pelo receptor. Isso pode

acontecer por diversos motivos, como quando o código utilizado pelo emissor pode

ser desconhecido para o receptor, por causa de barulhos no local, entonação

inadequada da voz, uso incorreto ou confuso de diferentes signos, entre outras

intercorrências (SHANNON, 1948; RÜDIGER, 2011).

Sobre o processo de decodificação, Mesquita (1997) comenta que a

produção da mensagem tem início em organizações interiores do sujeito

(conscientes ou não), até atingir a exteriorização, podendo atravessar uma série

complexa de operações em nível cognitivo, afetivo, social e motor. Embora a

intencionalidade das mensagens seja um problema teórico complexo nas interações

entre indivíduos, a autora pontua a existência de dois posicionamentos distintos

entre os especialistas: segundo ela, para alguns, “só há comunicação quando

houver informação passada com a intenção de comunicar, devendo ocorrer também

a decodificação da mensagem de maneira eficaz e bem-sucedida; para outros, esta

posição rígida está ultrapassada” (MESQUITA, 1997, p. 156).

3.1 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO DE MASSA

A comunicação interpessoal se dá a partir da troca de informações

entre as partes. Essa troca pode ser direta e imediata ou indireta e mediada. A

comunicação é direta e imediata quando duas pessoas estão frente a frente, elas se

relacionam especialmente por meio do olhar, da fala e da gesticulação.

A comunicação indireta e mediada acontece quando as pessoas

estão distantes, não existindo contato físico, visual ou por intermédio da fala. Essa

comunicação necessita de um meio que possibilite a troca de informações, esses

meios podem ser variados (telefone, mensagens, cartas, e-mails) e quando um

desses meios é utilizado ele estará mediando a comunicação entre pessoas.

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A comunicação interpessoal é realizada entre pessoas que trocam

informações, que informam ou que precisam ser informadas e para isso, se

apropriam de algum tipo de linguagem. Nesta linguagem há elementos de fala,

gestos, escrita ou meio de voz, telefone, mensagem, carta, livro, materiais didáticos,

entre outros, que permitem relacionar-se com outras pessoas para a troca de

informações.

Enquanto a comunicação interpessoal se refere a trocas entre

pessoas, a comunicação de massa alcança proporções mais vastas se

configurando, talvez, como a forma mais democrática de transmissão de

informações, visto que não tem público certo, pode atingir diferentes públicos ao

mesmo tempo e alcançar milhares de pessoas. Os principais meios de divulgação de

massa são: jornal, rádio, televisão e internet. As informações são reproduzidas por

meio de linguagens informais e simplificadas, como é o caso do vocabulário comum

e de linguagens múltiplas, que se dão por meios visuais, sonoros e escritos

(FERNANDES, 2009).

A comunicação em massa fomenta assuntos discutidos pelas

pessoas nas ruas, escolas e em todos os ambientes onde se reúnem para debater

assuntos comuns. Essa comunicação está muito presente no cotidiano das pessoas,

trazendo conhecimentos de maneira ambivalente, informando e padronizando as

informações ao mesmo tempo.

Fernandes (2009) defende que a comunicação de massa exerce

importante influência política e cultural na sociedade e, embora não tenha poder de

determinar o que as pessoas devem pensar, parece ser capaz de estabelecer temas

sobre os quais as pessoas devem refletir. Em suas palavras:

[...] deve-se reconhecer que o papel inafastável da mídia em uma democracia é o de servir de fórum para o debate e a discussão de ideias e opiniões sobre assuntos de interesse público. No entanto, para servir à democracia e exercer em sua plenitude esse papel central na esfera pública, a mídia deve ser capaz de fornecer aos cidadãos a diversidade de vozes, de opiniões e de pensamentos necessários para propiciar o debate nacional e esclarecido sobre assuntos de interesse coletivo. (FERNANDES, 2009, p. 108).

Nesse sentido, o pluralismo das informações, bem como a

diversidade de pontos de vista veiculados por dispositivos de comunicação de

massa são pontos essenciais para a democratização da informação e, em última

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análise, para a manutenção da própria democracia, uma vez que a concentração

dos meios de comunicação de massa por alguns grupos tende a inibir o debate de

ideias, dificultar a circulação de informações e conhecimento e impedir as diferentes

manifestações intelectuais, culturais e artísticas (FERNANDES, 2009).

De modo mais crítico, Ramos (2014) diz que a mídia, veículo da

comunicação de massa, por muito tempo foi entendida como “o quarto poder”, tendo

em vista sua influência tanto na opinião pública, quanto na organização do estado

democrático. Para a autora, competiria à mídia analisar, denunciar, investigar e

publicizar atos ilícitos, corruptos e incorretos, em diversos setores, principalmente no

político. No entanto, justamente por seus interesses mercadológicos, a imprensa

muitas vezes tem assumido posição contraditória, o que denuncia certa

cumplicidade desta com os poderes dominantes. A se confirmar, cria-se grave

problema à democracia que não pode existir plenamente sem um “contrapoder” da

opinião pública.

No tocante à disseminação de informações, a internet pode ser

compreendida como ferramenta fundamental na mudança de paradigma no modo

como a grande mídia comunica, visto que os veículos de comunicação de massa

não detêm o monopólio da palavra. Pode-se afirmar sem medo de errar que houve

avanço na pluralidade da informação com o surgimento da internet (o não quer dizer

qualidade e confiabilidade), sobretudo, pelas informações divulgadas por meio das

redes sociais e dos blogs que confere voz a milhares de indivíduos comuns

(RAMOS, 2014).

3.2 A PERSPECTIVA DA FALA E DA ESCRITA NA COMUNICAÇÃO

A fala é um processo de pensamento real, não verbal em si mesmo,

enquanto a palavra falada traz o imediatismo, a palavra escrita tem o desafio de

traduzir essa prontidão. Segundo McLuhan (2007, p. 22), “[...] o conteúdo da escrita

é a fala, bem como a palavra escrita traz o conteúdo da imprensa e a palavra

impressa traz o conceito do telégrafo”.

A fala pode determinar as diferentes maneiras de reação de uma

pessoa dependendo dos gestos e tom de voz que foram apropriados. No entanto, a

escrita separa a ação da reação: “A linguagem é para a inteligência o que a roda é

para os pés, pois lhes permite deslocar-se de uma coisa à outra com desenvoltura e

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rapidez, envolvendo-se cada vez menos” (MCLUHAN, 2007, p. 97).

A fala é a extensão técnica da consciência. A consciência coletiva e

o conhecimento intuitivo ficam diminuídos por essa extensão, a linguagem projeta e

amplia o homem, entretanto, divide seus pensamentos. A linguagem é considerada a

principal arte da humanidade, pois manifesta, expõe, e estende todos os sentidos de

uma só vez, distinguindo humanos de animais.

McLuhan (2007) compara o ouvido humano ao receptor de rádio

capaz de decodificar as ondas eletromagnéticas e recodificá-las como som, nesse

caso a voz humana pode ser comparada ao transmissor de rádio. Se pensarmos nas

estruturas dos sentidos que são projetadas nas várias línguas, observamos que

essas podem ser tão diversas como os estilos na moda e na arte.

De acordo com o autor, a língua matriz ensina a ver e sentir, ao

mesmo tempo em que condiciona a forma de agir, de maneira exclusiva e

individualmente. A língua pode também ser considerada uma tecnologia de extensão

humana. Nos dias atuais, os computadores traduzem textos e códigos em qualquer

idioma ou codificação, instantaneamente. A tecnologia elétrica estimula a palavra

falada, enquanto a palavra escrita tem sido afetada por meios como telefone, radio e

a televisão.

Quando se pensa em palavra falada se pode inferir que é também

uma palavra escutada. Essa cultura oral e acústica estimula uma proximidade

diferente, a de homens entre si, e a construção das relações de grupos. A palavra

oral pode ser considerada limitada ao espaço audível da voz e só percorre distâncias

curtas e limitadas, permanecendo apenas em memórias coletivas (MCLUHAN,

2007).

Quanto à palavra escrita, sobretudo quando reproduzida pela

imprensa, sua permanência no espaço e tempo se torna possível devido a

constituição do coletivo, pautada em memórias externas, registros, inventários,

arquivos de toda a espécie, o que torna possível a democratização da instrução e a

construção do saber. Para o autor, entretanto, não é o conteúdo produzido o que

importa, e sim o meio pelo qual a mensagem é veículado.

McLuhan (2007) diz que:

[...] “o meio é a mensagem”, porque é o meio que configura e controla a proporção e a forma das ações e associações humanas. O conteúdo ou usos desses meios são tão diversos quão ineficazes na

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estruturação da forma das associações humanas. Na verdade não deixa de ser bastante típico que o “conteúdo” de qualquer meio nos cegue para a natureza desse mesmo meio (MCLUHAN, 2007, p. 23).

Isso significa que as tecnologias comunicacionais produzem

consequências (individuais e sociais), independente do seu conteúdo, transformando

as estruturas da sociedade. A “mensagem” de qualquer meio ou tecnologia é a

mudança que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas (MCLUHAN,

2007).

Quando utiliza a luz elétrica como exemplo de um meio, o autor

demonstra que ela é a informação pura, mesmo havendo dificuldade na percepção

da luz elétrica como meio de comunicação:

A mensagem da luz elétrica é como a mensagem da energia elétrica na indústria: totalmente radical, difusa e descentralizada. Embora desligadas de seus usos, tanto a luz como a energia elétrica eliminam os fatores de tempo e espaço da associação humana como o fazem o rádio, o telégrafo, o telefone e a televisão, criando participação em profundidade. (MCLUHAN, 2007, p. 23).

A velocidade da comunicação por meios elétricos e a

instantaneidade com que a mensagem se difunde demonstra o caráter da

massificação de sua receptividade que não só permite a partilha de novas

experiências como também promove aproximação social em larga escala.

Nesse contexto de previsões do futuro que a revolução tecnológica

em curso irá desencadear, aparecem importantes referencias de McLuhan (2007)

quanto às transformações no ensino. A cultura eletrônica, ao agir por

instantaneidade elétrica e por receber globalmente os dados promove a

simultaneidade sensorial e a integração intelectual, o que resulta na integração dos

saberes.

Aqui se pode confrontar as afirmações de McLuhan (2007), quando

diz que a participação efetiva do aluno em seu processo de ensino e de

aprendizagem o coloca frente a um universo permissivo através da escola

cibernética do futuro. Como será discutido no próximo capítulo, nesta forma de

ensino, o próprio professor é o meio de comunicação, pelo qual a oralidade e o

discurso são compreensíveis. A fala precisa estar coerente com os gestos, a

empatia, a imagem pessoal, a postura, a temperatura do olhar, entonação de voz,

ritmo da fala, e esses elementos podem trazer para o momento da teleaula mais

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efetividade.

Na teleaula, o envolvimento mais profundo com os alunos não se dá

apenas pela linguagem verbal, mas também por estímulos não verbais. Em se

tratando do modelo de teleaula ao vivo da Unopar, que tem mecanismos suficientes

para estimular a participação do aluno e a interação entre ambas as partes

(professor/aluno), pode apresentar melhores resultados do processo, na medida em

que é mais estimulante assistir uma aula ao vivo do que uma aula gravada ou um

vídeo disponível na internet.

Nesse sentido, os cuidados que envolvem a linguagem não verbal

precisam ser periodicamente repensados ou reconfigurados. Do mesmo modo, a

imagem pessoal pode ser uma estratégia utilizada no ambiente da teleaula. Por meio

dela, o professor pode transmitir proximidade, afetividade e bem-estar, o que pode

contribuir para o maior interesse acerca do conteúdo explanado naquele momento.

3.3 LINGUAGEM NÃO VERBAL E COMUNICAÇÃO MEDIADA POR

TECNOLOGIAS

É consenso em diversas áreas do conhecimento, dos estudos da

linguagem à antropologia, que a linguagem é o que diferencia o homem dos animais.

Nesse sentido, a mensagem que chega ao interlocutor passa por um longo processo

para que o resultado final seja alcançado. Todos os sujeitos envolvidos no processo

são atuantes, interagindo de forma direta ou indireta com o meio que transmite a

mensagem, tal como televisão, jornal, o cinema, o rádio, internet entre outros

(MCLUHAN, 2007).

Quando alguém lê um livro ou uma revista, entra em contato com o

meio de transmissão da mensagem e, assim, capta as mensagens que aquela

ferramenta comunicacional pode proporcionar de acordo com as linguagens

utilizadas. Assim, a mensagem chega ao receptor e somente depois será

processada (MCLUHAN, 2007).

Para o autor, as novas tecnologias que envolvem internet e meios

digitais exigem certo grau de participação e interação por parte do usuário, antes

desnecessária. Quanto maior for a participação, maior o volume de informação sobre

o contexto apresentado dessa cultura digital, o que exige participação efetiva,

envolvimento e reações, bem diferente do rádio que trabalha unicamente o sentido

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auditivo. Essas reações acontecem dependendo do nível de escolaridade, cultura

dos país e da cultura hereditária de cada indivíduo, ou seja, aquilo que lhe foi

atribuído de geração em geração (BOURDIEU, 1998).

A disseminação das redes sociais nos dias de hoje pode ser lida

como importante exemplo de como as relações passaram a se basear em outras

linguagens para além da escrita ou falada. A ênfase conferida às imagens como

principal meio de comunicação/veiculação de informações, desloca do texto escrito a

centralidade da mensagem compartilhada e confere à imagem importante papel no

processo de comunicação por tais mídias. Na presente sociedade, as imagens

representam muito e comunicam por meio da linguagem não verbal, ainda, a

imagem confere ao indivíduo mais representatividade que textos, levando em

consideração os estímulos e as possibilidades midiáticas que temos na

contemporaneidade.

A popularização dos celulares de acesso à internet, iniciada na

primeira década do século XXI, modificou o comportamento humano, a

interatividade, a simultaneidade das informações e a maneira como nos

relacionamos com as pessoas e com os meios de comunicação.

Com esse cenário de novas atitudes e novos devices, o smartphone ganha destaque. Convergindo várias funções e facilidades, o aparelho se tornou uma extensão do corpo dos indivíduos que conseguem a todo instante se comunicar, se informar e se entreter de maneira simples e pervasiva. Atuando como um complemento de várias tarefas diárias, o smartphone passou a ser enxergado como um grande veículo de possibilidades comunicacionais das marcas com seus consumidores. (GUIDINI, 2017, p. 44, grifo nosso).

Outros autores como é o caso de José de Aguiar (2004) defende

que qualquer conduta comunicativa tem uma finalidade que determina os meios

utilizados para conseguir o efeito que se precisa dentro de um contexto de interação.

Isso nos leva a concluir que a linguagem verbal e as linguagens não verbais compõem-se de códigos globais que abrigam inúmeros subcódigos relacionados entre si e responsáveis por tipos de comunicação diferentes, segundo as funções que queremos privilegiar. Logo as linguagens devem ser estudadas em toda variedade de suas funções (AGUIAR, 2004, p. 57).

Quando a comunicação acontece em determinados grupos, a

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mensagem que se propõe transmitir precisa ser eficaz e compreendida pelo locutor,

pessoa que emite uma mensagem, e para tanto, precisa estar inserida em um

contexto apreensível pelo interlocutor, pessoa que recebe a mensagem.

A comunicação é uma forma de interação na qual se compartilha

pensamentos, mensagens, sentimentos e ideias e podem influenciar o

comportamento dos outros indivíduos, que reagem de forma a seguir valores,

crenças, histórias e diversos sentidos, dentre eles: a capacidade de trocar ou discutir

informações. É também uma ferramenta de trabalho, relacionamento, lazer, para

tanto, a linguagem não se resume somente às palavras, mas sim, a uma série de

expressões faciais e corporais que tornam as palavras mais efetivas.

A linguagem não verbal envolve a postura do corpo, a expressão da

face, os gestos e esclarece muito sobre o que o indivíduo pretende comunicar, isso

tudo aliado às palavras. Os elementos presentes na comunicação não verbal são

fundamentais para o processo de comunicação e dessa forma, assume papel

essencial na decodificação das mensagens vividas.

A linguagem não verbal é genuína e está presente desde os

primórdios, por isso é considerada primária, intuitiva e menos sujeita a influências,

entretanto, algumas vezes, ela contradiz o que está sendo dito pelas palavras. É a

representação natural das atitudes dos homens e por isso expõe sentimentos e

percepções.

Quando se estabelece uma comunicação, o corpo em conjunto com

a fala traz representatividade para esse momento e dessa forma, isso remete a

certas sensações e valida a comunicação verbal ou a reprova. É comum as pessoas

mostrarem empatia por outras, primeiro por meio de mensagens não verbais e

depois por mensagens verbais.

É por isso que professores da Educação a Distância com atividades

diárias de teleaula devem estar atentos à linguagem não verbal que está sendo

transmitida, em especial no momento da teleaula ao vivo. Gesticulação em excesso,

expressões exageradas ou a falta delas, maquiagem em excesso ou falta de

maquiagem, cabelos arrumados, cores e modelagens das roupas são alguns dos

elementos que devem ser observados nessa modalidade de ensino. O professor da

EAD pode ser considerado um comunicador e para se tornar um, este professor terá

de desenvolver em si competências de uma nova linguagem midiática para se

adequar às características do meio televisão e, ao mesmo tempo, se tornar um

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produtor/usuário/mediador (FUSARI, 1994).

Tendo em vista a importância de elementos comunicacionais verbais

e não verbais entre locutor e interlocutor5, se faz necessário que ambas as

linguagens estejam em acordo no momento em que o conhecimento é

compartilhado, uma vez que a emissão de sinais controversos pode prejudicar a

compreensão daquilo que é transmitido. A comunicação não verbal pode representar

55%, segundo dados levantados a partir da pesquisa realizada pelo armênio Albert

Mehrabian (PEASE; PEASE, 2005), professor de Psicologia na Universidade da

Califórnia, nos Estados Unidos.

Esse estudo concluiu que a comunicação interpessoal é constituída

7% de linguagem verbal, 38% se dá por meio do tom de voz e 55% da comunicação

é feita de modo não verbal. Quando a comunicação se dá por meio de uma ou mais

pessoas, esse contexto pode ser chamado de interpessoal e promove a troca de

informações entre locutor e interlocutor (BIRK; KESKE, 2008).

A pesquisa de Albert Mehrabian, citada anteriormentem, revelou que

apenas 7% do conteúdo da fala é absorvido pelas pessoas e isso pode ser

compreendido como linguagem verbal. Já 38% representa o tom da voz e a maneira

como se fala e os 55% restantes diz respeito a linguagem não verbal e pode ser

representada pelas vestimentas, cores, maquiagem, cabelos, gestual, expressões

faciais, empatia e postura (PEASE; PEASE, 2005).

A imagem pessoal pode refletir valores, credibilidade, cultura, além

de transmitir segurança em determinadas situações. Se relacionarmos essas

informações ao trabalho do professor da EAD na teleaula, a utilização correta

desses códigos poderá favorecer a comunicação. Para se tornar um professor

comunicador Fusari (1994) diz que o docente precisa desenvolver competências de

uma nova linguagem midiática para se adequar às características do meio televisivo

e, ao mesmo tempo, se tornar um produtor/usuário/mediador.

Quando a comunicação não verbal é direcionada e consciente ela

tem o poder de prender a atenção das pessoas, entretanto, mesmo sendo usada de

maneira involuntária, grande parte das vezes, é possível utilizá-la de maneira

estratégica. Estudos da linguagem corporal realizados por Pease e Pease (2005)

mostram que é possível decifrar a verdadeira intenção do locutor pelas contradições

5 O locutor é aquele que emite a mensagem (para um ou mais sujeitos) e o interlocutor é quem

recebe a mensagem enviada.

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entre as palavras e os gestos podem ser detectadas ou por meio de sorrisos, gestos,

expressões faciais e códigos de vestimentas.

Enquanto fenômeno social, a comunicação se dá por meio de algum

tipo de linguagem e se modifica de acordo com o uso que as pessoas fazem dela –

verbais ou não verbais, criando diferentes sinais dependendo do grupo social ao

qual fazem parte. As diferentes comunidades espalhadas pelo mundo, por exemplo,

têm estruturas de pensamentos próprios, moldados segundo suas experiências

históricas expressas por meio de linguagens que são significativas àquele contexto

(PEASE; PEASE, 2005).

Quando McLuhan (2007) desconstrói a obsessão pelo conteúdo, o

qual de acordo com ele, parte de uma cultura letrada, obsoleta, incapaz de se

adaptar as novas condições tecnológicas. O autor sugere abandonar o excessivo

esforço para interpretar conteúdos e enfatiza a necessidade de centralizar atenções

no que deveria ser o essencial: O meio. É importante observar aqui que mesmo

quando o meio for as câmeras, certamente os “[...] elementos não verbais também

serão relevantes nesse processo de interação entre professor/aluno” (MCLUHAN,

2007, p. 32).

Essas formas de comunicação não são expressadas por palavras,

por isso, são chamadas de comunicação não verbal, pois revelam subliminarmente

gostos, cultura, experiências de vida, situação econômica, entre outros. Ferrara

(1986, p. 6) essas formas, revelam o que desejamos, “revela o que queremos que

pensem de nós”. Para o autor, nossas escolhas representam signos

comunicacionais de ordem não verbal e esse tipo de linguagem é altamente eficiente

para o contexto da comunicação humana.

De modo complementar aos signos da comunicação verbal, a

linguagem não verbal pode transmitir inúmeras mensagens que transitam entre

expressões faciais, gestos com as mãos, postura física, ritmo do corpo e voz,

refletindo por meio desses sinais, informações sobre o comunicante (FERRARA,

1986). Essa comunicação acontece, inclusive, pelas vestimentas, pela escolha de

cores, pelos sorrisos espontâneos ou simulados, maquiagens, cortes e coloração

dos cabelos, como também acessórios.

Mauricio (1995) pontua que a utilização da comunicação verbal e o

poder da persuasão em discursos são elementos fundamentais da oratória – visando

o convencimento do público – o autor concorda que a comunicação não verbal pode

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ter a mesma influência sobre o outro quando afirma que o homem é a metade de si

mesmo; a outra metade é a sua expressão. Quando não existe coerência da nossa

fala com movimentos, atitudes e gestos, a linguagem do corpo não está de acordo

com a linguagem verbal e então tem-se a percepção da incoerência do discurso. Em

outras palavras, o que é transmitido verbalmente é indispensável, no entanto, não é

a única forma de comunicação que deve ser considerada.

É possível dizer que a comunicação não verbal é um dos elementos

mais interessantes da comunicação. Acredita-se que esta comunicação incorpora

princípios como o modo que utilizamos nosso corpo, gestos e voz para representar

mensagens que reforçam, complementam ou negam nossas palavras. O verbal e o

não verbal são complementares e juntos promovem uma forma de comunicação

mais ampla, acessível e compreensiva. Willian Shakespeare (apud DIMITRIUS;

MAZZARELLA, 2003, p. 29) disse que “o mundo inteiro é um palco, e todos os

homens e mulheres são apenas atores [...] um homem representa muitos papéis em

sua vida”.

De acordo com Davis (1979, p. 28), a verdade pode ser transmitida

por meio de expressão corporal de gestos, postura, olhares ou tom de voz, ou seja,

“[...] o verbal é o visível – o que o homem diz e como ele mexe seu corpo - são

apenas duas das formas mais óbvias de comunicação”. Na mesma linha, Eco (2001,

p. 397) afirma que “[...] a linguagem gestual teria precedido a linguagem articulada”.

Sem ela, a história, a cultura e a maioria das coisas não teriam sentido. Em outras

palavras, sem os elementos não verbais a troca de mensagens verbais ficaria

comprometida. Quando se comunica algo verbalmente, os gestos acompanham a

fala de modo a complementar o conteúdo do discurso, bem como, transparecer o

que o sujeito está sentindo naquele momento.

Umberto Eco diz que desde o surgimento da televisão, a presença

exerce uma força sinestésica6 sobre a vida sensória de muitas populações. A

televisão se tornou uma grande extensão humana, capaz de envolver e despertar

sentimentos no telespectador e de fazer com que a audiência se veja parte

integrante de um processo que compõe a massa social.

Aqui é possível fazer uma comparação com professores da EAD que

usam meios bastante parecidos com os da televisão para a transmissão das

6 Produção de duas ou mais sensações sob a influência de uma só impressão. Figura de estilo que

combina percepções de natureza sensorial distinta. (SINESTESIA, 2018).

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teleaulas. No momento da transmissão, o professor estabelece contato com os

alunos, momento em que a mediação pedagógica se dá pelas vias dos instrumentos

tecnológicos, o que permite que o aluno se sinta parte integrante do processo de

ensino. Essa troca de experiências, essa interação é fundamental para incrementar

a teleaula.

Toda conduta comunicativa, segundo Aguiar (2004), tem uma

finalidade e é essa finalidade que determina os meios utilizados para conseguir os

efeitos que se deseja, dentro de um espaço específico de interação. No caso da

teleaula, se pressupõe que a empatia sentida pelo aluno pode levá-lo a aproveitar

mais o conteúdo que está sendo ministrado. Do contrário, se o aluno não se sentir

motivado, nem que seja pela empatia, o interesse pelo conteúdo apresentado fica

comprometido e em casos mais extremos, pode até criar desinteresse total pelo

curso.

Os aspectos como domínio de conteúdo, planejamento de aula e

conhecimento, são parte do cotidiano do professor. No contexto de trabalho da EAD,

além desses elementos, é necessário que o professor se preocupe com sua

imagem, postura, linguagem, vestimenta, entonação de voz, empatia e ainda, faça a

interação com o aluno para o bom andamento da teleaula.

Não há dúvidas de que a proximidade física pode facilitar a relação

entre locutor e interlocutor. Todavia, quando isso não é possível, a experiência que o

professor traz do sistema presencial de ensino pode se adequar à modalidade EAD.

Nesse caso, é fundamental que o professor tenha domínio do olhar, tenha

consciência corporal, empregue linguagem verbal adequada ao contexto, para

despertar o interesse do aluno por meio da câmera.

Quando a comunicação se dá pela linguagem verbal tem-se

consciência do que se está fazendo, contudo, o mesmo não ocorre no processo da

comunicação não verbal. Este é silencioso e, ao mesmo tempo, se expressa muito, é

transparente, involuntário, mas pode ser usado de forma consciente e estratégica.

A linguagem subliminar do corpo reflete elementos importantes de

nós mesmos, ainda que boa parte das pessoas não tenha consciência da linguagem

implícita em seus trejeitos. Os gestos podem ser classificados por categorias e seus

significados dependem do contexto no qual cada indivíduo distinto está inserido.

Pease e Pease (2005, p. 19), afirmam que “[...] a linguagem do corpo é o reflexo do

estado emocional da pessoa. Cada gesto ou movimento pode ser uma valiosa fonte

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de informação sobre a emoção que ela está sentindo num dado momento”.

Segundo os estudos desses e de outros autores, não é possível

simular a linguagem não verbal, justamente pela falta de coerência que pode ocorrer

entre gestos principais, micro sinais do corpo e o discurso oral. Em outras palavras,

nossas expressões precisam confirmar o que as palavras querem transmitir, a fim de

que exista essa coerência de significação das palavras. “Como podemos observar,

na maioria das nossas relações comunicacionais, as várias funções, dominadas pela

emotiva, tendem a realizar uma mensagem persuasiva” (ECO, 2001, p. 72).

Para além dos componentes da linguagem não verbal, roupas e

acessórios são elementos que representam aspectos da cultura ou grupo a que

pertencem e carregam em si significados inerentes estabelecidos socialmente.

Castilho (2004a) diz que o corpo se transforma em uma via de comunicação entre

sujeitos e materializa sua individualidade e coletividade de maneira estruturada e

declarada em sua forma física. Para tanto, entende-se que o corpo é também usado

como forma de comunicação em determinados grupos e por isso, é preciso ter

consciência para utilizá-lo apropriadamente como discurso.

Considerando o corpo como meio de comunicação, bem como as

implicações do uso de vestimentas e acessórios, um exemplo relevante é o dos

tradutores e intérpretes de LIBRAS7. Como a transmissão da mensagem ocorre,

exclusivamente, pelo uso de sinais, a apresentação é organizada no sentido de

destacar todos os elementos que compõem a mensagem e, ao mesmo tempo,

minimizar todos os estímulos que venham a atrapalhar esse objetivo. Simião (2017,

p. 7) aponta que

Em linhas gerais, as cores da vestimenta, da pele e do cabelo do intérprete precisam ser contrastantes entre si e em relação à cor de fundo da janela ou da tela. Isso garante uma boa visualização dos sinais por parte do telespectador e contribui para a qualidade do material. Pessoas com pele clara podem utilizar tons mais escuros, como azul marinho, grafite, preto e marrom. Peles morenas e negras, por sua vez, pedem cores mais claras, como creme, bege, azul claro e salmão.

Nesse sentido, devem ser evitados quaisquer estímulos que causem

7 Língua Brasileira de Sinais: sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de

comunidades de pessoas surdas do Brasil, de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria (BRASIL, 2002).

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distração, tanto nas vestimentas – cores vibrantes, estampas, bolsos, fivelas,

decotes, entre outros – como no uso de acessórios em geral (relógio, pulseiras,

colares, piercings, anéis, etc.). Tendo em vista que a expressividade facial é

elemento crucial da comunicação em LIBRAS, cuidados similares são exigidos

acerca do cabelo e maquiagem, de modo que exerçam o mínimo de interferência

possível na transmissão da mensagem.

A maquiagem é um detalhe importante na apresentação do intérprete, uma vez que atenua imperfeições, cicatrizes, olheiras, ou mesmo sinais de cansaço – detalhes que poderiam ficar bem nítidos no vídeo. [...] Além disso, recomenda-se que as mulheres usem maquiagem leve, com batom, blush e sombra em tons próximos à pele. A intenção é dar uma aparência corada e saudável ao rosto, o que contribui para gerar receptividade e identificação com o espectador. (SIMIÃO, 2017, p. 10).

Embora a tele aula, na Educação a Distância, tenha características

distintas da tradução em LIBRAS, sua principal função é a de transmitir mensagens.

Como será discutido mais a frente, a presença de estímulos visuais que perturbem

tal objetivo também é desaconselhada, já que desvia a atenção do interlocutor para

elementos que não guardam qualquer relação com a mensagem, impedindo ou

dificultando o processo de aprendizagem.

A valorização da aparência como importante representação de

papeis e funções sociais se dá nos mais diversos contextos da sociedade. Um

exemplo que se pode trazer para esta pesquisa são os critérios que as empresas

adotam para avaliar um colaborador quando decidem contratar. Esses futuros

colaboradores devem estar em consonância com os valores exigidos pela empresa,

no entanto, ocorre que essa percepção se dará pela linguagem não verbal, como

maquiagem, cabelo, roupas, carisma e tudo que se relaciona a imagem individual,

incluindo, a gestualidade, as posturas e a empatia.

Essa é a linguagem compreendida e explorada a exaustão pela

maioria dos políticos em campanhas: “A política é uma questão de aparência, razão

pela qual a maioria deles recorre a consultores de linguagem corporal para ajudá-los

a criar a imagem de sinceros, honestos e responsáveis, principalmente quando não

são” (PEASE; PEASE, 2005, p. 16).

Pease e Pease (2005) afirmam que existe um relato de Freud sobre

uma paciente que expressava verbalmente a felicidade em seu matrimônio e quando

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mencionava esse assunto, repetia o gesto de tirar e recolocar a aliança no dedo.

Freud logo compreendeu a mensagem inconsciente deste gesto e não teve surpresa

quando os problemas do casamento daquela paciente vieram à tona. O relato

mostra uma situação banal para os profissionais que trabalham com questões

similares no seu cotidiano, mas não há dúvidas de que o mesmo raramente

acontece em outras áreas profissionais.

Enviar, receber e interpretar a linguagem não verbal são processos

independentes que acontecem sem que se tenha consciência deles. Mesmo sendo

processos naturais, podem se transformar em habilidades, como é o caso dos atores

em cena. Essas habilidades estão associadas ao conhecimento dos assuntos

pertinentes à linguagem não verbal e são importantes para o desenvolvimento da

competência social, seja na área profissional ou no cotidiano do indivíduo.

Ray Birdwhistell (apud DAVIS, 1979), diz que o próprio formato do

corpo eventualmente comunica, e não apenas pelo intermédio de seu movimento ou

de uma posição assumida. A forma do corpo contém uma mensagem, assim como,

as linhas do rosto, basta observar as características das diferentes etnias mundo

afora. Essas características particulares podem harmonizar ou não a face. Nas

palavras da autora: “Isso é uma teoria de Ray Birdwhistell que acredita na aparência

física como complemento quase sempre culturalmente programado. Birdwhistell

acha que a aparência se aprende e não se nasce com ela”. (DAVIS, 1979, p. 45).

A maneira como se conduz o próprio corpo e se realça as

características do rosto, mostra as marcas de uma determinada cultura e funciona

como uma assinatura pessoal. Contudo, a mensagem atribuída a fala, se estende ao

aspecto pessoal e de como o corpo se comunica, como por exemplo um discurso

ríspido, um tipo de olhar opaco, rosto com poucas expressões faciais simpáticas e

de postura desalinhada, seria pouco interessante para o receptor (DAVIS, 1979).

Para os professores que trabalham na modalidade de ensino à

distância, é importante entender e dominar as ferramentas disponíveis para a

comunicação na EAD. A comunicação eficiente no momento da teleaula, depende

de alguns fatores: quem diz? Em qual canal? Para quem? Diz o que? Com qual

efeito? Em qual contexto?

Claro que os contextos sociais, emocionais e físicos podem interferir

no processo de comunicação e por isso, o receptor precisa estar atento à resposta

do emissor. De modo similar é importante que o professor tenha empatia pela figura

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do aluno na hora de explicar o conteúdo, mesmo que ele esteja do outro lado da

câmera, isso porque comunicar é diferente de informar. Informar é um ato unilateral

e envolve a pessoa que tem uma informação a expor. Comunicar implica tornar algo

comum, fazer-se entender e provocar reações no interlocutor. (SHANNON;

WEAVER, 1964).

3.4 APRESENTAÇÃO PESSOAL E APARÊNCIA DO PROFESSOR:

CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DO VISAGISMO

A escolha da vestimenta é sem dúvida uma escolha de acordo com

cada estilo individual, e pode desviar ou persuadir. Vestir-se conforme a ótica alheia

é o modo de se comunicar de forma direcionada, além de conquistar fatores como

respeito e admiração.

O sujeito pode utilizar a vestimenta para demonstrar quem é e de

onde vem. No passado, além da função de proteção, roupas eram utilizadas para

indicar status, posição na hierarquia social e até modos de sedução. Para os hippies

a linguagem era feita de forma inversa, o movimento atacava sutilmente a sociedade

demonstrando desrespeito à hierarquia imposta na época (DAVIS, 1979).

[...] a linguagem do vestuário, tal como a linguagem verbal, não serve apenas para transmitir certos significados, mediante certas formas significativas. Serve também para identificar posições ideológicas, segundo os significados transmitidos e as formas significativas que foram escolhidas para transmitir (ECO et al., 1982, p. 17).

Em relação as cores, o efeito que cores podem produzir, pode ser

diverso à mensagem que a pessoa que está usando, deseja transmitir. Cores

utilizadas de forma correta podem favorecer a comunicação não verbal e influenciar

positivamente a mensagem pessoal de forma mais coerente (HELLER, 2013).

As cores transmitem mensagens. Elas fazem com que o cérebro

receba diferentes estímulos a cada uma delas, transformando isso em emoções,

sentimentos, reações, inspirações e/ou associações. A cor correta próximo ao rosto,

pode iluminar os pontos fortes, trazer harmonia e efeitos positivos, o contrário, pode

envelhecer, acentuar manchas, espinhas e olheiras.

Não existe cor sem significado, postula Heller (2013). Entretanto, o

critério que indica de que modo cada cor será percebida é o contexto em que ela se

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apresenta. Abaixo, com base na pesquisa de Heller (2013), apresenta-se uma tabela

para indicar as relações mais comuns entre as cores e as mensagens

correspondentes a cada uma delas:

Quadro 1 – As cores e suas mensagens

Vermelho

Agressividade

Sedução Força

Azul

Harmonia Amizade

Concentração Confiança

Dourado

Beleza

Verde

Credibilidade Segurança

Preto e prata

Elegância

Cinza

Insegurança Insensibilidade

Indiferença

Azul, branco e prata

Inteligência

Marrom

Introversão

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Branco

Leveza

Fonte: Adaptado de Heller (2013).

O homem se veste devido a três circunstâncias fundamentais:

proteção, considerando a necessidade de abrigo para as intempéries;

ornamentação, que traz elementos de diferenciações sejam elas demográficas,

sociais ou relacionadas aos gêneros; e pudor (CIDREIRA, 2005; CASTILHO, 2004b).

Desse modo, o ato de vestir pode se relacionar com questões de sobrevivência, mas

é, marcadamente, um ato social. Cidreira (2005, p. 13) comenta que:

Nada mais arraigado em nossa própria cultura do que o ato de vestir o corpo. Quando nos vestimos, além de agradar a nós mesmos temos a tendência de seguir padrões que o grupo em que estamos inseridos muitas vezes determinam, a partir de padrões estipulados pela sociedade que vivemos.

Verifica-se o caráter intrinsicamente cultural do ato de vestir, bem

como sua relação com a tendência humana a pertencer a grupos. Sobre isso,

Cidreira (2005) explica que a moda “[...] permite ao homem assumir sua liberdade de

se constituir naquilo que ele escolheu ser, mesmo se o que ele escolheu representa

o que os outros escolheram em seu lugar” (CIDREIRA, 2005, p. 96).

No caso deste estudo, as referências sobre a imagem pessoal são

presididas por teorias do visagismo que defendem a harmonia do rosto de cada

indivíduo, através de traços da face, cores e cortes de cabelo e maquiagem,

especialmente por ser um dos ângulos mais focados no momento da teleaula. Por

isso a importância em se harmonizar as características externas, como traços,

formatos e características especificas do rosto do humano.

O termo visagisme foi criado pelo francês Fernand Aubry na década

de 1930 e deriva da palavra visage que significa rosto em francês. Para Aubry o

visagismo representava a arte e o visagista representava um escultor do rosto

humano, com a função de melhorar os pontos positivos e disfarçar os pontos

negativos que desiquilibram toda a harmonia do conjunto.

O visagismo é tão antigo quanto o desenvolvimento da civilização,

uma vez que a busca da melhoria da imagem pessoal, seja pelo uso de adornos ou

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por outras estratégias de alteração do corpo, pode ser verificada nas mais diferentes

culturas e tempos. Pertencer a determinados grupos tem fator relevante na imagem

pessoal e faz com que o indivíduo se adapte e queira participar desses convívios,

formando, então, grupos distintos.

O visagismo é a arte de criar uma imagem personalizada, abrange muitas áreas dos conhecimentos: estética, artes visuais, geometria, física óptica, matemática, psicologia, antropologia e sociologia. Analisar o cliente é importante, porque o profissional de beleza precisa saber reconhecer com que tipo de pessoa vai trabalhar. Ele precisa também ter consciência de como sua criação, no cabelo ou na maquilagem afetará o estado psicológico e emocional e o comportamento desse cliente (HALLAWELL, 2009, p. 32).

As teorias do visagismo abordam elementos como formatos de

rosto, tons de pele, características físicas, elementos visuais – linhas, formas, cores,

texturas e luz, de modo a indicar pontos do rosto que podem ser valorizados e

destacados de maneira que a adequação da imagem pessoal represente

corretamente características da personalidade de cada indivíduo

Hallawel (2009) defende a importância de expressar a imagem com

clareza e adequação, condizente com as especificidades de cada indivíduo, uma vez

que essa imagem precisa reproduzir gostos, escolhas, crenças e culturas quando é

percebida pelo outro. Desde as épocas mais primitivas a necessidade de proteção,

imitação e individualização fez com que a os sujeitos buscassem se diferenciar uns

dos outros por meio de sua imagem, seja com uso de vestimenta específica,

pinturas, uso de aparatos, etc. Aubry (apud HALLAWELL, 2009), quando criou o

conceito do visagismo objetivou a criação de uma determinada imagem que

definisse o indivíduo, e por isso, o autor identificava primeiro o tipo físico, traços de

personalidade, profissão e preferências pessoais para só então, definir o visual.

Segundo Hallawell (2009), o rosto é ao mesmo tempo uma

identidade e uma máscara. Essa mascara será saudável se funcionar como uma

proteção ou escudo. Não se mostrando ao mundo, a pessoa se defende da

vulnerabilidade, porém esconder a essência do seu ser pode provocar várias crises

de identidade.

A imagem pessoal pode ser interpretada pelas especificidades de

quem carrega consigo histórias de vida. Segundo Hallawell (2009), o cérebro reage

emocionalmente às linhas, formatos, luzes e cores que compõem a face. Dessa

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forma, os recursos que o visagismo possui conseguem organizar a imagem

adequada de diferentes pessoas para que a imagem refletida seja mais coerente e

transmita com os significados que se pretende transmitir.

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4 ANÁLISE SOBRE A IMAGEM DO PROFESSOR NA TELEAULA

4.1 EXPRESSIVIDADE CORPORAL DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA

TELEAULA

Davis (1979) afirma que mais de mil expressões faciais são

possíveis a partir do ponto de vista anatômico. Os músculos da face são bastante

versáteis, mesmo assim, os indivíduos raramente os mostram por inteiro, visto que

as noções de civilidade que se aprende desde a infância, exigem gestos contidos,

exceto na cozinha, banheiros ou quartos. A tomada de consciência pelo professor

acerca das implicações da expressividade facial na facilitação do processo de

aprendizagem pode contribuir para o melhor desempenho da comunicação, seja

essa presencial ou à distância.

Além da expressividade facial, os gestos compõem parte da

comunicação não-verbal, podendo auxiliar na compreensão da linguagem verbal e

torná-la mais eficiente caso não seja expressada de forma clara. Para Davis (1979),

a maioria dos gestos relaciona-se intimamente com a linguagem, de modo a ilustrar

ou enfatizar componentes do discurso. Além disso, gestos podem indicar elementos

como distância, direção, formas, movimentos, entre outros.

Embora cada indivíduo possua seu estilo gestual próprio, os gestos

se relacionam com aspectos da cultura a que pertencem esses indivíduos (DAVIS,

1979). As culturas desenvolvem diferentes gestos para contextos específicos e

atribuem sentidos próprios para cada gesto, ou seja, o repertório de gestos de uma

pessoa é socialmente construído e varia conforme o país (ou mesmo região) a que

ela pertence. Desse modo, ao visitar países estrangeiros uma pessoa pode passar

por constrangimentos caso não esteja familiarizada com elementos culturais

específicos daquele local.

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Figura 2 - Gesto que representa aceno no Brasil

Fonte: 10 gestos... (2011).

O sinal da mão aberta erguida, no Brasil e México, pode representar

diferentes mensagens, como “pare”, o número cinco ou, se em aceno, um simples

tchau (figura 2) ou mesmo boas-vindas. Entretanto, na Grécia, Paquistão ou em

países da África Oriental pode ser interpretado como maldição ou insulto. O gesto

tido como ofensivo pode ter essa representatividade devido ao período Bizantino,

quando as pessoas humilhavam prisioneiros algemados esfregando excrementos

em suas caras.

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Figura 3 – Dedos cruzados/Figas

Fonte: 10 gestos... (2011).

Dedos cruzados ou figa (figura 3) em países como Brasil, Portugal e

EUA, significa desejo de boa sorte ou fertilidade. Já em países como a China, Japão,

Grécia, Ucrânia, Turquia, Indonésia e Rússia, tal gesto é visto como insulto e

desonra; na Holanda e Tunísia representa o pênis.

Embora a expressão facial seja considerada por diferentes autores

como principal meio de transmissão de informações não verbais (CHAVES;

COUTINHO; MORTIMER, 2010; SANTOS; MORTIMER, 2001), os gestos também

compõem o discurso não-verbal e, se utilizados com coerência, contribuem com a

transmissão efetiva daquilo que se deseja comunicar.

A gesticulação pode informar, complementar conteúdos verbais,

reforçar ideias, além de denunciar estados emocionais, como nervosismo,

ansiedade, insegurança e demais sentimentos e emoções humanas. Como já foi

dito, pode evidenciar a origem cultural de uma pessoa ou, ainda, representar estilo

pessoal, uma marca registrada. A apropriação de novos gestos por uma pessoa

pode, ainda, demonstrar processos de identificação entre indivíduos, como pontua

Davis (1979, p. 116): “Essa mímica inconsciente é muito comum. O indivíduo sempre

incorpora um gesto, um sorriso ou uma variante de entonação de alguém a quem ele

admira.”

Chaves, Coutinho e Mortimer (2010) apontam que os gestos

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encerram conceitos e princípios que nem sempre se manifestam na língua. Nas

palavras dos autores:

[...] o gesto e a fala são produtos de um só processo de formação de enunciado que é simultaneamente imagístico e linguístico. Sendo o gesto uma manifestação de aspectos imagísticos da nossa atividade cognitiva, a sua análise pode informar sobre o modo como as ideias se encontram estruturadas a nível conceitual, isto é, sobre o modo como organizamos e damos uma estrutura às informações que apreendemos do mundo exterior. (CHAVES; COUTINHO; MORTIMER, 2010, p. 23).

Num contexto de diálogo ou de transmissão de informações, os

gestos também podem oferecer indícios sobre a atenção do ouvinte em relação ao

que é explanado. Situações em que o interlocutor passa a repetir gestos e

expressões do locutor sugerem sincronia e grande atenção dispensada. De modo

inverso, gestos e movimentações que sugerem impaciência ou inquietação por parte

daquele que ouve podem ser compreendidas como forma de acelerar a conclusão

daquela conversa.

Na conversa entre duas ou mais pessoas, há necessidade de um canal não-verbal para que o diálogo continue: um olhar relativamente firme e certos comportamentos de retorno, tais como, concordar ocasionalmente com a cabeça ou reações faciais apropriadas. Se não houver absolutamente nenhum sinal, a conversa fatalmente acaba. A linguagem silenciosa do corpo, que muitas vezes contradiz as palavras, é a expressão do inconsciente e reflete algo importante sobre nós mesmos. (BIRK; KESKE, 2008, p. 6).

Do mesmo modo que na gesticulação, o ritmo de cada indivíduo

também mostra muito sobre sua personalidade e seu estado emocional. Pessoas

mais calmas tendem a se movimentar de maneira mais sútil e delicada, ao passo

que pessoas mais enérgicas e/ou ansiosas tendem a falar mais rápida e a se mover

de maneira igualmente enfática.

Como já foi dito, para tornar compreensíveis as mensagens

transmitidas, é imprescindível considerar outros elementos para além das palavras

faladas, isto é, considerar todo o corpo como um conjunto de movimentos e de

expressões. Nesse sentido, outro elemento não-verbal abordado por Davis (1979) é

a postura corporal que dentre todos os elementos não verbais, componentes do

comportamento humano é um dos mais simples de ser observado e interpretado, de

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acordo com a autora. Assim como as demais formas de comunicação, a postura

reflete as construções sociais de determinada cultura: posições corporais são

avaliadas como adequadas ou inadequadas pelo grupo social de acordo com o

contexto em que são apresentadas, dessa forma, determinadas posições são mais

prováveis de serem adotadas que outras, o que confere um caráter de relativa

previsibilidade ao estudo da expressividade corporal.

A postura adotada por um indivíduo pode revelar ainda dois

aspectos importantes: as características psicológicas da pessoa (como timidez,

extroversão, autoconfiança, entre outros) e as respostas emocionais da pessoa nas

relações sociais (p. ex.: quando se sente ameaçado, se afasta da pessoa; quando

gosta da pessoa, se inclina em direção a ela) (DAVIS, 1979).

No caso da teleaula da Unopar, objeto dessa pesquisa, o estudo dos

movimentos e expressões corporais pode contribuir para a construção de um

determinado vocabulário não verbal específico ao âmbito da teleaula, de modo a

introduzir saberes acerca do uso adequado de gestos, ritmos e posturas perante as

câmeras, de modo a favorecer a transmissão de conhecimentos no contexto de

ensino a distância. Na mesma direção, Chaves, Coutinho e Mortimer (2010)

comentam que:

[...] o comportamento comunicativo não verbal do docente pode ser visto como um recurso que regula a interação, uma ferramenta com que os professores podem contar para direcionar suas ações na sala de aula, para a organização e o manejo da classe, e mesmo para servir de “chave de interpretação”, ou seja, direcionar o valor a ser atribuído a partes diferentes do enunciado, realçando ou reduzindo-as, de acordo com o contexto em que está inserido. (CHAVES; COUTINHO; MORTIMER, 2010, p. 23).

Assim, hipotetiza-se que o autoconhecimento do docente, sobretudo

no que concerne às expressões não verbais, pode favorecer o processo de

aprendizagem dos alunos. Contudo, para além do autoconhecimento, a empatia

pode ser considerada como elemento importante no sentido de articular e/ou

organizar a apresentação de elementos não verbais.

Em concordância com Brolezzi (2014), adotou-se aqui a definição de

empatia como resposta afetiva e cognitiva que supõe uma mobilização para o outro.

No contexto de ensino-aprendizagem, o autor propõe que a empatia seja analisada

segundo dois aspectos: 1) o papel da empatia no conhecimento que o professor tem

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do que o aluno sabe; 2) o papel da empatia na compreensão da influência que esse

conhecimento tem no processo. Enquanto o primeiro configura atividade específica

do professor, a quem caberia o papel de compreender profundamente cada aluno,

seus limites e potencialidades; o segundo contempla o professor ao considerar a

influência do seu próprio ego na relação com o aluno, mas também seria uma

atividade fundamental por parte do aluno, que ao mobilizar-se para o universo

exterior, deixar-se-ia adentrar na mente do professor e partilhar dos seus

conhecimentos.

No contexto do ensino a distância, embora o professor não consiga

conhecer com profundidade seus alunos, como sugerido acima, pode-se aventar

que a adoção deliberada de elementos verbais e, especialmente, não verbais que

facilitem a apreensão da mensagem transmitida, são estratégias fundamentais para

o exercício da docência em teleaula. A apresentação de determinadas posturas ou

gestuais que indiquem agressividade e rigidez, por exemplo, podem dificultar a

apropriação pelo aluno daqueles conceitos veiculados. Do mesmo modo,

expressões faciais e gestos que sugiram insegurança, ansiedade ou dúvida,

poderão ser assimilados de modo inadequado ou mesmo não ser assimilados pelos

alunos.

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS

A fim de fomentar discussões sobre a temática proposta, foram

realizadas duas entrevistas com profissionais de referência nas áreas de

comunicação e imagem, a fim de contribuir para a compreensão da comunicação

não verbal, de maneira prática, no modelo EAD selecionado. Seguindo um

questionário de perguntas semiestruturadas, devidamente submetido e aprovado

pelo CEP, Phillip Hallawell e Pedro Barreto foram entrevistados em dois momentos

diferentes e as entrevistas foram gravadas e transcritas.

É importante salientar que a escolha dos entrevistados se baseou na

busca por participantes com vasta experiência em suas áreas de atuação e

importante relevância com relação ao tema da pesquisa.

Conforme informações veiculadas em seu lattes, Philip Hallawell é

artista plástico e arte-educador. Mestre desenhista e profundo conhecedor da

linguagem visual, ele pesquisa como o cérebro percebe e processa imagens há 40

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anos. Seu método de visagismo é baseado na associação de vários trabalhos

científicos nas áreas da psicologia, da neurobiologia e da antropologia com os

fundamentos da linguagem visual.8

Pedro Barreto, o segundo entrevistado, foi escolhido em função de

sua experiência profissional na área de comunicação. Em workshop de visagismo e

de técnicas televisivas ministrado pelo profissional a professores da EAD da Unopar

em 2017, o foco foi comportamento e postura diante das câmeras. Além dos vários

pontos importantes abordados, um ponto bastante destacado foi o da compreensão

necessária ao docente que trabalha o conteúdo de aula, dentro de um estúdio, que

naquele lugar ele é, sobretudo, um comunicador. Outro ponto importante trabalhado

foi o exercício da simpatia durante a aula, como sorrir, expressar alegria, confiança e

conhecimento daquilo que está ensinando.

A seguir será feita uma discussão dos principais pontos elencados

pelos entrevistados, de modo a dialogar com os aspectos teóricos abordados no

texto e as práticas de teleaula realizadas no contexto da Unopar.

Há uma diversidade de perfis de alunos matriculados nos cursos de

EAD da Unopar. Mesmo assim, quando o professor entra no estúdio para ministrar a

sua aula, ao vivo, tanto a linguagem verbal, como a não verbal precisam estar

alinhadas aos diferentes contextos logados. Em se tratando do mesmo curso, seja

na modalidade presencial, seja na modalidade EAD, os alunos geralmente têm perfis

parecidos e por isso é comum acontecer situações recorrentes nos diferentes

contextos, nesses casos, a linguagem verbal geralmente ocorre da mesma forma.

Muitos professores ministram suas disciplinas em mais de um curso,

com adequações de materiais para cada um deles. Nesses casos, tanto a linguagem

verbal como a não verbal também deve ser apropriada para o contexto atuante.

Desta forma, o aluno não encontrará dificuldades para compreender o conteúdo,

nem tão pouco a linguagem do professor.

Se pensarmos na Educação a Distância, onde o professor é também

um comunicador, a apropriação dos códigos de comunicação não verbal pelo

docente é imprescindível. Pease e Pease (2005, p. 19) afirmam que “[...] a

linguagem do corpo é o reflexo do estado emocional da pessoa. Cada gesto ou

movimento pode ser uma valiosa fonte de informação sobre a emoção que ela está

8 Conf. em http://www.visagismo.com.br/.

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sentindo num dado momento”. Portanto, a linguagem corporal deve estar alinhada

ao papel do comunicador na construção do conhecimento.

Destaca-se aqui excerto da entrevista de Pedro Barreto, que versa

sobre isso:

Os professores precisam adequar a linguagem de acordo com o aluno, com o curso, é necessário se fazer entender em qualquer contexto. Por isso a adaptação é essencial. Fato é que, todos os indivíduos são comunicadores e precisam saber comunicar, saber expressar o que pretendem para viver em sociedade. Tudo pode ajudar ou tudo pode atrapalhar esse discurso na hora da teleaula, se o professor estiver de acordo com o que ele se propõe passar para o aluno, a comunicação terá sido realizada com efetividade. (Entrevista 2 – Pedro Barreto).

Defende-se aqui que a comunicação verbal transfere para a teleaula

a linguagem coloquial, enquanto a linguagem não verbal transfere fundamentos

pessoais como gestual, imagem, postura e empatia. Enquanto Pedro Barreto

destaca os aspectos comunicacionais do professor na tele aula, Phillip Hallawell

evidencia em sua fala a instantaneidade da captação, pelos alunos, dos elementos

comunicacionais, verbais e não verbais, veiculados. Para o entrevistado, se o

professor não dominar tais elementos, corre o risco de prejudicar a conexão entre

alunos e o conteúdo ministrado. Em suas palavras:

[...] o professor é um comunicador e na modalidade EAD ele precisa se apropriar de técnicas televisivas, além do conhecimento do conteúdo para prender a atenção do aluno, precisa ter consciência da comunicação não verbal já que a câmera “interpreta” a sua imagem. Os elementos que o aluno vê através das câmeras são captados e imediatamente processados, e a partir disso o cérebro associa a imagem e seus elementos comunicacionais aos arquétipos que estão armazenados no cérebro. Os conteúdos precisam estar alinhados à fala, à gesticulação e aos estímulos apresentados pelo professor para que a atenção do aluno não se perca tão rápido, por isso ter consciência desses elementos da comunicação verbal e não verbal se faz necessário no momento da teleaula ao vivo. (Entrevista 1 - Phillip Hallawell).

Aqui, faço um adendo relacionando a comunicação não verbal às

técnicas da televisão, o professor da EAD terá de desenvolver consciência de todos

os elementos que compõem a sua imagem frente as câmeras. Desde acessórios,

cores da maquiagem, texturas, padronagem e cores das vestimentas, cores de

cabelo, até penteados e cortes de cabelo. Isso porque, nada pode chamar mais

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atenção do aluno que o próprio conteúdo apresentado pelo professor.

A linguagem que as pessoas fazem das características pessoais de cada um é realizada de forma inconsciente, e após essa leitura do cérebro, mesmo que inconsciente, as pessoas esperam as respostas aos estímulos que tiveram a partir dessas leituras. Quando essas respostas chegam de forma diferente cria-se uma frustração. [Nesse momento da entrevista, o sr. Philip faz uma breve leitura das minhas características, descrevendo linhas, formatos e expressões da minha face enquanto essa entrevista acontecia por meio de uma reunião por Skype] Seu rosto se inclina para frente quando falo, boca e sobrancelhas se levantam e por conta dessas especificidades aparenta ser dinâmica, comunicativa, criativa, espontânea e ainda, uma pessoa de iniciativa. (Entrevista 1 - Phillip Hallawell).

Conforme postula Hallawell, a ausência de elementos não verbais

que confirmem o conteúdo do discurso falado, ou que expressem sentimentos e

emoções que condizem com o contexto de ensino podem criar empecilhos para a

transmissão efetiva de informações na teleaula. Na mesma direção, Birk e Keske

(2008), afirmam que o discurso não verbal pode ser dividido em sons, palavras,

sentenças, parágrafos, pontos e vírgulas, formando uma grande estampa em nosso

corpo. Este, por sua vez, reflete mensagens verdadeiras e muitas vezes, mais fáceis

de interpretar que as próprias palavras. Quando nos comunicamos através da

linguagem não verbal, nossos reflexos involuntários e mais profundos são

expressados por meio do corpo, sem que tenhamos conhecimento desse processo.

Como professora da modalidade EAD, entendo que a imagem nesse

caso é mais ampliada que na sala de aula presencial, visto que o tamanho da

imagem no momento da tele aula ao vivo é muito maior que a da tela de um

computador, por exemplo, dando margem para a observação de muitos elementos.

A expressividade facial, por exemplo, toma novas proporções, tendo

em vista não apenas o tamanho da imagem exibido na tele aula, mas a qualidade da

imagem, o que evidencia, exponencialmente, a presença de traços, formas, sinais e

expressões faciais. Essa diferença em relação a uma aula presencial exige do

professor a consciência de que todos os sinais transmitidos serão visualizados em

proporção maior e mais clara pelos alunos, o que implica não apenas na adoção de

expressões que estejam em consonância com o conteúdo abordado, mas nos

próprios cuidados na preparação do professor para a tele aula, considerando

elementos como uso de acessórios e maquiagem.

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O professor precisa se conscientizar que para reter a atenção do aluno, em especial a distância, é necessário diferentes estímulos durante a teleaula, intervenções com vídeos, imagens e mudança de tonalidade de voz em determinados momentos [...] já em relação a imagem, ela pode ser dividida em proporções, chamada de regra dos terços (proporção áurea), onde o rosto pode ser dividido em 3 partes iguais, tudo que está no terço inferior tem ação visual para baixo, por isso é uma parte mais pesada visualmente, já o 2/3 e o 3/3 é a parte que chama atenção para cima e cria leveza para a imagem do rosto em especial. Quando existe a consciência dessas proporções, a imagem melhora de forma positiva, tudo isso aliado a vestimenta, maquiagem, postura, cores, volumes, texturas, entonação e gesticulações adequadas. (Entrevista 1 - Phillip Hallawell).

Como Hallawell, acredito na harmonia dessas proporções.

Entretanto, para que exista equilíbrio no fazer uso desses elementos como

estratégia, retorna-se ao um ponto constantemente reforçado aqui: é preciso que

haja consciência de aspectos específicos do rosto, o que até bem pouco tempo,

somente profissionais especializados na área do visagismo, conseguiam interpretar

proporções faciais e seus pontos positivos e negativos. Como o professor da EAD

resolve esse impasse “didático”? Com treinamentos, ensaios e observâncias das leis

do visagismo. Os pontos positivos do rosto podem ser realçados pela paleta de

cores apropriada, maquiagem específica e cortes de cabelo. De igual maneira, os

pontos negativos também poderão ser disfarçados por meio das mesmas

ferramentas.

Aspectos como domínio de conteúdo, planejamento de aula e

conhecimento, já fazem parte da bagagem cotidiana do professor. No contexto de

trabalho da EAD, no entanto, só esse instrumental não é suficiente. É necessário

também que o professor do Ensino à distância tenha sob seu controle a imagem,

postura, linguagem, vestimenta, entonação de voz e tudo mais que será necessário

para interagir com os alunos na teleaula. Evidentemente, a proximidade física facilita

a relação entre locutor e interlocutor. Mesmo na ausência desta, contudo, o

professor da EAD pode despertar o interesse do aluno por meio dos recursos

utilizados no estúdio, em frente a câmera.

A entrevista realizada com o pesquisador Philip Hallawell confirmou

o que teóricos, sobretudo do comportamento e da comunicação, têm dito sobre a

importância da comunicação não-verbal e a simultaneidade de correlação entre a

comunicação verbal e não verbal, vivenciados pelo indivíduo sob influência do seu

inconsciente. Por isso a imagem pessoal de uma pessoa representa não somente

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beleza ou harmonia estética, ela comunica/revela características interiores e

expressa personalidade, daí a necessidade de domínio de técnicas que harmonizam

a imagem, tanto pessoais quanto profissionais.

Assim, a partir das leituras e das entrevistas, compreende-se melhor

que a linguagem não verbal transmite códigos e mensagens, mesmo quando

estamos em silêncio. Deste modo, seguem algumas ilustrações do que se entendeu

como adequado e inadequado na teleaula da EAD, considerando a linguagem não

verbal, observada pelos olhos, postura, roupas e gestual.

Figura 4 – Postura inadequada x adequada

Fonte: Do autor.

A postura é elemento fundamental diante das câmeras e fala por si

só.

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Figura 5 – Olhar de descaso x olhar simpático

Fonte: Do autor

O olhar pode afastar ou aproximar, dependendo da sua

expressividade. Na Educação a Distância, a câmera mostrará para o aluno a

imagem do professor por inteiro, com seus jeitos e trejeitos, simpatia ou antipatia no

momento da transmissão. Na entrevista 2, Pedro Barreto fala sobre o olhar e sua

relação com a empatia:

A questão do olhar. O professor precisa ver seu interlocutor e não uma câmera. Sempre manter o sorriso para a geração de empatia, a postura ereta de ataque facilita a impostação da voz. Falar sempre como em uma relação individual com o aluno, no singular. Não exagerar na simpatia, ser sempre você mesmo, sem forçar a barra. O aluno precisa entender que você está ali porque gosta, e não porque representa um personagem. Se o professor tentar convencer o aluno a gostar dele próprio terá um trabalho muito maior, o aluno precisa se interessar pela disciplina não pelo professor, se acontecer dessa forma, gostar do professor será uma consequência, para isso o professor precisa contar a disciplina de uma forma agradável. (Entrevista 2 – Pedro Barreto).

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Figura 6 – Gesticulação inadequada no momento da teleaula

Fonte: Do autor

Outro aspecto pouco falado fora do ambiente de estúdio é sobre a

gesticulação. Não raro, essa precede a fala e se impõe como imagem. Gesticular

em vão, como é bastante comum, não colabora com a atenção do aluno, pelo

contrário, pode facilmente dispersar, isso porque a gesticulação deve estar em

sintonia com o que é dito.

Figura 7 - Gesticulação de acordo com a fala

Fonte: Do autor

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Quando a gesticulação acontece de acordo com a fala o

entendimento pode se dar com mais facilidade e a chance de dispersão do aluno é

menor.

Figura 8 – Vestimenta adequada x vestimenta inadequada

Fonte: Do autor.

A vestimenta é importante no momento da teleaula. Tatuagens,

decotes, modelagens, cores, etc., devem ser avaliados pelo professor antes desse

momento. Sobre isso, destaco o excerto abaixo, retirado da entrevista 2:

A estética é um estado de prazer humano, ela sempre representará isso. Mesmo que eu crie um monstro para um filme de terror, ele não pode ser tão horrível e desagradável que eu não consiga olhar para ele no filme. Ele precisa ser um monstro estético, um feio estético. Que seja feio, mas que seja agradável de se olhar. Por isso um professor que não se preocupa com a imagem, vai criar uma impressão estética insuportável, ele vai criar um ruído nessa comunicação. (Entrevista 2 – Pedro Barreto).

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Figura 9 – Voz alta

Fonte: Do autor.

Ponto importante a ser observado é a entonação da voz, que deve

ser comedida, ritmada pela respiração adequada, tendo sempre em mente que o

ouvido do aluno da EAD, está no microfone pregado geralmente na lapela.

Finalmente, entende-se que todos os recursos que envolvam a

aparência do professor devem ser considerados, de modo que os estímulos visuais

atuem como potencializadores da mensagem veiculada e não como empecilhos no

processo de aprendizagem. Como foi discutido, elementos dos mais diversos, como

acessórios, cores e texturas da vestimenta, corte de cabelo e penteados e até a

maquiagem podem influenciar esse processo. Além desses, o repertório não verbal

configura-se como objeto imprescindível de análise e observação, por parte do

professor, de maneira que a comunicação seja de fato, uma ferramenta a favor do

ensino na Educação a Distância.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa o objetivo proposto foi aproximar a importância da

linguagem verbal e não verbal e como esses elementos podem favorecer a

comunicação na teleaula. Para atingir os objetivos propostos, a metodologia

empregada foi a de revisão de bibliografia acrescida de duas entrevistas com

profissionais de referência nas áreas do visagismo e da comunicação por câmeras.

Por considerar importante esses elementos no momento da teleaula,

a pesquisa debruçou-se sobre as teorias da comunicação, conceitos do visagismo e

técnicas utilizadas em programas televisivos.

A comunicação silenciosa (não verbal) que está presente em nosso

cotidiano e nas relações interpessoais, têm o poder de envolver e pode influenciar

tanto quanto a linguagem pura e unicamente verbal. A linguagem verbal não existe

sem a linguagem não verbal, ou seja, elas coexistem.

E é por isso que no contexto da EAD, em específico na teleaula, a

empatia é vital desde o primeiro contato, assim como, a adequação da linguagem

verbal deve estar coerente com o nível universitário e o contexto do aluno.

Ambos os entrevistados dessa pesquisa defenderam a empatia

como um dos elementos da comunicação não verbal, de grande relevância na

teleaula. Essa característica aproxima e traz credibilidade, ao contrário, quando

existe frieza no olhar ou soberba, a sensação será negativa e o distanciamento do

aluno poderá acontecer instantaneamente. Reverter esse quadro em plena aula é

possível, mas demanda muito trabalho.

Já se falou em outro momento, mas reforça-se aqui, que depois de

estudar os elementos comunicacionais que foram abordados nessa pesquisa, ficou

claro que em relação ao trabalho do professor da EAD, a comunicação verbal dá o

tom da teleaula, ou seja, a linguagem formal. Todavia, compete a linguagem não

verbal a construção de representações tais como: gestos, imagem pessoal, postura

e empatia.

Todos os elementos que envolvem uma teleaula começam bem

antes dela ir para o ar. A preparação do material, elaborados de acordo com a matriz

curricular do curso e da disciplina a qual o professor ministrará é um rito pedagógico

que precisa considerar a linguagem verbal do aluno.

Esta pesquisa demonstrou que o professor da EAD pode ser

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considerado também um comunicador e como tal, precisa se apropriar de técnicas

que envolvem autoconsciência quanto a entonação de voz, postura adequada e

consciência corporal frente a câmera, controle das emoções, concatenamento entre

falas e gestos, movimentos corporais e expressões faciais.

Nesse sentido, para melhor desempenhar seu papel na teleaula, o

professor da EAD deve compreender e dominar tanto os aspectos que envolvem a

imagem pessoal, como aspecto da linguagem verbal e não verbal, sobretudo a

segunda, pois emite códigos e mensagens que são imediatamente decodificados

pelo cérebro do aluno. A partir daí, está feita a relação entre à imagem e seus

elementos comunicacionais aos arquétipos que estão armazenados no cérebro de

cada um.

Toda a parte que envolve a aparência do professor deve ser

considerada. Desde acessórios, até a maquiagem, cores e texturas da vestimenta,

de corte de cabelo, de penteados. Contudo, nada pode chamar mais a atenção do

aluno que o conteúdo apresentado naquele momento. É por isso esses elementos

comunicacionais devem ser observados e tratados de maneira que a comunicação

seja de fato, uma ferramenta a favor do ensino pela EAD.

Não há dúvidas de que há muito ainda a ser pesquisado sobre o

tema. Sobretudo pela importância de se pensar, cada vez mais, sobre as teorias da

comunicação e do visagismo em ambiente de sala de aula - exatamente o que o

estúdio se torna na hora da teleaula - Infelizmente, o tempo do mestrado é curto em

relação a dinâmica da pesquisa e ao grau de dificuldade que algumas podem

apresentar. Por isso, quem sabe no doutorado pode-se ir além e buscar

compreender como se dá o aprendizado em ambientes virtuais, desta feita, para

além das teorias da comunicação e visagismo, adotar-se-á teorias do campo da

psicologia.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1) Você considera o professor da EAD um comunicador?

2) A empatia favorece a comunicação dentro do contexto da teleaula?

3) O professor da EAD, além dos conteúdos abordados, deve se apropriar de

recursos voltados a imagem pessoal para tornar a aula mais atraente?

4) O conteúdo precisa estar alinhado, porém o primeiro encontro na teleaula, pode

determinar a empatia ou rejeição pela disciplina?

5) Quais são os elementos que envolvem técnicas televisivas e que são

considerados importantes no primeiro contato e que podem contribuir para a

comunicação na teleaula?

6) A aula deve ser atraente e proporcionar diferentes estímulos aos alunos, em

contrapartida, se confundida com entretenimento seu conteúdo pode se perder?

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APÊNDICE B – Entrevista 1 - Philip Hallawell

ENTREVISTA 1 - PHILIP HALLAWELL

Data:

O senhor considera o professor da EAD um comunicador?

Philip Hallawell: Diferente da sala de aula presencial, onde existe uma

movimentação de um lado para outro e o gestual aproximado, a interação se faz

mútua, existe a interrupção imediata na hora da explicação caso exista dúvidas por

parte do aluno, o professor da EAD precisa ser mais articulado, precisa trazer mais

didática a sua teleaula, cuidar com o gestual de forma que não perturbe a

comunicação na câmera, já que sua imagem será apresentada em uma tela maior

no polo presencial, o professor precisa se preocupar no quadrante da câmera e para

isso uma postura ereta se faz necessário, existe ainda, a preocupação com o tempo

que é todo cronometrado e não pode se estender como em uma sala de aula

presencial por exemplo. O professor é um comunicador e na modalidade EAD ele

precisa se apropriar de técnicas televisivas, além do conhecimento do conteúdo para

prender a atenção do aluno, precisa ter consciência da comunicação não verbal já

que a câmera “interpreta” a sua imagem. Os elementos que o aluno vê através das

câmeras são capitados e imediatamente processados, e a partir disso o cérebro

associa a imagem e seus elementos comunicacionais aos arquétipos que estão

armazenados no cérebro. Os conteúdos precisam estar alinhados à fala, à

gesticulação e aos estímulos apresentados pelo professor para que a atenção do

aluno não se perca tão rápido, por isso ter consciência desses elementos da

comunicação verbal e não verbal se faz necessário no momento da teleaula ao vivo.

E sobre a empatia? É necessária consciência desse fator para que a comunicação

seja mais efetiva dentro do contexto da teleaula?

Philip Hallawell: Como estudioso do assunto a muitos anos, ministrar aulas e

inclusive já ter apresentado programas de TV na cultura, defendo a teoria junguiana

que diz que características do rosto são lidas e representadas por símbolos

arquétipos. A linguagem que as pessoas fazem das características pessoais de cada

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um é realizada de forma inconsciente, e após essa leitura do cérebro, mesmo que

inconsciente, as pessoas esperam as respostas aos estímulos que tiveram a partir

dessas leituras. Quando essas respostas chegam de forma diferente cria-se uma

frustração. [Nesse momento da entrevista, o Sr. Philip faz uma breve leitura das

minhas características, descrevendo linhas, formatos e expressões da minha face

enquanto essa entrevista acontecia por meio de uma reunião por Skype] Seu rosto

se inclina para frente quando falo, boca e sobrancelhas se levantam e por conta

dessas especificidades aparenta ser dinâmica, comunicativa, criativa, espontânea e

ainda, uma pessoa de iniciativa.

O senhor acha que o professor da modalidade EAD, além dos conteúdos abordados,

deve se apropriar de recursos voltados a imagem pessoal para tornar a aula mais

atraente?

Philip Hallawell: O professor precisa se conscientizar que para reter a atenção do

aluno, em especial a distância, é necessários diferentes estímulos durante a

teleaula, intervenções com vídeos, imagens e mudança de tonalidade de voz em

determinados momentos [...] já em relação a imagem, ela pode ser dividida em

proporções, chamada de regra dos terços (proporção áurea), onde o rosto pode ser

dividido em 3 partes iguais, tudo que está no terço inferior tem ação visual para

baixo, por isso é uma parte mais pesada visualmente, já o 2/3 e o 3/3 é a parte que

chama atenção para cima e cria leveza para a imagem do rosto em especial.

Quando existe a consciência dessas proporções, a imagem melhora de forma

positiva, tudo isso aliado a vestimenta, maquiagem, postura, cores, volumes,

texturas, entonação e gesticulações adequadas. Acredito na harmonia dessas

proporções, entretanto, para que exista equilíbrio, é preciso existir consciência de

alguns pontos do rosto, somente profissionais especializados na área do visagismo,

conseguem ter essa visão ampla das proporções do rosto e seus pontos positivos e

negativos. Esses pontos positivos podem ser realçados através de cores,

maquiagem específica e cortes de cabelo. E os pontos negativos também poderão

ser disfarçados através dos mesmos elementos. É necessário entender as

diferenças entre bonito e belo, o bonito está relacionado ao aceitável socialmente, é

o equilíbrio (simetria) e a harmonia (cores). As roupas, maquiagem, cabelos, pele,

sobrancelhas, barba aparada, tudo que é agradável aos olhos, é considerado bonito.

O belo torna evidente a essência da pessoa, estando associado as características

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internas de uma pessoa. Entretanto, é preciso também encontrar o equilíbrio. Por

exemplo: uma pessoa extremamente comunicativa precisa manter o equilíbrio para

que seja agradável ao outro, e aqui, no contexto professor/aluno/teleaula, nesse faz

necessária a harmonia da imagem externa e interna, o equilíbrio da imagem para si

mesmo e para o outro. De acordo com os elementos da comunicação não verbal, a

forma como o outro se relaciona com o indivíduo pode reforçar ou anular a imagem

que está sendo transmitida. Por isso, o equilíbrio entre o exterior e o interior é tão

necessário.

O senhor acredita que além do conteúdo precisar estar alinhado no momento da

teleaula, como já foi mencionado anteriormente, o primeiro contato (teleaula) é

capaz de determinar empatia ou rejeição pela disciplina?

Philip Hallawell: O conteúdo da teleaula precisa ser dinâmico e ter estímulos

constantes para que o interesse do aluno da modalidade EAD se estenda pelos 80

minutos de teleaula. O professor precisa ter a didática específica ao EAD, onde não

posso me aprofundar, já que não diz respeito a minha especialidade, mas toda

instituição deve ter o seu modelo para direcionar o professor. Já em relação ao

primeiro contato, o aluno ou telespectador de algum telejornal espera algo do

professor/comunicador que está do outro lado, sempre existem expectativas antes

desse encontro, a imagem precisa ser diferente do aluno, seja na linguagem, seja na

postura, na impostação da voz, na vestimenta, ou pura e simplesmente na própria

imagem pessoal. Os elementos visuais são importantes tanto presencialmente como

na imagem apresentada em uma tela, na EAD a imagem fica restrita à parte superior

do corpo, da cintura para cima, sendo o rosto o principal ponto de visão do aluno. As

cores das roupas, modelagens, acessórios e maquiagem são percebidas facilmente

no momento da teleaula, e por isso a atenção para a parte superior do corpo precisa

ser redobrada. Já em relação a primeira impressão do aluno é necessário coerência

e adequação no primeiro dia de teleaula, para que a impressão não seja afetada, é

importante que o professor da EAD saiba que a comunicação feita através da

imagem e seus elementos não verbais, traz uma sensação positiva ou negativa.

Quando se transmite uma imagem negativa o trabalho de reverter essa sensação é

muito maior do que o preparo para uma imagem adequada e harmônica.

Então, quais seriam os elementos que envolvem técnicas da televisão que deveriam

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ser adotados no primeiro contato aluno/professor na teleaula e que podem contribuir

para a comunicação?

Philip Hallawell: Todos os elementos de imagem pessoal, entonação de voz, postura

e gesticulação que são adotados por apresentadores de telejornal, acredito que

tenha o modelo desses elementos bem definidos.

O senhor explanou sobre os estímulos que o aluno deve receber durante a teleaula,

para que a atenção seja retida por mais tempo, se confundida com entretenimento o

conteúdo pode se perder?

Philip Hallawell: Com certeza o conteúdo pode se perder se o estimulo for feito de

maneira errada. É necessário, respeitar a linguagem coloquial que uma teleaula

pede, os elementos todos mencionados aqui, um professor por exemplo, não pode

dar uma teleaula (ou pelo menos não deveria) com camiseta de banda, com a barba

descuida, cabelo bagunçado, a professora com a maquiagem inapropriada, ou um

decote mais profundo. Não seria de bom tom, e ainda, considero falta de respeito

para com o aluno. O professor pode e deve ser simpático, fazer uma brincadeira

aqui outra ali, para de vez em quando descontrair aquele momento, mas a

linguagem coloquial, a imagem adequada e condizente, os elementos

comunicacionais (verbais e não verbais) precisam ser respeitados, para que não

caia no entretenimento e pior, na falta de credibilidade que essa postura pode

ocasionar.

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APÊNDICE C – Entrevista 2 – Pedro Barreto

ENTREVISTA 2 - PEDRO BARRETO

Data:

Você considera o professor da EAD um comunicador?

Pedro Barreto: Ele deve ser um comunicador sempre, cabe ao comunicador explicar

com clareza a informação que ele oferece. Os professores precisam adequar a

linguagem de acordo com o aluno, com o curso, é necessário se fazer entender em

qualquer contexto. Por isso a adaptação é essencial. Fato é que, todos os indivíduos

são comunicadores e precisam saber comunicar, saber expressar o que pretendem

para viver em sociedade. Tudo pode ajudar ou tudo pode atrapalhar esse discurso

na hora da teleaula, se o professor estiver de acordo com o que ele se propõe

passar para o aluno, a comunicação terá sido realizada com efetividade.

Em se tratando de empatia, você acredita que favorece a comunicação na tele aula?

Pedro Barreto: Com certeza, empatia e vínculo afetivo faz a diferença na hora de se

comunicar na tele aula.

E sobre o professor da EAD, você considera importante a apropriação de recursos

voltado à imagem pessoal para tornar a teleaula mais atraente?

Pedro Barreto: Não diria atraente e sim mais agradável. Visualmente?

Pedro Barreto: Claro! Óbvio! É uma questão de estética. A estética é um estado de

prazer humano, ela sempre representará isso. Mesmo que eu crie um monstro para

um filme de terror, ele não pode ser tão horrível e desagradável que eu não consiga

olhar para ele no filme. Ele precisa ser um monstro estético, um feio estético. Que

seja feio, mas que seja agradável de se olhar. Por isso um professor que não se

preocupa com a imagem, vai criar uma impressão estética insuportável, ele vai criar

um ruído nessa comunicação.

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O conteúdo precisa estar alinhado, porém o primeiro encontro na teleaula, pode

determinar a empatia ou rejeição pela disciplina?

Pedro Barreto: Acho que não. Mas ela pode criar uma dificuldade muito grande, já

que a primeira impressão fica por muito tempo. Ela pode não ser eterna, mas ela fica

por um bom tempo e para se desfazer dela será trabalhoso. O mesmo acontece em

uma palestra, ou no início de uma aula. Se o locutor causar uma má impressão no

começo, ele passará mais tempo reconquistando a plateia para poder reverter isso.

Quais são os elementos que envolvem técnicas televisivas e que são considerados

importantes no primeiro contato e que podem contribuir para a comunicação na

teleaula?

Pedro Barreto: A questão do olhar. O professor precisa ver seu interlocutor e não

uma câmera. Sempre manter o sorriso para a geração de empatia, a postura ereta

de ataque facilita a impostação da voz. Falar sempre como em uma relação

individual com o aluno, no singular. Não exagerar na simpatia, ser sempre você

mesmo, sem forçar a barra. O aluno precisa entender que você está ali porque

gosta, e não porque representa um personagem. Se o professor tentar convencer o

aluno a gostar dele próprio terá um trabalho muito maior, o aluno precisa se

interessar pela disciplina não pelo professor, se acontecer dessa forma, gostar do

professor será uma consequência, para isso o professor precisa contar a disciplina

de uma forma agradável.

A aula deve ser atraente e proporcionar diferentes estímulos aos alunos, em

contrapartida, se confundida com entretenimento seu conteúdo pode se perder?

Pedro Barreto: Não. Não necessariamente, você pode ensinar entretendo. O que

não deve acontecer é criar um entretenimento alheio ao conteúdo, porque dessa

forma você desvia o caminho. Mas se esse entretenimento estiver relacionado ao

conteúdo da matéria, não tem problema nenhum. E cita o exemplo de professores

de cursinho que transformam seus conteúdos em entretenimento.