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SOUZA, J. M. R. (2014). No meio do caminho tinha Diotima. Archai, n. 13, jul - dez, p. 131-139DOI: http://dx.doi.org/10.14195/1984-249X_13_14
NO MEIO DO CAMINHOTINHA DIOTIMA
Jovelina Maria Ramos de Souza*
RESUMO: A presente exposio pretende retomar as
representaes de Diotima no discurso potico-filosfico de
Plato e Hlderlin. Independente da poca na qual a imagem
de Diotima foi traada por cada um dos dois autores, a ideia
que ela representa, no contexto da obra do filsofo grego e do
poeta alemo marcada pela ambiguidade. A arquitetnica de
Diotima, seja a de Plato ou a de Hlderlin, se sustenta na noo
de alteridade, espcie de espelho atravs do qual as imagens de
Safo de Lesbos e Susette Gontard parecem se fundir na figura
da personagem platnica e hlderliana. Na caracterizao da
sacerdotisa/filsofa de Mantineia ou da amada de Hiprion/
Hlderlin (fonte de inspirao para muitos de seus poemas) a
aluso ao elemento mediador (daimon) determinante, pois
atravs da fico envolvendo o nome de Diotima, ambos falam
do amor e da beleza (visvel ou humana, segundo a referncia
de um e outro) para sustentar a sua argumentao terica
acerca do amor e do belo, mediada pelas noes de carncia e
desejo, em um espao comum tanto a Plato como a Hlderlin,
a poesia e a filosofia.
PALAVRAS-CHAVE: Diotima; Plato; Hlderlin; amor; beleza.
ABSTRACT: The present exposition intends to resume the
representation of Diotima in the poetic-philosophical discourse of
Plato and Hlderlin. In despite of the time of the representation
of the image of Diotima drew by each of the two authors, the
idea it represents within the context of the works of the Greek
philosopher and the German poet is marked by ambiguity. The
Amor e beleza entre poesia e filosofia
Retomarei as representaes de Diotima no
discurso potico-filosfico de Plato e Hlderlin,
no sentido de mostrar o quanto a concepo da
personagem, seja no contexto platnico ou hl-
derliano acentuadamente marcada pela noo de
ambiguidade. Originariamente, a figura enigmtica
e controversa da mulher de Mantineia concebida
por Plato, na encenao do elogio de Scrates a
ros, no Banquete. A estrutura discursiva do ltimo
dos encmios a ros constitui-se sob o formato de
um duplo discurso, mesclando vozes que envolvem
um passado mais recente e outro mais remoto, no
dilogo entre os personagens Scrates e Diotima.
O elemento lingustico presente na fala da sa-
cerdotisa comporta um discurso envolvendo trs
modos distintos de linguagem: a dos mistrios, a
potica e a filosfica, para tratar da relao amor,
beleza e bondade. Hlderlin por sua vez, ao reto-
mar o nome Diotima, seja na caracterizao da
personagem do romance Hiprion ou o Eremita na
Grcia, seja em vrios de seus poemas, mantm o
mesmo carter ambguo e a mesma temtica que
envolve a composio de um dos mais densos
personagens de Plato.
* Universidade Federal do
Par, e-mail: jovelina@
ufpa.br
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architecture of Diotima, either of Platos or Hlderlins, is
based upon the notion of otherness, a kind of mirror through
the images of Sappho of Lesbos and Susette Gontard seem
to merge in the figure of Platos and Hlderlins characters.
In the characterization of the priestess/philosopher of
Mantineia or in the Hrdelin/Hiperions beloved one (source
of inspiration of many of his poems) the allusion to the
mediating element (daimon) is key. Through the fiction
involving Diotimas name both of authors speak about the
love and the beautiful (visible in Platos case; human in
Hlderlins) to support their theoretical arguments about
love and beauty, mediated by the notions of need and
desire, in a commonplace for both Plato and Hlderlin, the
poetry and the philosophy.
KEYWORDS: Diotima; Plato; Hlderlin; love; beauty.
A anlise aqui pretendida envolve um olhar
acerca do modo como a imagem de Diotima ela-
borada pelos dois pensadores, observando como a
recepo hlderliana conserva o fio condutor do
debate platnico. Instaurado entre as dimenses
potica e filosfica, como o de Plato, o discurso
de Hlderlin acerca do amor e da beleza, primeira
vista parece se diferenciar da abordagem platnica,
por se restringir a uma experincia ntima e pessoal,
o amor dedicado a sua Diotima, na vida real Suset-
tte Gontard, esposa de um banqueiro de Frankfurt,
a quem conheceu quando se tornou preceptor de
seu filho. No entanto, a lembrana afetiva do autor,
o impulsiona a pensar a beleza (Schnheit, palavra
alem originria do verbo scheinen, aparecer, pare-
cer, brilhar) de modo similar a Plato, uma vez que
seu projeto esttico compreende a teoria platnica
sobre a poesia, conforme sustenta Vaccari (2013,
p. 272). Para Pfau (1988), a recepo de Plato em
Hlderlin notria, sobretudo no que diz respeito
relao amor e beleza, por ser nela que se efetua a
experincia esttica. Contudo, no se pode pensar
a esttica hlderliana associada noo grega de
aisthesis, sensibilidade. Diferenando-se de Kant,
o poeta-filsofo concebe a intuio como um ele-
mento atrelado inteleco e no a sensibilidade,
com isso a experincia esttica se d por meio de
uma intuio intelectual.1
Para Ferreira (2009, p. 29), Hlderlin pensa
a intuio intelectual como esttica porque ela
se manifesta de modo privilegiado no amor e na
apreenso das coisas belas e sublimes. Isto o leva
a aproximar-se do Plato do Fedro e do Banquete,
mas tambm da filosofia crtica de Kant, exposta na
Crtica da Faculdade do Juzo, como ressaltam Pfau
(1998, p. 7-11) e Beckenkamp (2004, p. 125-126):
Na ideia de beleza, Hlderlin funde elementos de
Plato (a reminiscncia entusistica da ideia de Beleza,
como apresentada no Fedro) e de Kant (a linguagem
figurativa da natureza nas belas formas naturais, como
apresentada no 42 da Crtica da faculdade do juzo),
para prop-la como lugar privilegiado da experincia do
ser absoluto ou da unidade original.
Hlderlin encontra na noo de beleza, o
modo mais adequado para realizar a unio originria
entre a natureza e o ser puro e simples. Teorica-
mente, a reconciliao entre o Um e Tudo (En kai
pan), se d por meio de uma matriz estrutural, a
noo de intuio intelectual, elemento capaz
de possibilitar a transio entre ordens distintas
de apreciao da beleza. Na retomada e ressignifi-
cao do modelo platnico, o poeta alemo situa
o movimento que compreende a viso e a ideia da
beleza, como defende Renero (2006), na trade
logos-eros-poiesis. A convivncia destes daimones,
como os caracteriza Renero (2006, p. 4), operam
como potncias ou instncias hermenuticas, pon-
tes e vnculos entre o poeta e o leitor. Na expresso
de sua afeco por Diotima, Hiprion ou a persona
dos poemas dedicados a ela, estabelecem a mescla
entre reflexo, amor e poesia. No poema Pranto
de Mnon por Diotima, encontra-se um movimento
contnuo entre a busca e a recuperao da esperana
perdida, representado por uma espcie de sistema
pendular, que segundo Renero (2006, p. 5), envolve
recordao e esquecimento, sonho e viglia, vida
e morte, movimento e repouso, luz e obscuridade,
possibilidade e realidade. O modo encontrado por
Hlderlin para recuperar o amor de Diotima,2 se
d por meio de um discurso ertico-potico, que
a exemplo de Plato, comporta a reflexo sobre
a beleza.
Se para os gregos, originariamente, a filosofia
evolui da poesia, por sua vez, Hlderlin realiza um
1. Segundo Pfau (1988, p. 26) a
intuio intelectual do Ser, isto
, a intuio de uma unidade que
antecede qualquer estrutura de
sntese, identidade e conscincia,
deve ser esttica. No entanto, a
intuio intelectual no domnio
esttico, no pode ocorrer de
modo sistemtico, por ela no
possuir em si mesma, a capacidade
de representar o absoluto, se
revelando por meio de uma
transgresso da unidade do Ser
puro e simples.
2. Na estrofe 3 de Pranto de Mnon
por Diotima, a persona do poema
evoca: Luz do Amor! Tambm
envolves os mortos no ouro do
teu brilho [...] Pois todos os dia e
anos estelares, Diotima! / Estavam
em nosso redor intimamente
unidos para sempre (Traduo
de Maria Teresa Dias Furtado in
Elegias, p. 21).
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processo de inverso, no qual a poesia parece fluir
da poesia. Na experincia esttica, a apreenso do
belo no ocorre por meio de um discurso terico-
-reflexivo, mas de um discurso potico, que se torna
um modo de representar o real, gerando um lan
entre a dimenso terica e a esttica. Na esttica
hlderliana, a concepo de beleza se desvela por
meio da linguagem potica e no da filosfica,
como em Plato. No entanto, os dois pensadores
concebem a mediao entre o discurso potico e
o filosfico, na construo de suas teorias sobre o
amor e o belo, da o considervel apreo do poeta
alemo pelo filsofo grego, alm de ambos tentarem
delimitar a linha tnue entre poesia e filosofia, a
partir do tipo de produo praticada pelo poeta e
pelo filsofo.
Rosenfield (1998, p. 158) aponta com preci-
so, como Hlderlin concebe o processo de pas-
sagem (bergang, Transport, Metapher) da esfera
terica para a esttica, do seguinte modo:
O sistema hlderliano previa um estatuto particular
terico para o sentido esttico e concebia a poesia
como passagem dos conceitos do entendimento para o
vislumbre (Ahnung, adivinhao) de uma outra dimen-
so: apanhado momentaneamente, instvel efmero,
de um modo de saber e de ser radicalmente diverso do
entendimento, que opera com divises/distines.
A contextura da poesia hlderliana, seguindo
a homologia estrutural do Banquete e do Fedro,
comporta a mediao entre inteligibilidade e beleza.
Hlderlin ameniza a tenso entre o domnio terico
e o esttico, ao mesclar na sua escrita, intuio e
inteleco, ordenando tais estruturas por meio da
noo de passagem entre as distintas dimenses,
para atingir a via excntrica (exzentrische Bahn)
que liga o discurso humano (filosfico) ao divino
(potico), o estado de natureza arte. Faz parte
da condio humana, percorrer o caminho que se
desloca entre a infncia e a plenitude, o homem
e o mundo, o tudo e o nada. Se para o autor do
Hiprion, a imagem do impulso gera a contradio
entre o homem e o mundo, todavia ela lhe permite
colocar o poeta na funo de formador da sociedade,
conforme prev Diotima a Hiprion: Jovem triste!
Logo, logo, sers feliz. O teu loureiro ainda no
est maduro, e tuas murtas florescem, pois sers
sacerdote da natureza divina e em ti j germinam
os dias poticos (2012, p. 188). O mesmo tom ser
encontrado em dois poemas da fase da maturidade
(1798-1800):3
Irmos! talvez a nossa arte logo amadurea
Porque, como o jovem, de h muito fermenta para
Chegar logo tranquila beleza;
Sede s piedosos, como o grego era!
Amai os deuses, pensai nos mortais com afeto!
Ebriez e frieza, lio e descrio: odiai-as
Todas, e, se o mestre vos der medo,
Pedi conselho grande Natureza.
(HLDERLIN, Aos jovens poetas).
As margens do Ganges ouviram o triunfo
Do deus da alegria, o jovem Baco, quando
A tudo conquistando veio desde o Indo
Com o vinho sagrado despertar os povos.
Despertai, poetas, despertais os que ainda
Esto dormindo, dai-nos leis, dai-nos vida.
Triunfai, heris, vs que como Baco sois
Os nicos com direito de conquista.
(HLDERLIN, Aos nossos grandes poetas).
Ao dignificar a produo do poeta, Hlderlin
refora a ideia de que somente a partir de uma
experincia esttica se pode atingir a unidade
primordial do ser. O entendimento no consegue
completar a unidade pura e simples pretendida pelo
poeta, pelo fato de o intelecto privilegiar a reflexo
em detrimento da intuio. justamente o processo
contnuo de passagem entre a esfera do sensvel e a
do inteligvel, que lhe permite elaborar a noo de
intuio intelectual, como um elemento voltado
no para a representao sensorial, mas para a
prpria ideia sem se confundir com ela. Percorrer
a via excntrica, para o poeta-filsofo, alm de ser
o melhor caminho possvel, conforme defende no
Prefcio Penltima Verso do Hiprion (2012, p.
26-27) possibilita:
3. Para efeito de citao dos
poemas utilizo a traduo de
Jos Carlos Paes, editada pela
Companhia das Letras (1991).
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Colocar um fim nessa eterna contradio entre ns
mesmos e o mundo, restabelecer a paz de toda paz, essa
que mais elevada do que toda razo, nos reunindo com
a natureza em um todo infinitamente uno, eis a meta
de todo nosso empenho, quer o compreendamos ou no.
Restabelecer a paz significa para Hlderlin
(2012, p. 26), amenizar a dor provocada pela perda
do uno aventurado, o ser, no nico sentido da
palavra, e isto s se torna possvel, por meio do
amor, elemento capaz de sintetizar, na estrutura
hlderliana, a relao razo e sensibilidade, pressu-
posto que ele vai buscar em Schiller, mas, sobretudo
na ressignificao platnica da imagem de eros no
Banquete, que passa a ser caracterizado, no elogio
de Scrates, no mais como um megas theos, mas
um daimon megas, elemento mediador, por sua
capacidade de interpretar e transmitir o lgos divi-
no aos homens e o humano aos deuses. Tomando
como paradigma, o mito originrio de Eros, narrado
por Diotima a Scrates, o poeta alemo consolida
o vnculo entre amor, beleza e carncia, na verso
de 1795 de A juventude de Hiprion:4
Quando nosso esprito, continuou ele ento risonho,
desprendeu-se das livres asas do celeste, e se inclinou do
ter em direo terra, quando a abundncia desposou a
misria, l estava o amor. Isso aconteceu no dia em que
nasceu Afrodite. No dia em que o belo mundo comeou
para ns, comeou para ns a escassez da vida. Se ra-
mos outrora plenos e livres de todos os limites, ento
no perdemos a plenitude, o privilgio do puro esprito
por nada. Trocamos a calma livre de sofrimento dos
deuses pelo sentimento de vida, pela clara conscincia.
Pense, se for possvel, o espirito puro! Ele no lida com
a matria; por isso no vive para ele nenhum mundo;
para ele nenhum sol se levanta ou se pe; ele tudo e
por isso ele nada para si. Ele no prescinde, porque
ele no pode desejar; ele no sofre, pois ele no vive.
No Banquete, a estrutura que envolve amor,
beleza e carncia5 se consolida na imagem do phi-
losophos, ser mediador como eros, cuja natureza
comporta a ambiguidade. Sendo eros a representao
do psiquismo se movendo entre as trs dimenses do
desejo e do prazer, de modo anlogo, o iniciado nos
mistrios do amor, o filsofo, percorre os graus da
ascese de Diotima em busca daquilo que no prprio
de sua natureza: bondade, beleza e sabedoria. Reto-
mando o processo hlderliano de passagem, pode-se
observar que ele se assemelha ao movimento das trs
dimenses do psiquismo, delimitados por Plato no
livro IX da Repblica.6 No entanto, a introduo da
noo de intuio intelectual, talvez seja o reflexo
do impacto causado pela leitura do Fedro em Hl-
derlin, conforme o registro da Carta a Neuffer datada
de 10 de outubro de 1794, na qual o poeta alemo
prope desenvolver um estudo voltado para a abor-
dagem esttica: Talvez eu possa te enviar um texto
sobre as ideias estticas, pois ele pode valer como
um comentrio sobre o Fedro de Plato (Smtliche
Werke III, p. 157). A aluso ao dilogo platnico
permite-lhe instaurar a experincia da beleza em duas
vias distintas e afins entre si, a da sensibilidade e
a da inteligibilidade, elementos que possibilitam a
passagem da experincia para a ideia.
No contexto platnico, a apreenso do belo se
d por meio da mediao entre ordens distintas de
beleza, nesse processo, a beleza invisvel necessita
da viso da beleza visvel para realizar o processo
ascensional, enquanto a estrutura hlderliana carece
da dimenso esttica para atingir a dimenso eid-
tica. No conjunto de cartas fictcias que compem o
Hiprion, o poeta retoma a relao ertico-dialtica
presente na ascese amorosa da sacerdotisa de Manti-
neia, na qual Plato rene desejos das mais variadas
natureza, no processo de elaborao da noo de
belo. Atravs dos passos da ascese, o filsofo grego
mostra que a natureza do amor boa e no neutra,
abstrata, assexuada ou insensvel, pois no contex-
to platnico, ros o impulso capaz de permitir
ao psiquismo se libertar do belo restrito ordem
do contingente e redirecionar o seu desejo para a
forma da beleza, o que no representa em nenhum
momento a sublimao dos desejos ou das paixes de
natureza instintiva, mas antes a sua potencializao.
Imagens de Diotima em Plato e Hlderlin
Na concepo platnica do Banquete,7 atingir
o ltimo estgio da ascese, significa redirecionar o
4. Smtliche Werke I, p. 219-
220. Para efeito de citao de
A juventude de Hiprion, utilizo
a traduo de Vaccari (2012,
p. 145).
5. Scrates ressalta este aspecto
para Agaton, em Banquete 201c:
Se portanto o Amor carente do
que belo, e o que bom belo,
tambm do que bom seria ele
carente.
6.No livro IV da Repblica, Plato
j apresenta a estrutura tripartite
do psiquismo, contudo no
livro IX que ele se deter mais
atentamente sobre a questo:
Uma parte, afirmamos, aquela
pela qual o homem aprende
(manthanein), a outra aquela
pela qual surge dentro dele a
impetuosidade (thymouthai), e
a terceira aquela qual, por
ser multiforme, no pudemos
referir-nos com um nome que
fosse nico e prprio dela, mas
a denominamos pelo que ela tem
de maior e mais forte dentro de si
e a chamamos de parte apetitiva
(epithymetikon) por causa da
veemncia (sphodroteta) dos
desejos relativos ao comer, ao
beber e aos amores (aphrodisia)
e todos os desejos que derivam
daqueles; ns a dizemos tambm
amiga do dinheiro, porque mais
com o dinheiro que tais desejos
so satisfeitos (580D-581A).
7.Para efeito de citao do dilogo
Banquete, utilizarei a traduo de
Jos Cavalcante de Souza, editada
pela DIFEL, devidamente cotejada
com a traduo de Luc Brisson,
editada pela GF Flammarion.
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olhar do iniciado nos mistrios do amor, o philso-
phos, para o
vasto oceano do belo e contemplando-o (theorn),
muitos discursos belos (kalos lgous) e magnficos ele
produza, e reflexes, em inesgotvel amor sabedoria
(philosophai), at que a robustecido e crescido con-
temple ele uma certa cincia, nica, tal que seu objeto
o belo seguinte (210D-E).
Somente a viso do belo em si, propiciada pela
mais bela cincia, a dialtica, capaz de impulsionar
o desejo de conhecer as belas virtudes e os discursos
verdadeiros, por ser o plano no qual j no existem
imagens da beleza visvel, mas unicamente a forma
invisvel do belo. Se na dinmica da ascese de S-
crates/Diotima, o plano ontolgico marcado pelo
predomnio da ideia, da pura abstrao, por sua vez,
o plano lgico carece da imagem para pensar e dizer
o real. Na elaborao do ros dialtico, o impulso
voltado para a forma da beleza representa a neces-
sidade de o desejo reconhecer o objeto prprio de
seu desejo, o belo na forma (210D), como indica o
processo culminante da ascese ertico-dialtica, na
qual o iniciado nas coisas relativas ao amor, a partir
de degraus passa do amor dos belos corpos, aos
belos discursos, aos belos ofcios, as belas leis, as
belas cincias, a mais bela cincia, a dialtica, para
atingir a viso do belo que invarivel e uniforme. O
reconhecimento, portanto, a culminncia da ascese
dialtica, que pode ser pensada como o processo no
qual o psiquismo redireciona o olhar, restabelece
valoraes, prioridades, reordena o desejo, tal como
encontramos no livro IX da Repblica, para buscar a
prpria verdade do desejo.
Na dramatizao do elogio de Scrates, a
insero da sacerdotisa de Mantineia na trama do
dilogo marcada pelo tom de uma presena-ausn-
cia, elemento retomado por Hlderlin no processo
de composio de sua Diotima. Se no Banquete, o
mestre de Plato resgata para o cenrio da casa
de Agaton, um palais lgos sobre os mistrios do
amor, dito a ele por Diotima, quando era ainda muito
jovem, que por sua vez remete ao canto ertico-
-amoroso de Safo, em que o personagem do Fr. 50
LP prope: belo, na durao de um olhar quem
belo;/ o valoroso para sempre h de ser belo; no
caso de Hlderlin, as cartas e poemas a Diotima so
escritos e publicados aps a morte de sua amada,
resgatando os ecos do discurso ertico-dialtico da
sacerdotisa de Mantineia. Pode-se observar tanto no
filsofo grego como no poeta alemo um processo
de ressignificao e atualizao do discurso em
torno da personagem e do que ela representa para
cada um deles, o discurso sobre a beleza e a ideia
da beleza. Tal elemento pode ser observado ao final
do Prefcio Penltima verso de Hiprion, na qual
o autor defende a necessidade de se resgatar o vn-
culo com a natureza, para se colocar um fim nessa
eterna contradio entre ns mesmos e o mundo
(2012, p. 26). O restabelecimento da harmonia com
a natureza exige que se possa reunir a ela em um
todo infinitamente uno (id., p. 27).
Com o reinado da razo, praticamente im-
possvel alcanar o lugar onde tudo um (id.),
para atingir tal intento necessrio voltar s origens
e resgatar a noo de uno e todo (hen kai pan). No
contexto platnico, o espao privilegiado para se
pensar o todo e a unidade, a ideia de beleza, que
precisa ser pensada a partir de um duplo registro,
o da ordem moral e o do belo em si. Na estrutura
hlderliana, a beleza no pode ser determinada
apenas a partir de um prazer esttico, pois isto
significaria negar a prpria possibilidade de ela
ser pensada a partir de um registro ontolgico, at
porque na concepo de Hlderlin, o ser existe e
se mostra sob a forma da beleza, como se estivesse
anunciando um novo reino onde a beleza seja
rainha (id., id.). Ou como ele prope na abertura
do poema Diotima (1994, s/p):
Morto h muito tempo, e a cismar sobre si mesmo,
O meu corao est a saudar a beleza do mundo
Com ramos que do flor e do botes,
E o vio de uma seiva nova.
J estou a voltar vida, oh!
Na segunda verso do Hino beleza,8 de 1792,
o poeta refora a mesma imagem propondo que
a beleza em sua forma original reina para alm
do rion, o que nos permite pensar que Hlderlin
como Plato, situa a beleza entre a sensibilidade e
o intelecto, no sentido de ressaltar que a dimenso
8. Para efeito de citao do Hino
Beleza utilizo a traduo de
Vaccari (2012, p. 38-39).
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esttica, por si mesma, no capaz de dar a ideia
do todo, pelo fato de a experincia esttica se
instaurar no campo das representaes e no no
da formulao de ideias. A relao entre razo e
sensibilidade encontrada no poema Hino beleza,
rene em torno de si as noes de beleza, bondade
e verdade, trazidas por Hlderlin da fonte originria
que as gerou, o dilogo sobre o amor, no qual Plato
tece a imagem de Diotima como a responsvel pelo
processo de iniciao do jovem Scrates, mesclando
na sua fala a linguagem dos mistrios e o discurso
dialtico, processo a ser observado nos passos da
ascese cuja culminncia conduz revelao do es-
petculo da verdadeira beleza, conforme a mulher
de Mantineia aponta a seu jovem discpulo:
Aquele, pois, que at esse ponto tiver sido orientado
para as coisas do amor (t erotik), contemplando
seguida e corretamente o que belo, j chegando
ao pice dos graus do amor, sbito perceber algo de
maravilhosamente belo em sua natureza (tn phsin
kaln) (210E).
Na figura de Diotima traada por Hlderlin, o
poeta alemo parece retomar tanto a passagem aci-
ma citada como a sua continuidade, na qual a mestre
de Scrates Diotima define a verdadeira natureza do
belo como algo que aparecer para ele mesmo, por
si mesmo, consigo mesmo, sendo sempre uniforme,
enquanto tudo mais que belo participa (metkhon-
ta) de um modo tal, que, em nada ele fica maior ou
menor, nem nada sofre (211B). A caracterizao da
Diotima hlderliana abrange as duas dimenses que
envolvem a composio da personagem platnica,
a da ascese ertico-dialtica como j foi mostrado
e a do mito de Eros, o deus do Amor.
No mito da origem de ros (203a-204a),
Scrates redimensiona as noes de carncia,
saciedade e complementao presentes no elogio
de Aristfanes, para quem o amor o desejo e a
procura do todo (193A), cada ser primordial an-
seia por encontrar sua metade e unir-se a ela, para
reconstituir a antiga unidade perdida. Na fala de
Diotima, a noo de carncia ressignificada, para
ela no nem da metade o Amor, nem do todo
(205E), pois o Amor o amor de consigo ter sempre
o bem (206A) e o belo. O ros dialtico toma como
objeto do desejo no mais o belo visvel, no qual
predomina a dimenso desejante, mas o belo invi-
svel direcionado para a dimenso intelectiva. Sob
a nova perspectiva, ros no nem belo nem feio,
nem bom nem mau, nem sbio nem ignorante, nem
mortal nem imortal, sua ambiguidade possibilita que
ele venha a ser definido como um damon, ser me-
diador, elemento resgatado de sua prpria condio
originria. Filho de Pros e Pena, representaes
da abundncia (primos) e carncia (aporan) de
recursos, ros naturalmente um amante do belo
como refora a definio de Diotima: o amor amor
pelo belo (204B), o que permite a associao de
sua imagem com a do verdadeiro erasts, o filsofo
(philsophos), em razo de seu desejo incondicional
pelo belo e pelo bem.
Conforme observei anteriormente, a recepo
direta do mito platnico de Eros em Hlderlin apa-
rece na abertura de A juventude de Hiprion, verso
do romance Hiprion escrita durante a estadia do
poeta em Jena, em 1795, na qual o poeta ressalta:
A misria da finitude est inseparavelmente unifi-
cada em ns com a abundncia da divindade. Podemos
libertar o impulso de nos propagar, mas nunca neg-lo;
isso seria animalesco. Mas tampouco podemos ufanar-
-nos orgulhosos do impulso de nos tornar limitados,
de sentir. Pois isso no seria humano e mataramos
a ns mesmos. resistncia do impulso que ningum
pode resistir, junta-se o amor, filho da abundncia e da
misria. O amor luta infinitamente pelo melhor e pelo
mais elevado, seu olhar segue para adiante e seu alvo
a plenitude, pois seu pai, a abundncia, pertence ao
gnero divino. Mas se ele colhe as amoras em meio aos
espinhos e junta as heras do retolhal da vida, e se um
ser amigvel lhe estende um gole num dia jovial, ele no
desdenha a caneca de barro, pois sua me a escassez
(2012, p. 145).
Na passagem em questo, Hlderlin procura
reintegrar ao debate de sua poca a noo de carn-
cia, elaborada por Plato na estrutura da sequncia
de elogios do Banquete, contudo revalorizada no
de Scrates, conforme ressaltei anteriormente, por
encontrar-se diretamente associada ao desejo do
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filsofo por algo que no prprio de sua natureza e
pelo qual anseia: a beleza, a bondade e a sabedoria.
Tal como Plato, Hlderlin atribui que o movimento
em direo ideia do belo, se efetua por meio do
impulso gerado por ros, que j traz nas suas origens
a condio mediadora, como se pode observar nos
seguintes versos do poema Hino beleza:
No jurou minha alma para ti,
Fidelidade, musa encantadora!
[...]
Ah! Assim peregrino eu sem tremor,
Por meio do amor livre,
Em direo s alturas austeras,
Onde em vida eternamente jovem
Florescem coroas para o poeta.
Nos versos supracitados, a imagem da ascese
de Diotima retomada pela persona do poema. Seu
desejo de atingir a verdade da beleza, a leva a redi-
recionar seu olhar para a forma originria da beleza,
aproximando-se dela e deixando-se enlevar pelo seu
brilho. Contudo, a experincia esttica, o momento
originrio da ligao entre a ordem do sensvel e a
do inteligvel, no encontrada no plano das ideias,
mas no das sensaes. No jogo lingustico do Hino
beleza, Hlderlin dota o poeta do mesmo dom dado
ao filsofo por Plato, o tomar a beleza como objeto
de sua apreciao, retomando o modelo platnico,
o autor d sinais de que somente por meio de um
processo de descese, se conseguir reconhecer na
beleza sensvel os reflexos da beleza originria,
conforme colocado na quarta estrofe do Hino
beleza: Voc desce ento para a terra,/ Rainha em
trajes resplandecentes!, no entanto, para atingir
a devida percepo desta viso necessrio con-
valescer o olhar pelo amor. A recepo da ertica
platnica gritante neste poema, como se o poeta
estivesse a dizer que para associar Diotima ideia
da beleza, ele necessitou da viso de sua beleza
natural, em um vis platnico, isto significa atribuir
que o inteligvel necessita da viso do sensvel para
dizer o que uno e todo. A quinta estrofe do Hino
beleza refora com clareza a noo hlderliana
do prazer esttico como um dom prprio do poeta:
J nas verdes proximidades da terra
Experimentei elevado pr-prazer;
Na boca divina, estremecendo,
Bebi antes da hora da colheita
[...]
Consciente da magia de seu amor.
Sob o efeito da paixo, isto , movido pelo
impulso do amor, o poeta dedica a sua pseudo-
-Diotima, uma srie de poemas e cartas nas quais
mescla a imagem da personagem ideia da beleza
ou como ele acentua no poema Diotima:
Ento, do seio do Ideal da perfeio,
E, como cados do cu, ho de voltar-se
a mim a fora e a coragem.
E tu ters aparecido, brilhante,
Imagem do divino na minha noite.
No Hiprion, o protagonista do romance pare-
ce sussurrar a seu interlocutor, Diotima, Diotima,
essncia celeste (2012, p. 83). A passagem em
questo comumente associada a um vnculo de
Hlderlin com o sagrado, no entanto considero tal
interpretao um tanto quanto precipitada, por ela
descartar um elemento extremamente precioso, o
fato de o poeta alemo ter sido um leitor atento do
filsofo grego, aspecto que transparece no discurso
acerca da persona de Diotima, seja no Hiprion seja
nos poemas envolvendo o seu nome.
A recepo do discurso ertico do di-
logo Banquete no romance Hiprion muito
marcante, sobretudo na carta em questo, pelo
fato de Hlderlin reunir na figura da herona de seu
romance, as noes de amor e beleza, elementos
retomados do discurso da Diotima de Plato, no
qual a sacerdotisa de Mantineia define o amor
como o desejo da gerao e da parturio no
belo (Banquete 206E), por ser o amor, o desejo de
imortalidade no que , para sempre, o mesmo, o
bem e o belo. Na construo dos elementos tericos
envolvendo a imagem de Diotima, Hlderlin a pensa
insistentemente como a representao da ideia do
belo, fato a ser observado na carta a Belarmino,
em que Hiprion se dirige a seu interlocutor em
tom confidencial: Sabeis o seu nome? O nome do
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que tudo e um? Seu nome beleza (2013, p.
82) e sua presena tornava tudo sagrado e belo
(idem) ou ainda: Milhares de vezes disse a ela
[Diotima] e a mim: o mais belo tambm o mais
sagrado. E assim era tudo nela. Como o seu canto,
tambm a sua vida (p. 87). A passagem em questo
mostra um regresso do autor noo de pr-prazer
anunciada no Hino beleza, no entanto concebo
que a experincia esttica no contexto hlderliano
no representa apenas o ponto de confluncia do
sensvel e do inteligvel, mas ela parece se mostrar
como o momento originrio que impulsiona para
o sensvel ou para o inteligvel, uma vez que ele
concebe o poeta como sendo o mais indicado para
vivenciar a experincia esttica, porque nele se
renem imaginao e gnio criador.
Para concluir, ressalto que a perspectiva aqui
apresentada permite mostrar o quanto a recepo de
Plato ultrapassa a esfera do mundo grego, encon-
trando em Hlderlin um leitor disposto a se expor
e contrapor as formulaes tericas de sua poca
ao resgatar as noes platnicas de amor e beleza,
sensvel e inteligvel, consideradas indigestas ou
at mesmo deslocadas no debate de seu tempo.
O fechamento do Prefcio penltima verso do
Hiprion (2012, p. 27) parece sinalizar para uma
espcie de mea culpa da modernidade para com a
tradio grega clssica: Creio que ao final todos ha-
veremos de dizer: Santo Plato, perdoa-nos! Contra
ti pecou-se gravemente. Ressalto ainda que o trao
marcante de Diotima, seja a de Plato ou a de Hl-
derlin, diz respeito mediao proposta por Billings
(2010, p. 5) entre ser e no-ser, ou melhor, a
ausncia que se torna presena, no Banquete e no
Hiprion, por meio das reflexes erticas dos jovens
Scrates e Hiprion, personagens responsveis pela
ressignificao do discurso sobre o amor e a beleza.
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