Zinestesia nº 2

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Distribuição gratuita Ano 2 N° 2 2011 Produção Literária da UPE - Campus Mata Norte Apoio: brechodasletras.blogspot.com alucinogenoh.com Agradecimentos: A todos que enviaram os textos A UPE - Campus Mata Norte Realização: Centro Acadêmico de Letras - Poeta Mauro Mota Gestão 2011: As palavras eram seres vivos como nós ffpnmcalet.blogspot.com

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Este fanzine tem por objetivo mostrar o trabalho dos alunos de Letras da Universidade de Pernambuco (UPE), visando a arte literária como protagonista deste espaço. Uma obra que promove uma melhor e maior interação entre os próprios estudantes nazarenos. Quem sabe, dentro da UPE, encontremos o mais novo ícone entre os poetas renomados? Mas, enquanto não podemos julgar o que é arte, o CALET Poeta Mauro Mota apresentará a todos uma exposição de liberdade e uma dose de novidade.

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Page 1: Zinestesia nº 2

Distribuição gratuitaAno 2N° 22011

Produção Literária da UPE - Campus Mata Norte

Apoio:brechodasletras.blogspot.com

alucinogenoh.com

Agradecimentos:A todos que enviaram os textos

A UPE - Campus Mata Norte

Realização: Centro Acadêmico deLetras - Poeta Mauro Mota

Gestão 2011: As palavras eram seres vivos como nós

ffpnmcalet.blogspot.com

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A criação do Zinestesia foi uma idealização do departamento de Cultura do Calet, Gestão 2010, com o objetivo de estimular a produção literária dos estudantes de Licenciatura em Letras da Universidade de Pernambuco, divulgando e valorizando as p r o d u ç õ e s l i t e r á r i a s d e s s e s e s t u d a n t e s .Com o sucesso da primeira edição entre os leitores do Zinestesia, não somente estudantes de Letras, mas também de outros cursos se mostraram interessados em publicar seus t r a b a l h o s n e s t a r e v i s t a .Embora, com muitas dificuldades de conseguir apoio para a realização desses projeto, a 2ª edição do fanzine inovou com a abertura deste espaço para que estudantes de outros cursos possam enriquecer cada vez mais nossa cultura literária, dando s u a c o n t r i b u i ç ã o p a r a o m e s m o .

Sejam Bem-Vindos e espero que se deliciem com as produções publicadas este ano!

Coord.Geral: Stephanie Saskya e Julio MeloCapa e Ilustrações: Julio MeloRealização: Centro Acadêmico deLetras - Poeta Mauro MotaGestão 2011: As palavras eram seres vivos como nósDiagramação:

Você pode Compartilhar a obra desde que cite o autor e não use comercialmente.

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Uma das coisas que me fazem acordar assustada é cheiro de perfume forte. Puxei o ar com tanta força que pude sentir o gosto de álcool “amadeirado” daquele perfume. Meu cabelo armado pro espelho,

marcas do sono no meu ombro e no meu rosto. Penso e o vazio ajuda a pensar. O nada é deprimente. Aquela manhã havia acordado diferente,

eu sabia.

Há um tempo eu percebi que, enquanto eu andava pelas ruas, minha sombra não aparecia mais. Pensei que a física explicaria o que havia

acontecido com o Sol, com a Lua. Eu estava ali do mesmo jeito.

Nas arrumações semanais do quarto, a dúvida surgia: metade das roupas havia sumido. Todos os perfumes estavam, simetricamente, pela

metade. O espanto começou mesmo quando procurei a metade do chocolate que havia guardado na geladeira: tinha sumido.

Minhas unhas estavam quebrando, meu salário pela metade. Meu mundo girava e, eu que nunca ligava para nada, comecei a sentir falta

de tudo. Quando liguei o rádio a minha música predileta estava na metade. Comecei a perder meu cabelo e quando queria chorar a lágrima só caía do lado esquerdo. O desespero começou a tomar conta do meu corpo. Nesse momento só consigo mover um braço. Sinto que um ladrão está tentando roubar o meu “eu”. Mais que todas as perdas, comecei a

perceber que quem eu amo deixou de me amar completamente.

Ele agora me diz a metade de um eu te amo: eu te adoro. Me oferece um afeto forçado: desamor. Agora não sinto minhas pernas.Eu que

sempre me entreguei inteiramente a ele, estou ficando sem mim. Nesse momento, só funciono da cintura para cima.

Me dei conta que meu tempo está acabando, que o perfume e o susto foi você me deixando sem beijo na testa, eu estou acabando junto com esse dia. Preciso te dizer que meu amor foi completo, que meu corpo,

meu coração foi todo teu.Eu fui tua. Agora não sinto mais nada e só deu tempo de escrever: depois que você decidiu me deixar, minha vida e

meu amor despedaçamos. Meus membros, meus sentidos, meu coração (principalmente ele) estão dizendo em tom de adeus que “eu não sou

nada sem voc...

Thaywara Oliveira – Letras

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Decifra-me ou...

"Procure em mim algum vestígio do que queresVeja se além das janelas de minh'alma está o que

você tanto procuraDecifre meu olhar.

Está nele o que procuras?Ou será que o procuras é o que você relamente

merece?Meu olhar é demais para ti?Ou o que te passo é mero?

Se é isso que pensas, não adianta me olhar...

...Aqui...bem aqui...além deles...não passará de hieróglifos para ti..."

Thaís Rigueira, Letras

INOCÊNCIA

Ahhhhh o amor... uma vez perguntei para uma menina o que era o amor e ela havia me dito que era de comer. Fiquei sem entender, mas queria saber que sabor tinha esse tal de amor. Procurei em todos os lugares, mas não encontrei. Quando eu finalmente tinha desistido de procurar, aquele garoto me trouxe um saquinho e disse: “separei somente as vermelhas, do jeito que você gosta”. E descobri que é de comer mesmo... tem sabor de jujubas.

- Letrashttp://felicidadeoscilante.blogspot.com/

Stephanie Saskya

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Ela não entende de música. Gosta de ser chamada de novinha.

Quando um garoto a chamou de flor, pensou que o menino era

gay.

O relógio

Como podes ter só para tiAquilo que de mais precioso há.O que todos querem ter,E muitos dizem faltar.

É o tempo quem te governaÉ quem não te faz pararLogo passam as horasJá estás a trabalhar.

Mas que sina será estaDe dias sem fim.Horas que se repetemE não esperam por mim.

Laiane Leila de Moura SilvaLetras

Ao amor À Stella de Mello Alves

Recorda-te-ias dos momentosSonoros,Das mãos dadas,Dos olhares carinhosos,Dos falares em vão,Dos desvãos sequiosos.

Do abraço que salva,Dos beijos melindrosos,Dos amoresResplandecentesTransparentesTranslúcidosLúcidosLume.

Dos silvos suaves,Dos anseios que perpetuam,À água que ferve.

Recorda-te-ias do amor,Da esperança,TemperançaDe permeio!

Igor Serpa Letras - Letras

‘‘Ele não sabia rezar. Ele só pedia insistentemente a Deus que

chovesse um pouco, pois ele e sua terra estavam sedentos.’’

Robson Gomes ex-aluno de Letras

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O CHORAR DA ALMA VIOLENTAR...O ATO DE AGREDIRO ATO DE MACHUCARO ATO DE HUMILHARVIOLENTAR... SOFRIMENTO...O ATO DE CHORARO ATO DE GRITARO ATO DE SUPORTARSOFRIMENTO A LÁGRIMA QUE CAIDA TRISTEZA,DA LÁSTIMAO SOFRER QUE NÃO SAIA ALEGRIA QUE NÃO VEMDESTINO QUE NÃO TRAZ SURPRESAAUSÊNCIA DE BELEZA DOR... PALAVRA PEQUENADE GRANDE TRANSFORMAÇÃOQUE VEM COMO TEMPESTADEFRIA,TURBULENTA ,DESTRÓI O CORAÇÃOÓRGÃO QUE É MUITAS VEZESSINÔNIMO DE FELICIDADETRANSFORMA-SE EM ASSOLAÇÃOO QUE SOBRA SÃO RUÍNAS DO BATER AO FALAR CRUELA DOR E O CHORO PERMEIAMO MACHUCADO FÍSICO EO MACHUCADO DA ALMADE MANEIRA IGUAL E DIFERENTEPERTUBAM DE MODO IMPERTINENTE

EU CHOROTU CHORASELE CHORANÓS CHORAMOSVÓS CHORAISELES CHORAM... VIOLENTAR

ANIELLY DAYANE DA SILVA - LETRAS

O cheiro de cemitério em minha entradaOs rangidos de dentes que me arrepiavaO silêncio dos mortos me apovoraAquela casa velha e solitáriaDeixou minha identidadeFicando os traços daqueles que não dizem mais nada.

Cheyenne Fernandes Silva - Letras

Retrocedendo

Sentou-se no balcão pediu um copo de cana, até ai nada de mais a não ser o fato de que nunca tinha tomado cachaça, olhou o copo, olhou, olhou, percebeu que estava tocando Waldick Soriano na vitrola, escutou, pensou, não teria mais que lembrar. Por causa de sua aparência já parecia estar bêbado, olhos fundos, barba mal feita, resultado de varias noites sem dormir em frente ao computador, continuou olhando o copo, olhou, olhou, quem era? O que era?... pagou a cana e saiu.

Julio Melo- Letrasjuliomeloem.blogspot.com

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Café

Um copo de café com leiteE talvez ela esteja aliPronta para ser tomada. Um copo de café com leiteTomo meu sossego numa xícaraAté que a noite venha e passe. Um copo de café com leiteE vou tomando a saudade.

Luana Mirella Marques de Lima - Letras

Um homem e o Fim

A dor do pensamentoTranscende o sentimentoE relembra bons momentosQue o tempo já não traz.

A angústia da almaExplode e pede calmaPra dor que só devassaO coração triste a chorar.

O retrato na mão rasgado.Sobre a mesa meio cigarroE um homem sem ter o que falar.

O amor que a pouco perdeuSabe bem que o erro foi seuE tem certeza que outro igual não acharáRenan Mendes Peixe - Letras

José, Maria e José

A Maria que traria alegriaO josé que fica de pé na janela, noite e dia

tentando fazer poesias,A vaidade

A beleza exterior que faltaLá vai é ela que passa

José de péolha e não vê nada

Um tanto de beleza interior,Mas, o Zé num vê.

A simpatia de Maria, fez transparecero tanto de beleza que havia

E o Zé num quis vê.De nada no mundo só um existe

e outro José por Maria se encantouE com o peito cheio de amor

com Maria se casou... e lá se foi a Maria, que ao primeiro José

Alegria traria.

Kheylle Paloma - Letras,

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Crônica de quem espera

De todas as situações que poderiam acontecer, esta era uma das que ele não imaginava que passaria. Já havia vivido muitos desencontros, desenlaces,

desamores. Mas nunca pensou que um dia teria que agir dessa maneira. Jamais ousou crer que de nada adiantaria sentir tanto.

Arthur levantava como quem se preparava para a forra. Uma liberdade ingrata que insistia em não vim. Ensaiava alguns passos, aceitava ilusões (por ser o que lhe

restasse), mas era covarde e insuficiente demais para fazer alguém feliz.

E Arthur ia (sobre)vivendo. Plantava em seu jardim, cultivava suas ervas, colhia suas frutas. Não se podia dizer que ele era feliz. Arthur não se achava assim. Ele via a

felicidade como o resultado de um abraço apertado, um sorriso ao acordar de manhã bem cedo e um beijo surpresa no fim de tarde. Sorrir, pra ele, seria o produto da

multiplicação dos sorrisos e palavras dela que estariam por perto. Porém tampouco se pensava que ele era infeliz. Em alguns dias ele gargalhava os sorrisos mais sem

sentidos e motivos que alguém poderia se doar. Acreditava-se que na verdade Arthur vivia em um estado de felicidade aleatória. Um dia bem, outro mal; uma noite

céu,outra inferno..

Aos poucos Arthur ia se entristecendo, mas sem jamais perder as esperanças que um dia veria um eclipse solar.. Ele tinha muita sorte. Nunca soube o que seria azar.

Má sorte pra ele era aquilo que as pessoas sem crença diziam que lhe atingiam durante a caminhada pelo bosque..

Sua mente mandava ele desistir da moça negra que ele havia visto uma vez quando mais jovem. 20 anos se passaram desde aquele dia.. Mas como ele esqueceria do formato daquela boca? Da delicadeza daquelas mãos? E do brilho daqueles olhos? Por mais que aquela boca não houvesse lhe pronunciado sequer uma palavra, por mais que aquelas mãos não houvessem ensaiado ao menos uma saudação, por

mais que aqueles olhos nem tenham o percebido, não, ele jamais poderia esquecê-los. Carregaria aquela imagem para o resto de sua vida e faria dela o veneno que lhe

consumiria aos poucos.

E Arthur vivia os seus dias da mesma maneira que começou os posteriores à visão daquela imagem. Acordava, suspirava, a procurava e dormia pra com ela sonhar.

Duas vezes por semana ele voltava aquele local a 10 metros da roseira vermelha que ela regava. Mas até aquele dia nunca mais a viu..

E assim ele viveu. Acreditando, sonhando, amando e esperando aquele alguém que jamais viria ao seu encontro.

Silvana Sabino - Letras

Vinicius Gomes - ex-aluno de Letras

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Literaturamor

Alighieri na sua Divina ComédiaReferiu-se a você como o amorQue move o sol e as estrelas.

Você é a pálida mulher queInspirou Álvares em seus poemas.Ele sonhava em teus lábios de ternuraEncontrar um leito de ventura...E amor... Onde morrer!

As escrituras sagradas estão equivocadas Cristo não padeceu pela redenção Da humanidade. Entretanto, paraConsumarmos o nosso amor perpetuamente.

Decerto assim como Fausto,Sorrindo venderia minha alma.Não pelo saber que é mutável No entanto, pelo nosso amor Que é exato como 2+2=4.

Amor este que Eros não saberiaCalcular a sua intensidade.Amor este que os enamorados mesmoSe quisessem não poderiam controlar.

Clayton "Berô" Levi - Pedagogia

Paranoia mistificadaAqui não, ali, mas ali está muito feio, muito ruim. Pare por aqui. Se parar por aqui levará multa.Espera.Já fui a três lugares... Aonde vou agora?Dobrarei a próxima esquina porque aqui tem alguém me perseguindo, vou apressar o passo. Aquele dali está mal vestido, dobro de novo... Mais três. Faça muito!Eita, estou girando em círculos... Andando em frente e agora ao lado. Lado, lado, lado, frente de novo. Corre, mais rápido, mais rápido, mais rápido, suas pernas não podem cansar, por que parou de fazer atividade física?50 livros vamos. Agora até a semana que vem e nem uma hora a mais. Escale e explore todos eles. Uma semana. Você ainda está jovem, mas precisa correr mais, de estudar mais e ganhar mais dinheiro, muito, mas muito mais do que você tem. Você quer fracassar na vida? Quer acordar com que idade?

Mais rápidoMais rápido, Mais rápido

Walter C. Costa - ex-aluno

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Verseto da distância entre dois:

Entre os seres e a ponte os dedos da mãoentre as duas metades

o coraçãoentre a morte e a vida, a coragem de continuar

entre a preguiça e a cama, uma eternidadeentre nós, quem vai saberentre dois uma infinidade

de números, de possibilidades

entre os planos e a prática, a coragem de tentar

entre um e outro são tantos

entre os que estão e entre os que ainda hão de virum gigante:

s i l ê n c i o

Bartolomeu Dias - Letraspoetasemfuturo.blogspot.com/