Zilda Vendra Me
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i
UFSM
TESE DE DOUTORADO
ELETRODOS MODIFICADOS E NO MODIFICADOS NA DETERMINAO DE COMPOSTOS SULFURADOS
- UM ESTUDO COMPARATIVO
Zilda Baratto Vendrame
PPGQ
Santa Maria, RS, BRASIL
2004
-
ii
ELETRODOS MODIFICADOS E NO MODIFICADOS
NA DETERMINAO DE COMPOSTOS SULFURADOS
- UM ESTUDO COMPARATIVO
por
Zilda Baratto Vendrame
Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Ps-Graduao em Qumica,
rea de Concentrao em Qumica Analtica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obteno do grau de
Doutor em Qumica
PPGQ
Santa Maria, RS, Brasil
2004
-
iii
Universidade Federal de Santa Maria Centro de Cincias Naturais e Exatas
Programa de Ps-Graduao em Qumica
A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado
ELETRODOS MODIFICADOS E NO MODIFICADOS NA DETERMINAO DE COMPOSTOS SULFURADOS UM
ESTUDO COMPARATIVO
elaborada por Zilda Baratto Vendrame
como requisito parcial para a obteno do grau de
Doutor em Qumica
COMISSO EXAMINADORA:
__________________________________________ Prof. Dr. Paulo Ccero do Nascimento
(Orientador)
__________________________________________ Prof. Dr. Leandro Machado de Carvalho
__________________________________________ Prof. Dra. Denise Schermann Azambuja
-
iv
__________________________________________
Prof. Dra. Emilse Maria Agostini Martini
__________________________________________ Prof. Dra. Denise Bohrer do Nascimento
Santa Maria, 19 de novembro de 2004.
-
v
DEDIDO ESTA TESE
As pessoas que me apoiaram de
todas formas, a minha famlia,
principalmente ao meu esposo (Marcio) e
minha filha (Giulia), que me
acompanharam e me deram foras
durante todo o perodo de realizao deste
trabalho.
-
vi
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Paulo Ccero do Nascimento, pela orientao neste trabalho
e apoio demonstrado ao longo deste tempo.
Prof. Dra. Denise Bohrer do Nascimento, pelos esclarecimentos de
dvidas ao longo deste trabalho.
As pessoas que me apoiaram de todas as formas, a minha famlia,
principalmente a minha filha, Giulia e ao meu esposo, Marcio, que me
acompanharam e me deram foras durante todo o perodo de realizao deste
trabalho.
Aos colegas e amigos Vnia Regina Gabbi Polli, Marieli Marques,
Sandra Maria Ribeiro, Luciana Del Fabro, Adrian Ramirez, Denise
Bertagnolli, Morgana Dessuy, Cristiane Jost, Emilene Becker, Fernanda
Depoi, Claudia Willke, Ana Lcia Rohlfes, Jean Karlo Mendona, Joselito
Trevisan, Eduardo Pilau, Maurcio Hilgemann, Mareni, Leandro Machado de
Carvalho, pela amizade, carinho, apoio e pelos momentos de descontrao
vividos ao longo deste perodo em que trabalhamos juntos.
A todos os funcionrios e professores do departamento de Qumica que
direta ou indiretamente contriburam para o desenvolvimento deste trabalho.
A Deus por ter me ajudado com muita sade e fora de vencer. Muito
obrigado.
-
vii
SUMRIO
Agradecimentos ............................................................................................vi
ndice de figuras ..........................................................................................xii
ndice de tabelas .......................................................................................xviii
Abreviaes e smbolos usados ................................................................. xix RESUMO ....................................................................................................xxi
ABSTRACT ..............................................................................................xxiii
1.INTRODUO .......................................................................................... 1
1.1 Importncia da determinao de compostos de enxofre ........................... 1
2. REVISO DA LITERATURA ................................................................ 8
2.1 Comportamento eletroqumico de tiocompostos em eletrodo de Hg ....... 8
2.2 Eletrodos modificados............................................................................. 10
2.2.1 Mtodos de imobilizao do modificador............................................ 11
2.2.1.1 Adsoro............................................................................................ 11
2.2.1.2 Eletroadsoro................................................................................... 13
2.2.1.3 Formao de compsitos................................................................... 14
2.2.1.4 Formao de ligao covalente ......................................................... 16
2.2.1.5 Recobrimento com membranas polimricas ..................................... 18
2.3 Determinao e especiao de compostos sulfurados ............................ 20
2.4 Herbicidas................................................................................................ 28
2.4.1 Herbicidas triaznicos........................................................................... 30
2.4.1.1 Herbicidas da classe das tiotriazinas ................................................. 32
2.4.2 Herbicidas tiolcarbmicos .................................................................... 34
-
viii
2.4.3 Herbicidas e o meio ambiente .............................................................. 35
2.5 Fungicidas etilenobisditiocarbmicos ..................................................... 38
2.5.1 ETU nos organismos vivos .................................................................. 42
3. MATERIAIS E MTODOS................................................................... 44
3.1 Mtodos ................................................................................................... 45
3.1.1 Voltametria de pulso diferencial .......................................................... 45
3.1.2 Voltametria cclica ............................................................................... 46
3.1.3 Espectroscopia de absoro molecular ................................................ 47
3.2 Eletrodos.................................................................................................. 48
3.2.1 Confeco dos eletrodos no modificados........................................... 48
3.2.2 Confeco dos eletrodos modificados.................................................. 50
3.3 Instrumentao ........................................................................................ 50
3.4 Reagentes e solues............................................................................... 52
3.4.1 Reagentes ............................................................................................. 52
3.4.2 Solues ............................................................................................... 54
3.4.2.1 Preparo da soluo padro de sulfeto................................................ 54
3.4.2.2 Preparo da soluo padro de etanotiol............................................. 54
3.4.2.3 Preparo da soluo padro de cistena .............................................. 55
3.4.2.4 Preparo da soluo padro de ETU................................................... 55
3.4.2.5 Preparo das solues padro dos herbicidas ..................................... 55
3.4.2.6 Preparo das solues dos modificadores........................................... 56
3.4.2.7 Preparo das solues dos eletrlitos.................................................. 57
3.5 Controle de contaminaes externas....................................................... 57
4. DISCUSSO DOS RESULTADOS ...................................................... 58
4.1 Introduo................................................................................................ 58
4.2 Reao direta do analito no eletrodo....................................................... 61
4.2.1 Comportamento eletroqumico dos analitos no HMDE....................... 61
-
ix
4.2.1.1 Comportamento voltamtrico das tiotriazinas com
eletrodo de Hg .................................................................................. 62
4.2.1.2 Comportamento voltamtrico dos tiolcarbamatos com
eletrodo de Hg .................................................................................. 67
4.2.1.3 Comportamento voltamtrico das tiotriazinas e
tiolcarbamatos juntos em soluo, com eletrodo de Hg................... 69
4.2.1.4 Comportamento voltamtrico da ETU com eletrodo de Hg ............. 71
4.2.1.5 Comportamento voltamtrico da cistena com eletrodo de Hg......... 72
4.2.1.6 Comportamento voltamtrico do sulfeto com eletrodo de Hg.......... 74
4.2.1.7 Comportamento voltamtrico do etanotiol com eletrodo de Hg....... 75
4.2.1.8 Determinaes simultneas de compostos sulfurados com
eletrodo de Hg .................................................................................. 76
4.2.2 Comportamento eletroqumico dos analitos no eletrodo de prata ....... 78
4.2.2.1 Comportamento da cistena no eletrodo de prata.............................. 79
4.2.2.2 Comportamento da ETU no eletrodo de prata .................................. 80
4.2.2.3 Comportamento do etanotiol no eletrodo de prata............................ 81
4.2.2.4 Comportamento do sulfeto no eletrodo de prata............................... 83
4.2.3 Comportamento eletroqumico dos analitos no eletrodo de ouro ........ 84
4.2.3.1 Comportamento eletroqumico da cistena no eletrodo de ouro ....... 86
4.2.3.2 Comportamento eletroqumico do etanotiol no eletrodo de ouro ..... 87
4.2.3.3 Comportamento eletroqumico da ETU no eletrodo de ouro ........... 89
4.2.3.4 Comportamento eletroqumico das tiotriazinas no eletrodo
de ouro ............................................................................................. 90
4.3 Reao do analito com o modificador em soluo ................................. 91
4.3.1 Comportamento espectrofotomtrico dos modificadores .................... 92
4.3.1.1 Comportamento espectrofotmtrico do DTNB................................. 92
4.3.1.2 Comportamento espectrofotomtrico do OPA.................................. 94
-
x
4.3.1.3 Comportamento espectrofotmtrico do Cu(acac)2............................ 97
4.3.1.4 Comportamento espectrofotomtrico do NPNa................................ 99
4.3.1.5 Comportamento espectrofotomtrico da FCTA.............................. 101
4.4 Comportamento dos analitos com eletrodo de amlgama Ag/Hg ........ 105
4.4.1 Comportamento da cistena com eletrodo Ag/Hg.............................. 105
4.4.2 Comportamento da ETU com o eletrodo Ag/Hg ............................... 106
4.4.3 Comportamento do etanotiol com o eletrodo Ag/Hg......................... 108
4.4.4 Comportamento das tiotriazinas com o eletrodo Ag/Hg.................... 109
4.4.5 Comportamento dos tiolcarbamatos com o eletrodo Ag/Hg ............. 111
4.4.6 Comportamento do sulfeto com o eletrodo Ag/Hg............................ 112
4.5 Reao dos analitos com eletrodos compsitos .................................... 113
4.6 Reao dos analitos com o modificador em soluo com o
eletrodo Ag/Hg ............................................................................... 115
4.6.1 Comportamento do sulfeto com eletrodo de Ag/Hg na
presena do Cu(acac)2 .................................................................... 115
4.6.2 Comportamento do etanotiol com eletrodo Ag/Hg na
presena do Cu(acac)2 .................................................................... 117
4.7 Reao do modificador com a superfcie do eletrodo e aps
com o analito .................................................................................. 118
4.7.1 Eletrodo de Ag quimicamente modificado com NPNa...................... 119
4.7.2 Eletrodo Ag/Hg quimicamente modificado
com NPNa - Ag/HgNPNa ............................................................ 121
4.7.2.1 Comportamento da ETU com o eletrodo Ag/HgNPNa .................. 121
4.7.2.2 Comportamento das tiotriazinas com o eletrodo Ag/HgNPNa....... 122
4.8 Avaliao dos resultados....................................................................... 124
4.8.1 Tiotriazinas......................................................................................... 125
4.8.2 Tiolcarbamatos ................................................................................... 126
-
xi
4.8.3 Cistena............................................................................................... 127
4.8.4 Etanotiol ............................................................................................. 128
4.8.5 ETU .................................................................................................... 130
4.8.6 Sulfeto ................................................................................................ 131
5. CONCLUSES ..................................................................................... 133
6.SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................... 136
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................ 138
Apndice A Parmetros utilizados na voltametria de pulso diferencial .......................................................................................153 Apndice B Especificaes dos herbicidas ............................................. 154
Apndice C Padronizao do sulfeto e alquiltiis ................................... 156
Apndice D Sntese da 4,9,16,23-ftalocianina de cobre (II)
Tetraminada - FCTA ..................................................................... 157
Apndice E Sntese do acetilcetonato de cobre Cu(acac)2...................... 159
-
xii
NDICE DAS FIGURAS
Figura 01. Estrutura qumica dos grupos das s-triazinas. ................................31
Figura 02. Estrutura molecular das tiotriazinas .............................................. 33 Figura 03. Estrutura molecular dos tiolcarbamatos .........................................34
Figura 04. Reaes de degradao do herbicida prometrina. ..........................37
Figura 05. Biodegrao do herbicida dialato. ..................................................38
Figura 06. Estrutura dos etilenobisditocarbamatos metlicos..........................40
Figura 07. Representao dos eletrodos metlicos (A) e do eletrodo
de pasta de grafite (B), confeccionados em laboratrio.................49
Figura 08. Deteco de tiotriazinas por voltametria de pulso
diferencial em KCl 0,10 M e pH 2,5 com varredura
catdica de potencial ......................................................................63
Figura 09. Estrutura qumica dos grupos das s-triazinas. ................................64
Figura 10. Curvas obtidas para as tiotriazinas, utilizando voltametria
de pulso diferencial em KCl 0,10 M, pH 2,5. ...............................66
Figura 11. Determinao do herbicida molinato em KCl 0,10 M
utilizando voltametria de pulso diferencial com varredura
andica de potencial ......................................................................68
Figura 12. Determinao do molinato (A) em KCl 0,10 M, pH 6,5
e varredura andica de potencial entre 0,55 a 0,05 V,
e posterior adio e determinao da prometrina (B)
em pH 2,5 com varredura catdica de potencial de
0,55 a 1,05 V. ............................................................................70
Figura 13. Voltamogramas para a cistena utilizando voltamentria
de pulso diferencial em NH4Cl 0,10 M (A) pH 3,0 e
-
xiii
(B) pH 9,0.......................................................................................73
Figura 14. Determinao do sulfeto de sdio em NH4Cl 0,10 M
pH 9,0 com varredura catdica de potencial..................................74
Figura 15. Determinao do etanotiol em NH4Cl 0,10 M pH 9,0
com HMDE num intervalo de potencial de varredura
catdica entre 0,05 V 1,45 V.....................................................76
Figura 16. Determinao simultnea de sulfeto de sdio, etanotiol
e molinato, utilizando voltametria de pulso diferencial
em 20 mL NH4Cl 0,10 M, pH 9,0, com intervalo de
potencial de 0,05 V 1,45 V.......................................................78
Figura 17. Voltametria cclica para a cistena em KCl 0,10 M e
pH 10,0 com o eletrodo de Ag e varredura catdica
entre 0,10 V e 1,00 V e v = 100 mV/s. ........................................80
Figura 18. Curvas voltamtricas obtidas para a ETU em KCl 0,10 M
e pH 10,0 usando o eletrodo de Ag com varredura catdica
entre 0,25V e 1,00 V e v = 200 mV/s. .....................................81
Figura 19. Curvas voltamtricas obtidas para o etanotiol em KCl
0,10 M e pH 10,0 com o eletrodo de Ag com varredura
catdica entre 0,10 V e 1,00V, com v = 200 mV/s.....................82
Figura 20. Curvas voltamtricas obtidas para o Na2S em KCl
0,10 M e pH 10,0 com o eletrodo de Ag com varredura
catdica entre 0,35 V e 0,75V e v = 100 mV/s. .......................84
Figura 21. Curvas voltamtricas obtidas para a cistena em KCl
0,10 M e pH 10,0 (A) e 3,0 (B) usando o eletrodo
de Au com varredura catdica em ambos valores de
pH e v = 200 mV/s. ........................................................................87
Figura 22. Curvas voltamtricas obtidas para o etanotiol em KCl
-
xiv
0,10 M, pH 3,0 (A) e pH 10,0 (B) usando o eletrodo
de Au com varredura catdica e v = 200 mV/s..............................88
Figura 23. Curvas voltamtricas obtidas para o ETU em KCl
0,10 M e pH 10,0 com eletrodo de Au e varredura
catdica entre 0,40 V e 0,80 V e v = 200 mV/s. ........................89
Figura 24. Voltamogramas da ametrina (A) e terbutrina (B) em
KCl 0,10 M pH 3,0 com eletrodo de Au e varredura catdica
com v = 200 mV/s. .........................................................................90
Figura 25. Espectro do DTNB em soluo de ACN e concentrao
de 10-5 M, com intervalo de leitura entre 200 500 nm.
(a) Na2S; (b) Etanotiol; (c) cistena; (d) ETU;
(e) Ametrina; (f) Desmetrina; (g) Terbutrina;
(h) Prometrina; (i); Molinato; (j) Dialato;
(k) Butilato; (l) Trialato..................................................................93
Figura 26. Esquema da reao do DTNB com o tiol .......................................94
Figura 27. Espectro do OPA em soluo de ACN e concentrao
de 10-5 M, com intervalo de leitura entre 200 500 nm.
(a) Na2S; (b) Etanotiol; (c) cistena; (d) ETU;
(e) Ametrina; (f) Desmetrina; (g) Terbutrina;
(h) Prometrina; (i); Molinato; (j) Dialato;
(k) Butilato; (l) Trialato..................................................................95
-
xv
Figura 28. Esquema da interao do OPA com o alquiltiol.............................96
Figura 29. Espectro do Cu(acac)2 em soluo de ACN e
concentrao de 10-5 M, com intervalo de leitura
entre 200 500 nm.(a) Na2S; (b) Etanotiol;
(c) cistena; (d) ETU; (e) Ametrina; (f) Desmetrina;
(g) Prometrina (h) Terbutrina; (i); Molinato;
(j) Dialato; (k) Butilato; (l) Trialato...............................................98
Figura 30. Esquema da formao de grupos tioacetal .....................................99
Figura 31. Espectro do NPNa em uma concentrao de
10-5 M em H2O purificada, com intervalo de leitura
entre 200 600 nm (a) Na2S; (b) Etanotiol; (c) cistena;
(d) ETU; (e) Ametrina; (f) Desmetrina;
(g) Terbutrina; (h) Prometrina; (i); Molinato;
(j) Dialato; (k) Butilato; (l) Trialato. ............................................100
Figura 32. Espectro da FCTA em soluo de DMSO e
concentrao de 10-5 M, diluda 1:1, com intervalo
de leitura entre 200 500 nm (a) Na2S; (b) Etanotiol;
(c) cistena; (d) ETU; (e) Ametrina; (f) Desmetrina;
(g) Prometrina; (h) Terbutrina; (i); Molinato;
(j) Dialato; (k) Butilato; (l) Trialato. ............................................102
Figura 33. Espectros de absorvncia molecular para o Cu(acac)2 e molinato independentemente e ambos em soluo de
ACN numa concentrao de 10-5 M com intervalo de
leitura entre 200 700 nm............................................................104
Figura 34. Curvas Voltamtricas para a cistena em KCl 0,10 M
pH 3,0 (A) e 10,0 (B) com eletrodo Ag/Hg num
intervalo de varredura entre 0,20 V e 0,8 V e 0,10 V
-
xvi
e 1,20 V, respectivamente, com v = 200 mV/s. .........................106
Figura 35. Curvas Voltamtricas para a ETU em KCl 0,10 M em
pH 3,0 (A) e pH 10,0 (B), com eletrodo Ag/Hg
com varredura catdica entre 0,20 V e 0,80 V e
0,10 V e 1,20 V, respectivamente, com v = 200 mV/s. .............107
Figura 36. Voltamogramas para o etanotiol com o eletrodo de
Ag/Hg em KCl 0,10 M pH 10,0 num intervalo de
potencial entre 0,10 V e 1,20 V vs ECS com
velocidade de varredura de 200 mV/s..........................................108
Figura 37. Curvas voltamtricas para as tiotriazinas, ametrina (A),
desmetrina (B), prometrina (C) e terbutrina(D) com
eletrodo Ag/Hg num intervalo de potencial entre
0,20 V e 0,75 V em KCl 0,10 M, pH 3,0
com velocidade de varredura de 200mV/s...................................110
Figura 38. Voltamogramas do herbicidas tiolcarbamatos,
(A) dialato e (B) molinato, com o eletrodo de Ag/Hg
em KCl 0,10 M pH 10,0 num intervalo de potencial
entre 0,10 V e 1,20 V vs ECS com velocidade de
varredura de 200 mV/s. ................................................................112
Figura 39. Curvas voltamtricas para o sulfeto de sdio em KCl
0,10 M e pH 10,0 com eletrodo de Ag/Hg, com
varredura catdica e v = 200 mV/s ..............................................113
Figura 40. Voltamogramas cclicos para o etanotiol em NH4Cl
0,1 M, pH 8,0, com eletrodo de pasta de grafite
modificado com Cu(acac), intervalo de potencial
de varredura entre 1,2 V a 0,35V e v = 100 mV/s. ...................114
Figura 41. Voltamogramas cclicos para o sulfeto de sdio em
-
xvii
KCl 0,10 M e pH 10,0 com eletrodo Ag/Hg na
ausncia (A) e na presena (B) de 2,50 mg/L de
Cu(acac)2. ....................................................................................116
Figura 42. Voltamogramas cclicos para o etanotiol em KCl 0,1 M
e pH 10,0 com eletrodo Ag/Hg na ausncia (A) e na
presena (B) de 2,50 mg/L de Cu(acac)2. ....................................117
Figura 43. Voltamogramas cclicos para a ETU em KCl 0,1 M e
pH 3,0 com eletrodo modificado, AgNPNa, e intervalo
de potencial entre 0,47 V e 0,10 V e com velocidade de
varredura de 100 mV/s. ................................................................120
Figura 44. Voltamogramas cclicos para a ETU em KCl 0,10 M e
pH 3,0 com eletrodo modificado, Ag/HgNPNa, com
intervalo de potencial entre 0,15 V e 0,50 V e
com v = 100 mV/s. .......................................................................122
Figura 45. Voltamogramas cclicos para as tiotriazinas,
(A) ametrina, (B) desmetrina, (C) prometrina e
(D) terbutrina em KCl 0,10 M e pH 3,0 com eletrodo
modificado, Ag/HgNPNa, e intervalo de potencial entre
0,20 V e 0,75 V vs ECS e com v = 100 mV/s.........................123
Figura 46. Determinao do molinato em soluo salina de
dilise, pH 6,5 e varredura andica de potencial entre
0,55 a 0,05 V. ............................................................................137
-
xviii
NDICE DE TABELAS
Tabela 01. Concentraes das solues padro estoque das
tiotriazinas e tiolcarbamatos..........................................................56
Tabela 02. Valores de corrente e potencial de pico,
obtidos para 1,0 mg/L de ametrina, na clula
voltamtrica, em pH 3,0, para os diferentes eletrodos.................125
Tabela 03. Valores de corrente e potencial de pico
obtidos para 0,4 mg/L de molinato, na clula
voltamtrica, com os eletrodo de Hg e Ag/Hg.. ........................126
Tabela 04. Valores de corrente e potencial de pico obtidos
para a cistena com os eletrodo de Hg, Ag,
Au e Ag/Hg, nos diferentes valores de pH. ................................128
Tabela 05. Valores de corrente e potencial de pico
encontrados para o etanotiol, com os diferentes
eletrodos e valores de pH. ............................................................129
Tabela 06. Valores de corrente e potencial de pico obtidos
para 2,5 mg/L de ETU, na clula voltamtrica,
com os diferentes eletrodos e valores de pH................................130
Tabela 07. Valores de corrente e potencial de pico
encontrados para o sulfeto, com os
diferentes eletrodos. .....................................................................132
-
xix
ABREVIAES E SMBOLOS USADOS HMDE - Eletrodo de mercrio de gota pendente
Ag/Hg Eletrodo de amlgama de prata
OPA - Orto-ftalaldedo
DTNB - cido 5,5`, ditiobis 2-nitrobenzico
Cu(acac)2 - Acetilacetonato de cobre (II)
NPNa - Nitroprussiato de sdio
FCTA - Ftalocianina tetraminada de cobre (II)
ETU - Etilenotiuria
Ag/HgNPNa Eletrodo de amlgama de prata modificado com nitroprussiato de sdio
AgNPNa Eletrodo de prata modificado com nitroprussiato de sdio
Cgrafite/Cu(acac)2 Eletrodo de pasta de grafite modificado com Cu(acac)2 SH Grupo tilico
-SS- Grupo dissulfeto
DME Eletrodo de mercrio gotejante
PLS- Anlise de regresso por mnimos quadrados parciais
ANNs- Anlise por redes neurais
EQM - Eletrodos quimicamente modificados
HPLC- Cromatografia lquida de alta eficincia
GSH - Glutationa
UV Ultra violeta
MB - Azul de metileno
GC - Cromatografia gasosa
NPD - Deteco do tipo nitrognio-fsforo
ECD - Deteco por captura de eltrons
-
xx
MS - Espectrmetro de massas
CG/MS - Cromatografia gasosa acoplada a espectrmetro de massas
EC - Eletroforese capilar
VPD - Voltametria de pulso diferencial
VOQ - Voltametria de onda quadrada
VARC - Voltametria adsortiva de redissoluo catdica
ELISA - Imunoensaios
DL50 - Dose letal mdia
EBDCs - Etilenobisditiocarbamatos
HD- Hidantona
EDA- Etilenodiamina IARC - Agncia Internacional de Pesquisa ao Cncer
ECS Eletrodo de calomelano saturado
DMSO - Dimetilsulfxido
-
xxi
RESUMO
O presente estudo uma contribuio para a determinao
eletroqumica de tiocompostos em solues aquosas. Assim, uma avaliao de
diferentes superfcies de reao para a determinao de compostos que
possuem enxofre nas suas molculas foi realizada.
Os eletrodos utilizados neste trabalho foram o eletrodo de mercrio de
gota pendente (HMDE), de prata, de ouro, de amlgama-Ag/Hg e pasta de
grafite. Alm disso, cinco diferentes compostos orgnicos [o orto-ftalaldedo
(OPA), o cido 5,5`, ditiobis 2-nitrobenzico (DTNB), o acetilacetonato de
cobre (II) [Cu(acac)2], o nitroprussiato de sdio (NPNa) e a ftalocianina
tetraminada de cobre (II) (FCTA)] foram testados para uso como agentes
modificadores da superfcie dos eletrodos.
Os mtodos eletroqumicos usados para desenvolver este trabalho
foram a voltametria de pulso diferencial e a voltametria cclica. Tambm
utilizou-se a espectrofotometria de absoro molecular para avaliar a interao
entre os analitos e os agentes modificadores.
Dentre os compostos com enxofre em suas estruturas, foram
analisadas as espcies: herbicidas da classe das tiotriazinas, herbicidas da
classe dos tiolcarbamatos, cistena, etilenotiuria (ETU), etanotiol e sulfeto.
A determinao dos herbicidas da classe das tiotriazinas pde ser feita
com os eletrodos de Hg, Au, Ag/Hg e Ag/HgNPNa, sendo que o maior sinal
voltamtrico foi encontrado com o eletrodo modificado Ag/HgNPNa.
Dos tiolcarbamatos investigados, o dialato e molinato foram
determinados com o eletrodo Ag/Hg. Alm disso, o molinato foi detectado
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xxii
com o HMDE, com sinais voltamtricos de boa resoluo e proporcionais a
concentrao da espcie em soluo.
Dentre as superfcies que se observou reao eletrdica com a cistena,
o Hg (HMDE) apresentou sinais voltamtricos com melhor resoluo,
entretanto, verificou-se que o eletrodo Ag/Hg proporcionou o maior pico de
corrente na determinao desta espcie que os demais eletrodos.
A partir dos resultados obtidos, para a determinao do etanotiol,
verificou-se a alta sensibilidade do eletrodo compsito Cgrafite/Cu(acac)2 em
que o sinal de corrente foi visivelmente superior aos encontrados com os
demais eletrodos. Os resultados obtidos com o Ag/Hg com Cu(acac)2 em
soluo, tambm foram muito bons, em que o valor da corrente foi de duas
vezes o valor encontrado com o Ag/Hg.
Para as determinaes feitas neste estudo com a ETU, o eletrodo que
se mostrou mais sensvel para este estudo, foi o Ag/Hg em pH alcalino. Neste
caso o eletrodo Ag/Hg se mostra uma alternativa simples e de fcil obteno
para reao direta da espcie em soluo.
Apesar do eletrodo de Ag apresentar maior sinal voltamtrico na
deteco do sulfeto, a resoluo dos sinais obtidos muito ruim
comparativamente com os sinais obtidos com o Hg e Ag/Hg com Cu(acac)2.
Alm disso, o sinal do sulfeto com o Ag/Hg com Cu(acac)2 tem boa
resoluo e foi cinco vezes maior que o sinal encontrado com o Ag/Hg
simplesmente. Com estes dados, fica evidente a interao do Cu(acac)2 com
espcies sulfuradas, podendo ser sugerido como agente modificador na
deteco destes compostos.
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xxiii
ABSTRACT
The present study is a contribution for the electrochemical
determination of the thiocompounds in aqueous solutions. The performance of
different electrode surfaces as well as the introduction of modifiers in the
electrolyte was evaluated.
The electrodes used in this work were the hanging mercury drop
electrode (HMDE), silver, gold, the amalgam-Ag/Hg and the carbon paste
electrodes. Additionally, five different modifiers {o-phthalaldehyde (OPA),
5,5-ditiobis(2-nitrobenzic acid) (DTNB), copper (II) acetylacetonate
[Cu(acac)2], nitroprussiato of sodium (NPNa) and copper (II) phthalocyanine
tetraamines (FCTA)} were tested.
The electrochemistry methods used were differential pulse
voltammetry and cyclic voltammetry. Spectrophotometric measurements were
also used to evaluate the interaction between analytes and modifiers.
As sulfur containing compounds the thiotriazines, thiolcarbamates,
cysteine, ethilenethiourea (ETU), ethanethiol and sulfide were investigated.
The determination of thiotriazines was possible with Hg, Au, Ag/Hg
and Ag/HgNPNa electrodes. The best voltammetric signals were obtained
with the modified electrode Ag/HgNPNa.
Among the investigated thiolcarbamates, dialate and molinate were
assayed with the Ag/Hg electrode. Additionally, molinate was well detected
by using the HMDE as the working electrode.
Among the investigated electrodes to detect cysteine, Hg (HMDE)
presented the best voltammetric signals. However, it was also verified that the
electrode Ag/Hg provided the largest current peaks in the cysteine assay.
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xxiv
Similarly, to detect ethanethiol, the Ag/Hg electrode showed the best results
when the modifier Cu(acac)2 was in the same solution as the analyte.
For the determinations of ETU, the Ag/Hg electrode showed the
highest sensitivity in the alkaline media. In this case the electrode Ag/Hg is a
simple alternative for the direct detection of the species in solution.
Despite the high voltammetric signal obtained for sulfide ions by
using the Ag electrode, the resolution was not good. Comparatively good
peaks for sulfide were obtained by using Hg and Ag/Hg with Cu(acac)2 as
modifiers.
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1. INTRODUO
1.1 Importncia da determinao de compostos de enxofre
Compostos que possuem enxofre em suas molculas tm um papel
relevante no s no metabolismo de organismos vivos como em ciclos
ambientais, em formulaes de produtos farmacuticos e em muitos processos
industriais.
Nos diversos ambientes da natureza o enxofre combinado ocorre tanto
em formas orgnicas e como inorgnicas, ficando sujeito a transformaes
microbianas influenciadas pelas condies ambientais que afetam a
composio e a atividade dos microrganismos, podendo sofrer alguns
processos como:
Mineralizao ou decomposio de enxofre orgnico com liberao de
formas inorgnicas;
Imobilizao ou converso do enxofre inorgnico em compostos orgnicos
dos microrganismos;
Produo de sulfetos (S2-) pela reduo de sulfatos;
Produo de formas volteis;
Oxidao de enxofre elementar ou outras formas reduzidas [1].
Este elemento tambm pode ser lanado ao meio ambiente como
subproduto de muitos processos industriais, como produto da decomposio
de substncias sulfurosas e como resduos de pesticidas base de enxofre,
encontrados em produtos agrcolas.
A incorporao ao solo de formas gasosas de enxofre, pela adsoro
direta ou pela dissoluo na gua da chuva, varivel entre regies e
apresenta maior importncia nas proximidades de reas urbanas e industriais.
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Compostos inorgnicos de enxofre so encontrados na natureza em
vrios estados de oxidao. As principais formas so: sulfato (SO42-), dixido
de enxofre (SO2), sulfito (SO32-), sulfetos (S2-) [1].
A presena de tiocompostos em guas naturais geralmente causada
por processos biolgicos e geotrmicos naturais (quando organismos morrem
ou como subproduto de processos bacterianos) ou pela descarga destes
compostos no ambiente aqutico. As espcies sulfuradas predominantes em
gua do mar so os sulfetos presentes geralmente em camadas das bacias
estagnadas do oceano, em poro de sedimento com baixo teor de oxignio, nas
camadas do mar aberto que apresentam HS que convertido em H2S em pH
abaixo de 7,0 [2-4].
O sulfeto de hidrognio um gs de odor desagradvel. Este composto
quando em pequenas concentraes, no organismo humano, pode ser
metabolizado, porm, se em concentraes maiores, pode causar at a morte.
Sintomas de exposio so similares maioria dos sintomas originados por
intoxicao por cianeto, dentre os quais podemos citar as irregularidades
cardacas e leses a nvel celular. No entanto, o que diferencia a intoxicao
por sulfetos em relao ao cianeto o aparecimento de sintomas como
conjuntivite e edema pulmonar, causados por exposio indevida [5]. As
leses a nvel celular so devidas ao comportamento do cido sulfdrico no
ioniziado. Este interrompe o transporte de eltrons entre os canais dos
citocromos, isolando-os. Assim, o oxignio molecular bloqueado e
consequentemente reduzido. Isto diminui o metabolismo oxidativo ao ponto
em que no so mais satisfeitas as demandas metablicas [5]. A intoxicao
considerada rpida quando o indivduo fica exposto a um ambiente que
contm mais de 2,0 mg de sulfeto por litro de ar. Uma intoxicao lenta
provocada por uma exposio de 0,5 mg por litro de ar, enquanto que 0,1 mg
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de sulfeto por litro de ar provoca uma intoxicao persistente no caso de um
contato prolongado com o ambiente contaminado. No entanto, dificilmente
ocorre uma intoxicao por inalao uma vez que, devido ao odor
caracterstico, limites de 0,0014 mg de sulfeto so percebidos pelo olfato [6].
O dixido de enxofre (SO2) um gs incolor extremamente estvel, tem
um odor caracterstico e sufocante, pode ser facilmente liquefeito
produzindo um lquido incolor, denso, temperatura ambiente, sob uma
presso de cerca de 5 atm. A facilidade da liquefao do SO2 torna-o til
como um refrigerante [7]. Este composto quando lanado na atmosfera, como
poluio industrial, afeta o ciclo natural do enxofre e txico em diversos
graus, agindo sobre as plantas (prejudicial fotossntese, podendo entrar no
lugar do CO2, causando clorose), sobre animais (afetando a eficincia do trato
respiratrio superior) e na atmosfera [8].
Grandes quantidades de SO2 so utilizadas para produzir SO3 para
sntese do cido sulfrico. Tambm usado como um agente de alvejamento
efetivo, embora brando, para papel, palha, l e seda. O gs usado
freqentemente como agente de fumigao, para destruio de bactrias e de
fungos. Tanto sua ao alvejante como bactericida so teis na preservao de
frutas secas [7].
Sulfito um nion de grande importncia sendo amplamente usado em
alimentos e produtos farmacuticos como um antioxidante. O uso de sulfeto e
sulfitos, ambos resultantes de processo industrial metalrgico, tem implicao
analtica para o controle destas espcies no ar e efluente lquido. Em processos
de gerao de vapor, sulfito de sdio acrescentado freqentemente em gua
de alimentao de caldeira para reduzir o oxignio dissolvido ao mnimo [7].
Embora solues de SO2 e SO3 possam em princpio atuar como
oxidantes, a maioria das reaes teis de compostos de enxofre baseia-se na
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sua ao redutora. O SO3 um xido de carter cido, reagindo com xidos
bsicos para formar sulfatos. O sulfito reage prontamente com vapor de H2O
do ar para formar gotculas de cido sulfrico. O tiossulfato extensivamente
usado na revelao de pelculas fotogrficas e o on S2O32- um redutor
eficiente [7].
A incorporao do sulfato na matria orgnica feita pela reduo do
enxofre pelas sulfobactrias e demais autotrfobos. O enxofre ligado a
carbono (S-C) encontrado principalmente em dois aminocidos, a cistena e
a metionina. Entretanto a degradao destes aminocidos sulfurados origina
outras formas de enxofre orgnico como os sulfetos orgnicos (alquiltiis),
por reaes de dessulfidrilao. Alm disto, ons sulfeto (S2-) e sulfetos
orgnicos, como o metanotiol (CH3SH) e o etanotiol (C2H5SH), apresentam
pronunciada ao txica no organismo humano [5,9,10], tornando importante
o desenvolvimento de metodologias adequadas quantificao de
tiocompostos.
Os cidos sulfnicos so uma classe muito importante de compostos
de enxofre. Estes cidos fortes, comparveis em fora com o cido sulfrico,
so usados, freqentemente como catalisadores. Os derivados mais
importantes dos cidos sulfnicos so os halogenetos de sulfonila, os steres e
sais conhecidos como sulfonatos e as amidas, chamadas de sulfonamidas. A
sulfonamida o grupo mais importante das sulfas, que so drogas muito
usadas na medicina. Os sulfonatos de sdio com longas cadeias de carbono
so teis como detergentes caseiros [11].
O mecanismo de formao de compostos de enxofre foi
extensivamente pesquisado, diretamente, ou usando compostos padro.
Estudos com traadores de C13 mostram que a metionina e a cistena
apresentam como produtos de degradao H2S e CH3SH [12]. J a cistena e a
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metionina liberam, respectivamente, mercaptoacetaldedo e 3-
mercaptotiopropanal, quando sofrem uma descarboxilao oxidativa. Segundo
Metzler [13],a cistena sofre reaes de transaminao, produzindo piruvato,
amnia e H2S. Muitas reaes de aminocidos so catalisadas por enzimas,
entre as quais podemos citar a transaminao, a racemizao, a
descarboxilao, a eliminao do hidrognio por um substituinte ou substituinte. Esta ltima pode ser exemplificada atravs da desidratao da
serina e treonina ou da dessulfidrilao da cistena. O sulfeto de hidrognio e a
metil mercaptana possuem odor altamente desagradvel e so totalmente
reativos. Ambos reagiro prontamente com compostos carbonlicos e ligaes
duplas, formando diversos compostos com odores caractersticos. Compostos
de enxofre que possuem molculas pequenas reativas podem servir como
precursores para outro composto de enxofre formando combinaes diversas.
Por exemplo, molculas de H2S podem reagir com furanonas conduzindo
formao de compostos de enxofre que contm heterociclos. O Metanotiol
pode reagir formando, mais adiante, tambm, mono, di e trisulfetos [12].
Holum [14] descreve a oxidao das mercaptanas a dissulfetos. Estas
so agentes redutores facilmente oxidados por perxido de hidrognio ou
hipoclorito de sdio (reao 1). Por outro lado, os dissulfetos, como por
exemplo a cistina, so facilmente reduzidos a mercaptanas (reao 2). Estas
duas reaes so igualmente importantes na qumica das protenas.
2 R-SH + H2O2 R-SS-R + H2O (1)
R -SS-R + (2H) 2 R-SH (2)
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A prtica mundial do uso de pesticidas, dentre eles os herbicidas, por
longos perodos, muitas vezes de maneira indiscriminada e abusiva, vem
trazendo preocupaes com os aspectos que envolvem a sade pblica e a
sustentabilidade dos recursos naturais, em conseqncia a contaminao
ambiental pelos resduos destes compostos encontrados em produtos agrcolas,
mananciais de gua e exposio ambiental [2,15].
O propsito principal de projetar estas substncias qumicas de
reduzir pestes e melhorar a produtividade. Porm, inmeros trabalhos de
pesquisa tm revelado a presena de nveis alarmantes de pesticidas e seus
produtos de degradao em solos e guas superficiais e subterrneas [15].
Os herbicidas sulfurados como os tiotriaznicos e tiolcarbmicos,
apresentam uma certa persistncia e so capazes de acumulao biolgica
direta nos tecidos de carnvoros, peixes e pssaros, podendo causar a morte.
No organismo humano estes herbicidas trazem prejuzos ao DNA [16], com
efeitos teratognicos e congnitos [17] e so letais em concentraes
superiores a 1800 mg/L.
Assim, a deteco da contaminao ambiental devido presena de
pesticidas residuais exige o estabelecimento de polticas ambientais severas
que controlem o uso abusivo destes produtos, controlando tambm a qualidade
das guas potveis distribudas para consumo humano.
A determinao de compostos que contenham enxofre na molcula,
presentes na gua, na atmosfera, alimentos e outros materiais, de grande
importncia para a proteo ambiental e garantia da qualidade dos alimentos,
em virtude da alta toxicidade de muito destes compostos.
Sulfetos esto freqentemente presentes em efluentes industriais.
Neste contexto, mtodos automticos de monitorao contnua so
importantes. Em processos industriais, particularmente onde minrios e
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minerais esto presentes, a determinao de sulfetos, bem como outros anions
de enxofre, so muito importantes.
De acordo com Puacz et al. [18], h necessidade de quantificar o nvel
de sulfeto em sangue para investigao toxicolgica de pessoas expostas a este
composto altamente txico. O nvel de sulfeto no sangue, em casos clnicos,
vai at 300 g/L e, em casos fatais, os limites esto acima de 600 g/L [19].
Pelo fato de muitos dos tiocompostos apresentarem elevada toxidade,
de grande importnica o desenvolvimento de novas metodologias para a
anlise de quantificao de compostos que possem enxofre nas suas
molculas.
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2. REVISO DA LITERATURA
2.1 Comportamento eletroqumico de tiocompostos em eletrodo de Hg
Molculas contendo um ou mais grupos tilicos (SH) muitas vezes
formam picos andicos como resultado da formao de compostos com o
mercrio do eletrodo. Genericamente a reao andica nestes casos, pode ser
expressa como sendo (reao 3) [20]:
(R)SH + Hg (R)SHg + H+ + e- (3)
Os compostos que possuem o grupo dissulfeto (-SS-) em suas
estruturas moleculares, como a cistina, apresentam ondas catdicas, como
resultado de reaes de reduo dos tomos de enxofre (reao 4) [20]:
RSSR + 2e- + 2 H+ 2 RSH (4)
Estas reaes de reduo so irreversveis no eletrodo de mercrio e,
muitas vezes, so acompanhadas por adsoro, resultando na formao de uma
pr-onda catdica.
Para muitas espcies contendo tomos de enxofre na molcula, a
voltametria parece ser uma tcnica quantitativa atraente, uma vez que grupos
SH podem facilmente reagir no eletrodo de mercrio. Alm disto, a
voltametria possibilita o emprego de diferentes tcnicas e a determinao
simultnea de vrias espcies. Dentre as diversas tcnicas, destacamos a
voltametria de pulso diferencial (VPD) que minimiza o efeito da corrente
capacitiva e apresenta um aumento significativo de sensibilidade quando
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comparada voltametria clssica. A voltametria de pulso permite tambm
uma melhor resoluo de sinais voltamtricos prximos e isto pode ser
importante na anlise de sulfeto e mercaptanas que apresentam sinais
separados por poucos milivolts. Na voltametria clssica, em virtude da
maneira pela qual o sinal gerado, torna-se necessria uma separao de
sinais da ordem de 150 mV para anlises quantitativas, enquanto que na
voltametria de pulso diferencial a separao requerida consideravelmente
menor, cerca de 60 mV. Outra tcnica voltamtrica muito utilizada na anlise
de traos inclui a pr-concentrao do analito no eletrodo, separando-o da
matriz, e, por uma inverso no sentido de varredura dos potenciais, obtm-se o
sinal do analito pr-concentrado que dependente do tempo de pr-
concentrao. Esta tcnica referida na literatura como voltametria inversa
[21].
A determinao de traos de vrios agroqumicos, como por exemplo
herbicidas, em alimentos, solos, guas naturais, e fludos corpreos, continua
sendo importante em qumica analtica. Porm, apesar do fato que a maioria
dos herbicidas serem redutveis diretamente no DME, relativamente poucas
determinaes so encontradas na literatura recente. Alguns herbicidas
substitudos da classe das s-triazinas foram determinados em concentraes da
ordem de nanomolar por mtodos utilizando o HMDE como eleltrodo de
trabalho. Emulses de leo-gua foram usadas como meio de funcionamento
satisfatrias para a determinao, por voltametria direta, de aziprotrina e
desmetrina de extratos orgnicos em amostras de gua. Existem relatos de
determinao voltamtrica simultnea de misturas binrias de atrazina-
simazina e terbutrina-prometrina. O sinal voltamtrico destas combinaes
mostra alta sobreposio, e por isto foram utilizadas abordagens multivariadas
para calibrao como regresso por mnimos quadrados parciais (PLS) e redes
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neurais (ANNs) para determinar cada combinao nas respectivas misturas
[22].
2.2 Eletrodos modificados
Devido crescente necessidade de identificao e quantificao de
analitos de forma rpida, especfica e em quantidades de amostras muito
pequenas, foram desenvolvidos eletrodos quimicamente modificados (EQM).
Este termo foi utilizado para designar eletrodos com espcies quimicamente
ativas como resultado da imobilizao deliberada de um agente modificador
sobre a superfcie de um eletrodo base (substrato) com o objetivo de pr-
estabelecer e controlar a natureza fsico-qumica da interface eletrodo/soluo.
Comparado a eletrodos convencionais, maior controle de caractersticas do
eletrodo e reatividade so alcanadas atravs destas modificaes na
superfcie, possibilitando o desenvolvimento de eletrodos para os vrios
propsitos e aplicaes. Esta modificao pode ser feita em redes de
microeletrodos para produzir sensores qumicos especficos muito pequenos.
Normalmente a camada de modificador eletroativa, agindo como mediadora
entre a soluo e o eletrodo-substrato na transferncia de eltrons.
Os eletrodos modificados originam freqentemente sinais de corrente
mais elevadas do que na ausncia do modificador. s vezes, ao colocar o
eletrodo modificado numa soluo contendo apenas o eletrlito suporte,
observam-se as caractersticas das espcies imobilizadas.
O primeiro exemplo de uma modificao deliberada da superfcie de
um eletrodo foi feito por Lane e Hubbard que adsorveram na superfcie de
eletrodos de platina vrias olefinas funcionalizadas, explorando a propenso
de hidrocarbonetos de cadeia saturada quimiosorverem-se sobre este metal.
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Este fato foi a primeira indicao da utilidade analtica de EQMs, pois
demonstrou a capacidade de um grupo imobilizado complexar um on
metlico, e tambm a possibilidade de se direcionar a coordenao atravs da
escolha do potencial aplicado [23, 24].
Atualmente, com o desenvolvimento de novos mtodos
eletroanalticos e de novos materiais de sensores, tem sido desenvolvido um
intenso trabalho de investigao da eletroqumica tanto do material do suporte
usado como do agente modificador.
A escolha do material suporte, em que a superfcie ser modificada,
um aspecto de extrema relevncia na preparao de um EQM. Este substrato
deve apresentar caractersticas eletroqumicas apropriadas e tambm ser
adequado para o mtodo de imobilizao selecionado. Entre os materiais
convencionais est o ouro, platina, carbono vtreo, mercrio na forma de
filme, pasta de carbono, material plstico condutor e vidros condutores.
A utilizao dos EQMs uma rea em franco desenvolvimento e a
cada dia novos mtodos de preparao so descritos. A seguir ser apresentada
uma abordagem geral de preparao dos mtodos mais comuns.
2.2.1 Mtodos de imobilizao do modificador
2.2.1.1 Adsoro
Adsoro ou mais apropriadamente quimiosoro, foi o processo
pioneiro e a maneira mais simples de fixar um modificador ao substrato de
eletrodo base. Este mtodo consiste na dissoluo do agente modificador em
um solvente apropriado e na exposio, em geral por imerso, do eletrodo
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soluo, sendo a adsoro devido a foras eletrostticas, hidrofbicas ou
dispersivas na superfcie do eletrodo. Eletrodos de carbono apresentam uma
capacidade particular de quimiosorver reagentes que possuam sistemas de
eltrons estendidos, como por exemplo compostos orgnicos aromticos. Embora simples, esta tcnica apresenta a desvantagem de produzir EQMs com
no mximo uma camada do modificador imobilizado, o que limita a faixa de
resposta linear. Alm disto, em se tratando o fenmeno de adsoro de um
processo de equilbrio, inevitavelmente ocorrer dessoro do modificador
para o meio, durante sua utilizao, o que redunda em perda de
reprodutibilidade, reduzindo portanto a vida til de EQM assim preparado.
Vrios eletrodos modificados por adsoro so apresentados na
literatura recente, em que podemos destacar o eletrodo de carbono vtreo
modificado com um filme de acetato de celulose contendo o polmero 2,6-
diclorofenolindofenol, desenvolvido como sensor para anlise de injeo em
fluxo de amostras de resduos urbanos [25]; o eletrodo de carbono vtreo
modificado com hexacianoferrato de cobre para uso na determinao
amperomtrica de sulfito e dixido de enxofre, baseado na oxidao
eletrocataltica do analito pelo eletrodo modificado [26]; eletrodo de ouro
modificado pela adsoro de dodecanotiol (98%), utilizado em medidas de
impedncia para anlise da interao entre compostos aromticos e a camada
do tiol adsorvida [27].
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2.2.1.2 Eletroadsoro
A eletroadsoro ocorre a partir da adsoro efetuada pela aplicao
de um potencial ao eletrodo. A quantidade depositada uma funo do tempo
de deposio, sendo possvel a formao de multicamadas. Como em qualquer
processo de eletrodo, o potencial aplicado ao eletrodo determina a velocidade
da reao e por conseqncia a estrutura da camada adsorvida. Uma
velocidade de varredura baixa significa mais tempo disponvel para formar
uma camada com estrututra cristalina perfeita, que seria desejvel, mas a baixa
velocidade da eletroadsoro muitas vezes no compensa o uso de
sobrepotenciais to baixos. A aplicao de um potencial nas condies
corretas e na presena de uma molcula suscetvel de polimerizar pode
produzir radicais, iniciando a polimerizao e a subseqente modificao do
eletrodo [28].
Casella et al. desenvolveram um eletrodo de carbono vtreo
modificado por deposio eletroqumica de partculas de paldio, sendo
utilizado como sensor amperomtrico na determinao cromatogrfica de
sulfetos em solues aquosas [4].
Eletrodos de carbono vtreo modificados pela eletroadsoro de cobre
foram desenvolvidos para uso como sensor amperomtrico na deteco
eletroqumica de compostos de enxofre em meio alcalino [2].
Eletrodo de carbono vtreo modificado pela eletroadsoro de filme de
hexacianoferrato de ndio tem sido usado na determinao de NO pela
oxidao eletrocataltica do filme modificador [29].
Eletrodo de alumnio modificado com um filme de
pentaciononitrosilferrato de paldio eletroadsorvido na sua superfcie foi
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desenvolvido e suas caractersticas analisadas em detalhes por Pournaghi-Azar
e Dastangoo [30].
Eletrodos de platina e carbono vtreo foram modificados por
eletroadsoro do hexacianoferrato de cobre e cobalto, sendo que o eletrodo
de carbono vtreo modificado apresentou excelentes respostas na determinao
de perxido de hidrognio, favorecendo sua aplicao no campo de
biosensores [31].
2.2.1.3 Formao de compsitos
Um compsito uma mistura de componentes, em que o preparo de
um EQM consiste simplesmente em misturar o agente modificador com o
substrato do eletrodo. Esta tcnica adequada para modificar eletrodos base
de carbono em p (grafite, negro de carbono, etc.), tais como eletrodos de
pasta de carbono, de grafite-epxi, eletrodos impressos (screen-printed) e
pastilhas. Quando possvel preferencialmente utilizada uma variante do
mtodo descrito anteriormente, que consiste em misturar o carbono em p a
uma soluo adequada do agente modificador. Aps a evaporao do solvente
as partculas de carbono ficam recobertas pelo modificador, resultando numa
distribuio mais homognea do modificador. Em ambos os casos tambm
podem ocorrer perda gradual do modificador para a soluo de medida,
prejudicando a reprodutibilidade.
Wring and Hart desenvolveram eletrodos impressos de carbono,
modificados com ftalocianina de cobalto para determinao de cido
ascrbico, glutationa e coenzima A em anlises voltamtricas [32].
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Medidas cromatogrficas (HPLC), com deteco eletroqumica
usando um eletrodo compsito de grafie-epxi modificado com ftalocianina
de cobalto, foram realizadas para a determinao de glutationa (GSH) em
amostras de sangue humano [33].
Exemplos da confeco destes eletrodos so amplamente descritos na
literatura atual, sendo que muitos deles so usados como sensores na deteco
de tiocompostos, como por exemplo, eletrodos de carbono impresso
modificado com ftalocianina de cobalto usados na determinao de H2S [34] e
na determinao de amostras gasosas de espcies sulfuradas [35]; o eletrodo
de pasta de carbono modificado com ftalocianina de cobalto usado como
detector eletroqumico em cromatografia lquida para anlises de cistena em
urina humana [36], como sensor amperomtrico na deteco e determinao
do herbicida aziprotrina [37] e como detector potenciomtrico do cido
tioglicoltico [38].
Eletrodos compsitos de carbono modificado, pelo processo sol-gel,
com a incorporao de ftalocianina de cobalto, foram confeccionados para uso
na determinao da cistena [39] e com a incorporao de complexo de rutnio
para uso como sensor amperomtrico na determinao da cistena e da
glutationa [40].
Muitos sensores eletroqumicos foram desenvolvidos pela
modificao do eletrodo de pasta de carbono como o com xido de rutnio
(IV) [41] e o com a incorporao de N,N-bis(salicilideno)-1,2-
fenildiaminocobalto (II) [42] para a determinao de cistina e cistena.
Sensores para a determinao de pesticidas organofosforados e
carbamatos foram desenvolvidos a partir de eletrodos impressos modificados
com polianilina, 7,7,8,8-tetracianoquinodimetano e azul da Prssia em
amostras de sucos de uva e soluo aquosa [43].
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Determinao amperomtrica de tiocompostos foi realizada tendo
como eletrodo de trabalho um eletrodo de pasta de carbono modificado com
hexacianoferrato [44].
Eletrodo impresso modificado com azul da Prssia foi desenvolvido
para a deteco eletroqumica de tiis [45].
Sensores de ouro e platina modificados com azul da Prssia foram
desenvolvidos para a deteco amperomtrica de perxido de hidrognio.
Estes sensores foram tambm usados como substratos na construo de
biosensores modificados com glicose oxidase imobilizada com membrana de
nfion para a determinao de glicose [46].
2.2.1.4 Formao de ligao covalente
O modificador pode tambm ser ligado covalentemente ao substrato
do eletrodo. So empregadas reaes de silanizao, envolvendo
organosilanos e xidos presentes superfcie do eletrodo.
OH + XSi R OSi R + HX
onde X = OR ou Cl; o grupo silano reage ento com as espcies de
interesse.
A maioria dos eletrodos metlicos, quando oxidados em meio cido,
so recobertos com uma camada fina de xido, bastante reativa em relao a
silanos. Portanto, um metal aps ser oxidado, pode ser silanizado e
posteriormente reagir com uma molcula, contendo o grupo funcional que se
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queira imobilizar. O silano atuar como um tipo de ponte para fixar um grupo
funcional especfico superfcie do eletrodo. Superfcies de carbono,
apresentam grupos xidos funcionais tais como lcoois (fenis), cidos
carboxlicos, cetonas (quinonas) e anidridos, resultantes da oxigenao de
tomos de carbono do plano vertical, contendo ligaes incompletas. Estas
funes, em que as concentraes podem ser aumentadas atravs das reaes
de oxidao, so passveis de derivatizao. Portanto, a modificao de
superfcies de carbono via ligao covalente do modificador, tem sido em
grande parte baseadas na manipulao da reatividade destes grupos funcionais,
frente a reagentes como aminas, organosilanos, cloreto de tionila e cloreto
cianrico, entre outros. Entretanto, tem sido explorada a possibilidade de
modificar covalentemente superfcies de carbono livres de xidos. Nestes
casos as reaes envolvem os prprios tomos de carbono do plano vertical.
Tratamentos como abraso mecnica ou fratura sob atmosfera inerte,
decapagem por plasma de argnio ou termlise sob vcuo, so capazes de
gerar superfcies livres de xidos com grande reatividade frente a uma ampla
variedade de reagentes [28].
Os eletrodos modificados via ligao covalente so mais estveis em
relao aos obtidos pelos demais mtodos, entretanto so mais difceis de
preparar. Da mesma forma que a modificao por adsoro, esta metodologia
tambm gera coberturas com no mximo uma monocamada imobilizada.
Um biosensor amperomtrico para a deteco de praguicidas
organofosforados e carbamatos foi construdo a partir de um eletrodo de pasta
de carbono modificado com ftalocianina de cobalto em que a enzima
colinesterase foi imobilisada via ligao covalente cruzada [47].
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Um biosensor para a determinao de glicose foi construdo com um
eletrodo de carbono vtreo modificado com um filme de azul da prssia e
polipirrol ligado via ligao covalente com a enzima glicose oxidase [48].
Ricci et al. [49] desenvolveram em um sensor para a deteco de
glicose pela imobilizao da glicose oxidase via ligao covalente usando
glutaraldedo e nfion num eletrodo de carbono impresso modificado com azul
da Prssia.
Delvaux e Demoustier-Champagne [50] mostraram a possibilidade de
confeco de um biosensor amperomtrico de alta sensibilidade para a
determinao de glicose, fazendo o uso da associao de mtodos de
modificao da superfcie do eletrodo, com a imobilizao da enzima glicose
oxidase via ligao covalente.
2.2.1.5 Recobrimento com membranas polimricas
Outra tcnica bastante atraente para a preparao de eletrodos
modificados o recobrimento da superfcie do eletrodo com filmes
polimricos, que devem ser condutores ou permeveis ao eletrlito suporte e
espcie de interesse. Ao contrrio da modificao por adsoro ou por
formao de ligao covalente, a modificao com membranas polimricas
permite a imobilizao de muitas monocamadas (1 a 2000) da espcie ativa na
superfcie modificada, o que resulta na ampliao da resposta eletroqumica.
Dependendo da aplicao pode ser escolhido um polmero eletroativo,
quimicamente ativo, ou inerte . Os filmes eletroativos se subdividem em duas
categorias principais, dependendo de como o centro redox imobilizado:
polmeros redox, se o centro redox parte do esqueleto polimrico; e
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polmeros de troca inica, se o componente redoxiativo um contra-on de
um filme polinico como polivinilpiridina ou nfion.
A cobertura polimrica pode ser obtida a partir de solues de
polmeros pr-formados, ou atravs de polimerizao in situ a partir de
unidades monomricas. Neste ltimo caso, o recobrimento polimrico pode
ser obtido via eletropolimerizao ou por meio de mtodos no eletroqumicos
como por exemplo: polimerizao ativada por plasma, foto-induzida por UV
ou por polimerizao de organosilanos.
Eletrodo de carbono vtreo modificado pela eletropolimerizao de
tetraminoftalocianina de cobalto foi desenvolvido e estudado por Wu D. M. et
al. [51].
Eletrodo de ouro foi modificado pela copolimerizao de
vinilferroceno e 2(metiltio-etil) metacrilato e a superfcie resultante foi
investigada por voltametria cclica [52].
As melhorias da seletividade e sensibilidade em funo das
modificaes feitas nas superfcies de eletrodos foram investigadas por vrios
pesquisadores, inclusive muitos brasileiros. Delbem e outros [53] descreveram
a descoberta cataltica de NADH usando eletrodo de pasta de carbono
modificado por eletropolimerizao de 3,4-bis-hidroxibenzaldedo. Kominky e
Bertotti [54] desenvolveram um sensor de amperomtrico, pela deposio
eletroqumica de uma camada de xido de molibdnio, para a determinao de
alguns compostos inorgnicos. Sotomayor e outros [55] estudaram a
construo e aplicao de um sensor de amperomtrico para dopamina,
usando eletrodo de carbono vtreo modificado com membrana de Nafion e
dopado com cloreto de 2-2 bipiridil de cobre (II). Castro et al. [56]
apresentaram um eletrodo modificado combinando xerogel de pentxido de
vandio e um surfactante catinico para detectar nions, como
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pentacianonitrosilferrato (II) e hexacianoferrato (III). Filmes finos de
materiais como prussiato formam superfcies coloridas e apresentam
propriedades interessantes. Mattos e Gorton mostraram que biosensores de
glicose podem ser construdos com filmes de prussiatos com superfcies
azuis e excelente desempenho [57].
2.3 Determinao e especiao de compostos sulfurados
A determinao de compostos que contenham enxofre nas suas
estruturas moleculares, presentes nos diversos ambientes como na gua, no
solo, na atmosfera, nos alimentos e outros materiais, se faz necessrio em
virtude do alto grau de toxidade de muitos compostos sulfurados.
O controle dos nveis residuais de herbicidas, dentre eles os
tiotriaznicos e tiolcarbmicos, nas mais variadas amostras, a fim de se evitar a
produo de efeitos txicos na populao exposta, pode ser realizado atravs
da execuo de anlises por diversos mtodos analticos. Dentre os mtodos
analticos conhecidos encontram larga aplicao os mtodos cromatogrficos,
voltamtricos e espectrofotomtricos. Um rpido avano nas metodologias
vem sendo observado nos ltimos anos em resposta s necessidades de
sensibilidade, especificidade, rapidez e eficincia, exigidas pelos rgos
regulamentadores legais e de pesquisa, que determinam os limites de
tolerncia para tais resduos [58].
Existem na literatura trabalhos de determinao de sulfetos e
alquiltiis, principalmente em gua. Como exemplo, podemos citar os
mtodos pticos de anlise [13, 59], os eletroqumicos [60-62] e os mtodos
que envolvem separaes cromatogrficas [59, 63, 64].
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Com relao aos mtodos pticos de anlise, o chamado mtodo do
azul de metileno (MB) parece ser o mais utilizado na determinao de
sulfetos. A partir deste mtodo, detalhado por Gustafsson [65], os sulfetos em
meio cido so convertidos a cido sulfdrico que reage com uma amina
produzindo uma espcie estvel, conhecida como azul de metileno, que pode
ser determinada espectrofotometricamente na regio do visvel. Ainda,
alquiltiis foram determinados, atravs de medidas espectrofotomtricas, aps
derivatizao com o reagente Ellman (cido 5,5,ditiobis 2-nitrobenzico)
[13]. Com este reagente o alquiltiol forma um complexo derivatizado, de
colorao amarela, detectado espectrofotometricamente.
Dentre os mtodos mais comuns de anlise de pesticidas encontram-se
os mtodos espectrofotomtricos, na regio do UV-Visvel ou infravermelho,
que se caracterizam pela boa sensibilidade e razovel seletividade,
propriedades necessrias para determinaes de pequenas quantidades de
analitos [66].
Outros procedimentos incluem tambm a derivatizao de alquiltiis
com anlise por fluorescncia, utilizando reagentes como o-ftaldedo [67],
monobromobimana [68], maleimides [69], benzofuranas halogenadas [70, 71]
ou 7-fluorbenzo-2-oxa-1,3-diazol-4-sulfonato de amnio [72, 73]. A
derivatizao com este ltimo reagente foi tambm aplicada para a deteco
de cistina [74]. Todas estas reaes de derivatizao ocorrem com a formao
de um complexo fluorescente, entre alquiltiis e reagentes, permitindo a
deteco com um detector de fluorescncia.
Para determinaes de pequenas quantidades de resduos de
determinados pesticidas, tem-se tambm como alternativa o uso da
espectroscopia de fluorescncia [75-77], que uma tcnica de alta
sensibilidade. A fluorescncia usada como uma ferramenta analtica em
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compostos fluorescentes ou que possam ser convertidos a compostos
fluorescentes.
Alquiltiis foram detectados e quantificados em amostras de sangue
de ratos atravs de mtodos cromatogrficos. Mardini et al. [63],
determinaram metanotiol, etanotiol e dimetilssulfeto, atravs de cromatografia
gasosa com detector especfico de enxofre e detector de ionizao de chama,
onde o uso de detector especfico apresentou maior sensibilidade e a vantagem
de no sofrer interferncias de outros compostos volteis presentes.
Cromatografia gasosa (GC) utilizada para determinar traos de alquiltiis
[63, 64]. Contudo, dificuldades considerveis so encontradas em analisar
amostras com alquiltiis em concentraes extremamente baixas devido a
reatividade e absoro em superfcies slidas. Traos de alquiltiis
frequentemente se dissipam durante as anlises por GC [59].
Inicialmente, a determinao de herbicidas tiotriaznicos e
tiolcarbmicos era realizada atravs de mtodos colorimtricos ou por
Cromatografia em Camada Delgada. No entanto, atualmente, a Cromatografia
Gasosa (CG) demonstra ser uma tcnica muito utilizada na quantificao
destas espcies, devido elevada sensibilidade obtida a partir de sistemas de
deteco do tipo nitrognio-fsforo (NPD) e captura de eltrons (ECD), bem
como da seletividade para a identificao e quantificao dos herbicidas
quando acoplado a um espectrmetro de massas (MS) [78].
Hernandez et al., [79], determinaram herbicidas em amostras de gua
e solo, dentre os quais, a atrazina, simazina, terbumeton, terbutilazina,
terbutrina e molinato, utilizando tcnicas analticas hifenadas, como a
cromatografia gasosa acoplada a espectrmetro de massas (CG/MS). A
metodologia descrita mostrou-se eficiente, com resposta linear para
concentraes entre 0,10 e 10,00 ng/mL, sendo utilizada para a determinao
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dos herbicidas em guas de superfcie e solos com baixos teores de matria
orgnica. A mesma tcnica analtica foi utilizada por Zambonin e Palmisano
[80] para a determinao dos herbicidas s-triaznicos ametrina, prometrina,
terbutrina, propazina, terbutilazina e sebutilazina, em amostras de solo com
teor de matria orgnica entre 0,19 e 0,42%. A quantificao, aps separao
cromatogrfica, com limite de deteco de 1 ng/mL foi obtida utilizando-se
como fase estacionria uma coluna capilar do tipo Supelco SPB-5 e como fase
mvel uma fluxo de gs hlio.
Mendas e colaboradores [81] determinaram os herbicidas atrazina,
simazina, ametrina e prometrina em fluidos biolgicos, utilizando medidas
cromatogrficas. A quantificao, por Cromatografia Gasosa, foi realizada
aps etapa de clean up em coluna de poliestireno divinilbenzeno, com
separao em coluna capilar do tipo SPB-5 com detectores terminicos e de
captura de eltrons.
O tiolcarbamato trialato aplicado em doses bastante elevadas na
agricultura, sendo, deste modo, recomendado o controle do residual do
herbicida em solos. Assim, Bernall et al. [82] desenvolveram uma
metodologia para a quantificao do trialato residual em amostras de solo,
aps extrao por fluido supercrtico. A quantificao do trialato nos extratos
foi realizada por CG com detector de emisso atmica e coluna capilar HP-5,
com resposta linear em concentraes de 0,2 a 10 mg/L.
Uma metodologia para a determinao multiresduo de amostras de
solo para 21 herbicidas, contendo nitrognio em sua estrutura molecular, , foi
desenvolvida por Snchez-Brunete et al. [83]. Dentre as classes de herbicidas
avaliadas so citadas as triazinas, uracilas, tiolcarbamatos, nitroanilinas,
cloroacetamidas e axodiazonas. Segundo os autores, a extrao dos herbicidas
foi realizada por sonicao das amostras de solo colocadas em colunas
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estreitas, usando um pequeno volume de acetato de etila. Aps, os resduos
foram determinados por Cromatografia Gasosa com detector de nitrognio-
fsforo, utilizando coluna capilar HP-1. A metodologia desenvolvida
apresentou limites de deteco diferenciados, permanecendo em uma faixa de
0,001 a 0,02 g/g. Medidas de alquiltiis em misturas e sangue, tambm foram realizadas
por eletroforese capilar com detectores ultravioleta e de fluorescncia. Ling &
Baeyens [84] determinaram alquiltiis baseados nas reaes estequiomtricas
destes com derivatizantes e, depois, devido s diferentes mobilidades dos
derivatizados com carga, foram separados e quantificados em um sistema de
eletroforese capilar.
A eletroforese capilar (EC), baseada na migrao diferenciada de ons
presentes em soluo sob influncia de um campo eltrico [85] , uma tcnica
analtica que tambm encontra aplicao na determinao de herbicidas
residuais em matrizes ambientais, entre eles os tiotriaznicos e tiolcarbmicos,
devido a sua simplicidade analtica e elevada eficincia de separao.
Entretanto, limites de deteco inadequados so fatores limitantes desta
tcnica [86].
Turner et al. [60], analisando solues de sulfeto, mostraram que para
baixas concentraes a reao no eletrodo pode ser tratada como um processo
reversvel, envolvendo a oxidao do mercrio com formao imediata de
sulfeto de mercrio insolvel, gerando uma onda polarogrfica cuja corrente
limite proporcional concentrao da espcie envolvida.
Nascimento et al. [87] observaram que amostras com baixos teores de
sulfeto (< 16 mg/L) apresentam um sinal polarogrfico bem definido, cuja
intensidade proporcional concentrao de ons sulfetos presentes na clula
polarogrfica. Em amostras com concentraes acima de 16 mg/L observa-se
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o aparecimento de um segundo sinal, mais arredondado, sugerindo que com o
aumento da concentrao de sulfeto torna-se mais difcil a reversibilidade do
processo.
Canterford [61] investigou detalhadamente a aplicao da tcnica
polarogrfica na determinao direta do on sulfeto em solues aquosas. Em
seu trabalho observou a interferncia do nion cianeto (CN-) em medidas
polarogrficas e a inviabilidade de determinao do sulfeto em concentraes
abaixo de 1,5.10-3 mol/L, na presena de muitas espcies eletroativas que
podem originar ondas que se sobrepem.
Renard et al. [62] determinaram compostos sulfurados em amostras de
licores atravs de anlises polarogrficas. Os resultados obtidos se mostraram
satisfatrios quando comparados a outros mtodos potenciomtricos e
volumtricos, viabilizando o mtodo para a determinao de sulfetos,
polissulfetos, mercaptanas, tiossulfatos e sulfitos em licores.
A oxidao eletroqumica de uma srie de alquiltiis na superfcie de
um eletrodo de xido de nquel foi investigada com um sistema de injeo em
fluxo (FIA) [88]. Em princpio, esta determinao baseada em processos
eletroqumicos reversveis de trs eltrons, onde o on tiolato, inicialmente
formado em solues alcalinas, reage com a espcie de maior estado de
oxidao na superfcie hidratada do eletrodo para formar o radical tiol. A
rpida dimerizao dos radicais formados leva a dissulfetos. Este trabalho
descreve a amperometria andica em eletrodo de xido de nquel para
alquiltiis de dois, trs e quatro carbonos. Amostras tamponadas em pH 3,0
so usadas para proteger os alquiltiis da oxidao do ar e uma soluo de
hidrxido de sdio utilizada como eletrlito. Resultados referentes ao
etanotiol foram comparados com o etanol. Altura de pico cerca de seis vezes
maior que a do etanol indica que a oxidao dos alquiltiis mais intensa.
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Nascimento [87] et al. determinaram sulfeto e metanotiol em solues
de nutrio parenteral atravs do uso da difuso gasosa associada a um sistema
em fluxo e determinao polarogrfica. O limite de deteco obtido para esta
tcnica desenvolvida foi de 100 g/L para sulfeto e 40 mg/L para metanotiol.
O controle do residual dos herbicidas tiotriaznicos ametrina,
desmetrina, prometrina e terbutrina, bem como dos herbicidas tiolcarbmicos,
como o molinato, dialato, trialato e butilato, vem sendo realizado por
metodologias que compreendem os mtodos espectrofotomtricos [89, 90], a
cromatografia gasosa [78, 80, 91,92] e a cromatografia lquida [93- 99].
Da mesma forma, medidas polarogrficas tambm so utilizadas na
quantificao de herbicidas tiotriaznicos e tiolcarbmicos, uma vez que
molculas contendo um ou mais grupos tilicos originam, em medidas
voltamtricas com o eletrodo de mercrio, ondas catdicas a partir da
formao de um composto pouco solvel com o eletrodo [20].
Outros procedimentos analticos largamente empregados incluem os
mtodos voltamtricos. Os herbicidas tiotriaznicos e tiolcarbmicos so
efetivamente utilizados no controle de ervas daninhas na agricultura, devido
ao de inibio na fotossntese das ervas, resultante das reaes de
transferncia de eltrons dos herbicidas. Esta propriedade de participao em
reaes redox pode ser usada para fins analticos [100]. Compostos orgnicos,
como as tiotriazinas, tm grupos eletrorredutveis em sua composio, o que
permite sua anlise por voltametria em potenciais em torno de -1000 mV
[100-103]. Os mtodos voltamtricos mais sensveis so a voltametria de
pulso diferencial (VPD) e a voltametria de onda quadrada (VOQ), capazes de
determinar concentraes na faixa de g/L. Para melhorar a sensibilidade pode-se combinar estas tcnicas com a pr-concentrao, na superfcie do
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eletrodo, para o composto a ser determinado, como no caso da voltametria
adsortiva de redissoluo catdica (VARC).
Muitos trabalhos envolvendo os mtodos eletroqumicos so citados
na literatura, como por exemplo o desenvolvido por Szezepaniak et al. [104]
em que propuseram um mtodo para a determinao de prometrina em
amostras de solo e gua. As amostras foram analisadas em clula
polarogrfica com eletrodo de mercrio no modo HMDE, aps pr-
concentrao em potencial de 0,50 V. A resposta voltamtrica foi avaliada
na presena de vrios eletrlitos suporte como tampo acetato, KCl, HCl e
HClO4, onde o uso de soluo de HClO4 0,10 mol/L originou melhores
resultados em relao corrente residual, formao do sinal polarogrfico de
reduo e reprodutibilidade.
A determinao de trs herbicidas triaznicos, dentre eles a tiotriazina
ametrina, utilizando medidas polarogrficas obtidas a partir de um eletrodo de
mercrio gotejante (DME) com soluo de H3PO4 0,1 mol/L como eletrlito
suporte, foi estudada por Ignjatovic et al. [105]. Segundo os autores, em meio
fracamente cido (pH 5) observa-se a formao de um pico resultante da
reduo da ametrina em potencial de meia-onda de 1.170V e, em condies
mais extremas de pH (2,0), um decrscimo no sinal polarogrfico observado,
sendo, possivelmente, associado reao de hidrlise do herbicida nestas
condies.
Os imunoensaios (ELISA) vm encontrando aplicao no controle dos
residuais de herbicidas, uma vez que elevados nveis de especificidade so
obtidos e um grande nmero de amostras pode ser analisado em um curto
perodo de tempo. A anlise baseada na combinao especfica de anticorpos
e antgenos (analito) utilizada especificamente para a deteco de quantidades
muito pequenas de herbicidas [106]. Herbicidas tiotriaznicos, como ametrina,
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prometrina e terbutrina, foram determinados atravs dos ensaios ELISA e
comparados com amostras analisadas por CG/MS [107]. A correlao
observada entre os mtodos ELISA e CG/MS foi de 0,99 e a reatividade
obtida para o imunoensaio foi suficiente para uma resposta semiquantitativa
dos herbicidas tiotriaznicos em concentraes na faixa de 0,2 a 2,0 g/L. Bruun et al. [108], utilizando procedimentos ELISA, desenvolveram
um mtodo de elevada sensibilidade para a quantificao dos herbicidas
ametrina, desmetrina, prometrina, terbutrina e seus subprodutos hidroxilados
de degradao, em guas de chuva e potvel, com limites de deteco
inferiores a 0,01 g/L. A resposta analtica foi obtida pela combinao dos herbicidas tiotriaznicos com o anticorpo monoclonal comercial HYB 283-2
com desenvolvimento de colorao, aps adio de 50 L de H2SO4 0,50 mol/L e subseqente leitura de absoro de radiao eletromagntica, em
comprimento de onda de 450 nm.
2.4 Herbicidas
Pesticidas ou praguicidas so substncias qumicas, orgnicas ou
inorgnicas, utilizadas no combate de pragas (animais ou vegetais),
indesejveis na agricultura, como insetos, caros, roedores, caracis, fungos,
plantas invasoras, entre outros, sendo tambm usados como agentes
desfoliantes, dessecantes, redutores de densidade e para evitar a queda e/ou
deteriorao de frutas [109, 110].
A toxicidade relativa dos pesticidas (DL50) tambm um fator
importante de classificao. denominada de DL50 a dose letal mdia, que
corresponde quantidade de pesticida capaz de causar a morte de 50% dos
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indivduos que participam de um ensaio de toxicidade. Deste modo, os
pesticidas podem ser supertxicos (DL5015 g /kg) [111].
Os pesticidas so agrupados de acordo com a sua atividade biolgica
em inseticidas, fungicidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, desfoliantes,
miticidas, roenticidas e anticriptogmicos. Dentre estes, os que compem as
maiores categorias so os inseticidas, os fungicidas e os herbicidas [109, 111],
sendo os herbicidas amplamente utilizados no controle e combate s ervas
daninhas, representando uma opo bastante eficiente para o controle de
propagao das invasoras, principalmente em grandes plantaes, nas quais
outros mtodos, como a capina, so inviveis, devido grande extenso das
lavouras [112].
O uso crescente de compostos herbicidas tem razes econmicas,
tcnicas e sociais, uma vez que a mo-de-obra para o controle mecnico de
ervas daninhas tornou-se escassa e dispendiosa. Alm disso, mudanas
econmicas e tecnolgicas na produo agrcola, associadas necessidade de
produo de mais alimentos por unidade de terra cultivada, exigem prticas
mais eficientes, as quais somente os herbicidas podem fornecer [113].
A principal fonte humana de alimentos a vegetal. Os vegetais
competem com aproximadamente 30.000 espcies de ervas daninhas no
mundo todo, com cerca de 1.800 delas causando srias perdas econmicas
[114]. Esta competio contribui para uma reduo de cerca de 10% nas
colheitas mundiais, de um total de 35% de perdas, causadas por pragas em
geral [113]. As ervas daninhas privam as plantaes de umidade e nutrientes
do solo, impedem a incidncia direta de luz solar reduzindo assim seu
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crescimento e contaminam gros das safras com sementes quase sempre
txicas ao homem e aos animais [114].
Segundo Spadotto [115], o consumo de herbicidas no Brasil bastante
expressivo, representado pela utilizao de cerca de 174 mil toneladas de
produtos formulados (comerciais) no ano de 2000. O consumo destes produtos
difere nas vrias regies do pas, onde se misturam atividades agrcolas
intensivas e tradicionais, sendo mais elevado nas regies Sul (cerca de 39%),
Centro-Oeste (em torno de 30%) e Sudeste (cerca de 23%). As culturas
responsveis por este elevado consumo so principalmente soja, cana-de-
acar, milho e arroz [116]. Ainda segundo levantamento realizado por
Spadotto [115], merecem destaque quanto utilizao de herbicidas os
estados do Paran (18,5%), Rio Grande do Sul (16,8%), So Paulo (14,1%),
Mato Grosso (12,7%), Gois (10,1%), Minas Gerais (7,4%) e Mato Grosso do
Sul (7,0%).
2.4.1 Herbicidas triaznicos
Os herbicidas triaznicos so compostos qumicos com a estrutura
fundamental da s-triazina, uma vez que dentre todas as formas possveis de
triazinas somente os derivados simtricos (posies 1, 3, 5 dos tomos de
nitrognio) tm alcanado uma grande extenso por suas propriedades
herbicidas [110, 117].
As s-triazinas so divididas em trs grupos perfeitamente
caractersticos: clorotriazinas, metoxitriazinas e metiltiotriazinas [118],
conforme est apresentado na Figura 01.
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Clorotriazina
N
N N
NN
Cl
H2 H2 N
N N
NNH2 H2
OCH3
Metoxitriazina
N
N N
NNH2 H2
SCH3
Metiltiotriazina
Figura 01. Estrutura qumica dos grupos das s-triazinas.
As clorotriazinas, tambm denominadas de triazinas de 1 gerao,
representadas pela atrazina, simazina, cianazina, propazina, terbutilazina, entre
outras, so sintetizadas a partir da substituio de dois tomos de cloro do
cloreto cianrico (2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina) por radicais alquilamino. Por
sua vez, as metoxitriazinas e as metiltiotriazinas, tambm denominadas de
triazinas de 2 gerao, so obtidas pela introduo dos radicais metoxila e
tiometila, respectivamente, como um terceiro substituinte. Prometrona,
terbumetona, simetona, atratona, ametrina, prometrina, desmetrina, simetrina e
terbutrina so alguns representantes das triazinas de 2 gerao.
Os herbicidas 1,3,5-triaznicos so absorvidos tanto pela via
respiratria, como pelo trato gastrintestinal e pela via drmica.
Por outro lado, os herbicidas triaznicos apresentam baixa toxicidade
aguda. O fgado constitui o rgo alvo na ao txica destes herbicidas
durante exposies elevadas. Nos estudos de toxicidade realizados com a
simazina, observou-se que em carneiros submetidos a doses dirias de 1,4 a 6
mg/kg ocorre o hipotiroidismo e, com doses mais elevadas (6 a 25 mg/kg), h
a ocorrncia de alteraes distrficas e necrticas no epitlio germinal, danos
hepticos e cerebrais [110].
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A ao principal dos herbicidas s-triaznicos ocorre atravs das razes,
ou seja, como herbicidas residuais. No entanto, muitos destes herbicidas agem
tambm por contato e so absorvidos atravs da folhas. Seus efeitos se
traduzem em clorose, secamento das pontas, decaimento e morte da erva
daninha.
Estes herbicidas s-triaznicos so utilizados em aplicaes pr e ps-
emergncia, nas culturas de milho, sorgo, caf, soja, cana-de-acar, arroz,
entre outras. A atrazina tambm utilizada no controle de plantas daninhas em
lagos e a prometrina nas plantaes de alho, cebola, salso, cenoura e ervil