Zilda Vendra Me

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i UFSM TESE DE DOUTORADO ELETRODOS MODIFICADOS E NÃO MODIFICADOS NA DETERMINAÇÃO DE COMPOSTOS SULFURADOS - UM ESTUDO COMPARATIVO Zilda Baratto Vendrame PPGQ Santa Maria, RS, BRASIL 2004

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bioquimica

Transcript of Zilda Vendra Me

  • i

    UFSM

    TESE DE DOUTORADO

    ELETRODOS MODIFICADOS E NO MODIFICADOS NA DETERMINAO DE COMPOSTOS SULFURADOS

    - UM ESTUDO COMPARATIVO

    Zilda Baratto Vendrame

    PPGQ

    Santa Maria, RS, BRASIL

    2004

  • ii

    ELETRODOS MODIFICADOS E NO MODIFICADOS

    NA DETERMINAO DE COMPOSTOS SULFURADOS

    - UM ESTUDO COMPARATIVO

    por

    Zilda Baratto Vendrame

    Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Ps-Graduao em Qumica,

    rea de Concentrao em Qumica Analtica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obteno do grau de

    Doutor em Qumica

    PPGQ

    Santa Maria, RS, Brasil

    2004

  • iii

    Universidade Federal de Santa Maria Centro de Cincias Naturais e Exatas

    Programa de Ps-Graduao em Qumica

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado

    ELETRODOS MODIFICADOS E NO MODIFICADOS NA DETERMINAO DE COMPOSTOS SULFURADOS UM

    ESTUDO COMPARATIVO

    elaborada por Zilda Baratto Vendrame

    como requisito parcial para a obteno do grau de

    Doutor em Qumica

    COMISSO EXAMINADORA:

    __________________________________________ Prof. Dr. Paulo Ccero do Nascimento

    (Orientador)

    __________________________________________ Prof. Dr. Leandro Machado de Carvalho

    __________________________________________ Prof. Dra. Denise Schermann Azambuja

  • iv

    __________________________________________

    Prof. Dra. Emilse Maria Agostini Martini

    __________________________________________ Prof. Dra. Denise Bohrer do Nascimento

    Santa Maria, 19 de novembro de 2004.

  • v

    DEDIDO ESTA TESE

    As pessoas que me apoiaram de

    todas formas, a minha famlia,

    principalmente ao meu esposo (Marcio) e

    minha filha (Giulia), que me

    acompanharam e me deram foras

    durante todo o perodo de realizao deste

    trabalho.

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Paulo Ccero do Nascimento, pela orientao neste trabalho

    e apoio demonstrado ao longo deste tempo.

    Prof. Dra. Denise Bohrer do Nascimento, pelos esclarecimentos de

    dvidas ao longo deste trabalho.

    As pessoas que me apoiaram de todas as formas, a minha famlia,

    principalmente a minha filha, Giulia e ao meu esposo, Marcio, que me

    acompanharam e me deram foras durante todo o perodo de realizao deste

    trabalho.

    Aos colegas e amigos Vnia Regina Gabbi Polli, Marieli Marques,

    Sandra Maria Ribeiro, Luciana Del Fabro, Adrian Ramirez, Denise

    Bertagnolli, Morgana Dessuy, Cristiane Jost, Emilene Becker, Fernanda

    Depoi, Claudia Willke, Ana Lcia Rohlfes, Jean Karlo Mendona, Joselito

    Trevisan, Eduardo Pilau, Maurcio Hilgemann, Mareni, Leandro Machado de

    Carvalho, pela amizade, carinho, apoio e pelos momentos de descontrao

    vividos ao longo deste perodo em que trabalhamos juntos.

    A todos os funcionrios e professores do departamento de Qumica que

    direta ou indiretamente contriburam para o desenvolvimento deste trabalho.

    A Deus por ter me ajudado com muita sade e fora de vencer. Muito

    obrigado.

  • vii

    SUMRIO

    Agradecimentos ............................................................................................vi

    ndice de figuras ..........................................................................................xii

    ndice de tabelas .......................................................................................xviii

    Abreviaes e smbolos usados ................................................................. xix RESUMO ....................................................................................................xxi

    ABSTRACT ..............................................................................................xxiii

    1.INTRODUO .......................................................................................... 1

    1.1 Importncia da determinao de compostos de enxofre ........................... 1

    2. REVISO DA LITERATURA ................................................................ 8

    2.1 Comportamento eletroqumico de tiocompostos em eletrodo de Hg ....... 8

    2.2 Eletrodos modificados............................................................................. 10

    2.2.1 Mtodos de imobilizao do modificador............................................ 11

    2.2.1.1 Adsoro............................................................................................ 11

    2.2.1.2 Eletroadsoro................................................................................... 13

    2.2.1.3 Formao de compsitos................................................................... 14

    2.2.1.4 Formao de ligao covalente ......................................................... 16

    2.2.1.5 Recobrimento com membranas polimricas ..................................... 18

    2.3 Determinao e especiao de compostos sulfurados ............................ 20

    2.4 Herbicidas................................................................................................ 28

    2.4.1 Herbicidas triaznicos........................................................................... 30

    2.4.1.1 Herbicidas da classe das tiotriazinas ................................................. 32

    2.4.2 Herbicidas tiolcarbmicos .................................................................... 34

  • viii

    2.4.3 Herbicidas e o meio ambiente .............................................................. 35

    2.5 Fungicidas etilenobisditiocarbmicos ..................................................... 38

    2.5.1 ETU nos organismos vivos .................................................................. 42

    3. MATERIAIS E MTODOS................................................................... 44

    3.1 Mtodos ................................................................................................... 45

    3.1.1 Voltametria de pulso diferencial .......................................................... 45

    3.1.2 Voltametria cclica ............................................................................... 46

    3.1.3 Espectroscopia de absoro molecular ................................................ 47

    3.2 Eletrodos.................................................................................................. 48

    3.2.1 Confeco dos eletrodos no modificados........................................... 48

    3.2.2 Confeco dos eletrodos modificados.................................................. 50

    3.3 Instrumentao ........................................................................................ 50

    3.4 Reagentes e solues............................................................................... 52

    3.4.1 Reagentes ............................................................................................. 52

    3.4.2 Solues ............................................................................................... 54

    3.4.2.1 Preparo da soluo padro de sulfeto................................................ 54

    3.4.2.2 Preparo da soluo padro de etanotiol............................................. 54

    3.4.2.3 Preparo da soluo padro de cistena .............................................. 55

    3.4.2.4 Preparo da soluo padro de ETU................................................... 55

    3.4.2.5 Preparo das solues padro dos herbicidas ..................................... 55

    3.4.2.6 Preparo das solues dos modificadores........................................... 56

    3.4.2.7 Preparo das solues dos eletrlitos.................................................. 57

    3.5 Controle de contaminaes externas....................................................... 57

    4. DISCUSSO DOS RESULTADOS ...................................................... 58

    4.1 Introduo................................................................................................ 58

    4.2 Reao direta do analito no eletrodo....................................................... 61

    4.2.1 Comportamento eletroqumico dos analitos no HMDE....................... 61

  • ix

    4.2.1.1 Comportamento voltamtrico das tiotriazinas com

    eletrodo de Hg .................................................................................. 62

    4.2.1.2 Comportamento voltamtrico dos tiolcarbamatos com

    eletrodo de Hg .................................................................................. 67

    4.2.1.3 Comportamento voltamtrico das tiotriazinas e

    tiolcarbamatos juntos em soluo, com eletrodo de Hg................... 69

    4.2.1.4 Comportamento voltamtrico da ETU com eletrodo de Hg ............. 71

    4.2.1.5 Comportamento voltamtrico da cistena com eletrodo de Hg......... 72

    4.2.1.6 Comportamento voltamtrico do sulfeto com eletrodo de Hg.......... 74

    4.2.1.7 Comportamento voltamtrico do etanotiol com eletrodo de Hg....... 75

    4.2.1.8 Determinaes simultneas de compostos sulfurados com

    eletrodo de Hg .................................................................................. 76

    4.2.2 Comportamento eletroqumico dos analitos no eletrodo de prata ....... 78

    4.2.2.1 Comportamento da cistena no eletrodo de prata.............................. 79

    4.2.2.2 Comportamento da ETU no eletrodo de prata .................................. 80

    4.2.2.3 Comportamento do etanotiol no eletrodo de prata............................ 81

    4.2.2.4 Comportamento do sulfeto no eletrodo de prata............................... 83

    4.2.3 Comportamento eletroqumico dos analitos no eletrodo de ouro ........ 84

    4.2.3.1 Comportamento eletroqumico da cistena no eletrodo de ouro ....... 86

    4.2.3.2 Comportamento eletroqumico do etanotiol no eletrodo de ouro ..... 87

    4.2.3.3 Comportamento eletroqumico da ETU no eletrodo de ouro ........... 89

    4.2.3.4 Comportamento eletroqumico das tiotriazinas no eletrodo

    de ouro ............................................................................................. 90

    4.3 Reao do analito com o modificador em soluo ................................. 91

    4.3.1 Comportamento espectrofotomtrico dos modificadores .................... 92

    4.3.1.1 Comportamento espectrofotmtrico do DTNB................................. 92

    4.3.1.2 Comportamento espectrofotomtrico do OPA.................................. 94

  • x

    4.3.1.3 Comportamento espectrofotmtrico do Cu(acac)2............................ 97

    4.3.1.4 Comportamento espectrofotomtrico do NPNa................................ 99

    4.3.1.5 Comportamento espectrofotomtrico da FCTA.............................. 101

    4.4 Comportamento dos analitos com eletrodo de amlgama Ag/Hg ........ 105

    4.4.1 Comportamento da cistena com eletrodo Ag/Hg.............................. 105

    4.4.2 Comportamento da ETU com o eletrodo Ag/Hg ............................... 106

    4.4.3 Comportamento do etanotiol com o eletrodo Ag/Hg......................... 108

    4.4.4 Comportamento das tiotriazinas com o eletrodo Ag/Hg.................... 109

    4.4.5 Comportamento dos tiolcarbamatos com o eletrodo Ag/Hg ............. 111

    4.4.6 Comportamento do sulfeto com o eletrodo Ag/Hg............................ 112

    4.5 Reao dos analitos com eletrodos compsitos .................................... 113

    4.6 Reao dos analitos com o modificador em soluo com o

    eletrodo Ag/Hg ............................................................................... 115

    4.6.1 Comportamento do sulfeto com eletrodo de Ag/Hg na

    presena do Cu(acac)2 .................................................................... 115

    4.6.2 Comportamento do etanotiol com eletrodo Ag/Hg na

    presena do Cu(acac)2 .................................................................... 117

    4.7 Reao do modificador com a superfcie do eletrodo e aps

    com o analito .................................................................................. 118

    4.7.1 Eletrodo de Ag quimicamente modificado com NPNa...................... 119

    4.7.2 Eletrodo Ag/Hg quimicamente modificado

    com NPNa - Ag/HgNPNa ............................................................ 121

    4.7.2.1 Comportamento da ETU com o eletrodo Ag/HgNPNa .................. 121

    4.7.2.2 Comportamento das tiotriazinas com o eletrodo Ag/HgNPNa....... 122

    4.8 Avaliao dos resultados....................................................................... 124

    4.8.1 Tiotriazinas......................................................................................... 125

    4.8.2 Tiolcarbamatos ................................................................................... 126

  • xi

    4.8.3 Cistena............................................................................................... 127

    4.8.4 Etanotiol ............................................................................................. 128

    4.8.5 ETU .................................................................................................... 130

    4.8.6 Sulfeto ................................................................................................ 131

    5. CONCLUSES ..................................................................................... 133

    6.SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................... 136

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................ 138

    Apndice A Parmetros utilizados na voltametria de pulso diferencial .......................................................................................153 Apndice B Especificaes dos herbicidas ............................................. 154

    Apndice C Padronizao do sulfeto e alquiltiis ................................... 156

    Apndice D Sntese da 4,9,16,23-ftalocianina de cobre (II)

    Tetraminada - FCTA ..................................................................... 157

    Apndice E Sntese do acetilcetonato de cobre Cu(acac)2...................... 159

  • xii

    NDICE DAS FIGURAS

    Figura 01. Estrutura qumica dos grupos das s-triazinas. ................................31

    Figura 02. Estrutura molecular das tiotriazinas .............................................. 33 Figura 03. Estrutura molecular dos tiolcarbamatos .........................................34

    Figura 04. Reaes de degradao do herbicida prometrina. ..........................37

    Figura 05. Biodegrao do herbicida dialato. ..................................................38

    Figura 06. Estrutura dos etilenobisditocarbamatos metlicos..........................40

    Figura 07. Representao dos eletrodos metlicos (A) e do eletrodo

    de pasta de grafite (B), confeccionados em laboratrio.................49

    Figura 08. Deteco de tiotriazinas por voltametria de pulso

    diferencial em KCl 0,10 M e pH 2,5 com varredura

    catdica de potencial ......................................................................63

    Figura 09. Estrutura qumica dos grupos das s-triazinas. ................................64

    Figura 10. Curvas obtidas para as tiotriazinas, utilizando voltametria

    de pulso diferencial em KCl 0,10 M, pH 2,5. ...............................66

    Figura 11. Determinao do herbicida molinato em KCl 0,10 M

    utilizando voltametria de pulso diferencial com varredura

    andica de potencial ......................................................................68

    Figura 12. Determinao do molinato (A) em KCl 0,10 M, pH 6,5

    e varredura andica de potencial entre 0,55 a 0,05 V,

    e posterior adio e determinao da prometrina (B)

    em pH 2,5 com varredura catdica de potencial de

    0,55 a 1,05 V. ............................................................................70

    Figura 13. Voltamogramas para a cistena utilizando voltamentria

    de pulso diferencial em NH4Cl 0,10 M (A) pH 3,0 e

  • xiii

    (B) pH 9,0.......................................................................................73

    Figura 14. Determinao do sulfeto de sdio em NH4Cl 0,10 M

    pH 9,0 com varredura catdica de potencial..................................74

    Figura 15. Determinao do etanotiol em NH4Cl 0,10 M pH 9,0

    com HMDE num intervalo de potencial de varredura

    catdica entre 0,05 V 1,45 V.....................................................76

    Figura 16. Determinao simultnea de sulfeto de sdio, etanotiol

    e molinato, utilizando voltametria de pulso diferencial

    em 20 mL NH4Cl 0,10 M, pH 9,0, com intervalo de

    potencial de 0,05 V 1,45 V.......................................................78

    Figura 17. Voltametria cclica para a cistena em KCl 0,10 M e

    pH 10,0 com o eletrodo de Ag e varredura catdica

    entre 0,10 V e 1,00 V e v = 100 mV/s. ........................................80

    Figura 18. Curvas voltamtricas obtidas para a ETU em KCl 0,10 M

    e pH 10,0 usando o eletrodo de Ag com varredura catdica

    entre 0,25V e 1,00 V e v = 200 mV/s. .....................................81

    Figura 19. Curvas voltamtricas obtidas para o etanotiol em KCl

    0,10 M e pH 10,0 com o eletrodo de Ag com varredura

    catdica entre 0,10 V e 1,00V, com v = 200 mV/s.....................82

    Figura 20. Curvas voltamtricas obtidas para o Na2S em KCl

    0,10 M e pH 10,0 com o eletrodo de Ag com varredura

    catdica entre 0,35 V e 0,75V e v = 100 mV/s. .......................84

    Figura 21. Curvas voltamtricas obtidas para a cistena em KCl

    0,10 M e pH 10,0 (A) e 3,0 (B) usando o eletrodo

    de Au com varredura catdica em ambos valores de

    pH e v = 200 mV/s. ........................................................................87

    Figura 22. Curvas voltamtricas obtidas para o etanotiol em KCl

  • xiv

    0,10 M, pH 3,0 (A) e pH 10,0 (B) usando o eletrodo

    de Au com varredura catdica e v = 200 mV/s..............................88

    Figura 23. Curvas voltamtricas obtidas para o ETU em KCl

    0,10 M e pH 10,0 com eletrodo de Au e varredura

    catdica entre 0,40 V e 0,80 V e v = 200 mV/s. ........................89

    Figura 24. Voltamogramas da ametrina (A) e terbutrina (B) em

    KCl 0,10 M pH 3,0 com eletrodo de Au e varredura catdica

    com v = 200 mV/s. .........................................................................90

    Figura 25. Espectro do DTNB em soluo de ACN e concentrao

    de 10-5 M, com intervalo de leitura entre 200 500 nm.

    (a) Na2S; (b) Etanotiol; (c) cistena; (d) ETU;

    (e) Ametrina; (f) Desmetrina; (g) Terbutrina;

    (h) Prometrina; (i); Molinato; (j) Dialato;

    (k) Butilato; (l) Trialato..................................................................93

    Figura 26. Esquema da reao do DTNB com o tiol .......................................94

    Figura 27. Espectro do OPA em soluo de ACN e concentrao

    de 10-5 M, com intervalo de leitura entre 200 500 nm.

    (a) Na2S; (b) Etanotiol; (c) cistena; (d) ETU;

    (e) Ametrina; (f) Desmetrina; (g) Terbutrina;

    (h) Prometrina; (i); Molinato; (j) Dialato;

    (k) Butilato; (l) Trialato..................................................................95

  • xv

    Figura 28. Esquema da interao do OPA com o alquiltiol.............................96

    Figura 29. Espectro do Cu(acac)2 em soluo de ACN e

    concentrao de 10-5 M, com intervalo de leitura

    entre 200 500 nm.(a) Na2S; (b) Etanotiol;

    (c) cistena; (d) ETU; (e) Ametrina; (f) Desmetrina;

    (g) Prometrina (h) Terbutrina; (i); Molinato;

    (j) Dialato; (k) Butilato; (l) Trialato...............................................98

    Figura 30. Esquema da formao de grupos tioacetal .....................................99

    Figura 31. Espectro do NPNa em uma concentrao de

    10-5 M em H2O purificada, com intervalo de leitura

    entre 200 600 nm (a) Na2S; (b) Etanotiol; (c) cistena;

    (d) ETU; (e) Ametrina; (f) Desmetrina;

    (g) Terbutrina; (h) Prometrina; (i); Molinato;

    (j) Dialato; (k) Butilato; (l) Trialato. ............................................100

    Figura 32. Espectro da FCTA em soluo de DMSO e

    concentrao de 10-5 M, diluda 1:1, com intervalo

    de leitura entre 200 500 nm (a) Na2S; (b) Etanotiol;

    (c) cistena; (d) ETU; (e) Ametrina; (f) Desmetrina;

    (g) Prometrina; (h) Terbutrina; (i); Molinato;

    (j) Dialato; (k) Butilato; (l) Trialato. ............................................102

    Figura 33. Espectros de absorvncia molecular para o Cu(acac)2 e molinato independentemente e ambos em soluo de

    ACN numa concentrao de 10-5 M com intervalo de

    leitura entre 200 700 nm............................................................104

    Figura 34. Curvas Voltamtricas para a cistena em KCl 0,10 M

    pH 3,0 (A) e 10,0 (B) com eletrodo Ag/Hg num

    intervalo de varredura entre 0,20 V e 0,8 V e 0,10 V

  • xvi

    e 1,20 V, respectivamente, com v = 200 mV/s. .........................106

    Figura 35. Curvas Voltamtricas para a ETU em KCl 0,10 M em

    pH 3,0 (A) e pH 10,0 (B), com eletrodo Ag/Hg

    com varredura catdica entre 0,20 V e 0,80 V e

    0,10 V e 1,20 V, respectivamente, com v = 200 mV/s. .............107

    Figura 36. Voltamogramas para o etanotiol com o eletrodo de

    Ag/Hg em KCl 0,10 M pH 10,0 num intervalo de

    potencial entre 0,10 V e 1,20 V vs ECS com

    velocidade de varredura de 200 mV/s..........................................108

    Figura 37. Curvas voltamtricas para as tiotriazinas, ametrina (A),

    desmetrina (B), prometrina (C) e terbutrina(D) com

    eletrodo Ag/Hg num intervalo de potencial entre

    0,20 V e 0,75 V em KCl 0,10 M, pH 3,0

    com velocidade de varredura de 200mV/s...................................110

    Figura 38. Voltamogramas do herbicidas tiolcarbamatos,

    (A) dialato e (B) molinato, com o eletrodo de Ag/Hg

    em KCl 0,10 M pH 10,0 num intervalo de potencial

    entre 0,10 V e 1,20 V vs ECS com velocidade de

    varredura de 200 mV/s. ................................................................112

    Figura 39. Curvas voltamtricas para o sulfeto de sdio em KCl

    0,10 M e pH 10,0 com eletrodo de Ag/Hg, com

    varredura catdica e v = 200 mV/s ..............................................113

    Figura 40. Voltamogramas cclicos para o etanotiol em NH4Cl

    0,1 M, pH 8,0, com eletrodo de pasta de grafite

    modificado com Cu(acac), intervalo de potencial

    de varredura entre 1,2 V a 0,35V e v = 100 mV/s. ...................114

    Figura 41. Voltamogramas cclicos para o sulfeto de sdio em

  • xvii

    KCl 0,10 M e pH 10,0 com eletrodo Ag/Hg na

    ausncia (A) e na presena (B) de 2,50 mg/L de

    Cu(acac)2. ....................................................................................116

    Figura 42. Voltamogramas cclicos para o etanotiol em KCl 0,1 M

    e pH 10,0 com eletrodo Ag/Hg na ausncia (A) e na

    presena (B) de 2,50 mg/L de Cu(acac)2. ....................................117

    Figura 43. Voltamogramas cclicos para a ETU em KCl 0,1 M e

    pH 3,0 com eletrodo modificado, AgNPNa, e intervalo

    de potencial entre 0,47 V e 0,10 V e com velocidade de

    varredura de 100 mV/s. ................................................................120

    Figura 44. Voltamogramas cclicos para a ETU em KCl 0,10 M e

    pH 3,0 com eletrodo modificado, Ag/HgNPNa, com

    intervalo de potencial entre 0,15 V e 0,50 V e

    com v = 100 mV/s. .......................................................................122

    Figura 45. Voltamogramas cclicos para as tiotriazinas,

    (A) ametrina, (B) desmetrina, (C) prometrina e

    (D) terbutrina em KCl 0,10 M e pH 3,0 com eletrodo

    modificado, Ag/HgNPNa, e intervalo de potencial entre

    0,20 V e 0,75 V vs ECS e com v = 100 mV/s.........................123

    Figura 46. Determinao do molinato em soluo salina de

    dilise, pH 6,5 e varredura andica de potencial entre

    0,55 a 0,05 V. ............................................................................137

  • xviii

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 01. Concentraes das solues padro estoque das

    tiotriazinas e tiolcarbamatos..........................................................56

    Tabela 02. Valores de corrente e potencial de pico,

    obtidos para 1,0 mg/L de ametrina, na clula

    voltamtrica, em pH 3,0, para os diferentes eletrodos.................125

    Tabela 03. Valores de corrente e potencial de pico

    obtidos para 0,4 mg/L de molinato, na clula

    voltamtrica, com os eletrodo de Hg e Ag/Hg.. ........................126

    Tabela 04. Valores de corrente e potencial de pico obtidos

    para a cistena com os eletrodo de Hg, Ag,

    Au e Ag/Hg, nos diferentes valores de pH. ................................128

    Tabela 05. Valores de corrente e potencial de pico

    encontrados para o etanotiol, com os diferentes

    eletrodos e valores de pH. ............................................................129

    Tabela 06. Valores de corrente e potencial de pico obtidos

    para 2,5 mg/L de ETU, na clula voltamtrica,

    com os diferentes eletrodos e valores de pH................................130

    Tabela 07. Valores de corrente e potencial de pico

    encontrados para o sulfeto, com os

    diferentes eletrodos. .....................................................................132

  • xix

    ABREVIAES E SMBOLOS USADOS HMDE - Eletrodo de mercrio de gota pendente

    Ag/Hg Eletrodo de amlgama de prata

    OPA - Orto-ftalaldedo

    DTNB - cido 5,5`, ditiobis 2-nitrobenzico

    Cu(acac)2 - Acetilacetonato de cobre (II)

    NPNa - Nitroprussiato de sdio

    FCTA - Ftalocianina tetraminada de cobre (II)

    ETU - Etilenotiuria

    Ag/HgNPNa Eletrodo de amlgama de prata modificado com nitroprussiato de sdio

    AgNPNa Eletrodo de prata modificado com nitroprussiato de sdio

    Cgrafite/Cu(acac)2 Eletrodo de pasta de grafite modificado com Cu(acac)2 SH Grupo tilico

    -SS- Grupo dissulfeto

    DME Eletrodo de mercrio gotejante

    PLS- Anlise de regresso por mnimos quadrados parciais

    ANNs- Anlise por redes neurais

    EQM - Eletrodos quimicamente modificados

    HPLC- Cromatografia lquida de alta eficincia

    GSH - Glutationa

    UV Ultra violeta

    MB - Azul de metileno

    GC - Cromatografia gasosa

    NPD - Deteco do tipo nitrognio-fsforo

    ECD - Deteco por captura de eltrons

  • xx

    MS - Espectrmetro de massas

    CG/MS - Cromatografia gasosa acoplada a espectrmetro de massas

    EC - Eletroforese capilar

    VPD - Voltametria de pulso diferencial

    VOQ - Voltametria de onda quadrada

    VARC - Voltametria adsortiva de redissoluo catdica

    ELISA - Imunoensaios

    DL50 - Dose letal mdia

    EBDCs - Etilenobisditiocarbamatos

    HD- Hidantona

    EDA- Etilenodiamina IARC - Agncia Internacional de Pesquisa ao Cncer

    ECS Eletrodo de calomelano saturado

    DMSO - Dimetilsulfxido

  • xxi

    RESUMO

    O presente estudo uma contribuio para a determinao

    eletroqumica de tiocompostos em solues aquosas. Assim, uma avaliao de

    diferentes superfcies de reao para a determinao de compostos que

    possuem enxofre nas suas molculas foi realizada.

    Os eletrodos utilizados neste trabalho foram o eletrodo de mercrio de

    gota pendente (HMDE), de prata, de ouro, de amlgama-Ag/Hg e pasta de

    grafite. Alm disso, cinco diferentes compostos orgnicos [o orto-ftalaldedo

    (OPA), o cido 5,5`, ditiobis 2-nitrobenzico (DTNB), o acetilacetonato de

    cobre (II) [Cu(acac)2], o nitroprussiato de sdio (NPNa) e a ftalocianina

    tetraminada de cobre (II) (FCTA)] foram testados para uso como agentes

    modificadores da superfcie dos eletrodos.

    Os mtodos eletroqumicos usados para desenvolver este trabalho

    foram a voltametria de pulso diferencial e a voltametria cclica. Tambm

    utilizou-se a espectrofotometria de absoro molecular para avaliar a interao

    entre os analitos e os agentes modificadores.

    Dentre os compostos com enxofre em suas estruturas, foram

    analisadas as espcies: herbicidas da classe das tiotriazinas, herbicidas da

    classe dos tiolcarbamatos, cistena, etilenotiuria (ETU), etanotiol e sulfeto.

    A determinao dos herbicidas da classe das tiotriazinas pde ser feita

    com os eletrodos de Hg, Au, Ag/Hg e Ag/HgNPNa, sendo que o maior sinal

    voltamtrico foi encontrado com o eletrodo modificado Ag/HgNPNa.

    Dos tiolcarbamatos investigados, o dialato e molinato foram

    determinados com o eletrodo Ag/Hg. Alm disso, o molinato foi detectado

  • xxii

    com o HMDE, com sinais voltamtricos de boa resoluo e proporcionais a

    concentrao da espcie em soluo.

    Dentre as superfcies que se observou reao eletrdica com a cistena,

    o Hg (HMDE) apresentou sinais voltamtricos com melhor resoluo,

    entretanto, verificou-se que o eletrodo Ag/Hg proporcionou o maior pico de

    corrente na determinao desta espcie que os demais eletrodos.

    A partir dos resultados obtidos, para a determinao do etanotiol,

    verificou-se a alta sensibilidade do eletrodo compsito Cgrafite/Cu(acac)2 em

    que o sinal de corrente foi visivelmente superior aos encontrados com os

    demais eletrodos. Os resultados obtidos com o Ag/Hg com Cu(acac)2 em

    soluo, tambm foram muito bons, em que o valor da corrente foi de duas

    vezes o valor encontrado com o Ag/Hg.

    Para as determinaes feitas neste estudo com a ETU, o eletrodo que

    se mostrou mais sensvel para este estudo, foi o Ag/Hg em pH alcalino. Neste

    caso o eletrodo Ag/Hg se mostra uma alternativa simples e de fcil obteno

    para reao direta da espcie em soluo.

    Apesar do eletrodo de Ag apresentar maior sinal voltamtrico na

    deteco do sulfeto, a resoluo dos sinais obtidos muito ruim

    comparativamente com os sinais obtidos com o Hg e Ag/Hg com Cu(acac)2.

    Alm disso, o sinal do sulfeto com o Ag/Hg com Cu(acac)2 tem boa

    resoluo e foi cinco vezes maior que o sinal encontrado com o Ag/Hg

    simplesmente. Com estes dados, fica evidente a interao do Cu(acac)2 com

    espcies sulfuradas, podendo ser sugerido como agente modificador na

    deteco destes compostos.

  • xxiii

    ABSTRACT

    The present study is a contribution for the electrochemical

    determination of the thiocompounds in aqueous solutions. The performance of

    different electrode surfaces as well as the introduction of modifiers in the

    electrolyte was evaluated.

    The electrodes used in this work were the hanging mercury drop

    electrode (HMDE), silver, gold, the amalgam-Ag/Hg and the carbon paste

    electrodes. Additionally, five different modifiers {o-phthalaldehyde (OPA),

    5,5-ditiobis(2-nitrobenzic acid) (DTNB), copper (II) acetylacetonate

    [Cu(acac)2], nitroprussiato of sodium (NPNa) and copper (II) phthalocyanine

    tetraamines (FCTA)} were tested.

    The electrochemistry methods used were differential pulse

    voltammetry and cyclic voltammetry. Spectrophotometric measurements were

    also used to evaluate the interaction between analytes and modifiers.

    As sulfur containing compounds the thiotriazines, thiolcarbamates,

    cysteine, ethilenethiourea (ETU), ethanethiol and sulfide were investigated.

    The determination of thiotriazines was possible with Hg, Au, Ag/Hg

    and Ag/HgNPNa electrodes. The best voltammetric signals were obtained

    with the modified electrode Ag/HgNPNa.

    Among the investigated thiolcarbamates, dialate and molinate were

    assayed with the Ag/Hg electrode. Additionally, molinate was well detected

    by using the HMDE as the working electrode.

    Among the investigated electrodes to detect cysteine, Hg (HMDE)

    presented the best voltammetric signals. However, it was also verified that the

    electrode Ag/Hg provided the largest current peaks in the cysteine assay.

  • xxiv

    Similarly, to detect ethanethiol, the Ag/Hg electrode showed the best results

    when the modifier Cu(acac)2 was in the same solution as the analyte.

    For the determinations of ETU, the Ag/Hg electrode showed the

    highest sensitivity in the alkaline media. In this case the electrode Ag/Hg is a

    simple alternative for the direct detection of the species in solution.

    Despite the high voltammetric signal obtained for sulfide ions by

    using the Ag electrode, the resolution was not good. Comparatively good

    peaks for sulfide were obtained by using Hg and Ag/Hg with Cu(acac)2 as

    modifiers.

  • - 1 -

    1. INTRODUO

    1.1 Importncia da determinao de compostos de enxofre

    Compostos que possuem enxofre em suas molculas tm um papel

    relevante no s no metabolismo de organismos vivos como em ciclos

    ambientais, em formulaes de produtos farmacuticos e em muitos processos

    industriais.

    Nos diversos ambientes da natureza o enxofre combinado ocorre tanto

    em formas orgnicas e como inorgnicas, ficando sujeito a transformaes

    microbianas influenciadas pelas condies ambientais que afetam a

    composio e a atividade dos microrganismos, podendo sofrer alguns

    processos como:

    Mineralizao ou decomposio de enxofre orgnico com liberao de

    formas inorgnicas;

    Imobilizao ou converso do enxofre inorgnico em compostos orgnicos

    dos microrganismos;

    Produo de sulfetos (S2-) pela reduo de sulfatos;

    Produo de formas volteis;

    Oxidao de enxofre elementar ou outras formas reduzidas [1].

    Este elemento tambm pode ser lanado ao meio ambiente como

    subproduto de muitos processos industriais, como produto da decomposio

    de substncias sulfurosas e como resduos de pesticidas base de enxofre,

    encontrados em produtos agrcolas.

    A incorporao ao solo de formas gasosas de enxofre, pela adsoro

    direta ou pela dissoluo na gua da chuva, varivel entre regies e

    apresenta maior importncia nas proximidades de reas urbanas e industriais.

  • - 2 -

    Compostos inorgnicos de enxofre so encontrados na natureza em

    vrios estados de oxidao. As principais formas so: sulfato (SO42-), dixido

    de enxofre (SO2), sulfito (SO32-), sulfetos (S2-) [1].

    A presena de tiocompostos em guas naturais geralmente causada

    por processos biolgicos e geotrmicos naturais (quando organismos morrem

    ou como subproduto de processos bacterianos) ou pela descarga destes

    compostos no ambiente aqutico. As espcies sulfuradas predominantes em

    gua do mar so os sulfetos presentes geralmente em camadas das bacias

    estagnadas do oceano, em poro de sedimento com baixo teor de oxignio, nas

    camadas do mar aberto que apresentam HS que convertido em H2S em pH

    abaixo de 7,0 [2-4].

    O sulfeto de hidrognio um gs de odor desagradvel. Este composto

    quando em pequenas concentraes, no organismo humano, pode ser

    metabolizado, porm, se em concentraes maiores, pode causar at a morte.

    Sintomas de exposio so similares maioria dos sintomas originados por

    intoxicao por cianeto, dentre os quais podemos citar as irregularidades

    cardacas e leses a nvel celular. No entanto, o que diferencia a intoxicao

    por sulfetos em relao ao cianeto o aparecimento de sintomas como

    conjuntivite e edema pulmonar, causados por exposio indevida [5]. As

    leses a nvel celular so devidas ao comportamento do cido sulfdrico no

    ioniziado. Este interrompe o transporte de eltrons entre os canais dos

    citocromos, isolando-os. Assim, o oxignio molecular bloqueado e

    consequentemente reduzido. Isto diminui o metabolismo oxidativo ao ponto

    em que no so mais satisfeitas as demandas metablicas [5]. A intoxicao

    considerada rpida quando o indivduo fica exposto a um ambiente que

    contm mais de 2,0 mg de sulfeto por litro de ar. Uma intoxicao lenta

    provocada por uma exposio de 0,5 mg por litro de ar, enquanto que 0,1 mg

  • - 3 -

    de sulfeto por litro de ar provoca uma intoxicao persistente no caso de um

    contato prolongado com o ambiente contaminado. No entanto, dificilmente

    ocorre uma intoxicao por inalao uma vez que, devido ao odor

    caracterstico, limites de 0,0014 mg de sulfeto so percebidos pelo olfato [6].

    O dixido de enxofre (SO2) um gs incolor extremamente estvel, tem

    um odor caracterstico e sufocante, pode ser facilmente liquefeito

    produzindo um lquido incolor, denso, temperatura ambiente, sob uma

    presso de cerca de 5 atm. A facilidade da liquefao do SO2 torna-o til

    como um refrigerante [7]. Este composto quando lanado na atmosfera, como

    poluio industrial, afeta o ciclo natural do enxofre e txico em diversos

    graus, agindo sobre as plantas (prejudicial fotossntese, podendo entrar no

    lugar do CO2, causando clorose), sobre animais (afetando a eficincia do trato

    respiratrio superior) e na atmosfera [8].

    Grandes quantidades de SO2 so utilizadas para produzir SO3 para

    sntese do cido sulfrico. Tambm usado como um agente de alvejamento

    efetivo, embora brando, para papel, palha, l e seda. O gs usado

    freqentemente como agente de fumigao, para destruio de bactrias e de

    fungos. Tanto sua ao alvejante como bactericida so teis na preservao de

    frutas secas [7].

    Sulfito um nion de grande importncia sendo amplamente usado em

    alimentos e produtos farmacuticos como um antioxidante. O uso de sulfeto e

    sulfitos, ambos resultantes de processo industrial metalrgico, tem implicao

    analtica para o controle destas espcies no ar e efluente lquido. Em processos

    de gerao de vapor, sulfito de sdio acrescentado freqentemente em gua

    de alimentao de caldeira para reduzir o oxignio dissolvido ao mnimo [7].

    Embora solues de SO2 e SO3 possam em princpio atuar como

    oxidantes, a maioria das reaes teis de compostos de enxofre baseia-se na

  • - 4 -

    sua ao redutora. O SO3 um xido de carter cido, reagindo com xidos

    bsicos para formar sulfatos. O sulfito reage prontamente com vapor de H2O

    do ar para formar gotculas de cido sulfrico. O tiossulfato extensivamente

    usado na revelao de pelculas fotogrficas e o on S2O32- um redutor

    eficiente [7].

    A incorporao do sulfato na matria orgnica feita pela reduo do

    enxofre pelas sulfobactrias e demais autotrfobos. O enxofre ligado a

    carbono (S-C) encontrado principalmente em dois aminocidos, a cistena e

    a metionina. Entretanto a degradao destes aminocidos sulfurados origina

    outras formas de enxofre orgnico como os sulfetos orgnicos (alquiltiis),

    por reaes de dessulfidrilao. Alm disto, ons sulfeto (S2-) e sulfetos

    orgnicos, como o metanotiol (CH3SH) e o etanotiol (C2H5SH), apresentam

    pronunciada ao txica no organismo humano [5,9,10], tornando importante

    o desenvolvimento de metodologias adequadas quantificao de

    tiocompostos.

    Os cidos sulfnicos so uma classe muito importante de compostos

    de enxofre. Estes cidos fortes, comparveis em fora com o cido sulfrico,

    so usados, freqentemente como catalisadores. Os derivados mais

    importantes dos cidos sulfnicos so os halogenetos de sulfonila, os steres e

    sais conhecidos como sulfonatos e as amidas, chamadas de sulfonamidas. A

    sulfonamida o grupo mais importante das sulfas, que so drogas muito

    usadas na medicina. Os sulfonatos de sdio com longas cadeias de carbono

    so teis como detergentes caseiros [11].

    O mecanismo de formao de compostos de enxofre foi

    extensivamente pesquisado, diretamente, ou usando compostos padro.

    Estudos com traadores de C13 mostram que a metionina e a cistena

    apresentam como produtos de degradao H2S e CH3SH [12]. J a cistena e a

  • - 5 -

    metionina liberam, respectivamente, mercaptoacetaldedo e 3-

    mercaptotiopropanal, quando sofrem uma descarboxilao oxidativa. Segundo

    Metzler [13],a cistena sofre reaes de transaminao, produzindo piruvato,

    amnia e H2S. Muitas reaes de aminocidos so catalisadas por enzimas,

    entre as quais podemos citar a transaminao, a racemizao, a

    descarboxilao, a eliminao do hidrognio por um substituinte ou substituinte. Esta ltima pode ser exemplificada atravs da desidratao da

    serina e treonina ou da dessulfidrilao da cistena. O sulfeto de hidrognio e a

    metil mercaptana possuem odor altamente desagradvel e so totalmente

    reativos. Ambos reagiro prontamente com compostos carbonlicos e ligaes

    duplas, formando diversos compostos com odores caractersticos. Compostos

    de enxofre que possuem molculas pequenas reativas podem servir como

    precursores para outro composto de enxofre formando combinaes diversas.

    Por exemplo, molculas de H2S podem reagir com furanonas conduzindo

    formao de compostos de enxofre que contm heterociclos. O Metanotiol

    pode reagir formando, mais adiante, tambm, mono, di e trisulfetos [12].

    Holum [14] descreve a oxidao das mercaptanas a dissulfetos. Estas

    so agentes redutores facilmente oxidados por perxido de hidrognio ou

    hipoclorito de sdio (reao 1). Por outro lado, os dissulfetos, como por

    exemplo a cistina, so facilmente reduzidos a mercaptanas (reao 2). Estas

    duas reaes so igualmente importantes na qumica das protenas.

    2 R-SH + H2O2 R-SS-R + H2O (1)

    R -SS-R + (2H) 2 R-SH (2)

  • - 6 -

    A prtica mundial do uso de pesticidas, dentre eles os herbicidas, por

    longos perodos, muitas vezes de maneira indiscriminada e abusiva, vem

    trazendo preocupaes com os aspectos que envolvem a sade pblica e a

    sustentabilidade dos recursos naturais, em conseqncia a contaminao

    ambiental pelos resduos destes compostos encontrados em produtos agrcolas,

    mananciais de gua e exposio ambiental [2,15].

    O propsito principal de projetar estas substncias qumicas de

    reduzir pestes e melhorar a produtividade. Porm, inmeros trabalhos de

    pesquisa tm revelado a presena de nveis alarmantes de pesticidas e seus

    produtos de degradao em solos e guas superficiais e subterrneas [15].

    Os herbicidas sulfurados como os tiotriaznicos e tiolcarbmicos,

    apresentam uma certa persistncia e so capazes de acumulao biolgica

    direta nos tecidos de carnvoros, peixes e pssaros, podendo causar a morte.

    No organismo humano estes herbicidas trazem prejuzos ao DNA [16], com

    efeitos teratognicos e congnitos [17] e so letais em concentraes

    superiores a 1800 mg/L.

    Assim, a deteco da contaminao ambiental devido presena de

    pesticidas residuais exige o estabelecimento de polticas ambientais severas

    que controlem o uso abusivo destes produtos, controlando tambm a qualidade

    das guas potveis distribudas para consumo humano.

    A determinao de compostos que contenham enxofre na molcula,

    presentes na gua, na atmosfera, alimentos e outros materiais, de grande

    importncia para a proteo ambiental e garantia da qualidade dos alimentos,

    em virtude da alta toxicidade de muito destes compostos.

    Sulfetos esto freqentemente presentes em efluentes industriais.

    Neste contexto, mtodos automticos de monitorao contnua so

    importantes. Em processos industriais, particularmente onde minrios e

  • - 7 -

    minerais esto presentes, a determinao de sulfetos, bem como outros anions

    de enxofre, so muito importantes.

    De acordo com Puacz et al. [18], h necessidade de quantificar o nvel

    de sulfeto em sangue para investigao toxicolgica de pessoas expostas a este

    composto altamente txico. O nvel de sulfeto no sangue, em casos clnicos,

    vai at 300 g/L e, em casos fatais, os limites esto acima de 600 g/L [19].

    Pelo fato de muitos dos tiocompostos apresentarem elevada toxidade,

    de grande importnica o desenvolvimento de novas metodologias para a

    anlise de quantificao de compostos que possem enxofre nas suas

    molculas.

  • - 8 -

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1 Comportamento eletroqumico de tiocompostos em eletrodo de Hg

    Molculas contendo um ou mais grupos tilicos (SH) muitas vezes

    formam picos andicos como resultado da formao de compostos com o

    mercrio do eletrodo. Genericamente a reao andica nestes casos, pode ser

    expressa como sendo (reao 3) [20]:

    (R)SH + Hg (R)SHg + H+ + e- (3)

    Os compostos que possuem o grupo dissulfeto (-SS-) em suas

    estruturas moleculares, como a cistina, apresentam ondas catdicas, como

    resultado de reaes de reduo dos tomos de enxofre (reao 4) [20]:

    RSSR + 2e- + 2 H+ 2 RSH (4)

    Estas reaes de reduo so irreversveis no eletrodo de mercrio e,

    muitas vezes, so acompanhadas por adsoro, resultando na formao de uma

    pr-onda catdica.

    Para muitas espcies contendo tomos de enxofre na molcula, a

    voltametria parece ser uma tcnica quantitativa atraente, uma vez que grupos

    SH podem facilmente reagir no eletrodo de mercrio. Alm disto, a

    voltametria possibilita o emprego de diferentes tcnicas e a determinao

    simultnea de vrias espcies. Dentre as diversas tcnicas, destacamos a

    voltametria de pulso diferencial (VPD) que minimiza o efeito da corrente

    capacitiva e apresenta um aumento significativo de sensibilidade quando

  • - 9 -

    comparada voltametria clssica. A voltametria de pulso permite tambm

    uma melhor resoluo de sinais voltamtricos prximos e isto pode ser

    importante na anlise de sulfeto e mercaptanas que apresentam sinais

    separados por poucos milivolts. Na voltametria clssica, em virtude da

    maneira pela qual o sinal gerado, torna-se necessria uma separao de

    sinais da ordem de 150 mV para anlises quantitativas, enquanto que na

    voltametria de pulso diferencial a separao requerida consideravelmente

    menor, cerca de 60 mV. Outra tcnica voltamtrica muito utilizada na anlise

    de traos inclui a pr-concentrao do analito no eletrodo, separando-o da

    matriz, e, por uma inverso no sentido de varredura dos potenciais, obtm-se o

    sinal do analito pr-concentrado que dependente do tempo de pr-

    concentrao. Esta tcnica referida na literatura como voltametria inversa

    [21].

    A determinao de traos de vrios agroqumicos, como por exemplo

    herbicidas, em alimentos, solos, guas naturais, e fludos corpreos, continua

    sendo importante em qumica analtica. Porm, apesar do fato que a maioria

    dos herbicidas serem redutveis diretamente no DME, relativamente poucas

    determinaes so encontradas na literatura recente. Alguns herbicidas

    substitudos da classe das s-triazinas foram determinados em concentraes da

    ordem de nanomolar por mtodos utilizando o HMDE como eleltrodo de

    trabalho. Emulses de leo-gua foram usadas como meio de funcionamento

    satisfatrias para a determinao, por voltametria direta, de aziprotrina e

    desmetrina de extratos orgnicos em amostras de gua. Existem relatos de

    determinao voltamtrica simultnea de misturas binrias de atrazina-

    simazina e terbutrina-prometrina. O sinal voltamtrico destas combinaes

    mostra alta sobreposio, e por isto foram utilizadas abordagens multivariadas

    para calibrao como regresso por mnimos quadrados parciais (PLS) e redes

  • - 10 -

    neurais (ANNs) para determinar cada combinao nas respectivas misturas

    [22].

    2.2 Eletrodos modificados

    Devido crescente necessidade de identificao e quantificao de

    analitos de forma rpida, especfica e em quantidades de amostras muito

    pequenas, foram desenvolvidos eletrodos quimicamente modificados (EQM).

    Este termo foi utilizado para designar eletrodos com espcies quimicamente

    ativas como resultado da imobilizao deliberada de um agente modificador

    sobre a superfcie de um eletrodo base (substrato) com o objetivo de pr-

    estabelecer e controlar a natureza fsico-qumica da interface eletrodo/soluo.

    Comparado a eletrodos convencionais, maior controle de caractersticas do

    eletrodo e reatividade so alcanadas atravs destas modificaes na

    superfcie, possibilitando o desenvolvimento de eletrodos para os vrios

    propsitos e aplicaes. Esta modificao pode ser feita em redes de

    microeletrodos para produzir sensores qumicos especficos muito pequenos.

    Normalmente a camada de modificador eletroativa, agindo como mediadora

    entre a soluo e o eletrodo-substrato na transferncia de eltrons.

    Os eletrodos modificados originam freqentemente sinais de corrente

    mais elevadas do que na ausncia do modificador. s vezes, ao colocar o

    eletrodo modificado numa soluo contendo apenas o eletrlito suporte,

    observam-se as caractersticas das espcies imobilizadas.

    O primeiro exemplo de uma modificao deliberada da superfcie de

    um eletrodo foi feito por Lane e Hubbard que adsorveram na superfcie de

    eletrodos de platina vrias olefinas funcionalizadas, explorando a propenso

    de hidrocarbonetos de cadeia saturada quimiosorverem-se sobre este metal.

  • - 11 -

    Este fato foi a primeira indicao da utilidade analtica de EQMs, pois

    demonstrou a capacidade de um grupo imobilizado complexar um on

    metlico, e tambm a possibilidade de se direcionar a coordenao atravs da

    escolha do potencial aplicado [23, 24].

    Atualmente, com o desenvolvimento de novos mtodos

    eletroanalticos e de novos materiais de sensores, tem sido desenvolvido um

    intenso trabalho de investigao da eletroqumica tanto do material do suporte

    usado como do agente modificador.

    A escolha do material suporte, em que a superfcie ser modificada,

    um aspecto de extrema relevncia na preparao de um EQM. Este substrato

    deve apresentar caractersticas eletroqumicas apropriadas e tambm ser

    adequado para o mtodo de imobilizao selecionado. Entre os materiais

    convencionais est o ouro, platina, carbono vtreo, mercrio na forma de

    filme, pasta de carbono, material plstico condutor e vidros condutores.

    A utilizao dos EQMs uma rea em franco desenvolvimento e a

    cada dia novos mtodos de preparao so descritos. A seguir ser apresentada

    uma abordagem geral de preparao dos mtodos mais comuns.

    2.2.1 Mtodos de imobilizao do modificador

    2.2.1.1 Adsoro

    Adsoro ou mais apropriadamente quimiosoro, foi o processo

    pioneiro e a maneira mais simples de fixar um modificador ao substrato de

    eletrodo base. Este mtodo consiste na dissoluo do agente modificador em

    um solvente apropriado e na exposio, em geral por imerso, do eletrodo

  • - 12 -

    soluo, sendo a adsoro devido a foras eletrostticas, hidrofbicas ou

    dispersivas na superfcie do eletrodo. Eletrodos de carbono apresentam uma

    capacidade particular de quimiosorver reagentes que possuam sistemas de

    eltrons estendidos, como por exemplo compostos orgnicos aromticos. Embora simples, esta tcnica apresenta a desvantagem de produzir EQMs com

    no mximo uma camada do modificador imobilizado, o que limita a faixa de

    resposta linear. Alm disto, em se tratando o fenmeno de adsoro de um

    processo de equilbrio, inevitavelmente ocorrer dessoro do modificador

    para o meio, durante sua utilizao, o que redunda em perda de

    reprodutibilidade, reduzindo portanto a vida til de EQM assim preparado.

    Vrios eletrodos modificados por adsoro so apresentados na

    literatura recente, em que podemos destacar o eletrodo de carbono vtreo

    modificado com um filme de acetato de celulose contendo o polmero 2,6-

    diclorofenolindofenol, desenvolvido como sensor para anlise de injeo em

    fluxo de amostras de resduos urbanos [25]; o eletrodo de carbono vtreo

    modificado com hexacianoferrato de cobre para uso na determinao

    amperomtrica de sulfito e dixido de enxofre, baseado na oxidao

    eletrocataltica do analito pelo eletrodo modificado [26]; eletrodo de ouro

    modificado pela adsoro de dodecanotiol (98%), utilizado em medidas de

    impedncia para anlise da interao entre compostos aromticos e a camada

    do tiol adsorvida [27].

  • - 13 -

    2.2.1.2 Eletroadsoro

    A eletroadsoro ocorre a partir da adsoro efetuada pela aplicao

    de um potencial ao eletrodo. A quantidade depositada uma funo do tempo

    de deposio, sendo possvel a formao de multicamadas. Como em qualquer

    processo de eletrodo, o potencial aplicado ao eletrodo determina a velocidade

    da reao e por conseqncia a estrutura da camada adsorvida. Uma

    velocidade de varredura baixa significa mais tempo disponvel para formar

    uma camada com estrututra cristalina perfeita, que seria desejvel, mas a baixa

    velocidade da eletroadsoro muitas vezes no compensa o uso de

    sobrepotenciais to baixos. A aplicao de um potencial nas condies

    corretas e na presena de uma molcula suscetvel de polimerizar pode

    produzir radicais, iniciando a polimerizao e a subseqente modificao do

    eletrodo [28].

    Casella et al. desenvolveram um eletrodo de carbono vtreo

    modificado por deposio eletroqumica de partculas de paldio, sendo

    utilizado como sensor amperomtrico na determinao cromatogrfica de

    sulfetos em solues aquosas [4].

    Eletrodos de carbono vtreo modificados pela eletroadsoro de cobre

    foram desenvolvidos para uso como sensor amperomtrico na deteco

    eletroqumica de compostos de enxofre em meio alcalino [2].

    Eletrodo de carbono vtreo modificado pela eletroadsoro de filme de

    hexacianoferrato de ndio tem sido usado na determinao de NO pela

    oxidao eletrocataltica do filme modificador [29].

    Eletrodo de alumnio modificado com um filme de

    pentaciononitrosilferrato de paldio eletroadsorvido na sua superfcie foi

  • - 14 -

    desenvolvido e suas caractersticas analisadas em detalhes por Pournaghi-Azar

    e Dastangoo [30].

    Eletrodos de platina e carbono vtreo foram modificados por

    eletroadsoro do hexacianoferrato de cobre e cobalto, sendo que o eletrodo

    de carbono vtreo modificado apresentou excelentes respostas na determinao

    de perxido de hidrognio, favorecendo sua aplicao no campo de

    biosensores [31].

    2.2.1.3 Formao de compsitos

    Um compsito uma mistura de componentes, em que o preparo de

    um EQM consiste simplesmente em misturar o agente modificador com o

    substrato do eletrodo. Esta tcnica adequada para modificar eletrodos base

    de carbono em p (grafite, negro de carbono, etc.), tais como eletrodos de

    pasta de carbono, de grafite-epxi, eletrodos impressos (screen-printed) e

    pastilhas. Quando possvel preferencialmente utilizada uma variante do

    mtodo descrito anteriormente, que consiste em misturar o carbono em p a

    uma soluo adequada do agente modificador. Aps a evaporao do solvente

    as partculas de carbono ficam recobertas pelo modificador, resultando numa

    distribuio mais homognea do modificador. Em ambos os casos tambm

    podem ocorrer perda gradual do modificador para a soluo de medida,

    prejudicando a reprodutibilidade.

    Wring and Hart desenvolveram eletrodos impressos de carbono,

    modificados com ftalocianina de cobalto para determinao de cido

    ascrbico, glutationa e coenzima A em anlises voltamtricas [32].

  • - 15 -

    Medidas cromatogrficas (HPLC), com deteco eletroqumica

    usando um eletrodo compsito de grafie-epxi modificado com ftalocianina

    de cobalto, foram realizadas para a determinao de glutationa (GSH) em

    amostras de sangue humano [33].

    Exemplos da confeco destes eletrodos so amplamente descritos na

    literatura atual, sendo que muitos deles so usados como sensores na deteco

    de tiocompostos, como por exemplo, eletrodos de carbono impresso

    modificado com ftalocianina de cobalto usados na determinao de H2S [34] e

    na determinao de amostras gasosas de espcies sulfuradas [35]; o eletrodo

    de pasta de carbono modificado com ftalocianina de cobalto usado como

    detector eletroqumico em cromatografia lquida para anlises de cistena em

    urina humana [36], como sensor amperomtrico na deteco e determinao

    do herbicida aziprotrina [37] e como detector potenciomtrico do cido

    tioglicoltico [38].

    Eletrodos compsitos de carbono modificado, pelo processo sol-gel,

    com a incorporao de ftalocianina de cobalto, foram confeccionados para uso

    na determinao da cistena [39] e com a incorporao de complexo de rutnio

    para uso como sensor amperomtrico na determinao da cistena e da

    glutationa [40].

    Muitos sensores eletroqumicos foram desenvolvidos pela

    modificao do eletrodo de pasta de carbono como o com xido de rutnio

    (IV) [41] e o com a incorporao de N,N-bis(salicilideno)-1,2-

    fenildiaminocobalto (II) [42] para a determinao de cistina e cistena.

    Sensores para a determinao de pesticidas organofosforados e

    carbamatos foram desenvolvidos a partir de eletrodos impressos modificados

    com polianilina, 7,7,8,8-tetracianoquinodimetano e azul da Prssia em

    amostras de sucos de uva e soluo aquosa [43].

  • - 16 -

    Determinao amperomtrica de tiocompostos foi realizada tendo

    como eletrodo de trabalho um eletrodo de pasta de carbono modificado com

    hexacianoferrato [44].

    Eletrodo impresso modificado com azul da Prssia foi desenvolvido

    para a deteco eletroqumica de tiis [45].

    Sensores de ouro e platina modificados com azul da Prssia foram

    desenvolvidos para a deteco amperomtrica de perxido de hidrognio.

    Estes sensores foram tambm usados como substratos na construo de

    biosensores modificados com glicose oxidase imobilizada com membrana de

    nfion para a determinao de glicose [46].

    2.2.1.4 Formao de ligao covalente

    O modificador pode tambm ser ligado covalentemente ao substrato

    do eletrodo. So empregadas reaes de silanizao, envolvendo

    organosilanos e xidos presentes superfcie do eletrodo.

    OH + XSi R OSi R + HX

    onde X = OR ou Cl; o grupo silano reage ento com as espcies de

    interesse.

    A maioria dos eletrodos metlicos, quando oxidados em meio cido,

    so recobertos com uma camada fina de xido, bastante reativa em relao a

    silanos. Portanto, um metal aps ser oxidado, pode ser silanizado e

    posteriormente reagir com uma molcula, contendo o grupo funcional que se

  • - 17 -

    queira imobilizar. O silano atuar como um tipo de ponte para fixar um grupo

    funcional especfico superfcie do eletrodo. Superfcies de carbono,

    apresentam grupos xidos funcionais tais como lcoois (fenis), cidos

    carboxlicos, cetonas (quinonas) e anidridos, resultantes da oxigenao de

    tomos de carbono do plano vertical, contendo ligaes incompletas. Estas

    funes, em que as concentraes podem ser aumentadas atravs das reaes

    de oxidao, so passveis de derivatizao. Portanto, a modificao de

    superfcies de carbono via ligao covalente do modificador, tem sido em

    grande parte baseadas na manipulao da reatividade destes grupos funcionais,

    frente a reagentes como aminas, organosilanos, cloreto de tionila e cloreto

    cianrico, entre outros. Entretanto, tem sido explorada a possibilidade de

    modificar covalentemente superfcies de carbono livres de xidos. Nestes

    casos as reaes envolvem os prprios tomos de carbono do plano vertical.

    Tratamentos como abraso mecnica ou fratura sob atmosfera inerte,

    decapagem por plasma de argnio ou termlise sob vcuo, so capazes de

    gerar superfcies livres de xidos com grande reatividade frente a uma ampla

    variedade de reagentes [28].

    Os eletrodos modificados via ligao covalente so mais estveis em

    relao aos obtidos pelos demais mtodos, entretanto so mais difceis de

    preparar. Da mesma forma que a modificao por adsoro, esta metodologia

    tambm gera coberturas com no mximo uma monocamada imobilizada.

    Um biosensor amperomtrico para a deteco de praguicidas

    organofosforados e carbamatos foi construdo a partir de um eletrodo de pasta

    de carbono modificado com ftalocianina de cobalto em que a enzima

    colinesterase foi imobilisada via ligao covalente cruzada [47].

  • - 18 -

    Um biosensor para a determinao de glicose foi construdo com um

    eletrodo de carbono vtreo modificado com um filme de azul da prssia e

    polipirrol ligado via ligao covalente com a enzima glicose oxidase [48].

    Ricci et al. [49] desenvolveram em um sensor para a deteco de

    glicose pela imobilizao da glicose oxidase via ligao covalente usando

    glutaraldedo e nfion num eletrodo de carbono impresso modificado com azul

    da Prssia.

    Delvaux e Demoustier-Champagne [50] mostraram a possibilidade de

    confeco de um biosensor amperomtrico de alta sensibilidade para a

    determinao de glicose, fazendo o uso da associao de mtodos de

    modificao da superfcie do eletrodo, com a imobilizao da enzima glicose

    oxidase via ligao covalente.

    2.2.1.5 Recobrimento com membranas polimricas

    Outra tcnica bastante atraente para a preparao de eletrodos

    modificados o recobrimento da superfcie do eletrodo com filmes

    polimricos, que devem ser condutores ou permeveis ao eletrlito suporte e

    espcie de interesse. Ao contrrio da modificao por adsoro ou por

    formao de ligao covalente, a modificao com membranas polimricas

    permite a imobilizao de muitas monocamadas (1 a 2000) da espcie ativa na

    superfcie modificada, o que resulta na ampliao da resposta eletroqumica.

    Dependendo da aplicao pode ser escolhido um polmero eletroativo,

    quimicamente ativo, ou inerte . Os filmes eletroativos se subdividem em duas

    categorias principais, dependendo de como o centro redox imobilizado:

    polmeros redox, se o centro redox parte do esqueleto polimrico; e

  • - 19 -

    polmeros de troca inica, se o componente redoxiativo um contra-on de

    um filme polinico como polivinilpiridina ou nfion.

    A cobertura polimrica pode ser obtida a partir de solues de

    polmeros pr-formados, ou atravs de polimerizao in situ a partir de

    unidades monomricas. Neste ltimo caso, o recobrimento polimrico pode

    ser obtido via eletropolimerizao ou por meio de mtodos no eletroqumicos

    como por exemplo: polimerizao ativada por plasma, foto-induzida por UV

    ou por polimerizao de organosilanos.

    Eletrodo de carbono vtreo modificado pela eletropolimerizao de

    tetraminoftalocianina de cobalto foi desenvolvido e estudado por Wu D. M. et

    al. [51].

    Eletrodo de ouro foi modificado pela copolimerizao de

    vinilferroceno e 2(metiltio-etil) metacrilato e a superfcie resultante foi

    investigada por voltametria cclica [52].

    As melhorias da seletividade e sensibilidade em funo das

    modificaes feitas nas superfcies de eletrodos foram investigadas por vrios

    pesquisadores, inclusive muitos brasileiros. Delbem e outros [53] descreveram

    a descoberta cataltica de NADH usando eletrodo de pasta de carbono

    modificado por eletropolimerizao de 3,4-bis-hidroxibenzaldedo. Kominky e

    Bertotti [54] desenvolveram um sensor de amperomtrico, pela deposio

    eletroqumica de uma camada de xido de molibdnio, para a determinao de

    alguns compostos inorgnicos. Sotomayor e outros [55] estudaram a

    construo e aplicao de um sensor de amperomtrico para dopamina,

    usando eletrodo de carbono vtreo modificado com membrana de Nafion e

    dopado com cloreto de 2-2 bipiridil de cobre (II). Castro et al. [56]

    apresentaram um eletrodo modificado combinando xerogel de pentxido de

    vandio e um surfactante catinico para detectar nions, como

  • - 20 -

    pentacianonitrosilferrato (II) e hexacianoferrato (III). Filmes finos de

    materiais como prussiato formam superfcies coloridas e apresentam

    propriedades interessantes. Mattos e Gorton mostraram que biosensores de

    glicose podem ser construdos com filmes de prussiatos com superfcies

    azuis e excelente desempenho [57].

    2.3 Determinao e especiao de compostos sulfurados

    A determinao de compostos que contenham enxofre nas suas

    estruturas moleculares, presentes nos diversos ambientes como na gua, no

    solo, na atmosfera, nos alimentos e outros materiais, se faz necessrio em

    virtude do alto grau de toxidade de muitos compostos sulfurados.

    O controle dos nveis residuais de herbicidas, dentre eles os

    tiotriaznicos e tiolcarbmicos, nas mais variadas amostras, a fim de se evitar a

    produo de efeitos txicos na populao exposta, pode ser realizado atravs

    da execuo de anlises por diversos mtodos analticos. Dentre os mtodos

    analticos conhecidos encontram larga aplicao os mtodos cromatogrficos,

    voltamtricos e espectrofotomtricos. Um rpido avano nas metodologias

    vem sendo observado nos ltimos anos em resposta s necessidades de

    sensibilidade, especificidade, rapidez e eficincia, exigidas pelos rgos

    regulamentadores legais e de pesquisa, que determinam os limites de

    tolerncia para tais resduos [58].

    Existem na literatura trabalhos de determinao de sulfetos e

    alquiltiis, principalmente em gua. Como exemplo, podemos citar os

    mtodos pticos de anlise [13, 59], os eletroqumicos [60-62] e os mtodos

    que envolvem separaes cromatogrficas [59, 63, 64].

  • - 21 -

    Com relao aos mtodos pticos de anlise, o chamado mtodo do

    azul de metileno (MB) parece ser o mais utilizado na determinao de

    sulfetos. A partir deste mtodo, detalhado por Gustafsson [65], os sulfetos em

    meio cido so convertidos a cido sulfdrico que reage com uma amina

    produzindo uma espcie estvel, conhecida como azul de metileno, que pode

    ser determinada espectrofotometricamente na regio do visvel. Ainda,

    alquiltiis foram determinados, atravs de medidas espectrofotomtricas, aps

    derivatizao com o reagente Ellman (cido 5,5,ditiobis 2-nitrobenzico)

    [13]. Com este reagente o alquiltiol forma um complexo derivatizado, de

    colorao amarela, detectado espectrofotometricamente.

    Dentre os mtodos mais comuns de anlise de pesticidas encontram-se

    os mtodos espectrofotomtricos, na regio do UV-Visvel ou infravermelho,

    que se caracterizam pela boa sensibilidade e razovel seletividade,

    propriedades necessrias para determinaes de pequenas quantidades de

    analitos [66].

    Outros procedimentos incluem tambm a derivatizao de alquiltiis

    com anlise por fluorescncia, utilizando reagentes como o-ftaldedo [67],

    monobromobimana [68], maleimides [69], benzofuranas halogenadas [70, 71]

    ou 7-fluorbenzo-2-oxa-1,3-diazol-4-sulfonato de amnio [72, 73]. A

    derivatizao com este ltimo reagente foi tambm aplicada para a deteco

    de cistina [74]. Todas estas reaes de derivatizao ocorrem com a formao

    de um complexo fluorescente, entre alquiltiis e reagentes, permitindo a

    deteco com um detector de fluorescncia.

    Para determinaes de pequenas quantidades de resduos de

    determinados pesticidas, tem-se tambm como alternativa o uso da

    espectroscopia de fluorescncia [75-77], que uma tcnica de alta

    sensibilidade. A fluorescncia usada como uma ferramenta analtica em

  • - 22 -

    compostos fluorescentes ou que possam ser convertidos a compostos

    fluorescentes.

    Alquiltiis foram detectados e quantificados em amostras de sangue

    de ratos atravs de mtodos cromatogrficos. Mardini et al. [63],

    determinaram metanotiol, etanotiol e dimetilssulfeto, atravs de cromatografia

    gasosa com detector especfico de enxofre e detector de ionizao de chama,

    onde o uso de detector especfico apresentou maior sensibilidade e a vantagem

    de no sofrer interferncias de outros compostos volteis presentes.

    Cromatografia gasosa (GC) utilizada para determinar traos de alquiltiis

    [63, 64]. Contudo, dificuldades considerveis so encontradas em analisar

    amostras com alquiltiis em concentraes extremamente baixas devido a

    reatividade e absoro em superfcies slidas. Traos de alquiltiis

    frequentemente se dissipam durante as anlises por GC [59].

    Inicialmente, a determinao de herbicidas tiotriaznicos e

    tiolcarbmicos era realizada atravs de mtodos colorimtricos ou por

    Cromatografia em Camada Delgada. No entanto, atualmente, a Cromatografia

    Gasosa (CG) demonstra ser uma tcnica muito utilizada na quantificao

    destas espcies, devido elevada sensibilidade obtida a partir de sistemas de

    deteco do tipo nitrognio-fsforo (NPD) e captura de eltrons (ECD), bem

    como da seletividade para a identificao e quantificao dos herbicidas

    quando acoplado a um espectrmetro de massas (MS) [78].

    Hernandez et al., [79], determinaram herbicidas em amostras de gua

    e solo, dentre os quais, a atrazina, simazina, terbumeton, terbutilazina,

    terbutrina e molinato, utilizando tcnicas analticas hifenadas, como a

    cromatografia gasosa acoplada a espectrmetro de massas (CG/MS). A

    metodologia descrita mostrou-se eficiente, com resposta linear para

    concentraes entre 0,10 e 10,00 ng/mL, sendo utilizada para a determinao

  • - 23 -

    dos herbicidas em guas de superfcie e solos com baixos teores de matria

    orgnica. A mesma tcnica analtica foi utilizada por Zambonin e Palmisano

    [80] para a determinao dos herbicidas s-triaznicos ametrina, prometrina,

    terbutrina, propazina, terbutilazina e sebutilazina, em amostras de solo com

    teor de matria orgnica entre 0,19 e 0,42%. A quantificao, aps separao

    cromatogrfica, com limite de deteco de 1 ng/mL foi obtida utilizando-se

    como fase estacionria uma coluna capilar do tipo Supelco SPB-5 e como fase

    mvel uma fluxo de gs hlio.

    Mendas e colaboradores [81] determinaram os herbicidas atrazina,

    simazina, ametrina e prometrina em fluidos biolgicos, utilizando medidas

    cromatogrficas. A quantificao, por Cromatografia Gasosa, foi realizada

    aps etapa de clean up em coluna de poliestireno divinilbenzeno, com

    separao em coluna capilar do tipo SPB-5 com detectores terminicos e de

    captura de eltrons.

    O tiolcarbamato trialato aplicado em doses bastante elevadas na

    agricultura, sendo, deste modo, recomendado o controle do residual do

    herbicida em solos. Assim, Bernall et al. [82] desenvolveram uma

    metodologia para a quantificao do trialato residual em amostras de solo,

    aps extrao por fluido supercrtico. A quantificao do trialato nos extratos

    foi realizada por CG com detector de emisso atmica e coluna capilar HP-5,

    com resposta linear em concentraes de 0,2 a 10 mg/L.

    Uma metodologia para a determinao multiresduo de amostras de

    solo para 21 herbicidas, contendo nitrognio em sua estrutura molecular, , foi

    desenvolvida por Snchez-Brunete et al. [83]. Dentre as classes de herbicidas

    avaliadas so citadas as triazinas, uracilas, tiolcarbamatos, nitroanilinas,

    cloroacetamidas e axodiazonas. Segundo os autores, a extrao dos herbicidas

    foi realizada por sonicao das amostras de solo colocadas em colunas

  • - 24 -

    estreitas, usando um pequeno volume de acetato de etila. Aps, os resduos

    foram determinados por Cromatografia Gasosa com detector de nitrognio-

    fsforo, utilizando coluna capilar HP-1. A metodologia desenvolvida

    apresentou limites de deteco diferenciados, permanecendo em uma faixa de

    0,001 a 0,02 g/g. Medidas de alquiltiis em misturas e sangue, tambm foram realizadas

    por eletroforese capilar com detectores ultravioleta e de fluorescncia. Ling &

    Baeyens [84] determinaram alquiltiis baseados nas reaes estequiomtricas

    destes com derivatizantes e, depois, devido s diferentes mobilidades dos

    derivatizados com carga, foram separados e quantificados em um sistema de

    eletroforese capilar.

    A eletroforese capilar (EC), baseada na migrao diferenciada de ons

    presentes em soluo sob influncia de um campo eltrico [85] , uma tcnica

    analtica que tambm encontra aplicao na determinao de herbicidas

    residuais em matrizes ambientais, entre eles os tiotriaznicos e tiolcarbmicos,

    devido a sua simplicidade analtica e elevada eficincia de separao.

    Entretanto, limites de deteco inadequados so fatores limitantes desta

    tcnica [86].

    Turner et al. [60], analisando solues de sulfeto, mostraram que para

    baixas concentraes a reao no eletrodo pode ser tratada como um processo

    reversvel, envolvendo a oxidao do mercrio com formao imediata de

    sulfeto de mercrio insolvel, gerando uma onda polarogrfica cuja corrente

    limite proporcional concentrao da espcie envolvida.

    Nascimento et al. [87] observaram que amostras com baixos teores de

    sulfeto (< 16 mg/L) apresentam um sinal polarogrfico bem definido, cuja

    intensidade proporcional concentrao de ons sulfetos presentes na clula

    polarogrfica. Em amostras com concentraes acima de 16 mg/L observa-se

  • - 25 -

    o aparecimento de um segundo sinal, mais arredondado, sugerindo que com o

    aumento da concentrao de sulfeto torna-se mais difcil a reversibilidade do

    processo.

    Canterford [61] investigou detalhadamente a aplicao da tcnica

    polarogrfica na determinao direta do on sulfeto em solues aquosas. Em

    seu trabalho observou a interferncia do nion cianeto (CN-) em medidas

    polarogrficas e a inviabilidade de determinao do sulfeto em concentraes

    abaixo de 1,5.10-3 mol/L, na presena de muitas espcies eletroativas que

    podem originar ondas que se sobrepem.

    Renard et al. [62] determinaram compostos sulfurados em amostras de

    licores atravs de anlises polarogrficas. Os resultados obtidos se mostraram

    satisfatrios quando comparados a outros mtodos potenciomtricos e

    volumtricos, viabilizando o mtodo para a determinao de sulfetos,

    polissulfetos, mercaptanas, tiossulfatos e sulfitos em licores.

    A oxidao eletroqumica de uma srie de alquiltiis na superfcie de

    um eletrodo de xido de nquel foi investigada com um sistema de injeo em

    fluxo (FIA) [88]. Em princpio, esta determinao baseada em processos

    eletroqumicos reversveis de trs eltrons, onde o on tiolato, inicialmente

    formado em solues alcalinas, reage com a espcie de maior estado de

    oxidao na superfcie hidratada do eletrodo para formar o radical tiol. A

    rpida dimerizao dos radicais formados leva a dissulfetos. Este trabalho

    descreve a amperometria andica em eletrodo de xido de nquel para

    alquiltiis de dois, trs e quatro carbonos. Amostras tamponadas em pH 3,0

    so usadas para proteger os alquiltiis da oxidao do ar e uma soluo de

    hidrxido de sdio utilizada como eletrlito. Resultados referentes ao

    etanotiol foram comparados com o etanol. Altura de pico cerca de seis vezes

    maior que a do etanol indica que a oxidao dos alquiltiis mais intensa.

  • - 26 -

    Nascimento [87] et al. determinaram sulfeto e metanotiol em solues

    de nutrio parenteral atravs do uso da difuso gasosa associada a um sistema

    em fluxo e determinao polarogrfica. O limite de deteco obtido para esta

    tcnica desenvolvida foi de 100 g/L para sulfeto e 40 mg/L para metanotiol.

    O controle do residual dos herbicidas tiotriaznicos ametrina,

    desmetrina, prometrina e terbutrina, bem como dos herbicidas tiolcarbmicos,

    como o molinato, dialato, trialato e butilato, vem sendo realizado por

    metodologias que compreendem os mtodos espectrofotomtricos [89, 90], a

    cromatografia gasosa [78, 80, 91,92] e a cromatografia lquida [93- 99].

    Da mesma forma, medidas polarogrficas tambm so utilizadas na

    quantificao de herbicidas tiotriaznicos e tiolcarbmicos, uma vez que

    molculas contendo um ou mais grupos tilicos originam, em medidas

    voltamtricas com o eletrodo de mercrio, ondas catdicas a partir da

    formao de um composto pouco solvel com o eletrodo [20].

    Outros procedimentos analticos largamente empregados incluem os

    mtodos voltamtricos. Os herbicidas tiotriaznicos e tiolcarbmicos so

    efetivamente utilizados no controle de ervas daninhas na agricultura, devido

    ao de inibio na fotossntese das ervas, resultante das reaes de

    transferncia de eltrons dos herbicidas. Esta propriedade de participao em

    reaes redox pode ser usada para fins analticos [100]. Compostos orgnicos,

    como as tiotriazinas, tm grupos eletrorredutveis em sua composio, o que

    permite sua anlise por voltametria em potenciais em torno de -1000 mV

    [100-103]. Os mtodos voltamtricos mais sensveis so a voltametria de

    pulso diferencial (VPD) e a voltametria de onda quadrada (VOQ), capazes de

    determinar concentraes na faixa de g/L. Para melhorar a sensibilidade pode-se combinar estas tcnicas com a pr-concentrao, na superfcie do

  • - 27 -

    eletrodo, para o composto a ser determinado, como no caso da voltametria

    adsortiva de redissoluo catdica (VARC).

    Muitos trabalhos envolvendo os mtodos eletroqumicos so citados

    na literatura, como por exemplo o desenvolvido por Szezepaniak et al. [104]

    em que propuseram um mtodo para a determinao de prometrina em

    amostras de solo e gua. As amostras foram analisadas em clula

    polarogrfica com eletrodo de mercrio no modo HMDE, aps pr-

    concentrao em potencial de 0,50 V. A resposta voltamtrica foi avaliada

    na presena de vrios eletrlitos suporte como tampo acetato, KCl, HCl e

    HClO4, onde o uso de soluo de HClO4 0,10 mol/L originou melhores

    resultados em relao corrente residual, formao do sinal polarogrfico de

    reduo e reprodutibilidade.

    A determinao de trs herbicidas triaznicos, dentre eles a tiotriazina

    ametrina, utilizando medidas polarogrficas obtidas a partir de um eletrodo de

    mercrio gotejante (DME) com soluo de H3PO4 0,1 mol/L como eletrlito

    suporte, foi estudada por Ignjatovic et al. [105]. Segundo os autores, em meio

    fracamente cido (pH 5) observa-se a formao de um pico resultante da

    reduo da ametrina em potencial de meia-onda de 1.170V e, em condies

    mais extremas de pH (2,0), um decrscimo no sinal polarogrfico observado,

    sendo, possivelmente, associado reao de hidrlise do herbicida nestas

    condies.

    Os imunoensaios (ELISA) vm encontrando aplicao no controle dos

    residuais de herbicidas, uma vez que elevados nveis de especificidade so

    obtidos e um grande nmero de amostras pode ser analisado em um curto

    perodo de tempo. A anlise baseada na combinao especfica de anticorpos

    e antgenos (analito) utilizada especificamente para a deteco de quantidades

    muito pequenas de herbicidas [106]. Herbicidas tiotriaznicos, como ametrina,

  • - 28 -

    prometrina e terbutrina, foram determinados atravs dos ensaios ELISA e

    comparados com amostras analisadas por CG/MS [107]. A correlao

    observada entre os mtodos ELISA e CG/MS foi de 0,99 e a reatividade

    obtida para o imunoensaio foi suficiente para uma resposta semiquantitativa

    dos herbicidas tiotriaznicos em concentraes na faixa de 0,2 a 2,0 g/L. Bruun et al. [108], utilizando procedimentos ELISA, desenvolveram

    um mtodo de elevada sensibilidade para a quantificao dos herbicidas

    ametrina, desmetrina, prometrina, terbutrina e seus subprodutos hidroxilados

    de degradao, em guas de chuva e potvel, com limites de deteco

    inferiores a 0,01 g/L. A resposta analtica foi obtida pela combinao dos herbicidas tiotriaznicos com o anticorpo monoclonal comercial HYB 283-2

    com desenvolvimento de colorao, aps adio de 50 L de H2SO4 0,50 mol/L e subseqente leitura de absoro de radiao eletromagntica, em

    comprimento de onda de 450 nm.

    2.4 Herbicidas

    Pesticidas ou praguicidas so substncias qumicas, orgnicas ou

    inorgnicas, utilizadas no combate de pragas (animais ou vegetais),

    indesejveis na agricultura, como insetos, caros, roedores, caracis, fungos,

    plantas invasoras, entre outros, sendo tambm usados como agentes

    desfoliantes, dessecantes, redutores de densidade e para evitar a queda e/ou

    deteriorao de frutas [109, 110].

    A toxicidade relativa dos pesticidas (DL50) tambm um fator

    importante de classificao. denominada de DL50 a dose letal mdia, que

    corresponde quantidade de pesticida capaz de causar a morte de 50% dos

  • - 29 -

    indivduos que participam de um ensaio de toxicidade. Deste modo, os

    pesticidas podem ser supertxicos (DL5015 g /kg) [111].

    Os pesticidas so agrupados de acordo com a sua atividade biolgica

    em inseticidas, fungicidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, desfoliantes,

    miticidas, roenticidas e anticriptogmicos. Dentre estes, os que compem as

    maiores categorias so os inseticidas, os fungicidas e os herbicidas [109, 111],

    sendo os herbicidas amplamente utilizados no controle e combate s ervas

    daninhas, representando uma opo bastante eficiente para o controle de

    propagao das invasoras, principalmente em grandes plantaes, nas quais

    outros mtodos, como a capina, so inviveis, devido grande extenso das

    lavouras [112].

    O uso crescente de compostos herbicidas tem razes econmicas,

    tcnicas e sociais, uma vez que a mo-de-obra para o controle mecnico de

    ervas daninhas tornou-se escassa e dispendiosa. Alm disso, mudanas

    econmicas e tecnolgicas na produo agrcola, associadas necessidade de

    produo de mais alimentos por unidade de terra cultivada, exigem prticas

    mais eficientes, as quais somente os herbicidas podem fornecer [113].

    A principal fonte humana de alimentos a vegetal. Os vegetais

    competem com aproximadamente 30.000 espcies de ervas daninhas no

    mundo todo, com cerca de 1.800 delas causando srias perdas econmicas

    [114]. Esta competio contribui para uma reduo de cerca de 10% nas

    colheitas mundiais, de um total de 35% de perdas, causadas por pragas em

    geral [113]. As ervas daninhas privam as plantaes de umidade e nutrientes

    do solo, impedem a incidncia direta de luz solar reduzindo assim seu

  • - 30 -

    crescimento e contaminam gros das safras com sementes quase sempre

    txicas ao homem e aos animais [114].

    Segundo Spadotto [115], o consumo de herbicidas no Brasil bastante

    expressivo, representado pela utilizao de cerca de 174 mil toneladas de

    produtos formulados (comerciais) no ano de 2000. O consumo destes produtos

    difere nas vrias regies do pas, onde se misturam atividades agrcolas

    intensivas e tradicionais, sendo mais elevado nas regies Sul (cerca de 39%),

    Centro-Oeste (em torno de 30%) e Sudeste (cerca de 23%). As culturas

    responsveis por este elevado consumo so principalmente soja, cana-de-

    acar, milho e arroz [116]. Ainda segundo levantamento realizado por

    Spadotto [115], merecem destaque quanto utilizao de herbicidas os

    estados do Paran (18,5%), Rio Grande do Sul (16,8%), So Paulo (14,1%),

    Mato Grosso (12,7%), Gois (10,1%), Minas Gerais (7,4%) e Mato Grosso do

    Sul (7,0%).

    2.4.1 Herbicidas triaznicos

    Os herbicidas triaznicos so compostos qumicos com a estrutura

    fundamental da s-triazina, uma vez que dentre todas as formas possveis de

    triazinas somente os derivados simtricos (posies 1, 3, 5 dos tomos de

    nitrognio) tm alcanado uma grande extenso por suas propriedades

    herbicidas [110, 117].

    As s-triazinas so divididas em trs grupos perfeitamente

    caractersticos: clorotriazinas, metoxitriazinas e metiltiotriazinas [118],

    conforme est apresentado na Figura 01.

  • - 31 -

    Clorotriazina

    N

    N N

    NN

    Cl

    H2 H2 N

    N N

    NNH2 H2

    OCH3

    Metoxitriazina

    N

    N N

    NNH2 H2

    SCH3

    Metiltiotriazina

    Figura 01. Estrutura qumica dos grupos das s-triazinas.

    As clorotriazinas, tambm denominadas de triazinas de 1 gerao,

    representadas pela atrazina, simazina, cianazina, propazina, terbutilazina, entre

    outras, so sintetizadas a partir da substituio de dois tomos de cloro do

    cloreto cianrico (2,4,6-tricloro-1,3,5-triazina) por radicais alquilamino. Por

    sua vez, as metoxitriazinas e as metiltiotriazinas, tambm denominadas de

    triazinas de 2 gerao, so obtidas pela introduo dos radicais metoxila e

    tiometila, respectivamente, como um terceiro substituinte. Prometrona,

    terbumetona, simetona, atratona, ametrina, prometrina, desmetrina, simetrina e

    terbutrina so alguns representantes das triazinas de 2 gerao.

    Os herbicidas 1,3,5-triaznicos so absorvidos tanto pela via

    respiratria, como pelo trato gastrintestinal e pela via drmica.

    Por outro lado, os herbicidas triaznicos apresentam baixa toxicidade

    aguda. O fgado constitui o rgo alvo na ao txica destes herbicidas

    durante exposies elevadas. Nos estudos de toxicidade realizados com a

    simazina, observou-se que em carneiros submetidos a doses dirias de 1,4 a 6

    mg/kg ocorre o hipotiroidismo e, com doses mais elevadas (6 a 25 mg/kg), h

    a ocorrncia de alteraes distrficas e necrticas no epitlio germinal, danos

    hepticos e cerebrais [110].

  • - 32 -

    A ao principal dos herbicidas s-triaznicos ocorre atravs das razes,

    ou seja, como herbicidas residuais. No entanto, muitos destes herbicidas agem

    tambm por contato e so absorvidos atravs da folhas. Seus efeitos se

    traduzem em clorose, secamento das pontas, decaimento e morte da erva

    daninha.

    Estes herbicidas s-triaznicos so utilizados em aplicaes pr e ps-

    emergncia, nas culturas de milho, sorgo, caf, soja, cana-de-acar, arroz,

    entre outras. A atrazina tambm utilizada no controle de plantas daninhas em

    lagos e a prometrina nas plantaes de alho, cebola, salso, cenoura e ervil