Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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2013 6 e 8 de novembro Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Programa de Pós-Graduação em Letras XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS LÍNGUA E LITERATURA: LETRAS EM DEBATE Programação e Caderno de Resumos

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2013 6 e 8 de novembro

Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Programa de Pós-Graduação em Letras

XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

LÍNGUA E LITERATURA: LETRAS EM DEBATE

Programação e Caderno de Resumos

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CORPO DIRETIVO DA UPM Chanceler: Rev. Dr. Davi Charles Gomes Reitor: Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto Vice-Reitor: Prof. Dr. Marcel Mendes Decano de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Moisés Ari Zilber Coordenadora Geral da Pós-Graduação: Profa. Dra. Angélica Tanus Benatti Alvim Diretor do Centro de Comunicação e Letras: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras: Profa. Dra. Ana Lucia Trevisan Comissão Organizadora da Mostra Profª. Drª. Glória Carneiro do Amaral Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi Profª. Drª. Neusa Maria O. B. Bastos Profª. Drª. Regina Pires de Brito Profª. Drª. Vera Lúcia Harabagi Hanna Comissão Científica da Mostra Prof. Dr. Alexandre Huady T. Guimarães Profª. Drª. Ana Lúcia Trevisan Profª. Drª. Aurora Gedra Ruiz Alvarez Profª. Drª. Diana Luz Pessoa de Barros Profª. Drª. Elaine Cristina P. Santos Profª. Drª. Elisa Guimarães Profª. Drª Glória Carneiro do Amaral Profª. Drª. Helena Bonito Couto Pereira Prof. Dr. José Gaston Hilgert Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira Profª. Drª. Lílian Lopondo Profª. Drª. Maria Helena de Moura Neves Profª. Drª. Maria Lúcia Marcondes Carvalho.Vasconcelos Profª. Drª. Maria Luíza Guarnieri Atik Profª. Drª. Marisa Philbert Lajolo Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi Profª. Drª. Neusa Maria O. B. Bastos Profª. Drª. Regina Pires de Brito Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista Profª. Drª. Vera Lúcia Harabagi Hanna SECRETARIA Ana Carla Ferreira da Silva Caroline Fernanda B. Queiroz Renata Bruschi APOIO ACADÊMICO Denise Miranda Karen Stephanie Melo

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XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

O presente Caderno de Resumos possibilita a divulgação dos trabalhos

selecionados para participar da XVII Mostra de Pós-Graduação em

Letras, evento anual, tradicionalmente realizado pelo Programa de Pós-

Graduação em Letras, do Centro de Comunicação e Letras da

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Em torno do temário Língua e Literatura: Letras em Debate, este

espaço se abre aos pós-graduandos em Letras (e áreas afins), de todas

as instituições de ensino superior, interessados na divulgação de suas

pesquisas, procurando estimular discussões relativas aos estudos

linguísticos e literários e abordar aspectos ligados ao ensino de línguas

e literaturas.

Além de cerca de 30 sessões de comunicação oral, com a participação

de mais de 120 mestrandos e doutorandos de diversas IES do Brasil, a

edição deste ano da Mostra de Pós-Graduação em Letras traz, como

convidadas, Kelcilene Grácia Rodrigues, da Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul, e Regina Célia Pagliuchi da Silveira, da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo.

Além da premiação do tradicional Concurso de Redação voltado à

educação básica, coordenado por Elisa Guimarães, o evento deste ano

abarca, ainda, o lançamento de obras de três docentes do nosso

Programa de Pós-Graduação em Letras – Marlise Bridi, Regina Pires de

Brito e Ronaldo Batista – e também do livro de Luís Pessôa, doutorado

pelo nosso Programa, cujo trabalho recebeu Menção Honrosa Capes –

2011, que integra a Coleção Saberes em Tese, da Editora Mackenzie.

Que este encontro possa ser instigante e produtivo para todos!

Comissão Organizadora

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PROGRAMAÇÃO

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XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

PROGRAMAÇÃO

6 de novembro, quarta-feira Manhã

9h-10h20 – Comunicações orais

Local: salas de aula – Edifício João Calvino

10h30 – Conferência

A metáfora na poética de Manoel de Barros

Profa. Dra. Kelcilene Grácia Rodrigues (UFMS) Local: Auditório do Edifício João Calvino

Tarde

14h30- 15h50 – Comunicações orais

16h – 17h20 - Comunicações orais

Local: salas de aula – Edifício João Calvino

17h30 – Centro Histórico e Cultural Mackenzie (Prédio 1)

Coquetel – lançamento de livros

Língua e identidade no espaço da lusofonia:

aspectos de Timor-Leste e Moçambique (Editora Terracota),

de Regina Pires de Brito

A sugestão metafórica na obra de José Cardoso Pires

(Vermelho Universitário), de Marlise Bridi

Introdução à Historiografia da linguística (Cortez Editora),

de Ronaldo Oliveira Batista

Narrativas da segurança no discurso publicitário: um estudo semiótico

(Editora Mackenzie), de Luís Pessôa

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8 de novembro, sexta-feira Manhã

9h-10h20 – Comunicações orais

Local: salas de aula – Edifício João Calvino

10h30 – Conferência

Língua, Cultura e Ensino de Português para Estrangeiros:

implícitos culturais e expressões lingüísticas

Profa. Dra. Regina Célia Pagliuchi da Silveira (PUC-SP)

Local: Auditório do Edifício João Calvino

Tarde

14h30- 15h50 – Comunicações orais

Local: salas de aula – Edifício João Calvino

16h – Cerimônia de Premiação

XIII Concurso de Redação

Vinícius de Moraes nas Letras Brasileiras

(Coordenação Profa. Dra. Elisa Guimarães)

Local: Auditório do Edifício João Calvino

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Programação detalhada 06 de novembro – manhã

9h Sala 22

HISTORIOGRAFIA

LINGUÍSTICA

1. ANÁLISE DO BREVE COMPENDIO DE GRAMMATICA

PORTUGUEZA, DE FREI CANECA Adriana de Souza Ramacciotti (PUC-SP) 2 . CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO (PARTE I) Ivelaine de Jesus Rodrigues (PUC-SP) e Laura Lúcia de Oliveira Santos (PUC-SP) 3. CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO (PARTE II) Nelci Vieira de Lima (IP-PUC-SP) 4. SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: A FUNÇÃO DO ADVÉRBIO EM UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA Wemylla de Jesus Almeida (PUC/SP)

9h Sala 24

ESTUDOS

DISCURSIVOS E

CULTURAIS

1. LITERATURA E CONSUMO: CENOGRAFIA E ETHOS EM

WEB-MANCHETES Anderson Ferreira (PUC/SP) 2. O MENINO: A INTERDISCURSIVIDADE E O PROCESSO

DISCURSIVO NO TEXTO DE CHICO ANYSIO Caio Vinícius Catalano (UPM) 3.O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Elen Del Sole (UPM) 4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE GENERALIZAÇÕES NO DISCURSO POLÍTICO BRASILEIRO Rodrigo Vilalba Caniza (UPM)

9h Sala 28

LITERATURA E

OUTRAS

LINGUAGENS

1. AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E ARQUITETURA NO

ROMANCE CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA, DE LÚCIO

CARDOSO CLÉBER LUÍS DUNGUE (PUC/SP) 2. A ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA DA PEÇA BEIJO NO

ASFALTO, DE NELSON RODRIGUES DANIEL DE THOMAZ (UPM) 3.A MANIPULAÇÃO DE LOLITA NO ROMANCE DE VLADMIR

NABOKOVE NOS FILMES DE STANLEY KUBRICK E ADRIAN

LYNE Fernanda Cristina Araújo Batista (UPM) 4. DRAMATURGIA E DRAMATURGO EM PROCESSOS COLABORATIVOS DE ESCRITA TEATRAL Jorge Wilson da Conceição (UPM)

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9h Sala 45

LEITURA E ESCRITA

1. PROGRAMA UNIVERSIDADE NA MELHORIA DA ESCRITA

E DA LEITURA (UNIMEL): PERSPECTIVAS GRAMATICAIS Aila Maria Leite Figueiredo (UNICSUL) 2.ANÁLISE DAS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA

Damares Souza Silva (PUC-SP) 3.O ENSINO DA COERÊNCIA TEXTUAL POR MEIO DO

MICROBLOG TWITTER Tharsila Dantas Prates (PUC/SP) 4. A LEITURA E O PRAZER Victor Hugo da Silva Vasconcellos (PUC-SP)

9h Sala 47

FORMAÇÃO

DOCENTE E

SALA DE AULA

1.O DESENVOLVIMENTO DA LITERACIA MULTIMODAL DE ESTUDANTES: CONTRIBUIÇÕES DE UMA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES ENVOLVENDO MÚLTIPLAS LINGUAGENS Nilma Alves Pedrosa (PUC-SP/CAPES) 2. A DIALOGICIDADE FREIREANA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA Priscila Reigada (UPM) 3. CARÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA EM FACE DO ENSINO PARA CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS: UMA AMOSTRAGEM DO PROBLEMA Thais Marchezoni da Silva (UPM) 4. AS REDES SOCIAIS COMO FÓRUM DE ACOMPANHAMENTO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS: UMA FERRAMENTA MIDIÁTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE Valéria Bussola Martins (UPM)

10h30 – Conferência - Auditório João Calvino

06 de novembro - TARDE

14h Sala 24

ESTUDOS DA

LUSOFONIA E DE

IDENTIDADE

1.A HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA CABO-VERDIANA RELATADA EM MÚSICA Ludmila Jones Arruda (UPM) 2.KANIMAMBO, MOÇAMBIQUE! TERRA DE FONES LUSOS E COSMOVISÃO BANTU Nancy A. Arakaki (PUC/SP) 3. OS SENTIDOS DO OLHAR SOBRE A IDENTIDADE: DIEGO RIVERA E OCTAVIO PAZ Mariana Calvo Mozer Manzieri (UPM)

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14h Sala 25

ESTUDOS

DISCURSIVOS E

CULTURAIS

1. “PORTUNHOL”: ALIADO OU INIMIGO NAS DIFERENTES INTERAÇÕES SOCIAIS? Ana Katy Lazare Gabriel (Faculdade de Educação - USP) 2. TERMINOLOGIA: UM ESTUDO DO VOCABULÁRIO DO CAMPO DA MEDICINA Andrea Sampaio Volpe (PUC-SP) 3. A NOÇÃO DE AUTOR NOS ARTIGOS DE OPINIÃO DE CLAUDIO DE MOURA CASTRO Carlos Alberto Baptista (PUC-SP) 4.MÍDIA E CULTURA: A INTRODUÇÃO DE VOCÁBULOS JAPONESES NO DICIONÁRIO PORTUGUÊS-BRASILEIRO Fred Izumi Utsunomiya (UPM)

14h Sala 28

DISCURSO

LITERÁRIO E SUAS

VOZES

1.A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO DA PERSONAGEM MARIA MOURA, DE RACHEL DE QUEIROZ Caroline Batista Fantini de Novais (PUC-SP) 2.ESPAÇO SOCIAL E LUGAR: CINZAS DO NORTE, DE MILTON HATOUM, E NADIE NADA NUNCA, DE JUAN JOSE SAER Cristhiano Motta Aguiar (UPM) 3. INTERTEXTUALIDADE NO CONTO “O TEXTO TATUADO”, DE SÉRGIO SANT’ANNA Giovana dos Santos Lopes (UPM) e Raul Ignacio Valdibia Arriagada (UPM) 4. ROMANCE MEMORIALISTA E AUTOBIOGRAFIA EM JOSÉ LINS DO REGO Karin Bakke de Araújo (UPM)

14h

Sala 43

DISCURSOS

MIDIÁTICO E

PUBLICITÁRIO

1. CENÁRIOS URBANOS, ATORES PERIFÉRICOS E NARRATIVAS MIDIÁTICAS André Ribeiro Passos de Arruda (UPM) 2. O MUNDO ATUAL E A SALA DE AULA Anne Cristina Barbosa Peres (UPM)

3.RECURSOS RETÓRICOS NA LINGUAGEM DO COMERCIAL DE TV Ester AnholetoPirolo (UPM) 4. DISCURSO EM IMAGENS DE MULHER NA PUBLICIDADE: DO PRETO E BRANCO AO COLORIDO Evelise Raquel Morari (UNICENTRO)

14h Sala 47

FANTÁSTICO E

MARAVILHOSO NA

LITERATURA

1. MARCAS DO FANTÁSTICO EM MACHADO DE ASSIS: UMA LEITURA DO CONTO “O ESPELHO: ESBOÇO DE UMA NOVA TEORIA DA ALMA HUMANA” Edner Morelli (UPM) 2.A TRANSIÇÃO ENTRE O UNIVERSO REAL E O MARAVILHOSO EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS Gisele Gomes Maia (UPM) 3.A PRESENÇA DO FANTÁSTICO NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA: UMA ANÁLISE DO CONTO O COLECIONADOR DE SOMBRAS, DE JOÃO BATISTA MELO Jônatas Amorim Henriques (UPM) 4.O REALISMO FANTÁSTICO EM A CAUSA SECRETA, DE MACHADO DE ASSIS Karin Juliana de Meira Grava Simioni (UPM)

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06 de novembro - TARDE

15h45 Sala 16

FORMAÇÃO

DOCENTE E

SALA DE AULA

1. A FILOSOFIA EXISTENCIALISTA EM PAULO FREIRE NO TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA Aline Alves (UPM) 2. A EDUCAÇÃO NOS COLÉGIOS CONFESSIONAIS FEMININOS NO FINAL DO SÉCULO XIX E PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX Ana Paula Sapaterra (PUC-SP)

3. O MUNDO ATUAL E A SALA DE AULA Anne Cristina Barbosa Peres (UPM) 4. DESPERTANDO O PENSAMENTO CRÍTICO COM O USO DE CURTAS-METRAGENS ANIMADOS EM SALA DE AULA Erica de Moura (UPM)

15h45

Sala 24

TEXTO E

LINGUAGEM

1. O DISCURSO DE BRAULIO TAVARES EM SEU TEXTO PUBLICADO NA ORELHA DA PEDRA DO REINO DE ARIANO SUASSUNA Cristiane BachiegaYamamura (UNICSUL) 2. TROPICALIZAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO NA DIVULGAÇÃO DAS NOVAS SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA: AS PREMISSAS IDEOLÓGICAS EM FOCO José Luiz Marques (UNICSUL) 3. HIPERTEXTO – COGNIÇÃO POR MEIO DO CONTEXTO E DA INTERAÇÃO Luciene Oliveira Costa dos Santos (PUC-SP) 4.REESCREVER SIM, COPIAR NÃO. Regianne Cruz Alkmim Dias (UPM)

15h45 Sala 25

DISCURSOS

MIDIÁTICO E

PUBLICITÁRIO

1. A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NA PROPAGANDA DO TURISMO BRASILEIRO VEICULADA PELA EMBRATUR – NOS PRIMEIROS ANOS DO PROJETO AQUARELA - SOB A ÓTICA DA TEORIA DA ENUNCIAÇÃO Giselda Fernanda Pereira (UPM) 2. ARGUMENTOS RETÓRICOS E ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO DO ETHOS DO ANUNCIANTE NA PROPAGANDA INSTITUCIONAL: UMA QUESTÃO DE LEITURA Mônica Mendes e Silva Rocha (UPM) 3.O DISCURSO ANTIMARXISTA EM MAFALDA Mariana Fogaça Calviño (UPM) 4.A METÁFORA CONCEITUAL NA PROPAGANDA Noslen Nascimento Pinheiro (PUC/SP)

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15h45 Sala 28

PRODUÇÃO DE

SENTIDO

1. A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E SUBJETIVAÇÃO DA

LINGUAGEM NO PROJETO ICONOGRÁFICO DE “MATO

GROSSO DO SUL – ESTADO DO PANTANAL” ANAILTON DE

SOUZA GAMA (DINTER UPM/UFMS – UEMS) 2. A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NUMA PERSPECTIVA

RETÓRICA Roberto Clemente dos Santos (UPM) 3.O PAPEL DA CENOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DO

ETHOS: UM ESTUDO DOS DISCURSOS DOS

PROFESSORES Jeanny Meiry Sombra Silva (UPM) 4.RETÓRICA, ARGUMENTAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO

EM PROPAGANDAS INSTITUCIONAIS DA ÁREA DA

SAÚDE Sueli Aparecida Cerqueira Marciel (UNICSUL)

15h45 Sala 39

DISCURSO

JORNALÍSTICO

1. VERDADE E CONEXÃO: O ATUAL JORNALISMO

IMPRESSO SOB O OLHAR DA SEMIÓTICA FRANCESA

Adalberto Bastos Neto (UPM) 2. PERSONAGENS EM REPORTAGENS: UM ESTUDO DO

TEXTO “O CASO BENSADON”, DE MARCOS FAERMAN

André Cioli Taborda Santoro (UPM) 3. O ETHOS EM REVISTAS INSTITUCIONAIS Déspina Maria Iliadis Nogueira (UPM) 4.ILUSÕES PERDIDAS E O JORNALISMO DE BALZAC

Francisco Redondo Periago (UPM)

15h45 Sala 43

LITERATURA E

OUTRAS

LINGUAGENS

1. FANFICS: O ROMANCE ONLINE Nicolle Lemos (UPM) 2. AGONIA E ÊXTASE: UMA LEITURA DA TRANSPOSIÇÃO PARA A FOTOGRAFIA E PARA O CINEMA DA OBRA LITERÁRIA LAVOURA ARCAICA Sandra Hahn (DINTER UPM-UFMS) 3. O MERCADO EDITORIAL E A PRODUÇÃO LITERÁRIA Sheila Darcy Antonio Rodrigues (UPM) 4. SEMIÓTICA DAS PAIXÕES: A INVEJA Renata Valente Ferreira Vilela (UPM)

15h45 Sala 47

IDENTIDADE E

CULTURA

1.A IDENTIDADE CULTURAL ESPANHOLA A LUZ DOS DICHOS Y REFRANES NA OBRA DON QUIJOTE DE LA MANCHA Iromar Maria Vilela (DINTER UPM-UFMS) 2.A ALTERIDADE NA (RE)CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NO DISCURSO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI Ivan Almeida Rozário Júnior (PUC-SP) 3.A PERTENÇA IDENTITÁRIA NA CONCEPÇÃO DA LINGUAGEM Leila Maria Mansini Fiamoncine (UPM) e Maíra Bastos dos Santos (Mestre pela UPM)

17h30 – Centro Histórico e Cultural Mackenzie

(Prédio 1)

Coquetel - lançamento de livros

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08 de novembro - MANHÃ

9h Sala 24

FORMAÇÃO

DOCENTE E SALA DE AULA

1. O ENSINO MÉDIO E OS ÓCULOS SOCIAIS: ESTRATÉGIAS SEMIÓTICAS EM SALA Fábio Irineu Fernandes Pereira (UPM) 2.AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: REVISANDO OS TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DOS TERCEIROS ANOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE INDICADORES Hamilton Fernandes de Souza (PUC-SP) 3.GÊNEROS DISCURSIVOS NAS PRÁTICAS ESCOLARES: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA EM DEBATE Hélio Rodrigues Júnior (PUC/SP) 4. ENTRANDO NA TOCA DO COELHO: ALICE, O PAÍS DAS MARAVILHAS E O MUNDO ATRAVÉS DO ESPELHO NA EDUCAÇÃO Higor Branco Gonçalves (UPM)

9h Sala 27

ESTUDOS

DISCURSIVOS E

CULTURAIS

1. CONTEXTO FRONTEIRIÇO: ESPAÇO “ENTRE LÍNGUAS” Ione Vier Dalinghaus (DINTER UFMS/UPM) 2. SIGNIFICAÇÃO E TEMA: A “PRIMAVERA ÁRABE” Karen Dantas de Lima (UNICSUL) 3.UM PERCURSO DA IDEIA DE LIBERDADE NO BRASIL E NOS EUA PELA AD E PELOS ESTUDOS CULTURAIS: UM DIÁLOGO POSSÍVEL Regina Paula Ambrogi Avelar (UPM) 4. A VARIAÇÃO DA LINGUAGEM: O CASO DE BELA VISTA-MS Ana Ribeiro (DINTER UPM-UFMS)

9h Sala 28

DISCURSO

LITERÁRIO E SUAS

VOZES

1. O TEXTO TATUADO: UM ESTUDO SOBRE A LINGUAGEM Judith Tonioli Arantes (UPM) 2. O MITO DA CRIAÇÃO DO MUNDO NA LITERATURA DE FICÇÃO CIENTÍFICA: UM ESTUDO DO CONTO THE LAST QUESTION, DE ISAAC ASIMOV Karen Stephanie Melo (UPM) 3.DIALOGISMO EM “NUNCA APOSTE SUA CABEÇA COM O DIABO – CONTO MORAL” Maria da Luz Alves Pereira (UPM) 4. DOIS NARRADORES E UMA NARRATIVA: UMA LEITURA DO DUPLO EM UM SOPRO DE VIDA, DE CLARICE LISPECTOR Maria Eloísa de Souza Ivan (UPM/Uni-FACEF)

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9h Sala 29

ESTUDOS DE

ORALIDADE

1. EXPRESSIVIDADE DA FALA: O DESVELAR DAS EMOÇÕES NA CONSTRUÇÃO DO ATO TEATRAL A PARTIR DA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICO Isaías Santos (PUC-SP) 2.MARCAS DE ORALIDADE EM PRODUÇÕES NARRATIVAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Patricia Klein Gomes (UNICSUL) 3. A METAENUNCIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS E DE COMPREENSÃO NA INTERAÇÃO FALADA Sílvia Fernanda Souza Dalla Costa (UPM) 4. A CONSTRUÇÃO COGNITIVA DA INTERAÇÃO VERBAL: UMA

ANÁLISE DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS CAUSAIS E CONCESSIVAS André Vinicius Lopes Coneglian (UPM)

9h Sala 43

DISCURSO

RELIGIOSO

1. O PERIÓDICO IMPRENSA EVANGÉLICA DO ANO DE

1872 NO PANORAMA DA FORMAÇÃO DA LITERATURA

INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA Amaya Obata Mouriño de Almeida Prado (DINTER UPM - UFMS) 2. DOIS MOMENTOS NA HISTÓRIA RECENTE DA LEITURA

BÍBLICA: A BÍBLIA COMO LITERATURA A PARTIR DE

ERIC AUERBACH E ROBERT ALTER Anderson de Oliveira Lima (UPM) 3.ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA BÍBLICA “A

PARÁBOLA DOS TALENTOS” Fernando Luis Cazarotto Berlezzi (UPM) 4.LUTA PELO SIGNIFICADO: A IMAGEM DA ARENA EM

BAKHTIN Francikley Vito (UPM)

9h Sala 48

OUTRAS

LINGUAGENS

1.DJANGO E A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA: A FORMAÇÃO DO MITO OCIDENTAL E O DRAMA DO NEGRO Douglas Sáppia (UPM) 2.A CATÁBASE NOS JOGOS ELETRÔNICOS: A JORNADA DO HERÓI DIGITAL Edmundo Gomes Junior (UPM) 3. A PONTE ENTRE SAMBA CANÇÃO, POP E ROCK CLÁSSICO NUMA INTERPRETAÇÃO DE CAETANO VELOSO Felipe Pupo Pereira Protta (UPM) 4. DIÁLOGOS ENTRE JOHN E ELIZABETH PROCTOR: ALGUMAS SINALIZAÇÕES DA CONSTRUÇÃO DA AUTOCONSCIÊNCIA DO HERÓI EM THE CRUCIBLE Glauco Corrêa da Cruz BacicFratric (UPM) 5. O RELACIONAMENTO CONJUGAL EM A MULHER SEM PECADO, DE NELSON RODRIGUES Rafael de Oliveira Reis (UPM)

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10h30 – Conferência - Auditório João Calvino

08 de novembro - TARDE

14h30 Sala 24

FORMAÇÃO DOCENTE E

SALA DE AULA

1.A ANÁLISE DO DISCURSO EM PESQUISA Humberto Luiz Dias (UPM) 2.METODOLOGIA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA PEDAGOGOS: concepções sobre o ensino de leitura e escrita Laísa Gabriela Larcher Crês (PUC-SP) 3.DISCURSO E PRÁTICA DOCENTE: A APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA Luci Fumiko Matsu Chaves (UPM) 4.EDUCAÇÃO E LEITURA DIALÓGICAS: RESSONÂNCIAS DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE E DE M. BAKHTIN Maria de Fátima Xavier da Anunciação de Almeida (UESM-UPM)

14h30 Sala 27

DISCURSO

JORNALÍSTICO

1. “ENTRE ASPAS”: UMA ANÁLISE DAS FUNÇÕES METAENUNCIATIVAS DAS ASPAS EM EDITORIAIS DOS JORNAIS AGORA SÃO PAULO E FOLHA DE S. PAULO Marcelo Fleuri de Barros (UPM) 2. CRÔNICA JORNALÍSTICA: O GÊNERO JORNALÍSTICO POR EXCELÊNCIA Milton Gabriel Junior (PUC/SP) 3.HUMOR POLÍTICO NO GÊNERO DISCURSIVO: A CHARGE JORNALÍSTICA Rodrigo Leite da Silva (PUC-SP e UNINOVE) 4. REFLEXÕES ACERCA DOS ESTUDOS REALIZADOS SOBRE TEXTO E DISCURSO: O EFEITO DE SENTIDO PROVOCADO PELA CHARGE Tânia Regina Exposito Ferreira (UPM)

14h30 Sala 28

OUTRAS

LINGUAGENS

1. BRANCA DE NEVE TRANSMÍDIA: LITERATURA, CINEMA, JOGOS E PRODUTOS DÉBORA CIBELE DE BENEDETTO E SILVA (UPM) 2. DO LIVRO À TELEVISÃO: O PERCURSO DE MEMORIAL DE MARIA MOURA. Lídia Carla Holanda Alcântara (UPM) 3. A VIOLÊNCIA EM A COR PÚRPURA: SUA REPRESENTAÇÃO EM LIVRO E FILME Luciana Duenha Dimitrov (UPM) 4. A TRANSFORMAÇÃO DA HISTÓRIA SOB A ASCENSÃO DA MÍDIA DIGITAL: CHAPEUZINHO VERMELHO EM DUAS GERAÇÕES Thiago Pereira da Costa

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14h30 Sala 29

DISCURSO

LITERÁRIO E SUAS

VOZES

1. DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS: IDENTIFICAÇÃO, ESTRANHAMENTO E A IMAGEM DO PROFESSOR EM “TRAPO” DE CRISTOVÃO TEZZA Leni Soares Vieira Fernandes (UPM) 2. CAOS URBANO E CONTEMPORANEIDADE NOS CONTOS DE MARCELINO FREIRE Márcia Moreira Pereira (UPM) 3. AS MARCAS DO INSÓLITO NA NARRATIVA DE JOSÉ J. VEIGA. Marleide Santana Paes (UPM) 4.ENTRE BORGES E LEMINSKI: AS NARRATIVAS LABIRÍNTICAS EM METAFORMOSE E EL JARDÍN DE SENDEROS QUE SE BIRFURCAN Rodrigo de Freitas Faqueri (UPM)

14h30 Sala 39

DISCURSO RELIGIOSO

1. RELEITURAS DO TEXTO BÍBLICO DE II SAMUEL 12. 15-18, 24-25 NAS ARTES PLÁSTICAS DE REMBRANDT E WILLEM DROST Lemuel de Faria Diniz (DINTER UPM-UFMS) 2. AS CATEGORIAS DE CENAS DA ENUNCIAÇÃO E HIPERENUNCIADOR NO DISCURSO RELIGIOSO DE FREI ANTONIO DAS CHAGAS Ricardo Celestino (PUC-SP) 3.O CONHECIMENTO RELIGIOSO E A PESQUISA ACADÊMICANA ÁREA DA LINGUÍSTICA APLICADA Thiago de Melo Curci (UNITAU) 4.DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE EM NOVAS CARTAS PORTUGUESAS: LEITURA E POSICIONAMENTOS DIANTE DA CARTA MAGNIFICAT Thiele Aparecida Nascimento Piotto (UPM)

14h30 Sala 43

DISCURSO

PEDAGÓGICO

1. EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA: UMA POSSIBILIDADE Maria Inês Francisca Ciríaco (UPM) 2. GÊNEROS TEXTUAIS E LIVRO DIDÁTICO: EM BUSCA DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Viviane Nery Lacerda (UPM)

3. A CORREÇÃO TEXTUAL-INTERATIVA NO ENSINO DA PRODUÇÃO DE GÊNEROS TEXTUAIS Paulo da Silva Lima (UPM)

4. UM ESTUDO SOBRE A PERSONAGEM DONA BENTA, DA OBRA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO, COMO MEDIADORA DE LEITURA Patrícia Aparecida Beraldo Romano (UPM)

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14h30 Sala 48

ESTUDOS GRAMATICAIS

1. UM ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO DA GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DE NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA Juliana Borges de Medeiros (PUC-SP) 2. A GRAMÁTICA REFLEXIVA: A PEDAGOGIA LÉXICO-GRAMATICAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA Silvia Cristina Miranda (PUC-SP) 3. AS ANÁFORAS INDIRETAS NA FORMAÇÃO DA REDE REFERENCIAL: UMA ANÁLISE EM SEQUÊNCIAS TEXTUAIS DE ROMANCES BRASILEIROS Luciana Ribeiro de Souza (UPM/FAPESP) 4. A EXPLICITAÇÃO DO SUJEITO EU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO INFORMAL Felipe Goulart (UPM)

16h – Auditório João Calvino –

Premiação XIII Concurso de Redação

Vinícius de Moraes nas Letras brasileiras

Coordenação: Profa. Dra. Elisa Guimarães

17h - Coquetel de encerramento

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RESUMOS

Os resumos aqui reproduzidos são de responsabilidade de seus autores.

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VERDADE E CONEXÃO: O ATUAL JORNALISMO IMPRESSO SOB O

OLHAR DA SEMIÓTICA FRANCESA

Adalberto Bastos Neto (UPM)

Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

O discurso jornalístico não pode ser entendido como uma mera transmissão de

informações, um fazer-saber, pois é, antes de tudo, um ato discursivo, um

contrato fiduciário estabelecido com base num fazer-crer. Na enunciação do

jornal, a significação, com seus efeitos de verdade e realidade, é formada,

discursivamente, na tensão entre enunciador e enunciatário. Logo, a eficácia

persuasiva do jornal está profundamente ligada à maneira como os co-

enunciadores percebem o mundo. Antes de o discurso entrar em ato, uma

carga afetiva modaliza o sujeito da enunciação e, depois, se espalha e se

imprime por todas as etapas da geração do sentido. À luz dos pressupostos

teóricos da semiótica francesa, interessa-nos, como objetivo geral neste

trabalho, investigar como se dá esse processo de percepção do mundo do

sujeito da enunciação anterior às escolhas enunciativas, depreendendo, assim,

o modo de presença da enunciação jornalística.A história do jornalismo é

marcada pelos avanços da tecnologia. Muitas foram as mudanças no modo de

presença da enunciação jornalística provocadas pelo surgimento de novos

meios de comunicação, como o rádio, a televisão e, agora, a internet. Sites de

divulgação de documentos sigilosos como o Wikileaks, redes sociais, como o

Twitter e o Facebook, têm trazido, cada vez com mais intensidade, novas

formas de se pensar e de se fazer jornalismo. Existe hoje uma reconfiguração

do discurso jornalístico impresso, com base nos recursos da internet. Numa

forma de hibridação, os atuais suportes midiáticos implicam em novas formas

de manifestação e de presença. Com base nessas considerações,

pretendemos, como objetivo específico, investigar nas edições impressas dos

jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, a existência de características

discursivas provenientes dos discursos da internet e, assim, mostrar, sob uma

Page 19: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

19

perspectiva diacrônica, algumas das mudanças discursivas que reconfiguram o

modo de presença desses dois jornais.

ANÁLISE DO BREVE COMPENDIO DE GRAMMATICA PORTUGUEZA,

DE FREI CANECA

Adriana de Souza Ramacciotti (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Dieli Palma Vesaro

Este trabalho tem por objetivo o estudo do Breve Compendio de

GrammaticaPortugueza, de Frei Joaquim do Amor Divino Rabello e Caneca,

escrito na primeira metade do século XIX. Esta pesquisa não tem intenção de

analisar exaustivamente a obra, mas sim suscitar reflexão sobre seu valor na

gramatização do Brasil. Frei Caneca foi um ativista político, envolvido na

Revolução Pernambucana, em 1817, e na Confederação do Equador, em

1825. Em consequência disso, foi preso e condenado à morte. Durante a prisão

em Salvador, escreveu o Breve Compendio de GrammaticaPortugueza, com

fins pedagógicos, em uma linguagem simples para facilitar o aprendizado dos

alunos. Esta pesquisabaseia-se teoricamente na História das Ideias

Linguísticas e está dividida em: 1) contextualização sócio-histórica do Brasil na

primeira metade do século XIX; 2) educação no Brasil, na primeira metade do

século XIX; 3) importância de Frei Caneca; 3) análise da obra. Procuramos

utilizar, como metodologia, a definição fenomenológica do objeto, sua

neutralidade epistemológica e o historicismo moderado (Cf. Auroux, 1992, p.

13-4). Frei Caneca apoia-se na GrammaticaPhilosophica da LinguaPortugueza,

de Jerónimo Soares Barbosa, seguindo a linha da Gramática Geral e Filosófica.

Apesar de não mostrar inovações conceituais em relação às gramáticas

anteriores, o Breve Compendio de GrammaticaPortugueza é a primeira

gramática pedagógica brasileira. Nela, Frei Caneca valoriza a gramática

reflexiva e intui a questão das variações linguísticas, defendidas hoje no ensino

da gramática.

Page 20: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

20

PROGRAMA UNIVERSIDADE NA MELHORIA DA ESCRITA E DA LEITURA

(UNIMEL): PERSPECTIVAS GRAMATICAIS

Aila Maria Leite Figueiredo (UNICSUL)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Tinoco Cabral

O presente trabalho tem como finalidade propor uma reflexão sobre as

perspectivas gramaticais presentes nas produções textuais dos alunos que

estão inseridos no Programa de Extensão Universidade na Melhoria da Escrita

e da Leitura (UNIMEL), que busca desenvolver a competência textual nos

alunos, isto é, contribuir para que eles sejam capazes de reconhecer no texto

elementos gramaticais que funcionam como sinalizadores da construção de

sentido, possibilitando com que reflitam sobre o funcionamento da língua. Essa

reflexão será fundamentada na Análise Textual do Discurso (Adam, 2008); e o

corpus são as produções textuais dos alunos cujas análises buscarão verificar

as perspectivas gramaticais presentes nas produções textuais e nas propostas.

A apresentação será dividida em duas partes: na primeira, será apresentado o

Programa Unimel e, na segunda, serão apresentadas as perspectivas

gramaticais presentes nas produções textuais dos alunos, identificadas a partir

das análises, que se fundamentarão em autores que trabalham com Linguística

de Texto, como: Adam(2008), Koch (2009), Marcuschi (2003), Bechara (2000),

Cunha (1985), Travaglia (2003), entre outros.

Page 21: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

21

A FILOSOFIA EXISTENCIALISTA EM PAULO FREIRE NO TRABALHO COM

A LEITURA EM SALA DE AULA

Aline Alves (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral

Uma das questões que permeiam as discussões acerca do trabalho do

professor em sala de aula no concernente à prática da leitura relaciona-se ao

modo como essa prática é desenvolvida. De um modo geral, o que é proposto

para que o aluno leia e como essa leitura é orientada estão vinculados às

exigências dos vestibulares, que contemplam, em sua maioria, apenas autores

consagrados pelos cânones. Nesse sentido, a partir de uma análise acerca da

proposta educacional de Paulo Freire, influenciada pelo existencialismo de

Jean-Paul Sartre, aliada às teorias sobre o processo do ato da leitura de Jean

Foucambert, pretende-se promover uma reflexão sobre esta prática no que

tange o papel do professor. A filosofia existencialista preconiza a existência em

detrimento da essência, ou seja, sob essa vertente, um indivíduo existe, em

primeira instância, para então se definir, no decorrer dessa existência. Assim,

esse pensamento perpassa a tese de Freire, que considera o educando um

sujeito em constante formação. Além disso, para o educador a leitura do

mundo precede a leitura da palavra, por essa razão se faz essencial considerar

as experiências existenciais do indivíduo, a fim de que o conteúdo lido produza

sentido para ele. Simultaneamente, Jean Foucambert assume a leitura como

um ato que ativa questionamentos próprios e exteriores e, por isso, leva o

leitor, neste caso aluno, a conhecimentos novos, respostas aos

questionamentos acionados. Deste modo, unir as acepções dos dois autores

pode contribuir para uma reconsideração quanto aos conteúdos propostos para

a leitura em sala de aula, repensando temáticas associadas à realidade que

circunda o educando, preparando-o não apenas para provas de caráter

eliminatório, mas especialmente para a vida, tomando como princípio que a

leitura é instrumento de reflexão, intervenção e transformação do mundo.

Page 22: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

22

O PERIÓDICO IMPRENSA EVANGÉLICA DO ANO DE 1872 NO

PANORAMA DA FORMAÇÃO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL

BRASILEIRA

AmayaObataMouriño de Almeida Prado (DINTER UPM - UFMS)

Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo

Um importante conjunto de textos do sistema literário protestante no Brasil é o

periódico Imprensa Evangelica, publicado entre 1864 e 1892. Na maioria dos

números nota-se a presença de narrativas curtas que, ao tematizarem

situações de contato de crianças com a doutrina evangélica, revelam

preocupação com a divulgação do protestantismo também entre os jovens. Os

números do ano de 1872, objeto da presente análise, contêm o conjunto mais

antigo de textos destinados à infância nesse periódico, nos quais é possível

identificar e elencar narrativas protagonizadas por personagens infantis que,

por este motivo, poderiam ter sido objeto de interesse de pequenos leitores à

época de sua publicação, ainda que o jornal Imprensa Evangelica não seja

exclusiva e especificamente dirigido à infância. A proposta que aqui se articula

pretende estabelecer aproximações comparativas entre as narrativas infantis

do jornal e os textos que estudiosos e pesquisadores renomados apresentaram

como fundadores do gênero. Partindo da indicação destes últimos, discute-se o

lugar dos periódicos na formação da Literatura Infanto-juvenil brasileira, para

então descrever de maneira sucinta as narrativas encontradas no corpus

selecionado. Por último analisa-se com maior atenção um texto intitulado “O

heroísmo no século VIII” levando-se em consideração, como fundamentação

teórica, o conceito de sistema literário, tal como proposto por Antonio Candido

desde 1955, no artigo “O escritor e o público” e desenvolvido em obras

posteriores, entre elas Formação da Literatura Brasileira, de 1959. As dezoito

narrativas observadas têm estrutura e configurações estéticas semelhantes

àquelas que vão constituir os primeiros livros destinados à infância brasileira no

cenário da formação de nossa Literatura Infanto-juvenil.

Page 23: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

23

A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E SUBJETIVAÇÃO DA LINGUAGEM NO

PROJETO ICONOGRÁFICO DE “MATO GROSSO DO SUL – ESTADO DO

PANTANAL”

Anailton de Souza Gama (DINTER UPM/UFMS – UEMS)

Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

Esta pesquisa de cunho bibliográfico tem como objetivo estabelecer, de

maneira prática, o percurso de uma teoria de texto: a Semiótica Narrativa e

Discursiva, elaborada por Algirdas Julian Greimas, aplicando-a na análise da

iconografia representativa sul-mato-grossense, buscando estabelecer uma

construção de sentidos para os signos implantados no Estado de Mato Grosso

do Sul a partir do Governo Popular de Zeca do PT, em 1998, relacionando

esses signos ao processo de construção identitária sul-mato-grossense.

Convém assinalar que o fazer da semiótica é aspectualizadoimperfectivamente,

o que significa que não constitui uma teoria pronta e acabada, mas um projeto

e, por isso, está a todo momento repensando-se, modificando-se, refazendo-

se, corrigindo-se. Tomando como referência Barros (1990, 2003), Chevalier

&Gheerbrant (2000), Lopes (1995) e Fiorin (2002), analisamos na iconografia

representativa sul-mato-grossense, através de algumas pistas de análise,

possíveis levantamentos de campos lexicais e semânticos, da coerência

narrativa e do percurso gerativo de sentido todo o processo narrativo/discursivo

e figurativo da construção dos actantes e suas ações. Verifica-se que a

iconografia representativa nos remete a comportamentos, verdades,

realidades, ideologias, enfim, aspectos que nos evidenciam modalizações

desses sujeitos de estado no que tange ao ser e fazer que constituem a

complexidade enunciativa, mesmo parcialmente observada, do objeto em

questão.

Page 24: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

24

“PORTUNHOL”: ALIADO OU INIMIGO NAS DIFERENTES

INTERAÇÕES SOCIAIS?

Ana Katy Lazare Gabriel (Faculdade de Educação - USP)

Orientador: Prof. Dr. Vojislav AleksandarJovanovic

Esta comunicação visa verificar a função da linguagem nas diferentes

interações sociais entre a população boliviana e a população paulista e, em

especial verificar como tais interações ocorrem em contexto escolar. Tal

pesquisa está baseada nos postulados de Bourdieu (1986) e da Silva (2009)

sobre o uso da linguagem e a comunicação eficaz do português utilizado pela

comunidade boliviana que é influenciado por fatores dominantes, dentre eles, o

poder do MERCOSUL, as implicações sociais da dependência econômica

industrial em oficinas de vestuário e El Sistema. Pelo viés da linguística, esta

comunicação tem base teórica na linguística textual e nos estudos sobre o

ensino/aprendizagem de português para estrangeiros conforme postulado de

Silveira (1998) sobre o uso da abordagem comunicativa com enfoque

intercultural como elemento facilitador que pode ser utilizado para solucionar

entraves culturais e ideológicos presentes em língua. Se por um prisma o uso

do “Portunhol” preocupa os professores de português como língua estrangeira,

por outro reflete positivamente na preservação da identidade cultural boliviana

e em sua interação social, fator que pode ser utilizado no ensino de português

como língua estrangeira. Certamente o ensino de português como língua

estrangeira não está dissociado do ensino de cultura, uma vez que a língua é

um código social de uma comunidade que implica visões culturais e

ideológicas. Assim, no entendimento de Silveira (1998) o aprendiz adquirirá a

língua alvo no momento em que experienciar, compreender e interagir com as

formas de pensamento e conduta cultural dos falantes da nova língua. Para

esta comunicação fora utilizada a metodologia etnográfica de base qualitativa

que envolveu sessões colaborativas e entrevistas semiestruturadas com

bolivianos que frequentam o CAMI (Centro de Apoio ao Migrante). Os

resultados parciais demonstraram que a comunicação intercultural contribui

como elemento facilitador em situações de entraves culturais e normativos

presentes nas diferentes interações sociais.

Page 25: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

25

A EDUCAÇÃO NOS COLÉGIOS CONFESSIONAIS FEMININOS NO FINAL

DO SÉCULO XIX E PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

Ana Paula Sapaterra (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero

Este trabalho tem por objetivo analisar a educação nos Colégios Confessionais

Femininos que se instalaram no Brasil, em especial o Colégio Nossa Senhora

de Sion, em São Paulo, considerado um modelo ideal de educação, disciplina e

glamour para as meninas pertencentes a ricas famílias da sociedade paulista.

Desse modo, fez-se um levantamento histórico, cultural e social do final do

século XIX e primeira metade do século XX, com o objetivo de entender como

se portava a mulher nesse período, que função tinha na sociedade, e por que a

escolha de Instituições Católicas pela elite paulista para o ensino de suas

filhas, futuras damas da sociedade. Para tal, optou-se pela escolha da História

das Ideias Linguísticas (Auroux, Fávero, Molina) como vertente teórica para

subsidiar este trabalho.

Page 26: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

26

A VARIAÇÃO DA LINGUAGEM: O CASO DE BELA VISTA/MS

Ana Ribeiro (DINTER-UPM; UFMS)

Orientador: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves

A realização desta pesquisa teve como objetivo um estudo sociolinguístico

do município de Bela Vista/MS, com base no falar de seus moradores e,

sendo assim, detectar as variações linguísticas e extralinguísticas

provenientes das influências da língua espanhola, por se tratar de uma

região de fronteira com o Paraguai. Entende-se que a variação linguística faz

parte da história das línguas e que estes fenômenos variacionistas estão

diretamente relacionados a fatores diversos, como origem geográfica, idade,

sexo e escolaridade do falante, dentre outros fatores. Os dados que

compuseram o corpus do presente trabalho foram coletados por meio de

entrevistas com base no questionário do Atlas linguístico de Mato Grosso do

Sul, gravadas "in loco", com duração aproximada de quarenta minutos.

Foram entrevistados 16 informantes cuja escolaridade não ultrapassava o

quarto ano do ensino fundamental. A interpretação dos dados comprovou

que Bela Vistas/Brasil não sofre influências significativas do espanhol falado

no Paraguai no que tange à variação linguística neste município. Desse

modo, este trabalho é apenas um ponto de partida para que futuras

pesquisas sociolinguísticas deem continuidade a estudos mais detalhados

sobre a realidade linguística desta e de outras regiões de fronteira.

Page 27: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

27

DOIS MOMENTOS NA HISTÓRIA RECENTE DA LEITURA BÍBLICA:

A BÍBLIA COMO LITERATURA A PARTIR DE

ERIC AUERBACH E ROBERT ALTER

Anderson de Oliveira Lima (UPM)

Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel

Apresentamos dois momentos decisivos na história recente da leitura bíblica,

que foram as publicações de duas obras importantes que abordaram os textos

bíblicos a partir de uma perspectiva literária. A primeira dessas obras foi

Mimesis de Eric Auerbach, e a outra A Arte da Narrativa Bíblica de Robert

Alter. Examinaremos algumas das principais contribuições dos dois autores e

destacaremos a dependência que há entre eles, para daí enumerar os

principais pressupostos que definem a prática de leitura que diz ler a Bíblia

como literatura.

Page 28: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

28

LITERATURA E CONSUMO: CENOGRAFIA E ETHOS EM WEB-

MANCHETES

Anderson Ferreira (PUC/SP)

Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento

Ao desempenhar uma função mercadológica, a literatura de massa precisa,

além de um conteúdo que satisfaça ao consumidor final, de uma Indústria

Cultural alinhada às diversas redes de comunicação e informação. Na

contramão dessa lógica, encontra-se a literatura pensada como patrimônio

cultural, cuja valorização perpassa pelos aspectos éticos, estéticos e de

linguagem e que, embora precise de uma rede de comunicação e

informação para circular, não advém dela. Destacamos, como exemplo, o

livro Toda Poesia do poeta, tradutor e professor Paulo Leminski. O livro

supracitado esteve na lista dos mais vendidos no mês de março de 2013 nas

redes da Livraria Cultura, deixando para trás best-sellers consagrados nesse

período. Dito isso, nosso estudo visa a analisar a construção da cenografia e

da constituição do ethos discursivo em web-manchetes acerca da vendagem

do livro de Leminski. Objetiva-se verificar os efeitos de sentido possíveis nos

enunciados selecionados e identificar as marcas de subjetividade nas

amostras escolhidas. Para tanto, separamos seis web-manchetes retiradas

de pesquisa na web no site de busca Google, considerando que elas

noticiam um “acontecimento extraordinário”, a saber: o fato de um livro de

poesia de um poeta morto há 20 anos ter superado em vendas um best-

seller que vendeu mais de 40 milhões de livros em todo mundo. Nosso

estudo fundamenta-se na Análise do Discurso de linha francesa,

particularmente, nas propostas feitas por Dominique Maingueneau atinente à

cenografia e ao ethos discursivo. Notamos em nossas análises que o

enunciador, por meio da cenografia, apresenta uma batalha entre o poeta e

a literatura de mercado, já que o confronto se dá no campo do consumo, o

ethos do enunciador é constituído como aquele que valoriza a literatura em

detrimento à mercadoria representada pelo best-seller.

Page 29: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

29

PERSONAGENS EM REPORTAGENS: UM ESTUDO DO TEXTO “O CASO

BENSADON”, DE MARCOS FAERMAN

André Cioli Taborda Santoro (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo

O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir os conceitos necessários para

a compreensão de um processo diretamente relacionado à aproximação entre

o discurso jornalístico e o discurso literário: a construção de personagens.

Como hipótese principal, propomos que o uso de personagens se apresenta

como uma estratégia fundamental na elaboração de discursos jornalísticos

aprofundados, como a grande reportagem. O objeto de análise é a reportagem

policial “O Caso Bensadon”, de Marcos Faerman, publicada no Jornal da Tarde

em 10 de abril de 1971. A metodologia de análise se fundamenta em linhas

conceituais complementares. Em um primeiro plano, recorremos ao campo da

literatura. Autores como AntonioCandido (1970), Beth Brait (2006) e Oswald

Ducrot / Tzvetan Todorov (1991) foram usados para compor uma base

conceitual relativa à utilização de personagens nas obras literárias e em outras

formas de expressão. No campo jornalístico, utilizamos as considerações de

Carlos Rogé Ferreira (2003), que se dedicou a uma investigação sobre a

função social e comunicativa da reportagem e do livro-reportagem, a obra de

Edvaldo Pereira Lima (2004), que tem estudos sobre os mecanismos de

produção e as possibilidades de classificação desse tipo de obra, e os

conceitos de Sergio Vilas Boas (2003) sobre perfis, biografias e personagens

reais em narrativas jornalísticas. Os resultados preliminares da pesquisa

indicam que o uso de personagens na narrativa jornalística, especialmente na

produção da reportagem e do livro-reportagem (suporte ao qual nos dedicamos

de forma mais abrangente em outra parte da pesquisa), não se restringe a uma

estratégia de refinamento estético do texto, mas amplia o caráter informativo

desse tipo de discurso.

Page 30: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

30

CENÁRIOS URBANOS, ATORES PERIFÉRICOS E NARRATIVAS

MIDIÁTICAS

André Ribeiro Passos de Arruda (UPM)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

Esta pesquisa de mestrado, em andamento, buscará estabelecer uma reflexão

em torno das produções midiáticas dos jovens das periferias de São Paulo.

Aquelas cujos suportes são as mídias contemporâneas que conjugam as

produções em texto, imagem e som, “cruzando” linguagens na produção da

mensagem. Analisar-se-á os enunciados apresentados nas falas dos sujeitos

que constroem as narrativas estudadas, a partir dos conceitos de Dialogismo

(interatividade constitutiva – Maingueneau,2002), enunciação, discurso e

ideologia, tendo como base o referencial teórico da análise do discurso de linha

francesa e da teoria bakhtiniana. Os sujeitos assumem posições com relação

aos seus interlocutores diretos e aos seus co-enunciadores – “fenômeno da

modalização” (MAINGUENEAU,2002). Os enunciados construídos convocam

outros sujeitos a posicionarem-se. Ao mesmo tempo que estes enunciados

estabelecem uma relação dialógica com outros enunciados externos a

“situação enunciativa” apresentada (Fiorin,2008). A partir da análise das

narrativas audiovisuais, procurar-se-á verificar como transparecem nos

discursos, diferentes formações discursivas. Quais formações sociais estariam

presentes nas vozes dos sujeitos. E se estas constituiriam fonte importante na

construção das identidades dos adeptos das práticas discursivas estudadas.

Na proposta bakhtiniana, ideologia pode ser pensada a partir do “signo

ideológico” visto como reflexo da realidade (Bakhtin/Volochínov,2010). Beth

Brait evoca o conceito bakhtiniano de “movimento” ao explicar o que esta

proposto na discussão do circulo de Bakhtin sobre ideologia, ao estabelecer

que a “ideologia oficial” (dominante) e a “ideologia do cotidiano” (múltipla):

“...formam um contexto ideológico completo, único...” (Brait:2010). As fontes

documentais estudadas até o momento são curta-metragens, em vídeo digital,

elaborados por jovens participantes de projetos sócio-culturais de organizações

do terceiro setor (ONG´s predominantemente) que trabalham com a linguagem

Page 31: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

31

do audiovisual, tendo como proposta o trabalho em vídeo como: forma de

inclusão social, como construção de memória, exercício da cidadania - ao

abordar temáticas específicas – e/ou a profissionalização (ou semi-

profissionalização) em cinema e tv.

Page 32: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A CONSTRUÇÃO COGNITIVA DA INTERAÇÃO VERBAL: UMA ANÁLISE

DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS CAUSAIS E CONCESSIVAS

André Vinicius Lopes Coneglian (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves

A interação verbal é estruturada por normas e convenções socioculturalmente

estabelecidas, em que, estão presentes o falante e o ouvinte, com suas

respectivas informações pragmáticas e intenções comunicativas, como já

explicou Dik (1997). A essa estruturação funcional, corresponde a construção

cognitiva da interação verbal formalizada na Base Comunicativa (Basic

Communicative Space Network, BCSN), uma especificação da teoria dos

espaços mentais, proposta em Sanders et al (2009). No modelo da BCSN,

parte-se do pressuposto de que na interação os espaços correspondentes à

interação falante-ouvinte (ato de fala), à inter-relação dos processos de

arrazoamento do falante (epistêmico) e à formalização do evento

conceptualizado (conteúdo) estão disponíveis “gratuitamente”. O conjunto

formado por esses três espaços corresponde à noção de ancoragem

enunciativa, já o conjunto dos dois primeiros espaços, ao centro dêitico de

comunicação, por esse motivo a BCSN apresenta-se como um modelo que

explica a construção subjetiva do significado na linguagem. Neste trabalho,

apresenta-se uma análise das orações adverbiais causais e concessivas do

português brasileiro em uso circunscrita nesse modelo cognitivo da interação

verbal. Como amostra de análise, escolheram-se as orações adverbiais

causais introduzidas por já que e as orações adverbiais concessivas

introduzidas por se bem que. Objetiva-se mostrar que, nas orações adverbiais

causais, o item juntivojá que é descritivo no objeto de conceptualização,

portanto, subjetivo; na orações adverbiais, o item juntivose bem que é

argumentativo no sujeito de conceptualização, portanto, intersubjetivo. Por fim,

discute-se a validade do modelo proposto pela BCSN para o tratamento das

orações causais e das orações concessivas, argumentando que principalmente

para as orações concessivas, nas quais existe uma inconsistência entre as

expectativas do ouvinte e a construção do evento por parte do falante, o caráter

subjetivo da BCSN não é o suficiente para explicar a construção do significado

no enunciado concessivo.

Page 33: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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TERMINOLOGIA: UM ESTUDO DO VOCABULÁRIO DO CAMPO DA

MEDICINA

Andrea Sampaio Volpe (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza

Essa pesquisa situa-se no campo da Lexicografia e está delimitada a estudos

que tematizam a Terminologia: um campo de estudos que se ocupa dos

chamados vocabulários de especificidades - aqueles que qualificam o

vocabulário geral das línguas humanas. O objeto dessa investigação está

delimitado à terminologia e incide sobre o vocabulário do campo da medicina:

aquele que qualifica ou tipifica o (s) modo(s) de denominar para dizer

conhecimentos de mundos próprios dessa área científica ou tecnológica.

Segundo Moirand (1993, o terminólogo, ao contrário do lexicógrafo, precisa

considerar que o vocabulário por ele investigado tem por referência um léxico e

uma sintaxe específica; razão por que o objetivo geral da pesquisa está voltado

para a compreensão dos processos que possibilitam identificar o grau de

especificidade dessa modalidade de uso. Tem-se por pressuposto que o

desconhecimento da abrangência terminológica desse campo do saber

inviabiliza a negociação desses significados das palavras usadas nas

interações entre o médico e a maior parte dos seus pacientes. Um dos

objetivos específicos da pesquisa está voltado para a seleção de um corpus

que, analisado pelo ponto de vista da etimologia, possibilitará ao pesquisador

identificar os modelos de composição desse vocabulário, pelo resgate das

raízes e radicais do vocabulário greco-latino, por um lado. Por outro lado,

busca-se descrever os termos medicinais mais frequentes em português de

modo a permitir associações entre seus significados, no espaço ocupado pelos

discursosinscritos nas fronteiras da comunicação entre os cientistas, os

tecnólogos e o público que dele faz ou precisa aprender a fazer uso. A esse

objetivo segue-se à organização desse vocabulário por campos semânticos,

considerados os graus de equivalência com a construção de campos

discursivos propriamente ditos, para situar os graus de popularização desse

vocabulário.

Page 34: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

34

O MUNDO ATUAL E A SALA DE AULA

Anne Cristina Barbosa Peres (UPM)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

Ao longo da história, o homem criou diversos meios para aprimorar o convívio e

a comunicação. Se olharmos para trás, observaremos que muitos

instrumentos, que, foram considerados extraordinários são vistos como

instrumentos comuns – televisão, telefone, rádio - presentes no cotidiano de

qualquer sociedade.Buscar novas estratégias que possam ajudar os alunos a

estudar, pesquisar e ler é função do professor. O computador empregado como

um recurso educacional, com a finalidade de incluir e acrescentar informações

no ensino pode ser um grande aliado no processo ensino-

aprendizagem.Estamosdiante de uma sociedade em transformação, antes

tínhamos uma sociedade automatizada e fomos modificando-nos, ao longo do

século XX e início do século XXI, para uma sociedade tecnológica, assim como

a sociedade apresentada por Gil Vicente, no Auto da Barca do Inferno, também

sofria grandes transformações e apresentava grandes descobertas e

conquistas. O intuito da leitura e da reescrita dessa obra vicentina é despertar e

motivar o adolescente para ler o cânone literário e identificar os valores

permanentes no ser humano.Passam eras, passam civilizações, passam

gerações, no entanto, eles continuam os mesmos, são como alguns textos

literários: atemporais. Diante desse novo mundo, a introdução das TICs na

educação deve ir além da visão limitada somente aos benefícios técnicos e à

conexão com a internet. Essa introdução deve evidenciar uma preocupação do

ponto de vista pedagógico, ou seja, deve desafiar o aluno a criticar,

problematizar, questionar, a fim de que ele construa seu próprio conhecimento.

Como fundamentação teórica temos os PCNEMs, Setzer, Ferrete, Moran,

Costa, Soares e Lima e, por fim, Paulo Freire.

Page 35: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A LINGUAGEM INVISÍVEL DA TIPOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DE

SENTIDO EM CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS ALL TYPE

Brunelly Lopes da Silva (UPM)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

O signo linguístico, ou seja, a representação gráfica da palavra atrelada a

sua acepção de matéria ou elemento circunscrito no mundo natural precede

sua própria representação sonora. Sabe-se que a imagem foi a unidade de

maior representatividade na comunidade primitiva e, com o advento das

tecnologias digitais, seu desenvolvimento tem ocorrido de maneira gradativa,

de maneira igualmente proporcional ao seu intenso reconhecimento para a

sociedade atual, todavia, o que carece a muitos, sobretudo àqueles menos

comprometidos com o aspecto visual, é o “saber ver”, isto é, a competência

por detrás do ato de depreender o substrato simbólico da imagem e o quid

de sua abstração, em detrimento do simples olhar, por vezes desprovido de

interpretação. O objeto de análise da pesquisa em questão é a função atual

da Tipografia no contexto da linguagem visual como elemento-chave na

construção de sentido e, portanto, pilar de sustentação da verbo-visualidade.

A forma da palavra, aliás, geralmente está atrelada à estética visual quando,

na realidade, ela contribui para a construção de sentido tanto quanto o

próprio conteúdo textual. O que se propõe, então, é a percepção do

elemento gráfico como um signo que transpõe a psicologia da Gestalt e, por

conseguinte, traz consigo, em seu interior, diversas vozes que dialogam

entre si e com o contexto sócio-históricointerdiscursivamente. Há muitas

fontes tipográficas que fazem parte da história e representam essa relação

em sua forma. A questão por detrás da proposta em questão, em suma, é o

“saber ver”, ou seja, uma a nova percepção visual. Para tanto, cabe a esta

pesquisa abarcar a existência de efeitos de sentido na combinação entre

texto e imagem, por meio do ingresso no arcabouço da análise do discurso

de linha francesa, possibilitando um viés dialógico a partir da análise de

companhas publicitárias all type, isto é, essencialmente tipográficas.

Page 36: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

36

O MENINO: A INTERDISCURSIVIDADE E O PROCESSO DISCURSIVO NO

TEXTO DE CHICO ANYSIO

Caio Vinícius Catalano (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Dentro do universo literário, muitos são os textos que conseguem despertar o

entusiasmo pela leitura, fazendo com que o leitor tenha algum prazer pela

organização das palavras, frases e orações ali apresentadas. Mesmo textos

curtos, compostos de poucos períodos e sem elaborações sintáticas mais

sofisticadas, conseguem transmitir ao interlocutor uma gama de sensações,

legitimadas pela tessitura textual. Um dos questionamentos mais pertinentes

nessa relação diz respeito a descoberta dos atrativos textuais. Qual a fórmula

da qual o enunciador faz uso para deixar seu espaço discursivo tão convidativo

e interessante? Como se engendram todos os recursos discursivos dentro

desses enunciados? Este trabalho tem como objetivo a análise do texto O

menino, do humorista Chico Anysio, procurando elucidar como a

interdiscursividade tem papel fundamental no processo discursivo do

enunciador na formação de seu enunciado. Buscou-se verificar como a

articulação e relação de discursos contraditórios, presentes na formação

discursiva, complementam-se e completam-se para gerar o sentido maior do

texto, estabelecendo uma relação fundamental, ilustrativa de dialogismo. Outro

ponto importante a ser verificado foram as estratégias discursivas utilizadas

pelo sujeito enunciador, que através de articulações e organizações

gramaticais conseguiu deixar o seu espaço enunciativo mais atrativo para o

enunciatário, conquistando a adesão através da dualidade de discursos, ao

mesmo tempo em que aumenta a carga semântica de seu texto, objetivando

um maior entendimento e compreensão do enunciado. O embasamento

teórico são os pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa de

Dominique Maingueneau referentes ao interdiscurso e os estudos de Mikhail

Bakhtin acerca do dialogismo, fenômeno constitutivo do discurso, assim como

alguns conceitos que compõem esse processo, como plurivalência e

mobilidade do signo.

Page 37: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

37

A NOÇÃO DE AUTOR NOS ARTIGOS DE OPINIÃO DE CLAUDIO DE

MOURA CASTRO

Carlos Alberto Baptista (PUC-SP)

Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento

O presente trabalho visa a estudar a noção de autor nos artigos de opinião de

Claudio de Moura Castro. O economista publica, mensalmente, na Revista Veja

e seus textos geralmente abordam assuntos relacionados à educação. Esses

artigos são, com frequência, recebidos com críticas severas, principalmente, de

educadores, pois consideram que a opinião do autor se baseia apenas em

dados estatísticos, desvinculada da prática pedagógico-educacional.Na

interação discursiva entre produção e recepção desses textos, cria-se uma

imagem polêmica de autor. Por causa da vinculação de seu estatuto de autor a

uma instituição discursiva específica - da economia - e também pela sua

condição de autor de um gênero de discurso, configura-se uma autoria

específica. Nessa ótica, pretendemos examinar como opera a noção de autor

no artigo de opinião de Claudio de moura Castro e como o gênero de discurso

e as instituições das quais essa interação discursiva participa interagem nessa

operação. Para tanto, a pesquisa fundamenta-se no estudo sobre a função-

autor de Foucault (1997) e nas pesquisas de Rodrigues (2001) e Alves Filho

(2005;2006) sobre autoria e gêneros do discurso. Nosso enfoque é enunciativo-

discursivo, recorrendo aos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do

Discurso de linha francesa, que possibilitam um abordagem interdisciplinar,

articulando texto às condições sócio-históricas de produção do discurso. As

condições sócio-discursivas em que se inserem o artigo de opinião permitem

que se edifique uma autoria híbrida, afetada pelo caráter sócio-profissional do

autor. Assumir a posição de autor articulista implica na valorização da fala,

emergindo o ethos da credibilidade e autoridade.

Page 38: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

38

A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO DA PERSONAGEM MARIA

MOURA, DE RACHEL DE QUEIROZ

Caroline Batista Fantini de Novais (PUC-SP)

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira

Nossa história revela como as mulheres foram tratadas de maneira

diferenciada e inferior aos homens. A imagem feminina hoje é investigada a

partir de marcas persuasivas seculares, que não estão necessariamente

explícitas, mas se revelam implicitamente na construção argumentativa. Na

conquista da emancipação feminina, há exemplos de mulheres como Maria

Moura, uma das personagens mais intrigantes de Rachel de Queiroz que,

através de uma construção discursiva baseada no universo patriarcal,

transpassa sua condição de “sinhazinha”, assumindo uma postura de mulher

que luta pelos seus ideais. A partir do exposto, questiona-se: como, no plano

discursivo, a influência masculina contribuiu para a constituição do ethos

feminino da personagem? Analisar, na perspectiva da Retórica, a constituição

do ethos da personagem Maria Moura, através das estratégias retóricas

responsáveis pela eficácia do discurso e de sua potencialidade persuasiva.

Analisaremos Amossy em Imagens de si no discurso (2005), para justificar a

afirmação: “quanto mais o homem aprimora a sua capacidade de lidar com a

linguagem maior será a sua condição de transfigurar a posição de ‘ser natural’

para ‘ser social’”. Para fundamentar as bases da ciência retórica, lançaremos

mão da obra de Aristóteles, bem como Retóricas de ontem e hoje (2004), de

Lineide Mosca, para justificar como a Retórica implicou em controvérsias,

discussões e como consequência, de novas opiniões. A pesquisa será

descritiva-quantitativa. A seleção de material – o romance, além do gosto

pessoal, contém elementos discursivos para que possamos compreender a

estrutura do ethos feminino. Passos: uma leitura geral, referente ao plano

discursivo, para que possamos analisar o ethos e o espaço onde ocorre a

prática discursiva. Descreveremos sobre a construção do ethos configurada no

romance. Em seguida, abordaremos a metodológica e, por fim, destacaremos

possíveis estudos que a análise retórica proporciona.

Page 39: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

39

AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E ARQUITETURA NO ROMANCE

CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA, DE LÚCIO CARDOSO

Cléber Luís Dungue (PUC/SP)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Junqueira

Em Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso, é possível demarcar um

projeto literário que dialoga com a arquitetura, que se pauta por um certo

percurso também feito pelo arquiteto. A vocação arquitetônica do texto é

reforçada já na folha de rosto do livro, na qual se encontra a planta da casa e a

localização de outros espaços importantes da narrativa. O signo “casa”, que

aparece no título, remete o olhar do leitor para uma estranheza:

antropomorficamente, ela é o ser cujo assassinato (com efeito, a sua

destruição) será recuperado, remontado ou recontado por meio de gêneros

textuais diversos (cartas, diários, confissões, depoimentos) e a partir da

percepção de personagens que se alternam como voz de enunciação: André,

Nina, Valdo, Betty, Ana, Timóteo, Padre Justino, o médico, o coronel e o

farmacêutico. Em certa medida, a destruição da casa, pode ser vista como

resultante dos descaminhos do desejo, mas também da fragilidade da sua

estrutura. Cardoso dizia que por meio desse livro pretendia derrubar a casa

mineira, com seu conservadorismo decadente, que resguarda preconceitos,

hipocrisias e a excessiva preocupação com as aparências. Assim pensando

nas especificidades literárias de cada espaço da casa, nosso estudo orienta-se

pelas seguintes interrogações: é possível pensar em uma poética do espaço a

partir da observação dos planos internos e externos da casa? De que modo os

espaços dizem dos personagens? Como a degradação da casa dos Meneses e

do corpo da protagonista Nina dialogam com a perspectiva arquitetônica? De

que modo se dá a passagem da arquitetura da casa para a arquitetura do

texto? Nesse sentido, visando a relações de suplementaridade entre a

arquitetura e o texto literário, vamos observar, entre outras coisas, como se

realizam as aproximações e distanciamentos entre o espaço arquitetônico e o

narrativo. Para tanto, serão importantes os estudos de Gaston Bachelard, Le

Page 40: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

40

Coubusier e Evaldo Coutinho sobre o espaço da casa. Os textos desses

autores trazem importante contribuição para se entender a sintonia entre a

planta da casa dos Meneses e o projeto literário de Cardoso. Já o texto de

Escrever, de Marguerite Duras, nos ajuda a pensar a casa como um topos

literário que aproxima a escrita do processo de construção arquitetural.

Page 41: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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ESPAÇO SOCIAL E LUGAR: CINZAS DO NORTE, DE MILTON HATOUM, E

NADIE NADA NUNCA, DE JUAN JOSE SAER

Cristhiano Motta Aguiar (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Este trabalho, fruto de pesquisa de doutorado em andamento, propõe uma

leitura comparada dos romances Cinzas do Norte, do brasileiro Milton Hatoum,

e Nadie Nada Nunca, do argentino Juan Jose Saer. O eixo estruturador do

debate será realizado a partir das ideias de espaço e lugar. No caso do escritor

amazonense, sua obra pode ser lida como um projeto ficcional que procurará, a

cada romance, refletir a respeito da formação de uma espacialidade construída

a partir de tensões sociais, econômicas e ecológicas. Neste sentido, as

formulações de Henri Lefebvre e Edward Soja a respeito do espaço social

serão importantes nesta dicussão. Acompanhar a formação de um espaço

social oriundo de uma modernização conservadora, sustentamos, conecta a

obra de Hatoum a certas preocupações do Romance de 30, principalmente na

sua vertente muitas vezes chamada de Regionalista. Se, contudo, a obra de

Hatoum é regionalista, será uma questão que abordaremos com cautela. Por

outro lado, encontraremos na obra de Juan Jose Saer uma tentativa de

“desproduzir” o espaço social. Assim como Cinzas do Norte não se reduz ao

“nacional” ou ao “social”, a “desprodução” do espaço social em Nadie Nada

Nuncanunca deixará de levar em conta um contexto social e político. No caso

de Saer, interessa ao seu narrador, como bem diz Beatriz Sarlo, “narrar a

percepção”. Nesta atenção fenomenológica ao espaço presente na obra de

Saer, sustentamos que existe uma crítica às noções tradicionais (e por vezes

autoritárias) de Lugar, Nação e Região. Logo, no tocante às discussões a

respeito do Lugar, as ideias de Marc Augé sobre Lugarese Não lugares serão

uma das bases teóricas da discussão proposta.

Page 42: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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O DISCURSO DE BRAULIO TAVARES EM SEU TEXTO PUBLICADO NA

ORELHA DA PEDRA DO REINO DE ARIANO SUASSUNA

Cristiane Bachiega Yamamura (UNICSUL)

Orientadora: Profa. Dra. Guaraciaba Micheletti

Sob a perspectiva dos estudos estilísticos, a presente comunicação analisa o

texto de Braulio Tavares, publicado na orelha do livro Romance d’a Pedra do

Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (2012), de Ariano Suassuna. Para

tanto, optamos por tratá-lo como resenha, uma vez que sua linguagem – de

ordem rebuscada e formal – revela a voz de um enunciador pesquisador e

estudioso deste romancista nordestino. Subsidiar-nos-emos da “Estilística da

Palavra” e da “Estilística da Enunciação” propostas por Nilce Sant’Anna Martins

(2003), a fim de identificarmos o estilo do resenhista, considerando seu

posicionamento frente à obra de Suassuna, conforme a constituição de um

ethos discursivo que se favorece de escolhas lexicais, cujos adjetivos se

destacam nessa construção. Desse modo, consideraremos, também, os

estudos de Émile Benveniste (1988) e Dominique Maingueneau (2005).

Observando a intenção do enunciador ao apresentar o Romance, o trabalho

será organizado em duas partes. Na primeira, far-se-ão algumas considerações

teóricas gerais sobre as teorias que fundamentarão a análise de modo a

favorecer a compreensão da discursividade articulada ao gênero.

Destacaremos as avaliações/julgamentos do enunciador, conforme nos são

reveladas à medida que se utiliza de uma grandiloquência para descrever a

obra e marcar sua opinião. Na segunda parte, apresentar-se-á a análise do

discurso de Braulio Tavares, evidenciando as marcas de intencionalidade

reveladas pela construção de um ethos identificado como sendo conhecedor

daquele escritor e que, consequentemente, enaltece o Romance. E é esse

ethos especialista e capaz de julgar (avaliar e apreciar) o Romance, que gera

credibilidade ao seu coenunciador.

Page 43: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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ANÁLISE DAS DIFICULDADES DE LEITURAE ESCRITA

Damares Souza Silva (PUC-SP)

Orientadora:Profa. Dra. Melania Moroz

O presente estudo teve como objetivo avaliar o repertório de leitura de 40

alunos que freqüentam a 3 série do Ensino Fundamental de uma escola pública

estadual e que, segundo seus professores, apresentam desempenho

insatisfatório, identificando-se os tipos de dificuldades existentes.

Adicionalmente, avaliaram-se dois repertórios relativos à escrita: o de cópia e o

de construção de palavras ditadas. Os dados foram coletados com a aplicação

do Instrumento de Avaliação de Leitura - Repertório Inicial (IAL-I), com o auxílio

do Software Mestre. Apoiando-se no paradigma de equivalência de estímulos,

o IAL-I avalia o desempenho dos alunos, a partir de relações entre três

modalidades de estímulos: Som (A), imagem/figura(B), Texto (C). Além de

avaliar a leitura, o IAL-I avalia dois repertórios relacionados à escrita: a cópia e

a construção de palavras ditadas. Os dados coletados pelo referido instrumento

mostraram que os participantes identificaram, de modo satisfatório, as letras do

alfabeto e os itens da relação (CC) (palavra escrita- palavra escrita). Um nível

de baixo desempenho foi apresentado quando os alunos foram submetidos às

tarefas da relação (BC) (figura- palavra escrita), (CB) (palavra escrita - figura),

(AC) (palavra ditada - palavra escrita); foi constatado um índice de maior

dificuldade quando os itens de tais relações apresentavam palavras com

sílabas complexas. Quanto aos erros observados, verificou-se que alguns

participantes confundiam as letras b, p, e d e também as letras m e n. Os

participantes invertem o uso do s e do z, em palavras com sonorização

semelhante; há também troca de letras nas palavras compostas por /s/, /ss/, /ç/

e por /r/, /rr/. Foi constatado que há interferência do aspecto fonológico das

palavras e que há o desconhecimento dos alunos sobre as regras ortográficas

que envolvem o uso das referidas letras, na leitura e na escrita.

Page 44: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA DA PEÇA

BEIJO NO ASFALTO, DE NELSON RODRIGUES

Daniel De Thomaz (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

A questão das adaptações das obras literárias para o cinema é objeto de

pesquisa no meio dos estudos literários. Diversos autores, entre eles o norte-

americano Robert Stam, procuram identificar em suas análises aspectos que

identifiquem a permanência ou não da estrutura original da obra nessa

decodificação de uma linguagem para outra. Muitas vezes, a essência é

mantida, mas aspectos de cada obra tais como aqueles que sofreram

deslocamentos de tempo e espaço ou apropriação ideológica, são alterados de

forma significativa, constituindo assim, senão uma co-autoria, uma nova obra,

independente e original nascida dessa relação dialógica entre livro e filme. O

presente estudo se propõe a identificar essas características na adaptação da

peça teatral de Nelson Rodrigues, “O Beijo no Asfalto”, de 1961, para o filme,

de mesmo nome, dirigido por Bruno Barreto e produzido vinte anos depois da

criação da peça, em 1981. A partir da análise fílmicada produção

cinematográfica brasileira nos anos 80, o pesquisador Ismail Xavier em seu

livro “O Olhar e a Cena” (Cosac &Nayf, 2003), aponta com precisão

características marcantes do período que cunhou como “segunda onda de

adaptações”, ocorrido entre os anos 1978 e 1983. Além da forte influência da

televisão no chamado “cinemão”, patrocinado pelas verbas públicas da

Embrafilme, o autor discute outros vieses que sofreram significativas

transformações na adaptação de Barreto. Entre eles, o naturalismo, presente

na gênese da chamada “tragédia carioca”, termo atribuído pelo crítico Sábato

Magaldi à produção rodriguiana a partir do final dos anos 50, e a rentabilização

do erotismo, esta completamente ausente na obra original e na maior parte da

produção teatral do autor.

Page 45: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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BRANCA DE NEVE TRANSMÍDIA:

LITERATURA, CINEMA, JOGOS E PRODUTOS

Débora Cibele de Benedetto e Silva (UPM)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

Aproximadamente cem anos após sua primeira publicação em Contos de

Fadas para Crianças e Adultos, de Jacob e Wilhelm Grimm, o conto Branca de

Neve ganha, em 1937, uma versão fílmica produzida pelos estúdios Disney;

trata-se da animação Branca de Neve e os Sete Anões, a primeira animação

de longa-metragem da história do cinema.

O enorme sucesso de Branca de Neve e os Sete Anões confere a essa versão

o caráter de uma das versões definitivas do conto original registrado pelos

Irmãos Grimm. Além disso, a versão Disney acaba por influenciar inúmeras

produções posteriores a ela. A partir de seu filme, a empresa Disney lança

extensões da história em diferentes mídias, como atrações em parques

temáticos e uma linha de produtos diversos. Tal prática reflete a mentalidade

transmidiática que caracteriza a empresa e que é destacada e justificada em

sua declaração de missão: “usando um portfólio de marcas para diferenciar

nosso conteúdo [...] nós almejamos desenvolver o entretenimento e os

produtos mais criativos e rentáveis do mundo”. Por transmídia, entende-se o

transmitir de mensagens, temas ou histórias através de diferentes plataformas

de mídia que se complementam, cada uma com igual importância. Com Branca

de Neve e os Sete Anões, uma nova maneira de interação com o os contos de

fadas é inaugurada: suas extensões transmidiáticas proporcionam ao público

maior poder de interação com as personagens e com o universo da narrativa e,

além disso, podem ocasionar um aumento de nichos de consumidores da

história. Um estudo acadêmico sobre os filmes e extensões transmidiáticas

produzidos pela Disney pode nos levar a compreender de que maneira o

público, de modo geral, relaciona-se com os contos na atualidade. Para tanto, o

presente trabalho propõe um diálogo entre literatura, cinema e comunicação, e

apresenta um percurso analítico que parte da análise literária do conto dos

Grimm, avança para reflexões acerca da versão fílmica produzida pelo estúdio

Disney e, finalmente, debruça-se sobre algumas das extensões transmidiáticas

de Branca de Neve e os Sete Anões.

Page 46: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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O ETHOS EM REVISTAS INSTITUCIONAIS

Déspina Maria Iliadis Nogueira (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

A proposta deste estudo é analisar a construção do Ethos na comunicação

institucional do Mackenzie, presente em dois textos da Revista Mackenzie, os

quais abordam as comemorações de aniversário da Universidade Presbiteriana

Mackenzie em dois momentos: os 50 anos e os 60 anos de fundação da

Universidade. A escolha por esses dois momentos obedeceu aos seguintes

critérios: 1. a importância das datas comemorativas para a Universidade,

resultando em ampla cobertura jornalística; 2. presença do Ethos Discursivo na

comunicação institucional, espelhado nas diretrizes da missão, visão e valores

de uma instituição presbiteriana – o Instituto Presbiteriano Mackenzie,

fortemente presente na linguagem da revista, mesmo considerando o período

de 10 anos existente entre um evento e outro. Esta análise pretende responder

à seguinte questão: De que maneira a cobertura feita nas comemorações dos

50 e 60 anos da Universidade Presbiteriana Mackenzie pela Revista Mackenzie

foi instrumento revelador do Ethos? Para isso, procuramos demonstrar, por

meio da análise de elementos linguísticos e extralinguísticos, o

estabelecimento de traços característicos do “Ethos” e verificar que a

linguagem institucional da Revista Mackenzie é perpassada por um discurso

único, identificado nos textos expostos e que corroboram com a imagem que a

Instituição apresenta. Os referenciais teóricos que norteiam este trabalho têm

por base a Análise do Discurso Francesa, especialmente a proposta de

Maingueneau.

Page 47: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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DJANGO E A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA:

A FORMAÇÃO DO MITO OCIDENTAL E O DRAMA DO NEGRO

Douglas Sáppia (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Lílian Lopondo

Desde a estreia em 1992, com o título “Cães de Aluguel”, Quentin Tarantino

mostrou-se ao público na qualidade de crítico do juízo estético no tratamento

da narrativa fílmica, no âmbito da crise de criatividade da Indústria da Cultura.

Dois anos mais tarde, surge sua obra-prima, “PulpFiction”, a render-lhe o ícone

de cineasta de filmes de violência, cujas cenas de sangue são forma de

expressão. Não obstante, reside em “DjangoUnchained” (2013), o aspecto que

o distingue dos demais roteiros originais do diretor (já experimentado em

“InglouriousBastards”, 2009): mistura entre realidade histórica e ficção, isto é,

uma História alternativa da sociedade ocidental. Assim, investiga-se o

fundamento histórico desta última produção cinematográfica em razão de fugir

à lógica narratológica de grande parte dos filmes de Tarantino. Nesse sentido,

observa-se que, em tese, o roteiro de Django traz uma trama que retrata o

conflito étnico que desencadeou a guerra civil americana, no concernente à

busca pela liberdade, a segregação e as conseqüências socioeconômicas das

discussões abolicionistas, ao passo que ridiculariza organizações racistas com

ironia e violência inerentes à linguagem do Cinema. À medida que o enredo se

desdobra, o protagonista se constitui como um mito de libertação americano,

ameaçando os senhores de propriedades rurais do sul estadosunidense com

frases de efeito: “expect me likeyouexpect Jesus to come back”. Esta análise

se baseia na economia crítica acerca da relação entre Cinema e Indústria, sob

a ótica dos escritos de Anatol Rosenfeld. Django se configura, portanto, como

uma paródia da formação brutal da consciência norte-americana, que à época

já era considerada nação de progresso, o que se dá em vista de um forte

componente contextual juntamente a aproximação do fato aos elementos

oriundos do universo discursivo numa perspectiva historiográfica, pautada na

interpretação das respectivas mentalidades.

Page 48: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A CATÁBASE NOS JOGOS ELETRÔNICOS:

A JORNADA DO HERÓI DIGITAL

Edmundo Gomes Junior (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma análise das estruturas

narrativas dos jogos GodofWar,Castlevania e Dante’s Inferno, no que concerne

à manifestação da catábase, conceito magistralmente trabalhado por R. M.

Rosado Fernandes no volume XLV da revista HVMANITAS (1993), inspirado

na obra de Xenofonte. Ao trabalhar os mitos em aulas de Literatura foi possível

notar que a maioria dos alunos, sobretudo os meninos, eram familiarizados

com alguns heróis e personagens mitológicas graças a esses jogos. Foi

detectado, porém, que em sua maioria há alteração dos mitos ou do conceito

original do protagonista da obra que inspirou o jogo, como no Inferno de Dante,

por exemplo, onde o poeta é transformado num cavaleiro das cruzadas. Tais

mudanças trazem o questionamento se o jogo, mesmo como assumidamente

entretenimento de massa, serve como objeto estético de análise e como

instrumento de acesso ao texto original. O universo digital ainda é uma

incógnita aos círculos acadêmicos, sobretudo em termos epistemológicos,

porém sua indústria mobiliza bilhões, tornando-se nos últimos anos a indústria

de entretenimento mais lucrativa. A análise da estrutura narrativa dos jogos

eletrônicos demonstra, porém, que mesmo sob a forma mais moderna de

contar uma estória, os heróis dos videogames ainda seguem a estrutura da

jornada do herói, descrita por Joseph Campbell em O poder do mito e o

sistema de objetos modais identificados por A. J. Greimas. Dentre os jogos

analisados, podemos notar que a catábase, isto é, a descida ao mundo inferior,

torna-se um ponto fundamental da narrativa lúdica, seja para a obtenção do

objeto modal, ou para o precedente da anábase, em que o herói sai do inferno

fortalecido.

Page 49: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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MARCAS DO FANTÁSTICO EM MACHADO DE ASSIS: UMA LEITURA DO

CONTO “O ESPELHO:

ESBOÇO DE UMA NOVA TEORIA DA ALMA HUMANA”

Edner Morelli (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral

Este trabalho possui o intento de realizar uma leitura do conto O espelho

(1882) de Machado de Assis, pautando-se em alguns dispositivos teóricos da

literatura fantástica. Para isso, apresentaremos, sumariamente, o ponto de

partida histórico do gênero, assim como algumas marcas estruturais desse tipo

de narrativa, apoiando-se, basicamente, nos estudos de Todorov (1975). Em

seguida, exporemos nossa aproximação analítica entre o texto machadiano e a

teoria proposta. Convém ressaltar brevemente que o método científico deste

trabalho apoia-se na articulação bibliográfica entre a teoria do gênero fantástico

e a análise literária do conto machadiano. Quando pensamos na obra de

Machado de Assis, surge certo estranhamento ao estabelecer relações de sua

produção com a categoria do fantástico, por razões óbvias e já sabidas:

Machado de Assis representa, dentro de uma tradição literária brasileira, o

escritor realista por excelência. Porém, se nos atentarmos para algumas de

suas narrativas, percebemos ligações com o gênero em destaque. É lícito

ressaltar que essa aproximação pretendida aqui não se faz de maneira

verticalizada, no entanto, marcas da literatura fantástica fazem-se presentes

em algumas narrativas machadianas. Só para ficarmos com alguns exemplos,

podemos trazer à baila o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, os

contos A Igreja do Diabo, Entre Santos etc. Nossa problematização pretendida

é justamente perceber em que medida o conto O espelho insere-se em

dispositivos próprios da literatura fantástica? De acordo com a articulação

realizada aqui entre a teoria apresentada e a leitura crítica realizada, fizeram-se

evidentes algumas marcas estruturais, ei-las: o elemento da hesitação entre o

leitor e o objeto narrado tão caro às narrativas fantásticas, assim como a

categoria do narrador em primeira pessoa, conferindo ao discurso narrado a

confiabilidade e autoridade verossímeis necessárias do gênero, são alguns

elementos encontrados em nossa leitura. Além do mais, o conto em questão

projeta-se em multiplicações especulares dos elementos da narrativa (tempo,

Page 50: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

50

espaço e personagem), sendo que a fragmentação totalizante do conto

corrobora para o núcleo sobrenatural da trama, outra marca da literatura

fantástica.

Page 51: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Elen Del Sole (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna

No ensino de língua estrangeira, além da capacidade cognitiva e da aptidão, é

relevante que o aluno desenvolva “um desejo de identificar-se com os

membros da cultura estudada” (Acton e Felix in Valdes, 1990). Esse movimento

em direção à identificação com os membros da nova cultura propicia uma

orientação integrativa e é considerado como de grande valia na motivação e no

progresso do aluno na aprendizagem da língua estrangeira. Guiora (1990)

denominou “limiar da aculturação” (“acculturation threshold”) o processo pelo

qual o estudante de língua estrangeira atravessa a fim de adquirir significados

cognitivos e sociais para que a aquisição da língua incorpore a cultura

estudada de forma efetiva. Ao longo desse processo de aculturação, há a

criação do que se pode chamar de uma “nova identidade”. Sob essa

perspectiva, no decorrer do processo de aculturação no ensino de uma língua

estrangeira e ao estabelecer uma identificação com a língua de chegada, a

aprendizagem tem maiores chances de ser bem-sucedida. A nova persona que

o aluno desenvolve seria a expressão mesma da aculturação em seus

primeiros estágios de sucesso. O objetivo desta pesquisa em curso é o de

registrar a ocorrência dessa “nova identidade” no processo de aculturação. A

finalidade é a de analisar como habilidades interculturais podem ser

desenvolvidas ao longo do processo de aculturação em ambiente de ensino. O

método utilizado é o da observação direta de aulas para adultos brasileiros em

cursos de ensino de inglês que fazem uso de material intercultural. A

observação versa sobre como comportamentos relacionados ao etnocentrismo

e ao descentralismo refletem-se no discurso e na competência comunicativa do

aluno.

Page 52: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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DESPERTANDO O PENSAMENTO CRÍTICO COM O USO DE CURTAS-

METRAGENS ANIMADOS EM SALA DE AULA

Erica de Moura (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Vera LúciaHarabagi Hanna

Esta pesquisa procura ressaltar a potencialidade do trabalho com o curta-

metragem animado na escola. Analisa a relevância para os alunos de focarem

a atenção também nos aspectos culturais da língua-alvo e não apenas na

estrutura da mesma. Esclarece a importância dos alunos voltarem sempre o

olhar para a sua própria cultura quando forem expostos a uma cultura

estrangeira. Estabelece uma relação entre cultura e ideologia e entre material

autêntico e pensamento crítico. Explora a potencialidade do trabalho com o

material autêntico em aula, fazendo uso da riqueza dos filmes como exemplo.

Contrasta o uso de longa e curta-metragem na escola e a utilização do filme

liveaction com a animação. Procura despertar o pensamento crítico dos alunos

com propostas de atividades baseadas em desenhos animados com alto valor

cultural. Apresenta diversas formas de introduzir o curta-metragem animado em

sala de aula, focando na aula de inglês como língua estrangeira. Utiliza como

base teórica os textos de MCLAUGHLIN & DEVOOGD (2004), dos estudos

sobre pensamento crítico; MORAN (2001), dos estudos culturais; MODRO

(2008), dos estudos sobre cinema; ALENCAR (1978), dos estudos do curta-

metragem; HERDEG (1976), dos estudos da animação; utiliza os curtas

animados Oxygen (2009) e Work (2010), como exemplos didáticos.Conclui que

o uso do curta-metragem não substitui necessariamente o do longa-metragem,

mas que o curta pode contribuir muito para a reflexão dos alunos. Além disso,

conclui que o uso da animação não exclui o filme liveaction da escola;

entretanto o primeiro pode enriquecer a aula quando for analisado mais

profundamente.

Page 53: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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RECURSOS RETÓRICOS NA LINGUAGEM DO COMERCIAL DE TV

Ester AnholetoPirolo (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

O presente trabalho tem como objetivo verificar como o uso de diferentes

linguagens contribui para evidenciar a tese que os anúncios publicitários

defendem. Para isso, analisaremos as estratégias de persuasão de um anúncio

publicitário em vídeo do Shopping Pátio Higienópolis, um dos centros de

comércio mais sofisticados da capital de São Paulo, que circulou na mídia

televisiva. A partir de um alicerce teórico fundamentado em estudiosos do

discurso, da retórica e das linguagens publicitária e fílmica, propomo-nos a

examinar, além da linguagem verbal, as propriedades verbo-audio-

performático-visuais, ou seja, a mise-en-scène, as falas, a performance dos

atores, a escolha da música, dentre outras formas de expressão empregadas

para a persuasão do espectador. Escolhemos um anúncio veiculado na TV,

pois textos como esse provocam um grande impacto na opinião e no

comportamento do público. A partir da análise, podemos depreender que os

recursos retóricos dos textos dessa natureza não são apenas aqueles

inerentes a qualquer linguagem; aqui, são indispensáveis, pois funcionam

como ferramenta de persuasão. Verificamos ainda o quanto esse tipo de

discurso é autoritário e o quanto confirma as estereotipias já postas na

sociedade. Além disso, a didaticidade proposta pela TV facilita o entendimento

dos valores propagados nos comportamentos e no modo de ver o mundo dos

espectadores. Por essas escolhas, a porta está aberta para que se perpetuem

valores coletivos já cristalizados, pois se esses valores coincidem com os

desejos do público-alvo, certamente o texto chegará a seu principal objetivo: o

de aumentar as vendas dos anunciantes.

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54

DISCURSO EM IMAGENS DE MULHER NA PUBLICIDADE:

DO PRETO E BRANCO AO COLORIDO

Evelise Raquel Morari (UNICENTRO)

Orientadora: Profa. Dra. Denise G. Witzel

Nosso olhar e atenção sobre esse corpus estarão voltados para o discurso.

Para isso, apoiar-nos-emos nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise

do Discurso, fundada por Michel Pêcheux, na França. Particularmente,

mobilizaremos um conceito basilar desse campo teórico, qual seja, a memória

discursiva. Nessa perspectiva teórica, o discurso é entendido como algo que

possui existência no social; é marcado histórica e ideologicamente. Trata-se,

portanto, de uma perspectiva que possibilita analisar o discurso, tomando-o

diferentemente da língua, do texto ou mesmo da fala, mas tendo em conta que

ele necessita de elementos linguísticos ou não linguísticos para ter uma

existência material. Diante disso, toma-se como objeto de análise duas peças

publicitárias, uma veiculada na década de 1960 e outra, mais recente,

veiculada em 2011, para investigar modos de subjetivação da mulher em

diferentes épocas. Um discurso que traz as vozes da tradição sobre o papel da

mulher como coadjuvante na história do mundo, de um ser conhecido como

“segundo-sexo”, “segunda categoria”. E outro discurso que subjetiva a mulher

como “dona de si”, protagonista de sua história, de grandes feitos. Notamos

nas duas peças, a repetição e a afirmação, que são determinantes na

publicidade. Notamos também nas peças publicitárias, que sempre são

mostradas moças jovens e bonitas para que as consumidoras sintam-se

‘enfeitiçadas’ pelo produto anunciado e passem a consumi-lo, para que assim

consigam ser/ter o que lhes é apresentado. Para finalizar, concluímos que

mesmo atualmente, os lugares que cabem a cada um estão bem definidos.

Observando o intervalo de produção entre uma peça e outra, encontramos

diferenças, porém, encontramos acontecimentos que se entrecruzam com os

discursos passados.

Page 55: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

55

O ENSINO MÉDIO E OS ÓCULOS SOCIAIS:

ESTRATÉGIAS SEMIÓTICAS EM SALA

Fábio Irineu Fernandes Pereira (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Um dos mais acalorados debates da atualidade, no que tange à formação

secundarista, são os desafios do professor de língua portuguesa para

despertar seus educandos, principalmente os de Ensino Médio, para a

necessidade do aprofundamento na leitura, verbal e não-verbal, frente a um

sistema midiático cada vez mais profissional e manipulador. Como elevar os

alunos a um outro patamar, unindo o conteúdo tradicional às novas tendências,

haja vista que é preciso, ainda, prepará-los para os vestibulares, cada vez mais

exigentes e multifacetados? A presente comunicação visa a compartilhar uma

das estratégias utilizadas neste ano, com alunos do 3° Ano E.M., do Colégio

Rumo, baseada na análise imagética do discurso midiático de massa. Para

tanto, analisar-se-á uma capa da revista veja, publicada à véspera do segundo

turno da eleição presidencial de 2002, tendo como arcabouço teórico a Teoria

da Análise do Discurso, tomando como sustentáculo, em especial, os óculos

sociais(Blikstein) e a formação social (Pêcheux), além das formações

discursivas(Foucault), ferramentas indispensáveis para a percepção dos

elementos verbais e não-verbais materializados no corpus. A experiência

revelou imensa facilidade dos discentes para captar os mais diversos signos e

associá-los à ideologia contida no discurso. Ao término da análise, percebeu-se

que os alunos foram capazes de identificar os traços discursivos que

compunham a capa, desconstruindo o discurso da revista, experiência essa

que se revelou satisfatória ao extremo.

Page 56: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

56

A EXPLICITAÇÃO DO SUJEITO EU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

INFORMAL

Felipe Goulart (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves

Sendo o português uma língua cujo paradigma conjugacional traz desinências

específicas para cada pessoa verbal, também com formas distintas para o

singular e o plural, seria de esperar que fosse canônico nesse idioma o

apagamento do sujeito pronominal. Esse hábito não parece, no entanto, ser

consagrado no português brasileiro, variante em que o preenchimento do

sujeito pode ocorrer mesmo quando, à primeira vista, não se verifica a

presença de qualquer circunstância que torne tal explicitação funcionalmente

necessária – sobretudo na oralidade informal. Limitando-se à 1ª pessoa do

singular, este trabalho busca identificar e descrever os fatores condicionadores

da escolha entre preencher o sujeito eu na superfície textual ou omiti-lo. Parte-

se sem hipóteses pré-formuladas a respeito de tais condicionadores: o corpus

será analisado em função de diversos fatores com o intuito de encontrar algum

determinantena escolha entre sujeito preenchido e sujeito zero. Reserva-se,

ainda, como possível veredito final, a classificação da variação como livre, caso

nenhuma circunstância demonstre condicionar consistentemente a escolha em

questão. Embora a base teórica seja primariamente funcional (com espaço

especial para o conceito de foco), também serão de auxílio conceitos

sociolinguísticos, como a variação diafásica e a monitoração. Na busca por um

material de análise que refletisse a realidade da linguagem em sua forma mais

espontânea, não marcada por autocensura ou preocupação com a forma,

recorre-se a um gênero novo como corpus: os videologs. Trata-se,

prototipicamente, de vídeos caseiros publicados na internet em que um falante

discorre sobre assuntos variados, com apresentação estética limitada a

edições simples. É certo que nenhum material pode oferecer a mesma

ausência de monitoração que se verifica em uma gravação de falantes que não

sabem estar sendo gravados, mas este trabalho considera que a atmosfera dos

videologs é suficientemente informal para que a análise possa ser feita de

forma satisfatória.

Page 57: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

57

A PONTE ENTRE SAMBA CANÇÃO, POP E ROCK CLÁSSICO NUMA

INTERPRETAÇÃO DE CAETANO VELOSO

Felipe Pupo Pereira Protta (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

Classificar o artista (autor e intérprete) Caetano Veloso e sua obra como plurais

não é novidade. Caetano vem há mais de quatro décadas transitando por

diversos gêneros musicais e estilos, nacionais e internacionais, o que só

pontua esse caráter camaleônico. Ao unir trechos de canções representativas

do samba de carnaval brasileiro, do pop americano e do rock clássico inglês

numa mesma faixa, devido à temática comum a elas (independente de tudo

que as possa separar, em termos de gênero, estilo, tempo, espaço e idioma)

num potpourri interpretado de um jeitinho brasileiro mundialmente

reverenciado: o banquinho e o violão, Caetano Veloso, beirando o improvável,

acaba por enriquecer seu repertório, sua obra e a cultura brasileira como um

todo, rompendo padrões estabelecidos e questionando os limites de uma arte

nacional. Proceder-se-á a uma análise linguístico-discursiva da canção em

questão, baseada na teoria da literatura e na análise do discurso.

Page 58: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

58

A MANIPULAÇÃO DE LOLITA NO ROMANCE DE VLADIMIR NABOKOV E

NOS FILMES DE STANLEY KUBRICK E ADRIAN LYNE

Fernanda Cristina Araújo Batista (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik

Este trabalho é um recorte de nossa dissertação de mestrado e seu objetivo é

analisar um trecho do romance Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, e de duas

adaptações fílmicas dessa obra, a de Stanley Kubrick, de 1962, e a de Adrian

Lyne, de 1997. O trecho estudado corresponde à manipulação que tanto Lolita

quanto Humbert realizam um sobre o outro quando ela é convidada a participar

da peça teatral “Caçadores Encantados”, a ser encenada na escola em que

estuda. A escolha do corpus deve-se à polêmica que surge na relação entre as

três obras no que diz respeito à organização da narrativa, que foi alterada

devido à diferente recepção e interpretação da obra literária ao longo das

décadas de existência e, também, em razão da transposição da narrativa

literária para a mídia cinematográfica em diferentes épocas, quando os

cineastas contavam com diferentes recursos e níveis de censura. No início da

década de 1960, quando Stanley Kubrick adaptou o romance, Humbert era

visto como um criminoso cruel e pérfido; então, o diretor não se atreveu repetir

em imagens o que Nabokov havia criado em palavras por receio de não

conseguir lançar o filme. Já em meados da década de 1990, quando Adrian

Lyne realizou o seu Lolita, a censura era mais branda e o diretor decidiu sugerir

e mostrar mais que Kubrick. Dessa forma, os efeitos de sentido gerados em

cada um dos filmes diferem tanto entre si quanto com relação aos criados pelo

romance e são essas diferenças que buscamos analisar baseando-nos na

teoria desenvolvida por Robert Stam acerca da adaptação cinematográfica, a

qual defende que cada adaptação, por consistir numa nova obra, pode

reinterpretar o texto original de maneira livre, sem ter a obrigação de ser servil

a ele.

Page 59: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA BÍBLICA

“A PARÁBOLA DOS TALENTOS”

Fernando Luis Cazarotto Berlezzi (UPM)

Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel

O presente trabalho pretende demonstrar a teoria do significado proposta pelo

linguista lituano Algirdas JulienGreimas, que considera o trabalho de

construção do sentido como um percurso gerativo, que vai do mais simples e

abstrato ao mais complexo e concreto, em que cada um dos três níveis de

profundidade é passível de descrições autônomas. Para exemplificar a teoria

semiótica greimasiana, escolheu-se o texto bíblico descrito no Evangelho de

Mateus, denominado “A parábola dos talentos”. Parábolas são consideradas

narrativas figurativas e foram utilizadas constantemente por Jesus Cristo

durante seu ministério. A palavra portuguesa "parábola", vem diretamente do

grego "parabolé", um vocábulo composto que significa "pôr ao lado de", com o

sentido de "comparar", a fim de servir especificamente como uma ilustração de

alguma verdade ou ensino. Uma parábola é uma forma de discurso para

ilustrar uma lição que se deseja ensinar. Usando uma definição bem

conhecida, poderíamos dizer que uma parábola é “uma história terrena com um

significado celestial”, pois usa elementos conhecidos para explicar algo

desconhecido. Originalmente, a parábola era uma narrativa curta, usando

detalhes da vida cotidiana para ilustrar noções morais, sendo um eficaz recurso

pedagógico porque exprimia as coisas em termos compreensíveis e facilitavam

a sua recordação. Desta forma independente do tempo e da época poderiam

ser compreendidas por seus ouvintes ou leitores. A parábola dos talentos,

escolhida para esta análise trata–se de uma narrativa curta, mas rica – com

uma estrutura narrativa bem desenvolvida, que possibilita examinar, ainda que

sucintamente, os componentes sintáxico e semântico de cada um destes três

níveis: nível fundamental, nível narrativo e nível discursivo.Serão explicitados

os mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação de texto.

Page 60: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

60

LUTA PELO SIGNIFICADO: A IMAGEM DA ARENA EM BAKHTIN

Francikley Vito (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

As reflexões que serão apresentadas neste trabalho têm como intuito principal

fazer uma breve, e ainda embrionária, exposição com respeito ao uso que o

pensador russo Mikhail Bakhtin faz da imagem da arena em seus escritos e

sua importância na construção do significado dos vários discursos; usa-se para

isso uma narrativa contida em um dos documentos cristãos do Novo

Testamento, o Evangelho de Lucas.

Page 61: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

61

ILUSÕES PERDIDAS E O JORNALISMO DE BALZAC

Francisco Redondo Periago (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

O romancista francês Honoré de Balzac destacou em sua obra “Ilusões

Perdidas” o submundo da competitividade entre os periódicos e jornalistas

parisiense no século XIX. O autor aponta circunstâncias de juízo crítico sobre o

poder exercido pela imprensa que, por meio de atitudes antiéticas, buscava

influenciar a população contra adversários e políticos que não condiziam com a

visão editorial de determinado jornal. Balzac evidencia o jogo de interesses por

meio de articulações que favoreciam a troca de favores e o tráfico de influência.

Alguns jornalistas utilizavam a chantagem e a corrupção em benefício próprio,

principalmente em busca de fama e dinheiro. O romance de Balzac fornece

mostra uma realidade vivenciada pela na imprensa contemporânea, percebe-se

que suas críticas à imprensa parisiense do século XIX, ilustram a realidade

apresentada por vários periódicos atuais que não escondem os interesses

políticos e econômicos dentro da linha editorial que defendem. O objetivo do

trabalho foi detectar e analisar alguns casos jornalísticos da imprensa atual que

estejam dentro do perfil apresentado por Balzac em sua obra “Ilusões

Perdidas”. Assim, verificou-se a contemporaneidade do romance com a

realidade da imprensa de nossos dias. Foram realizadas coletas de dados em

determinadas edições da Revista Veja e do jornal o Estado de S. Paulo.

Também foram realizadas pesquisas bibliográficas na área de jornalismo como

suporte para argumentação. Um dos fundamentos para o exercício do

Jornalismo nos dias atuais é a imparcialidade que se destaca como elemento

ético e moral para a publicação de uma determinada notícia. A imparcialidade

está explicita em diversos manuais de redação e estilo de diversos meios de

comunicação. Também é citada como elemento crucial no código de ética do

jornalista. Com base nessa teoria, o artigo bases que puderam colaborar com

as perturbações que desiludiram Balzac da atividade jornalística.

Page 62: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

62

MÍDIA E CULTURA: A INTRODUÇÃO DE VOCÁBULOS JAPONESES NO

DICIONÁRIO PORTUGUÊS-BRASILEIRO

Fred Izumi Utsunomiya (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

A língua portuguesa, como qualquer outra língua em contato com outras

culturas, é um ente em constante transformação, sendo ela própria, fruto da

interatividade com outros idiomas que a originaram sobre uma base do latim

vulgar. Esse fenômeno de transformação linguística – que levou centenas de

anos – ainda se encontra em constante desenvolvimento e, em sua vertente

brasileira, pode-se afirmar que, além das interações sociais entre falantes, o

contato das pessoas com os meios de comunicação de massa – a mídia –

acelera e intensifica esse processo. A partir desse panorama, este texto

discutirá o papel da mídia das últimas décadas na incorporação de palavras de

origem japonesa baseado num argumento de interação cultural-midiática

desses termos. A língua, a cultura e a mídia estão intrinsecamente

relacionadas, e a língua, por ser um componente cultural também em constante

transformação, sofre influência direta dos meios de comunicação e das novas

Tecnologias de Informação e Comunicação. Produtos culturais, como jornais,

revistas e programas de TV,assim como filmes, revistas de histórias em

quadrinhos, games e sites da Internet tornam-se veículos de divulgação

cultural, tão ou mais intensos que os contatos sociais pessoais previstos nas

relações de trocas linguísticas. O maior contingente de imigrantes japoneses e

de seus descendentes localiza-se no Brasil. Essa presença é fundamental para

a divulgação da cultura e vocabulário entre os brasileiros, mas é insuficiente

para a sua assimilação em nível nacional, devido à distribuição irregular dos

nikkeis no país. A presença de produtos culturais na mídia é uma das

explicações da disseminação de muitos dessas palavras japonesas que já

fazem parte do vocabulário português-brasileiro. Foram identificadas mais de

cem palavras de origem japonesa que já constam no dicionário português do

Brasil.

Page 63: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

63

INTERTEXTUALIDADE NO CONTO “O TEXTO TATUADO”,

DE SÉRGIO SANT’ANNA

Giovana dos Santos Lopes (UPM)

Raul Ignacio Valdibia Arriagada (UPM)

Orientadores: Profa. Dra. Lílian Lopondo

Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

A obra de Sérgio Sant’Anna tem sido classificada como notória e de grande

referência aos temas urbanos. O estilo experimental do autor é apresentado

por meio de narrativas de caráter subversivo, embora mude constantemente

seus temas. Amor, morte, erotismo, fé, arte são temas já apresentados em

suas narrativas, geralmente contos. Neste trabalho, é analisado o conto “O

texto tatuado”, publicado pela primeira vez na Revista Granta, nº 04 (2009), sob

o viés da abordagem contemporânea, com o objetivo de construir um diálogo

crítico acerca dos elementos como o espaço e o não lugar, assim como o

estranhamento e a identificação das personagens, e a intertextualidade com o

cinema, de modo específico, o diálogo construído com o filme “O livro de

cabeceira”, de Peter Greenaway (1996). As personagens do conto são

envolvidas sob um forte erotismo, ao mesmo tempo em que são identificadas

pela descrição dos lugares e das relações que obtêm por meio destes; da

mesma forma que tal erotismo confere o intertexto com o cinema de

Greenaway. Para tanto, serão utilizados os arcabouços teóricos de Augé,

Calvino, Merten e Duralde como finalidade de construir uma análise de cunho

crítico e contemporâneo, conforme as características da obra de Sant’Anna.

Page 64: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

64

A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NA PROPAGANDA DO TURISMO

BRASILEIRO VEICULADA PELA EMBRATUR – NOS PRIMEIROS ANOS DO

PROJETO AQUARELA - SOB A ÓTICA DA TEORIA DA ENUNCIAÇÃO

Giselda Fernanda Pereira (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

Este trabalho tem por finalidade analisar a construção de sentido em duas

propagandas veiculadas pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR),

durante os primeiros anos de implantação do Plano Aquarela – uma nova

estratégia de marketing turístico criada pelo consultor espanhol Joseph Chias,

cujo objetivo é promover o Brasil no cenário internacional com uma nova marca

para o país e uma matriz gerencial de ações. A nova imagem busca, nessas

primeiras propagandas, convencer os brasileiros de que a futura participação

do país como sede para a Copa Mundial de Futebol e para as Olimpíadas é um

negócio “imperdível”. Após descrever as mudanças históricas nas campanhas

da EMBRATUR, apresentaremos os principais resultados do plano de

marketing espanhol, criação da “Marca Brasil” – no passado, com uma logotipia

não uniforme, evidenciada pela descontinuidade –, e a partir das propagandas,

verificaremos como a língua é mobilizada à luz das teorias de Émile Benveniste

para construir uma apresentação do Brasil. Desejamos partir da hipótese de

que as marcas que denunciam a subjetividade na linguagem possibilitam

analisar a relação e a interação entre o enunciador e o enunciatário. O que a

ótica da Teoria da Enunciação nos mostrará é que o texto, como objeto de

análise, revela como o locutor coloca a língua em ação; e através da análise da

apropriação da língua pelo locutor, é possível explicitar os mecanismos da

língua e seu funcionamento, identificar o sentido ou, melhor dizendo, a

produção de sentido. Assim, vamos verificar como a linguagem foi articulada

para a produção de sentidos e quais mecanismos possibilitaram essa

produção, e quais sentidos podemos apreender.

Page 65: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

65

A TRANSIÇÃO ENTRE O UNIVERSO REAL E O MARAVILHOSO

EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Gisele Gomes Maia (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo

O objetivo deste trabalho é analisar a obra Alice no País das Maravilhas, de

Lewis Carroll, na perspectiva da transição entre dois universos presentes na

obra: o “real” e o “onírico”, bem como os elementos maravilhosos e fantásticos

que perpassam ambos. A alternância entre esses universos é marcada pela

queda de Alice na toca do coelho, no entanto, aspectos reais e maravilhosos se

misturam nos dois espaços, como sugerimos por meio de constituintes do texto

como a linguagem e, também, elementos paratextuais, como a ilustração.

Page 66: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

66

DIÁLOGOS ENTRE JOHN E ELIZABETH PROCTOR: ALGUMAS

SINALIZAÇÕES DA CONSTRUÇÃO DA AUTOCONSCIÊNCIA DO HERÓI

EM THE CRUCIBLE

Glauco Corrêa da Cruz BacicFratric

Orientadora: Lílian Lopondo

O objetivo de nosso trabalho é analisar os diálogos finais entre as personagens

John Proctor e Elizabeth Proctor, presentes no quarto e último ato da tragédia

“The Crucible”, a qual encena o processo de histeria coletiva, vivenciado na

cidade norte-americana de Salem, no estado de Massachusetts, que culminou

com um processo de caça à bruxaria, do qual John Proctor foi vítima,

condenado à morte por enforcamento, após ter se negado a confessar um

pacto com forças demoníacas, na segunda metade do século XVII. A tragédia

em questão foi composta no ano de 1953 e dirigida pelo dramaturgo norte-

americano Arthur Miller. Com base na teoria do filósofo da linguagem, Mikhail

Bakhtin, sobre como personagens podem tomar consciência de seus mundos a

partir da interação com o outro, que se dá por meio da palavra, visaremos, a

partir da análise pormenorizada desses diálogos, identificar o processo de

construção da autoconsciência de John Proctor, personagem protagonista da

encenação, visando a descrever seu posicionamento filosófico diante do outro

que, nesse contexto específico, é representado pela figura de Elizabeth

Proctor.

Page 67: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

67

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: REVISANDO OS TEXTOS ESCRITOS DE

ALUNOS DOS TERCEIROS ANOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE

INDICADORES.

Hamilton Fernandes de Souza (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza

Este ensaio apresenta uma proposta pedagógica para a revisão de textos

escritos por alunos dos terceiros anos do Ensino Médio. No primeiro dia de

aula, o professor solicitou um tema para produção: “Qual é a expectativa para o

curso de Língua Portuguesa, neste ano letivo? A partir de uma ficha de

avaliação, elaborada pelo professor, contendo os seguintes itens: tema,

pontuação, concordância, regência, ortografia, acentuação, paragrafação,

organização, caligrafia, coesão e coerência em que o professor codifica:

plenamente satisfatório (PS), satisfatório (S), insatisfatório (I) e N.A. (não

alfabetizado) os textos foram analisados. Partindo do Currículo de Língua

Portuguesa do Estado de São Paulo (2011), Competências e Habilidades para

o Enem, Schneuwly e Dolz (2010), Bakhtin (2010), Marcuschi (2001), Bunzen

et.al. (2006) fizemos este projeto junto à E.E. Professor Miguel Reale, em

Diadema, quatro terceiros anos, com duração de 40 horas, visando à

organização do texto escrito, bem como a importância da revisão. A seguir,

entregou os textos produzidos, digitados, obedecendo à forma pela qual eles

foram escritos. Distribuiu-os pela sala e solicitou que lessem e fizessem a

revisão do texto em dupla, observando sempre que a ideia fosse mantida. O

professor pediu para que os alunos apresentassem sugestões para reescrita e

socializassem com o grupo. Houve o momento de organização e

sistematização das ideias apresentadas, por parte do professor, pesquisa em

gramáticas, dicionários, livros didáticos, internet do celular para

complementação do trabalho. A partir deste trabalho, os alunos começaram

aobservar a importância de um plano de escrita, tema título, rascunho, leitura

compartilhada, revisão do texto e reescrita.

Page 68: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

68

GÊNEROS DISCURSIVOS NAS PRÁTICAS ESCOLARES: A

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA EM DEBATE

Hélio Rodrigues Júnior (PUC/SP)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Este artigo situa-se numa concepção socioconstrutivista interacional e

fundamenta-se no conceito de gênero discursivo de Bakhtin (2003) e na

organização da prática pedagógica com projetos de produção de gêneros

discursivos, desenvolvida por Dolz (2004) e Schneuwly (2004), na interface da

transposição didática. O trabalho com tipos de texto ainda é perpetuado,

mesmo não sendo essa a orientação dos PCN (1998), levando-nos a

considerar o ensino de gêneros discursivos como um possível caminho para a

formação da competência comunicativa no aluno e, ademais, percebemos a

dificuldade dos professores em fazer a transposição didática, da teoria à prática

em sala de aula. As observações mencionadas evocam o seguinte

questionamento: como transpor a proposta dos PCN quanto à produção escrita

do aluno, na última série do Ensino Fundamental? Nessa perspectiva,

delineamos os nossos objetivos: (i) investigar como está sendo feita a

transposição didática da proposta dos PCN para a produção escrita em aulas

de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental; (ii) propor situações de

produção de textos às luzes dos gêneros discursivos, a partir de sequências

didáticas; (iii) analisar o desenvolvimento da competência comunicativa escrita

do anulo numa abordagem de ensino de língua materna por gêneros

discursivos. O corpus formou-se a partir da pesquisa de campo realizada numa

escola estadual do Estado de São Paulo, mais precisamente na Baixada

Santista, com aulas de um grupo de dez professores de Língua Portuguesa,

bem como, de redações de alunos ao longo do percurso do último ano de

escolaridade do Ensino Fundamental (8 série/9 ano). Chegamos à conclusão

de que as sequências didáticas são ferramentas muito ricas para o ensino de

Língua Portuguesa e, utilizando-as adequadamente, é possível desenvolver um

trabalho de ensino à luz da transposição didática.

Page 69: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

69

ENTRANDO NA TOCA DO COELHO: ALICE, O PAÍS DAS MARAVILHAS E

O MUNDO ATRAVÉS DO ESPELHO NA EDUCAÇÃO

Higor Branco Gonçalves (UPM)

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista

O trabalho visa analisar literariamente alguns dos símbolos existentes nos

livros Alice no País das Maravilhas (1865) e Alice Através do Espelho (1871),

escritos por Lewis Carroll, pseudônimo de Charles LutwidgeDodgson (1832-

1898), e apresentar uma proposta didática acerca do estudo dessas obras,

focando especificamente na docência de aulas de Língua Portuguesa para

alunos do 9º ano (8ª série) do Ensino Fundamental. Ao longo da apresentação,

serão expostas, brevemente, algumas informações sobre o contexto sócio-

histórico da escritura das narrativas carrollianas, a saber, a era vitoriana

inglesa, além de dados biográficos e psicológicos do escritor, uma vez que,

neste caso em especial, o entendimento da vida e do ethos de Carroll é de

fundamental importância para um maior aprofundamento da leitura das Alices.

Após essa contextualização inicial, os dois livros em questão terão algumas de

suas partes-chave sucintamente analisadas à luz da Teoria da Literatura, da

Psicologia, da Neurologia, da História e do Esoterismo a fim de que se possa

ter uma ideia do quão plurissignificativos e ricos esses textos são. Por fim, será

apresentado um plano de trabalho cuja premissa diferencial é a produção de

histórias em quadrinhos e que objetiva a introdução dos alunos de 9º ano aos

estudos literários de maneira que lhes sejam estimulados o gosto e o prazer

pela leitura, haja vista que as Alices, além de obras de grande qualidade

estética, são até hoje ótimas fontes de entretenimento para todas as faixas

etárias.

Page 70: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

70

A ANÁLISE DO DISCURSO EM PESQUISA

Humberto Luiz Dias (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

A análise do discurso como elemento fundamental de várias áreas profissionais

leva aos seus interessados não apenas a uma pesquisa contemplativa como

também a uma necessidade de evidenciar elementos, apresentar proposições,

levantar hipóteses e investigar o que já foi publicado e seguido por muitos

indivíduos. Seja na área linguistica, nas ramificações da oratória, nas diferentes

mídias que aplicam a expansão das vertentes lançadas, a análise do discurso

se faz presente por uma questão que urge definições, contextualizações e

também novos olhares que possam acrescentar ao processo de evolução

humana nesse âmbito que envolve a existência. A análise do discurso ocorre

diante do momento em que enunciador e enunciatário estabelecem uma

comunicação que nem sempre é apenas escrita e envolve a fala, os recursos

visuais a partir de uma denominação textual. Pode-se intitular texto tudo aquilo

que se refere a uma unidade de sentido, logo, encontra-se texto em um

editorial, nos ambientes de mídia, na televisão, nos jornais, nos gráficos, nas

figuras e fotos, desenhos e várias outras situações.Este artigo possui a

finalidade de abordar a análise do discurso sob os teóricos que apresentaram

definições e diretrizes a respeito do tema e apresentar a relevância das

pesquisas que se aplicam a muitos caminhos previstos e não previstos para a

leitura, escrita, conversação e suas aplicabilidades nas formas e meios de

comunicação.

Page 71: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

71

CONTEXTO FRONTEIRIÇO: ESPAÇO “ENTRE LÍNGUAS”

Ione VierDalinghaus (DINTER UFMS/UPM)

Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

Em espaços fronteiriços as línguas em contato constroem diferentes formas de

dizer. Essa condição “entre línguas” (STURZA, 2010) está sempre permeada

de questões políticas, históricas e culturais. Em meio a este rico campo de

pesquisas, revelam-se conflitos e preconceitos linguísticos e é nas fronteiras

secas que se encontram as condições ainda mais propícias para que uma

língua ocupe o lugar de enunciação da outra. Isto ficou evidente na nossa

pesquisa de Mestrado concluída em 2009, em cujo estudo buscou-se saber

como acontece o ensino do português em uma escola pública que atende mais

de noventa por cento de alunos brasiguaios. Pretende-se, nesta nova etapa de

estudos do doutorado, dar continuidade à pesquisa em contextos fronteiriços,

porém com um enfoque diferente: a interpretação da materialidade linguístico-

enunciativa com vistas à análise da conversação. O suporte teórico está em

Benveniste (1989); Marchuschi (2001); Fiorin (1996); Barros (2006), Hilgert

(2002), além de outros autores. O projeto se encontra ainda em fase

embrionária e o corpus a ser analisado será composto por transcrições de

programas de rádios (espanhol hispano-americano) e de transcrições

originadas da Espanha (espanhol peninsular). Objetiva-se identificar as

relações linguísticas e culturais nos espaços selecionados para a pesquisa;

verificar como estas relações se constroem em meio a tanta diversidade e

analisar as diferentes maneiras de dizer na fronteira, comparando as formas de

cortesia e descortesia de falantes do espanhol peninsular e hispano-americano.

A pesquisa incluirá também o levantamento de estudos já realizados nas

fronteiras Brasil/Paraguai e Brasil/Bolívia. Ressalta-se a relevância deste

trabalho especialmente pela escassez de estudos deste gênero em contextos

fronteiriços.

Page 72: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

72

A IDENTIDADE CULTURAL ESPANHOLA A LUZ DOS DICHOS Y

REFRANES NA OBRA DON QUIJOTE DE LA MANCHA

Iromar Maria Vilela (UFMS/UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

A proposta deste trabalho se baseia na análise dos dichos y refranespresentes

na obra Don Quijote de la Mancha e a consequente verificação dos aportes à

cultura e à identidade Hispânica. De acordo com Cevasco (2003), existem

várias maneiras de abordar as relações mais evidentes entre estudos culturais

e literários e pensar os estudos de cultura como extensão do campo dos

estudos literários. Segundo J. Leyva (2004), refranes y dichos são: “Anónimos,

ya que ignoramos su autoria y origen; populares, puesademás de proceder de

lasabiduríacomúndelpueblohayconocimiento general de ellos; tradicionales, por

haberse transmitido degeneraciónengeneración desde elnacimiento de

lalenguacastellana; universales, al trascendersudifusión por encima de

fronteras y países, losrefranesconstituyen um tesoro vivo (...) joyas de nuestro

acervo cultural.” O provérbio é uma asserção sobre a maneira como funcionam

as coisas, sobre como funciona o mundo, dizendo o que é verdadeiro. O

enunciador apoia-se nele para introduzir uma situação particular em um quadro

geral preestabelecido, delegando ao co-enunciador a tarefa de determinar a

relação existente entre os dois. (Maingueneau,2002) Assim, o provérbio “A

cada puercolellegasu San Martín”, “Su San Martín se lellegará, como a cada

puerco”, assegura Don Quijote, isso porque nas proximidades do dia do Santo

acontece a matança caseira dos porcos, forma tradicional de abastecer a

despensa para o inverno que se aproxima. A enunciação proverbial é

fundamentalmente polifônica; o enunciador apresenta sua enunciação como

uma retomada de enumeráveis enunciações anteriores, as de todos os

locutores que já proferiram aquele provérbio. (Maigueneau, 2002). Este

trabalho faz parte da proposta de estudo de doutorado em fase inicial.

Page 73: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

73

EXPRESSIVIDADE DA FALA: O DESVELAR DAS EMOÇÕES NA

CONSTRUÇÃO DO ATO TEATRAL A PARTIR DA

ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICO

Isaías Santos (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Madureira

O presente trabalho investiga questões de expressividade da fala com apoio

em análise de natureza fonético-acústica, ou seja, possui caráter

interdisciplinar, e aborda áreas como literatura, filosofia, linguística e fonética

do português brasileiro. Como objeto de pesquisa, temos a locução do poema

“Caso do vestido” de Carlos Drummond de Andrade por um ator profissional, o

qual realizou uma leitura dramática da narrativa relatada no poema,

interpretando as emoções dos personagens que nela estavam envolvidos. A

análise fonético-acústica compreendeu a extração de medidas de frequência

fundamental em Hz (f0 mínimo, máximo e extensão), a duração de unidades

VVs e de pausas em milissegundos (ms). Para compreender as estratégias

prosódicas usadas pelo ator profissional, recorremos também a bibliografia e

entrevistas dadas pelo mesmo às mídias e a pesquisadores e jornalistas, assim

constatamos que o conhecimento profundo dos sentidos do poema, como a

exata expressão na tarefa de leitura dramática eram estratégias para a boa

performance do ator profissional, sendo essa boa performance justamente

aquela que impacta o público. Para a conceituação das emoções, levou-se em

conta a descrição proposta por Spinoza (2009), no livro terceiro de sua Ética

(“demonstrada à maneira dos geômetras”). Os resultados indicaram extensão

de f0 diminuída na expressão de humilhação, f0 elevado na expressão de

escárnio e variações de taxa de elocução em relação às emoções identificadas

no poema. As pausas serviram a variadas funções, entre elas, funções

discursivas e expressivas. Desse modo, compreende-se que os estudos das

emoções e da prosódia podem cooperar para o sucesso de profissionais como

atores, professores, locutores e entre outros.

Page 74: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

74

A ALTERIDADE NA (RE)CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NO

DISCURSO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI

Ivan Almeida Rozário Júnior (PUC-SP)

Orientador: Prof. Dr. Dino PRETI

A pesquisa desenvolvida – e defendida em 2012, no Curso de Mestrado em

Linguística, do Programa de Pós-Graduação em Linguística, vinculado ao

Centro de Ciências Humanas e Naturais, da Universidade Federal do Espírito

Santo, é fruto de um processo dialógico, envolvendo personagens e fatores

significativos, portanto, motivadores, como, por exemplo: a atuação na área da

Educação há doze anos, em escolas da periferia da Grande Vitória, além da

constante interação com adolescentes em alto grau de vulnerabilidade social.

O percurso da pesquisa buscou compreender, por meio do pensamento do

Círculode Bakhtin, a alteridade que se revela no enunciado do adolescente em

conflito com a lei, partindo da perspectiva dialógica e da relação de alteridade

constituída, no processo de intervenção socioeducativa, culminando na

reflexão de um processo de exotopia. Nesse percurso de análise interpretativa

– traçado por algumas categorias bakhtinianas, tais como: dialogismo, estilo,

apreciação valorativa, vozes alheias, subjetividade/alteridade, exotopia,

responsabilidade/responsividade – da produção textual autobiográfica,

denominada “escrita de si”, pode-se dizer que a relação de alteridade é capaz

de provocar no adolescente uma postura axiológica, que o conduz à retomada

de sua própria consciência, reconhecendo-se como sujeito constituído nas/das

relações dialógicas, possibilitando-lhe ressignificar-se como sujeito

responsável/responsivo.

Page 75: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

75

CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA

PORTUGUESA EM FOCO (PARTE I)

Ivelaine de Jesus Rodrigues (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero

Laura Lúcia de Oliveira Santos (PUC-SP)

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira

Neste artigo, objetivamos, sob uma perspectiva histórica, refletir sobre os

caminhos da formação do professor de língua portuguesa, como língua

materna, no Brasil e em Portugal. Dessa forma, pretendemos comparar os dois

quadros de formação docente, a fim de responder ao seguinte questionamento:

Em que medida as práticas pedagógicas e a formação do professor em

Portugal podem contribuir, e até mesmo servir como modelo, para o

aperfeiçoamento das práticas pedagógicas e para a formação do professor

brasileiro? Podemos, então, afirmar que a prática pedagógica portuguesa, no

tocante à formação inicial para a docência, traz-nos como nova perspectiva a

questão da autoavaliação, como prática reflexiva e crítica, capaz de dar bases

ao professor para um melhor desempenho profissional. Sendo assim,

procedemos à seguinte divisão didática deste artigo: a introdução, nomeada

Considerações Iniciais; tópico 1. A formação do professor brasileiro na

perspectiva histórica, no qual sintetizamos os caminhos da formação docente

em nosso país desde o período colonial até os nossos dias; tópico 2.

Realidades pedagógicas de além-mar: a formação do professor em Portugal,

como no tópico anterior, neste, traçamos uma breve síntese do percurso

histórico da formação do professor em Portugal; Considerações finais, na qual

apresentamos as possíveis contribuições portuguesas às nossas práticas

pedagógicas e ressaltamos que as realidades são distantes, as aproximações

possíveis, mas a interlocução é necessária. Após a análise, concluímos que

apenas a observação não altera a prática docente, pois a mudança decorre da

sua autoavaliação. Ao refletir sobre sua atuação - mediante a observação feita

pelos colegas - o profissional poderá ajustar suas estratégias e seu modo de

Page 76: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

76

conduzir a aula. Dessa forma, é fundamental afirmar que o trabalho de

observação somente será produtivo se o professor observado aceitar as

intervenções como críticas construtivas à sua prática, contribuindo, assim,

positivamente para sua formação.

Page 77: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

77

O PAPEL DA CENOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DO ETHOS: UM ESTUDO

DOS DISCURSOS DOS PROFESSORES

JeannyMeiry Sombra Silva (UPM)

Orientadoras: Profa. Dra. Rosemeire Leão S. Faccina

Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

A competência retórica do professor é muito importante no cotidiano escolar,

não só o que diz ou o que faz influenciam o seu discurso, mas também a

maneira de dizer e fazer (comportamento). Essa preocupação com o discurso e

com o comportamento com a finalidade de persuadir o ouvinte é designada,

conforme Maingueneau (2008, p. 16) pelo termo ethos: “o ethos, por natureza,

é um comportamento que, como tal, articula verbal e não verbal, provocando

nos destinatários efeitos multi-sensoriais”. Amossy (2005, p. 10) afirma que “os

antigos designavam pelo termo ethos a construção de uma imagem destinada

a garantir o sucesso no empreendimento oratório”. Em seguida, complementa

que “participando da eficácia da palavra, a imagem quer causar impacto e

suscitar adesão”. Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado,

que tem como objetivo geral analisar o ethos que emana dos discursos dos

professores em situações de comunicação em sala de aula. Para esse recorte

analisamos as respostas transcritas dos professores referentes a duas

perguntas: “você considera que sua atuação em sala de aula estimula

comportamentos positivos e desejáveis dos alunos? Justifique” e “Em sua

opinião, o que considera um aluno indisciplinado?”. Para apreensão do ethos

utilizamos como categoria de análise a cenografia. De acordo com

Maingueneau (2008, p. 115), cenografia refere-se a uma “encenação” ou

representação da situação de encenação do enunciado, isto é, uma cena

construída pelo discurso. Assim, observamos as coordenadas discursivas

(dêixis) dos textos produzidos pelos professores, analisando, paralelamente,

por meio de algumas marcas linguísticas, o conteúdo ideológico presentes em

seus discursos.

Page 78: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

78

A PRESENÇA DO FANTÁSTICO NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA:

UMA ANÁLISE DO CONTO O COLECIONADOR DE SOMBRAS,

DE JOÃO BATISTA MELO

Jônatas Amorim Henriques (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

O escritor mineiro João Batista Melo é conhecido pela crítica como um dos

autores mais inventivos da literatura brasileira contemporânea. Apontado como

um dos integrantes da chamada Geração 90, sua obra apresenta fortes

influências do realismo mágico e da literatura fantástica. Seus livros já

receberam prêmios importantesno país e sua criação literária é reconhecida

pelo cuidadoso trato com a palavra – que se mostra sempre na busca da

concisão mais expressiva. No conto O colecionador de sombras (2008),

encontramos a narrativa de uma personagem que, em meio ao caos urbano e a

inevitável ruína de sua família se depara com a repentina e violenta morte de

sua mãe no trânsito da cidade. Durante estes acontecimentos, a personagem é

guiada por um estranho homem que irá desvendar o destino das sombras

daqueles que tiveram o mesmo fim. O texto faz parte de seu livro homônimo

que apresenta doze contos sobre temas recorrentes da literatura

contemporânea, como a vida urbana, a tensão social, aviolência e o

individualismo da cidade grande. Diante desse contexto literário, o presente

trabalho tem como objetivo analisar os elementos insólitos constitutivos do

conto de João Batista Melo a partir da teoria literária desenvolvida por Tvezan

Todorov a respeito do fantástico e do estranho, além de apontar para o

conceito de não-lugar a partir da antropologia da supermodernidade proposta

por Marc Augé. A análise do tema, do estilo, do espaço e do foco narrativo

servirá de base para investigar como se constitui o fantástico na narrativa de

Melo, que efeitos de sentido ele produz nas categorias sob exame e que

possibilidades de interpretação esse fenômeno gera no conto.

Page 79: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

79

DRAMATURGIA E DRAMATURGO EM PROCESSOS COLABORATIVOS DE

ESCRITA TEATRAL

Jorge Wilson da Conceição (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral

Sob o título Dramaturgia Contemporânea: um olhar sobre a construção do texto

em processos colaborativos, esta pesquisa de Doutorado, desenvolvida no

Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana

Mackenzie, junto à linha de pesquisa Literatura e suas relações com outras

linguagens, busca investigar a dramaturgia elaborada em processos

colaborativos na Cidade de São Paulo e analisar o papel do dramaturgo nas

produções teatrais. Qual é o papel do dramaturgo dentro do processo? Como

ele próprio se vê? Como se dá a criação do texto? E no que diz respeito a

incorporação, apropriação ou reelaboração de sugestões dos outros criadores

das cenas (atores, diretores, cenógrafo, iluminador, figurinista, etc.)? Como é o

processo de aceitação dessas interferências do grupo ou da direção, como

corte de cena, por exemplo? Como se dá a recepção das propostas de texto

levadas para a sala de ensaio por parte dos atores e da direção? É a essas, e

outras questões que forem surgindo no percurso, que buscaremos responder

nesse estudo, que está em fase inicial de desenvolvimento. Através de um

estudo histórico, buscaremos entender: o papel do texto no teatro e a trajetória

que culmina no contemporâneo; o teatro contemporâneo; o conceito de

processo colaborativo e seu percurso histórico em produções brasileiras. Além

disso, vamos analisar práticas de artistas e grupos que trabalham de forma

colaborativa. Para completar, buscaremos ouvir as vozes de dramaturgos e

diretores teatrais por meio de entrevistas. Este estudo busca contribuir com a

dramaturgia contemporânea, artistas e grupos de teatro da Cidade de São

Paulo, bem como pesquisas nos campos da Literatura e do Teatro.

Page 80: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

80

TROPICALIZAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO NA DIVULGAÇÃO DAS NOVAS

SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA: AS PREMISSAS IDEOLÓGICAS EM FOCO

José Luiz Marques (UNICSUL)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral

As empresas de tecnologia que desejam vender produtos no mercado

brasileiro precisam realizar uma adaptação (mercadológica e financeira)

desses produtos encontrar soluções para lançá-los no mercado, a isso as

empresas chamam de tropicalização. Esses lançamentos são acompanhados

de materiais promocionais, para atingir o consumidor local. Buscamos

investigar se essa tropicalização também ocorre nos discursos dos folders de

divulgação de tecnologias de ponta. Para tanto, investigamos o como esses

processos de comunicação estão considerando os contextos sociais, seus

reflexos ideológicos. Partimos da análise dos discursos contidos folders (papel)

que anunciam tecnologias de ponta distribuídos por três empresas da área, a

saber, uma norte-americana, uma latino-americana e uma brasileira. O corpus

foi selecionado em um dos maiores eventos de tecnologia da informação

realizado no Brasil, o CIAB FEBRABAN 2013 (feira de tecnologia bancária).

Com base nos fundamentos postulados por Van Dijk (2006), entre outros, as

análises partem do contexto social em que os gênero folder se insere,

exploram as ideologias e os valores retóricos utilizados (Preleman, 2004), no

processo argumentativo (Miller, 2012), procurando verificar como esses textos

funcionam do ponto de vista argumentativo (Cabral, 2010). As análises

permitem apontar as implicações de se anunciar em um suporte papel, as mais

modernas soluções tecnológicas, para um público alvo, que nasceu com a

“world wide web” e as soluções tecnológicas que acompanharam sua

criação.Observamos na tropicalização desses discursos, entre outras,

traduções pura e simples para a língua portuguesa, considerando a língua

apenas como instrumento, com a intenção de introduzir conceitos tecnológicos

e uma quase total desconsideração contexto sociocultural envolvido na

produção do texto, notamos também a forte presença institucional, o jogo de

dominação, alianças, submissões e resistências contidas nesses discursos.

Page 81: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

81

O TEXTO TATUADO: UM ESTUDO SOBRE A LINGUAGEM

Judith Tonioli Arantes (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan

Em sua obra Seis propostas para o próximo milênio, Ítalo Calvino discorre

sobre alguns aspectos das narrativas que ele acredita, e justifica por meio de

textos, serem importantes nas narrativas do próximo milênio. Esta obra, escrita

no século XX, propõe, entre outros aspectos, a “Rapidez”, segundo esta

proposta, uma narrativa contém elementos que unem suas diversas partes,

elementos que conduzem o fio da narrativa e que se dão no nível da palavra

escrita e das ideias de um texto. Tal aspecto pode ser verificado no conto “O

texto tatuado”, de Sérgio Sant’Anna, escritor contemporâneo. Este conto,

publicado originalmente pela Revista Granta em sua 4ª edição em Outubro de

2009, carrega em si certo tom que equilibra-se entre o estético e o erótico. A

linguagem utilizada na escritura do conto pode ser considerada tanto como

ambígua quanto como contendo dois paralelos que são importantes para a

análise do conto: “alto/baixo” e “oculto/revelado”. E, nesta forma como a

linguagem é utilizada ao longo do conto, torna-se possível verificar a proposta

“Rapidez” de Calvino na obra citada. Para que se dê tal análise, a primeira

versão do conto, publicada pela Revista Granta será utilizada. Contudo, é

necessário que se aborde brevemente a segunda versão, publicada em 2011

na obra O livro de Praga: narrativas de amor e arte, de autoria de Sérgio

Sant’Anna de forma a verificar também nesta versão a proposta de Calvino.

Page 82: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

82

UM ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO DA GRAMÁTICA METÓDICA DA

LÍNGUA PORTUGUESA DE NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA

Juliana Borges de MEDEIROS (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero

Esta pesquisa tem por objeto de estudo a Gramática Metódica da Língua

Portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, tematizada nos movimentos

contextuais de produção dessa obra. Apesar de ser criticado pelo seu purismo,

em relação às normas gramaticais e ortográficas, Napoleão ainda é

considerado um dos gramáticos mais representativos da Língua Portuguesa,

no século XX. O objetivo principal desta pesquisa visa buscar respostas para a

postura conservadora e nacionalista do autor, acompanhado de seu desejo de

preservação da gramática tradicional. Especificamente: 1) descrever o

momento político, social, econômico e cultural do período de maior produção

do autor; 2) examinar a Gramática. A relevância desta pesquisa é justificada

pela postura arraigada do autor às teorias conservadoras, mantendo-se

resistente às inovações teóricas de seu tempo. Esta investigação está

alicerçada nos pressupostos teóricos da História das Ideias Linguísticas,

disciplina que analisa o modo como o saber linguístico é interpretado e

desenvolvido no curso do tempo. Quanto aos objetivos, os resultados obtidos

indicaram que, na referida obra, o momento histórico e político brasileiro

influenciou na postura conservadora e nacionalista do autor. O procedimento

metodológico adotado é o teórico-descritivo e dedutivo. Para tanto, foram

seguidos os seguintes passos: levantamento e análise do suporte teórico a ser

estudado; seleção e constituição do corpus de análise; e, análise do corpus, de

acordo com os objetivos específicos. Não obstante, podemos concluir que esta

pesquisa precisa ter continuidade, pois a investigação realizada foi centrada

apenas em uma das obras de Napoleão Mendes de Almeida.

Page 83: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

83

SIGNIFICAÇÃO E TEMA: A “PRIMAVERA ÁRABE”

Karen Dantas de Lima (UNICSUL)

Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto B. Andrade

Sob a perspectiva da Análise dialógica do discurso, à luz do princípio

bakhtiniano, segundo o qual há uma inter-relação entre significação e tema

(BAKHTIN, 2012), cotejaremos na expressão “primavera árabe” o seu processo

evolutivo social. Para abordarmos o problema de significação na linguagem,

depreendemos a palavra, como postulado pelo Círculo, enquanto signo

ideológico portador de significado instituído no dinamismo dialógico. Por meio

da enunciação o signo em sua disposição de mobilidade específica, em

determinada esfera do cotidiano, numa situação discursiva única e irrepetível,

reflete uma realidade concreta expondo o índice de valor inerente a

comunicação e destaca dentre todas as possibilidades de caráter semântico e

polissêmico da palavra, aquela que a tornará um tema. Assim, um tema é a

capacidade de significar a palavra, a forma linguística em signo ideológico, num

contexto sócio-histórico que considera todos os elementos exteriores da

enunciação e a orientação apreciativa. Mostraremos, então, na organização da

expressão “primavera árabe” os elementos linguísticos que a compõem, como

tais palavras possuem significação genérica e reiterável, como o nível da infra-

estrutura reverbera na modificação da expressão como fenômeno ideológico,

em seu contexto sócio-histórico, apoiado na estabilidade do signo e dá conta

de sua evolução social na superestrutura. Discutiremos que os elementos de

todos os níveis imbricados convergem para um entendimento acerca do

fenômeno sócio-histórico que representa, conforme propõe os estudos

bakhtinianos, não dissociando forma linguística, signo ideológico, condições de

interação e organização do corpo social quando da enunciação na qual o tema

se realiza. Este estudo está inserido no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas

Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória do Mestrado em

Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.

Page 84: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

84

O MITO DA CRIAÇÃO DO MUNDO NA LITERATURA DE FICÇÃO

CIENTÍFICA: UM ESTUDO DO CONTO THE LAST QUESTION,

DE ISAAC ASIMOV

Karen Stephanie Melo (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Atik

A ficção científica é o gênero que trata da relação do homem com a ciência e

tenta, muitas vezes, prever o futuro da humanidade e do mundo. Um tema

comum a esse tipo de literatura é a influência do computador e da inteligência

artificial no cotidiano e na vida dos homens. Essa questão foi explorada de

forma bastante peculiar pelo autor Isaac Asimov, pois seus textos,

diferentemente de muitos outros escritos, aproximadamente, no mesmo

período, como Do androidsdreamofelectricsheep? (1968), de Philip K. Dick e

2001, Space Odissey(1968), de Arthur C. Clarke, trata a influência das

máquinas como algo positivo e benéfico para os seres humanos. Na opinião de

Asimov, TheLastQuestion(1956) é o melhor conto já escrito por ele, relatando

mais de trezentos milhões de anos na história. O texto mostra a dependência

do homem em um supercomputador, que é capaz de responder qualquer

questão que lhe seja proposta, exceto uma: como impedir o fim da humanidade

e do mundo. Assim, o autor mostra uma vagarosa extinção do homem que,

apesar de toda capacidade e meios tecnológicos disponíveis, percebe não ser

capaz de evitar o fim da própria existência. Do mesmo modo, observa-se uma

progressivo esforço do computador por um auto aprimoramento e pela busca

da perfeição.O presente trabalho propõe um estudo do conto de Isaac

Asimov, procurando analisar em que medida a narrativa estabelece um diálogo

com o relato bíblico da criação do mundo, evidenciando, assim, a visão

materialista e o viés científico que esse processo adquire no gênero.

Page 85: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

85

ROMANCE MEMORIALISTA E AUTOBIOGRAFIA EM JOSÉ LINS DO REGO

Karin Bakke de Araújo (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

Pela oportunidade privilegiada de contar com um romance ficcional de cunho

memorialista e com um texto confessadamente autobiográfico, ambos

contendo uma trama que se passa na mesma época e no mesmo local,

contemplando a primeira infância de um menino de engenho paraibano até a

sua ida para a escola como aluno interno no início do século XX, analisamos as

diferenças entre o que o autor considerou como memória autobiográfica, em

Meus verdes anos, e o que ele se permitiu acrescentar ou modificar na obra

ficcional memorialista, Menino de Engenho. Com base em conceitos

desenvolvidos por Antonio Candido e Mikhail Bakhtin, escolhemos dois

episódios narrados nas obras em pauta, cotejando suas diferenças

significativas, para concluir que, na obra ficcional, que tem como protagonista o

menino Carlos de Melo, a ação é cuidadosamente estruturada, notando-se uma

priorização dramática. Na obra autobiográfica, ao contrário, os acontecimentos

são representados em cenas livremente anunciadas, sem preocupação com

seu papel dramático ou com a continuidade da ação. Essa distinção de

procedimentos estéticos se comprova na análise dos textos que apresentamos

trazendo a solução da construção textual da morte comovente e dramática da

mãe e da valentia do menino Carlos de Melo, que minimiza o poder e a força

do chefe dos cangaceiros na obra ficcional, o que não acontece no texto

autobiográfico: a mãe tem uma morte natural e o menino fica impressionado

com o poder e a força do cangaceiro Antônio Silvino.

Page 86: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

86

O REALISMO FANTÁSTICO EM A CAUSA SECRETA,

DE MACHADO DE ASSIS

Karin Juliana de Meira Grava Simioni (UPM)

Orientador: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz

Machado de Assis, renomado autor do Realismo brasileiro, destacou-se não

somente por suas obras já tão exaustivamente lidas e estudadas por leitores no

Brasil e ao redor do mundo (porém, não menos querido e admirado), como

também pela publicação no segmento do Realismo Fantástico, o que já viria a

ser uma tendência de autores contemporâneos a ele, como Edgar Allan Poe. O

objetivo deste trabalho é oferecer um convite para a reflexão sobre o que pode

ser verificado na leitura e estudo de A Causa Secreta: o fato de ser um conto

tipicamente realista e que se aprofunda no âmbito do Fantástico, o qual,

segundo Todorov, demonstra as transformações, enfatizando as perversões

nos personagens, mais ainda, expõe ações na narrativa que o leitor, em um

primeiro momento, não consegue explicar, interagir, entender, sente

estranheza, desconforto, ocorrendo algumas “coincidências”, indo para a

vertente do Estranho Puro, acontecimentos que poderiam ser facilmente

explicados pelas leis da razão, porém assumem um caráter insólito. Sigmund

Freud será mencionado devido a sua contribuição sobre o conceito de

“unheimlich” – “(...) o fator essencial na origem do sentimento da estranheza à

incerteza intelectual; de maneira que o estranho seria sempre algo que não

sabe como abordar”. Estes e outros assuntos relacionados serão esmiuçados,

lembrando que a obra não apresenta nada de sobrenatural. Tudo se explica

racionalmente, no plano da matéria. O que realmente ocorre são fatos que

provocam medo, horror, repugnância, o que não deixa de ser uma provocação

para a reflexão, objetivo primeiro de toda obra realista.

Page 87: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

87

METODOLOGIA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA PEDAGOGOS:

CONCEPÇÕES SOBRE O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA

Laísa Gabriela Larcher Crês (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria Elias

O presente trabalho apresenta uma reflexão a respeito da formação do

Pedagogo para o ensino de Língua Portuguesa nas séries iniciais da

escolarização. Será apresentada uma discussão a respeito da identidade do

curso de Pedagogia, o qual tem como objetivo, além de preparar o profissional

para lidar com o desenvolvimento do sujeito de forma global, inserir o aluno no

campo teórico dos conteúdos de ensino. Mesmo sabendo que a qualidade de

sua formação para lidar com os fatores psicossociais serão indispensáveis para

a garantir um processo de aprendizagem eficaz, também é importante destacar

que estes profissionais serão nossos primeiros professores de língua materna,

e a forma como foram apresentados no curso de graduação aos objetos de

ensino desta disciplina poderá influenciar na qualidade da competência leitora

e escritora de nossos alunos. Por meio de uma investigação sobre os principais

objetos de ensino das Metodologias de Língua Portuguesa dos cursos de

Pedagogia de quatro grandes universidades paulistas, serão apresentados

alguns princípios teóricos que permeiam as ementas destas disciplinas, os

quais certamente condicionarão a prática dos professores formados nestas

instituições a respeito do ensino de língua materna. Para isto, serão utilizadas,

sobretudo, as premissas de estudo de Cagliari (2002) sobre alfabetização e

linguística, Baldi (2010) sobre leitura e escrita nas séries iniciais e de Koch

eElias (2012) a respeito de ler, escrever e compreender. Além disso, será

apresentada uma comparação do que os PCN de Língua Portuguesa propõem

como objeto de ensino para o Ensino Fundamental I, e se estas universidades

contemplam o que é proposto neste documento.

Page 88: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

88

A PERTENÇA IDENTITÁRIA NA CONCEPÇÃO DA LINGUAGEM

Leila Maria MansiniFiamoncine (UPM)

Maíra Bastos dos Santos (Mestre pela UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

Refletir sobre o conceito de Lusofonia e a Identidade linguística de jovens

estudantes do ensino médio no Brasil, de escolas e classes sociais diferentes,

a partir da exibição do documentário Língua – Vidas em Português. Como

suporte teórico os estudos de Stuart Hall (2006) que traz sujeitos da

contemporaneidade em um processo de fragmentação.

Page 89: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

89

RELEITURAS DO TEXTO BÍBLICO DE II SAMUEL 12. 15-18, 24-25 NAS

ARTES PLÁSTICAS DE REMBRANDT E WILLEM DROST

Lemuel de Faria Diniz (UPM)

Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira

Este trabalho pretende discutir as relações transmidiais verificadas na

transposição do texto bíblico de II Samuel 12. 15-18, 24-25 e as telas

Betsabéia no banho e Betsabé recebe a carta de Davi, respectivamente, de

Rembrandt e Willem Drost. A partir da análise do texto bíblico supracitado,

objetiva-se conhecer o processo de transposição do texto sagrado para a

pintura, valendo-se de uma metodologia comparativa. Dentro desse contexto

vigente, há que se considerar que, segundo Irina Rajewskyi (2005, p. 56),

teórica da Intermidialidade, a transposição midiática é o processo “genético” de

converter um texto composto em uma mídia em outra mídia, conforme as

possibilidades materiais e as convenções vigentes dessa nova mídia. Assim, o

texto “original” [um texto literário, um filme, etc.] é a “fonte” do novo texto [texto-

alvo] na outra mídia. Nestes termos, observa-se que, no âmbito desta análise,

o texto literário-bíblico é a “fonte” midiática para a criação das telas dos

pintores, ambos holandeses. Dentre os resultados obtidos, têm-se a

constatação de que em ambos os quadros a narratividade presente fica

implícita no repertório de leitura de cada espectador, que precisa considerar

que a carta que tanto Rembrandt como Willem Drost colocam na mão de Bate-

Seba não é descrita no texto veterotestamentário, embora sua existência talvez

possa ser subentendida quando se lê que Davi enviou os mensageiros dele

para levar a bela mulher ao palácio. Hipóteses à parte, o que interessa nesse

ponto é que o engenhoso artifício do pintor contém uma condensação narrativa

que se assemelha à técnica bíblica de sumarizar determinados acontecimentos

com o objetivo de acentuar um sentido específico.

Page 90: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

90

DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS: IDENTIFICAÇÃO, ESTRANHAMENTO E

A IMAGEM DO PROFESSOR EM “TRAPO” DE CRISTOVÃO TEZZA

Leni Soares Vieira Fernandes (UPM)

Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira

O objetivo do trabalho é analisar a imagem do professor na obra “Trapo” de

CristovãoTezza: a razão pela escolha desse papel social como identidade do

protagonista e como essa identidade é construída. Considerando,

principalmente, o discurso do protagonista, um professor aposentado,

observamos sua transformação nessa metaficção: sua vida muda

drasticamente quando Trapo, um rebelde adolescente poeta se suicida.

Incorporando conceitos teóricos sobre identidade na pós modernidade de

Stuart Hall e sobre a função social do educador de acordo com Paulo Freire,

estudamos as duas vozes narrativas de perspectivas diferentes que se

mesclam, concatenando a narrativa sobre a vida do professor Manuel com

cartas, poemas e bilhetes escritos por Trapo. Analisamos a relevante

reconstrução da identidade de Manuel a partir do momento em que olha para

dentro de si mesmo e, também presta atenção na impressão que causa às

pessoas a sua volta. A interação pessoal ou através da coletânea de escritos

que lhe caem nas mãos, com pessoas diferentes pela faixa etária, cultura,

formação e personalidade, abala sua existência e Manuel vê-se impulsionado a

reformular seus conceitos e adotar uma postura mais aberta a pessoas,

atividades e comportamentos novos. É exatamente este aspecto que é visto

por Hall como uma característica do homem contemporâneo: não temos uma

identidade essencial ou permanente. O professor conscientiza-se de que viveu

até aquele momento apenas de acordo com o que os outros esperavam dele,

sem desfrutar da convivência com os alunos, por exemplo, para aprender

também e que apenas passou conhecimentos adiante, e não realmente

ensinou seus alunos. Faltou a Manuel, o que Paulo Freire chama de reflexão

crítica, não apenas sobre sua prática docente, mas também sobre sua vida. O

professor compreende que sua identidade pode ser ampliada e que tem a

possibilidade de optar por novas formas de viver.

Page 91: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

91

DO LIVRO À TELEVISÃO: O PERCURSO DE

MEMORIAL DE MARIA MOURA.

Lídia Carla Holanda Alcântara (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik

O presente trabalho tem como objetivo estudar a transposição do romance de

Rachel de Queiroz, intitulado Memorial de Maria Moura, publicado em 1992,

para a minissérie televisiva da Rede Globo de mesmo título, a qual foi ao ar em

1994. Para a realização desta pesquisa, serão utilizados teóricos que falaram

sobre a transposição de obras da literatura para as telas da televisão (e do

cinema), como Ana Balogh, Randal Johnson, Tânia Pellegrini e Ismail Xavier.

Além disso, pela obra em questão ser uma minissérie, será traçado um

pequeno percurso sobre as minisséries no Brasil, bem como um breve estudo

sobre as adaptações feitas para esse gênero de programa televisivo, visto que

“dentro da tradição das minisséries brasileiras, que é posterior a das novelas,

mas também está bem sedimentada, a adaptação tem sido uma das

estratégias mais frequentes” (BALOGH, 2002, p. 130). Será, também,

abordada a questão da fidelidade, o quão importante é (ou se é, de fato,

importante) a obra transposta ser igual ou muito semelhante à obra escrita,

levando em conta que, como afirmou Johnson (2003, p. 42), “a insistência na

‘fidelidade’ [...] ignora diferenças essenciais entre os dois meios”. Como, afinal,

transpor para as telas algo tão subjetivo e poético como a literatura? Como

fazer isso sem, de fato, perder a poeticidade, a essência de uma obra? Será

que é possível? Como fazer a aproximação entre esses dois meios? Essas são

algumas das perguntas que servirão de base e nortearão este trabalho, o qual

estudará como as palavras se traduzem para a pequena tela, como acontece

“a passagem de um texto caracterizado por uma substância de expressão

homogênea – a palavra – para um texto no qual convivem substâncias de

expressão heterogêneas [...]” (BALOGH, 2004, p. 48).

Page 92: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

92

DISCURSO E PRÁTICA DOCENTE: A APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA

Luci FumikoMatsu Chaves (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos

Este trabalho é parte da experiência desta educadora e apresenta resultados

parciais de uma pesquisa com professores de uma Instituição Privada do

Ensino Superior do Distrito Federal. Propostas de reformas educacionais na

última década do Séc. XX apontam mudanças para atender às demandas de

uma nova sociedade. Os reflexos advindos dessa circunstância atingem a

aprendizagem podendo ocorrer fragilização, inconstância e ineficácia desta

prática pedagógica. O cenário educacional carece de políticas educacionais

que sustentem a necessidade da formação inicial e continuada, bem como a

adaptação a um novo modelo de educação que atenda às exigências da pós-

modernidade. Daí, esta pesquisa busca refletir sobre a Condição docente:

discurso e prática do professor do Ensino Superior – a aproximação necessária

-, serão discutidos aspectos relacionados à importância da interação do

discurso do docente do ensino superior com sua prática pedagógica. A base

teórica sobre prática pedagógica e discurso está fundamentada em Freire

(1976, 1977, 1987, 1992, 2005) e em Fairclough (2008). Que repercussões

dialógicas são evidenciadas na prática pedagógica dos professores

pesquisados? OBJETIVOS: Refletir sobre a Condição docente: discurso e

prática do professor do Ensino Superior – a aproximação necessária -, serão

discutidos aspectos relacionados à importância da interação do discurso do

docente do ensino superior com sua prática pedagógica. É um estudo de

natureza qualitativa, que prevê como técnicas de pesquisa: análise

documental, questionários com questões fechadas e/ou abertas para os

sujeitos que a compõe somam 16 professores de uma Instituição do Ensino

Superior Privado de Brasília/DF (oferta os cursos de licenciaturas e

bacharelados nas áreas das ciências humanas, exatas e biológicas, e pertence

à rede de ensino superior privado do Distrito Federal), e 32 alunos, sendo dois

de cada um destes professores pesquisados. A pesquisa encontra-se na fase

de análise documental, iniciando, também, a análise dos dados coletados até o

momento. Esta análise preliminar e parcial trata do documento oficial da

Page 93: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

93

Avaliação Institucional, as variáveis selecionadas foram as relacionadas a

situações da prática pedagógica. Os resultados parciais apontam para a

necessidade da interação entre discurso e prática docente.

Page 94: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

94

A VIOLÊNCIA EM A COR PÚRPURA: SUA REPRESENTAÇÃO

EM LIVRO E FILME

Luciana DuenhaDimitrov

Orientador Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Ao se considerar a assertiva de Marco Abel (2007) em que este atenta para o

fato de que é a própria obra de arte que propicia um contexto que nos permite

entender adequadamente uma dada situação histórica, a inaceitável mutilação

feminina relatada porNettie em A cor púrpura (Walker, 1982 – Spielberg, 1985)

se torna, ironicamente, aceitável. Vivendo na África há décadas, em uma das

cartas que escreve a Celie, Nettie, pesarosamente, revela à irmã a

incapacidade dos missionários em ter “(...) ajudado a parar (...) a marcação ou

corte tribal nas faces das jovens mulheres [Olinka]” (WALKER, 1982, p.177).

Os trechos desta e de outras cartas em que a mutilação e suas consequências

são descritas trazem à tona imagens violentas que acabam por se tornar

positivas, ao se considerar o quão precisamente refletem o mundo que

representam, assim como o contexto dentro do qual a dada violência ocorre

(ABEL, 2007, p.xii). No entanto, os estudos sobre a adaptação cinematográfica

revelam, entre outras questões, que “a imagem tem (...) seus próprios códigos

de interação com o espectador, diversos daqueles que a palavra escrita

estabelece com o seu leitor” (PELLEGRINI, 2003, p.16). Outra questão

evidenciada no estudo de adaptações é que ao passo que a obra literária

significa, a obra fílmica expressa (JOHNSON,1982, p.15). Ora, torna-se, então,

evidente que a violência sofrida pelas mulheres daquela tribo africana descrita

no romance de Alice Walker é (re)apresentada de maneira distinta no filme de

Steven Spielberg. Tomando como base essa violência, o objetivo desse breve

estudo consiste, assim, em estabelecer algumas das confluências e das

divergências existentes entre tal representação na obra literária e na obra

fílmica.

Page 95: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

95

AS ANÁFORAS INDIRETAS NA FORMAÇÃO DA REDE REFERENCIAL:

UMA ANÁLISE EM SEQUÊNCIAS TEXTUAIS DE ROMANCES

BRASILEIROS

Luciana Ribeiro de Souza (UPM/FAPESP)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves

A rede referencial de um enunciado é constituída por elementos fóricos

(sintagmas, pronomes, zero) que uma vez introduzidos no texto podem ou não

serem retomados. A retomada de um elemento fórico por outro do texto pode

ocorrer de forma explícita ou implícita. No primeiro caso, configura-se uma

anáfora direta (quando um elemento do texto mantém uma relação estrita com

outro(s) elemento(s) do texto), enquanto, no segundo caso, institui-se uma

anáfora indireta, que se caracteriza “pelo fato de não existir no cotexto um

antecedente explícito, mas, sim, um elemento de relação que se pode

denominar de âncora e que é decisivo para a interpretação” (KOCH; ELIAS,

2012: 128). A anáfora indireta é uma estratégia endofórica de ativação de

referentes novos e não uma reativação de referentes já conhecidos, o que

constitui um processo de referenciação implícita (MARCUSCHI, 2001). Partindo

desses pressupostos, este trabalho tem por objetivo verificar como são

instituídas as anáforas indiretas no estabelecimento da rede referencial de

diferentes sequências textuais (descritiva e dissertativa) de romances

brasileiros. A busca inclui uma interpretação sobre a contribuição desse

processo remissivo para manter a continuidade e o sentido do enunciado.

Page 96: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

96

HIPERTEXTO – COGNIÇÃO POR MEIO DO CONTEXTO E DA INTERAÇÃO

Luciene Oliveira Costa dos Santos (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria Elias da Silva

Diante da evolução tecnológica em vigor, este trabalho parte do interesse em

entender como se dá a articulação entre hipertexto, contexto e interação. A

base teórica utilizada é fundamentada em obras de Bakthin (1997); Charlot

(2000); Hanks (2008); Marcuschi (2004); Marquesi, Cabral, Elias e Villela

(2010); Lévy(1995); Van Dijk (1992). Dessa forma, esta comunicação expõe

uma breve reflexão sobre as novas lógicas que regem a linguagem a partir da

utilização do hipertexto, o qual se apresenta fundamentalmente baseado na

interação. Além disso, ela discute o quanto o contexto influencia essa escrita

virtual, seja na produção, seja na recepção. Isso confirma a pertinência

temática que este estudo traz. Na interação por meio da escrita em ambiente

virtual são estabelecidas estratégias comunicativas voltadas tanto para

reprodução cultural como também para renovação. Diferente do que se tinha

como ambiente de escrita em momentos anteriores, o meio virtual implica, no

hipertexto, a compreensão de novo modo de escrita, de novas práticas, de

novos processos de construção de conhecimento. Estruturado sobre relações,

sobre conexões, como já foi dito, o hipertexto existe num processo de

interlocução, de diálogo, que se estabelece entre o sujeito e o texto. Estudo

bibliográfico de caráter ensaístico, este trabalho não pretende esgotar o tema,

mas sim direcionar um aprofundamento de pesquisa e uma ampliação do

debate apresentado. Enfim, neste resumo, a breve análise é um ponto de

partida para a compreensão de três aspectos fundamentais: de que maneira o

texto digital demanda novas práticas e novas estruturas de linguagem, como

se dá a influência do contexto sobre o hipertexto e, dentre esses dois últimos

elementos, em que nível de importância está a interação.

Page 97: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

97

A HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA CABO-VERDIANA

RELATADA EM MÚSICA

Ludmila Jones Arruda (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

Inserido nos estudos de Lusofonia, o presente trabalho pretende analisar

alguns aspectos históricos presentes na música de intervenção Cabo- Verdiana

compostas entre 1935-1975, período em que compreende o Estado Novo em

Portugal. O retrospecto da colonização portuguesa e as condições impostas às

colônias nesse período resultaram na luta dos povos africanos pela

independência. Com o objetivo de reafirmar a sua identidade, Cabo Verde,

revela em suas produções culturais e literárias valores que mais o caracterizam

– tais como a mestiçagem e a questão linguística – elevando o que é africano e

o que de fato faz parte da vida do cabo-verdiano. É importante salientar, que

muitas dessas canções de protesto só chegaram ao conhecimento do público

após a Revolução dos Cravos, ocorrida em abril de 1974, devido à

censuraimposta pelo governo salazarista. Ainda nesse período, na última fase

da colonização portuguesa, por razões várias, como a fome, a seca e a falta de

trabalho, o povo cabo-verdiano foi obrigado a emigrar em busca de melhores

condições de vida. Com base nas pesquisas de António Carreira (1984), e nos

estudos de Gabriel Fernandes (2002; 2006) e Leila Hernandez (2002),

pretende-se discutir os principais motivos e os destinos procurados pelos ilhéus

nessa fase, para que se possa, a partir dos conceitos de identidade e os

aspectos históricos vividos no país, compreender a letra e o tema das canções

de intervenção contidas no CD “Música de Intervenção Cabo-Verdiana”,

lançado em 1999. Ressalta-se que a música de Cabo Verde é mundialmente

conhecida tornando-se um dos aspectos culturais mais valorizados do país.

Page 98: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

98

“ENTRE ASPAS”: UMA ANÁLISE DAS FUNÇÕES METAENUNCIATIVAS

DAS ASPAS EM EDITORIAIS DOS JORNAIS AGORA SÃO PAULO E

FOLHA DE S. PAULO

Marcelo Fleuri de Barros (UPM)

Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

A linguagem é constitutivamente heterogênea, podendo essa heterogeneidade

se mostrar ou não no fio dos discursos. São variadas as formas de ela se

mostrar, destacando-se, entre elas, o uso das aspas. Trata-se de um recurso

aparentemente corriqueiro e simples, mas suas funções na construção dos

sentidos dos textos são complexas e nem sempre fáceis de identificar por parte

dos leitores. Na comunicação que faremos, tendo como base a dissertação de

Mestrado que estamos concluindo, pretendemos identificar alguns desses

usos, particularmente do ponto de vista de suas funções. Faremos essa

identificação em editoriais de jornais, especificamente em editoriais da Folha de

S. Paulo e do jornal Agora São Paulo. Para nosso estudo constituímos um

corpus de editoriais que, nos dois jornais, no mesmo dia, tratassem do mesmo

tema. A escolha dos dois jornais se deveu ao fato de um e outro se destinarem

a leitores com características distintas, isto é, em princípio, com competências

leitoras diferentes. Ora, essa diferença determina que os jornais construam

seus textos com características distintas para um e outro público leitor, seja no

que respeita à escolha dos recursos lexicais, seja no que se refere às

estratégias sintáticas e outras. Diante disso, sabendo que a compreensão e a

interpretação metaenunciativa das aspas é de responsabilidade e competência

do leitor, partimos da hipótese de que também é distinto o emprego das aspas

em um e outro jornal. Detectar as diferenças desse emprego em editoriais

desses jornais, na perspectiva da competência interpretativa de seus leitores, é

o grande objetivo de nossa dissertação. Em nossa comunicação queremos

expor alguns aspectos de nosso trabalho.

Page 99: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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CAOS URBANO E CONTEMPORANEIDADE NOS CONTOS DE

MARCELINO FREIRE

Márcia Moreira Pereira (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

A literatura brasileira contemporânea apresenta perspectivas diversas,

possibilita abordagens distintas, dialoga com variados modos de

representação. Se o percurso dessa literatura for estabelecido em tempo

cronológico, por exemplo, ela se torna ainda mais multifacetada; nota-se essa

questão em momentos históricos pelos quais passamos da década de 1950

para cá. Em termos de definição da literatura brasileira contemporânea, há,

contudo, um elemento que parte da crítica define como uma espécie de

catalisador das obras e autores que a compõem: a representação do espaço

urbano. Passamos, de algumas décadas para cá, por grandes transformações,

muitas delas ligadas à cidade grande, como a vinda do homem do campo para

capital, as inquietações e perturbações dos indivíduos que vivem nesses

grandes centros e o hibridismo presente neles. Desse modo, nota-se que o

espaço urbano representado na literatura contemporânea já não é mais o local

ameno e estático de outros tempos (PELLEGRINI, 2008), local muitas vezes

representado como mero pano de fundo em literaturas anteriores; o espaço

agora é a cidade grande com todas suas distorções e com heterogeneidade. A

proposta dessa comunicação é analisar alguns contos de um dos nome de

expressão dessa tendência literária: Marcelino Freire. Pretendemos, nesse

sentido, analisar os contos "Da paz" (de Rasif - Mar que arrebenta, 2008) e

"Crime" (de Amar é crime, 2010), privilegiando questões diversas como

urbanidade, identidade, violência, opressão, transgressão e oralidade, sob a

perspectiva, de um lado, da teoria dos estudos culturais (PRYSTHON, 2003;

BONNICI, 2005) e, de outro, da pós-modernidade (PELLEGRINI, 2008; AUGÉ,

1994; HALL, 2003; SANTOS, 2000). Enfatizaremos aspectos próprios da

realidade urbana, não apenas como tema das narrativas analisadas, mas como

elementos que configuram tanto sua estrutura ficcional (personagens, tempo,

espaço etc.) quanto sua escritura literária (PELLEGRINI, 2008;

SCHOLLHAMMER, 2009; PINTO, 2012; GOMES, 2000).

Page 100: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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DIALOGISMO EM “NUNCA APOSTE SUA CABEÇA COM O DIABO –

CONTO MORAL”

Maria da Luz Alves Pereira (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Lílian Lopondo

O presente trabalho propõe fazer uma análise do conto “Nunca aposte sua

cabeça com o diabo — conto moral”, de Edgar Allan Poe (1809-1849), a fim de

observar e descrever a sua relação dialógica com o gênero

fábula.Essecontonarra a história de um sujeito que aposta a cabeça com o

diabo e acaba perdendo a aposta. O narrador homodiegético, que tem

destaque como personagem secundária estreitamente solidária à central, é

amigo da personagem protagonista, o Sr. TobbyDammit, um homem de “bom-

humor”, que tem muitos vícios. O pior deles é ser afeito às apostas, prática que

o leva à morte. Ao atribuir ao título a moral, o enunciador convida o

enunciatário para adentrar um recinto tão aplaudido e conhecido. A expressão

explicativa — conto moral — vem a ser um convite ao enunciatário a respeito

do gênero fábula, e o que está grafado levanta a questão se se poderia ser

uma narrativa tradicional ou não. Com versatilidade, o que o enunciatário

pretende enunciar constitui, portanto, outro modo narrativo, que poderia ter sido

conferido às fábulas tradicionais. Partindo da verificação das inversões, dos

acréscimos, das supressões, dos deslocamentos e da cosmovisão do texto

matriz, pretende-se chegar à identificação das relações dialógicas entre o texto

de Poe e o gênero fábula. Elegemos como referencial teórico os estudos de

Mikhail Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da linguagem (1988) e Estética da

criação verbal (2010). Este trabalho justifica-se por ser parte integrante da

minha tese e porque pretende contribuir para a compreensão do dialogismo em

Poe.

Page 101: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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EDUCAÇÃO E LEITURA DIALÓGICAS: RESSONÂNCIAS DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE E DE M. BAKHTIN

Maria de Fátima Xavier da Anunciação de Almeida (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos

Neste trabalho, realizamos uma reflexão teórica para pensarmos nas

ressonâncias trazidas pelas teorias de educação e de leitura que fossem bases

à prática educativa do/a professor/a de português. Apropriamo-nos dos

referenciais de educação de Paulo Freire e do pensamento filosófico-linguístico

de M. Bakhtin e de pensadores de seu Círculo linguístico, uma vez que o/a

professor/a de português, no continuum de sua formação, necessita de se

apropriar de teorias de educação e de leitura para fundamentar a sua prática

docente. Assim, saberá o que ensinar, para que e por que ensinar leitura(s) na

escola. O trabalho pedagógico do/a professor/a de língua materna com a

leitura na escola, prescinde de teorias de leitura e de educação para

fundamentar a prática docente. Isso significa dizer que em toda prática

educativa há um posicionamento político, pois não existe prática educativa

neutra, apolítica. (FREIRE, 2001) Demonstramos a nossa tese apresentando

os fundamentos de educação de Freire e de leitura (linguagem) de Bakhtin. A

dialogicidade, para Freire (2013) é a essência da educação como prática da

liberdade, da educação problematizadora. Desse modo, o diálogo é um

fenômeno humano, que se configura na palavra, sendo essa um meio para que

o realize. Já M. Bakhtin teoriza a leitura como compreensão responsiva, por

isso, ativa, do tema da enunciação, ou seja, no ato de ler –

compreender/construir sentidos - o leitor necessita compreender os sentidos

completos, únicos da enunciação dentro do contexto de sua produção. As

ressonâncias das teorias de educação em Paulo Freire e de leitura (linguagem)

em Bakhtin, que podem fundamentar a prática educativa do/a professor/a de

português, ao trabalhar a leitura na escola, mostram-nos concepção de

diálogos distintos, entretanto, são fundamentos teóricos que tratam o homem

como sujeito ativo e crítico diante do conhecimento e da produção de sentidos.

Page 102: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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DOIS NARRADORES E UMA NARRATIVA: UMA LEITURA DO DUPLO EM

UM SOPRO DE VIDA, DE CLARICE LISPECTOR

Maria Eloísa de Souza Ivan (UPM/Uni-FACEF)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luíza Guarnieri Atik

Iniciado em 1974, o livro póstumo Um sopro de vida (pulsações), de Clarice

Lispector, vem a público em 1978. Escrito “em agonia” (Borelli, 1981), a obra

retoma a densidade introspectiva que caracteriza a escrita clariceana, repete o

paradoxo existencial vida e morte tão recorrente em sua obra, revela-se como

obra de princípio e fim, uno e múltiplo, enfim, nos guia por vários caminhos

conhecidos, ou não. Assim, neste projeto, retomamos aspectos os quais não

foram explorados na nossa pesquisa de mestrado por não fazerem parte dos

objetivos daquele trabalho, mas que foram percebidos como relevantes para um

estudo posterior. Dentre eles, podemos citar a manifestação do duplo como

elemento estruturante da narrativaUm sopro de vida (pulsações),1978, escolhida

como corpus desta pesquisa. A temática do duplo sempre esteve presente na

cultura ocidental, variando de acordo com o momento histórico. Renovado na

modernidade, o mito do duplo também revela o homem estilhaçado, tendo

como uma de suas possíveis representações a cisão do Eu em um “ego” e um

“alter ego”. Desse modo, orientando-nos pelas reflexões de Rank, Clément

Rosset, Bravo, entre outros, a pesquisa que aqui se apresenta propõe, como

questionamento, investigar de que modo a imagem do duplo se materializa

como um elemento estruturante da narrativa clariceana, mais especificamente

em Um sopro de vida, e em que medida esse recurso discursivo se manifesta

no contraponto Autor-narrador/Ângela Pralini, seu duplo, investigando também

como esse narrador se manifesta nas oscilações de pessoa, na ampliação da

função de narrar, nas escolhas vocabulares, no viés adotado: quem é o duplo

de quem?

Page 103: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA: UMA POSSIBILIDADE

Maria Inês Francisca Ciríaco (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

O objetivo deste trabalho é refletir sobre questões que permeiam o pensamento

do educador e filósofo Paulo Freire acerca da proposta de uma prática

educativa problematizadora. Pensar sobre educação num momento em que a

sociedade vive imersa em um sistema capitalista, midiático e manipulador,

dominado por forte aparelho ideológico com base na alienação e controle,

fortalecendo as diferenças e a desigualdade entre os indivíduos, fruto da

ambição humana, não é algo simples, de maneira que, discutir a educação

brasileira é pensar em liberdade, inclusão social, valores humanos, reflexão e

criticidade, formando cidadãos conscientes de seus papéis na transformação

da sociedade, não somente através de habilidades técnicas, mas também da

solidariedade, responsabilidade e criatividade. Dessa forma, para melhor

compreendermos esta situação tomaremos como suporte teórico alguns

conceitos propostos pelo autor, na perspectiva da construção de uma

educação que vá além da dita “bancária”, e que permita mesmo numa

sociedade marcada pelo capitalismo exacerbado, excludente e dominador,

estabelecer relações dialógicas que proporcionem uma educação

verdadeiramente libertária, desenvolvendo nos indivíduos a capacidade de

reflexão crítica sobre si mesmos e sobre o mundo, a fim de se transformarem

assim como a realidade que os cercam.

Page 104: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

104

OS SENTIDOS DO OLHAR SOBRE A IDENTIDADE:

DIEGO RIVERA E OCTAVIO PAZ

Mariana Calvo Mozer Manzieri

Camilla Cafuoco Moreno (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Gloria Carneiro do Amaral

O presente trabalho desenvolve o diálogo existente entre textos de naturezas

distintas, ou seja, estuda o dialogismo existente na literatura e na pintura mural.

Para tanto, utiliza-se, como corpus de análise, um capítulo que compõe o

livro El laberinto de lasoledad, de Octavio Paz, intitulado “De laindependencia a

larevolución”, em que o autor propõe uma reflexão sobre a constituição da

formação identitária e ideológica do ser mexicano do século XX.

Como corpus de análise imagética estão presentes dois murais de Diego

Rivera, intitulados The marriageoftheartistic expression. Of the North and South

of the continent e La lluvia. A base teórica utilizada para o desenvolvimento do

trabalho compreende autores que discutem questões políticas, identitárias e

ensaísticas, tais como Krauze, Fuentes e Vasconcellos, e autores que discutem

a questão dialógica e intertextual, como Bakthin, Ferrara, Kristeva e Barros.

Para embasar a análise imagética, recorreu-se às considerações de Gomes

Filho, Dondis, Arnhei e, Manguel.

Page 105: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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O DISCURSO ANTIMARXISTA EM MAFALDA

Mariana Fogaça Calviño (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan Pelegrino

O trabalho analisa o discurso antimarxista em uma das tirinhas da personagem

Mafalda, do autor argentino Quino. Por meio de pensamentos de Bakhtin e

Volochínov, a proposta apresenta como a personagem é influenciada pela

ordem sócio-política vigente e como repudia a teoria reacionária de Karl Marx,

dialogando com questões históricas e sociais. Os quadrinhos de Mafalda

retratam as suas indagações: ela questiona o efeito estufa, a política nacional,

os acordos internacionais, o capitalismo, mas também o socialismo, enfim,

indagar é o que ela faz de melhor. E um destes temas construídos sutilmente

em Mafalda é o que será chamado de “Elemento Reacionário” – que seria uma

das ideias defendidas por Marx – mas a personagem o critica, enaltecendo o

“Elemento Revolucionário”. Se todo signo é ideológico, todo discurso também o

é. E o objeto de estudo deste trabalho está preenchido com uma ideologia

antimarxista e antirreacionária, que refuta o Elemento Revolucionário. É

importante destacar que a palavra Revolução é trabalhada desde a época de

Aristóteles, mas o Elemento Reacionário é algo advindo do Socialismo

Reacionário de Marx. E para comprovar o dialogismo no discurso de Mafalda,

são apresentadas respostas às indagações sobre “Como a personagem foi

influenciada a pensar de maneira revolucionária?”, “Por que ela critica o

modelo reacionário?” e “Qual a influência de Marx no seu discurso?”.

Page 106: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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AS MARCAS DO INSÓLITO NA NARRATIVA DE JOSÉ J. VEIGA.

Marleide Santana Paes (UPM)

Orientadora:Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral

A proposta do projeto de pesquisa é a compreensão literária com vertentes

narrativas sob as bases do insólito, visando perscrutar os avatares do

argumento “supra-real” na produção literária contemporânea, bem como o

efeito estético que estas obras podem ter sob o leitor. Desde século XIX até a

contemporaneidade muitas foram as teorias desenvolvidas acerca da Literatura

Fantástica, não obstante, por mais discussões que o campo da teoria literária

tenha promovido a respeito do referido tema, ainda existem muitas arestas

propensas a longos embates sobre os limites de tal gênero cujo argumento

narrativo transita sobre as bases do insólito. A obra literária escolhida neste

trabalho para ser analisados os marcadores do fantástico na ficção literária é

Torvelinho Dia e Noite (1985) do autor Goiano José J. Veiga.Pretende-

seaveriguar os princípios que regem o insólito na literatura contemporânea a

partir da presença de elementos fantástico e /ou maravilhoso, mas que dialoga

com as diversificadas construções de identidades que podem ser reveladoras

do caráter do homem contemporâneo, confuso, perante uma sociedade

efetivamente fragmentada que tem como referencial um mundo prosaico em

cujo insólito é concomitantemente operante.

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CRÔNICA JORNALÍSTICA: O GÊNERO JORNALÍSTICO POR EXCELÊNCIA

Milton Gabriel Junior (PUC/SP)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Célia Pagliuchi da Silveira

Esta comunicação está situada na área da Análise Crítica do Discurso,

Linguística Textual-Discursiva e da sócio-retórica e tem por objetivo analisar as

sequências textuais nos textos denominados colunas, a fim de verificar se

pertencem ao gênero crônica; além de investigar e apresentar como as

crônicas jornalísticas se organizam no plano textual-discursivo verificando se

esses textos se tipificaram em um novo conjunto de gêneros. Tem –se por

pressupostos inter-relacionar os postulados de Bazerman (2009), os esquemas

textuais-discursivos de Adam (2010) e as categorias analíticas Discurso,

Sociedade e Cognição da Análise Crítica do Discurso, van Dijk (1990, 1997,

2012). Focaliza-se no material utilizado, colunas dos jornais paulistanos.O

método adotado para análise é o teórico-analítico. Justifica-se a análise, uma

vez que os estudos realizados sobre as crônicas nacionais apenas trataram de

sua organização textual ou da materialidade linguística “guiada” pela situação

de enunciação, não há um estudo que inter-relacione a linguística textual e a

linguística do discurso buscando apresentar a construção textual-discursiva das

crônicas jornalísticas, apresentando assim a composição do plano descritivo da

estrutura composicional, das tipologias, das sequências típicas e assim

compreender os aspectos da materialidade linguística, o que levou a re-

categorização do gênero crônica. Os resultados obtidos indicam que a crônica

está em mutação, agindo e interagindo no meio social ao criar realidades ou

fatos sociais.As crônicas jornalísticas constituem ações sociais construídas

pela linguagem, uma vez que cria um sistema de valores e significações

através do texto produzido.Ao analisar as ações sociais, conseguimos verificar

os mecanismos de textualização delimitando o interdiscurso, o intertexto e o

gênero, constatando que a crônica possui função e lugar social específico, com

valor recorrente, ao criar um sistema de valores e significações construídas na

sua organização textual-discursiva.

Page 108: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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ARGUMENTOS RETÓRICOS E ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS NA

CONSTRUÇÃO DO ETHOSDO ANUNCIANTE NA PROPAGANDA

INSTITUCIONAL: UMA QUESTÃO DE LEITURA

Mônica Mendes e Silva Rocha (UNICSUL)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Tinoco Cabral

O presente estudo situa-se na linha de pesquisa Texto, Discurso e Ensino:

processos de leitura de produção do texto escrito e falado, e tem como tema

Argumentos Retórico e Estratégias Linguísticas na Construção do ethos do

Anunciante na Propaganda Institucional, tendo em vista a leitura na escola.

Justificamos a escolha do tema com base na constatação das dificuldades

enfrentadas por alunos do ensino básico diante da leitura de textos

argumentativos e nas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais

em Língua Portuguesa, que destacam a importância da formação de um leitor

critico. O trabalho objetiva buscar elementos que possam contribuir para a

formação do leitor crítico, especificamente, para leitura de textos

argumentativos. Para tanto, apresenta o levantamento e análise de argumentos

retóricos e de estratégias linguísticas que concorrem para a construção do

ethos do anunciante em um corpus de propagandas institucionais. O trabalho

fundamenta-se na Linguística Textual (Koch 2002, Vilela 1999, Marcuschi); na

Nova Retórica (Perelman&Olbrechts-Tyteca 2002, Reboul 2004, Abreu 2006),

considerando uma visão discursiva (Bakhtin 2003, Maingueneau 2004, Amossy

2005) e enunciativa da linguagem (Kerbrat-Orecchioni 1997). A pesquisa

possibilita verificar, em corpus composto de quatro propagandas institucionais,

argumentos retóricos baseados na estrutura do real, articuladores textuais e

estratégias de modalização, explorando como esses elementos concorrem

para a construção do ethos do anunciante. Considerando a amplitude do tema

o trabalho abre novas perspectivas para o ensino da leitura e para novas

pesquisas na área.

Page 109: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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KANIMAMBO, MOÇAMBIQUE! TERRA DE FONES LUSOS

E COSMOVISÃO BANTU

Nancy A. Arakaki (PUC/SP)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Unindo-nos à corrente lusófona daqueles que acreditam que a Língua

Portuguesa não é de ninguém, é de todos aqueles que amam expressar-se

nessa língua também em espaços bantófonos, elaboramos uma breve reflexão

sobre o Português Moçambicano (PM): uma variedade do Português que

floresceu em Moçambique enriquecido pelo substrato bantu. Para atender

nosso objetivo, escolhemos a obra “Léxico de usos de Armando Jorge Lopes

(AJL)” e procuramos realizar uma análise crítica à luz dos pressupostos

metodológicos da Historiografia Linguística (Koerner, 1996). Sendo assim,

traçamos o “clima de opinião” do período em que AJL produz sua obra - final do

século XX – considerando a viabilidade de estudo historiográfico do tempo

presente porque sustentado pelo rigor metodológico e teórico (Bastos & Palma,

2008) da Sociolinguística (Preti, 2003, Elia, 1987) cujos parâmetros serviram à

arquitetura da mesma. Buscamos extrair da referida obra traços distintivos que

contrastam a variedade PM das variedades PE (Português Europeu) e PB

(Português Brasileiro). Cientes de que justapor todas as variedades da Língua

Portuguesa equivale à simples apresentação de um conjunto heteróclito (Elia,

1987) que em nada contribui para a distinção do PM historicamente constituído,

optamos por distinguir no léxico o complexo fenômeno linguístico de

moçambicanidade – fones lusos e cosmovisão bantu - que distingue essa

variedade (PM) das demais.

Page 110: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA

PORTUGUESA EM FOCO (PARTE II)

Nelci Vieira de Lima (IP-PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Barbosa Bastos

Objetivamos, sob uma perspectiva histórica, refletir sobre os caminhos da

formação do professor de língua portuguesa, como língua materna, no Brasil e

em Portugal. Dessa forma, pretendemos comparar os dois quadros de

formação docente, a fim de responder ao seguinte questionamento: Em que

medida as práticas pedagógicas e a formação do professor em Portugal podem

contribuir, e até mesmo servir como modelo, para o aperfeiçoamento das

práticas pedagógicas e para a formação do professor brasileiro? Podemos,

então, afirmar que a prática pedagógica portuguesa, no tocante à formação

inicial para a docência, traz-nos como nova perspectiva a questão da

autoavaliação, como prática reflexiva e crítica, capaz de dar bases ao professor

para um melhor desempenho profissional. Sendo assim, procedemos à

seguinte divisão didática deste artigo: a introdução, nomeada Considerações

Iniciais; tópico 1. A formação do professor brasileiro na perspectiva histórica, no

qual sintetizamos os caminhos da formação docente em nosso país desde o

período colonial até os nossos dias; tópico 2. Realidades pedagógicas de além-

mar: a formação do professor em Portugal, como no tópico anterior, neste,

traçamos uma breve síntese do percurso histórico da formação do professor

em Portugal; Considerações finais, na qual apresentamos as possíveis

contribuições portuguesas às nossas práticas pedagógicas e ressaltamos que

as realidades são distantes, as aproximações possíveis, mas a interlocução é

necessária. Após a análise, concluímos que apenas a observação não altera a

prática docente, pois a mudança decorre da sua autoavaliação. Ao refletir

sobre sua atuação - mediante a observação feita pelos colegas - o profissional

poderá ajustar suas estratégias e seu modo de conduzir a aula. Dessa forma, é

fundamental afirmar que o trabalho de observação somente será produtivo se o

professor observado aceitar as intervenções como críticas construtivas à sua

prática, contribuindo, assim, positivamente para sua formação.

Page 111: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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FANFICS: O ROMANCE ONLINE

Nicolle Lemos (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan

Seja pelo viés da leitura, seja pelo viés da autoria, há uma ferramenta poderosa

usada pelo ser humano para romper paradigmas e saciar o imaginário: a

ficção. Dentro da esfera ficcional, múltiplas possibilidades narrativas se

revelam. E dentre elas, emergem as fanfics. Produções literárias comuns entre

os adolescentes, redigidas e divulgadas por eles, as fanficsse caracterizam

pelo amplo espírito criativo, frequentemente baseado no desejo do autor de dar

continuidade a obras já existentes (seriados televisivos, filmes, livros) ou de

“romancear” a vida de uma figura a quem admira (um grupo musical, um artista

ou até mesmo um personagem). Por se tratar de um desejo compartilhado com

muitos dos leitores, a relação estabelecida entre eles e os autores revela uma

identificação e uma ausência de hierarquia incomuns nas conexões clássicas

vistas entre autor, leitor e texto. A organização editorial e os recursos literários

utilizados na concepção e publicação das histórias, sempre feitas na internet,

em sites voltados exclusivamente para interessados em fanfics, também

constituem um fenômeno que merece olhar atento. O estudo proposto tem

como intuito, portanto, a apresentação e análise de uma fanfic, bem como de

seu contexto estrutural e alcance, avaliando a perspectiva que orienta este tipo

de produção textual e a reciprocidade do público. Finalmente, é pertinente aqui

também a discussão do valor estético de tais produções e o espaço que

ocupam no universo literário contemporâneo. Visto que o reconhecimento

editorial e a publicação destes textos se tornam cada vez mais intensos, é

importante olhar tais produções sob a perspectiva de critérios tidos como

legitimadores no âmbito literário.

Page 112: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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O DESENVOLVIMENTO DA LITERACIA MULTIMODAL DE

ESTUDANTES:CONTRIBUIÇÕES DE UMA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

ENVOLVENDO MÚLTIPLAS LINGUAGENS

Nilma Alves Pedrosa (PUC-SP/CAPES)

Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza

Este estudo é parte integrante de uma pesquisa de Mestrado em andamento e

tem por objetivo descrever a aplicação de uma sequencia de atividades (SA)

voltada para a promoção do desenvolvimento literácico multimodal (LM) de

estudantes. A literacia é um constructo social, mediado pela linguagem e

indissociável de práticas culturais e linguísticas (Barton, 2007). Particularizamos nossa

discussão na LM conforme Pereira (2008), Love (2004) e Vasudevan (2006) por

esta envolver diversos instrumentos semióticos na construção do conhecimento

possibilitando articular rede de significados. Neste contexto, entendemos que a

LM integra uma multiplicidade de textos e discursos, solicitando diferentes

modos de representação além da escrita. Nesse contexto, organizamos a SA

distribuídas em 16 horas, aplicadas a uma turma do 9º ano de uma Escola

Municipal de São Paulo. A SA é composta por atividades de estudo de texto e

discurso, leitura eescultura de papel de personagens literários envolvendo a

obra Auto da barca do inferno. Em sua organização fomos guiados pela

questão: Quais as contribuições de atividades envolvendo a leitura de

literatura; modelagem de personagens feitos de material reciclado utilizando as

técnicas de papiercollèe, papiermachê e biscuit; e produção de textos orais e

escritos para o desenvolvimento da LM de estudantes? Os dados foram

coletados a partir de filmagens da aplicação da SA e dos trabalhos produzidos

pelos alunos: textos escritos e esculturas de papel das personagens. Os

resultados sinalizaram que o acesso dos estudantes às múltiplas linguagens

propostas na SA gerou soluções lúdicas e recreativas paralelas ao mundo do

livro, que foram impactantes na motivação dos estudantes e em sua

colaboração mutua, e podem potencializar a competência literária, as

criatividades e imaginações dos estudantes na ampliação e reelaboração de

seus conhecimentos existentes. Por fim, acreditamos que estudos como estes

podem contribuir para o desenvolvimento da LM dos estudantes.

Page 113: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A METÁFORA CONCEITUAL NA PROPAGANDA

Noslen Nascimento Pinheiro (PUC/SP)

Orientador: Prof. Dr. João Hilton Sayeg de Siqueira

Este trabalho propõe uma análise de caráter reflexivo de um dos recursos de

que a propaganda dispõe para cumprir seu propósito comunicativo: a metáfora

conceitual. Procuraremos demonstrar a metáfora conceitual como recurso

persuasivo, bem como um recurso de aproximação entre locutor e interlocutor.

O discurso publicitário é bastante vulnerável às questões de inter-relações

textuais, pois o receptor não apreende apenas o que é exposto no texto. A

depreensão e assimilação do discurso são processadas além, por meio de

outros textos que estabelecem a construção do sentido. Assim, ao selecionar

os termos que constroem a mensagem, o redator visa à imagem gerada a partir

do léxico escolhido, visto que ele instiga o caráter imaginativo e sensorial do

leitor, e este possui seu próprio repertório linguístico, seu conhecimento de

mundo, sua vivência e suas competências associativas. Nessa esfera, ao

considerarmos a arquitetura da mensagem também no ambiente da recepção,

a partir da participação do leitor e de seu repertório cultural, é plausível

asseverar que o público é coautor do texto. Nesse contexto, a teoria da

metáfora conceitual formulada por George Lakoff e Mark L. Johnson em 1970

propõe que nossas construções metafóricas são licenciadas e motivadas pela

nossa cultura. Para esses linguistas, as metáforas são representações mentais

que refletem o modo de ver o mundo. Assim sendo, como nas expressões

linguísticas, os mapeamentos metafóricos também são possíveis nos textos

publicitários, pois a linguagem cotidiana deixa transparecer metáforas que

estruturam e desvendam certos textos propagandísticos. A persuasão passa a

ser vista aqui, então, a partir da perspectiva do uso da metáfora não apenas

como adorno, mas como um recurso de aproximação ao público-alvo e, a partir

daí, uma estratégia para cumprir o intento da propaganda. Para comprovar

estes pressupostos, serão exibidos e analisados os títulos de anúncios

publicitários veiculados em revistas de grande circulação, nos quais a metáfora

é o cerne da formulação do texto.

Page 114: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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UM ESTUDO SOBRE A PERSONAGEM DONA BENTA, DA OBRA INFANTIL

DE MONTEIRO LOBATO, COMO MEDIADORA DE LEITURA

Patrícia Aparecida Beraldo Romano (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo

Dona Benta é personagem constante na obra infantil de Monteiro Lobato como

a avó-leitora-contadora de histórias preocupada com a visão crítica que seus

netos deverão ter das leituras que ela faz ou das histórias que lhes conta e que

lhes despertam, num primeiro momento, o gosto por viver, cada vez mais,

dentro do mundo da imaginação proporcionado por esses textos. Há em dona

Benta uma visão de mundo e de educação libertadora, para ficarmos com uma

expressão de Paulo Freire. Em tempos cada vez mais preocupados com o que

leem e como leem as crianças e os jovens, a avó Benta seria uma

personagem-modelo de mediadora de leitura, nomenclatura tão em moda

atualmente, em especial, nos programas de leitura do governo federal? Esse

trabalho pretende trazer para discussão questões que possam aproximar dona

Benta das possíveis mediadoras de leitura desejadas pelas escolas da

educação básica. Os livros distribuídos pelos programas de governo agora

chegam aos colégios, mas como os professores têm lidado com esses textos

em sala de aula? As obras chegam até os alunos, são lidas e discutidas? Há

leitura desses textos pelos professores-mediadores? Há preocupação com a

formação leitora dos alunos? Para falarmos sobre essas questões, nos

pautaremos nas discussões de Zilberman (2009), Paiva (2012), Compagnon

(2010), Yunes (2003), dentre outros teóricos, além de adentrarmos em textos

infantis da saga lobatina nos quais a figura da avó-mediadora se faz presente.

Page 115: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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MARCAS DE ORALIDADE EM PRODUÇÕES NARRATIVAS DE ALUNOS

DO ENSINO FUNDAMENTAL

Patricia Klein Gomes (UNICSUL)

Orientadora:Profa. Dra. Ana Lucia Cabral Tinoco

Vinculado à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e

produção de texto escrito e falado e ao grupo de pesquisa Teorias e práticas

discursivas e textuais, o presente trabalho tem por objetivo a apresentação de

pesquisa em desenvolvimento cujo escopo é a utilização de marcas de

oralidade na produção textual de alunos do Ensino Fundamental,

especialmente os organizadores temporais e marcadores espaciais em textos

narrativos. Estabelecemos como pergunta de pesquisa: quais estratégias para

produção textual podem diminuir o uso de marcas de oralidade na produção

textual de alunos do Ensino Fundamental. Nosso objetivo centra-se, por

conseguinte, na busca de estratégias para diminuir o emprego de marcas de

oralidade em textos escritos produzidos por alunos das séries iniciais no

Fundamental, área em que atuamos. Considerando tal objetivo o corpus de

análise constitui-se de textos narrativos produzidos por alunos das séries

inicias do Ensino Fundamental. Acreditamos que a pesquisa possa contribuir

para o desenvolvimento da competência escritora no Ensino Fundamental, fase

por nós entendida como base para o desenvolvimento da proficiência em

produção de texto. Apoiar-nos-emos nos estudos de Marchuschi (2008), sobre

oralidade e escrita; Sparano et al (2012), Koch (2004) Marquesi e Cabral

(2008) para as questões de texto e escrita. Estudos realizados por Ferreiro e

Siro (2010) sobre educação também contribuirão para fundamentar nossas

análises. Ao considerarmos a escrita um ato social, que será aprendida por

meio de interações e “modelos” estabelecidos pelos usuários da língua,

consideramos relevante nos aproximar dos estudos de Vygostsky , para quem

o desenvolvimento do sujeito tem início nas interações sociais, o sujeito é

mesmo “ um resultado das formas de relação” (Vygotsky, 1991, p.119). Diante

dos tantos desafios a serem superados pelas crianças no desenvolvimento de

sua proficiência escritora, consideramos relevante um trabalho que possibilite

analisar quais marcas de oralidade se evidenciam em produções de textos

Page 116: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

116

narrativos, apontando possíveis estratégias que possam ser utilizadas em

atividades pré textuais.

Page 117: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A CORREÇÃO TEXTUAL-INTERATIVA NO ENSINO DA PRODUÇÃO DE

GÊNEROS TEXTUAIS

Paulo da Silva Lima (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Elisa Guimarães Pinto

O ensino da língua portuguesa tem servido de base para muitas pesquisas

relacionadas ao processo de produção textual na escola. Isso tem acontecido,

principalmente, porque a grande maioria dos estudantes que conclui a

educação básica apresenta muitas dificuldades para produzir textos coesos e

coerentes. Por isso, neste trabalho pretendemos demonstrar que é possível o

uso de estratégias de ensino capazes de levar o aluno a se tornar proficiente

na produção de textos. Assim, contrariando a proposta de correção que já se

convencionou na escola pública, sendo o papel do professor apenas emitir

notas ao texto do aluno, sem haver uma troca de informações capaz de levar o

estudante a aperfeiçoar sua escrita, propomos a correção textual-interativa, por

meio de sequências didáticas. Em nossa proposta esse tipo de correção deve

ser feito com base em uma lista de constatação/controle. Pretendemos ainda, a

partir de uma revisão interativa, preencher algumas lacunas deixadas por

outras maneiras de intervenção nos textos escolares. Com essa atividade,

acreditamos que o professor tem reais possibilidades de atuar interativamente

por meio da escrita com seu aluno. Assim, propomos uma intervenção no

ensino de dois gêneros escritos (resenha e dissertação escolar), buscando

desenvolver verdadeiras práticas de linguagem na sala de aula em uma escola

pública do Ensino Médio na cidade de Marabá-PA. Para isso, nos embasamos

teoricamente em Marcuschi (2001), Signorini (2006), Gonçalves &Bazarim

(2009), Nascimento (2009), Ruiz (2010), Dolz&Schneuwly (2010), entre outros.

Até o momento já desenvolvemos duas sequências didáticas com os gêneros

referidos e estamos analisando as capacidades de linguagem presentes nos 30

textos que fazem parte do corpus. Os resultados parciais demonstram que a

correção textual-interativa, via lista de constatações, proporcionou aos alunos

uma produção de texto mais adequada em relação às situações de linguagem

propostas.

Page 118: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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A DIALOGICIDADE FREIREANA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

Priscila Reigada

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna

O presente trabalho tem por finalidade apresentar um olhar freireano para o

ensino de língua inglesa como segunda língua, levando em consideração o

conhecimento prévio e a experiência do aluno mediatizados pelo diálogo.

Parece que o ensino de língua inglesa em nosso país é abordado de maneira

similar ao ensino de língua portuguesa, nossa língua mãe. Soa dissonante tão

fato, uma vez que referidos alunos são falantes nativos de português e

possuem uma bagagem cultural, vocabular e social inúmeras vezes maior do

que a bagagem concernente à língua inglesa. É necessário haver uma

aproximação do aluno perante a língua ministrada, de acordo com Paulo Freire

há uma maneira efetiva de tal aproximação ocorrer: o diálogo oriundo de uma

investigação temática.Todo discente deve sentir-se um sujeito problematizador.

Para que isso aconteça, o educador deve estimular o pensamento crítico do

educando, não fazendo dele apenas um objeto de depósito de conhecimento, a

educação bancária deve dar lugar à educação libertadora. Por esta razão, o

desenvolvimento discente fica comprometido caso o professor de língua

inglesa passe listas de verbos, de vocabulário e explique a gramática sem

contextualizar com a realidade do aluno. O que se é pretendido com esse

breve estudo é mostrar aos docentes de língua inglesa que sua disciplina deve

ser mediatizada pelo diálogo entre educador-educando de maneira que os

temas tratados em aula refiram-se à realidade dos educandos, transformando,

assim, os alunos em sujeitos problematizadores competentes em língua

inglesa. O que tentará ser mostrado é que com um pouco de fé, amor,

esperança, humildade e confiança um docente pode instaurar um diálogo

honesto com seus discentes e fazer com que eles alcem voos maiores do que

apenas completar espaços em branco ou responder a perguntas de múltipla

escolha.

Page 119: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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O RELACIONAMENTO CONJUGAL EM A MULHER SEM PECADO,

DE NELSON RODRIGUES

Rafael de Oliveira Reis (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

A presente pesquisa cujo título é “O relacionamento conjugal em A mulher sem

pecado, de Nelson Rodrigues” propõe, sob a base da Teoria da Paródia, uma

análise de como os discursos e as ações do casal direcionam-se para a

destruição do relacionamento conjugal. A análise de A mulher sem pecado será

realizada com intuito de investigar de que modo o relacionamento conjugal é

parodiado, destacando as ações e os diálogos entre Olegário e Lídia,

personagens da peça teatral, e as ações e diálogos entre os casais de

personagens de romances românticos que servirão como elementos

parodiados. Para a análise, focaliza-se o olhar nos diálogos e acontecimentos

dos romances, A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo e Amor de

perdição, de Camilo Castelo Branco, que são parodiados por Nelson

Rodrigues, a partir do panorama social em que foi escrita a peça. O drama é

um gênero do discursivo literário que em sua construção estética requer uma

segmentação quanto ao que está sendo contado, são levados em

consideração os atos, os cenários, os diálogos, tudo o que envolve o

espetáculo. Na peça teatral o texto que é elaborado carece da retórica como

parte integrante do processo de comunicação, a fim de que, o objetivo de

convencer e conceder significados ao texto seja alcançado através das

particularidades do discurso dramático. De acordo com Pallottini (2006), um

texto dramático diferencia-se pelo conteúdo que se pretende exprimir. Tal

conteúdo é objetivado a partir de ideias, sensações, emoções, lembranças,

observações, que emanam do ser humano frente a suas relações, esse texto

não visa somente o entretenimento, possui também a finalidade de tornar o

espectador um ser que seja apto para compreender com maior perspicácia o

que os significados representam e instigá-lo a refletir e agir mediante as

questões sociais que vive.

Page 120: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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REESCREVER SIM, COPIAR NÃO.

Regianne Cruz Alkmim Dias (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Elisa Guimarães Pinto

A pesquisa visa investigar o papel do professor na correção dos textos dos

alunos, por acreditar que as correções podem modificar o texto do aluno.

Intenciona-se perceber em que medida as “correções” feitas pelo professor

influem na constituição e no sentido final dos textos dos alunos. Será feita

pesquisa em duas escolas; uma da rede pública e outra da rede privada, os

textos produzidos pelos alunos de ambas serão analisados, bem como

questionários aplicados aos professores de língua portuguesa das referidas

escolas. Com a prática da reescrita, os alunos perceberão as diferenças entre

o texto anterior e o reescrito, além de favorecer a prática do raciocínio,

elaboração e reelaboração e reestruturação de trechos, e a sanar os erros que

por ventura o aluno tem o hábito de cometer. Como fundamentação teórica,

inicialmente serão utilizados obras que versem sobre reescrita dos seguintes

autores: Bakhtin (1997), Figueiredo (1994) e os PCNs.

Page 121: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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UM PERCURSO DA IDEIA DE LIBERDADE NO BRASIL E NOS EUA PELA

AD E PELOS ESTUDOS CULTURAIS: UM DIÁLOGO POSSÍVEL

Regina Paula Ambrogi Avelar (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna

Por tratar-se de um estudo histórico, este trabalho aborda as implicações

transculturais referentes à liberdade como um tema sócioculturalmente

marcado na identidade de um povo. Analisamos a posição do sujeito

(ethosdiscursivo) e os papeis assumidos por ele considerando-se a

bivocalidade locutor/alocutário na dialogização do discurso dos seguintes

discursos: o discurso de George Washington (1789); o discurso de D. Pedro I

de 1823; o discurso de Franklin D. Roosevelt “As quatro liberdades” de 1941, e

o discurso de Getúlio Vargas de 1943, entitulado “As comemorações da

Independência Nacional e entrada do Brasil na guerra”; sempre buscando a

voz da liberdade no processo de apagamento de vozes que naturalmente

intervêm no discurso. A 1ª etapa dessa pesquisa consistiu em um breve

levantamento de conceitos da Análise do Discurso (AD) referentes às noções

de discurso e discurso político, seus elementos constitutivos, suas

coordenadas espaço-temporais, além de um panorama da noção de ethos

discursivo – da noção aristotélica à perspectiva dos estudos culturais – com o

intuito de analisarmos os ethe construídos nos discursos analisados, para

tentarmos desvelar a voz de liberdade que eles vinculavam. A 2ª etapa trouxe

conceitos sobre transculturalidade, interculturalidade e multiculturalidade pela

perspectiva dos Estudos Culturais para que traçássemos um paralelo entre as

ideias de liberdade para os povos norte-americano e brasileiro. Dentre as

etapas em andamento atualmente, destacamos o levantamento de estudos

focados no diálogo entre a AD e os Estudos Culturais já que embasam nossas

análises. Desejamos, também, observar se os efeitos de sentido suscitados

pelo emprego do termo liberdade nos discursos permitem ou não relações com

autores contemporâneos para aventarmos o percurso de um possível legado

histórico da ideia de liberdade para esses povos. Finalmente, será elaborado

um capítulo de contextualização histórica dos discursos proferidos para que os

elementos extratextuais não sejam excluídos das análises.

Page 122: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

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SEMIÓTICA DAS PAIXÕES: A INVEJA

Renata Valente Ferreira Vilela (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

O trabalho em questão procura verificar, através da análise de duas letras de

músicas da atualidade, de que forma a Semiótica das Paixões reconhece o

objeto textual como uma máscara sob a qual devem ser encontradas as leis

que determinam o discurso, através da inveja, entendendo que a Semiótica nos

permite interpretar os discursos dos diferentes textos, sejam eles verbais ou

não verbais. Será apresentado o percurso de geração de significação nos

níveis narrativo e discursivo das músicas “Zoião”, do rapper Emicida e

“Invejoso”, de Arnaldo Antunes. Este estudo foi apresentado à disciplina

Análise do Discurso, que compõe a grade de disciplinas do Programa de Pós-

Graduação em Letras - Stricto Sensu - e mostrará, por meio da teoria

estudada, o tipo de contrato estabelecido pelos sujeitos analisados, como os

termos enunciativos são representados nas canções e as principais diferenças

e semelhanças de análise nos textos selecionados. Em termos gerais, tal teoria

tem o texto como foco de estudo e o considera como objeto de significação e

de comunicação, examinando sua expressão, conteúdo e contexto de

produção. No plano do conteúdo, é analisado por meio de um percurso gerativo

de significação, em que se estuda o texto do plano mais abstrato (nível

fundamental) ao mais concreto (nível discursivo). No estudo, serão

apresentados os caminhos da ação, da manipulação e da sanção, instaurados

pelos sujeitos envolvidos nas narrativas.A análise está pautada na teoria

semiótica de linha francesa desenvolvida por Algirdas JulienGreimas e aqui no

Brasil, apresentada por vários semioticistas como Diana Luz Pessoa de Barros,

José Luiz Fiorin e Luiz Tatit.

Page 123: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

123

AS CATEGORIAS DE CENAS DA ENUNCIAÇÃO E HIPERENUNCIADOR NO

DISCURSO RELIGIOSO DE FREI ANTONIO DAS CHAGAS

Ricardo Celestino (PUC-SP)

Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento

Em contribuição aos estudos enunciativo-discursivos propostos pela Análise do

Discurso de linha francesa, de Dominique Maingueneau, temos a proposta de

analisar o discurso religioso ``Carta Espiritual IV``, composto na segunda

metade do século XVII, no período do Barroco Português, por Frei Antonio das

Chagas, com os objetivos de examinar as categorias de cenas da enunciação e

hiperenunciador, de modo que compreendamos como elas legitimam o gênero

carta espiritual como discurso doutrinário religioso e espiritual. Identificamos

que carta espiritual é um importante gênero de doutrinação religiosa do século

XVII e que se trata Chagas de um grande cultista do barroco seiscentista

português, mas que tanto obra quanto autor foram pouco estudados nas

ciências da linguagem, na perspectiva enunciativo-discursiva. Temos como

ponto de partida a reflexão de que na enunciaçãohá a emergência de uma

categoria que encena o que é dito e define os papéis dos enunciadores, bem

como o contrato estabelecido pelo gênero no espaço enunciativo.

Denominamos tal categoria de cenas da enunciação, constituídas, segundo

Maingueneau, por uma tríade composta por cena englobante, cena genérica e

cenografia. Na cenografia, identificamos a categoria de hiperenunciador, que

emerge de um discurso particitado que autoriza um SUJEITO-UNIVERSAL

constituído na prática social seiscentista a legitimar e homologar os enunciados

institucionalizados do campo discursivo religioso como orientações doutrinárias

religiosas e espirituais inquestionáveis tanto pelo enunciador quanto pelo co-

enunciador. Os enunciados particitados da Carta IV são consolidados e

compreendidos a partir da memória discursiva em comum dos envolvidos na

enunciação, que corroboram com os mesmos posicionamentos institucionais.

Contribuem comoespaço discursivo em nossa pesquisa a literatura barroca, a

religiosidade e a espiritualidade seiscentistas e as condições sócio-políticas de

Portugal do século XVII.

Page 124: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

124

A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NUMA PERSPECTIVA RETÓRICA

Roberto Clemente dos Santos (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Ao tomar por objeto de análise a retórica, observar-se que muitas vezes o

termo é utilizado superficialmente.Existem duas linhas distintas da retórica que

devem ser compreendidas. Uma que se alicerça em uma visão da persuasão

como a ornamentação da palavra que seria a arte de bem falar e escrever, que

tinha como maiores representantes os sofistas que se preocupavam em

mostrar como vencer um debate com a análise de ornamentações linguísticas,

independentemente de qualquer coisa, a palavra é utilizada para vencer não se

preocupando com o lado moral. Segundo Reboul (2004, p.10) “a finalidade

dessa retórica não é encontrar o verdadeiro, mas dominar através da palavra;

ela não está devotada ao saber, mas sim ao poder.” E a segunda, oriunda de

Aristóteles que redefiniu a função da retórica ao colocar em cena a importância

de se reconhecer o auditório e sua crença definindo-a como um instrumento de

persuasão. A persuasão está ligada à sedução. Através da persuasão, o

orador reforça os seus argumentos despertando emoções, de modo a criar

uma adesão emotiva às suas teses. Pondera-se que há uma articulação entre

o textual, no campo organizacional e o discurso, campo ideológico, pois o

discurso se materializa na relação social por meio da língua e não está livre

das considerações históricas, pois considera o sujeito como um ser situado em

um local determinado, com um conhecimento prévio que é próprio de sua

formação, no decorrer da vida. Brandão (2004) pontua que a articulação dos

processos ideológicos e dos fenômenos linguísticos é o discurso.

Considerando essa citação, pode-se elencar os procedimentos textuais na

construção e na confirmação de recursos retóricos como possíveis estratégias

discursivas que organizam a linha de raciocínio do orador como adjetivações,

alternância entre pessoas e os sintagmas adverbiais, por funcionarem como

modalizadores argumentativos.

Page 125: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

125

ENTRE BORGES E LEMINSKI: AS NARRATIVAS LABIRÍNTICAS EM

METAFORMOSE E EL JARDÍN DE SENDEROS QUE SE BIRFURCAN

Rodrigo de Freitas Faqueri (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos

Contrária aos critérios de estudo estabelecidos por outras ciências, a Literatura

é o processo imaginário que tece e rege as regras de análise. Bastazin (2006:

37) afirma que “o trabalho com a palavra origina ideias que, entretecidas, criam

o objeto poético”. Desse modo, ao entretecerem-se e entrecruzarem-se, as

palavras adquirem novos sentidos e formas, metamorfoseando-se com a

tessitura do texto na diversidade do mundo, dos povos, das culturas.

Componentes desses percursos traçados pela Literatura e mecanismos

propulsores desse processo progressivo são os mitos e suas sucessivas

reatualizações. Prova disso é a constante presença deles nos textos literários

antigos ou contemporâneos. Sendo assim, de dois textos contemporâneos é

que esta pesquisa se vale, buscando evidenciar por meio de quais mecanismos

é feita a reatualização mítica e como eles adquirem essa característica de

transformação contínua, que é a metamorfose. Assim, estudam-se as

reatualizações míticas existentes nos corpora Metaformose: uma viagem pelo

imaginário grego (1994), de Paulo Leminski e El jardín de senderos que se

bifurcan(2005 [1941]), de Jorge Luis Borges, que serão relacionadas

dialogicamente entre si. Ambos os autores trabalham o mito do labirinto em

suas obras, não somente a narrativa mítica, mas também a própria estrutura

labiríntica que fornece aos textos um elo maior com a significação do mito.

Borges e Leminski não se prendem somente em uma tentativa de reatualizar o

mito de Teseu e do Minotauro, mas vão além quando incorporam à maneira de

produzir seus textos a estrutura narrativa labiríntica, dando novos caminhos e

aberturas para o enredo criado. Dessa maneira, a pesquisa foi elaborada por

meio de pressupostos teóricos cujos alicerces estão estabelecidos nas ideias

sobre o dialogismo e a intertextualidade, sobre os estudos de mito e da

reatualização mítica e teorias sobre as estruturas narrativas, em que estão

fundamentados conceitos de hipotexto e hipertexto.

Page 126: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

126

HUMOR POLÍTICO NO GÊNERODISCURSIVO: A CHARGE JORNALÍSTICA

Rodrigo Leite da Silva (PUC-SP e UNINOVE)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Célia P. da Silveira

A presente pesquisa tem como escopo o estudo do humor na construção

textual da charge jornalística, com vistas a analisar em que sentido este gênero

conduz seus leitores a uma atitude leitora marcada pela reflexão das

representações sociais vigentes por intermédio da crítica da política nacional,

tendo a notícia como ponto de partida para sua constituição. Tem-se por

problematização verificar se a organização textual do humor presente neste

gênero contribui para construir a opinião de seus leitores. Assim, os objetivos

delimitam-se em: identificar as características que contribuem para organização

textual do gênero charge, no que se refere à presença do humor, como crítica

social da política brasileira; analisar a presença do humor no gênero charge,

como transmissão de valores ideológicos, na apresentação de novas crenças,

acerca do cotidiano político do povo brasileiro. A metodologia utilizada foi a

teórico-analítica delimitada pela utilização das categorias contexto,

intertextualidade e inversão. Os resultados obtidos demonstram que a

construção textual do humor risível, no gênero discursivo charge jornalística, se

dá pela interlocução das categorias delimitadas pelo contexto, pela

intertextualidade e pela inversão, simultaneamente, organizando as opiniões

que devem ser adotadas pelos seus interlocutores, acerca do que veiculam

sobre a situação da política nacional, pois organizam um cenário atrativo,

marcado pela mescla entre os elementos pictóricos e verbais, suavizados pelo

risível.

Page 127: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

127

CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE GENERALIZAÇÕES NO DISCURSO

POLÍTICO BRASILEIRO

Rodrigo Vilalba Caniza (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Existe uma importante questão no cerne teórico em que se imbricam as

realidades social, discursiva e política: o uso das generalizações. Em

comunicação, o problema da generalização inicia quando se procura definir

algo, pois definir implica numa limitação. Algumas definições são fundamentais

para atuação no campo político, mas incorrem em generalizações definidoras

fixas que, no mutável panorama ideológico atual, frente à variedade de

interesses a serem representados, bem como diante da alternância de alianças

e enfrentamentos, acabam necessariamente gerando contradições,

posteriormente apagadas do enunciado para não comprometer a imagem de

coerência do representante. Assim, torna-se impossível ignorar o caráter

essencialmente estratégico do uso das generalizações como promotoras do

apagamento distintivo de uma identidade que, de outro modo, se instalaria no

texto, tornando a contradição explícita e contribuindo com a formação de uma

imagem pública incoerente. Compreender quais são os efeitos do uso de

generalizações no discurso político brasileiro ajuda a entender o modo como se

constitui o campo político e como esse se relaciona com as instâncias sociais

que deve representar. O objetivo deste artigo é observar o modo como a

generalização é estrategicamente utilizada em alguns enunciados produzidos

por representantes público brasileiros. Como corpus, são considerados

depoimentos de parlamentares e autoridades públicas comentando eventos

como o julgamento do “mensalão” e os protestos que ganharam as ruas de

várias capitais brasileiras em junho último. Esses depoimentos foram extraídos

de periódicos como “Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”. Os

resultados permitem apontar que, nesses depoimentos, a generalização se

instala já nas instâncias essenciais do enunciado, provocando uma oposição

simplificadora que determina o papel do falante (autoridade) e o papel de um

outro sempre mais ou menos indefinido (” manifestante” ou “adversário”).

Page 128: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

128

Para fundamentação teórica deste artigo, foram utilizados trabalhos de

Maingueneau, Charaudeau, Guimarães, Araújo e Fiorin.

Page 129: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

129

AGONIA E ÊXTASE: UMA LEITURA DA TRANSPOSIÇÃO PARA A

FOTOGRAFIA E PARA O CINEMA DA OBRA LITERÁRIA

LAVOURA ARCAICA

Sandra Hahn (DINTER UPM-UFMS)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik

Os estudos sobre a intermidialidade lançaram uma nova luz sobre as obras

literárias que foram transpostas para a mídia do cinema ou para outras mídias

como a fotografia. O objetivo do estudo que desenvolvi busca fazer uma leitura

nessa perspectiva. A obra literária de Raduan Nassar, Lavoura Arcaica, levada

de um sistema midiático para outro, traz para os Estudos Literários uma

reflexão inovadora. O enfoque em uma cena do filme e o trabalho ensaio

fotográfico do livro: Fotografias de um filme, de Walter Carvalho, abriu uma

nova percepção da obra de arte. A estratégia estética presentes no filme e na

fotografia vem comprovar que há uma fonte inesgotável de leituras possíveis

da obra de arte. O embasamento teórico vem dessa nova área, os estudos

sobre a interarte do teórico de ClausClüver e Irina Rajeviski.

Page 130: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

130

O MERCADO EDITORIAL E A PRODUÇÃO LITERÁRIA

Sheila Darcy Antonio Rodrigues (UPM)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

Um texto literário pode ser reconhecido como uma obra de valor artístico, que

representa os anseios e questionamentos relativos às grandes questões

universais da humanidade e, como forma de arte, a literatura tem o poder de

proporcionar ao leitor, uma série de novas experiências, que o levam a

vivenciar distintas realidades e acontecimentos, sem a necessidade do

experimento físico destas situações. Porém, quando do advento da criação da

imprensa de tipos móveis por Johannes Gutemberg, em 1455, instalou-se no

Ocidente uma nova tecnologia que permitiu a criação em maior quantidade e

com maior rapidez de impressos que podiam ser divulgados, e também ser

comercializados, e, a partir de então, intensificaram-se os interesses nas

relações transacionais/comerciais envolvendo materiais impressos por esse

novo método, nascendo, assim, o que se hoje denomina de mercado editorial.

Este mercado, como qualquer outro mercado comercial, está em constante

busca de novos produtos para atender a demanda de seus consumidores, de

modo que, sempre existem novidades para serem absorvidas pelo público

leitor, fato que, muitas vezes, gera a necessidade de se produzir um

determinado material, para se responder a uma demanda do referido mercado.

Por meio dessas observações, torna-se interessante a observação da relação

entre o mercado editorial e a produção literária, a fim de que se possa

compreender de que modo ela afeta a produção literária. Para que se possa

atingir o objetivo proposto é observado um referencial teórico relacionado tanto

à área de Administração de Empresas, baseado nos autores Philip Kotler,

Geraldo Duarte e Regis Mackenna, quanto ao próprio mercado editorial

literário, que se valerá dos autores Steven Roger Fischer e Laurence Hallewell.

Page 131: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

131

A GRAMÁTICA REFLEXIVA: A PEDAGOGIA LÉXICO-GRAMATICAL NA

PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA

Silvia Cristina Miranda (PUC-SP)

Orientadora: Profa. Dra. DieliVesaro Palma

Ensinar língua materna ao próprio falante parece uma questão muito simples,

mas na prática não é assim. Se antes, o professor de língua era, na verdade,

um professor de gramática, hoje, depois de tantas teorias linguísticas, ensinar

gramática se transformou no seu maior desafio. Na perspectiva da Educação

Linguística, a formação do professor deve abarcar além da pedagogia do oral,

da leitura e da escrita, a pedagogia léxico-gramatical que inclui o ensino da

metalinguagem por meio de atividades reflexivas sobre os recursos da língua.

Considerando esses aspectos, o tema deste artigo é a gramática reflexiva. Esta

pode ser compreendida como a reflexão sobre os recursos linguísticos que

explicitam tanto a estrutura quanto o funcionamento da língua. No ensino

escolar, prevê atividades que levam o aprendente a reconhecer, identificar e

escolher os recursos linguísticos para colocá-los em uso tanto na modalidade

oral quanto na escrita. Nesse sentido, é representada por atividades

focalizadas nos efeitos de sentido que este ou aquele elemento linguístico

possa produzir em determinada situação comunicativa.

Page 132: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

132

A METAENUNCIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE

SENTIDOS E DE COMPREENSÃO NA INTERAÇÃO FALADA

Sílvia Fernanda Souza Dalla Costa (UPM)

Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

As operações metaenunciativas são procedimentos linguístico-discursivos nos

quais o falante se reporta ao dizer em si e não ao dito, apresentando um

movimento de autorreflexividade no ato de enunciação. Este trabalho

apresenta o recorte de uma pesquisa situada no âmbito dos estudos da

enunciação e investiga as estratégias utilizadas na interação falada para que

ocorra a compreensão, buscando alcançar os sentidos almejados pelo falante

que enuncia. O objeto de estudo deste trabalho são os procedimentos de

metaenunciação, isto é, as atividades linguístico-discursivas realizadas no ato

da enunciação, nas quais o falante se reporta ao seu próprio dizer ou ao dizer

de seu interlocutor, nas interações faladas. Particularmente, na abordagem

destes procedimentos, interessa a perspectiva em que constituem estratégias

de produção de sentido e, ao mesmo tempo, recursos da construção da

compreensão. O objetivo é analisar estratégias de metadiscursividade, de

natureza metaenunciativa, na construção de textos falados. Como corpus,

utilizaram-se dois inquéritos D2 (diálogo entre dois informantes), do Projeto

NURC/RS. Como procedimentos, realizou-se audição e leitura dos inquéritos

selecionados e, após análise, deles extraíram-se as ocorrências de

metaenunciados; na sequência, analisaram-se alguns excertos discutidos a

partir das categorias das diferentes atividades metaenunciativas encontradas

no corpus, à luz da teoria de Authier-Revuz (1998; 2004), as não-coincidências

do dizer. Faz-se ainda a discussão dos efeitos de sentido produzidos por tais

expressões, à luz dos conceitos de enunciação, metadiscursividade e

metaenunciação. Observou-se nas ocorrências que o falante assume dupla

função na enunciação: ao mesmo tempo em que enuncia, permanece atento a

seu dizer, realiza observações sobre este dizer na medida em que julga que

suas construções podem causar problemas de compreensão. Ou seja, a

metaenunciatividade no texto falado em geral atua como atividade profilática na

Page 133: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

133

resolução de problemas de compreensão e no monitoramento dos sentidos e

da compreensão por parte dos interlocutores.

Page 134: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

134

RETÓRICA, ARGUMENTAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO EM

PROPAGANDAS INSTITUCIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE.

Sueli Aparecida Cerqueira Marciel (UNICSUL)

Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral

A Propaganda Institucional não visa persuadir explicitamente o público

alvo.Está relacionada com a responsabilidade social de uma organização

perante seu público, pautando-se por temas relativos ao bem estar dos

diversos públicos com os quais se relaciona, demonstrando uma preocupação

com o contingente humano do qual depende e pelo qual deseja ser lembrada.

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo analítico de

propagandas institucionais veiculadas em revistas de grande circulação. Nosso

corpus constitui-se de propagandas institucionais da área da saúde. Para as

análises fundamentamo-nos nos estudos de Retórica. Meyer (2007); Perelman

(1993); Breton (2003); Abreu (2003), cujos postulados enriquecem nossas

análises, que focalizarão a construção do ethos das empresas anunciantes, as

escolhaslinguísticas das propagandas e os efeitos de sentido perante o

auditório (público alvo). As análises permitem observar que as empresas da

área da saúde apelam para diferentes lugares retóricos na construção de seu

ethos. Para este trabalho selecionamos uma institucional de um plano de

saúde do hospital Albert Einstein no qual a manipulação e o entendimento de

que o orador e o auditório têm, interpondo-se entre si, somente a linguagem, e

que a forma como essa linguagem é utilizada pelo orador é que moldará a

resposta do auditório de acordo com a admissão das teses propostas por esse

orador, considerando-se que a imagem desse orador (anunciante) é peça

fundamental no quebra cabeça da argumentação, sua idoneidade,

respeitabilidade, deve ser capaz de convencer sem questionamentos. Ao

mesmo tempo a linguagem observada nas propagandas institucionais de nosso

corpus advém de escolhas linguísticas conscientes, que nos revelam

elementos importantes de compreensão da utilização desse instrumental

argumentativo.

Page 135: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

135

REFLEXÕES ACERCA DOS ESTUDOS REALIZADOS SOBRE TEXTO E

DISCURSO: O EFEITO DE SENTIDO PROVOCADO PELA CHARGE

Tânia Regina Exposito Ferreira (UPM)

Orientadora:Profa. Dra. Elisa Guimarães Pinto

A partir de estudos realizados sobre texto e discurso: fundamentos teóricos,

diferentes perspectivas, desenvolvimentos atuais e situação no Brasil,

pretende-se analisar a charge veiculada no site do Correio do Estado no dia

19/10/2012 sob o título “Nos bastidores do STF”, no qual se observam os dois

ministros do Supremo Tribunal Federal numa conversa informal sobre um

possível adultério. O referido enunciado associado à fisionomia dos

enunciadores provoca certo humor, e isto ocorre porque implícito está o

julgamento do “mensalão”,que ficou assim conhecido e popularizado como

esquema de compra de votos de parlamentares, deflagrado no primeiro

mandato do governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT – Partido dos

Trabalhadores) de 2003 a 2006. Os dois ministros assumem posturas

diferentes no julgamento dos envolvidos no mensalão, e a charge reforça a

atitude de um deles quanto sua postura no julgamento dos envolvidos no

mensalão, o que provoca o efeito de humor no charge, a qual será analisada

sob o ponto de vista da enunciação no desenvolvimento do trabalho.

Page 136: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

136

CARÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA EM

FACE DO ENSINO PARA CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS: UMA

AMOSTRAGEM DO PROBLEMA

Thais Marchezoni da Silva (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna

O presente trabalho visa à análise da formação do profissional de Letras

atuante como professor(a) de inglês para crianças entre 6 e 10 anos de idade.

Num primeiro momento da pesquisa, examinamos textos legais, estudos de

teóricos e pesquisadores que sustentaram nosso julgamento de que há

peculiaridades em relação ao processo de ensino-aprendizagem da faixa etária

em questão. Apegados a essa constatação, preocupamo-nos, num segundo

momento, em expor como acontece esse processo quanto à língua inglesa.

Para que houvesse essa exposição, julgamos importante relacionar as teorias

de aquisição de língua materna e língua estrangeira, o que propiciou nossa

aproximação da abordagem sociointeracionista, que objetiva maximizar a

aprendizagem da língua-alvo, uma vez que esta proporcionará uma maior

utilização do idioma no cotidiano do aluno. Com o processo de interação em

foco durante as aulas, verificamos a importância que possui a formação do

profissional que lecionará o idioma a essas crianças, cujo papel será mediar o

processo de ensino e aprendizagem. A fim de conhecer e analisar a

experiência docente de professores de inglês, que lecionam para crianças,

aplicamos um questionário que consta de perguntas relacionadas: à formação,

ao material didático, às aulas, à criança como aprendiz, dentre outras. Com

base nas informações obtidas apresentamos algumas considerações que,

esperamos, contribuam para conscientizar os órgãos responsáveis e

professores de inglês a respeito de possíveis implicações no ensino do idioma

para crianças devido às carências na formação deste profissional.

Fundamentamo-nos em documentos legais que regem a Educação Básica

Nacional e em teóricos como Brown (2007), Venturi (2008), Moreira (1997),

dentre outros.

Page 137: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

137

O ENSINO DA COERÊNCIA TEXTUAL POR MEIO

DO MICROBLOG TWITTER

Tharsila Dantas Prates (PUC/SP)

Orientadora: Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi

O Twitter é um microblog (www.twitter.com) que permite comentários de até

140 caracteres, com a possibilidade de adicionar links, vídeos e imagens

diversas. Criado em 2006, ele permite que o usuário siga os perfis que quiser e

também que seja seguido. Com mais de 30 milhões de contas no Brasil, o

microblog pode ser uma ferramenta para o ensino da coerência textual em sala

de aula. Mas como manter a coerência textual em enunciados curtos – os

chamados tweets? Neste trabalho, as regras e fatores para a coerência textual

de Charolles (1978), Beaugrande&Dressler (1981), Beaugrande (1997) e Koch

&Travaglia (2011; 2012) são exemplificados com os comentários publicados

por Dilma Rousseff e José Serra durante a última eleição presidencial, na

semana que antecedeu o primeiro e o segundo turnos, em 2010. Os dois

candidatos possuíam perfis ativos no microblog. Pensando na utilização da

ferramenta em sala de aula, o professor poderá estimular os seus alunos a

escreverem com coerência, observando certos fatores, como os linguísticos

(fatores de coesão), os pragmáticos (fatores contextualizadores e

perspectivos), o conhecimento de mundo, o conhecimento partilhado entre

produtor e receptor do texto, as inferências, a informatividade, a focalização, a

consistência e relevância, a intertextualidade, entre outros. Essas são

características presentes em textos coerentes e que também podem ser

observadas – como veremos nos comentários de Dilma e Serra – em

enunciados curtos, de até 140 caracteres. Com a possibilidade de “tuitar”,

“retuitar” e replicar os comentários de outros perfis, o professor pode aliar a

familiaridade dos estudantes com esses recursos digitais à produção textual

em sala de aula.

Page 138: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

138

O CONHECIMENTO RELIGIOSO E A PESQUISA ACADÊMICA

NA ÁREA DA LINGUÍSTICA APLICADA

Thiago de Melo Curci (Unitau)

Orientadora: Profa. Dra. Miriam Bauab Puzzo

Os trabalhos acadêmicos são orientados, quanto à sua metodologia e

formatação, por manuais de metodologia do trabalho científico, que, por sua

vez são fundamentados em normas de formatação e concepções filosóficas

modernas. O conhecimento teológico é descartado por estes manuais quando

se trata de sua validade em trabalhos acadêmicos. Esta posturaignora as

parcerias e contribuições existentes no passado e no presente entre o

conhecimento teológico, religioso, e o conhecimento acadêmico, científico. O

objetivo central desse estudo é mostrar como o conhecimento religioso deve

ser levado em consideração para solucionar problemas não resolvidos pelas

ciências humanas, especialmente nas ciências da linguística aplicada.

Exemplifica-se este fato em casos como o estudo das dimensões que

envolvem a leitura e a escrita pela abordagem do Interacionismo

Sociodiscursivo, por levarem em considerações aspectos culturais e afetivos na

aprendizagem. A análise é realizada a partir da metodologia usada por Bakhtin,

analisando teorias aparentemente antagônicas, apresentando suas falhas,

retomando suas teses coerentes e exemplificando a nova possibilidade de

enxergá-las. Nesta pesquisa isso é feito levantando os equívocos nos

pressupostos dos manuais metodológicos, levantando os pressupostos

teológicos relevantes que são ignorados (especificamente antropologia

filosófica cristã), e apontando situações em que o conhecimento teológico se

faz pertinente a questões relevantes no estudo da língua, literatura e

aprendizagem. Para a análise foram selecionados quatro manuais

metodológicos; a concepção limitada sobre aprendizagem e moral apresentada

por Piaget relacionando cognição, afetividade e moral na aprendizagem; o

aspecto religioso na aprendizagem para a ISD; aspectos religiosos levados em

consideração por Bakhtin em análises literárias; e o conhecimento religioso

baseado nas concepções da antropologia filosófica cristã. Os resultados

mostram ser possível e, até mesmo necessário, reconhecer no conhecimento

Page 139: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

139

teológico, neste caso na antropologia filosófica cristã, uma possibilidade de

elucidação sobre questões levantadas pelos estudos da língua, literatura e

aprendizagem.

Page 140: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

140

A TRANSFORMAÇÃO DA HISTÓRIA SOB A ASCENSÃO DA MÍDIA

DIGITAL: CHAPEUZINHO VERMELHO EM DUAS GERAÇÕES

Thiago Pereira da Costa

Orientador: Profa Dra. Marisa Philbert Lajolo

O presente trabalho tem por tema as mudanças na leitura em suporte digital.

Nosso objetivo é analisar duas obras, em livro impresso e em livro digital, a fim

de observar as implicações dos diferentes suportes na leitura e interação do

leitor com a obra. Para tanto, valemo-nos de teorias provenientes de estudos

de áreas diversas, porém adequadas a um estudo interdisciplinar.

Primeiramente, faremos uma breve retomada mostrando pontos relevantes na

história do livro (cf. Chartier, 1998, 2002, 2009, 2010), depois nos deteremos

nas especificidade do suporte digital, baseando-nos em contribuições da

comunicação (cf. Levy, 1996, 2010; Santaella, 2004, 2011) e, por fim, a relação

entre o leitor e obra será apoiada em postulações de Cândido sobre o sistema

literário.A obra escolhida é Chapeuzinho Vermelho que será analisada, como

afirmado, em duas edições, uma impressa e outra digital para iPad. Podemos

observar que há complexas relações entre os dois tipos de obra e seus

públicos, dentre as quais podemos citar a interação e participação

naconstrução do caminho da estória, a difusão e distribuição das obras, as

implicações da diagramação (design) na leitura e popularização da obra. Dessa

forma, questões culturais são pontuadas, interligando os aspectos linguísticos,

literários, históricos e comunicativos do trabalho proposto. O caminho escolhido

aponta para a importância que a codificação digital passa a representar para os

textos fictícios, na era dos textos eletrônicos e interativos. É exatamente aí que

a literatura ganha mais emoção e hesitação entre o real e o imaginário, criando

um forte impacto em seu público.

Page 141: Xvii Mostra de Pos-graduacao Em Letras

141

DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE EM NOVAS CARTAS

PORTUGUESAS:LEITURA E POSICIONAMENTOS

DIANTE DA CARTA MAGNIFICAT

Thiele Aparecida Nascimento Piotto (UPM)

Orientadora:Profa.Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos

A pesquisa tenciona abordar o diálogo existente entre a carta Magnificat,

presente na obra Novas Cartas Portuguesas (1972), de Maria Isabel Barreno,

Maria Tereza Horta e Maria Velho da Costa, e o texto bíblico conhecido pelo

mesmo nome. A obra permeia o contexto social de Portugal, que vivia um

regime repressivo e ditatorial, de guerras e de uma sociedade pautada pelos

moldes patriarcais. Com base nas teorias do Dialogismo e Intertextualidade, é

possível analisar com quais recursos as autoras da carta logram estabelecer o

diálogo em questão. Faz-se interessante realizar tal análise, pois elas se

utilizam da Bíblia em um país oficial e majoritariamente cristão para dar voz às

mulheres condicionadas a dadas determinações sociais. Além de destacar a

participação feminina na sociedade, a mesma narrativa envolve diversas

críticas ao contexto histórico e social de Portugal, como a repressão e “fuga”

que o casamento representava, por condicionar a mulher a uma resignação

forçada e proporcionar ao homem uma oportunidade de privação dos deveres

militares, necessários a uma nação em guerra. A simples menção ao texto

bíblico, que o nome proporciona, já se fazimpactante para a sociedade

portuguesa, tradicionalmente católica, no entanto, a proposta de um novo

Magnificat atinge mais incisivamente a rígida tradição da religião (católica) em

Portugal. Além disso, a obra como um todo se baseia em outro diálogo

intertextual, nesse caso, com as Cartas Portuguesas, de Mariana Alcoforado,

que se tornou uma figura de grande valor simbólico por ser uma freira que

escrevia cartas apaixonadas. Trata-se da manifestação do sentimento

impetuoso da mulher cuja sociedade lhe exige um comportamento de

subserviência, discrição e devoção. Com base em textos de Bakhtin,

Volochinov, Fiorin e das próprias autoras, a pesquisa abordará, por meio das

ferramentas do Dialogismo, a elaborada estrutura narrativa e o alcance da

obra.

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AS REDES SOCIAIS COMO FÓRUM DE ACOMPANHAMENTO DOS

ESTÁGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS: UMA FERRAMENTA

MIDIÁTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE

Valéria Bussola Martins (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos

Ao longo da Licenciatura em Letras, o futuro docente de Língua Portuguesa

cumpre o Estágio Curricular Supervisionado. O Conselho Nacional de

Educação, por meio da Resolução CNE/CP no 1/2002, estabeleceu que esse

estágio deve se realizar em escola de Educação Básica; que um regime de

colaboração entre os sistemas de ensino deve ocorrer e que todo o processo

deve ser avaliado conjuntamente pela escola formadora e pela escola na qual

se concretiza o estágio. Entretanto, além do parco diálogo entre as instituições

envolvidas, constata-se que poucos alunos têm grandes motivações para

redigir os relatórios de estágios que acabam por se constituir em instrumentos

inócuos, frequentemente lidos apenas pelos docentes das disciplinas

vinculadas aos estágios. É a partir dessa constatação que surgiu a ideia de

utilizar o Facebook como fórum de discussão das experiências vivenciadas

pelos estagiários, enriquecendo, assim, esse processo atualmente desgastado.

Além do relato quase que em tempo real das ocorrências escolares, os futuros

educadores puderam criar coletivamente sugestões de práticas pedagógicas

mais motivadoras e eficazes. Para contemplar o presente problema, que

objetiva investigar qual é o papel do Estágio Curricular Supervisionado na

formação dos professores de Língua Portuguesa e qual é a eficácia dos

relatórios de estágio, toma-se como corpus de análise relatórios impressos de

estágio de instituições de Ensino Superior da cidade de São Paulo e os

comentários postados diariamente, pelos estagiários, no Facebook. Utiliza-se

como referencial teórico o pensamento de Freire; Masetto; Sacristán; Demo e

Kirkpatrick. Por fim, considera-se a necessidade de se repensar a formação

dos docentes de Língua Portuguesa e a forma de execução do Estágio

Curricular Supervisionado.

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A LEITURA E O PRAZER

Victor Hugo da Silva Vasconcellos (PUC-SP)

Orientador: Profa. Dra. Valeuska França Cury Martins

A leitura é um ato cognitivo complexo que envolve as capacidades do ser

humano como: memória, imaginação, relação entre o conhecimento de mundo

e o novo conhecimento. Como o prazer poderia ajudar nessa atividade

complexa? A leitura, antes de tudo, deve ser uma atividade lúdica. Uma leitura

sem prazer pode prejudicar o desempenho de compreensão? As propostas do

estudo são explicitar de que forma o prazer participa do ato da leitura e de que

maneira contribui para uma leitura proficiente. Desse modo, a proposta

metodológica de trabalho será teórica. Partir-se-á de elementos teóricos para

fundamentar o prazer na leitura a partir dos conceitos da psicanálise. As

emoções possuem papel importante na cognição. A psicologia tem

demonstrado resultados nessa relação. O desejo e a vontade impulsionam a

busca pelo conhecimento, pela leitura (objetivo desta pesquisa) sem medir

esforços para saciar essa vontade. Assim, os canais cognitivos se focam e o

prazer possibilita a interação entre agente e atividade, leitor e texto. Com o

prazer, a preocupação não existe, permitindo a possibilidade de ampliação do

"campo de visão" do cérebro sobre o objeto, facilitando a cognição. Os

sentimentos funcionam como um motor que impulsiona a ação, visão esta

desenvolvida nas mais notáveis teorias sobre sentimentos e emoções na

psicologia. Assim, os canais cognitivos se abrem em busca de alinhar a

realidade com o verossímil e ter as sensações de prazer pelas imagens que o

texto traz, como também se mobilizar para a construção do sentido do texto. O

prazer auxilia na construção do conhecimento e concretiza-se pela efetivação

daquele.

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GÊNEROS TEXTUAIS E LIVRO DIDÁTICO:

EM BUSCA DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Viviane Nery Lacerda (UPM)

Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito

O presente trabalho tem como propósito mostrar como os gêneros textuais

podem ser utilizados como instrumentos para uma aprendizagem significativa,

uma vez que para se alcançar um resultado eficaz no processo de ensino e

aprendizagem é necessário que desenvolva não só de forma a dar conta de um

conteúdo, mas também que o faça de modo criativo e significativo. Com base

nos fundamentos da Educação Linguística, este trabalho propõe-se a analisar a

presença dos gêneros textuais em uma coleção didática. Observou-se neste

estudo, quea partir dos gêneros textuais atividades contextualizadas e

significativas são apresentadas para que a compreensão, interpretação,

produção textual e estudo da língua sejam efetuados; além disso, notou-se que

as atividades propostas se relacionam com o conteúdo do capítulo, no qual

estão inseridas, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades e

competências esperadas para as séries em questão. Do ponto de vista teórico,

este estudo fundamenta-se na obra de estudiosos como: Bechara (2009),

Travaglia (2003; 2006), Marcuschi (2005, 2008), Costa (2005), Dolz, Noverraz

e Schneuwly (2010).

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SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO

XIX: A FUNÇÃO DO ADVÉRBIO EM UMA PERSPECTIVA

HISTORIOGRÁFICA

Wemylla de Jesus Almeida (PUC/SP)

Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Esta pesquisa reflete sobre o processo de ensino da sintaxe da Língua

Portuguesa, em especial, da Função do Advérbio, no Brasil, na segunda

metade do século XIX. Buscamos traçar o percurso historiográfico no ensino,

tomando como corpus a obra de estudo Syntaxe e construcção da Lingua

Portugueza, de Thomaz da Silva Brandão (1888). Nessa perspectiva,

embasamos nosso estudo em Historiografia Linguística (HL), especificamente,

com Köener (1996), partindo dos seus três princípios: o princípio da

contextualização que trata do clima de opinião, ou espírito da época, de tal

modo que aborda os aspectos intelectuais, socioeconômicos, políticos e

culturais. Além disso, o princípio da imanência que busca estabelecer um

conhecimento total tanto histórico quanto crítico, se necessário filológico, do

texto em apreciação e, por fim, o princípio de adequação faz aproximações

modernas do vocabulário técnico do trabalho em estudo. Assim sendo, para a

adequação, utilizamos a obra de estudo Novas lições de análise sintática, de

Adriano da Gama Kury (1984), a fim de contribuir ao enriquecimento do ensino

de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. Assim sendo, a Historiografia

Linguística torna-se fundamental ao estudo da Língua Portuguesa, uma vez

que serve como base às informações gramaticais que temos hoje, por isso, a

HL não pode ser desprezada aos pesquisadores da própria língua. Para tanto,

enfocando a organização das partes das obras de estudos gramaticais, no que

tange ao tema linguístico função do advérbio, procedemos à seleção,

ordenação, reconstrução e à interpretação do corpus. Ressalta-se que a

presente pesquisa encontra-se em seu estágio inicial.