XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E...

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XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ- ALAS BRASIL 04 a 07 de setembro de 2012 UFPI Teresina-PI GT 11: Trabalho de campo e as interfaces entre as Ciências Sociais e outros saberes. O “olhar” do pesquisador social: complementaridade de técnicas do método etnográfico Fernando Manuel Rocha da Cruz Instituto de Sociologia/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal) [email protected]

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XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ-

ALAS BRASIL 04 a 07 de setembro de 2012

UFPI Teresina-PI

GT 11: Trabalho de campo e as interfaces entre as Ciências Sociais e outros

saberes.

O “olhar” do pesquisador social: complementaridade de técnicas do método

etnográfico

Fernando Manuel Rocha da Cruz Instituto de Sociologia/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal)

[email protected]

1) Introdução: Objeto de estudo

A cidade reconhece-se como real e representacional, texto e

contexto, ética e estética (FORTUNA, 2001: p. 4). Daí que, acontecimentos

efémeros ou iniciativas mais duradouras possam ser instrumentalizadas por

igual e convertidos em recurso promocional das cidades (Fortuna, 2001a: 238),

correndo, todavia, o risco da excessiva simplificação da sua identidade, ao

transformar a cidade antiga e singular numa cidade genérica, sem história.

Nestas, a sua principal caraterística é a anomia, uma vez que a atenção é

centrada, sobretudo nas auto-estradas em detrimento das alamedas e das

praças, lugares privilegiados de sociabilidade. (KOOLHAAS, 2006: p. 12-18) A

ausência do centro nas cidades genéricas, transforma as identidades em

“transitórias, plurais e auto-reflexivas” e aquelas, em cidades narradas ou

cidades-espetáculo, hipertextuais ou hiper-reais, perdendo-se a distinção entre

o real e o simulacro. (LOPES, 2002: p. 44)

A requalificação dos espaços urbanos e o processo de gentrification

ou enobrecimento urbano levaram por um lado, ao aparecimento de novos

edifícios sob a forma de centro comerciais, hipermercados, museus, zonas

ribeirinhas e parques temáticos e por outro, ao enfraquecimento de relações de

vizinhança dada a deslocação centrífuga das classes desfavorecidas e

centrípeta das classes com maior poder económico. Ora, um dos traços mais

significativos da nova arquitetura é a sua função lúdica ao produzir sensações

de encantamento, desorientação ou espanto, por forma a reviver o passado ou

a fição. (FEATHERSTONE, 2001: p. 95-96) O espaço coletivo é, por

conseguinte, cada vez menos um espaço público, sendo a sua gestão

gradualmente entregue a entidades privadas. (LOPES, 2000: p. 74-75;

O’CONNOR, 2001: p. 190) A nova arquitetura urbana permite uma compressão

do espaço-tempo, onde os “novos” centros das cidades, materializados em

centros comerciais, aparecem abstraídas do espaço e tempo exteriores, ao

mesmo tempo que este “urbanismo de fantasia” exclui todos os aspetos

negativos da cidade como a sujidade, a toxicodependência, o trânsito e a

pobreza. (LOPES, 2000: p. 185-187) A intensidade e a descontextualização

das relações sociais são, por isso, responsáveis pelo enfraquecimento da

interação face-a-face própria dos lugares antropológicos, em virtude da

influência das estruturas e da compressão espácio-temporais em que cada

cidadão participa. (LOPES, 2002: p. 73)

Mitos e discursos a favor ou contra a cidade existem desde a sua

fundação. O que muda é apenas o conteúdo das narrativas bem como as

respostas políticas e sociais. E, embora as cidades difiram umas das outras,

podemos identificar caraterísticas comuns. (WATSON, 2006: p. 1-3) Uma das

motivações da análise sociológica é tornar presente o ausente. A ordem

simbólica é um conjunto de representações e narrativas que os atores sociais

elaboram sobre si próprios, sobre a inter-relação com os outros e com o

mundo. (LOPES, 2002, p. 43; LOPES, 2000, p. 10-11) Não é fácil, segundo

Garcia Canclini entender como se articulam modos de vida diversos nas

grandes cidades, mas mais ainda os múltiplos imaginários urbanos que geram.

As narrações fazem parte do património invisível ou intangível, onde se incluem

as lendas, os mitos, as histórias, as imagens, as pinturas e os filmes sobre a

cidade. Todos eles contribuem para a formação de um imaginário sobre a

cidade. (CANCLINI, 1999: p. 88-93)

No entanto, a cidade perde legibilidade quando existe uma redução

ou um empobrecimento semântico. Deste modo, uma cidade de difícil

legibilidade proporciona fragmentação, desorientação, desorganização e

isolamento. A coesão social é mais fraca e a desregulação social aumenta. Isto

acontece quando “o urbanismo assume a forma de um discurso altamente

especializado e orientado para clientelas distintas, ou quando proliferam os

processos de segregação e de exclusão.” (LOPES, 2000: p. 75-76) Lynch

(1999: p. 21), a propósito, destaca a importância da ação do observador na

constituição do objeto observado. Daí que defenda a pluralidade e a

multiplicação das formas percetivas, o que leva Teixeira Lopes a pensar no

espaço urbano como um “texto polissémico, aberto a várias leituras e

interpretações.” A cidade atual é cada vez menos legível, dada a “explosão” de

uma estética da diversidade. A nova concepção da cidade não é, porém,

independente das transformações sociais, de que se destaca a

desindustrialização, a contra-urbanização e a terciarização das cidades, a par

da compressão no espaço-tempo que favorece as interações à distância e

deslocalizadas. (LOPES, 2000: p. 76-77)

O estudo de representações procura assim enunciar as

caraterísticas de um objeto real, reproduzindo as suas propriedades, e dessa

forma, conhecer esse objeto. Esta atividade não se deixa de constituir como

ato criativo, uma vez que a representação retira e selecciona determinados

elementos da realidade para os organizar e apresentar numa nova síntese. A

representação social está por conseguinte ligada ao sujeito que a produz. O

sistema de representações não se reduz, por conseguinte, àquilo que é “dito”,

havendo que o relacionar com aquilo que é “feito”, ou seja, com a construção

das práticas. (ALMEIDA, 2007: p. 363-364)

Deste modo, procuramos através da nossa pesquisa elaborar

sínteses entre o objetivo e o subjetivo, a estrutura e a ação, as margens de

liberdade e os constrangimentos do ator social, descobrindo a lógica dos

sistemas sociais na contingência da vida quotidiana, assim como, aprofundar

competências do trabalho de campo em contexto urbano, nomeadamente

através do distanciamento crítico face ao familiar, com implicações na

reestruturação do habitus. De um modo, mais específico, procuramos o

entendimento da interação e da lógica dialética entre formas espaciais e

processos e estruturas sociais, concebendo o espaço como produto e produtor

social, bem como, o relacionamento das configurações dos espaços públicos

urbanos, assim como da extensão e intensidade das redes de sociabilidade e

das lógicas comunicacionais, com as transformações socioeconómicas das

sociedades de consumo pós-fordistas.

Para a consecução desses objetivos, seleccionamos quatro

espaços, três deles públicos e um espaço privado mas de acesso público. Os

espaços públicos, objeto da nossa pesquisa, são a Avenida dos Aliados (Figura

1), na cidade do Porto, a zona ribeirinha do Cais de Gaia (Figura 2), na cidade

de Vila Nova de Gaia e as Ramblas (ou Rambla) (Figura 3), na cidade de

Barcelona (Espanha). Quanto ao espaço privado de acesso público, optamos

pelo Arrábida Shopping (Figura 4). A nossa opção pela Avenida dos Aliados e

pela zona ribeirinha do Cais de Gaia deve-se ao fato de se tratar de espaços

requalificados na última década e objeto de procura por milhares de pessoas,

ao longo do ano. A escolha de Barcelona deve-se ao fato de ser um dos

destinos mais populares da União Europeia com quem Portugal tem laços

sociais, económicos e sociais e que conheceu um desenvolvimento notável,

após a realização dos Jogos Olímpicos de 1992. As Ramblas é um dos

espaços públicos situados no centro da cidade catalã mais procurados. Porto e

Barcelona são então duas segundas cidades nos respetivos países, com

identidade própria, que aspiram de alguma forma concorrer com as respetivas

capitais. Vila Nova de Gaia é uma cidade que se desenvolveu fruto da

urbanização da cidade do Porto e que hoje possui muitos adeptos que

defendem que Porto e Vila Nova de Gaia se deveriam fundir numa única

cidade. E, se nestas três cidades estudamos três locais públicos e centrais,

procuramos ainda estudar uma nova centralidade representada pelo Arrábida

Shopping e, nomeadamente um espaço privado de acesso público,

concorrencial dos espaços públicos.

Figura 1 – Avenida dos Aliados (Porto)

Figura 2 – Cais de Gaia (Vila Nova de Gaia)

Figura 3 – Ramblas (Barcelona)

Figura 4 – Arrábida Shopping (Vila Nova de Gaia)

2) Estratégias técnico-metodológicas

A problemática das cidades apresenta dificuldades práticas, mas

também teóricas, pelo que o terreno e a seleção dos locais de pesquisa

assumem primordial importância, já que se constitui como uma construção

analítica e concetual, onde em regra não é suficiente a presença do

pesquisador nos espaços de observação. Tratando-se de estudos de caso

importa ainda ressalvar a perspetiva comparativa do estudo.

Neste artigo propomo-nos identificar a metodologia utilizada –

metodologia qualitativa –, apresentando uma definição para a mesma. Deste

modo, e uma vez termos seguido concretamente uma metodologia etnográfica,

para além de apresentarmos o seu conceito, procuramos abordar de forma

sintética o papel do pesquisador, o seu “olhar”, bem como as caraterísticas do

texto resultante desse tipo de pesquisa. A descoberta no interior dos lugares

urbanos pré-conhecidos assume por isso uma importância a que o pesquisador

e as suas caraterísticas não são alheios. Neste ponto, destacamos ainda as

principais técnicas de investigação, designadamente a observação participante

e o diário de campo.

Seguidamente, tratamos a questão da fotografia social, enquanto

técnica etnográfica. Para além das suas caraterísticas e funções, damos

alguma atenção ao interesse etnográfico, em virtude dos significados que pode

assumir quer durante a própria pesquisa de terreno, quer na apresentação dos

resultados à comunidade científica.

Finalmente, apresentamos ainda os conceitos de entrevistas

aprofundadas e individuais para tratar da análise de conteúdo. São técnicas de

investigação complementares, uma vez que é necessário objetivar e

categorizar o material recolhido nas entrevistas. A análise de conteúdo implica

assim uma seleção das unidades de análise, tendo em conta, entre outros, o

objetivo da pesquisa e o tipo de material utilizado.

3) “Local” de investigação

Como refere Solà-Morales (2008: p. 158), conhecemos pouco as

cidades, a sua experiência, como se vive ou como são feitas. E continua:

“Esta limitação produz verdadeiras carências na nossa capacidade comum de ler as cidades atuais ou, mais concretamente, de ler a parte atual de nossas cidades. Esta dificuldade de discernimento parece-me uma das limitações culturais genéricas que a cultura arquitetónica, incluindo a cultura em geral, tem nestas ocasiões.”1

(Solà-Morales, 2008: p. 158)

O problema é não só prático, mas também teórico em virtude da

mobilidade e da pulverização geográfica e cultural das sociedades

contemporâneas, o qual só pode ser resolvido através da perspetiva

interdisciplinar. A dificuldade consiste em encontrar através do contato direto,

as ligações pertinentes entre as unidades etnográficas observáveis e

cognoscíveis e uma entidade (cidade) inalcançável aos olhos e às técnicas de

aproximação de um observador. (CORDEIRO, 2003: p. 12-13)

À semelhança das Ciências Naturais, o método científico garante a

objetividade e a neutralidade ética. Contudo, os próprios princípios do método

científico são declarações normativas e não objetivas, não podendo justificar-

se, nem validar-se com o apelo aos métodos da própria ciência. Os fatos e as

conclusões a que chegamos com o método científico estão baseados em

pressupostos ideológicos e não são falsos, inúteis, imorais, subjetivos ou não

reproduzíveis. Em conclusão, a investigação científica produz-se no âmbito

social, expressa ideias sociais e transmite significados sociais. (HARVEY,

2007: p. 52-53)

O terreno, enquanto construção analítica e concetual, tem que ser

procurado e construído através da interação e do relacionamento social, já que

pode não ser suficiente a presença do pesquisador nos lugares de observação.

(BERG, 2006: p. 50) Este é entendido como “um conjunto de relações que se

desenvolvem em espaços ou meios de interconhecimento acessíveis ao

1 Tradução nossa.

investigador, desenrolando-se […] num tempo longo de familiarização

progressiva em ruas, fábricas, microbairros, vãos de escada, associações,

igrejas, etc.” (AGIER, 1999: p. 9)

Na seleção do local de pesquisa podemos identificar cinco critérios.

Em primeiro lugar, a simplicidade, ou seja, um local que permita ao

investigador deslocar-se do estudo de situações simples para o de situações

mais complexas. Em segundo lugar, a acessibilidade, isto é, o grau de acesso

e de entrada que é dado ao investigador. Em terceiro lugar, a não intrusão, ou

seja, situações que permitam ao investigador ter um papel que não seja o de

intruso. Em quarto lugar, a permissividade, isto é, situações que permitam a

entrada livre, limitada ou restrita. Em último lugar, a participação, isto é, a

possibilidade de o investigador participar numa série de atividades em curso.

(BURGESS, 1997: p. 65-66) A partilha de experiências e a presença do

pesquisador permitem compreender coisas que o discurso pode não revelar.

Daí a necessidade de um trabalho de campo prolongado. (SARRÓ e LIMA,

2006: p. 18-24)

No desenvolvimento do nosso trabalho de campo, verificamos que

os critérios acima identificados por Burgess foram atingidos nos espaços

públicos e de acesso público das três cidades em estudo, designadamente na

Avenida dos Aliados (Porto), Cais de Gaia e Arrábida Shopping (Vila Nova de

Gaia) e Ramblas (Barcelona), quer no papel de turista, quer de cidadão, quer

de consumidor. Deste modo, foi possível participar em inúmeros eventos

realizados nos quatro espaços identificados.

Este estudo é, por isso, de cariz comparativo, pois com a análise dos

três espaços públicos e um espaço privado de acesso público procuramos dar

conta da pluralidade das estruturas de espaços públicos, ao mesmo tempo que

sugerimos a possibilidade da constituição de tipos-ideais. A perspetiva

comparativa permitiu realçar contudo a especificidade de cada local, onde a

cidade Barcelona e as Ramblas aparecem como “modelo” para os demais.

4) Pesquisa etnográfica

A investigação nas Ciências Sociais foi dominada, durante algumas

décadas, pela aplicação de métodos quantitativos. Porém, a tendência atual

centra-se, sobretudo, na investigação qualitativa. Por metodologia qualitativa,

adotamos o conceito de Creswell, segundo o qual é o processo de indagação

baseada numa metodologia em que o pesquisador constrói um caso complexo,

holístico, quer através do discurso, quer de representações, em contexto de

trabalho de terreno. (CRESWELL, 1994: p. 1-2)

A atividade científica é uma atividade social total praticada por

agentes cujo processo de constituição segue trâmites sociais e, por

conseguinte, o texto etnográfico deve constituir-se como esforço científico da

compreensão de determinada realidade. (SARRÓ e LIMA, 2006: p. 21) Uma

das fontes de reflexão quer no âmbito da Antropologia, quer da Sociologia, é a

relação entre a etnografia e o contexto relevante para a unidade observada (a

cidade), ou seja, entre a parte e o todo, uma vez que a produção etnográfica

dá-se ao nível da microescala e com base no contato pessoal do investigador.

Há, por isso, um objetivo claro que consiste no conhecimento das cidades

plurais através duma abordagem etnográfica que permita afastar as abstrações

praticadas nos vários campos disciplinares. (CORDEIRO, 2003: p. 10-25)

O olhar etnográfico não é um olhar arbitrário, mas moldado pelas

leituras efetuadas antes, durante e depois de realizar o terreno. De igual modo,

o mundo que nos rodeia e as nossas próprias posições sobre ele, moldam o

nosso trabalho de campo. (MAPRIL, 2006: p. 56) Por outro lado, o etnógrafo

procura a especificidade sociocultural. Trata-se de um “campo” estruturado

pelo poder. Ora, o etnógrafo quando “faz” terreno procura descobrir no interior

desses lugares urbanos pré-conhecidos, os espaços e os terrenos que lhe

eram anteriormente impercetíveis. (CABRAL, 2006: p. 178-179) O etnógrafo

torna-se então especialista sobre o mundos dos “outros”, mas nunca pode falar

pelos ou como os “outros”. Fá-lo como resultado de um processo de pesquisa

que envolve intersubjetividade, empatia e responsabilidade ética. (CABRAL,

2006: p. 191)

Magnani enumera alguns estereótipos sobre a etnografia,

designadamente a descrição pormenorizada no trabalho de campo; a

identificação do porta-voz da população estudada como trabalho etnográfico; a

reprodução do discurso nativo; a autenticidade, ou seja, o esforço em transmitir

o ponto de vista do “nativo”; e conjunto de técnicas para fazer a pesquisa.

(MAGNANI, 2009: p. 102). Refere ainda:

“Talvez exagerando um pouco, pode-se dizer que cada [pesquisador] tem sua própria leitura sobre o que seja etnografia, qual seu papel e seu alcance, questões expressas habitualmente nas introduções das monografias.”

(MAGNANI, 2009: p. 101)

Para Clifford Geertz, a etnografia resulta do estabelecimento de

relações, seleção de informantes, transcrição de textos, levantamento de

genealogias, mapeamento de campos, manutenção de um diário de campo,

entre outros. Todavia, não são as técnicas e os processos que a definem, mas

sim, o tipo de esforço inteletual que ela representa fruto de uma descrição

densa. (GEERTZ, 2001: p. 15) Por outro lado, Hammersley e Atkinson

entendem por etnografia o conjunto de métodos em que a principal

caraterística é a participação do etnógrafo, abertamente ou de forma

encoberta, na vida diária das pessoas durante um período de tempo,

observando o que sucede, escutando o que diz, fazendo perguntas. De fato,

tomando nota de qualquer informação que sirva para trazer “luz” ao tema em

que se centra a investigação. (HAMMERSLEY e ATKINSON, 2005: p. 15) Já

Téllez Infantes define etnografia como o conjunto de operações entre a recolha

de informação e a escrita do texto antropológico. A etnografia é então um

processo metodológico global e o trabalho de campo é a fase central desse

processo. A base do trabalho etnográfico é portanto, a observação participante.

(INFANTES, 2007: p. 64-65)

Magnani propõe ainda a distinção entre “prática etnográfica” e

“experiência etnográfica”. A primeira é programada e contínua enquanto a

segunda é descontínua e imprevista. Porém, “elas se re-alimentam, uma induz

à outra e a potencia”. Outra conclusão deste autor, diz respeito à assunção da

etnografia como método, cujos primeiros passos fundam-se na aproximação,

inserção e rotina do trabalho de campo, desenvolvendo estratégias que

dependem da natureza ou caraterísticas do objeto de estudo. Desta forma, são

asseguradas “condições objetivas tanto para a experiência etnográfica como

para a prática etnográfica continuada e seus resultados”. Porém, quando está

em causa o contexto urbano há que ter em atenção, quer a paisagem, quer os

atores sociais. A paisagem urbana, ao englobar o conjunto de espaços,

equipamentos e instituições urbanas, é o resultado das práticas, intervenções e

modificações provocadas pelos diferentes atores sociais (poder político,

empresas privadas, associações, grupos de pressão, moradores, turistas,

equipamentos, mobiliário urbano, eventos, etc.) nas diferentes redes sociais.

(MAGNANI, 2009: p. 104-106)

Magnani propõe ainda o ajustamento do foco da observação,

propondo a perspetiva “de perto e de dentro” na primeira abordagem do

trabalho de campo, a qual é capaz de “aprender os padrões de

comportamento, não de indivíduos atomizados, mas dos múltiplos, variados e

heterogéneos conjuntos de atores sociais cuja vida cotidiana transcorre na

paisagem da cidade e depende de seus equipamentos”. (MAGNANI, 2009: p.

106)

“Partir das regularidades, dos padrões e não das dissonâncias ou desencontros como condição da pesquisa supõe uma contrapartida no plano teórico: alguma ideia de totalidade como pressuposto.”

(MAGNANI, 2009: p. 108)

A totalidade, em termos etnográficos, é aquela que é experimentada

e reconhecida pelos atores sociais, devendo ser identificada pelo investigador e

descrita em termos categoriais, transformando a experiência quotidiana em

“chave de inteligibilidade”. Ao atuarmos no mundo social, estamos prontos para

refletir sobre nós mesmos e sobre as nossas ações como objetos nesse

mundo. Contudo, mais do que questionarmos se a investigação produz ou não

conhecimento, ou sobre a sua transformação num projeto político, para nós

essa reflexividade proporciona a base para uma indagação lógica reconstruída

que une, mais do que separa, mas que vai mais além em aspetos importantes.

Ao incluir o nosso papel neste enfoque da investigação, e inclusive explorando

sistematicamente a nossa participação nos lugares em estudo como

pesquisadores, podemos produzir relatos sobre o mundo social e justificá-lo

sem recorrer a apelos fúteis ao empirismo. (HAMMERSLEY e ATKINSON,

2005: p. 36)

O etnógrafo, por definição, é alguém que não se contenta com

explicações globais, que não se satisfaz com as categorias já existentes de

descrição do mundo social (categorias estatísticas, categoria de pensamentos

dominantes). Por princípio, manifesta ceticismo diante das análises

“generalistas” e dos recortes preestabelecidos do mundo social. O etnógrafo

preocupa-se sempre com ir ver mais de perto a realidade social, livre para ir de

encontro, ou contra, as visões oficiais. (BEAUD e WEBER, 2007: p. 11)

Por último, cumpre-nos dizer algumas palavras sobre a observação

e, nomeadamente, sobre a observação participante, bem como, sobre o diário

de campo, enquanto ferramentas ou técnicas etnográficas.

A observação direta é a realizada quando se toma nota dos fatos,

dos gestos, dos acontecimentos, dos comportamentos, das opiniões, das

ações, das realidades físicas, em suma do que se passa ou existe num dado

momento numa dada situação. A observação participante é um tipo de

observação direta. A observação direta pode ser qualificada de extensiva e de

intensiva, segundo incide em grandes grupos ou em indivíduos. A observação

indireta diz respeito às técnicas de observação que incidem nos indivíduos, nos

comportamentos, nos grupos, no passado, noutros locais ou, mais geralmente,

em todos os tipos de dados existentes como testemunhos escritos, figurados

ou registados. (DESHAIES, 1997: p. 296-297) A observação participante como

técnica descritiva e etnográfica básica consiste no estudo sobre o terreno

mediante a observação, participação e a entrevista, onde se atribui mais

importância aos aspetos qualitativos do que aos quantitativos. Trata-se de uma

técnica idónea de investigação que pode ser usada nas sociedades complexas

e que se complementa com outras com a finalidade de triangular os dados

obtidos. (INFANTES, 2007: p. 162)

Por outro lado, o diário de campo é a principal ferramenta do

etnógrafo, onde anota em estilo telegráfico os eventos de pesquisa e o

progresso da busca. A descrição dos lugares, dos eventos, das pessoas e das

coisas requer a precisão, o sentido de detalhe, a honestidade escrupulosa do

“auxiliar de laboratório” que regista as condições em que tal fenómeno foi

produzido e sua natureza exata, para além das indicações de data e lugar.

(BEAUD e WEBER, 2007: p. 65-66) O diário de campo é, por isso, um registo

secundário, sistemático, reflexivo e inteligível do que está registado no caderno

de notas. (RADA, 2005: p. 58)

5) Fotografia social

A utilização de tecnologias e imagens na pesquisa científica e na

representação de culturas, vidas e experiências é atualmente prática comum.

(PINK, 2004: p. 1)

A fotografia tem por base duas caraterísticas que são

nomeadamente o registo mecânico ao reproduzir uma realidade e o conteúdo

de uma expressão através da extração de significados. Deste modo, a

fotografia cumpre três grandes funções: documental (é o reflexo, o testemunho

e a representação da realidade), artística (ao procurar criar emoções) e textual

(é um meio de transmitir ideologias e valores). (GUTIÉRREZ, 1995: p. 241) A

fotografia parece, por outro lado, diferenciar-se de outros meios de registo e

construção de imaginários como a imprensa, o cinema e a televisão, porque

fragmenta mais radicalmente, por exemplo, a cidade. A fotografia oferece

instantes descontínuos que podem aspirar a uma representatividade mais

extensa, mas separando sempre a experiência do contexto. Deste modo, a

fotografia é semelhante às percepções isoladas e acumulativas dos habitantes

das grandes cidades que a desconhecem na sua totalidade. (CANCLINI, 1999:

p. 110)

Os etnógrafos utilizaram as imagens como auxiliares do trabalho de

campo para descrever e interpretar, para completar informação com os saberes

locais obtidos na interlocução com os seus informantes e mesmo para

comparar ou percepcionar as diferenças e as semelhanças. As imagens

serviram como sinais, como descrição ou representação, para recordar ao

permitir a observação diferida, bem como, como forma de rememoração

através de um olhar mais distanciado e crítico. (RIBEIRO, 2003: p. 398)

Quando os etnógrafos produzem fotografia ou vídeo, estes

elementos visuais, tal como a experiência de os criar e debater, tornam-se

parte do conhecimento etnográfico. (PINK, 2001: p. 17) Não existe, porém, um

critério rígido que defina que fotografias são ou não, etnográficas. Qualquer

fotografia pode ter interesse etnográfico, ou ser-lhe atribuído significados num

dado momento ou por uma razão específica. Os seus significados são contudo

arbitrários e subjetivos. A mesma fotografia pode possuir uma multiplicidade de

significados (até mesmo conflituais entre si) em diferentes momentos da

pesquisa e de representação etnográficas, ou ao ser vista por diferentes

pessoas ou audiências em diversos contextos temporais, históricos, espaciais e

culturais. Contudo, parece importante que os etnógrafos tentem compreender

os discursos individuais, locais e culturais nos quais as fotografias têm

significado, quer na pesquisa de terreno, quer nos discursos académicos.

(PINK, 2001: p. 51) A ênfase na reflexividade tem sido, por isso, a vertente

mais importante na recente literatura da Antropologia Visual e nos textos

interdisciplinares sobre a utilização de metodologia visual. (PINK, 2004: p. 4)

Procuramos assim, captar através da fotografia, vários eventos nos

quatro locais de estudo. Na Avenida dos Aliados, destacamos as festas e os

concertos de S. João, o fogo-de-artifício de Ano Novo, a Feira do Livro, a

exposição do Homem T, o Carnaval, as comemorações do 25 de Abril e do 1º

de Maio, entre outras. No Cais de Gaia registamos fotograficamente algumas

Feiras de Artesanato, atividades de Natal como a patinagem no gelo ou o

presépio em areia, mas também, as festas de S. João e o fogo-de-artifício e as

competições do Red Bull Air Race. Nas Ramblas, em Barcelona, procedemos

ao registo fotográfico da Feira de Artesanato, às atividades diárias das

Ramblas, como a das estátuas-humanas ou a atuação de ginastas, bem como

às Festividades da Mercé (ou Misericórdia) com o Cortejo dos Gigantones. Por

último, embora de forma mais reduzida por se tratar de um espaço privado,

registamos algumas exposições realizadas no Arrábida Shopping.

4) Entrevistas e Análise de conteúdo

As entrevistas aprofundadas não visam produzir dados quantificados

e, portanto não precisam de ser numerosas. Nem têm por vocação ser

“representativas”. (BEAUD e WEBER, 2007: p. 119) Por outro lado, as

entrevistas individuais permitem-nos conhecer a informação, as opiniões, o

léxico, os recursos estilísticos e os pontos de vista da pessoa. (CANCLINI,

1999: p. 117)

Deste modo, procedemos à realização de dezasseis entrevistas

semidiretivas e individuais tendo aplicado quatro em cada espaço em estudo.

Procuramos entrevistar responsáveis ou elementos de instituições – públicas,

privadas e associativas – que integrassem a organização de eventos públicos

nos locais objeto de estudo (Avenida dos Aliados, Cais de Gaia e Ramblas). De

qualquer forma, abrimos uma excepção por local, ao entrevistar pessoas que

sem terem participado na organização de eventos públicos, contribuíssem de

alguma forma, para a dinamização dos mesmos (Caves Sandeman, no Cais de

Gaia e Café Guarany, na Avenida dos Aliados, por exemplo). Quanto ao

Arrábida Shopping, procurou-se também entrevistar pessoas que tivessem

integrado a organização ou apoiassem a organização de eventos naquele

espaço. Procuramos entrevistar um responsável dos Cinemas do Arrábida,

contudo, no caso das empresas, é necessário autorizações hierárquicas, o que

não foi possível obter. Daí que tenhamos decidido entrevistar um espaço de

lazer alternativo instalado neste Shopping. De referir que todas as entrevistas

foram gravadas e transcritas, à excepção da efetuada à Direção do Arrábida

Shopping, por recusa da respetiva gravação. Neste caso, também não foi

possível obter uma resposta sobre os pontos fracos do shopping por o

entrevistado entender que poderia estar a divulgar informações relevantes à

concorrência. As entrevistas tiveram em média uma duração de trinta minutos,

à excepção da entrevista do responsável da Associação de Bares da Zona

Histórica que teve uma duração aproximada de sessenta minutos. Após a

gravação e transcrição das entrevistas, procedemos à respetiva análise de

conteúdo.

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise que

toma por objeto qualquer classe2 de “texto”. Um texto é então qualquer forma

expressiva produzida com algum tipo de intenção comunicativa e que em

consequência se ajusta a algum tipo de intenção intersubjetiva. A análise de

conteúdo toma o texto como "pretexto" para estudar as convenções

socioculturais dos sujeitos entre os que circula e suas posições sociais em

relação ao espaço comunicativo. (RADA, 2005: p. 54) O pressuposto básico da

análise de conteúdo consiste na objetivação do assunto ou tema a analisar.

(ROMERO, 1991: p. 97) A análise de conteúdo implica uma seleção das

unidades de análise3, tendo em conta, entre outros, o objetivo, a quantidade de

material, o tempo de que se dispõe para a elaboração do trabalho e o tipo de

material utilizado. (ROMERO, 1991: p. 98)

Pela análise temática, o texto é dividido em alguns temas principais,

os quais podem ser divididos em subtemas. Não está também excluído o

processo de análise transversal, uma vez que os entrevistados abordam

determinados temas quando os relacionam com outros assuntos. (BARDIN,

2008: p. 93-96) Fazer uma análise temática consiste em descobrir os “núcleos

de sentido” que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de

aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido. O

tema, enquanto unidade de registo, corresponde a uma regra de recorte do

sentido que não é fornecida de uma só vez, já que depende do nível de

análise. (BARDIN, 2008: p. 131)

A análise categorial consiste na identificação das variáveis cuja

dinâmica é potencialmente explicativa do fenómeno que queremos

compreender. O sentido da identificação da categoria4 deve ser bem explícito,

mas não unívoco, isto é, não há vantagem em dizer o tipo de variação a não

ser que haja uma posição única em todas as entrevistas. Esta análise, sendo

ainda uma análise descritiva, é de alguma forma mais abstrata e não exclusiva,

isto é, na mesma entrevista é normal existirem vários fatores explicativos

2 Classe: conjunto que agrupa elementos de caraterísticas comuns. Na análise de conteúdo é sinónimo de categoria. (ROMERO, 1991: p. 203) 3 Unidade de análise de conteúdo: elemento que permite a codificação e a categorização. (ROMERO, 1991: p. 206) 4 Categoria: qualidade que se atribui a um objeto ou a um sujeito. (ROMERO, 1991: p. 203)

encontrados e nenhum dos discursos dos entrevistados contém todas as

variáveis. Assim, é uma análise que faz a mediação para uma explicação e

para a construção ideal típica. (GUERRA, 2008: p. 80)

A categorização é uma operação de classificação de elementos

constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por

reagrupamento segundo o género, com os critérios previamente definidos. Daí

que o critério de categorização possa ser semântico, sintático, lexical e

expressivo. (BARDIN, 2008: p. 145-146) No nosso caso, optamos pela

categorização semântica tendo em vista o agrupamento temático.

Na nossa grelha de análise de conteúdo identificamos as seguintes

problemáticas: caraterização profissional, realização de eventos nos espaços

públicos, representações sobre os espaços públicos, representações sobre os

shoppings e comparação com os espaços públicos, representações sobre o

Porto, representações sobre Vila Nova de Gaia e representações sobre

Barcelona. Para cada uma das problemáticas definimos as dimensões de

análise e para cada uma destas as respetivas variáveis.

Em conclusão, devemos ainda referir que apesar da utilização

primordial da metodologia qualitativa, não deixamos de utilizar de alguma forma

uma metodologia eclética, quando recorremos ao levantamento estatístico dos

principais indicadores por forma a identificar regularidades sociais e

económicas entre as cidades e as unidades administrativas (freguesias em

Portugal e bairros em Espanha), onde se inserem os espaços públicos objeto

do nosso estudo.

Conclusão

O texto etnográfico deve constituir-se como esforço científico da

compreensão de uma realidade. O seu olhar não é arbitrário, mas moldado

pelas leituras efetuadas antes, durante e após a ida ao terreno. Consideramos

também, que apenas o cruzamento das várias técnicas de pesquisa nos

permite reduzir a subjetividade e a arbitrariedade da interpretação do real. Uma

única técnica seria redutora quer da realidade, quer da sua interpretação. Aí o

recurso no nosso trabalho de pesquisa às técnicas de observação direta e

participante, fotografia social, entrevistas semi-diretivas e análise de conteúdo.

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