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Manutenção do Vínculo Professor- Aluno no Ciclo de Alfabetização Maio 2013 1. INTRODUÇÃO Com a implantação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos passou-se a planejar a alfabetização dos alunos que ingressam no sistema com 6(seis) anos de idade num prazo mais longo e que ultrapassa o período de 1 (um) ano letivo. Colocada a situação-problema em que se encontram todas as escolas brasileiras que oferecem o Ensino Fundamental a partir da 1ª série, faz-se necessário debruçar sobre esta situação e procurar vislumbrar atitudes e decisões a serem tomadas para evitar a solução de continuidade no processo pedagógico que ocorre quando os jovens alunos de 6 (seis) anos de idade, no início do processo de alfabetização, são tomados de surpresa com o aparecimento de um novo professor no ano seguinte, com novas ideias e novas metodologias, obrigando que todos os alunos passem novamente por um processo adaptativo que muitas vezes é prejudicial e pernicioso ao processo de alfabetização e aprendizagem. 2. A SITUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS A oferta do Ensino Fundamental público e gratuito é um direito constitucional garantido a todas as crianças brasileiras. Este nível de ensino é normalmente municipalizado e as políticas são regionalizadas também ao nível municipal. Assim a gama de problemas é diversificada e depende do nível de desenvolvimento econômico e social de cada município. Prof Cirineu José da Costa - MScPágina 1

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Manutenção do Vínculo Professor-Aluno no Ciclo de Alfabetização

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1. INTRODUÇÃO

Com a implantação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos passou-se a planejar a alfabetização dos alunos que ingressam no sistema com 6(seis) anos de idade num prazo mais longo e que ultrapassa o período de 1 (um) ano letivo.Colocada a situação-problema em que se encontram todas as escolas brasileiras que oferecem o Ensino Fundamental a partir da 1ª série, faz-se necessário debruçar sobre esta situação e procurar vislumbrar atitudes e decisões a serem tomadas para evitar a solução de continuidade no processo pedagógico que ocorre quando os jovens alunos de 6 (seis) anos de idade, no início do processo de alfabetização, são tomados de surpresa com o aparecimento de um novo professor no ano seguinte, com novas ideias e novas metodologias, obrigando que todos os alunos passem novamente por um processo adaptativo que muitas vezes é prejudicial e pernicioso ao processo de alfabetização e aprendizagem.

2. A SITUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

A oferta do Ensino Fundamental público e gratuito é um direito constitucional garantido a todas as crianças brasileiras. Este nível de ensino é normalmente municipalizado e as políticas são regionalizadas também ao nível municipal.Assim a gama de problemas é diversificada e depende do nível de desenvolvimento econômico e social de cada município.As políticas educacionais no nível de município são heterogêneas ao extremo, pois dependem em muito do volume de recursos recebidos, recursos estes provenientes de repasses federais e estaduais além dos recursos próprios do município.A partir do momento em que o Município contrata o profissional de educação ele também tem toda a liberdade de estabelecer a política de recursos humanos que irá implantar na relação de trabalho com este tipo de servidor municipal.Existem cidades que são estruturadas de forma moderna onde os profissionais de educação são reunidos sob a égide de um Estatuto do Magistério que regulamenta toda a relação de trabalho que envolve os profissionais da educação. Por outro lado ainda possuímos cidades onde a própria administração pública não possui estrutura alguma e o tratamento dado aos servidores depende em muito do humor de quem está no comando do Paço e da Câmara Municipal.

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3. O VÍNCULO PROFESSOR-ALUNO

A permanência do professor alfabetizador, com a mesma turma, durante os dois anos da pesquisa foi considerada conveniente e benéfica do nosso ponto de vista pedagógico, pois propiciou a oportunidade de se dar sequência ao processo de ensino-aprendizagem sem a retomada de conteúdos pelos alunos defasados em idade-série. (Ana Maria de Paula SIQUEIRA)

Uma das premissas básicas que sustentam a implantação dos Ciclos é a continuidade das mesmas crianças, nas mesmas turmas com o mesmo professor, visando garantir a continuidade do processo de aprendizagem previsto pela progressão continuada das crianças entre uma série e outra, conforme explicitado nos documentos oficiais:“É de fundamental importância a permanência do professor na mesma turma, ao longodo ciclo visando assegurar: A continuidade do processo, melhores condições de acompanhar o desenvolvimento dos alunos, de identificar suas necessidades e propor medidas para saná-las e o entrelaçamento afetivo da relação aluno-professor” (BOLETIM DE PSICOLOGIA, 2006, VOL. LVI, Nº 125: 221-240)

A melhor solução para o Sistema Educacional é o estabelecimento de vínculos mais sólidos dos professores com a Escola e com seus alunos. Como poderia ser feito?

É necessário adequar a legislação abrangente dos profissionais do magistério a uma nova visão da atuação dos mesmos. Na medida em que o professor cria vínculo com a sua escola ele passará a preocupar-se com o seu ambiente de trabalho por que ele saberá que sua permanência naquelas instalações não será meteórica e que ele passará ali uma boa parte da sua vida profissional. Haverá empenho da equipe na “educação” dos alunos para a preservação do bem público (escola) que é a base para um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Mesmo que o sistema educacional não trabalhe com ciclos e que a avaliação/aprovação/reprovação seja feita anualmente, a permanência do professor com a mesma turma durante o primeiro e segundo ciclo de alfabetização é de suma importância para fortalecer o vínculo professor-aluno, sedimentação da metodologia e para uma melhor avaliação dos resultados pelo sistema, tendo em vista que uma das variáveis (o professor) ficará constante.

A partir do instante que os professores forem vinculados a uma determinada Unidade Escolar, a eficiência daquela Instituição de Ensino quando for avaliada no próximo ano, refletirá nos mesmos professores que ainda lá estarão. Ficará mais fácil para o Sistema identificar as falhas e corrigi-las com os mesmos personagens de quando os fatos ocorreram. É muito comum no sistema atual com rodizio anual de professores a culpa pela ineficiência ser atribuída ao professor que foi transferido para outra unidade educacional e perde-se a oportunidade de corrigir uma falha que irá repetir-se pelo sistema sem nunca ser corrigida.

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O Ciclo de Alfabetização também será favorecido, pois ficando o professor com a mesma turma desde a primeira série até a quarta série será mais fácil identificar falhas no processo de aprendizagem, identificar professores com deficiência e leva-los para uma capacitação tomando por base os resultados apresentados pela sua turma, que será sempre a mesma durante todo o Ciclo.

4. OBJETIVOS CLAROS E ESPECÍFICOS

Vejamos os Objetivos do Ensino Fundamental, discriminados nos PCN’s:

• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;

• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;

• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País;

• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;

• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;

• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;

• conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;

• utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das

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produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;

• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;

• questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.

Objetivos da Língua Portuguesa no Primeiro Ciclo:

• compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é destinatário direto ou indireto: saber atribuir significado, começando a identificar elementos possivelmente relevantes segundo os propósitos e intenções do autor;

• ler textos dos gêneros previstos para o ciclo, combinando estratégias de ecifração com estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação;

• utilizar a linguagem oral com eficácia, sabendo adequá-la a intenções e situações comunicativas que requeiram conversar num grupo, expressar sentimentos e opiniões, defender pontos de vista, relatar acontecimentos, expor sobre temas estudados;

• participar de diferentes situações de comunicação oral, acolhendo e considerando as opiniões alheias e respeitando os diferentes modos de falar;

• produzir textos escritos coesos e coerentes, considerando o leitor e o objeto da mensagem, começando a identificar o gênero e o suporte que melhor atendem à intenção comunicativa;

• escrever textos dos gêneros previstos para o ciclo, utilizando a escrita alfabética e preocupando-se com a forma ortográfica;

• considerar a necessidade das várias versões que a produção do texto escrito requer, empenhando-se em produzi-las com ajuda do professor.

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Objetivos da Matemática no Primeiro Ciclo:

• Construir o significado do número natural a partir de seus diferentes usos no contexto social, explorando situações-problema que envolva contagens, medidas e códigos numéricos.

• Interpretar e produzir escritas numéricas, levantando hipóteses sobre elas, com base na observação de regularidades, utilizando-se da linguagem oral, de registros informais e da linguagem matemática.

• Resolver situações-problema e construir, a partir delas, os significados das operações fundamentais, buscando reconhecer que uma mesma operação está relacionada a problemas diferentes e um mesmo problema pode ser resolvido pelo uso de diferentes operações.

• Desenvolver procedimentos de cálculo — mental, escrito, exato, aproximado — pela observação de regularidades e de propriedades das operações e pela antecipação e verificação de resultados.

• Refletir sobre a grandeza numérica, utilizando a calculadora como instrumento para produzir e analisar escritas.

• Estabelecer pontos de referência para situar-se, posicionar-se e deslocar-se no espaço, bem como para identificar relações de posição entre objetos no espaço; interpretar e fornecer instruções, usando terminologia adequada.

• Perceber semelhanças e diferenças entre objetos no espaço, identificando formas tridimensionais ou bidimensionais, em situações que envolvam descrições orais, construções e representações.

• Reconhecer grandezas mensuráveis, como comprimento, massa, capacidade e elaborar estratégias pessoais de medida.

• Utilizar informações sobre tempo e temperatura. • Utilizar instrumentos de medida, usuais ou não, estimar resultados e expressá-los por meio de representações não necessariamente convencionais.

• Identificar o uso de tabelas e gráficos para facilitar a leitura e interpretação de informações e construir formas pessoais de registro para comunicar informações coletadas.

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Vemos então que os PCN’s trazem objetivos gerais sobre o Ensino Fundamental e sobre cada área de conhecimento, cabendo então aos gestores locais, baseados no princípio da autonomia, estabelecer os objetivos específicos distribuídos passo-a-passo pelos dias, semanas, meses, semestres e anos letivos para cada matéria a ser ensinada. O trabalho dos professores deve pautar-se então neste planejamento específico que deve ser desenvolvido pela equipe de apoio pedagógico existente em cada secretaria Municipal de Educação. Justamente este trabalho de especificação de objetivos específicos e imediatos (dia-a-dia) que falta ser feito na maioria das redes. Os professores trabalham baseados em objetivos gerais, cada um de uma forma diferente, gerando resultados diferentes e nem sempre muito bons.

5. CONCLUSÕES

Será possível que nosso País tenha, em espaço de tempo curto ou médio, uma REVOLUÇÂO na EDUCAÇÃO?

Somente a educação pode tirar o país do subdesenvolvimento. Precisamos de um sistema de ensino que traga a nossa juventude para a realidade tecnológica existente no mundo atual. Nossas escolas precisam esquecer o conceito de professor-sala de aula-lousa-aluno como conceito de espaço educacional. Precisamos dotar as escolas de espaços educacionais modernos e tecnológicos, precisamos fazer um “upgrade” nos quadros docentes colocando-os mais coincidentes com o mundo dos jovens que é um “ambiente conectado”.

Enquanto os professores não tiverem objetivos específicos a atingir, enquanto os sistemas de ensino não tiverem bases sólidas para avaliar tanto os professores quanto os alunos, seremos apenas “aspirantes a país desenvolvido”, ou como chamam “país em desenvolvimento”.

Quando seremos desenvolvidos? Precisamos antes ter um sistema de ensino que ensine. Precisamos não mais ter analfabetos funcionais. Precisamos professores comprometidos com o sistema e que tenham uma base de apoio em material didático, espaços educacionais e perspectiva de carreira com realizações pessoais e financeiras.

Na Coréia do Sul a carreira docente é a mais procurada do país. Para ela convergem os melhores alunos de todas as escolas porque neste país o professor é respeitado e valorizado e é cobrado arduamente em suas tarefas diárias, mas recebe em contrapartida uma boa remuneração, um excelente ambiente de trabalho, objetivos gerais e específicos a atingir e apoio material e humano para desenvolver suas atividades.

Enquanto não fizermos esta “revolução” colocando a educação num plano superior e prioritário de investimento, continuaremos a ser chamado de “país em

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desenvolvimento”, num caminhada que nunca chegará ao fim pois a fila de analfabetos funcionais só aumenta a cada final de ano letivo.

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