VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE ARTES - CEART MODA: HABILITAÇÃO EM DESIGN DE MODA THIAGO BOING SOARES VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO QUEER FLORIANÓPOLIS - SC 2015

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE ARTES - CEART

MODA: HABILITAÇÃO EM DESIGN DE MODA

THIAGO BOING SOARES

VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO

QUEER

FLORIANÓPOLIS - SC

2015

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THIAGO BOING SOARES

VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO

QUEER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Moda pela Universidade Estadual de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Moda: Habilitação em Design de Moda.

Orientadora: Prof. Dra. Mara Rúbia Sant’Anna

FLORIANÓPOLIS - SC

2015

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THIAGO BOING SOARES

VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO

QUEER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Moda pela Universidade Estadual de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Moda: Habilitação em Design de Moda. Banca Examinadora:

Orientador:

______________________________________________________ Prof. Dra. Mara Rúbia Sant’Anna

UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro:

______________________________________________________ UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro:

______________________________________________________ UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina

Florianópolis, 25 de novembro de 2015.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, que sempre me orientaram me ensinando o

verdadeiro valor da humildade, verdade, da batalha, da busca dos objetivos

pessoais e dos meus sonhos. Por apoiarem meus ideais mesmo não entendendo

meus anseios e objetivos, sendo meu apoio e incentivo nos estudos e por me

mostrarem o valor da independência.

Agradeço à minha irmã, Lucenir por sua amizade e por todo apoio e incentivo, por

me ensinar a não ter vergonha de me expressar e ser feliz. Como também, agradeço

ao meu amado sobrinho, que em sorrisos sinceros me faz notar o verdadeiro sentido

de viver e ser feliz. Assim como, agradeço a minha avó Erondina (in memorian), que

por não estar mais entre nós em parte física, sempre permaneceu espiritualmente

dentro do meu coração, sendo meu exemplo, como eximia criadora, costureira e

estilista.

Agradeço a Maurília Paiano que contribui com todo o seu saber, paciência e

experiência para que meus sonhos pudessem se tornar realidade, ajudando a

conceber a minha coleção de formatura. Assim como ao meu companheiro de todas

as horas Wendel Raimundo, que se manteve presente ao meu lado em momentos

bons e ruins, apoiando-me nas minhas dificuldades, fornecendo-me o chão quando

achava que o mesmo já não existia, e me fazendo voar quando ventos favoráveis já

não me sopravam. Também a Kátia Raimundo, que me ajudou em momentos de

dificuldades e desorientação.

Agradeço aos meus amigos, que estiveram ao meu lado me dando apoio moral e

espiritual para seguir minha jornada, a Dona Zelanda que sempre se manteve como

um exemplo de vida para minha pessoa.

Agradeço à minha orientadora, Mara Rúbia Sant’ Anna, por toda dedicação e

paciência, bem como, todo conhecimento transmitido. Por ter me puxado, mesmo

não tendo o resultado esperado, a sua fundamental ajuda minhas ideias não

estariam “no papel”, citando-a como um exemplo a seguir.

E por fim, mas não menos importante, agradeço à Deus pela vida e por todas as

oportunidades.

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O sucesso é construído à noite!

Durante o dia você faz o que todos fazem. Mas,

para obter um resultado diferente da maioria,

você tem que ser especial. Se fizer igual a todo

mundo, obterá os mesmos resultados. Não se

compare à maioria, pois infelizmente ela não é

modelo de sucesso.

A realização de um sonho depende de

dedicação. Há muita gente que espera que o

sonho se realize por mágica. Mas toda mágica

é ilusão. A ilusão não tira ninguém de onde

está. Ilusão é combustível de perdedores.

Quem quer fazer alguma coisa, encontra um

MEIO. Quem não quer fazer nada, encontra

uma desculpa.

Roberto Shinyashiki.

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RESUMO

O presente trabalho consiste em uma coleção de moda que parte do tema Trânsitos

Vestíveis, inspirada na Metamorfose, palavra que definiu o conceito Drag Queen.

Busca-se unir a moda e a arte em um meio de contestação social. De tal forma, criou-

se uma coleção de moda, com looks que pudessem retratar esse meio de expressão

artística, onde as peças acrescentam características próprias de mudança e

metamorfose, indagando o que seria unicamente feminino e satirizando o seu

emprego social. A coleção é um imenso mergulho dentro de si, a partir da iniciativa

que uma mulher toma em se montar, ela transforma a sua percepção dentro de sua

própria feminilidade, fazendo-a sentir-se dona de si. Outrora uma forma de reaver o

feminino e ressaltar as discussões de gênero crescentes na atualidade, onde o

feminino não pertence a mulher, tampouco ao homem, assim como o masculino. Uma

coleção de moda, que gerou vinte e cinco looks desenvolvidos neste trabalho, três

deles tomaram forma para desfilar no evento OCTA Fashion 2015. Toda a produção

dos looks, desde a idealização e materialização do conceito até a confecção em si

das peças, é relatada neste trabalho, sendo ele finalizado com as fotos do desfile final.

Por fim, com o resultado tido em passarela, constatou-se que o objetivo fora

alcançado.

PALAVRAS-CHAVE: Metamorfose. Moda. Arte. Drag Queen. Mulher.

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Sumário de Imagens

Figura 1 – Elke Maravilha em sua juventude............................................................. 19

Figura 2 – Elke Maravilha atualmente ....................................................................... 20

Figura 3 – Daphne Guinness..................................................................................... 25

Figura 4 – Lady Gaga ................................................................................................ 26

Quadro 1 – Características Designer’s e Artistas ...................................................... 29

Figura 5 – Imagem ilustrativa da técnica Draping ou Moulage. ................................. 32

Figura 6 – Versace Dress A/W 15. ............................................................................ 33

Figura 7 – Leds e Bordados Hibridizados. ................................................................ 34

Figura 8 – Uso e aplicação de Materiais Alternativos como Plástico. ....................... 35

Figura 09 – Apanhado de Look’s Marco’s Marco e The Blonds ................................ 38

Figura 10 – Painel conceito da coleção VESTIAIRE ................................................. 40

Figura 11 – Painel Lifestyle ....................................................................................... 42

Figura 12 – Painel Parâmetros .................................................................................. 44

Figura 13 – Painel Parâmetros Formas ..................................................................... 45

Figura 14 – Painel Cartela de Cores ......................................................................... 46

Figura 15– Painel Cartela de Materiais ..................................................................... 47

Figura 16 – Painel Cartela de Aviamentos ................................................................ 48

Figura 17 – Design Têxtil........................................................................................... 49

Figura 18 – Design Têxtil 2........................................................................................ 50

Figura 19 – Mapa da coleção VESTIAIRE ................................................................ 51

Figura 20 – Macacão Amarelo .................................................................................. 52

Figura 21 – Macacão Azul ......................................................................................... 52

Figura 22 – Macacão Rosa ....................................................................................... 53

Figura 23 – Look 1 .................................................................................................... 53

Figura 24 – Look 2 .................................................................................................... 54

Figura 25 – Look 3 .................................................................................................... 54

Figura 26 – Look 4 .................................................................................................... 55

Figura 27 – Look 5 .................................................................................................... 55

Figura 28 – Look 6 .................................................................................................... 56

Figura 29 – Look 7 .................................................................................................... 56

Figura 30 – Look 8 .................................................................................................... 57

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Figura 31 – Look 9 .................................................................................................... 57

Figura 32 – Look 10 .................................................................................................. 58

Figura 33 – Look 11 .................................................................................................. 58

Figura 34 – Look 12 .................................................................................................. 59

Figura 35 – Look 13 .................................................................................................. 59

Figura 36 – Look 14 .................................................................................................. 60

Figura 37– Look 15 ................................................................................................... 60

Figura 38– Look 16 ................................................................................................... 61

Figura 39– Look 17 ................................................................................................... 61

Figura 40– Look 18 ................................................................................................... 62

Figura 41– Look 19 ................................................................................................... 62

Figura 42– Look 20 ................................................................................................... 63

Figura 43– Look 21 ................................................................................................... 63

Figura 44– Look 22 ................................................................................................... 64

Figura 45– Look 23 ................................................................................................... 64

Figura 46– Look 24 ................................................................................................... 65

Figura 47– Look 25 ................................................................................................... 65

Figura 48– Mapa do Desfile ...................................................................................... 66

Figura 49– Press Kit .................................................................................................. 68

Figura 50– Croqui e desenho técnico macacão look 1 .............................................. 69

Figura 51– Croqui e desenho técnico Look 1 ............................................................ 72

Figura 52– Ficha técnica processual macacão Look 1. ............................................. 73

Figura 53– Ficha técnica processual Cropped Look 1 .............................................. 75

Figura 54– Ficha técnica processual Saia Longa Look 1 .......................................... 77

Figura 55– Croqui e desenho técnico macacão look 2 .............................................. 78

Figura 56– Croqui e desenho técnico Look 2 ............................................................ 81

Figura 57– Ficha técnica processual macacão Look 2. ............................................. 83

Figura 58– Ficha técnica processual cropped Look 2. .............................................. 85

Figura 59- Ficha técnica processual saia em cascata Look 2. .................................. 86

Figura 60– Croqui e desenho técnico macacão look 3 .............................................. 87

Figura 61– Croqui e desenho técnico look 3 ............................................................. 90

Figura 62– Ficha técnica processual macacão Look 3 .............................................. 92

Figura 63– Ficha técnica processual cropped Look 3 ............................................... 94

Figura 64– Ficha técnica processual Saia Longa Look 3. ......................................... 95

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Figura 65– Foto espelho catálogo ............................................................................. 97

Figura 66– Travessia VESTIAIRE catálogo............................................................... 97

Figura 67– Cabelo e maquiagem .............................................................................. 98

Figura 68– Primeira Modelo. Fotografia: Cristiano Prim. ........................................... 99

Figura 69– Segunda Modelo. Fotografia: Cristiano Prim. ........................................ 100

Figura 70– Terceira Modelo. Fotografia: Cristiano Prim. ......................................... 101

Figura 71– Terceira Modelo retirando seu cropped. Fotografia: Cristiano Prim. ..... 102

Figura 77– Retorno das modelos a passarela. Fotografia: Adriano Debortoli. ........ 103

Figura 78– Modelos e o Designer. Fotografia: Cristiano Prim ................................. 103

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12

2 VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO QUEER ......... 17

2.1 VESTIAIRE ........................................................................................................ 17

2.2 O FLORESCER DE ELKE MARAVILHA ........................................................... 21

2.3 GÊNEROS ......................................................................................................... 22

2.4 DRAG QUEEN................................................................................................... 27

2.5 ARTE X MODA X DESIGN ................................................................................ 28

2.6 DESIGN TEXTIL ................................................................................................ 30

2.6.2 DRAPING E MODELAGEM ............................................................................. 31

2.6.3 RECORTES ..................................................................................................... 32

2.6.4 MATERIAIS ALTERNATIVOS .......................................................................... 34

2.7 MULHERES EXÓTICAS .................................................................................... 36

2.7 MERCADO DE MODA DE FIGURINOS INTERNACIONAIS ............................ 37

3. VESTIAIRE ........................................................................................................... 39

3.1 CONCEITO E TEMA ........................................................................................... 39

3.1.1 TEXTO ARGUMENTO ..................................................................................... 39

3.1.2 PAINEL CONCEITO ......................................................................................... 40

3.2 PÚBLICO ALVO .................................................................................................. 41

3.2.1 TEXTO PÚBLICO ALVO .................................................................................. 41

3.2.2 PAINEL LIFESTYLE ......................................................................................... 42

3.3 PARÂMETROS DE MODA .................................................................................. 43

3.3.1 TEXTO PARÂMETROS DE MODA .................................................................. 43

3.3.2 PAINEL PARÂMETROS DE MODA ................................................................. 44

3.3.3 PARÂMETRO DE FORMAS ............................................................................ 44

3.3.4 PAINEL PARÂMETRO DE FORMAS ............................................................... 45

3. 4 COLEÇÃO .......................................................................................................... 46

3. 4.1 CORES ............................................................................................................ 46

3. 4.2 CARTELA DE TECIDOS ................................................................................. 47

3. 4.3 CARTELA DE MATERIAIS .............................................................................. 48

3. 4.4 DES5GN TÊXTIL ............................................................................................ 49

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3. 4.5 MAPA DA COLEÇÃO ...................................................................................... 51

3. 4.6 MAPA DA COLEÇÃO ...................................................................................... 66

3. 4.7 RELEASE PADRÃO DA COLEÇÃO ............................................................... 66

3. 4.8 PRESS KIT ...................................................................................................... 67

4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ........................................................... 68

4.1 LOOK 1 ............................................................................................................... 69

4.1.2 DRAPING E MODELAGEM ........................................................................... 70

4.1.3 EXECUÇÃO DAS PEÇAS ............................................................................. 72

4.2 LOOK 2 .............................................................................................................. 77

4.2.2 DRAPING E MODELAGEM ........................................................................... 78

4.2.3 EXECUÇÃO DAS PEÇAS ............................................................................. 81

4.3 LOOK 3 ............................................................................................................... 87

4.3.2 DRAPING E MODELAGEM ........................................................................... 88

4.2.4 EXECUÇÃO DAS PEÇAS ............................................................................. 90

5. DESFILE E CATÁLOGO ................................................................................ 96

5.1 CATÁLOGO ....................................................................................................... 96

5.2 CABELO E MAQUIAGEM ................................................................................. 98

5.3 TRILHA SONORA ............................................................................................. 98

5.4 OCTA FASHION ................................................................................................ 99

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 104

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 105

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1 INTRODUÇÃO

Os espaços na modernidade do século XXI, possuem influência para a

formação de uma atemporalidade social, tendo vezes linearidade no tempo, vezes

não, ruidosamente ela escoa não apenas na moda, porém, recria objetos de design,

arquitetura, em um trânsito de subjetividades que completam-se dando significados

diferentes as obras, definindo a sua significância de acordo com o seu apreciador e

as suas bagagens. Apropriando-se de objetos, espaços atemporais, não definidos no

espaço-tempo real ao qual estamos inseridos, gerando uma inquietação para o

entendimento de forma que, essa atemporalidade e multidisciplinariedade de espaços

que vive a sociedade da atualidade possa ser questionada, e entendida.

Contextualizando obras de arte de três diferentes artistas, dois deles

surrealistas, Salvador Dali e Frida Kahlo, e um deles pós-impressionista, Van Gogh,

que serão referenciados no mundo da moda, por três estilistas diferentes, John

Galliano, Elsa Schiaparelli e Alexander Mcqueen. As ligações feitas de acordo com a

abordagem artística e respectivamente, o estilista que teria um caráter estético

semelhante ao artista proposto. O foco é a cultura do exagero, que adquire a estética

do Drag Queen, analisado por um olhar mais luxuoso e voltado à apreciação tanto do

usuário, como de seu observador. O intuito de projetar na Modernidade uma forma de

expressão artística, aliando o universo Queer às mulheres, que buscam nessa

atemporalidade e seus trânsitos vestíveis uma forma de autocrítica, ou ainda sátira a

respeito do feminino.

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Segundo a análise fílmica, O figurino como o elemento essencial da

narrativa, de Francisco Araújo da Costa, figurino pode-se ser definido como:

O vestuário faz parte do conjunto de significantes que molda os elementos tempo e espaço: a roupa é parte do sistema retórico da moda e argumenta para nos convencer que a narrativa se passa em determinado recorte de tempo, seja este um certo período da história (presente, futuro possível, passado histórico etc.), do ano (estações, meses, feriados) ou mesmo do dia (noite, manhã, entardecer). De modo semelhante, as roupas de um personagem trabalham para demonstrar que este se encontra no deserto, na cidade, no campo, na praia. O tempo pode ser definido com auxílio do figurino de modo sincrônico ou diacrônico. Quanto ao espaço, o figurino ajuda a definir (ou tornar imprecisa) a localidade geográfica onde a história se passa. O espaço muitas vezes precisa ser definido em função do tempo. (DA COSTA, Francisco Araújo.). (PUCRS1,pg 39, 2006, RS.).

De acordo com Da Costa, a peça de vestuário funciona como uma das

engrenagens que delimita o tempo, é através dela e seus elementos que se pode

determinar o recorte do tempo a qual pertence, sendo ele o período da história no

futuro ou no passado. Da mesma forma funciona o figurino, ele denota as

características de um personagem que também está inserido em um tempo e espaço,

delimitando ou não sua localização geográfica e no tempo, de forma cronológica ou

não. O figurino também por sua vez pode recriar ou originar um espaço e tempo que

ainda não existiu.

O mercado de figurino brasileiro tem grande destaque internacional no

setor do vestuário. Além de ser considerado líder na fabricação, tem altos índices de

consumo neste setor, devido ao emprego nos mesmos para o carnaval, festa

tradicional e muito conhecida em todo o mundo. Por isso todos os anos, são investidos

bilhões de reais em tecnologia, inovações e reaproveitamento de materiais, além do

uso de materiais alternativos. Conhecido internacionalmente, pela exuberância,

criatividade e forma de expressão cultural dos modelos, eleva o país a um patamar de

inspiração, não apenas em questão ao carnaval, porém também as festas típicas em

toda a sua extensão.

Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi discutir a relação direta que

1 Nota disponível em:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/view/775/8973 >.

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o figurino exerce sobre o tempo e o espaço em que está localizado, relacionando a

sua importância para definir a criação de um personagem que se enquadre no objetivo

proposto. Utilizar ainda da forma de expressão artística Queer, de artistas e estilistas,

que possam contemplar o objetivo de contestação da figura do feminino para a

sociedade.

Os objetivos esecíficos abordados são:

Refletir detalhadamente as obras e os estilos de Salvador Dali, Frida Kahlo e

Van Gogh, estabelecendo entre elas um ponto de ligação comum.

Estudar e relacionar as obras e estilos de John Galiano, Elsa Schiaparelli e

Alexander Mcqueen com os artistas plásticos.

Traçar pontos em comum entre os artistas e os designers relacionados para

obter uma “estética” que contemple a arte, a moda e o exagero.

Interligar o universo Queer, com a necessidade da criação de um personagem

para o figurino, localizando-o no tempo

Ressaltar pontos de apoio que contemplem a contestação do feminino,

utilizando da forma de expressão artística Drag Queen.

Acompanhar o mercado de trabalho, venda de artigos semelhantes, e verificar

a aceitação do produto final como algo satisfatório.

Utilizar da pesquisa e do desenvolvimento dos estudos para a criação de uma

coleção que se adeque ao conceito, público alvo feminino e segmento

desejado.

A metodologia que fora utilizada foi realizada em várias etapas.

A primeira delas foi a bibliográfica, para o embasamento teórico e

conceitual da pesquisa. Utilizando de diversos autores, livros e artigos o objeto da

pesquisa primeiramente é separar artistas e estilistas que representaram a

contestação dos padrões de sua época. Suas obras foram analisadas e pontos em

comum foram traçados para que se pudesse criar um conceito plausível de moda e

arte. Fazendo parte do mesmo procedimento de pesquisa, o movimento de expressão

artística Queer, precisou ser compreendido. Dessa forma é possível encontrar a

interação entre o conceito de arte, o movimento e seu emprego social.

Quanto a localização de material adequando a pesquisa ele fora encontrado em sua

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maioria por web sites e materiais online, devido à pouca desenvoltura do mesmo e a

sua marginalização. Complementando com a pesquisa do feminino, tanto como corpo,

o suporte na parte biológica, quanto psicológico, usando o mesmo para o

entendimento do gênero e da sexualidade no termo feminino.

Em segundo momento uma pesquisa de campo fora realizada,

acompanhando o dia-a-dia de algumas Queer’s, partindo do instante em que se pode

notar o artista, até a transformação em que o mesmo sai de cena e quem toma seu

lugar é o personagem. Também fora desenvolvido pelo autor um acompanhamento

de maior amplitude na área, acompanhando em disciplinas isoladas no curso de

Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina, a construção de um

personagem Queer. Desenvolvimento de características foram detalhadamente

estudados, dentre eles, criação de personagens, personalidade, movimento e

entendimento do corpo no espaço tempo localizado, contestação social, aplicação de

estilo e essência de personagem.

A metodologia que se utilizou, deu-se através do desenrolar de vários

processos criativos. Primeiramente o tema escolhido, foi teoricamente aprofundado

para compreender a classificação do mesmo no mercado de moda. A partir de então

adotou-se a metodologia de (NUNES, Ariella Cappellari). (UDESC, 2014), que serão

descritos a seguir:

Classificar conceito e público alvo.

Definir o lifestyle, que o público alvo possui.

Criação de painéis que definem os parâmetros de moda de outras marcas, que

representem esse público.

Processo pré-criativo, através de um mapa mental, que em consequência

possa definir em painéis de imagens o conceito, tal como textos que

exemplifiquem.

Processo Criativo, abrange as principais formas da coleção, proposta estética,

ergonômica, de materiais, definição da cartela de cores , harmonias, com

pantone e nome fantasia, criação de esboços, testes de cores, seleção dos

croquis finais, criação do desenho final, colorido, com harmonia de cores;

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desenvolvimento da cartela de design têxtil, de acordo com os materiais e cores

escolhidos anteriormente, montagem do mapa da coleção, produção de

desenho técnico.

Desenvolvimento do produto final, estabelendo nesse processo após a escolha

dos croquis finais, as metodologias de execução, modelagem o moulage, plano

de cortes e confecção, esse processo é o momento de prototipagem do produto

final.

Produção do produto final, após a prototipagem e a verificação da adequção do

produto tanto com o tema, quanto com o objetivo esperado, dá-se o momento

de criação das fichas de execução, tanto quanto as cotas utilizadas.

.

Para discutir a construção do conceito abordado, o trabalho apresentado a

seguir divide-se em cinco capítulos ou partes que tratam da conclusão do objetivo,

cada um com sua devida importância.

Vestiaire, contextualização do tema e das pesquisas de moda feitas a

respeito do conceito que fora abordado.

Book de coleção, que exemplificará de forma mais precisa a ordem de todo

o processo, desde sua criação até o momento de escolhas de croquis finais, escolha

de materiais, cartelas de cores, press-kit.”,

Desenvolvimento do Produto, nesse capítulo são abordados os métodos

de execução do projeto de forma a quem queira recriá-lo possa fazer, no mesmo são

informados todas as expectativas, erros e acertos na criação do projeto.

Desfile e Catálogo, processo pelo qual chegou-se ao resultado final, que

fora visto em passarela, e que pode ser acompanhado através da revista.

Considerações Finais, todo o resultado obtido ao longo de um ano e meio

de pesquisa, execução e trabalho, são descritos por este capítulo, no mesmo

podemos encontrar os resultados e expectativas obtidas.

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2 VESTIAIRE: A FORÇA FEMININA REFLETIDA NO UNIVERSO QUEER

O vestuário na história obteve seu auge durante a Idade Média, buscando

exaltar características socioculturais de cada tipo de civilização, o mesmo buscava

ressaltar seu estilo de vida, classe social pertencente, ou funções designadas. Dando

um salto ao presente, o figurino procura retratar essas características presas ao

tempo, porém ressaltando a atemporalidade que a moda pode reviver, à fim de

caracterizar uma época, localizar seu período ou revisitá-la.

2.1 VESTIAIRE

Vestiaire, Palavra Francesa com Tradução literal para Vestiário. Segundo

o Dicionário Brasileiro Globo, Vestiário é um substantivo masculino que tanto pode ser

usado para designar o local onde são realizadas trocas de roupas, como pode ser

uma pessoa responsável por roupas especificas de um determinado local.

Apropriando-se do termo em Frances, Vestiaire é o local onde uma

determinada Mulher entra em sua individualidade de gênero, e é “Travestida2” em uma

Super Mulher, com características “Hiperfemininas3”, transcendendo ao gênero

feminino e transformando-se em “Pessoa4”. Essa transformação em si gera à

transcendência do gênero, dando a liberdade de transitar entre eles. Essa

transitoriedade, permite a tal Pessoa percorrer e permear os gêneros Feminino,

Masculino e demais, transcendendo-lhes, ao mesmo tempo em que se apropria de

características únicas e singulares para ao seu gosto, numa miscelânea, tanto o modo

de vestir-se, quanto o de interagir, criando assim o seu estilo de vida. Tal apropriação

garante, uma ampla abrangência de signos e significados a serem.

2 Do verbo travestir. Segundo o Dicionário Online de Língua Portuguesa. v.t. Vestir com um disfarce,

especialmente vestir com roupas do sexo oposto. Transformar, tornar irreconhecível, falsificar: travestir a verdade.

3 Hiperfeminina. Características exaltadas ao extremo. 4 Pessoa. Segundo o Dicionário Online de Língua Portuguesa. s.f. Ser humano; quem pertence a

espécie humana; criatura.

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Em uma nova significância pode-se denominar Vestiaire também, como às

pessoas que possuem a responsabilidade de vestir tais mulheres, lhes fornecer os

itens e adereços que as transformam nessas Hiperfemininas, que se expõem

diretamente à sociedade, transcendendo o gênero, a forma social de pensar, e

permitindo-se realizar o que socialmente não seria possível antes, a elas e aos

apetrechos que teriam a função de cobri-las. A Função do “Vestiaire” é garantir que

uma roupa não tenha apenas uma função pragmática, porém estética, agregando a

ela e aos seus usuários um conceito a ser abordado, fundindo a roupa em um Figurino

e transformando essa fusão em um Híbrido de Arte, Moda e Design.

A função dessa coleção é garantir à essa mulher e a outras pessoas que

queiram se apropriar de tais características, uma opção por um produto de moda, que

transita em vários meios, exaltando de forma excêntrica e exagerada características

à elas empregadas, hora como forma de crítica e hora com o intuito de expressar

algum conceito ou forma de pensamento, podendo ser expresso de forma clara ou

mais superficial, que será adquirida dentro desse “Vestiaire”, que irá agregar novas

características a quem por ele resolver transitar. A transcendência do gênero feminino

para o Hiperfeminino, pode ser pode ser observada ao longo da história dos

personagens denominados “DRAG’s” e por algumas figuras midiáticas. A referência

Brasileira que será utilizada com maior ênfase é a Russa e naturalizada Brasileira,

“Elke Maravilha”.

Justifico a escolha dessa figura conhecida em todo o Brasil por ela mesma

debochar das limitações de uma classificação restrita ao feminino ou masculino.

Eu nunca fui mulher, sempre fui uma pessoa. Nunca permiti ser chamada de mulher. Desde pequena eu percebi que o homem é melhor do que nós. Quando pequena, perguntei 'pai, eu tenho que ser mulher? ' e ele falou 'não, minha filha, seja o que você quiser'. Aí eu resolvi não ser mais gênero. Tudo que a mulher faz, eu não gosto. Porque eu não quis, eu quis ser gente, essa é minha proposta, e acho que eu estou conseguindo. (MARAVILHA, Elke.). (BOL NOTÍCIAS5, 2014, SP.).

5 Notícia disponível em: < http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-

noticias/entretenimento/2014/01/23/elke-maravilha-diz-que-nunca-foi-mulher-e-nao-se-arrepende-de-ter-feito-abortos.htm#fotoNav=3 >.

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Figura 1 – Elke Maravilha em sua juventude

Fonte: Pinterest. Disponível em: < https://br.pinterest.com/pin/54746951693621732//>. Acesso em: 01 março. 2015

A figura acima mostra um photoshoot realizado por Elke em sua juventude,

não foram encontradas as fontes exatas de onde e quando o mesmo fora realizado,

porém através da mesma imagem podemos ver os momentos precursores de sua

transformação Queer.

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Figura 2 – Elke Maravilha atualmente

Fonte: Pinterest. Disponível em: < https://www.pinterest.com/pin/28077197651865311///>.

Acesso em: 01 Março. 2015

Em análise às figuras anteriores, notamos que é quase impossível

reconhecer a Elke da juventude e interligar a mulher que vemos na atualidade em

programas televisivos e, é por conta de um poder camaleônico, quer ela pode ser

classificada como o público alvo deste trabalho.

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2.2 O FLORESCER DE ELKE MARAVILHA

Elke Giorgierena Grunnupp nascida no dia 22 de fevereiro de 1945 na cidade

de Lenin Grado (atual São Petersburgo) na Rússia, aos 6 anos de idade veio com a

família para o Brasil, para a cidade de Mato Dentro em Minas Gerais.

Aos 24 anos começou sua carreira como modelo e manequim, desfilando para

Guilherme Guimarães. No começo apenas seguia as normas estipuladas, mas com o

passar o tempo passou a dar vazão a sua criatividade e deixou extravasar seu

temperamento, dando origem a caras, penteados, chapéus, adereços e afins, dando

início a Elke Maravilha.

Na Televisão, sua carreira começou no programa “Cassino do Chacrinha”, onde

logo se tornou amiga de Chacrinha e participou durante anos de seus programas. Mais

tarde foi jurada do Silvio Santos, sempre inovando e criando a cada dia uma nova

Elke. Participou de novelas como "Barão Otelo no Barato dos Bilhões" e "Memórias

de Um Gigolô". No SBT apresentou um Talk-Show com seu nome, e na Bandeirantes

fez o "Quadro Esotérico", do programa "Amaury Junior". No cinema fez filmes como

“Barão Otelo no Barato dos Bilhões”, “Quando o Carnaval Chegar”, “Elke Maravilha,

contra o Homem Atômico”, e "Xuxa Requebra" dentre outros.

Durante os anos da ditadura militar Elke foi presa, torturada e interrogada por

rasgar um cartaz com a foto de procurado de Stuart Angel, filho de sua amiga Zuzu

Angel.

Sobre o ocorrido Elke afirma:

Rasguei o cartaz, foi meu lado russo que baixou naquela hora, o russo não é politicamente correto. Fui movida pela paixão, faria de novo.MARAVILHA, Elke.).” (IstoéGENTE6,07/08/2006, SP.).

6 Notícia disponível: <http://www.terra.com.br/istoegente/363/entrevista/index.htm>. Isto é Gente.

Acessado pela última vez em 01/04/2015

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Após 8 casamentos, 3 abortos e todo o tipo de experiências com drogas licitas

e ilícitas, Elke Maravilha se considera uma pessoa tranquila. Atualmente morando no

Leme, em um apartamento dividido com seu irmão e seu ex-marido, a mesma diz não

se arrepender de nada que tenha feito.

2.3 GÊNEROS

Gênero refere-se à identidade adotada por uma pessoa a partir de seu

posicionamento psicológico, social e histórico. O sexo biológico (Homem/Mulher) tem

grande influência na designação de Gênero, mas não é fator fundamental ou de total

determinância em sua construção.

Socialmente associam-se ao Gênero Masculino características sociais

associadas ao estereótipo Masculino. Como por exemplo, o desapego emocional

relacionado ao fato de não demonstrar interesse em histórias românticas, suportar

vulgaridades, cenas violentas, controle emocional, teimosia, sustentar a família e ser

modelo de suporte e proteção aos seus, características relacionadas ao Homem.

Já o Gênero Feminino, caracteriza-se por estereótipos associados à

feminilidade. Como por exemplo, maior facilidade ao choro e ao sentimentalismo,

perturbar-se com asquerosidades, interesse em histórias românticas, submissão e

fragilidade.

A partir da caracterização de Gênero, partimos para o termo Transgênero,

que basicamente é o que enquadra todo indivíduo que difere seu gênero de seu sexo

biológico, ou do gênero atribuído ao nascimento. Tais indivíduos podem ser os Trans,

(que significa "além de", "através de") como os Transexuais e Travestis, como podem

ser indivíduos que permanecem em trânsito constante entre um gênero e outro, como

as Drag Queens e Crossdressers.

Esse trânsito entre Gêneros permite que os indivíduos se caracterizem da

melhor forma, a partir de uma determinada situação, ou necessidade. Seja por uma

crítica social, para uma apresentação artística, ou simplesmente para autossatisfação.

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Essa caracterização de um indivíduo de um sexo em outro é comumente

vista em Homens que se apropriam de peças de roupas do vestiário feminino, abusam

de maquiagens e acessórios, descobrem uma personalidade totalmente diferente e

autônoma da sua e se transformam em mulheres por um período de tempo. Uma

simples personagem, a Drag Queen. Que passaram a ter mais visibilidade após o

filme australiano do ano de 1994, Priscilla a Rainha do Deserto. Após seu lançamento

o filme garantiu com seu sucesso, a real visão do que era ser uma Drag Queen, o que

até então era tido como sinônimo de algo marginalizado.

Buscando essa quebra com os gêneros e padrões, vemos surgir as

mulheres que assumem uma posição de Transgênero, e adotam essas características

de Drag Queens. Mulheres que fazem o uso de exageros em suas roupas,

maquiagens extravagantes, acessórios e mais acessórios, comumente utilizando

perucas e os mais variados penteados, possibilitando os looks mais excêntricos

possíveis.

Mas essas mulheres que quebram com o modelo de aparência do gênero

feminino, e transcendem a sua feminilidade com o exagero são diversas vezes

comparadas à Drag Queens. Porém, acredita-se que melhor seria identifica-las como

mulheres Hiperfemininas, que se apropriam de itens femininos para transcender seu

gênero, para em aparência serem a exposição dos mais variados itens femininos

possíveis, mas com uma postura irreverente marcante, deixando uma mensagem de

que não são apenas mulheres, mas “pessoa”, e que devem ser tratadas como tal.

Essas mulheres Hiperfemininas não fazem uso de tal estereotipo apenas

para realizar uma crítica social, vivem dessa proposta. Exemplos que temos acesso

no mundo direto são a modelo e atriz Elke Maravilha, a atriz Inglesa Daphne Guinness

e a cantora norte-americana Lady Gaga, que utilizam de sua posição midiática para

se expor, com essas características de gênero bem ressaltadas.

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Perguntam-me como criei este estilo, este visual que me caracteriza.

Digo que sempre busquei compor este jeito, claro que não era assim

como agora, pois hoje a coisa é mais abrangente, com o tempo venho

me descobrindo muito mais por dentro e colocando o que descubro para

fora. Costumo dizer que sempre fui assim, só que com o tempo estou

piorando! Na realidade, sempre fui um trem meio diferente, sabe?

Ainda adolescente resolvi rasgar a roupa, desgrenhei o cabelo, exagerei

na maquiagem e sai na rua... Levei até cuspida na cara. Mas foi bom

porque entendi aquela situação como se estivessem colocando-me em

teste. Talvez, se meu estilo não fosse verdadeiramente minha realidade

interior, eu teria voltado atrás. Mas sabia que nunca iria recuar. Eu

nunca quis agredir ninguém! O que eu quero é brincar, me mostrar, me

comunicar" (MARAVILHA, Elke.). (BOL NOTÍCIAS7, Sem Data, SP.).

Obviamente que essas diferenças claras nos seus modos de se vestir

causam divergências em muitos âmbitos, mas são essas diferenças que devem ser

notadas, permitindo poder ir até onde a expressão ultrapassa o gênero para além do

feminino. Permitindo que as vestes, maquiagens, adornos, perucas e adereços

exagerados e extravagantes deixem transparecer o que se sonha, com a valorização

da “pessoa” mulher. Podendo fazer das vestes seu ponto de partida, para se chegar

ao momento em que as roupas por si só também possam transcender seus gêneros,

e serem a performance em si, sem a necessidade da performance ato cênico. Dessa

forma se propõe a coleção “Vestiare”.

7 Notícia disponível: <http://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2012/05/16/relembre-momentos-da-

carreira-de-elke-maravilha.htm?fotoNav=1#fotoNav=45>. Retirado da Legenda da Imagem.

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Figura 3 – Daphne Guinness

Fonte: Daphne Guinness as David Bowie by Bryan Adams for Vogue Germany Jan 2012. Disponível em: < https://br.pinterest.com/pin/400398223096801542 >.

Acesso em: 01 Março. 2015.

Claramente caracterizada como David Bowie, Dafne Guiness demonstra a

transitoriedade de características do estereótipo típico masculino para o feminino, tais

qual, o cabelo curto, a postura posicionada para a foto e o uso de maquilagem pesada.

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Figura 4 – Lady Gaga

Fonte: Fashion Shoot para o Álbum ARTPOP, por Inez Van Lamswerde e Vinoodh Matadin. Disponível em:< https://www.pinterest.com/pin/429319776954498702/>.

Acesso em: 01 Março. 2015.

A cantora norte-americana que com frequência utiliza publicamente visuais

andróginos, demonstra seu apreço por um estilo mais despojado e livre de

julgamentos ou definições.

É difícil ser a primeira, a ousar, a usar esse visual. Atualmente não

assusto mais, mas tem gente que acha que sou travesti. (MARAVILHA,

Elke.). ” (IstoéGENTE8,07/08/2006, SP.).

8 Notícia disponível: <http://www.terra.com.br/istoegente/363/entrevista/index.htm>. Isto é Gente.

Acessado pela última vez em 01/04/2015.

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2.4 DRAG QUEEN

Drag Queen é o homem que se veste de mulher.

Existem duas teorias para o termo Drag Queen, uma delas provem do Teatro

Elisabetano que seria "drag" seria uma sigla para "dressed as girl" (vestido como

menina). E a outra, proveria da década de 70 que seria a forma reduzida de "rainha

dos dragões", em inglês, fazendo alusão a feiura que eram os homens caracterizados

de mulheres na época.

Característico das Drag Queen’s são os excessos de maquiagens, visto

também nas roupas, nos modos na maneira de se expressar cômica. Nem sempre

são pessoas homossexuais que aderem a personagem, apesar de a maior parte

serem gays. Dentre as possibilidades, as Drag Queens estão sempre envoltas com

arte, moda e palcos. Seja animando algum tipo de evento, festa, casamentos ou em

casas noturnas LGBT.

Atualmente as Drag Queens estão cada vez mais na mídia e nas graças do

povo graças ao Reality Show RuPaul’s Drag Race, que propõem a até 14 Drag’s se

enfrentarem em diferentes provas para ganhar um prêmio de 100 mil dólares, a

possibilidade de fama. O programa é uma febre, principalmente entre mulheres do

mundo todo, que passa atualmente no canal Multishow.

Aqui no Brasil, temos dois Reality Show para Drag Queens, o “Glitter” exibido

pela TV Diário de Fortaleza, e o “Academia de Drags” para o YouTube, apresentado

por Silvetty Montilla,a primeira Drag Queen a ter fama reconhecida no pais.

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2.5 ARTE X MODA X DESIGN

Articulando moda como obras de arte, que foram eternizadas no tempo e

na Memória de seus apreciadores, trazendo-as para a Modernidade, que voraz por

informação, busca a qualquer custo se expressar e conquistar seu apreciador, não

apenas como forma de consumo, mas também como uma forma de experiência.

Assim além das musas Drag Queens, a pesquisa buscou inspiração na Arte

Surrealista e Pós-Impressionista, que faz ligação direta com essa Modernidade que

se mostra inatingível, um frenesi de informações não absorvidas, e de expressões

vagas buscando identificar o porquê a sociedade tem se construído a partir da noção

de que os produtos consumidos em outros não são verdadeiramente reais, mas que

agregados ao eu, se mostram em formas exageradas. O âmbito do Mundo Fashion a

escolha se baseou em Estilistas, que conseguem com sua Arte, não apenas chocar,

mas sim transportar seus observadores para um universo de vivência, em que seu

simples traje torna-se um veículo de experimentações sensoriais, físicas e mentais,

que podem ser retratadas dentro desses Trânsitos Vestíveis, que hora se encontram

localizadas em um espaço, mas em tempos e dimensões diferentes. E em relação aos

Designer’s a pesquisa buscou unir Moda e Arte em um único objeto afim de mostrar

além de sua usabilidade normal, outras formas de interagir em outros campos,

tornando possível essa adaptação dos trânsitos vestíveis e sua representação.

Abaixo podemos verificar as semelhanças e diferenças entre Designer’s e

Artistas escolhidos, o que pode caracterizar semelhanças que agregam a esse

trabalho tanto em função estética quanto pragmática, em ambos podemos destacar

uma característica única que é observada na forma de “Exageros”, expresso na

peculiaridade de cada um.

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Quadro 1 – Características Designer’s e Artistas.

Fonte: produção do próprio autor, baseada na ABNT/NBR 14724

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2.6 DESIGN TEXTIL

Apropriando-se do próprio conceito e permeando o subtema da coleção

“VESTIAIRE” uma longa pesquisa e planejamento foram traçados, já que para a

coleção, o design têxtil é elemento de destaque, e é o elo entre as diversas áreas que

ela permeia. O Draping é a fonte de inspiração da coleção, afinal, o desenvolvimento

do processo de criação dessa Superfeminina, incluem o exagero e formas de

expressão que vão além dos limites físicos do corpo, afinal, essas Super Mulheres

buscam expressar também seus ideais e conceitos. Para SANTOS (2012, p. 66) “A

transformação de gênero encontra lugar no campo discursivo a partir do momento em

que o corpo passa a servir de suporte para a transgressão de fronteiras sociais do que

se entende de masculino e feminino. ”

Parte da identidade dessa Superfeminina utiliza dessa trasitorialidade de

gêneros, sendo assim, uma modelagem e draping que ultrapassam os limites do corpo

permitem a mesma hibridar-se entre os gêneros e perder as suas características, que

podem ou não ser demarcadas. Dessa forma o Design Têxtil mostrou sua importância

primária para a evolução da coleção e para a pesquisa desse trabalho, para que o

mesmo possa romper o comum e oferecer peças inovadoras.

Porém algumas outras possibilidades são estudadas para o aprimoramento

dessa coleção: Bordado, Recortes, Materiais Diferenciados e Estamparia, irão

corroborar e arquitetar os alicerces dessa coleção. A partir da formação do conceito e

também das pesquisas de materiais, pode-se ter uma visão mais ampla a respeito do

que seria importante ser aprofundado, tanto em pesquisa e parâmetros de Moda,

quanto usabilidade e viabilidade das peças.

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2.6.2 DRAPING E MODELAGEM

Apropriando-se desse corpo que busca romper com as barreiras

ergonômicas, físicas, de espaço e tempo o “Draping 9” se mostrou como a técnica mais

adequada para romper essas características físicas muito enfatizadas por esses

corpos biologicamente demarcados. Vindo do Inglês, Draping, que em sua tradução

para o Português significa Drapear, e adaptado para o termo Moulage, refere-se a

uma técnica que utiliza o próprio corpo como o “Molde”, para a interação e

interpretação das técnicas utilizadas para a criação de determinado produto de Moda,

que pode interagir em amplos nichos de mercado, ou subáreas têxteis. Essa função a

primeiro momento compõe a quebra desse corpo, que biologicamente marcado, o

classifica em seu próprio gênero.

A coleção VESTIAIRE, inspirou-se em amplas características do mercado

de Moda, isto devido a aplicação da Hibridização, que é a proposta da mesma, sendo

assim não poderia ser diferente a forma em que ela se ajusta ao corpo.

Corroborando parte do mapa de inspirações, apropriou-se da

Personalidade única de cada artista miscigenada com as características e o estilo de

alguns designer’s de Moda, que marcaram o mundo com as suas criações.

VESTIAIRE assimila-se a uma caixa de surpresas, que permite ao usuário e ao

observador interagir de formas diferentes e simultâneas em cima dos signos e

significados que a coleção possui, variando suas formas dramáticas com Vestidos

Imponentes como os do criador, Mcqueen, indo ao Mundo Dramático de Galliano e

perdendo sua funcionalidade habituais com o Dom de encontrar novas características

de Schiaparelli.

9 Tanto em Francês, quanto em Inglês esta técnica tem o mesmo significado, que é construir a modelagem

diretamente sobre o corpo do manequim (com a medida direta do usuário), sendo a mesma feita em 3

dimensões, enquanto a Modelagem apenas em 2. Disponível em:

< http://www.rvbmalhas.com.br/blog/moulage-ou-draping//>. Acesso em: 01 Março.

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Figura 5 – Imagem ilustrativa da técnica Draping ou Moulage.

Fonte: Fonte: ribcage, creative pattern making.Disponível em:

< https://www.pinterest.com/pin/570690584006525612/>.

Acesso em: 01 Março.

2.6.3 RECORTES

Apropriando-se do próprio corpo em que a coleção e a pesquisa se pautam,

o intuito dos recortes é aumentar o mistério do espectador ou observador, para com a

Pessoa que como usuário, irá buscar expressar seus conceitos ou ideais. Facilitando

também uma melhor ergonomia e interação do corpo para com o ambiente, já que

essa pesquisa retrata uma hibridação do figurino para o Mercado de Moda.

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Enfatizar as características Artísticas, e esse corpo que se apresenta em

constante movimento, a função pragmática desses recortes é funcionar como um

facilitador para a realização de atividades usuais, permitindo uma satisfação do

usuário para além do meio estético, abrangendo também o meio funcional. A função

estética dessas fendas ainda aprimoram os conceitos surrealistas, construindo um

corpo que denota recortes, e o descaracterizasse do usual.

Figura 6 – Versace Dress A/W 15.

Fonte: Jaime bochert wearing versace in volt magazine. Disponível em: < https://www.pinterest.com/pin/147352219033967915/ >.

Acesso 01 Março 2015.

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2.6.4 MATERIAIS ALTERNATIVOS

A Coleção VESTIAIRE, tem seu resultado final como um ‘híbrido’,

interagindo com corpo, gênero e nicho de mercado, o que caracteriza que a mesma é

montada em camadas. Sua composição corrobora a miscelânea de várias técnicas e

materiais, isso dá-se pelo fato de que o conceito da mesma mostra um corpo em

constante transformação e evolução, assim, os materiais alternativos demonstram

parte dessa evolução. Os mesmos utilizados de duas formas, em camadas a que foi

inicialmente coberta são as luzes de led, que em pequenas gotas e bastões serão

bordados na roupa, junto com o uso e aplicação dos Bordados, unindo duas técnicas,

a primeira o Bordado, uma técnica muito utilizada no mercado de Moda, e a outra com

a utilização desses materiais alternativos, fundindo duas técnicas em uma só.

Figura 7 – Leds e Bordados Hibridizados.

Fonte: Ying Gao. Disponível em: < https://www.pinterest.com/pin/458874649506931030/>. Acesso 01 Março 2015.

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Em um segundo momento temos o uso do plástico que sobrepõe estampas,

que são adaptações de Grandes Obras de Arte que marcaram a História pelo seu

exagero e exuberância, afim de mostrar que o corpo assim como uma tela é a forma

de expressão que tem em si a sua maior desenvoltura e adaptação, permitindo ao

Artista que a compõe uma infinidade de adaptações e variações, podendo interagir de

forma diversa nos ambientes que a mesma permeia.

Figura 8 – Uso e aplicação de Materiais Alternativos como Plástico

Fonte: Making of a Karl Lagerfeld tutu for Swan Lake.

Disponível em: < https://www.pinterest.com/pin/52143308161242462/>. Acesso 01 marços 2015.

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2.7 MULHERES EXÓTICAS

Mulheres, de todas as idades, que possuem uma aptidão natural pela

Liderança, sendo sempre o maior destaque, independente da área que atuam. São

originais e não tem medo de julgamentos, suas características próprias denotam suas

peculiaridades, que além de serem superexageradas, são cobiçadas por aqueles que

as rodeiam, não será difícil encontrar uma usuária dessa coleção em um Red Carpet

ou em um evento de premiação por Grandes feitos. São de natureza indomável e

enjoam com facilidade de coisas rotineiras, são comunicativas e não possuem

dificuldade em conseguir expressar-se ou em conseguir aquilo que querem.

Entre seus hobbies encontram-se ler, apreciar uma galeria de arte,

momentos de relaxamento em contato com a natureza, ou até mesmo

experimentando coisas novas, são totalmente abertas a novas possibilidades, e não

se arrependem do que fazem, apenas daquilo que não fizeram. Dinâmicas e donas

de uma extrema irreverência, divertidas, apresentam uma aura de Poder e ao mesmo

tempo de tranquilidade, são aquelas que vivem rodeadas de muitos amigos e pessoas

que as querem por perto, claro, possuidoras de um carisma e conhecimento que beira

a sapiência.

Vivem em um meio termo, será fácil vê-las dedicando-se a algo artístico e

ao mesmo tempo permanecem conectadas em webesfera, curiosas e dedicadas,

gostam de compartilhar com as pessoas seus momentos nas redes sociais. Tem

personalidade marcante, são altamente ligadas a tudo aquilo que as cerca não

deixando que nada passe desapercebido, donas de uma conta bancária alta e donas

de uma imaginação tamanha, vivem em um mundo de possibilidades, gostam de

utilizar de tal vantagem para sempre aprimorar aquilo que fazem de melhor, viver

novas experiências.

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2.7 MERCADO DE MODA DE FIGURINOS INTERNACIONAIS

A construção tanto do Desfile de Moda OCTA Fashion realizado pelos

alunos do 8° Semestre do Curso de Design de Moda da Fundação Universidade do

Estado de Santa Catarina, quanto do Trabalho de Conclusão de Curso, parte de uma

visão Geral de Tendências, na qual os Professores e Pesquisadores da Universidade,

as abrangem em um Tema Geral, que de acordo com a concepção de cada aluno,

origina um novo Conceito, desenvolvido individual. Para o ano de 2015, o tema geral

foi “Trânsitos Vestíveis”.

O Mundo “DRAG” ganhou cada vez mais espaço a partir da década de 80,

caminhou a passos lentos até meados do novo século, porém um Universo rodeado

de possibilidades, repleto de signos e significados, permeou sua extinção e vem

dando novos passos para uma ressurreição das cinzas, que foi semeada não apenas

por ícones brasileiros tal como Elke, mais também por grandes nomes internacionais

como RuPaul, que mostrou ao Mundo que ser uma DRAG não é uma brincadeira,

mais uma forma de Arte, que muitas vezes custa caro, não apenas de forma monetária

mais também de forma psicológica e física, o mundo GLAM foi feito para poucos, e

são essas pessoas que buscam passar uma mensagem de felicidade em meio a um

mundo tão conturbado e repleto por coisas que ao invés de buscar ajudar, tenta

apenas te destruir.

Ser DRAG é vencer diariamente, um preconceito que é vivenciado e

imposto, por pessoas que vivem um estilo dito ‘normal’ com os amigos e família. Esse

cotidiano permite aqueles que dele alimentam-se passar a cada dia uma nova

mensagem, criar a todo momento uma infinita possibilidade de dialogar além de

palavras, gestos e ações, ser a Arte e viver toda essa contemporaneidade da mesma,

e de acordo com o tema proposto e estudado esses ‘Trânsitos Vestíveis’ parecem ter

encontrado nas Drags uma nova forma de expressar-se.

Marcas como a Marco’s Marco e The Blonds, trouxeram ao mercado de

Tendências de Moda, algo que sai um pouco do usual, além das cores contrastantes,

shapes, recortes e volumes, fazem com que a Arte do Exagero, transforme o que era

para muitos tido como cafona, uma forma artística de representar pessoas e um estilo

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de vida um pouco marginalizado e que vem ganhando cada vez mais público com a

evolução constante da Moda, não apenas em plataformas técnicas, porém também

criativas. Abaixo, observamos a pesquisa de tendências elaborada ao longo de um

ano, para a criação e inspiração de uma coleção autoral, que representa os anseios,

características e apostas de cada aluno como um jovem criador.

Figura 09 – Apanhado de Look’s Marco’s Marco e The Blonds

Fonte: Produção do autor.

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3. VESTIAIRE

3.1 CONCEITO E TEMA

A construção tanto do Desfile de Moda OCTA Fashion realizado pelos

alunos do 8° Semestre do Curso de Design de Moda da Fundação Universidade do

Estado de Santa Catarina, quanto do Trabalho de Conclusão de Curso, parte de uma

visão Geral de Tendências, na qual os Professores e Pesquisadores da Universidade,

as abrangem em um Tema Geral, que de acordo com a concepção de cada aluno,

origina um novo Conceito, desenvolvido individual. Para o ano de 2015, o tema geral

foi “Trânsitos Vestíveis”.

Através da concepção do tema geral, chegou-se ao conceito de

Metamorfose, que se desenvolveu em estudo de concepções e vivências na

construção de um Alter-ego ou na forma de expressão da Arte mais conhecido como

Drag Queen. Um tipo de manifestação artística onde o artista cria e monta, com

roupas, acessórios e adereços, um discurso em seu próprio corpo, com a finalidade

de contestar algo, seja ela de intuito cultural, social ou político. A partir das relações

criadas fora criado um diário de anotações Sketchbook que auxiliaria na pesquisa,

foram desenvolvidos também o painel conceito e o texto argumento da coleção,

batizada VESTIAIRE.

3.1.1 TEXTO ARGUMENTO

Presas ao tempo, as Drags Queens que nele viajam, possuem a

responsabilidade pela concepção da Arte que se transforma em Moda, elas que

combinam tudo aquilo que outrora pode ser classificado como aceitável, contestando

na Moda, como forma exótica da Expressão do Feminino, a sua empregabilidade

dentro dos Padrões Sociais. Vestiaire apresenta em sua essência a Metamorfose,

indo além de Gêneros e seus padrões. Apropriando-se do Surrealismo e Pós-

Impressionismo como veículo, transformando a Moda e elevando a Arte em um rito

excêntrico de exageros. Exuberância, glamour sem julgamentos, onde o reflexo pode

mostrar a sua real armadura, mergulhando em um Universo de Dualidades e

Contestações.

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3.1.2 PAINEL CONCEITO

Figura 10 – Painel conceito da coleção VESTIAIRE.

Fonte: Produção do Autor (2014).

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3.2 PÚBLICO ALVO

Para que a coleção pudesse ser alcançada, foi necessário a identificação

do público alvo ao qual a coleção se destina. Devido a isto, pesquisou-se qual seria o

consumidor que pudesse se encaixar no conceito e destinar a coleção que seria

desenvolvida, criando-se o painel de lifestyle e texto.

3.2.1 TEXTO PÚBLICO ALVO

Destinada a uma Mulher à frente do seu tempo, que não liga para

julgamentos. Entrar no Universo Vestiaire, é perder-se em uma infinidade de signos e

significâncias, assim o público-alvo dessa coleção garante para si mesma o Triunfo

de considerar-se acima de qualquer gênero. Destemida e corajosa, sempre fala o que

pensa e o que quer, para ela são válidas apenas as críticas construtivas e que para

ela agregam conhecimento, contestadoras por natureza, parecem sempre estar

insatisfeitas com as respostas que lhes dão.

São de uma excentricidade indomável, consideradas grandes fashion icons

e figuras públicas, são responsáveis pela construção do papel social, tanto

relacionado a gênero, como a feminilidade e força, independência e sucesso, seja ele,

pessoal quanto profissional. Aquela que se permite entrar no universo VESTIAIRE,

não se prende a gêneros, experiência a liberdade, a contestação, a indagação,

vestindo não apenas uma peça conceito, mas agregando a si, o dom crítico de saber

qual é a sua função dentro do meio social em que vive, então aproveitam-se desse

feeling no momento do consumo.

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3.2.2 PAINEL LIFESTYLE

Figura 11 – Painel Lifestyle

Fonte: produção do autor (2014).

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3.3 PARÂMETROS DE MODA

Ao desenvolver da coleção, se afinou o senso crítico a respeito do mercado

e buscou-se informações sobre parâmetros de moda, para um melhor esclarecimento

na hora da criação e as formas que iriam compor a coleção, a pesquisa deu-se, claro

em cima de Marcas que já trabalham com um público mais excêntrico.

3.3.1 TEXTO PARÂMETROS DE MODA

Segundo as previsões da WGSN, Divination, é a macrotendência 2016 que

mais se assemelha a VESTIAIRE. Dando significado a necessidade Humana de

querer controlar tudo, inclusive suas características biológicas, o futuro parece então

um lugar caótico aonde tudo parece ‘sintético’ demais. Sendo assim a coleção inspira-

se em na evolução e no tempo, não apenas relacionado a ordem cronológica, porém

em sua existência no espaço. Nas passarelas em todo o mundo podemos ver um

grande uso de estampas e cores, que se intercalam em tons vivos, metálicos e

robóticos, sustentando uma figura futurística, que ganha ainda mais silhueta em

modelagens que refazer o formato do corpo ou ainda o esculpem em tamanho e

dimensão. Algumas referências do uso da arte e da moda, são Moschino, The Blonds.

Ainda há a presença de recortes e características assimétricas tais observadas em

coleções das marcas Versace e Thierry Mugler.

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3.3.2 PAINEL PARÂMETROS DE MODA

Figura 12 – Painel Parâmetros

Fonte: produção do autor (2014).

3.3.3 PARÂMETRO DE FORMAS

Silhuetas em um corpo furta-cor e futurístico, de aparência robótica, dando

a elas uma perspectiva andrógina, corpos afinados com recortes super cavados,

ombros robóticos que se estendem para os céus, como reverência e proteção as

Hiperfemininas usam um escudo que protege o seu rosto. Saias que se desprendem

e hora tocam o chão ou os céus formando camadas que se colam umas às outras.

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3.3.4 PAINEL PARÂMETRO DE FORMAS

Figura 13 – Painel Parâmetros Formas

Fonte: produção do autor (2014).

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3. 4 COLEÇÃO

3. 4.1 CORES

Banhadas em furta-cor, Vestiaire deixa aberta uma grande miscelânea de

cores. Nada melhor do partir de uma cor limpa, o branco que é a junção de todas as

cores para representar o ponto de partida, quebrando galáxias escorregamos o arco-

íris indo em busca onde tudo começou, em cores primárias que reluzem e se

apropriam de tons metalic neon. Presas ao tempo as Drags Hiperfemininas dão seu

toque andrógino em uma pele dourada, suja em poeira cósmica. Essa luz pura que

refletida em um prisma nos dá o desenvolvimento das cores que essa coleção, lilás,

roxo, azul índigo, cobre, dourado, prateado caminhando para a ausência de todas elas

a escuridão. As cores representam a travessia dos momentos artísticos na história,

recriando nessa busca uma forma de aliar moda e arte, uma nova forma de

representar a evolução tecnológica.

Figura 14 – Painel Cartela de Cores

Fonte: produção do autor (2014).

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3. 4.2 CARTELA DE TECIDOS

Tecidos encorpados e pesados tomam novas formas para retratar

VESTIAIRE, são em parte fluídos, porém demonstram essa força em composição

encorpada. Cores tecnológicos e muito brilho e glitter retratam essa heroína, que se

liberta do seu corpo físico e satiriza com as limitações femininas a ela impostas.

Formas que se ajustam ao corpo em um tecido pesado, aludem a uma armadura, e

escudos que cobrem os rostos protegendo um delicado rosto e longos tecidos que

parecem flutuar na passarela.

Figura 15– Painel Cartela de Materiais

Fonte: produção do autor (2014).

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3. 4.3 CARTELA DE MATERIAIS

Para que o conceito de Performance que Vestiaire expressa possa ter

maior interação possível com as peças da coleção, os aviamentos utilizados terão

importância para uma melhor ergonomia da peça com o corpo e com o espaço que

ela transita. Velcros, botões e zíper terão a função de agilidade e segurança para a

coleção, além do caráter estético que os mesmos carregam.

Figura 16 – Painel Cartela de Aviamentos

Fonte: produção do autor (2014).

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3. 4.4 DES5GN TÊXTIL

A coleção representa a força do feminino, o design têxtil que deu vida a

essência de delicadeza e bravura, em forma de sátira. Inspirada em Drag Queens

mulheres e armaduras, tecidos pesados tiveram que ser revistos, descontruídos, e

reorganizados afim de representar essa mescla de força e suavidade. As formas e os

Designs têxteis lembram os movimentos artísticos e os Designer que inspiraram a

coleção.

Design Têxtil Número 1 – Cortado em forma de Coluna em tecidos

purpurizados, ele representa a transitoriedade do tempo e das Drags em sua viagem

artística pelo tempo, fazem uma alusão direta ao surrealismo, esse design têxtil junto

com os escudos tem a função de lembrar a força.

Figura 17 – Design Têxtil

Fonte: produção do autor (2015).

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Design Têxtil Número 2 – Cortado em pequenos retângulos que foram

arredondadas e sobrepostas, tem significância para a coleção referenciando as

Pinceladas das Telas Pós-impressionistas, sendo essas escamas feitas em tecido

furtador, dando visibilidade na composição tanto da peça quanto da coleção.

Figura 18 – Design Têxtil 2

Fonte: produção do autor (2015).

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3. 4.5 MAPA DA COLEÇÃO

Logo abaixo podemos visualizar a parte criativa e execução dividida em

duas partes:

A) Mapa da coleção

Figura 19 – Mapa da coleção VESTIAIRE

Fonte: produção do autor (2015).

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B) Croqui e desenho técnico

Figura 20 – Macacão Amarelo

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 21 – Macacão Azul

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 22 – Macacão Rosa

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 23 – Look 1

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 24 – Look 2

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 25 – Look 3

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 26 – Look 4

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 27 – Look 5

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 28 – Look 6

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 29 – Look 7

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 30 – Look 8

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 31 – Look 9

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 32 – Look 10

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 33 – Look 11

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 34 – Look 12

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 35 – Look 13

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 36 – Look 14

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 37– Look 15

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 38– Look 16

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 39– Look 17

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 40– Look 18

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 41– Look 19

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 42– Look 20

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 43– Look 21

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 44– Look 22

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 45– Look 23

Fonte: produção do autor (2015).

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Figura 46– Look 24

Fonte: produção do autor (2015).

Figura 47– Look 25

Fonte: produção do autor (2015).

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3. 4.6 MAPA DA COLEÇÃO

Figura 48– Mapa do Desfile

Fonte: produção do autor (2015).

3. 4.7 RELEASE PADRÃO DA COLEÇÃO

A coleção VESTIAIRE, que fora desenvolvida pelo jovem designer de

moda, para o trabalho de conclusão de curso para o oitavo período de moda, que fora

desfilada no OCTA FASHION – Observatório de Cultura e Tendências Antecipadas-

Universidade do Estado de Santa Catarina, se atém a mostrar para o espectador um

mundo regido pela excentricidade, expresso pela arte.

Vista através da miscelânea de detalhes que a coleção abrange, ela

identifica características próprias encontradas em pessoas que buscam a exoticidade,

ela atravessa contextos sociais e padrões nos mostrando que o estranho na Moda

representa uma forma diferenciada de arte para o contexto de modernidade.

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A inspiração da coleção partiu do entrelace entre artistas e estilistas, indo

um pouco mais a fundo no mundo do bizarro e da conceituação de arte e moda,

submergindo em um Mundo aonde o vestir-se se transforma em um ritual sagrado,

mesclando conceitos, formas geométricas e orgânica afim de mostrar uma coleção

atemporal.

O Jovem Designer busca em sua formação aprofundar-se no ramo

criativo, colaborando com Obras que possam ser classificadas como arte, no nicho

Haute Couture Avantgarde Difference (roupas vanguardistas diferenciadas), que

busca na tecnologia, formas e moda, retratar o futuro.

Ir além de gêneros e seus padrões, transformando a moda e elevando a

arte em um rito excêntrico de exageros. Exuberância, glamour sem julgamentos, onde

o reflexo pode revelar a sua real armadura. Viajando no reverso do tempo e

mergulhando em um universo de dualidades, permitem para aquelas que arriscam

entrar em VESTIAIRE, superar os padrões para se tornar uma Drag Queen.

3. 4.8 PRESS KIT

Mantendo a essência de Vestiaire, o Press Kit da coleção traz consigo

uma brincadeira. Além da funcionalidade o surrealismo faz-se presente em toda a sua

essência e um jogo de cabides que foi confeccionado para na lembrança do

espectador ele possa além de uma leve lembrança dessa Viagem no tempo, possa

entender que atrás de toda ideia existe um conceito. Arte e Moda, tornam-se a

funcionalidade que irá fazer você embarcar nessa viagem.

Figura abaixo:

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Figura 49– Press Kit

Fonte: produção do autor (2015).

4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

Explica o processo detalhadamente da produção dos três looks

desenvolvidos para o OCTA Fashion, no dia 13 de novembro de 2015. Durante o

processo houveram mudanças e falhas, replanejamento e acertos que resultaram o

produto final. Os relatos seguem uma sequência no planejamento das peças,

passando por trabalhos manuais, modelagem, teste de modelagem e confecção do

protótipo desfilado.

Além de informações e o passo a passo que será descrito, a ficha técnica

apresentada é um documento precioso para que haja um bom entendimento e

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esclarecimento em relação a produção das peças, e possa ser refeita por qualquer

outra pessoa além do criador/designer. O desenho técnico apresenta o máximo

possível de informações e especificações possíveis, para caso haja o interesse de

recriar um novo protótipo ele possa ser feito sem nenhum problema.

4.1 LOOK 1

O primeiro Look, assim como os demais foi feito com o intuito de ser

utilizado em alguma performance, devido a esse motivo, todos os looks foram

idealizados para serem construídos a partir de uma mesma base, a Base Comercial

1+1, já os macacões seguiram de um molde básico de macacão feito no programa

Audaces. Ao longo do caminho alguns moldes e protótipos sofreram mudanças e

interferências, inclusive no processo de moulage.

Primeiramente esse Look é composto por um macacão, uma saia godê

longa e um cropped escudo, totalizando 3 peças. Na concepção e criação dos

mesmos, o Macacão foi o primeiro na ordem, já que o mesmo fica logo abaixo do

vestido-armadura e faria parte do show exposto em passarela.

Figura 50– Croqui e desenho técnico macacão look 1

Fonte: produção do autor (2015).

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4.1.2 DRAPING E MODELAGEM

No primeiro Look a única parte que fora feito nesse processo, foi a

concepção da toca dos macacões que cobre toda a cabeça, deixando de fora apenas

o rosto. Um busto com cabeça foi devidamente preparado com fita crepe para esta

etapa, delimitando o meio da nuca e o meio do queixo, as fitas foram coladas no

mesmo, primeiro na direção horizontal, vertical, diagonal e novamente na horizontal.

O molde foi devidamente retirado com calma do busto e após a retirada fora utilizada

uma técnica de planificação de Moulage ministrada por Jum Nakao primeiramente ao

professor Lucas, que por sua vez repassou esse ensinamento. Desse processo

resultaram seis Moldes que dão estrutura a essa toca.

A concepção do primeiro Look nessa técnica abrangeu as seguintes peças,

macacão, cropped e saia longa godê.

Macacão, foi desenvolvido pelo método de modelagem no programa

Audaces, no qual, uma base cava mínima foi devidamente encaixada em uma base

de calça, variando os encaixes e vendo a melhor viabilidade recortes em forma de

maiô nele foram inseridos, e cavas, degolo e decote foram ajustados. O corpo do maiô

seria feito em um tecido de elastano metalizado, assim como a toca, e os demais,

mangas e pernas por um tule de malha.

Cropped, foi desenvolvido na Base Comercial 1+1, na qual a partir da

cintura um novo molde ganha vida, as pences são prolongadas até os ombros tanto

frente como costas. Nos ombros e na lateral da frente foram inseridos mais 6

centímetros para o uso dos velcros e acabamentos, o processo replica-se na parte

traseira acrescentando 9 centímetros.

Saia longa godê, também desenvolvida na Base comercial 1+1, seguindo

um novo molde na parte inferior a partir da cintura, acima da linha da mesma foram

acrescentados 20 centímetros, originando uma nova cintura logo abaixo do seio, ou

ponto O. Modifica-se então a parte das costas para acentuar melhor na parte das

costas com o traseiro, pences são alongadas até a nova cintura para ficarem melhor

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71

ajustados ao corpo. Ajusta-se a lateral, criando uma modelagem semelhante a uma

saia lápis, e uma fenda na lateral direita com cerca de 30 centímetros é criada.

Godê, criado direto no tecido, com cerca de 2,80 cm de comprimento

dobrado ao meio, originando uma nova medida de 1,40x 1,40 cm. Um raio de 60 cm

é traçado, tendo então a medida para ser aplicada na saia. Logo após essa medida,

80 cm são traçados formando o comprimento do godê. Cada prega do godê foi feita

com cerca de 8cm de espaçamento entre uma e outra.

Tiras, acabamentos e escamas; as tiras diagonais e verticais são riscadas

e cortadas no fio com uma largura aprox. de 6cm, cerca de 6 tiras com a largura de

1,40cm já bastam, e mais duas na mesma medida cortadas no mesmo tecido do

godê, para aplicação na cintura e na barra do godê. As escamas foram primeiramente

feitas em pequenos retângulos de 6cm de comprimento com 3cm de largura, com as

extremidades arredondadas.

Escudos e coluna; os escudos feitos de acordo com o molde da frente, um

grande triângulo fora traçado em papel pardo, vincando em quatro partes semelhantes

com medidas próximas a 17 cm de largura e 35 cm de comprimento, formando um

molde semelhante a um leque. O mesmo procedimento fora feito para o segundo

escudo, porém apenas com 3 dobras, com a largura de 17 cm e 45 cm de

comprimento. A coluna feita no molde das costas, reduzindo cerca de 10 cm na parte

superior da mesma para adequar-se corretamente ao corpo, logo em seguida essa

nova medida cerca de 49 cm fora dividida a seguinte forma igual em 11 partes iguais,

10 pedaços formariam a coluna, e um pedaço estaria reservado ao acabamento da

peça. Acresceu-se então 1 cm nas laterais até o topo da pense, e após esse recorte

3 cm, e para complementar, no entremeio dessas 11 peças recortadas foi inserido 8

cm para a concepção do vão da coluna e acabamentos.

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Figura 51– Croqui e desenho técnico Look 1

Fonte: produção do autor (2015).

4.1.3 EXECUÇÃO DAS PEÇAS

Processo macacão:

1. Enfestar tecido da toca, para cortar tanto ela quanto o Forro.

2. Estender os Moldes Na Mala e no Tule de Malha e cortá-los.

3. Unir Frente nas Costas do Macacão.

4. Fechar ombros do Macacão.

5. Pregar Mangas e Pernas fechando-os em Seguida.

6. Fechar cerca de 30 cm no centro das costas.

7. Alfinetar o Zíper.

8. Pregar pescoço ao Queixo e uni-lo no Maxilar.

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9. Pregar Topo Cabeça a Testa.

10. Pegar os mesmos moldes da Toca ao Maxilar e em seguida ao centro das

Costas da Toca.

11. Repetir o processo com o forro da toca.

12. Unir com a Toca e o forro, frente a Frente, pespontando em seguida.

13. Fechar cerca de 10 cm no topo da cabeça.

14. Conferir o Pescoço da toca com cava e degolo alfinetando.

15. Unir toca e macacão.

16. Embutir o Zíper e pregar, finalizando o Macacão.

17. Retirada dos Fios e conferência do Macacão.

Figura 52– Ficha técnica processual macacão Look 1.

Fonte: produção do autor (2015).

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Processo cropped:

1. Organização do tecido de acordo com o Fio do mesmo.

2. Cortar os acabamentos de Gola, Degolo e Cava.

3. Marcar as linhas do Viés, tanto dos Escudos quanto da coluna.

4. Pregar o Viés na parte da Coluna e Forro, também nos Escudos, em

seguida passaras barbatanas.

5. Fechar a coluna embebendo os 8cm de ‘folga’, voltando ao tamanho

Normal.

6. Fechar os escudos, pespontando em seguida e vincando as dobras, logo

em seguida costura de Segurança.

7. Pregar o escudo Rosa sobre o escudo azul.

8. Preguear o Forro na Coluna e em seguida pespontá-lo.

9. Passar o acabamento nas golas, degolo e cava.

10. Preguear a Coluna no centro das costas.

11. Unir as costas, já com a coluna, nas laterais traseiras, pespontando em

seguida para melhor acabamento.

12. Unir o centro da Frente nas laterais e em seguida pespontando.

13. Pregar o Escudo na Parte Frontal.

14. Unir parte lateral esquerda, dobrando 6cm na lateral da frente e 9cm na

parte das costas, fazer o mesmo nos ombros.

15. Pregar na primeira parte do Ombro direito Frontal o Velcro para encaixe,

deixando a de fora para acabamento interno.

16. Pregar na parte do meio do Ombro direito traseiro o velcro para encaixe,

deixando a de fora e a de dentro para acabamento interno.

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17. Pregar na primeira parte da lateral direita frontal o velcro para encaixe,

deixando a de fora para acabamento interno.

18. Pregar na parte do meio da Lateral direita Traseira o Velcro para encaixe,

deixando a de fora e a de dentro para acabamento interno.

19. Fazer o acabamento da Barra inferior.

20. Pespontar o acabamento inferior.

21. Retirar Fios sobressalentes.

22. Verificar os encaixes de Velcro.

Figura 53– Ficha técnica processual Cropped Look 1

Fonte: produção do autor (2015).

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Processo saia:

1. Ajustar o Fio do Tecido, cortar Frente e costas.

2. Dobrar o tecido e traçar as medidas do Godê e cortá-lo.

3. Cortar as Tiras de acabamento.

4. Fechar as Pences Frontais e Laterais.

5. Unir as costas, pregueá-la na Lateral da Frente do lado esquerdo e pespontá-

la.

6. Riscar o Espaço das Escamas

7. Pregar escamas, respeitando o espaço delimitado,15 cm escamas, 4cm

acabamento.

8. Fazer as barras de acabamento e inferiores e superiores

9. Pregar o zíper.

10. Fazer o Acabamento da Fenda.

11. Pregar todas as tiras Diagonais, superiores e Horizontais de Acabamento.

12. Pregar tira de acabamento no Godê.

13. Pregar o Godê na Saia.

14. Verificar fios

15. Ajustes a Mão no caimento e no Corte do Tecido.

Ficha processual logo abaixo:

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Figura 54– Ficha técnica processual Saia Longa Look 1

Fonte: produção do autor (2015).

As principais dificuldades encontradas ao confeccionar esse look foram: a

dificuldade em consegui ordenar as escamas, pregar os acabamentos de glitter na

saia, manter a coluna ajustada como realmente se queria, e pregar o godê.

4.2 LOOK 2

O segundo Look, assim como os demais foi feito com o intuito de ser

utilizado em alguma performance, devido a esse motivo, todos os looks foram

idealizados para serem construídos a partir de uma mesma base, a Base Comercial

1+1, já os macacões seguiram de um molde básico de macacão feito no programa

Audaces. Ao longo do caminho alguns moldes e protótipos sofreram mudanças e

interferências, inclusive no processo de moulage.

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Primeiramente esse Look é composto por um macacão, uma saia godê

longa e um cropped escudo, totalizando 3 peças. Na concepção e criação dos

mesmos, o Macacão foi o primeiro na ordem, já que o mesmo fica logo abaixo do

vestido-armadura e faria parte do show exposto em passarela.

Figura 55– Croqui e desenho técnico macacão look 2

Fonte: produção do autor (2015).

4.2.2 DRAPING E MODELAGEM

O segundo Look, assim como os demais foi feito com o intuito de ser

utilizado em alguma performance, devido a esse motivo, todos os looks foram

idealizados para serem construídos a partir de uma mesma base, a Base Comercial

1+1, já os macacões seguiram de um molde básico de macacão feito no programa

Audaces. Ao longo do caminho alguns moldes e protótipos sofreram mudanças e

interferências, inclusive no processo de moulage.

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79

No segundo Look as únicas partes que foram feitas nesse processo, foi a

concepção da toca dos macacões que cobre toda a cabeça, deixando de fora apenas

o rosto. Um busto com cabeça foi devidamente preparado com fita crepe para esta

etapa, delimitando o meio da nuca e o meio do queixo, as fitas foram coladas no

mesmo, primeiro na direção horizontal, vertical, diagonal e novamente na horizontal.

O molde foi devidamente retirado com calma do busto e após a retirada fora utilizada

uma técnica de planificação de Moulage ministrada por Jum Nakao primeiramente ao

professor Lucas, que por sua vez repassou esse ensinamento. Desse processo

resultaram seis Moldes que dão estrutura a essa toca, a segunda parte foi o ajuste

das pences tanto frontais quanto nas costas, criando um ajuste ergonômico ao corpo.

A concepção do segundo Look nessa técnica abrangeu as seguintes peças,

macacão, cropped e saia longa godê.

Macacão, foi desenvolvido pelo método de modelagem plana feito em sala

de aula de acordo com o molde do primeiro macacão, e o ajuste ao corpo dado por

meio da técnica da moulage. O macacão tem apenas uma perna comprida, e o lado

esquerdo do corpo é composto por um meio maiô. O lado direito é feito em tule de

malha, para garantir o assentamento do mesmo no corpo e formando então um

macacão assimétrico. As demais partes foram feitos em elastano metalizado.

Cropped, foi desenvolvido na Base Comercial 1+1, na qual a partir da

cintura um novo molde ganha vida, as pences são prolongadas até os ombros tanto

frente como costas. Nos ombros e na lateral da frente foram inseridos mais 6

centímetros para o uso dos velcros e acabamentos, o processo replica-se na parte

traseira acrescentando 9 centímetros.

Saia longa godê, também desenvolvida na Base comercial 1+1, seguindo

um novo molde na parte inferior a partir da cintura, acima da linha da mesma foram

acrescentados 20 centímetros, originando uma nova cintura logo abaixo do seio, ou

ponto O. Modifica-se então a parte das costas para acentuar melhor na parte das

costas com o traseiro, pences são alongadas até a nova cintura para ficarem melhor

ajustados ao corpo. Ajusta-se a lateral, criando uma modelagem semelhante a uma

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saia lápis, e uma fenda na lateral direita com cerca de 30 centímetros é criada.

Godê, criado direto no tecido, com cerca de 2,80 cm de comprimento

dobrado ao meio, originando uma nova medida de 1,40x 1,40 cm. Um raio de 60 cm

é traçado, tendo então a medida para ser aplicada na saia. Logo após essa medida,

80 cm são traçados formando o comprimento do godê. Cada prega do godê foi feita

com cerca de 8cm de espaçamento entre uma e outra.

Tiras, acabamentos e escamas; as tiras de acabamento são riscadas e

cortadas no fio com uma largura aprox. De 6cm, com a largura de 1,40cm duas tiras

já bastam, cortadas no mesmo tecido do godê, para aplicação na cintura e na barra

do godê. As escamas foram primeiramente feitas em pequenos retângulos de 6cm de

comprimento com 3cm de largura, com as extremidades arredondadas.

Escudos e coluna; os escudos feitos de acordo com o molde da frente, até

o alto da pence o molde continua o mesmo, e no alto do decote são acrescidos cerca

de 6 cm em cada lado, sendo assim o escudo central tem altura aproximada de 43 cm

e de largura e 31 cm de comprimento, formando um molde semelhante a um escudo,

que quando montado alcança a altura do queixo. O Escudo lateral foi feito a partir da

pence até a altura do ombro, sendo assim tem a largura média na parte superior de

20 cm, e nas extremidades tanto superior quanto inferior de 4 cm, com a altura 30cm.

A coluna feita no molde das costas, reduzindo cerca de 10 cm na parte superior da

mesma para adequar-se corretamente ao corpo, logo em seguida essa nova medida

cerca de 49 cm fora dividida a seguinte forma igual em 11 partes iguais, 10 pedaços

formariam a coluna, e um pedaço estaria reservado ao acabamento da peça.

Acresceu-se então 1 cm nas laterais até o topo da pense, e após esse recorte 3 cm,

e para complementar, no entremeio dessas 11 peças recortadas foi inserido 8 cm para

a concepção do vão da coluna e acabamentos.

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81

Figura 56– Croqui e desenho técnico Look 2

Fonte: produção do autor (2015).

4.2.3 EXECUÇÃO DAS PEÇAS

Processo macacão:

1. Enfestar tecido toca, para cortar tanto ela quanto o Forro.

2. Estender os Moldes Na Mala e no Tule de Malha e cortá-los.

3. Unir Frente nas Pernas do Macacão, fechar a Pence.

4. Unir Costas ao Macacão com apenas 30 cm de Costura (zíper)

5. Pregar o Centro da frente e costas (tule) Direito e esquerdo ao Macacão.

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6. Fechar os Ombros.

7. Pregar as mangas e fechá-las, fazer o mesmo com a perna.

8. Alfinetar o zíper no macacão.

9. Pregar Topo Cabeça a Testa.

10. Pegar os mesmos moldes da Toca ao Maxilar e em seguida ao centro

das Costas da Toca.

11. Repetir o processo com o forro da toca

12. Unir com a Toca e o forro, frente a Frente, pespontando em seguida.

13. Fechar cerca de 10 cm no topo da cabeça.

14. Conferir o Pescoço da toca com cava e degolo alfinetando.

15. Unir toca e macacão.

16. Embutir o Zíper e pregar, finalizando o Macacão.

17. Fazer acabamentos na Overlock.

18. Retirada dos Fios e conferência do Macacão.

Logo abaixo, ficha processual:

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Figura 57– Ficha técnica processual macacão Look 2.

Fonte: produção do autor (2015).

Processo cropped:

1. Organização do tecido de acordo com o Fio do mesmo.

2. Cortar os acabamentos de Gola, Degolo e Cava.

3. Marcar as linhas do Viés, tanto dos Escudos quanto da coluna.

4. Pregar o Viés na parte da Coluna e Forro , também nos Escudos, em

seguida passaras barbatanas.

5. Fechar a coluna embebendo os 8cm de ‘folga’, voltando ao tamanho

Normal.

6. Pregar as escamas no escudo central, da metade do mesmo, em linha

reta em direção ao Ombro de forma enviesada

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7. Fechar os escudos, pespontando em seguida e vincando as dobras,

logo em seguida costura de Segurança.

8. Preguear o Forro na Coluna e em seguida pespontá-lo.

9. Passar o acabamento nas golas, degolo e cava.

10. Preguear a Coluna no centro das costas.

11. Unir as costas, já com a coluna, nas laterais traseiras, pespontando em

seguida para melhor acabamento.

12. Unir o escudo Frontal na parte central da frente, e preguear os escudos

laterais.

13. Unir o centro das costas nas laterais da Frente e em seguida

pespontando.

14. Unir parte lateral esquerda, dobrando 6cm na lateral da frente e 9cm na

parte das costas, fazer o mesmo nos ombros.

15. Pregar na primeira parte do Ombro direito Frontal o Velcro para encaixe,

deixando a de fora para acabamento interno.

16. Pregar na parte do meio do Ombro direitoTraseiro o Velcro para encaixe,

deixando a de fora e a de dentro para acabamento interno.

17. Pregar na primeira parte da Lateral direita Frontal o Velcro para encaixe,

deixando a de fora para acabamento interno.

18. Pregar na parte do meio da Lateral direita Traseira o Velcro para

encaixe, deixando a de fora e a de dentro para acabamento interno.

19. Fazer o acabamento da Barra inferior.

20. Pespontar o acabamento inferior

21. Retirar Fios sobressalentes.

22. Verificar os encaixes de Velcro.

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23. Dar pontos a mão nos escudos da Lateral com o Escudo frontal para o

melhor acabamento.

Figura 58– Ficha técnica processual cropped Look 2.

Fonte: produção do autor (2015).

Processo saia:

1. Ajustar o Fio do Tecido, cortar Frente e costas.

2. Dobrar o tecido e traçar as medidas do Godê e cortá-lo.

3. Cortar as Tiras de acabamento.

4. Fechar as Pences Frontais e Laterais.

5. Unir as costas, pregueá-la na Lateral da Frente do lado esquerdo e

pespontá-la.

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6. Riscar o Espaço das Escamas. Marcar o meio da frente e descer cerca

de 9b0 cm em linha reta, do meio para o lado esquerdo descer apenas

cerca de 18cm. No canto esquerdo descer enviesado até encontrar o

meio.

7. Pregar escamas, respeitando o espaço delimitado.

8. Fazer as barras de acabamento e inferiores e Superiores.

9. Pregar o zíper.

10. Fazer o Acabamento da Fenda.

11. Pregar tira de acabamento no Godê.

12. Pregar o Godê na Saia em cascata.

13. Verificar fios.

14. Ajustes a Mão no caimento e no Corte do Tecido.

Figura 59- Ficha técnica processual saia em cascata Look 2.

Fonte: produção do autor (2015).

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As principais dificuldades encontradas ao confeccionar esse look foram: a

dificuldade em consegui ordenar as escamas, pregar os escudos laterais no frontal,

manter a coluna ajustada como realmente se queria, encaixar as escamas do escudo

de cima com as escamas de baixo e pregar o godê.

4.3 LOOK 3

O terceiro Look, assim como os demais foi feito com o intuito de ser

utilizado em alguma performance, devido a esse motivo, todos os looks foram

idealizados para serem construídos a partir de uma mesma base, a Base Comercial

1+1, já os macacões seguiram de um molde básico de macacão feito no programa

Audaces. Ao longo do caminho alguns moldes e protótipos sofreram mudanças e

interferências, inclusive no processo de moulage.

Primeiramente esse Look é composto por um macacão, uma saia godê

longa e um cropped escudo, totalizando 3 peças. Na concepção e criação dos

mesmos, o Macacão foi o primeiro na ordem, já que o mesmo fica logo abaixo do

vestido-armadura e faria parte do show exposto em passarela.

Figura 60– Croqui e desenho técnico macacão look 3

Fonte: produção do autor (2015).

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4.3.2 DRAPING E MODELAGEM

No terceiro Look as únicas partes que foram feitas nesse processo, foi a

concepção da toca dos macacões que cobre toda a cabeça, deixando de fora apenas

o rosto. Um busto com cabeça foi devidamente preparado com fita crepe para esta

etapa, delimitando o meio da nuca e o meio do queixo, as fitas foram coladas no

mesmo, primeiro na direção horizontal, vertical, diagonal e novamente na horizontal.

O molde foi devidamente retirado com calma do busto e após a retirada fora utilizada

uma técnica de planificação de Moulage ministrada por Jum Nakao primeiramente ao

professor Lucas, que por sua vez repassou esse ensinamento. Desse processo

resultaram seis Moldes que dão estrutura a essa toca, a segunda parte foi o ajuste

das pences tanto frontais quanto nas costas, criando um ajuste ergonômico ao corpo.

A concepção do terceiro Look nessa técnica abrangeu as seguintes peças,

macacão, cropped e saia longa godê.

Macacão, foi desenvolvido pelo método de modelagem plana feito em sala

de aula de acordo com o molde do primeiro macacão, e o ajuste ao corpo dado por

meio da técnica da moulage. O macacão tem apenas uma perna comprida, e o lado

esquerdo do corpo é composto por um meio maiô. O lado direito é feito em tule de

malha, para garantir o assentamento do mesmo no corpo e formando então um

macacão assimétrico. As demais partes foram feitos em elastano metalizado.

Cropped, foi desenvolvido na Base Comercial 1+1, na qual a partir da

cintura um novo molde ganha vida, as pences são prolongadas até os ombros tanto

frente como costas. Nos ombros e na lateral da frente foram inseridos mais 6

centímetros para o uso dos velcros e acabamentos, o processo replica-se na parte

traseira acrescentando 9 centímetros.

Saia longa godê, também desenvolvida na Base comercial 1+1, seguindo

um novo molde na parte inferior a partir da cintura, acima da linha da mesma foram

acrescentados 20 centímetros, originando uma nova cintura logo abaixo do seio, ou

ponto O. Modifica-se então a parte das costas para acentuar melhor na parte das

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89

costas com o traseiro, pences são alongadas até a nova cintura para ficarem melhor

ajustados ao corpo. Ajusta-se a lateral, criando uma modelagem semelhante a uma

saia lápis, e uma fenda na lateral direita com cerca de 30 centímetros é criada.

Godê, criado direto no tecido, com cerca de 2,80 cm de comprimento

dobrado ao meio, originando uma nova medida de 1,40x 1,40 cm. Um raio de 60 cm

é traçado, tendo então a medida para ser aplicada na saia. Logo após essa medida,

80 cm são traçados formando o comprimento do godê. Cada prega do godê foi feita

com cerca de 8cm de espaçamento entre uma e outra. UM segundo godê foi

desenvolvido com 15 cm de raio, e 45 cm de comprimento, no qual seria prego escama

depois.

Tiras, acabamentos e escamas; as tiras de acabamento são riscadas e

cortadas no fio com uma largura aprox. De 6cm, com a largura de 1,40cm duas tiras

já bastam, cortadas no mesmo tecido do godê, para aplicação na cintura e na barra

do godê. As escamas foram primeiramente feitas em pequenos retângulos de 6cm de

comprimento com 3cm de largura, com as extremidades arredondadas.

Escudos e coluna; os escudos feitos de acordo com o molde da frente, até

o alto da pence o molde continua o mesmo, e no alto do decote são acrescidos cerca

de 6 cm em cada lado, sendo assim o escudo central tem altura aproximada de 48 cm

e de largura e 31 cm de comprimento, formando um molde semelhante a um escudo,

que quando montado alcança a altura do queixo. O Escudo lateral foi feito a partir da

pence até a altura do ombro, sendo assim tem a largura média na parte superior de

20 cm, e nas extremidades tanto superior quanto inferior de 4 cm, com a altura 30cm.

A coluna feita no molde das costas, reduzindo cerca de 10 cm na parte superior da

mesma para adequar-se corretamente ao corpo, logo em seguida essa nova medida

cerca de 49 cm fora dividida a seguinte forma igual em 11 partes iguais, 10 pedaços

formariam a coluna, e um pedaço estaria reservado ao acabamento da peça.

Acresceu-se então 1 cm nas laterais até o topo da pense, e após esse recorte 3 cm,

e para complementar, no entremeio dessas 11 peças recortadas foi inserido 8 cm para

a concepção do vão da coluna e acabamentos.

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Figura 61– Croqui e desenho técnico look 3

Fonte: produção do autor (2015).

4.2.4 EXECUÇÃO DAS PEÇAS

Processo macacão:

1. Enfestar tecido toca, para cortar tanto ela quanto o Forro.

2. Estender os Moldes Na Mala e no Tule de Malha e cortá-los.

3. Reverter os Moldes de lado para cortar o outro macacão.

4. Unir Frente nas Pernas do Macacão, fechar a Pence.

5. Unir Costas ao Macacão com apenas 30 cm de Costura (zíper).

6. Pregar o Centro da frente e costas (tule) Direito e Esquerdo ao

Macacão.

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7. Fechar os Ombros.

8. Pregar as mangas e fechá-las, fazer o mesmo com a perna

9. Alfinetar o zíper no macacão.

10. Pregar Topo Cabeça a Testa.

11. Pegar os mesmos moldes da Toca ao Maxilar e em seguida ao centro

das Costas da Toca.

12. Repetir o processo com o forro da toca.

13. Unir com a Toca e o forro, frente a Frente, pespontando em seguida.

14. Fechar cerca de 10 cm no topo da cabeça.

15. Conferir o Pescoço da toca com cava e degolo alfinetando.

16. Unir toca e macacão.

17. Embutir o Zíper e pregar, finalizando o Macacão.

18. Fazer acabamentos na Overlock.

19. Retirada dos Fios e conferência do Macacão.

Abaixo ficha processual:

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Figura 62– Ficha técnica processual macacão Look 3

.Fonte: produção do autor (2015).

Processo cropped:

1. Organização do tecido de acordo com o Fio do mesmo

2. Cortar os acabamentos de Gola, Degolo e Cava.

3. Marcar as linhas do Viés, tanto dos Escudos quanto da coluna.

4. Pregar o Viés na parte da Coluna e Forro , também nos Escudos, em

seguida passaras barbatanas.

5. Fechar a coluna embebendo os 8cm de ‘folga’, voltando ao tamanho

Normal.

6. Fechar os escudos, pespontando em seguida e vincando as dobras,

logo em seguida costura de Segurança.

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7. Pregar o escudo Rosa sobre o escudo azul.

8. Preguear o forro na coluna e em seguida pespontá-lo.

9. Passar o acabamento nas golas, degolo e cava.

10. Preguear a coluna no centro das costas.

11. Unir as costas, já com a coluna, nas laterais traseiras, pespontando em

seguida para melhor acabamento.

12. Unir o centro da frente nas laterais e em seguida pespontando.

13. Pregar o escudo na parte frontal.

14. Unir parte lateral esquerda, dobrando 6cm na lateral da frente e 9cm na

parte das costas, fazer o mesmo nos ombros.

15. Pregar na primeira parte do ombro direito frontal o velcro para encaixe,

deixando a de fora para acabamento interno.

16. Pregar na parte do meio do Ombro direito traseiro o velcro para encaixe,

deixando a de fora e a de dentro para acabamento interno.

17. Pregar na primeira parte da lateral direita Frontal o velcro para encaixe,

deixando a de fora para acabamento interno.

18. Pregar na parte do meio da lateral direita traseira o velcro para encaixe,

deixando a de fora e a de dentro para acabamento interno.

19. Fazer o acabamento da barra inferior.

20. Pespontar o acabamento inferior.

21. Retirar fios sobressalentes.

22. Verificar os encaixes de velcro.

Abaixo ficha processual:

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Figura 63– Ficha técnica processual cropped Look 3

Fonte: produção do autor (2015).

Processo saia:

1. Ajustar o Fio do Tecido, cortar Frente e costas.

2. Dobrar o tecido e traçar as medidas do Godês e cortá-los.

3. Cortar as Tiras de acabamento.

4. Fechar as Pences Frontais e Laterais.

5. Unir as costas, pregueá-la na Lateral da Frente do lado esquerdo e

pespontá-la.

6. Riscar o Espaço das Escamas.

7. Pregar a HotPant na frente da Saia.

8. Pregar escamas, respeitando o espaço delimitado, tanto no corpo

quanto no Godê Pequeno.

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9. Fazer as barras de acabamento e inferiores e Superiores

10. Pregar o zíper.

11. Fazer o Acabamento da fenda

12. Pregar tira de acabamento no Godê.

13. Pregar o Godê de Escamas Pequeno na Saia.

14. Pregar o Godê Grande na Saia.

15. Verificar fios.

16. Ajustes a Mão no caimento e no Corte do Tecido.

Figura 64– Ficha técnica processual Saia Longa Look 3.

Fonte: produção do autor (2015).

As principais dificuldades encontradas ao confeccionar esse look foram: a

dificuldade em consegui ordenar as escamas, pregar os escudos laterais no frontal,

manter a coluna ajustada como realmente se queria, encaixar as escamas do segundo

godê.

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5. DESFILE E CATÁLOGO

O desfile é composto por vários encaixes que se entrelaçam e tem a função

de imergir o espectador no universo do conceito. Assim, os alunos desenvolveram,

uma revista/catálogo, contendo editoriais de moda, textos, entrevistas e informações

sobre cada coleção: release, editorial, contato do designer, a fim de que o público

pudesse ter pleno entendimento do conceito passado. A trilha sonora, cabelo,

maquiagem, acessórios compõem todo esse universo e fazem com que o conceito e

coleção possam fechar de forma redonda, fazendo o espectador mergulhar e vivenciar

as coleções apresentadas.

5.1 CATÁLOGO

O editorial, tentou mostrar com uma maior abrangência o universo da

coleção, trazendo para quem o observa a sensação de flagrar o momento, sentir-se

dentro do mesmo. A ideia foi, então, que a modelo parecesse estar se vendo em um

reflexo, mostrando ao mesmo tempo a sua delicadeza e força, lado a lado,

entrelaçadas. Passando a ideia para quem o observa o momento de transição, aonde

ela pode tocar dois polos totalmente distantes e viver um momento de glória em sua

dualidade.

A seguir imagens do catálogo:

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Figura 65– Foto espelho catálogo

Fonte: Guilherme Dimatos( 2015).

Figura 66– Travessia VESTIAIRE catálogo

Fonte: Guilherme Dimatos (2015).

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5.2 CABELO E MAQUIAGEM

A excentricidade representa a coleção, e como o foco foram Mulheres Drag

Queens, optou-se por um cabelo bem volumoso, que pudesse passar essa ideia de

transitoriedade de gêneros. A maquiagem, lembra pequenas gotas de glitter e tinta

respingados no rosto, para ressaltar os movimentos artísticos. Um rosto surreal,

aonde pode-se tudo, inclusive emocionar-se derramando lágrimas de glitter.

Figura 67– Cabelo e maquiagem

Fonte: Cristiano Prim (2015).

5.3 TRILHA SONORA

A trilha sonora utilizada fora uma música remixada do filme Fifth Element –

Diva dance Song. No filme a música é interpretada por uma extraterrestre fêmea,

devido a essa interpretação a ligação fora feita a essa Hiperfeminina. Mixada a trilha

com vaias, uma vez que a roupa destina- se ao uso de performances, terminando com

Applause, da cantora Lady Gaga, terminando com aplausos para uma Mulher que

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realmente merece ser reverenciada.

5.4 OCTA FASHION

Com uma trilha sonora animada e de acordo com o conceito escolhido, as

modelos tentaram interagir com os espectadores, tendo como referência os desfiles

internacionais do Victoria’s Secret, entraram de forma animada e descontraídas. Logo

abaixo a entrada da primeira modelo.

Figura 68– Primeira Modelo. Fotografia: Cristiano Prim.

Fonte: Cristiano Prim (2015).

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Entrada da segunda modelo interagindo com o público.

Figura 69– Segunda Modelo. Fotografia: Cristiano Prim.

Fonte: Cristiano Prim (2015).

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Terceira modelo, com o look mais conceitual da coleção.

Figura 70– Terceira Modelo. Fotografia: Cristiano Prim.

Fonte: Cristiano Prim (2015).

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O conceito dessa coleção retratou Drag Queens Mulheres e sua

usabilidade voltada a Performance, então, embarcando no conceito, elas deveriam

mostrar um show na passarela, sendo assim primeira e segunda modelo trocam-se

atrás do telão e a terceira modelo na passarela.

Figura 71– Terceira Modelo retirando seu cropped. Fotografia: Cristiano Prim.

Fonte: Cristiano Prim (2015).

E quando retornam a passarela, as três modelos apresentam outros

looks para o público, foto abaixo:

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Figura 77– Retorno das modelos a passarela. Fotografia: Adriano Debortoli.

Fonte: Adriano Debortoli (2015).

Modelos e o Designer da Coleção VESTIAIRE.

Figura 78– Modelos e o Designer. Fotografia: Cristiano Prim

Fonte: Cristiano Prim (2015).

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A meta destinada a esse trabalho tinha como objetivo principal produzir

uma coleção feminina, caracterizada a uma mulher Drag Queen, que avaliam

constantemente suas vidas e seus papéis dentro da sociedade, pois buscam

respostas e estão cansadas de ser comparadas como gênero inferiores. Por isso, a

coleção é embasada em mulheres muito à frente de seu tempo, vanguardistas e que

não tem medo de ousar. A arte que representa toda essa transcendência do gênero

como forma libertaria para desejos e anseios sociais e culturais.

O objetivo de encontrar uma mulher que não tem medo de empoderar suas

vontades e princípios, que busca no seu dia a dia não somente mostrar seu intelecto,

mas também a sua vontade de crescer, se provar e descobrir qual a sua verdadeira

razão social na atualidade.

Dar forma física criar uma coleção que transpõe a essa barreira que

delimita fragilidade e força, tal como um reflexo, mostrou-me que devemos todos os

dias nos provar, e ir além de nossas vontades, de limitações, afim de não mostrar para

os demais, porém sim a nós mesmos o nosso verdadeiro potêncial.

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7. REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt; VECCHI, Benedetto. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: RJ. Zahar, 2008. 110 p. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: EJ. Zahar, 2012. 258 p. GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1985. GOFFMAN, Erving. Estigma. Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada.Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora, S.A, 1988. HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A. 2005.10° Edição. LIPOVETSKY, Gilles. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004. HOLZMEISTEISTER, Silvana.O Estranho Na Moda: A imagem nos anos 1990. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010. 7.2 Sites BOL NOTÍCIAS. Elke Maravilha diz que nunca foi mulher e não se arrepende de ter feito abortos. 2014. Disponível em: <http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2014/01/23/elke-maravilha-diz-que-nunca-foi-mulher-e-nao-se-arrepende-de-ter-feito-abortos.htm#fotoNav=3/>. Acesso em: 15 nov. 2014. BOL NOTÍCIAS. Relembre momentos da carreira de Elke Maravilha. 2014. Disponível em: <http://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2012/05/16/relembre-momentos-da-carreira-de-elke-maravilha.htm?fotoNav=1#fotoNav=45 Acesso em: 09 fev. 2015. Isto é Gente. Elke Maravilha: 2006. Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoegente/363/entrevista/index.htm >. Acesso em: 18 fev. 2015. Tribos Urbanas. Disponível em: <http://tribosurbanas-tribosurbanas.blogspot.com.br/2010/09/drag-queens.html/>. Acesso em: 01 out. 2014. DICIONÁRIO Informal. São Paulo: Record, 2014. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/Vestiário/>. Acesso em: 09 nov. 2014. Elsa Schiaparelli. Disponível em: <http://aplicacoes.unisul.br/pergamum/pdf/107695_Cynthia.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2014. PURE TREND.Elsa Schiaparelli. . Disponível em: <http://www.puretrend.com.br/pessoas/elsa-schiaparelli_p1922 >. Acesso em: 07 nov. 2014. PURE TREND. Elsa Schiaparelli. Disponível em: <http://www.puretrend.com.br/secao/fresquinhas_r11/conheca-alguns-itens-que-traduzem-o-estilo-de-elsa-schiaparelli-homenageada-com-expo-no-met_a5053/1>.

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Acesso em: 05 nov. 2014. http://extra.globo.com/tv-e-lazer/elke-maravilha-faz-70-anos-fala-sobre-sexo-preconceito-drogas-ate-crack-eu-ja-fumei-15394242.html http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2014/01/23/elke-maravilha-diz-que-nunca-foi-mulher-e-nao-se-arrepende-de-ter-feito-abortos.htm#fotoNav=4 http://www.terra.com.br/istoegente/363/entrevista/index.htm http://www.museudatv.com.br/biografias/Elke%20Maravilha.htm http://pt.slideshare.net/Maridezonne/sexualidade-e-gnero http://pt.wikipedia.org/wiki/Transg%C3%A9nero http://pt.wikipedia.org/wiki/Drag_queen http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9nero_%28sociedade%29 http://www.terra.com.br/istoegente/363/entrevista/index.htm http://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2012/05/16/relembre-momentos-da-carreira-de-elke-maravilha.htm?fotoNav=1#fotoNav=45