Vergara Ferreira 2005 a Representacao Social de ONGs 12199

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    A representao social de ONGs segundo formadores de opinio do municpio do Rio de Janeiro*

    Sylvia Constant Vergara**Victor Cludio Paradela Ferreira***

    S U M R I O : 1. Introduo; 2. Teoria das representaes sociais; 3. Seleo desujeitos; 4. Levantamento dos dados; 5. Tratamento dos dados e resultados obtidos;6. Concluso.

    S U M M A R Y : 1. Introduction; 2. Social representation theory; 3. Subject selection;4. Data collection; 5. Data treatment and results; 6. Conclusion.

    P A L A V R A S - C H A V E : representaes sociais; formadores de opinio; evocaolivre de palavras; legitimidade.

    K E Y W O R D S : social representations; opinion formers; free evocation of words; legit-imacy.

    O conceito de organizaes no-governamentais (ONGs) polissmico, nohavendo ainda um marco terico consolidado sobre o que pode ou no ser conside-rado uma ONG. Mais do que uma simples questo semntica, porm, o que o fatorevela a dificuldade que se tem encontrado em entender as diversas faces dessasorganizaes. O prprio conceito de terceiro setor, no qual so classificadas, pro-blemtico. A dificuldade no tem representado, no entanto, um impeditivo ao seucrescimento; ao contrrio, elas se expandiram de forma muito acentuada nas lti-

    * Artigo recebido em out. 2004 e aceito em maio 2005.** Doutora em educao pela UFRJ. Professora titular da Ebape/FGV. Endereo: Ebape/FGV Praia de Botafogo, 190, sala 533 Botafogo CEP 22250-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail:[email protected].*** Professor da Faculdade Estcio de S em Juiz de Fora e professor convidado do Programa FGVManagement. Doutor em administrao. Endereo: Av. Baro do Rio Branco, 5350, ap. 501, bl. A Alto dos Passos CEP 36026-500, Juiz de Fora, MG, Brasil. E-mail: victorclaudio @uol.com.br.

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    mas dcadas. Para compreender o fenmeno, este artigo apoiou-se na teoria das repre-sentaes sociais e procurou identificar qual a representao social de ONGs feitapelos formadores de opinio do municpio do Rio de Janeiro. Elegeu a tcnica deevocao de palavras para a coleta de dados. tal evocao seguiu-se a apresenta-o de afirmaes, com as quais os respondentes deveriam concordar ou no. Apesquisa revela que a representao social de ONG comporta, significativamente,vrias idias de conotao positiva, demonstrando que a sociedade tem legitimadoesse tipo de organizao, dando respaldo, portanto, sua expanso.

    Social representation of NGOs according to opinion formersin Rio de Janeiro

    The concept of non-governmental organization (NGO) is polysemic, not having yetbeen established a theoretical landmark of what should be considered an NGO. Morethan a mere semantic issue, this fact reveals the difficulty in understanding the differ-ent faces of those organizations. Even the concept of third sector, under which theyare classified, is problematic. Nevertheless, this difficulty has not hindered theirgrowth; on the contrary, NGOs have widely expanded during the last decades. Inorder to understand this phenomenon, this article used the social representation the-ory and tried to identify the social representation of NGOs according to opinionformers in the city of Rio de Janeiro, Brazil. The evocation of words technique waschosen for data collection, after which the respondents should agree or disagree withthe statements presented. The research reveals that the social representation of NGOsencompasses several ideas with a positive connotation, showing that society haslegitimized this kind of organization, thus supporting its expansion.

    1. Introduo

    No existe um conceito nico sobre a natureza das organizaes no-governamen-tais (ONGs), considerando-se que nos seus atributos destacam-se a pluralidade e aheterogeneidade. Existem, por exemplo, significativas diferenas entre as ONGs dospases desenvolvidos e aquelas situadas no Terceiro Mundo. As definies tambmvariam bastante de um pas para o outro, dentro de um mesmo conjunto. Em alguns,a lista de ONGs acaba por abranger tudo o que se articula no mbito da sociedade ci-vil, incluindo at mesmo movimentos de oposio poltica clandestinos. J em ou-tros, como a Itlia, esse termo refere-se apenas s associaes privadas que seocupam de maneira especfica das relaes norte-sul e da ajuda para o desenvolvi-mento. A prpria denominao no-governamental revela a dificuldade de delimi-tao enfrentada, uma vez que apenas nega a condio de pertinente ao Estado sem,no entanto, definir sua natureza fundamental. Essa expresso tambm pode ser criti-cada por sugerir que o governo o centro da sociedade e a populao sua periferia.O termo no-governamental seria, assim, politicamente inadequado para associa-

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    es que emanam da populao ou tomam seu partido (Coelho, 2002; Fisher, 1998;Nerfin, 1992; Onorati, 1992).

    O conceito de terceiro setor, no qual so classificadas as ONGs, tambmapresenta-se problemtico. Em tese, esto includas nesse setor as organizaes que,embora privadas, perseguem fins pblicos, ficando no primeiro setor as entidades p-blicas e no segundo as empresas privadas. Essas organizaes procuram no submeter-se nem lgica do mercado nem do governo. Nota-se, todavia, que os trs setores(ONGs, empresas e entidades governamentais) interpenetram-se e condicionam-se detal maneira que a definio exata dos limites motivo de controvrsias e variaes notempo e no espao (Cardoso, 1997; Fernandes, 1994; Landim, 1994; Mendes, 1999).

    Diversos dirigentes de ONGs e estudiosos advogam a existncia de uma signifi-cativa distino entre essas organizaes e as entidades filantrpicas. Filantropia vemdo grego e significa amor humanidade, estando, assim, ligada a uma ao altrustae desprendida. As ONGs teriam como proposta a promoo no da filantropia, mas dodesenvolvimento social, uma ao tradicionalmente atribuda ao primeiro setor. Procu-ram, no entanto, desempenhar essa misso observando critrios de retorno do investi-mento, de avaliao de custo e benefcio e de racionalidade operacional, adquirindo,assim, similaridades com o segundo setor na sua forma de atuao. A adoo de umagesto profissional tem sido uma exigncia comumente apresentada pelos financiado-res das ONGs (Ioschpe, 1997; Merege, 1997; Pereira, 2003).

    As ONGs tm desempenhado atividades de interesse pblico com um nvel deeficcia muitas vezes no encontrado nas entidades estatais. Com isso, diversas em-presas que desejam investir parte de seus lucros na criao de uma imagem de soci-almente responsveis tm estabelecido parcerias com ONGs para a implementaode projetos de interesse da comunidade. Agncias internacionais como o BancoMundial, por exemplo, consideram as ONGs parceiras confiveis para a execuo deprojetos de desenvolvimento social e chegam a exigir a participao dessas organi-zaes quando aprovam projetos enviados pelos pases captadores de recursos. Osprprios governos tm buscado suporte operacional em ONGs, repassando-lhes par-te de seus trabalhos (Bresser-Pereira, 1996; Brodhead, 1992; Garrison, 2000; Grzy-bowski, 1995; Rosemberg, 1996; Souza, 1992).

    O crescente nmero de ONGs envolvidas em parcerias com os setores pbli-co e privado no representa, todavia, uma definio clara e pacfica do papel quecompete a essas organizaes ou dos padres de relacionamento com a sociedadeque delas se espera. Ao tempo em que diversos estudiosos e gestores de instituiespblicas e privadas defendem o papel de cooperadoras com o desenvolvimento soci-al ou mesmo de entidades auxiliares do governo, outros manifestam grande preocu-pao com o crescimento das ONGs (Gonalves, 1996; Fernandez, 2000; Menescal,1996; Villalobos e Zaldivar, 2001; Wolfe, 1992).

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    Dada a pouca clareza quanto ao que seja uma ONG, uma melhor compreensodos fatores que favoreceram o crescimento dessas organizaes no Brasil nas duas l-timas dcadas pode ser considerada relevante. A compreenso desse crescimento faz-se necessria no s para delimitar esferas e competncias, como tambm para a ado-o de uma legislao que discipline a atuao das ONGs. A legislao brasileira sprev dois tipos de organizaes privadas no-lucrativas: as fundaes e as associa-es. certo, porm, que existem substanciais diferenas entre as ONGs e os clubes,igrejas, sindicatos, cooperativas e demais tipos de organizaes sem fins lucrativos(Montao, 2002). A ausncia de parmetros legais aplicveis representa uma lacunaque pode favorecer a ocorrncia de distores e desvios de finalidade como as que fo-ram apuradas em 2003 na Comisso Parlamentar de Inqurito instaurada pela Assem-blia Legislativa do Rio de Janeiro para investigar as relaes entre o governo doestado e as ONGs fluminenses.

    Para um melhor entendimento sobre o conceito de ONGs, a pesquisa cujos re-sultados apresentamos formulou a seguinte questo: qual a representao social deONGs de formadores de opinio no municpio do Rio de Janeiro? Julgou-se importan-te a identificao da representao social de tais formadores, porque suas representa-es exercem influncia na maneira pela qual as pessoas e os grupos sociais serelacionam com as ONGs. O crescimento expressivo que tem sido observado no n-mero dessas organizaes e no escopo de sua atuao provavelmente no seria poss-vel sem que houvesse um respaldo da sociedade, fundamentado em expectativasmantidas a respeito do papel que esse tipo de organizao pode desempenhar. Assim, oestudo da representao que a sociedade possui sobre as ONGs, revelada por formado-res de opinio, pode favorecer o entendimento de como elas tm conseguido legitima-o para desenvolverem seus trabalhos, bem como pode facilitar a compreenso do seuconceito.

    O artigo possui cinco sees, alm desta introduo. Na segunda seo expli-cita-se o que a teoria das representaes sociais. Na terceira, apresentam-se os cri-trios para a seleo dos sujeitos da pesquisa. Na quarta, explica-se a forma como osdados foram coletados. Na quinta, expe-se como os dados foram tratados e quais osresultados obtidos. A ltima seo traz as concluses a que o estudo permitiu chegar.

    2. Teoria das representaes sociais

    A teoria das representaes sociais foi formulada por Serge Moscovici no final dosanos 1950, sendo difundida a partir da sua publicao (Moscovici, 1961), que mar-cou o estabelecimento de uma percepo inovadora a respeito da integrao entreos fenmenos perceptivos individuais e sociais. Inicialmente empregada em estu-

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    dos psicossociais, essa abordagem tem sido utilizada em diversos outros ramos dosaber.

    As teorias existentes at a publicao do trabalho seminal de Moscovici estabe-leciam uma distino entre dois nveis de fenmenos: o individual e o coletivo. Du-rkheim, por exemplo, adotou em suas proposies tericas a distino entre o estudodas representaes individuais, que estaria no domnio da psicologia, e o das represen-taes coletivas, no domnio da sociologia. Freud, por sua vez, desenvolveu uma crti-ca psicanaltica da cultura e da sociedade ao mesmo tempo em que tratava o indivduoclinicamente (Farr, 2002).

    Por trs dessa separao em dois nveis, revelava-se uma crena mantida por es-ses e outros tericos de que as leis que explicavam os fenmenos coletivos eram distin-tas das que podiam ser aplicadas compreenso dos fenmenos no nvel individual.Embora tenha se apoiado nas teorias de Durkheim, Moscovici superou a dicotomia en-tre os nveis individual e coletivo de representaes, integrando-os em sua proposioterica. A contribuio de Moscovici representou, portanto, uma nova forma de enten-dimento das relaes, em termos de construo de significados, dos indivduos com asociedade (Farr, 2002; Gomes, S e Oliveira, 2003; Minayo, 1995).

    Uma representao pode ser definida como um conjunto de fenmenos per-ceptivos, imagens, opinies, crenas e atitudes. O entrelaamento dos vnculos entreesses elementos possibilita a atribuio de significados aos processos sociais e psico-lgicos. Assim, as representaes sociais so fenmenos complexos que dizem res-peito ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto estruturado pelo sujeito nocontexto de suas relaes, em um processo dinmico de compreenso e transforma-o da realidade. As representaes sociais no so reflexos da realidade e sim cons-trues mentais dos objetos, inseparveis das atividades simblicas dos sujeitos e desua insero na totalidade social (Carvalho, 2001; Madeira, 2001; Moscovici, 2004).Funcionam como um sistema de interpretao da realidade que regula as relaesdos indivduos com seu meio ambiente fsico e social, orientando seus comporta-mentos e prticas. Embora no determinem inteiramente as decises tomadas pelosindivduos, elas limitam e orientam o universo de possibilidades colocadas sua dis-posio (Cramer, Brito e Cappelle, 2001).

    Moscovici advogou que uma das caractersticas intrnsecas sociedade moder-na o conflito entre o individual e o coletivo, considerando-o realidade fundamentalpara a vida social. A origem fundamental estaria na tenso entre individualizao e so-cializao estabelecidas pelas normas sociais. As representaes sociais favorecem aregulao dessas tenses, contribuindo para a compreenso que cada indivduo possuidos fenmenos sociais e auxiliando na construo desses prprios fenmenos (Cra-mer, Brito e Cappelle, 2001; Farr, 2002).

    Outra caracterstica das representaes sociais que elas possuem um carterprescritivo, impondo-se sobre os indivduos como uma espcie de fora irresistvel,

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    incorporando estruturas de pensamento preexistentes ao prprio sujeito. As representa-es ditam, de certa forma, o que deve ser pensado a respeito de um dado objeto (Ca-vedon, 1999).

    As representaes sociais podem, ainda, ser vistas como produo cultural deuma determinada comunidade, tendo como um dos seus objetivos resistir incorpora-o de conceitos, conhecimentos e atividades que ameacem destruir sua identidade.Essa funo de resistncia possibilita a manuteno da heterogeneidade no mundosimblico de contextos intergrupais, permitindo s diferentes subculturas a manuten-o de sua autonomia, resistindo s inovaes simblicas que no tenham sido por elasproduzidas. Essa resistncia no impede, no entanto, a evoluo da representao, coma incorporao de inovaes. O que ocorre que esse processo passa por um controlemais criterioso. As novas idias podem ser assimiladas s j existentes, neutralizando-se, assim, a ameaa que elas representam. Tanto a nova idia quanto o sistema que ahospeda sofrem modificaes nesse processo de incorporao (Bauer, 2002).

    A teoria das representaes sociais revela-se til na busca de uma melhorcompreenso das prticas coletivas. Por meio do conhecimento de uma representa-o social torna-se possvel um entendimento mais adequado dos processos de cons-tituio simblica encontrados na sociedade, onde indivduos se engajam para darsentido ao mundo e nele construir sua identidade social (Gomes, S e Oliveira, 2003;Jovchelovitch, 1995).

    As caractersticas aqui destacadas sinalizam que uma representao socialno provm de processos racionais de prospeco da realidade. No se trata de idi-as diretamente relacionadas a informaes concretas que se tem a respeito de umdado fenmeno. Com isso, so menos suscetveis a mudanas provocadas por deba-tes de idias ou mesmo por novas vivncias. A percepo da realidade manifesta narepresentao encontra-se, em geral, solidamente alicerada no indivduo que a pos-sui e serve de parmetro para a forma pela qual ele vai se relacionar com o objeto desua representao. Essa caracterstica refora, portanto, a validade do estudo de re-presentaes sociais quando se deseja entender a forma pela qual a sociedade tem-serelacionado com determinados fenmenos sociais, como o caso das ONGs, objetoda pesquisa aqui apresentada.

    O ncleo central e o sistema perifrico da representao social

    As representaes sociais no so necessariamente consensuais. O sentido atribudo aum dado objeto e o prprio processo de atribuio so construes psicossociais queintegram a histria pessoal de cada indivduo com o resultado de suas interaes gru-pais. Para auxiliar na identificao da parte mais importante de uma representao so-cial, dos valores e percepes que so compartilhados com mais clareza e coeso pelo

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    grupo investigado, pode-se trabalhar com o chamado ncleo central da representaosocial.

    Jean-Claude Abric props, em 1976, a teoria do ncleo central, apresentadacomo complementar teoria das representaes sociais. Ao propor essa teoria, Abric(segundo S, 2002:62) entendeu que

    a organizao de uma representao apresenta uma caracterstica particular:no apenas os elementos da representao so hierarquizados, mas alm dissotoda representao organizada em torno de um ncleo central, constitudo deum ou de alguns elementos que do representao o seu significado.

    O ncleo central constitudo pelas significaes fundamentais da represen-tao, aquelas que lhe atribuem identidade. Quando o ncleo central passa por trans-formaes, cria-se uma nova identidade. Considera-se tambm nessa teoria aexistncia do chamado sistema perifrico, que abriga as diferenas de percepoentre os indivduos envolvidos na pesquisa, suportando a heterogeneidade do grupo eacomodando as contradies trazidas pelo contexto mais imediato (Madeira, 2001;Mazzotti, 2001).

    Os valores que constituem o ncleo central de uma representao social soaqueles que, em geral, o sujeito no tem conscincia ou no explicita, mas que direcio-nam a sua ao e definem seu comportamento. Representam o que inegocivel, aessncia da representao social, constituda pela memria coletiva do grupo e suasnormas. Possuindo uma funo consensual que visa homogeneidade do grupo, o n-cleo central caracteriza-se por ser estvel, coerente, resistente mudana. Sua princi-pal funo garantir a permanncia da representao. Tambm se caracteriza por serde certa forma independente do contexto social e material imediato, ou seja, no sig-nificativamente influencivel pelos fatos mais recentes. O ncleo central , portanto,decisivo na inflexo que o sentido de um dado objeto assume para um grupo em umcerto contexto histrico e cultural (Madeira, 2001; S, 2002).

    Considera-se que a estrutura de uma representao social alterada quandoso adicionados ou suprimidos elementos do seu ncleo central. As mudanas ocor-ridas no ncleo central implicam, portanto, mudanas na prpria representao soci-al. Tais mudanas costumam ser pouco freqentes e geralmente esto restritas ocorrncia de eventos muito significativos, que levem o sujeito a rever seus valores,expectativas e conceitos de forma radical. Um exemplo de evento desse tipo foi oconjunto de atentados terroristas sofridos pelos EUA em 11 de setembro de 2001. Apartir desse acontecimento, provavelmente mudou o ncleo central e, portanto, a re-presentao social da sociedade norte-americana a respeito de diversos objetos rela-cionados poltica internacional, alterando, conseqentemente, as comunicaes econdutas daquele povo em relao a tais objetos. Eventos to significativos e impac-

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    tantes assim so, todavia, bastante raros, tornando pouco comum esse tipo de mu-dana.

    O sistema perifrico representa uma parte distinta da representao social, es-tando composto dos elementos que se posicionam em volta do ncleo central, noconstituindo, assim, valores inegociveis. Ao contrrio, nele esto acomodados osconceitos, percepes e valores que o indivduo at admite rever, negociar. Pode atmesmo ser visto como uma forma de defesa do ncleo central, permitindo o inter-cmbio com outros grupos. Propicia, assim, a evoluo da representao social, semchegar a mud-la (Madeira, 2001; S, 2002).

    Na pesquisa aqui relatada, o interesse bsico repousou no conhecimento doncleo central da representao estudada e nas concluses a que se pde chegar, vi-sando compreenso das motivaes que tm levado a sociedade a respaldar a ex-panso das ONGs.

    3. Seleo de sujeitos

    A seleo dos sujeitos que compuseram a amostra utilizada na pesquisa foi efetuadapelo critrio de acessibilidade, sendo acionada a rede de relacionamentos dos pesquisa-dores e solicitando-se aos entrevistados que indicassem outras pessoas de seu relacio-namento que se enquadrassem nas categorias includas nos chamados formadores deopinio da sociedade: polticos, autoridades dos poderes Executivo e Judicirio, lde-res religiosos, jornalistas, professores e sindicalistas. No caso especfico dos polticos,foi adotado outro procedimento: os pesquisadores visitaram os diversos gabinetes daAssemblia Legislativa do Rio de Janeiro e da Cmara Municipal carioca, solicitandoaos chefes de gabinetes entrevistas com os deputados ou vereadores. A participaodos polticos que atuam no nvel federal foi mais restrita, considerando-se a dificulda-de para a realizao de mais do que uma viagem a Braslia.

    Foram consultadas no total 127 pessoas, sendo condies para participao naamostra ocupar uma das funes citadas, no estar diretamente ligada a nenhumaONG e residir no municpio do Rio de Janeiro. O primeiro critrio de seleo deveu-se ao interesse em conhecer a representao social de ONGs de pessoas que tenhamuma viso de fora e no interna a essas instituies. A segunda condio ocorreu emfuno da delimitao da pesquisa, restrita s ONGs cariocas.

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    A tabela 1 apresenta a composio da amostra por rea de atuao dos partici-pantes.

    4. Levantamento dos dados

    Para o levantamento dos possveis elementos que compem o ncleo central da repre-sentao social estudada foi utilizada a tcnica denominada associao ou evocao li-vre, privilegiando-se a seguinte composio: palavra indutora; hierarquia das palavrasformuladas pelos sujeitos; concordncia em relao a assertivas; e justificativas. Osprocedimentos esto descritos a seguir.

    Cada sujeito foi convidado a manifestar as quatro primeiras palavras que lhevinham mente a partir da expresso organizao no-governamental. Esta foi,portanto, a palavra indutora do mtodo. Os pesquisadores explicaram que a respostadeveria ser a mais espontnea possvel, devendo os entrevistados procurar no ela-borar racionalmente o que iriam expressar, deixando fluir as idias mais imediatasque tivessem. Como exemplo, foi citada a tcnica conhecida como tempestade deidias, na qual, da mesma forma, os participantes so estimulados a responder deforma livre, sem pensar detidamente sobre o que vo dizer.

    Dois diferentes procedimentos foram adotados no momento da coleta de da-dos: registro das respostas pelos prprios sujeitos, e pelos pesquisadores. Quandoocorreu o segundo caso, foram gravadas as respostas.

    T a b e l a 1

    Composio da amostra da pesquisa por rea de atuao

    rea de atuao Quantidade

    Autoridades dos poderes Executivo e Judicirio 19

    Jornalistas 20

    Lderes religiosos 15

    Polticos 20

    Professores 41

    Sindicalistas 12

    Total 127

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    Do total de 127 pessoas ouvidas, duas alegaram no conseguir traduzir em pa-lavras ou expresses simples a percepo que tinham sobre as ONGs, preferindo pu-lar a evocao e apenas posicionar-se em relao s assertivas, bem como justificarseu posicionamento. A contribuio dessas pessoas foi computada normalmente nes-ses procedimentos.

    Algumas pessoas lembraram-se de menos do que quatro palavras, sendo acei-ta essa possibilidade sem restries por no haver prejuzos aparentes ao tratamentoestatstico a que as respostas seriam submetidas.

    Em seguida, foi solicitado a cada sujeito que estabelecesse uma hierarquia,uma ordem de importncia em relao ao conceito de ONG, classificando como 1 aexpresso mais importante entre as que tinha citado, 2 a segunda e assim sucessiva-mente. Esse procedimento permitiu a adoo do duplo critrio de prototipicidade,isto , de definio de expresses relevantes que podem ser consideradas prottiposdo ncleo central: freqncia e ordem de evocao, recomendadas para a detecodos elementos do ncleo central da representao social (Mller, 1996).

    Aps a evocao de palavras, foram apresentadas quatro afirmaes, solici-tando-se aos respondentes que manifestassem sua concordncia ou discordncia emrelao a cada uma. As afirmaes apresentadas foram as seguintes:

    t as ONGs esto se expandindo no Brasil porque o Estado tem diminudo sua atua-o;

    t as ONGs devem ser independentes do governo;

    t deveria haver uma maior fiscalizao sobre as ONGs;

    t fundar uma ONG pode ser um meio de obteno de vantagens pessoais.

    As opes de resposta foram concordo, concordo em parte, discordo ouno sei responder.

    Finalmente, foi solicitada a apresentao de justificativas para os posiciona-mentos adotados diante das afirmaes apresentadas.

    5. Tratamento dos dados e resultados obtidos

    O tratamento dos dados segundo a tcnica de associao ou evocao livre obede-ceu aos seguintes passos: categorizao das palavras; clculo de freqncia das cate-

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    gorias; clculo da ordem mdia de evocao; e levantamento das justificativas. Osresultados so apresentados a seguir.

    A primeira operao referente ao tratamento dos dados levantados foi a cate-gorizao das palavras citadas pelos sujeitos. Foram, assim, agrupadas em categori-as as expresses similares, de modo a evitar que variantes de uma mesma evocao,com contedo semntico equivalente, fossem consideradas distintas, o que prejudica-ria a aferio da importncia da idia expressa na constituio da representao.

    Foram evocadas 295 diferentes palavras ou expresses. Destas, 29 no foramcategorizadas por terem sido citadas apenas uma vez e no serem similares a outras.Essas palavras no foram, portanto, consideradas na tabulao, mesmo porque jamaisseriam indicadas para constituir o ncleo central, dada a freqncia insignificante comque apareceram. A desconsiderao das expresses com freqncia unitria respalda-se, tambm, no argumento de que uma representao s social quando um conjuntode sujeitos a compartilha (Mller, 1996). As demais 266 foram agrupadas em 45 cate-gorias semnticas. Foram, portanto, submetidas etapa seguinte do tratamento dos da-dos, 90% das palavras evocadas.

    O trabalho de categorizao contou com a participao de trs juzes, quediscutiram com os pesquisadores o agrupamento efetuado. Foram convidadas paradesempenhar esse papel pessoas com bom conhecimento de mtodos de pesquisa,uma delas com larga experincia em trabalhos envolvendo o levantamento do n-cleo central.

    A tabela 2 apresenta um resumo dos nmeros envolvidos na pesquisa, nessaetapa.

    T a b e l a 2

    Nmeros da evocao de palavras com formadores de opinio

    Evento Quantidade

    Entrevistas realizadas 127

    Pessoas que responderam evocao de palavras 125

    Nmero total de evocaes 295

    Palavras e expresses no categorizadas 29

    Palavras e expresses agrupadas em categorias 266

    Percentual de palavras e expresses categorizadas 90

    Categorias semnticas submetidas anlise 45

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    Procedeu-se, a seguir, ao clculo da freqncia de ocorrncia das categorias,representada pelo nmero de vezes em que ela foi citada pelos sujeitos e o clculo daordem mdia de evocao (OME), que considera a posio em que a expresso evo-cada foi hierarquizada pelo entrevistado. O nmero de vezes em que cada termo foievocado e citado como o mais importante foi multiplicado por 1. A freqncia dascitaes em segundo lugar na hierarquizao foi multiplicada por 2, a de terceiro lu-gar por 3 e a de quarto lugar por 4. A OME corresponde mdia aritmtica dessesprodutos. O que a OME indica, portanto, o grau de importncia atribudo a cadaexpresso, que pode variar, no caso de serem pedidas quatro palavras, de 1,0 a 4,0.Se algum termo aparecesse em 100% das evocaes como o mais importante, a suaOME seria igual a 1,0. Caso, ao contrrio, aparecesse sempre como a menos relevan-te, sua OME seria 4,0.

    O exemplo a seguir demonstra como se deu o clculo da freqncia e da OME(categoria: ao prtica):

    t nmero de vezes em que foi evocada e hierarquizada em 1 lugar 9;

    t nmero de vezes em que foi evocada e hierarquizada em 2 lugar 2;

    t nmero de vezes em que foi evocada e hierarquizada em 3 lugar 5;

    t nmero de vezes em que foi evocada e hierarquizada em 4 lugar 3;

    t freqncia total 9 + 2 + 5 + 3 = 19;

    t OME [(9 1) + (2 2) + (5 3) + (3 4)] / 19 = 2,11.

    Nos casos em que um mesmo sujeito citou duas ou mais palavras agrupadasna mesma categoria, foram desconsideradas as que receberam menor importncia naordem hierrquica por ele estabelecida. Em conseqncia, foi revista a ordem atribu-da s demais expresses, conforme demonstrado no exemplo apresentado na tabela3.

    T a b e l a 3

    Exemplo de tratamento de respostas repetidas na mesma categoria(sujeito n 003)

    Expresso evocadaOrdem

    atribudaCategoria em que

    foi includaOrdem revista

    Dinheiro fcil 2 Picaretagem Desconsiderada

    Enganao 1 Picaretagem 1

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  • Represen tao Soc ia l de ONGs Segundo Formadores de Op in io 1149

    R A P Rio de J ane i ro 39 (5 ) :1137-59 , Se t . /Ou t . 2005

    Feitos esses ajustes, foram efetuados os clculos da freqncia e da OME decada categoria, obtendo-se os resultados expostos na tabela 4.

    Abuso de mo-de-obra 3 Picaretagem Desconsiderada

    Trabalho 4 Trabalho 2

    T a b e l a 4

    Freqncia e ordem mdia de evocao das categorias submetidas anlise

    Categoria Freqncia OME

    Ao prtica 19 2,11Ao social 27 1,89Ajuda 32 2,47Alternativa 9 2,11Amizade 6 3,33Ausncia do Estado 5 2,20Bem comum 3 3,00Carncia 5 2,20

    continua

    Categoria Freqncia OME

    Cidadania 13 2,69

    Clientelismo 4 2,00

    Competncia 4 3,50

    Compromisso 2 3,00

    Deciso 2 2,00

    Defesa de interesses 17 2,24

    Desenvolvimento 5 3,60

    Desorganizao 2 2,00

    Educao 4 3,50

    Empresa privada 5 2,80

    Entidade sem fins lucrativos 5 2,20

    Esperana 2 3,00

    Estrangeiro 6 2,50

    Fiscalizao 3 3,00

    Grupo 11 2,55

    Idealismo 8 2,38

    Independncia 8 2,00

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    R A P Rio de Jane i ro 39 (5 ) :1137-59 , Se t . /Ou t . 2005

    A partir do exame conjugado da freqncia e da ordem mdia de evocao decada categoria, foram levantados os elementos supostamente pertencentes ao ncleocentral da representao social, como foi a proposta de Pierre Vergs, lembrada porS (2002). As categorias foram agrupadas nos seguintes quadrantes:

    t superior esquerdo as que tiveram freqncia maior e OME menor do que amdia;

    t superior direito as que tiveram freqncia maior e OME maior do que a m-dia;

    t inferior direito as que tiveram freqncia menor e OME maior do que a m-dia;

    t inferior esquerdo as que tiveram freqncia menor e OME menor do que amdia.

    O resultado desse agrupamento est na tabela 5.

    Interesses particulares 2 1,50

    Meio ambiente 10 2,80

    Neoliberalismo 2 2,00

    Novidade 3 2,67

    Objetivo 6 2,33

    Oportunidade 2 4,00

    Organizao 21 2,10

    Participao 17 2,12

    Pessoas 2 1,50

    Picaretagem 15 2,07

    Poltica 9 2,89

    Pblico no-estatal 2 2,50

    Recursos 12 2,50

    Responsabilidade 5 1,80

    Sociedade 29 2,10

    Solidariedade 23 2,13

    Trabalho 15 2,53

    Unio 5 2,20

    Vida 2 3,00

    Voluntariado 11 3,00

    Mdia 8,89 2,49

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  • Represen tao Soc ia l de ONGs Segundo Formadores de Op in io 1151

    R A P Rio de J ane i ro 39 (5 ) :1137-59 , Se t . /Ou t . 2005

    So consideradas componentes do ncleo central da representao as catego-rias localizadas no quadrante superior esquerdo. A importncia dessas expressespara os sujeitos entrevistados reflete-se no elevado nmero de vezes em que foramevocadas, resultando em uma freqncia maior do que a mdia, e no alto grau de im-portncia atribudo na hierarquizao, o que fez com que a OME ficasse menor doque a mdia (S, 2002).

    As categorias situadas no quadrante inferior direito so consideradas compo-nentes do chamado sistema perifrico, no qual esto os aspectos menos rgidos da re-presentao social estudada. So idias que, embora sejam associadas pelos sujeitosao conceito de ONG, no so consideradas essenciais para o entendimento desse con-ceito, sendo mais facilmente modificveis (Madeira, 2001; S, 2002).

    Os elementos dos quadrantes restantes, superior direito e inferior esquerdo,possibilitam uma interpretao menos direta, uma vez que tratam de cognies que,apesar de no estarem compondo o ncleo central, mantm com ele uma relao deproximidade (Tura, 1997).

    As respostas obtidas receberam tratamento estatstico simples, calculando-seo percentual de incidncia de cada resposta e obtendo-se os resultados da tabela 6.

    T a b e l a 5

    Agrupamento em quadrantes das categorias submetidas anlise

    FreqnciaOrdem mdia de evocao

    Inferior a 2,49 Superior ou igual a 2,49

    Superior ou igual a 8,89 Ajuda (32)

    Sociedade (29)

    Ao social (27)

    Solidariedade (23)

    Organizao (21)

    Ao prtica (19)

    Defesa de interesses (17)

    Participao (17)

    Picaretagem (15)

    Alternativa (9)

    Trabalho (15)

    Cidadania (13)

    Recursos (12)

    Voluntariado (11)

    Grupo (11)

    Meio ambiente (10)

    Poltica (9)

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  • 1152 Sy lv ia Cons t an t Verga ra e V ic to r C lud io Pa rade la Fe r r e i r a

    R A P Rio de Jane i ro 39 (5 ) :1137-59 , Se t . /Ou t . 2005

    Inferior a 8,89 Idealismo (8)

    Independncia (8)

    Objetivo (6)

    Ausncia do Estado (5)

    Responsabilidade (5)

    Unio (5)

    Carncia (5)

    Entidade sem fins lucrativos (5)

    Clientelismo (4)

    Pessoas (2)

    Interesses particulares (2)

    Neoliberalismo (2)

    Deciso (2)

    Desorganizao (2)

    Amizade (6)

    Estrangeiro (6)

    Desenvolvimento (5)

    Empresa privada (5)

    Competncia (4)

    Educao (4)

    Bem comum (3)

    Fiscalizao (3)

    Novidade (3)

    Compromisso (2)

    Esperana (2)

    Oportunidade (2)

    Pblico no-estatal (2)

    Vida (2)

    Obs.: O nmero entre parnteses indica a freqncia com que o termo foi evocado pelo conjunto dos sujeitos.

    T a b e l a 6

    Tabulao das respostas s questes formuladas (%)

    Afirmao ConcordaramConcordaram

    em parte DiscordaramNo souberam

    responder

    1. As ONGs esto se expandindo no Brasil porque o Estado tem diminudo sua atuao 52 36 12 0

    2. As ONGs devem ser independentes do governo 72 21 6 1

    3. Deveria haver uma maior fiscalizao sobre as ONGs 65 22 10 3

    4. Fundar uma ONG pode ser um meio de obteno de vantagens pessoais 46 36 12 6

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  • Represen tao Soc ia l de ONGs Segundo Formadores de Op in io 1153

    R A P Rio de J ane i ro 39 (5 ) :1137-59 , Se t . /Ou t . 2005

    Foi depois solicitado aos sujeitos pesquisados que justificassem as respostasdadas. As justificativas apresentadas auxiliaram no somente no entendimento dasrespostas s perguntas como tambm na compreenso das expresses citadas na evo-cao de palavras.

    Diversas das justificativas apresentadas revelaram aspectos muito interessan-tes da opinio dos sujeitos participantes. Eles esto destacados a seguir.

    A respeito da primeira questo, houve uma significativa concordncia daexistncia de correlao entre a reduo da atuao do Estado e o crescimento dasONGs. Os que concordaram em parte com a afirmao apresentada ressalvaramapenas que existem outros fatores, alm desse, que justificam o crescimento dasONGs. Tambm merece ser destacado que enquanto alguns percebiam nesse pro-cesso uma usurpao indevida das atribuies estatais, outros o defendiam comopositivo, entendendo que a sociedade precisa depender menos do Estado e proversolues alternativas para seus problemas. Os que discordaram da afirmao tive-ram como principal justificativa para o seu posicionamento o entendimento de queo fortalecimento da sociedade civil organizada estaria ocorrendo independente dasituao do Estado. Alguns citaram o fato de que se trata de um fenmeno mundi-al, no estando restrito aos pases que recentemente passaram por reformas de ten-dncia neoliberal no aparato estatal.

    Na segunda afirmao tambm ocorreu, como demonstra a tabela 6, uma ex-pressiva concordncia com a sentena explicitada. A justificativa apresentada pelosque concordaram em parte foi que, embora independentes, as ONGs devem ter liber-dade para celebrar acordos e parcerias com o governo e receber recursos estatais.Mesmo entre os que responderam que concordam com a afirmao, muitos fizeramessa mesma ressalva. Nesses casos, os pesquisadores indagaram se o repasse de ver-bas no caracterizaria uma forma de dependncia. As respostas dadas a esse questio-namento foram em torno de um mesmo posicionamento: possvel o recebimento derecursos estatais por meio do estabelecimento de relaes de parcerias e no de de-pendncia. Houve, ainda, quem discordasse da afirmao, justificando que deve ha-ver um forte relacionamento entre as ONGs e o Estado, uma vez que elas tm comomisso a prestao de servios de interesse pblico.

    Os que concordaram com a terceira afirmativa justificaram sua posio com apossibilidade de ocorrncia de fraudes e mau emprego dos recursos administradospelas ONGs. Entre os que concordaram em parte, as principais restries apresenta-das fiscalizao que deve ser exercida foram que essa competncia no deveria fi-car a cargo do governo e sim dos financiadores das organizaes e que se deve tomarcuidado para que no sejam criadas dificuldades operacionais e barreiras burocrti-cas que prejudiquem o trabalho das ONGs. J aqueles que discordaram, justificaramsua posio afirmando que j existem mecanismos de controle suficientes e que acriao de novos seria desnecessria, podendo prejudicar o desempenho das organi-zaes.

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    A quarta afirmativa foi a que apresentou uma distribuio mais harmnica en-tre as alternativas de resposta. At mesmo a opo no sei responder recebeu umpercentual de escolha que pode ser considerado elevado, tendo em vista que os respon-dentes eram formadores de opinio, um pblico que costuma ter condies diferencia-das para se posicionar sobre temas de relevncia social. Entre os que marcaram aalternativa concordo, uma parte, no majoritria, afirmou que muitas ONGs estoservindo de fachada para operaes irregulares e para o enriquecimento de seus funda-dores. A maior parte dos que concordaram, como tambm a quase totalidade dos queconcordaram em parte ressalvaram que embora possam acontecer desvios essa no aregra geral, sendo a grande maioria das organizaes, idneas. Os que discordaramjustificaram sua posio afirmando que o tipo de trabalho desenvolvido eminente-mente de interesse pblico e no particular e que dificilmente algum conseguiria selocupletar custa dos recursos carreados para as ONGs, tendo em vista a dinmica detransparncia e prestao de contas que caracteriza normalmente o relacionamento en-tre elas e seus patrocinadores.

    6. Concluso

    A pesquisa objetivou identificar a representao social de ONGs segundo formadoresde opinio no municpio do Rio de Janeiro. Revelou que o ncleo central da represen-tao social de ONGs dos sujeitos pesquisados est constitudo por um conjunto de di-versas idias de conotao positiva: ajuda, sociedade, ao social, solidariedade,organizao, ao prtica, defesa de interesses, participao e alternativa, e uma ni-ca de conotao negativa: picaretagem. Essa constatao revela que a sociedade temlegitimado o crescimento das ONGs, percebendo no trabalho por elas desenvolvidocolaborao com a resoluo de problemas sociais, o que, portanto, orienta a formulaode um futuro conceito.

    O ncleo central da representao social de ONGs feita pelos formadores deopinio consultados contempla termos como ajuda e ao social, que podem serrelacionados a iniciativas de carter filantrpico, o primeiro com maior probabilidade,mas tambm o segundo. A ao filantrpica rejeitada pela maioria dos dirigentes deONGs e dos defensores da expanso desse tipo de instituio, sob a alegao de que asverdadeiras ONGs so aquelas que auxiliam a sociedade a buscar alternativas de de-senvolvimento e de superao de suas mazelas sociais. A Associao Brasileira deOrganizaes No-Governamentais (Abong), por exemplo, no aceita a filiao de en-tidades que desenvolvam trabalhos de natureza filantrpica e tem lutado pela defini-o de um marco legal que estabelea claramente a separao entre as ONGs e asentidades filantrpicas. A despeito dessa resistncia por parte de dirigentes e estudio-sos, a percepo de carter filantrpico bastante significativa, sendo o termo ajudao que foi citado com maior freqncia entre todos os apresentados, sendo lembrado

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  • Represen tao Soc ia l de ONGs Segundo Formadores de Op in io 1155

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    por mais de um quarto dos sujeitos. O termo ao social tambm ficou entre os pri-meiros em nmero de citaes.

    Os termos sociedade e organizao so de interpretao menos clara,podendo representar apenas a reafirmao de caractersticas (serem organizadas epertencerem sociedade) intrnsecas s ONGs. Sendo essas caractersticas funda-mentais de uma ONG, natural que componham o ncleo central da representa-o, mas pouco acrescentam busca de um melhor entendimento do fenmenoinvestigado.

    Solidariedade, termo com elevada freqncia de citao, possui uma conota-o bastante positiva, sendo considerado geralmente um sentimento nobre e no so-frendo as crticas que costumam ser dirigidas a outros termos como filantropia,que lembram medidas assistencialistas. Sua presena no ncleo central representamais um sinal da viso positiva que os formadores de opinio consultados mantmsobre o papel desempenhado pelas ONGs.

    A expresso ao prtica pode ser interpretada como conseqncia da per-cepo de que as ONGs so geis, como muitos respondentes manifestaram no mo-mento em que foram convidados a posicionar-se sobre as quatro alternativas citadase justificar seu posicionamento. Vrias pessoas afirmaram perceber nas ONGs umpotencial muito grande para o oferecimento de solues para os problemas sociais,uma vez que essas entidades possuem maior flexibilidade gerencial e agilidade doque o governo.

    As expresses defesa de interesses e participao podem ser interpretadas apartir de uma mesma percepo das ONGs como promotoras da democratizao dasrelaes sociais, sendo essa uma qualidade reivindicada por muitos dos dirigentes edos defensores da expanso dessas organizaes. Diversas citaes foram feitas na jus-tificativa dos posicionamentos a respeito do papel das ONGs, tal como a de serem pro-motoras de lobbies democrticos, ou seja, de articulao e busca de defesa dos direitosde setores da sociedade que no possuem muito acesso s formas tradicionais de repre-sentao poltica.

    Alternativa uma das expresses do ncleo central com significado mais am-plo. Levando-se em considerao, porm, as justificativas dos respondentes, pode-sededuzir que a percepo que levou ao seu aparecimento na evocao de palavras a deque a sociedade tem nas ONGs uma alternativa de soluo de seus problemas fora doaparato estatal. Algumas pessoas manifestaram que consideram esse processo umausurpao, por entidades privadas, de atribuies que deveriam caber ao Estado, e umaprivatizao de recursos pblicos. A maioria dos participantes, no entanto, julgou essasubstituio saudvel, entendendo que o Estado no tem condies, sozinho, de darresposta s necessidades sociais e que as ONGs podem executar vrios trabalhos commaior eficincia e eficcia.

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    A expresso picaretagem contemplou, no processo de categorizao, uma sriede palavras de conotao similar como corrupo e enganao. Embora minoritrio,o nmero de pessoas que revelou desconfiana a respeito da seriedade dos trabalhos dasONGs significativo, alcanando quase 10% da amostra. Na quase totalidade dos casos,as quatro palavras evocadas foram na mesma direo como, por exemplo, o depoimentodo sujeito 23, uma autoridade do Poder Executivo, que expressou: mquina teresa decalcular; arapucas, m gesto e bombas de suco de recursos pblicos. A maio-ria dessas pessoas manifestou, nas justificativas, crticas contundentes expanso dasONGs.

    Em resumo, a representao social de ONGs segundo formadores de opinio domunicpio do Rio de Janeiro apresenta uma viso muito favorvel do objeto enfoca-do, sendo esse, possivelmente, um dos motivos do notvel crescimento no nmerode instituies desse tipo que se verificou no apenas na cidade estudada, como emtodo o pas nas ltimas dcadas. Embora existam pessoas que mantm uma posiode forte crtica a esse fenmeno, a grande maioria favorvel continuidade dos ar-ranjos sociais que tm possibilitado a expanso das ONGs. A despeito das dennci-as de desvios de recursos e desvirtuamento da ao do Estado por entidades dessetipo que, periodicamente, so publicadas na imprensa e que j levaram constitui-o de comisses parlamentares de inqurito, a sociedade, ou ao menos seus forma-dores de opinio, parece estar apostando na legitimidade das ONGs comopromotoras do desenvolvimento social.

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