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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA VAMOS DANÇAR CIRANDA?!! ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ MARTINS-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

VAMOS DANÇAR CIRANDA?!!

ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ

MARTINS-RN

2016

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ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ.

VAMOS DANÇAR CIRANDA?!!

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do título de Licenciatura

em Pedagogia, sob a orientação da professora

Ms. Maria das Dôres da Silva Timóteo.

MARTINS-RN

2016

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VAMOS DANÇAS CIRANDA?!!

Por

ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ.

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do título de Licenciatura

em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Ms. Maria das Dôres da Silva Timóteo (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________________________

Maria Aldeiza da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________________________

PhD Valdenides Cabral de Araújo Dias

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________________________

Profª Dra. Maria Audenora das Neves Martins

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................06

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA METODOLÓGICA.......................................................07

3 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................................08

3.1 VIAGEM FASCINANTE DA MUSICA PELO BRASIL.................................................08

3.2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................14

3.3 CANTIGAS DE RODA: BELO PASSEIO PELA MAGICA HISTÓRIA DAS

CIRANDAS DO MEU BRASIL..............................................................................................16

3.4 AS CANTIGAS DE RODA: IMPORTANCIA.................................................................19

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................23

5 REFERÊNCIAS....................................................................................................................25

6 ANEXOS...............................................................................................................................27

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VAMOS DANÇAR CIRANDA?!!

Allyne Kristhina dos Santos Queiroz.

Pós-graduada em Educação ambiental e geografia do semiárido pelo IFRN/EAD, Tecnóloga em Gestão

Ambiental pelo IFRN/EAD e graduanda em Pedagogia –pela UFRN/EAD.

RESUMO

Levada pelo brilho que reflete e encanta os corações de quem escuta, canta e dança uma

ciranda, este trabalho foi feito com o intuito de revelar a importância das cantigas de roda,

tendo como eixo norteador a música na educação infantil. Quer-se, no embalo remanescente

das melodias aqui reveladas, objetivar o resgate das cantigas de roda apresentando as

contribuições didáticas e pedagógicas que as mesmas poderão proporcionar à Educação

Infantil. Para isso foi necessário a realização de pesquisa descritiva, qualitativa e

bibliográfica, tendo como referência alguns autores como: ALENCAR (2010), BASTIAN

(2011), BRASIL (2001), BRITO (2003), CASCUDO (2001), CÂMARA (2012 ) MARTINS

(2012), MOSCA (2009) PIAGET (2007) entre outros. Sinta-se, convidado, a fazer um passeio

pela história da música que compõe o Cancioneiro Popular Brasileiro, tendo como ênfase, as

cirandas brasileiras e suas contribuições para o Ensino na Educação Infantil, assim como, a

conhecer a revitalização da chamada “música pura” do músico brasileiro Heitor Villa-Lobos,

que iniciou um grande projeto de Educação Musical para o Brasil. Na ocasião terá a

oportunidade de conhecer brevemente a essência e magnitude da música na vida das pessoas,

antes mesmo dessas virem ao mundo.

Palavras-chave: Música. Educação Infantil. Cantigas de Roda

ABSTRACT

Moved by the brilliance that reflects and delights the hearts of those who listen, sings and

dances a ciranda ( circle dance song) , this work was done in order to reveal the importance

of music, with the guiding principle of the circle dance song in early childhood education. But

I want the remaining lulling melodies here revealed, objectify the redemption of pedagogical

educational contributions of circle dance song for children's education and become a reference

for the Brazilian children's education. This required the realization of descriptive, qualitative

and literature, having as reference some authors as ALENCAR (2010), BASTIAN (2011),

BRAZIL (2001), BRITO (2003), Krab (2001), CAMARA (2012) MARTINS (2012), FLY

(2009) Piaget (2007) and others. You are feel, therefore, invited my dear reader, to do a walk

through the history of music, with the emphasis, Brazilian cirandas and his contributions to

early childhood education. At the time you have the opportunity to briefly know the essence

and magnitude of music in people's lives, even before these come into the world.

KEYWORDS: Music, Childhood Education . nursery rhymes.

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Oh, Cirandeiro

Oh, cirandeiro

Cirandeiro, ok,

A pedra do seu anel

Brilha mais

Do que o sol.

...

Luíz Gonzaga, 2016

Para um bom começo de conversa, inicio dizendo que, existe nas músicas porções de

conhecimentos e prazeres que são benéficos para os seres humanos e que estes conhecimentos

e prazeres se fazem presente na nossa vida mesmo antes de nascer, começando, pois, no útero

materno.

As cantigas de roda surgem, neste contexto como um referencial a ser trabalhado na

Educação Infantil, pois as cirandas são exemplos dessas músicas que acompanharam nossas

vidas até os dias atuais. A questão é que não se vê mais as cantigas de roda, hoje, com a

essência e beleza com as quais estas eram vistas em tempos passados. O desfrute e gosto

pelas cirandas do nosso país já não é mais o mesmo.

Atualmente, podemos ver de forma nítida e natural a invasão das novas músicas que

atraem de forma harmônica e viciante as crianças. Tais músicas invadem a vida das crianças,

através dos meios tecnológicos. Geralmente essas músicas são aquelas que estão na mídia. As

crianças são tão atraídas por estes tipos de músicas que ficam o dia inteiro cantando o refrão.

Ao tomar conhecimento dessa realidade as cantigas de roda não podem perder sua

magnitude, uma vez que, segundo Alencar (2010, p. 111).

As cantigas-de-roda integram o conjunto das canções anônimas que fazem parte da

cultura espontânea, decorrente da experiência de vida de qualquer coletividade

humana e se dão numa sequência natural e harmônica com o desenvolvimento

humano.

Sabendo, pois, que as cantigas de roda são de grande importância quando inseridas na

Educação Infantil, essa pesquisa tem como objetivo analisar a importância da música na

Educação Infantil, resgatar as contribuições didáticas e pedagógicas das cantigas de roda para

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a Educação Infantil, apresentar as cantigas de roda como suporte teórico para os professores

de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIS).

2 ABORDAGEM TEÓRICA METODOLÓGICA

Ciranda Potiguar

Esta ciranda que não é só minha

Esta ciranda é do povo potiguar

Esta ciranda que não é só minha

Nascida em Pernambuco,

Mas agora é potiguar.

...

Dorinha Timóteo

CÂMARA, 2016

Para se ter um melhor entendimento sobre as partes estruturantes que caracteriza esta

pesquisa, farei uso de noções introdutórias que infere em classificar este trabalho quanto: á

natureza, aos objetivos, aos procedimentos e ao objeto.

Quanto à natureza, esta pesquisa segundo Andrade (2010, p.111) se classifica como:

“O resumo de assunto, que é um tipo de pesquisa que dispensa a originalidade, mas não o

rigor cientifico. Trata-se de pesquisa fundamentada em trabalhos mais avançados, publicados

por autoridades no assunto, e que não se limita á simples cópia de ideias”.

No que tange aos objetivos podemos classificar esta como sendo do tipo exploratória,

uma vez que, esta se submeteu a exploração de fontes importantes que fundamentaram este

trabalho. Segundo Andrade (2010, p. 112): A pesquisa Exploratória é o primeiro passo de

todo trabalho cientifico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando

bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assuntos.

No que diz respeito aos procedimentos e ao objeto, esta pesquisa se caracteriza como

bibliográfica, pois durante sua formulação, foram feito o uso de fontes contidas em livros,

artigos, teses, entre outros. “A pesquisa bibliográfica, ou de fonte secundárias, abrange toda

bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,

boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.”

Lakatos, (2010, p.166).

As ideias desenvolvidas, no corpus desta pesquisa, foram fundamentadas

principalmente em Mosca (2009, p. 12) que diz que a música: “organiza nossos passos e

busca a ordem entre o homem e o tempo”. Em Cascudo (2012, p.7) que nos presenteia com

importantes abordagens sobre a literatura Oral no Brasil, o mesmo, “Cantou, dançou, viveu

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como todos os outros meninos sertanejos do tempo dele e vizinhanças, sem saber da

existência de outro canto, outra dança, outra vida”. Euzebio e Ribeiro ( 2013), no que diz

respeito a historia das cirandas no Brasil, dialogamos com Martins (2012), que nos apresenta

o estético e o poético e as ideias que retratam a importância das cirandas na Educação Infantil,

além dançarmos com o texto Brasil (2001), que está presente em várias discussões

apresentadas neste trabalho. Esta é uma mágica viagem em torno da história das cirandas e

cantigas de roda do cancioneiro popular, veja pois as coordenadas que começa por um breve

mergulho na história da música brasileira, depois segue para um passeio que vai mostrar as

belezas que a música pode proporcionar à Educação Infantil.

Pronto! Chegando a essa praia, dance as cirandas da sua meninice, cante, gire e

mergulhe embalado pelas mãos de CASCUDO nas cantigas do nosso lugar, nas cirandas de

nosso Brasil, nas cirandas que nunca param de embalar a nossa alma.

Venha; cante, dance e brinque com as cirandas que embalam sua vida!

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Viagem Fascinante da Música pelo Brasil

Ciranda Cirandinha

Ciranda, cirandinha

Vamos todos cirandar

Vamos dar a meia volta

Volta e meia vamos dar

O anel que tu me destes

Era de vidro e se quebrou

O amor que tu me tinhas

Era pouco e se acabou

Por isso, dona Rosa

Entre dentro desta roda

Diga um verso bem bonito

Dia adeus e vá se embora.

Cancioneiro Popular

Ao fazer uma breve viagem pelas histórias da música brasileira veremos que ela surge

junto com as primeiras civilizações, sofrendo em seguida influências dos povos que ali

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chegaram como, por exemplo, os Portugueses. A música era fator determinante em várias

comunidades sendo, porém, utilizada pelos índios e negros, em quase todos os rituais.

Contribuindo para esta volta dada pela ciranda, Mosca (2009, p. 13) diz:

Foram os portugueses que faziam parte da caravana do descobrimento, pelo registro

de Pero Vaz de Caminha, as primeiras testemunhas da música brasileira. O homem –

social e ritualístico – se utiliza de música enquanto linguagem desde os mais

primórdios tempos. A música é a nossa mais antiga forma de expressão.

Ao chegar em terras brasileiras, os portugueses se deparam com povos de culturas

diferente da deles, sendo, porém, rotulados como selvagens e ignorantes. Para se ter um

possível contato com esses povos, os portugueses introduziram degredados que ofereciam

objetos como machadinhas, vestimentas entre outros, que os indígenas não conheciam, em

troca do trabalho desses povos nativos que eram destinados a coleta de produtos das terras. A

partir desse contato começou a haver uma interação entre ambas as culturas permitindo que

estas fossem influenciadas umas pelas outras. Esta interação se intensifica durante a

colonização do Brasil, com a catequização dos índios, promovida pelos jesuítas trazidos para

as terras brasileiras pelos portugueses com o objetivo de evangelizar, catequizar e tornar

cristãos os indígenas que habitavam estas terras. Começa então a surgir as primeiras

iniciativas voltadas para a educação musical, tendo como ênfase o canto e a dança cristã.

Assim sendo, por volta do século XIX a educação formal da música estava

diretamente vinculada à Igreja. Aqueles que não tinham acesso a essa educação como, os

escravos que foram libertados com a abolição da escravatura e o povo que morava nas

periferias improvisavam sua maneira de fazer música. Ao redor de fogueiras, em cultos

religiosos, em cerimônias e em outras ocasiões os povos desta época cantavam e dançavam de

forma coletiva, entregando-se completamente, ao som que se tocava. Era como se o canto e a

dança fosse um componente indispensável para a vida desses povos.

O som que se tocava saía dos mais variados instrumentos que eram fabricados por eles

mesmos como: flautas feitas de ossos, tambores, chocalhos e entre outros. O canto

acompanhado de gritos, palmas e batidas de pés entoavam a música, embalando e levando

todos que estavam dentro e fora da roda a dançar e brincar com alegria. Contribuindo para

esta discussão Mosca, (2009, p.18), vem dizer que:

Os escravos libertos, o povo que morava nas periferias e tantos outros, que não

recebiam educação musical formal, continuavam a brincar de música. Em suas

cirandas, eram grupos que vivenciavam a música em sua plenitude, pelo fazer

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coletivo, no compartilhar conhecimentos, no produzir música para seu deleite e

prazer, afinal podemos aprender música na alegria, no fazer, no compartilhar!.

Como mostra a autora os povos de antigamente viviam a música em sua total

plenitude, pelo prazer, por meio de formas compartilhadas de se fazer e produzir música. Sem

que houvesse nenhum tipo de exclusão, a música nesses grupos, era produzida e vivida de

forma coletiva, de modo, que todos poderiam se envolver na brincadeira, seja através da

promoção do evento musical, seja através de sua participação ou qualquer envolvimento

ligado a realização do canto e da dança.

Com o tempo essa realidade se transforma em uma prática excludente e individual

deixando de ser um ato compartilhado e pleno. “Se a música faz parte da vida dos brasileiros

desde sempre, não foi assim com a educação musical” (Mosca, 2009, p.19). Segundo a mesma

Apud in Fonterrada (2005, p.194), “somente no ano de 1854 foi instituída oficialmente o

ensino da música nas escolas públicas brasileiras, por um decreto que ditava que o ensino

deveria se processar em dois níveis: „noções de músicas‟ e „exercício de canto”. [Grifo no

Original]

Isso só comprova a prática excludente dos métodos educativos com relação a

educação formal da música no Brasil, gerando, pois, discussões e descontentamento das

pessoas interessadas em compartilhar e viver a música de forma coletiva.

Tomando como base as afirmações de Mosca (2009, p.20), “O Brasil da década

de 1920 começavam a soprar novos ventos em direção á valorização da cultura do povo, do

folclore, da música popular, especialmente, da função social da música”. É nesse momento,

que a literatura oral do Brasil, começa a ganhar notoriedade.

A literatura oral no Brasil é caracterizada a partir de duas correntes. A primeira se

caracteriza de forma exclusivamente oral trazendo em sua essência as danças de roda, danças

cantadas, cantos popular, cantigas de embalar e entre outros. Já á segunda corrente vem

representada pela literatura, onde antigos livros literários como: Teodora , Imperatriz Porcina,

Princesa Magalona e entre outros, se tornaram convergências de motivos literários. Segundo

Cascudo (2012, p.13):

Duas fontes contínuas mantêm viva a corrente. Uma exclusivamente oral, resume-se

na estória, no canto popular e tradicional, nas danças de roda, danças cantadas,

danças de divertimento coletivo, ronda e jogos infantis, cantigas de embalar

(acalantos), nas estrofes das velhas xácaras e romances portugueses com solfas, nas

músicas anônimas, nos aboios, anedotas, adivinhações, lendas, etc. A outra fonte é

reimpressão dos antigos livrinhos, vindos de Espanha ou de Portugal e que são

convergências de motivos literários dos séculos XIII, XIV, XV, XVI, Donzela

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Teodora, Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, João de Calais, Carlos Magno e os

Doze Pares de França, além da produção contemporânea pelos antigos processos de

versificação popularizada, fixando assuntos da época, guerras, política, sátira,

estórias de animais, fábulas, ciclo do gado, caça, amores, incluindo a poetização de

trechos de romances famosos tornados conhecidos, Escrava Isaura, Romeu e Julieta,

ou mesmo criações no gênero sentimental, com o aproveitamento de cenas ou

períodos de outros folhetos esquecidos em seu conjunto.

Caracterizada pela oralidade, a literatura oral foi feita para o canto, para a declamação

e para a leitura em voz alta. Apropriada e adaptada por vários povos do sertão nordestino, a

literatura oral foi absorvida ao modo do improviso, versos, práticas poéticas e etc. A literatura

oral, como vemos, está presente em várias culturas de diferentes maneiras sempre entoada

pela oralidade que se traduz na dança, no canto, na fala, na alegria e na nostalgia que toma

conta da pessoa que mergulha nas teias tecidas pela literatura oral brasileira.

Se prestarmos bastante atenção, veremos que a literatura oral está sempre a nos

acompanhar no descompasso e imediato processo de construção de nossas vidas, começando

mesmo antes de nascermos, no ventre materno, e continuando com a repercussão de várias

interferências culturais, se fazendo, pois, presente na escola, nas comemorações, nas crenças,

nos costumes e etc.

Em meio a este contexto, surgem a partir de ideais nacionalistas compositores

modernistas dispostos a colaborar para revitalizar a “musica pura”. Entre estes destaca-se,

Heitor Villa-Lobos que, apoiado por Getúlio Vargas, inicia um grande projeto de educação

Musical para o Brasil. Este projeto diz respeito ao movimento orfeônico. (Mosca, 2009).

Durante o governo de Getúlio Vargas, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e

Heitor Villa-Lobos, considerado na época o grandioso gênio da música brasileira, foi indicado

a dar sua contribuição e colocar em prática um dos seus maiores desejos, o de promoção da

educação artística aos jovens e o de levar a toda população os grandes Concertos Musicais.

Heitor Villa-Lobos tinha como objetivo, em seu projeto, fazer com que todo o Brasil

cantasse. Nas escolas o autor desejava que a música fosse fator importante na organização do

estudante, tendo como principal elemento de estudo o cantar, a musicalização por meio do

canto, para tanto, disponibilizou, aos professores um Guia Prático para a condução do

trabalho em Educação Musical. Através do seu projeto, Villa-Lobos conseguiu instituir o

ensino obrigatório de música nas escolas, uma vez que a música não acontecia, ainda, de

forma sistematizada, nas escolas brasileiras.

Continuando com a mesma autora, temos a seguinte informação:

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A proposta de Villa-Lobos com o canto orfeônico era também a de promover o

civismo e a disciplina, onde a música era utilizada como fonte de organização do

estudante. Seu projeto pedagógico-musical abraçava como elemento de estudo o

cantar-musicalização por meio do canto, tendo no Guia Prático a condução do

trabalho para os professores. Revelando a preocupação do compositor acerca da

importância da música no âmbito escolar, seu projeto de educação musical pretendia

levar música a todas as escolas do país. A partir de seu projeto foi instituído o ensino

obrigatório de música nas escolas. (Mosca, 2009. P.21).

A contribuição dada por Villa-Lobos para a inserção da música na educação é

inegável, porém, é uma pena saber que o ensino da música nas escolas se baseava na

educação jesuítica, quando, por meio do canto orfeônico iria render às crianças e impor

seleção de bons cantores. O trabalho era feito sem nenhuma contextualização, sem sentido e

sem significado para o educando. As crianças não podiam compartilhar de suas experiências

com relação à música, sendo, porém, submetidas somente a transmissão do culto à “música

pura”. Isso favorecia à desvalorização das brincadeiras de rua, pois eram, nestas brincadeiras,

que encontrava-se as músicas consideradas não puras. Mosca (2009), para acirrar mais ainda

esta discussão diz o seguinte:

Neste descompasso, de aprendizagem musical, por meio do canto, as brincadeiras de

rua não eram valorizadas no canto folclórico, as experiências musicais das crianças

não eram levadas em conta, e julgava-se que desta forma todos poderiam receber

uma educação musical denominada elevada, no culto à música pura (tradição erudita

e folclore), em detrimento da música corrompida (a popular urbana comercial).

(MOSCA, 2009. p,22). [ Grifo no Original]

O canto orfeônico lá pela década de 1960 foi substituído pela educação musical que se

utilizou, quase que das mesmas técnicas e objetivos do projeto inicial de Heitor Villa-Lobos,

era realizado de forma fragmentada, sem considerar as vivências dos alunos e não conseguiu

abranger todas as escolas públicas e privadas brasileiras. Baseava-se, principalmente, no

civismo e na seleção dos educandos.

Em 1971 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei

LDB n0 5692/71 que extinguiu a disciplina educação musical, que foi substituída pela a

atividade de educação artística, esta substituição proporcionou algumas inquietações nas salas

de aulas, pois para ser professor de música, o professor tinha que ser licenciado em educação

artística e ainda dominar outras áreas estabelecidas pela LDB. Veja o que diz os Parâmetros

Curriculares Nacionais de 2001:

Em 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no

currículo escolar com o titulo de Educação Artística, mas é considerada “atividade

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educativa” e não disciplina. A introdução da educação Artística no currículo escolar

foi um avanço, principalmente se se considerar que houve um entendimento em

relação á arte na formação dos indivíduos, seguindo os ditames de um pensamento

renovador. No entanto, o resultado dessa proposição foi contraditório e paradoxal.

Muitos professores não estavam habilitados e, menos ainda, preparados para o

domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no conjunto das atividades

artísticais (Artes Plásticas, Educação Musical, Artes Cênicas). (BRASIL, 2001.

P:28).

A educação musical segue, porém, em meio a este descompasso com dificuldades bem

relevantes no ensino-aprendizagem. Os professores tiveram que desempenhar funções que, na

maioria das vezes não era de origem deles, tendo, pois, que se desenrolar para atender aos

objetivos que se almejava alcançar na educação por meio da atividade de educação artística.

Uma das principais dificuldades encontrada, na disciplina de Educação Artística ,enfrentada

pelos professores estava relacionada à relação entre teoria e prática. Como eles não tinham um

referencial a seguir acabavam, por seguir, o método espontâneo e expressivo para ensinar

artes plásticas, dança, música etc.

A espontaneidade traz a tona à ação de fazer por fazer, onde não se pensa para fazer e

não leva em consideração o outro. Em outras palavras, podemos dizer que as práticas de

ensino realizadas pelos docentes de Educação Artística foram transferidas e aplicadas sem

sentido e significado para o aluno, não levando em consideração a capacidade do aluno de

auto se desenvolver. Conforme Brasil, (2001. p.29):

Pode-se dizer que nos anos 70, do ponto de vista da arte, em seu ensino e

aprendizagem foram mantidas as decisões curriculares oriundas do ideário do inicio

a meados do século 20 (marcadamente tradicional e escolanovista), com ênfase,

respectivamente, na aprendizagem reprodutiva e no fazer expressivo dos alunos.

(BRASIL, 2001).

Descontentados com este tipo de aprendizagem surge movimentos em busca da

valorização e aprimoramento dos professores, com relação ao ensino-aprendizagem da

Educação Artística. Um dos movimentos que ganhou notoriedade no cenário brasileiro foi o

Movimento Arte-Educação, “multiplicando-se no país por meio de encontros e eventos

promovidos por universidades, associações de arte-educadores, entidades públicas e

particulares, com o intuito de rever e propor novos andamentos á ação educativa em arte”.

(BRASIL, 2001.p.30).

Os encontros e eventos deste movimento contribuíram para a geração de novas ideias

e metodologias com relação ao ensino de arte no Brasil, culminando na, aprovação da Lei

9.394/96 estabelecendo que o ensino de arte seja componente curricular obrigatório, nos

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diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos

alunos.

É com esta imagem que a arte passa a ser vivenciada na educação no Brasil, com o

propósito de incluir em seu currículo conteúdos próprios ligados à cultura artística e não

apenas como atividades.

3.2 A Música Na Educação Infantil;

Se essa rua, se essa rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante.

Para o meu, para o meu amor passar.

Cancioneiro popular

A música se faz presente em nossas vidas desde o útero materno, por meio dos

barulhos internos produzidos pelo corpo da mãe e também através de sons externos que o

bebê vai conseguindo escutar ao longo da gravidez como, a voz da mãe. Em seguida, depois

que os bebês nascem, os pais começam a emitir sons de acalanto para tentar acalmar a criança

como: A a a aa, Um. Um. Ummmmm entre outros. Depois começa a surgir outros sons

representados pelas músicas infantis como: Boi da cara preta, nesta rua, ciranda cirandinha, o

cravo e a rosa e etc. Os cantos e acalantos variam de acordo com a cultura da região, cada um

segue os seus ritmos e melodias. Em concordância com esse assunto, Brito (2003, p. 35) nos

diz que:

O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa antes mesmo do

nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem com o ambiente de sons

provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a

movimentação dos intestinos. A voz materna também constitui material sonoro

especial e referência afetiva para eles.

Hoje se observarmos no nosso meio social, vamos perceber que as referências

musicais tem se modificado através da forte influência dos meios tecnológicos de

comunicações. Vimos, pois, as tradicionais músicas infantis, como as cantigas de roda, serem

substituídas pelas canções que circulam pelas rádios, emissoras de TV, redes sociais entre

outros. Cabe aqui citar o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (1998, p.

21):

A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma

organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada

cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo

meio social em que se desenvolve, mas também o marca.

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Ao confrontarmos esta realidade com a iniciativa de se trabalhar alguns tipos

específicos de música na Educação Infantil como, as cantigas de roda, temos que levar em

consideração a diversidade de referências e gostos musicais que os educandos trazem consigo

desde seu nascimento. Por meio do conhecimento das preferências musicais podemos ir

adaptando e inserindo outras fontes musicais que sejam significativas para seu

desenvolvimento pessoal e, também, para o desenrolar das atividades realizadas dentro e fora

das salas de aula. Segundo o Referencial Curricular, (1998, p. 33):

É, portanto, função do professor considerar, como ponto de partida para sua ação

educativa, os conhecimentos que as crianças possuem, advindos das mais variadas

experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas. Detectar os

conhecimentos prévios das crianças não é uma tarefa fácil. Implica que o professor

estabeleça estratégias didáticas para fazê-lo. Quanto menores são as crianças, mais

difícil é a explicitação de tais conhecimentos, uma vez que elas não se comunicam

verbalmente. A observação acurada das crianças é um instrumento essencial nesse

processo. Os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as

brincadeiras e toda forma de expressão, representação e comunicação devem ser

consideradas como fonte de conhecimento para o professor sobre o que a criança já

sabe.

Seguindo com esta visão, o aluno irá auto-desenvolver-se, de maneira a agir de forma

crítica, podendo ele mesmo identificar e avaliar seu próprio gosto musical e o dos outros.

Assim, o professor proporcionará, ao aluno, a oportunidade de se apropriar de outros tipos de

músicas.

Como somos seres harmonizados à música desde a fase uterina, a musicalidade poderá

facilitar e promover boas práticas na Educação Infantil. Sabemos que, boa parte do tempo das

crianças, é destinado às brincadeiras que, de fato são atividades necessárias para o

desenvolvimento das crianças. Pereira (2002, p. 90-91) cita que as brincadeiras:

[...] Possibilita a quem as vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro,

momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de

autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar o outro,

momentos de vida, de expressividade.

Diante da amplitude dos benefícios de quem brinca, essas vivencias podem e devem

ser concebidas nas salas de aula de Educação Infantil, promovendo para os educandos a

possibilidade de vivenciar estes momentos ricos em conhecimentos e repletos da mágica

alegria que surge no emaranhado dos pensamentos que se criam no tempo e no espaço no

instante que se inicia uma brincadeira.

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Sabemos também que essas brincadeiras englobam uma série de atividades como:

cantar, dançar, brincar de faz de conta entre outros. Então, como não inserir a música na vida

das crianças?

Brito (2003, p. 35), em seu livro Música na Educação Infantil, diz que “a criança é um

ser „brincante‟ e, brincando, faz música, pois assim se relaciona com o mundo que descobre a

cada dia.”. Na educação esta realidade não pode ser diferente, uma vez que a música

contribuirá para o desenvolvimento, psicológico, critico e social do aluno. Bastian, (2011) em

seu trabalho de pesquisa sobre a importância da música como disciplina escolar e meio para o

desenvolvimento da identidade dos estudantes, afirma que:

Os dados dos estudos comprovam sobeja e, inconfundivelmente que a prática ativa

da música (em conjunto ou até mesmo solistamente), com seu potencial capaz de

despertar emoções, está apta a mitigar os conflitos da juventude, a melhor controlar

os sentimentos de agressividade, de desconfiança e de autoinsegurança, além de

aumentar e apoiar o crescente esforço por autonomia. (BASTIAN, 2011, p. 72).

Ate aqui podemos considerar que a música é fator presente e indissociável da vida de

qualquer pessoa, visto que esta se faz presente em nossas vidas, desde a fase uterina, que, ao

ser inserida na Educação Infantil, poderá favorecer para o bom desenvolvimento do educando

que integra em sua essência fatores, sociais, motores, psicológicos e críticos.

Assim, acreditando na força e transformação que a música proporciona á vida de

cada um de nós: cantemos e dancemos, juntos, as cirandas da vida!

3.3 Cantigas de Roda: Um Belo Passeio Pela Mágica História das Cirandas do Meu

Brasil

Meu Boi É bonito

Meu é bonito

Meu Boi sabe dançar

Meu Boi é generoso

Educado, secular

Meu Boi vem de bem longe

Mas agora ele é daqui

Dança, dança meu Boi

É você quem manda aqui

Dança pro teu povo brincar!

Dança e canta o teu folguedo

Pois contigo quero dançar

Hoje é dia de festa

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O Boi anima o terreiro

Colorido, lantejoula, chitão

Meu Boi é só animação.

Dorinha Timóteo

CÂMARA, 2016

As cantigas de roda surgiram entre os povos antigos em meio às festas e celebrações.

Sua origem veio da Europa, principalmente, da Espanha e de Portugal. Atualmente, essa

realidade nem é notada, visto que, as cirandas se infiltraram ao folclore brasileiro

apresentando o retrato do país e se tornando de extrema importância para a cultura local

brasileira.

As cirandas, nome dado às cantigas de roda, é uma metáfora escolhida para dá nome

às canções cantadas em círculo, enquanto todos se dão as mãos e seguem o mesmo ritmo

brincante. Mosca (2009, p. 09), afirma que; “O homem dança e se reúne circularmente em

seus rituais, reuniões e festividades. As cirandas brincam em círculo, e em círculo podemos

nos encontrar com todo o grupo e, olho no olho, catarmos e dançarmos juntos.”

As cantigas de roda chegam ao Brasil em Pernambuco nos litorais, através de

movimentos circulares realizados nas danças pelos índios e negros. Mosca (2009, p.10) diz

que: “A circularidade das danças acompanha o povo nordestino e na beira das praias se

dançava em volta das fogueiras, sob a luz da lua”.

As cirandas cantadas e contadas revelam em sua essência características da cultura de

um povo, onde podemos identificar as crenças, os acostumes, s brincadeiras, a paisagem, os

mitos, s lendas, as tradições, os romances e outros. Assim, a oralidade vai passeando pelos

lugares e tempos e se revestindo da cor local, como cita Cascudo (2001, P. 240):

O folclore inclui nos objetos e fórmulas populares uma quarta dimensão sensível ao

seu ambiente, porém não há como identificar os compositores das cantigas de roda,

já que elas não têm sua autoria identificada e, são continuamente, modificadas,

adaptando-se à realidade do grupo de pessoas que as cantam. Contudo, é preciso

notar que em vários pontos do País, as crianças já se apropriaram de toadas locais

para as suas rodas, cantando-as, porém, com um caráter próprio.

As cirandas podem estar presentes em todos os lugares, mas com melodia e ritmo

equivalentes à cultura local, pois estas são como diz o ditado popular brasileiro: “aumentadas

e não inventadas”. Essa mudança acontece devido às culturas dos povos serem diferentes,

fazendo com que cada grupo adapte suas cirandas a seus costumes, além de estarem,

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originalmente, ligadas à oralidade e ao prazer, sem ter, o brincante, a preocupação com a letra

da música.

Atualmente, não vemos mais com frequência aquelas rodas de criança, cantando e

dançando as belas cirandas do nosso Brasil, com tamanha alegria e satisfação que uma

simples canção lhe tomava todo o tempo e atenção. Em meio a este mundo cheio de novas

tecnologias fica até difícil falar das alegres cantigas de roda, mas elas estão aí, um pouco

diminuídas, mas estão, basta que busquemos e vivamos suas magias e alegrias que podem ser

resumidas em um simples cantar e dançar.

E Cascudo (2001, p.102, apud EUZÉBIO & RIBEIRO, 2013, p. 21) diz que: “[...]

Essas melodias passam de geração em geração, entoadas pelos adultos ajudam a entreter,

embalar e fazer adormecer as crianças. Hoje em dia, elas não são tão presentes na realidade

infantil como antigamente”.

Podemos dizer que as cirandas se constituem através das cantigas populares criadas a

partir da cultura de um povo, estando relacionadas, diretamente as brincadeiras de roda, onde

todos os participantes da brincadeira de roda dão as mãos se igualando a um só nível para

cantar e dançar uma determinada canção.

Conforme Euzébio e Ribeiro (2013, p. 21),

As cantigas de roda nada mais são do que um ritmo de canção popular que está

diretamente relacionada com as brincadeiras de roda. A prática é comum em todo o

Brasil e tem caráter folclórico brasileiro. Tais cantigas de roda consistem em formar

um grupo com várias crianças, dar as mãos e cantar músicas com características

próprias.

O momento em que as crianças se juntam para brincar de cirandas é um momento

mágico. Elas vão se entregando aos poucos aos encantos e embalos da música,

proporcionando um momento prazeroso, em que, paralelamente, há um desenvolvimento

pessoal, cultural e social, alem do desenvolvimento de habilidades psicomotoras.

Na música podemos ser felizes, esquecendo os sentimentos tristes que, por vezes, faz

parte da vida humana. Brincando e cantando uma canção o mundo fica mais divertido e a

diversão hoje em dia é fator essencial para o desenvolvimento do ser. Assim é importante que

as crianças, tenham um tempo reservado às brincadeiras. Desse modo, é muito valioso levar o

brilho e a essência das belas cirandas brasileiras, que, antigamente, com frequência alegrava a

todos nós. Então, vamos dançar ciranda:

“O Cravo brigou com a rosa.

Debaixo de uma sacada

O Cravo ficou ferido

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E a Rosa despedaçada

O Cravo ficou doente

A Rosa foi visitar

O Cravo teve um desmaio

A Rosa pôs-se a chorar”

Cancioneiro Popular

3.4 A Importância das Cantigas de Roda

Terezinha de Jesus

Terezinha de Jesus de uma queda

Foi-se ao chão

Acudiram três cavalheiros

Todos de chapéu na mão

O primeiro foi seu pai

O segundo o seu irmão

O terceiro foi aquele

A quem a Tereza deu a mão.

Cancioneiro popular

Ao serem inseridas na Educação infantil, as crianças se deparam com o novo, antes

desconhecido por elas, aonde irão, aos poucos, assimilar conhecimentos e se adaptar a esse

novo espaço que passará a frequentar. Esses conhecimentos serão, pois, mediados pelos

professores com o objetivo de desenvolver nos educandos a capacidade do

autodesenvolvimento. As atividades lúdicas se constituem numa excelente oportunidade a ser

trabalhada na educação infantil.

As crianças brincam, a maior parte do dia e essa atividade, a partir de estudos

realizados, tem demostrado ser uma ação fundamental e indispensável para a vida da criança.

Assim sendo, as cantigas de roda se tornam de grande importância para os trabalhos

realizados na Educação Infantil.

Martins (2012, p.68) colabora ao informar que:

As crianças, na fase da educação infantil, têm no espaço escolar, um fator de

igualdade, de oportunidades para as aprendizagens cognitivas e as cantigas de roda

possibilitam a articulação de várias linguagens: oral, gestual, corporal, musical, cada

linguagem com suas potencialidades lúdicas, além das várias possibilidades de fazer

relações.

Sabemos que ensinar/aprender brincando torna a aprendizagem prazerosa e com

significado para aquele que aprende. Não adianta se prender a métodos e pensamentos

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tradicionais de ensino. O aluno não é aquele ser pronto para ser moldado para determinados

fins impostos pelos professores. O aluno alguém, que está sempre abeto ao aprendizado. Para

Piaget (2007, p. 1):

O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas

internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas

características preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças á

mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas.

O professor por sua vez tem que reconhecer esta realidade e buscar adaptar-se às

necessidades dos alunos, buscando sempre novos métodos de ensino que vá de acordo com o

perfil de cada educando.

Como afirma Martins (2012, p.68) na fase em que as crianças são inseridas na

educação infantil: “A criança que tem acesso à educação infantil, chega à escola cientista e

poeta. Tudo questiona tudo quer saber, é a fase dos porquês. Por que o sol é amarelo? Quem

colocou sal na água do mar? Por que a lua me segue? ”

O mundo da criança é mesmo uma fantasia, onde além dos porquês, o faz-de- conta se

faz presente também em quase todas as suas brincadeiras, proporcionando a capacidade da

criança se conhecer e apreciar as coisas que quer entender do mundo no qual estão inseridas.

É comum vermos meninas brincar de ser mamãe e meninos de ser o papai e dentre outros

fictícios papéis imaginários criados por estas crianças. Isto, porém, é uma forma de descobrir

as coisas e aprender a lhe dar com elas. Entre as brincadeiras posso aqui citar as cantigas de

roda, que tem caráter lúdico poético, favorecendo para aquele que brinca a descoberta de

vários questionamentos, abertura para momentos alegres, dramáticos, fictícios, afetivos,

tristes e etc.

Seguindo com os pensamentos da mesma autora temos a seguinte informação:

A escola, que deveria ser mais prazerosa para a criança, pois a recebe na fase em que

o seu desenvolvimento precisa ser mais estimulado devido às funções psicológicas

estarem propícias às novas aquisições, nega-lhe o acesso às cantigas de roda. Os

argumentos já sistematizados sobre o valor das cantigas de roda como poesia e

poema e o seu potencial estético e poético são suficientes para justificar a sua

utilização na educação infantil. (MARTINS, 2012.p.68).

O acesso negado às cantigas de roda na educação infantil e nas séries iniciais

distancia, as crianças, da cultura, deixando de lado aprendizados importantes que se faz

presente nas cirandas como, por exemplo, a contribuição para um melhor desenvolvimento da

socialização e linguagem da criança. A socialização e a linguagem é uma etapa bastante

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importante a ser trabalhada na primeira infância, pois a criança está em um processo de

adaptação e descoberta do mundo a sua volta. Essa faze se dá por volta dos dois aos seis anos

de idade. Segundo Piaget (2010, p. 27):

Aos dois anos inicia-se um segundo período que dura até os 7 ou 8 anos, cujo

advento é marcado pela formação da função simbólica ou semiótica. Este permite

representar os objetos ou acontecimentos atualmente não perceptíveis invocando-os

por meio de símbolos ou de sinais diferenciados, tais como o jogo simbólico, a

imitação diferenciada, a imagem mental, o desenho etc.

Diante da afirmação do autor, é perceptível que a função simbólica e semiótica são

fatores marcantes para o desenvolvimento da criança. Como o jogo simbólico, a imitação

diferenciada, a imagem mental, o desenho, as cantigas de roda e outras.

As cirandas são cantadas e contadas com diferentes, conteúdos, tons, imagem,

desenho, ritmos, dentre outros, atendendo a uma gama de inquietações pelas quais as crianças

passam. Nesta fase, temos, como exemplo, a assimilação através das cantigas de roda de

informações que retratam à história contada pela música, estimulando a imaginação e a

memória. São os casos das músicas “A barata diz que tem”, “Peixe vivo” e “Sapo Jururu”. (

Anexos 01).

Martins, (2012.p, 27) informa que:

O processo de socialização e a linguagem são importantes para a criança nesta fase,

pois é uma fase intermediária em que a figura de parceiros da brincadeira tornam-se,

cada vez mais, indispensáveis; a criança passa de uma atitude de cada um por si, e

de espectador da atividade alheia, para interações sociais ativas, embora ainda

esporádicas e, de inicio, limitada.

As ações coletivas constituem-se, neste momento de vida da criança, em momentos

muito importantes. Os trabalhos em grupo, em que haja toda uma interação e troca propícia à

realização dessas ações, uma vez que, segundo os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a

Educação Infantil, (2006. p, 16):

Antes mesmo de se expressarem por meio da linguagem verbal, bebês e crianças são

capazes de interagir a partir de outras linguagens (corporal, gestual, musical,

plástica, faz-de-conta, entre outras) desde que acompanhadas por parceiros mais

experientes. Apoiar a organização em pequenos grupos, estimulando as trocas entre

os parceiros; incentivar a brincadeira; dar-lhes tempo para desenvolver temas de

trabalho a partir de propostas prévias; oferecer diferentes tipos de materiais em

função dos objetivos que se tem em mente; organizar o tempo e o espaço de modo

flexível são algumas formas de intervenção que contribuem para o desenvolvimento

e a aprendizagem das crianças.

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Os parceiros mais experientes, neste caso, podem ser os professores e/ou crianças com

idades superiores as outras, havendo assim uma efervescência de troca de conhecimentos e

aprendizagens entre as partes envolvidas durante a realização das atividades. A troca de

experiências é de fundamental importância neste processo, pois os envolvidos irão ensinar e

aprender, ao passo, que compartilham fatos e acontecimentos diversificados. A brincadeira

aparece aqui como uma atividade geradora da socialização do educando com e para com o

outro, pois durante o ato do brincar, a criança interage com o seu parceiro através de gestos,

linguagens, sons e etc. Brincando a criança consegue assimilar conhecimentos com mais

facilidade, pois esta aprende brincando, tornando aquela aprendizagem significativa para ela.

Martins, (2012, p.72) enriquece a discussão ao relatar que:

Os contos poéticos, por conseguinte, são importantes para o desenvolvimento da

linguagem e da socialização da criança, nessa faixa etária, pois as cantigas de roda

são o ápice de toda alegria estética e é pela intencionalidade de seus cantos que ela

apreende a imagem como acontecimento objetivo, evento de linguagem.

Os contos e cantos levam à criança, no momento em que escuta e dança, para fazer um

lindo e maravilhoso passeio, mergulhando em histórias que retratam atividades cotidianas,

sentimentos, fatos históricos, fauna, flora e etc. A exemplo dessas atividades têm-se algumas

cantigas de roda que retratam bem estes fatos. São elas: O meu boi morreu, mineira de minas,

Escravos de Jó, Sapo jururu, Meu Limão, O cravo e a Rosa, Cai, Cai Balão entre outras. (

Anexos 01).

A relevância dos benefícios das cirandas para quem as pratica não para por ai, pois no

momento em que brincam, as crianças além de estarem desenvolvendo a linguagem e a

socialização, estão também, recebendo um benefício para a saúde, uma vez que a dança é

também uma atividade física e pode proporcionar vários benefícios a quem a pratica. Cavasin,

(2003, p.7) nos mostra que “[...] A dança permite desenvolver valores físicos através dos

movimentos corporais motores (saltos, corridas e outros) e psicomotores, quando há

movimentos de coordenação entre braços, pernas, cabeça e tronco”. Como os exercícios

físicos são fundamentais para o nosso corpo, a dança se torna um elemento fundamental para

a nossa saúde, visto que, a mesma se utiliza de vários exercícios em sua composição.

Assim, entre nessa roda e dance as mais belas cirandas de sua vida, embalada pelas

cantigas Ludopoieticas do fazer pedagógica na Educação Infantil.

Então:

“Ai bota aqui

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Ai bota aqui o seu pezinho

Seu pezinho bem juntinho com o meu

E depois não va dizer

Que você se arrependeu!”

(Cantiga do Cancioneiro Popular da Região Sul do Brasil)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ai, Eu Entrei na Roda

Refrão - Ai, eu entrei na roda

Ai, eu não sei como se dança

Ai, eu entrei na “rodadança”

Ai, eu não sei dançar

Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um

Tenho sete namorados só posso casar com um

Namorei um garotinho do colégio militar

O diabo do garoto, só queria me beijar

Todo mundo se admira da macaca fazer renda

Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda

Lá vai uma, lá vão duas, lá vão três pela terceira

Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira

Essa noite tive um sonho que chupava picolé

Acordei de madrugada, chupando dedo do pé

Cantiga de Roda do Cancioneiro popular brasileiro

Chegando até aqui, é bem provável que já se tenha uma visão a respeito da música no

Brasil, com ênfase nas cantigas de roda e sua importância para a Educação Infantil.

Sabendo que a música é essencial em nossas vidas, desde o útero materno, e que esta

proporciona uma série de benefícios para aqueles que a praticam, é inegável a presença da

musicalidade na vida dos seres humanos e a importância que esta proporciona ao

desenvolvimento das crianças na Educação infantil e na vida.

A escola, lugar onde recebemos as primeiras contribuições para nos tornarmos seres

críticos-sociais, cidadãos capazes de tomar decisões e capacitados para o mercado de trabalho,

deveria buscar inserir o trabalho com música de forma ativa e rotineira em seus currículos,

visto que, a musica é rica em conhecimentos, apresentando-se de suma importância para o

desenvolvimento de cada um de nós,, fato este evidenciado desde os primórdios da

humanidade.

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No Brasil, o Ensino da arte, assegurado por lei, garante a inserção do estudo da música

nas escolas, sendo esta obrigatória, como consta na Lei de 9.394/96, estabelecendo, pois, que

o Ensino de Arte (disciplina que engloba o ensino de música, dança, artes visuais e entre

outros conteúdos próprios ligados à cultura) seja componente curricular obrigatório.

A realidade, porém, se opõe ao que está regulamentado garantido por lei, pois o que

vemos e nos deparamos, hoje, em boa parte das escolas brasileiras é uma educação pautada

em um currículo meramente tradicional de um caráter extremamente rígido e inflexível,

negando, pois, aos aprendizes a possibilidade de aprendizagens condizentes com sua realidade

cultural.

Cabe, nesse descompasso que segue a educação musical, que os professores, atores

principais desta história, busquem trabalhar com conhecimento dos princípios que regem o

ensino da música, em direção a uma linha de pensamento, respaldando-se em um currículo

flexível, contínuo e dinâmico que respeite o aluno e suas vivências pessoais, sociais e

culturais.

Para finalizar, esta pesquisa, atentamos para o encantamento e magia que as cirandas e

cantigas de roda proporcionam à vida de todos nós. Infelizmente, essas cirandas, belas, ricas,

cheias de conhecimento, harmonia, rimas e outros andam um pouco esquecida, na memória de

muitos brasileiros, isto é uma pena, pois a cultura viva e remanescente de um povo, reside

nestas cirandas e cantigas de roda, que como num ato de magia, pode ser vivenciada em um

só instante, quando um grupo de pessoas se dão as mãos, todos juntos compartilhando de uma

imensa união, dançam e cantam uma mesma canção.

Assim, não podemos abrir mão dessa fonte ludopoietica de conhecimento, alegria,

amor, fraternidade, cultura e prazer.

Assim, entre nessa roda e dancemos juntos:

“Oi vem pra roda, tindô lé, lé,

Oi vem pra roda , tindô lá, lá

Oi vem pra roda, Tindô lé, lé,

Ô tindô lé, lé,

Ô tindô lá, lá.”

(Ciranda do Cancioneiro Popular do Estado de Minas Gerais).

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ANEXOS

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ANEXO - 01

1- Cantigas de Roda

Pirulito Que Bate Bate

Pirulito que bate bate

Pirulito que já bateu

Quem gosta de mim é ela

Quem gosta dela sou eu

Pirulito que bate bate

Pirulito que já bateu

A menina que eu gostava

Não gostava como eu

Samba Lelê

Samba Lelê está doente

Está com a cabeça quebrada

Samba Lelê precisava

De umas dezoito lambadas

Samba , samba, Samba ô Lelê

Pisa na barra da saia ô Lalá (BIS)

Ó Morena bonita,

Como é que se namora ?

Põe o lencinho no bolso

Deixa a pontinha de fora

Ó Morena bonita

Como é que se casa

Põe o véu na cabeça

Depois dá o fora de casa

Ó Morena bonita

Como é que cozinha

Bota a panela no fogo

Vai conversar com a vizinha

Ó Morena bonita

Onde é que você mora

Moro na Praia Formosa

Digo adeus e vou embora

Capelinha de Melão

Capelinha de Melão é de São João

É de Cravo é de Rosa é de Manjericão

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São João está dormindo

Não acorda não !

Acordai, acordai, acordai, João !

Ciranda Cirandinha

Ciranda Cirandinha

Vamos todos cirandar

Vamos dar a meia volta

Volta e meia vamos dar

O Anel que tu me destes

Era vidro e se quebrou

O amor que tu me tinhas

Era pouco e se acabou

Por isso dona Rosa

Entre dentro desta roda

Diga um verso bem bonito

Diga adeus e vá se embora

Atirei o Pau no Gato

Atirei o páu no gato tô tô

Mas o gato tô tô

Não morreu reu reu

Dona Chica cá

Admirou-se se

Do berro, do berro que o gato deu

Miau !!!!!!

Mineira de Minas

Sou mineira de Minas,

Mineira de Minas Gerais (BIS)

Rebola bola você diz que dá que dá

Você diz que dá na bola, na bola você não dá !

Sou carioca da gema,

Carioca da gema do ovo (BIS)

Rebola bola você diz que dá que dá

Você diz que dá na bola, na bola você não dá !

Cai Cai Balão

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Cai cai balão, cai cai balão

Na rua do sabão

Não Cai não, não cai não, não cai não

Cai aqui na minha mão !

Cai cai balão, cai cai balão

Aqui na minha mão

Não vou lá, não vou lá, não vou lá

Tenho medo de apanhar !

Boi da Cara Preta

Boi, boi, boi

Boi da cara preta

Pega esta criança que tem medo de careta

Não , não , não

Não pega ele não

Ele é bonitinho, ele chora coitadinho

Peixe Vivo

Como pode o peixo vivo

Viver fora da água fria

Como pode o peixe vivo

Viver fora da água fria

Como poderei viver

Como poderei viver

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

Os pastores desta aldeia

Ja me fazem zombaria

Os pastores desta aldeia

Ja me fazem zombaria

Por me verem assim chorando

Por me verem assim chorando

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

O Meu Boi Morreu

O meu boi morreu

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O que será de mim

Mande buscar outro,oh Morena

Lá no Piauí

O meu boi morreu

O que será da vaca

Pinga com limão, oh Morena

Cura urucubaca

A Rosa Amarela

Olha a Rosa amarela, Rosa

Tão Formosa, tão bela, Rosa

Olha a Rosa amarela, Rosa

Tão Formosa, tão bela, Rosa

Iá-iá meu lenço, ô Iá-iá

Para me enxugar, ô Iá-iá

Esta despedida, ô Iá-iá

Já me fez chorar, ô Iá-iá (repete)

A Gatinha Parda

A minha gatinha parda, que em Janeiro me fugiu

Onde está minha gatinha,

Você sabe, você sabe, você viu ?

Eu não vi sua gatinha, mas ouvi o seu miau

Quem roubou sua gatinha

Foi a bruxa, foi a bruxa pica-páu

A Barraquinha

Vem, vem, vem Sinhazinha

Vem, vem para provar

Vem, vem, vem Sinhazinha

Na barraquinha comprar

Pé de moleque queimado

Cana, aipim, batatinha

Ó quanta coisa gostosa

Para você Sinhazinha

Balaio

Eu queria se balaio, balaio eu queria ser

Pra ficar dependurado, na cintura de “ocê”

Balaio meu bem, balaio sinhá

Balaio do coração

Moça que não tem balaio, sinhá

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Bota a costura no chão

Eu mandei fazer balaio, pra guardar meu algodão

Balaio saiu pequeno, não quero balaio não

Balaio meu bem, balaio sinhá

Balaio do coração

Moça que não tem balaio, sinhá

Bota a costura no chão

Boi Barroso

Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré

Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré

Refrão Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga

O teu lugar, ai, é lá na cana

Adeus menina, eu vou me embora

Não sou daqui,ai, sou lá de fora

Meu bonito Boi Barroso,que eu já dava por perdido

Deixando rastro na areia logo foi reconhecido

Refrão

O Pobre Cego

Minha Mãe acorde, de tanto dormir

Venha ver o cego, Vida Minha, cantar e pedir

Se ele canta e pede, de-lhe pão e vinho

Mande o pobre cego, Vida Minha, seguir seu caminho

Não quero teu pão, nem também teu vinho

Quero só que a minha vida, Vida Minha, me ensine o caminho

Anda mais Aninha, mais um bocadinho,

Eu sou pobre cego, Vida Minha, não vejo o caminho

Tutu Marambá

Tutu Marambá não venhas mais cá

Que o pai do menino te manda matar (repete)

Durma nenem, que a Cuca logo vem

Papai está na roça e Mamãezinha em Belém

Tutu Marambá não venhas mais cá

Que o pai do menino te manda matar (repete)

Sapo Jururu

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Sapo Jururu na beira do rio

Quando o sapo grita, ó Maninha, diz que está com frio

A mulher do sapo, é quem está la dentro

Fazendo rendinha, ó Maninha, pro seu casamento

Cachorrinho

Cachorrinho está latindo lá no fundo do quintal

Cala a boca, Cachorrinho, deixa o meu benzinho entrar

Refrão - Ó Crioula lá ! Ó Crioula lá, lá !

Ó Crioula lá ! Não sou eu quem caio lá !

Atirei um cravo n‟água de pesado fou ao fundo

Os peixinhos responderam, viva D. Pedro Segundo.

Refrão

O Meu Galinho

Há três noites que eu não durmo, ola lá !

Pois perdi o meu galinho, ola lá !

Coitadinho, ola lá ! Pobrezinho, ola lá !

Eu perdi lá no jardim.

Ele é branco e amarelo, ola lá !

Tem a crista vermelhinha, ola lá !

Bate as asas, ola lá ! Abre o bico, ola lá !

Ele faz qui-ri-qui-qui.

Já rodei em Mato Grosso, ola lá !

Amazonas e Pará, ola lá !

Encontrei, ola lá ! Meu galinho, ola lá !

No sertão do Ceará !

Que é de Valentim

Que é de Valentim ? Valentim Trás Trás

Que é de Valentim ? É um bom rapaz

Que é de Valentim ? Valentim sou eu !

Deixa a moreninha, que esse par é meu !

São João Da Ra Rão

São João Da Ra Rão

Tem uma gaita-ra-rai-ta

Que quando toca-ra-roca

Bate nela

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Todos os anja-ra-ran-jos

Tocam gaita-ra-rai-ta

Tocam gaita-ra-rai-ta

Aqui na terra

Maria tu vais ao baile, tu “leva” o xale

Que vai chover

E depois de madrugada, toda molhada

Tu vais morrer

Maria tu vais “casares”, eu vou te “dares”

Eu vou te “dares” os parabéns

Vou te “dartes” uma prenda

Saia de renda e dois vinténs

Vai abóbora

Vai abóbora vai melão de melão vai melancia

Vai jambo sinhá, vai jambo sinhá, vai doce, vai cocadinha

Quem quizer aprender a dançar, vai na casa do Juquinha

Ele pula, ele dança, ele faz requebradinha

Na Bahia Tem

Na Bahia tem, tem tem tem

Coco de vintém , ô Ia-iá

Na Bahia tem ! (repete)

Vamos Maninha

Vamos Maninha vamos,

Lá na praia passear

Vamos ver a barca nova que do céu caiu do mar (bis)

Nossa Senhora esta dentro,

Os anjinhos a remar

Rema rema remador, que este barco é do Senhor (bis)

O barquinho ja vai longe ...

E os anjinhos a remar

Rema rema remador, que este barco é do Senhor (bis)

Roda Pião

O Pião entrou na roda, ó pião ! (bis)

Refrão: Roda pião, bambeia pião ! (bis)

Sapateia no terreiro, ó pião ! (bis)

Mostra a tua figura, ó pião ! (bis)

Faça uma cortesia, ó pião ! (bis)

Atira a tua fieira, ó pião ! (bis)

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Entrega o chapéu ao outro, ó pião ! (bis)

Meu Limão, Meu Limoeiro

Meu limão, meu limoeiro

Meu pé de jacarandá

Uma vez, tindolelê

Outra vez, tindolalá

Escravos de Jó

Escravos de Jó jogavam caxangá

Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar

Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za (bis)

A Barata diz que tem

A Barata diz que tem sete saias de filó

É mentira da barata, ela tem é uma só

Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só !

A Barata diz que tem um sapato de veludo

É mentira da barata, o pé dela é peludo

Ah ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo !

A Barata diz que tem uma cama de marfim

É mentira da barata, ela tem é de capim

Ah ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim

A Barata diz que tem um anel de formatura

É mentira da barata, ela tem é casca dura

Ah ra ra , iu ru ru, ela tem é casca dura

A Barata diz que tem o cabelo cacheado

É mentira da barata, ela tem coco raspado

Ah ra ra, ia ro ró, ela tem coco raspado

Pai Francisco

Pai Francisco entrou na roda

Tocando o seu violão

Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão !

Vem de lá Seu Delegado

E Pai Franciso foi pra prisão.

Como ele vem todo requebrado

Parece um boneco desengonçado

Escravos de Jó

Escravos de Jó jogavam caxangá

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Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar

Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za (bis)