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1 Valoração do Meio Ambiente: o Método do Custo de Viagem Aplicado ao Balneário Bica das Andreias GILLIARD SANTOS DA SILVA Universidade Federal do Ceará JACKELINE LUCAS SOUZA Universidade Federal do Ceará RAIMUNDO EDUARDO SILVEIRA FONTENELE Universidade Federal do Ceará IVANEIDE FERREIRA FARIAS Universidade Federal do Ceará RESUMO Os benefícios advindos dos recursos naturais geram, aos seus usuários, consciência do custo que têm de arcar para manter e conservar os mesmos, de forma igualitária (Portugal Júnior, Portugal & Abreu, 2012). Dentro desse contexto, o presente artigo tem por objetivo estimar o valor econômico do Balneário Bica das Andréias, localizado no município de Pacatuba-CE, pelo método do custo de viagem. O método do custo de viagem é utilizado para valoração de bens ambientais destinados à recreação e consiste basicamente no cálculo do custo de viagem, considerando tanto o custo do deslocamento até o local analisado, quanto as despesas de hospedagem, alimentação e outras relacionadas ao passeio. A pesquisa é descritiva e exploratória e incluiu 237 respondentes-visitantes, utilizando o método híbrido do custo de viagem, segundo Loomis et al. (2008), Blaine et al. (2015) e Marques e Freire (2015). Como técnica estatística, foi utilizada a regressão linear múltipla, resultando em um modelo econométrico considerando as variáveis renda, distância de Pacatuba, sexo e permanência no balneário. Os resultados descritivos evidenciaram um perfil médio de 33 anos - idade dos visitantes -, com ensino médio completo, renda média de R$1.541,44, residência dos visitantes de Pacatuba (52%), Maracanaú (25%) e Fortaleza (12%), não tendo sido observado nenhuma visita de pessoas oriundas outros estados brasileiros. Quanto aos resultados quantitativos estimou-se o valor econômico do balneário em R$5,3 milhões/ano e em uma análise das variáveis idade e escolaridade percebeu-se não haver significância estatística. O estudo se apresenta como subsídio para que os órgãos públicos, tanto de Pacatuba-CE, quanto do governo do Estado do Ceará tenham uma ferramenta econômica de medição, para a tomada de decisões relacionadas à exploração, manutenção e conservação dos bens ambientais. Palavras-Chave: Bica das Andreias, Valoração Econômica, Método do Custo de Viagem. 1 INTRODUÇÃO

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Valoração do Meio Ambiente: o Método do Custo de Viagem Aplicado ao Balneário Bica das Andreias

GILLIARD SANTOS DA SILVA Universidade Federal do Ceará

JACKELINE LUCAS SOUZA

Universidade Federal do Ceará

RAIMUNDO EDUARDO SILVEIRA FONTENELE Universidade Federal do Ceará

IVANEIDE FERREIRA FARIAS

Universidade Federal do Ceará

RESUMO Os benefícios advindos dos recursos naturais geram, aos seus usuários, consciência do custo que têm de arcar para manter e conservar os mesmos, de forma igualitária (Portugal Júnior, Portugal & Abreu, 2012). Dentro desse contexto, o presente artigo tem por objetivo estimar o valor econômico do Balneário Bica das Andréias, localizado no município de Pacatuba-CE, pelo método do custo de viagem. O método do custo de viagem é utilizado para valoração de bens ambientais destinados à recreação e consiste basicamente no cálculo do custo de viagem, considerando tanto o custo do deslocamento até o local analisado, quanto as despesas de hospedagem, alimentação e outras relacionadas ao passeio. A pesquisa é descritiva e exploratória e incluiu 237 respondentes-visitantes, utilizando o método híbrido do custo de viagem, segundo Loomis et al. (2008), Blaine et al. (2015) e Marques e Freire (2015). Como técnica estatística, foi utilizada a regressão linear múltipla, resultando em um modelo econométrico considerando as variáveis renda, distância de Pacatuba, sexo e permanência no balneário. Os resultados descritivos evidenciaram um perfil médio de 33 anos - idade dos visitantes -, com ensino médio completo, renda média de R$1.541,44, residência dos visitantes de Pacatuba (52%), Maracanaú (25%) e Fortaleza (12%), não tendo sido observado nenhuma visita de pessoas oriundas outros estados brasileiros. Quanto aos resultados quantitativos estimou-se o valor econômico do balneário em R$5,3 milhões/ano e em uma análise das variáveis idade e escolaridade percebeu-se não haver significância estatística. O estudo se apresenta como subsídio para que os órgãos públicos, tanto de Pacatuba-CE, quanto do governo do Estado do Ceará tenham uma ferramenta econômica de medição, para a tomada de decisões relacionadas à exploração, manutenção e conservação dos bens ambientais.  

Palavras-Chave: Bica das Andreias, Valoração Econômica, Método do Custo de Viagem. 1 INTRODUÇÃO

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Os benefícios advindos dos recursos naturais - cultural, histórica e recreativa -,

segundo Shrestha, Stein e Clark (2007), geram aos seus usuários a consciência do custo que têm de arcar para manter e conservar os mesmos, de forma igualitária (Portugal Júnior, Portugal & Abreu, 2012).

Nesse sentido, diante dos avanços na exploração da natureza, surge o desafio de mudar o rumo e optar por uma sociedade econômica e ambientalmente equilibrada (Menuzzi & Silva, 2015). Desta forma, por exemplo, a degradação de áreas nativas de Mata Atlântica, além de dano ambiental, também apresenta um dano social e econômico, a partir do momento em que se considera o potencial biotecnológico do ambiente em questão (Tonietto & Silva, 2011).

No sentido de conciliar os interesses econômicos e sustentáveis do homem, alguns empreendimentos mesclam a preservação do meio ambiente com os benefícios econômicos obtidos por meio de atividades como o turismo. Neste contexto, muitos turistas procuram sítios naturais para atender as suas necessidades recreativas e, em geral, viajam para áreas distantes com esse intuito, sugerindo uma alta demanda por tais áreas e recursos (Shrestha et al., 2007).

O Balneário Bica das Andréias é um complexo turístico considerado um patrimônio ecológico, localizado no centro do município de Pacatuba-CE, na encosta da Serra da Aratanha, uma região de Mata Atlântica. O local preserva um dos ecossistemas mais bonitos da Região Metropolitana de Fortaleza, onde também é possível encontrar comidas típicas, piscinas naturais e (aos domingos) pontos de venda de artesanato, além de algumas trilhas que iniciam a partir do local.

Contextualizando o objeto do presente estudo, a pesquisa se propõe a responder ao seguinte questionamento: qual o valor econômico do Balneário Bica das Andréias avaliado pelo método do custo de viagem? Com o intuito de responder à questão proposta, o objetivo central desta pesquisa é estimar o valor econômico do Balneário Bica das Andréias pelo método do custo de viagem. Como objetivos específicos, foram estabelecidos os seguintes: (i) caracterizar socioeconomicamente os usuários e (ii) identificar as variáveis socioeconômicas que mais influenciam a visita ao balneário.

Como explicitado no objetivo geral, foi utilizado o método do custo de viagem, pois o mesmo tem emergido como uma das técnicas utilizadas pelos estudiosos (Blaine, Lichtkoppler, Bader, Hartman & Lucente, 2015) para mensurar questões ambientais, as quais não apresentam valor de mercado. Este método de valoração econômica estima o uso de um bem ou serviço ambiental com base na demanda de atividades recreacionais a ele associadas, ou seja, o custo de visitação do sítio natural é usado como uma aproximação para se calcular o valor desse bem (Seroa da Motta, 1999; Fleming & Cook, 2008).

O método estabelece uma função relacionando a taxa de visitação às variáveis de custo de viagem, tais como: tempo de uso, taxa de entrada, características socioeconômicas dos visitantes e outras que possam explicar a visita ao sítio natural (Maia, 2002). Essencialmente, a curva de demanda ou a relação preço-quantidade para um sítio natural pressupõe que o preço associado ao consumo/uso do bem varia diretamente com a distância percorrida para chegar a esse bem (Poor & Smith, 2004).

A pesquisa é quantitativa e exploratória, para a qual foram aplicados os formulários, por meio de uma amostra estatística aleatória, com os visitantes do local,

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procurando identificar o custo de viagem de cada indivíduo, de modo que fosse possível criar um modelo econométrico com as variáveis estatisticamente significativas.

O presente trabalho se propõe a enriquecer a literatura acadêmica sobre valoração econômica ambiental e a fornecer informações ao governo, tanto municipal de Pacatuba-CE, quanto em um contexto mais amplo, a fim de instituir políticas públicas voltadas à exploração, manutenção e conservação dos bens ambientais, pelo uso recreacional e turístico.

A estrutura do trabalho está composta por cinco seções, sendo esta introdução a primeira delas, a segunda seção constitui o referencial teórico abordando, de forma mais ampla, questões sobre valoração econômica ambiental e, de maneira mais específica, o método do custo de viagem, na terceira seção está a metodologia, a quarta seção traz a análise dos resultados e, por fim, a quinta e última seção são as considerações finais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O conceito econômico de externalidade, delineado por Pigou (1932) inicialmente, vem sendo retomado sob diferentes enfoques, inclusive sob o aspecto da valoração dessas externalidades, bem como quem deve arcar financeiramente com elas. De forma resumida, pode-se definir externalidades como os efeitos colaterais sobre o bem-estar de outros indivíduos e que uma das externalidades mais conhecidas é a poluição (Krugman & Wells, 2015).

No que concerne à questão ambiental, sobretudo no quesito de valoração, foram desenvolvidos métodos tanto para avaliar os danos causados à natureza (as externalidades ambientais) quanto para estimar o valor dos serviços providos por determinado bem natural (Tietenberg & Lewis, 2010). Nesse sentido, determinar o valor econômico de um recurso ambiental é estimar o seu valor monetário em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia (Seroa da Motta, 1999).

Os economistas costumam decompor o valor conferido aos recursos em três principais componentes: o valor de uso, o valor de opção e o valor de não uso. O valor de uso refere-se ao uso direto dado ao recurso; o valor de opção, por sua vez, representa o uso futuro do bem, ou seja, a disposição a pagar para preservar determinado bem ambiental visando usá-lo no futuro e, por fim, o valor de não uso seria a propensão a pagar pela preservação ou melhoria de um bem, apenas com a intenção conservá-lo para gerações posteriores (Tietenberg & Lewis, 2010). Observa-se que embora o uso de recursos ambientais não tenha seu preço reconhecido no mercado, seu valor econômico existe na medida que seu uso altera o nível de produção e consumo (bem-estar) da sociedade (Seroa da Motta, 1999).

Métodos Preferências Reveladas Preferências Indicadas

Diretos Preços de Mercado Valoração Contingente

Mercados Simulados

Indiretos

Custo de Viagem Modelos Baseados em

Atributos Preços Hedônicos de Propriedade

Análise Conjunta

Preços Hedônicos dos Salários Escolha de Experimentos

Redução de Despesas Classificação Contingente

Figura 1 – Métodos de valoração ambiental Fonte: adaptado de Tietenberg & Lewis (2010).

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Os métodos de valoração econômica se constituem como alternativas para se

avaliar as utilidades dos bens ambientais e podem ser divididos em dois grupos (Figura 1): i) os métodos de preferências reveladas, nos quais determinados fenômenos são observados direta ou indiretamente para que se atribuam números e assim seja possível estipular o valor de um sítio natural e, ii) os métodos de preferências indicadas, nos quais devem ser realizadas pesquisas para saber a opinião das pessoas em situações específicas.

Especificamente, o método do custo de viagem tem sido usado como uma metodologia indireta para estimar os benefícios do usuário de ambientes de cunho recreativo, como praias, parques relacionados ao patrimônio cultural, dentre outras atrações turísticas importantes (Chen et al., 2004).

Fleming e Cook (2008) enfatizam a existência de dois tipos de métodos de custo de viagem: o método individual do custo de viagem, onde a variável dependente é o número de viagens por ano (ou por temporada) por usuários individuais de um local recreativo, e o método zonal do custo de viagem, onde a variável dependente é o número de viagens levado ao local pela população de uma determinada região ou zona. Uma versão conjunta desses dois métodos foi apresentada por Loomis et al. (2009), que a denominou de modelo híbrido, ao tentar unir as vantagens do método individual e do método zonal.

O método individual não faz nenhum agrupamento por local de residência (Fleming & Cook, 2008), enquanto que no método zonal é feita uma separação por visitante de cada zona, na qual é calculada a soma dos custos de viagem de ida e volta, taxa de entrada cobrada no clube e, eventualmente, pode ser levado em consideração o tempo de ida e volta ao sítio natural (Poor & Smith, 2004, Chen et al., 2004). Enquanto o método individual é mais utilizado para lugares com grande frequência de visitação, o método zonal é indicado para locais visitados como pouca frequência, por visitantes de longe (Fleming & Cook, 2008).

Vale ressaltar que quanto mais longe do sítio natural for o local de origem dos visitantes, menor é o número de visitas esperado, porque aumenta o custo de viagem para visitação. Por outro lado, aqueles que vivem mais próximos ao sítio tenderão a usá-lo mais vezes, na medida em que o preço implícito de utilizá-lo - o custo de viagem -, será menor (Seroa da Motta, 1999). Essa ideia encontra respaldo nos estudos de Poor e Smith (2004), gerando a primeira hipótese desta pesquisa (H1):

H1: há uma relação negativa entre a distância percorrida pelo visitante até a Bica das Andréias e o total de visitas por ano. Cesario (1976) aponta que uma armadilha no uso da metodologia do custo de

viagem é ignorar o custo de oportunidade do tempo de viagem, já que esse tempo está incluso no período de lazer do visitante do sítio natural. O autor reconhece as dificuldades em se estimar essa variável, dada a sua subjetividade, mas conclui, a partir de evidências teóricas e práticas, que é melhor utilizar uma estimação para esse custo de oportunidade relacionado ao percurso da viagem até o sítio, do que desconsiderar esse tempo e, consequentemente, o custo atrelado a ele.

Em relação aos valores adotados, não há consenso na literatura, sendo encontrados autores que levantam a possibilidade de se considerar o tempo destinado à viagem, não como um custo, mas como um benefício, não aconselhando a necessidade de contabilizá-lo (Bedate, Herrero & Sanz, 2004). Para os autores que decidem atribuir algum valor, geralmente são adotados uma fração do valor da hora de trabalho do indivíduo. Para tanto, são encontrados valores como: 15% (Tourkolias, Skiada, Mirasgedis & Diakoulaki, 2015), 30% (Hanauer & Reid, 2017), um terço (Poor &

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Smith, 2004; Chen et al, 2004, Marques & Freire, 2015), 40% (Blackwell, 2007; Jaime & Tudela, 2011), ficando claro que qualquer valor a ser adotado carrega certo grau de arbitrariedade. Maia e Romeiro (2008) procuraram um meio termo para a discussão, adotando o valor de um terço, mas apenas aos profissionais liberais, já que, a rigor, os demais funcionários estariam de folga ou de férias no período da viagem recreativa.

Geralmente a literatura sobre o método do custo de viagem centra-se no papel da renda na demanda por viagem (Blaine et al, 2015) e alguns trabalhos têm apresentado uma relação negativa entre renda e as taxas de visitação ao sítio analisado, classificando-o como “bem inferior”, por uma classificação econômica tradicional (Poor & Smith, 2004; Marques & Freire, 2015). Por outro lado, Tourkolias et al. (2015) encontraram correlação positiva entre a renda e a taxa de visitação, utilizando o método zonal de custo de viagem no Poseidon, na Grécia.

No que concerne especificamente a bens ambientais, em geral as pessoas com maior renda podem usar substitutos em muito maior extensão do que as pessoas de menor renda. Um bem ambiental, como uma floresta, por exemplo, pode ter vários substitutos que pessoas mais ricas são mais propensas a usar. Consequentemente, essas pessoas de maior renda podem estar dispostas a pagar menos em relação ao que ganham, em comparação com as pessoas nos grupos de renda mais baixa (Kristrom & Riera, 1996, Blaine et al., 1015). Diante desses argumentos, propõe-se a segunda hipótese deste trabalho:

H2: há uma relação negativa entre a renda e o número de visitas ao Balneário Bica das Andréias. Outros estudos utilizam o método do custo de viagem ao redor do mundo, muitos

deles, aplicados a bens culturais como igrejas (Marques & Freire, 2015), templos (Tourkoulias et al, 2015), prédios históricos (Poor & Smith, 2004), museus (Raharjo & Gravitiani, 2012) e exposições (Vicente & Frutos, 2011). Dentre os trabalhos que utilizaram o método do custo de viagem para avaliar recursos ambientais, destacam-se os trabalhos de Chen et al. (2004), Angel & Carvalho (2007), Loomis et al. (2009), Spacek e Antousková (2013) e Mitrica, Mitrica e Stanculescu (2014).

Chen et al. (2004) encontraram significância estatística para renda, escolaridade e local de residência nas proximidades do sítio, como variáveis explicativas para a visitação da ilha Xiamen, na China.

Angelo & Carvalho (2007) estimaram o valor recreativo do rio Araguaia, na região do município de Aruanã (estado de Goiás-Brasil) com base no método zonal do custo de viagem. Na ocasião, além do valor de uso do rio, foram avaliados os conhecimentos ambientais dos visitantes a respeito de alguns processos ecológicos, constatando-se que a maioria dos turistas tem pouco conhecimento sobre essas questões.

Loomis et al. (2009) utilizaram a metodologia híbrida do custo de viagem em 19 campos de golfe no Colorado (EUA), onde foi constatado que a demanda por golfe é bastante inelástica em relação aos custos de transporte e demais taxas. O valor econômico líquido anual está na ordem de US$143,8 milhões. Os autores encontram ainda uma relação quadrática em formato de ''U'' entre a idade e a demanda por golfe, de modo que os golfistas mais idosos são responsáveis por cerca de 30% a mais de viagens em relação aos jogadores de meia idade.

Spacek e Antousková (2013) fizeram um estudo de um geoparque na República Checa utilizando o método individual do custo de viagem. Como variável dependente foi utilizado o número de visitas e dentre as variáveis independentes foram consideradas: custo da viagem, idade, escolaridade, estado civil, renda mensal e atividade econômica. Foi encontrada uma demanda inelástica e os resultados gerais do

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estudo foram compatíveis com a literatura sobre o método do custo de viagem, constatando que os visitantes mais próximos apresentam uma taxa de visitação maior

Mitrica, Mitrica e Stanculescu (2014) utilizaram o método zonal do custo de viagem para avaliar o valor de uso de uma região de turismo natural, em meio às florestas do estado de Harghita, na Romênia. O estudo tinha como intuito avaliar o impacto econômico (externalidades positivas) do turismo no estado, podendo-se fazer um comparativo entre o excedente do consumidor e o total do investimento público de preservação da natureza. Como conclusão, os autores constataram que os benefícios gerados pelo turismo excediam os custos de preservação e manutenção do local. 3 METODOLOGIA

De acordo com a definição de Babie (2005), a pesquisa se enquadra como survey, já que tem propósito descritivo, explicativo e exploratório. A amostra foi obtida de forma aleatória entre os turistas que visitaram o Balneário Bica das Andréias no mês de dezembro de 2017 e que aceitaram participar da pesquisa. Como instrumentos de coleta, foram usados questionários, por meio dos quais se objetivava obter respostas confiáveis da amostra escolhida, procurando-se descobrir o que o grupo pesquisado faz, pensa ou sente (Collis & Hussey, 2005). O questionário continha questões abertas, fechadas e de múltipla escolha.

Com relação ao recurso ambiental, a pesquisa tem como objeto de estudo o Balneário Bica das Andréias, localizado na cidade de Pacatuba, no estado do Ceará, no Nordeste do Brasil. Ressalte-se que a Lei 9.985, de 18 de julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e define como unidade de conservação o espaço territorial e seus recursos ambientais com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (Brasil, 2000). Dentre os objetivos do SNUC, constam: contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico, dentre outros (Brasil, 2000).

A Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000 define ainda a Área de Proteção Ambiental (APA) como uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. A lei estabelece que uma APA pode ser constituída tanto por terras públicas como particulares.

A APA da Serra da Aratanha foi criada pelo Decreto Estadual de n° 24.959, de 5 de junho de1998, como Unidade de Conservação de Uso Sustentável, ocupando uma área de 6.448 hectares, e compreende parcelas dos municípios de Maranguape, Guaiúba e Pacatuba, todos no Ceará. Dentre os vários atrativos naturais, podem ser citados, a Serra do Lajedo e o Horto Florestal, em Maranguape; a Cachoeira dos Urubus, em Guaiúba; bem como a nascente do Rio Cocó e a Bica das Andréias, em Pacatuba (Dantas, 2017).

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Figura 2 - Fotos do Balneário Bica das Andréias O Balneário Bica das Andréias (Figura 2) fica localizado em uma área urbana, no

centro de Pacatuba, a alguns metros da igreja matriz. No Balneário são oferecidos serviços de recreação, como piscinas naturais e artificiais, comidas típicas e também algumas possibilidades de trilhas em meio à floresta. O bem é administrado pela prefeitura municipal, que estabelece uma taxa de entrada no valor de R$4,00, sendo cobrada a metade desse valor para estudantes, crianças e idosos. O ambiente possui um amplo estacionamento, com acesso livre aos visitantes, não sendo cobrada nenhuma taxa adicional.

É importante destacar que a taxa de visitação a um bem natural pode estar correlacionada com o custo de viagem, como podem ser incluídas no modelo algumas variáveis socioeconômicas, como sexo, renda, escolaridade, e outras que possam explicar a visita ao sítio natural (Maia, 2002), com o intuito de reduzir os efeitos de fatores externos, mantendo no modelo econométrico aquelas variáveis que apresentarem significância estatística (Seroa da Motta, 1999).

Para uma melhor desenvolvimento do método do custo de viagem, além das variáveis citadas acima, em geral são perguntadas questões sobre a distância exata entre a residência do visitante e a instalação recreativa natural; o tempo gasto para a visita, se a visita é totalmente dedicada a instalações recreativas naturais ou tem múltiplos propósitos, se a visita tiver múltiplos propósitos, quanto tempo é dedicado para cada finalidade, quais os custos de viagem por pessoa e a frequência das visitas na instalação recreativa natural (Mitrica, Mitrica & Stanculescu, 2014).

No caso da Bica das Andréias, verificou-se que grande parte das visitas são de quatro horas ou menos, o que se explica, se for considerado que 60% dos visitantes moram a menos de 20 quilômetros e 90% moram a até 36 quilômetros do Balneário.

De acordo com dados da administração do balneário, a média de visitas gira em torno de 1.000 pessoas em cada domingo, e de 200 visitantes nos demais dias da semana. Assim sendo, a população anual do Balneário resulta em aproximadamente

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115.000 visitas. De acordo com a definição de Gil (2008), a população se enquadra como infinita, por ser maior do que cem mil; assim sendo, foi adotado o procedimento estatístico para tamanhos amostrais específico para médias, visto que a variável dependente é o valor médio de visitas anuais e, para tanto, foi calculada uma amostra prévia de 87 formulários, onde se verificou que a média para essa variável era de 6,91 visitas por ano, com desvio-padrão de 15 visitas. Assim sendo, admitindo-se um erro aproximado de 2 visitas para mais ou para menos e com um nível de confiança de 95%, a amostra mínima resultou em 217.

Apesar disso, foi coletada uma amostra inicial de 237 formulários entre os dias 03/12/2017 e 17/12/2017. Além desses formulários da coleta efetiva, foi realizada previamente, no dia 01/12/2017(sexta-feira), uma pesquisa-piloto com a aplicação de nove formulários, de modo que o instrumento de pesquisa fosse avaliado e aperfeiçoado, tendo sido, de fato, incorporadas melhorias no texto e ordem das perguntas.

A coleta foi realizada pelos próprios autores, em quatro datas diferentes, incluindo sábado, domingo, bem como alguns dias durante a semana, conforme se verifica na Tabela 1. As variáveis foram processadas com a ajuda do Microsoft Excel® 2016 e do Statistical Package for Social Science, SPSS®, versão 22.

Tabela 1 - Distribuição da coleta de dados

Dia Data % Domingo 03/12/2017 66 Segunda 04/12/2017 21 Sábado 16/12/2017 39 Domingo 17/12/2017 111 Total 237 Fonte: elaborada pelos autores (2018).

O tratamento dos dados considerados outliers representam uma questão importante na metodologia do custo de viagem. Para o caso, por exemplo, das variáveis custo de viagem (ou distância) e visitas anuais, ocorre um truncamento automático no lado inferior do rol de dados, já que essas variáveis não podem ser negativas, no entanto, na parte superior os valores discrepantes merecem uma atenção maior (Blaine et al., 2015). Para este estudo, foram excluídos os valores das variáveis com padronização Z (positiva ou negativa) maior que 3,29, já que, segundo Field (2009), em uma distribuição normal praticamente não existem valores acima desse escore. Após este procedimento e também devido algumas falhas de preenchimento, foram descartados oito formulários, ficando a amostra final em um total de 229 observações.

Com relação aos procedimentos metodológicos, primeiramente, foram definidas as zonas geográficas de onde os visitantes vêm à Bica das Andréias. Essas zonas são os municípios, de modo que fossem separados os visitantes com distâncias equivalentes. Ressalte-se que para os cálculos das distâncias foi utilizado o bairro e cidade, no caso dos municípios localizados na Região Metropolitana de Fortaleza e, apenas cidade para o caso dos demais municípios. As distâncias exatas foram calculadas a partir do Google Maps (2017). Em seguida, foram calculados os custos de cada viagem, de ida e volta, de acordo com os transportes utilizados por cada visitante.

Para o cálculo do custo do transporte até o balneário, foram considerados os seguintes meios de locomoção: ônibus, automóvel, motocicleta, bicicleta e a pé. Para o cálculo do custo do transporte em ônibus, foram utilizados os valores de referência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), referente ao transporte coletivo

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interestadual, para um ônibus convencional, com sanitário, em vias pavimentadas, de acordo com a Resolução n. 5.123, de 16 de junho de 2016, considerando o valor do quilômetro por passageiro R$0,166207. Para o automóvel, devido à falta de dados de referência mais atualizados, utilizou-se a mesma proporção relativa ao custo por quilômetro apresentado no trabalho de Marques e Freire (2015), ou seja, o custo do quilômetro rodado por automóvel de 2,14 vezes o valor referente ao de um passageiro em ônibus; assim, o custo do quilômetro em automóvel para esta pesquisa foi considerado como R$0,356204. Com relação a motocicleta, adotou-se um valor referente a um terço do custo do automóvel, seguindo orientação de Magnani (2012), o que resultou em um valor de R$0,118735. Os valores podem ser conferidos na Tabela 2. Para bicicleta e nas viagens a pé, foi considerado no estudo como sem custo de locomoção. Para os usuários que disseram ter utilizado a empresa UBER, foi utilizada a estimativa de preço apresentada pela própria empresa, com base nos valores disponíveis no site da própria empresa, em simulação feita em 06/12/2017. Como o valor calculado é apresentado pela empresa em um intervalo numérico, adotou-se sempre o menor valor estimado, tendo sido a simulação feita considerando a opção mais barata do serviço, o Uber X. Para as viagens feitas por meio de táxi, foram utilizados como base os valores do serviço para a cidade de Fortaleza, referente ao que foi publicado no Diário Oficial do Município de 09 de março de 2016, que estabelece um valor inicial de R$4,76, acrescido de R$2,38/km rodado na bandeira 1 e R$3,57/km para a bandeira 2. Foi utilizado, para efeito de cálculo, o valor da bandeira 1, a opção mais barata.

Tabela 2 - Custo do Transporte Tipo de Transporte R$/km Ônibus 0,166207Automóvel 0,356204Motocicleta 0,118735Fonte: elaborada pelos autores (2018).

No cálculo do custo de viagem, foram consideradas as variáveis: taxas de entrada,

despesas no local de recreação, despesas de viagem propriamente, além do custo de oportunidade do tempo médio de permanência no balneário. A maioria dessas informações foi coletada por meio dos questionários e algumas delas foram conseguidas a partir de fontes externas, visto que a população de cada município, que foi obtida no portal eletrônico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístiva (IBGE), as distâncias até Pacatuba foram calculadas a partir do Google Maps e os valores de referência de custo de transporte foram extraídos do portal da ANTT. Com relação ao custo de oportunidade, foi adotado o procedimento indicado por Maia e Romeiro (2008), pois esse custo foi acrescentado ao custo de viagem apenas nos casos em que o visitante fosse trabalhador liberal, avulso ou trabalhasse como autônomo, casos nos quais foi utilizado como referência o valor de 30% da hora de trabalho. Para se chegar ao valor da hora de trabalho, foi feita a divisão da renda mensal pela carga horária mensal máxima admitida pela legislação trabalhista brasileira, no caso, 220 horas.

No que diz respeito ao modelo econométrico, foi utilizada uma análise de regressão semilogarítmica, na qual foi utilizado o logaritmo natural apenas da variável dependente. De acordo com o método híbrido de custo de viagem, proposto por Loomis et al. (2009) e adotado neste trabalho essa variável dependente é o número anual de viagens de um visitante individual, relativizada pela população e pelo total de visitas anuais da zona (município). As variáveis independentes, por outro lado, foram utilizadas com seu valor absoluto e individual, o que dá maior precisão ao modelo.

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Nesse sentido, a variável dependente (Vi) foi definida a partir da quantidade anual de visitas individuais (VPA) relatada pelo turista, dividido pela razão entre a população da zona em questão e a quantidade total de visitas dessa zona na amostra da pesquisa. Seguindo o procedimento adotado por Marques e freire (2015), o valor obtido foi multiplicado por 100.000, para que os valores não ficassem muitos pequenos. Para efeito desta pesquisa, cada município foi definido como sendo uma zona e a população referente a 2017 foi obtida a partir das estimativas do IBGE (2017) e o modelo econométrico definido (Equação 1) e cada variável foram explicados na Figura 3: Ln Vi = β0 + β 1DISTi + β 2 RENi + β 3 SEXi + β 4 PERMi + εi Equação (1)

Constructo Métrica Operacionalização

V (visitas)

Total médio de visitas que o turista fez à Bica das

Andreias no último ano, relativizada pela população e pelo total de visitas anuais da

zona.

Logaritmo natural do resultado da formula:

DIST (distância até a Bica das Andreias)

Distância em quilômetros do Centro de

Pacatuba até o local de residência do turista, calculada

a partir do Google Maps.

Considerou-se cidade e bairro para os municípios da Região Metropolitana de

Fortaleza e apenas cidade para os demais municípios.

REN (Renda) Renda mensal

individual de cada turista.

Valor obtido a partir de uma pergunta de múltipla escolha, em escala de

reais (moeda local).

SEX (sexo) Sexo do turista Dummy (1 – masculino e 0-

feminino)

PERM (permanência)

Duração aproximada de permanência no balneário

durante a visita atual.

Dummy (1- permanência de até 4 horas e 2 – para permanência de mais de 4

horas).

Figura 3 – Definição das variáveis Fonte: elaborado pelos autores (2018).

Conforme procedimento indicado por Seroa da Motta (1999), foram testadas

algumas variáveis na construção do modelo. No entanto, as variáveis distância, renda, sexo e tempo de permanência apresentaram significância estatística, sendo as demais excluídas do modelo. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Avaliação do perfil dos usuários

Com relação à caracterização da amostra, foram entrevistadas 229 pessoas, durante o mês de dezembro de 2017, sendo 133 homens (58%) e 96 mulheres (42%); no estado civil 55% dos entrevistados são casados ou vivem relação de união estável e o restante dos 45% são solteiros; 44% dos visitantes entrevistados estavam acompanhados com crianças; e no que se refere à profissão, foram citadas 94 categorias diferentes pelos respondentes, no entanto, a mais citada foi a de estudante, correspondendo a 10% da amostra. A Tabela 3 mostra as profissões mais citadas.

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Tabela 3 – Profissões mais frequentes

Profissões mais frequentes Fr % %Ac Estudante 23 10,0 10,0 Desempregado 13 5,7 15,7 Dona de casa 13 5,7 21,4 Autônomo 9 3,9 25,3 Motorista 9 3,9 29,3 Pedreiro 7 3,1 32,3 Professor 6 2,6 34,9 Total 229 100,0 Fonte: elaborada pelos autores (2018).

Para a variável renda, foi elaborada uma escala de intervalos de valores que variavam desde sem renda, até R$12.000,00 mensalmente, sendo que 46% ganhavam até R$1.000,00 mensais e outros 31% da amostra ficaram na faixa entre R$1.001,00 a R$2.000,00. A média geral resultou em R$1.541,44 com mínimo de zero e o valor máximo foi de R$12.000,00.

Constatou-se que 63% dos visitantes entrevistados passaram um turno (quatro horas) ou menos no balneário e 37% permaneceram o dia todo. Verifica-se, assim, que os visitantes costumam fazer viagens curtas, somente pela manhã, somente pela tarde, ou ainda durante o horário do almoço.

No quesito da escolaridade, 38% dos visitantes apresentou o nível médio completo, conforme se verifica na Tabela 4. Verifica-se também que aproximadamente 35% da amostra apresenta como nível de instrução o ensino fundamental incompleto ou completo. Os dados revelam que o perfil médio dos visitantes da Bica das Andréias não apresenta um nível elevado de escolaridade. Talvez pelas características do ambiente, o perfil dos visitantes difere muito, por exemplo, daqueles analisados por Almeida et al. (2017), quando 95% dos entrevistados possuíam nível superior completo ou em andamento.

Tabela 4 – Escolaridade dos visitantes

Escolaridade Fr %

Sem escolaridade 3 1,3 Ensino Fundamental Incompleto 30 13,1 Ensino Fundamental Completo 28 12,2 Ensino Médio Incompleto 33 14,4 Ensino Médio Completo 107 46,7 Ensino Superior Incompleto 10 4,4 Ensino Superior Completo 18 7,9 Total 229 100 Fonte: elaborada pelos autores (2018)

No que diz respeito à idade, verificou-se uma média de 33 anos, havendo uma

forte predominância de visitantes entre 20 e 40 anos. Embora alguns trabalhos de valoração ambiental (Almeida, Versiani, Soares & Angelo, 2017, Marques & Freire, 2015, Sidique, lupi & Joshi, 2013, Fleming & Cook, 2008) utilizem como métrica para a idade intervalos numéricos, para este trabalho, no entanto, optou-se por perguntar diretamente a idade ao visitante, de modo a dar maior precisão às respostas.

No que diz respeito à cidade de origem dos visitantes (Tabela 5), houve predominância nas cidades de Pacatuba, Fortaleza e Maracanaú. Não houve registro de visitantes de outros estados, além do Ceará, exceto dois visitantes oriundos de

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municípios cearenses muito distantes (Quixeramobim e Iguatu), no entanto esses questionários foram excluídos da amostra porque ficou constatado que essas visitas tinham outros propósitos, além da visita ao balneário. Outro motivo que corroborou para eliminação dos mesmos, foi a discrepância (valores muito distantes da média), observada a partir dos procedimentos citados na metodologia.

Tabela 5 – Cidade de origem dos visitantes

Cidade Fr % %Ac Fortaleza 76 33,2 33,2 Pacatuba 60 26,2 59,4 Maracanaú 39 17,0 76,4 Horizonte 11 4,8 81,2 Itaitinga 10 4,4 85,6 Caucaia 8 3,5 89,1 Guaiúba 5 2,2 91,3 Ocara 5 2,2 93,4 Maranguape 4 1,7 95,2 Aquiraz 3 1,3 96,5 Eusébio 3 1,3 97,8 Pacajus 3 1,3 99,1 Acarape 1 0,4 99,6 Baturité 1 0,4 100,0 Total 229 100 Fonte: elaborada pelos autores (2018).

Com relação ao cálculo do custo de viagem, foi analisado quanto o visitante costuma gastar em cada visita à Bica das Andréias e, se fosse a primeira viagem, era perguntado qual a estimativa de gastos no Balneário, incluindo ingresso para entrada, alimentação e demais despesas à visita. Esse valor foi ajustado de acordo com o tipo de grupo, pois quando o visitante afirmava que estava com a família, o valor do gasto era dividido pelo tamanho do grupo; por outro lado, sempre que o visitante afirmava que a visita se dava com um grupo de amigos, o valor do gasto era considerado de maneira individual. Diferente de alguns outros estudos apontados (Angelo & Carvalho, 2007, Tourkolias et al., 2015, Marque & Freire, 2015), não foi identificado na amostra gasto referente a hospedagem, já que todos os entrevistados da amostra final moravam a uma distância relativamente pequena do balneário e nenhum visitante indicou que havia ficado hospedado na cidade, com o propósito único da visita a esse bem natural.

Acrescido ao valor de consumo no balneário (valor da entrada, alimentação, bebidas e demais gastos), foi calculado o custo de viagem, a partir da distância e do meio de transporte utilizado, conforme consta na metodologia do trabalho. Desse modo, a média do custo de viagem foi de R$46,25, sendo o valor mínimo de zero, já que algumas pessoas não pagaram a entrada, como funcionários da prefeitura de Pacatuba, por exemplo. Já o valor máximo calculado foi de R$353,85.

Com base nos valores calculados, é possível estimar o valor de uso anual da Bica das Andréias, com base nas 115.000 visitas anuais, o que resulta em um valor anual total de R$5.318.750,00. Ressalta-se, no entanto, que esta é uma estimativa conservadora, visto que em todas as possibilidades de divergências de valores no cálculo do custo de viagem, optou-se por utilizar a menor delas.

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Apenas com alimentação e demais gastos, incluindo o valor da entrada, foi encontrado um valor médio unitário de R$39,00. A média geral de visitas foi de 4,94 visitas anuais. Constatou-se que, em média, os visitantes de Pacatuba fazem 9,82 visitas por ano, enquanto que os visitantes de Ocara, a cidade mais distante presente na amostra, realizam, em média, 1,40 visitas por ano. A Tabela 6 mostra essa variável para todas as cidades analisadas.

Tabela 6 – Média de visitas por ano (VPA) por zona Cidade Média de VPA VPA totais % Visitantes % Dist. (km) Pacatuba 9,82 589 52,1 60 26,2 0 Maracanaú 7,33 286 25,3 39 17,0 14 Guaiúba 7,20 36 3,2 5 2,2 7 Itaitinga 2,60 26 2,3 10 4,4 12 Maranguape 2,50 10 0,9 4 1,7 19 Acarape 2,00 2 0,2 1 0,4 39 Fortaleza 1,78 135 11,9 76 33,2 33 Caucaia 1,75 14 1,2 8 3,5 35 Eusébio 1,67 5 0,4 3 1,3 35 Ocara 1,40 7 0,6 5 2,2 72 Aquiraz 1,33 4 0,4 3 1,3 42 Pacajus 1,33 4 0,4 3 1,3 39 Horizonte 1,09 12 1,1 11 4,8 33 Baturité 1,00 1 0,1 1 0,4 64 Total 4,94 1.131 100,0 229 100,0 -

Fonte: elaborada pelos autores (2018) Pode-se verificar na Tabela 6 que o município de Pacatuba apresenta tanto um

maior número de visitantes analisados na amostra, quanto o total de visitas brutas anuais ao balneário, sendo, portando, a zona com maior frequência de visitas anuais (VPA). Com relação aos números absolutos de visitas, destacam-se ainda Maracanaú e Fortaleza, e com relação ao VPA merecem destaque Maracanaú e Guaiúba. No tópico seguinte, são apresentados os resultados referentes ao modelo econométrico gerado a partir das variáveis analisadas.

4.2 Estimação do modelo econométrico

A regressão múltipla procurou mostrar se as variáveis independentes são capazes de explicar a frequência de visitação ao balneário, em totais de visitas por ano. A análise resultou em um modelo estatisticamente significativo, incluindo as variáveis renda, distância de Pacatuba, sexo e permanência no balneário como previsores da frequência de visitação à Bica das Andréias (Tabela 7), mostrando as estatísticas de colinearidade.

Tabela 7 – Coeficientes do modelo

Coeficien

tes não padronizados

Coeficientes padronizados

Estatísticas de colinearidade

B Beta

Tolerância VIF

(Constante) ,304 Renda ,000 -0,158** ,849 1,178

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Dist. Pac. -,043 -0,260*** ,953 1,049 Sexo ,557 0,137** ,937 1,067 Perm ,920 0,186*** ,968 1,033 Idade -,011 -,060 ,908 1,101 Escol. ,013 ,009 ,904 1,107 Nota: ***, **, indica que os coeficientes são significantes a 1% e 5%, respectivamente. Fonte: elaborada pelos autores (2017).

As variáveis renda e distância de Pacatuba apresentaram relação negativa com a

frequência de visitas, conforme relatado na literatura sobre valoração econômica de bens ambientais, permitindo que se aceite as duas hipóteses deste estudo. Como foi utilizado o método híbrido, a relação apresentada está relativizada pela população e pela frequência de visitas de cada zona, e cada indivíduo é considerado individualmente, tanto quanto à sua renda individual mensal quanto à distância percorrida até o balneário, considerando-se cidade e bairro. No entanto, no que concerne a esta última relação (entre distância e frequência de visitas), foi feita uma segunda averiguação, sob um aspecto diferente, desta vez calculando o coeficiente de Spearman entre a distância da Bica das Andréias até o centro de cada cidade analisada e a média de visitas por ano dos visitantes desses municípios, encontrando uma correlação negativa de 80% (-0,8), significativa estatisticamente a nível de 1%. Verifica-se, assim, que os visitantes de lugares mais próximos tendem visitar a Bica das Andréias com mais frequência.

Além de renda e distância, resultaram como significativas no modelo o sexo dos visitantes e a permanência no balneário, ou seja, se a visita demorava o dia todo ou apenas meio período. Como resultados, foi constatado que as pessoas que passam mais tempo no balneário tendem a fazer visitas mais frequentes, bem como as mulheres também tendem a fazer mais visitas anuais do que os homens.

Como se verifica ainda na Tabela 7, foram analisadas outras variáveis, como escolaridade e idade, que não apresentaram significância estatística, como costuma ocorrer para bens culturais (Poor & Smith, 2004; Marques & Freire, 2015), ou mesmo ambientais (Chen et al., 2004; Loomis et al., 2009, Spacek e Antousková (2013).

Foram testadas ainda variáveis como custo total de viagem, custo de transporte e custo de viagem sobre a renda, mas nenhuma dessas medidas apresentou significância estatística a nível de 1%, 5% ou 10%, sendo excluídas do modelo econométrico (Seroa da Motta, 1999).

Assim sendo, foram consideradas significativas as variáveis renda, distância de Pacatuba, sexo e permanência no balneário, resultando em um modelo com R2 ajustado equivalente a 13,8%.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste trabalho é estimar o valor de uso dos visitantes do

Balneário Bica das Andréias, um clube recreativo pertencente e administrado pela prefeitura de Pacatuba-CE, localizada nas imediações da Serra da Aratanha. Nesse sentido, verificou-se um valor de uso estimado em mais de R$5 milhões por ano, significando que esse valor é o que a Bica das Andréias agrega à economia de Pacatuba-CE e cidades vizinhas, tanto em custo de transporte como em consumo de alimentação e demais gastos relacionados ao balneário.

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Verificou-se, a partir da amostra analisada, que o visitante médio do Balneário tem 33 anos, tem ensino médio completo e renda em torno de R$1.541,44. Com relação à origem desses visitantes, além da predominância de frequentadores da própria cidade de Pacatuba (52%), houve uma alta frequência de turistas de Maracanaú (25%) e Fortaleza (12%), bem como de outros municípios próximos, não tendo sido observado, no entanto, nenhum visitante de outros estados brasileiros.

O modelo econométrico desenvolvido mostrou significância estatística para renda, distância, sexo e permanência no balneário, o que representa que essas variáveis explicam a frequência de visitas à Bica das Andréias.

O trabalho contribui para a discussão sobre a metodologia do custo de viagem, na literatura nacional sobre o tema, sobretudo por ter sido realizado em um equipamento ambiental importante para o município ao qual pertence, gerando um maior aporte de informações e, consequentemente, ajudando no processo de tomada de decisões do por parte do governo municipal acerca do empreendimento turístico ambiental.

Como sugestões de novas pesquisas com essa temática, sugere-se que o estudo seja replicado em outros equipamentos ambientais, a fim de que os resultados possam ser comparados. Além do mais, fica aberta a possibilidade de que estudos mais abrangentes possam ser elaborados, envolvendo além de questões ambientais, variáveis sociais, em uma análise de custo benefício. REFERÊNCIAS Almeida, A.N, Versiani, R. O., Soares, P. R. C., & Angelo, H. (2017). Avaliação Ambiental do Parque Olhos D’Água: Aplicação do Método da Disposição a Pagar. Flor@m, 24. Angelo, P.G., & Carvalho, A.R. (2007). Valor recreativo do rio Araguaia, região de Aruanã, estimado pelo método do custo de viagem. Acta Sci. Biol. Sci. 29(4), 421-428. ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. 2016. Resolução 5.123 de 22 de Junho de 2016: autoriza o reajuste do coeficiente tarifário do serviço regular de transporte rodoviário coletivo interestadual. Obtido em 06novembro, 2017. Recuperado de: http://www.antt.gov.br/passageiros/Metodologia_de_calculo_das_tarifas_e_dos_coeficientes_tarifarios_maximos.html. Babie, E. (2005). Métodos de pesquisa de survey. (3a ed.). Belo Horizonte: UFMG. Bedate, A., Herrero, L.C., & Sanz, J.A. (2004). Economic valuation of the cultural heritage: application to four case studies in Spain. Journal of Economic Heritage, 5(1), 101-111. Blackwell, B. (2007). The value of a recreational beach visit: an application to Mooloolaba Beach and comparisons with other outdoor recreation sites. Economic Analysis Policy, 37(1) ,77–98. Blaine, T.W., Lichtkoppler, F.R., Bader, T.J., Hartman, T.J., & Lucente, J.E. (2015). An examination of sources of sensitivity of consumer surplus estimates in travel cost models. Journal of Environmental Management, 151, 427-436.

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