método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO. DEPARTAMENTO DE ECONOMIA MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA Arlete de Freitas Botêlho Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira Brasília – DF Setembro/2005

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO. DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO

PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA

Arlete de Freitas Botêlho

Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira

Brasília – DF Setembro/2005

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ARLETE DE FREITAS BOTÊLHO

“MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA”

Folha de Aprovação

Dissertação aprovada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em

Economia – Departamento de Economia da Universidade de Brasília, por intermédio

do Núcleo de Estudos e de Políticas de Desenvolvimento Agrícola e de Meio

Ambiente. Comissão Examinadora formada pelos professores:

____________________________________________

Dr. Jorge Madeira Nogueira Departamento de Economia – UnB

____________________________________________

Dra. Denise Inbroisi Departamento de Química – UnB

____________________________________________

Dr. Ricardo Coelho de Farias Departamento de Economia – UCB

Brasília, 30 de setembro de 2005.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO. DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NA VALORAÇÃO DO

PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA

Arlete de Freitas Botêlho

Dissertação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de Brasília como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira

Brasília – DF Setembro/2005

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Botêlho, Arlete de Freitas

Método Custo de Viagem na Valoração do Parque Municipal do Itiquira / Arlete de Freitas Botelho. – Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação, 2005. 109 p. il

Dissertação de Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Nogueira, Jorge Madeira. Orientador 1. Método Custo de Viagem. 2. Valoração Ambiental. 3. Áreas de Recreação. 4. Demanda Turística. I. Título

CDU 330.132.6

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Agradecimentos

A Deus

“Que nos deu o dom da vida,

Nos presenteou com a liberdade,

Nos abençoou com a inteligência,

Nos deu a graça de lutarmos para a conquista das nossas realizações.

A ele cabe o louvor e a glória. A nós só cabe agradecer.”

Rui Barbosa

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Agradeço ainda

A todos, mestres, colegas, amigos, que de maneira muito

especial participaram dessa minha conquista.

Aos que amo, pais, esposo, filhas e netos, que me

induziram a alcançar o mais sublime dos objetivos que é

a minha capacitação, com humildade e dignidade, o meu

muito obrigada.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO .......................................................................................... vi

LISTA DE SIGLAS.............................................................................. viii LISTA DE GRÁFICOS........................................................................ ix LISTA DE TABELAS........................................................................... x LISTA DE QUADROS......................................................................... xi LISTA DE FIGURAS E FOTOS ......................................................... xii RESUMO ........................................................................................... xiii ABSTRACT ........................................................................................ xiv

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1 2. VALORAÇÃO E ÁREA DE INTERESSE TURÍSTICO

2.1. A Valoração econômica: aspectos gerais......................................... 3 2.2. Métodos de Valoração dos Recursos Naturais ................................ 5 2.3. Método Custo de Viagem ................................................................. 8

2.3.1. Características gerais.............................................................. 8 2.3.2. O método Custo de Viagem e suas limitações........................ 12 2.3.3. Algumas experiências de MCV ............................................... 15

3. PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA E SUAS RIQUEZAS NATURAIS

3.1. Breve histórico da cidade de Formosa .............................................. 20 3.2. Caracterização do Parque Municipal do Itiquira................................ 21

3.2.1. Características naturais .......................................................... 23 3.2.2. O parque e seus atrativos turísticos ....................................... 25

4. O MÉTODO CUSTO VIAGEM NO ESTUDO DE CASO PMI E SEUS DETALHAMENTOS

4.1. Aplicação do MCV no Parque Municipal do Itiquira.......................... 28 4.2. Análise do Parque Municipal do Itiquira frente aos resultados do

MCV ..................................................................................................

31 4.2.1. Percepção ambiental como fator de importância em áreas de

lazer ............................................................................................

32 4.2.2. Objetivos da visita como fator determinante no deslocamento

do recreacionista.........................................................................

34 4.2.3. Perfil do recreacionista sob a ótica socioeconômica .............. 36 4.2.4. Custos de viagem que retratam a disposição a pagar ............ 40

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5. O VALOR DO USO RECREATIVO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA

5.1. Modelos conceitual básico................................................................. 47 5.2. Modelos com o uso da variável dependente GT................................ 50 5.3. Discussão dos resultados com base nos modelos com GT.............. 52 5.4. Modelos com o uso da variável dependente GTI.............................. 54 5.5. Comentários sobre os resultados da seção Análises de Regressão 55 5.6. Escolha do melhor modelo para um resultado positivo de

valoração do PMI............................................................................. 56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 58 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 60 8. APÊNDICES

A. Questionário aplicado.......................................................................... 65 B. Modelos utilizados nas Análises de Regressão.................................. 68 C. Tabelas demonstrativas aos resultados obtidos através do

questionário aplicado............................................................................

74 D. Fotos ilustrativas do Parque Municipal do Itiquira e Estância do

Itiquira...................................................................................................

78 10. ANEXOS

A. Lei nº 05-J de 14/04/1973 – Autoriza o Prefeito Municipal a efetuar desapropriação por utilidade pública, de área que menciona. 86

B. Decreto nº 26-J de 18/05/1973 – Declara de utilidade pública, para fins de desapropriação, uma área de terreno destinada à construção do Parque Municipal do Itiquira.

87

C. Decreto nº 132-S de 16/09/1981- Faz a criação do Parque Municipal do Itiquira. 89

D. Contrato de concessão para exploração do Parque Municipal do Itiquira. 91

E. Mapa com as coordenadas geográficas do Parque Municipal do Itiquira. 95

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LISTA DE SIGLAS

DAC Disposição a Receber Compensação

DAP Disposição a Pagar

GT Gasto total

GTI Gasto total Informado

MCE Método de Custos Evitados

MCV Método Custo de Viagem

ML Maximum Linkelhood

MPH Método de Preços Hedônicos

MVC Método de Valoração Contingente

OLS Ordinary Least Square

PMI Parque Municipal do Itiquira

RIDE Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal

VIpop Visitações por zona de origem

VE Valor de Existência

VPA Visitações por indivíduo

VO Valor de Opção

VU Valor de Uso

VUD Valor de Uso Direto

VUI Valor de Uso Indireto

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Fator de importância na escolha de um local de recreação ....................................................................

33

Gráfico 2. Outra atividade caso não estivesse no Itiquira ............

34

Gráfico 3. Critério de escolha do Itiquira como local de lazer..............................................................................

35

Gráfico 4. Faixa etária dos visitantes do Itiquira............................

38

Gráfico 5. Renda Mensal dos visitantes........................................

40

Gráfico 6. Tempo de permanência................................................

41

Gráfico 7. Tipo de transporte utilizado para a visita ao Itiquira......

42

Gráfico 8. Tipo de combustível dos meios de transportes.............

43

Gráfico 9. Distância em Km, percorrida pelo visitante para chegar ao PMI...............................................................

44

Gráfico 10. Tempo gasto com a viagem até o Itiquira.....................

45

Gráfico 11. Gasto total na visita ao Itiquira......................................

45

Gráfico 12. Número de pessoas no grupo de visitantes.................

46

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x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Quadro demonstrativo do número de visitantes do Parque Municipal Itiquira .................................................................

30

Tabela 2. Objetivos da viagem ............................................................ 34

Tabela 3. Tempo de permanência no Itiquira...................................... 36

Tabela 4. Visitas anuais ao Parque..................................................... 36

Tabela 5. Procedência dos visitantes.................................................. 37

Tabela 6. Grau de escolaridade dos freqüentadores do itiquira.......... 38

Tabela 7. Ocupação atual dos visitantes............................................. 39

Tabela 8 Gastos realizados com permanência no Itiquira.................. 42

Tabela 9. Preços do combustível no período da pesquisa.................. 43

Tabela 10. Resultados dos Modelos de Regressão.............................. 51

Tabela 11. Análise de regressão do modelo 1...................................... 68

Tabela 12. Análise de regressão do modelo 2...................................... 69

Tabela 13. Análise de regressão do modelo 3...................................... 70

Tabela 14. Análise de regressão do modelo 4...................................... 71

Tabela 15. Análise de regressão do modelo 5...................................... 72

Tabela 16. Análise de regressão do modelo 6...................................... 73

Tabela 17. Fator de importância na escolha do PMI como local de recreação.............................................................................

74

Tabela 18. Outra atividade caso não estivesse no itiquira..................... 74

Tabela 19. Critério de escolha como local de lazer............................... 74

Tabela 20. Faixa etária dos freqüentadores do PMI.............................. 75

Tabela 21. Renda Mensal...................................................................... 75

Tabela 22. Tempo de permanência (em dias) dos visitantes do PMI.... 75

Tabela 23. Transporte utilizado.............................................................. 76

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xi

Tabela 24. Tipo de combustível............................................................. 76

Tabela 25. Distribuição das distâncias, em Km, percorridas pelo visitante para chegar ao PMI...............................................

76

Tabela 26. Tempo gasto com a viagem................................................. 76

Tabela 27. Gasto total na visita ao Itiquira............................................. 77

Tabela 28. Número de pessoas no grupo.............................................. 77

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Variáveis escolhidas para a estimativa de gastos...................................................................................

48

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xii

LISTA DE FIGURAS E FOTOGRAFIAS

Figura 1. Roteiro para se chegar ao Parque Municipal do Itiquira partindo de Brasília – DF..................................

21

Figura 2. Formato do Parque Municipal do Itiquira a partir das coordenadas obtidas....................................................

22

Foto 1. Placa de Fundação do Parque Municipal do Itiquira... 78

Foto 2. Entrada do Parque Municipal do Itiquira...................... 78

Foto 3. Trilha de acesso ao Salto, com placas educativas, indicativas e mureta de proteção.................................

79

Foto 4. Estrato arbóreo que forma a mata ciliar com vista da cachoeira ao fundo.......................................................

79

Foto 5. Matas do Parque e trilhas que dão acesso à cachoeira......................................................................

80

Foto 6. Percursos do Rio Itiquira com relevo acidentado......... 80

Foto 7. Piscinas naturais formadas pelo Rio Itiquira................ 81

Foto 8. Ponte construída na trilha que dá acesso ao Salto..... 81

Foto 9. Vista do Salto do Itiquira.............................................. 82

Foto 10. Placa de divulgação dos atrativos da Estância Itiquira, localizada a 500 m do Parque Municipal ........

83

Foto 11. Entrada da Estância do Itiquira (área de camping), localizada nas proximidades do PMI............................

83

Foto 12. Local de circulação da área de camping da Estância Itiquira...........................................................................

84

Foto 13. Ponte de acesso à área de chalés............................... 84

Foto 14. Vista dos chalés........................................................... 85

Foto 15. Área de piscinas artificiais............................................ 85

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xiii

RESUMO

Este estudo avalia a aplicação do Método Custo de Viagem no Parque Municipal do Itiquira, localizado no município de Formosa (GO). A análise utilizou as variáveis de maior significância como: renda, distância do ponto de origem e tempo de estadia dos visitantes daquele atrativo turístico, dentre outras variáveis independentes expressa no modelo tais como: faixa etária, escolaridade, quantidade de visitas ao parque. Com o objetivo de conhecer o perfil daqueles usuários daquela área de lazer foram inseridas ao survey as questões: importância do local para visitas, objetivo da viagem, critério de escolha do parque, procedência, ocupação atual e transporte utilizado. Para obtenção dos dados foram aplicados 816 questionários aos visitantes. Analisando a demanda turística do Parque Municipal do Itiquira pode-se constatar que a distância percorrida pelos seus visitantes é pouca, o que tende a subestimar a valoração do bem ambiental, mas que ao mesmo tempo tende a favorecer a quantidade de visitas sem tanta interferência da questão dos preços ou custos, desfavorecendo a formação de uma curva de demanda bem comportada. Considerando os modelos aplicados, o gasto total parametrizado (GT) do visitante como o valor do bem ambiental é o mais adequado levando em consideração a renda (Y), quantidade anual de visitas (QI), suas faixas etárias (I1, I2, I3, I4) seus níveis de escolaridade (ESC) e o tempo de estadia no Parque (D1, D2, D3). Vale ressaltar que a análise não se esgota, dadas as inúmeras variáveis que possam surgir diante das especificidades de cada bem ambiental, recomendando-se o aprofundamento dos estudos relativos à valoração econômica.

Palavras-Chaves: Método Custo de Viagem; Valoração ambiental; Áreas de Recreação; Demanda Turística

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ABSTRACT

This study evaluates the application of the Cost Method travel in the Municipal Park Itiquira, located in the municipal district of Formosa (GO). The analysis used the larger significances variables as: income, distance from stay origin and time point of the visitors of that tourist attractiveness, among other independent variables expresses in the model such as: of age band, education, visits quantity to the park. With the goal of knowing the profile of those users of that leisure area were inserted to survey the matters: importance of the location for visits, goal of the travel, choice criterion of the park, provenance, current occupation and used transportation. For obtainment of the data were applied 816 questionnaires to the visitors. Analyzing the tourist demand of the Municipal Park Itiquira can verify that the distance runninged through by your visitors is little what tends to underestimate for value of the very environmental, but that at the same time tends to favor the visits quantity without so much interference of the matter of the prices or costs, disfavoring the formation of a curve of very behaved demand. Considering the applied models, the total expense parameterized (GT) of the visitor as the value of the very environmental is the most adequate carrying in consideration the income (Y), annual quantity of visits (QI), their of age bands (I1, I2, I3, I4). Their I education levels (ESC) and time of stay in the Park (D1, D2, D3). Is worth stress that the analysis does not exhaust, given the countless variables that can arise in front of specific of each very environmental, recommending itself the deepening of the relative studies to valued economic.

Words-keys: Cost method travel; Value environmental; Recreation areas; Tourist demand

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INTRODUÇÃO

Avaliar bens não transacionados em mercados tem se tornado uma prática

na avaliação de bens de recreação ou lazer, via aplicação do Método Custo de

Viagem (MCV). Originado através da carta do economista Harold Hotelling ao diretor

dos serviços de parques dos EUA, em 1947, o MCV foi introduzido na literatura por

outros economistas, entre eles Wood e Trice (1958) e Clawson e Knetsch (1966). No

Brasil, percebe-se que as referências de sua aplicação ainda são bem restritas.

A literatura consultada sobre a aplicação do Método Custo de Viagem

demonstra a sua importância em vários países, porém, no Brasil, são poucos os

estudos desenvolvidos. São conhecidos os estudos realizados no Parque Nacional

do Iguaçu (PR), Parque Nacional de Brasília (DF), Chapada dos Veadeiros (GO),

Bonito (MS), Cananéia e Bertioga (SP), porém em nenhuma área tão pequena

quanto o Parque Municipal do Itiquira.

O MCV busca imputar um valor aos bens ambientais não existentes no

mercado, usando o comportamento do consumidor, incluindo custos despendidos

durante uma viagem, considerando gastos do seu ponto de origem ao local de

recreação escolhido.

O Parque Municipal do Itiquira (PMI) é um dos principais atrativos turísticos

do nordeste goiano, o segundo maior salto de água do Brasil, com 168 metros de

queda livre, além de constituir-se em uma área com 48 hectares de preservação. Ali

estão localizadas 36 nascentes de água mineral, vegetação riquíssima em madeiras

nobres e uma enorme variedade de fauna de pequeno porte.

Por se tratar de um parque municipal com exploração terceirizada –

concedida pela Prefeitura Municipal de Formosa –, estudos de valoração podem

complementar os esforços da população em sua defesa e ao mesmo tempo

contribuir na sensibilização para a necessidade de investimento em suas

imediações, chamando dessa forma a atenção para as suas belezas naturais. É de

se considerar ainda que a região do parque apresenta condições extremamente

favoráveis para atividades de turismo.

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2

Nesse contexto, o principal objetivo deste estudo é testar a aplicabilidade do

Método Custo de Viagem (MCV) ou Método de Demanda de Viagem, considerando-

se a distância percorrida e os gastos despendidos na viagem para estimar a curva

de demanda em um parque específico (AIACHE, 2003). A aplicação do MCV

permitirá também estimar o valor do uso recreativo do PMI por meio da análise

exclusiva dos gastos efetuados pelos seus visitantes.

“Cada visita ao lugar de recreação envolve uma transação implícita, na

qual o custo total de viajar a esse lugar é o preço que se paga para a

utilização dos serviços recreativos do parque” (ORTIZ et al., 2001).

Este estudo está dividido em Introdução (considerada como Capítulo 1),

quatro capítulos e Considerações Finais. O Capítulo 2 mostra, além das justificativas

que levam à aplicação do Método Custo de Viagem e toda a sua questão teórica

como nosso objeto de estudo, outros métodos de valoração ambiental, como o

Método de Valoração Contingente (MVC) e o Método de Preços Hedônicos (MPH).

Faz também uma rápida abordagem sobre algumas experiências de aplicação do

MCV desenvolvidas no Brasil.

O Capítulo 3 traz um breve histórico sobre a cidade de Formosa (GO),

município de localização do Parque Municipal do Itiquira, a sua caracterização

geográfica, riquezas naturais e seus atrativos como motivo principal para a demanda

turística.

O Capítulo 4 analisa a aplicação do MCV nos seus detalhamentos,

apresentando quadros que demonstram a percepção ambiental, os objetivos dos

visitantes e os custos para a realização das visitas. Faz ainda uma análise do perfil

socioeconômico do recreacionista que opta pelo PMI.

O Capítulo 5 demonstra a aplicação de seis modelos de Análise de

Regressão com a utilização do Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO),

sendo três com variáveis dependentes, apresentando os gastos totais

parametrizados, e outros três com o uso das variáveis de gastos totais informados.

Finaliza com os resultados detectados, possibilitando a formação de uma equação

para valorar o Parque Municipal do Itiquira.

As considerações finais revelam algumas percepções da autora sobre a

aplicabilidade do método, tendo em vista os resultados obtidos.

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3

CAPÍTULO II

VALORAÇÃO E ÁREA DE INTERESSE TURÍSTICO

2.1 A valoração econômica: aspectos gerais

O meio ambiente apresenta várias características úteis à sociedade, sendo a

base da sua sobrevivência, proporcionando insumos naturais para a produção (solos

férteis, fauna, flora, minerais). Oferece as chamadas “amenidades ambientais” nas

belas paisagens, bem como condições de absorção dos resíduos deixados pelo

homem, dispersando-os, diluindo-os ou reciclando-os.

A preocupação com a degradação do meio ambiente vem de longas épocas,

tendo surgido especialistas atentos ao problema. Porém na visão do economista não

havia espaço para valorar algo que não fosse diretamente consumido, sendo esta

mais uma controvérsia entre as muitas que permeiam a ciência econômica, que

atribui valores aos bens e serviços produzidos pelo homem e transacionados no

mercado. Nogueira et al. (2000, p. 20) afirmam que a “ausência de preços para os

recursos ambientais (e os serviços por eles prestados) traz um sério problema: uso

excessivo dos recursos”. Por sua vez, Jacobs (1995) diz que se descobre o valor de

alguma coisa ao colocá-la no mercado, igualando seu valor com o preço gerado pela

interação da oferta e da demanda.

A necessidade de valoração econômica dos espaços naturais tem levado

pesquisadores à busca de métodos que possam subsidiar a solução de problemas

voltados às questões ambientais.

Na valoração do recurso ambiental, as dificuldades afloram ao se tentar

mensurar a estética ambiental, a vida humana e os benefícios ecológicos (FIELD,

1995). Para os gestores de recursos ambientais, a valoração ajuda a indicar

prioridades, além de permitir o controle e gestão da sua demanda (ORTIZ et al.,

2001). Já no começo da década de 50 surgiram preocupações iniciais com a

sinalização da escassez relativa aos recursos naturais, passando-se a tratar a

natureza enquanto fornecedora de amenidades ambientais e fossa de resíduos

(FAUCHEAUX, 1997).

Page 19: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

4

Nogueira et al. (1998) desenvolveram estudos aprofundados sobre a

valoração econômica do meio ambiente. Nesse trabalho, destacam-se esforços na

tentativa de estimar preços para os recursos naturais. Em seus textos, eles apontam

autores – como Motta (1998), Hanley e Spash (1993), Marques e Comune (1995),

Pearce (1993), entre outros – que se pautaram nas bases da teoria econômica

neoclássica, a economia do bem-estar. Inserem-se aí os conceitos de excedentes

do consumidor e produtor, custo de oportunidade, disposição a pagar (DAP) e

disposição a receber compensação (DAC), além da noção de eficiência econômica

das teorias do equilíbrio geral (MUELLER, 2001). O assunto é abordado por Pearce

(1995) como um estado embrionário, embora o autor reconheça o grande progresso

que está havendo nessa área. Na sua visão, a falta de uma curva de demanda e de

um preço de mercado para os bens ambientais é que tem levado ao

desenvolvimento de vários métodos para estimar valores de bens ausentes no

mercado.

Tanto Motta (1998) quanto Nogueira et al. (1998) fazem uma abordagem

sobre o que valorar, deixando clara a dificuldade em valorar aquilo que não tem

preço de mercado. Destacam o Valor de Uso (VU), referindo-se ao que as pessoas

usufruem no ambiente de risco, que pode ser subdividido em:

Valor de Uso Direto (VUD) – Utilização de um recurso pelo

indivíduo na forma de extração, visitação ou outra atividade de produção ou

consumo direto. Trata-se de valor real do uso, a exemplo do ornitólogo,

pescador, caçador e outros profissionais ou estudiosos.

Valor de Uso Indireto (VUI) – Função ecossistêmica do benefício

atual do recurso, a exemplo da proteção do solo e da estabilidade climática

decorrente da preservação das florestas.

Valor de Opção (VO) – Opção para uso no futuro, feita por

pessoas que não fazem uso no presente, ou valor atribuído pelo indivíduo

em uso direto e indireto (DAP)1.

Valor de Existência (VE)2 – Valor de não-uso ou valor passivo,

dissociado do uso. Representa consumo ambiental e deriva-se de uma

1 Disposição a pagar pela preservação ou conservação frente a uma ameaça de perda futura (DAP). 2 Definidos também como valores intrínsecos.

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5

posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de

existência de espécies não humanas ou de preservação de outras riquezas

naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o

indivíduo.

Pearce (1995) define o Valor de Existência como um valor que reside em algo

não relacionado em absoluto com os seres humanos. Independentemente da

existência dos seres humanos, o meio ambiente tem o seu valor. Por outro lado,

surge o valor dado pelas pessoas a partir das suas preferências em forma de Valor

de Uso, sendo que na visão de Mota (2000) a DAP expressa a preferência subjetiva

do indivíduo, com base em um prévio orçamento com combinação de bens e

serviços conscientes em função da utilidade máxima. Porém, na concepção de

Pearce (1995), falta clareza quanto às definições dos valores de opção e de

existência, necessitando-se ainda de investigação sobre o assunto.

Nogueira et al. (2000, p. 86) acrescentam o Valor de Quase-Opção, como

“valor de reter as opções de uso do futuro do recurso, dada uma hipótese de

crescente conhecimento científico, técnico, econômico ou social, sobre as

possibilidades futuras do recurso ambiental sob investigação”, destacando como um

valor relevante as discussões sobre conservação da biodiversidade. Estes seriam os

valores abordados como componentes do Valor Econômico Total (VET), em

referência ao benefício de preservação (MUELLER, 2001).

2.2 Métodos de valoração dos recursos naturais

Na visão de Motta (1998), não existe um método único para mensurar

externalidades3 ambientais. Baseando-se nos estudos de Hanley e Spash (1995),

Nogueira et al. (2000) detalham os principais métodos de valoração dos bens e

serviços ambientais. Dentre eles merecem destaque três muito utilizados na

valoração de atividades de lazer e recreação:

Método de Valoração Contingente (MVC) – Aplicável quando

não existem dados de mercado disponíveis, situação em que o indivíduo

3 Custos ou benefícios que não se encontram refletidos no preço de mercado (PINDYCK, 1999).

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6

expressará sua preferência baseando-se em escolhas hipotéticas, relacionando

o aspecto econômico e a recreação. A DAP4 (disposição a pagar pela

conservação de bens e serviços ambientais) refere-se a avaliações para uma

melhoria no meio ambiente, enquanto que a DAC5 estipula valores que as

pessoas estariam dispostas a receber como recompensa por danos causados

a esses bens ou serviços. A idéia básica do método é mostrar as diferentes

preferências dos indivíduos por bens e serviços (NOGUEIRA et al., 2000). Na

preferência hipotética, as pessoas respondem a questionamentos que

demonstram quanto elas estariam dispostas a pagar para assegurar uma

melhoria ambiental, tomando-se o valor mais alto da disposição a pagar como

oferta. Trata-se de uma estruturação empírica dos valores de existência e de

opção (PEARCE, 1995)6.

Método dos Preços Hedônicos (MPH) – As características

locacionais e ambientais são consideradas na escolha do consumidor. Ao

demonstrar a sua escolha, considerando a percepção das características

ambientais evidentes para o seu bem-estar, o indivíduo está valorando as

particularidades do imóvel levando em conta praças, comércio, escolas e

outros pontos que estejam localizados nas proximidades (NOGUEIRA et al.,

2000). Caracterizado como “Método de Preferência Revelada”7 por Jacobs

(1995), tem sido amplamente usado para medir o valor da contaminação do ar,

o nível do ruído e ainda a beleza cênica dos locais de moradia. Logo, esses

locais são valorados também por esses fatores8.

Método Custo de Viagem (MCV) – Relaciona economia e

recreação, expressando o valor total gasto pelas famílias a fim de se

deslocarem para determinado lugar. Este será o ponto-chave no

desenvolvimento deste estudo, sendo detalhado em subtítulo específico. Embora vários autores abordem a importância da valoração econômica do

meio ambiente, Nogueira et al. (2000) evidenciam a precaução que se deve ter ao

tratar o assunto, destacando dois pontos que devem ser levados em conta: primeiro,

4 DAP (WTP = Willingnes to pay). 5 DAC (WTA = Willingnes to accept). 6 Para o leitor interessado em MVC, sugiro o trabalho de Aiache (2003). 7 Mota (s/d) indica a escolha feita pelo consumidor quando ocorrem variações de preços e de renda. 8 Para o leitor interessado em MPH, sugiro o trabalho de Batalhone (2000).

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7

que valoração econômica é o último passo da análise; segundo, que se deve atentar

para a questão da imperfeição de imputar valores monetários a bens e serviços não

transacionados em mercado com métodos empíricos e conceitos disponíveis.

Alertam ainda para a atenção que se deve ter com a fundamentação teórica dos

instrumentos de medidas dos métodos de valoração econômica ambiental. Dentre os

problemas de valoração monetária dos recursos naturais, Jacobs (1995) aborda

aqueles de aspectos técnicos que são considerados como dificultadores para a

obtenção de resultados precisos, destacando: as características particulares do bem

em questão; a identificação de todas as características possíveis; e a consideração

conjunta das variáveis.

Os críticos chamam a atenção para o fato de os métodos gerarem resultados

positivos. Porém, com a mesma facilidade, os métodos podem subestimar o que os

conservacionistas vêem como ativos ambientais importantes, desvirtuando os

resultados de uma análise de custo-benefício, ou superestimar quanto à resposta

sobre a disposição a pagar, uma vez que na realidade as pessoas questionadas

sobre a importância de se conservar o meio ambiente não serão solicitadas para tal.

Outra hipótese é as pessoas questionadas demonstrarem à sociedade sua

preocupação com o meio ambiente, simulando uma alta disposição de pagar pela

sua conservação (JACOBS, 1995). Outro fator considerado entre os críticos é a

amostra, que, se não for representativa, poderá conduzir a resultados irrelevantes.

Segundo Jacobs (1995), uma das formas de garantir a precisão dos métodos

é a verificação por meio da comparação dos valores gerados em aplicações através

do método de preferência revelada e de preferência hipotética. Essas comparações

mostrarão resultados razoáveis, porém não uniformes. O termo “precisão” dentro da

visão economista registra alguns interrogatórios quanto à confiabilidade dos

resultados da preferência revelada, ao serem estes comparados com os hipotéticos

e sua utilidade. Dessa forma podem-se descobrir valores – incluindo-se os de opção

e de existência – dos bens ambientais que não apresentam preferência revelada, a

exemplo de animais selvagens ou locais de difícil acesso ou perigosos, que não

apresentam valor para a aplicação do método. De maneira geral são reveladas

maiores objeções em relação ao método hipotético.

Mesmo diante das críticas, os métodos permitem avaliar os bens e serviços

ambientais de forma bastante sensível, possibilitando à sociedade tomar decisões

Page 23: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

8

mediante a análise de custo-benefício no que diz respeito a valores monetários.

Percebem-se críticas em relação a vantagens e deficiências dos métodos,

demonstrando-se dessa forma a impossibilidade de rigor no tratamento teórico dos

mesmos, porém o sucesso na aplicação deles dependerá muito da perspicácia do

responsável pela sua aplicação, principalmente considerando-se as limitações que

cada um apresenta – embora os métodos sejam tidos como ferramentas

indispensáveis nas decisões políticas públicas.

2.3 Método Custo de Viagem

2.3.1 Características gerais

Entre os métodos de valoração está o Método Custo de Viagem. Segundo

Hanley & Spash (1995), essa pode ser a técnica mais antiga de valoração de um

bem não disponível em mercado. Introduzido nas literaturas econômicas em 1958

pelos economistas Wood e Trice e em 1966 por Clawson e Knetsch, é utilizado

predominantemente na valoração de locais de recreação e/ou espaços ao ar livre.

Embora não se observe de forma direta que as pessoas comprem qualidade

ambiental, elas se deslocam para locais de lazer a fim de desfrutar dessa qualidade,

gastando tempo e recursos financeiros. Trata-se de um método de preferência

revelada, desenvolvido para valorar locais de recreação, já que visitar essas áreas

exige gastos monetários e tempo, o que torna possível inferir o seu valor. De acordo

com Jacobs,

Estos métodos de preferencia revelada pueden usarse cuando los

consumidores estén tomando decisiones reales sobre bienes o servicios

associados com características ambientales cuyos valores se estén

cuestionando, pero son de poca ayuda cuando no puede observarse el valor

real (JACOBS, 1995, p. 387).

E nas palavras de Benakouche, o Método Custo de Viagem

consiste em determinar o valor econômico dos serviços oferecidos pelos

bens naturais (parques recreativos, sítios ecológicos, áreas de conservação,

Page 24: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

9

etc...) e em compará-los com os benefícios econômicos que poderiam ser

obtidos se esses bens tivessem um outro uso (BENAKOUCHE, 1994, in

MOTA, 1997).

Segundo Freeman (1993), no modelo de escolha do consumidor em que

viagens para lugares de recreação são tratadas como um bem ordinário, a demanda

por recreação é obtida a partir da solução de um problema de maximização, no

sentido de que as pessoas, quando fazem opção por uma área de lazer, maximizam

o seu grau de satisfação de acordo com os limites orçamentários de que dispõem –

sendo a recreação um item da cesta de bens consumidos pelo indivíduo.

Motta, Ortiz e Ferraz (2001) definem o MCV como uma forma de estimar o

valor de uso recreativo de um lugar específico de recreação por meio da análise dos

gastos efetuados pelos visitantes. Cada visita envolve uma transação implícita na

qual o custo total da viagem é o preço que se paga para a utilização dos serviços

recreativos do local. Assim, pode-se calcular tudo que é valorado pelo usuário de

acordo com a utilidade dos bens e serviços.

Na busca da valoração do lazer proporcionado por parques, áreas verdes,

paisagens, o MCV utiliza o comportamento de consumo do mercado através dos

gastos relacionados com a viagem, tais como: combustível para deslocamento,

despesas com alimentação, ingressos e todo o capital necessário para o consumo

durante o período (HANLEY & SPASH, 1995). Além desses gastos, são analisadas

variáveis cujas características socioeconômicas podem interferir no resultado final,

como renda, nível de educação, idade, zona de moradia e outros itens pertinentes.

Segundo Motta (2001), o princípio básico do modelo toma a quantidade de

visitas feitas por recreacionistas à área escolhida em função dos gastos, variáveis

socioeconômicas e atitudinais. O modelo assume a função Vi = f (Pi, Ri, Ki), onde:

• Vi = densidade de viagem por zona,

• Pi = custo da viagem, computando-se todos os gastos feitos

para o deslocamento,

• Ri = renda média dos visitantes,

• Ki = variável que reflete as atitudes dos recreacionistas em

relação ao local de visita.

Page 25: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

10

Pearce (1995) descreve o Método Custo de Viagem como uma extensão da

teoria da demanda do consumidor em que se atribui valor inclusive ao tempo. O ser

humano em determinado período pode optar entre ir a um parque de recreação que

está a duas horas de distância, passando o dia ali, ou ir trabalhar. Se fizer a opção

de ir ao parque, poderá estar deixando de ganhar com o trabalho e estará gastando

com a viagem. As informações das variáveis que envolvem esse processo9

transformadas em valores determinarão a estimação da disposição a pagar de uma

unidade familiar por um determinado número de visitas. Logo, esse método estima a

demanda por um determinado local com base na demanda de atividades

recreacionais associadas complementarmente ao uso do mesmo.

O método não contempla custos de opção e de existência, pelo fato de captar

somente os valores de uso direto e indireto associados à visita ao parque. Dessa

forma, indivíduos que não visitam o local, mas representam valor de opção ou de

existência, não são considerados. Essa percepção é confirmada por Hanley e Spash

(1995).

A distância, determinada de acordo com a zona de origem das visitas, é ponto

fundamental na identificação e consistência dos resultados. Os custos altos

indicarão poucas visitas, por razões socioeconômicas, pela distância, ou pelo alto

percentual de visitas em razão das viagens curtas, conforme os agrupamentos das

zonas. Essa variável não poderá levar a uma subvaloração, a menos que o local não

ofereça atrativos aos visitantes ou existam locais substitutos.

Observa-se que, quanto mais longe dos visitantes estiver a localização do

parque, menos uso desses visitantes será esperado, devido ao aumento do custo de

viagem para a visitação. Logo, aqueles que residem mais perto tendem a usá-lo

mais, na medida em que o preço implícito para visitá-lo é menor. Nesse contexto, o

Método Custo de Viagem busca estimar o excedente do consumidor associado ao

usufruto desses serviços, sendo que esse valor depende da condição de que a

oferta de serviços ambientais no parque não se altere.

Determinados os pontos que indicam a quantidade de visitas e os custos de

cada uma a partir do ângulo que os dados obtidos formaram, tem-se a curva de

demanda que o local oferece. Podem então ser calculados os benefícios, tomando-

9 Gastos realizados com combustível, alimentação, entradas, souvenirs, etc.

Page 26: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

11

se a área abaixo da curva para obter o excedente do consumidor. Somando os

excedentes do consumidor para as distintas categorias e lugares, obter-se-á o

benefício global do lugar (PEARCE, 1995). O excedente do consumidor, no caso,

será a diferença entre o valor que ele está disposto a pagar e o que realmente está

pagando para o seu bem-estar ao freqüentar o local de visita (PINDYCK e

RUBINFELD, 1999). Ou seja, o excedente dos usuários será determinado a partir do

valor dos benefícios monetários auferidos (atribuídos, porém não pagos) pelos

freqüentadores do local de recreação. A disposição a pagar dentro do método pode

ser definida a partir de uma melhoria ambiental a ser oferecida, o que determina uma

segunda curva de demanda.

Dentre as variáveis existentes, o tempo gasto é outro aspecto a ser

considerado, quando visto como custo de oportunidade, referindo-se ao período

usado a partir do deslocamento até o retorno, considerando-se que esse tempo

poderia estar sendo utilizado em outras atividades, como um lazer com menor custo,

ou até mesmo no trabalho (MOTA, 1997). O custo de oportunidade na função dos

estimadores é o fator mais complexo, uma vez que estes se associam às

oportunidades que são deixadas de lado. Na aplicação do Método Custo de Viagem,

a opção de maior escolha foi o lazer, em detrimento de outros afazeres que

poderiam estar sendo realizados (PINDYCK e RUBINFELD, 1999). A omissão desse

dado enviesa os estimadores do modelo para cima, e conseqüentemente ocorre a

estimação do excedente do usuário para baixo (BOCKSTAEL, 1996, in MOTTA,

2001).

Percebe-se na literatura o quanto a valoração do tempo no Método Custo de

Viagem é abstrata. O tempo gasto com a visita é uma variável de extrema

importância, considerando-se que outras atividades poderiam estar sendo

desenvolvidas no mesmo período. Na troca de trabalho por lazer, a taxa salarial

referente àquele período pode significar o custo de oportunidade, porém existe a

opção de comparabilidade com outras opções de lazer com menor custo e não com

a hora trabalhada, o que pode dificultar sensivelmente a valoração. Smith (1975)

chama atenção para a variável “zona de origem” (local de moradia do visitante), pois,

ao se avaliar a distância percorrida até a área de lazer, não podem ser desprezadas

as características econômicas e demográficas, pressupondo-se aproximação no

Page 27: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

12

tempo gasto para o cálculo do custo de oportunidade (valor monetário de cada hora

de descanso do visitante de acordo com a sua renda).

Walsh et al. (1995) referem-se à taxa de renda como uma medida de custo de

oportunidade em relação ao tempo. Porém, há de se considerar que estudantes,

desempregados e aposentados não fazem a troca de tempo por renda. Reforçando

suas idéias, esses autores expõem o pensamento de McConnel e Strand (1981),

que, na sua análise da renda, fazem uma suposição de valor explícito do tempo de

oportunidade – que se manifestará conforme a renda –, e enfatizam a

proporcionalidade entre ambas as variáveis, no sentido de que renda elevada gera

custo de oportunidade elevado; se reduzida, suavizará esse custo. Walsh et al.

(1995) abordam também a visão de Bockstael, Strand e Hanemann (1987), que

prevêem um modelo alternativo no qual o tempo e a renda não são substituídos, o

que permite a colocação de um provável desequilíbrio para viagens de longa

duração. O modelo apresenta renda e custos de tempo como variáveis de preço

separadas na função de demanda. Isso porque nas longas viagens o custo de

oportunidade será afetado pelo alto custo.

Uma outra abordagem feita nesse estudo refere-se ao ajuste para o possível

efeito de restrições de tempo ou renda no custo de oportunidade através da

desagregação das visitas em grupos, de acordo com a sua ocupação/alternativa de

atividades, sendo: a) estudantes, desempregados ou aposentados; b) profissionais

liberais sem formação; c) profissionais especializados; d) administradores.

Distorções no mercado de trabalho sugerem que as taxas salariais podem

superavaliar o custo do lazer. Chevas et al. (1989), in Hanley & Spash (1995),

fornecem estimativas do valor do tempo, separando-o em dois momentos: durante a

viagem e durante o período de permanência no local. Dessa forma, percebe-se que

a substituição de tempo por renda é uma opinião bastante diversificada entre os

autores que já aplicaram o método para valoração de áreas de recreação.

2.3.2 O Método Custo de Viagem e suas limitações

Os fundamentos teóricos encontrados na literatura não trazem um consenso

quanto à melhor variável dependente, embora o Método Custo de Viagem aponte

Page 28: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

13

para duas opções básicas. Estudos apresentados por Aiache (2003) mostram que as

visitações podem ser determinadas:

• Por zonas de origem (V/pop) – Variante que segrega o

território de origem dos visitantes em um determinado número de

zonas (por circuitos concêntricos).

• Por indivíduo (VPA) – Variante individual, definida como o

número de visitas feitas por cada visitante durante um dado período a

determinado local.

A opção é sempre implementada por uma coleta de dados sobre visitações

per annum para cada responsável (VPA). Segundo Hanley e Spash (1995), Brown

et al. (1983) defendem análise por zonas de origem (V/pop), enquanto Common

(1988) defende análises por indivíduo (VPA). Fletcher et al. (1990) apontam vários

problemas com V/pop, afirmando que essa medida é teoricamente improvável e

inconsistente com a teoria do consumidor.

As viagens de múltiplo uso são grandes dificultadoras das análises. O múltiplo

uso da viagem10 é uma característica a ser considerada em relação ao custo do

tempo e pode superestimar o custo de oportunidade. Esse viés poderá ser

eliminado, considerando-se frações do tempo em relação a cada local visitado. São

consideradas no método as visitas propositadas e as imprevistas, sendo as

propositadas aquelas cujos objetivos são únicos em relação aos locais escolhidos e

suas variáveis são contribuidoras para a valoração. Já as visitas imprevistas não

valoram o local da mesma forma que as visitas propositadas. Apresentam variáveis

que deverão ser excluídas, por não levarem ao verdadeiro valor do local a ser

considerado como único objeto de estudo na aplicação do método. Segundo Ortiz et

al. (2001), viagens com destinos múltiplos possibilitam a existência de soluções de

canto11.

O cálculo do custo da distância é uma variável que em um primeiro momento

parece demonstrar um valor concreto, como o cálculo do valor do combustível gasto.

Porém, ao se considerar a depreciação do veículo para incluí-la nos gastos, indaga-

se que valor poderia ser embutido. Trata-se de um questionamento deixado pelos

estudiosos do método. Um outro fator a ser observado é a viagem de curta distância. 10 Visita a dois ou mais lugares em uma mesma viagem. 11 O visitante maximiza sua satisfação visitando apenas um dos locais de recreação (dentre vários próximos).

Page 29: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

14

Esta apresenta custos diferentes, que devem ser considerados em separado, visto

se constituírem também um viés. Em relação à subestimação, dever-se-á atentar

para os visitantes residentes nas proximidades do local de lazer.

Ao se verificar a validade dos estudos quanto à sua credibilidade, constata-se

que os resultados na repetibilidade sofrerão alterações, por serem incomparáveis,

pois as características do local e dos visitadores envolvidos são diferentes. Trata-se

de um método limitado a situações de local específico. Estima-se uma função de

viagem com sinais de coeficiente que são consistentes com a teoria do MCV, sendo

que o consumidor está disposto a pagar pelo seu lazer, estando o princípio de

disposição a pagar associado a um modelo econométrico de demanda no qual o

número de visitas é uma função do custo total da viagem, da renda familiar do

visitante e de variáveis educacionais.

Em se tratando de problemas estatísticos, surge uma grande preocupação

quanto às situações que levam às análises. Na visão de Hanley e Spash (1995), as

variáveis utilizadas no método são censuradas e truncadas. Truncadas pelo fato de

serem considerados somente visitantes do local escolhido, não se permitindo a

avaliação por bens substitutos, nem se levando em consideração a decisão para se

chegar à visita. Por outro lado, são consideradas apenas as visitas ocorridas no

período da amostra, o que pode levar a um quadro avaliativo incorreto, pois os

visitantes inquiridos não podem responder pelas preferências dos visitantes de

outras épocas do ano. Em relação à censura, os autores a atribuem ao fato de que

menos de uma visita não pode ser observada e isso pode levar a uma estimativa de

parâmetros de demanda inclinada. Smith e Desvouges (1986) mostram como as

estimativas de parâmetros e excedente do consumidor variam de acordo com as

rotinas de estimação de OLS (Ordinary Least Square) ou ML (Maximum

Linkelihood).

Um outro aspecto de extrema importância para a aplicabilidade do MCV é a

escolha de formas funcionais que produzam estimativas reais no excedente do

consumidor de um determinado local. As formas mais populares são quatro – linear,

quadrática, semilog e log-log –, tendo sido verificado que, na maioria das

experiências de aplicação do método, a melhor adequação está na função semilog,

embora a teoria econômica não seja clara quanto à melhor escolha da forma

funcional a ser aplicada. Em conseqüência, fica evidente que a transformação das

Page 30: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

15

variáveis é um procedimento poderoso para a sua escolha, já que, se não for

adequada, a forma escolhida pode acarretar implicações que afetam os resultados

(SMITH, 1995).

Tratando-se de validade, a comparação dos Métodos Custo de Viagem e

Valoração Contingente revela que ambos convergem para um mesmo ponto, sendo

que o segundo mostra a disposição a pagar em uma oportunidade recreativa e o

primeiro apresenta o valor gasto. Quando aplicado adequadamente, o MCV auxilia o

gestor ambiental na formulação e implementação de políticas públicas direcionadas

ao gerenciamento e ao acesso da sociedade aos bens de uso coletivo, o que lhe

possibilita realizar o aprimoramento de suas ações de gestão e prever variações de

custos e impactos no fluxo de visitas e na geração de receitas (MOTTA, 2001).

2.3.3 Algumas experiências com o MCV

A aplicação do Método Custo de Viagem é referenciada por estudos de caso

sob vários aspectos. Percebe-se um grande desenvolvimento na aplicação dos

métodos de valoração em áreas internacionais, com diversos estudos empíricos nos

mais diversificados locais que podem ser caracterizados pelo lazer.

• Kramer et al. (1995) aplicaram o método em Madagascar, tendo

florestas como objeto de estudo, estimando os benefícios ambientais (turismo,

desmatamento, valor de existência, etc.).

• Willis & Garrod (1991) tentaram avaliar a magnitude dos benefícios

recreacionais das florestas, comparando as estimativas dos excedentes dos

consumidores zonais e observações de visitantes individuais. Junto ao

Método Custo de Viagem, em alguns casos foi desenvolvido ainda o Método

de Valoração Contingente.

• Hanley & Ruffel (1993) fizeram uma avaliação das características das

matas, com o objetivo de explicar a variação no excedente dos consumidores

para diferentes tipos de florestas. Utilizaram os Métodos Custo de Viagem e

Valoração Contingente em diversas formas de estimação, entre elas: mínimos

quadrados ordinários e máxima verossimilhança.

Page 31: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

16

• Englin & Mendelsohn (1991) fizeram análise hedônica de custo de

viagem para avaliação de múltiplos componentes da qualidade de um sítio,

observando o valor recreativo do gerenciamento de florestas. Desenvolveram

um modelo que pudesse ser usado para estimar o valor dos sítios naturais. O

seu interesse empírico foi a acomodação de diversas mudanças simultâneas

nas características do sítio natural com aplicação de mudanças marginais e

não marginais.

• Smith & Kaoru (1986) desenvolveram estudo aplicando o modelo em

um único local na Bacia do Rio Monogahela, empregando uma estrutura

aleatória de utilidade, e compararam as estimativas do benefício hicksiano

encontradas com a estrutura utilizada e com o modelo do Método Custo de

Viagem convencional.

• Parsons & Wilson (1997) analisaram o consumo incidental no modelo

de demanda por atividade recreativa também para um único sítio. No seu

interesse empírico, mostraram que o consumo incidental pode ser tratado

como um bem complementar e ser analisado com a teoria convencional,

discutindo o surgimento de possíveis vieses associados com tal tipo de

consumo. Esse trabalho foi publicado no Agricultural and Resource

Economics Review.

• Walsh et al. (1995) demonstraram preocupação com o custo de

oportunidade e utilizaram modelos de McConnel e Strand (1981), fazendo a

suposição de que o valor explícito do tempo de oportunidade sobe

proporcionalmente com a renda. Basearam-se também no modelo de

Bockstael, Strand e Hanemann – B-S-H (1987) –, que é um modelo

alternativo, no qual o tempo e a renda não são substitutos na margem.

Aplicaram o MCV levando em consideração o limite de até 14 horas para a

distância de viagem e também acima de 20 horas, comprovando a

divergência de resultados. A amostra utilizada foi de 200 pescadores de truta

e salmão em regiões a 250 milhas a sudoeste de Denver, no Colorado,

Estados Unidos. Nesse estudo, os autores mostraram a análise de Ward

(1983), que desvinculou custo de tempo de oportunidade e renda.

Page 32: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

17

Strong (1983) utilizou como ponto principal a existência de populações

desiguais para a demanda de recreação no Canyon Westwater. A forma linear

foi evidenciada nos estudos realizados por Ziemer, Musser e Hill (1980), que

aplicaram o método de observação individual ao invés de zonas.

• Smith (1975) aplicou o método em área de deserto na Califórnia.

Paralelamente às especificações de características populares, foram

observadas as formas de funções mais adequadas a cada situação. Smith

concluiu que a falta de substitutos na demanda por recreação no deserto

pode levar a um preço não elástico, embora não haja comprovação com

evidência empírica o suficiente para documentar essa observação. As suas

conclusões deixaram claro que o Método Custo de Viagem apresenta

facilidades, por permitir adequações aos padrões de comportamento dos

recreacionistas.

• Calkins, Bishop e Browes (1986) consideraram o aspecto de qualidade

do local e bens de substituição. Aplicaram o método na tentativa de analisar o

fator “tomada de decisão” para a escolha de um determinado local, tendo por

base a doutrina de B-S-H (Bockstael, Strand e Hanemann, 1987). Sua

pesquisa foi desenvolvida no Lago de Wisconsin, inspecionada por um

laboratório de pesquisas. Consideraram uma diversidade de variáveis, tais

como: quantidade de visitas anuais, local de residência, número de pessoas

da mesma residência, outros acompanhantes, renda salarial, renda familiar,

tempo de viagem, idade, escolaridade, tipo e tempo de residência, ocupação.

Concluíram que as características do local são determinantes para a sua

escolha, considerando inclusive as belezas cênicas, e alertando para os

cuidados que se deve ter ao interpretar os resultados empíricos. Nessa

pesquisa aplicaram o modelo logit multinomial.

• Kling (1997) fez uma avaliação crítica quanto aos vieses que podem

surgir na aplicação do método. Utilizou os Métodos Custo de Viagem e

Valoração Contingente, buscando melhorias na precisão e exclusão de vieses

nas medidas de bem-estar, através da análise de diversas formas de

perguntas (single-bounded e doublé-bounded). Mesmo diante das críticas

direcionadas aos métodos abordados, estes permitiram avaliar os bens e

serviços ambientais de forma bastante sensível, possibilitando à sociedade

Page 33: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

18

tomar decisões mediante a análise de custo-benefício no que diz respeito a

valores monetários.

Destacam-se a seguir as aplicações desenvolvidas no Brasil:

• Mota (1997) – “Travel Cost Method: uma alternativa de análise da

demanda por atrativos ambientais”. O estudo teve como objetivo testar a

ajustabilidade do método a um conjunto de dados coletados por meio de um

survey aplicado aos freqüentadores do Parque Nacional de Brasília – “Água

Mineral”. Estabeleceu o modelo de demanda, determinando a estimativa do

excedente do consumidor por Região Administrativa do Distrito Federal.

• Aguiar (1998) (mimeo) – O estudo de valoração do Parque Nacional de

Brasília apresentou a estimação do valor do benefício associado ao uso direto

(atividade recreacional e de turismo), uso indireto (preservação de nascentes

e córregos que abastecem de água o Distrito Federal) e valores de opção e

de existência (espécies animais e plantas do cerrado) do parque.

• Motta et al. (2001) aplicaram o MCV no Parque Nacional do Iguaçu

(PNI), um dos principais atrativos turísticos do mundo, com significativo fluxo

anual de visitantes. O caso analisado apresentou especificidades que

obrigaram a um desenvolvimento metodológico abrangente e complexo. Teve

como principal objetivo estimar o valor de uso recreativo do PNI por meio de

análise dos gastos efetuados pelos turistas visitantes da cidade de Foz do

Iguaçu e do Parque Nacional, entre outubro de 1999 e fevereiro de 2000. O

parque apresenta uma característica peculiar: os turistas, em sua maioria, o

visitam poucas vezes, senão uma única vez durante o ano, razão que levou

os pesquisadores a abordarem o custo de viagens por zonas, criando ainda

uma zona de origem “Foz do Iguaçu” para aqueles turistas levados até o local

não pelo turismo, mas por outras razões. Houve uma preocupação com os

vieses, considerando-se que são diversos em razão das características do

local. Esse estudo apresentou especificidades que obrigaram a um

desenvolvimento metodológico abrangente e complexo.

• Silva (2001) utilizou o método no Balneário Municipal de Bonito, MS.

Aplicou-o dando ênfase às variáveis socioeconômicas que permitiram a

avaliação da demanda turística do balneário.

Page 34: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

19

• Grasso et al. (1995) desenvolveram estudos aplicando os dois

métodos, MCV e MVC (Valoração Contingente), nas áreas de manguezal com

pesca desportiva, nas regiões de Cananéia e Bertioga. Serviram de base

teórico-prática às avaliações da área benefícios como: proteção da bacia de

drenagem (controle de erosão, regulagem dos fluxos de corrente e redução

do fluxo local), processos ecológicos (formação de solos, fixação e ciclagem

de nutrientes, suporte para a vida global e circulação e limpeza do ar e da

água), biodiversidade (recurso genético, proteção de espécies, processos

evolucionários e diversidade do ecossistema), benefícios de consumo,

benefícios sem consumo (recreação e turismo, benefício espiritual, cultural,

histórico e valor de existência), educação e pesquisa. Os dados obtidos

permitiram a estimação de gastos totais diários dos visitantes, incluindo-se

ainda a avaliação dos benefícios dos recursos dos manguezais.

Segundo Nogueira et al. (2000), no Brasil o uso dos métodos de valoração

ainda é limitado, impedindo avanços nas oportunidades das aplicações com o

objetivo de se avaliar a relevância das vantagens e deficiências apresentadas.

Economistas afirmam que é necessário prosseguir o debate teórico e dar início a

aplicações práticas dos métodos de valoração, objetivando repor os vinte anos de

atraso nessa área. Se reconhecidos como ferramenta útil na gestão dos recursos

naturais, os métodos de valoração não devem ser deixados de lado, podendo as

suas aplicações se tornarem rotina nas políticas públicas.

O conhecimento das pesquisas desenvolvidas nos diversos pontos com

certeza contribuirá de maneira expressiva para estudos futuros sobre a avaliação

dos recursos ambientais brasileiros, e também da biodiversidade ecológica nacional,

que se expressa hoje como uma das maiores riquezas mundiais.

Page 35: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

20

CAPÍTULO III

O PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA E SUAS RIQUEZAS NATURAIS

3.1 Breve histórico da cidade de Formosa

Formosa (GO), município de localização do Parque Municipal do Itiquira,

objeto deste estudo, está situada no Planalto Central Brasileiro, na Região Centro-

Oeste. Está próxima a um platô de onde nascem as águas que formam as grandes

bacias hidrográficas brasileiras do Prata, São Francisco e Amazonas. Dispõe de

muitas belezas naturais, como grutas, rios, córregos, cachoeiras, lagos e lagoas.

Antigo Arraial dos Couros, a cidade nasceu de entrepostos de tropas de

mulas que cruzavam a região, transportando o ouro das minas do norte e do sul do

estado. O caminho por essa região era o preferido, porque possibilitava a fuga dos

impostos cobrados dos comerciantes que se dirigiam para a província de São Paulo.

O fluxo era garantido também pelo transporte do gado proveniente de campos

baianos, que abasteciam Minas Gerais (CODEPLAN, 1992).

Seu surgimento deu-se em meados do século XVIII, quando recebeu o nome

de Arraial Santo Antônio, situado abaixo da embocadura do Rio Itiquira com o

Paranã. Segundo historiadores, devido a um surto de febre amarela, os

sobreviventes se deslocaram 32 km do seu ponto original, procurando as

proximidades da Lagoa Feia, que passou a ser local de descanso para as tropas. Ali

levantaram as primeiras choupanas, cobertas com couro de boi, o que originou o

primeiro nome da nova localidade, Arraial dos Couros, no período entre 1736 e

1750. A cidade passou por mudanças em sua denominação, sendo Vila Formosa da

Imperatriz, Formosa da Imperatriz e apenas Formosa, a partir de 1º de agosto de

1843, com a emancipação política do município de Luziânia (IBGE, 1958).

Formosa tem como principal atividade econômica a pecuária, seguida pela

agricultura, indústria, comércio e prestação de serviços. Apesar de as suas fontes

turísticas serem imensas, o turismo ainda não pode ser considerado como fonte

geradora de riquezas para o município, que pertence à RIDE – Região Integrada de

Page 36: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

21

Desenvolvimento do Entorno de Brasília –, com uma população aproximada de

78.000 habitantes, distribuídos em 7.854 km2, o que perfaz uma média de 9,93

habitantes por km2. O município de Formosa é considerado o maior da Microrregião

do Planalto Goiano12.

O seu mapa ecoturístico apresenta pontos como a Lagoa Feia13, Gruta das

Andorinhas14, Buraco das Araras15, Pedreira Toca da Onça16, Sítios

Arqueológicos17, Lajedo18, Mata da Bica19, Cachoeira Bandeirinha20, Cachoeira da

Capetinga21 e Salto do Itiquira – nome de origem do parque municipal objeto deste

estudo –, além de outros.

3.2 Caracterização do Parque Municipal do Itiquira

Pa rque Municipal do Itiquira

Formosa

PlanaltinaSobradinho

Brasília

O acesso a ele se dá partindo da Capital Federal

(Brasília) pela BR-020, num percurso de 72 km

asfaltados, com 70% desse trajeto em pista dupla, até a

cidade de Formosa. Atravessando a cidade no sentido

sul-norte, toma-se a GO-116 por mais 32 km até o

Parque Municipal do Itiquira, estrada com pavimentação

em bom estado de conservação, o que facilita a

intensidade turística no local, onde se localiza o

Complexo Turístico Itiquira, que dá todo apoio ao turista

(Figura 1).

Figura 1. Roteiro para se chegar ao Parque Municipal do Itiquira. O complexo turístico foi criado por força da Lei nº

12 Localiza-se entre os paralelos 14º30’ e 16º de latitude sul e os meridianos 46º e 48º de longitude oeste, com altitude média de 918 metros. Considerado um centro sub-regional, tem abrangência em torno de 53.428 km2 (CODEPLAN,1980). 13 Lagoa distante 5 km do centro da cidade, com 15.000 m2 de extensão e 10 m de profundidade, com grande parte cercada de mata ciliar. 14 Depressão no alto de uma montanha, criada pelo desmoronamento de pedras calcárias, formando uma caverna cercada por vegetação. 15 Grande cratera com vegetação densa e rio subterrâneo, de difícil acesso, comum à prática de rapel. 16 Grutas com 50 m de altura, com inscrições rupestres e várias estalactites. 17 Sítios com inscrições gravadas em grandes pedras, indicando mapas e roteiros da região, habitações e animais. 18 500 m2 de formação rochosa (magmáticas), parecida com uma obra humana, sendo coberta pelo leito de um rio, terminando num poço com 02 m de profundidade. 19 Parque ecológico localizado no centro da cidade, com 25,68 hectares de mata nativa. 20 Quedas de água abaixo da captação de água para Formosa. A 3 km do centro da cidade. 21 Cachoeira com 130 m de queda em desnível e um mirante natural. A 43 km de Formosa.

Page 37: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

22

05-J, de 14 de abril de 1973 (Anexo A), que autorizou a desapropriação de 10

alqueires (48 ha) – (Figura 2), onde se localiza o Salto do Itiquira, cachoeira

caracterizada por beleza exuberante, com 168 metros de arremesso livre de água.

A referida lei foi assinada pelo então prefeito municipal, Sr. José Saad. Ainda em 18

de maio de 1973, foi assinado o Decreto nº 26-J (Anexo B), para desapropriação da

área, que foi declarada de utilidade pública, tendo a seguinte localização e limites:

A área permaneceu sem exploração por

um período de oito anos. Reconhecendo a importância do lazer na vida das pessoas

e o início da exploração da área por sua beleza sui generis – o que se caracterizava

como um nascente processo de atração turística –, o então prefeito municipal, Dr.

Severiano Batista Filho, assinou em 16 de setembro de 1981 o Decreto nº 136-S

(Anexo C), que criou o Parque Municipal do Itiquira, destinado ao lazer. (Foto 1)

Vendo-se impossibilitado de administrar o local, devido às dificuldades

financeiras do município, o mesmo prefeito assinou com a empresa A. C.

Empreendimentos Turísticos S/A, em 23 de agosto de 1982, um contrato de

concessão para exploração do Parque Municipal do Itiquira pelo prazo de trinta anos

(Anexo D). A empresa assumiu o compromisso de explorar o turismo racionalmente,

destinando a área única e exclusivamente à visitação pública, dotando-a de infra-

estrutura capaz de atender as necessidades turísticas. À época, apesar das belezas

naturais do local, o seu acesso era limitado pelas dificuldades apresentadas na

região. A falta de estradas possibilitava o lazer apenas àqueles que se aventuravam

em um passeio ecológico com vários riscos.

COORDENADAS DE LOCALIZAÇÃO E FORMATO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA (Anexo E)

Formato do Parque de acordo com as coordenadas obtidas.

Localizado na Serra Geral do Paranã, à direita do Salto do Itiquira, Marco 0; daí em reta, rumo 81o30’, NE, com uma distância de 300,00 m à estação 1, Marco 1; daí em reta, rumo 58º30’, NE, com uma distância de 500,00 m à estação 2, Marco 2; daí em reta, rumo 78º00’, NE, com uma distância de 350,00 m à estação 3, Marco 3; daí em reta, rumo 51º00’, NE, com uma distância de 250,00 m à estação 4, Marco 4; daí em reta, rumo 63º00’, NW, com uma distância de 665,00 m à estação 5, Marco 5; daí em reta, rumo 52º00’, SW, com uma distância de 250,00 m, à estação 6, Marco 6; daí em reta, rumo 45º00, W, com uma distância de 765,00 m à estação 7, Marco 7; daí em reta, rumo 29º30’, SE, com uma distância de 150,00 m à estação 0, Marco 0, ponto de partida desses limites.

Figura 2. Formato do parque de acordo com as coordenadas obtidas. Laboratório de Cartografia e Geoproces-samento – UEG – Formosa/2003.

Page 38: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

23

Das exigências constantes do contrato de exploração, a grande maioria foi

realizada. O parque conta hoje com infra-estrutura capaz de atender grande número

de pessoas através do complexo turístico ali construído (Foto 2).

3.2.1 Características naturais

O parque é cortado pelo Rio Itiquira (Foto 6), principal recurso turístico da

região. Forma, em toda a sua extensão, inúmeras piscinas naturais, com amplos

bosques, apresentando uma exótica paisagem com 36 nascentes de águas

minerais, sendo a proteção dos seus mananciais de fundamental importância para a

manutenção da qualidade e quantidade dos cursos-d’água ali existentes. O Rio

Itiquira nasce de várias vertentes da Serra Geral do Paranã, correndo no sentido

sudeste-nordeste até desaguar no Rio Paranã, afluente do Rio Tocantins. Corre em

grande parte sobre pedras, formando uma sucessão de quedas-d’água. Ao se

entalhar na Serra Geral do Paranã, apresenta-se encaixado, com declividade

acentuada, formando o Salto do Itiquira, que tem 168 metros de queda livre (Foto 9).

Do alto da cachoeira se descortina ampla vista sobre o Rio Maranhão (Bacia

Amazônica), no município de São Gabriel de Goiás.

Na parte superior da serra, onde está localizado o parque, existem quatro

cachoeiras (do Túnel, da Pedra Grande, do Poço Grande e do Funil), uma

corredeira, três cascatas (de Lourdes, do Grotão e da Esmeralda), três saltos (da

Felicidade, da Amizade e o mais famoso, o do Itiquira), três poços (da Tranqüilidade,

do Apolo e dos Cascalhos), um mirante e um canyon.

A fauna da região apresenta uma grande diversidade, entre aves e animais

silvestres, sendo a caça e a pesca proibidas e monitoradas pela empresa

exploradora desde a criação do parque. Nos meses de agosto, setembro e outubro,

segundo estudos realizados por equipe técnica responsável pela implantação do

Complexo Turístico Itiquira22, podem ser encontradas mais de 120 espécies de aves,

por ser essa a época tanto de reprodução quanto de passagem das espécies

migratórias, que se concentram dentro das matas, as quais são seguidas pelo

cerrado. Levantamentos sistemáticos sobre as espécies de aves da região datam do 22 Empresa que detém a concessão de exploração da área.

Page 39: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

24

início do século XX, quando Snethlage (in NOVAES, 1994), em 1928, realizou

coletas, permanecendo, contudo, o local inexplorado pelas dificuldades de acesso.

Em 1956, nova expedição passou pela região, fazendo novas coletas (NOVAES,

1994). Na primavera, as migrações para o cerrado presumivelmente estão

relacionadas à floração e frutificação das plantas da época e ao aumento de insetos,

o que oferece alimento farto.

O PMI está localizado em região típica de cerrados. A região dos cerrados

detém em seu interior importantes tipos de vegetação, tais como: florestas

mesofíticas de interflúvio, brejos ou veredas e as matas ciliares. Esta última

vegetação é a predominante no PMI e se estende pela encosta da Serra Geral do

Paranã.

Trata-se de uma vegetação também conhecida por mata galeria, que ocorre

ao longo dos rios, córregos e outros cursos-d’água bem definidos e com leitos

profundos, o que contribui para dar completa drenagem ao terreno. A vegetação é

sempre verde (Foto 4). Os recursos naturais nas matas de galerias dão suporte a

diversas atividades econômicas, a exemplo do extrativismo da madeira, atividade

que deu origem ao Código Florestal, que regulamenta a região como área de

proteção permanente, respaldado pela Lei 7.511, de 07/07/1986, a qual estabelece

um sistema de preservação de acordo com a largura dos rios (RIBEIRO, 1998).

A exploração econômica pode ser feita de forma direta, englobando o

extrativismo em pequena escala de madeiras e de produtos com potenciais

farmacêuticos e alimentares, e de forma indireta, vinculada à utilização de recursos

hídricos para fins de consumo urbano, industrial e agrícola (RIBEIRO, 1998). As

matas galerias existentes dentro do Parque Municipal do Itiquira possuem um estrato

arbóreo superior, que alcança cerca de 25m de altura (Foto 5), composto de árvores

de fuste reto; um estrato inferior de 6 a 15 m; outro arbustivo com até 3 m; e estrato

rasteiro constituído de plantas herbáceas. Em grande parte, o estrato arbóreo é

identificado com placas, o que possibilita ao turista o reconhecimento da flora local.

A flora da região apresenta aspectos inerentes às ricas áreas do cerrado.

Várias espécies são utilizadas em maior ou menor escala como alimento, remédios,

plantas ornamentais, forragem para gado, etc. Algumas espécies chegam a

constituir fonte de renda para a população rural, a exemplo do pequi e do caju

(Novaes, 1994), com exceção das localizadas dentro do parque. Percebe-se a

Page 40: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

25

permanência das plantas lenhosas em locais mais afastados do salto, enquanto as

plantas herbáceas aparecem somente no período de chuvas. Assim, a flora da

região é rica e bastante diversificada.

O solo possui muita matéria orgânica em diferentes graus de decomposição,

com predominância das classes dos latossolos amarelo, vermelho e roxo. A região

do parque não é aproveitada para a agricultura, devido à grande necessidade de uso

de corretivos, como adubação e calagem, além de se tratar de uma área de solos

muito drenados e argilosos, com ou sem cascalhos, apresentando ou não fase

rochosa em declive forte.

A umidade do ambiente é intensa, gerada principalmente pela queda-d’água

que favorece, pela natureza da mata fechada, a proliferação de diversas espécies. O

clima predominante na região é tropical, quente e semi-úmido, com temperaturas

médias anuais entre 22º e 24º C, com pluviosidade média em torno de 1.500 mm

anuais. As estações variam pouco, permitindo a alta taxa de visitação durante quase

todo o ano, embora ocorram variações de temperatura bruscas e rápidas, tanto de

aquecimento quanto de resfriamento, ultrapassando 25º C no verão e atingindo a

temperatura mínima abaixo de 18º C no inverno (NOVAES,1994). O período

chuvoso garante a existência dos lençóis freáticos, que subsistem mesmo durante a

seca.

As águas que correm pelo parque através do Rio Itiquira e do Rio das

Brancas apresentam durante todo o ano uma temperatura baixa. Possuem um

percurso bastante acidentado, com fortes correntezas em alguns locais, porém

correndo mansamente em outros.

3.2.2 O parque e seus atrativos turísticos

O PMI tem como apoio o Complexo Turístico do Itiquira (Fotos 10 – 11), que

oferece aos usuários do local certo conforto para estadias. A sua infra-estrutura para

hospedagem ainda é incipiente, contando com a existência de apenas 25 chalés,

não dispondo de hotéis. Com relação aos recursos turísticos naturais existentes, o

PMI tem como maiores concorrentes as águas termais de Caldas Novas, cidade

localizada a 470 km de distância; a Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso,

Page 41: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

26

distante apenas 190 km do PMI; e a cidade de Pirenópolis, a 240 km. São locais

para onde a população do Distrito Federal e entorno se desloca em finais de semana

ou feriados prolongados.

A estrutura turística do local está distribuída em três áreas. Na primeira

encontra-se infra-estrutura que permite lazer e certo conforto aos visitantes, como o

uso de piscinas naturais formadas pelo rio (Foto 7), o uso de churrasqueiras

improvisadas com rochas existentes no local ou com utensílios domésticos, além de

lanchonete e restaurante. Na área do salto, há controle dos visitantes, não se

permitindo a entrada de alimentos em embalagens descartáveis. Na maior parte o rio

forma quedas-d’água, oferecendo grandes riscos aos visitantes. Observam-se

placas de sinalização por todo o trajeto calçado com pedras, o que permite aos

usuários transitarem com maior segurança num percurso de aproximadamente 500

metros – extensão de uma via da entrada do parque até a chegada ao salto. Essa

via transitável tem laterais protegidas com uma mureta de 50 cm de altura.

Acompanhando toda essa área de circulação, há, pelo lado de fora da mureta, uma

vegetação natural intensa intercalada com jardinagem, que confere grande beleza

ao local. A permanência dos visitantes dentro do parque é permitida diariamente no

horário entre 8 e 17h, sendo a visitação monitorada com extremo rigor (Foto 5 – 8).

Em uma segunda área são encontrados diversos locais para camping,

churrasqueiras de alvenaria, piscinas artificiais de água corrente, restaurante,

lanchonete, banheiros, saunas, duchas, estacionamento amplo, jardins e bosques

(Foto 12). O Rio Itiquira atravessa toda essa área e oferece aos banhistas as suas

piscinas naturais.

Em uma terceira parte, dentro da estância, está localizada a área de maior

conforto, com 25 chalés com capacidade para 4 e 5 pessoas, em estilo cabana de

madeira (Foto 14). São oferecidos serviços de bar e restaurante de excelente

qualidade, piscinas de água corrente, saunas, área de jogos, televisão (Foto 15).

Essa área é atravessada pelo Rio das Brancas, que nasce dentro do parque,

juntando-se mais embaixo ao Rio Itiquira, com água atrativa aos banhistas. Essa

estrutura é disponibilizada aos hóspedes que vão permanecer maior período, sendo

oferecida ainda, como lazer noturno, às sextas-feiras, música ao vivo, acompanhada

de jantar especial à beira do rio, com fogueira acesa para aquecimento, por se tratar

Page 42: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

27

de um local bastante frio à noite. Durante as manhãs são proporcionadas

caminhadas ecológicas por todo o parque.

Percebe-se, como linha básica de ação dos administradores locais, o grande

cuidado para não se causar impacto no meio ambiente, oportunizando-se aos seus

visitantes o descanso, a diversão e a interação com a natureza (Foto 3).

Page 43: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

28

CAPÍTULO IV

O MÉTODO CUSTO DE VIAGEM NO ESTUDO DE CASO PMI E SEUS DETALHAMENTOS

4.1 Aplicação do MCV no Parque Municipal do Itiquira

A partir dos estudos feitos sobre o Método Custo de Viagem, e com base no

comportamento observado do consumidor, foram adotados alguns procedimentos

para a realização de um survey, a fim de se avaliarem os gastos que o visitante faz

para usufruir o atrativo turístico do Parque Municipal do Itiquira. Os resultados

levarão ao valor econômico do bem ambiental.

Considerando os instrumentos de coleta de dados existentes, chega-se à

conclusão de que o instrumento “questionário” é o mais utilizado para a busca de

informações, cumprindo pelo menos duas funções: descrever características e medir

determinadas variáveis de um grupo. Portanto, na realização desta pesquisa, optou-

se pela aplicação de um questionário aos visitantes do PMI. O instrumento proposto

visa atender às necessidades básicas para respostas ao método definido com

perguntas fechadas (Apêndice A). Tem como primeiro enfoque a percepção

ambiental no que diz respeito ao fator de importância para a escolha de um local de

lazer e outras possibilidades de atividades que não existam no local.

O segundo enfoque – objetivo da visita – traz à tona o critério de escolha,

bem como a freqüência anual de cada visitante. Busca de forma direta, com

respostas dicotômicas, eliminar possíveis vieses, pois o propósito de múltiplo uso ou

destinos múltiplos pode levar a interpretação diferente da que se espera, ou seja,

uma curva inversa. Ainda dentro dessa ótica, pretende-se conhecer o tempo de

permanência no parque, bem como o tempo gasto com o percurso da viagem,

fatores que, associados à renda salarial, proporcionarão condições de se trabalhar o

cálculo do custo de oportunidade de tempo, aspecto fundamental no modelo

escolhido.

Page 44: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

29

O terceiro enfoque – aspectos socioeconômicos e custos da viagem – visa em

primeira instância conhecer o perfil do visitante do parque, inserindo as variáveis:

faixa etária, grau de escolaridade e ocupação atual.

Os gastos monetários que os dados expressam, associados ao tempo

despendido, serão trabalhados de maneira direta para que se estime a curva de

demanda pelo uso do parque, que é utilizado exclusivamente com o propósito

recreacional, dadas as suas características e localização.

Em relação às despesas efetuadas para a visitação, o instrumento busca

informações para a variável renda salarial, distância, tipo de veículo utilizado e

combustível consumido, além dos gastos com permanência, ingressos e

alimentação. O número de acompanhantes que compõem cada grupo de turistas

será também levado em conta, visto que as despesas geradas foram declaradas

individualmente, nos casos de grandes grupos.

Nesta seção será apresentada uma análise descritiva dos dados coletados no

questionário aplicado (Apêndice A). Além da distribuição de freqüências de todas as

questões do questionário, serão mostradas algumas estatísticas das variáveis

quantitativas. Uma vez que o agrupamento dos dados para a grande maioria das

variáveis quantitativas foi feito em classes e a última classe é sempre aberta, sem

limite superior, o cálculo de média aritmética, e conseqüentemente do desvio

padrão, é inviável. Assim, a estatística que melhor sintetiza o ponto central para a

distribuição dos dados será a mediana. A mediana representa o valor que está no

centro da distribuição da variável. Tem-se então pelo menos 50% dos dados com

valores menores ou iguais à mediana e pelo menos 50% dos dados com valores

maiores ou iguais à mediana. Para variáveis cujos valores são agrupados em

classes, o cálculo dessa estatística é dado por23:

(1)

,2~ hF

Fn

lXmd

∑−+=

23 Akaike (1974) e Barbetta (2001).

Page 45: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

30

onde l é o limite inferior da classe mediana, ∑ f é a soma das freqüências das

classes anteriores à classe mediana, h é a amplitude da classe mediana e Fmd é a

freqüência da classe mediana.

Também serão calculados os valores modais das variáveis para identificar os

valores mais freqüentes nas respostas obtidas. Para dados agrupados em intervalos,

temos a fórmula da moda de Czuber, dada por:

(2)

,21

1 hlMoΔ+Δ

Δ+=

onde l é o limite inferior da classe modal, 1Δ é a diferença entre a freqüência da

classe modal e a freqüência da classe imediatamente anterior, é a diferença

entre a freqüência da classe modal e da classe imediatamente posterior e h é a

amplitude da classe modal.

Para determinação da amostra de maneira adequada, foram buscados junto à

administração do parque – Complexo Turístico Itiquira – os dados referentes à

freqüência de visitas mensais do período 1997/2002, conforme tabela abaixo.

Tabela 1. Quadro demonstrativo do número de visitantes do Parque Municipal

do Itiquira. MESES/ANOS 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Janeiro 4169 8143 7422 3755 6789 4119 Fevereiro 12.229 9465 6937 2010 7060 3422

Março 2336 4349 1645 3678 1774 Abril 2708 6657 3949 3634 3682 Maio 2725 4564 1608 2174 2506 Junho 1347 1980 1918 1916 1902 Julho 5204 4617 4113 3655 4036

Agosto 4501 4547 2419 2290 1810 Setembro 3693 7271 3910 2385 3452 Outubro 4348 4957 3208 5243 1998

Novembro 3397 1678 1898 1507 1735 Dezembro 4030 2246 1682 2282 1671

Fonte: Secretaria do Complexo Turístico Itiquira. Abril/2002.

Tomando por base uma média de 4.000 (quatro mil) visitações (público

pagante), foi utilizado o critério da amostra aleatória extratificada simples, com uma

Page 46: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

31

margem de erro de 3,5% (três e meio), e através da fórmula abaixo se chegou ao

seu tamanho.

1 N. n0 n0 = = 816,3 N= = 678

E02 N+ n0

Onde: n0 = aproximação para o tamanho da amostra

E02 = erro máximo tolerável - (0,035)2

N = tamanho da população (BARBETTA, 2001)

Levando em conta que o menor número obtido corresponde a 17% da

população, podendo não ser significativo, optou-se pelo maior, ou seja, 816

(oitocentas e dezesseis) entrevistas com perguntas fechadas.

O pré-teste foi realizado no mês de outubro/2002 pela própria autora do

trabalho, juntamente com um professor da área de estatística, para análise da

validade do instrumento, correspondente a 1,23% do total da amostra. Foi detectada

de imediato uma questão que não previa resposta de todos os inquiridos, sendo a

mesma excluída após a análise. Dessa forma definiu-se o primeiro bloco

(Percepção ambiental), com 02 (duas) perguntas; o segundo bloco (Objetivo das

visitas), com 04 (quatro) questões; e o terceiro bloco (Aspectos socioeconômicos e

despesas com a viagem), com 13 (treze) questões – totalizando 19 (dezenove)

questionamentos aos inquiridos. Após o teste-piloto, percebeu-se a praticidade do

instrumento, que tomava no máximo 8 minutos para as respostas de cada

abordagem. Isso porque vários dos inquiridos sentiam-se envolvidos pelos

questionamentos, fazendo inclusive referências a outros aspectos fora do objetivo da

entrevista – aspectos, porém, de extrema relevância para a avaliação do local,

principalmente aqueles de teor negativo, a exemplo do preço do ingresso.

4.2 Análise do Parque Municipal do Itiquira frente aos resultados do MCV

Para aplicação dos questionários foi selecionado um grupo de dez

entrevistadores, que passaram por um treinamento, com o objetivo de conhecerem o

Page 47: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

32

instrumento a ser utilizado e ainda de passarem por simulações de possíveis

situações que pudessem surgir. O pré-teste foi favorável, possibilitando dessa forma

verificar-se a confiabilidade do material.

Após o treinamento, foram definidos os meses de janeiro e fevereiro de 2003

para aplicação de 816 questionários, amostra significativa se comparada com a

média de visitantes, sendo este um período com garantia de público expressivo.

Ressalta-se que o survey aconteceu apenas aos sábados e domingos,

considerando-se a escassa visitação durante a semana.

Feita a triagem do material coletado, foram descartados seis questionários da

amostra, por demonstrarem incoerência, apresentando respostas em branco ou

respostas de caráter pejorativo. Assim sendo, o banco de dados foi montado com

810 questionários, montante significativo, com a utilização da ferramenta de análise

estatística SPSS (Statistical Package for the Social Science), versão 10 para

Windows, que responde aos objetivos da pesquisa.

As respostas obtidas na aplicação dos questionários fornecem elementos

básicos para a avaliação da disposição a pagar do visitante, a fim de usufruir um

bem ambiental como área de lazer. As próximas seções trazem resultados de todos

os questionamentos feitos e demonstram através de gráficos ou tabelas os dados

obtidos, no intuito de oferecer maior percepção daquilo que foi coletado. Para melhor

organização, o material analisado foi distribuído em quatro grupos:

1. Percepção ambiental,

2. Objetivos da visita,

3. Aspectos socioeconômicos,

4. Custos da viagem.

4.2.1 Percepção ambiental como fator de importância em áreas de lazer

A percepção ambiental revela os fatores de importância que determinam o

comportamento do consumidor nas preferências quanto à escolha de um local de

lazer. Dentro dessa ótica, dois questionamentos foram feitos. O primeiro buscou

Page 48: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

33

conhecer o fator mais importante para a escolha de um local de recreação, o

segundo buscou a descoberta de outra opção – senão a visita ao parque.

A beleza natural tomou destaque relevante na escolha de 72,8% dos

inquiridos, que declararam buscar a contemplação e um maior contato com a

natureza. Em segundo lugar apareceu o conforto do local, com 15,8% das opções.

A distância é o que menos importa para o visitante, sendo que apenas 4,4%

declararam levar em conta a distância na escolha do local de lazer – o que

corresponde, no grupo pesquisado, a 36 excursionistas. Dessa forma, pode-se

afirmar que a beleza cênica é o atrativo primordial do parque. O Gráfico 1 mostra a

distribuição das respostas sobre o principal motivo que influencia na escolha do PMI

como local de lazer.

Gráfico 1. Fator de importância na escolha do PMI como local de recreação.

0

100

200

300

400

500

600

Conforto do Local

Distância

Beleza Natural

Outros

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003. (Tabela 17)

Da análise dos dados, depreendeu-se que, quanto à escolha (gráfico 2),

houve aparente equilíbrio entre a alternativa que indica descanso em casa ou um

lazer mais próximo. Quase a metade dos entrevistados manifestou opção pelo

descanso em casa, enquanto que número muito próximo (42,3%) declarou que

estaria em um lazer qualquer mais próximo de casa. Isso sugere que, pelo menos

naquela ocasião, para 46,2% dos visitantes do Itiquira, o parque era a fonte

exclusiva de recreação (Tabela 18).

A opção pelo trabalho ao invés daquele dia de descanso aparece apenas em

6,5% dos inquiridos, o que demonstra a importância de um dia de lazer para o bem-

estar das pessoas. Com 4,9% vem a última alternativa, referente a outras opções,

que poderiam ser uma visita a amigos, um shopping, um cinema, etc. A opção “um

Page 49: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

34

lazer mais próximo de casa” contradiz a alternativa “distância” (Gráfico 1), que

aparece como última colocada em relação à importância para a escolha do local de

recreação.

Gráfico 2. Outra atividade caso não estivesse no Itiquira.

050

100150200250300350400 Descansando em

Casa

Trabalhando

Um lazerqualquer, maispróximo de casaOutros

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 18).

4.2.2 Objetivos da visita como fator determinante no deslocamento do

Dentre os inquiridos, 92,6% afirmaram que o seu afastamento da residência

visava

exclusivamente o Itiquira?

recreacionista

exclusivamente ao lazer no Itiquira, e apenas 7,4% disseram não ser esse o

único objetivo (Tabela 2). A possibilidade de múltiplo uso da viagem, que pode gerar

viés nos resultados esperados, foi eliminada ao se considerar como ponto de partida

a cidade de Formosa, tendo como base a declaração de despesas efetuadas pelos

visitantes. Trata-se de pessoas de outras localidades que foram até a cidade para

outros fins, aproveitando a oportunidade para conhecer o PMI. Nesse aspecto, ou

seja, tomando-se o ponto de origem, pode-se considerar que a grande maioria teve

o PMI como objetivo único da viagem.

Tabela 2. O objetivo da viagem éVariáveis Freqüência Percentuais Percentual cumulativo

SIM 750 ,692 92,6 NÃO 60 7,4 100,0 Total 810 100,0

Fonte isa primária de a autora. J .

questão seguinte revela o motivo da escolha do Itiquira como local de lazer,

o que

: Pesqu dados pel an/2003

A

mais uma vez confirma a preferência do consumidor pelas áreas que

envolvem a natureza. Dos inquiridos, 66% procuram os bosques, cachoeiras e rios

Page 50: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

35

como motivo principal na escolha do Itiquira. O fácil acesso ao local tem a

preferência de 11,7%, Percentual concentrado em visitantes moradores de

Planaltina-DF, Planaltina (GO) e Formosa, que dista apenas 32 km do local.

A infra-estrutura conduz 5,3% dos visitantes ao local, sendo o valor do

ingres

motivos que levam os

recrea

cal de lazer.

so citado em apenas 0,6%. Por ocasião dos levantamentos, os preços

cobrados para a entrada no parque eram de R$ 7,00 (sete reais) por pessoa adulta e

R$ 3,50 (três reais e cinqüenta centavos) por crianças até nove anos de idade. Sob

o título de “outros motivos“, está o Percentual de 16,3%.

Nesta variável, considerou-se o conjunto dos

cionistas a escolherem o Itiquira como local de lazer. O quadro abaixo

(Gráfico 3) avalia e confirma a importância atribuída à beleza natural do Salto do

Itiquira (Gráfico 1), revelada também pelo Gráfico 2, segundo o qual grande número

dos inquiridos estaria em casa como segunda opção.

Gráfico 3. Critério de escolha do Itiquira como lo

0

100

200

300

400

500

600

Valor do ingresso

Fácil acesso ao local

Infraestrutura do local

Bosques cachoeira e rios

Outros

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 19).

apena

tempo de permanência apresenta dados muito próximos entre os que vãoO

s conhecer o local, retornando em seguida à sua origem, e os que passam o

dia ali. A maior permanência no local limita-se a cinco dias, com número

inexpressivo de visitantes. Considerando-se a área de camping e os chalés, os

Percentuais ficam distribuídos entre 11,9%, que permanecem por dois dias; 6,8%

por três dias; 4,3% por quatro dias; e 0,2% por cinco ou mais dias (Tabela 3). Pelo

número de visitação ao PMI, o tempo de permanência poderia ser bem mais

prolongado se o local oferecesse aos turistas melhores condições, como

restaurantes com opções variadas e hotéis com segurança e conforto.

Page 51: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

36

Tabela 3. Tempo de permanência no Itiquira.

Variáveis Freqüência Percentuais

Percentuais cumulativos

4 horas 329 40,6 40,6 8 horas 293 36,2 76,8 2 dias 96 11,9 88,6 3 dias 55 6,8 95,4 4 dias 35 4,3 99,8 5 dias 2 0,2 100,0 Total 8 1 10 00,0

Fonte: a primária de s pela au /2003.

Outro dado interessante refere-se ao número de visitas anuais, distribuídas

entre

Conforme declaração dos administradores, existe investimento em

publici

Tabela 4. Visitas anuais ao Itiquira.

Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais

Pesquis dado tora. Jan

a primeira vez e quatro ou mais vezes. O Percentual de 32,7%, referente à

primeira vez (Tabela 4), mostra que se trata de um local com tendência ao

crescimento quanto ao número de visitações, desde que melhoradas as condições

de infra-estrutura, considerando-se que o local é um atrativo para descanso e lazer.

dade, com apoio da administração pública local, que tem interesse na

implementação do turismo no município. Esse fato justifica o alto índice de visitantes

que estavam no parque pela primeira vez, se comparado aos números de visitas

registradas com retorno em duas ou mais vezes por ano.

acumulados Uma vez por ano 218 26,9 26,9

2 a 3 vezes por ano 184 22,7 49,6 4 ou mais vezes por ano 143 17,7 67,3

Primeira vez 265 32,7 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesqui a de dados pela autora. Jan/2003

4.2.3 Perfil do recreacionista sob a ótica socioeconômica

O instrumento aplicado buscou, neste item, informações sobre a origem da

demanda turística, a faixa etária, o grau de escolaridade, a ocupação atual e a renda

mensal, com o objetivo de conhecer o perfil dos recreacionistas do PMI.

sa primári .

Page 52: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

37

Em relação à procedência, o Distrito Federal apresentou um Percentual de

71,6% de visitantes. A cidade de Formosa, apesar da proximidade (32 km),

apresentou apenas 14,1% de visitantes, sendo o segundo ponto de origem que mais

procur

idade é

muito

Percentuais cumulativos

a o PMI. O item “outras satélites“ mostrou que o Percentual de 1,9% dos

visitantes é de outros países, tendo as embaixadas localizadas no Plano Piloto

(Brasília) como ponto de origem. O item “outras cidades” mostrou que 9,1% dos

visitantes são de cidades diversas do interior de outros estados brasileiros.

Com base nos resultados obtidos (Tabela 5), é possível constatar que a

demanda turística é basicamente regional. Embora Goiânia seja, além de Brasília, a

capital mais próxima do parque, a freqüência de visitantes daquela local

pequena, representando somente 1,11% dos resultados.

Tabela 5. Distribuição de freqüências da procedência (local de origem) dos visitantes.

Variáveis Freqüência Percentuais

Taguatinga-DF 58 7,2 7,2 Ceilândia-DF 20 2,5 9,6 Brasília-DF 367 45,3 54,9 Planaltina-DF 38 4,7 59,6 Rio de Janeiro-RJ 1 0,1 59,8 Goiânia-GO 9 1,1 60,9 Formosa-GO 1 1 74,9 14 4,1 Gama-DF 10 1,2 76,2 Guará-DF 19 2,3 78,5 N. Bandeirante-DF 7 0,9 79,4 Sobradinho-DF 34 4,2 83,6 Planaltina-GO 26 3,2 86,8 Samambaia-DF 11 1,4 88,1 Outras satélites 15 1,9 90,0 Outras cidades 74 9,1 99,1 Anápolis-GO 7 0,9 100,0

Total 8 1 10 00,0 F ária de dados p utora. Jan/2003

A faixa etária predominante re

35 anos. Esse item representa 36,2 seguido da fa entre 36 e 4 , que

corresponde a 26,9% dos vis entre 18 e 25 nos, fica

com 2

onte: Pesquisa prim ela a .

gistrada é do recreacionista que tem entre 26 e

%, ixa 5 anos

itantes. O público mais jovem, a

4,8% do total (Gráfico 4). Esses números demonstram que a preferência pelo

lazer no PMI está concentrada na faixa etária entre 15 e 45 anos, visto que apenas

12,1% dos visitantes estão na faixa acima de 45 anos. Essa preferência pode ser

Page 53: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

38

justificada pelas características do local, como o relevo acidentado, considerando-se

que é um lugar muito procurado para a prática dos chamados “esportes radicais”

(rapel, asa delta, trilha, etc.). O percurso no interior do parque não permite

locomoção de veículos. Os locais de circulação para pedestres apresentam

calçamentos e segurança, porém percebe-se a inexistência de infra-estrutura que

ofereça conforto para pessoas mais idosas.

Gráfico 4. Faixa etária dos freqüentadores do PMI

0

50

100

150

200

250

300

15 a 25 anos26 a 35 anos36 a 45 anos46 a 55 anosmais de 55 anos

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 20).

O grau de escolaridade dos inquiridos (Tabela 6) tem a maior freqüência no 3º

grau, com 47,8%. O nível médio vem em segundo lugar, com 35,9%; o visitante pós-

gradua a taxa de apenas

5,8%.

do comparece com 10,5%; e o ensino fundamental tem

A concentração condiz com a faixa etária predominante, o que demonstra um

bom nível cultural. Certamente esse fator vem contribuir para a conservação do meio

ambiente, verificada no local, bem como para a importância de investimento na

busca de melhorias, principalmente no sentido de conforto para o visitante. Supõe-

se que quanto maior é a formação cultural do indivíduo, mais consciente ele se torna

no aspecto da conservação dos recursos naturais.

Tabela 6. Distribuição de freqüências relacionada ao grau de escolaridade.

Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais cumulativos Fundamental 47 5,8 5,8

Médio 291 35,9 41,7 3º grau 387 47,8 89,5

Pós-graduação 85 10,5 100,0 Total 810 100,0

Fonte: primária de s pela auto /2003. Pesquisa dado ra. Jan

Page 54: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

39

Sobre o perfil sociocultural dos entre os, pode-se obse a Tabela 7

que a m de ionários p s, característica predominante dos

morad ,5%. Em seguida, vêm os

comerciantes, com 18,9%. Os autônomo

estudantes por 11,9%; e outras atividades

cumulativos

vistad rvar n

aior freqüência é func úblico

ores do Distrito Federal (IBGE, 2000), com 30

s são representados por 12,6%; os

somam o total de 26,2%. Mais uma vez se

percebe que quanto mais idosas são as pessoas, menor é o tempo a que se

dispõem para procurar locais com características naturais, como parques ecológicos

ou locais com pouco conforto.

Tabela 7. Distribuição de freqüências relacionada à ocupação atual.

Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais

Comércio 153 18,9 18,9 Indústria 30 3,7 22,6

Funcionário Público 247 30,5 53,1 Autônomo 102 12,6 65,7 Estudante 96 11,9 77,5

Desempregado 20 2,5 80,0 Aposentado 17 2,1 82,1

Outras 145 17,9 100,0 Total 810 100,0

Fonte: P ia de dados pela autora. Jan/2003.

A renda m é um aspecto ssante no quadro apresentado (Gráfico

5). É lariais, destacando-se como

mais baixa a variável que demonstra menos de um (1) salário mínimo (s.m.),

representada por 9,3% – que corresponde a um Percentual de estudantes, em cuja

esquisa primár

ensal intere

verificado um certo equilíbrio entre as faixas sa

situação financeira a tendência é a “mesada”, e também aos desempregados que

sobrevivem por meio de “bicos”. Nas demais variáveis, mesmo havendo um certo

equilíbrio, percebe-se o alto Percentual de renda entre um e cinco (1 a 5) s. m.

(31%), com predominância também entre estudantes e comerciantes. Com 25,7%

registrou-se a faixa salarial de cinco a dez (5 a 10) s. m.; com 15,1%, a faixa de 10 a

15 s. m. e com um Percentual de 19%, a faixa acima de 15 s.m. Chega-se daí a uma

renda mediana de 6,9 salários mínimos, sendo a renda mensal modal igual a 4,21

salários mínimos.

Page 55: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

40

Gráfico 5. Renda mensal.

0

50

100

150

200

300

250 Menos de 1 s.m.

1 a 5 s.m

5 a 10 s. m

10 a 15 s.m.

15 ou mais s.m

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 21).

4.3.4 Custos de viagem que retratam a disposição a pagar

Para o conhecimento dos custos de viagem do visitante do Parque Municipal

do orrida, o tipo de

transporte utilizado, o tipo de combustível consumido, o tempo de permanência, os

gastos

sendo que 78% permanecem menos de um (1) dia no local. Verifica-se

que q

Itiquira, foram buscadas informações sobre a distância perc

com diárias, o gasto total e o número de pessoas que compõem o grupo de

visitantes.

Conforme os resultados obtidos, percebe-se uma relação entre a procedência

dos recreacionistas, a proximidade do PMI (Tabela 5) e a permanência no parque

(Tabela 3),

uanto menor é a distância percorrida, menor também é a permanência no

parque. Um fator que pode contribuir para essa passagem rápida pelo parque é a

inexistência de hotéis. Os que se dispõem a permanecer mais de um dia, que no

caso correspondem a 22% dos visitantes, utilizam principalmente as áreas de

camping ou chalés, o que não atende à demanda de visitação. A permanência de

um a dois dias foi demonstrada em 10,2% dos inquiridos; de três a quatro dias, em

6,9%; e apenas 4,6% têm permanência de cinco dias ou mais (Gráfico 6). Atribuem-

se esses números à pouca infra-estrutura oferecida no atrativo turístico, o que leva a

uma estada rápida (Tabela 3).

Page 56: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

41

Gráfico 6. Tempo de permanência (em dias) dos visitantes do PMI.

0

100200

300400

500600

700

Menos de um dia

1 a 2 dias3 a 4 dias

5 ou mais dias

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 22).

O alto índice de visitantes que ficam no parque um dia ou menos acarreta

uma redução nos gastos

gastos, visto haver um alto Percentual de sócios com direito às áreas de camping,

piscinas naturais, piscinas artificiais e saunas. É importante ressaltar que os sócios

não fic

r da área de camping, sendo-lhes cobrada uma taxa de

R$ 20,00 (vinte reais) a cada pernoite, por pessoa, havendo gratuidade para os

sócios

apresentados com permanência ou até mesmo falta de

am isentos de taxas dentro da área de preservação que limita o Salto do

Itiquira. São permitidas apenas visitas rápidas, com cobrança de ingressos, e não se

admite entrada com alimentação nem com água em embalagens descartáveis. Os

sócios, quando não querem assumir gastos excedentes, limitam-se à área que lhes

é permitida (camping), o que justifica o Percentual de 49,1% de “sócios ou sem

gastos com permanência”.

Os gastos com estadia (Tabela 8) limitam-se aos visitantes que vão

permanecer por mais de um dia no local. Não sendo sócios, e desde que sejam

convidados, poderão usufrui

. A área de chalés é permitida a não-sócios, independentemente de convite,

estando a diária fixada em R$ 144,00 (cento e quarenta e quatro reais) para os

sócios e R$ 267,00 (duzentos e sessenta e sete reais) para os não-sócios, por casal

(março/2003). Em ambas as opções estão incluídos café da manhã, almoço e

passeio ecológico com guia turístico, além de uma programação especial nas noites

de finais de semana. A tabela abaixo apresenta os gastos com permanência

declarados pelos visitantes do PMI.

Page 57: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

42

Tabela 8. Distribuição de freqüências em gastos com permanência no PMI.

Variáveis Freqüência Percentuais Percentuais cumulativos

Menos de R$ 200,00 312 38,5 38,5 R$ 200,00 a R$ 400,00 64 7,9 46,4 R$ 400,00 a R$ 600,00 18 2,2 48,6

Mais de R$ 600,00 18 2,2 50,9 Sócio - sem gastos 398 49,1 100,0

Total 810 100,0 Fon os pela autora. Jan/2003.

O fato de não existir uma linha de ônibus regular a cidade de ormosa

ao par ículos próprios (Gráfico 7). A

utilizaç o de ônibus limita-se aos turistas que saem da sua origem com destino

definido para tal fim, em grupos, em ônibus-turismo especiais. O uso de outros

meios

te: Pesquisa primária de dad

ligando F

que faz com que 95,2% dos visitantes utilizem ve

ã

de transporte, como bicicletas (que não geram consumo de combustível) e

motos, corresponde a 2,7% e 2,1%, respectivamente.

Gráfico 7. Transporte utilizado.

0100200300400500

800

600700

Ônibus turismoVeículo particular

Outros

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003

(Tabela 23).

Em relação ao gasto com combustível, é bem evidente a

desproporc entre a gasolina e outros combustíveis. Foram detectados

entre os inquiridos apenas três visitantes que foram ao local utilizando bicicletas

(0,4%). Os veículos movidos a álcool ficaram com 8,4%; os movidos a diesel com

10,1%; e em 81,1% estão os veícul

ionalidade

os que usam gasolina (Gráfico 8).

Page 58: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

43

Gráfico 8. Tipo de combustível.

0100200300400500600700

Gasolina

Álcool

Diesel

sem combustível

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 24).

Por ocasião da coleta de dados, os preços de combustível apresentavam-se

da seguinte forma:

Tabela 9. Preços do combustível. Período Litro Gasolina Litro Álcool Litro Diesel Out/02 R$ 1,76 R$ 1,20 R$ 1,04 Jan/03 R$ 2,21 R$ 1,66 R$ 1,52

Fonte: Posto Itiquira – Formosa (GO). Março/2003.

Co ndo-se qu ove Distrito

Federa a percorrida em 64,4% dos casos

está na faixa de 80 a 140 km. Dos inquiridos, 18,6% estão na faixa compreendida

entre 3

o do Itiquira, sua zona de origem foi considerada também na faixa de

80 a 1

nsidera e a maior zona de visitação é pr niente do

l (Tabela 5), conseqüentemente a distânci

0 e 80 km, que corresponde à zona de Formosa, Planaltina-DF e Planaltina-

GO. Na faixa entre 140 e 250 km estão 12,5% dos inquiridos e acima de 250 km

apenas 4,4%.

Ressalta-se que, quanto aos visitantes de outras regiões que tinham como

objetivo principal uma viagem a Brasília e aproveitaram a oportunidade para

conhecer o Salt

40 km, que corresponde ao Plano Piloto. Nesse grupo foram enquadrados

visitantes do exterior que tiveram como ponto de origem as suas embaixadas

(Gráfico 9). Mais uma vez se confirma que a demanda turística do PMI é

regionalizada.

Page 59: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

44

Gráfico 9. Distribuição das distâncias, em km, percorridas pelo visitante

para chegar ao Parque Municipal do Itiquira.

0

100

200

300

400

500

600

30 a 80 km

80 a 140 km

140 a 250 km

mais de 250 km

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 25).

A relação entre procedência, quilometragem e tempo gasto aparece nos

gráficos com total coerência, visto que 68% gastam de uma a duas horas para

desloc nientes do Distrito

Federal (Tabela 5). Dos inquiridos, 19,9% gastam menos de uma hora, o que

corres

iagem é de 1,44/hora,

ou sej

tempo de trabalho a fim de visitar um determinado

local.

amento até o PMI, sendo na sua maioria turistas prove

ponde aos visitantes moradores da cidade de Formosa e Planaltina-GO. Os

demais Percentuais são 6,7%, que gastam de duas a três horas; 1,1%, que gasta de

três a quatro horas; e 3,6%, que levam mais de quatro horas.

Como se pode perceber, a maior freqüência se encontra no intervalo de 80 a

140 km. A média da distância percorrida é igual a 109,20 km, e a distância mais

freqüente é igual a 108,11 km. Conseqüentemente, conforme dados exibidos no

Gráfico 10, pode-se calcular que o tempo médio e modal da v

a, uma hora e 26 minutos.

O tempo gasto com viagem, adicionado ao tempo de permanência no parque,

irá proporcionar condições de cálculo do custo de oportunidade, que, segundo

Hanley e Spash (1995), é medido com referência ao valor salarial, considerando-se

que o indivíduo está desistindo do

Page 60: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

45

Gráfico 10. Tempo gasto com viagem.

0

100

300

400

500

600

Menos de 1 hora

1 a 2 horas

2 a 3 horas2003 a 4 horas

mais de 4 horas

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 26).

A distância do local em relação ao anel mais expressivo de visitantes (Distrito

Federal) e o alto Percentual que permanece apenas de quatro a oito horas no local

(Tabela 3) mostram o gasto total relativamente baixo, por indivíduo, em 75% dos

turistas. O segundo maior gasto está concentrado em 16,8% dos usuários do

parque, que são aqueles que permanecem de dois a três dias, normalmente grupos

maiores, que ficam na área de camping, ou casais que se hospedam nos chalés. Na

seqüência, as próximas duas maiores faixas de gastos representam,

respectivamente, 3,3% e 4,1%. Essas duas últimas taxas referem-se aos visitantes

que permanecem por período mais prolongado e utilizam os chalés localizados na

parte mais restrita do Complexo Turístico do Itiquira.

Gráfico 11. Gasto total na visita ao Itiquira.

0100

200300400500600

700Menos de R$ 200,00

R$ 200,00 a R$00400,

R$ 400,00 a R$600,00Mais de R$ 600,00

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Tabela 27).

Page 61: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

46

Em relação ao agrupamento de visitantes (Gráfico 12), verificou-se que 39%

dirigem-se ao local em grupos de até três pessoas. Os grupos de quatro a sete

pessoas foram registrados em 38,8%. Os grupos maiores, na faixa de oito a dez

pessoas, representam 7,7% dos excursionistas. As viagens de turistas sem

acompanhantes são raras entre o público que ali comparece, considerando-se que

apenas 3,7% estão enquadrados nesse caso. Resumindo, observa-se que

geralmente o visitante do Parque Itiquira não vai só. O número médio de pessoas

que acompanham o visitante é de 3,86.

Gráfico 12. Número de pessoas no grupo.

050

100

150200

250300

350

Nenhuma1 a 3 pessoas4 a 7 pessoas

8 a 10 pessoasMais de 10 pessoas

003 (Tabela 28). Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2

Page 62: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

47

CAPÍTULO V

O VALOR DO USO RECREATIVO DO PARQUE MUNICIPAL DO ITIQUIRA

5.1 O modelo conceitual básico

Como já exposto, a presente dissertação estima o valor do uso recreativo de

um patrimônio ambiental: o Parque Municipal do Itiquira. Para a consecução desse

objetivo escolheu-se o Método Custo de Viagem (MCV), cujas principais

características foram apresentadas no Capítulo II. Tais características formam a

moldura conceitual essencial para uma adequada escolha dos procedimentos

empíricos de estimativa do referido valor. O instrumento estatístico escolhido para a

manipulação das informações obtidas foi a regressão linear multivariada. Essa

técnica permite relacionar os gastos totais dos visitantes do Parque Municipal do

Itiquira (a DAP pelo uso recreativo do PMI) com outras variáveis do estudo.

O modelo estatístico geral de uma regressão linear múltipla para a variável

dependente Y com k variáveis independentes é dado por:

jkjkjjj uXXXCY +++++= βββ Κ2211 .,,1 nj Κ=

Em notação matricial, o modelo é dado por:

uXY += β

onde

⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢

=

nY

YY

2

1

, , e .

⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢

=

knnn

k

k

XXX

XXXXXX

X

ΚΜΜΜΜ

ΚΚ

21

22212

12111

1

11

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

k

C

β

ββ

βΜ

2

1

⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢

=

ku

uu

2

1

Sobre o modelo especificado acima, devem ser válidas as seguintes

suposições:

Page 63: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

48

I. a variável dependente (Y ) é função linear das variáveis independentes

( k ); iX i ,,1, Κ=

II. os valores das variáveis independentes são fixos;

III. o valor esperado do vetor u, )(uE , é igual a 0, onde 0 representa um vetor

de zeros;

IV. os erros são homocedásticos, ou seja, apresentam variância constante;

V. os erros são não-correlacionados, isto é, 0)( =hjuuE para hj ≠ ;

VI. os erros são normalmente distribuídos;

VII. o número de observações deve ser maior que o número de parâmetros a

serem estimados 1k + ;

VIII. a matriz XX ' deve ser não-singular, ou seja, sua característica deve ser

igual a 1k + . ( 'X é a transposta de X)

O método utilizado neste trabalho para a estimação do vetor β de parâmetros

é o usual Método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Os estimadores de

MQO são lineares, não tendenciosos, de variâncias mínimas, e vêm implementados

na maioria dos pacotes e programas de análise estatística.

As variáveis escolhidas para a presente estimativa são:

Variável Dependente

Detalhamento

GT Gasto total parametrizado

GTI

Gasto total informado (gasto total informado na pesquisa + custo de oportunidade do tempo)

Valor total dos gastos realizados em função do deslocamento da residência até o local de lazer. A amostra utilizada foi de 810 inquiridos.

Variáveis Independentes

Detalhamento

QI Quantidade de visitas anuais ao parque

Média das visitas ao parque no período de jan/1997 a fev/2002. O sinal esperado para essa variável é positivo, considerando-se que quanto maior é a quantidade de visitas maiores são os gastos realizados naquele local.

Q Q1 - uma vez por ano Q2 - 2 a 3 vezes por ano

Variável dummy para a quantidade de visitas anuais ao parque. O sinal

Page 64: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

49

Q3 - 4 ou mais vezes/ano Categoria de referência –primeira vez

esperado para essa variável nos modelos econométricos é negativo, pois quanto menor é o número de visitas menores são os gastos realizados.

Y Renda dos visitantes

Considerada a renda média dos visitantes do parque. Espera-se que o sinal dessa variável se apresente positivo, tendo em vista que quanto maior é a renda maiores são os gastos a serem realizados no lazer.

I

I1 - 15 a 25 anos I2 - 26 a 35 anos I3 - 36 a 45 anos I4 - 46 a 55 anos Categoria de referência –mais de 55 anos

Variável dummy para a idade dos visitantes. O sinal esperado para essa variável é negativo, considerando-se que a idade não tem significância para os gastos realizados em função do lazer.

ESC Escolaridade

Escolaridade em anos de estudo. Da mesma forma que a variável anterior, espera-se que os anos de estudo nãointerfiram nos gastos a serem realizados em um local de lazer.

E

E1 - nível fundamental E2 - nível médio E3 - 3º grau Categoria de referência –pós-graduado

Variável dummy para a escolaridade. Embora utilizadas essas variáveis, espera-se sinal negativo, indicando a sua insignificância para a realização de gastos.

DIST Distância percorrida

A partir do ponto de origem, quanto maior é a distância, maiores são os gastos com o deslocamento, esperando-se um sinal positivo para essa variável.

D

D1 - menos de um dia D2 - 1 a 2 dias D3 - 3 a 4 dias Categoria de referência: mais de 4 dias

Variável dummy para o tempo de permanência. Espera-se sinal positivo para todas as categorias, considerando-se que o tempo de permanência é fator relevante para o aumento de gastos a serem realizados.

Um dos problemas cruciais da análise de regressão multivariada é determinar

quais variáveis independentes devem ser consideradas no modelo. Segundo

Hoffman e Vieira (1987), quando se inclui uma variável desnecessária, as

estimativas dos coeficientes permanecem não-tendenciosas, diferentemente do que

ocorre quando se deixa de incluir uma das variáveis importantes. Em outras

palavras, é preferível incluir uma variável desnecessária a deixar de incluir uma

variável relevante. Entretanto, a inclusão de variáveis desnecessárias também é

prejudicial, pois, em geral, essa inclusão faz com que aumente a variância dos

Page 65: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

50

estimadores. Enfim, um cuidado especial deve ser dispensado à especificação do

modelo.

A estatística dispõe de métodos baseados na análise de variância para

determinar quais variáveis independentes devem ser consideradas. Neste trabalho

foi utilizada a metodologia Passo a Passo – Step Wise (Souza, 1998).

Foram estimados parâmetros para modelos de regressão linear em que a

variável dependente é o Gasto Total Parametrizado (GT) e modelos de regressão

linear nos quais a variável dependente é o Gasto Total Informado (GTI). Os

resultados das estimações e testes feitos pelo programa SPSS e discussão dos

resultados relevantes estão apresentados nas seções 5.2 e 5.3, a seguir.

5.2 Modelos com o uso da variável dependente GT

Os modelos especificados pelo uso da variável dependente GT (Gasto Total

Parametrizado) são modelos lineares de regressão múltipla cujas equações seguem

a formulação descrita na equação do Modelo 1.

Esse tipo de modelo, que considera como variável dependente o Gasto Total

Parametrizado (GT), tem como variáveis independentes as dummies da quantidade

de visitas anuais ao parque (Q1, Q2, Q3), a renda (Y), as dummies da idade (l1, l2,

l3, l4), a escolaridade em anos de estudo (ESC), a distância percorrida (DIST) e as

dummies do tempo de permanência (D1, D2, D3). A diferença entre os Modelos 1 e

2 é o uso, no Modelo 2, da variável QI, o número médio de visitas anuais ao Parque

Municipal do Itiquira, ao invés das dummies da quantidade de visitas anuais ao

parque (Q1, Q2, Q3). A diferença entre os Modelos 1 e 3 é o uso, no modelo 3, das

dummies da escolaridade dos visitantes (E1, E2, E3), ao invés da variável

escolaridade em anos de estudo (ESC).

A seguir, a Tabela 10 apresenta, de forma resumida, os resultados dos seis

modelos expostos neste estudo (as tabelas detalhadas de cada um dos seis

modelos vêm ao final, em forma de apêndice).

Page 66: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

51

Tabela 10

Resultados dos Modelos de Regressão Variáveis

Independentes Modelos Tipo I

Variável Dependente GT Modelos Tipo II

Variável Dependente GTI

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6

C 1232.405*

(15.66726) 1203,647* (15,17562)

1234,318* (15,43644)

1235,392* (15,98356)

1223,498* (15,70747)

1221,977* (15,55502)

QI -- --

14,38346** (1,788104)

-- --

-- --

8,816963** (1,116102)

-- --

Q1 -21.68322**

(-0.948449) -- --

-25,73562**(-1,120823)

-4,851717**(-0,215981)

-- --

-8,611986**(-0,381763)

Q2 19.93556**

(0.816493) -- --

14,90222** (0,606658)

2,105133** (0,087747)

-- --

-2,587945**(-0,107235)

Q3 29.18620**

(29.18620) -- --

27,78632** (1,003910)

27,58340** (1,018637)

-- --

26,98548** (0,992388)

Y 0.137595 *

(13.17619) 0,137740* (13,19993)

0,138726* (0,010573)

0,134357* (13,09414)

0,134274* (13,10259)

0,135018* (12,99815)

I1 10.46485** (0,194812)

13,48651** (0,251613)

10,96180** (0,204180)

-19,14084**(-0,362637)

-18,60941** (-0,353526)

-18,20032**(-0,345062)

I2 -53.79547** (-1,027870)

-50,63472** (-0,969612)

-50,47055**(-0,963573)

-58,08048**(-1,129410)

-57,97395** (-1,130415)

-54,00309**(-1,049428)

I3 -57.44624** (-1,083146)

-53,55431** (-1,012853)

-53,38923**(-1,006564)

-36,93807**(-0,708808)

-36,64662** (-0,705735)

-32,53421**(-0,624332)

I4 -3.409263** (-0,058764)

-0,875351** (-0,015135)

2,263737** (0,038998)

21,04825** (0,369228)

22,77036** (0,400888)

27,04944** (0,474308)

ESC 2.573478**

(0,758105) 2,490167**

(0,737220) -- --

1,396970** (0,418818)

1,236202** (0,372661)

-- --

E1 -- --

-- --

7,637711** (0,160123)

-- --

-- --

25,90955** (0,552890)

E2 -- --

-- --

18,38915** (0,552579)

-- --

-- --

19,80417** (0,605727)

E3 -- --

-- --

47,87610** (1,557701)

-- --

-- --

48,80391** (1,616246)

DIST 0.882343* (4,561450)

0,904945* (4,710112)

0,868778* (4,489695)

0,950652* (5,001682)

0,951528* (5,042973)

0,935040* (4,918421)

D1 -1375.636* (-33,07764)

-1374,664* (-33,12358)

-1377,213* (-33,09646)

-1343,260* (-3287152)

-1342,165* (-32,93081)

-1345,469* (-32,911040)

D2 -954.0457* (-19,59923)

-955,5112* (-19,66509)

-958,2501* (-19,65033)

-988,7639* (-20,67243)

-987,6650* (-20,69786)

-993,8044* (-20,74337)

D3 -395.6705* (-7,642687)

-394,7818* (-7,631344)

-395,9303* (-7,654909)

-330,7732* (-6,502369)

-330,4478* (-6,504329)

-331,1697* (-6,517175)

R² R² Ajustado Nº de Observações Teste F

0,734169*** 0,729827

810 169,1063

0,733795*** 0,730125

810 199,9716

0,735359*** 0,730360

810 147,0862

0,739052***0,734790

810 173,4168

0,738958*** 0,735359

810 205,3613

0,740291*** 0,735384

810 150,8843

Notas: * Significativo próximo de 1% - regressores significantes ** Significativo acima de 10% - regressores insignificantes *** Valores próximos de 73% indicam boa capacidade explicativa dos modelos propostos

Page 67: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

52

5.3 Discussão dos resultados com base nos modelos com GT

A partir dos resultados do p-valor referente ao Teste t de Student para os

coeficientes da regressão, exibidos como Prob nas tabelas constantes dos

apêndices, as variáveis renda (Y) e distância (DIST), as dummies para o tempo de

permanência (D1, D2, D3) e o intercepto (C) apresentam significância ao nível de 1%

nos três primeiros modelos. Por outro lado, os coeficientes estimados da variável

quantidade de visitas anuais (QI), das dummies para quantidade de visitas anuais

(Q1, Q2, Q3), das dummies da idade (I1, I2, I3, I4) e da escolaridade (E1, E2, E3)

apresentam p-valores muito altos, acima de 10%, deixando claro que, nos Modelos

1, 2 e 3, esses regressores são insignificantes para explicar os gastos ocorridos na

visita ao Parque do Itiquira.

O Teste F na análise de regressão testa a hipótese nula H0: 021 === Κββ ,

ou seja, testa a significância conjunta dos regressores. O p-valor do Teste F é

denotado por Prob (F-statistic) nas tabelas constantes dos Apêndices C. A partir dos

valores exibidos, 0,00 para os três modelos, conclui-se que todos os modelos

apresentam significância conjunta dos regressores. Em outras palavras, as

especificações desses modelos (GT) descrevem de forma estatisticamente

significativa os dados da amostra. Além disso, os valores de R2 e R-squared,

conforme a Tabela 10, encontram-se em torno de 73%, o que deixa evidente uma

boa capacidade explicativa dos modelos Tipo I.

O Teste de Durbin-Watson na análise de regressão verifica a existência de

autocorrelação nos resíduos, fato que violaria a suposição v nos modelos propostos.

A estatística de Durbin-Watson (Durbin-Watson stat) assume sempre valores no

intervalo 0,4. Um valor da estatística de Durbin-Watson perto de zero indica a

existência de autocorrelação positiva nos erros, e um valor da estatística de Durbin-

Watson perto de quatro indica que os erros estão negativamente

autocorrelacionados. Conseqüentemente, se a estatística de Durbin-Watson assumir

valores próximos de dois, não há autocorrelação nos erros. Nos seis modelos

apresentados, o valor dessa estatística, Durbin-Watson stat, encontra-se próximo de

dois, eliminando-se, portanto, o problema de rejeição dos estimadores por problema

de autocorrelação.

Page 68: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

53

O Teste LM de Breusch e Godfrey é da classe de testes assintóticos

conhecidos como Testes dos Multiplicadores de Lagrange (LM). Foi proposto por

Breusch (1979) e Godfrey (1978) e investiga a presença de correlação serial nos

resíduos. A hipótese nula do Teste LM Breusch-Godfrey é de que não existe

correlação serial nos resíduos e utiliza a estatística Obs*R-squared como regra de

decisão. Observando o p-valor (Probability) desse teste nos resultados obtidos

(sempre maior que 10%), verifica-se que, nos Modelos 1, 2 e 3, não se pode rejeitar

a hipótese nula nos níveis usuais de significância. Esse resultado está em

consonância com as conclusões do Teste de Durbin-Watson, relatadas no parágrafo

anterior.

Os coeficientes da variável renda (Y) obtidos na regressão (aproximadamente

0,14 nos três modelos que utilizaram GT) indicam que um aumento de R$ 1,00 (um

real) na renda média dos visitantes do parque implica acréscimo médio aproximado

no gasto total de R$ 0,14 (quatorze centavos). A mesma interpretação pode ser feita

para os valores dos coeficientes obtidos para a variável distância (DIST). Assim, os

resultados indicam que o aumento de um quilômetro na distância percorrida pelo

visitante até o Salto do Itiquira acarreta um aumento médio no gasto total que varia

entre R$ 0,87 (oitenta e sete centavos) e R$ 0,90 (noventa centavos).

Na abordagem da questão do tempo de permanência, foram utilizadas como

referência as pessoas que ficam cinco ou mais dias no parque. Os resultados dos

coeficientes para a dummy D1 (-1375,64; -1374,66; -1377,21 nos Modelos 1, 2 e 3,

respectivamente) mostram que aqueles que permanecem menos de um dia no

parque (a grande maioria) gastam em média entre R$ 1.374,00 (mil trezentos e

setenta e quatro reais) e R$ 1.377,00 (mil trezentos e setenta e sete reais) a menos

do que aqueles que permanecem cinco ou mais dias. Assim, pelos valores dos

coeficientes da variável D2, verifica-se que os visitantes que ficam no parque de um

a dois dias gastam em média entre R$ 954,00 (novecentos e cinqüenta e quatro

reais) e R$ 958,00 (novecentos e cinqüenta e oito reais) a menos do que aqueles

que permanecem cinco ou mais dias. Finalmente, é previsível que os visitantes que

permanecem três a quatro dias gastam R$ 395,00 (trezentos e noventa e cinco

reais) a menos do que os visitantes que ficam cinco dias ou mais no parque, faixa de

referência da variável D3.

Page 69: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

54

A tentativa de utilização de valores médios para a variável quantidade anual

de visitas (QI), ao invés da abordagem por variáveis dummies, é expressa no

Modelo 2. A variável QI só é capaz de explicar os gastos totais da visita ao parque

ao nível de significância de 10%, de forma que o crescimento do número anual de

visitas ao Parque Municipal do Itiquira em uma unidade impulsiona o gasto total em

aproximadamente R$ 14,50 (quatorze reais e cinqüenta centavos). Considerando-se

o gasto total como o preço do bem ambiental, a constatação de um sinal positivo

para a variável de quantidade aponta uma curva de demanda positivamente

inclinada, na qual, a cada acréscimo de unidade, o valor ambiental também

aumenta, acompanhando o crescimento. Por outro lado, a insignificância já

observada na utilização de variáveis binárias para analisar o impacto da quantidade

de visitas anuais no preço ou gasto no parque reforça a idéia de que, talvez, a

variável binária não seja tão adequada para valorar o Itiquira.

Diante do aspecto duvidoso que envolve a variável binária referente às visitas

ao parque, o regressor de maior impacto sobre os gastos parece ser a distância

percorrida no passeio – uma vez que a maior parte dos visitantes parece percorrer

pequeno trajeto para usufruir do bem ambiental. Isso sugere que o Método Custo de

Viagem tende a subestimar o valor econômico do parque. Por outro lado, a pequena

distância tende a favorecer a quantidade de visitas, sem tanta interferência da

questão dos preços ou custos, o que desfavorece a formação de uma curva de

demanda bem comportada.

5.4 Modelos com o uso da variável dependente GTI

Os modelos especificados neste estudo utilizando como variável dependente

o Gasto Total Informado (GTI) são modelos lineares de regressão múltipla, cujas

equações também seguem a formulação descrita na equação 1. O Modelo 4 é

equivalente ao Modelo 1 com a variável GT, o Modelo 5 é equivalente ao Modelo 2,

e o Modelo 6 é equivalente ao Modelo 3. Assim, o Modelo 4 considera como variável

dependente o Gasto Total Informado (GTI) e como variáveis independentes as

dummies da quantidade de visitas anuais ao parque (Q1, Q2, Q3), a renda (Y), as

dummies da idade (I1, I2, I3, I4), a escolaridade em anos de estudo (ESC), a

Page 70: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

55

distância percorrida (DIST) e as dummies do tempo de permanência (D1, D2, D3).

A diferença entre os Modelos 4 e 5 é o uso, no Modelo 5, da variável QI, o número

médio de visitas anuais ao Parque Municipal do Itiquira, ao invés das dummies da

quantidade de visitas anuais ao parque (Q1, Q2, Q3). A diferença entre os Modelos

4 e 6 é o uso, no Modelo 6, das variáveis dummies das categorias da escolaridade

dos visitantes (E1, E2, E3), ao invés da variável escolaridade em anos de estudo

(ESC).

5.5 Comentários sobre os resultados da seção Análises de Regressão

De acordo com resultados expostos na seção de Análises de Regressão (que

vem como apêndice), o Modelo 2 tem alguns regressores (as variáveis QI, I1, I2, I3,

I4) que não são individualmente significantes, uma vez que as probabilidades

associadas às estatísticas t são maiores que 10,00%. Contudo, numa tentativa de

retirar essas variáveis, verificou-se que o novo modelo especificado (o modelo sem

essas variáveis) não satisfaz uma das suposições do modelo de regressão linear, já

que foi detectada a presença de correlação serial nos resíduos, dado o p-valor do

Teste LM de Breusch-Godfrey, conforme se depreende dos resultados expostos na

Tabela 10.

Mesmo que essas variáveis sejam irrelevantes no Modelo 2, a presença delas

não significa perda de qualidade no ajuste determinado por esse modelo, já que a

probabilidade Prob(F-statistic) associada ao Teste F garante alta significância

conjunta de todos os regressores, inclusive dos regressores QI, I1, I2, I3 e I4. O

Modelo 2 tem de fato regressores irrelevantes, mas não viola a suposição de erros

não correlacionados. Não violar as suposições do modelo de regressão é primordial

para garantir a qualidade do estimador de MQO.

Quanto às estimativas baseadas nos gastos totais informados, elas

apresentam resultados semelhantes ao método por gastos parametrizados.

Entretanto, o p-valor do Teste LM de Breusch-Godfrey (Probability), referente a

Obs*R-squared, para os Modelos 4, 5 e 6, é menor que 5%, e, ao nível de 5%, a

hipótese nula de que não haja correlação serial nos resíduos é rejeitada. Uma vez

Page 71: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

56

detectado esse problema de correlação serial, as estimativas obtidas pelo Método

dos Mínimos Quadrados Ordinários são inválidas.

5.6 Escolha do melhor modelo para um resultado positivo de valoração do PMI

A discussão dos resultados da seção de Análises de Regressão (em

apêndice) descarta o uso da variável GTI como variável dependente, dada a

presença de autocorrelação serial nos resíduos. Assim, o melhor modelo deve ser

um dos constantes nos apêndices, modelos da seção 5.1 (sintetizados na Tabela

10), em que se utiliza o Gasto Total Parametrizado. A seção Análises de Regressão

refere-se a seis tabelas, que vêm completas e pormenorizadas como apêndices, e

das quais foram extraídos alguns dados, apresentados, em resumo, na Tabela 10

(seção 5.2).

A escolha do melhor modelo de regressão é feita por alguns critérios. A

literatura estatística, em geral, recomenda, no primeiro enfoque, utilizar os resultados

do Teste F para decidir qual é o modelo mais adequado; em segundo lugar, manda

utilizar o 2R ajustado por graus de liberdade, dado que essa estatística sempre

diminui quando uma variável incluída não for importante. Por fim, é recomendado

também utilizar os valores dos critérios de informação, escolhendo como modelo

mais adequado aquele que minimiza a medida proposta, conciliando qualidade do

ajustamento com especificação parcimoniosa. Os critérios calculados nesta análise

são o Akaike Information Criterion, proposto em Akaike (1974), e o Bayesian

Information Criterion AIC, proposto em Schwaz (1978).

Quanto ao p-valor do Teste F, Prob (F-statistic), não há como escolher o

melhor modelo, uma vez que todos são estatisticamente significativos ao nível de

1%, apresentando o mesmo p-valor 0,00. O 2R ajustado por graus de liberdade,

Adjusted R-squared, para os Modelos 1, 2 e 3, é igual a 0,730 nos três modelos,

com uma leve superioridade no Modelo 3. Quanto aos critérios AIC e BIC, denotados

nas tabelas por Akaike info criterion e Schwarz criterion, os menores valores

ocorrem para o Modelo 2. Além disso, o Modelo 2 é, dentre eles, o mais simples, por

ter o menor número de variáveis independentes, sendo mais adequado para a

previsão do Gasto Total Parametrizado. Em outras palavras, uma vez considerado o

Page 72: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

57

Gasto Total Parametrizado (GT) do visitante como o valor do bem natural, pode-se

afirmar que o valor do Parque Municipal do Itiquira depende do número médio da

quantidade anual de visitas (QI), da renda dos visitantes (Y), das suas faixas etárias

(I1, I2, I3, I4), seus níveis de escolaridade (ESC) e do tempo de permanência no

parque (D1, D2, D3). A equação de previsão para o gasto, é dada por:

GT= C + φQI + αY + ǿI1 + ǿI2 + ǿI3 + ǿI4 + μEsc + βDist + ηD1 + ηD2 + ηD3

Tomando os valores médios das variáveis dependentes do Modelo 2, pode-se

prever o gasto total médio no parque a partir da equação de regressão obtida. De

acordo com a análise descritiva dos dados, os valores médios das variáveis são

descritos a seguir:

- QI = 2 visitas anuais - Y = 6,9 salários mínimos = R$1794,00 - Idade = 32,96 anos; I1=0, I2=1, I3=0, I4=0 - ESC = 16 anos - DIST =109,25 Km - Tempo de permanência = 0,64 dia; D1=1, D2=0, D3=0

Substituindo esses valores médios na equação do Modelo 2 tem-se:

GT=1203,65 +14,38QI + 0,14Y + 13,49I1 - 50,63I2 - 53,55I3 - ,087I4 + 2,49ESC +

0,90DIST - 1374,66D1 - 955,51D2 - 394,78D3

Apesar de toda a abstração que pode envolver o Método Custo de Viagem,

tomando por base o número médio de visitas anuais e o gasto médio total, este

estudo atribui, através do melhor modelo aplicado – que buscou a preferência

revelada do visitante –, o valor de R$ 785.760,00 (setecentos e oitenta e cinco mil

setecentos e sessenta reais) - ao bem natural Parque Municipal do Itiquira, valor

este que pode estar subestimado, considerando-se todos os fatores relatados no

Capítulo IV.

O instrumento estatístico escolhido para a manipulação das informações

obtidas foi a regressão linear multivariada, cuja técnica permite relacionar os gastos

totais dos visitantes do Parque Municipal do Itiquira (a DAP pelo uso recreativo do

PMI) com outras variáveis do estudo.

Page 73: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

58

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta básica do Método Custo de Viagem é estimar uma curva de

demanda a partir de taxas obtidas em função dos custos e da disposição a pagar

dos visitantes (Mota, 1997). A partir desse conceito, conhecer o MCV e a sua

aplicabilidade em pequenas áreas de lazer implicou, neste trabalho, conhecer a sua

eficiência e a sua eficácia, ao tempo em que se tentou valorar o Parque Municipal do

Itiquira.

O tema se mostrou relevante na medida em que se pretende, a partir dos

resultados obtidos, conscientizar os gestores públicos quanto à importância da

preservação ambiental, o que vem incrementar os esforços atuais, embora

terceirizados, na manutenção e defesa do PMI, complementando-se ações já

existentes com maiores investimentos na sua infra-estrutura, a fim de que aquela se

torne uma área de lazer mais atrativa aos seus visitantes.

Este estudo foi a primeira tentativa de se valorar a área utilizando um método

de valoração. O caso aqui analisado apresentou algumas especificidades

fundamentais, como a origem dos visitantes, considerando-se como ponto de partida

tanto estados e municípios diversos quanto o próprio município – para visitantes de

outras cidades que estavam em Formosa por quaisquer motivos e aproveitaram a

oportunidade para ir ao PMI, o município de Formosa é tido como ponto de partida.

Um outro aspecto de relevância, tendo em vista a aplicação da teoria e os

resultados da pesquisa empírica, refere-se à adequação dos gastos totais para os

individuais, considerando-se que, na grande maioria, as visitas são feitas em grupos,

em viagens com várias pessoas em um mesmo veículo; no entanto foi considerado o

gasto por indivíduo e não pelo grupo.

Embora tenha havido a preocupação em eliminar os possíveis vieses,

percebeu-se que o valor pode estar subestimado pela inexistência de infra-estrutura

que ofereça conforto aos visitantes do parque. Certamente corrigido esse fator, os

gastos a serem realizados terão acréscimos expressivos, aumentando sobremaneira

o valor daquela área de lazer.

O fato de considerar que a área do Parque Municipal do Itiquira é pequena

em relação àquelas registradas na seção 2.3 não prejudicou a eficiência e a eficácia

Page 74: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

59

do Método Custo de Viagem, levando-se em conta os resultados obtidos nos

modelos de Análise de Regressão Linear Multivariada. Fica claro que o valor do

parque dependerá de variáveis de ordem sociocultural, como faixas etárias e níveis

de escolaridade dos visitantes; de ordem econômica, como a renda; além de

atributos específicos, como tempo de permanência, número médio de quantidade

anual de visitas e distância a ser percorrida do ponto de origem até a localidade em

questão.

Mota (1997) afirma que os resultados inferidos com base em unidades

amostradas selecionadas somente nos finais de semana podem apresentar

características que diferem substancialmente, do ponto de vista sociológico e

estatístico, daqueles resultados pesquisados de segunda-feira a sexta-feira.

Levando em conta o pequeno número de visitantes no PMI durante a semana, a

coleta de dados deste estudo deu-se apenas aos sábados e domingos.

Sabe-se que a pesquisa não se esgota nos resultados encontrados, ficando a

possibilidade de nova aplicação do método após investimentos sugeridos para a

área, principalmente pelo fato de inexistirem outras formas de valoração de um bem

ambiental, sendo o método aqui exposto muito utilizado.

Com certeza, apesar de todas as dificuldades, a aplicação do Método Custo

de Viagem, além de ter sido bastante viável tanto do ponto de vista acadêmico

quanto operacional, gerou resultados importantes, que poderão subsidiar os

gestores municipais no planejamento turístico do município de Formosa e

principalmente auxiliar nas análises da viabilidade (ou não) da continuidade do

contrato de concessão para exploração do Parque Municipal do Itiquira.

Page 75: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE A - Questionário – Lazer no Parque Municipal do Itiquira

1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL

1.1. O que é mais importante na escolha de um local de recreação?

(1) Conforto do local (2) Distância (3) Beleza natural (4) Outros aspectos _____

1.2. Que outra atividade você estaria praticando caso não estivesse no Itiquira?

(1) Descanso em casa (2) Trabalho (3) Um lazer qualquer, mais próximo (4) Outras atividades ______

2. OBJETIVOS DA VISITA

2.1. O objetivo desta viagem é exclusivamente o lazer no Itiquira?

(1) Sim (2) Não

2.2. Por que você escolheu o Itiquira?

(1) Valor do ingresso (2) Fácil acesso ao local (3) Infra-estrutura do local (lanchonete,

churrasqueira, etc.) (4) Bosque, cachoeira e rio (5) Outras razões__________

2.3. Quantas horas você permanecerá/permane-ceu no Itiquira?

(1) 1 a 4 horas (2) 5 a 8 horas (3) 9 a 12 horas

2.4. Qual é o número de visitas anuais que você faz ao Itiquira?

(1) É minha primeira visita ao Itiquira (2) 1 vez por ano (3) 2 a 3 vezes por ano (4) 4 ou mais vezes por ano

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3. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS (IDENTIFICAÇÃO) E CUSTOS DA VIAGEM

3.1. Procedência (especificar cidade e estado)

Cidade: __________________________ Estado: __________________________

3.2. Faixa etária (1) 15 a 25 anos (2) 26 a 35 anos (3) 36 a 45 anos

(4) 46 a 55 anos (5) Mais de 55 anos

3.3. Grau de escolaridade (1) Fundamental (2) Médio (3) 3º grau (4) Pós-graduação (5) Outros __________

3.4. Ocupação atual (situação no mercado de trabalho)

(1) Comerciante (2) Industrial (3) Funcionário público (4) Profissional autônomo (5) Estudante (6) Desempregado (7) Aposentado (8) Outras ocupações

3.5. Renda mensal

(em salário mínimo (s.m.) Especificar: R$__________________

(1) Menos de 1 (2) 1 a 5 s.m. (3) 5 a 10 s.m. (4) 10 a 15 s.m. (5) 15 ou mais s.m.

3.6. Tempo de permanência (1) Menos de 1 dia (2) 1 a 2 dias (3) 3 a 4 dias (4) 5 ou mais dias

3.7. Diária e/ou gastos com a visita

(1) Menos de R$ 200,00 (2) R$ 200,00 a R$ 400,00 (3) R$ 400,00 a R$ 600,00 (4) Mais de R$ 600,00

3.8. Transporte utilizado

(1) Ônibus de turismo (2) Veículo particular (3) Outros ________________

3.9. Tipo de combustível

(1) Gasolina (2) Álcool (3) Diesel

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3.10. Distância percorrida (1) 30 a 80 km (2) 80 a 140 km (3) 140 a 250 km (4) Mais de 250 km

3.11. Tempo gasto com a viagem

(1) Menos de 1 hora (2) 1 a 2 horas (3) 2 a 3 horas (4) 3 a 4 horas (5) Mais de 4 horas

3.12. Qual foi o seu gasto total nesta visita ao Itiquira, incluindo combustível, ingresso, alimentação e outras compras?

(1) Menos de R$ 200,00 (2) R$ 200,00 a R$ 400,00 (3) R$ 400,00 a R$ 600,00 (4) Mais de R$ 600,00

3.13. Quantas pessoas acompanham você nesta viagem?

(1) Nenhuma (2) 1 a 3 pessoas (3) 4 a 7 pessoas (4) 8 a 10 pessoas (5) Mais de 10 pessoas

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APÊNDICE B – Análises de Regressão

Tabela 11 - Análise de regressão - Modelo 1.

Dependent Variable: GT Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:20 Sample: 1 810 Included observations: 810

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1232.405 78.66118 15.66726 0.0000

Q1 -21.68322 22.86177 -0.948449 0.3432Q2 19.93556 24.41608 0.816493 0.4145Q3 29.18620 27.55861 1.059059 0.2899Y 0.137595 0.010443 13.17619 0.0000I1 10.46485 53.71780 0.194812 0.8456I2 -53.79547 52.33686 -1.027870 0.3043I3 -57.44624 53.03647 -1.083146 0.2791I4 -3.409263 58.01630 -0.058764 0.9532

ESC 2.573478 3.394617 0.758105 0.4486DIST 0.882343 0.193435 4.561450 0.0000D1 -1375.636 41.58810 -33.07764 0.0000D2 -954.0457 48.67771 -19.59923 0.0000D3 -395.6705 51.77113 -7.642687 0.0000

R-squared 0.734169 Mean dependent var 350.2047Adjusted R-squared 0.729827 S.D. dependent var 475.0714S.E. of regression 246.9332 Akaike info criterion 13.87325Sum squared resid 48536916 Schwarz criterion 13.95443Log likelihood -5604.665 F-statistic 169.1063Durbin-Watson stat 1.886131 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 1.857061 Probability 0.156808Obs*R-squared 3.771325 Probability 0.151728

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Tabela 12. Análise de regressão - Modelo 2.

Dependent Variable: GT Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:16 Sample: 1 810 Included observations: 810

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1203.647 79.31453 15.17562 0.0000QI 14.38346 8.043972 1.788104 0.0741Y 0.137740 0.010435 13.19993 0.0000I1 13.48651 53.60019 0.251613 0.8014I2 -50.63472 52.22166 -0.969612 0.3325I3 -53.55431 52.87472 -1.012853 0.3114I4 -0.875351 57.83653 -0.015135 0.9879

ESC 2.490167 3.377782 0.737220 0.4612DIST 0.904945 0.192128 4.710112 0.0000D1 -1374.664 41.50106 -33.12358 0.0000D2 -955.5112 48.58921 -19.66509 0.0000D3 -394.7818 51.73162 -7.631344 0.0000

R-squared 0.733795 Mean dependent var 350.2047Adjusted R-squared 0.730125 S.D. dependent var 475.0714S.E. of regression 246.7971 Akaike info criterion 13.86971Sum squared resid 48605210 Schwarz criterion 13.93930Log likelihood -5605.234 F-statistic 199.9716Durbin-Watson stat 1.883731 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 1.934829 Probability 0.145128Obs*R-squared 3.918667 Probability 0.140952

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Tabela 13 - Análise de regressão - Modelo 3.

Dependent Variable: GT Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:16 Sample: 1 810 Included observations: 810

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1234.318 79.96131 15.43644 0.0000

Q1 -25.73562 22.96135 -1.120823 0.2627Q2 14.90222 24.56447 0.606658 0.5443Q3 27.78632 27.67810 1.003910 0.3157Y 0.138726 0.010573 13.12080 0.0000I1 10.96180 53.68703 0.204180 0.8383I2 -50.47055 52.37854 -0.963573 0.3356I3 -53.38923 53.04106 -1.006564 0.3145I4 2.263737 58.04779 0.038998 0.9689E1 7.637711 47.69896 0.160123 0.8728E2 18.38915 33.27875 0.552579 0.5807E3 47.87610 30.73511 1.557701 0.1197

DIST 0.868778 0.193505 4.489695 0.0000D1 -1377.213 41.61208 -33.09646 0.0000D2 -958.2501 48.76509 -19.65033 0.0000D3 -395.9303 51.72240 -7.654909 0.0000

R-squared 0.735359 Mean dependent var 350.2047Adjusted R-squared 0.730360 S.D. dependent var 475.0714S.E. of regression 246.6898 Akaike info criterion 13.87370Sum squared resid 48319559 Schwarz criterion 13.96648Log likelihood -5602.847 F-statistic 147.0862Durbin-Watson stat 1.875331 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 2.101122 Probability 0.123000Obs*R-squared 4.275067 Probability 0.117945

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Tabela 14: Análise de regressão - Modelo 4.

Dependent Variable: GTI Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:16 Sample: 1 810 Included observations: 810

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1235.392 77.29146 15.98356 0.0000

Q1 -4.851717 22.46368 -0.215981 0.8291Q2 2.105133 23.99093 0.087747 0.9301Q3 27.58340 27.07874 1.018637 0.3087Y 0.134357 0.010261 13.09414 0.0000I1 -19.14084 52.78241 -0.362637 0.7170I2 -58.08048 51.42552 -1.129410 0.2591I3 -36.93807 52.11295 -0.708808 0.4787I4 21.04825 57.00607 0.369228 0.7121

ESC 1.396970 3.335507 0.418818 0.6755DIST 0.950652 0.190066 5.001682 0.0000D1 -1343.260 40.86393 -32.87152 0.0000D2 -988.7639 47.83009 -20.67243 0.0000D3 -330.7732 50.86964 -6.502369 0.0000

R-squared 0.739052 Mean dependent var 367.3307Adjusted R-squared 0.734790 S.D. dependent var 471.1465S.E. of regression 242.6334 Akaike info criterion 13.83811Sum squared resid 46861292 Schwarz criterion 13.91930Log likelihood -5590.436 F-statistic 173.4168Durbin-Watson stat 1.813136 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 3.519962 Probability 0.030063Obs*R-squared 7.118670 Probability 0.028458

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Tabela 15: Análise de regressão - Modelo 5.

Dependent Variable: GTI Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:26 Sample: 1 810 Included observations: 810

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1223.498 77.89277 15.70747 0.0000QI 8.816963 7.899779 1.116102 0.2647Y 0.134274 0.010248 13.10259 0.0000I1 -18.60941 52.63938 -0.353526 0.7238I2 -57.97395 51.28555 -1.130415 0.2586I3 -36.64662 51.92691 -0.705735 0.4806I4 22.77036 56.79978 0.400888 0.6886

ESC 1.236202 3.317234 0.372661 0.7095DIST 0.951528 0.188684 5.042973 0.0000D1 -1342.165 40.75713 -32.93081 0.0000D2 -987.6650 47.71822 -20.69786 0.0000D3 -330.4478 50.80430 -6.504329 0.0000

R-squared 0.738958 Mean dependent var 367.3307Adjusted R-squared 0.735359 S.D. dependent var 471.1465S.E. of regression 242.3731 Akaike info criterion 13.83354Sum squared resid 46878272 Schwarz criterion 13.90312Log likelihood -5590.583 F-statistic 205.3613Durbin-Watson stat 1.810558 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 3.623143 Probability 0.027140Obs*R-squared 7.307214 Probability 0.025898

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Tabela 16: Análise de regressão - Modelo 6.

Dependent Variable: GTI Method: Least Squares Date: 10/06/03 Time: 10:31 Sample: 1 810 Included observations: 810

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. C 1221.977 78.55836 15.55502 0.0000

Q1 -8.611986 22.55848 -0.381763 0.7027Q2 -2.587945 24.13347 -0.107235 0.9146Q3 26.98548 27.19248 0.992388 0.3213Y 0.135018 0.010387 12.99815 0.0000I1 -18.20032 52.74507 -0.345062 0.7301I2 -54.00309 51.45954 -1.049428 0.2943I3 -32.53421 52.11044 -0.624332 0.5326I4 27.04944 57.02932 0.474308 0.6354E1 25.90955 46.86206 0.552890 0.5805E2 19.80417 32.69486 0.605727 0.5449E3 48.80391 30.19585 1.616246 0.1064

DIST 0.935040 0.190110 4.918421 0.0000D1 -1345.469 40.88199 -32.91104 0.0000D2 -993.8044 47.90949 -20.74337 0.0000D3 -331.1697 50.81492 -6.517175 0.0000

R-squared 0.740291 Mean dependent var 367.3307Adjusted R-squared 0.735384 S.D. dependent var 471.1465S.E. of regression 242.3616 Akaike info criterion 13.83829Sum squared resid 46638868 Schwarz criterion 13.93107Log likelihood -5588.509 F-statistic 150.8843Durbin-Watson stat 1.809625 Prob(F-statistic) 0.000000Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test: F-statistic 3.657510 Probability 0.026233Obs*R-squared 7.412806 Probability 0.024566

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APÊNDICE C – Tabelas demonstrativas dos resultados obtidos através do questionário aplicado.

1. PERCEPÇÃO AMBIENTAL TABELA 17. Fator de Importância para a escolha de um local de recreação

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Conforto do Local 128 15,8 15,8 Distância 36 4,4 20,2

Beleza Natural 590 72,8 93,1 Outros 56 6,9 100,0

Total 810 100,0 Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 1) TABELA 18. Outra atividade caso não estivesse no Itiquira.

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Descansando em Casa 374 46,2 46,2 Trabalhando 53 6,5 52,7

Um lazer qualquer, mais próximo de casa

343 42,3 95,1

Outros 40 4,9 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 2)

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2. OBJETIVOS DA VISITA TABELA 19. Critério de escolha para o Itiquira.

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Valor do ingresso 5 ,6 ,6 Fácil acesso ao local 95 11,7 12,3

Infraestrutura do local 43 5,3 17,7 Bosques cachoeira e rios 535 66,0 83,7

Outros 132 16,3 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora - jan/2003 (Gráfico 3) 3. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS (IDENTIFICAÇÃO) E CUSTOS DE VIAGEM TABELA 20. Faixa Etária dos Freqüentadores do PMI Variáveis Freqüência Percentual Percentual

Cumulativo 15 a 25 anos 201 24,8 24,8 26 a 35 anos 293 36,2 61,0 36 a 45 anos 218 26,9 87,9 46 a 55 anos 73 9,0 96,9

mais de 55 anos 25 3,1 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 4) TABELA 21. Renda Mensal

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Menos de 1 s.m. 75 9,3 9,3 1 a 5 s.m 251 31,0 40,2

5 a 10 s. m 208 25,7 65,9 10 a 15 s.m. 122 15,1 81,0

15 ou mais s.m 154 19,0 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 5)

Page 91: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

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TABELA 22. Tempo de permanência (em dias) do visitante do PMI

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Menos de um dia 632 78,0 78,0 1 a 2 dias 83 10,2 88,3 3 a 4 dias 56 6,9 95,2

5 ou mais dias 39 4,8 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 6) TABELA 23. Transporte utilizado

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Ônibus turismo 22 2,7 2,7 Veículo particular 771 95,2 97,9

Outros 17 2,1 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 7) TABELA 24. Tipo de combustível

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Gasolina 657 81,1 81,1 Álcool 68 8,4 89,5 Diesel 82 10,1 99,6

sem combustível 3 ,4 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 8) TABELA 25. Distância Percorrida

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

30 a 80 km 151 18,6 18,6 80 a 140 km 522 64,4 83,1

140 a 250 km 101 12,5 95,6 mais de 250 km 36 4,4 100,0

Total 810 100,0 Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 9)

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TABELA 26. Tempo gasto com viagem

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Menos de 1 hora 161 19,9 19,9 1 a 2 horas 557 68,8 88,6 2 a 3 horas 54 6,7 95,3 3 a 4 horas 9 1,1 96,4

mais de 4 horas 29 3,6 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 10) TABELA 27. Gasto total na visita ao Itiquira

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Menos de R$ 200,00 614 75,8 75,8 R$ 200,00 a R$ 400,00 136 16,8 92,6 R$ 400,00 a R$ 600,00 27 3,3 95,9

Mais de R$ 600,00 33 4,1 100,0 Total 810 100,0

Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 11) TABELA 28. Número de pessoas do grupo

Variáveis Freqüência Percentual Percentual Cumulativo

Nenhuma 30 3,7 3,7 1 a 3 pessoas 320 39,5 43,2 4 a 7 pessoas 314 38,8 82,0

8 a 10 pessoas 62 7,7 89,6 Mais de 10 pessoas 84 10,4 100,0

Total 810 100,0 Fonte: Pesquisa primária de dados pela autora. Jan/2003 (Gráfico 12)

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APÊNDICE D – Fotos ilustrativas do Parque Municipal do Itiquira

Foto 1. Placa de Fundação do Parque Municipal Itiquira – Arquivo/2003

Foto 2. Entrada do Parque Municipal do Itiquira – Área de Preservação - Arquivo/2003

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Foto 3. Trilha de acesso ao Salto com placas educativas, indicativas e mureta de proteção.

Arquivo/2003

Foto 4. Estrato arbóreo que forma a mata ciliar com vista da cachoeira ao fundo. Arquivo/2003

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Foto 5. Matas do Parque e trilhas que dão acesso à cachoeira. Arquivo/2003

Foto 6. Percurso do Rio Itiquira com relevo acidentado. Arquivo/2003

Page 96: método custo de viagem na valoração do parque municipal do itiquira

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Foto 7. Piscinas naturais formadas pelo Rio Itiquira, localizado dentro do Parque. Arquivo/2003

Foto 8. Ponte construída na trilha que dá acesso ao Salto (cachoeira) do Itiquira. Arquivo/2003

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Foto 9. Vista do Salto do Itiquira com 168 metros de queda livre – Arquivo/2003

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Foto 10. Placa de divulgação dos atrativos da Estância Itiquira, localizada a 500 m do Parque Municipal do Itiquira. Arquivo/2003

Foto 11. Entrada da Estância do Itiquira (área de camping), localizada nas proximidades do PMI. Arquivo/2003

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Foto 12. Local de circulação localizada na área de camping da Estância Itiquira. Arquivo/2003

Foto 13. Trilha que dá acesso à área dos chalés, localizados na Estância próxima ao Parque Municipal do Itiquira. Arquivo/2003

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Foto 14 . Vista dos chalés localizados na área de camping, nas proximidades do Parque Municipal do Itiquira. Arquivo/2003

Foto 15 . Área de piscinas dos chalés. Arquivo/2003

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ANEXO A

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87

ANEXO B –

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88

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89

ANEXO C –

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91

ANEXO D –

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93

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ANEXO E –