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141 Resumo A pesquisa objetivou identificar semelhanças e divergências no uso das seguintes estratégias metacognitivas entre leitores proficientes indexadores e não-indexadores: incompreensão monitorada, construção de hipótese, relação de informações entre sentenças e parágrafos, pergunta-resposta, elaboração mental de resumo, juízo de valor, repetição e evocação. O método utilizado foi o protocolo verbal, que possibilita a obtenção de relatos individuais da própria cognição durante a execução de uma tarefa ou à medida que esteja sendo relembrada. A leitura de dois textos foi aplicada a sete indexadores e a sete sujeitos do grupo-controle. Os resultados demonstram que os indexadores lêem de modo semelhante aos sujeitos do grupo-controle, divergindo apenas em relação às estratégias de elaboração de resumo. Também foi testada uma questão metodológica relacionada ao texto, em sua condição marcada e não marcada. Conclui-se pela necessidade de se introduzir formalmente o ensino de estratégias metacognitivas no treinamento de leitura do indexador. Palavras-chave Análise de assunto. Estratégias metacognitivas. Leitura. Use of metacognitive strategies in the indexer reading Abstract This research aimed to identify similarities and differences in the use of the following metacognitive strategies between proficient readers professional indexers and non-indexers: monitoring non-comprehension, hypothesis construction, the relation between sentence and paragraph, question-&-answer, the mental development of summarization, value judgment, repetition and recall. The method applied was the verbal (think-aloud) protocol which allows for the retention of individual reports of personal cognitive processes during the exercise of the task, or to the extent that these can be recalled. The reading of two texts was applied to seven indexers and to seven informants of a control group. The results show that the indexers read in a similar way to the control group, differentiated only in terms of strategies of summary construction. The methodological question related to the markedness or non-markedness of the text was also tested. The conclusion was in favor of the need to formally introduce the teaching of metacognitive strategies in the training of the indexer in reading. Keywords Subject analysis. Metacognitive strategies. Reading. Uso de estratégias metacognitivas na leitura do indexador * Dulce Amélia de Brito Neves Doutora em ciência da informação – UFMG. Professora adjunta do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da UFPb. E-mail: [email protected] Eduardo Wense Dias Doutor em ciência da informação – Universidade da Califórnia (Los Angeles). Professor titular da Escola de Ciência da Informação da UFMG. E-mail: [email protected] Ângela Maria Vieira Pinheiro Doutora em psicologia cognitiva – Universidade de Dundee (Escócia). Professora titular do Departamento de Psicologia da UFMG. E-mail: [email protected] * Artigo elaborado a partir da tese de doutorado “Aspectos metacognitivos na leitura do indexador”, de autoria de Dulce Amélia de Brito Neves, sob a orientação de Eduardo Wense Dias e Ângela Maria Vieira Pinheiro (NEVES, 2004). INTRODUÇÃO A leitura tem destaque no trabalho de algumas especializações da ciência da informação, como a catalogação temática, a classificação e a indexação. Essas funções são desempenhadas em bibliotecas ou sistemas de recuperação de informação e têm por finalidade o tratamento temático dos documentos. Para simplificar, daqui por diante vamos denominar o profissional que desempenha esse tipo de função simplesmente como indexador. Além da leitura de documentos, a indexação compreende outras tarefas, dentre as quais se destacam as seguintes: 1) a identificação do conteúdo do documento, ou seja, o assunto ou assuntos de que trata, ou um resumo desse conteúdo; 2) a geração dos respectivos textos desses assuntos/resumos. Na geração desses textos, são muitas vezes utilizados instrumentos como linguagens de indexação (um thesaurus, por exemplo), ou normas técnicas de elaboração de resumos. À parte a geração de textos, o conjunto dessas tarefas da indexação é conhecido como análise de assunto, definida como a etapa em que um documento é analisado para determinar de qual ou de quais assuntos trata (DIAS, 2004, p. 147). Dentre as várias áreas da pesquisa em cognição, a que mais se aproxima dos tópicos tratados pela ciência da informação é a denominada “processamento textual”, uma atividade cognitiva que exige o domínio de dois processos básicos de leitura: 1) reconhecimento de palavras; 2) compreensão de um texto como um todo. Os pesquisadores que lidam com os modelos cognitivos de compreensão da leitura textual, como Kintsch e Van Dijk (1978), Van Dijk e Kintsch (1983) e Kintsch (1988, 1998), assinalam o papel das funções de memória, linguagem, do conhecimento de mundo e enciclopédico, das habilidades de fazer inferências e do uso de estratégias no processamento da leitura e compreensão textual. Como processo de compreensão, a leitura, além dos processos específicos de reconhecimento de palavras, Ci. Inf., Brasília, v. 35, n. 3, p. 141-152, set./dez. 2006

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Resumo

A pesquisa objetivou identificar semelhanças e divergências no uso dasseguintes estratégias metacognitivas entre leitores proficientesindexadores e não-indexadores: incompreensão monitorada, construçãode hipótese, relação de informações entre sentenças e parágrafos,pergunta-resposta, elaboração mental de resumo, juízo de valor,repetição e evocação. O método utilizado foi o protocolo verbal, quepossibilita a obtenção de relatos individuais da própria cognição durantea execução de uma tarefa ou à medida que esteja sendo relembrada.A leitura de dois textos foi aplicada a sete indexadores e a sete sujeitosdo grupo-controle. Os resultados demonstram que os indexadores lêemde modo semelhante aos sujeitos do grupo-controle, divergindo apenasem relação às estratégias de elaboração de resumo. Também foitestada uma questão metodológica relacionada ao texto, em suacondição marcada e não marcada. Conclui-se pela necessidade de seintroduzir formalmente o ensino de estratégias metacognitivas notreinamento de leitura do indexador.

Palavras-chave

Análise de assunto. Estratégias metacognitivas. Leitura.

Use of metacognitive strategies in the indexerreading

Abstract

This research aimed to identify similarities and differences in the use ofthe following metacognitive strategies between proficient readersprofessional indexers and non-indexers: monitoring non-comprehension,hypothesis construction, the relation between sentence and paragraph,question-&-answer, the mental development of summarization, valuejudgment, repetition and recall. The method applied was the verbal(think-aloud) protocol which allows for the retention of individual reportsof personal cognitive processes during the exercise of the task, or tothe extent that these can be recalled. The reading of two texts wasapplied to seven indexers and to seven informants of a control group.The results show that the indexers read in a similar way to the controlgroup, differentiated only in terms of strategies of summary construction.The methodological question related to the markedness ornon-markedness of the text was also tested. The conclusion was infavor of the need to formally introduce the teaching of metacognitivestrategies in the training of the indexer in reading.

Keywords

Subject analysis. Metacognitive strategies. Reading.

Uso de estratégias metacognitivas

na leitura do indexador*

Dulce Amélia de Brito NevesDoutora em ciência da informação – UFMG. Professora adjunta doDepartamento de Biblioteconomia e Documentação da UFPb.E-mail: [email protected]

Eduardo Wense DiasDoutor em ciência da informação – Universidade da Califórnia (LosAngeles). Professor titular da Escola de Ciência da Informação daUFMG.E-mail: [email protected]

Ângela Maria Vieira PinheiroDoutora em psicologia cognitiva – Universidade de Dundee (Escócia).Professora titular do Departamento de Psicologia da UFMG.E-mail: [email protected]

* Artigo elaborado a partir da tese de doutorado “Aspectosmetacognitivos na leitura do indexador”, de autoria de Dulce Améliade Brito Neves, sob a orientação de Eduardo Wense Dias e ÂngelaMaria Vieira Pinheiro (NEVES, 2004).

INTRODUÇÃO

A leitura tem destaque no trabalho de algumasespecializações da ciência da informação, como acatalogação temática, a classificação e a indexação. Essasfunções são desempenhadas em bibliotecas ou sistemasde recuperação de informação e têm por finalidade otratamento temático dos documentos. Para simplificar,daqui por diante vamos denominar o profissional quedesempenha esse tipo de função simplesmente comoindexador.

Além da leitura de documentos, a indexação compreendeoutras tarefas, dentre as quais se destacam as seguintes:1) a identificação do conteúdo do documento, ou seja, oassunto ou assuntos de que trata, ou um resumo desseconteúdo; 2) a geração dos respectivos textos dessesassuntos/resumos. Na geração desses textos, são muitasvezes utilizados instrumentos como linguagens deindexação (um thesaurus, por exemplo), ou normastécnicas de elaboração de resumos. À parte a geração detextos, o conjunto dessas tarefas da indexação éconhecido como análise de assunto, definida como aetapa em que um documento é analisado para determinarde qual ou de quais assuntos trata (DIAS, 2004, p. 147).

Dentre as várias áreas da pesquisa em cognição, a quemais se aproxima dos tópicos tratados pela ciência dainformação é a denominada “processamento textual”,uma atividade cognitiva que exige o domínio de doisprocessos básicos de leitura: 1) reconhecimento depalavras; 2) compreensão de um texto como um todo.

Os pesquisadores que lidam com os modelos cognitivosde compreensão da leitura textual, como Kintsch e VanDijk (1978), Van Dijk e Kintsch (1983) e Kintsch (1988,1998), assinalam o papel das funções de memória,linguagem, do conhecimento de mundo e enciclopédico,das habilidades de fazer inferências e do uso de estratégiasno processamento da leitura e compreensão textual.Como processo de compreensão, a leitura, além dosprocessos específicos de reconhecimento de palavras,

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depende do uso de capacidades fonológicas, sintáticas,semânticas, episódicas e pragmáticas que compartilhacom a linguagem oral.

Para compreender um texto, os indivíduos lançam mãode todo o conhecimento prévio armazenado na memóriade longo prazo, demandando, inclusive, possíveisesquemas de procedimento existentes na memóriasemântica. O conhecimento anterior facilita oprocessamento do texto e a compreensão, por ofereceruma estrutura na qual o conteúdo do material lido possaser relacionado. A integração do conhecimento passadocom o texto que está sendo lido permite aos leitoresformar o que é chamado por Van Dijk e Kintsch (1983) eKintsch (1998) de “modelo situacional”. Este consistena combinação das informações (ou proposições –unidades abstratas de significado) retiradas do texto comas proposições formadas a partir de conhecimentos geraispreestabelecidos e da experiência pessoal dos leitores.Estudos têm demonstrado que indivíduos comconhecimento anterior extenso em um domíniomostram mais geração de inferências, construção dehipóteses e capacidade de julgamento da adequação eimportância do conteúdo do texto, do que leitores commenos conhecimentos (p. ex., ANDERSON;PEARSON, 1984; HAAS; FLOWER, 1988).

Além do papel central do conhecimento prévio nacompreensão da leitura, a importância domonitoramento da compreensão e do uso de estratégiasmetacognitivas* de processamento de texto tem sidoenfocada por vários estudos, e, como resultado, váriasestratégias têm sido identificadas. Pressley e Afflerbach(1995) identificam as atividades dos sujeitos durante oprocessamento textual, considerando os processos queocorrem antes, durante e após a leitura. Cada um dessesmomentos, por sua vez, subdivide-se em subcategorias.

Segundo Pressley e Afflerbach (1995), os leitoresproficientes preparam-se antecipadamente para ler umtexto. Observam o grau de dificuldade e a extensão dotexto, que partes lerão mais atentamente, quais ignorarãoou que apenas esquadrinharão visualmente, buscandoidentificar elementos prospectivos. Adicionalmente,ativam o conhecimento prévio por meio da pesquisamental do seu conhecimento sobre o tópico em questão,além da leitura das referências bibliográficas. Resumemo quanto foi proveitosa essa visão geral e constroem umahipótese inicial do assunto abordado.

Durante a leitura, executam diversas atividades:identificam informações relevantes, lêem as partesaparentemente mais importantes, fazem inferências, lêemem voz alta, repetem e reformulam uma idéia buscandosua correspondência na memória de trabalho. Tomamnotas, fazem pausas para refletir sobre o texto, elaboramparáfrases, buscam padrões textuais, fazem predições.Relacionam partes do texto buscando esclarecer dúvidas,interpretam o texto, emitem juízos de valor sobre aqualidade do texto e a veracidade do relato, entre outras.Todas essas atividades demandam esforços cognitivos,sendo consideradas pelos pesquisadores a parte maisexaustiva para o leitor.

Após a leitura, relêem o texto na íntegra, recitam o textovisando a ampliar a memória, listam porções deinformações, fazem autoquestionamentos, testam suashipóteses sobre o conteúdo do texto, refletem sobre asinformações recentes, interpretando-as, relêem partesdo texto, entre outras atividades.

Em 2000, Pressley, resumindo as pesquisas da área,identifica quatro estratégias de compreensão textualrecorrentes nos estudos analisados: predição,questionamento, busca por esclarecimento quando acompreensão apresenta-se confusa e resumo.Confirmando achados anteriores, além das estratégiasde processamento de texto, a leitura envolve diversosprocessos, tais como construção de imagens,monitoramento da compreensão, releitura einterpretação.

Para o indexador, seu cotidiano é concentrado no ato daleitura, de forma a viabilizar o acesso à informação contidanos documentos aos usuários dos sistemas de informaçãoanteriormente mencionados. Como a leitura dosdocumentos na íntegra demandaria um tempo de quenão dispõe, é instruído a ater-se a partes do documento,tais como o título e o resumo.

As pesquisas sobre indexação têm evidenciado trêspontos da atividade: compreensão do texto(identificação do conteúdo de um documento), geraçãode texto (tradução do conteúdo identificado para alinguagem de indexação e/ou sua expressão na forma deum resumo) e a representação do conteúdo (criação delinguagens, como os thesauri, por exemplo).

A compreensão textual foi investigada por Farrow (1991),que, buscando conhecer o modelo situacional doindexador, pretendia descobrir de que modo o indexadorefetua a leitura. O autor observou que a perícia no assuntotratado no texto é de grande importância e que a

* A cognição é compreendida como os processos mentais inconscientesde uma pessoa, enquanto a metacognição refere-se ao gerenciamentoconsciente sobre um fenômeno cognitivo pelo indivíduo.

Dulce Amélia de Brito Neves / Eduardo Wense Dias / Ângela Maria Vieira Pinheiro

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compreensão é um processo limitado, não apenas pelahabilidade de leitura do indexador, mas também pela suacapacidade de armazenamento de informações namemória. Farrow fundamentou-se na pesquisa de Kintsche Van Dijk (1978), cujo modelo de produção ecompreensão textuais poderia servir para a descrição doprocesso de leitura do indexador.

A abordagem de Kintsch e Van Dijk foi usada tambémpor Beghtol (1986), que considera importantes osestudos de interseção entre o processo de indexação e asabordagens cognitivas do processamento textual paramelhor entendimento dos processos envolvidos em umaleitura tão peculiar quanto a do indexador.

Fujita (1999) utilizou o método do “protocolo verbal”como instrumento de coleta de dados. A pesquisadoraobservou que o indexador utiliza estratégiasmetacognitivas para a identificação de conceitos,demonstrando domínio da estrutura textual dosdocumentos. A autora adverte para a importância de umaleitura bem estruturada e da sistematização de ummétodo para a identificação de conceitos.

A habilidade dos indexadores com diferentes níveis deexperiência foi enfocada por Bertrand e Cellier (1995).Os resultados mostraram profissionais com mais práticautilizando certas estratégias não utilizadas pelosindexadores noviços. Os autores identificaram, ainda,que a perícia no uso da linguagem de indexação e afamiliaridade com o assunto influenciam igualmente notrabalho dos indexadores. A importância da experiênciaadquirida pelo indexador foi também evidenciada porNaves (2000).

A importância do conhecimento prévio no assunto a serindexado foi também estudada por Ward (1996). Segundoele, o indexador precisa ter ainda outras habilidades:julgar o que indexar e com que profundidade; ler (inclusivedados não-verbais); analisar e avaliar textos; gerar textosespecíficos do sistema de informação, catalogar eclassificar.

As pesquisas têm também evidenciado que a leitura doindexador não está relacionada apenas à identificaçãodas superestruturas e dos esquemas textuais; vai além,pois exige a incorporação de uma série de atitudes, normase habilidades que podem vir a ser automatizadas em nívelde atitudes, mas que exigem do profissional umaadaptação freqüente. No entanto, nota-se nas pesquisasda área um enfoque pouco expressivo na descrição dosprocessos cognitivos na leitura para fins de indexação,apesar de a literatura vir identificando estratégias

metacognitivas utilizadas pelos leitores em geral.Tomando como referência essas estratégias, nossoobjetivo principal foi averiguar se, na indexação, asmesmas estratégias poderiam ser encontradas, quaisseriam usadas e com que freqüência. A expectativa eraque a leitura do indexador mostrasse particularidades.Assim, propúnhamos como objetivos específicosresponder às seguintes questões: a) Que estratégiasmetacognitivas de leitura são usadas pelo indexadordurante a leitura para fins de indexação? b) Além dasestratégias metacognitivas de leitura usadas pelos leitoresproficientes em geral, existem outras estratégiasparticulares utilizadas pelos indexadores? c) Em queaspectos a leitura para fins de indexação se assemelha ouse diferencia da leitura sob condições normais?

Para atingir esses objetivos, optamos pelo método doprotocolo verbal, que possibilita a obtenção de relatosindividuais da própria cognição durante a execução deuma tarefa ou à medida que esteja sendo relembrada. Essemétodo tem-se revelado útil no estudo de processoscognitivos complexos e consiste em solicitar aos sujeitospara fazer paradas ao longo do texto e relatar, em voz alta,o que estão pensando. Os estudos que avaliam os efeitosdo processo de pensar alto na compreensão (p. ex.,FLETCHER, 1986; CRAIN-THORESON, LIPPMAN eMCCLENDON-MAGNUSON, 1997) mostram que oprocesso de pensar alto não afeta a compreensão,comparado com a leitura silenciosa.

Dois procedimentos de protocolo verbal, marcado e não-marcado, são comumente usados na pesquisa em leitura.O marcado envolve a colocação de marcas coloridas empontos do texto para sinalizar para o leitor que deve parare comentar. No não marcado, o texto é apresentado semmarcas, e o sujeito faz comentários espontâneos.Passagens desse último tipo podem provocar poucoscomentários, limitando as informações do protocolo. Jáas passagens marcadas podem ter efeito oposto: podemgerar comentários supérfluos. Tentando elucidar essaquestão, Crain-Thoreson, Lippman e McClendon-Magnuson (1997) compararam a eficácia dos doisprocedimentos na produção de comentários.Descobriram que não houve efeito significativo entre asduas condições na compreensão do material lido e que apresença de marcação não afetou os escores decompreensão. No entanto, os autores descobriram que opadrão de correlação entre os tipos de comentário ecompreensão diferiu com a presença e ausência demarcação. O procedimento marcado produziu maiscategorias de comentários correlacionados comcompreensão do que o procedimento não marcado.

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Diante desses achados, a presente pesquisa propõe, comoobjetivo adicional, também testar a questão relacionadaà forma de apresentação – marcada ou não marcada –dos textos utilizados.

MÉTODO

O estudo faz uso de um delineamento quaseexperimental, tendo como variáveis independentes o tipode leitor – um grupo experimental de participantes(indexadores) e um grupo-controle (não indexadores) –e o tipo de texto (marcado ou não marcado). A variáveldependente diz respeito às verbalizações produzidas naleitura em voz alta pelos dois grupos de sujeitos em funçãodo tipo de texto.

Participantes

Participaram do estudo 14 leitores proficientes,distribuídos em dois grupos, cada um com setecomponentes. O primeiro grupo foi composto porindexadores e recebeu a denominação de grupo deindexadores; o segundo, por sujeitos não indexadores,por sua vez identificado como grupo-controle.

Optamos por indexadores da área da educação, pelaproximidade interdisciplinar com a ciência dainformação. Foram selecionados bibliotecários dasFaculdades de Educação da Universidade Estadual deMinas Gerais (UEMG), da Universidade Federal de MinasGerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católicade Minhas Gerais (PUC-Minas). Para o grupo-controle,estabelecemos os seguintes critérios: mestrando daUFMG, com projeto qualificado nas áreas da educação,psicologia ou ciência da informação, cuja formação nãofosse em biblioteconomia. A seleção deu-se por sorteio apartir da lista fornecida pelos respectivos programas depós-graduação.

No grupo dos indexadores, todos eram bibliotecários,com tempo de profissão médio de sete anos (DP = 1,61;mínimo = 6 e máximo = 10); a maioria tem comoescolaridade máxima a especialização. No grupo-controle, os sete participantes apresentam profissõesdiferentes (professor, supervisor, psicólogo,psicoterapeuta, comunicólogo e consultor), têm emmédia quatro anos de profissão (DP = 1,27; mínimo = 3e máximo = 6) e todos têm mestrado em curso. O grupo-controle apresenta, pois, perfil semelhante aosindexadores no que se refere à instrução. No entanto,apresenta em média menor tempo de profissão.

Instrumento

O instrumento constituiu-se de três textos inéditos paraos participantes. Um texto foi usado para treinamentodo procedimento de protocolo verbal e os outros dois,com cerca de 1.600 palavras cada, foram utilizados para oexperimento. O artigo de Santos (2001) trata do papeldos Gaesi (grupos acadêmicos de estudosinterdisciplinares) na formação do professor de línguas,ao passo que o artigo de Pires (2001) discute os resultadosde sua dissertação, que teve por objetivo analisar aconstrução do sujeito destinatário na obra literáriainfantil de Ziraldo. Dentre esses, um foi apresentado deforma marcada, e o outro, sem marcas. Um modo deestimular os comentários durante a verbalização é amarcação do texto, ou seja, a cada período com um sentidocompleto, assinala-se com um ponto no final doparágrafo, induzindo comentários. Além disso, foramretiradas as identificações acadêmicas dos autores dasnotas de rodapé, constando apenas seus nomes, comotambém as referências.

Antes da coleta de dados, os dois textos foram lidos eavaliados por dois indexadores externos à pesquisa, mascom perfil semelhante aos sujeitos do estudo. Ambosconsideraram os textos escolhidos equivalentes em graude dificuldade e compreensão.

Especificação e descrição das estratégias metacognitivas

As variáveis usadas na pesquisa foram pautadas noprocesso referente às estratégias empregadas durante aleitura de um texto, como evidenciam Pressley eAfflerbach (1995). Dentre as categorias citadas por essesautores, selecionamos as seguintes: incompreensãomonitorada, construção de hipótese, relação deinformações entre sentenças e parágrafos, estratégiapergunta-resposta e resumo mentalmente elaborado.A essas foram acrescidas mais três, encontradas naliteratura: juízo de valor, evocação e repetição. Valesalientar que as definições das categorias foramelaboradas por nós tendo em vista sua adequação doprocedimento à pesquisa. Nas transcrições dosprotocolos, foram identificadas tomando como referênciaas seguintes definições:

Incompreensão monitorada. O leitor não percebeclaramente o significado de um termo, de uma sentença,ou mesmo a idéia do autor. É identificada por frases queexpressam confusão e dúvidas sem mostrar evidência deuma estratégia para resolver o impasse: Não sei o que é...Não compreendo... O autor não explicita... O autor fazconfusão... Deve ser...

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Construção de hipótese. Durante a leitura, fazemossuposições sobre o assunto tratado, que podem serconfirmadas em sua totalidade, em parte ou descartadas,fazendo-se necessária sua reformulação ou elaboraçãode novas suposições. Foi identificada por expressõescomo: Acho que... Acredito que... Para mim isso é...Provavelmente...

Relação de informação entre sentenças e parágrafos. Durantea leitura, relacionamos termos, frases, sentenças eparágrafos entre si, buscando dar-lhes sentido. A unida-de textual é de grande importância, pois proporciona afruição das idéias. O sujeito mostra ter tirado suas dúvidasa partir de uma sentença ou parágrafo anterior, como:Agora estou entendendo ... Como o autor disse antes... Entãoquer dizer que... Acho esse parágrafo importante...

Pergunta-resposta. Ocorre quando o sujeito questiona a simesmo ou ao texto sobre um esclarecimento necessáriopara a compreensão do assunto tratado, podendo seridentificada por questões diretas, como: O que será que oautor quis dizer... Vou retomar essa questão... Encontrei aresposta...

Resumo mentalmente elaborado. O leitor busca formularuma síntese, a partir das partes importantes do texto.É identificado por comentários como: Em resumo... Emsíntese...

Juízo de valor. O leitor emite juízos de valor sobre o autore sobre o texto, concorda ou discorda do autor. É identi-ficada por expressões como: Em minha opinião... Isso éimportante... É interessante... Não acho importante... Comcerteza ... É exatamente isso... Está certo... Está errado...O autor foi claro... O autor não foi claro ...

Evocação. Estratégia utilizada na compreensão,abrangendo a codificação semântica e episódica, asrepresentações mentais, a partir da criação de modelosmentais, roteiros e esquemas. O sujeito busca na memóriainformações que sedimentem a sua leitura, relembrandooutros autores ou assuntos lidos ou estudados antes: Issome lembra...O professor fulano de tal falava sobre isto...

Repetição. Ocorre quando o sujeito relê um parágrafo ousentença, cita-o em voz alta, buscando fixar a informaçãona memória de curto prazo e/ou resgatá-la da memóriade longo prazo. Uma resposta é também consideradarepetição quando o sujeito sublinha o texto e expressaesse ato, ou repete apenas uma palavra do texto.

Procedimentos de coleta e transcrição dos dados

A coleta de dados no protocolo verbal é efetuada com agravação da leitura em voz alta. Os comentários/

verbalizações feitos durante a leitura são posteriormentetranscritos e classificados em categorias (PRESSLEY;AFFLERBACH, 1995; CRAIN-THORESON;LIPPMAN; MCCLEDON-MAGNUSON, 1997, entreoutros autores). No entanto, tendo em vista aespecificidade do nosso estudo, buscamos sistematizar ométodo de acordo com o perfil da pesquisa.

Os participantes foram instruídos individualmente sobreo procedimento de pensar em voz alta. Utilizamos oprimeiro texto, que não foi lido, apenas serviu paraexemplificar a condição do protocolo verbal.Inicialmente, explicamos o processo que se iniciava. Paratanto, elaboramos a seguinte seqüência de instruções: a)reproduza o processo de leitura que lhe é peculiar, sem sepreocupar com a presença do pesquisador; b) leia os doistextos que serão entregues a seguir, em voz alta. Um dostextos terá pontos marcando o local onde deve pararpara comentar, no outro, a leitura é livre; c) procureexplicitar, do modo mais claro possível, o que se passa emsua mente; d) expresse verbalmente todo e qualquerpensamento que ocorra em sua mente e manifeste todadúvida que lhe ocorra, inclusive a busca por uma solução.

Em seguida, iniciou-se a leitura para fins de registro doscomentários. O pesquisador procurou manter-se fora docampo visual dos sujeitos, de modo a causar o mínimo deinterferência. Os textos marcados e não marcados foramcontrabalançados entre os sujeitos para evitar o efeito deordem. Ao término das seções, as fitas foram transcritase as categorias identificadas. A classificação obtida foiavaliada por duas pessoas externas à pesquisa denomi-nadas juízes – alunos de mestrado em psicologia –, com oobjetivo de verificar o grau de acerto da codificação.A concordância do primeiro juiz foi de 75%, e a dosegundo, de 87%, o que significa um índice satisfatóriode acerto, pois o percentual recomendado é de 83%.

Pressupostos

Os fundamentos que sustentam as expectativas quantoao desempenho dos indexadores nas estratégiasmetacognitivas de leitura estudadas neste trabalho estãobasicamente relacionados à sua formação. Em relação àincompreensão monitorada, seria de se esperar quetivessem um desempenho algo diferenciado, no qualoferecessem evidência de compreensão em vez deexpressar confusão e dúvidas, já que são treinados para aatividade de leitura de documentos e a devem exercercomo uma tarefa profissional. Acredita-se que oindexador se encontra apto para utilizar estratégias queexpressem o monitoramento da compreensão de forma

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muito mais aguerrida do que o leitor comum, que, decerta forma, poderia se colocar em uma posição maispassiva.

O mesmo se poderia dizer em relação à construção dehipóteses. Com efeito, o treinamento em análise deassunto propõe como uma das principais estratégias aleitura técnica, em que o indexador se concentra emalgumas partes do documento suficientes para aidentificação do assunto: o título, o resumo, a introdução,entre outras. Além de serem elementos-chave nadeterminação do assunto do documento, têm a vantagemde dispensar a leitura integral do texto. Esses elementosguardam uma proximidade muito grande com oselementos contextualizadores da estratégia deconstrução de hipóteses. A leitura técnica tambémpredispõe ao uso da estratégia relação entre sentença eparágrafos, pois instrumenta o indexador a ler de formafluente, habilitando-o a estabelecer correspondênciaentre os grupos de informações proporcionadas pelo texto.

Era de se esperar também que osindexadores dessem ênfase aosresumos, tendo em vista que suaformação inclui o treinamento naelaboração desse tipo de texto. Quantoà estratégia de emitir juízos de valor,pressuponha-se um desempenhodiferenciado, uma vez que o indexadoré treinado para analisar os documentosda forma a mais imparcial possível.Assim, deixar-se influenciar porjuízos de valor poderia ter um impactonegativo na sua função de procurar serimparcial na descrição temática dedeterminado documento. Finalmen-te, no que diz respeito às categoriasevocação, repetição e pergunta-resposta, esperávamos que fizessemparte do comportamento de todos ostipos de leitores proficientes. Por isso,tínhamos a expectativa de que osindexadores apresentassem umdesempenho semelhante ao do grupo-controle.

Em relação à questão metodológica, écom base na literatura queesperávamos que o texto marcadoproduzisse mais comentários do que otexto não marcado.

RESULTADOS

Os resultados consistem nas verbalizações produzidas naleitura em voz alta pelos dois grupos de sujeitos, as quaisforam classificadas nas categorias já mencionadas:incompreensão monitorada, construção de hipótese,relação de informação entre sentença e parágrafo,pergunta-resposta, resumo mentalmente elaborado, juízode valor, evocação e repetição.

Para realizar as análises descritivas, bem como os testesnão paramétricos Wilcoxon e Mann-Whitney, foiutilizado o pacote estatístico SPSSWIN. O primeiro foiutilizado com a finalidade de verificar se existe diferençaentre as medidas tomadas em relação ao texto marcado enão marcado. O segundo, para verificar se há diferençade leitura entre os dois grupos – indexadores e não-indexadores. Para ambos os testes, considerou-se comonível de significância satisfatório p £ 0,05.

Apresentamos, a seguir, a descrição geral dos resultadosobtidos pelos indexadores e grupo-controle (tabela 1).

TABELA 1

Amplitude da freqüência de respostas, médias e desvios-padrões dosresultados obtidos pelos indexadores e grupo-controle, por categoria, relativosaos textos marcados e não marcados

tm = texto marcadotnm = texto não marcado

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Nos dois grupos, podemos observarque a situação de texto marcadoobteve, na maioria das categorias,médias mais altas do que a de textonão marcado, o que foi confirmadopelos resultados do teste Wilcoxon(tabela 2). Com exceção dascategorias juízo de valor e evocação,todas as demais mostraram diferençassignificativas (p ≤ 0,05) em função dotipo de apresentação do texto, tendoa condição marcada redundado naprodução de mais respostas emcomparação à condição não marcada.Assim, considerando os dois gruposjuntos, o texto marcado produziumaior ocorrência de verbalizações doque o procedimento não marcado.

No entanto, considerando cada gruposeparadamente (tabelas 3 e 4),percebemos que a condição marcadaou não marcada dos textos afetou maisas respostas do grupo-controle. Paraos indexadores (tabela 3), exceto paraas categorias relação entre sentençase parágrafos e resumo mentalmenteelaborado, em que a condição marcadaproduziu maiores índices de respostas,não fez diferença se o texto eramarcado ou não.

Para o grupo-controle, as categoriasincompreensão monitorada, relaçãoentre sentenças e parágrafos, juízo devalor e repetição apresentaramdiferenças significativas (p £ 0,05) emfunção da característica marcada ounão marcada do texto. Exceto para acategoria juízo de valor, a condiçãomarcada apresentou maior índice derespostas.

Em síntese, considerando o desem-penho geral dos dois grupos (tabela1), na situação texto marcado, pode-mos constatar que o grupo de indexa-dores apresentou maiores amplitudesde resultados e maiores desvios-pa-drões na maioria das categorias emrelação ao grupo-controle (exceto nascategorias evocação e repetição) de-

TABELA 2

Comparação entre as categorias de textos marcados e de não marcados, emfunção das respostas dos indexadores e do grupo-controle por meio do testeWilcoxon

TABELA 3

Comparação entre as categorias de textos marcados e não marcados, emfunção das respostas dos indexadores por meio do teste Wilcoxon

Categorias Z Nível de significância

Incompreensão monitorada -1,47 0,141

Construção de hipótese -0,75 0,450

Relação entre sentenças e parágrafos -1,99 0,046

Resumo mentalmente elaborado -2,22 0,026

Juízo de valor 0,00 1,000

Evocação -1,34 0,180

Repetição -1,19 0,233

Pergunta-resposta -1,84 0,066

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TABELA 4Comparação entre as categorias de textos marcados e de não marcados, emfunção das respostas do grupo-controle por meio do teste Wilcoxon

Categorias Z Nível de significância

Incompreensão monitorada -2,02 0,043

Construção de hipótese -1,84 0,066

Relação entre sentenças e parágrafos -1,99 0,046

Resumo mentalmente elaborado -1,63 0,102

Juízo de valor -1,89 0,058

Evocação -0,55 0,581

Repetição -2,02 0,043

Pergunta-resposta -1,84 0,066

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monstrando, por conseguinte,maior variabilidade de desempe-nho em comparação ao grupo-controle. No que se refere ao textonão marcado, o comportamentodos dois grupos mostrou mais se-melhanças, com exceção da cate-goria repetição, que, mais uma vez,causou maior variabilidade de re-sultados e maior desvio-padrão nogrupo de indexadores. Outra se-melhança entre os dois gruposrefere-se ao desempenho na ca-tegoria pergunta-resposta, queexibiu os menores resultadosnos dois grupos e nas duas con-dições de texto.

Com base na constatação de que,nos dois grupos, como um todo, acondição de texto marcado produ-ziu maior ocorrência de verbaliza-ções do que o procedimento não marcado, passaremosagora a verificar se, no que se refere à condição marcada,há diferença de leitura entre os indexadores e não-inde-xadores.

Na tabela 5, evidenciamos a comparação, por meio deteste Mann-Whitney, entre as respostas dos dois grupos,baseada na média e na soma dos postos, incluindo o nívelde significância.

No teste de Mann-Whitney, para que houvesse diferençasignificativa entre os dois grupos, seria necessário que asoma dos postos fosse menor ou igual a 36. Ocorreu umadistinção expressiva (estatisticamente significativa)apenas na variável “resumo mentalmente elaborado”,que, na leitura dos indexadores, em comparação com ogrupo-controle, apresentou maior média, embora, comojá mencionado, o desempenho do grupo de indexadorestenha apresentado maior variabilidade.

Com base na formação dos indexadores e em nossasexpectativas com relação seu desempenho, esse resultadoé bastante inesperado, o que nos obriga a proceder a umaanálise mais detalhada dos dados e das verbalizaçõesproduzidas pelos participantes dos dois grupos no textomarcado, que, como vimos, produziu mais informações.Em comparação ao grupo-controle, esperávamosencontrar por parte dos indexadores uma leitura maisdiferenciada no sentido de maior ou menor uso deestratégias metacognitivas (de acordo com as nossas

expectativas), além da identificação de estratégiasqualitativamente diferentes nos dois grupos.

Assim, embora a leitura dos indexadores tenha sediferenciado dos leitores não-indexadores em termos designificância estatística, apenas, no que se refere à suacapacidade de elaborar resumos, a tabela 1 nos mostraque a média de comentários que expressamincompreensão monitorada obtida pelos indexadores foisensivelmente menor do que a do grupo-controle. Esseresultado significa que, além da capacidade de sintetizara informação, os indexadores expressam menos confusõese dúvidas sem evidência de solucioná-las do que os não-indexadores. Isso está de acordo com a expectativa deque, em função do treinamento recebido, encontraríamosnos indexadores um desempenho algo diferenciado, quedemonstrasse menos sinais de incompreensão, mesmoque monitorada.

Vejamos alguns exemplos de verbalizações dosparticipantes dos dois grupos no texto marcado.O indexador 1, por exemplo, ao ler o título do texto,comentou: Já não sei o que é Gaesi. Ao ler o mesmo texto,o GC 4 seguiu até a linha 11, antes de manifestar suaincompreensão: O que eu fiquei curioso foi quanto à questãodo Gaesi, que não tá falando aqui... Bom, ele tá fazendo umaintrodução ao projeto, mas eu tô achando muito confuso...Embora ambos os sujeitos tenham mostrado sinais deincompreensão, o indexador expressou imediatamente,isto é, já no título, a sua dúvida, mostrando estar atento

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TABELA 5

Comparação entre as respostas dos indexadores e grupo-controle, em funçãodo estilo de texto marcado e das categorias de estratégias

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para a procura da definição do termo, o que pode facilitara compreensão. Em um outro momento, na linha 29, oindexador 1 expressou: Bakhtiniano, não sei o que é, tenhoque procurar saber o que é.... Temos aqui um exemplo deum sujeito procurando ativamente monitorar a suaincompreensão.

Retomando os dados da tabela 1, observamos que a médiade comentários que expressam repetição obtida pelosindexadores, como a média de incompreensãomonitorada, foi consideravelmente menor do que a dogrupo-controle. No entanto, a maior média obtida pelogrupo-controle, na estratégia repetição, deveu-se àgrande variância dos resultados de seus componentes(53,14 contra apenas 4,57 no grupo de indexadores) emaior desvio-padrão (7,29 contra 2,14). Os indexadoresmostraram então maior uniformidade de desempenhoquanto à estratégia sob consideração.

Finalmente, a tabela 1 (ainda considerando os textosmarcados) mostra-nos que, contrariamente às nossasexpectativas, o grupo de indexadores apresentou maiormédia em juízo de valor do que o grupo-controle.Entretanto, vale lembrar que a alta média obtida ocorreuem decorrência da grande variância dos resultados (70,81contra apenas 12,14 no grupo-controle) e maior desvio-padrão (8,41 contra 3,48). Em vez da uniformidadeexpressa na estratégia de repetição, os indexadoresmostraram grande heterogeneidade de desempenhoquando emitiram juízo de valor. O mesmo pode serobservado quando demonstraram o uso da relação entresentenças e parágrafos. Apesar de não ter havidodiferenças entre as médias nos dois grupos, nessaestratégia, o grupo de indexadores mostrou maiorvariância (60,33) e maior desvio-padrão (7,77) do que ogrupo-controle (7,62 e 2,76, respectivamente).

De qualquer forma, é surpreendente que, a despeito daformação do bibliotecário, instruído a não emitir juízode valor, pelo menos alguns dos profissionais da amostranão foram imparciais no processo de indexação.Igualmente, era de se esperar que os indexadoresmostrassem um desempenho mais homogêneo nacategoria relação entre sentença e parágrafos. Passemosa alguns exemplos de verbalização em ambas as estratégiassob análise.

O juízo de valor foi identificado a partir de expressõesque denotassem opinião pessoal ou avaliação das idéiasdo autor e da qualidade do texto. O indexador 1, porexemplo, afirma em determinado momento: Eu tambémnão, como você pode escrever bem, deixando a gramática de

lado? Impossível, você tem que trabalhar a gramática de formamais prazerosa... Eu acho que o ensino da gramática não podeser chato... Já o indexador 3 emitiu o seguinte juízo devalor: É, na minha opinião, é muito mais interessante umgrupo único, do que ficar formando vários grupos e irdesmembrando.

Durante a leitura, desde o seu início, relacionamos termos,frases, sentenças e parágrafos entre si. Dessas relações,advém o sentido atribuído ao texto, as analogias quepossibilitam a compreensão do sentido dado pelo autor.As formulações baseadas nas experiênciasmetacognitivas, acumuladas com o conhecimentoadquirido em leituras anteriores, possibilitam aos leitoresfazer inferências às proposições do autor. Tais habilidadessão utilizadas em grande escala pelos leitores proficientesdurante a compreensão textual. A estratégia relação entresentenças e parágrafos, em nossa pesquisa, foi umavariável relativa à unidade textual e foi identificadaquando os sujeitos expressavam fruição na leitura.O indexador 2 assim verbaliza: Ele coloca em questão o queacontece a partir dali, o que surge de novo. Já o indexador 7observa: Esse texto parece ter sido escrito por mais de umapessoa, a linguagem muda em certos momentos... Finalmente,o grupo-controle 3 também considerou estranha certaparte do texto: Bom, tá muito claro que essa parte do texto,as considerações finais, foram escritas por um autor diferentedas primeiras partes do texto. A linguagem mudoucompletamente...

Pela amplitude dos resultados e pela sua alta variância,podemos concluir que apenas alguns poucos indexadoresdemonstraram o uso da estratégia de relação entresentenças e parágrafos com maior freqüência do que ossujeitos do grupo-controle.

No que se refere à construção de hipóteses, os dois gruposde participantes mostraram desempenho semelhantetanto em quantidade quanto qualidade, o que mais umavez não confirma nossas expectativas quanto à leiturado indexador. Vejamos um exemplo de verbalização deum indexador nesse sentido. O indexador 7, ao ler o títulodo texto, expressou dúvida, mas iniciou sua primeiraconstrução de hipótese: O que poderia ser Gaesi? Quandoeu vejo educação em interdisciplinaridade, deve ser alguma coisaque envolveu várias disciplinas ou assuntos diferentes.

Os dois grupos de sujeitos também mostraramdesempenho semelhante no que se refere ao uso dasestratégias evocação e perguntas e respostas. O elementodeterminante da estratégia evocação é o uso de termosque exprimem uma representação mental evocativa,

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como na reação do indexador 2, ao ler o título do texto:Lembra-me aquilo que é colocado na sala de aula, e o que seproduz a partir dali, se existe alguma relação com o que seaprende e se produz.

Outra estratégia utilizada diante de incertezas sobrenossas expectativas, suposições ou interpretações, quepodem extinguir ou mesmo diminuir dúvidas, é oquestionamento do texto/autor, quando o incitamos a“falar” conosco e a “dizer” se estamos corretos em nossasafirmações ou precisamos mudar o rumo dos conceitospossíveis àquele conteúdo. Essa estratégia foi a menosusada por nossos sujeitos.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Fizemos uma série de suposições que procuramosconfirmar com a pesquisa. De modo geral, esperávamosque a leitura para fins de indexação mostrassepeculiaridades em relação à leitura efetuada em condiçõesnaturais. No entanto, descobrimos que, com exceção demaior uso da estratégia de resumo e de alguns sinais demaior monitoramento da compreensão, a leitura doindexador não se diferenciou da leitura de outros leitoresproficientes. Exceto quando usavam a repetição, cujopapel é manter a informação na memória de curto prazo,e quando monitoraram sua incompreensão, osindexadores mostraram maior variabilidade dedesempenho, revelando ser uma amostra muito maisheterogênea do que a de leitores não-indexadores emtermos do comportamento de leitura. Isso ficouespecialmente evidente ao demonstrarem o uso dasestratégias de juízo de valor e relação entre sentenças eparágrafos. A falta de imparcialidade na leitura e o fracoindício de busca da relação entre sentenças e parágrafosexpressos por alguns desses profissionais sãosurpreendentes, assim como a descoberta da ausência dediferenciação entre indexadores e leitores comuns noque se refere ao processo de construção de hipóteses.

Considerando a categoria juízo de valor, verificamos queos dois tipos de leitores estudados emitem juízos de valorsobre o autor e sobre o texto. Durante a leitura, osindexadores variaram na sua expressão de julgamentosobre o texto e seu autor. Com base na grandevariabilidade entre o grupo de indexadores, podemosafirmar que pelo menos uma parcela desses sujeitos avaliao texto de modo mais intenso do que os outros leitores eque utilizam essa operação para a implementação do atode indexar. A análise da estratégia de relação entresentenças evidencia que o uso desse procedimentoconduz o leitor às idéias do autor e à identificação desse

tipo de relação. Esperávamos que, em decorrência daproximidade com a leitura e a prática em processamentotextual, o profissional da indexação sobressaísse por suahabilidade em lidar com as unidades textuais, mas issonão foi observado no comportamento dos indexadores.Na estratégia de construção de hipótese, percebemos aimportância da experiência de um leitor em lidar com aorganização textual. O indexador, que tem a leitura comoferramenta de trabalho e que recebe treinamentoespecífico para lidar com os elementos contextualizadoresdo texto, deveria ter expresso muito mais familiaridadena identificação dos elementos constitutivos do textoem sua leitura.

Entretanto, o fato de os indexadores terem se sobressaídona estratégia resumo é animador. O domínio dessahabilidade demonstra que o leitor está sempre atento àmeta que pretende atingir com a leitura buscando aolongo do texto partes mais importantes que lhe possamdar uma direção segura. O grupo-controle levou a efeitoa estratégia de elaboração mental de resumo de mododistinto e bem menos freqüente que os indexadores. Essesresultados nos mostram que a formação na área e oexercício freqüente de habilidades específicas levaramos indexadores a um desempenho que supera o dos demaisleitores, o que corresponde ao que se espera para oprofissional indexador.

É igualmente animador que os indexadores tenhammonitorado sua incompreensão com menos freqüênciaque o grupo-controle, o que parece demonstrar umaapreensão mais rápida do sentido geral do texto do queos não-indexadores. Além disso, quando expressamdúvidas, mostram sinais de que sabem como procurar asolução. Tal comportamento pode ser decorrente do fatode o indexador ter a leitura como ferramenta de trabalho.Nessa perspectiva, ao estar mais exposto ao texto, pareceter adquirido a habilidade de ativar os esquemas mentaise os formatos do gênero textual acadêmico. Ou seja, coma prática adquiriu destrezas metacognitivas que lhepossibilitaram maior facilidade em acionar os esquemasmentais que o colocam em interação com a construçãotextual, demarcada pelos mecanismos de argumentação,que foram apreendidos em razão do maior número deocorrências em seu cotidiano. Portanto, esse contatofreqüente proporcionou uma visão textual mais clara,capacidade de síntese e baixa construção deincompreensão monitorada. Esperávamos, entretanto,que essa diferença fosse estatisticamente significativa,mostrando um comportamento bastante diverso dogrupo-controle.

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CONCLUSÕES

Em sua formação, o bibliotecário cursa disciplinas quevisam a instruí-lo na organização e no tratamento dainformação, como também no processamento técnicodos documentos. Porém, apesar desse treinamento, emsua busca por termos para representar o assunto tratadono documento, o indexador baseia-se no discernimentopróprio e na prática adquirida no exercício da profissão,o que, além de tornar o processo de indexação subjetivo,questiona a eficácia da formação profissional. Outro fatorresponsável pela subjetividade no processo é odesconhecimento dos mecanismos cognitivossubjacentes ao processo de indexação.

Diante desse quadro, tentamos neste trabalho identificaras peculiaridades da leitura para fins de indexação e comoesse tipo de leitura se assemelha ou se diferencia da leiturasob condições normais, em termos das estratégiasutilizadas. As pesquisas, até o momento, não dão contados eventos metacognitivos ocorridos durante a leiturapara fins de indexação.

Assim, parece-nos que, com algumas exceções, asindicações para a leitura do indexador não se traduzemem uma leitura diferenciada, já que, em termos do uso deestratégias metacognitivas, a leitura para propósito deindexação não apresenta características próprias que adiferenciem daquela dos leitores de modo geral. A ênfasedo ensino do tratamento temático da informação deveriaentão voltar-se de forma mais arrojada ao desenvolvi-mento de competências necessárias à implementação deuma leitura mais estratégica do que a revelada por estapesquisa.

Conseqüentemente, faz-se preciso uma adequação doensino de biblioteconomia às teorias cognitivas, quepoderão possibilitar a convergência de habilidadesnaturais com as habilidades que podem ser desenvolvidascom o uso de técnicas de gestão cognitiva da leitura.O desenvolvimento dessa confluência de competênciasdeveria receber maior ênfase nos cursos de formação.A inserção dessas competências nos currículos daformação acadêmica de bibliotecários possibilitará umaorientação pontual para a relevância dos processoscognitivos no desenvolvimento de experiênciasmonitoradas de leitura para o futuro indexador de textos.

A inclusão de disciplinas como “Aspectos cognitivos notratamento da informação” ou “Fundamentos cognitivosna leitura para indexação”, em cursos de biblioteconomiae de arquivologia, possibilitaria a incorporação desse

aparatus teórico na formação de profissionais quetrabalham na área da ciência da informação.

Nessa perspectiva, diversas pesquisas têm sido realizadasem outras áreas do conhecimento, visando àimplementação de ensino do uso das estratégiasmetacognitivas na leitura. Pressley (2000) relata váriasinvestigações que enfocam a compreensão dos processosmentais envolvidos na compreensão textual e suaimplementação em experiências educacionais. Aspesquisas de Pressley e outros (1992) e de Chan (1992),entre outras, relatam o sucesso obtido no ensino damonitoração da compreensão a crianças no ensinofundamental.

O segundo objetivo do estudo dizia respeito a questõesmetodológicas ligadas ao uso da técnica do protocoloverbal: avaliar se o procedimento marcado produz maiornúmero de comentários do que o procedimento nãomarcado. A expectativa foi confirmada. De fato o textomarcado produziu mais verbalizações do que o nãomarcado. Diferentemente dos achados de Crain-Thoreson, Lippman e McClendon-Magnuson (1997),que encontraram o efeito marcado versus não marcadoapenas em uma análise qualitativa (o procedimentomarcado produziu mais categorias de comentárioscorrelacionados com os escores de uma medida decompreensão do que o procedimento não marcado), napresente pesquisa o efeito se mostrou estatisticamentesignificativo para a maioria das categorias estudadasquando os resultados dos dois grupos foram analisadosem conjunto. Quando os resultados foram analisados paracada grupo separadamente, a condição marcada ou nãomarcada dos textos afetou mais as respostas do grupo-controle. Para os indexadores, com exceção de duascategorias em que a condição marcada produziu maioresíndices de respostas, não fez diferença se o texto eramarcado ou não; mas esse grupo de indexadores, nasituação texto marcado, apresentou em relação ao grupo-controle um desempenho mais heterogêneo.

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Artigo submetido em 28/02/2006 e aceito em 08/03/2007.

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