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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IZOLETE DA SILVA A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA PREVENÇÃO DE POSSÍVEIS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

IZOLETE DA SILVA

A IMPORTÂNCIA

DO TRABALHO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PARA PREVENÇÃO

DE POSSÍVEIS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM

CURITIBA

2014

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A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO IN-

FANTIL PARA PREVENÇÃO DE POSSÍVEIS DIFICULDADES NA APREN-

DIZAGEM.

IZOLETE DA SILVA *

RENATA TEIXEIRA MAMUS GOMES **

RESUMO

Viver o dia-a-dia da Educação Infantil implica em perceber na criança ainda

bem nova, suas facilidades e dificuldades para anexar como conhecimento de aprendi-

zado o que foi ensinado pela Educadora. Como o contexto real de uma sala de aula é

bastante heterogêneo, nem sempre a professora consegue perceber que uma ou algu-

mas das crianças apresenta certa dificuldade para manusear um brinquedo, ou até

mesmo para se deslocar de um lugar para outro durante alguma atividade. Diversas são

as causas passíveis de avaliação pra diagnosticar cada uma das patologias muitas vezes

identificadas. Concomitantemente, nem sempre a docente, está preparada para tal. É

justamente nesse caso, que se configura o destino deste trabalho. É um objetivo auda-

cioso, mas, viável. Levar ao conhecimento de mais pessoas, o que pode e como deve

ser feito, para minimizar numa criança, as dificuldades que ela apresentar. Se conse-

guido o intento, será concretizado o sonho que gerou a busca desta pós-graduação,

pois, muito além do sonho pessoal da profissional, existe a realidade pessoal de cada

criança, que muitas vezes não tem dentro de casa, na família, alguém preparado que a

observe e identifique as possíveis dificuldades, para assim ajuda-la. Cabe, portanto, a

Educadora Infantil, esta identificação e se possível o devido encaminhamento à Psico-

pedagoga da escola.

Palavras-chave: Psicomotricidade – Ensino – Aprendizagem – Educação Infantil.

* Curriculum Izolete da Silva- Educadora Infantil na Prefeitura de Pinhais. Graduada em Pedagogia

pela Faculdade Internacional de Curitiba- FACINTER (2010). Especializanda em Psicopedagogia na

TUIUTI (2014). e-mail: [email protected] ** Orientadora: Renata Teixeira Mamus Gomes- Graduada em Educação Física pela Universidade

Estadual de Maringá - UEM (1998), Especializada em Morfofisiologia em Educação Corporal e

Reabilitação pela UEM (1999), Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2004) e Doutora em Educação Física pela UFPR (2013). Atua principalmente nas áreas de

Atividade Física e Saúde, e Psicomotricidade. http://lattes.cnpq.br/7188230287352141

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INTRODUÇÃO

Desde a mais tenra idade, quando a criança é encaminhada à escola, o que pode-

ria ser uma situação de ensino e aprendizagem, passa algumas vezes por situações atí-

picas e a professora envolvida com Educação Infantil, precisa estar preparada para dar

acompanhamento específico ao desenvolvimento da criança no que tange ao perceber

uma dificuldade apresentada por algum aluno.

Não raro, essas dificuldades estão ligadas ao desenvolvimento Psicomotor da

criança e é justamente na Educação Infantil que existem os profissionais qualificados

para primeiro e de pronto, quando os pais, por envolvimento emocional, não notaram

na criança alguma dificuldade, darem a eles – os pais – os alertas necessários para a

Prevenção De Possíveis Dificuldades Na Aprendizagem.

Capituladamente este artigo, abordará o tema PSICOMOTRICIDADE com certa

abrangência, explicando 'O Que é', 'Qual A Importância', 'Definição', 'Classificação' e

'Conceituação Do Problema' para esclarecer dúvidas que ainda existem.

A opção por essa narrativa é devida a motivação sentida quando nas salas de au-

las da Educação Infantil, a pós-graduanda, autora deste trabalho, notou que colegas,

até bem preparadas, responsáveis e afáveis com as crianças, em alguns casos, não ob-

servavam num aluno, a dificuldade mais acentuada de trabalhar com coisas ou situa-

ções, normais e fáceis para outros.

A justificativa da escolha do tema se baseia na experiência docente vivida pela

autora no dia-a-dia profissional, onde encontra Dificuldades na Aprendizagem, ligadas

a Disortografia e a Discalculia.

Para demonstrar como tais distúrbios influenciam na dificuldade de aprender

por parte da criança, a pós-graduanda utilizou a Pesquisa Bibliográfica que fazia rela-

ção das Dificuldades de Aprendizagem com a Psicomotricidade.

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1- PSICOMOTRICIDADE

O homem é um Ser Em movimento. Ao longo de toda a vida ele se faz presente.

Segundo Bueno, (1998, p. 17), "O movimento é o principal elemento no crescimento e

no desenvolvimento da criança. Toda ação está pertinente a um movimento e todo ato

motor tem uma ação e um significado".

Desde o bebê quando nasce os primeiros movimentos reflexos, involuntários e

descoordenados, são as formas de expressão que ele possui. O contato dele com o

mundo. É usando esses reflexos que a criança adquire as primeiras informações sobre

o meio em que está inserida, passando a interagir com este meio e desta maneira con-

tribuindo para as novas aprendizagens que seguirão. “Estes movimentos reflexos são

involuntários e subcorticalmente controlados, formando a base para todo o desenvol-

vimento motor posterior”. (BUENO, 1998, p. 17).

O movimento também serve como meio de comunicação. Antes mesmo de falar

a criança usa gestos para expressar o que deseja.

Ao longo do crescimento os movimentos deixam de ser involuntários e passam

a ser controlados. Isso acontece quando criança os realiza com consciência para atingir

os objetivos que tenha, e satisfazer as necessidades que só ela sabe que tem. (BUENO,

1998, p. 18).

O trabalho de psicomotricidade tem uma grande importância e deve ser realiza-

do principalmente na fase que vai de '0' aos '8' anos de idade. Nessa idade precisam ser

desenvolvidos os conceitos psicomotores básicos, pois são eles que darão à criança,

condições de desenvolver a escrita, a leitura, a fala e a sociabilização, sem que surjam

dificuldades neste momento. (BUENO, 1998 p. 51). Se a criança não consegue de

alguma maneira adquirir os conceitos, é necessária uma reeducação psicomotora, por-

que isso pode gerar problemas no presente e se estenderem, caso não haja interferên-

cia.

É na sala de aula da educação infantil que este trabalho pode e deve ser realiza-

do. As atividades devem ser pensadas de acordo com o que a criança necessita desen-

volver.

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Na maioria são atividades simples, mas, que fazem grande diferença quando são

bem aplicadas, pois, a criança aprende e desenvolve brincando aquilo que é a base para

as futuras aprendizagens dela. “É somente no brincar que a criança ou o adulto criam e

deixam fluir sua capacidade e liberdade de criação”. (BUENO, 1998, p. 95).

Atividades individuais como fazer desenho, pinturas, recortar, brincar com mas-

sa de modelar, montar quebra-cabeça, e atividades interativas como jogar bola, pular

corda, pular amarelinha e passar por obstáculos ou circuitos, são algumas das inúmeras

atividades que podem e devem fazer parte da aula da educação infantil. São repletas de

benefícios para as crianças, além de proporcionar momentos de alegria e diversão, que

são fundamentais para o bem estar dos pequenos.

Um tópico de suma importância nesses momentos é a observação. É preciso que

a Educadora Infantil esteja atenta, ao modo, à maneira como cada criança realiza de-

terminada tarefa, e não simplesmente, deixá-la livre. A participação da Educadora é

imprescindível para uma boa observação.

Para Vayer e Picq (1985) apud Bueno (1998, p. 98) a observação é definida

como “a consideração das ações e dos comportamentos da criança” e a avaliação como

o “julgamento que o observador faz do que ele observa do indivíduo”.

A observação levará a Educadora a perceber a hora de intervir, de mediar, para

que o exercício não se torne meramente uma atividade cumprida do plano de aula, e

sim que possa quem educa obter êxito nos objetivos propostos.

Por mais que a criança não tenha conseguido ainda, adquirir aquela habilidade

ou realizar a referida tarefa, é preciso instigá-la, motivá-la para que possa desenvolver

as capacidades inatas do Ser Humano, sempre, ajudando-a, a perceber a maneira mais

adequada de fazer a atividade proposta.

O que falta muitas vezes para que o trabalho psicomotor seja realizado plena-

mente em sala, é o conhecimento da importância intrínseca que tem.

Muitos educadores não tiveram nas formações essa base. Não conseguem dar a

devida importância ao movimento, às brincadeiras e aos jogos, que tanto podem signi-

ficar para os alunos, uma vida futura, à medida e proporção que crescerem.

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É necessário saber o que trabalhar em cada fase, cada idade, o que nem sempre

é levado em consideração.

Muitas vezes, é dada grande importância às atividades impressas, ou o Docente

quer alfabetizar uma criança na educação infantil e esquece que ela precisa antes disso,

desenvolver outras habilidades, para que, na idade certa, possa estar em plenas condi-

ções de poder aprender o que é possível, naquele momento.

1.1 CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE

São diversos os conceitos sobre o que é psicomotricidade.

Bueno (1998) classifica os conceitos funcionais da psicomotricidade como

"Coordenação dinâmica global, coordenação motora fina, postura, tônus, equilíbrio,

respiração, esquema corporal, lateralidade, relaxamento, organização espacial, organi-

zação temporal, ritmo, estruturação espaço-temporal, percepções" (p. 51).

Além dos conceitos funcionais, que dizem respeito ao desenvolvimento da parte

física do indivíduo, Bueno coloca também conceitos relacionais de psicomotricidade.

São eles:

Expressão;

Comunicação;

Afetividade;

Agressividade;

Limites; e,

Corporeidade.

Esses tópicos trabalham no indivíduo outros aspectos que são de grande rele-

vância e tratam da personalidade, emoção, socialização, até mesmo das relações que os

indivíduos constroem uns com os outros. Preparam para as frustrações dos desejos e a

para a maneira como lidaram e se perceberam nessas situações. É uma prática educati-

va, com valor muito mais preventivo.

Rosa Neto entende que além desses itens outros também denotam significativa

importância e são divididos em, "Motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, es-

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quema corporal, organização espacial, organização temporal, lateralidade". (ROSA

NETO, 2002, pag. 11).

Ainda outros teóricos deram contribuições semelhantes, e conceituam psicomo-

tricidade como, "Esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação

temporal, pré-escrita" (DE MEUR e STAES, 1984 p. 9).

1.2 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

A Psicomotricidade na vida humana é fundamental.

É um estudo que tem por dever investigar principalmente na fase da Educação

Infantil, como a criança age no meio que vive e interage no meio em que convive com

outros iguais.

É um auxiliar de suma importância para o desenvolvimento psicossocial afetivo

da criança, pois, é na experimentação da motricidade que são efetuados registros cog-

nitivos indispensáveis ao crescimento da mesma.

Como já frisado, são muitas as definições sobre Psicomotricidade, e por isso do

surgimento até agora, várias vertentes teóricas se manifestaram.

Como a Psicomotricidade envolve movimento, este vai muito além da teoria,

pois é na prática que a observação mostra os 'sim' e os 'não', do que é correto, do que a

criança faz com dificuldade, ou até mesmo, o que a criança não consegue realizar.

Psicomotricidade é algo tão sério, que definitivamente, pode ser chamada de 'a

mola do movimento humano', sem a qual, a pessoa não está completa.

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base

na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e es-

colares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a si-tuar-se no espaço, dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de

seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde

a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadapta-ções, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1982 p. 24)

Assim sendo, a Educação Infantil, passa a ser o primeiro degrau de avaliação de

uma criança, com relação à Psicomotricidade, porque, entre outras formações, a Do-

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cente encarregada dos cuidados infantis, detém conhecimentos técnicos que pai e mãe,

não fazem, muitas vezes, a menor ideia nem do que sejam ou do que tratam.

Normalmente os pais mandam os filhos para a Creche como chamam o CMEI,

por entenderem que lá, as crianças ficarão às mãos de “Tias” que cuidarão delas até a

hora que um dos dois, pai ou mãe, possa passar para retirá-los.

Pensam também, que depois de passar a época da creche, a criança irá pra Esco-

linha, e lá, aprenderá a ler e escrever. O que eles desconhecem é que se a criança não

recebe a devida atenção na época em que está no CMEI, com as observações sobre o

desenvolvimento psicomotor, muitos problemas de alfabetização podem ocorrer.

Na verdade o remédio é preventivo. Na realidade, muitos problemas de ree-

ducação não seriam mais colocados, se, ao lado da leitura, da escrita, da

aritmética, uma parte do tempo escolar fosse reservada a uma educação psi-

comotora cujo material principal seria o movimento, associado a exercícios gráficos e às manipulações. (LE BOULCH, 1983. p. 26).

1.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE PSICOMOTRICIDADE

Muito tem sido escrito sobre o tema, e aqui, devido à pesquisa bibliográfica, são

apresentadas algumas citações a respeito.

Bueno é um dos teóricos mais estudiosos e contundentes sobre o assunto. Ele

defende que "Psicomotricidade - É uma ciência que é relativamente nova, seu objeto

de estudo é o homem, sendo assim não é restrita há apenas uma área de conhecimento,

está presente nos campos educacionais e também de saúde". (BUENO. 1998, p. 19).

Outros como Lapierre (1984), entendem que psicomotricidade é muito mais que

apenas uma atividade estanque, já que ela não tem especificamente um começo, mas,

também, não tem um fim.

A psicomotricidade considera o ser físico e social em transformação perma-

nente e em constante interação com o meio, modificando-o e modificando-

se. Na psicomotricidade é trabalhada a globalidade do indivíduo; é uma dis-ciplina que estuda a implicação do corpo, vivência corporal, o campo semió-

tico das palavras e a interação entre os objetos e o meio para realizar uma

atividade. (apud BUENO, 1998, p. 19)

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Para outros como Bagatini, (1992, apud Bueno, 1998, p. 20), a psicomotricida-

de é encarada de maneira ainda mais ampla, pois, esses autores entendem e definem a

psicomotricidade como a “educação do movimento ao mesmo tempo que desenvolve a

inteligência”.

Também Damasceno (1992) apud Bueno (1998, p. 20), entende a psicomotrici-

dade como uma “ação vivida no seu desenvolvimento para uma meta. O desenvolvi-

mento do ato implica um funcionamento fisiológico, mas não se limita na soma de

contrações musculares, pois constitui também a tomada de consciência”.

Assim, esses Mestres corroboram num ponto comum. A Psicomotricidade é

mais que apenas algum movimento aleatório, provocado por um espasmo muscular.

1.4 A PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

A convencional educação no âmbito familiar desconsidera a atividade psicomo-

tora, até porque, enquanto a criança é um bebê, tudo que faz, parece aos olhos familia-

res uma gracinha, até mesmo quando num movimento errado algo que a criança bus-

cava, caiu das mãozinhas dela.

Só na idade escolar, depois que sai dos limites do lar em que nasceu, ou quando

mesmo ainda bebê, já aos cuidados de uma Educadora qualificada, é que serão obser-

vados os movimentos que, se corretos serão incentivados, e os que não, serão exami-

nados, orientados, corrigidos, ou então, será feito encaminhamento para um profissio-

nal da área de saúde, quando for o caso.

Só que antes de qualquer atitude nesse sentido, serão efetivadas algumas expe-

riências ativas de psicomotricidade individualmente e em grupo.

A observação educativa na escola, e nos casos específicos, posterior orientação

aos pais, não tem nenhuma finalidade de ensinar os movimentos, mas, de permitir que

em casa, a criança seja observada pela família para que exerça função que a ela cabe.

Na sequência, já na escola na visão de LE BOULCH, a coisa funciona diferente.

No estágio escolar, a primeira prioridade constitui a atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo à criança prosseguir a organização de sua “ima-

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gem do corpo” ao nível do vivido e de servir de ponto de partida na sua or-

ganização práxica em relação com o desenvolvimento das atitudes de análise

perceptiva. (1982, p. 129).

A ação e interação social na escola frente aos demais coleguinhas representam

em escala menor, a mesma socialização que mais tarde todos encontrarão durante o

crescimento, as primeiras experiências que servirão de base para a vida adulta.

É a partir das primeiras experiências psicomotoras que a criança vai consti-

tuindo pouco a pouco o seu modo pessoal de ser, de sentir, de agir e reagir

diante dos outros, dos objetos e do mundo que a rodeia, e a qualidade da re-lação que a criança estabelece com o meio é que condicionará a saúde men-

tal da mesma. Mediante a relação com as pessoas e com os objetos, a criança

se comunica e expressa suas dificuldades, sejam alas de ordem motora, emo-cional ou cognitiva. (Lapierre, 1984 apud Bueno 1998, p. 20).

2- DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

O desenvolvimento psicomotor é base para outras aprendizagens. Juntamente

com as capacidades, intelectual, afetiva e social, o movimento é a forma de atuação da

criança no mundo que ela descobre construir diariamente, por meio das estimulações.

Segundo Rosa Neto, (2002, p. 12), "A atividade motora é de suma importância

no desenvolvimento global da criança. Através da exploração motriz, ela desenvolve a

consciência de si mesma e do mundo exterior".

Ao usar o movimento a criança descobre que é capaz de se tornar independente,

explorar a possibilidade do ambiente, fazer descobertas e viver experiências concretas

que possibilitam a construção de noções básicas para o desenvolvimento intelectual.

Bueno (1998, p. 34), coloca que "O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se

pela maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconheci-

mento dos objetos, das posições, a imagem do nosso corpo e a palavra".

Em cada fase do desenvolvimento psicomotor, a criança se apropria de novas

habilidades que são necessárias ao desenvolvimento integral. O não desenvolvimento

de uma fase, ou atraso no desenvolvimento dessas fases, podem causar futuras dificul-

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dades em outras áreas da aprendizagem que mais tarde serão significativas, principal-

mente quando aparecerem na fase escolar, sendo a causa de diversos problemas.

Bueno (1998, p. 34), apresenta uma síntese do desenvolvimento psicomotor, do

nascimento até a terceira idade.

De acordo com o que ela descreve serão citadas as características de cada fase,

aquilo que a criança deve fazer em cada uma delas, sendo que essa narrativa se aterá

somente as etapas as quais, discorre este trabalho, especificando, que começa no nas-

cimento e segue até os 6 anos.

1º mês: apresenta reação de atenção inata, comunica as necessidades com o

choro e para de chorar quando alguém se aproxima.

2º mês: segue os estímulos com o olhar, emite sons, brinca com as mãos.

3º mês: sacode o chocalho involuntariamente, sorri quando recebe sorriso.

4º mês: apalpa objetos, ri alto, rola, começa a orientar-se no espaço.

5º mês: pega objetos que estão ao alcance, senta-se com apoio, leva os pés

ate à boca, desenvolve a preensão.

6º mês: utiliza o corpo e objetos no espaço, balbucia, a alimentação é sólida.

7º e 8º meses: procura objetos caídos, joga-os, simboliza presença e ausência

(cadê, achou!).

9º mês: mantém-se de pé com apoio, pega objetos escondidos à frente, come-

ça a falar as primeiras palavras de duas sílabas que servem para nomear tudo,

início do movimento de pinça.1

10º mês: fica de pé sozinho, bebe em copo, repete sons que ouve, para de fa-

zer algo se escuta a ordem, aprende as primeiras palavras, juntando sílabas.

11º e 12º meses: desenvolvimento da marcha com domínio, fala três ou qua-

tro palavras, entende frases curtas.

15º a 18º meses: anda sozinho, apresenta linguagem de ações com organiza-

ções rítmicas, maturação neurológica para controle esfincteriano, (início da

percepção), faz alguns rabiscos.

1 Movimento de pinça – Uso dos dedos polegar e indicador pra pegar objetos pequenos.

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2 anos: tem noção corporal, reconhece a diferença sexual, usa colher para se

alimentar, faz uso de lápis, salta com os dois pés juntos, o real e a fantasia se

confundem, controle dos esfíncteres, e o vocabulário aumenta.

3 anos: utiliza o pronome eu, reconhece e explica ações, é capaz de classifi-

car, comparar e identificar atos e coisas, o vocabulário é em torno de 200 pa-

lavras, tem atitudes de cooperação, usa talheres, quer se vestir sozinho, saltita

num pé só, (dois ou três passos), sobe e desce escadas alternando os pés, a

coordenação motora fina se aperfeiçoa, a tudo pergunta 'porque', começa a se

envolver na conversa dos adultos, começa a usar tesoura.

4 anos: tem maior elasticidade, coordena movimentos das mãos à escrita, ini-

cia abstrações e relações com os fatos, misturando fantasia e realidade, salta

com habilidade, começa a socializar-se, explora mais a sexualidade, associa

figuras à escrita, anda na ponta dos pés, reconhece as cores branco e preto.

5 anos: a coordenação global está desenvolvida, reconhece direita e esquerda

no próprio corpo, coordenação viso-motora em desenvolvimento, dissociação

manual e digital, passa a colaborar, ajudando em tarefas domésticas, aceita

ordens e responsabilidades, salta alternando os pés, é mais ágil, censo de cer-

to e errado, usa o lápis com mais segurança, desenha traços retos, círculos e

quadrados, distingue todas as cores.

6 anos: dissociação manual e digital estão firmadas apresentando possibili-

dade de escrever, tem atitudes sociais bruscas, distingue os dois lados, (late-

ralização), não faz laços, (faz tentativas), distingue fantasia da realidade com

clareza, início dos jogos heterossexuais, anda de bicicleta, participa de jogos

de competição e raciocínio.

Essas são algumas das principais características dessas fases mostrando o que a

criança deve realizar em cada uma das idades apresentadas.

Quem trabalha com Educação Infantil, deve levar em consideração o fato que

nenhuma criança é igual à outra.

Algumas crianças se desenvolvem antes, com mais facilidades, outras podem

demorar um pouco mais, apresentar alguma dificuldade, o que não quer dizer que seja

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um problema, pois o tempo de maturação é diferente. Contudo, é importante o estímu-

lo nos dois casos. Trabalhar com atividades que desenvolvam tais conceitos, até inter-

nalizá-los, para que a criança tenha a possibilidade de ir para a fase seguinte.

3- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As dificuldades de aprendizagem surgem ou são percebidas geralmente na fase

inicial da escola, no período em que a criança está sendo alfabetizada ou após esta eta-

pa, quando passa a ter contato com conteúdos mais complexos.

Tais dificuldades podem ser as dificuldades na leitura e/ou escrita, apenas numa

delas, a cópia de conteúdos, compreensão de textos, vocabulário empobrecido, dificul-

dade com números, apropriação dos conteúdos básicos, falta de atenção e concentra-

ção, inquietação, entre outras.

Essas dificuldades podem ser causadas ou influenciadas por diferentes fatores,

como, a falta do desenvolvimento dos conceitos básicos na criança, fatores de ordem

emocional e sociais, síndromes ou transtornos, deficiência intelectual ou patologias.

Um dos problemas mais comuns encontrados é certa dificuldade na escrita. Se-

gundo Fonseca, (1983, p. 150), "As disortografias são incapacidades de escrever corre-

tamente a língua materna, e constituem uma consequência natural das dislexias".

Baseados em estudos e testes, realizados por diversos pesquisadores, fica com-

provada qual a relação existente entre as DA’s (Dificuldades de Aprendizagem) e o

desenvolvimento psicomotor da criança.

Estudos de Moreira, Fonseca e Diniz (2000), de caráter investigativo sobre cri-

anças com dificuldades de aprendizagem, realizados para verificar a existência de dife-

rença em relação às crianças que não apresentavam dificuldades de aprendizagem, uti-

lizaram o Teste de Proficiência Motora de Bruininks e Ozeretsky. O estudo teve a par-

ticipação de 30 crianças, 15 meninos e 15 meninas, que foram divididos em 2 grupos:

- Grupo A - 'Normais' - composto por alunos do 3º ano

- Grupo B - Com 'Dificuldades de Aprendizagem',

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Os grupos, foram compostos por alunos do 2º ano, (repetentes), da rede do en-

sino público, da zona da grande Lisboa e idade média de 8 anos. Não participaram da

pesquisa, crianças que pudessem apresentar qualquer tipo de deficiência e foi conside-

rado também o nível de inteligência medido por teste de Matrizes Progressivas de Ra-

ven, utilizando um percentual igual ou maior que 50.

Os testes mostraram superioridade das crianças Normais em relação às crianças

com Dificuldades de Aprendizagem em todos os aspectos, na Motricidade Fina, na

Motricidade Global e na Proficiência Motora, sugerindo assim que as crianças com

DA's possuem um perfil motor mais vulnerável, ou seja, foi comprovado que existem

diferenças significativas entre esses dois grupos e os que possuem DA's, apresentaram

resultados mais baixos.

Nos estudos de Fin e Barreto (2010), realizado com crianças da cidade de Fri-

burgo-SC-Brasil, que teve objetivo de verificar o perfil de desenvolvimento motor em

alunos identificados pelos professores como apresentando algum tipo de dificuldade

escolar. As principais dificuldades apontadas pelos professores em sala foram na leitu-

ra, na escrita, interpretação e cálculo.

Participaram 60 escolares, 71,7% (n=43) do gênero masculino e 28,3% (n=17)

do gênero feminino, entre 6/15 anos, frequentadores de aulas de apoio e com ausência

de patologias clínicas diagnosticadas.

Foi utilizada como instrumento de pesquisa a Escala de Desenvolvimento Motor

de Rosa Neto (2002). Segundo o resultado dos testes, 38,3%, (n=23) dos escolares

apresentaram índices de Normal Médio, 36,7 (n=22) obtiveram nível Normal Baixo,

20% (n=12) obtiveram classificação inferior, e 5% (n=3) ficaram com a classificação

Muito Inferior. Do total de escolares avaliados, 93,3% (n=56) apresentaram média de

15 meses de atraso motor em relação à idade cronológica, com variação entre 1 e 50

meses (o teste considera a idade em meses ao ser realizado).

A conclusão foi que, as crianças que apresentaram um Perfil Motor Inferior ou

Muito Inferior, a dificuldade pode ser justificada pelo atraso psicomotor, confirmado

por meio da avaliação motora.

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Em mais um estudo realizado para avaliar o desenvolvimento motor de crianças

com dificuldades na aprendizagem escolar, realizado por Amaro, Jatobá, Santos e Ro-

sa Neto (2010), também foi constatado que a grande maioria dos escolares avaliados

apresentou desenvolvimento Inferior e Muito Inferior. Esse estudo foi realizado com

38 escolares de 6 a 10 anos de idade, 60,5% do gênero masculino e 39,5% do gênero

feminino, estudantes de Escolas municipais de Florianópolis, SC.

Todos foram submetidos ao Projeto de Avaliação e Intervenção Motora, reali-

zado na Universidade de Santa Catarina, UDESC.

Para essa avaliação utilizaram a Escala de Desenvolvimento Motor - EDM, de

Rosa Neto (2002). As crianças foram encaminhadas para avaliação por apresentarem

algum tipo de dificuldade na aprendizagem, seja na leitura, escrita, cálculo, linguagem,

compreensão de tarefas ou no relacionamento interpessoal.

Em análise dos testes foi verificado que os maiores déficits motores foram nas

áreas de Esquema Corporal, Organização Espacial e Organização Temporal, onde a

classificação foi Muito Inferior. Na Motricidade Fina e Equilíbrio obtiveram desen-

volvimento Inferior e na Motricidade Global ficaram com desempenho Normal Baixo.

Nenhum dos escolares apresentou desenvolvimento motor compatível com a idade

cronológica (Normal Médio). Na classificação geral, 76,3% (n=29) dos avaliados fo-

ram Inferiores. São dados que revelam grandes dificuldades motoras, ao mesmo tempo

em que aquelas crianças também apresentam grandes dificuldades na aprendizagem,

reforçando ainda mais o fato de uma, ser causadora da outra.

O estudo de Medina, Rosa e Marques (2006), buscou avaliar o desenvolvimento

da organização temporal de crianças com dificuldades de aprendizagem. A amostra foi

composta por 34 crianças, 11 meninas e 23 meninos, com dificuldades em escrita, lei-

tura e interpretação, com idade entre 8 e 10 anos, e estudantes da Rede Municipal de

Londrina, PR, Brasil. As crianças foram divididas em 3 grupos, de acordo com a faixa

etária e eram participantes de um Projeto Psicopedagógico. O teste utilizado foi a Es-

cala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002), na área da Organização Tempo-

ral.

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Os resultados mostraram 53% (n=18) dos avaliados apresentando idade motora

inferior à idade cronológica, comprovando assim, que grande parte das crianças com

dificuldades de aprendizagem também apresentam déficits na organização temporal.

Em outro estudo, realizado por Neto, Amaro, Prestes e Arab, com o objetivo de

verificar o esquema corporal de escolares entre 6 e 10 anos, com queixas de dificulda-

des de aprendizagem, participaram 39 crianças, 24 meninos e 15 meninas, de Escolas

Públicas de Florianópolis, SC. Brasil. Foi utilizada a Escala De Desenvolvimento Mo-

tor de Rosa Neto, (2002). Os alunos foram divididos em grupo por faixa etária. O re-

sultado dos testes mostrou que a grande maioria obteve classificação Muito Inferior e

Inferior e ninguém atingiu níveis além do Normal Baixo. Segundo os dados, a pesqui-

sa sugere que o desenvolvimento das capacidades motoras são fundamentais para que

as habilidades essenciais à aprendizagem escolar, sejam desenvolvidas.

Os testes aqui apresentados obtiveram resultados parecidos apesar de serem di-

ferentes entre eles, e em relação às amostras o objetivo era comum: verificar o desen-

volvimento motor do aluno que havia sido detectado, com algum tipo de dificuldade.

Nesses casos foram verificados atrasos motores em todos os escolares partici-

pantes. A maioria dos avaliados ficou com classificação inferior e apresentou atraso

referente à idade, ou seja, todos os alunos com dificuldades de aprendizagem apresen-

taram déficits motores. Confirmando assim a relação existente entre eles.

A 'Má Lateralização' se encontra estritamente ligada às dificuldades instrumen-

tais caracterizadas por sinais de Imperfeição e Lentidão Motoras, Dislexia, Disorto-

grafia, Gagueira, Problemas de Estruturação Temporo-espacial, etc.

Esse resultado é entendido na visão de Fonseca:

Toda uma desorganização motora poderá ser desencadeada por insuficiente determinação lateral, por sua vez implicadora de problemas práxicos (efici-

ência motora, ajustamento espacial, etc.) mais ou menos interdependentes do

esquema corporal regulado pela função tônica. (FONSECA, 1983, p. 133).

Na afirmação desse Mestre, a 'Lateralização' pela especificidade, pode ser de-

sencadeadora de dificuldades de aprendizagem. Segundo ele, até a influência social e

familiar da criança pode ter influência direta sobre essa dificuldade básica.

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Logicamente, ele não coloca o 'dedo na ferida social' como o start para que tudo

aconteça com a criança em sentido de estabilização da dificuldade de aprendizagem,

mas, dá, a entender, que esse pode ser um dos cernes da questão.

A alteração da lateralização singular e peculiar do indivíduo, provocada por

pressões sociais deformadoras, pode afetar o plano motor e a organização espacial, estruturas em permanente co-ajustamento cuja importância ultra-

passa qualquer observação limitativa. Tal alteração desencadeia posterior-

mente inúmeros comportamentos, como as dificuldades na escrita e as devi-

das dificuldades escolares. (FONSECA, 1983, p. 134)

Seguindo nessa linha de estudo, Fonseca adverte e acirra uma reflexão sobre a

temática emotivo-afetiva que envolve o desenvolvimento da criança. Frisa ele:

[....] Todas as dificuldades escolares são consequência de uma deficiência de adaptação psicomotora, que engloba problemas de desenvolvimento motor,

de dominância lateral, de organização espacial, de construção práxica e de

estabilidade emotivo-afetiva, que se podem projetar em alterações do com-

portamento da criança. (FONSECA, 1983, p. 157)

Ao final da citação ele faz menção ao importante item, o lado afetivo da pessoa.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na realização da pesquisa bibliográfica foi verificada a importância do trabalho

psicomotor em crianças desde a Educação Infantil, fase em que ela deve se desenvol-

ver e tem mais possibilidades para isso, tendo em vista que muito deste desenvolvi-

mento se faz pela brincadeira e jogos, coisas muito presentes nessa fase.

É nesse momento e também durante as atividades de socialização, onde a psi-

comotricidade é mais exigida e consequentemente mais desenvolvida, que as habilida-

des específicas ajudarão no aprendizado da leitura, escrita, compreensão e em todas as

outras aprendizagens que devem ser trabalhas para que a criança esteja apta a tudo is-

so.

Foi verificada também a necessidade da continuidade desse trabalho nas outras

fases escolares, por meio das aulas de Educação física e até mesmo de outras discipli-

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nas, pois, a criança que tem algum tipo de atraso motor, acaba por refletir isso nas ou-

tras áreas acadêmicas, apresentando certas dificuldades especificas e que com um tra-

balho de reeducação psicomotora poderá ultrapassá-las.

Ficou constatado através das pesquisas e estudo já realizados com os testes mo-

tores, que há muitas questões relacionadas entre as dificuldades de aprendizagens es-

colares e os atrasos motores.

Todos eles apresentaram resultados que comprovam esta relação, desde o teste

comparativo entre crianças 'Normais' com crianças com 'Dificuldades de Aprendiza-

gem', até testes para verificar se havia atrasos motores em crianças que apresentavam

algum tipo de dificuldade. O que fatalmente foi comprovado e está já há muito sendo

objeto de estudos mais aprimorados.

Os estudos aqui apresentados confirmam a importância que tem um trabalho

psicomotor quando realizado de forma eficiente. Os testes só vieram à baila, para

complementar o que muitos autores e estudiosos sobre o assunto já apresentaram.

Não é possível que seja permitida a continuidade de desconhecimento acadêmi-

co em termos de Dificuldades de Aprendizagem provocadas por problemas de Psico-

motricidade, tão fáceis de serem identificados, desde que já nos primeiros anos da

Educação Infantil, haja uma consciente observação e avaliação, até mesmo comparati-

va entre as crianças durante uma atividade simples de socialização, de participação em

brincadeiras e em jogos direcionados a testar a eficiência de cada criança na realização

de tarefas simples, como, por exemplo, o simples gesto de pegar um objeto pequeno.

A Educação Infantil é muito importante para perceber na criança ainda bem no-

va as facilidades e dificuldades que tenha. A pluralidade de uma sala de aulas é o labo-

ratório onde a professora consegue testar e perceber o resultado, se alguma daquelas

crianças a ela, confiadas, apresenta alguma dificuldade.

Essas pequenas e simples atitudes perceptivas podem ser o diferencial de toda

uma vida, que estando apenas no começo, foi entregue a alguém para que fosse cuida-

da.

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Esta acadêmica vê no pequeno movimento de uma criança, muito mais que faci-

lidade ou dificuldade de aprendizagem. Esta pós-graduanda vê parte da humanidade

em cada 'Ser', que dando os primeiro passos, começa a construir um novo futuro.

REFERÊNCIAS

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