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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA ROBERTA FERREIRA DA SILVA RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: O PAPEL DA ESCOLA E DA

FAMÍLIA

ROBERTA FERREIRA DA SILVA

RIO DE JANEIRO

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: O PAPEL DA ESCOLA E DA

FAMÍLIA

Apresentação de trabalho monográfico, como

requisito final para a conclusão do curso de

Pós-graduação “Lato Sensu” em

Psicopedagogia por Roberta Ferreira da Silva.

RIO DE JANEIRO

2010

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AGRADECIMENTOS

À Deus, criador de tudo e de todos. Aos meus pais, Paulo

e Meire e ao meu esposo Robson Wilson que me

apoiaram e me deram força.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as alunas e professores do

curso de Psicopedagogia.

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RESUMO

Neste trabalho falaremos sobre as dificuldades de aprendizagem

específicas, a discalculia, a dislalia, a dislexia e a disortografia, dificuldades

essas, que a cada dia mais se fazem presente no cotidiano escolar das

crianças de nossa sociedade. Explanaremos ainda sobre as suas causas e

consequências. E como a família e a escola apresentam-se mediante estas

complicações. Pois, sabemos que o ambiente aonde a criança desenvolve-se

tem total influência na evolução das suas habilidades e potencialidades.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foram

pesquisas bibliográficas e webgráficas.

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SUMÁRIO

INTODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 13

O QUE É DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM?

CAPÍTULO II 22

A ESCOLA

CAPÍTULO III 27

A FAMÍLIA

CAPÍTULO IV 31

A INTEGRAÇÃO ESCOLA/FAMÍLIA

CONCLUSÃO 35

ÍNDICE 39

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INTRODUÇÃO

O tema desta monografia é Dificuldades de aprendizagem e foi

delimitado em Dificuldades de aprendizagem e o papel da escola e da família.

A escolha deste tema seu deu a partir de observações em um ambiente

escolar. É notável o grande número de alunos que apresentam dificuldades

pedagógicas e como a escola e a família se portavam diante desta situação. As

crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes,

apenas apresentam alguma dificuldade para aprender.

São crianças que tem um nível de inteligência bom, não apresentam

problemas de visão ou audição, são emocionalmente bem organizadas e

fracassam na escola.

“Crianças com dificuldades de aprendizagem não são deficientes, não são incapazes e, ao mesmo tempo, demonstram dificuldades para aprender. Incapacidades de aprendizagem não devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem” (BELLEBONI, 2004, p. 11).

As dificuldades de aprendizagem referem-se não a um único distúrbio,

mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do

desempenho acadêmico. As dificuldades são definidas como problemas que

interferem no domínio de habilidades escolares básicas, e elas só podem ser

formalmente identificadas até que uma criança comece a ter problemas na

escola. As crianças com dificuldades de aprendizagem são crianças

suficientemente inteligentes, mas enfrentam muitos obstáculos na escola. São

curiosos e querem aprender, mas sua inquietação e incapacidade de prestar

atenção tornam difícil explicar qualquer coisa a eles. Essas crianças têm boas

intenções, no que se refere a deveres e tarefas de casa, mas no meio de um

trabalho esquecem as suas instruções ou os objetivos.

Além da família, a escola é um dos agentes responsáveis pela

integração da criança na sociedade, é um componente capaz de contribuir para

o bom desenvolvimento de uma socialização adequada da criança, através de

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atividades em grupo, de forma que capacite o relacionamento e participação

ativa das mesmas, caracterizando em cada criança o sentimento de sentir-se

um ser social.

Se a criança não se envolve com o grupo ou este não a envolve,

promovendo uma interação, começa haver um baixo nível de participação e

envolvimento nas atividades e consequentemente, acontece o isolamento que

interferirá no desempenho escolar desta criança. O comportamento retraído de

uma criança no ambiente escolar também pode ser interferência do ambiente

familiar.

A escola tem uma tarefa importante no resgate da auto-imagem

distorcida e identidade da criança, por ter uma concepção socialmente

transmissora de educação, valores e de cultura, que transcende as habilidades

educacionais familiares, além da responsabilidade e competência em

desvendar para a criança o significado e o sentido do aprender.

As escolas devem buscar formas de prevenção nas propostas de

trabalho, preparar os professores para entenderem seus alunos, diferenciar um

a um, respeitar o ritmo de aprendizagem dos mesmos. A escola deve ser um

ambiente onde as crianças possam sentir-se bem, amadas e sempre alegres. A

metodologia da escola deve ser adequada, envolvendo seus alunos. E no

momento em que surgir algum problema com algum aluno é importante que

haja uma mobilização por parte da mesma, a fim de sanar a possível

dificuldade. A escola deve esforçar-se para a aprendizagem ser significativa

para o aluno, aproveitando os seus conhecimentos prévios e possibilitando

este aprendizado a partir de vivências. Com isso todos tem a ganhar: a escola,

a família e principalmente a criança. Esta será uma criança mais flexível, mais

motivada, mais interessada, pronta para receber o aprendizado.

A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos

naturais e espontâneos do ser humano que desde muito cedo aprende a

mamar, falar, andar, pensar, garantindo assim, a sua sobrevivência humana.

Com aproximadamente três anos, as crianças são capazes de construir as

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primeiras hipóteses e já começam a questionar sobre a existência, sobre o

mundo que a cerca.

A aprendizagem escolar também é considerada um processo natural,

que resulta de uma complexa atividade mental, na qual o pensamento, a

percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos prévios

estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em aprender.

Segundo Maria Lúcia Weiss, “a aprendizagem normal dá-se de forma

integrada no aluno, no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a

aparecer “dissociações de campo” e sabe-se que o sujeito não tem danos

orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na

aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o

mundo”.

Em poucas são as vezes que as dificuldades de aprendizagem têm

origens apenas cognitivas. Atribuir ao próprio aluno o seu fracasso,

considerando que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento

psicomotor, cognitivo, lingüístico ou emocional (conversa muito, é lento, não faz

a lição de casa, não tem assimilação, entre outros.), desestruturação familiar,

sem considerar, as condições de aprendizagem que a escola oferece a este

aluno, os profissionais que a atendem e os outros fatores intra-escolares que

favorecem a não aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem na escola podem ser consideradas

uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não

podemos desconsiderar que o fracasso do aluno também pode ser entendido

como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus

alunos. É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar,

pois, há muitas maneiras de aprender. O professor deve ter consciência da

importância de criar vínculos com os seus alunos através das atividades

cotidianas, construindo e reconstruindo sempre novos vínculos, mais fortes e

positivos.

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O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em sua aprendizagem,

muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção,

irresponsabilidade, agressividade, entre outras atitudes. A dificuldade acarreta

sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria,

se investigarmos encontraremos o “Q” da questão.

Durante muitos anos os alunos foram penalizados, responsabilizados

pelo fracasso, sofriam punições e críticas, mas, com o avanço da ciência, hoje

não podemos nos limitar a acreditar, que as dificuldades de aprendizagem, seja

uma questão de vontade do aluno ou do professor é uma questão muito mais

complexa, onde vários fatores podem interferir na vida escolar, tais como os

problemas de relacionamento professor/aluno, as questões de metodologia de

ensino, os conteúdos escolares e outras questões.

Este estudo se justifica por acreditar que os problemas de aprendizagem

interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida

diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Por esta razão,

neste trabalho, faremos um breve relato das dificuldades específicas de

aprendizagem, suas causas e consequências. E como a família e a escola são

extremamente importantes para a evolução da criança portadora desta

dificuldade.

Se a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno, por danos orgânicos

ou somente da sua inteligência, para solucioná-lo não teríamos a necessidade

de acionarmos a família, e se o problema estivesse apenas relacionado ao

ambiente familiar, não haveria necessidade de recorremos ao aluno

isoladamente.

As primeiras aprendizagens se dão com os pais, estes são os primeiros

ensinantes, com eles aprendem-se as primeiras interações e ao longo do

desenvolvimento, o aperfeiçoa. Estas relações, já estão constituídas na

criança, ao chegar à escola, que influenciará consideravelmente no poder de

produção deste sujeito. É preciso uma dinâmica familiar saudável, uma relação

positiva de cooperação, de alegria e motivação.

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O problema que deu origem a esta pesquisa, foi como a instituição tem

se posicionado frente a esta questão, tornando-se necessário orientar aluno,

família e professor, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com

alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão,

buscando a intervenção de um profissional para o melhor desenvolvimento

deste.

Este estudo tem como objetivo geral perceber o papel da escola e da

família como fator fundamental para o bom desenvolvimento da criança. E

como objetivos específicos reconhecer as dificuldades de aprendizagem

específicas, verificar a contribuição da escola no desenvolvimento da criança e

reconhecer a família como fator relevante para o bom rendimento da mesma.

Nesta introdução apresentamos a pesquisa, no primeiro capítulo

acompanharemos as características, causas e consequências de algumas

dificuldades de aprendizagem que são cada vez mais comuns em nossa

sociedade. No segundo capítulo, iremos acompanhar o papel da escola, o seu

posicionamento e a importância de ter um olhar atento e diferenciado com os

seus alunos. No terceiro capítulo falaremos da família, seus posicionamentos,

suas influências, o seu valor inestimável e como esta pode auxiliar as crianças

com dificuldades de aprendizagem. Já no quarto capítulo, iremos relatar um

pouco desta interação escola X família e como este companheirismo é

fundamental para o bom desenvolvimento da criança.

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CAPÍTULO I

O QUE É DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM?

O fato de existirem crianças que não conseguem alcançar sucesso na

aprendizagem escolar tem incomodado muitos estudiosos das diversas áreas

do conhecimento. Muitos deles, segundo Campos (1997), analisando os

problemas de aprendizagem, chegaram a variados termos e definições, os

termos dificuldade ou problema de aprendizagem são os mais utilizados. A

dificuldade de aprendizagem refere-se a alguma desordem na aprendizagem

geral da criança provém de fatores reversíveis e quase sempre não tem causas

orgânicas.

Dificuldade de aprendizagem é um termo que se refere a um grupo de

transtornos que manifesta-se por dificuldades de grande significado na

aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades

matemáticas, não desenvolvendo as competências necessárias para a sua

faixa etária. Podem surgir junto a essas dificuldades, problemas nas condutas

de auto-regulação, percepção, interação social e outras.

Dificuldade de aprendizagem, por vezes referida como desordem de

aprendizagem ou transtorno de aprendizagem, é um tipo de desordem pela

qual um indivíduo apresenta dificuldades em aprender efetivamente,

assimilando conteúdos com facilidade. A desordem afeta a capacidade do

cérebro em receber e processar informação e pode tornar problemático para

um indivíduo o aprendizado tão rápido quanto o de outro, que não é afetado

por ela.

Dentro das escolas, constantemente, encontra-se casos de crianças

com dificuldades de aprendizagem, as mais comuns são a Dislexia, a Dislalia,

a Disortografia e a Discalculia, conhecida como dificuldades de aprendizagem

específicas (nestas iremos nos aprofundar ao longo da pesquisa).

Um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não apresenta

necessariamente baixo ou alto QI. Significa apenas que ele está trabalhando

abaixo da sua capacidade devido a um fator com dificuldade, em áreas como

por exemplo o processamento visual, auditivo ou oral, estas podem ser

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diagnosticadas através de testes específicos de inteligência e outras

avaliações. As dificuldades de aprendizagem normalmente são identificadas na

fase de escolarização, a partir do primeiro ano já se pode diagnosticar essas

dificuldades; por profissionais como psicólogos e psicopedagogos.

Os portadores de dificuldades de aprendizagem apresentam dificuldades

em desempenhar funções ou habilidades específicas. Entretanto, com o apoio

e intervenções adequadas e profissionais especializados, esses mesmos

indivíduos podem ter sucesso escolar e continuar a progredir em carreiras bem

sucedidas, e mesmo de destaque, ao longo de suas vidas.

Vygotsky (1989) afirma que o auxílio prestado à criança em suas

atividades de aprendizagem é válido, pois, aquilo que a criança faz hoje com o

auxílio de um adulto ou de outra criança maior, amanhã estará realizando

sozinha. Desta forma, o autor enfatiza o valor da interação e das relações

sociais no processo de aprendizagem.

É normal que uma criança enfrente problemas em habilidades como

leitura, escrita e lógica matemática no primeiro ano escolar, mas após esse

período, ela deve atingir um nível básico de competência. Se a criança

continua a encontrar dificuldades depois deste período, ela pode estar com

alguma dificuldade específica de aprendizagem. Cabe ao educador

desenvolver um olhar atento a alguns fatos que podem caracterizar a presença

de uma dificuldade de aprendizagem, pois quanto mais cedo tal dificuldade for

verificada, mais fácil e útil será o trabalho de intervenção, alcançando mais

rápido um resultado positivo.

A seguir explanaremos sobre as dificuldades específicas de

aprendizagem, são elas: Discalculia, Dislalia, Dislexia e Disortografia.

1.1 - DISCALCULIA

Em concordância com o site Boas falas, discalculia é a dificuldade para

cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais

das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de

problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem

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seqüências lógicas e outros. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda

pouco conhecido.

Os problemas na aprendizagem de Matemática que são apontados em

todos os níveis de ensino não são novos: De geração a geração a Matemática

ocupa o posto de disciplina mais difícil e odiada, o que torna difícil sua

assimilação pelos estudantes. Por isso, antes de falar em dificuldades de

aprendizagem em Matemática é necessário verificar se o problema não está no

currículo ou na metodologia utilizada.

Na discalculia, a capacidade matemática para a realização de operações

aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se inferior à média

esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de

escolaridade do indivíduo.

As dificuldades da capacidade matemática apresentadas pelo indivíduo

trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal

habilidade. Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades

matemáticas excedem aquelas geralmente a este associadas.

Diversas habilidades podem estar prejudicadas na discalculia:

• Linguísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou

conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em

símbolos matemáticos).

• Perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou

agrupamento de objetos em conjuntos).

• De atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação).

• Matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e

aprender tabuadas de multiplicação).

Dificuldade na leitura, escrita e compreensão de números; em realizar

operações matemáticas, classificar números e colocá-los em seqüência; na

compreensão de conceitos matemáticos; em lidar com dinheiro e em

aprender a ver as horas, etc. Estes também estarão comprometidos.

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Na pré-escola, já é possível notar algum sinal do distúrbio, quando a

criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas

propostas - como igual e diferente, pequeno e grande. Mas ainda é cedo para

um diagnóstico preciso. É só a partir dos 7 ou 8 anos, com a introdução dos

símbolos específicos da matemática e das operações básicas, que os sintomas

se tornam mais visíveis.

É importante chegar a um diagnóstico rapidamente para iniciar as

intervenções adequadas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe

multidisciplinar - Neurologista, Psicopedagogo, Fonoaudiólogo, Psicólogo -

para um encaminhamento correto. Não devemos ignorar que a participação da

família e da escola é fundamental no reconhecimento dos sinais de

dificuldades.

Porém, devemos ter muita cautela quanto ao diagnóstico da discalculia

ou qualquer dificuldade de aprendizagem. Apesar de o professor dizer que não

faz um diagnóstico da criança, ele estabelece que as dificuldades de

aprendizagem são possíveis transtornos específicos de aprendizagem, tendo

como causas a imaturidade, problemas psicológicos e sociais, justificado assim

o por quê da criança não aprender.

Antes de diagnosticar a discalculia, devem ser eliminadas outras causas

de dificuldades, como o ensino inadequado ou incorreto; os problemas com

visão; audição ou os danos ou doenças neurológicas e doenças psiquiátricas.

O diagnóstico discalculia é sempre apenas uma descrição do atual

estágio de desenvolvimento, aplicável por um período máximo de um ano.

Como a criança desenvolve, as dificuldades que existiam no ano anterior

podem ter minimizado ou quase desaparecem. Se a criança está recebendo

tratamento adequado, a possibilidade de desenvolvimento da capacidade

matemática é grande. No entanto, muitas vezes algumas partes das

dificuldades permanecem de uma forma suave. Por exemplo, as dificuldades

em recordar fatos numéricos. É comum que os estudantes continuem a ter

características destas dificuldades, de uma forma suave, em toda a vida adulta.

A capacidade de concentração, no entanto, geralmente melhora

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consideravelmente, e muitas vezes vem com a compreensão de conceitos

matemáticos e símbolos.

As avaliações são somente válidas por um tempo relativamente curto:

Um ano para crianças e adolescente e menos de dois anos para adultos.

Muitas vezes algumas partes das dificuldades permanecem de uma forma

suave, por exemplo, as dificuldades em recordar fatos numéricos. É habitual

que os estudantes irão continuar a ter características destas dificuldades, de

uma forma suave, em toda a vida adulta. Capacidade de concentração, no

entanto, geralmente melhora consideravelmente, e que muitas vezes vem com

a compreensão de conceitos matemáticos e símbolos.

1.2 – DISLALIA

A dislalia é um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de

articulação de palavras: o portador da dislalia pronuncia determinadas palavras

de maneira errada, omitindo, trocando, transpondo, distorcendo ou

acrescentando fonemas ou sílabas a elas.

Quando se encontra um paciente dislálico, deve-se examinar os órgãos

da fala e da audição a fim de se detectar se a causa da dislalia é orgânica

(mais rara de acontecer, decorrente de má-formação ou alteração dos órgãos

da fala e audição), neurológica ou funcional (quando não se encontra qualquer

alteração física a que possa ser atribuída à dislalia).

A dislalia também pode interferir no aprendizado da escrita tal como

ocorre com a fala. A maioria dos casos de dislalia ocorre na primeira infância,

quando a criança está aprendendo a falar. As principais causas, nestes casos,

decorrem de fatores emocionais, como, por exemplo, ciúme de um irmão mais

novo que nasceu, separação dos pais ou convivência com pessoas que

apresentam esse problema (babás ou responsáveis, por exemplo, que dizem

“pobrema”, “Framengo”, etc.), e a criança acaba assimilando essa deficiência.

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É o transtorno de linguagem mais comum em meninos, e o mais

conhecido e mais fácil de se identificar. Pode apresentar-se entre os 3 e os 5

anos, com alterações na articulação dos fonemas. O diagnóstico de um menino

com dislalia revela-se quando se nota que é incapaz de pronunciar

corretamente os sons vistos como normais segundo sua idade e

desenvolvimento. Uma criança com dislalia pode substituir uma letra por outra,

ou não pronunciar consoantes.

Quando o bebê começa a falar, o fará emitindo os sons mais simples,

como o m ou o p. Não é para menos que o dizer mamãe ou papai não terá que

fazer muito esforço, desde quando receba estimulação. A partir daí, o bebê

começará a pronunciar sons cada vez mais difíceis, o que exigirá mais esforço

dos músculos e órgãos ligados à fala. É muito normal que as primeiras falas do

bebê, entre o 8º e o 18º mês de idade, apresentem erros de pronúncia. O bebê

dirá aua, quando pedir água, ou peta, quando quiser chupeta. Os bebês

simplificarão os sons para que facilitarem a pronúncia. No entanto, à medida

que o bebê adquira mais habilidades na articulação, sua pronúncia será mais

clara. Enquanto esse processo não se realiza, pode-se falar de dislalias.

A dislalia começa quando uma criança menor de 4 anos apresenta erros na

pronúncia, é considerado como normal, uma etapa no desenvolvimento da

linguagem infantil. Nessa etapa, não se aplica tratamentos, já que sua fala está

em fase de maturação. No entanto, se os erros na fala se mantém depois dos 4

anos, deve-se consultar um especialista em audição e linguagem, um

fonoaudiólogo, por exemplo.

Existem alguns tipos de dislalia, orgânicas, audiógenas, ou funcionais.

• Dislalia funcional é a mais frequente e se caracteriza incorretamente o

ponto e modo de articulação do fonema.

• Dislalia orgânica faz com que a criança tenha dificuldades para articular

determinados fonemas por problemas orgânicos. Quando apresentam

alterações nos neurônios cerebrais, ou alguma má formação ou

anomalias nos órgãos da fala.

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• Dislalia audiógena se caracteriza por dificuldades por problemas

auditivos. A criança se sente incapaz de pronunciar corretamente os

fonemas porque não ouvem bem. Em alguns casos, é necessário que

as crianças utilizem próteses.

Uma recomendação fundamental para impedir o desenvolvimento da

dislalia é para que os pais e familiares do dislálico não fiquem achando

engraçadinho quando a criança pronuncia palavras de maneira errada, como

“Tota-Tola”, ao invés de “Coca-Cola”.

1.3 - DISLEXIA

A dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizado.

Segundo pesquisas realizadas, 20% de todas as crianças sofrem de dislexia –

o que causa com que elas tenham grande dificuldade ao aprender a ler,

escrever e soletrar. Pessoas disléxicas – e que nunca se trataram – lêem com

dificuldade, pois é difícil para elas assimilarem palavras. Disléxicos também

geralmente soletram muito mal. Isto não quer dizer que crianças disléxicas são

menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência

normal ou até superior ao da maioria da população.

A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais,

professores e educadores estejam cientes de que um alto número de crianças

sofre de dislexia. Caso contrário, eles confundirão dislexia com preguiça ou má

disciplina. É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio

de mau-comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e

educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é

disléxica - e não preguiçosa pouco inteligente ou mau-comportada.

A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem

dela ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um

indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia,

principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro.

Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso

profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney

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(fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora).

Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior

probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de

disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e

desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.

O ideal seria que toda criança fosse testada para detectar se ela sofre

de dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente e há uma falta

de recursos na maioria das escolas do País. Portanto, é importante que pais e

professores fiquem atentos aos sinais de dislexia para que possam ajudar seus

filhos e alunos.

O primeiro sinal de possível dislexia pode ser detectado quando a

criança, apesar de estudar numa boa escola, tem grande dificuldade em

assimilar o que é ensinado pelo professor. Crianças cujo desenvolvimento

educacional é retardatário podem ser bastante inteligentes, mas sofrer de

dislexia. O melhor procedimento a ser adotado é permitir que profissionais

qualificados examinem a criança para averiguar se ela é disléxica. A dislexia

não é o único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum.

São muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas

tendem a confundir letras com grande freqüência. Entretanto, esse indicativo

não é totalmente confiável, pois muitas crianças, inclusive não-disléxicas,

freqüentemente confundem as letras do alfabeto e as escrevem de lado ao

contrário. Na Educação Infantil, crianças disléxicas demonstram dificuldade ao

tentar rimar palavras e reconhecer letras e fonemas. No primeiro ano, elas não

conseguem ler palavras curtas e simples, têm dificuldade em identificar

fonemas e reclamam que ler é muito difícil. Do segundo ao quinto ano, crianças

disléxicas têm dificuldade em soletrar, ler em voz alta e memorizar palavras;

elas também freqüentemente confundem palavras. Esses são apenas alguns

dos muitos sinais que identificam que uma criança sofre de dislexia.

Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar

informações com mais eficiência. Entretanto, diferente da fala – que qualquer

criança acaba adquirindo – a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos

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adequados de tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser

derrotada. Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo

apresentam uma menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita com que a

criança se atrase na escola ou passe a desgostar de estudar.

1.4 – DISORTOGRAFIA

A disortografia é a dificuldade na linguagem escrita e também pode

aparecer como conseqüência da dislexia. Suas principais características são:

troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação

indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de

pontuação e acentuação. Ela pode ser definida como o conjunto de erros da

escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia. A disortografia é

a incapacidade de estruturar gramaticalmente a linguagem, podendo

manifestar-se no desconhecimento ou negligência das regras gramaticais,

confusão nos artículos e pequenas palavras, e em formas mais banais na troca

de plurais, falta de acentos ou erros de ortografia em palavras correntes ou na

correspondência incorreta entre o som e o símbolo escrito, (omissões, adições,

substituições, etc.).

O método de ensino não adequado, (utiliza frequentemente o ditado, não

se ajusta as necessidades diferenciais e individuais dos alunos, não

respeitando o ritmo de aprendizagem do sujeito). Professores devem estimular

a memória visual através de quadros com letras do alfabeto, números, famílias

silábicas. Não exigir que a criança escreva vinte vezes a palavra, pois isso de

nada irá adiantar. Não reprimir a criança e sim auxiliá-la positivamente.

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CAPÍTULO II

A ESCOLA

“Toda a arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes jovens, com o propósito de serem mais tarde”.

Anatole France

É papel da escola formar cidadãos, dar ao alunos os ensinamentos de

que eles necessitam para viver e trabalhar neste mundo de evolução, bem

como orientá-los para a vida. Isso só acontece, se a escola definir como meta,

o trabalho crítico com os conteúdos a ser estudados pelos educandos. Através

de um trabalho crítico e da busca pelo exercício da cidadania, a escola deve

mostrar às novas gerações a importância de cada indivíduo e seu papel na

sociedade, enquanto cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. É

preciso que a escola compreenda que também é seu papel, dar ao aluno

condições para se inserir no meio social. É preciso atentar para a evolução do

mundo e orientar o estudante para a vida.

O professor, por sua vez, deve considerar no exercício de sua função o

aluno como sujeito de múltiplas relações, que por estar em processo de

formação, deve ser considerado em sua totalidade. Assim, deve assegurar ao

educando uma formação crítica, capaz de levá-lo a refletir sobre temáticas

cotidianas e interferir positivamente em seu meio e, sobretudo, em sua vida

para transformá-la. As informações nos chegam, hoje, rapidamente e o que

antes demorava uma década para mudar, nos dias atuais ocorre da noite para

o dia.

Dessa forma e diante da quantidade de informações e da facilidade de

acesso a estas, deve o professor, conduzir o aluno de forma que possa o

aprendizado ser mútuo e repleto de paixão. O professor deve “traduzir” os

ensinamentos de forma que o aluno se sinta dentro de uma inesquecível

“viagem” e dessa forma possa assegurar a produtividade do ensinamento,

sempre utilizando-se da criticidade no ensino e aprendizagem dos conteúdos

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“Os conteúdos escolares são necessários, mas para que possam promover a aprendizagem, o professor precisa saber distinguir por quais meios esses conteúdos são acessíveis às crianças. Tudo depende da etapa de desenvolvimento. Sem conhecer as características que definem tais etapas, torna-se mais difícil ensinar a criança de modo que ela aprenda”. (SEBER,1995, p. 231).

Os docentes devem se preocupar, também, com a arte do ensinar

(didática). Não basta ser um bom pesquisador, necessário se faz que seja,

também, um bom transmissor de conhecimentos e formador de opinião.

Porém, os problemas de aprendizagem aparecem constantemente na

escola e se manifestam de diferentes formas dentro da mesma, sintomas

divergentes se apresentam para revelar que algo não vai bem. Cada criança é

única na sua forma de ser, de aprender, bem como de não aprender. Muitos

professores questionam porque alguns alunos aprendem e outros não, se a

forma de ensinar é a mesma.

Mas, certamente não são os meus vínculos estabelecidos entre

professor e todos os alunos, porque cada criança tem um temperamento,

comportamento, família, valores e cultura diferente. Alunos que conversam

muito se desconcentram e não participam são chamados à atenção, e quase

sempre são carregados de broncas e ameaças, destruindo a auto-estima da

criança. E um vínculo é fundamental para a boa aprendizagem.

Mas não é somente o aluno que sai prejudicado nesta relação

conturbada, o professor também apresenta sintomas que interferem no seu

equilíbrio.

“De acordo com pesquisas do Instituo Academia de Inteligência, no Brasil, 92% dos professores estão com três ou mais sintomas de estresse e 41% com dez ou mais. É um número altíssimo, indicando que quase metade dos professores não deveria estar em sala de aula, mas internados em uma clinica antiestresse”. (CURY, 2003,p.62)

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Refletir sobre sintomas apresentados pelos professores e pelo aluno é

uma grande oportunidade para repensar a prática pedagógica. Situações de

desgaste experimentadas pelo professor, chamando a atenção do aluno a todo

momento, podem evidenciar um conjuntos de fatores inadequados, que

poderão ser consequência de erros na prática pedagógica, tais com: má

organização do espaço em sala de aula, má distribuição do tempo, para a

realização das atividades e das avaliações incoerentes. Não deixando de

considerar que muitas vezes o estresse docente que advém de longas jornadas

de trabalho, desgaste com a coordenação e com alunos, condições

inapropiadas (falta de material, utilização ainda do giz, agravando problemas

de voz).

“Professores em escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagógico, desqualificados pela sociedade, pelas famílias, pelos alunos não podem ocupar bem o lugar de quem ensina tornando o conhecimento desejável pelo aluno. É preciso que o professor competente e valorizado encontre o prazer de ensinar para que possibilite o nascimento do prazer de aprender. A má qualidade do ensino provoca um desestímulo na busca do conhecimento”. (WEISS, 2003, p.18).

Não é só o comportamento agitado da criança que influencia nesta

escalada negativa . O aluno quieto demais, calado, pode estar entre aqueles

que não aprendem bem. Por serem tímidos, nuncam se manifestam,

permanecendo com dúvidas, tendo como consequência o baixo rendimento

escolar. Muitas vezes a escola não abre espaço para estes alunos, e a timidez

os impede de se posicionarem. Ao invés de serem estimulados com recursos

diversos, o olhar do professor, normalmente, atenta-se apenas para os alunos

extrovertidos e desenibidos.

Todos os alunos são capazes de aprender, é claro, de forma diferente e

com um olhar diferenciado, desta forma , o professor poderá descobrir o que

cada um tem de especial, ajudando-os a desenvolver novas competências e

habilidades.

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“O não-aprendiz não requer tratamento Psicopedagógico, na maioria dos casos. A intervenção do Psicopedagogo dirigir-se-à fundamentalmente a sanar a instituição educativa”. (FERNÁNDEZ,1991,p.82).

Crianças gostam de pensar e quando lhe são fornecidos meios para

estimular seu raciocínio, surgem oportunidades para desenvolver o seu

potencial. Quando o professor traz os termos acadêmicos já prontos, sem

antes estimular seu raciocínio de seus alunos, está interferindo em uma

elaboração do pensamento da criança. Se ao contrário, o professor começar a

aula com um diálogo, sondando o que sabem sobre determinado assunto,

sobre o que tal coisa quer dizer, ou como algo funciona. O professor terá a

oportunidae de saber o que os alunos conhecem e depois da aula verificar o

que os mesmos aprenderam, podendo identificar o modelo de aprendizagem

do aluno, bem como onde está a falha, se em sua metodologia ou na forma da

criança aprender.

Alguns professores costumam atribuir problemas de aprendizagem a

conflitos familiares, quando o aluno possui uma mãe acoólatra ou depressiva,

ou um pai agressivo, por exemplo. São problemas que de fato, contribuem

muito para desencadear a dispersão, a falta de concentração, a baixa auto-

estima e o desinteresse pela aprendizagem.

Quando surgem dificuldades de aprendizagem, raramente, em um

primeiro momento a escola assume algum tipo de responsabilidade. Em geral,

não considera a posibilidade de uma inadequação no currículo, no sistema de

avaliação, na metodologia, falha no vínculo entre professor/aluno ou uma falha

na comunicação entre os membros da escola.

Além da compreensão do respeito ao ritmo da criança e da

paciência, a metodologia aplicada em sala de aula deve ser criativa, porque

crianças com problemas em casa realmente propensas a se desconcentrarem

mais, bem como uma criança com défict de atenção, porém uma aula dinâmica

já é um grande passo para conseguir segurar a atençao destas crianças.

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A escola enquanto instituição detentora do saber precisa compreender

sua importância na formação de um sujeito que atua em uma sociedade e deve

contribuir positivamente para que esse saber seja trabalhado de forma

democrática, independentemente de qual grupo social ele pertença.

Outro olhar que prejudica o aluno é a grande quantidade de alunos em

sala de aula. Isto impede que o professor dirija um olhar mais atento aos

alunos, ou alguns em particular, que precisam de maiores cuidados. Este olhar

é de fundamental importância, tanto quanto a escuta, até mesmo para perceber

que o emocional da criança pode estar bem. Como diz Fernadéz (1991),

“escutar não é sinônimo de ficar em silêncio, como olhar não é ter olhos

abertos. Escutar, receber, aceitar, abrir-se, permitir, empregnar-se”

O conhecimento é quem assegura, ao indivíduo, o respeito a sua

maneira de pensar e agir, ser. No momento, o que é considerado de maior

importância na elevação social, no atual momento de grandes e significativas

mudanças globais. Não um conhecimento compartilhado, mas um saber amplo,

duradouro, crítico e emancipatório. E isso só é possível, se a escola abrir as

portas para uma educação cidadã, que respeite as experiências vividas por

seus alunos.

É preciso repensar o papel da escola e do professor na construção do

saber crítico do aluno. Somente através de uma educação que valorize o saber

crítico é que teremos mais cidadãos preparados para a vida, para enfrentar os

desafios que são impostos cotidianamente por uma sociedade globalizada e

excludente.

Escolas e professores, não podem “fechar os olhos” para a exclusão

social que tanto tem contribuído para as mazelas sociais. O papel de ambos,

escola e professor, pode contribuir significativamente para que tenhamos uma

sociedade mais justa, um mundo mais humano e uma vida mais feliz. Claro, em

parceria com a família.

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CAPÍTULO III

FAMÍLIA

O aprendizado não é adquirido somente na escola, é construído pela

criança em contato com o social, junto com sua família e no mundo que o

cerca. A família é o primeiro vínculo com a criança e é responsável por grande

parte de sua educação, e de sua aprendizagem, e por meio desta

aprendizagem ela é inserida no mundo cultural, simbólico e começa a construir

seus saberes. Na realidade atual, o que temos observado é que as famílias

estão meio perdidas, não sabendo lidar com situações novas: pais que

trabalham o dia todo fora de casa, pais que brigam o tempo todo,

desempregados, usando drogas, pais analfabetos, separados e mães solteiras.

Essas famílias acabam transferindo para a criança, e esta entra num processo

de dificuldade, e acabam depositando toda a responsabilidade para a escola,

sendo que, em decorrência disso, presenciamos gerações cada vez mais

dependentes, e a escola tendo que desviar de suas devidas funções para

poder suprir outras necessidades. Cabe ai, ao profissional intervir junto à

família das crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, por meio

de uma entrevista e de uma anammese com essa família, para tomar

conhecimento de informações sobre sua vida orgânica, cognitiva, social e

emocional.

É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue

durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação

ou acompanhamento da evolução do sujeito. Às vezes, quando o fracasso

escolar não está associado às desordens neurológicas, a família tem grande

participação nesse fracasso. Percebe-se nos problemas, lentidão de raciocínio,

falta de atenção, e desinteresse. Esses aspectos precisam ser trabalhados

para se obter melhor rendimento intelectual.

A família desempenha um papel importante na condução e evolução do

problema acima mencionado, muitas vezes não quer enxergar essa criança

com dificuldades que muitas vezes está pedindo socorro, pedindo um abraço,

um carinho, para chamar a atenção para o seu pedido, a sua carência. Esse

vínculo afetivo é muito importante para o desenvolvimento da criança.

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Sabemos que uma criança só aprende se tem o desejo de aprender, e para

isso é importante que os pais contribuam nesse processo.

É cobrado da criança que esta seja bem sucedida. Porém quando este

desejo não si realiza, surge a frustração e a raiva que acabam colocando a

criança num estado de menos valia, e proporcionando as dificuldades de

aprendizagem.

O desenvolvimento do ser humano ocorre simultaneamente nos níveis

emocional, físico, de pensamento e de linguagem e, para que ele aconteça,

participam fatores da própria criança, como a maturidade neurológica, por

exemplo, e fatores ambientais, presentes nas relações estabelecidas com o

espaço físico e com as pessoas com as quais a criança convive.

A família tem papel fundamental nesse desenvolvimento, fornecendo os

primeiros relacionamentos da vida do bebê, onde ocorrem as primeiras trocas

de sensações, emoções e linguagem, desde os primeiros momentos de vida.

A mãe ou a pessoa que assume os cuidados com o bebê acaba

entrando em uma “sintonia fina” de comunicação que lhe permite um grau de

compreensão da linguagem da criança, a ponto de perceber, através das

diferentes inflexões do choro, se o bebê está com fome, ou sono, por exemplo.

Nessa relação, a criança, por sua vez, também vai interpretando a

comunicação da mãe, comparando-a com a sua própria e evoluindo

lingüisticamente até que emita as primeiras palavras com significado.

É importante perceber que o pai, a partir de um determinado momento

passa também a fazer parte desse relacionamento, que inicialmente é feito

mais com a figura materna, e que sua participação é primordial no processo.

A linguagem é uma das aprendizagens infantis, entendendo-se o conceito de

aprendizagem como um processo de contínua adaptação ao meio. Esse

processo é construído pela criança durante o seu desenvolvimento e está, no

início da vida, basicamente relacionado ao ambiente familiar.

O bebê, inicialmente possui reflexos que lhe garantem a sobrevivência,

como, por exemplo, o reflexo de sucção que possibilita sua alimentação .

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Depois, ele inicia a aprendizagem, passando de reflexos para comportamentos

aprendidos, como, por exemplo, sugar objetos pelo prazer da sensação que

produzem. A evolução acontece a partir dos reflexos, que transformam-se em

comportamentos aprendidos que, posteriormente, chegam ao nível da

representação mental, ou seja, da capacidade de pensar sobre as pessoas,

objetos e situações na ausência física deles. A representação mental inicia-se

mais tarde, aproximadamente aos dois anos de idade.

Durante os seus primeiros anos, a criança aprende habilidades que

serão importantes por toda a vida, tais como andar, comunicar-se através da

fala, controlar esfíncteres (não necessitar mais de fraldas) e comer utilizando

as próprias mãos, dentre outras.

Nas situações em que ocorrem essas aprendizagens, nas quais a

criança encontra-se geralmente no ambiente familiar, são desenvolvidas

também formas de aprender que influenciarão a aprendizagem futura,

influenciando-a até a vida adulta.

Quando esse processo ocorre de forma adequada, a aprendizagem

acontece de forma equilibrada, contudo, há situações familiares que não

favorecem esse desenvolvimento. Em uma família onde, por exemplo, não são

dados à criança o amor, a atenção, o tempo e as condições necessárias para

que ela brinque, explore os objetos e situações, experimente sensações e

aprenda com elas, pode ocorrer o desenvolvimento de um tipo de

aprendizagem superficial, que pode levar a dificuldades de aprendizagem

escolar ou alterações de linguagem.

Como podemos perceber que os membros da família, em especial as

figuras materna e paterna, são muito importantes e o ideal é que sempre se

tenha em mente a promoção do contato com a criança, levando em conta as

mudanças atuais na sociedade e as exigências econômicas, que fazem com

que cada vez menos se tenha tempo para o contato familiar.

Em casos de dificuldades de aprendizagem, é sempre importante

procurar ajuda profissional, para que se possa, além de trabalhar com a criança

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no sentido de favorecer sua aprendizagem, compreender também os aspectos

familiares envolvidos e orientar os pais para que possam estimular o

desenvolvimento do filho de forma adequada.

É importante saber que, ainda que os pais disponham de pouco tempo

para estar com os filhos no dia-a-dia, vale mais um contato de dez minutos

diariamente com qualidade do que passar um dia inteiro com a criança ao final

de um mês como forma de recuperar o tempo perdido.

Os relacionamentos entre pais e filhos devem ser verdadeiros e ocorrer

de forma prazerosa para todos, pois não basta estar em um mesmo espaço

físico, é necessário que haja uma interação, na qual exista comunicação de

sentimentos e idéias para que se possa estimular a aprendizagem.

É preciso também que a família respeite a criança, no seu estágio de

desenvolvimento, em relação a seus sentimentos, sem, contudo, deixar de

transmitir valores ou de colocar a ela os limites necessários, o que é

fundamental para que ela aprenda não só conteúdos escolares, mas que possa

conviver em sociedade. Adaptando-se com sucesso, realizando

transformações e, principalmente, sendo mais feliz.

Quantas vezes a escola observa alguns comportamentos, sinaliza a

família que algo não vai bem, que é necessário procurar um especialista para

uma avaliação, e a não família nada faz. Muitos ainda se chateiam, chegando

a retirar a criança da escola. A criança vai para outra instituição de ensino, mas

lá acontece a mesma coisa, o que leva, muitas vezes, a uma nova recolocação

da criança, perpetuando-se a situação. O resultado disso é um agravamento

tanto do emocional quanto da aprendizagem escolar, pois, quando a criança

começa a criar vínculos, ela é retirada da escola, sendo obrigada a iniciar um

novo processo de adaptação.

A família deve fazer todo esforço para que a criança consiga superar

suas dificuldades, apresentando elevação em sua auto-estima, refletindo esta

melhora em seu aprendizado alcançando um bom rendimento escolar.

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CAPÍTULO IV

A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO ESCOLA / FAMÍLIA

Atualmente, vive-se numa época em que a desintegração dos valores

são os maiores obstáculos para o ser humano. Valores como ética e cidadania

estão sendo banidos e deixados muitas vezes de fora da formação dos

indivíduos. Nesse sentido, instituições sociais como a família e a escola não

podem deixar que isso continue a acontecer sem fazer nada para mudar a

situação. Assim, é preciso uma integração dessas duas instituições com

objetivos em comum e com pessoal responsável e metodologias adequadas

para se tentar resgatar esses valores tão importantes na formação do caráter

dos educandos.

A parceria entre escola X família é de suma importância para o pleno

desenvolvimento infantil e a função do professor como mediador e condutor de

práticas educativas que possam gerar o pleno desenvolvimento do aluno.

Assim sendo, o objetivo principal da educação hoje é favorecer uma

participação que gere compromisso da família com a aprendizagem e o

sucesso escolar do seu aluno e compromisso da escola com a inserção

curricular do ambiente cultural da família e da comunidade. Essa parceria

assegurará, em última instância, o pleno cumprimento da função social da

escola.

Inicialmente, pode-se afirmar que nos dias atuais a escola não pode

viver sem a família, e a família não pode viver sem a escola, pois, é através da

interação desse trabalho em conjunto, que tem como objetivo o

desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do educando, os quais

contribuirão na formação integral do mesmo.

Pensar em educação de qualidade hoje, é preciso ter em mente que a

família esteja presente na vida escolar de todos os alunos em todos os

sentidos, ou seja, é preciso uma interação entre escola e família. Nesse

sentido, escola e família possuem uma grande tarefa, pois nelas é que se

formam os primeiros grupos sociais de uma criança.

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Envolver os familiares na elaboração da proposta pedagógica pode ser a

meta da escola que pretende ter um equilíbrio no que diz respeito à disciplina

de seus educandos.

No entanto, apesar das diferentes metodologias hoje utilizadas, os

aspectos comportamentais não têm melhorado, ao contrário, em sala de aula, a

indisciplina e a falta de respeito só têm aumentado, os problemas continuam,

ou melhor, se agravam cada vez mais, pois além do conhecimento em si estar

sendo comprometido para ensinar o mínimo, está sendo necessário, antes de

tudo, disciplinar, impor limites e, principalmente, dizer não.

A questão que se impõem é: até quando a escola sozinha conseguirá

levar adiante essa tarefa? Ou melhor, até quando a escola vai continuar

assumindo isoladamente a responsabilidade de educar? Compreendemos com

Lançam (1980 apud BOCK, 1989, p.143) que (...) a importância da primeira

educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao

alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas

experiências que continuarão a construir a casa/indivíduo, relativizando o poder

da família.

São questões que merecem, por parte de todos os envolvidos, uma

reflexão, não só mais profunda, mas também mais crítica. Portanto, também

não se pode continuar ignorando a importância fundamental da família na

formação e educação de crianças.

Entretanto, é preciso analisar a sociedade moderna, observando-se que

uma das mudanças mais significativas é a forma como a família atualmente se

encontra estruturada. Aquela família tradicional, constituída de pai, mãe e filhos

tornou-se uma raridade. Atualmente, existem famílias dentro de famílias. Com

as separações e os novos casamentos, aquele núcleo familiar mais tradicional

tem dado lugar a diferentes famílias. Além disso, essa mesma sociedade tem

exigido, por diferentes motivos, que pais e mães assumam posições cada vez

mais competitivas no mercado de trabalho. Então, enquanto que, antigamente,

as funções exercidas dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe,

além de assumirem diferentes papéis, conforme as circunstâncias saem todos

os dias para suas atividades profissionais e vendo seus filhos somente à noite.

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Toda essa situação acaba gerando uma série de sentimentos

conflitantes. Assim, é preciso que a instituição escolar esteja preparada para

enfrentar esses desafios que o mundo exterior está cada vez mais

proporcionando ao contexto familiar e à escola.

Essa constatação leva-se a refletir sobre as dimensões da inter-relação

escola-família no âmbito da comunidade e se intenta verificar a possibilidade

de operacionalizar uma orientação que possa refletir a viabilização de uma

inter-relação mais efetiva.

Geralmente a iniciação das pessoas na cultura, nos valores e nas

normas da sociedade começam na família. Para que o desenvolvimento da

personalidade das crianças seja harmonioso é necessário que seu ambiente

familiar traduza uma atmosfera de crescente progressão educativa. Todavia,

nota-se que todas as instituições e especialmente a escola deve não só apoiar

e respeitar os esforços dos pais e responsáveis pelos cuidados, atenção e

educação das crianças, e que devem também colocar-se em posição efetiva de

gerar iniciativas dirigidas à elevação e aprimoramento social e educacional de

seus educandos e respectivas famílias.

escola por sua maior aproximação às famílias constitui-se em instituição

social importante na busca de mecanismos que favoreça um trabalho avançado

em favor de uma atuação que mobilize os integrantes tanto da escola, quanto

da família, em direção a uma maior capacidade de dar respostas aos desafios

que impõe a essa sociedade. Como diz Paro (1997, p.30)

"a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para

passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e

também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir

comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento

de seu filho como ser humano."

Quando se fala em vida escolar e sociedade, não há como não citar o mestre

Paulo Freire (1999 p. 18), quando diz que

" a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a

sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não

da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da

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convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho

se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a

distância entre o que se diz e o que se faz".

Essa visão, certamente, contribui para que se tenha uma maior clareza

do que se pode fazer no enfrentamento das questões sócio-educativas no

conjunto do movimento social. As ações de caráter pedagógico que as escolas

podem dirigir para favorecer às famílias devem fazer parte de seu projeto e

para que isso possa acontecer é fundamental que as ações em favor da família

sejam desenvolvidas e presididas pelos princípios da convergência e da

complementaridade.

A escola tem necessidade de encontrar formas variadas de

mobilizações e de organização dos alunos, dos pais e da comunidade,

integrando os diversos espaços educacionais que existem na sociedade. No

Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente

(BRASIL, 1990), encontramos que "é direito dos pais ou responsáveis ter

ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das

propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já

está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente o que esta faltando é

concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao

ser humano; são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria

entre ambas, mais significativos serão os resultados na formação do educando.

A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e

consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares.

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CONCLUSÃO

Diante da pesquisa realizada, observa-se que a educação, sendo uma

prática social, não pode restringir-se a ser puramente teórica, sem

compromisso com a realidade local e com o mundo em que sua clientela está

inserida. A orientação ao educando precisa estar voltada para estratégias que

irão possibilitar a cada um deles a assumir efetivamente os valores humanos

com consciência e responsabilidade para que seja agente de transformação na

realidade em que está inserido.

Desse modo, nota-se que a instituição escolar com toda a sua equipe

possui uma grande tarefa: A de não deixar que o ambiente escolar seja

meramente espectador dos problemas. Nesse sentido, conclui-se que uma

escola de qualidade deve ser o objetivo de qualquer profissional comprometido,

portanto este deve perseguir os objetivos propostos, refletindo em uma

efetividade social e, para tanto, a escola deve ter claro o que quer, estruturar e

programar o melhor possível para seus alunos, captando ao máximo os

recursos que dispõe (físicos, humanos e financeiros), unindo a energia de

todos os envolvidos para ser cumpridora de seus objetivos éticos e sociais.

A família tem um importante papel no desenvolvimento do sujeito,

pricipalmente no que diz respeito à afetividade, condição necessária ao

crescimento integral da criança. A família que oferece um ambiente livre de

críticas, ameaças exigências estará proporcionando um bom equilíbrio à

criança. Se pensarmos em crianças com problema de aprendizagem como

aquelas que são influênciadas negativamente, por algum fator externo,

chegaremos a conclusão que alguma situação contribui para um prejuizo neste

sentido

A escola tem um importante papel , devendo proporcionar um ambiente

que trabalhe a auto-estima, o respeito pelas diferenças, a auto-confiança, a

aceitação do erro como condição normal à aprendizagem. Estimular a

curiosidade, ouvir as crianças naquilo que elas desejam saber , trazendo

sentido à aprendizagem. É importante que não só os professores, mas

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também os demais funcionários da escola se coloquem com seres passíveis de

erro, sabendo reconhecê-los, visando o desenvolvimento integral do aluno.

A escola precisa ser inclusiva no que diz respeito a crianças com

dificuldades de aprendizagem, que muitas vezes são rotuládas de preguiçosas

e destraídas, quando na realidade , são vitímas de situações que não

dependeram delas.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os

homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Freire

(1999, p. 68)

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ÍNDICE INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I O QUE É DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM? 13 1.1-Discalculia 14

1.2-Dislalia 17

1.3- Dislexia 19

1.4- Disortografia 21

CAPÍTULO II

A ESCOLA 22

CAPÍTULO III

A FAMÍLIA 27

CAPÍTULO IV

A INTEGRAÇÃO ESCOLA/FAMÍLIA 31

CONCLUSÃO 35