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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO DEPATRAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA TAISA SÂNGELA ALVES ESTUDO DO USO DA CONTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA DE ALVENARIA ESTRUTURAL NA CIDADE DE MOSSORÓ - RN MOSSORÓ-RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO

DEPATRAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

TAISA SÂNGELA ALVES

ESTUDO DO USO DA CONTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA DE ALVENARIA

ESTRUTURAL NA CIDADE DE MOSSORÓ - RN

MOSSORÓ-RN

2013

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TAISA SÂNGELA ALVES

ESTUDO DO USO DA CONTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA DE ALVENARIA

ESTRUTURAL NA CIDADE DE MOSSORÓ - RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a

Universidade Federal Rural do Semiárido –

UFERSA, Departamento de Ciências

Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do

título de Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. M.Sc. Valmiro Quéfren

Gameleira Nunes - UFERSA

MOSSORÓ- RN

2013

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TAISA SÂNGELA ALVES

ESTUDO DO USO DA CONSTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA DE ALVENARIA

ESTRUTURAL NA CIDADE DE MOSSORÓ-RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a

Universidade Federal Rural do Semiárido –

UFERSA, Departamento de Ciências

Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do

título de Bacharel em Ciência e Tecnologia.

APROVADA EM:___/___/____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. M.Sc. Valmiro Quéfren Gameleira Nunes – UFERSA

Presidente

______________________________________________

Prof. M.Sc. Raimundo Gomes de Amorim Neto – UFERSA

Primeiro Membro

_____________________________________________

Eng. Civil Rafael Fernandes Silveira – CCR CONSTRUÇÕES

Segundo Membro

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DEDICATÓRIA

.

Ao mestre de obras José Inácio Filho, meu pai,

meu orgulho e também exemplo de vida, por

todo amor e dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Ao término deste trabalho, tão importante para minha formação profissional, quero expressar

minha gratidão, consideração e afeto a todos aqueles que estiveram unidos na conclusão deste

objetivo, direto ou indiretamente.

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela vida, coragem e determinação que ele me

proporciona todos os dias. Por todas as suas bênçãos concebidas ao longo deste curso e pela

força pra recomeçar nos momentos difíceis, me guiando diante os problemas.

Aos meus pais e minha irmã, minha base, minha motivação... Vocês que sempre estiveram

comigo em todos os momentos.

Ao meu orientador, M.Sc. Valmiro Quefrén, por fazer parte de todo este processo de pesquisa,

crescimento e realizações.

Ao Eng. Rafael Silveira, por dedicar seu tempo quando eu precisei. Por me receber sempre

bem, sendo a luz que eu precisava naquele momento. Rafael, obrigado, eu sempre me

lembrarei de você com carinho.

A Drª Maria Aridenise, pelo incentivo e apoio inicial. Posso afirmar que sem sua contribuição

este trabalho seria incompleto.

A empresa que abril suas portas para a realização da coleta de dados, sem esta parceria não

seria possível concluir este objetivo.

A minha família casa 2 da residência feminina universitária da UFERA, Alexya Brendha,

Anânkia Ricarte, Sônya Patrícia, Wegna Silva, Maísa Oliveira, Vanessa Morais, Carlina

Pinheiro, Liziane Souza, Maria Luíza, Raryssa Alessandra, Larissa Nogueira, Kamyla

Tavares, Jaryna Avelino, Dayana Sombra e Daryana Alves.

As minhas amigas de coração, Paula Freitas, Alane Sales, Jennifer Oliveira, Jéssica Queiroga

e Anicleide Oliveira, por toda amizade, carinho, apoio e paciência.

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Aos meus amigos, Diego Souza, Souza Neto, Gleydiano Tavares, D’Pedros Marinho e Pedro

Henrique Sales, por toda amizade e apoio.

Aos meus colegas de curso que de alguma forma contribuíram para o meu conhecimento. Em

especial Larissa Torquato, Diana Lopes, Bruno Noronha Rodrigues, Túlio Alexandre, Magno

Monteiro, Camila Lopes, Nataniel Wontoon, Michael Carvalho, Jéssica Pinheiro, e Amanda

Bezerra.

A todas as pessoas que de alguma forma passaram pelo meu caminho durante esse período,

contribuindo a conclusão e concretização de mais uma fase na minha vida. MEU MUITO

OBRIGADO!

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo estudar o sistema construtivo alvenaria estrutural de

uma obra na cidade de Mossoró- RN e investigar indícios que comprovem o uso da filosofia

gerencial construção enxuta. Para isso, mediante um estudo de caso, buscou-se, características

que evidenciasse os 11 princípios básicos enumerados por Koskela (1992) que servem como

ponto de partida para a implantação desta forma de gerenciamento. Uma lista de verificação

foi elaborada e a aplicada ao corpo gerencial da empresa com o intuito de verificar a

ocorrência destes princípios no sistema construtivo da obra. As evidências foram coletadas de

forma direta ao longo do acompanhamento do processo executivo da obra e através de

registros fotográficos. Foi observado, após a análise das informações coletadas na empresa,

indícios no sistema construtivo da obra estudada que comprovou a realização de práticas

relacionadas à construção enxuta. Embora a empresa não possua um programa de implantação

formal desta filosofia gerencial, a ocorrência da maior parte dos princípios se faz presente no

sistema construtivo da obra estuda, com exceção, apenas, do aumento de flexibilidade de

saída. Sendo ainda observado que os conceitos abordados por esta filosofia gerencial como a

simplificação do processo produtivo, trabalho padronizado e redução do tempo de ciclo, são

adequadas naturalmente à alvenaria estrutural. O referido estudo confirma então que a adoção

da construção enxuta juntamente com o sistema construtivo alvenaria estrutural, como forma

de suprimir a necessidade de aprofundamento gerencial deste são de fundamental importância

para tornar mais competitiva à empresa no setor da construção civil.

Palavras-chaves: Construção civil. Alvenaria estrutural. Construção enxuta

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - (a) Estrutura linear (reticuladas); (b) Estrutura laminar........................................ 18

Figura 2 - Tipos de blocos cerâmicos mais utilizados ........................................................... 20

Figura 3 - a) Amarração das paredes em escadinhas; b) Elevação da parede; c) Assentamento

da escada pré-moldada; d) Processo de grauteamento .......................................................... 29

Figura 4 - Modelo de processo de produção na Construção Enxuta .................................... 32

Figura 5 - Layouts de canteiro para a fabricação de concreto ............................................... 36

Figura 6 - Organograma da empresa ..................................................................................... 49

Figura 7 - Etapa de elevação das alvenarias .......................................................................... 51

Figura 8 - Etapa de acabamentos ........................................................................................... 51

Figura 9 - Percentagem em relação à aplicação da construção enxuta .................................. 52

Figura 10 - Armazenamento de placas e treliças ................................................................... 53

Figura 11 - Carro de mão ....................................................................................................... 54

Figura 12 - Porta blocos ........................................................................................................ 54

Figura 13 - Grua ................................................................................................................... 55

Figura 14 - Mini-Grua ........................................................................................................... 55

Figura 15 - Ponteamento ....................................................................................................... 56

Figura 16 - Instalações elétricas ao longo da elevação da alvenaria ..................................... 57

Figura 17 - Execução do Reboco mecanizado....................................................................... 58

Figura 18 - Escada pré-moldada ............................................................................................ 58

Figura 19 - Central de corte dos blocos ................................................................................. 59

Figura 20 - Central de blocos elétricos .................................................................................. 59

Figura 21 - Placas de indicação ............................................................................................. 60

Figura 22 - CQE no posto de trabalho ................................................................................... 60

Figura 23 - Betoneira auto-carregável ................................................................................... 61

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Figura 24 - Peneira elétrica .................................................................................................... 62

Figura 25 - Projeto de apartamento tipo “A” ......................................................................... 63

Figura 26 - Projeto de apartamento tipo “B” ......................................................................... 64

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Ferramentas da construção enxuta mais utilizadas na construção civil .............. 34

Quadro 2- Análise da avaliação do uso da construção enxuta .............................................. 52

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APO Avaliação Pós-ocupação

CQE Controle e Qualidade de Execução

IGLC International Group for Lean Construction

PCP Planejamento de Curto Prazo

SIENG Sistema de Gestão

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... 8

LISTA DE QUADROS ........................................................................................................... 10

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 16

2.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS ............................................................................................. 16

3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 17

3.1 SISTEMA CONSTRUTIVO ALVENARIA ESTRUTURAL........................................... 17

3.1.1 Definição do sistema ...................................................................................................... 17

3.1.2 Classificação do Sistema ............................................................................................... 18

3.1.3 Componentes do sistema ............................................................................................... 19

3.1.4 Vantagens do sistema .................................................................................................... 22

3.1.5 Limitações do sistema .................................................................................................... 23

3.1.6 Projeto em alvenaria estrutural ................................................................................... 25

3.1.7 Processo executivo do sistema ...................................................................................... 26

3.2 LEAN CONSTRUCTION (CONSTRUÇÃO ENXUTA) .................................................... 30

3.2.1 Base conceitual da construção enxuta ......................................................................... 30

3.2.2 As ferramentas da construção enxuta ......................................................................... 33

3.2.3 Os princípios da construção enxuta ............................................................................. 35

4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 44

4.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA .............................................................................. 44

4.2 ETAPAS DA PESQUISA .................................................................................................. 44

4.3 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 45

4.3.1 Descrição da empresa .................................................................................................... 48

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 50

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA EM ESTUDO ............................................................. 50

5.2 DIAGNÓSTICO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA NA OBRA

ESTUDADA ............................................................................................................................. 51

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 65

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 66

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APÊNDICE A ......................................................................................................................... 69

APÊNDICE B .......................................................................................................................... 71

APÊNDICE C ......................................................................................................................... 74

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1 INTRODUÇÃO

Nós últimos anos, é perceptível a competitividade entre as indústrias dos diversos

setores da economia. No Brasil, a busca por competitividade leva desde a introdução de novas

tecnologias gerenciais até a mudança comportamental do mercado consumidor, que se

mantém cada vez mais informado e exigindo produtos e serviços de qualidades e menor custo.

A indústria da construção civil que se encontra numa fase bastante favorável e em

processo de crescimento, na busca de atender as necessidades de um mercado consumidor

exigente e tornar-se mais competitiva, é pressionada a reavaliar seus métodos construtivos e

sistemas de produção, permitindo assim a inserção de novos sistemas construtivos racionais,

pois estes permitem aumentar a qualidade da obra, gerando benefícios, com menor custo e

maior produtividade. Dentre estes sistemas construtivos existentes, pode citar-se a alvenaria

estrutural, que tem se mostrado bastante aplicável tanto para a construção de obras populares

como de padrões mais elevados.

Paralelamente a inserção de novos sistemas construtivos, existe também a necessidade

de novas filosofias de gestão na construção civil, que tem conduzido alguns construtores

modernos, influenciados pelos estudiosos do assunto, a adoção da filosofia gerencial

proveniente do Sistema Toyota de Produção, a Lean Construction ou Construção enxuta,

assim denominada pelo pesquisador Lauri Koskela. Esta filosofia evidencia a otimização de

desempenho, redução das atividades que não agreguem valor com consequente redução de

custos e aumento de produção.

Segundo Nogueira (2010) o uso de novos métodos construtivos e a adoção de um

melhor sistema de gestão de produção, é de fundamental importância para tornar mais

competitiva as empresas de um determinado setor, o que torna necessário a compatibilização

dos novos métodos construtivos ao sistema de gestão desejado. Manzione (2004) relata que o

sistema alvenaria estrutural é visto apenas pela engenharia estrutural, simplesmente, para

substituir o método construtivo tradicional de concreto armado, não sendo explorando toda a

potencialidade do sistema construtivo, relacionadas à melhoria da construtibilidade da obra.

Deixando clara a necessidade de um aprofundamento na questão de gerenciamento da

produção no sistema construtivo.

Dada à importância de se analisar a compatibilidade do sistema construtivo alvenaria

estrutural com a filosofia de gestão da construção enxuta, o presente trabalho buscará

demonstrar a aplicabilidade dos conceitos teóricos na prática, onde será realizado um estudo

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de caso em uma obra de alvenaria estrutural na cidade de Mossoró-RN, com a finalidade de se

avaliar o uso da referida forma de gerenciamento no processo construtivo desta.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo geral estudar o sistema construtivo alvenaria

estrutural de uma obra na cidade de Mossoró- RN e diagnosticar o uso da construção enxuta

nesta.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS

Para atingir o objetivo geral, listam-se a seguir os objetivos específicos:

a) Caracterizar o Sistema Construtivo Alvenaria Estrutural da obra estudada;

b) Verificar a aplicabilidade dos princípios da construção enxuta no processo construtivo

de alvenaria estrutural da obra estudada;

c) E a partir desta verificação, propor melhorias, dentre as relatadas na revisão de

literatura, ao sistema construtivo da obra estudada quanto à aplicação dos princípios da

construção enxuta.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 SISTEMA CONSTRUTIVO ALVENARIA ESTRUTURAL

3.1.1 Definição do sistema

Segundo Sabbatini (1984) a alvenaria pode ser entendida como “um componente

complexo, conformado em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos entre si por juntas de

argamassa, formando um conjunto rígido e coeso”. De forma análoga, Tauil e Nese (2010, p.

19) chamam de alvenaria “o conjunto de peças justapostas coladas em sua interface, por uma

argamassa apropriada, formando um elemento vertical coeso”.

A alvenaria estrutural, por sua vez, é o processo construtivo caracterizado pelo uso de

alvenarias como principal estrutura de suporte do edifício, dimensionadas através de cálculos

racionais para suportar cargas além do seu peso próprio. De acordo com Guedes (2009) a

alvenaria estrutural funciona, simultaneamente, como elemento de vedação e estrutura.

Na alvenaria estrutural, é possível que toda a alvenaria da edificação seja transformada

na estrutura portante da mesma. Desta forma, as paredes cumprem uma dupla função, de

vedação vertical (dividir ambientes) e suporte estrutural. O que implica na simplificação do

processo construtivo, reduzindo etapas e mão de obra, com consequente redução do tempo de

execução e custos, já que é dispensando o uso da estrutura convencional de concreto (vigas e

pilares) utilizada para resistir às cargas.

“São muitos os benefícios, principalmente econômicos, que se têm quando da adoção

da alvenaria estrutural no lugar da estrutura convencional de concreto armado.” (RAMALHO;

CORRÊA, 2003, p. 9). A alvenaria estrutural integra fortemente a fase de projeto e a de

produção e é um método construtivo completo que racionaliza, suporta e organiza os demais

subsistemas de uma edificação (MANZIONE, 2004).

Diferentemente das estruturas lineares e reticuladas do sistema de concreto armado,

aço, ou madeira (figura 01-a), no sistema de alvenaria estrutural a estrutura é laminar (figura

01-b). Neste caso, a alvenaria estrutural necessita de procedimentos de cálculos diferentes dos

tomados em outros tipos de estruturas. Santos (1988) afirma que por serem diferentes e com

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filosofia distinta, o projetista e construtor devem “pensar alvenaria estrutural”, não

concebendo soluções com base em conhecimentos e procedimentos aplicáveis ao concreto

armado.

Figura 1- (a) Estrutura linear (reticuladas); (b) Estrutura laminar

(a) (b)

Fonte: RITCHER (2007)

3.1.2 Classificação do Sistema

A alvenaria estrutural pode ser classificada, quanto à forma a ser utilizada, em:

Alvenaria estrutural armada: quando a alvenaria é reforçada, devida às exigências

estruturais, com armaduras passivas de aço inseridas nos vazados dos blocos,

preenchidos com graute (microconcreto de grande fluidez).

Alvenaria estrutural não armada: quando os reforços de aço são colocados apenas por

finalidades construtivas, em cintas, vergas, contravergas, na amarração entre paredes e

nas juntas horizontais, de modo a prevenir problemas patológicos (fissuras, ruptura,

etc.).

Alvenaria estrutural parcialmente armada: quando parte da estrutura tem paredes com

armaduras para resistir aos esforços calculados, além de finalidades construtivas ou

amarração, sendo as paredes restantes consideradas não armadas.

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● Alvenaria protendida: reforçada por uma armadura ativa (pré-tensionada) que submete

a alvenaria a tensões de compressão.

3.1.3 Componentes do sistema

Entende-se por componentes do sistema as entidades básicas que compõem os

elementos, e estes que por sua vez, comporão a estrutura.

A qualidade da obra é totalmente dependente da qualidade dos componentes

empregados. Segundo Camacho (2006, p.9) “os principais componentes empregados na

execução de edifícios de alvenaria estrutural são as unidades (tijolos ou blocos), a argamassa,

o graute e as armaduras (construtivas ou de cálculo)”.

3.1.3.1 Unidades de alvenaria

São os componentes básicos da alvenaria estrutural, sendo os principais responsáveis

pela definição das características resistentes da estrutura. Podem ser fabricadas com diversos

materiais e processos, contudo as mais utilizadas no Brasil são os blocos de concreto,

cerâmicos e silícios-calcários (RAMALHO; CORRÊA, 2003). Quanto à forma, as unidades

podem ser maciças ou vazadas, sendo denominados tijolos ou blocos respectivamente. Os

blocos diferenciam-se dos tijolos, basicamente, por apresentarem dimensões superiores as

máximas destes.

Roman et al. (1999) indicam que para a utilização em alvenaria estrutural, as unidades

devem apresentar qualidades como: resistência à compressão, baixa absorção de água,

durabilidade, trabalhabilidade e estabilidade dimensional.

A escolha adequada por um destes tipos de blocos, que melhor se adapte ao projeto e

que seja economicamente mais viável, dependerá do local em que se estiver trabalhando, das

características da edificação e dos recursos disponíveis.

A unidade cerâmica, empregadas no sistema construtivo da obra estudada, onde são

mostradas na figura 2, que representa os tipos de blocos mais utilizados, sendo eles: bloco

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inteiro, bloco e meio, bloco especial 21, meio bloco, bloco compensador, bloco caixa de luz

4x2, bloco caneleta e bloco caneleta “j”, respectivamente.

Figura 2 - Tipos de blocos cerâmicos mais utilizados

Fonte: AMORIM (2010)

3.1.3.2 Argamassa

É o componente ligante das unidades de alvenaria em uma estrutura única, sendo

normalmente composta de cimento, areia, água e cal, contendo ou não aditivos para melhorar

determinadas propriedades.

A argamassa para assentamento possui como funções principais unir e solidarizar as

unidades, transmitir e distribuir as cargas entre as unidades de alvenaria, compensar as

variações dimensionais das unidades e prevenir a entrada de água e de vento nas edificações.

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Por ser o componente ligante que integra a alvenaria, a argamassa deve ser durável, e

capaz de garantir a integridade e estanqueidade da mesma (CAMACHO, 2006). Sendo

desejáveis também característica e propriedades como:

a) Trabalhabilidade, para distribuir-se com facilidade ao ser assentada;

b) Capacidade de suficiente de retenção de água, para que suas propriedades

primárias não sejam prejudicadas ao entrar em contato com as unidades de

elevadas absorção inicial (CAMACHO, 2006);

c) Plasticidade, para absorver deformações sem fissuras;

d) Aderência, que é a principal característica de uma boa argamassa. Sendo a

capacidade de absorver esforços de cisalhamento e tração;

e) Resistência à compressão, que não tem grande relevância no comportamento final

da alvenaria. Uma argamassa mais resistente não implica necessariamente em uma

parede mais forte, pois não existe uma relação direta entre as resistências das

mesmas. Desta forma, nem sempre a argamassa mais resistente é a mais indicada.

f) Velocidade de endurecimento, que é a reação química entre o cimento e a água.

Não podendo ser muito rápida, porque gera problemas no assentamento das

unidades de alvenaria, e nem muito lenta, pois prejudica o andamento dos serviços.

3.1.3.3 Graute

O graute é um microconcreto de alta fluidez, utilizado para o preenchimento dos

vazios dos blocos com a finalidade de solidarizar armaduras a estes componentes e aumentar

a capacidade portante da alvenaria. Sendo possível dessa forma, aumentar a resistência da

alvenaria à compressão ou permitir que as armaduras colocadas combatam tensões de tração

que alvenaria não teria condições de combater por si só, e também aumentar a resistência à

compressão em pontos localizados, como vergas, contravergas e coxim.

O graute é composto dos mesmos materiais utilizados na produção do concreto

convencional, com apenas algumas diferenças no tamanho do agregado, que é de menor

dimensão, e na relação água/cimento.

Considera-se que o conjunto bloco, argamassa, graute e eventualmente armadura

trabalhe monoliticamente. Assim, o graute deve envolver completamente as armaduras e

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aderir tanto a ela quanto ao bloco, de modo a formar um conjunto único (RAMALHO;

CÔRREA, 2003).

De acordo com Manzione (2007) é interessante, sob aspectos econômicos e

produtivos, que se reduza ao mínimo a utilização de pontos de grautes, pois o processo de

grauteamento representa uma consequente quebra no ritmo da produção da alvenaria.

3.1.3.4 Armadura

“Elemento que absorve os esforços de tração e cisalhamento do conjunto estrutural, ou

simplesmente como função de amarração para garantir o trabalho conjunto com o restante da

alvenaria” (FREIRE, 2007, p.12).

As barras de aço utilizadas nas construções em alvenaria estrutural são as mesmas

utilizadas na estrutura de concreto armado, tendo que ser sempre envolvidas por graute. Outra

forma de armadura utilizada na alvenaria estrutural são os grampos, que são elementos de

amarração das paredes. Contudo, seu uso é desaconselhável, pois eles geram uma distribuição

falha de tensão, podendo ocasionar patologias na alvenaria.

3.1.4 Vantagens do sistema

A alvenaria estrutural é um sistema construtivo caracterizado pela grande

racionalização de processos, que proporciona obras limpas, de fácil execução e extremamente

seguras, como também benefícios em termos econômicos, de produtividade, qualidade e

prazo, quando da sua adoção. A seguir são apresentadas as principais vantagens na utilização

do sistema de alvenaria estrutural:

a) Facilidade de controle: o sistema conta com normas técnicas da ABNT para

projeto, materiais e execução, que fornecem de maneira clara todos os critérios

para o bom desempenho da obra;

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b) Técnica executiva simplificada: decorrente da utilização de blocos modulares e

diversos equipamentos adaptados, que tornam a execução mais fácil, prática e

produtiva;

c) Redução de custos: que esta relacionada à adequada aplicação das técnicas de

projeto e execução, podendo chegar, segundo a literatura até 30%, se comparado

aos sistemas tradicionais (CAMACHO, 2006);

d) Economia na utilização de fôrmas, como também na utilização de aço: pela

ausência de pilares e vigas para sustentação da estrutura.

e) Redução significativa nos revestimentos: devido se utilizar blocos de qualidade

controlada e pelo maior controle na execução da alvenaria, a redução nos

revestimentos é significativa. O assentamento de revestimento cerâmico pode ser

feito diretamente sobre os blocos;

f) Redução nos desperdícios: resultante da integração da alvenaria estrutural a outros

subsistemas. As instalações elétricas, como por exemplo, ao serem executadas

simultaneamente ao levantamento da alvenaria podem ser embutidas nos vazios

dos blocos, sem a necessidade de rasgos ou aberturas, e possíveis improvisações

que encarecem a construção.

g) Redução da diversidade de mão de obra especializada: necessita-se de mão de obra

especializada apenas para a execução da alvenaria, deixando de ser necessários

profissionais como carpinteiros e armadores no canteiro de obras.

h) Maior segurança para o trabalhador: pois o sistema permite que este trabalhe

sempre por dentro da alvenaria já elevada (VIEIRA; 2006);

3.1.5 Limitações do sistema

O sistema de alvenaria estrutural também possui algumas limitações que devem ser

consideradas e analisadas cuidadosamente quando da adoção deste, para que não possam

causar problemas durante sua aplicação e comprometê-lo como um todo. Camacho (2006)

aponta como principal inconveniente do sistema de alvenaria estrutural: “... a limitação do

projeto arquitetônico pela concepção estrutural, que não permite a construção de obras

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arrojada. Outra desvantagem é a impossibilidade da adaptação da arquitetura para um novo

uso”.

São também limitações deste sistema construtivo:

a) Interferência entre projetos de arquitetura/estrutural/instalações: a interferência

entre os projeto é significativa quando se trata de uma obra em alvenaria estrutural.

b) Necessidade de mão de obra qualificada: o sistema exige mão de obra qualificada e

apta a fazer o emprego adequado dos instrumentos na sua execução. O que

significa capacitar previamente à mão de obra, a fim de se evitar problemas

durante a execução e riscos que comprometam a segurança da edificação;

c) Tamanho dos vãos: que devem ser menores quando comparados às estruturas em

aço ou concreto. Vãos maiores condicionam a necessidade de blocos estruturais

mais resistentes, e de um maior emprego de elementos pré-moldados para

dissipação das cargas;

d) Altura da edificação: que segundo Ramalho e Corrêa (2003) não deve ultrapassar

15 ou 16 pavimentos, mas atualmente estão sendo construídos no Brasil edifícios

de até 20 pavimentos. Edificações com o número de pavimentos acima desse limite

não podem ser executadas sem um esquema de grauteamento generalizado, devido

à resistência a compressão dos blocos encontrados no mercado, o que prejudica

bastante a economia da obra;

e) Uso de balanços: que não são aconselháveis, pois necessitariam de muita

armadura para combater os esforços, comprometendo consideravelmente a

economia da obra.

Dentre as limitações destaca-se a impossibilidade de se fazer rearranjos das paredes

para um novo uso, devido sua função estrutural, o que pode comprometer a segurança da

estrutura e ser um grande problema, visto que muitas vezes os usuários não tem este

conhecimento. Sendo assim, é de total importância que toda a documentação do sistema

apresente as informações necessárias para a identificação das paredes estruturais, que haja

sinalização destas e monitoramento durante a ocupação da edificação.

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3.1.6 Projeto em alvenaria estrutural

Ao se optar pelo sistema construtivo alvenaria estrutural, deve-se preparar o projeto

desde o inicio da concepção do mesmo, a fim de otimizar as diversas vantagens do sistema.

Na alvenaria estrutural existe uma forte interação entre os projetos estrutural, de

instalações e arquitetônico que compõem uma obra, pois, como já descrito anteriormente, a

parede além de exercer uma função estrutural é também um elemento de vedação e pode

conter os elementos de instalações, sejam elétricos ou hidráulicos. Com isto, o projeto deve

ser racionalizado como um todo.

Nesse contexto, é fundamental na alvenaria estrutural a coordenação e

compatibilização de projetos desde o início do sistema. A coordenação de projetos é definida

como a atividade que dá suporte ao desenvolvimento do projeto, com o objetivo de elaborá-lo

de acordo com as especificações do empreendimento, proporcionado à fase de execução.

O responsável pelo projeto deve identificar todas as interferências e as

incompatibilizações que fazem parte do projeto executivo geral, resolvendo os conflitos de

modo que não ocorram posteriores improvisações na fase de execução da obra (CAMACHO,

2006). Conforme o referido autor, é também nessa fase que o projetista deve optar pelo

melhor modelo que represente a estrutura, levando em consideração sua interação com os

demais projetos.

O detalhamento adequado dos projetos em alvenaria deve especificar mudanças na

resistência de blocos e argamassas, dimensões dos blocos, posições das armaduras, posição

das caixas de luz, dimensão dos vãos, além de uma boa apresentação, pois é preferível ter-se

um número grande informações, do que informações resumidas e incompletas (POYASTRO,

2008).

O projeto executivo é importante na medida em que a utilização apenas dos projetos

arquitetônicos e estruturais pode causar problemas no entendimento da obra, uma vez que não

apresentam todas as informações necessárias para a etapa de execução das alvenarias.

Segundo Roman et al. (1999), o projeto executivo deve traduzir as soluções de projeto para

uma linguagem adequada à equipe de produção, garantindo a clara interpretação das intenções

dos projetistas. Estes projetos normalmente utilizados são: as plantas da primeira e segunda

fiada, planta de locação e elevações.

A base de projetos em alvenaria estrutural se firma no princípio de que a alvenaria

pode suportar grandes tensões de compressão, mas pequenas tensões de tração. As tensões de

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26

tração devem se restringir a pontos específicos da estrutura, além de não apresentarem valores

muito elevados (RAMALHO; CÔRREA, 2003). Segundo os autores, se as trações ocorrem de

forma generalizada ou seus valores forem muito elevados, a estrutura poderá até ser

tecnicamente viável, mas não será economicamente adequada.

3.1.7 Processo executivo do sistema

O processo de execução do sistema construtivo alvenaria estrutural consiste

basicamente em duas etapas: marcação e elevação da alvenaria.

3.1.7.1 Marcação da alvenaria

A marcação da alvenaria exerce um papel de fundamental importância na resistência,

nivelamento, esquadro e planeza das alvenarias (SANTOS; 1998). A primeira fiada

compreende o inicio do ciclo, sendo a mesma referência para elevação das fiadas superiores

num mesmo pavimento e também para os demais pavimentos da edificação. Para execução

da primeira fiada da alvenaria deve-se possuir em mãos o projeto específico para esta etapa, e

neste, segundo Manzione (2007), devem constar algumas informações básicas sem as quais

não seria possível dar inicio a esta atividade.

Após o devido estudo do projeto e de ter se providenciado todas as ferramentas,

equipamentos, componentes e mão de obra necessários para execução do serviço, deve-se

iniciar a marcação propriamente dita. Os passos realizados nesta etapa são descritos a seguir:

a) Limpeza e liberação do pavimento: limpeza do pavimento com remoção de poeiras e

materiais soltos nas lajes. As instalações que caminharam pela alvenaria e os

arranques das armaduras verticais, nos pontos indicadas no projeto estrutural,

deveram estar locados em suas corretas posições para que o pavimento seja liberado;

b) Esquadro e nivelamento da laje: primeiramente verifica-se o esquadro do pavimento,

se o mesmo for retangular, utilizar o critério da igualdade entre as diagonais. Depois,

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27

com o uso do nível a laser, identificar o ponto mais alto da laje e neste ponto assentar

um bloco que será tomado como referência de nível;

c) Locação do eixos: marca-se os eixos de locação na laje com a utilização do fio

traçante, tendo em mãos o projeto da primeira fiada.

d) Blocos estratégicos: são aqueles de cantos, de encontros de paredes e os blocos

determinantes das aberturas das portas. A partir dos blocos tomados como referência

de nível e dos eixos de locação marcados anteriormente na laje, devem ser assentados

os blocos estratégicos e realizada a conferência do esquadro entre eles. (MANZIONE,

2007).

e) Umedecimento da superfície: deve-se umedecer a superfície do pavimento onde serão

assentados os blocos da primeira fiada;

f) Espalhamento da argamassa: com o auxílio de uma colher de pedreiro, espalha-se a

argamassa de assentamento em toda a área dos blocos sobre a base;

g) Assentamento dos blocos da primeira fiada: primeiramente estica-se a linha na parte

superior dos blocos de referência, com a ajuda do esticador de linha, permitindo-se o

alinhamento e o nivelamento da primeira fiada. Logo após, deve-se executar o

assentamento dos blocos da primeira fiada com o auxílio da régua prumo.

h) Instalações dos escantilhões: deve-se distribuir os escantilhões nos cantos dos

cômodos, fixá-los e aprumá-los, fazendo coincidir a primeira marca com nível da

primeira fiada dos blocos, assim, as demais fiadas assentadas estarão niveladas como

a primeira. As marcas nos escantilhões indicam as alturas das fiadas, auxiliando no

alinhamento e prumo destas.

Durante a realização desta primeira etapa, do processo executivo do sistema, deve-se

sempre verificar a locação e conferência dos vãos das portas, como também verificar todas as

cotas, checar os pontos a serem grauteados e o assentamento dos blocos com “janelas” para

vazamento do graute, contar com um acompanhamento do eletricista para o posicionamento

dos pontos elétricos, a fim de se evitar a quebra de blocos estruturais e consequente

comprometimento do funcionamento do sistema.

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28

3.1.7.2 Elevação da alvenaria

Após a marcação da primeira fiada, inicia-se a elevação da alvenaria pelas amarrações

de canto e encontro de paredes para posterior preenchimento dos vãos. O assentamento dos

pré-moldados leves como vergas, suporte de quadros elétricos, escadas e ar condicionado e o

processo de grauteamento devem ser realizados juntamente com o levante da alvenaria. Por

fim, repete-se a sequência de elevação da etapa anterior, mas da altura do peitoril até a altura

do fechamento, finalizando-se com a concretagem da cinta de respaldo e posterior montagem

da laje.

Nesta etapa de elevação da alvenaria estrutural, é indispensável que os profissionais

que estejam executando o serviço tenham em mãos o projeto de paginação das paredes, com

os detalhamentos de aberturas, vergas, contra-vergas, eletrodutos, amarrações entre fiadas,

posição dos vãos, etc. Além disto, é importante que características como o prumo, nível,

alinhamento e planicidade sejam garantidas e verificadas constantemente nas paredes.

Sabbatini (2003) recomenda que o assentamento da alvenaria não seja feito sob chuva,

e no caso de interrupção dos serviços por causa desta, deverá se proteger a alvenaria recém-

executada, para que os vazados dos blocos não sejam cheios de água. O mesmo autor enfatiza

que manifestações patológicas como: eflorescências em alvenarias cerâmicas e de concreto, e

fissuras de retração em alvenarias de blocos de concretos, são decorrentes, principalmente,

pela não realização desta exigência. Sugere ainda outras recomendações práticas durante a

elevação da alvenaria para que se possa facilitar a execução, aumentar a produtividade e

qualidade do serviço:

a) O assentamento deve ser feito sobre base nivelada, não sendo recomendável a

elevação sobre baldrames sem a concretagem prévia do piso térreo;

b) A alvenaria de blocos de concreto não pode ser molhada durante a etapa de

assentamento, enquanto que a alvenaria cerâmica poderá ser umedecida para facilitar o

assentamento.

c) As paredes devem ser executadas com blocos inteiros. Não se deve cortar blocos para

ajuste de medidas, para isto, utilizar peças pré-moldadas previstas em projeto;

d) A execução deve ser feita com as tolerâncias e precisão especificadas de modo que a

qualidade final do edifício seja obtida na execução da estrutura. Para isto é

fundamental que se utilize mão de obra treinada e especializada, e que se adote um

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programa de qualidade de execução (de aceitação, sob condições especificadas de

cada etapa construtiva);

e) As instalações devem ser todas em dutos embutidos nas paredes de alvenaria, nos

vazados dos blocos;

f) As contra-vergas deveram ser amarradas, ultrapassando 30 cm a lateral do vão;

g) As vergas de portas e janelas devem ser previstas em projetos e avançarão no mínimo

10 cm para a lateral do vão;

h) A união entre paredes estruturais deve ser feita por amarração de blocos, as

amarrações devem ser sempre na forma de escadinha, pois geram uma melhor

distribuição de tensão. Não se recomenda o uso de grampos, pois, além de difícil

controle em obra, podem gerar o aparecimento de patologias;

i) As paredes estruturais e as que não apresentam função estrutural não devem ser

unidas, pois uma deve ser independente da outra.

A figura 2 mostra etapas do processo de elevação da alvenaria estrutural de algumas

paredes, reforçando recomendações descritas anteriormente.

Figura 3: a) Amarração das paredes em escadinhas; b) Elevação da parede;

c) Assentamento da escada pré-moldada; d) Processo de grauteamento.

Fonte: AMORIM (2010)

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30

3.2 LEAN CONSTRUCTION (CONSTRUÇÃO ENXUTA)

Um movimento internacional surgiu no ano de 1992 buscando o desenvolvimento

conceitual e a concepção de técnicas e ferramentas que viabilizassem a aplicação do modelo

de gestão da produção desenvolvida na manufatura japonesa, agora em obras do setor da

construção civil.

A construção enxuta teve como ponto de partida a publicação do trabalho “Application

of the new production philosophy in the construction industry” por Lauri Koskela(1992) .

Posteriormente foi criado o International Group for Lean Construction- IGLC, com o

objetivo de divulgar esse novo conceito pelo mundo.

O novo paradigma da produção, assim definido por Formoso et al. (2000), originou-se

na indústria automobilística japonesa, mais precisamente com o Sistema Toyota de Produção.

No período pós-guerra a economia Japonesa passava por sérias dificuldades e a Toyota Motor

Company, inserida neste contexto, criou o Sistema Toyota de Produção trazendo à tona ideias

simples e inovadoras, baseadas em um objetivo único: aumentar a eficiência da produção pela

eliminação consistente e completa de desperdícios. Esta nova forma de gerenciar a produção

com foco na redução de desperdícios inserida pelos japoneses foi chamada de Lean

Production ou Produção Enxuta. E esta, segundo Soares (2003), pelos benéficos que

apresentam foi adotada por outros setores indústrias, como é o caso da construção civil. A

construção enxuta é o termo adotado para nomear a aplicação dos conceitos e princípios

provenientes do Sistema da Toyota, na construção civil.

Atualmente a construção enxuta faz parte da gestão de diversas construtoras e

profissionais por todo o mundo (PAIVA, 2012). A implantação dos conceitos desta forma de

gestão é possível independentemente da tecnologia utilizada pela empresa.

3.2.1 Base conceitual da construção enxuta

“A construção enxuta é uma filosofia utilizada na construção civil baseada nos

conhecimentos da Produção Enxuta, quanto à utilização de técnicas e ferramentas gerenciais”

(SOUZA, 2010, p. 37). A concepção inicial desta filosofia foi baseada na observação que

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existem dois aspectos em todos os sistemas de produção: fluxo e conversão (KOSKELA,

1992).

Tradicionalmente, o modelo conceitual dominante na construção civil costumava

definir a produção como um conjunto de atividades de conversão, em que estas atividades

transformavam a matéria prima em produtos intermediários (por exemplo: alvenaria,

estrutura, revestimento, etc.) ou finais (edificação) (FOMOSO et al., 2000). Neste modelo, o

valor de um produto somente poderia ser melhorado através da utilização de matérias que

apresentassem melhor qualidade ou de uma mão de obra mais qualificada. Uma das principais

deficiências desse modelo é não se levar em consideração uma parcela de atividades,

chamadas atividades de fluxos, existente entre as atividades de conversão, que ao contrário

destas não agregam valor nos canteiros de obras, e em processos complexos, como por

exemplo, a construção de edifícios, são as maiores responsáveis pela geração de custos.

A construção enxuta, por sua vez, considera que a produção é composta por atividades

de conversão (ou processamento), que agregam valor ao produto final, e de atividades de

fluxo (atividades como transporte, espera por materiais, retrabalhos, e etc.) que como já citado

não agregam valor ao produto final, mais em algumas situações são essenciais no processo

produtivo e por isso também devem ser contempladas. De acordo com Koskela (1992) o

modelo de processo produtivo da construção enxuta, consiste em um fluxo de materiais desde

a matéria prima até o produto final, sendo o mesmo constituído de atividades tais como

mostradas na figura 4. Dentre estas atividades, a única que realmente agrega valor ao produto

final é o processamento, e as demais, como, por exemplo, a inspeção, são as que não agregam

nenhum valor ao produto, com isto, torna-se necessária à otimização, redução e se possível à

eliminação dessas atividades.

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Figura 4 - Modelo de processo de produção na Construção Enxuta

Fonte: FERREIRA (2012)

Nesse modelo, qualquer melhoria adotada em uma destas atividades mostradas na

figura 4, proporciona melhoria ao processo como um todo.

Na construção enxuta, outro aspecto característico do processo de produção é a

geração de valor. O conceito de valor está diretamente vinculado à satisfação do cliente,

assim, um processo só gera valor quando as atividades de conversão/processamento

transformam as matérias-primas nos produtos e serviços desejados pelos clientes.

Adotar a filosofia de gestão, fundamentada na construção enxuta, significa ir além do

método tradicional de enxergar o processo produtivo como mera transformação, incluindo o

fluxo de geração de valor. Essa filosofia deve incluir como variáveis importantes do processo

produtivo: o tempo, a variabilidade e satisfação do cliente, a eficiência, a redução de

incertezas, e a descentralização.

A construção enxuta busca focar seus esforços em medidas que evidenciem a

otimização de desempenho, reduzam o desperdício e maximize a agregação de valor, com

consequente redução de custos e aumento de produção.

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33

Daeyoung apud (PAIVA, 2012) exprime que o processo produtivo da construção

enxuta é dotado das seguintes características:

Conjunto claro e definido de objetivos para o processo de fornecimento, com bom

entendimento das necessidades e requisitos do cliente;

Equipes de desenho de produto e de processo a funcionar em forma cruzada e

concorrencial para fornecer mais valor;

Alterar o trabalho ao longo da cadeia de fornecimento de forma a reduzir a variação e

ir de encontro à quantidade e conteúdo do trabalho;

Estruturar o trabalho para todo o processo, a fim de se aumentar o valor e reduzir o

desperdício ao nível de execução do projeto.

3.2.2 As ferramentas da construção enxuta

As ferramentas são definidas como técnicas utilizadas para otimizar o processo do

trabalho. Sendo estas o termo usado para indicar técnicas sistematizadas e rotineiras para

treinamento e comunicação.

Dentre as várias ferramentas da construção enxuta, será discriminadas no quadro 1 as

mais utilizadas na construção civil, são elas: andon, kabon, linha de balanço, célula de

produção, diagrama de sequência, mapeamento, kaizen e heijunka. Souza (2012) salienta que

a aplicação consciente destas ferramentas se faz necessária para o desempenho dos princípios

implementados pelas empresas deste setor.

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34

Quando 1-Ferramentas da construção enxuta mais utilizadas na construção civil

Ferramentas Descrição Principais benefícios

Andon

Ferramenta gerencial cuja função principal é

a identificação de problemas. É um sistema

que avisa como está a produção no canteiro

de obras através de lâmpadas, a equipe de

trabalho acende a lâmpada de acordo com o

status da produção: em andamento (verde),

problemas à vista (amarelo) ou parado

(vermelho).

Melhoria na comunicação em obra;

prevenção de paradas na linha de

produção com consequente alcance

do fluxo contínuo; aumento da

transparência e das deficiências do

processo de gestão da produção e

consequente combate das mesmas.

Kabon

Ferramenta utilizada para o

acompanhamento da produção por meio do

uso de cartões que regulam os fluxos de

produção e transportes de materiais no

canteiro de obras. Nenhum item pode ser

transportado ou produzido sem o seu

comando.

Eliminação dos estoques em

processo de produção.

Linha de

Balanço

Ferramenta que auxilia o engenheiro da

obra ter uma visão mais simples da execução

das atividades. É uma técnica gráfica

(visual), que programa o processo de

andamento das atividades de forma contínua,

a partir de dois eixos de informação.

Melhor controle sobre os prazos

estipulado para cada fase da obra e

maior mobilidade na comunicação

interna com os operários da obra.

Célula de

Produção

Sequenciamento do processo construtivo,

em serviços unitários, desenvolvidos por

equipes multifuncionais em conjunto de

atividades.

Redução do tempo de

processamento; facilidade na

mudança dos métodos de trabalho e

na eliminação das condições não

produtivas; redução dos custos

operacionais no processo.

Diagrama de

sequência

É um modelo gráfico onde se determina, de

maneira detalhada, a ordem dos serviços a

serem executados dentro da célula de

produção. Este é conferido pelo responsável.

Possível verificação da ocorrência

de atrasos; redução do tempo

padrão de realização de

determinada tarefa e ocorrência de

poucas dúvidas por parte equipe da

obra quanto à execução de serviço.

Mapeamento

de fluxo de

valor

Ferramenta de comunicação, planejamento e

gerenciamento de mudanças que permite

identificar todas as atividades específicas

que ocorrem ao longo do fluxo de valor

referente a um produto.

Identificação dos desperdícios a

serem tratados; melhor visualização

do fluxo de materiais e informações

envolvidas no processo e possibilita

a identificação das atividades que

agregam valor.

Kaizen

(melhoria

contínua)

Melhorias feitas nos processos produtivos

que envolvem o melhoramento contínuo da

rotina da empresa.

Melhoria em todos os aspectos

(produtividade, qualidade,

rendimento operacional, etc.) e

redução, ou se possível, eliminação

de todos os desperdícios que

adiciona custo sem gerar valor.

Heijunka

É o nivelamento da produção, buscando-se

obter um fluxo contínuo da mesma.

Controle do volume de serviço e da

sua variedade dentro de certo

período de tempo.

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35

3.2.3 Os princípios da construção enxuta

Em 1992, o pesquisador Lauri Koskela, por meio de uma leitura intensa sobre as

discussões acerca do que enfim era esta nova filosofia gerencial, quais suas diferenças e

complementaridade com a busca pela qualidade enumerou os onze princípios da construção

enxuta. Estes princípios servem como ponto de partida para implantação desta forma de

gerenciamento nas empresas.

Segundo Lorenzon (2008) por meio desses onze princípios, Koskela (1992) buscou

apresentar a forma de planejamento e controle da produção referente ao gerenciamento da

filosofia enxuta, atendendo-se aos quesitos prazo, qualidade e custos.

Para que se possa analisar a aplicabilidade da construção enxuta ao sistema construtivo

alvenaria estrutural, são explorados a seguir cada um dos onze princípios.

3.2.3.1 Reduzir a parcela de atividades que não agreguem valor.

Este é um dos princípios fundamentais da Construção enxuta, segundo qual a

eficiência dos processos pode ser melhorada e as suas perdas reduzidas não

só através da melhoria da eficiência das atividades de conversão e de fluxo,

mas também pela eliminação de algumas das atividades de fluxo (FORMOSO et al., 2000, p. 12).

O princípio da eliminação de atividades de fluxos não deve ser considerado ao pé da

letra. Existem diversas atividades de fluxo que não geram valor ao cliente final de forma

direta, mas que são essenciais ao processo de produção como um todo, como, por exemplo, o

planejamento, o treinamento da mão de obra, a organização, a instalação de dispositivos de

segurança e o controle dimensional.

O valor agregado é definido pelas conversões de matérias, ferramentas e informações

em produtos e serviços solicitados pelos clientes. Desta maneira, deve-se identificar reduzir e,

se possível, eliminar as atividades que não agregue nenhum valor ao produto, pois estas

atividades não são solicitas pelos clientes.

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Em geral, a primeira medida para atingir esse objetivo é explicitar as atividades de

fluxo, por exemplo, através da representação do fluxo de processo (FORMOSO et al., 2000).

Sendo este, definido como o fluxo de materiais no tempo e espaço.

O processo de planejamento e controle de produção, como no estudo e elaboração de

um layout de canteiros de obra que diminua distâncias entre locais de descargas de materiais e

seu respectivo local de uso, por exemplo, facilita na implementação desse principio que busca

principalmente a redução das atividades de movimentação, inspeção e espera (ROCHA,

2009).

A figura 05 mostra dois layouts de canteiro de obra para a produção de concreto, como

forma de explicar esse princípio. “... Observa-se claramente que uma melhor disposição dos

materiais, cria um ambiente de trabalho mais racionalizado, gerando produtividade e

reduzindo o desperdício de material” (FERREIRA, 2012, p. 34).

Figura 5 - Layouts de canteiro para a fabricação de concreto

Fonte: FERREIRA (2012)

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37

3.2.3.2 Aumentar o valor do produto mediante a consideração dos requisitos dos clientes.

“O conceito de valor deve ser considerado sob a ótica do cliente (internos e externos).

Desta forma, devem-se conhecer o que o cliente valora para garantir sua satisfação” (SOUZA,

2012, p.39). Vale ressaltar que, o cliente externo é o consumidor final do produto e o interno

é aquele que receberá o produto durante o processo de produção.

Este princípio estabelece que devam ser identificadas claramente as necessidades e

requisitos dos clientes, sejam eles internos ou externos. Estas informações devem ser

analisadas e consideradas no projeto do produto e na gestão de produção, para que se possa

transformá-las em bens e serviços solicitados por essa demanda (FORMOSO et al., 2000).

A aplicação deste princípio envolve o mapeamento do processo produtivo,

identificando ordenadamente os clientes e seus requisitos para cada etapa do mesmo. Neste

sentido, é importante que os requisitos de uma equipe de trabalho que irá realizar uma etapa B

do processo produtivo, sendo está subsequente a etapa A, sejam explicitamente comunicados

a equipe que realizará esta última, para que o processo de execução de B não seja dificultado.

O princípio estudado pode ser alcançado com a ajuda de instrumentos que possam

apontar as considerações do cliente e o que para ele seria definido como valor. Souza (2012)

aponta a avaliação pós-ocupação – APO e pesquisa de mercado, como instrumentos que

podem ser utilizados como fonte de dados para alcançar a satisfação do cliente.

3.2.3.3 Reduzir a variabilidade

Este princípio orienta a redução das variabilidades envolvidas no processo de

produção. Formoso (2002) define três tipos de variabilidade deste processo, são elas:

a) Variabilidade nos processos anteriores: relacionada aos fornecedores do processo.

Exemplo: matéria prima com dimensões e características dimensionais.

b) Variabilidade no próprio processo: relacionada à execução de um processo.

Exemplo: variabilidade no tempo de execução de uma determinada atividade.

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c) Variabilidade na demanda: relacionada aos desejos e necessidades dos clientes de

um processo. Exemplo: clientes solicitam mudanças no projeto da edificação.

O mesmo autor acrescenta duas razões para a redução da variabilidade. A primeira é o

ponto de vista do cliente que se satisfaz com a padronização do produto, pois a qualidade do

produto corresponde às especificações previamente estabelecidas. E a segunda é que a

variabilidade tende a aumentar a parcela de atividades que não agreguem valor e o tempo

necessários para executar um produto.

Nogueira (2010) cita a coordenação modular, a padronização de projetos, a seleção de

mão de obra homogênea e o oferecimento de boas condições de trabalho para os operários,

como meios param se conseguir reduzir a variabilidade.

3.2.3.4 Reduzir o tempo de ciclo

O tempo de ciclo pode ser definido como o período de tempo necessário para se

concluir todas as atividades envolvidas no processo de produção de um determinado produto.

A aplicação deste princípio está fortemente relacionada com a necessidade de se comprimir o

tempo disponível para produção, como um mecanismo de otimizar os tempos direcionados a

transportes necessários, inspeção obrigatória, conversão com qualidade e eliminação dos

tempos de espera e retrabalhos.

Do ponto de vista do controle de produção o tempo de clico é fundamental, pois

qualquer acréscimo detectado no tempo de ciclo serve como um sinal de alerta de que algo

não está conforme. (CARVALHO, 2008).

A ideia do princípio, conforme Heineck et al. (2009), é trabalhar uma pequena

quantidade de produtos a cada vez, garantindo que estes estejam prontos antes de se iniciar o

novo lote. Esta redução do tamanho do lote leva à redução do tempo de ciclo para sua

execução.

Souza (2012) destaca como forma de reduzir o tempo de ciclo, a padronização do

processo produtivo com o intuito de diminuir atividades que não agreguem valor e aperfeiçoar

tempos auxiliares. Além desta, Formoso et al. (2000) cita outras ações como: eliminação de

atividades de fluxo que fazem parte do ciclo de produção e mudanças nas relações de

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precedência entre atividades, eliminando interdependências entre as mesmas de maneira que

possam ser executadas em paralelo.

3.2.3.5 Simplificar o processo produtivo

A simplificação do processo produtivo é característica inerente ao desenvolvimento de

sistemas construtivos racionalizados, como no caso do sistema construtivo da obra estudada.

Quanto maior o número de etapas de um processo produtivo, maior será a tendência de se

aumentar o número de atividades que não agreguem valor. Isto devido às tarefas auxiliares de

preparação e conclusão necessárias para cada etapa do processo, e também pelo fato de que,

um aumento na variabilidade implica em maiores possibilidades de ser obter interferências

entre as equipes.

A aplicação deste princípio se dá principalmente com ações ligadas aos projetos da

edificação (arquitetônico, estrutural e de instalações), devendo-se buscar soluções projetuais

simples, minimizando o número de partes, interfaces e o fluxo de pessoas envolvidas

(HEINECK et al., 2009)

Dentre as formas de atingir a simplificação, tem-se:

a) A utilização de pré- fabricados, com o intuito de reduzir o número de etapas para a

execução de um elemento da construção;

b) A utilização de mão de obra versátil, ao invés de um maior número de mão de obra

especializada;

c) A utilização de um planejamento de curto prazo executado de forma consistente;

d) A disponibilização de materiais, equipamentos, ferramentas e informações em

locais estratégicos, a fim de eliminar ou reduzir movimentações desnecessárias

provocadas por interrupções na tarefa.

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40

3.2.3.6 Aumentar a transparência do processo

A falta de transparência de um processo tende a tornar os erros mais propícios, ao

mesmo tempo em que diminui a disponibilidade de informações, necessárias para a execução

das tarefas, dificultando o trabalho. Assim, o objetivo é fazer da produção um processo

transparente e observável para a facilitação do controle e melhoria (KOSKELA, 1992).

Este princípio pode ser utilizado como mecanismo para aumentar o envolvimento da

mão de obra no desenvolvimento de melhorias. “... Informações de fácil assimilação

possibilitam a compreensão até dos funcionários menos qualificados” (NOGUEIRA, 2010).

Heineck et al.(2009) Considera que a finalidade do princípio é fazer com que cada um

entenda o que esteja fazendo, que isto seja descrito em manuais de procedimentos e que haja

uma clara identificação de materiais, ferramentas, estoques, fluxos de suprimentos e

trabalhadores.

Formoso (2000) lista 4 abordagens práticas para o reforço do aumento da

transparência. São estas:

a) Remoção de obstáculos visuais, tais como divisórias e tapumes;

b) Utilização de dispositivos visuais, tais como cartazes, sinalização luminosa, e

demarcação de áreas, que disponibilizem informações relevantes para a gestão de

produção;

c) Emprego de indicadores de desempenho, que tornam visíveis atributos de processo,

tais como nível de produtividades, número de peças rejeitadas e etc.;

d) Programa de melhorias da organização e limpeza, tais como o Programa 5 S.

Mota e Alves (2008 apud Souza 2012) afirmam que a transparência, representa um

dos princípios mais importantes do sistema enxuto, por permitir a este comunicar-se com seus

trabalhadores e gerentes, elevando a habilidades dos mesmos para descobrir problemas e

corrigi-los antes do sistema ser interrompido.

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41

3.2.3.7 Focar o controle no processo como um todo

O foco no controle do processo como um todo, possibilita a identificação e a correção

de possíveis desvios antes que interfiram no prazo de entrega da obra.

Um dos grandes risco das tentativas de melhorias é sub-otimizar uma atividade

específica dentro de um processo, com um impacto reduzido no desempenho global do

mesmo. Situação esta, muito comum em processos de produção fragmentados, como é o caso

da execução de uma obra, nos quais existem diversos projetistas, subempreitadas e

fornecedores independentes (FORMOSO et al., 2000).

Para aplicação deste princípio se faz necessária uma mudança de postura por parte dos

envolvidos na produção, que devem entender como acontece cada parte do processo e avaliá-

lo como um todo, ao invés de um foco restrito de operações. Sendo também fundamental

definir quem tem clara responsabilidade pelo controle global e estabelecer parecerias com os

fornecedores para que o sistema flua continuamente, eliminado a necessidades de estoques.

Souza (2012) cita o controle do desempenho das células de produção nos diferentes

pavimentos, como uma ação para aplicação desse princípio.

3.2.3.8 Alternar os esforços de melhoria de conversão e de fluxo.

Por conversão entende-se o trabalho isolado executado em um posto operativo, e por

fluxo entende-se a movimentação de materiais, informações e produtos em processo até

chegar a este posto. Koskela (1992) recomenda este equilíbrio no processo de melhoria,

temendo que os praticantes da lean construction venham a se atar apenas à melhoria dos

fluxos.

Nogueira (2010, p.11) traduz o princípio da seguinte maneira: “Não adianta ter um

excelente método de conversão com mau gerenciamento logístico da produção. Da mesma

forma, não adianta ter um bom gerenciamento logístico com método de produção ruim.”

Segundo o mesmo, deve-se melhorar um pouco de cada e constantemente.

As melhorias de fluxo e conversão estão fortemente relacionadas. À medida que os

fluxos são melhores gerenciados facilitam na introdução de novas tecnologias e diminuem a

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42

necessidade de capacidade de produção nas atividades de conversão. Por outro lado, a

introdução de novas tecnologias nas atividades de conversão tende a diminuir a variabilidade,

beneficiando diretamente os fluxos.

De acordo com Souza (2012) uma forma de equilibrar a melhoria de fluxo e conversão

é a utilização de mecanismos que diminua o tempo para a execução de tarefas. Além desta,

Heineck et al. (2009) indica melhorar o produto e a execução de suas partes, com a melhor

mão de obra , materiais e equipamentos.

3.2.3.9 Praticar o kaizen

Kaizen significa melhoria contínua. Heineck et al. (2009) traduz o princípio como a

busca pela melhoria contínua, sistemática, ao longo do tempo, não tendo uma meta fixa a

atingir. Ou seja, um processo de melhoria que tem inicio mais não tem fim.

O trabalho em equipe e a gestão participativa constituem-se nos requisitos essenciais

para introdução de melhorias contínuas no processo (FORMOSO et al., 2000). Outros

requisitos essenciais para esta introdução são: realização de treinamentos de mão de obra;

utilização de indicadores de desempenho para o monitoramento do processo; definição de

prioridades e metas a serem alcançadas; implementação de novos processos construtivos,

como também equipamentos; despertar a motivação nos trabalhadores, para que estes possam

sugerir melhorias no processo e padronização dos procedimentos, de forma a consolidar boas

práticas e servir de referência para futuras melhorias.

3.2.3.10 Fazer benchmarking

Benchmarking é prática de buscar boas práticas em outras empresas, sejam elas do

setor da construção civil ou não.

Este princípio busca tomar como referência os melhores procedimentos que podem ser

encontrados para cada etapa da produção em outras empresas, tipicamente consideradas

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43

líderes num determinado seguimento ou em um aspecto específico da produção e adaptá-los à

empresa em questão.

Isatto et al. (2000) descreve um processo estruturado sobre como aplicar o

benchmarking, contendo os seguintes passos: o primeiro é conhecer os próprios processos da

empresa; o segundo é identificar boas práticas em outras empresas similares; o terceiro é

entender os princípios por trás destas boas práticas; e o quarto é adaptar as boas práticas à

realidade da empresa.

3.2.3.11 Aumentar a flexibilidade de saída

Está ligado à possibilidade de modificar as características dos produtos de acordo com

os requisitos dos clientes, sem aumentar significativamente o custo da produção. Geralmente

isto é obtido incorporando-se as modificações somente na fase final do processo produtivo

(HEINECK et al., 2009). Este princípio está também atrelado ao conceito de processo

produtivo como gerador de valor.

A aplicação deste princípio pode ser alcançada com: redução dos tamanhos de lotes;

uso de mão de obra polivalente; customização mais tardia do produto; e utilização de

processos e tecnologias que reduzam o tempo de ciclo e aumentem a transparência do

processo.

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44

4. METODOLOGIA

4.1 TIPO E NATUREZA DA PESQUISA

Trata-se de um estudo de caso, cuja unidade de análise é a aplicabilidade dos

princípios básicos da filosofia gerencial Lean Construction ao sistema construtivo alvenaria

estrutural de uma obra estudada na cidade de Mossoró- RN.

O método estratégico da pesquisa utilizada consiste no estudo profundo de um ou mais

objetivo, de maneira que permita seu amplo conhecimento (Gil, 2002). De acordo com Yin

(2005), o estudo de caso representa uma investigação empírica e compreende um método

abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e análise de dados. Podendo ser utilizado

tanto em casos únicos quanto múltiplos, assim como abordagens qualitativas e quantitativas.

O estudo de caso investiga e preserva o caráter individual do objeto estudado, assim

como também descreve a situação do ambiente que está sendo realizada a investigação,

formula hipóteses ou desenvolve teorias e as variáveis que causam determinados fenômenos

em situações que não permitem a utilização de levantamento e experimentos.

A escolha por este tipo de metodologia se deu pelo fato desta melhor se encaixar com

a realidade da pesquisa, além de apresentar duas técnicas que podem ser utilizadas como fonte

de investigação: a observação direta e as entrevistas.

A pesquisa realizada é do tipo qualitativo, pois as respostas serão interpretadas de uma

forma global, através de visitas realizadas a uma empresa, acompanhamento do processo

produtivo desta, aplicação de questionários e registros fotográficos, sem a necessidade de

meios estatísticos. Apresentando ainda um caráter exploratório, pois procura proporcionar

uma maior familiaridade do pesquisador com o assunto que esta sendo abordado e ao término

da pesquisa, contribuir para com o aumento do conhecimento relacionado ao tema.

4.2 ETAPAS DA PESQUISA

Para a realização do estudo o processo de pesquisa foi desenvolvido baseado nas

etapas detalhadas a seguir:

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45

a) Revisão de literatura: embasamento teórico sobre o sistema construtivo alvenaria

estrutural e a construção enxuta;

b) Realização do estudo de caso numa obra de alvenaria estrutural financiada pela

Caixa Econômica Federal e executada por uma empresa de médio porte na cidade

de Mossoró- RN. Através de visitas ao canteiro de obras e aplicação de

questionários que auxiliem na identificação das características da empresa, da obra

em alvenaria estrutural e dos princípios básicos da filosofia enxuta aplicado neste

sistema construtivo;

c) Reunião das informações coletadas durante a realização do estudo de caso. Com a

finalidade de diagnosticar a obra quanto à aplicação da construção enxuta;

d) Conclusões finais acerca do tema abordado.

4.3 ESTUDO DE CASO

Para a realização do desenvolvimento da pesquisa a obra estudada começou a ser

visitada semanalmente a partir do dia 21 de março de 2013 até o dia 22 de abril do mesmo

ano, em que neste período ocorram 6 visitas descritas a seguir

:

1ª Visita (21/ 02/ 2013)

Na primeira visita foi realizada uma reunião, nesta estavam presentes o engenheiro de

planejamento e um estagiário, a pesquisadora e o engenheiro Rafael Fernandes Silveira, que

foi responsável pela intermediação do contato com a empresa para o desenvolvimento do

trabalho.

Para esta primeira visita foi elaborado um questionário (APÊNDICE A) direcionado

ao engenheiro residente da obra, com o objetivo de se conhecer a empresa, registrar o sistema

construtivo da obra estudada e compreender o processo produtivo da mesma.

Em meio os assuntos tratados, definiu-se a disponibilidade da pesquisadora para o

desenvolvimento da pesquisa dentro da empresa, a contribuição desta para a pesquisa e suas

expectativas quanto à contribuição da pesquisadora.

Após estas definições, o engenheiro de planejamento sugeriu que, a pesquisa poderia

ser melhor desenvolvida se realizado um acompanhamento semanal do Planejamento de Curto

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46

Prazo – PCP, que se iniciava no dia referente a primeira visita e se estendia até o dia 20 de

março. Para isto, o mesmo atribui à função de auditora externa a pesquisadora, durante o

desenvolvimento da pesquisa.

Quanto à aplicação do questionário, por meio de explicações, foram respondidas

perguntas relacionadas ao planejamento e controle produtivo da obra em execução, que dentre

os itens abordados, destacou-se as equipes de produção, o plano de ataque à obra, o controle

de suprimentos e estoque, o transporte dos materiais e as tecnologias utilizadas no controle de

produção. Sobre o sistema construtivo em questão, os pontos ressaltados foram: a qualidade

com a qual a alvenaria estrutural é executada; o tempo com o qual se trabalha com este

sistema construtivo e a consequente desenvoltura; o treinamento das equipes que executam a

alvenaria estrutural; a constituição da obra em execução. Voltado à empresa, o engenheiro

destacou: o foco, que é também considerado um diferencial; a cultura da empresa; suas

parcerias; a quantidade de mão de obra; a equipe administrativa, seu reconhecimento no

mercado local e seus esforços.

Ao decorrer das visitas posteriores e com o auxilio do endereço eletrônico da empresa,

serão respondidas as demais perguntas que compõem o questionário.

2ª Visita (28/02/ 2013)

Na segunda visita ao canteiro de obras, o contato foi realizado com o engenheiro

residente da obra. No primeiro momento, este esclareceu como seria realizado o

acompanhamento do Planejamento de Curto Prazo- PCP, anteriormente sugerido pelo

engenheiro de planejamento, para dar inicio ao desenvolvimento da pesquisa.

O engenheiro residente apresentou à pesquisadora a ata de reunião do PCP e relatou

sobre todas as tarefas que estavam sendo executadas naquela semana e que seriam

monitoradas. As tarefas foram: ponteamento; reboco externo e interno; instalações hidráulicas

e de incêndio; impermeabilização; cerâmica; madeiramento; telhamento e esquadrias de

Alumínio.

A pesquisadora, com o acompanhamento do engenheiro residente, conheceu o canteiro

de obras, o sistema construtivo alvenaria estrutural da obra, a disposição deste no canteiro de

obras e o detalhamento de cada bloco de apartamentos.

Ainda com o auxílio do engenheiro residente, foi realizado o monitoramento das

tarefas designadas no PCP. Durante este monitoramento pôde-se acompanhar o processo

executivo do sistema construtivo, onde se observou: o trabalho das equipes de produção, o

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47

nível de orientação destas quanto à sequência e localização dos pavimentos e apartamentos

em que estavam trabalhando e das demais tarefas que estavam sendo executadas

paralelamente; as ferramentas, componentes e materiais utilizados para execução de cada

tarefa da alvenaria estrutural, além da localização destes com relação ao posto de trabalho das

equipes de produção. Logo após, o engenheiro respondeu as demais perguntas, relacionadas à

empresa, ao sistema construtivo da obra e o processo produtivo deste, que constituíam o

questionário.

Por fim, a pesquisadora realizou registros fotográficos do canteiro de obras, que dentre

estes constam o transporte de materiais; a localização e identificação dos materiais e

componentes no canteiro e centrais de manutenção e abastecimento.

3ª Visita (07/03/2013)

Na referida visita à pesquisadora adquiriu um melhor conhecimento da formação das

equipes que executam o sistema construtivo da obra. Isto, através de uma folha de produção

apresentada pelo mestre de obras, que continha todas as equipes de produção do sistema

construtivo, seus integrantes e respectivas funções. Foi ainda apresentada, pelo engenheiro

residente da obra, as ferramentas utilizadas para o controle e qualidade da execução de

alvenaria estrutural.

Em seguida, a pesquisadora realizou o acompanhamento semanal do PCP. Na

oportunidade foi identificado o devido andamento das tarefas executadas pelas equipes de

produção e a disponibilização da ferramenta de controle de controle e qualidade para cada

frente de serviço executado.

4ª Visita (15/03/ 2013)

Na quarta visita, ao se realizar o monitoramento semanal do PCP, a pesquisadora

constatou o andamento e também a conclusão da maior parte das tarefas executadas. Dentre

estas, foram: ponteamento, rebocos internos e rebocos de fachadas.

Neste dia a pesquisadora observou e registrou fotograficamente um incorreto

armazenamento de placas pré-moldadas de concreto, que estavam dispostas em pilhas sobre

bases de tijolos cerâmicos e geravam um consequente desperdício destes componentes.

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48

5ª Visita (22/ 03/2013)

Para esta visita com base no aprofundamento dos 11 princípios da construção enxuta,

propostos por Koskela (1992), elaborou- se uma ferramenta para se evidenciar as informações

relevantes à pesquisa e cumprir com os objetivos desta, o checklist (APÊNDICE B). Esta

ferramenta foi aplicada ao corpo gerencial da empresa, sendo este constituído pelo gerente e

engenheiro de planejamento.

6ª Visita (27/03/ 2013)

Nesta última visita, através de uma reunião em que estavam presentes o engenheiro

residente e corpo gerencial da empresa, apresentou-se o diagnóstico da obra estudada e foram

propostas as melhorias, quanto à aplicação dos princípios da construção enxuta, observadas

durante todo o período do estudo.

4.3.1 Descrição da empresa

A empresa, na qual se desenvolveu o estudo, foi fundada em 1994, atuando há quase

duas décadas no mercado da construção civil, com uma das suas sedes situada na cidade de

Mossoró-RN. Tendo inicialmente como objetivo principal o setor de obras públicas e clientes

privados, ampliando posteriormente seu foco de atuação para construção de edifícios

residenciais e condomínios fechados de casas e apartamentos. Trabalhar sempre com controle,

qualidade, dentro dos prazos estabelecidos em contrato, com menor custo, investindo

constantemente em novas tecnologias, inovando em processos e gerando a satisfação dos seus

clientes, eram pontos fortes da empresa.

Nesta, é predominante a preocupação em preservar sua cultura e voltar todos os

esforços para dar as condições necessárias para que as equipes de produção se tornassem cada

vez mais produtivas, com o intuito de se conservar e aperfeiçoar a produção e qualidade dos

seus serviços e produtos, e manter seu consequente reconhecimento no mercado.

A construtora, situada na cidade de Mossoró-RN, é considerada de pequeno porte,

pois possuía um quadro de 85 funcionários. Sendo a mesma parceira da Caixa Econômica

Federal.

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49

A figura 6 apresenta a estrutura organizacional que representava a realidade da

empresa no período de realização do estudo de caso. Como pode ser observada no

organograma, a empresa possuía um engenheiro de planejamento e um gerente como gestores

de todo o processo, sendo estes auxiliados por um engenheiro residente. No mesmo nível de

subordinação estavam o almoxarife, o mestre de obras e o técnico de segurança. O mestre de

obras comandava os colaboradores e ambos eram orientados pelo técnico de segurança e

auxiliados pelo almoxarife.

Figura 6 - Organograma da empresa

A empresa seguia um regime fixo de trabalho com jornada de 9 horas diárias da

segunda-feira a quinta-feira, sendo cumprido o horário de 06 h 30 min. as 11 h 00 min. no

turno matutino e pela tarde, cumpriam o horário de 13 h 00 min. às 17 h 30 min. Na sexta-

feira, o regime no período matutino se repetia, sendo cumprido durante a tarde um horário das

13 h 00 min. às 16 h 30 min., totalizando assim uma jornada de 44 horas semanais.

A remuneração dos funcionários era relativa à produção exercida durante todo o mês.

Além disto, a empresa realizava treinamentos ligados às admissões, a área de Segurança do

Trabalho e execuções de procedimentos operacionais.

GERENTE

ENG. RESIDENTE

ENG. DE PLANEJAMENTO

MESTRE DE OBRAS ALMOXARIFE TÉCNICO DE SEGURANÇA

COLABORADORES

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50

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA EM ESTUDO

A execução de obras em alvenaria estrutural é trabalhada há muito tempo na empresa,

o que reflete um sistema de produção bem organizado e maior habilidade em execução do

sistema construtivo. Sendo a obra em estudo, o primeiro empreendimento a ser entregue na

cidade de Mossoró-RN.

Esta se constitui num condomínio residencial formado por 7 torres de apartamentos,

cada uma contendo 4 pavimentos. Contando com duas opções de projeto de apartamento, o

tipo “A” (sem varanda) e “B” (com varanda); e diversas áreas como de lazer, salão de festas,

quadra esportiva, playground, solarium e garagem. Cada pavimento possui 8 apartamentos,

totalizando 224 unidades.

Como já citado anteriormente, a unidade de alvenaria utilizada na obra estudada são os

blocos cerâmicos estruturais. A argamassa é industrializada e as lajes são concretadas in loco.

Além desta, são utilizadas outros elementos pré-moldados como vergas, escadas e caixas de ar

condicionado, a fim de racionalizar o processo executivo da alvenaria estrutural.

A execução do sistema construtivo da obra é dividida em 3 etapas: fundação, elevação

das alvenarias (figura 7) e acabamento (figura 8). Cada uma das etapas é subdividas em

tarefas menores agrupadas em módulos de dois apartamentos, que por sua vez, são executados

por equipes de produção. Estas são montadas mensalmente pelo mestre de obras, designadas e

treinadas para tarefas distintas. Sendo compostas por um número de colaboradores que varia

entre 1 e 9, na qual iram realizar serviços com preço de produção tabelado e com uma meta de

produção estabelecida. Logo após, é realizado o abastecimento de todo o material a ser

utilizado para a execução das tarefas e se inicia o processo de produção da obra. As equipes

só começam a trabalhar em outras tarefas após a conclusão do módulo e entrega do mesmo ao

mestre de obras. Nesse momento, é gerado o recibo da quantidade produzida por cada

colaborador, para que ao fim do mês seja efetuado o pagamento conforme sua produção.

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Figura 7 - Etapa de elevação das alvenarias Figura 8 - Etapa de acabamentos

Na execução das alvenarias, sempre são utilizados pelas equipes os projetos de

paginação das paredes e dos revestimentos. Esta etapa do processo produtivo representa 70%

da obra e sua qualidade de execução pode ser comprovada pelo seu reboco que possui uma

espessura de 5 mm. A obra tem um tempo estimado de 15 meses de duração, com um prazo

de entrega previsto pra dezembro de 2013.

5.2 DIAGNÓSTICO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA NA OBRA

ESTUDADA

Foram encontrados, no sistema construtivo da obra estudada, indícios que comprovou

a busca por práticas enxutas. Durante a coleta de informações, notou-se um positivo

conhecimento e compreensão do engenheiro de planejamento com relação aos conceitos da

construção enxuta.

As informações sobre a aplicação desta filosofia gerencial ao sistema construtivo

alvenaria estrutural da obra, obtidas a partir da aplicação do checklist ao corpo gerencial da

empresa (APÊNDICE C) e complementadas pela pesquisadora, ao passo que esta realizou o

acompanhamento do processo executivo do mesmo durante o desenvolvimento do trabalho,

serão apresentadas para cada princípio.

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No quadro 2 estão sintetizadas os resultados obtidos quanto ao questionamento

realizado sobre a aplicação dos 11 princípios apontados por koskela (1992), que como já

referido, serve de ponto de partida para a implantação desta forma de gerenciamento.

Quadro 2 - Análise da avaliação do uso da construção enxuta

Resultados obtidos SIM NÃO

1. Reduzir a parcela de atividades que não agreguem valor 3 1

2. Aumentar o valor do produto mediante a consideração dos requisitos

dos clientes (internos/externos)

5 0

3. Reduzir a variabilidade 3 0

4. Reduzir o tempo de ciclo 3 0

5. Simplificação do Processo Produtivo 3 1

6. Aumentar a transparência do processo 6 0

7. Focar o controle no processo como um todo 1 1

8. Alternar os esforços de melhoria de conversão e de fluxo 2 0

9. Praticar o Kaizen 2 2

10. Fazer Benchmarking 1 0

11. Aumentar a flexibilidade de saída 0 2

Total 29 7

Nota-se que a maior parte dos questionamentos foi respondida de modo favorável à

aplicação dos princípios abordados pela construção enxuta na obra em alvenaria estrutural, ou

seja, de maneira geral a empresa busca alcançar o que anseiam os princípios desta filosofia

gerencial de forma particular, já que não utilizam um padrão de implantação de tal

metodologia como forma de gestão. Na figura 9 é possível ser feita uma melhor visualização.

Figura 9 - Percentagem em relação à aplicação da construção enxuta

83,33%

16,67%

Questionamento favorável

SIM

NÃO

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53

Faz-se necessário um potencial de melhorias nos itens 1, 6, 7,9 e 11 do quadro 2, que

correspondem respectivamente : ao emprego de lajes concretadas ‘in loco”, que pode ser

substituído por elementos pré-moldados, chamados de pré-lajes, pois a concretagem exige

uma intensa movimentação dos colaboradores no canteiro de obras; o uso do sistema a rádio

para comunicação interna, que pode ser substituído pelo andon (ferramenta utilizada para

determinar paradas na produção); a não atribuição do autogerenciamento dos colaboradores ;

constante treinamento de mão de obras e a capacidade para alteração do pacote de serviços

para que melhor se ajuste aos desejos do cliente.

A introdução de melhorias quanto ao armazenamento dos materiais e componentes no

canteiro de obras também se faz necessário, pois se observou um volume significativo de

perdas das unidades de alvenaria por estarem dispostas diretamente sobre o solo e também

servirem como base para suporte de empilhamento de placas pré- moldadas e treliças (figura

10), por exemplo. Para isso, pode ser feito um acordo com os fornecedores de modo que estes

pratiquem a paletização quando realizado o abastecimento dos blocos cerâmicos e materiais

no canteiro.

Figura 10 - Armazenamento de placas e treliças

1. Reduzir a parcela de atividades que não agreguem valor.

O princípio se relaciona com a redução/otimização e, se possível, eliminação das

atividades de fluxo. Assim, antes de se iniciar o processo executivo da obra o engenheiro,

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responsável por esta, faz o levantamento de toda a quantidade de material necessário para a

execução dos serviços e logo após, através do SIENG (software de controle de suprimentos e

estoques), solicita está quantidade ao setor de compras situado na cidade de Fortaleza-CE, e

este, por sua vez, gera a ordem de compras. O almoxarife da obra, o responsável pelos

suprimentos, aciona os fornecedores e o abastecimento de materiais é feito em combinação

com o andamento da obra, a fim de se eliminar a espera por materiais e estocagem.

Para se reduzir a movimentação dos funcionários, os materiais como telhas, blocos, e

pré-moldados, são dispostos pelos fornecedores nas proximidades dos blocos de apartamentos

em que estavam sendo realizadas as tarefas. As cerâmicas, esquadrias e pias, por exemplo, são

dispostas nos próprios pavimentos destes blocos. Além disso, existem duas centrais de

betoneira, instaladas de maneira estratégica para dividir o abastecimento dos postos de

trabalho. Sendo os agregados dispostos em baias, que favorecem a fabricação da argamassa.

A otimização quanto ao fluxo de materiais na obra e redução dos esforços físicos por

parte dos colaboradores, se da pela utilização de carros de mão (figura 11) e porta blocos

(figura 12). No transporte espacial, utiliza-se a grua (figura 13) e mini-grua (figura 14). Estas

também possibilitam um transporte mais rápido de materiais para pavimentos superiores,

simplificando o tempo de ciclo.

Figura 11 - Carro de mão Figura 12 - Porta blocos

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Figura 13 - Grua Figura 14 - Mini- Grua

2. Aumentar o valor do produto mediante a consideração dos requisitos dos clientes

(internos/externos).

A empresa aplica este princípio ao sistema construtivo da obra, tanto ao longo do

processo de elaboração do projeto como no processo de execução. Quanto a aquele, após a

ocupação dos empreendimentos é realizado uma avaliação do cliente final, através de um

questionamento enviado para estes com o objetivo de se avaliar seu grau de satisfação. Além

disto, foi contratado um arquiteto local para assessorar a elaboração do projeto, trazendo para

a realidade as necessidades da cidade. Tais informações são claramente comunicadas aos

projetistas em reuniões com a diretoria técnica e comercial. Sendo ainda fornecido aos

clientes um manual do proprietário que contém todas as orientações da utilização, manutenção

e preservação do empreendimento.

No processo de execução da obra, são feitas reuniões e treinamentos com as equipes

de produção para se explicar todos os itens da alvenaria estrutural, para que as tarefas

subsequentes desta não sejam dificultadas. Após a conclusão do peitoril, é feita sua proteção

com a aplicação de uma cera, para que não haja aderência da argamassa que caia sobre ele.

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3. Reduzir a variabilidade

A empresa busca aplicar este princípio a alvenaria estrutural, trabalhando com a

padronização do tempo, através de uma meta estabelecida de execução de 2 apartamentos em

4 dias e da ordenação das tarefas, não sendo permitido que uma tarefa se inicie sem que as

suas antecedentes sejam concluídas, para que não haja variação no tempo de execução destas,

ou seja um aumento no tempo de ciclo. Sendo também realizada a padronização dos serviços,

onde se é utilizado o projeto de paginação das alvenarias e revestimentos, e o “ponteamento”

(figura 15), que serve como um padrão para o assentamento das cerâmicas, sendo este

realizado de preferência por um único pedreiro. Todos estes com o objetivo de garantir a

qualidade do serviço e eliminação de possíveis retrabalhos.

Figura 15- “Ponteamento”

4. Reduzir o tempo de ciclo

No sistema construtivo alvenaria estrutural, existe um potencial de se condensar o

tempo de ciclo, à medida que pode existir o paralelismo da execução dos subsistemas. Sendo

assim, a redução do tempo de ciclo é uma característica natural do sistema, que por de ser

observado na obra em estudo através do embutimento dos eletrodutos e execução das

instalações elétricas ao longo da elevação das paredes (figura 16).

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A distribuição das equipes de produção no canteiro de obras para se executar lotes de

tarefas menores, como por exemplo: madeiramento, reboco, ponteameto, telhamento, etc.; a

adoção do reboco mecanizado (figura 17) e das medidas citadas anteriormente quanto à

eliminação e/ou otimização das atividades de fluxo, são também exemplos da busca da

redução do tempo de ciclo na obra.

Figura 16 - Instalações elétricas e hidrossanitárias ao longo da elevação da alvenaria

Figura 17- Execução do Reboco mecanizado

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5. Simplificação do Processo Produtivo

A simplificação, no sistema construtivo da obra, se da pela utilização de vergas, que

incorpora em si um elemento construtivo; de elementos pré-fabricados como escadas (figura

18), e caixas de ar condicionados, reduzindo o número de etapas para a execução destes

elementos; de duas centrais de blocos no próprio canteiro de obras, uma para cortes (figura

19) e outra para efetuar embutimento das caixas elétricas nos próprios blocos (figura 20),

possibilitando assim, que estes já sejam assentados com as caixas elétricas embutidas e

estejam prontos para a introdução dos eletrodutos paralelamente a elevação das alvenarias.

Existe ainda, o agrupamento de tarefas de fácil execução e mais produtivas com as de

difícil execução e menor produção em pacotes de serviços, como por exemplo, no pacote de

cerâmica é agrupado o assentamento destas, a colocação das bancadas e das soleiras, de

maneira que ao se realizar estas tarefas os colaboradores já estarão instalados nos postos de

trabalhos. E ao final da execução do pacote se obtém um aumento da média de produção das

tarefas menos produtivas.

Quanto a simplificação do número de pessoas envolvidas no processo, a empresa

contrata a mão de obra sem exigências relacionadas a especialização destas. Assim os

colaboradores são contratados e treinados para execultar qualquer uma dos serviços da obra.

Figura 18- Escada pré-moldada

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Figura 19 - Central de corte dos blocos Figura 20 - Central de blocos elétricos

6. Aumentar a transparência do processo

A sinalização do espaço físico da obra, equipamentos, componentes, materiais (figura

21) e de cada ambiente, como por exemplo, almoxarifado, banheiros, bebedouros e etc.; o

abastecimento de informações sobre o processo de execução do sistema alvenaria estrutural

para as equipes de produção, realizado por um gerente de fluxo que disponibiliza para cada

uma destas um manual de execução de todo o projeto da obra, contendo as plantas das fiadas,

desenhos das alvenarias elevadas, os detalhes de instalações, posição dos blocos elétricos,

vãos e as demais informações constituintes da alvenaria estrutural. São alguns dos exemplos

de que a empresa busca a transparência do processo de produção da obra.

Além destes exemplos, é realizado o controle visual da obra através de inspeções dos

serviços que estão sendo executados, sendo a comunicação interna realizada através do

sistema rádio. E ainda disponibilizados, em locais de fácil visualização, para as equipes de

produção o resumo da ferramenta do controle e qualidade da execução da alvenaria estrutural-

CQE (figura 22).

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Figura 21: Placas de indicação

Figura 22: CQE no posto de trabalho

7. Focar o controle no processo como um todo

O controle do desempenho das tarefas nos diferentes pavimentos, executado através de

monitoramentos semanais dos Planejamentos de curto prazo – PPC, para se obter o

norteamento de execução da obra ; a planilha de resumo do CQE que contém todos o

serviços executados da obra, custos e faturamentos. São exemplos que a empresa buscar focar

o controle global do processo produtivo da alvenaria estrutural.

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8. Alternar os esforços de melhoria de conversão e de fluxo

Para a aplicação deste princípio, além das melhorias fornecidas citadas anteriormente,

como por exemplo: o dinamismo capaz de disponibilizar os componentes certos no local de

sua aplicação, o fornecimento de argamassas e abastecimento de informações. São utilizadas

no processo executivo da obra betoneiras auto-carregáveis (figura 23), peneiras elétricas

(figura 24) e gabaritos de portas e janelas, com a finalidade de equilibrar a melhoria de

conversões e fluxo, aumentar a produtividade dos colaboradores e diminuir seus esforços

físicos.

Figura 23: Betoneira auto-carregável

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Figura 24: Peneira elétrica

9. Praticar o Kaizen

A empresa atende um dos requisitos essenciais para a introdução de melhorias

contínuas no processo, o trabalho em equipe. Sendo ainda aplicadas outras medidas como: a

utilização da ferramenta de controle e qualidade da execução de alvenaria estrutural- CQE,

que busca identificar as não conformidades durante o processo de produção e suas causas,

possibilitando suas correções imediatas; do programa de controle de suprimentos e estoques –

SIENG (software de controle de suprimentos e estoques); o desenvolvimento de um software

interno de controle da produção e o uso de escantilhão e nível laser que garantem a qualidade

do serviço.

10. Fazer Benchmarking

Este princípio é observado no sistema construtivo da obra através do interesse da

empresa, em constantemente, buscar conhecer e aprender os processos de outras empresas que

construam em alvenaria estrutural e também com o método construtivo tradicional.

As empresas visitadas ficam situadas em outros estados, principalmente São Paulo,

onde se observou um nível elevado de produção determinado por um eficiente abastecimento

de materiais para as diferentes frentes de serviço. Logo após, a empresa adaptou e reaplicou o

método no sistema construtivo da obra.

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63

11. Aumentar a flexibilidade de saída

Apesar de o sistema alvenaria estrutural ter um fator regulador, que é a coordenação

modular, a variabilidade de saída pode estar presente, de maneira que seja regulada por

dimensões pré-estabelecidas em projetos que respeitem as características fundamentais do

sistema estrutural (NOGUEIRA, 2010). Sendo assim, este princípio não é aplicado na obra

estudada. O que se observa é a flexibilidade planejada, em que a empresa apresenta duas

opções de projeto de apartamentos, o tipo “A” (figura 25) e o tipo “B” (figura 26).

Figura 25 - Projeto de apartamento tipo “A”

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64

Figura 26 - Projeto de apartamento tipo “B”

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65

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalhou tratou do uso da filosofia gerencial construção enxuta no sistema

construtivo alvenaria estrutural de uma obra estudada, através de um diagnóstico desta quanto

à aplicabilidade dos 11 princípios enumerados por Koskela (1992).

Os dados obtidos na empresa durante o desenvolvimento da pesquisa identifica a

realização de práticas relacionadas à construção enxuta. Embora esta não possua um programa

de implementação formal, a ocorrência da maior parte dos princípios se faz presente no

sistema alvenaria estrutural da obra estuda, com exceção, apenas, do aumento de flexibilidade

de saída, que pode estar aplicado na alvenaria estrutural a partir de dimensões pré-definidas

em projetos. Sendo ainda observado que os conceitos abordados por esta filosofia gerencial

como a simplificação do processo produtivo, trabalho padronizado e redução do tempo de

ciclo, são adequadas naturalmente à alvenaria estrutural.

Considerando o favorável conhecimento e compreensão do corpo gerencial da

empresa, quanto os conceitos da construção enxuta, durante os questionamentos, e o processo

executivo da alvenaria estrutural acompanhado no período de realização do estudo de caso, é

possível comprovar a proximidade entre o discurso e a prática da construção enxuta na obra

estudada.

O que se percebeu no momento da pesquisa é que o corpo gerencial da empresa se

encontra satisfeito com a gestão de seu processo, mas esta apta a receber critica e melhorias

advindas da implementação de outra forma de gestão diferente da utilizada. Com isto faz-se

atingir o objetivo deste trabalho.

O referido estudo confirma então que a adoção da construção enxuta juntamente com

o sistema construtivo alvenaria estrutural, como forma de suprimir a necessidade de

aprofundamento gerencial deste é de fundamental importância para tornar mais competitiva à

empresa no setor da construção civil. Podendo esta afirmação ser comprovada na obra

estudada, que por apresentar indícios do uso das práticas desta filosofia gerencial é

reconhecida no mercado local como o metro quadrado (m²) mais barato.

Como sugestão para trabalhos futuros, a pesquisa indica avaliar quantitativamente e

qualitativamente a melhoria do tempo de ciclo da execução da alvenaria estrutural em

comparação ao método tradicional de concreto convencional.

Page 66: universidade federal rural do semiárido depatramento de ciências ...

66

REFERÊNCIAS

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2001.

Page 69: universidade federal rural do semiárido depatramento de ciências ...

69

APÊNDICE A- Questionário aplicado na 1ª visita

1ª Etapa: Identificação da empresa

a) Há quanto tempo atua no mercado da construção civil?

b) Onde se localiza a sede da construtora?

c) Qual o foco da construtora?

d) Qual número de funcionários que atuam na obra?

e) Que vantagens possuem os funcionários com relação à produção?

f) Como se divide a estrutura organizacional?

g) Qual a duração da jornada de trabalho?

2ª Etapa: Identificação do sistema construtivo da obra

a) A execução de obras em alvenaria estrutural é recente na empresa?

b) O que levou a adoção deste sistema construtivo?

c) Como se constitui a obra em alvenaria estrutural?

d) Qual o tipo de componentes empregados (blocos, argamassas, etc.)?

e) Como são dividas as atividades nos canteiros de obras?

f) Qual o tempo estimado para duração da obra?

g) Existe uma capacitação prévia das equipes que executam a alvenaria estrutural?

3ª Etapa: Identificação do processo produtivo da obra em alvenaria estrutural

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70

a) Como é realizado o planejamento do processo de produção da obra em alvenaria

estrutural?

b) Como se realiza o controle de produção de execução da obra em alvenaria estrutural?

c) Como se determina a composição de equipes de produção para as diferentes etapas do

processo construtivo?

d) Como são organizadas e distribuídas as equipes de produção no pavimento?

e) É realizado o controle de qualidade dos materiais de acordo com as especificações?

De que maneira?

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71

APÊNDICE B - Checklist para evidenciar o uso da construção enxuta

1. Reduzir a parcela de atividades que não agreguem valor SIM NÃO

1.1 Como funciona o abastecimento de materiais?

(nota: identificar de alguma pareceria com os fornecedores a fim de se

reduzir ou eliminar a espera por materiais e estocagem).

1.2 Como são dispostos os materiais no canteiro de obras? (nota: Identificar a existência de planejamentos prévios de como estes

materiais será organizados, a fim de se diminuir distâncias entre seus

locais de descargas e de usos, por exemplo).

1.3 Como é realizado o fluxo de materiais no canteiro de obras?

(nota: identificar melhorias quanto ao fluxo de materiais no canteiro de

obras).

1.4 São identificadas melhorias na execução de montagens e

desmontagens de equipamentos como, por exemplo, andaimes e

dispositivos de segurança coletiva?

2. Aumentar o valor do produto mediante a consideração dos requisitos

dos clientes (internos/externos)

SIM NÃO

2.1 É fornecido aos clientes algum informativo, contendo as

orientações necessárias sobre as limitações do sistema construtivo

durante a vida útil do empreendimento?

2.2 As necessidades e requisitos dos clientes foram levados em

consideração na elaboração do projeto?

(nota: identificar como são coletadas estas informações e como são

repassadas para os projetistas).

2.3 É realizado algum procedimento de preservação dos serviços já

executados antes da entrega da obra em alvenaria estrutural?

(nota: com a finalidade de se manter em bom estado o empreendimento

antes de ser entregue ao cliente final.).

2.4 A empresa realiza algum levantamento após a ocupação do

empreendimento em Alvenaria Estrutural?

(nota: a fim de se verificar o nível de satisfação dos proprietários com o

mesmo).

2.5 Os requisitos para cada etapa do processo produtivo são

comunicados a todas as equipes de produção?

(nota: no processo produtivo, uma equipe ao executar um serviço

deverá levar em conta os requisitos necessários para que os processos

Page 72: universidade federal rural do semiárido depatramento de ciências ...

72

de execução posteriores não sejam dificultados).

3. Reduzir a variabilidade SIM NÃO

3.1 São determinados metas ou ciclos de produção?

(nota: com a finalidade de se padronizar o tempo de execução dos

serviços)

3.2 Existe a padronização de serviços durante as etapas executivas do

processo produtivo?

(nota: com a finalidade de se melhorar a qualidade do produto e

eliminar a incidência de retrabalhos).

3.3 Existe a ordenação das tarefas no processo executivo da obra em

alvenaria estrutural?

(nota: Identificar se no processo executivo as tarefa se iniciam antes que

seus pré-requisitos tenham sido concluídos).

4. Reduzir o tempo de ciclo SIM NÃO

4.1 As equipes de produção são focadas na execução de pequenos lotes

de atividades?

4.2 São adotados mecanismos que diminuam o tempo para a execução

das atividades?

4.3 Existe o paralelismo de execução dos subsistemas da obra?

5. Simplificação do Processo Produtivo SIM NÃO

5.1 São utilizados pré- fabricados?

5.2 Existem centrais (como por exemplo, de cortes de blocos) no

canteiro de obras?

(nota: a fim de se facilitar as etapas do processo produtivo).

5.3 Existe algum tipo de planejamento eficaz do processo de produção?

(nota: buscando-se eliminar interdependências e a ampliação de

atividades pequenas em atividades maiores).

5.4 São feitas exigências, durante a contratação da mãe de obra, quanto

as suas especializações?

(nota: o objetivo é identificar o número de pessoas envolvidas no

processo de execução da obra)

6. Transparência do processo SIM NÃO

6.1 Existe a utilização de layouts ou sinalizações a fim de tornar

observável o ambiente de trabalho?

(nota: com a finalidade de tornar mais organizado o especo físico, e

uma compreensão deste. Existe uma clara identificação de materiais,

equipamentos, estoques e de cada ambiente?).

6.2 Há sinalização dos locais que serve de apoio a mão de obra?

(nota: informações relacionadas a banheiros, refeitórios, bebedouros,

etc.).

6.3 A empresa disponibiliza de meios que informem sobre a execução

do sistema construtivo alvenaria estrutural na área de trabalho?

(nota: as plantas das fiadas; desenhos das elevações das alvenarias com

todos os detalhes de instalações, graute, vãos e demais subsistemas da

alvenaria estrutural são disponíveis para os operários, com objetivo de

que os mesmos entendam o que estão fazendo?).

6.4 É executado controle visual na obra?

6.5 Como são esclarecidas as possíveis dúvidas dos operários durante o

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73

processo executivo da obra?

(nota: é identificado o abastecimento de informações durante todo o

processo executivo da obra?).

6.6 São disponibilizados informações do processo produtivo no

ambiente de trabalho?

(nota: Indicadores de produção, quadro de avaliação dos fornecedores,

etc. em locais de fácil visualização?).

7. Focar o controle no processo como um todo. SIM NÃO

7.1 Existe o emprego de elementos que sejam responsáveis por todo o

processo produtivo?

7.2 Nas equipes de produção são atribuídas funções de

autogerenciamento aos colaboradores?

8. Alternar os esforços de melhoria de conversão e de fluxo SIM NÃO

8.2 Existe a preocupação em fornecer melhor condições de trabalho aos

funcionários?

8.1 São utilizadas tecnologias nas atividades de conversão do processo

executivo da obra?

9. Praticar o Kaizen SIM NÃO

9.1 É realizado constantemente treinamentos da mão de obra?

9.2 São utilizadas ferramentas de qualidade que ajudem a identificar

possíveis eventualidades no processo de produção e contribuam

para suas devidas correções?

9.3 São utilizados novos equipamentos na execução da alvenaria

estrutural?

9.4 Além da alvenaria estrutural, são utilizados outros sistemas

construtivos?

10. Fazer Benchmarking SIM NÃO

10.1

A empresa busca boas práticas em outras empresas que adotem o

mesmo sistema construtivo, ou até mesmo em empresas que

trabalhem com o método construtivo tradicional?

(nota: o objetivo é identificar se a empresa busca tomar como

referências procedimentos que podem ser encontrados em outras

empresas para as etapas de execução da obra em alvenaria estrutural).

11. Aumentar a flexibilidade de saída SIM NÃO

11.1 Existe a adequação do projeto e da produção que permitam a

flexibilidade?

A empresa a admite mudanças solicitada pelos clientes, quanto às

características do empreendimento já concluído?

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74

APÊNDICE C- Informações obtidas a partir da aplicação do checklist ao corpo gerencial da

empresa.

1. Reduzir a parcela de atividades que não agreguem valor SIM NÃO

1.1 Como funciona o abastecimento de materiais?

(nota: identificar de alguma pareceria com os fornecedores a fim de se

reduzir ou eliminar a espera por materiais e estocagem).

X

1.2 Como são dispostos os materiais no canteiro de obras? (nota: Identificar a existência de planejamentos prévios de como estes

materiais será organizados, a fim de se diminuir distâncias entre seus

locais de descargas e de usos, por exemplo).

X

1.3 Como é realizado o fluxo de materiais no canteiro de obras?

(nota: identificar melhorias quanto ao fluxo de materiais no canteiro de

obras).

X

1.4 São identificadas melhorias na execução de montagens e

desmontagens de equipamentos como, por exemplo, andaimes e

dispositivos de segurança coletiva?

X

Total 3 1

2. Aumentar o valor do produto mediante a consideração dos requisitos

dos clientes (internos/externos)

SIM NÃO

2.1 É fornecido aos clientes algum informativo, contendo as

orientações necessárias sobre as limitações do sistema construtivo

durante a vida útil do empreendimento?

X

2.2 As necessidades e requisitos dos clientes foram levados em

consideração na elaboração do projeto?

(nota: identificar como são coletadas estas informações e como são

repassadas para os projetistas).

X

2.3 É realizado algum procedimento de preservação dos serviços já

executados antes da entrega da obra em alvenaria estrutural?

(nota: com a finalidade de se manter em bom estado o empreendimento

antes de ser entregue ao cliente final.).

X

2.4 A empresa realiza algum levantamento após a ocupação do

empreendimento em Alvenaria Estrutural?

(nota: a fim de se verificar o nível de satisfação dos proprietários com o

mesmo).

X

2.5 Os requisitos para cada etapa do processo produtivo são

comunicados a todas as equipes de produção?

(nota: no processo produtivo, uma equipe ao executar um serviço

X

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75

deverá levar em conta os requisitos necessários para que os processos

de execução posteriores não sejam dificultados).

Total 5 0

3. Reduzir a variabilidade SIM NÃO

3.1 São determinados metas ou ciclos de produção?

(nota: com a finalidade de se padronizar o tempo de execução dos

serviços)

X

3.2 Existe a padronização de serviços durante as etapas executivas do

processo produtivo?

(nota: com a finalidade de se melhorar a qualidade do produto e

eliminar a incidência de retrabalhos).

X

3.3 Existe a ordenação das tarefas no processo executivo da obra em

alvenaria estrutural?

(nota: Identificar se no processo executivo as tarefa se iniciam antes que

seus pré-requisitos tenham sido concluídos).

X

Total 3 0

4. Reduzir o tempo de ciclo SIM NÃO

4.1 As equipes de produção são focadas na execução de pequenos lotes

de atividades?

X

4.2 São adotados mecanismos que diminuam o tempo para a execução

das atividades?

X

4.3 Existe o paralelismo de execução dos subsistemas da obra? X

Total 3 0

5. Simplificação do Processo Produtivo SIM NÃO

5.1 São utilizados pré- fabricados? X

5.2 Existem centrais (como por exemplo, de cortes de blocos) no

canteiro de obras?

(nota: a fim de se facilitar as etapas do processo produtivo).

X

5.3 Existe algum tipo de planejamento eficaz do processo de produção?

(nota: buscando-se eliminar interdependências e a ampliação de

atividades pequenas em atividades maiores).

X

5.4 São feitas exigências, durante a contratação da mãe de obra, quanto

as suas especializações?

(nota: o objetivo é identificar o número de pessoas envolvidas no

processo de execução da obra)

X

Total 3 1

6. Transparência do processo SIM NÃO

6.1 Existe a utilização de layouts ou sinalizações a fim de tornar

observável o ambiente de trabalho?

(nota: com a finalidade de tornar mais organizado o especo físico, e

uma compreensão deste. Existe uma clara identificação de materiais,

equipamentos, estoques e de cada ambiente?).

X

6.2 Há sinalização dos locais que serve de apoio a mão de obra?

(nota: informações relacionadas a banheiros, refeitórios, bebedouros,

etc.).

X

6.3 A empresa disponibiliza de meios que informem sobre a execução

do sistema construtivo alvenaria estrutural na área de trabalho?

(nota: as plantas das fiadas; desenhos das elevações das alvenarias com

X

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76

todos os detalhes de instalações, graute, vãos e demais subsistemas da

alvenaria estrutural são disponíveis para os operários, com objetivo de

que os mesmos entendam o que estão fazendo?).

6.4 É executado controle visual na obra? X

6.5 Como são esclarecidas as possíveis dúvidas dos operários durante o

processo executivo da obra?

(nota: é identificado o abastecimento de informações durante todo o

processo executivo da obra?).

X

6.6 São disponibilizados informações do processo produtivo no

ambiente de trabalho?

(nota: Indicadores de produção, quadro de avaliação dos fornecedores,

etc. em locais de fácil visualização?).

X

Total 6 0

7. Focar o controle no processo como um todo. SIM NÃO

7.1 Existe o emprego de elementos que sejam responsáveis por todo o

processo produtivo?

X

7.2 Nas equipes de produção são atribuídas funções de

autogerenciamento aos colaboradores?

X

Total 1 1

8. Alternar os esforços de melhoria de conversão e de fluxo SIM NÃO

8.2 Existe a preocupação em fornecer melhor condições de trabalho aos

funcionários?

X

8.1 São utilizadas tecnologias nas atividades de conversão do processo

executivo da obra?

X

Total 2 0

9. Praticar o Kaizen SIM NÃO

9.1 É realizado constantemente treinamentos da mão de obra? X

9.2 São utilizadas ferramentas de qualidade que ajudem a identificar

possíveis eventualidades no processo de produção e contribuam

para suas devidas correções?

X

9.3 São utilizados novos equipamentos na execução da alvenaria

estrutural?

X

9.4 Além da alvenaria estrutural, são utilizados outros sistemas

construtivos?

X

4Total 2 2

10. Fazer Benchmarking SIM NÃO

10.1

A empresa busca boas práticas em outras empresas que adotem o

mesmo sistema construtivo, ou até mesmo em empresas que

trabalhem com o método construtivo tradicional?

(nota: o objetivo é identificar se a empresa busca tomar como

referências procedimentos que podem ser encontrados em outras

empresas para as etapas de execução da obra em alvenaria estrutural).

X

Total 1 0

11. Aumentar a flexibilidade de saída SIM NÃO

11.1 Existe a adequação do projeto e da produção que permitam a

flexibilidade?

X

A empresa a admite mudanças solicitada pelos clientes, quanto às

características do empreendimento já concluído?

X

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77

Total 0 2