AVISOS ECONÓMICOS Se a sua sogra é uma joia, nós temos o melhor caixão. Agência Funerária Galvão.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES - CCHLA
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - MESTRADO
PROFISSIONAL
ADYNAMÔR LUCENA DE MEDEIROS
A GEOGRAFIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA
PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CAICÓ/RN
2017
ADYNAMÔR LUCENA DE MEDEIROS
A GEOGRAFIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA
PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Dissertação apresentada como requisito parcial
para obtenção de título de Mestre em
Geografia no Programa de Pós-Graduação em
Geografia - Mestrado Profissional
(GEOPROF), área de concentração Ensino de
Geografia, do Centro de Ensino Superior do
Seridó e do Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
Orientadora: Drª. Sandra Kelly de Araújo
CAICÓ/RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra -
CERES-Caicó
Medeiros, Adynamôr Lucena de.
A geografia nos anos finais do ensino fundamental na promoção
da educação ambiental / Adynamôr Lucena de Medeiros. - Caicó: UFRN, 2017.
143f.: il.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó, Programa de Pós-
graduação em Geografia - Mestrado Profissional.
Orientador: Profª. Drª. Sandra Kelly de Araújo.
1. Ensino de geografia. 2. Educação ambiental. 3. Meio
ambiente. I. Araújo, Sandra Kelly de. II. Título.
RN/UF/BS-CAICÓ CDU 910
ADYNAMÔR LUCENA DE MEDEIROS
A GEOGRAFIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA
PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção de título de Mestre em Geografia no
Programa de Pós-Graduação em Geografia -
Mestrado Profissional (GEOPROF), área de
concentração Ensino de Geografia, do Centro de
Ensino Superior do Seridó e do Centro de Ciências
Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO EM 29 DE JUNHO DE 2017
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Profª. Drª. SANDRA KELLY DE ARAÚJO
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Orientadora)
________________________________________________________
Profª. Drª. JEANE MEDEIROS SILVA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Examinador Interno)
________________________________________________________
Profª. Drª. MARIA REILTA DANTAS CIRINO
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte
(Examinador Externo)
A DEUS e as duas mulheres que muito
torceram por mim: à minha mãe e à minha
esposa.
AGRADECIMENTOS
O caminhar torna-se mais suave, quando almejamos tornar um sonho realidade. Só foi
possível a superação dos obstáculos durante esse período de mestrado, quando percebi que
não estava sozinho. Na companhia de pessoas que transmitem energia positiva, alegres e
guerreiras, percebi que apesar de serem inevitáveis os problemas e as dificuldades, devemos
ser persistentes, lutar e acreditar em nossos ideais. Foram muitos, os que me ajudaram a
concluir este trabalho. Meus sinceros agradecimentos...
Primeiramente, a Deus, que me guia e fortalece. Um pai generoso, verdadeiro amigo
que me ajudou a superar os desafios em meio a tantas adversidades. Em Ti confio, e
agradeço-Lhe pela vida e pela realização deste trabalho, pois sem sua benção, nada teria sido
possível.
À minha orientadora, Profª. Drª. Sandra Kelly de Araújo, por aceitar a orientação
desse estudo, por ter partilhado de suas experiências e instigado muitas reflexões, que me
permitiram rever novas perspectivas no âmbito da geografia na promoção da educação
ambiental.
Aos meus pais, Adamor Lopes de Medeiros e Maria da Luz de Lucena, que mesmo
numa época de tantas dificuldades, assegurou a cada um dos seus dois filhos o melhor que
podia oferecer: o direito à educação, o seu incentivo e amor para a minha vida, pelo cuidado
que sempre tiveram nos meus passos até aqui.
À minha esposa, Eloídes Freire da Silva Medeiros, pelo cuidado, atenção, amor e pelo
profundo incentivo e motivação nesta trajetória de muitos estudos e dedicação.
Ao meu filho, Gustavo Henrique, pela compreensão da ausência na educação paterna,
mas sempre me deu força e estímulo nos nossos momentos de encontros e conversas.
Ao meu irmão Higo, que ao seu modo, dividiu comigo momentos de angústias e
conquistas.
À minha sobrinha, Maria Cecília, pela sua recém-chegada ao mundo, trouxe muita
alegria e esperança em meus dias de cansaço, também agora posso chamá-la de minha
afilhada.
Á minha avó Eletice, que me chama carinhosamente de “meu primeiro neto”, pelas
suas rezas e conselhos durante a minha caminhada.
À minha sogra Damares, pelo seu exemplo de vida e alegria, que sempre me motivou
aos estudos.
Aos meus demais familiares, tios e tias, irmãs e irmão paterno, primos e primas,
cunhados e cunhadas que compartilham da imensa alegria de ver meu sonho realizado.
Às minhas amigas Suenyra Nóbrega Soares e Zara de Medeiros Lins, por ter
acreditado no meu trabalho e pela solidariedade prestada.
Ao meu amigo Tácio Henrique, por ter aceitado o desafio de me substituir como
professor na escola que leciono, para que eu pudesse cumprir com os créditos e as disciplinas
do mestrado.
Aos meus professores de pós-graduação com os quais tive a oportunidade de interagir
e dialogar na busca de novos conhecimentos, em especial: Jeane, Diógenes, Gleydson, Marco
Túlio, Celso e Adriano que conduziram o seu ofício com muita sapiência e dedicação.
À Profª. Drª. Ione Rodrigues D. Morais, pelas relevantes contribuições no momento da
qualificação.
A todos os meus colegas de curso com quem compartilhei ideias, experiências, pelas
discussões e reflexões de tantos textos, pelo conhecimento partilhado, mas, também, pelos
momentos de alegria e descontração.
Enfim, a cada um dos professores e professoras de geografia dos anos finais do ensino
fundamental das redes de ensino público e particular da cidade de Caicó, que se mostraram
bastantes solícitos em nossas buscas, abertos ao diálogo e muito contribuíram para nossas
inquietações ao responderem o roteiro de entrevista.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a contribuição do ensino de geografia na
promoção da educação ambiental. Para isso, definimos como base de investigação as práticas
e saberes dos professores que lecionam geografia nos anos finais do ensino fundamental em
escolas da cidade de Caicó, Estado do Rio Grande do Norte. Estamos movidos pela convicção
de que o ensino de geografia precisa corresponder aos avanços teóricos e metodológicos da
educação brasileira, mediante o desafio de construir conhecimentos que favoreçam a
formação do aluno e para que possa obter melhorias significativas no processo de ensino-
aprendizagem. Na perspectiva de desvendar novos caminhos que se aproximem de uma
proposição mais crítica e reflexiva no ensino de geografia, na promoção da educação
ambiental, desvelaram-se, a partir do embasamento teórico, os saberes necessários. Para isso,
o trabalho se fundamentou em referenciais teóricos sobre o ensino de geografia como
Cavalcanti (2013), Callai (2003), Pontuschka et al., (2009), PCNs de Geografia (BRASIL
2001), dentre outros que enfatizam a educação ambiental; Carvalho (2006), Reigota (2010),
Sato; Carvalho (2005), Gutiérrez; Prado (2002), Gadotti (2000). Desse modo, destacamos:
Cotidiano; Interdisciplinaridade; Participação e Relação local/global. No âmbito dos estudos
realizados, consideramos que uma nova proposta da organização curricular por temas
geradores é uma dimensão a ser incorporada pelo ensino de geografia com condições de
discutir em profundidade as relações éticas e solidárias, com atos mais sensíveis e criativos
das nossas relações com o ambiente. Esta pesquisa configura-se como um estudo de caso e
utilizou como procedimento metodológico uma abordagem de natureza qualitativa realizada a
partir de entrevistas semiestruturadas com 20 professores de geografia, em escolas que
contemplam os anos finais do ensino fundamental das redes de ensino público estadual,
municipal e particular, todas localizadas na cidade de Caicó-RN. Os dados analisados revelam
que um número significativo dos professores reconhece a necessidade de incorporar teorias e
metodologias no ensino de geografia, na promoção da educação ambiental, mas verificamos
que a maioria dos docentes não exercita, por exemplo, a interdisciplinaridade na prática, bem
como, observamos na fala dos mesmos que é bastante tênue a participação do aluno na
sugestão de temas sobre meio ambiente que ainda assim mantém uma forte ligação com os
conteúdos abordados pelo livro didático ao tratar do cotidiano e da relação local/ global, o que
conduz a uma aprendizagem pouco atrativa e sem significado para o aluno.
Palavras-chave: Ensino de geografia. Educação ambiental. Meio ambiente.
ABSTRACT
The present study aims to analyze the contribution that geography teaching has on promoting
environmental education. To this end, we investigate the knowledge and practices of
geography teachers of the final years of Elementary School, in Caíco, Rio Grande do Norte.
We are motivated by the conviction that geography teaching needs to keep abreast with the
theoretical and methodological advances in Brazilian education, faced with the challenge of
building knowledge that favors the students‟ education, so that significant improvements in
the teaching/learning process are fomented. The necessary areas of knowledge were
identified, based on this perspective of revealing new ways for achieving a more critical and
reflexive approach to geography teaching, aiming to promote environmental education. In
order to that, the study was based on theoretical references about the geography teaching,
such as Cavalcanti (2013), Callai (2003), Pontuschka et al., (2009), PCNs de Geografia
(BRASIL, 2001), among others that emphasize the environmental education, such as
Carvalho (2006), Reigota (2010), Sato; Carvalho (2005), Gutiérrez; Prado (2002), Gadotti
(2000). Of these, we highlight the following: the quotidian context; an interdisciplinary
approach; and local/global participation and relations. In the context of the study carried out,
we propose that the new model for the organization of the curriculum should include a
dimension that incorporates provocative themes for teaching geography, to discuss, in depth,
ethics and solidarity, performing more sensitive and creative acts in our relation to the
environment. This research is considered a case study and the methodological approach to this
research is characterized as qualitative in nature, carried out in semi-structured interviews
with 20 geography teachers, in schools that include the final years of Elementary school, in
the State and City public schools, specifically, in the city of Caicó-RN. The data analyzed
reveals that a significant number of teachers recognize the need to incorporate theories and
methods of geography teaching to promote environmental education, but we verified that the
majority of the teachers do not, as exemplified in the lack of an interdisciplinary practice, as
well as, in their utterances which are very tenuous about the students‟ participation in
suggesting themes about the environment, which still maintain a strong link with the content
presented in the textbooks, with regard to quotidian issues and local/global relations,
establishing a type of teaching that lacks significance for and engagement with the students.
Keywords: Geography teaching. Environmental education. Environment.
“Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e
são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os
que lutam toda vida. Esses são imprescindíveis.” Bertolt Brecht
LISTA DE GRÁFICOS
1. Conteúdos de geografia relacionados à educação ambiental ................................................ 73
2. Recursos didáticos utilizados no trabalho com a educação ambiental ................................. 81
3. Metodologias eficazes ao contemplar o cotidiano do aluno na perspectiva da educação
ambiental .................................................................................................................................. 91
4. Sugestão de temas sobre educação ambiental pelos alunos ................................................. 92
5. Conteúdos de geografia ao priorizar a relação local/ global na promoção da educação
ambiental ................................................................................................................................ 100
LISTA DE QUADROS
1. Escolas e professores de geografia participantes da pesquisa .................................................. 63
2. Número de professores participantes da pesquisa .................................................................... 64
3. Escolas de alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental .................................. 65
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12
1 ENSINO DE GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................. 17
1.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE GEOGRAFIA A
PARTIR DOS PCNs ..................................................................................................... 23
2 SABERES NECESSÁRIOS À PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO ENSINO DE GEOGRAFIA ................................................................................ 27
2.1 CAMINHOS METODOLÓGICOS SUGERIDOS ...................................................... 28
2.1.1 Cotidiano ..................................................................................................................... 28
2.1.2 Interdisciplinaridade .................................................................................................. 31
2.1.3 Participação ................................................................................................................. 34
2.1.4 Relação local/ global ................................................................................................... 38
2.2 TEMAS GERADORES: PROPOSTAS CURRICULARES PARA UM
ENSINO DE GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL .... 42
2.2.1 Mãe-Terra ................................................................................................................... 43
2.2.2 Clima e Cidadania Planetária .................................................................................... 45
2.2.3 Desenvolvimento ético e solidário .............................................................................. 52
2.2.4 Consumo sustentável .................................................................................................. 58
3 A GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 63
4 REFLEXÕES, PRÁTICAS E FALAS DOS PROFESSORES SOBRE O ENSINO
DE GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL ............................................................................................................. 69
4.1 PERFIL DOS PROFESSORES PESQUISADOS ........................................................ 69
4.2 CONTEÚDOS E METODOLOGIAS ADOTADAS PELOS PROFESSORES QUE
APONTAM UM ENSINO DE GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL ............................................................................................................... 70
4.3 CAMINHOS METODOLÓGICOS SUGERIDOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA
NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................................................. 84
4.4 TEMAS GERADORES: PROPOSTAS CURRICULARES PARA UM ENSINO
DE GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL .................. 102
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 127
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 131
APÊNDICES ............................................................................................................. 138
12
INTRODUÇÃO
A geografia nos anos finais do ensino fundamental na promoção da educação
ambiental é, neste trabalho, tomado como tópico de reflexão a partir da investigação das
práticas e saberes de docentes que lecionam em escolas da cidade de Caicó, estado do Rio
Grande do Norte. Não são raros os questionamentos sobre essa área do conhecimento,
inclusive num contexto de mudanças e reestruturações decorrentes do próprio movimento da
sociedade (PONTUSCHKA et al., 2009; CARVALHO, 2006; BRASIL, 2001). É preciso
enfatizar, portanto, que aspectos relacionados à prática de ensino, à seleção e abordagem de
conteúdos, ao uso que se faz do livro didático, à valorização de uma aprendizagem que tenha
significado para o aluno são saberes que exercem uma forte influência na ação/ intervenção
do professor, que se configura como o principal agente no âmbito de desenvolver teorias e
práticas eficazes no processo de ensino-aprendizagem de geografia na promoção da educação
ambiental.
Constatando-se essas peculiaridades, é importante destacar que o ensino de geografia
na promoção da educação ambiental pode de fato contribuir na aprendizagem dos alunos, na
medida em que forem dadas as condições necessárias à compreensão, sensibilização e atitude
dos indivíduos, acerca da relação integrada do ser humano com a natureza, sobretudo com as
ações ecologicamente equilibradas. Focando-nos no ensino de geografia, podemos afirmar
que ele tem exercido um importante papel na formação dos alunos, quando permite que se
faça a leitura do espaço como um objeto social, isto é, produto da relação homem-natureza
(SANTOS, 1980).
No âmbito dessas discussões, o ensino de geografia apresenta uma percepção mais
clara da intensidade dos problemas ambientais, principalmente no que se refere ao modelo de
desenvolvimento predominante, o qual se sustenta na exaustiva exploração dos recursos
naturais e na exclusão social. Assim sendo, Pontuschka et al., (2009, p.135) afirmam que “a
Geografia possui teorias, métodos e técnicas que podem auxiliar na compreensão das questões
ambientais e no aumento da consciência ambiental das crianças, jovens e professores”.
Ainda é pertinente afirmar que a educação escolar tem sido um espaço apropriado à
discussão e aprendizagem de temas urgentes e relevantes da atualidade, que tem trazido
importantes resultados na formação dos cidadãos com uma postura crítica e participativa
diante da sua realidade. De acordo com Brasil (2001), quando inserida nas escolas, a educação
ambiental pode levar o aluno a mudar o comportamento, as atitudes e os valores de cidadania,
com importantes consequências sociais.
13
Nas últimas décadas, tem se constituído no âmbito das legislações e dos programas de
governo, principalmente na esfera educativa, a formação de um consenso sobre a necessidade
da problematização das questões ambientais em todos os níveis de ensino (CARVALHO,
2006). Conforme a referida autora, a articulação do conjunto de saberes de forma transversal e
interdisciplinar, contribui na promoção da educação ambiental nas escolas, além da formação
de cidadãos críticos, participativos e sensíveis em torno das questões relacionadas ao meio
ambiente.
Nessa perspectiva, no prefácio para o informe da Conferência Intergovernamental de
Educação Ambiental realizada em Tbilisi (1977) preconizou-se que a educação ambiental não
deve ser uma disciplina a mais que se soma ao currículo escolar, mas exige a
interdisciplinaridade como indispensável à resolução dos problemas acerca das questões
ambientais. Entretanto, Sato; Carvalho (2005) afirmam que apesar da interdisciplinaridade ser
um elemento fundamental a ser perseguido pelos educadores ambientais, muito pouco se diz
no corpo do documento sobre o mesmo, já que a incorporação no currículo da educação
ambiental é por definição interdisciplinar.
Diante disso, sabemos que somente na década de 1990 houve a reorganização da
estrutura educacional brasileira, com entrada em vigor da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação - Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que reafirmou as exigências da Educação
Ambiental no ensino. Uma das poucas menções é encontrada no artigo 32, inciso II que exige
para o ensino fundamental “a compreensão ambiental natural e social do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores de que se fundamenta a sociedade” (BRASIL, 1997).
Nesse contexto de mudanças sociais, políticas e econômicas, podemos afirmar que a
educação brasileira passou por mudanças e reformas no ensino, sendo um dos seus focos
principais a inclusão dos temas transversais (PONTUSCHKA et al., 2009). Sendo assim, com
a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, o tema meio ambiente ganhou
uma dimensão transversal, ou seja, pode perpassar pelas diferentes áreas do conhecimento
escolar. Por conseguinte, a disciplina geografia apresenta, em sua grade curricular, um
elevado número de conteúdos que podem estar relacionados aos temas ambientais.
Nessa perspectiva, a educação ambiental não é exclusiva apenas do ensino de
geografia. Assim, Reigota (2014) afirma que todas as disciplinas que permitem enfocar a
relação entre a humanidade e a natureza, desde que não deixem de lado suas especificidades,
têm condições de promover a educação ambiental. Consonante com essa discussão, os
professores de qualquer área do conhecimento podem trabalhar com a educação ambiental,
pois ela pode se apresentar como uma importante aliada à disciplina que lecionam.
14
No ano de 1999, foi aprovada a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA)
pela Lei 9.795/99, objeto de Decreto 4.281, de 25 de junho de 2002, pela qual a Educação
Ambiental é instituída obrigatória em todos os níveis de ensino e considerada componente
urgente e essencial da Educação Fundamental (BRASIL, 2002). A partir da constituição das
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, além da definição à Educação
Ambiental, essa lei faz anúncio de princípios básicos, dos objetivos fundamentais da
Educação Ambiental, incluída nos currículos de todas as etapas da Educação Básica e na
Educação Superior, inclusive nas suas modalidades, abrangendo todas as instituições de
ensino público e privado (BRASIL, 2013). Nessa perspectiva, a prática da educação ambiental
deverá ser integrada, contínua e permanente, não devendo se constituir disciplina específica
no currículo de ensino.
Baseando-nos no exposto, e considerando que a educação ambiental é uma ação
pedagógica relevante, propomos a partir da experiência vivenciada pelo pesquisador no
contexto real em diferentes espaços escolares e com muitos sujeitos, principalmente, os
professores de geografia (do 6º ao 9º ano) que, mesmo não constando seus nomes revelados,
suas vozes fazem no exercício desta escrita uma forma de responder aos questionamentos
sobre o ensino de geografia na promoção da educação ambiental em escolas que compõem a
rede de ensino público estadual, municipal e particular localizadas na cidade de Caicó – RN.
Diante disso, foi elaborado o problema respaldado nos seguintes questionamentos: Em que
medida o ensino de geografia contribui para a promoção da educação ambiental? Quais as
condições “ideais” para a promoção da educação ambiental através do ensino de geografia?
Quais conteúdos e metodologias, adotados pelos professores de geografia, direcionam um
ensino para educação ambiental?
Considerando que o ensino de geografia apresenta um grande leque de temáticas do
meio ambiente dentro do seu estudo, o presente trabalho pretende como objetivo analisar em
que medida o ensino de geografia contribui para a promoção da educação ambiental nos anos
finais do ensino fundamental das escolas localizadas na cidade de Caicó -RN. Esse objetivo
principal se desdobra em outros secundários, que podem assim ser elencados: Conhecer as
condições “ideais” para a promoção da educação ambiental através do ensino de geografia;
Investigar conteúdos e metodologias escolhidas pelos professores de geografia, que
direcionem um ensino para a educação ambiental; Analisar e interpretar as práticas
pedagógicas que efetivem a promoção da educação ambiental mediante o ensino de geografia.
Nesta pesquisa, consideramos ser mais apropriado realizar um censo dos professores
que lecionam a disciplina geografia nos anos finais do ensino fundamental das escolas
15
localizadas na cidade de Caicó - RN; esse tipo de levantamento tem a capacidade de abranger
todos os componentes do universo, ou seja, 100% dos sujeitos da pesquisa. A escolha dessa
cidade como recorte espacial para a nossa pesquisa se justifica pela expansão das instituições
de ensino público e particular, na educação básica e superior, ter se constituído um dos pilares
de desenvolvimento desse núcleo urbano na organização espacial do Seridó (MORAIS, 1999,
2005). Contanto, é perceptível que a cidade de Caicó carece de estudos e ações eficazes no
que se refere à promoção da educação ambiental, principalmente da que se desenvolve no
âmbito do ensino escolar.
A partir do levantamento de dados junto à Diretoria Regional de Educação e Cultura –
10ª Direc, em que foi possível constatar que 26 professores lecionam a disciplina geografia
nos anos finais do ensino fundamental, distribuídos num total de 21 escolas das redes de
ensino municipal, estadual e particular. No total, foram pesquisados oito professores de
escolas particulares, sete professores de escolas estaduais e cinco professores de escolas
municipais.
Porém, é importante destacar que do total de professores acima mencionados, quatro
professores da rede estadual, um da rede municipal de ensino e um da rede particular não
tiveram participação na entrevista, por razões que serão apresentadas posteriormente.
Contudo, após a realização das entrevistas semiestruturadas com os sujeitos da
pesquisa, fez-se uma análise a partir da fala dos mesmos, procurando identificar os pontos
comuns, as dificuldades comuns e as possibilidades de superação qualitativas de uma e outras,
principalmente ao se confrontarem com o referencial teórico sobre ensino de geografia e
educação ambiental. De forma que o confronto entre as diferentes opiniões, tanto as dos
conhecimentos do senso comum como as dos conhecimentos científicos tentem “[...] elevar-se
a um ponto de vista mais amplo, mais compreensivo” (LEFÉBVRE, 1983, p.171 apud
SPOSITO, 2004, p.41).
O primeiro capítulo se fundamentou acerca do ensino de geografia e educação
ambiental, em que se apresentam discussões das teorias e metodologias eficazes à promoção
da educação ambiental, principalmente a partir da elaboração dos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs.
No segundo capítulo, sugerimos os saberes necessários à promoção da educação
ambiental no ensino de geografia, inserindo nesse contexto, os caminhos metodológicos,
como: Cotidiano, Interdisciplinaridade, Participação e Relação local/global. Além disso,
discutimos acerca dos temas geradores, como uma proposta de organização curricular a ser
incorporada pela geografia na promoção da educação ambiental nos anos finais do ensino
16
fundamental. Assim, elegemos quatro temas geradores: Mãe-Terra, Clima e Cidadania
Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo sustentável.
No terceiro capítulo, explicitamos o tipo da pesquisa como um estudo de caso e se
utilizou como procedimento metodológico uma abordagem qualitativa realizada a partir de
entrevistas semiestruturadas. Na trajetória da pesquisa com relação ao método de análise e
interpretação de dados, a opção foi a análise de conteúdos a partir das categorias de
codificação.
O quarto capítulo diz respeito à análise das respostas fornecidas nos questionários,
que requisita contemplar reflexões, teorias e práticas dos professores sobre o ensino de
geografia na promoção da educação ambiental. Além disso, buscamos através do referencial
teórico discutido na pesquisa, o desafio de sugerir conteúdos e metodologias eficazes e
criativas com o intuito de tornar a aula de geografia mais dinâmica e atrativa para o aluno.
Esperamos que esta pesquisa, ao revelar o ensino de geografia na promoção da
educação ambiental através das reflexões, das práticas e das diversas vozes dos professores,
aponte saberes necessários que possam contribuir com a formação docente que se preocupa
em ensinar geografia na promoção da educação ambiental, numa perspectiva inovadora, sendo
capaz de contribuir na formação de um aluno crítico, participativo, responsável, e a utilização
desses conhecimentos nos seus mais diversos âmbitos.
17
1 ENSINO DE GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O ensino de geografia, na atualidade, é provocado a corresponder às refomulações da
educação brasileira, que em meio aos retrocessos e avanços, houve a renovação das
abordagens teóricas e metodológicas da referida área do conhecimento. Além disso, é
importante destacar que a geografia, no contexto escolar, tem exercido um importante papel
na formação dos alunos, na medida em que os conteúdos se tornam significativos para a
aprendizagem, contribuindo na formação de sujeitos críticos, participativos e responsáveis,
num amplo processo de transformações na maneira de pensar e viver a cidadania1. Conforme
Callai (2011, p. 15), constitui-se no âmbito do ensino de geografia:
[...] um componente curricular que procura construir as ferramentas teóricas
para entender o mundo e para as pessoas se entenderem como sujeitos nesse
mundo, reconhecendo a espacialidade dos fenômenos sociais.
O professor de geografia, como um importante agente no processo de ensino, dispõe
da liberdade relativa de adotar os instrumentos teóricos e metodológicos que melhor
direcionem suas aulas. Nessa perspectiva, a aula torna-se mais atrativa e dinâmica,
principalmente se apresentar contextualizada com a realidade do aluno. Ao refletir sobre a
indissociável relação entre os conteúdos de geografia e o senso comum, Cavalcanti (2013)
afirma que a mera transmissão de informações prontas e acabadas do professor para o aluno
pode não ser satisfatória no processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista que é preciso
haver o encontro/ confronto da realidade dos alunos, das suas experiências com os
conhecimentos científicos.
Nessa discussão, é importante destacar que o professor de geografia deve se validar
dos conhecimentos e experiências adquiridas em sala de aula, mas é necessário agregá-los às
novas propostas de melhoria na educação brasileira que, entre as quais, estão a reestruturação
na grade curricular e das novas abordagens didático-pedagógicas no ensino de geografia.
Segundo Pinheiro; Nascimento (2014, p. 49) “[...] o professor precisa desenvolver novas
habilidades para enfrentar os desafios da formação e para que possa obter melhorias
significativas no processo de ensino-aprendizagem dos alunos e na sua autoformação”.
1 E onde está a origem da cidadania? atribui-se em princípio à cidade ou pólis grega. A pólis era composta de
homens livres, com participação política contínua numa democracia direta, em que o conjunto de suas vidas em
coletividade era debatido em função de direitos e deveres. Assim, o homem grego livre era, por excelência, um
homem político no sentido estrito (COVRE, 2002, p. 16).
18
Partindo dessa reflexão, é necessário ressaltar que a aprendizagem do aluno está diretamente
relacionada à formação do professor, à sua passagem pelos bancos universitários ou
investimento em qualificação.
No trajeto evolutivo de formação e atuação, o professor pode buscar o
aperfeiçoamento através da experiência cotidiana, num permanente diálogo entre teoria e
prática. Nessa discussão, podemos afirmar que aprender é muito mais que contextualizar, é
permitir que a educação impregne no processo de formação dos sujeitos as atitudes, os
comportamentos, os atos mais sensíveis, a criatividade que permitem inovar e dinamizar ainda
mais o processo de ensino-aprendizagem. Conforme Gadotti (2000) além de ser um
cooperador sensível e crítico, o professor é um construtor de sentido. Nessa visão, o professor
é o mediador do conhecimento, um aprendiz das suas práticas e reflexões desenvolvidas no
âmbito escolar.
Dessa forma, é importante destacar que o professor com domínio teórico e
metodológico, no ensino de geografia, apresenta condições favoráveis para envolver o aluno
como sujeito ativo e participativo na construção do conhecimento. Freire (1996, p. 47)
defende esse ponto de vista e afirma “[...] saber que ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Sabemos que,
na sala de aula, o professor tem a liberdade de escolher os aspectos práticos de sua
intervenção, contanto que o planejamento faça parte do seu dia a dia. Segundo Libâneo
(1994), o melhor desempenho no processo de ensino-aprendizagem está em grande parte
relacionado ao trabalho de planejamento dos professores, que dependem dos objetivos, dos
conteúdos e métodos adotados, além do controle de avaliação dos alunos.
Ao enfatizar a geografia no âmbito do ensino fundamental, é bastante evidente a sua
estreita relação com a educação ambiental. Levando em consideração que a geografia
dimensiona o estudo sobre a sociedade e a natureza, reconhecendo a dinâmica dessa relação,
torna-se possível substituir a concepção fragmentada de meio ambiente mediante a inserção
do conceito de espaço geográfico nas análises sócioespaciais que envolvam principalmente as
questões ambientais. Ao definir o espaço geográfico como objeto de estudo da geografia,
Santos (1988) afirma que o mesmo é produto da relação entre a sociedade e a natureza, ou
seja, de um espaço socialmente produzido. Nesse sentido, Cavalcanti (1998, p. 128) afirma
que a “[...] função mais importante da Geografia [...] é formar uma consciência espacial, um
raciocínio geográfico”.
Percebemos, nessa ótica, que a geografia apresenta um forte elo com a educação
ambiental, pois se o que define meio ambiente - são os aspectos naturais e sociais em
19
conjunto, essa característica se revela bastante explícita nos seus estudos, por tratar o tema
meio ambiente de forma integralizada (REIGOTA, 2014). A estreita relação entre educação
ambiental e ensino de geografia desvenda novos caminhos para uma aprendizagem profunda,
em que o processo educacional impregna de um novo sentido a formação humana,
estebelecendo novos modos de ser e de viver em relação com o ambiente. Em conformidade
com Gadotti (2000, p. 42) “ [...] a educação deve ser tão ampla quanto a vida”. Nessa
percepção, está em construção um sujeito de atitudes éticas e solidárias com as pesssoas e
com o meio ambiente natural, ou seja, um “sujeito ecológico”, que preconiza um mundo
transformado e compatível com o ideal ecológico.
De acordo com Carvalho (2006, p. 67 – 68), uma das respostas possíveis de se pensar
no perfil de um sujeito ecológico:
[...] está na postura ética de crítica a ordem social vigente que se caracteriza
pela produtividade material baseada na exploração ilimitada de bens
ambientais, bem como na manutenção da desigualdade e da exclusão social e
ambiental.
Pelo exposto, é preciso enfatizar que o sujeito ecológico formado pela postura da ética
e das responsabilidades questiona o modelo de desenvolvimento social e econômico vigente,
que tem provocado fortes impactos ao meio ambiente, tais como a destruição das florestas, a
diminuição da biodiversidade, a contaminação dos alimentos, as mudanças climáticas, a
erosão do solo, a seca e o processo de desertificação, o consumo e a produção de lixo,
poluição das águas e do solo, dentre outros que, a seu termo, ameaçam a sobrevivência de
todos os seres vivos, inclusive a do ser humano. A esse respeito, Reigota (2014) reforça que a
natureza tem sido alvo de constantes ameaças e sofrido o intenso predatorismo humano. As
ações tidas como racionais acabam levando ao desequilíbrio ambiental, tornando o planeta
Terra um lugar de difícil sobrevivência.
Evidenciado o domínio do homem sobre a natureza e as graves consequências que
resultam dessa ação, podem-se destacar inúmeros casos de sofrimento e morte às diferentes
formas de vida. Nessa perspectiva, as transformações no ambiente devem ser compatíveis
com o ideário de um sujeito ecológico. Conforme Carvalho (2006), a idealização de um
sujeito ecológico perpassa pela atitude de cultivar as ideias e sensibilidades ecológicas, num
amplo processo de transformação das relações entre sociedade e ambiente. Nessa visão,
preconiza-se um mundo melhor para viver, sem violência, sem dificuldade ou desigualdade
no acesso aos recursos indispensáveis à sobrevivência, como uma sociedade mais justa,
20
dentro de uma perspectiva mais inclusiva e humanizada. Pelo exposto,
“[...] a Educação Ambiental traz consigo forte potencial para fomentar esse ideal de sujeito
ecológico, sendo transformado em experiências e subjetividades, como parte importante na
constituição da identidade do educador ambiental” (SATO; CARVALHO, 2005, p. 51).
Ao refletir acerca da relação humana com a natureza, sabemos que os impactos têm
sido cada vez mais intensos e frequentes, com a biodiversidade ameaçada e com difícil
manutenção das espécies, inclusive a humanidade tem sido vítima das suas próprias
engenhosidades. Segundo Guimarães (1995, p. 12), “[...] nas sociedades atuais, o ser humano
afasta-se da natureza. A individualização chegou ao extremo do individualismo. O homem
tem se desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio com a natureza”. Essa
relação de domínio do homem sobre a natureza é consequência do modelo de
desenvolvimento atual em que vive a grande maioria das sociedades, em que há dificuldades
de perceber as relações de interdependência do ser humano com o meio ambiente, em que se
sente dono do meio ambiente natural e não parte dele, que utilizam-no a fim de atender as
suas próprias necessidades de consumo e lucro. Segundo Carvalho (2006, p. 94):
A visão da natureza como domínio do selvagem, do ameaçador e do
esteticamente desagradável estabeleceu-se sobre a crença de que o progresso
humano era medido por sua capacidade de dominar e submeter o mundo
natural. Tal visão, que situa o ser humano como centro do universo, é
dominada pelo ecologismo como antropocêntrica.
Pelo exposto, é preciso desconstruir a visão antropocêntrica, na medida em que houver
a percepção do meio ambiente pelo homem em sua totalidade, ou seja, que a dicotomia
natureza/sociedade não tem mais sustentação. De acordo com Gutiérrez; Prado (2002), o
momento atual exige um pensamento global, uma dimensão holística, que estabelece
conectividade entre todas as relações existentes, entre seres vivos e não-vivos. Essa visão
integral do mundo, exige novas formas de viver. Nessa discussão, podemos afirmar que a
manutenção da vida no planeta está diretamente relacionada ao estilo de vida das sociedades
humanas, que perpassam pelos seus comportamentos, suas atitudes, que podem ser,
sobretudo, boas ou más em relação a “sua casa”, o planeta Terra.
Nessa perspectiva, em que se pressupõe nossa interdependência com o planeta Terra e
considerando a vida em todas as suas dimensões, está em formação um sujeito de valores e
atitudes éticas, que não seria visto como um conteúdo, mas a própria essência do processo
21
educativo. Nesse caso, precisamos ter em mente uma definição do que seja ética. Conforme
Oliveira; Borges (2008, p. 14):
A palavra grega ethos tem sido reinventada atualmente para que se possa
expressar a comunhão humana dentro do mundo. Na sua origem entre os
gregos, ela está ligada à vida na polis (cidade), lugar das tradições, valores,
místicas e religiosidade. Ethos liga-se à morada humana, e a sua
compreensão mais profunda remete à condição do homem como habitante de
um mesmo lugar, onde partilha a vida com outros seres humanos e, numa
visão mais atual, com outros seres vivos.
Considerando essas reflexões, o ensino de geografia na promoção da educação
ambiental, no contexto atual, apresenta condições de discutir em profundidade as atitudes, as
vivências, os sentimentos de pertença, relações de cuidado e veneração à Mãe-Terra. Em
conformidade com essa ideia, Gadotti (2000) afirma ser a Terra como Gaia, como Mãe.
Portanto, sabe-se que a relação do ser humano com o seu lar – a Terra – um lugar
comum de toda a humanidade, aparece numa situação de descaso e falta de cuidado. Não
obstante, diante da realidade em que se encontra a Terra, Boff (1999, p.13) afirma que:
Sonhamos com uma sociedade mundializada, na grande casa comum, a
Terra, onde os valores estruturantes se construirão ao redor do cuidado com
as pessoas, sobretudo com os diferentes, culturalmente, com os penalizados
pela natureza ou pela história, cuidado com os espoliados e excluídos, as
crianças, os velhos, os moribundos, cuidado com as plantas, os animais, as
paisagens queridas e especialmente cuidado com a nossa grande e generosa
Mãe, a Terra.
Baseando-nos no exposto, preconizamos a formação de um ser humano ético, regido
por ideias, responsável, solidário, que tem compaixão pelos semelhantes e pela natureza.
Gadotti (2000, p. 82) enfatiza essa necessidade ao defender que “[...] se não houver
comportamento ético, individual, institucional de buscar o bem comum e a solidariedade,
acabaremos aniquilando a nós mesmos (era do exterminismo)”. Nessa visão, sabemos da
importância que exerce o ensino de geografia na formação de um sujeito ecológico, que não
se constitui em apenas cumprir uma exigência da grade curricular da referida disciplina, mas
se dá sobretudo no nível das sensibilidades, dos sentimentos, das experiências afetivas do ser
humano com o meio ambiente.
No entanto, não se deve cometer o erro de interromper os conteúdos de geografia com
a finalidade de substituí-la pela educação ambiental, isto é, de tê-la como uma nova área do
conhecimento, como se fosse uma nova disciplina escolar. Segundo Reigota (2011, p. 82):
22
A educação ambiental correu o risco de se tornar, por decreto, uma
disciplina obrigatória no currículo nacional, mas o que os burocratas e
oportunistas de plantão não contavam era encontrar a resistência dos
profissionais mais conhecidos da área, evitando assim que se transformasse
em mais uma banalidade pedagógica, perdendo todo o seu potencial crítico e
questionador das nossas relações cotidianas com a natureza, artes,
conhecimentos, ciência, instituição, trabalho e com as pessoas que nos
cercam.
Nessa discussão, em que a educação ambiental poderia ser mais um componente
curricular no ensino, fortaleceu-se a necessidade de integralizar essa temática nas diferentes
áreas do conhecimento. Conforme Guimarães (1995), uma característica importante da
educação ambiental é a noção de totalidade, pois a compreensão e a ação equilibrada do
ambiente é preciso entendê-lo por inteiro e não fragmentado. Nesse contexto, a
interdisciplinaridade é proposta como uma prática de ensino apropriada ao conhecimento
amplo. Para Brasil (2001) a interdisciplinaridade questiona um saber segmentado, que não
leva em conta a inter-relação das diferentes áreas do conhecimento, como também questiona a
visão compartimentada, em que historicamente foram se constituindo as disciplinas escolares.
Ao destacar a importância do ensino de geografia na promoção da educação
ambiental, faz-se necessário o domínio teórico e metodológico que o professor deve possuir
em relação à referida disciplina e incorpore em sua vida os saberes, as práticas e
sensibilidades, que devem ser compatíveis com a formação de um sujeito ecológico. Em
conformidade com essas discussões, está em evidência a construção de um cidadão com senso
de responsabilidade ecológica, num amplo processo de transformações das relações entre
sociedade e ambiente.
É importante destacar que a geografia escolar é um campo de saber complexo e
dinâmico, em que a abordagem curricular sob a mediação do professor é uma condição
indispensável ao processo de ensino-aprendizagem. No que se refere à importância da
geografia para o estudo das questões ambientais, Pontuschka et al., (2009, p. 113) afirmam
que a “Geografia sempre demonstrou preocupação teórica com as condições ambientais,
mesmo antes dos movimentos ambientalistas surgidos, principalmente, nas décadas de 60 e 70
[...]”. Por conseguinte, sabemos que essa disciplina congrega em seu currículo, um “leque” de
conteúdos que podem estar relacionados aos temas ambientais.
23
1.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE GEOGRAFIA A PARTIR DOS PCNs
O ensino de geografia, nos dias atuais, apresenta em suas abordagens curriculares e
metodológicas uma estreita relação com as questões ambientais, com vistas a um ensino
voltado para a prendizagem do aluno, considerado como sujeito ativo na construção de seus
conhecimentos. Nesse sentido, faz-se necessária a construção desse campo do saber para o
entendimento da realidade atual e a obtenção de solução dos problemas que afetam o meio
ambiente e a sociedade como um todo.
Cabe, neste ponto, trazer em defesa de um ensino voltado pelas questões ambientais,
conforme Oliveira (1996, p. 77):
A educação no trato das questões ambientais, deverá pautar-se por uma
lógica de compreensão que permita caracterizar, com clareza os seus
propósitos e consequências, isto é, tornar claras as referências conceituais, as
estratégias e propostas metodológicas.
Baseando-nos no exposto, observamos que ao longo do percurso foram se
desenvolvendo os instrumentos e mecanismos necessários à promoção da educação ambiental
no âmbito do ensino escolar. Nessa discussão, podemos afirmar que a partir da década de
19902 foram surgindo novos horizontes na educação do país. Nesse período, houve a
reorganização atual da estrutura educacional brasileira, com a entrada em vigor dos
dispositivos legais3, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 9.394, de 20 de
dezembro de 1996) e foram definidos os novos Parâmetros Curriculares Nacionais4. Foi um
marco na reformulação de conteúdos das disciplinas e de estrutura curricular, em que no
desempenho da geografia escolar, preconizou-se o desenvolvimento do processo de
aprendizagem dos alunos e o melhor cumprimento da sua tarefa social.
Nessa discussão, Reigota (2014) afirma que houve muitos argumentos críticos em
relação aos PCNs, entre os quais está a dificuldade em definir um currículo nacional com um
2 É consenso que as políticas educacionais iniciadas nos anos de 1990 têm se constituído em ações verticalizadas
e implementadas de cima para baixo, ou seja, sem ouvir ou acatar o conhecimento produzido e acumulado ao
longo dos anos pelas mais diferentes comunidades científicas, educacionais e profissionais (STRAFORINI,
2011, p. 45). 3 Destacam-se, entre outros [...] o Programa Nacional do Livro Didático, o exame Nacional do Ensino Médio, as
Diretrizes Nacionais de Formação de professores da Escola Básica, a Resolução CNE/2002 e a Lei n. 11.274 de
2006, de ampliação do ensino fundamental para nove anos (CAVALCANTI, 2012, p.14) 4 Inspirado na reforma educacional da Espanha, o MEC se propôs a criar um só currículo para todo o território
nacional, como também, esse documento nacional de educação faz parte de um rol de seis temas transversais –
Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo (PONTUSCHKA
et al., 2009).
24
país de dimensões continentais e de grande diversidade social, cultural e ecológica. Além
disso, houve pouca participação de professores e pesquisadores da área educacional na
elaboração desses documentos. Não obstante, os PCNs constituem um documento oficial,
fazendo parte dos trabalhos escolares e até mesmo na construção do Projeto Político
Pedagógico das escolas, sendo uma ferramenta de apoio para educadores (PONTUSCHKA et
al., 2009).
No entanto, a partir da redefinição dos temas transversais e sua abordagem nos
currículos escolares, está em aberto novas propostas de ensino, que elevem a qualidade da
educação e a construção de uma escola voltada para a formação de alunos criativos,
participativos e responsáveis. Assim sendo, entraram na pauta das discussões as novas
propostas curriculares, que têm como foco, neste trabalho, conforme já esclarecido, o ensino
de geografia.
Para refletir acerca da reforma curricular espanhola e da brasileira, Gadotti (2000)
afirma que houve uma ampla discussão em relação às novas abordagens curriculares, que não
se restringiram apenas aos conteúdos das disciplinas, mas buscaram entender a
transversalidade e a interdisciplinaridade como saberes que, ao incorporarem-se às diferentes
áreas do conhecimento, seriam capazes de desenvolver nos alunos uma aprendizagem
significativa5 e, sobretudo, capaz de fazê-los adquirir novos modos de ser e de posicionar-se
ante os outros e a si mesmo.
Conforme a demanda por uma educação de qualidade a partir de novas práticas e
teorias, no amplo processo de ensino e aprendizagem, está em vigor uma nova proposta de
ensino, denominada de ecopedagogia. Segundo Gadotti (2000, p. 79) “[...] ela é uma
pedagogia para a promoção da aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana”.
Num contexto mais amplo, a incorporação dos princípios da ecopedagogia na educação
remete-se a uma nova concepção de conteúdos, em direção ao que seja significativo para os
alunos e também para a saúde do planeta.
Essas concepções apresentam intervenções singulares no processo de ensino-
aprendizagem da geografia, que passou a ser um componente curricular obrigatório na
educação básica. É importante ressaltar que, no processo dinâmico no ensino dessa disciplina,
os temas transversais devem ser contextualizados nos interesses e necessidades da maioria das
pessoas que, por sua vez, possibilite tratar das questões vividas cotidianamente. De acordo
5 De acordo com Ausubel, “aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação se
relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo” (MOREIRA; MASINI, 2001, p.
17).
25
com Reigota (2011, p. 81) a “[...] escola tem sido historicamente o espaço para a discussão e o
aprendizado de vários temas urgentes e da atualidade como resultado da sua importância na
formação dos cidadãos”. Diante disso, a busca de um entendimento didático-pedagógico na
promoção da educação ambiental encontra respaldo no tema transversal meio ambiente,
quando perpassa pelas diferentes disciplinas do contexto escolar.
Partindo de uma visão oposta, sabemos que não são todos os conteúdos curriculares de
geografia que cumprem rigorosamente com a promoção da educação ambiental; em
conformidade com isso faz-se necessário adotar o tema meio ambiente como ponto de partida
que, integrado aos conteúdos e objetivos geográficos, evitará em grande medida o aprender
por aprender (BUSQUETS et al., 1998). Nessa discussão, os conteúdos de geografia,
inclusive os direcionados às questões ambientais, precisam ter a visão de contemplar em suas
abordagens a realidade do aluno. A esse respeito, Dias (2004, p. 118) explica que “ [...] de
nada adianta ficar falando de efeito estufa, camada de ozônio, matança de baleias, destruição
da Amazônia, entre outros assuntos, se a realidade local não for considerada”.
Também, a respeito da abordagem dos conteúdos de geografia contextualizados com a
realidade dos alunos, Castellar; Vilhena (2010, p. 6) afirmam:
Ao tratarmos do domínio dos saberes, entendemos que não é só aplicá-los de
maneira mecânica em situações do cotidiano, mas compreendê-los para que,
na aplicação, haja sentido e coerência com a realidade, ou seja, articular as
referências teóricas com a prática.
A partir do exposto, quando se sentem sujeitos do processo, os alunos se tornam mais
entusiasmados e despertam interesse pelos conteúdos da disciplina. Conforme Cavalcanti
2012, p. 42) “[...] o aluno deve ter com esse meio (que são os conteúdos escolares) uma
relação ativa, como uma espécie de desafio que o leve ao desejo de conhecê-lo”. Portanto, ao
problematizar o cotidiano dos alunos, é possível superar os obstáculos para uma
aprendizagem que tenha significado para os mesmos. Diante disso, “[...] espera-se, em uma
prática de ensino mais dinâmica, que o aluno possa não só dar significado, mas compreender
o que está sendo ensinado” (CASTELLAR; VILHENA, 2010, p. 6).
Em meio às discussões que buscam compreender os PCNs, podemos enfatizar os
conteúdos do meio ambiente, que foram integrados às áreas de ensino numa relação de
transversalidade, de modo que estejam amplamente relacionados à prática educativa e, ao
mesmo tempo, criem uma visão global e abrangente da questão ambiental (BRASIL, 2001).
Conforme o documento supracitado, as diferentes disciplinas podem abordar seus conteúdos a
26
partir dos temas transversais e as escolas são espaços importantes para se trabalhar com essa
realidade de ensino.
Nessa perspectiva, a transversalidade, por definição, relaciona-se aos temas que
perpassam e atravessam diferentes campos do conhecimento, porém sem constituir novos
campos do saber disciplinar. De acordo com Pontuschka et al., (2009), os temas transversais
devem ser colocados em prática, de modo que os professores criem possibilidades para a
aprendizagem dos alunos, devendo ser interpretados como pontes entre o conhecimento dos
currículos escolares e o senso comum, em que ambos estejam articulados. Nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, encontra-se a seguinte definição sobre a abordagem dos temas
transversais nas diversas áreas do currículo escolar:
São questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a
realidade que está sendo construída e que demandam transformações
macrossociais e também de atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e
aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões (BRASIL,
2001, p. 26).
Pelo exposto, podemos afimar que os Parâmetros Curriculares Nacionais devem ser
instrumentos básicos para as abordagens dos temas de forma transversal, mas não suficientes
para produção das transformações mais urgentes. Essa realidade se efetiva mediante a
articulação que há entre os objetivos, conteúdos e orientações didáticas de cada área de ensino
e o tema transversal que se queira eleger para a aula e/ou a interrelação que deve haver entre
os mesmos. De acordo com Brasil (2001, p. 27) “[...] não se trata de que os professores das
diferentes áreas devam “parar” sua programação para trabalhar os temas, mas sim de que
explicitem as relações entre ambos e as incluam como conteúdos de sua área [...]”. Pretende-
se, assim, que os temas transversais atravessem os diferentes campos do conhecimento,
objetivando romper com a visão reducionista em que se constituíram os campos
epistemológicos das ciências.
27
2 SABERES NECESSÁRIOS À PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO
ENSINO DE GEOGRAFIA
O ensino de geografia, na atualidade, é provocado a corresponder ao movimento
dinâmico do mundo, em especial as transformações ocorridas nas dimensões ambiental,
tecnológica, econômica e política. Nesse contexto, é preciso desvendar novos caminhos que
se aproximem de uma proposição mais reflexiva e crítica, que desperte o interesse e a
motivação do educando para a aula de geografia, num amplo processo de construção do
conhecimento, contribuindo para a formação pessoal, intelectual e social.
No âmbito do desafio de atuar como professor de geografia, há necessidade de
compreender acerca dos avanços teóricos e práticos da referida disciplina, considerando que
nas escolas continua prevalecendo o ensino tradicional, mantendo-se fechado aos ditames do
livro didático, através da mera transmissão dos conteúdos, relacionado a um processo de
ensino mnemônico, descritivo e sem significado para a vida do aluno. Conforme asseverou
Kaercher (2000, p.137) “[...] propomos, então, um ensino não tão „formalizado‟ – a partir de
menos classificações, sem tantas nomenclaturas e memorização. O conteúdo não é o único
objetivo, é um caminho (e eles sempre são muitos) para se ir além dele.”
Compartilhando e defendendo o ensino de geografia na promoção da educação
ambiental, tornou-se necessário conhecer as condições “ideais”, que dizem respeito às
abordagens condizentes com o tema proposto neste trabalho. Portanto, ao realizar o
levantamento teórico da pesquisa, revelou-se inapropriado adotar as condições “ideais”, pois
diante do universo de possibilidades que caracteriza o ensino de geografia, na promoção da
educação ambiental, configura-se fundamental desvendar os saberes necessários na
perspectiva do ensino escolar, principalmente, quando se refere a relação professor e aluno.
Em conformidade com o exposto, Morin (2011, p. 30, grifo do autor) defende que
“[...] a mente humana deve desconfiar de seus produtos „ideais‟, que lhe são, ao mesmo
tempo, vitalmente necessários”. Dessa forma, pode-se afirmar que o ensino de geografia pode
ser dinâmico e inovador, que depende, sobretudo, das situações didático-metodológicas que o
professor adota para o processo de ensino-aprendizagem. Portanto, esta pesquisa sugere
alguns saberes relevantes e emblemáticos, visando instigar sobre o tema em pauta.
28
2.1 CAMINHOS METODOLÓGICOS SUGERIDOS
Os caminhos metodológicos aqui sugeridos estão fundamentados a partir da revisão
teórica sobre o ensino de geografia e educação ambiental que se destacam autores como
Pontuschka et al., (2009), Cavalcanti (2012, 2013), Guimarães (1995), Reigota (2010, 2011,
2014), Sato; Carvalho (2005). Deste modo, elegemos quatro tópicos que se constituíram um
importante enfoque deste trabalho. São eles: Cotidiano, interdisciplinaridade, Participação e
Relação local/global.
2.1.1 Cotidiano
O ensino de geografia, nos dias atuais, possui teorias e práticas que o professor precisa
conhecer e saber utilizá-las em seu ofício. Como mediador do processo de ensino, é
importante que o professor saiba que a aprendizagem dos alunos está vinculada aos saberes
que transitam entre os conteúdos da disciplina, bem como daquele conjunto de informações
que circulam cotidianamente no meio social, ou seja, os conhecimentos que fazem parte do
senso comum.
Ao referenciar essa discussão no ensino de geografia, focamos mais diretamente o
interior da sala de aula, mais especificamente na atuação direta do professor com a
aprendizagem do aluno. A esse respeito, consideramos que a aprendizagem se tornará mais
efetiva se houver a contextualização dos conteúdos da referida disciplina com o cotidiano do
aluno. Conforme Cavalcanti (2013), para se alcançarem os objetivos no ensino de geografia, é
importante que a abordagem dos conteúdos esteja vinculado ao cotidiano, em que a forma
rígida de ensino, através de informações prontas e acabadas do professor para o aluno, não
acabe prevalecendo, mas permita a construção de um conhecimento contextualizado com a
realidade.
Baseando-se nessa visão, aprender geografia torna-se mais atrativo e prazeroso, além
de proporcionar aos educandos as oportunidades para o seu desenvolvimento, que inclui
valores e atitudes em ação e reflexão. Ressaltanto o que afirma Cavalcanti (2012, p. 126),
“[...] trata-se de envolver os alunos em temas de seu interesse mais imediato, voltados para
suas práticas sociais [...]”. Considerando essa reflexão, podemos afirmar que a aprendizagem
é significativa quando a abordagem curricular (nesse caso, os conteúdos de geografia) está
articulada às informações que circulam livremente no cotidiano dos alunos.
29
Essas discussões sobre o ensino de geografia partem da tradição de um ensino
mecanicista, dissociado das práticas interacionais do cotidiano. Pelo exposto, é preciso
afirmar que “[...] há toda uma cultura escolar de transmissão de conteúdos
descontextualizados e sem abertura para relações entre disciplinas e o mundo cotidiano”
(COMPIANI, 2002, p. 180). Em contraponto a essa visão de ensino, é preciso repensar na
reestruturação das disciplinas nas útimas décadas. Tomando como referência o ensino de
geografia neste trabalho, podemos destacar as alterações das teorias e práticas, tendo em vista
que a educação é um processo em permanente construção; feita de avanços e recuos e
qualquer renovação da referida disciplina, deve-se considerar seu caráter dinâmico.
É necessário que o professor desenvolva, no âmbito do ensino de geografia, os
recursos didático-metodológicos, que despertem no aluno o interesse pelo tema, pela
conversa, pela busca de resolução, consequentemente pela própria disciplina. Considerando
essa realidade, é preciso que a referida disciplina mantenha distância do caráter teórico,
mnemônico, sem significado e alheio ao cotidiano do aluno. Pelo exposto, Guimarães (1995,
p. 40) afirma que: “[...] se, em uma aula, o educador se detiver apenas no conteúdo pelo
conteúdo, não o relacionando à realidade, estará descontextualizando esse conhecimento,
afastando-o da realidade concreta, tirando seu significado e alienando-o”.
Considerando que o lugar onde o indivíduo ou a sociedade se encontram acaba
constituindo relações singulares, entre as quais, podem-se elencar as vivências, as
experiências6, as percepções e as memórias. São, portanto, elementos importantes na
constituição do saber geográfico. Conforme Cavalcanti (1998), a construção do conceito de
lugar pelos alunos tem encontrado na Geografia Humanística7 uma grande contribuição,
sendo uma dimensão fundamental no permanente processo de conhecimento.
Pelo exposto, sabemos que os vínculos do aluno com o seu lugar estão relacionados à
qualidade e a intensidade das experiências, com os sentimentos e as imagens que se produzem
no cotidiano. Diante disso, podemos afirmar que as experiências vivenciadas em contato com
a realidade do aluno são necessárias para romper com o distanciamento existente dos
conteúdos no ensino de geografia, permitindo uma aprendizagem significativa. Nessa
reflexão, Tuan (1983) afirma que a realidade concreta de um lugar só é alcançada, se as
6 A “[...] experiência é um termo que abrange as diferentes maneiras através das quais uma pessoa conhece e
constrói a realidade [...] implica a capacidade de aprender a partir da própria vivência. Experenciar é aprender;
significa atuar sobre o dado e criar a partir dele [...] uma criação de sentimento e pensamento” (TUAN, 1983, p.
9 - 10). 7 A Geografia Humanística procura um entendimento do mundo humano através do estudo das relações das
pessoas com a natureza, do seu comportamento geográfico bem como dos seus sentimentos e ideias a respeito do
espaço e do lugar (TUAN, 1985, p.145).
30
nossas experiências com ele forem intensas e contínuas, ainda assim, devem-se suscitar os
cinco sentidos: audição, olfato, visão, tato, paladar, como pontos fundamentais, que propiciam
uma mente ativa e reflexiva.
Conforme já explicitado, o professor de geografia, como mediador do conhecimento,
pode construir com os alunos o próprio conceito de lugar. É a identidade dos indivíduos com
o lugar, que possibilita a compreensão do mundo vivido no ensino de geografia. Segundo
Cavalcanti (1998), durante o processo na construção de conhecimento, o discente já tem
formado a sua própria base subjetiva do conceito de lugar, além de permitir a identificação e
compreensão da geografia de cada um, leva-os a uma reflexão básica sobre a espacialidade
das práticas cotidianas.
Nessa discussão, o significado do termo lugar é organizado como um conceito
estático, se o mundo fosse visto como um processo, em permanente transformação, esse
mesmo conceito seria impossível (TUAN, 1983). Diante disso, podemos afirmar que cada
lugar tem seus objetos e símbolos e nele se coadunam as experiências e as vivências das
pessoas que encontram-se fazendo parte.
A própria vivência que têm os indivíduos com o seu lugar e o seu entorno, com a sua
vizinhança, a sua comunidade, faz com que as experiências sejam adquiridas. Conforme
Cavalcanti (2008), a moradia constitui o ponto de referência mais próximo que o aluno tem do
seu cotidiano, o seu lugar que lhe é mais familiar, ponto de convergência e privacidade, é o
seu próprio abrigo. Nessa perspectiva, podemos afirmar que apesar de uma sala de aula
congregar alunos com diferentes percepções sobre o lugar, a sua moradia constitui num ponto
de pouso, em que há um laço forte de identidade.
Durante a aula, o professor de geografia pode partir da própria realidade em que os
alunos vivem, considerando os diferentes lugares da cidade ou do meio rural e as mais
diversas concepções que os alunos têm sobre os mesmos. Segundo Cavalcanti (2013), é
possível que a abordagem sobre a cidade exerça um papel de grande relevância para o ensino
num momento em que o aluno vivencia a sua cidadania com fortes características do urbano,
sem desvencilhar-se das diferentes carcaterísticas do mundo rural.
Ao se enfatizar o cotidiano do aluno, é importante considerar as características
naturais que fazem parte da sua vivência, mesmo da mais imediata. No ensino de geografia, o
professor pode abordar sobre o perfil do solo, os diferentes tipos de rochas, formas diversas de
relevo, os cursos dos rios e sua periodicidade; embora todas essas informações sejam
importantes, é necessário que o aluno entenda as influências que terão esses conhecimentos
para a sua vida prática (MORAIS, 2013). Nesse sentido, as características físico-naturais estão
31
mais presentes no cotidiano de um aluno que vive num espaço rural do que um aluno que se
encontra na cidade. A apropriação desse conhecimento deve estar imbricada no processo de
ensino e aprendizagem, em que o professor deve abordar os conteúdos de geografia
relacionando-os a esses aspectos, identificando a realidade de vida dos alunos e fazendo as
intervenções necessárias.
A partir dessa exposição, é preciso afirmar que o lugar é onde efetivamente vivem os
indivíduos, onde o passado e o presente se revelam no espaço e na memória, onde as relações
de harmonia ou conflito são comuns, onde as pessoas se divertem e reivindicam as melhorias
necessárias ao exercício da cidadania. Em relação a isso, configura-se a compreensão de que o
professor, como mediador do processo de ensino-aprendizagem, deve ter conhecimento sobre
a realidade socioespacial em que vive o aluno, que enfrente o desafio de buscar o interesse do
mesmo para aulas de geografia, mas sabendo que as inter-relações com o cotidiano são um
saber necessário para o exercício de ensino.
2.1.2 Interdisciplinaridade
A organização do ensino escolar em várias disciplinas é instituída a partir de uma
visão de mundo fragmentária, reducionista e mecânica. A maior parte das ciências foi
consolidada num positivismo predominante, em que era acentuada a divisão sujeito e objeto.
De acordo com Trindade (1999, p.76):
A fé no modelo científico, fora do qual não há nenhuma verdade, foi o fator
limitante da concepção cartesiana e, no entanto, é ainda hoje, muito
difundida. Seu método, baseado no raciocínio analítico, alavancou o
desenvolvimento do pensamento científico. Contudo, por outro lado, acabou
provocando uma profunda cisão no nosso modo de pensar, gerando o ensino
disciplinar compartimentado.
Nessa discussão, sabemos que a visão compartimentada das diversas áreas do
conhecimento é fruto do paradigma científico moderno predominante no final do século XIX,
em que articular o conhecimento não era possível ao especialista. Conforme Paviane (2008)
surge a intersciplinaridade como uma teoria epistemológica que tende a superar a excessiva
especialização disciplinar surgida da racionalidade científica moderna. Os sintomas da crise
das disciplinas e do excesso de fragmentação8 do ensino, a interdisciplinaridade não dilui e
8 “A fragmentação do ensino em matérias não passa do reflexo do parcelamento sofrido pelas ciências, inevitável
à medida que sua complexidade aumenta e a especialização surge como uma necessidade; no ensino obrigatório,
32
nem cria disciplinas, mas é capaz de ampliar o trabalho disciplinar na medida em que
promove a aplicação do conhecimento de uma disciplina em outra.
Em conformidade com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio:
[...] a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou
saberes, mas de utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver
um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob
diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem uma função
instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável
para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos
(BRASIL, 1999, p. 34–36).
Isso evidencia que reunir várias disciplinas em torno de um mesmo tema não se
caracteriza num trabalho interdisciplinar, mas é necessária a articulação dos conhecimentos.
Para uma melhor compreensão sobre a interdisciplinaridade, o texto de Ferreira (1999, p. 33-
34) traz uma metáfora que ilustra bem a noção do termo: o conhecimento é uma sinfonia:
Para sua execução será necessário a presença de muitos elementos: os
instrumentos, as partituras, os músicos, o maestro [...] todos os elementos
são fundamentais, descaracterizando, com isso, a hierarquia de importância
entre os membros. Durante os ensaios as partes se ligam, se sobrepõem e se
justapõem num movimento contínuo [...] o projeto é único: a execução da
música. Apesar disso, cada um na orquestra tem sua característica, que é
distinta [...] também na construção do conhecimento a integração das muitas
ciências não garante a sua perfeita execução. A interdisciplinaridade surge,
assim, como possibilidade de enriquecer e ultrapassar a integração dos
elementos do conhecimento [...] mas não só integração, também de criação e
recriação de outros pontos para discussão [...].
Ao enfatizar o ensino de geografia a partir da exposição dessa metáfora, consideramos
que a interdisciplinaridade é inovadora e dinâmica, em que o ensino da referida disciplina seja
evocado ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, principalmente se houver a
articulação dos conhecimentos que abrangem o ensino escolar. Nessa perspectiva, os docentes
que trabalham em equipe e permitem a abertura para o diálogo, para o conhecimento
compartilhado, mesmo em meio às diferenças, fazem a interdisciplinaridade ser enriquecida
na sua prática e torna possível a integração das diversas áreas do conhecimento.
O trabalho que deve se desenvolver em sala de aula com a interdisciplinaridade,
Fazenda (1994, p. 86) faz a seguinte discussão:
porém, não faz nenhum sentido partir dessa fragmentação, pois ela dificulta a compreensão da realidade, que não
está parcelada na compartimentalização delimitada pelas diferentes disciplinas científicas” (BUSQUETS, et al,
1998, p. 58).
33
Numa sala de aula interdisciplinar a autoridade é conquistada, enquanto na
outra é simplesmente outorgada. Numa sala de aula interdisciplinar a
obrigação é alternada pela satisfação; a arrogância, pela humildade; a
solidão, pela cooperação; a especialização, pela generalidade; o grupo
homogêneo, pelo heterogêneo; a reprodução, pela produção do
conhecimento.
A sala de aula interdisciplinar é utilizada por professores que fazem do seu cotidiano
uma aprendizagem contínua, que a ação das suas atividades resulta de tempos de reflexões e
experiências na profissão, sabem que o interesse dos alunos pelas aulas está mais relacionada
ao seu domínio teórico e metodológico da disciplina do que um ensino voltado pela imposição
da sua autoridade.
Nessa perspectiva, podemos dizer que a interdisciplinaridade não compreende apenas
o encontro entre as disciplinas escolares, mas pode ser entendida pelo diálogo, pela parceria e
atitude entre os docentes. Sobre as atitudes de um professor interdisciplinar, Fazenda (1994, p.
82) diz:
Entendemos por atitude interdisciplinar, uma atitude diante de alternativas
para conhecer mais e melhor; atitude de espera ante os atos consumados,
atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo – ao
diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo mesmo –
atitude de humildade diante da limitação do próprio saber, atitude de
perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de
desafio - desafio perante o novo, desafio em redimensionar o velho – atitude
de envolvimento e comprometimento com os projetos e com as pessoas neles
envolvidas, atitude, pois, de compromisso em construir sempre da melhor
forma possível, atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de
revelação, de encontro, enfim, de vida.
Em conformidade com Trindade (2008) um professor interdisciplinar reconhece os
limites do seu próprio conhecimento, não se satisfaz com o que aprendeu, nem com o que
ensinou, mas tem compromissos para superar as próprias limitações. Nesse sentido, é
necessário o professor interdisciplinar se ater de toda experiência que já possui, reconhecer
que há velhas práticas de ensino que não podem deixar de existir, mas podem ser
ressignificadas.
Ao relacionar as práticas interdisciplinares ao cotidiano dos professores no contexto
escolar, Tavares ( 2008, p. 142-143) diz que:
34
É no ambiente de aprendizagem que o professor interdisciplinar exercita o
seu desapego, sua ousadia e suas possibilidades de cooperação e de diálogo.
É no dia-a-dia que esse professor utiliza como instrumental a sua própria
disposição de desaprender, de romper com sua prática rotineira, dogmática,
conservadora e prepotente. Num ato de humildade, parte para o exercício da
reflexão crítica sobre o conhecimento, e suas práticas pedagógicas são
construídas e transformadas com o outro.
Nessa perspectiva, podemos afirmar que um professor interdisciplinar é capaz de
construir “pontes” no intuito de unir, de encontrar e realizar as atividades pedagógicas
exigidas no âmbito escolar; por ouro lado, no cotidiano das escolas e do ensino podem ser
erguidos “muros” que separam, bloqueiam e atrofiam cada vez mais o conhecimento dos
principais sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Segundo Aigner (2003), muitas
vezes os trabalhos ditos “interdisciplinares” nas escolas resumem-se a juntar as disciplinas
sobre um único tema. Nesse caso, sem a articulação entre os conhecimentos, não há
interdisciplinaridade.
2.1.3 Participação
A participação é condição metodológica essencial para a promoção da educação
ambiental no ensino. Isso porque a tomamos como possibilidade expressa do exercício da
conquista de direitos ou da democracia, de mudança de conteúdo e da cidadania (DEMO,
1996).
No que se diz respeito à cidadania, é preciso compreender a construção histórica e
social dessa categoria ao longo dos tempos. Antes de tudo, é preciso afirmar que não existe
apenas uma cidadania. Segundo Dubet (2011, p. 290) “[...] ela muda segundo as épocas, os
países e as tradições e, sobretudo, ela não é homogênea, pois abrange várias dimensões mais
ou menos contraditórias entre si”.
A cidadania é historicamente um termo associado à vida na cidade, a partir dela, os
homens passaram a exercer seu papel nas sociedades com direitos e deveres. A sua origem
está ligada ao surgimento das primeiras cidades (polis-grega), entre os séculos VIII e VII a.C.
A partir de então, os homens livres com participação política debatiam os direitos e deveres
do conjunto de suas vidas em coletividade (COVRE, 1996).
Em conformidade com essas reflexões, Iberico (2014, p. 21) afirma que:
A primeira aproximação ocorre na Grécia Antiga, onde seu significado
clássico associava-se a um modelo de organização política que os gregos
35
criaram, as polis (Cidade-Estado). Eram cidades que se constituíam em
estados independentes com autonomia política, cultural e religiosa.
Na constituição dessa sociedade, a polis-grega possibilitava aos povos a tomada de
decisões sem persuasão e violência, no entanto a participação na vida democrática dessas
sociedades era parcial, pois ficavam de fora crianças, mulheres e escravos. Conforme Demo
(1996), a conquista da cidadania passa pela condição de ter direitos e deveres reconhecidos.
Entre todos os direitos, os ditos direitos humanos demoraram milênios para serem
conquistados e correspondem uma síntese de todos os direitos que os homens possam ter. No
lado dos deveres, há o compromisso dos cidadãos com a sociedade, que requer compromissos
e responsabilidades de todos que dela participam. Dessa forma, Gadotti (2000, p.133-134)
afirma que:
Cidadania é, essencialmente, consciência de direitos e deveres. Não há
cidadania sem democracia embora possa haver exercício não democrático da
cidadania. A democracia fundamenta-se em três direitos: direitos civis
(como segurança e locomoção); direitos sociais (como trabalho, salário justo,
saúde, educação, habitação, etc); direitos políticos (como liberdade de
expressão, de voto, de participação, em partidos políticos e sindicatos, etc).
Pelo exposto, embora haja um consenso em torno da cidadania, as formas de entendê-
la são bastante diferentes e até antagônicas. Sabe-se que, nos dias atuais, o fortalecimento da
cidadania está relacionado à possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres e
de ser responsável na defesa da qualidade de vida. No Brasil, a partir da formulação da
Constituição Brasileira, em 1988, floresceram os sinais da democracia com a conquista dos
direitos e da ampla participação dos diferentes segmentos da sociedade. No tocante ao direito
do cidadão à educação, ela foi a primeira Constituição Brasileira em enunciar tal finalidade.
Assim, está explicitado no seu art. 205:
A educação, direito de todos e o dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 2008).
Nessa concepção, a educação é amplamente direcionada para a cidadania, com
enfoque nas relações interpessoais, como o envolvimento da comunidade e da participação
ativa e responsável dos jovens com experiências que envolvam seu exercício dentro e fora do
espaço escolar. A esse respeito, Jacobi (2003, p. 203) afirma que:
36
A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e
sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação
em potenciais fatores de dinamização da sociedade e de ampliação do
controle social da coisa pública, inclusive dos setores menos mobilizados.
Trata-se de criar as condições para a ruptura com a cultura política
dominante e para uma nova proposta de sociabilidade baseada na educação
para a participação.
No presente estudo, devemos ressaltar a ampla participação dos diversos atores sociais
nos processos decisórios de interesse público, em que despertem interesse em solucionar os
diversos problemas que afetam a humanidade. Portanto, é importante que se desenvolvam
atitudes que exigem ética e responsabilidade pelo bem comum das pessoas e do bem-estar do
planeta, pois já é clarividente a desatenção do governo, que nem sempre se mostra preparado
para implementar políticas de desenvolvimento e inclusão social.
Nessa abordagem, podemos assegurar que a conquista da cidadania no âmbito da
educação é favorável ao desenvolvimento das pessoas. Conforme Boto (2012, p. 39), “[...]
quando educamos, certamente, propomo-nos a dirigir alguém para um certo „lugar‟ que
supomos ser melhor em relação as suas outras alternativas de formação”. Nesse sentido,
podemos afirmar que a educação desbrava caminhos para a conquista da cidadania, além
disso, é uma fortaleza para conseguir superar questões essenciais como as desigualdades
sociais, o respeito à diversidade cultural e às leis, o trato igual perante à justiça, entre outros.
Em conformidade com essas reflexões, podemos afirmar que o papel da educação é
fundamental para o desenvolvimento e a formação de cidadãos críticos, participativos e
responsáveis de sua atuação na realidade em que vivem.
Em conformidade com o exposto, todas as pessoas reconheçam seus direitos e deveres,
sendo que a educação é essencial para garantir o gozo desses direitos. Para Demo (1996, p.
52), “a educação é precisamente condição necessária para desabrochar a cidadania, com vistas
à formação do sujeito do desenvolvimento num contexto de direitos e deveres”. Desse modo,
podemos assegurar que a educação para a cidadania favorece o desenvolvimento de
capacidades e atitudes dos alunos, levando-os a entender a sua própria realidade e nela intervir
para a resolução dos problemas.
No âmbito dessas reflexões, Tomasevski (2004, p. 13) afirma que a educação opera
como efeito multiplicador, pois “[...] quando ela é garantida e respeitada há uma melhoria de
todos os outros direitos humanos. Porém, quando este direito é negado ocorre a anulação,
senão de todos, certamente da maioria dos direitos”. No entanto, é importante entender que
37
nem sempre a educação atendeu às necessidades que favorecessem a conquista da cidadania,
isto é, uma educação que estivesse a serviço integral do ser humano. É só recordar a educação
no contexto da Ditadura Militar, que teve um papel estratégico na propagação das ideias dos
seus governantes. De acordo com Silva (2006, p. 93-94):
Nesse período, cujo núcleo é a Ditadura Militar, o desenvolvimento e o
autoritarismo foram condições históricas, no contexto nacional [...] a
educação foi relegada a um segundo plano, em termos de qualidade, não de
quantidade, desvalorizando-se, igualmente, o trabalho intelectual [...].
Nesse momento do cenário político-econômico do Brasil, a conjuntura educacional era
voltada para a formação de técnicos e administradores, no intuito de suprir a demanda de
profissionais nas atividades industriais. Parte-se aqui do princípio de que a educação para a
cidadania no período mencionado era bastante variável e incerta.
Nos dias atuais, a educação é responsável pela formação dos indivíduos para a
cidadania, que é concebida desde a forma como o professor usa as metodologias e aborda os
conteúdos em sala de aula, até a participação na escola e fora dela, envolvendo a comunidade
com experiências que favoreçam seu exercício. Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB, Lei nº 9.394/96) preconiza como uma das finalidades da educação básica o
direito do educando à cidadania. Uma das menções é encontrada no Artigo 22, quando diz que
“[...] a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1997).
Essas concepções da educação, no contexto atual, condizem com as reformulações no
campo da educação brasileira na década de 1990, em que esteve na pauta das discussões a
elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais. No que diz respeito ao norteamento
educacional através dos PCNs, percebemos a estreita relação entre a educação e a conquista
da cidadania. Dessa forma, Brasil (1999, p. 11) menciona que:
A fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais, regionais,
étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla,
estratificada e complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo
de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente
igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado nos princípios democráticos.
Essa igualdade implica necessariamente o acesso à totalidade dos bens
públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos socialmente
relevantes.
38
Baseando-se no exposto, sabemos que a sociedade brasileira apresenta uma grande
diversidade cultural, social, política e econômica. Dessa forma, faz-se necessária uma
educação que contemple as diferentes peculiaridades existentes no país, pois um dos
princípios básicos da democracia está relacionado à conquista da cidadania por meio da
igualdade de direitos entre as pessoas. Nessa reflexão, podemos frisar o acesso aos bens
públicos, poder usufruir dos serviços básicos de qualidade, como educação, saúde, segurança
e o direito de ser livre no exercício pleno da cidadania.
Fica evidente nessa discussão que a sociedade tem um papel fundamental na conquista
da cidadania e o Estado daria as condições necessárias para a sua realização. De acordo com
Demo (1996, p. 23) “[...] os interessados, ou os desiguais, não são objeto da política social,
mas sujeito principal, aparecendo o Estado, ou qualquer outra instância, como instrumento de
promoção, de motivação, de colaboração, não como condutor e dono do processo”. Porém,
podemos afirmar que a participação é um processo de conquista, em que as responsabilidades
são partilhadas.
2.1.4 Relação local/global
A realidade do mundo atual é marcada pelo intenso processso de globalização que, por
sua vez, está relacionada às inovações no campo tecnológico das informações, comunicações
e transportes. Esse fenômeno é possível, na medida em que as redes e os fluxos trouxeram
uma maior conexão entre as diferentes partes do mundo, aproximando os lugares, encurtando
as distâncias, estabelecendo o encontro dos povos e suas peculiaridades culturais, políticas e
econômicas. Nesse contexto, houve trasnformações no modo de vida das pessoas, na medida
em que as inovações tecnológicas se expandiram pelo mundo e o acesso a elas foi se
efetivando.
Nessa discussão, ressalta-se que a invenção do computador é revolucionária e, no
momento atual, é considerada uma ferramenta indispensável pelo grau de importância que lhe
foi atribuído. Em conformidade com essas reflexões, o avanço tecnológico permitiu uma
maior integração entre os países, em que as fronteiras foram esvanecendo, contribuindo para
uma maior ligação e interdependência entre os mesmos. Segundo Santos (2006), o mundo
atual é marcado pela técnica da informação e comunicação, que são imprescindíveis à
39
interdependência entre os diferentes espaços. Essa realidade vai permitir a convergência do
momento e a ideia de encolhimento9 do planeta, acelerando ainda mais o processo histórico.
Percebemos que as tecnologias já são amplamente conhecidas e fazem parte do
cotidiano de muitas pessoas, elas são favoráveis à comunicação a longas distâncias e a difusão
de informações permitem que as empresas aumentem suas vendas pela internet, possibilitam
ao consumidor maior comodidade no ato de realizar suas compras e oferecem condições aos
estudantes de realizarem seus cursos on line.
Nas últimas décadas, houve uma expansão dos espaços da globalização. Ela pode
alcançar a qualquer parte do planeta, logo sua função é homogeneizadora. Nessa reflexão,
Cavalcanti (2012, p.48) afirma que “[...] no mundo contemporâneo, há uma complexificação
do espaço, que se tornou global. O espaço vivenciado hoje é fluído, formado por redes com
limites indefinidos e/ou dinâmicos, e ultrapassa o lugar de convívio imediato”.
Conforme Santos (2008, p. 314):
Essa é uma realidade tensa, um dinamismo que se está recriando a cada
momento, uma relação permanentemente instável, e onde globalização e
localização, globalização e fragmentação são termos de uma dialética que se
refaz com frequência.
Pelo exposto, podemos afirmar que os fatores sociais, políticos e econômicos de um
lugar podem ser um entrave ao desenvolvimento capitalista, como também, ao processo de
globalização. De acordo com Haesbaert; Limonad (2007), a homogeneização causada pelo
processo de globalização poderia dissolver as culturas e identidades locais. Porém, essa
realidade não se concretizou, o que se percebeu foi uma globalização seletiva a determinados
espaços, muitas vezes tendo por obrigação a se adaptarem às realidades locais.
Nesse momento em que a globalização é predominante, considera-se de grande
importância a compreensão sobre o lugar. Segundo Callai (2003, p. 64):
Num mundo em que tudo está globalizado e que a informação ultrapassa
todo tipo de fronteiras, encaminhando a que tudo se subordine a mesma
lógica, homogeneizando a tudo e a todos, torna-se fundamental resgatar a
construção da identidade e do pertencimento dos sujeitos. Nessa perspectiva
nada mais adequado do que estudar o lugar que se vive.
9 Foram necessários três anos para Magellan desse a volta ao mundo por mar (1519-22). Eram necessários ainda
80 dias para que um intrépido viajante do século XIX, utilizando estradas, trem e navegação a vapor, desse a
volta ao mundo. No final do século XX, o avião a jato circunda-o em 24 horas. E, principalmente, tudo está
instantaneamente presente, de um ponto do planeta ao outro, pela televisão, pelo telefone, pelo fax, pela internet
(MORIN, 2011, p. 58).
40
Com base no exposto, é conferida a ideia de pertencimento de um lugar e a identidade
que nele se constrói ao longo do tempo, contrapondo-se ao processo de globalização, que se
apresenta bastante complexo e dinâmico. Em relação a isso, sabe-se que é no lugar mais
próximo e conhecido do aluno, que há uma estreita relação com os seus pensamentos e
sentimentos, fazendo parte as experiências, as vivências e as memórias que se constroem. No
entanto, é preciso afirmar que a realidade espacial em que vive o aluno, nem sempre dispõe de
uma adequada infraestrutura, faltam moradias, empregos, áreas de lazer, além de
atendimentos básicos à população, como saúde e educação, entre outros.
Em conformidade com essas reflexões, Cavalcanti (2012, p. 48) ressalta que:
No mundo contemporâneo, há uma complexificação do espaço, que se
tornou global. O espaço vivenciado hoje é fluído, formado por uma rede de
limites indefinidos e/ou dinâmicos e ultrapassa o lugar de convívio imediato.
É, também, um espaço extremamente segregado e segregador, onde cresce a
cada dia o número de excluídos, de violentados, de desempregados, de sem-
terra, de sem teto.
De acordo com Santos (2005, p. 170) “[...] a ordem global busca impor, a todos os
lugares, uma única racionalidade. E os lugares respondem ao mundo segundo os diversos
modos de sua própria racionalidade”. No âmbito da globalização, cada lugar tem suas próprias
características, por isso é único para dar sentido à existência do indivíduo. Para Santos (2008,
p. 339) “[...] cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local,
convivendo dialeticamente”. Diante disso, é importante que leve sempre em consideração a
reciprocidade que deve existir entre as escalas local e global, ou seja, na maneira como essas
duas realidades interagem.
No que diz respeito a essa abordagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais de
geografia defendem que:
A entrada num tema pode ser feita tanto de uma forma como de outra. O
importante é que não se perca essa relação dialética na explicação, mesmo
porque, na realidade atual os meios de comunicação colocam a informação
de forma instantânea e simultânea. Portanto, apresentam o mundo onde a
dicotomia do local e global cada vez menos é percebida (BRASIL, 2001, p.
31).
Pelo exposto, sabemos que ao abordar os lugares vividos, familiares na sua relação
dialética com o não familiar, com o estranho à vivência, com os processos globais, pode ser
um arranjo de conhecimentos fundamentais ao ensino de geografia e propiciar, nessa
41
perspectiva, o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. De acordo com Compiani
(2002, p. 180), é “[...] preciso demonstar que é uma boa abordagem partir do local para o
geral, uma vez que a localidade encerra questões da globalidade e, a partir destas, pode-se
construir um vaivém entre o local e global, particular e geral, singular e histórico”.
Na visão de Massey (2000, p. 184) desvela-se “[...] um sentido de lugar que é
extrovertido”, ou seja, o lugar deixa de ser áreas isoladas do planeta e passa a ser analisado a
partir de sua relação com outros lugares. Nessa reflexão, é importante que o lugar seja
compreendido a partir das suas ligações com um mundo mais amplo e de forma positiva se
estabeleça a integração do local e o global. Ao referir-se a essa posição, Souza (2013, p.120,
grifo do autor) afirma:
É certo que é preciso avançar para além de Tuan e outros „geógrafos
humanísticos‟, da década de 1970, mas Massey, a despeito de sofisticação de
sua análise, não chega a esgotar a tarefa de colaborar para que se produzam
„anticorpos‟ capazes de nos defender de uma „simpatia exagerada‟ para com
os lugares.
Nessa discusão, cada local apresenta suas especificidades, com características que
conferem a esses espaços uma singularidade, mas o sentido desse lugar só é construído por
meio da ligação que tem com outros lugares. Conforme Massey (2000, p. 184), existe a
necessidade de “[...] consciência global do lugar”. Nessa visão, sabe-se que cada lugar encerra
em si mesmo suas próprias peculiaridades, mas a globalização permitiu que o lugar sofresse
influência de outros lugares. Segundo Santos (2008, p. 314) “[...] cada lugar é, a sua maneira,
o mundo”.
De acordo com Cavalcanti (2012), no âmbito do ensino da geografia, é preciso ter o
lugar como escala de análise de referência para compreender escalas mais amplas, ou seja,
deve-se ir do local ao global e deste ao local, caminha-se no sentido de dar significado aos
conteúdos geográficos para o próprio aluno, pois é no lugar que manisfesta-se elementos da
realidade mais ampla, que é global. Nessa perspectiva, Santos (2008, p. 321-322) afirma:
A localidade se opõe à globalização, mas também se confunde com ela. O
Mundo, todavia, é nosso estranho. Entretanto se, pela sua essência, ele pode
esconder-se, não pode fazê-lo pela sua existência, que se dá nos lugares. No
lugar, nosso Próximo, se superpõem, dialeticamente, o eixo das sucessões,
que transmite os tempos externos das escalas superiores e o eixo dos tempos
internos, que é o eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando,
definitivamente, as nações e as realidades de espaço e de tempo.
42
Diante disso, podemos dizer que encontrar no local as manifestações que se articulam
com o global é mais do que entendê-lo. É na verdade a admissão de que fazemos parte do
mundo e de que nele podemos realizar ações. Conforme Hissa; Corgosinho (2006, p.8) “[...]
o mundo está um pouco no interior de cada lugar”. Nesse caso, podemos afirmar que estudar
o local não é ignorar o global.
De acordo com Carlos (2009, p. 22) o lugar é um “[...] ponto de articulação entre a
mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta, enquanto
momento”. Assim, o lugar é visto como uma parcela do espaço, onde se dá a construção
social; além disso, este possui a dimensão concreta do real onde se encontra a totalidade e as
particularidades.
Na atualidade, a compreensão sobre o lugar perpassa para além das suas fronteiras,
tendo em vista a grande articulação entre o local e o mundial. De acordo com Carlos (2009,
p.15) “[...] a globalização materializa-se concretamente no lugar, aqui se lê/percebe/ entende o
mundo moderno em suas múltiplas dimensões, numa perspectiva mais ampla, o que significa
dizer que no lugar se vive, se realiza o cotidiano e é aí que ganha expressão o mundial”.
Conforme Santos (2008, p. 314), “[...] para apreender esssa nova realidade do lugar, não basta
adotar um tratamento localista, já que o mundo se encontra em toda parte”.
2.2 TEMAS GERADORES: PROPOSTAS CURRICULARES PARA UM ENSINO DE
GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A proposta da organização curricular por temas geradores é uma dimensão a ser
incoporada pelo ensino, é um dos caminhos para a geografia nos anos finais do ensino
fundamental na promoção da educação ambiental. Baseando-se nessa reflexão, Pontuschka et
al., (2009, p. 54) afirmam que o tema gerador “[...] é um objeto de estudo que permite a
compreensão do fazer e do pensar, a relação entre teoria e prática”. Nessa discussão, é
importante ressaltar que elegemos quatro temas geradores – Mãe-Terra; Clima e Cidadania
Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo sustentável, correspondendo um
para cada ano (do 6º ao 9º do ensino fundamental). Nessa discussão, a construção dos
conhecimentos em geografia a partir dos temas geradores, demonstra ser uma proposta de
ensino relevante ao desenvolvimento de uma aprendizagem significativa do aluno, que não se
limita apenas ao intelectual, mas perpassa também pelos sentimentos, emoções, experiências e
memórias construídas a partir do cotidiano.
43
2.2.1 Mãe-Terra
O surgimento do tema gerador está ligado aos conteúdos curriculares de geografia, que
consiste numa experiência de ensino desafiadora e inovadora à promoção da educação
ambiental. A partir dessa visão, elegemos para o 6º ano do ensino fundamental o tema gerador
Mãe-Terra. Portanto, tomando como referência os livros didáticos de geografia utilizados em
sala de aula, constata-se que a abordagem do tema Terra faz-se dissociada da realidade do
aluno e não prioriza a ideia de pertencimento e cuidado que as pessoas precisam manter
estabelecidas em relação à Terra, já que até o presente momento, é o único planeta capaz de
oferecer as condições favoráveis à sobrevivência.
Em conformidade com os conteúdos curriculares de geografia do 6º ano do ensino
fundamental, a Terra é considerada um dos planetas do Sistema Solar. Segundo Press, et al.,
(2006), o planeta Terra e outros astros se formaram acerca de 4,5 bilhoes de anos, quando
uma nuvem primordial de gás e poeira cósmica se condensaram. Aos poucos, a temperatura
da Terra começou a baixar e provocou a formação da crosta terrestre e, fortuitamente, dos
continentes. É importante dizer que a Terra já foi quente demais para abrigar a vida ou já foi
muito fria, com imensas camadas de gelo cobrindo sua superfície, ainda assim, demorou
muito tempo para que essas transformações ocorressem na Terra. Ao longo dos períodos,
houve a liberação dos gases mais leves do interior da Terra, que formaram grande parte da
atmosfera e dos oceanos.
No trajeto de evolução do planeta Terra, houve um inter-relacionamento entre as
“esferas”, o que determina o equilíbrio no planeta e o surgimento e desenvolvimento de várias
espécies de seres vivos. Nessa perspectiva, Press (et al., 2006, p.25) afirma que “[...] a Terra é
um lugar único, a casa de milhões de organismos, incluindo nós mesmos. Nenhum outro local
que já tenhamos descoberto tem o mesmo delicado equilíbrio de condições de manter a vida”.
Em conformidade com o exposto, a Terra apresenta uma distância em relação ao Sol, com
condições favoráveis de temperatura e umidade, que possibilitam a sobrevivência e a
evolução dos seres vivos.
Nessa discussão, podemos afirmar que no dia a dia da sala de aula, o professor de
geografia tem adotado o livro didático, como o principal instrumento na abordagem dos
conteúdos curriculares de geografia. Essa realidade no ensino de geografia acaba mantendo os
conhecimentos distantes da realidade dos alunos, tornando-se uma aprendizagem pouco
prazerosa e desinteressante à formação do aluno. Nessa perspectiva, os livros didáticos foram
elaborados e o professor de geografia passou a adotá-los rotineiramente em suas aulas, sem
44
maiores questionamentos e reflexões. No entanto, a abordagem dos conteúdos curriculares de
geografia devem estar associados aos interesses dos alunos. Para Kaercher (2000, p. 137) “[...]
eles devem construir conhecimentos, mas partindo de conteúdos. E não apenas os do livro
didático. Nem tampouco a sequência de conteúdos desses livros é a mais sensata”.
Em conformidade com essas reflexões, o professor de geografia pode elucidar em suas
abordagens curriculares sobre o surgimento de um novo paradigma sobre a Terra, para isso é
preciso nos distanciar da mesma no tempo e no espaço e entendê-la como um ser vivo. Em
conformidade com Gadotti (2005, p. 27), “a „hipótese Gaia‟10
que concebe a Terra como um
superorganismo complexo, vivo e em evolução, encontra respaldo na sua história bilionária”.
O planeta Terra, como Gaia, como Mãe. Conforme Capra (2002), ao olhar a nossa volta, a
imensa variedade de seres vivos, ou seja, toda vida biológica é formada por células, que
exercem funções indispensáveis à existência da vida sobre a Terra. Nessa visão, Gadotti
(2000) afirma que a existência de Gaia e a nossa própria vida estão ligadas inegavelmente à
incidência média sobre a luminosidade solar sobre a Terra, as condições são favoráveis à
estruturação dos ecossistemas e do desenvolvimento da vida. Portanto, somos seres habitantes
de um único planeta, a Terra, mas a nossa vida é interdependente do todo (BOFF, 1999).
Em conformidade com o exposto, Gutierrez; Prado (2002, p. 81) dizem:
A lógica do sentir, da percepção, do bem-estar nos conduz a
interdependência e relação harmônica com outros seres e nos revela o
verdadeiro sentido do que é o ser humano e de quais são suas funções dentro
do conjunto dos outros seres dos cosmos. A lógica da exclusão deve dar
passagem à auto-organização, à energia cósmica, à celebração da vida, ao
espírito criador e à convivência planetária.
Nessa discussão, só é possível entender a relação entre o ser humano e os outros seres
vivos do planeta, se a inclusão substituir toda forma de exclusão, em que tudo deve estar em
conexão e interdependente. Conforme Capra (2006, p. 49), há uma relação das partes para o
todo, e, assim diz “[...] os sistemas vivos são totalidades integradas cujas propriedades não
podem ser reduzidas às suas partes menores. As suas propriedades „sistêmicas‟ são
propriedades do todo que nenhuma parte tem”.
Amparados nas ideias de Gadotti (2005, p. 20):
10
“Um dos nomes da Terra na mitologia grega. O cientista James Lovelock chamou a Terra Gaia porque ela
mostra reações e formas de equilíbrio, própria dos seres vivos. Ele seria um superorganismo vivo”. (BOFF,
1999, p. 196).
45
Não aprendemos à amar a Terra lendo livros sobre isso, nem livros de
ecologia integral. A experiência própria é o que conta. Plantar e seguir o
crescimento de uma árvore ou de uma plantinha, caminhando pelas ruas da
cidade ou aventurando-se numa floresta, sentindo o cantar dos pássaros nas
manhãs ensolaradas ou não, observando como o vento move as plantas,
sentindo a areia quente de nossas praias, olhando para as estrelas numa noite
escura. Há muitas formas de encantamento e de emoção frente às maravilhas
que a natureza nos reserva.
Pelo exposto, é possível afirmar que as relações estabelecidas entre as pessoas, e
dessas com o ambiente, será capaz de compreender melhor o papel coletivo e individual de
viver uma relação permanente com o planeta Terra, é necessário senti-la em contato com a
natureza, com o ar, a água, o solo, as árvores e os animais. É na relação de ética e respeito que
temos com o ambiente e com as pessoas, dentro de uma perspectiva mais inclusiva e
humanizada, que a vida ganha sentido.
2.2.2 Clima e Cidadania Planetária
Considerando a construção do conhecimento no ensino de geografia, faz-se necessário
escolher temas geradores que estejam amplamente condizentes com a realidade social e
espacial do lugar em que vive o aluno. Conforme, Pontuschka et al., (2009), o tema gerador
apresenta condições favoráveis ao encontro dos conteúdos disciplinares com o senso comum e
torna o conhecimento ainda mais elaborado. Dessa forma, escolhemos o tema gerador Clima e
Cidadania Planetária, que nos aspectos que lhes são pertinentes, é amplamente favorável à
promoção da educação ambiental no ensino de geografia, mais especificamente no 7º ano do
ensino fundamental.
Ao refletir acerca da abordagem do tema clima no ensino de geografia, percebemos a
inevitável interrelação que se estabelece entre os aspectos naturais e sociais. Fugir a essa
percepção seria desprezar as reais possibilidades de se compreender a riqueza de nuanças que
compõem os conteúdos currículares da geografia.
No cotidiano da sala de aula, é bastante comum que o professor utilize o livro didático
de geografia como a principal referência no processo de ensino-aprendizagem. Nessa referida
prática tradicional na educação, o aluno é considerado um mero receptor dos conteúdos, ou
seja, recebe as informações que lhes são repassadas pelo professor, limitando-se a um
conhecimento descritivo e mnemônico, sem reflexões ou questionamentos para reproduzi-las
nas atividades avaliativas, como os exercícios, provas, testes, entre outros. Conforme
Pontuschka (2009, p. 342-343):
46
O livro didático de Geografia não pode apresentar-se como um conjunto de
informações sem nexos ou correlações [...] ele pode não contribuir para uma
produção de um conhecimento que ajude o aluno a enriquecer sua visão de
mundo mediante estudos geográficos.
Pelo exposto, sabemos que a aula de geografia que submete o aluno aos ditames do
livro didático, nem sempre corresponde às necessidades que o aprendiz apresenta no dia a dia
da escola, pois ensinar não é só transmitir conteúdos que devem ser assimilados pelos alunos,
mas deve-se ocupar da formação integral dos sujeitos no processo de ensino-aprendizagem.
Na abordagem dos conteúdos de geografia no ensino fundamental, os fatores naturais
como clima, solo, relevo, vegetação e rochas, são perspicazes à compreensão do aluno,
quando se pretende aprofundar nas análises físico-naturais do espaço geográfico. Dessa
forma, Morais (2013) afirma que as temáticas físico-naturais são importantes para a formação
do aluno, desde que as problemáticas estejam relacionadas ao seu cotidiano. Porém, é
importante que na promoção da educação ambiental no ensino de geografia seja superada a
visão naturalista de ambiente, na medida em que ele passa a ser concebido a partir da estreita
relação entre os aspectos naturais e humanos.
Nessa perspectiva, ressalta-se que o clima corresponde a um fenômeno natural, mas
em suas abordagens revela-se amplamente integrado aos aspectos sociais, políticos e
econômicos, e, por essa razão, aos “olhos” da geografia é possível identificar a diversidade de
nuanças que a abordagem do tema clima abarca.
Nessa discussão, é preciso afirmar que a abordagem do tema clima no ensino de
geografia tem possibilitado ao aluno uma compreensão muitas vezes generalizada, sem
estebelecer as relações com o lugar do educando. Partindo dessa percepção, daremos um
maior enfoque ao clima semiárido, com predomínio no Nordeste brasileiro, que entre suas
peculiaridades apresenta a seca como o fenômeno mais marcante da região. Em
conformidade com Medeiros Filho; Souza (1984), a seca do Nordeste é tão antiga quanto o
descobrimento do Brasil e apesar de ser um fenômeno ligado ao clima, também marcou
profundamente a sociedade que vive nessa região.
Pelo exposto, sabemos que a região do clima semiárido brasileiro se caracteriza pela
aridez do clima, com insuficiência e distribuição irregular das chuvas, com médias anuais
entre 268 e 800 mm, além das temperaturas elevadas e a forte taxa de evaporação, que
acabam levando à desperenização generalizada dos rios, riachos e córregos endógenos
(SILVA, 2003).
47
Por vezes, a forte influência dos aspectos naturais na região Nordeste é responsável
pelo fenômeno da seca, entre os principais está o El Niño. De acordo com Mendonça e Danni-
Oliveira (2007, p.189):
O El Niño é um fenômeno oceânico caracterizado pelo aquecimento
incomum das águas superficiais nas porções central e leste do oceano
pacífico, nas proximidades da América do Sul, mas particularmente na costa
do Peru. As correntes de águas quentes que ali circulam, em geral, na
direção sul no início do verão, somente recebem o nome de El Niño quando
a nomalia térmica atinge proporções elevadas (1º C) ou muito elevadas (de
4º C a 6º C) acima da média térmica, que é de 23º C.
Diante do exposto, mesmo caracterizando-se um fenômeno periódico, o El Niño
provoca secas de diversas intensidades na região Nordeste, principalmente, se entre os meses
de janeiro a abril, os índices pluviométricos forem abaixo do normal. De acordo com o que
Silva (2000, p. 61) diz “[...] estas condições sinóticas, quando atingem o Nordeste, provocam
longos períodos de seca com agravamento das condições sociais tanto nos grandes centros
urbanos, como no interior”. Portanto, o conjunto de fatores hidrológicos e sociais acaba
recebendo influência direta do clima semiárido regional. Ao referir-se a esse tipo de clima,
Ab‟Saber (2003, p. 85) diz: “muito quente e sazonalmente seco, que projeta derivadas radicais
para o mundo das águas, o mundo orgânico das caatingas e o mundo socioeconômico dos
viventes dos sertões”.
Nessa discussão, podemos afirmar que o fenômeno natural da seca não é o único
responsável pelas péssimas condições de vida da maioria da população que vive na região do
semiárido. Conforme Medeiros Filho; Souza (1984, p. 14) “[...] é necessário também que se
analise a estrutura econômica, social e política do próprio Nordeste a fim de se compreender,
em profundidade, quem realmente sofre as condições das secas”. Nessa discussão, podemos
afirmar que o agravamento da seca no Nordeste está relacionado à fragilidade de uma
estrutura rural profundamente desigual, sendo as principais vítimas das secas os pequenos
proprietários de terras. Para estes, as políticas de combate aos efeitos das secas serviram ao
staus quo, ou seja, mantê-los na mesma situação de pobreza.
Nos dias atuais, já existem condições para enfrentar os períodos prolongados de
estiagem, em que o desenvolvimento de tecnologias, já foi parcialmente implantados no
semiárido. Segundo Medeiros Filho; Souza (1984), apesar de mudar as técnicas de
enfrentamento aos efeitos da seca, os maiores favorecidos continuaram a ser os líderes
48
políticos da região, tornando os camponeses impotentes para mudar esta realidade
sociopolítica. Em conformidade com essa realidade, surge a expressão “indústria da seca”11
.
Parce não haver dúvida de que a seca se destaca mais como um problema histórico e
social, do que um índice pluviométrico abaixo do normal. A falta de ética e a responsabilidade
dos governantes, foram determinantes para o baixo nível de desenvolvimento social e
econômico do domínio climático do semiárido brasileiro. Nessa reflexão, é importante afirmar
que “[...] os líderes políticos da região não se esforçam para mudar essa situação de maneira
definitiva, porque estas políticas de combate às secas sempre vieram ao encontro de seus
interesses” (MEDEIROS FILHO; SOUZA, 1984, p.15).
Em conformidade com o exposto, é preciso afirmar que as atividades econômicas
desenvolvidas na sub-região do Sertão, como a agropecuária intensiva e a prática do
desmatamento são atividades intensamente impactantes ao meio ambiente, com forte ligação
ao intenso processo de desertificação12
. Muitas espécies endêmicas da vegetação caatinga
fazem parte da lista de exploração, principalmente no uso da lenha como fonte energética.
Conforme Alves (2015, p. 233) “[...] a biomassa natural explorada no Rio Grande do Norte
possui a lenha como principal fonte natural que, desde as primeiras fases da colonização, é
uma prática comum em áreas em exploração e ocupação”. Nesse caso, diante da falta da
cobertura vegetal, se acentuam os casos de assoreamento dos recursos hídricos pela perda das
matas ciliares, há impactos na temperatura e umidade do ar, além do lento processo de
recuperação do bioma caatinga.
Nesssa discussão, é importante afirmar que o semiárido brasileiro apresenta potencial
para o desenvolvimento socioeconômico, mas tem apontado questões preocupantes em
decorrência da origem dos impactos ambientais nessa região. Associados a essa realidade,
Silva (2003) afirma que os problemas do Nordeste estão diretamente relacionados ao aumento
da miséria nos períodos prolongados de seca, mas historicamente pela concentração fundiária
e a utilização dos recursos naturais, que têm marcado profundamente a realidade das pessoas
11
“Em todas as secas do Nordeste surgiu este tipo de “indústria”, cuja matéria-prima é a apropriação indébita
dos dinheiros públicos enviados para socorrer os famintos, ou o tráfego de influência em benefício dos
detentores do poder ou ainda a montagem de um sistema de exploração em cima de uma população exaurida nos
seus parcos recursos” (MEDEIROS FILHO; SOUZA, 1984, p. 90). 12
“O processo de desertificação que tem contribuído consideravelmente para o empobrecimento do Estado se dá
exclusivamente na região do Seridó. É um fenômeno de ordem mundial que afeta as regiões áridas, semiáridas e
sub-úmidas secas, que têm nas variações climáticas e nas atividades humanas os fatores principais do seu
desencadeamento. São diversos fatores que demarcam as características desse fenômeno, tais como:
irregularidade do regime pluviométrico, solos rasos, ventos secos e amplo fotoperiodismo e a interferência
humana mediante suas ações nas queimadas da cobertura vegetal, cultivo excessivo, uso inadequado do solo,
criação do gado extensiva, sobrepastoreio, irrigação inadequada, desmatamento para múltiplos fins, explosão
demográfica e mineração” (QUEIROZ, 2002, p. 60).
49
que dependem desse lugar para sobreviver. Nessa discussão, é necessário afirmar que a
concentração fundiária eleva a condição de miséria de grande parte da população que vive na
região do semiárido. Conforme , Otomar de Carvalho:
Assim, a estrutura agrária constitui uma das fontes básicas do atraso no
Nordeste Semiárido, em virtude de sua forte concentração nas mãos de um
pequeno grupo de proprietários de terra, impedindo sua utilização econômica
e social por quem queira e necessite fazer uso produtivo – os inúmeros
pequenos proprietários rurais (CARVALHO, 1988, p. 140).
Pelo exposto, os recursos encaminhados para solucionar os problemas sociais do
semiárido não priorizaram os pequenos agricultores, pois estes, são os que mais sofrem nos
longos períodos de estiagem. Portanto, a forma como as políticas de desenvolvimento da
região do semiárido foram conduzidas, levaram à exclusão social e aos elevados índices de
pobreza.
Ao se enfatizarem as políticas de combate à seca, importa destacar a relação perfeita
com o paradigma antropocêntrico13
. Diante disso, a modernidade afirmará o domínio humano
sobre a natureza. Gonçalves (2014, p. 33) afirma que “[...] é com Descartes, todavia, que essa
oposição homem-natureza, espírito-matéria, sujeito-objeto se tornará mais completa,
constituindo-se no centro do pensamento moderno e contemporâneo”. Nessa reflexão, é a
partir de Descartes e a descoberta do método científico, que influenciará decisivamente o
mundo moderno. A partir do domínio do método científico, o homem torna os mistérios da
natureza acessível, fazendo-se senhor e possuidor da mesma, utilizando-a para os fins que
desejar. Segundo Capra (2012, p. 51), “[...] o objetivo da ciência passou a ser aquele
conhecimento que pode ser usado para dominar e controlar a natureza e, hoje, ciência e
tecnologia buscam, sobretudo, fins antiecológicos”.
Na perspectiva do pensamento moderno, em que a natureza passou a ser um objeto
dominado e possuído, o combate à seca representa um modelo que expressa bem essa
realidade. Conforme Silva (2003, p. 373), “[...] a sua finalidade é domar a natureza, a seca, os
efeitos da seca”. Nesse contexto, sabemos que a “indústria da seca” era utilizada para fins
capitalistas, ou seja, a obtenção de lucro, que sob a condição miserável da grande maioria,
estava uma pequena elite privilegiada.
13
“O antropocentrismo, isto é, o homem passa a ser visto como o centro do mundo, o sujeito em oposição ao
objeto, à natureza. O homem instrumentalizado pelo método científico, pode penetrar os mistérios da natureza e,
assim, tornar-se „senhor e possuidor da natureza‟” (GONÇALVES, 2014, p. 33, grifo do autor).
50
Diante dos modelos que configuram o paradigma da modernidade, as políticas de
combate à seca se tornaram frustrantes. O combate aos efeitos da seca foi ineficiente e o
Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) alertava que as medidas de
curto e longo prazo não contribuíram para modificar os dados do problema. Diante disso,
sabemos que, nos dias atuais, o semiárido apresenta uma estrutura rural profundamente
desigual, com a imensa maioria da população dependente das políticas públicas sociais14
, que
são enviadas pelo governo federal. Portanto, é preciso afirmar que a destinação de políticas de
combate à seca, principalmente para os menos favorecidos, são recursos historicamente
utilizados para fins eleitoreiros (MEDEIROS FILHO; SOUZA, 1984).
Conforme já exposto anteriormente, é com bastante frequência, que tem sido discutido
acerca da elaboração dos livros didáticos e a concepção de conteúdos que por eles foram
adotados. Partindo dessas discussões, o professor de geografia tem utilizado o livro didático
como um mero guia para suas aulas, prendendo-se às amarras de um ensino, árido,
classificatório e distante da própria realidade dos alunos (KAERCHER, 2000). Nessa
reflexão, questiona-se o que está sendo ensinado e qual é a importância desse conteúdo para a
vida prática e a compreensão da realidade de vida do educando.
Em consonância com essa realidade, é preciso repensar a abordagem dos conteúdos de
geografia numa perspectiva inovadora, que no âmbito do 7º ano do ensino fundamental sejam
priorizados as relações éticas, respeitosas, inclusivas e solidárias entre as pessoas e dessas
com o planeta. Em conformidade com isso, surge o tema gerador Clima e Cidadania
Planetária. Conforme Gutiérrez; Prado (2002, p. 22) “Cidadania Planetária é uma expressão
que abarca um conjunto de princípios, valores, atitudes e comportamentos e demonstra uma
nova percepção da Terra como uma nova comunidade”. Essa percepção mostra que a Terra
apresenta condições de abrigar a diversidade, na medida que há possibilidade de pensar num
equilíbrio e sustentabilidade dos recursos que a natureza dispõe. Dessa forma, é preciso
afirmar que o planeta Terra encontra-se em estado de alerta, que a humanidade ainda não é
capaz de pensar e agir de maneira responsável diante dos limitados recursos naturais e nos
desequilíbrios ambientais que, nesse caso, são os países mais ricos e desenvolvidos do mundo
os principais agentes desse processo.
14
“[...] essas políticas afetam a situação social dos indivíduos, famílias e grupos sociais, induzindo melhorias na
qualidade de vida da população e, ao mesmo tempo, dadas suas dimensões, alteram a economia e a autonomia de
um país, o meio ambiente e o próprio patamar de democracia alcançado, tornando-se um elemento fundamental
para o processo de desenvolvimento nacional [...] sendo composta por um conjunto de programas e ações do
Estado que se concretizam na garantia da oferta de bens e serviços, nas tranferências de renda e regulação de
elementos do mercado” (CASTRO, 2012, p. 1012 – 1014).
51
Diante da crise ambiental decorrente do modelo de desenvolvimento econômico
capitalista15
, é urgente acelerar o processo de construção de um novo paradigma. O objetivo
desse paradigma implica o equilíbrio ético e responsável do ser humano consigo mesmo e
com o planeta, mais ainda, com o cosmo (GADOTTI, 2005).
Nessa discussão, surge uma nova ética global, que corresponde a uma dimensão
holística e capaz de promover novas atitudes e comportamentos das pessoas entre si e delas
com o planeta Terra. Um dos trechos constituídos na Carta de Belgrado (apud DIAS, 2004, p.
102), na Conferência da Ex-Ioguslávia em 1975, fez a seguinte discussão sobre necessidade
da ética global:
Uma ética que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e
sociedades, que sejam consonantes com o lugar da humanidade dentro da
biosfera; que reconheça e responda, com sensibilidade, às complexas e
dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza e entre os povos.
Pelo exposto, destaca-se a relação dinâmica e complexa da sociedade e da natureza a
partir de uma perspectiva ética. Partindo dessa reflexão, Gutiérrez e Prado (2002) afirma que
a sociedade exerce um papel fundamental nas questões ambientais, que perpassam pelas
obrigações éticas que nos vinculam tanto à sociedade, como à natureza.
Assim, podemos afirmar que ética traduz essa dimensão, que se estabelece a partir da
estreita relação que existe entre os seres humanos e o planeta Terra. Nosso planeta é um
sistema vivo, que a todo instante procura equilibrar-se e manter as condições de clima nos
padrões geossitêmicos e reponsável pela manutenção da diversidade de espécies que habita-o.
Conforme Capra (2006, p. 53) “[...] nenhum organismo individual pode existir isoladamente”.
Nessa discussão, é necessária numa concepção de mundo interligada e interdependente, em
que nenhum problema pode ser isolado, mas compreendido em totalidade. Nessa visão, o
novo paradigma denominado holístico16
ou ecológico, não dissocia o ser humano da natureza,
mas a ela se integra numa mesma escala de relevância (CAPRA, 1996).
15
“[...] um modelo de de desenvolvimento [...] em que o crescimento econômico se daria através da
concentração de renda nas mãos de um setor minoritário de alto poder aquisitivo [...] e da diminuição
significativa dos salários mais baixos (capaz de permitir o aumento da taxa média de lucro, de concentrar os
investimentos e de centralizar os capitais), bem como através da ampliação dos mercados externos e de „uma
política de claro comprometimento com os Estados Unidos e de aceitação aberta do papel fundamental do capital
estrangeiro‟ no desenvolvimento econômico do país” (SANTOS, 1995, p. 68, grifo do autor) 16
“A filosofia holística se fundamenta nas recentes descobertas da física quântica, que demonstrou essa
intimidade de tudo com tudo, embora isso já tenha sido enunciado pela dialética do século XX. O que a física de
hoje está mostrando é que a visão atomista de um mundo desconectado, não se sustenta mais” (GADOTTI, 2000,
p. 78).
52
Evidenciamos, portanto, que a noção de ética é ainda mais consistente dentro do tecido
complexo que é o social. Em conformidade com Gutiérrez; Prado (2002, p. 100) “[...] a partir
da convivência social, da convivência fundada nas ações com o outro como legítimo outro, é
que a ética surge e tem sentido”. Sabemos que, nos dias atuais, as interrelações entre as
pessoas precisam ser verdadeiras, em que a solidariedade, o respeito, o amor e o cuidado17
não venham apenas cumprir com padrões socialmente estabelecidas. Sob essa ótica, é
importante repensar a vida em totalidade, o forte elo estabelecido entre a humanidade e o
planeta, dos sentimentos de pertença e amor à natureza. Em consonância com o exposto, a
promoção da educação ambiental no ensino de geografia tende a possibilitar uma
aprendizagem significativa para os alunos, tendo em vista “[...] que promove a aprendizagem
do sentido das coisas a partir da vida cotidiana” (GUTIÉRREZ; PRADO, 2002, p. 24).
2.2.3 Desenvolvimento ético e solidário
Considerando o ensino de geografia na promoção da educação ambiental, mais
precisamente no 8º ano do ensino fundamental, desvelou-se a partir das contribuições
teóricas, que o tema gerador “desenvolvimento ético e solidário” apresenta um elenco de
conhecimentos, que no âmbito dessas discussões configurou-se necessário abordá-lo. Em
conformidade com essas reflexões, Pontuschka et al., (2009) afirma que o tema gerador
constitui-se uma proposta de construção dos conteúdos curriculares de geografia para o ensino
fundamental, mediante a postura avaliativa das teorias e práticas assumidas pelo professor no
contexto do ensino escolar.
Baseando-nos no leque de conteúdos de geografia, no 8º ano do ensino fundamental,
podemos ressaltar que o tema desenvolvimento tem se caracterizado bastante frequente, com
ampla associação aos aspectos econômicos e tecnológicos, embora, nas últimas décadas, a
proposta do desenvolvimento sustentável seja bastante evidenciada.
Nessa discussão, sabemos que na perspectiva do ensino de geografia, nos anos finais
do nível fundamental, é frequente atribuir-se ao livro didático a responsabilidade de garantir
os meios necessários para se atingirem os objetivos delineados pelo professor da referida
disciplina. Nessa visão, menospreza-se a riqueza das práticas e teorias que são capazes de
permitir a construção dos saberes no ensino de geografia, em que o conhecimento adquirido
pelo aluno, nem sempre contribui signiticativamente para a sua aprendizagem. Nessa
17
“Cuidar é mais que um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de
desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo com
o outro” (BOFF, 2009, p. 33)
53
discussão, Pontuschka et al., (2009, p. 343) afirmam que “[...] o livro didático deveria
configurar-se de modo que o professor pudesse tê-lo como instrumento auxiliar de sua
reflexão geográfica com seus alunos, mas existem fatores limitantes para tal”.
Nesse primeiro momento, faz-se necessário desvelar o tema desenvolvimento na
perspectiva do livro didático. Pelo exposto, podemos afirmar que a ideia de desenvolvimento
abordado pelos conteúdos curriculares de geografia, estabelece-se impregnada à visão do
domínio europeu ocidental, com relação direta com o projeto colonizador iniciado a partir do
século XV, em que gradativamente possibilitou a expansão comercial numa escala mundial.
Nesse contexto, vários Estados nacionais da Europa se beneficiaram dessa expansão, como
Portugal, Espanha, França, Holanda e Inglaterra (ANDRADE, 1998).
Esse processo de europeização pelo mundo é fruto de uma decisiva expansão
marítimo-territorial, que detinha uma forte estratégia militar, equipados com armas e
munições muito mais poderosas do que apresentavam os povos conquistados. Os europeus
acabaram conquistando as terras, em que impuseram seu projeto colonizador sobre os povos
dominados, destruindo seus valores, seus costumes, suas tradições e modos de vida. Nesse
período da história, as populações nativas foram submetidas aos interesses dos colonizadores,
que acabaram provocando a desestruturação da organização social que viviam, como também,
foram vítimas de um dos maiores genocídios da história. Em consonância com essa realidade,
podemos afirmar que, enquanto as colônias perdiam recursos, proporcionaram um grande
enriquecimento das metrópoles. De acordo com Reigota (2010), a conquista das novas terras
estava associada à ideia de desenvolvimento econômico, em que as nações colonizadoras
obtinham na monocultura agrícola e na exploração mineral a sua principal fonte de riquezas,
levando ao esgotamento ou extinção dos recursos naturais.
Refletir sobre o tema desenvolvimento nos aspectos econômicos, portanto, está
diretamente relacionado com o processo de divisão internacional do trabalho, em que as
relações de comércio entre os diferentes espaços do mundo se configuravam desigual18
. Em
conformidade com Andrade (1998, p, 66):
Em regiões superpovoadas e que já possuíam uma agricultura expressiva ou
que dispunham de recursos minerais de alto valor – ouro, prata, pedras
preciosas -, os europeus criaram colônias de exploração, impondo um
sistema de relações em que o habitante da terra passava a produzir
mercadorias para vender à metrópole e a comprar os produtos
metropolitanos; em outras áreas em que os habitantes eram pouco numerosos
18
“Entende-se por desigualdade a apropriação diferencial de riqueza (renda e bens) por parte de indivíduos e
grupos sociais distintos que se relacionam entre si” (CASTELLS, 1999, p. 96).
54
ou se encontravam em um nível cultural muito baixo, vivendo da coleta, da
caça e da pesca, os europeus criaram colônias de povoamento para onde
transferiram excedentes populacionais da Europa, promovendo a
escravização e o genocídio da população nativa.
Baseando-se no exposto, podemos afirmar que, antes da colonização, havia o processo
evolutivo da natureza e da produção para a sobrevivência das populações nativas; portanto, a
conquista pelos europeus dessas terras conduziu-os a produzir bens e mercadorias necessárias
ao abastecimento e ao comércio de suas nações, que estavam em outras áreas, ou seja, na
Europa.
A partir da segunda metade do século XVIII, a Inglaterra presenciou o advento da
Revolução Industrial, que de forma dinâmica expandiu-se para outros países do mundo. Foi
um ponto decisivo para as descobertas e avanços no campo da ciência e tecnologia que viriam
logo adiante, ocupando uma importância central na vida dos homens. Conforme Gonçalves
(2014), o surgimento da Revolução Industrial encontra na concepção cartesiana um terreno
fértil para germinar.
Conforme já exposto anteriormente, nesse contexto das transformações da vida em
sociedade, o ser humano passa a sentir-se o centro do mundo, como “senhor e possuidor da
natureza”, que tudo pode dominar. Nesse sentido, podemos afirmar que o paradigma ocidental
e antropocêntrico concebe a natureza como um sistema mecânico e morto e não um sistema
vivo (GONÇALVES, 2014). Essa concepção, fruto da filosofia cartesiana e da modernidade,
considera especificamente fundamental a oposição homem e natureza. A ideia de
desenvolvimento, nessa perspectiva, compreende que os recursos naturais devem ser
dominados e explorados ilimitadamente, tendo em vista a necessidade de produção e
consumo, condições indispensáveis ao mercado capitalista. Portanto, é próprio da tradição
ocidental esse modelo de desenvolvimento, que passa a crer “[...] num progresso material sem
limites a ser alcançado através do crescimento econômico e tecnológico” (CAPRA apud
GADOTTI 2000, p. 79).
Partindo dessas reflexões, sabemos que muitas atividades estão associadas à indústria,
é o caso dos fornecedores de matéria-prima e energia, que abrem oportunidade de emprego e
qualificação, geram desenvolvimento para o comércio e serviços, além dos fluxos de
transportes e comunicação (ANDRADE, 1998). Sob essa ótica, podemos afirmar que muitos
países industrializados estão na vanguarda do desenvolvimento e muitos que não são se
tornaram dependentes deles, configurando-se em países subdesenvolvidos, com baixos índices
de qualidade de vida e uma elevada concentração de renda. Esses fatores estão diretamente
55
relacionados ao aumento da miséria, principalmente no grupo de países subdesenvolvidos. No
âmbito das discussões, enfatiza-se a preocupação em torno dos impactos ambientais gerados a
partir da atividade industrial que, nas últimas décadas, ganharam proporções alarmantes,
configurando-se como um dos maiores responsáveis pelo esgotamento dos recursos naturais e
pela poluição do ar, da água e do solo. Em conformidade com Reigota (2010, p. 57):
O desenvolvimento industrial não se fez acompanhar de melhorias na
remuneração, nas condições de trabalho ou no nível de vida do operariado
(inclusive feminino e infantil) e trouxe consigo os problemas de poluição em
geral, assim como o êxodo rural ocasionado pelas crises na agricultura. Com
isso a qualidade de vida da população atinge níveis catastróficos.
No âmbito dessas discussões, podemos afirmar que o processo de industrialização
favoreceu ao desenvolvimento econômico e tecnológico de vários países do mundo, mas
contribuiu para o aumento irracional da miséria, das injustiças sociais, da violência, da falta
de emprego, das condições inadequadas de trabalho e salário. Esse modelo de
desenvolvimento voltado para a produção industrial também evidencia a degradação do meio
ambiente natural, trazendo intenso esgotamento dos seus recursos, como a escassez da
matéria-prima, alimentos e recursos energéticos, que se fossem utilizados adequadamente, não
comprometeria que as gerações futuras viessem atender as suas necessidades.
Pelo exposto, podemos afirmar que o modelo de desenvolvimento concebido, nas
sociedades capitalistas, é aquele que tem como contexto a ideologia do progresso, que se
refere sempre a um padrão de industrialização e consumo, com elevados níveis de degradação
dos recursos naturais. Partindo dessas reflexões, o crescimento econômico ou tecnológico se
fez às custas do aumento da injustiça social, com a concentração de renda e/ou patrimônio nas
mãos da minoria, enquanto a grande maioria da população estava sujeita às péssimas
condições de trabalho e da qualidade de vida. Para Gonçalves (2014, p. 117) “[...] hoje é
comum falar-se no Brasil de capitalismo selvagem, é importante lembrar que inicialmente
também na Europa e nos Estados Unidos as condições que o capitalismo impôs aos
trabalhadores e ao meio ambiente foram extremamente duras”.
Em conformidade com essa via de desenvolvimento, defende-se que uma melhor
qualidade de vida é alcançada pelo acúmulo de bens materiais e riquezas e, sobretudo, este é
único caminho capaz de gerar a felicidade e o bem-estar dos indivíduos. Portanto, essa
realidade configura-se inapropriada aos novos desafios que a ecologia nos coloca hoje, pois
essas metas de desenvolvimento só fizeram aumentar casos de miséria, violência, desemprego
56
e degradação ambiental. Nessa perspectiva, Souza (2013, p. 270) afirma que “[...] podem até
permitir que se fale em „desenvolvimento econômico‟ capitalista, mas não de
desenvolvimento sócio-espacial”. Nessa discussão, considera-se o desenvolvimento
econômico, mas é preciso enxergar para além dele.
O desenvolvimento deve estar relacionado, sobretudo, com a melhoria da qualidade de
vida das pessoas e da liberdade que elas desfrutam. Amparados pelas ideias de Sen (2000, p.
29):
Um número imenso de pessoas em todo o mundo é vítima de várias formas
de privação de liberdade. Fomes coletivas continuam a ocorrer em
determinadas regiões, negando a milhões a liberdade básica de sobreviver
[...] além disso, muitas pessoas têm pouco acesso a serviços de saúde,
saneamento básico ou água tratada, e passam a vida lutando contra uma
morbidez desnecessária, com frequência sucumbindo à morte prematura.
Nessa concepção, a pobreza precisa ser vista não apenas pelo baixo nível de renda
entre as pessoas, mas um problema social diretamente relacionado à falta de melhorias nos
serviços de saúde e educação, à ausência das participações democráticas, dos parcos recursos
investidos nas áreas de infraestrutura e saneamento básico.
Direcionando o tema desenvolvimento para o ensino de geografia na promoção da
educação ambiental, concebemos ao tema gerador “desenvolvimento ético e solidário”, como
sendo estritamente viável a essas abordagens. Isso indica que se deve partir das necessidades,
nos dias atuais, da valorização da integração das relações humanas, permitindo uma maior
inclusão, tendo compaixão pelo sofrimento e necessidades dos seres vivos. A esse respeito,
Gadotti (2000) reforça que o desenvolvimento ético e solidário constitui-se numa virtude
necessária à sobrevivência do planeta e dos seres que nele habitam.
No âmbito dessa discussão, Boff (1999, p. 138) esclarece melhor a noção sobre
desenvolvimento:
[...] o desenvolvimento social visa melhorar a qualidade da vida humana
enquanto humana. Isso implica em valores universais como vida saudável e
longa, educação, participação política, democracia social e participativa e
não apenas representativa, garantia de respeito aos direitos humanos e de
proteção contra a violência, condições para uma adequada expressão
simbólica e espiritual.
Partindo dessa concepção, podemos afirmar que a construção coletiva da sociedade
dar-se-á a partir de uma maior integração coletiva do social, contribuindo pela construção de
57
valores sociais, como a solidariedade e a ética, a compaixão pela Terra e todas as suas mais
variadas formas de vida, criando estratégias de convivência e cordialidade nas relações
humanas. Sobretudo, numa sociedade em que o sistema capitalista hegemonizado pelo
acelerado desenvolvimento tecnológico e pelas relações competitivas de mercado estabelece
condições de crescimento num ritmo perigoso de desequilíbrio e insustentabilidade.
Em conformidade com o exposto, Morin (2011, p. 60) posiciona-se acerca do tema
desenvolvimento:
Concebido unicamente de modo técnico-econômico, o desenvolvimento
chega a um ponto insustentável, inclusive o chamado desenvolvimento
sustentável, é necessária uma noção mais rica e complexa de
desenvolvimento seja não somente material, mas também intelectual, afetiva,
moral...
Baseada nessa visão, a Comissão Brundtland em 1988 institui a teoria do
“desenvolvimento sustentável”, em que o referido evento elaborou a seguinte concepção
sobre esse tema: “[...] o Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do
presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias
necessidades” (DIAS, 2004, p 120). Podemos afirmar que, constituída essa ideia de
desenvolvimento sustentável, considera-se na prática uma “fórmula vazia” (ALTVATER,
1995). Portanto, não se pode pensar em crescimento sustentável num capitalismo em que o
lucro é a sua principal meta, numa sociedade em que as riquezas são concentradas e mal
distribuídas, em que há exploração do trabalho, numa sociedade em que é comum a
convivência com o desrespeito e a exclusão social.
De acordo com Gadotti (2000, p. 60-61, grifo do autor) “o desenvolvimentismo levou
a uma „agonia do planeta‟”. No entanto, essa ideia de desenvolvimentismo a partir de uma
visão predatória precisa ser repensada, pois como já exposto anteriormente, uma economia
baseada no lucro, pelo acúmulo ilimitado de bens materiais, pela exploração do trabalho não é
capaz de levar a um crescimento sustentável. Para Gadotti (2000, p. 61), o desenvolvimento
sustentável “[...] só tem sentido numa economia solidária, numa economia regida pela
compaixão e não pelo lucro”. É nessa perspectiva que o tema gerador “desenvolvimento ético e
solidário” deve germinar, com vistas a tentar ressignificar os conteúdos curriculares de
geografia. E essa concepção se torna ainda mais complexa e dinâmica à medida que são levadas
em consideração as teorias e práticas do ensino geografia na promoção da educação ambiental,
tarefa eleita como ponto central deste trabalho.
58
2.2.4 Consumo Sustentável
Acerca das abordagens dos conteúdos de geografia no 9º ano do ensino fundamental,
evidenciamos necessário no desenvolvimento deste trabalho dar um maior enfoque para o
tema consumo19
, principalmente, quando se refere ao ensino de geografia na promoção da
educação embiental. Considerando a “sociedade de consumo”20
em uma perspectiva crítica,
podemos afirmar que ela não é igual para todos, podendo variar conforme a cultura, a política,
a economia e o modo de vida das sociedades. Nessa discussão, Andrade (1998, p. 41) afirma:
A capacidade de consumo e produção varia consideravelmente de uma
sociedade para outra, no tempo e no espaço, conforme o tamanho
populacional, o nível técnico, a distribuição de renda, o poder aquisitivo e a
maior ou menor tendência de consumo.
Percebemos, nessa ótica, que apesar de o consumo ser uma prática individual, deve-se
ter com isso, o reflexo da evolução histórica do homem, que corresponde ao modo de
produção, trabalho e consumo, que se constata no modo particular de viver de cada época, de
uma cultura e de uma organização sociopolítica e econômica.
Em conformidade com o exposto, os Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecem a
relação do tema consumo a partir de dois aspectos:
O primeiro das necessidades de sobrevivência. A produção e o consumo
como soluções pensadas para resolver problemas. O segundo, discutir a
sociedade consumista, sua face perversa e devoradora dos recursos naturais
(BRASIL, 2001, p. 48).
No âmbito das discussões, é importante que o professor de geografia, como mediador
do processo de ensino e aprendizagem, deve perceber as diferentes nuanças que o tema
consumo abrange. Partindo dessa reflexão, o ato do consumir é uma característica própria da
sociedade em que vivemos, em que há necessidades primárias ou básicas que devemos
satisfazer para subsistir. Dessa forma, priorizamos atender às necessidades mais urgentes,
como alimentos, vestuários, remédios, habitação, transportes, entre outros. Por outro, o
consumo pode se tornar um problema, quando a sociedade passa a gerar necessidades,
19
“O simples „consumo‟ é entendido como as aquisições racionais, controladas e seletivas baseado em fatores
sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras” (CORTEZ, 2009, p. 35). 20
“Diante dessa realidade da sociedade de consumo, o indivíduo enfrenta uma dupla problemática: por um lado
é um indivíduo potencialmente consumidor e, por outro, um indivíduo imerso em um meio social de consumo, à
margem do fato de atuar ou não como consumidor” (BUSQUETS, et al, 1998, p. 110).
59
relacionadas ao conforto e bem- estar. Nessa visão, o consumo não existe para suprir as
necessidades básicas, mas trata-se de criar uma necessidade e, ao consumir, estimulamos a
produção do mercado capitalista, que abriga em si uma pluralidade de consequências e riscos,
em especial ao meio ambiente. Além do uso irresponsável dos recursos naturais, as sociedades
atuais geram excessivas toneladas de lixo, que se não houver um tratamento adequado, pode
acarretar em graves consequências para a vida dos seres vivos, inclusive a do ser humano.
Baseando-se no exposto, Busquets, et al (1998, p. 112) defende que:
Assim, enquanto um número considerável de pessoas não pode suprir suas
necessidades mínimas (pessoais, familiares, comunitárias, trabalhistas...),
outros setores impera o desejo de superar o eventual nível pessoal de status
e de bem-estar, através da constante expansão da capacidade de consumir.
Dessa forma, é importante ressaltar que, na sociedade de consumo, o indivíduo
enfrenta uma dupla realidade, uma que o mesmo apresenta um amplo poder de consumo e,
por outro, um indivíduo imerso em um modelo social de consumo, sem que necessariamente
atue como consumidor. Tal afirmativa é ratificada por Brasil (2001, p. 48), quando enfatiza
que há “[...] a divisão do mundo em segmentos que têm acesso aos benefícios de tecnologias e
participam de um mercado altamente consumidor e os segmentos excluídos que não têm
acesso nem mesmo às necessidades básicas”.
De acordo com Cortez (2009, p. 37):
Com a expansão da sociedade de consumo, amplamente influenciado pelo
estilo de vida norte-americano, o consumo transformou-se em uma
compulsão ou vício, estimulados pelas forças do mercado, da moda e da
propaganda. A sociedade de consumo produz carências e desejos, tanto
materiais quanto simbólicos, e os indivíduos passam a ser reconhecidos,
avaliados e julgados por aquilo que consomem, vestem ou calçam, pelo carro
e pelo telefone celular que exibem em público.
Em conformidade com o exposto, podemos afirmar que o desejo de consumo é
estimulado proporcionalmente por meio da televisão e outros veículos de comunicação, que
nos induzem a comprar a maior quantidade possível de mercadorias e, implicitamente, torná-
las obsoletas no menor tempo possível, substituindo-as pelo que a publicidade diz estar na
moda.
A partir dessa exposição, os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem que:
60
A publicidade é mais do que uma simples forma de divulgar um produto ou
um serviço para torná-lo conhecido do público e, portanto, vendável. Além
de produtos e serviços, por meio da publicidade, divulgam-se estilos de vida,
padrões de beleza e comportamento que traduzem determinados valores e
expectativas (BRASIL, 2001, p. 392).
Dessa forma, a publicidade cumpre um papel relevante na sociedade contemporânea,
quando a sua meta é despertar o desejo dos indivíduos para o mundo ilusório das compras. No
âmbito dessas discussões, Leão e Leão (2012, p. 26) afirma que “[...] diante de tantas
informações e em face da falta de tempo para que possamos processá-las, acabamos buscando
a explicação mais fácil, o que certamente nos levará a grandes equívocos”.
Nas economias capitalistas modernas, os bens de consumo produzidos pelas indústrias
passaram a ser símbolos de poder, além de serem indicadores de posição social dos
indivíduos, levando-os a pensar que a conquista da felicidade perpassa sempre pelas compras
(CORTEZ, 2009). Nessa visão, a medida do sucesso está na quantidade de objetos caros que
um indivíduo é capaz de possuir, que, na maioria das vezes, identifica-o com um seleto grupo
de pessoas, que fazem uso dos mesmos objetos, além de possuir padrões de vida semelhantes.
Nessa reflexão, podemos afirmar que o consumo pode levar as pessoas a se sentirem
melhores e mais felizes, uma sensação de conforto e satisfação pelo desejo realizado. De
acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:
A posse de determinados objetos liga-se imagens de amor, de poder, de
segurança, de esperança, de riqueza, indo além do seu papel de preencher
determinada função ou necessidade, provocando o crescimento de
expectativas, criando e manipulando desejos (BRASIL, 2001, p. 353).
Baseando-nos no exposto, Cortez (2009) afirma que a publicidade tem o poder de criar
necessidades e novos padrões de consumo, pois além de roupas, sapatos, bolsas, perfumes,
também preza-se pelo valor simbólico da marca que está associada a esses produtos, em que
muitas delas espalhadas pelo mundo, tornaram-se objetos dos desejos, que muitos indivíduos
não medem esforços para conquistá-los. É necessário ressaltar, portanto, que as
disponibilidades econômicas nem sempre são suficientes para os indivíduos comprarem os
produtos que tanto almejam. Nessa visão, Busquetes et al. (1998, p. 112) afirmam que:
É preocupante a sistemática frustração de amplos grupos sociais, aos quais é
oferecido como espetáculo fascinante e atraente um mundo de consumo que
não tem acesso. As expectativas crescem mais rapidamente que as
possibilidades de satisfazê-las.
61
Conforme já exposto anteriormente, o surgimento do tema gerador é inovador no
ensino de geografia, na medida em que o campo das teorias e práticas da referida disciplina
configuram-se abrangentes. Nessa perspectiva, é concebido o tema gerador “consumo
sustentável”, que apresenta uma ligação direta com a noção de cidadania planetária, que “ [...]
é por essência uma cidadania integral, portanto, uma cidadania ativa e plena não apenas nos
direitos sociais, políticos, culturais e institucionais, mas também econômico-financeiros”
(GADOTTI, 2000, p.159-160).
Em consonância com essa realidade, sabemos que o ensino de geografia, na promoção
da educação ambiental, é capaz de proporcionar aos discentes uma aprendizagem significativa
dos conteúdos, que além de contextualizá-los à sua realidade de vida, dá-se a oportunidade de
reconhecer o seu papel de consumidor21
situado numa sociedade de consumo sustentável, que
além de desenvolver o nível das suas sensibilidades, preconiza-se pela formação de um sujeito
crítico, responsável e solidário, destinado à transformação da realidade.
No âmbito dessas discussões, defendemos que o consumo já é um estilo de vida
impregnado nas pessoas, principalmente nas que vivem em países de economia capitalista
ocidentais. Em consonância com essa realidade, sabemos que é possível viver melhor nessas
sociedades, de uma forma que o consumidor não cumpra apenas com o papel de suprir as
necessidades que a publicidade tem o poder de criar, mas que preza pela formação de um
consumidor sustentável, que perpassa por um consumo simples e equilibrado, a partir da
incorporação de novos hábitos de consumo.
Amparados nas ideias de Gadotti (2000, p. 108):
A civilização da simplicidade implica uma profunda reeducação de nossos
hábitos, principalmente dos nossos hábitos de consumo. Não há como
construir uma sociedade de iguais sem ela. Não se pode construir uma
economia solidária baseada na extensão a todos de um modo de vida
insustentável.
Em conformidade com essa discussão, é preciso afirmar que o consumo está
diretamente relacionado ao comportamento das sociedades, principalmente as que vivem no
mundo capitalista ocidental. Assim, é preciso destacar que existem formas de consumo que
21
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais “[...] consumidor é toda pessoa que compra um produto
ou paga pela realização de um serviço. Consumir não é só uma relação entre particulares. Ao utilizar água, luz e
transporte coletivo, os serviços de saúde ou educação, consome-se um serviço público, pago por todos nos
impostos diretos e indiretos. Consumir é ter acesso não só aos bens primários de subsistência, mas também
ususfruir dos desenvolvimentos tecnológicos, dos bens culturais e simbólicos” (BRASIL, 2001, p. 352).
62
são amplamente insustentáveis, que não levam em consideração a equidade social, o respeito
pelas diferenças étnico-culturais, pelo bem-estar do planeta Terra. Porém, o consumo
sustentável é plenamente viável para solucionar os diversos problemas de natureza ambiental
e social, tendo em vista que o consumo deve ser tratado equilibradamente, não só em função
da melhoria da qualidade de vida do ser humano, mas de outros seres viventes do planeta
Terra.
Partindo dessa discussão, se o ato de consumir produtos e serviços extrapola as reais
necessidades das pesssoas, configura-se em consumismo. Relacionado a isso, o indivíduo
torna-se um cúmplice da degradação da natureza, como também, falta-lhe a ética e a
solidariedade à vida em sua plenitude. Sendo assim, Gadotti (2000) defende que tem sido
cada vez mais comum os indivíduos buscarem a felicidade em bens que podem ser
comprados, como o último lançamento dos aparelhos celulares, brinquedos tecnológicos que
podem ser vendidos nas lojas, enquanto a felicidade gratuita está escasseando, pois os rios
limpos para nadar e pescar, o banho de chuva, o ar limpo se encontram poluídos, o sabor da
fruta natural sem agrotóxico é uma raridade.
63
3 A GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Diante dos objetivos propostos, esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, já que
propôs investigar e analisar a promoção da educação ambiental no ensino de geografia,
tentando melhor compreender padrões de comportamentos, experiências e o processo
mediante o qual os sujeitos constroem os significados (BOGDAN; BIKLEN, 1994).
Considerando esse tipo de pesquisa, enfocamos o estudo de caso, já que [...] consiste na
observação detalhada de um contexto [...] (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 89). Têm-se como
uso variadas fontes de informações que permitem generalizações [...] com o tempo acabarão
por tomar decisões no que diz respeito aos aspectos específicos do contexto, indivíduos ou
fonte de dados que irão estudar (BOGDAN; BIKLEN (1994, p. 90). Nessa perspectiva,
utilizamos como procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica e a entrevista
semiestruturada.
No primeiro momento da investigação foi realizado um extenso levantamento
bibliográfico sobre o ensino de geografia. Dentre as obras contempladas, estão: Cavalcanti
(1998; 2008; 2012; 2013), Callai (2003), Pontuschka et al., (2009), Castelhar; Vilhena (2010),
PCNs de Geografia (BRASIL, 2001). A contribuição dos referidos autores à pesquisa está na
ampla discussão que os mesmos realizam sobre o ensino de geografia no âmbito escolar.
No que se refere a leitura dos trabalhos sobre a educação ambiental. Foram utilizados
os seguintes autores: Carvalho (2006), Reigota (2010, 2011, 2014), Sato; Carvalho (2005),
Guimarães (1995), Gadotti (2000), Gutiérrez; Prado (2002), Capra (2006), Temas
transversais (BRASIL, 2001), Lei das Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1997).
Todos esses autores e documentos oficiais apresentam um vasto estudo sobre a educação
ambiental, sobretudo no âmbito do ensino.
É importante enfatizar que, a partir da pesquisa bibliográfica realizada, houve a
delimitação de quatro temas geradores da prática de educação ambiental: Mãe-Terra; Clima e
Cidadania Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo sustentável.
Dando continuidade ao trabalho, foi realizado um levantamento junto à Diretoria
Regional de Educação e Cultura – 10ª Direc, pois era necessário saber os nomes e a
localização das escolas públicas e particulares da cidade de Caicó - RN, que contemplassem
os anos finais do ensino fundamental, bem como, realizar um levantamento da quantidade e o
nome dos professores de geografia que lecionam nas referidas escolas.
64
Na perspectiva de elucidar a problemática da pesquisa, mantemos os padrões éticos
em nossas análises, tendo em vista que foram preservados os nomes dos professores, sendo
identificados por Professor 01, Professor 02, Professor 03, Professor 04, Professor 05,
Professor 06, Professor 07, Professor 08, Professor 09, Professor 10, Professor 11, Professor
12, Professor 13, Professor 14, Professsor 15, Professor 16, Professor 17, Professor 18,
Professor 19 e Professor 20.
As escolas foram catalogadas, conforme o quadros a seguir:
Quadro 1: Escolas e professores de geografia participantes da pesquisa
ESCOLA
PROFESSORES POR
ESCOLA
Centro Educacional Integrado do Seridó (CEIS)
01
Cento Educacional Evolução (CEE)
01
Colégio Diocesano Seridoense (CDS)
01
Colégio Universitário de Caicó – (CUCA)
01
Educandário Santa Terezinha
01
Externato Santa Clara I
01
Externato Santa Clara II
01
Centro de Educação Pestalozzi
01
Instituto de Educação Integral Arco-Íris
01
Escola Estadual Dom José Adelino Dantas
01
Centro de Educação Dr. José Augusto de Medeiros (CEJA)
02
Escola Estadual Monsenhor Walfredo Gurgel
02
Escola Estadual Padre Edmund Kagerer
01
Escola Estadual Prof. Antônio Aladim de Araújo
03
Escola Estadual Senador Dinarte Mariz
01
Escola Estadual Zuza Januário
02
Escola Municipal Presidente Kennedy
01
Escola Municipal Professor Mateus Viana
01
Escola Municipal Professor Raimundo Guerra
01
Escola Municipal Severina Brito da Silva
01
Escola Municipal Severina Ernestina Abigail
01
Fonte: Dados do autor, 2016
65
No total, foram catalogadas 21 escolas, sendo nove escolas particulares, sete escolas
estaduais e cinco escolas municipais. A partir do levantamento desses dados, foi possível
constatar que 26 professores lecionam a disciplina geografia, do 6º ao 9º ano do ensino
fundamental das referidas escolas. Diante dessas informações, averiguamos ser mais
apropriado realizar uma pesquisa censitária, pelo fato de abranger a totalidade dos
componentes do universo, ou seja, 100% dos professores que lecionam a disciplina geografia
no âmbito do anos finais do ensino fundamental na cidade de Caicó - RN.
Concluída essa etapa, foi realizado um contato com a equipe pedagógica das escolas –
coordenação ou direção, a fim de explicitar o propósito da pesquisa por meio de uma carta de
apresentação e confirmar o interesse da escola em participar.
É preciso destacar que do universo de professores pesquisados, quatro professores da
rede estadual, um da rede municipal e um da rede particular não confirmaram a sua
participação na entrevista, pois três professores apresentavam problemas de saúde - atestado
médico, um estava de licença para mestrado e dois professores lecionam geografia, mas não
possuem licenciatura na respectiva área do conhecimento. Mediante esses fatores, os
professores da Escola Estadual Zuza Januário, Escola Estadual Dom José Adelino Dantas,
Escola Estadual Senador Dinarte Mariz, Escola Municipal Ivanor Pereira e do Centro
Educacional Evolução não tiveram seus nomes catalogados para a pesquisa.
Diante disso, averiguou-se que houve a redução do número de participantes para
serem entrevistados, totalizando o número de 20 professores, como estão tabulados no quadro
a seguir:
Quadro 02: Número de professores participantes por rede de ensino
REDE DE ENSINO
Nº PROFESSORES
Escolas estaduais
08
Escolas municipais
07
Escolas particulares
05
Fonte: Dados do autor, 2016
Ao realizar o levantamento das escolas e professores com os quais seria aplicado o
roteiro de entrevistas, buscamos verificar por meio de levantamentos estatísticos – Censo
escolar22
- órgão vinculado ao Ministério da Educação e coordenado pelo Instituto Nacional
22
Pelo Decreto nº 6.425, de 4 de abril de 2008, em seu art. 2º estabelece que “o censo escolar de educação básica
será realizado anualmente em regime de colaboração entre a União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
66
dos Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que é responsável por gerar
“um conjunto de informações indispensáveis para a formulação, implementação e
monitoramento das políticas educacionais e avaliação do desempenho dos sistemas de ensino”
(CASTRO, 2000, p. 122). Assim, catalogamos o número de alunos matriculados para o ano
de 2016 nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) em cada uma das respectivas
redes de ensino (particular, estadual e municipal). Observa-se no quadro a seguir:
Quadro 3: Número de alunos matriculados nos anos finais ensino fundamental
na cidade de Caicó/RN, 2016
REDES DE ENSINO
NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS
Particular
1010
Estadual
832
Municipal
666
Total
2.508
Fonte: Censo escolar de educação básica (INEP, 2016)
Na etapa seguinte, foi o momento de aplicar a entrevista com os professores de
geografia. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que foram enunciadas e anotadas
pelo pesquisador e respondidas pelos professores. De acordo com Lakatos; Marconi (2011, p.
455) “a entrevista qualitativa é flexível e aberta [...] deve ser um diálogo espontâneo, porém
profundo, aberto, cuidadoso, descartando perguntas muito diretas. Deve-se também evitar
incomodar o entrevistado com perguntas tendenciosas”.
Durante a realização da pesquisa, é importante frisar que todos os roteiros de
entrevistas foram respondidos sob a presença do pesquisador. Nesse sentido, Lakatos;
Marconi (2011, p. 272) diz que “[...] o bom resultado da pesquisa depende da sensibilidade e
intuição do pesquisador, que deve ser imparcial, procurando não nterferir na resposta dos
entrevistados e não deixar sua personalidade influenciar nas respostas”. Diante disso, como
professor de geografia e vivenciando as experiências da sala de aula, é importante ressaltar o
distanciamento do pesquisador em relação ao objeto da pesquisa, para que as análises não
fossem posteriormente comprometidas.
em caráter declaratório e mediante coleta de dados descentralizados, englobando todos os estabelecimentos
públicos e privados de educação básica e adotando alunos, turmas, escolas e profissionais de educação como
unidades de informação. (DECRETO, nº 6.425)
67
Após a recolha de dados, a etapa seguinte foi o momento de fazer a análise e
interpretação dos mesmos. De acordo com Bogdan; Biklen (1994, p. 205):
A análise de dados é o processo de busca e de organização sistemático de
transcrição de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que
foram sendo acumulados [...] envolve o trabalho com os dados, a sua
organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões,
descobertas de aspectos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão
sobre o que vai ser transcrito aos outros.
Diante das entrevistas recolhidas no processo de trabalho de campo, o primeiro passo
foi rever todo o material transcrito e numerá-lo sequencialmente, o importante é que nenhum
roteiro de entrevista se apresentasse com o mesmo número. Depois de ordenada
numericamente, foi necessário fazer a leitura de todo o material e iniciar o processo de análise
e interpretação dos dados, em que já começou a desenvolver uma lista preliminar de
categorias de codificação. É preciso frisar que por meio desse procedimento de análise de
conteúdo a partir das categorias de codificação “[...] percorre os seus dados na procura de
regularidades e padrões bem como de tópicos presentes nos dados e, em seguida, escreve
palavras e frases que representam estes mesmos tópicos e padrões. Estas palavras ou frases
são categorias de codificação” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 221).
De acordo com os autores supracitados, as categorias de codificação constituem um
meio de classificação dos dados, é o momento de ser fisicamente apartado o material contido
num determinado tópico dos outros dados.
Concluída essa etapa, o próximo passo foi atribuir números das categorias de
codificação às unidades de dados, ou seja, à medida que se fazia a leitura, marcava cada
unidade com a categoria de codificação apropriada. De acordo com Bogdan; Biklen (1994, p.
233), “[...] por unidade de dados queremos dizer parte de suas notas de campos, transcrições
ou documentos que caem dentro de um tópico particular representado pela categoria de
codificação”. É importante afirmar que, durante o processo de codificação, as unidades
específicas de dados se sobrepuseram e apareceram em mais de uma categoria. Além disso,
foi possível detectar, durante a análise de dados, que uma pequena parte dos dados não se
constituíam em categorias de codificação, sendo necessária a elaboração de diagramas.
É importante destacar, que na medida que as unidades de dados eram atribuídas às
categorias de codificação, surgiram novas categorias, e as categorias anteriores foram
abandonadas. Por conseguinte, o que estava em consenso nesse trabalho de categorias de
68
codificação, era encontrar a que melhor chegasse a atingir os objetivos propostos desta
pesquisa.
69
4 REFLEXÕES, PRÁTICAS E FALAS DOS PROFESSORES SOBRE O ENSINO DE
GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Conforme tem sido acentuado ao longo deste trabalho, refletir sobre o ensino de
geografia na promoção da educação ambiental requisita contemplar todo um contingente de
fatores constitutivos das teorias e práticas adotadas pelos professores de geografia.
Os resultados da pesquisa empírica, catalogados a partir da leitura dos questionários
aplicados aos professores de geografia, dos anos finais do ensino fundamental das redes
municipal, estadual e particular da cidade de Caicó - RN, permitem que se formalizem
algumas constatações em relação ao ensino de geografia na promoção da educação ambiental.
Na sequência, são apresentadas as questões lançadas por meio de um roteiro de
entrevista e as respectivas respostas, trazendo à tona as falas que revelam teorias, práticas,
conhecimentos e experiências dos docentes participantes da pesquisa.
4.1 PERFIL DOS PROFESSORES PESQUISADOS
Do universo da pesquisa, 90% dos professores mencionados no capítulo 3 possuem
licenciatura plena em Geografia, cursado em universidades públicas, destacando a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, enquanto 10% dos professores
possuem licenciatura plena em Geografia em universidade particular - Faculdade Integrada de
Patos/PB – FIP. Em conformidade com essa realidade, pode-se constatar que vem sendo
cumprido por parte dos professores o empenho em serem habilitados para atuar na educação
básica, seguindo as orientações da LDB (9.394/96), que em seu artigo 62 estabelece: “[...] a
formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação [...]”
(BRASIL, 1997).
Analisando o tempo de trabalho, constatamos que 50% dos professores lecionam há
mais de 10 anos. Nesse contexto, é importante levar em consideração o tempo de efetivo
exercício do professor em sala de aula, tendo em vista que a cada período mudam-se as
práticas e as teorias em relação ao processo de ensino e aprendizagem.
Para a constituição do grupo de informantes participantes da pesquisa foi adotado,
além do critério de pertencer à rede municipal, estadual ou particular de ensino, a exigência de
lecionar a disciplina geografia nos anos finais do nível fundamental – 6º ao 9º ano. É preciso
70
destacar que alguns professores trabalham em mais de uma escola, com vínculo empregatício
em até duas redes de ensino.
4.2 CONTEÚDOS E METODOLOGIAS ADOTADAS PELOS PROFESSORES QUE
APONTAM UM ENSINO DE GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
As questões formuladas a seguir dizem respeito à preocupação em averiguar
conteúdos e metodologias adotadas pelos professores de geografia, que apresentem como
fundamento a promoção da educação ambiental. Partindo dessa concepção, questionamos os
professores com a seguinte pergunta: Qual é o conceito de meio ambiente que você utiliza em
suas aulas? A fala da maioria dos professores, que corresponde a 60% dos mesmos, pontuam
pela importância de conceituar meio ambiente a partir da relação entre o homem e natureza,
como observa-se a seguir:
“É o espaço utilizado pelo homem nas suas mais diversas formas. Vai
ter o espaço natural e o espaço construído pelo homem”. (Professor
01)
“O meio ambiente é o local onde acontecem as relações humanas, é
o local da natureza, de onde o homem retira os recursos necessários a
sua sobrevivência”. (Professor 04)
“Qualquer espaço onde o indivíduo se localiza, vive, trabalha pode
ser considerado meio ambiente, não só aquele conceito de natureza
virgem, mas aquele que o homem interage é considerado meio
ambiente”. (Professor 09)
Esse ponto do questionário aponta que o conceito de meio ambiente dimensiona o
estudo da interação sociedade/ natureza, o que corresponde a essa mesma aplicabilidade no
objeto de estudo da geografia, mediante a elaboração do conceito de espaço geográfico. Posto
dessa forma, a geografia, utilizando-se do seu campo teórico conceitual, toma para si a
responsabilidade de analisar a realidade, como propósito a formulação de uma percepção mais
clara da relação que existe entre a sociedade e as modificações que esta causa ao meio
71
ambiente. Nesse ponto, é pertinente compartilhar o pensamento de Santos (1978, p. 26) sobre
o espaço como sendo:
[...] um conjunto indissociável de que participam de um lado, certo arranjo
de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais e, de outro, a vida
que os preenche e anima, ou seja, a sociedade em movimento. O conteúdo (a
sociedade) não é independente da forma (os conteúdos geográficos) e cada
forma encerra uma fração de conteúdo. O espaço, por conseguinte é isso: um
conjunto de formas, contendo cada qual frações da sociedade em
movimento.
No âmbito dessas dicussões, podemos ressaltar que o tema meio ambiente apresenta
uma forte ligação com o objeto de estudo da Geografia, ou seja, o espaço geográfico, que se
caracteriza pelas relações entre a sociedade e a natureza. Nesse contexto, é importante afirmar
que o ensino de geografia permite que se faça a leitura do espaço geográfico a partir de uma
análise crítica sobre as mudanças ambientais, sobretudo, as que envolvem os desequilíbrios e
impactos ao meio ambiente. A respeito disso, informam 10% dos professores da pesquisa:
“É tudo que existe no espaço visto dentro de um processo degradável
e as que são vistas de forma sustentável”. (Professor 13)
“É a influência da ação humana sobre as questões ambientais,
referimos aos impactos ambientais dos espaços urbanos, como é o
problema do lixo, falta de saneamento e higiene nas ruas e em
estabelecimentos comerciais”. (Professor 20)
A fala dos informantes estão pontuadas pela preocupação que parecem ter com a
realidade do meio ambiente, que perpassam, nos dias atuais, por um ambiente poluído e nossa
qualidade de vida prejudicada.
Nesse contexto, brota na fala dos 30% dos professores a concepção da
sustentabilidade, que diz respeito a retirada da natureza somente o que ela pode repor, que tem
a responsabilidade de preservar para as sociedades futuras os recursos naturais que elas
necessitarão. São os casos das falas seguintes:
72
“A preservação e o cuidado com o nosso futuro”. (Professor 16)
“É algo que deve ser cuidado sempre, sobre as ações que temos no
dia a dia”. (Professor 18)
“O meio ambiente é a parte do espaço geográfico onde a gente tem
que preservar para garantir o futuro das próximas gerações”.
(Professor 19)
Esse conceito de meio ambiente, incorporado pelo professor de geografia, estabelece
uma relação com a ideia de pertencimento e cuidado com a vida com toda a sua dimensão.
Em seguida questionamos os professores: Você trata da educação ambiental no ensino
de geografia? Em quais anos? As respostas mostram que os professores estalecem relações do
ensino de geografia com a educação ambiental. De modo geral, afirmaram lecionar do 6º ao
9º ano do ensino fundamental.
Na passagem a seguir, um dos professores informantes reconhece tratar de um tema
transversal:
“Sim. Pois o tema meio ambiente vai transversalizando os conteúdos
de Geografia. Trabalho nessa perspectiva, do 6º ao 9º ano”.
(Professor 07)
A informação veiculada na resposta a seguir enfatiza a consciência de que é necessário
a abordagem do tema meio ambiente no ensino de geografia:
“Sim. Do 6º ao 9º ano. Pois é uma necessidade falar de meio
ambiente no ensino de geografia”. (Porfessor 01)
Defendemos que o professor de geografia se assuma com condições de influenciar no
conteúdo a ser desenvolvido na aula e, consequentemente, com capacidade de proporcionar
aos alunos momentos de discussões sobre a realidade, buscando na geografia suas
explicações, com vistas à melhoria da qualidade do meio ambiente e do bem-estar das
pessoas.
73
A terceira pergunta formulada aos professores teve o seguinte questionamento: Você
encontra relação entre educação ambiental e ensino de geografia? Por quê? Um número
significativo dos informantes, o que corresponde a 75% dos professores disseram haver essa
ligação:
“Sim. Se a geografia estuda a relação do homem com a natureza, a
educação embiental deve perpassar essa área do conhecimento, no
intuito de contribuir com os problemas ambientais causados pelo
homem no tempo atual”. (Professor 02)
“Sim. Porque o ensino de geografia aborda a relação homem/
natureza, construção do espaço e esse meio seria o meio ambiente”.
(Professor 04)
“Sim. Está inteiramente relacionado, pois encontro o ser humano no
espaço geográfico, portanto, sendo o mesmo considerado o principal
agente transformador da natureza”. (Professor 14)
Como podemos perceber, os professores relatam estabelecer a relação entre ensino de
geografia e educação ambiental, pois os estudos enfocam acerca de um mesmo objeto, ou
seja, as análises espaciais a partir da relação sociedade/ natureza. Diante disso, pode-se dizer
que as abordagens atuais do ensino de geografia têm buscado os diferentes aspectos da
realidade e muitos conteúdos sobre meio ambiente podem ser abordados pelo “olhar” da
geografia (BRASIL, 2001).
Distanciando-se dessa visão, que preconiza o meio ambiente a partir da interação
entre sociedade e natureza, 25% dos professores afirmaram haver um complemento e/ou uma
relação entre o ensino de geografia e a educação ambiental:
“Sim. Hoje ambas têm que caminhar juntas, meio ambiente e
geografia. Tem que haver essa relação”. (Professor 01)
“Existe toda uma relação, elas estão aglutinadas. Não dá para se
tratar de geografia, sem tratar de educação ambiental, uma
complementa a outra, elas duas se complementam”. (Professor 06)
74
Esse ponto do questionário aponta que os professores relacionam o ensino de
geografia à educação ambiental, mas parece não estar bem claro acerca do objeto de estudo
que facilita essa articulação.
A seguir, a pergunta formulada aos professores foi: Você considera necessário
interromper os conteúdos de geografia para abordar a educação ambiental? Por quê? As falas
a seguir revelam não haver essa necessidade:
“Não. É preciso fazer um elo de ligação entre um e outro, sem
precisar interromper”. (Professor 01)
“Não. Porque considero necessário associar a educação ambiental
ao ensino de geografia, pois ela perpassa em todos os aspectos e não
só o natural, uma determinada discussão leva a outra, mas não é
preciso parar”.(Professor 06)
“Não. Porque o professor precisa ter essa postura dentro do seu
planejamento, já está inerente aos conteúdos de geografia, se separar
fica muito sem sentido para o aluno”. (Professor 07)
“Não. Porque os próprios conteúdos já lhe dá opção de falar do meio
ambiente, porque já faz parte do currículo”. (Professor 11)
A maioria dos professores informantes afirma que os conteúdos de geografia já
explicitam relação com a educação ambiental. Dessa forma, pode-se ressaltar a necessidade
de acolhimento do tema transversal meio ambiente para o âmbito dos conteúdos, e que seus
objetivos sejam contemplados. Pelo exposto, os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem
que “[...] não se trata, portanto, de trabalhá-los paralelamente, mas trazer para os conteúdos e
para a metodologia da área a perspectiva dos temas” (BRASIL, 2001, p. 27). Dessa forma,
pode-se afirmar que não há necessidade de interromper a programação dos conteúdos de
geografia para trabalhar a educação ambiental, pois já são bastante explícitas as relações entre
ambos.
Porém, é preciso destacar que há dificuldades dos informantes em estabelecer a
relação entre ensino de geografia e educação ambiental:
75
“Depende da aula. Se o aluno pergunta algo sobre educação
ambiental, eu paro os conteúdos, respondo a dúvida do aluno e
retorno a aula”. (Professor 13)
“Sim. Eu preciso interromper os conteúdos, se eu trato a questão da
reciclagem, daí estamos tentando sensibilizar sobre a importância do
meio ambiente”. (Professor 16)
Pelo exposto, o ensino de geografia com vistas à apreensão de conteúdos e
metodologias relacionadas à educação ambiental demonstra ser uma esfera do conhecimento
bastante amplo, portanto poderia muito bem ser explorado pelo professor de forma interativa
e contextualizada. Dessa forma, Pontuschka; Paganelli; Cacete (2009, p. 134) afirmam que “a
geografia possui teorias, métodos e técnicas que podem auxiliar na compreensão de questões
ambientais e no aumento da consciência ambiental das crianças, jovens e professores”.
Conforme já dito anteriormente, os conteúdos curriculares de geografia mantêm uma
estreita relação com a educação ambiental. Dessa forma, formulamos a seguinte pergunta aos
professores: Quais conteúdos da disciplina geografia estão relacionados à educação
ambiental?
O gráfico seguinte apresenta as diversas respostas fornecidas pelos informantes acerca
dos conteúdos curriculares relacionados à educação ambiental.
Grafico 1 – Conteúdos de geografia relacionados à educação ambiental
30%
20%
15%
20%20%
15%
20%
15%10%
Indústria
Hidrografia
Clima
Agropecuária
Planeta
Poluição
Cidade
Consumo
Globalização
Fonte: Dados do autor, 2016.
76
Na passagem a seguir, observamos na fala dos professores pesquisados, o
desenvolvimento de reflexões acerca dos conteúdos de geografia relacionados à educação
ambiental:
“A degradação do meio ambiente, o desequilíbrio ambiental, relações
homem/ natureza, entre outros. Não vejo a possibilidade de separar
as questões naturais das sociais” (Professor 01)
“Agricultura e indústria são os dois assuntos que estão mais ligados
diretamente ao meio ambiente. A indústria extrativista animal,
mineral e vegetal. O emprego dos transgênicos, que são uma
necessidade, mas não se descobriu os efeitos colaterais que eles têm
sobre o homem”. (Professor 14)
“Quando a gente trata dos fenômenos urbanos, é difícil não tratar das
questões ambientais, como o lixo, a indústria e, sobretudo, as
questões relativas ao consumismo”. (Professor 20)
Esse ponto do questionário aponta que a maioria dos informantes da pesquisa, isto é,
65% dos professores constroem suas concepções acerca do ensino de geografia na promoção
da educação ambiental a partir de conteúdos que abordem a relação sociedade/ natureza. Em
conformidade com o exposto, Guimarães (1995, p. 41) afirma que “[...] essa noção de
totalidade é fundamental para a compreensão e para a ação equilibrada no ambiente, que é
inteiro e não fragmentado”. Essa visão do ensino de geografia deve cobrar do docente uma
postura crítica e reflexiva da intensa transformação da natureza pela sociedade, que resultaram
em diversos problemas ambientais, em uma dimensão de escala que parte do local para o
global, ou vice-versa.
Por outro lado, 35% dos informantes responderam que os conteúdos de geografia na
promoção da educação ambiental são aqueles centrados nos aspectos do meio ambiente
natural:
“A parte da biosfera „esfera da vida‟, biomas, clima e hidrografia,
com maior ênfase”. (Professor 12)
77
“As principais são as camadas da Terra, como a litosfera, hidrosfera,
atmosfera e os aspectos naturais, como o clima e hidrografia”.
(Professor 15)
Assim sendo, a partir das respostas dos professores, constatamos uma forte ligação
com o modelo de ensino tradicional da geografia, em que a promoção dos procedimentos
didáticos estava pautada pelo estudo descritivo das paisagens naturais e humanizadas e pela
memorização desses mesmos conteúdos. Em conformidade com as respostas dadas pelos
informantes, pode-se observar que os aspectos naturais sobressaem, como: clima, solo,
hidrografia, litosfera, biomas, etc. Esse aspecto configura-se num grande problema enfrentado
pelo ensino de geografia, que está diretamente associado à forma descontextualizada com que
o professor aborda os conteúdos.
Como já anteriormente revelado, a prática da sala de aula evidencia e consolida as
experiências do professor de geografia, o que se desenvolve, muitas vezes, sem uma formação
continuada. E nessa dinâmica em permanente evolução, o professor defronta-se com inúmeras
dificuldades, que precisam ser reconhecidas e superadas. No cumprimento do objetivo de
conhecer em que medida o ensino de geografia contribui para a educação ambiental,
formulamos a seguinte pergunta: Você encontra dificuldades na prática da educação
ambiental? Quais?
Em conformidade com as respostas obtidas na pesquisa, 40% dos professores
relataram que as dificuldades residem no campo didático-metodológico, uma vez que dizem
respeito à necessidade de contextualização dos conteúdos, que facilitem a construção dos
conhecimentos pelos alunos:
“Sim. Deveria sair mais da teoria, daquelas aulas expositivas, deveria
ir a campo, ter disponibilidade de recursos e meio de transporte”.
(Professor 09)
“A gente tem que procurar se atualizar, mas deveria ter um material
didático elaborado pelo município, com conteúdos que abordasse a
realidade local e fazia uma comparação com a realidade nacional”.
(Professor 13)
78
“Sim. Nós utilizamos na sala de aula a didática, os assuntos, a teoria
pode ser bem dada, mas na prática há dificuldade, como a falta de
local ideal para ser visitado, como uma fazenda experimental, que
funcionaria como um laboratório para os alunos”. (Professor 14)
As informações veiculadas nas respostas a seguir, enfatizam que a maior dificuldade é
sensibilizar os alunos em buscar uma aplicabilidade prática dos conhecimentos adquiridos no
âmbito do ensino de geografia na promoção da educação ambiental:
“Sim. Principalmente, quando se refere da educação do próprio
alunado, pois a família espera muito da escola, mas a família tem que
dar educação aos seus filhos. Os adolescentes não têm consciência de
jogar o lixo no lixo”. (Professor 06)
“Sim. Vou ensinar a questão da educação ambiental, daí o maior
desafio é o aluno colocar na prática aquilo que você está ensinando,
os alunos jogam papéis no chão, de repente encontramos o pátio da
escola sujo, nossa maior dificuldade é colocar na prática”. (Professor
15)
Revela-se na fala do professor que é um grande desafio para o ensino de geografia na
promoção da educação ambiental, desenvolver procedimentos teórico-metodológicos que
devam ser incorporados pelo aluno, que contribuam para a sua formação como cidadão, como
são as mudanças de atitudes e comportamentos. Partindo dessa concepção, implica
desenvolver capacidades e sensibilidades no aluno para identificar os problemas ambientais,
sendo uma condição necessária para desenvolver atitudes ecológicas. Conforme Carvalho
(2006, p. 181), “[...] isso supõe a formação de um sentido de responsabilidade ética e social,
considerando a solidariedade e a justiça ambiental como faces de um mesmo ideal de
sociedade justa e ambientalmente orientada.
Do total dos professores pesquisados, quatro responderam não encontar dificuldades
na prática da educação ambiental.
A próxima pergunta formulada aos professores apresenta uma estreita relação com o
segundo objetivo específico deste trabalho, que tem como meta averiguar as condições
79
“ideais” para a promoção da educação ambiental no ensino de geografia. Partindo dessas
reflexões, Morin (2011) já defende ser importante que não se adote como únicas e verdadeiras
as condições “ideais”, mas que passem a ser considerados procedimentos teóricos e
metodológicos necessariamente vitais, ou melhor, saberes necessários. Partindo dessa
discussão, formulamos a seguinte pergunta: Na sua opinião, quais condições no ensino de
geografia podem ser ideais para a educação ambiental?
Em conformidade com as informações levantadas, 70% dos professores revelaram
considerar a aula de campo como uma condição no ensino de geografia ideal para a educação
ambiental:
Que nós pudéssemos dar uma aula de campo, para os alunos ver na
prática a vegetação, os recursos hídricos da região”. (Professor 11)
“Levar o ensino de geografia para a aula de campo, se está falando
de indústrias, fazer o aluno conhecer essa indústria, levar o aluno in
loco para conhecer um rio, a questão da poluição, do assoreamento”.
(Professor 15)
“Explorar a aula de campo, o aluno vai ver como é a realidade, só a
sala de aula não é o suficiente, tem que ir para a prática”. (Professor
19)
Parcebemos que os professores evidenciam a aula de campo como um procedimento
de fundamental importância no ensino de geografia, e que se bem planejada, pode ser decisiva
para a aprendizagem significativa dos alunos. Partindo dessa discussão, em que se destaca a
aula de campo como uma importante metodologia a ser desenvolvida no ensino de geografia,
na promoção da educação ambiental, Pontuschka; Paganelli; Cacete (2009, p. 173) defendem
que “[...] o processo de descoberta diante de um meio qualquer, seja urbano, seja rural, pode
aguçar a reflexão do aluno para produzir conhecimentos que não estão nos livros didáticos”.
Conforme o exposto, a aula de campo que dimensiona a compreensão dos conteúdos,
abordados no ensino de geografia, torna eficaz o desenvolvimento da aprendizagem dos
alunos, não só o desenvolvimento do campo cognitivo, mas o desenvolvimento do campo das
sensibilidades do sujeito aprendiz em relação aos problemas ambientais.
80
A fala de 10% dos informantes também está pontuada com a preocupação que
parecem ter com a valorização da interdisciplinaridade como condição ideal do ensino de
geografia na promoção da educação ambiental:
“É importante um ensino que desenvolva a interdisciplinaridade, pois
tem capacidade de ampliar a compreensão do professor de geografia
acerca dos problemas ambientais”. (Professor 10)
“Unir teoria à prática, a interdisciplinaridade exerce um importante
papel nessa relação”. (Professor 08)
Pelo exposto, observamos que a maioria dos informantes não enfatizaram a prática da
interdisciplinaridade no ensino de geografia. Conforme já discutido anteriormente, a
interdisciplinaridade configura-se numa das condições recomendadas neste trabalho, por
constituírem-se saberes necessários ao ensino de geografia na promoção da educação
ambiental. Nesse sentido, a prática interdisciplinar pelo professor de geografia deve voltar-se
para um ensino contextualizado, que perpassa por um conhecimento complexo e que busca a
totalidade do conhecimento. Sendo assim, o professor deve estar suscetível às mudanças, às
inovações e ao diálogo, que sejam permeabilizados pela troca de experiências, de saberes e
informações com outros professores das diferentes disciplinas que compõem o currículo
escolar.
Partindo dessas reflexões, Tavares (2008, p. 143) afirma que:
É no ambiente de aprendizagem que o professor interdisciplinar exercita o
seu desapego, sua ousadia e suas possibilidades de cooperação e de diálogo.
É no dia a dia que esse professor utiliza como instrumental a sua própria
disposição de desaprender, de romper com sua prática rotineira, dogmática,
conservadora e prepotente. Num ato de humildade, parte para o exercício da
reflexão crítica sobre o conhecimento, e suas práticas pedagógicas são
construídas e transformadas.
Pelo exposto, é necessário afirmar que a interdisciplinaridade exerce um importante
papel na prática do ensino de geografia, quando exige dos professores o processo de
comunicação, como também, estabelece o rompimento com os velhos paradigmas e passa a
acreditar no novo.
81
As falas dos informantes também estão pontuadas pela participação do aluno como
uma condição ideal do ensino de geografia na promoção da educação ambiental. Observe-se,
na fala de um dos professores esssa referência:
“É a tomada de decisão do professor, ele precisa agregar aos
conteúdos de geografia a decisão política sobre meio ambiente, o
professor pode assumir uma posição de mobilização junto com seus
alunos, dialogando com sua comunidade”. (Professor 07)
Nesse contexto, podemos afirmar que o ensino de geografia apresenta capacidade de
oferecer a partir de suas abordagens teóricas e metodológicas a garantia de meios favoráveis à
promoção da educação ambiental. Nesse enfoque, além de considerar a formação intelectual
dos aprendizes, deve-se ressaltar a construção do conhecimento dentro de uma perspectiva
crítica, participativa, criativa e responsável perante a diversidade social e ambiental. Em
conformidade com Callai (2001, p. 136), “[...] o conteúdo das aulas de Geografia deve ser
trabalhado de forma que o aluno construa sua cidadania”.
Considerando o material didático utilizado pelos professores de geografia, o uso do
livro didático constitui-se num instrumento de apoio para o processo de ensino-aprendizagem,
e pode ocupar até um papel central no encaminhamento das atividades. Partindo dessas
reflexões, surge o seguinte questionamento: Na sua opinião, o livro didático de geografia é o
suficiente para a promoção da educação ambiental? Por quê?
Esse ponto do questionário aponta que o universo de professores da pesquisa não
considera o livro didático de geografia a única via possível para se promover a educação
ambiental. São os casos das falas seguintes:
“Não. Porque apesar do livro didático trazer leituras, imagens, pode
ser usado outros recursos, como o vídeo, uma atividade de campo, ou
seja, o livro não é o suficiente para que o professor possa utilizar na
prática de educação ambiental”. (Professor 04)
“Não. O livro é um instrumento de extrema valia, mas nada substitui
o contato direto do aluno com a realidade, da sua interação com o
meio ambiente, ou seja, é muito diferente você ler, ouvir, do que a
convivência direta com a realidade ambiental”. (Professor 06)
82
“Não. Sabe-se que ele é muito importante, mas não deve tê-lo como o
único instrumento de uso, pois o aluno deve ter como desafio a busca
pelo seu próprio conhecimento”. (Professor 12)
“Não. Ele é apenas um norte, um recurso a mais. A educação
ambiental é bem mais ampla, não tem como ver as questões
ambientais só no nível teórico, mas na prática”. (Professor 20)
Como podemos observar a partir da fala dos professores, o livro didático é um
instrumento necessário, mas não se deve tê-lo como único recurso para a execução das
estratégias de ensino. Em conformidade com essa realidade, é importante afirmar que o livro
didático pode ser um excelente recurso quando bem utilizado; portanto, quando passa a ser
um fiel escudeiro do professor, pode transformá-lo em instrumento a serviço da não-
aprendizagem. No âmbito dessa discussão, é importante que o professor de geografia
estabeleça relação entre “os conteúdos de geografia e as imagens do livro didático com as
diferentes linguagens disponíveis e com o cotidiano dos seus alunos, tornando a sala de aula
um lugar de diálogo e de confronto de ideias diferenciadas (PONTUSCHKA et al., 2009, p.
343).
Em conformidade com o exposto, é importante que o professor de geografia possua
amplo domínio das teorias e metodologias que possibilite aulas mais dinâmicas e atrativas
para os alunos. Dessa forma, Guimarães (2007) afirma ser necessário que o professor de
geografia adote em suas aulas diferentes linguagens, tais como: a literatura, o cinema, o
teatro, a música, a fotografia, os textos informativos, os gráficos e mapas. Em consonância
com essa realidade, o ensino de geografia possibilita a construção dos conhecimentos dos
alunos de forma compartilhada, e que devem realçar as diversas expressões dos saberes,
sentimentos e emoções.
Partindo dessas discussões, mostrou-se evidenciado que os professores de geografia
admitem utilizarem diversos recursos didáticos, que não seja apenas o do livro didático. Dessa
forma, formulamos a pergunta a seguir: Quais são os recursos didáticos que você utiliza nos
trabalhos com a educação ambiental? Qual é a origem desse material?
O gráfico seguinte apresenta os diversos recursos didáticos utilizados pelos
professores (Gráfico 2).
83
Gráfico 2: Recursos didáticos utilizados no trabalho com
a educação ambiental
55%
75%
60%
30%
30%
15% 10% 5%
Livro diático
Slides
vídeos
Textos
Internet
Cartazes
Revistas
Maquetes
Fonte: Dados do autor, 2016.
Consonante com a fala dos informantes, constatamos o universo dos professores
pesquisados que utilizam mais de um recurso didático em sala de aula:
“Além da aula de campo, utilizo vídeos com experiências de ONGs
(estrutura e organização), o próprio livro didático, nós estivemos num
zoológico de João Pessoa, que demonstrou ser uma excelente
experiência, é um outro nível de aprendizagem quando vamos a
campo. (Professor 06)
“Eu trabalho na postura da educação ambiental com textos variados,
vídeos, imagens de diferentes ambientes através de slides”. (Professor
07)
“Todos os disponíveis: Slides, cartazes nas apresentações de
trabalhos, a própria pesquisa bibliográfica, internet, filmes e
imagens”. (Professor 20)
Baseando-nos nas falas dos informantes, evidenciamos que uma variedade de recursos
didáticos está sendo adotada pelo ensino de geografia na promoção da educação ambiental.
84
Nessa perspectiva, os Parâmetros Currriculares Nacionais, Brasil (2001) ressaltam que são
vários tipos de recursos didáticos que os professores têm disponíveis para aplicar dentro e fora
da sala de aula. Porém, é importante afirmar que o uso desses recursos didáticos, no
desenvolvimento das metodologias de ensino, pode configurar-se em condições favoráveis à
aprendizagem significativa dos alunos, tornando-se, por isso, as aulas ainda mais fascinantes e
prazerosas.
4.3 CAMINHOS METODOLÓGICOS SUGERIDOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA NA
PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Conforme tem sido acentuado ao longo deste trabalho, constitui-se uma necessidade
averiguar em que medida o ensino de geografia contribui para a promoção da educação
ambiental. Diante dessas inquietações, é sempre salutar refletir acerca das metodologias no
âmbito do ensino de geografia, em especial, daquelas que consideramos apresentar
potencialidade em contribuir para a promoção da educação ambiental. Partindo dessa
concepção, formulamos a seguinte pergunta: O que você entende por interdisciplinaridade?
Ao analisar a resposta dos professores, percebemos que 75% dos mesmos consideram
ser a interdisciplinaridade a junção entre as diferentes disciplinas. Observa-se em algumas
falas, a visão focada nessa perspectiva:
“É uma relação conjunta entre as disciplinas. Pode entrar português,
matemática, história, ciências, etc.” (Professor 01)
“Uma ação que tem como objetivo trabalhar de maneira integrada
conteúdos e temas entre diferentes disciplinas”. (Professor 04)
“Aglutinação de ideias e disciplinas diferentes, a gente vai precisar
de conhecimentos de outras ciências, de outras disciplinas para
enriquecer os conhecimentos”. (Professor 06)
Percebemos, a partir da fala dos informantes, que há um conhecimento bastante tênue
acerca da interdisciplinaridade no ensino de geografia. Diante do exposto, Cascino (2000, p.
68) afirma que:
85
Esta imagem de „encontro‟ de partes do conteúdo que se „parecem‟ nos
revela a existência de uma representação da interdisciplinaridade bastante
precária, na qual o mais simples vigora. Integrar matérias e/ou conteúdos aos
pares, aos trios de „matérias‟, como geralmente ocorre em nossas escolas,
indica a precaridade da reflexão sobre esse conceito-chave para a
reconstrução da ideia de educação (Grifos do autor)
No âmbito dessas discussões, o professor de geografia necessita ressignificar a sua
compreensão acerca do conceito de interdisciplinaridade. Sob essa visão, é possível ampliar
seus conhecimentos e conquistar autonomia diante dos desafios que o ensino de geografia na
promoção da educação ambiental impõe.
É importante destacar que, entre os informantes, 25% consideram que a
interdisciplinaridade é o trabalho conjunto dos professores com as diferentes disciplinas.
Observe-se nas falas a seguir:
“É o trabalho docente das diferentes áreas do conhecimento em
compartilhar as ideias, com diálogo, com vistas a entender e tentar
solucionar os problemas do mundo atual”. (Professor 02)
“É o conjunto de todos os saberes disciplinares, compartilhados entre
os professores, há uma troca de conhecimentos pelos professores nas
escolas”. (Professor 10)
“É a base da educação ambiental, é a coluna mestra, os trabalhos
com outros professores de outras disciplinas. O trabalho é realizado
trocando experiências entre si, desde que tenha como meta a
aprendizagem do aluno”. (Professor 20)
As respostas dadas pelos informantes remetem a interdisciplinaridade a um trabalho
conjunto entre dois ou mais professores de áreas ou disciplinas diferentes. Conforme Aigner
(2003), para um trabalho interdisciplinar não basta reunir várias disciplinas sobre um
determinado tema, mas é importante a articulação dos conhecimento entre os professores.
Refletir sobre o ensino de geografia na promoção da educação ambiental está
diretamente relacionado aos saberes teóricos e metodológicos que os professores adotam no
cotidiano da sala de aula. Partindo dessa visão, consideramos que o saber interdisciplinar é
amplamente favorável ao ensino de geografia, uma vez que os conteúdos abordados por esta
86
área do conhecimento são potencialmente interdisciplinares. No âmbito dessa discussão,
formulamos a seguinte pergunta: Você acredita que a interação de professores das diferentes
áreas de ensino no desenvolvimento de atividades relacionadas com a educação ambiental
seria relevante? Por quê?
Do universo da pesquisa, todos os professores enunciaram ser relevante a interação
entre as diversas áreas do conhecimento, quando se desenvolvem atividades relacionadas à
educação ambiental. Obeserva-se nas falas a seguir:
“Sim. Os problemas ambientais são complexos, então é preciso o
conhecimento dos diferentes professores, compartilhando os saberes
das áreas do conhecimento, para a minimização desses problemas”.
(Professor 02)
“Com certeza. Pois os professores trabalhando de forma integrada,
vai facilitar a compreensão dos saberes, que, por vezes, estão
amplamente interrelacionados. Se for um trabalho isolado, o
conhecimento ficará bastante vago”. (Professor 10)
“Muito relevante. Pois é difícil uma só disciplina abranger de forma
consistente sobre um determinado assunto. Portanto, seria mais
interessante a interação dos professores, em que os diferentes pontos
de vista seriam capazes de levar ao aluno uma melhor compreensão
dos conteúdos que se pretendam abordar nas aulas”. (Professor 15)
Como já exposto anteriormente, o ensino de geografia abrange uma variedade de
conteúdos que, abordados a partir da mediação do professor, podem constituir-se em saberes
favoráveis à promoção da educação ambiental. Configura-se necessário, portanto, conhecer
práticas de ensino inovadoras, que criem possibilidades para a construção do conhecimento no
ensino de geografia, como é o caso da interdisciplinaridade. Dessa forma, exige-se do
professor uma atitude ousada, já que a interdisciplinaridade “[...] trata-se de convidar a escola
para a aventura de transitar entre saberes e áreas disciplinares, deslocando-a do seu território
já consolidado rumo a novos modos de compreender, ensinar e aprender” (CARVALHO,
2006, p. 125).
87
É importante observar, a partir da fala dos professores, que os mesmos reconhecem no
desenvolvimento da prática interdisciplinar um caminho convergente para os trabalhos em
equipe e disponibilidade para o diálogo que, por sua vez, torna-se eficaz ao ensino de
geografia na promoção da educação ambiental.
Pelo exposto, não seria demasiado pensar que o universo de professores informantes
da pesquisa desenvolveria a interdisciplinaridade na prática, principalmente relacionando com
a promoção da educação ambiental no ensino de geografia. Em conformidade com essa
premissa, formulamos a seguinte questão: Você utiliza práticas interdisciplinares na
construção do conhecimento em geografia? De que maneira?
Do universo pesquisado, menos da metade dos professores, isto é, 30% dos
informantes responderam que a prática interdisciplinar desenvolvida no âmbito do ensino de
geografia corresponde ao diálogo, à troca de saberes e experiências entre professores das
diferentes disciplinas:
“Sim. Eu procuro interagir com professores de outras áreas, como
ciência e história, principalmente aquelas disciplinas que tem uma
relação direta com os assuntos geográficos”. (Professor 13)
“Sim. Fui convidado pelo professor de Ciências a desenvolver um
projeto, que trabalhamos sobre solo, hidrografia e clima. Nós
dialogamos bastante nesse projeto e também discutimos sobre o
mesmo nos encontros pedagógicos”. (Professor 19)
“Sim. Através de reuniões pedagógicas, onde fica acertado que os
professores abordariam um determinado assunto e levasse o aluno a
compreender melhor. Essa perspectiva parte da abordagem entre os
professores”. (Professor 15)
Constatamos, a partir da fala dos professores, que o diálogo é um dos principais
pressupostos da caminhada interdisciplinar. Por conseguinte, o professor deve se demonstrar
aberto ao compartilhamento de ideias, à troca de saberes e experiências e, consequentemente,
à construção crítica e reflexiva do conhecimento. Partindo dessas reflexões, Trindade (2008,
p. 82) defende que:
88
A prática interdisciplinar pressupõe uma desconstrução, uma ruptura com o
tradicional e com o cotidiano tarefeiro escolar. O professor interdisciplinar
percorre as regiões fronteiriças flexíveis onde o „eu‟ convive com o „outro‟
sem abrir mão de suas características, possibilitando a interdependência, o
compartilhamento, o encontro, o diálogo e as transformações. Esse é o
movimento de interdisciplinaridade caracterizada por atitudes ante o
conhecimento (Grifos do autor).
Assim, podemos averiguar que entre os professores da pesquisa, menos da metade se
preocupa em desenvolver a prática de ensino interdiciplinar na construção do conhecimento
em geografia. Portanto, constatamos que a maioria dos professores, isto é, 45% dos
informantes praticam a interdisciplinaridade a partir da junção das disciplinas em torno de um
tema:
“Sim. Se eu estou dando aula de geografia, mas surge a necessidade
de abordar assuntos de matemática, história e ciências, é importante
discutir um pouco do conhecimento de cada uma”. (Professor 11)
“Sim. A gente recorre às outras áreas do conhecimento, como
história, filosofia, usa-se a matemática na construção de gráficos,
tabelas”. (Professor 20)
“Sim. No momento que você trabalha com fusos horários, você utiliza
matemática, história, ciências, todas as disciplinas tem capacidade de
somar aos assuntos trabalhados em geografia. É um trabalho que
parte sempre da minha iniciativa”. (Professor 16)
Observamos na fala dos informantes que a prática de ensino interdisciplinar só é
possível de ocorrer quando o professor toma a iniciativa de congregar os conteúdos de
geografia às diferentes áreas do conhecimento, entre as mais citadas, estão: matemática,
história e ciências. Isso evidencia que o professor tem a intenção de desenvolver a prática
interdisciplinar no ensino de geografia, mas demonstra ter pouca familiaridade sobre o
assunto.
Também há, entre os informantes, os que afirmam não utilizar práticas
interdisciplinares no ensino de geografia. Observe-se a resposta a seguir:
89
“Ainda não utilizei, mas tenho a intenção de levar os alunos a mina
Brejuí em Currais Novos, nessa aula trabalharemos diversos assuntos
relacionados à educação ambiental em conjunto com professores de
história e língua portuguesa”. (Professor 04)
Pelo exposto, podemos ressaltar que a interdisciplinaridade é mais uma atitude do
encontro entre as pessoas, do que a simples reunião entre as disciplinas. Dessa forma,
Trindade (2008, p. 73) defende ser importante pensar uma prática de ensino interdisciplinar
diante da “[...] atitude de cooperação que conduz às parcerias, às trocas, aos encontros, mais
das pessoas que das disciplinas, que propiciam as transformações, razão de ser da
interdisciplinaridade. Mais que um fazer, é paixão por aprender, compartilhar e ir além”.
Em reflexão sobre o ensino de geografia na promoção da educação ambiental, é
importante destacar que os conteúdos abordados em sala de aula só terão maior capacidade de
proporcionar um real significado para a prendizagem do aluno, se houver uma ampla relação
com o seu cotidiano. Apesar de configurar-se num trabalho desafiador para o professor,
Cavalcanti (1998) defende que o encontro entre os conhecimentos científicos e os
conhecimentos do senso comum apresentam um forte potencial na construção do
conhecimento. Partindo dessas discussões, formulamos a seguinte questão: Nas suas aulas de
geografia, você promove a educação ambiental relacionada ao cotidiano do aluno? Por quê?
Esse ponto do questionário aponta que todos os professores relacionam o cotidiano do
aluno na abordagem dos conteúdos de geografia. Observa-se nas falas a seguir, como os
informantes desenvolvem suas reflexões acerca do cotidiano:
“Sim. Porque trabalhando o cotidiano, o aluno poderá se reconhecer
parte do processo e, dessa forma, passará a entender melhor os
conteúdos”. (Professor 04)
“Sim. Porque não adianta você mostrar uma realidade que ele não
vivencia, se não tem referência, não terá significado para ele”.
(Professor 09)
“Sim. Quando eu trabalho o lugar, o aluno vai entender melhor o
conteúdo, vou jogar o meu assunto no dia a dia do aluno, aí ele vai
assimilar melhor o conteúdo”. (Professor 19)
90
Constatamos, mediante a fala dos professores, que a abordagem do cotidiano no
ensino de geografia, além de constituir-se favorável à educação ambiental é, por sua vez, uma
prática de ensino relevante ao processo de ensino-aprendizagem. No âmbito dessas
discussões, pode-se afirmar que o ensino de geografia ao priorizar abordagens referentes ao
lugar do aluno, às suas experiências de vida, ao sentimento de pertença e laços de afetividade
pelo ambiente vivido, não só permite ao aluno a construção de um conhecimento
contextualizado, mas torna possível o desenvolvimento de uma aprendizagem prazerosa e
significativa para a vida do mesmo. Em consonância com essas reflexões, Albuquerque (2002,
p. 344) afirma:
Se a realidade social em que está inserida o adolescente não for levada em
consideração, no processo de ensino-aprendizagem ele não encontra
identidade entre si próprio e o conteúdo oferecido pela escola. Nessas
condições, o conteúdo se torna distante do aluno e, por isso, pouco
interessante.
Hoje, muito já se sabe sobre a importância de uma aprendizagem que tenha significado
para a vida do aluno de forma a estabelecer relação entre o que os conteúdos de geografia
abordam e o contexto sociocultural em que estão inseridos. Partindo dessa discussão,
formulamos a seguinte pergunta: Quais aspectos da realidade vivida dos alunos são
contemplados ao desenvolver a educação ambiental no ensino de geografia?
A partir da fala dos informantes, podemos constatar que 70% dos professores ao
abordarem os conteúdos de geografia, na promoção da educação ambiental, afirmam ser
fundamental partir de uma análise crítica das relações sociais que se estabelecem
espacialmente:
“A falta de saneamento básico, a própria cidade que não tem
tratamento de esgoto, é o caso da poluição do rio Barra Nova, a
questão da coleta de lixo, que muitas vezes dar-se de forma irregular
na cidade” (Professor 08)
“A forma como a cidade trata os cursos d‟água na cidade de Caicó,
como a cidade trata o lixo, como também a questão do desmatamento
91
da caatinga para servir de carvão nas padarias da região”.
(Professor 09)
“Contemplo mostrando o que falta de infraestrutura, o que já
melhorou e ainda falta melhorar. Se falta esgotamento sanitário,
sobre a qualidade da água, pois muitos não podem comprar água”.
(Professor 13)
A partir das respostas dos professores, constatamos que a categoria espaço, numa
perspectiva crítica, dimensiona mais as relações sociais, destacando o valor das mudanças do
que a análise dos objetos, isto é, das coisas que estão dando forma ao espaço. Baseando-se
nessas reflexões, Santos (2008, p. 51) expressa uma formulação aproximada sobre espaço
geográfico, como sendo “um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de
sistemas de objetos e sistema de ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro
único no qual a história se dá”. Pelo exposto, podemos ressaltar que o ensino de geografia
precisa ajudar ao aluno na sua compreensão acerca do espaço, que o homem intervém e
transforma constantemente por meio das atividades, do trabalho; enfim, por meio das suas
atitudes, que podem ser ou não responsáveis.
As falas dos professores também estão pontuadas pela importância que atribuem à
relação do aluno com o meio ambiente em que vive, ressaltando a necessidade da
responsabilidade e bons costumes:
“Principalmente nos cuidados diários que os alunos devem ter em
relação ao ambiente que vive. O cuidado com o próprio lixo, na
economia da água e energia elétrica. É importante que saibam
também relacionar o excesso de calor à falta de arborização".
(Professor 06)
“Se eles viverem num ambiente mais saudável, vão ter melhor
qualidade de vida. É preciso ser menos consumista, aprender a
reduzir, reutilizar, reciclar os objetos que passam no dia a dia pelas
mãos deles, como: sacolas, caixas, garrafas peti”. (Professor 12)
92
“A responsabilidade dele com o próprio ambiente em que vive. É
preciso que ele valorize o seu próprio ambiente. Começa pela sua
própria casa, pelo ambiente da escola”. (Professor 15)
Essa postura, identificada na fala dos professores, ressalta a necessidade de valorizar o
âmbito das sensibilidades dos indivíduos, como: o cuidado e as responsabilidades com o meio
ambiente e pela vida em sua plenitude, o sentimento de compaixão e solidariedade pelo outro.
Em conformidade com essas reflexões, Boff (1999, p. 102) afirma que
Dar centralidade ao cuidado não significa deixar de trabalhar e de
intervir no mundo. Significa renunciar à vontade de poder que reduz
tudo a objetos, desconectados da subjetividade humana. Significa a
recusar-se a todo tipo de despotismo e a toda dominação. Significa
impor limites à obsessão pela eficácia a qualquer custo. Significa
derrubar a ditadura da racionalidade fria e abstrata para dar lugar ao
cuidado.
Considerando as reflexões acerca do cotidiano, com enfoque no ensino de geografia na
promoção da educação ambiental, podemos afirmar que ao exercitar tal postura, o professor
está desenvolvendo situações que provocam uma aprendizagem significativa e, sobretudo, que
valoriza o nível das subjetividades do aluno.
Como já discutido ao longo deste trabalho, o ensino de geografia abrange um arranjo
de conteúdos e práticas metodológicas amplamente eficazes à promoção da educação
ambiental. Partindo dessas reflexões, sugerimos que se faça a abordagem do cotidiano do
aluno relacionado à teorias e metodologias favoráveis a uma aprendizagem significativa.
Mediante essas possibilidades no dia a dia da sala de aula, formulamos a seguinte pergunta
aos professores: Em suas aulas de geografia, quais metodologias são eficazes ao contemplar o
cotidiano do aluno na perspectiva da educação ambiental?
Tentando-se refinar os dados que representam a visão dos professores sobre
metodologias eficazes ao contemplar o cotidiano do aluno, na perspectiva da educação
ambiental, chegamos aos números distribuídos no gráfico a seguir (Gráfico 3).
93
Gráfico 3 – Metodologias eficazes ao contemplar o cotidiano do
aluno na perspectiva da eduacação ambiental
10%15%
50%
55% Pesquisa
Apresentação de trabalho
Aula expositiva
Aula de campo
Fonte: Dados do autor, 2016.
Como podemos perceber a partir dos dados apresentados, os professores de geografia
enunciaram duas ou mais metodologias ao abordar o cotidiano na perspectiva da educação
ambiental, mas transborda em suas exposições a prática tão insistentemente ancorada em
metodologias que tornam as aulas pouco prazerosas e atrativas para os alunos. A seguir,
emanam da fala dos sujeitos as seguintes informações:
“Vejo a questão das mídias, da imagem, se for um filme é mais fácil
assimilar o conteúdo, daí posso trabalhar sobre os diversos
problemas relacionados ao meio ambiente, como: o lixão, a
contaminação do solo, a poluição atmosférica ou de um córrego”.
(Professor 07)
“As viagens de estudo e um posterior relatório que eles fazem, como
também o vídeo, entrego um relatório antes e eles respondem depois
de ver o vídeo”. (Professor 15)
No âmbito da prática de ensino, o filme pode ser considerado um dispositivo didático
de grande relevância na construção dos conhecimentos geográficos, principalmente os que
possibilitam pensar sobre o meio ambiente e o lugar em que vive o aluno. Amparados nas
94
ideias de Pontuschka et al. (2009, p. 280): “para nós, geógrafos e professores de Geografia, o
filme tem importância porque pode servir de mediação para o desenvolvimento das noções de
tempo e de espaço na abordagem dos problemas sociais, econômicos e políticos”.
As questões aqui discutidas evidenciam uma necessidade de aprofundar a reflexão
acerca do ensino de geografia na promoção da educação ambiental. Nesse contexto,
recomendamos a construção do conhecimento em geografia, estabelecendo uma forte relação
com a participação, já que o ensino de geografia não é só determinante para o
desenvolvimento do campo intelectual, mas é uma área de conhecimento ímpar, na formação
de sujeitos críticos, responsáveis e participativos perante a sua realidade sociocultural. Em
conformidade com essa discussão, formulamos a seguinte pergunta aos professores: Nas suas
aulas de geografia, os alunos participam dando sugestões de alguns temas sobre a educação
ambiental?
O gráfico a seguir apresenta o panorama das diversas respostas fornecidas pelos
informantes (Gráfico 4).
Gráfico 4 – Sugestão de temas sobre educação ambiental pelos alunos
10%
25%
15%10%
40% Aula de campo
Lixo
Água
Temas atuais (mídia)
Não sugerem
Fonte: Dados do autor, 2016.
Observamos, nas falas seguintes, que a participação dos alunos nas sugestões dos
temas sobre a educação ambiental nas aulas de geografia ainda são bastante tênues, mas é
importante destacar que entre os temas que os alunos sugerem em sala de aula, um dos que se
apresenta bastante favorável à construção do conhecimento em geografia é a aula de campo,
na medida que permite vincular os conteúdos do livro didático à realidade concreta. Veja na
fala dos informantes:
95
“Sim. Eles sugerem ver a realidade do rio Barra Nova, sobre a
poluição, quais são as principais causa dessa realidade do rio, mas os
alunos também querem solucionar ou ajudar de alguma maneira esse
problema ambiental que afeta seu bairro”. (Professor 03)
“Eles sugerem, eles pedem para sair das quatro paredes da sala de
aula, com certeza a aula de campo é o que eles mais apreciam”.
(Professor 20)
Portanto, se a aula de campo não abrange a totalidade dos conteúdos abordados no
livro didático, é importante afirmar que essa metodologia de ensino apresenta forte potencial
para dimensionar os conhecimentos relacionados ao tema transversal meio ambiente. Em
conformidade com o exposto, Oliveira; Assis (2009, p. 199) afirmam que:
Compreendemos que a aula de campo atrelada à educação geográfica mais
ampla, possa a vir a contribuir intimamente na seleção de conteúdos
trabalhados em sala, propiciando uma serventia para a vida dos estudantes
no que diz respeito as suas práticas sociais, sua problematização de natureza
e sociedade e seus ininterruptos movimentos na produção das espacialidades
e do mundo.
Nesse contexto, vemos que o professor se apropria de numerosos temas que, se forem
atrelados a uma boa prática de ensino, podem constutir-se num riquíssimo componente
curricular no ensino de geografia. Portanto, é preciso destacar que o simples fato de o aluno
participar da aula não pode ser tomado como indicativo de que ele assimila conceitos, formula
e apreende os conteúdos de geografia. Portanto, amparados nas ideias de Reigota (2014)
pode-se afirmar que frente ao universo de possibilidades a serem desenvolvidas no ensino de
geografia, despertar no aluno o interesse pela participação pode constituir-se fortemente
favorável à construção da cidadania já que, nesse requesito, a liberdade de expressão
configura-se um ponto essencial.
Sob essa ótica, as aulas de geografia não devem se desvencilhar da importância que o
diálogo exerce entre os principais sujeitos do processo de ensino e aprendizagem. Dessa
forma, é necessário ressaltar que respeitando o contexto social e histórico do aluno,
valorizando a sua cultura e os seus diferentes ritmos de aprendizagem, não é só capaz de
levá-lo a uma prática que defenda a tolerância com a diversidade, mas de possibilitar a
96
conquista cada vez maior de sua autonomia. Em conformidade com essas reflexões,
formulamos a seguinte questão: Você é receptivo à participação do aluno no
desenvolvimento da educação ambiental? De que maneira?
É importante ressaltar que nesse ponto do questionário todos os informantes
afirmaram ser receptivos à participação do aluno no desenvolvimento da educação ambiental:
“Sim. Procuro incentivar bastante a posição deles, eu espero que o
aluno fale a respeito das questões ambientais, das questões referente
ao meio ambiente do seu bairro, da sua cidade”. (Professor 06)
“Sim. Sou aberta à mudança, gosto do novo, de experimentar para
ver se dar certo. Apesar de ser muito conteudista, mas sei que a
participação do aluno é fundamental, essa prática enriquece as aulas
de geografia, principalmente quando ligadas às temáticas
ambientais”. (Professor 07)
“Sim. Eu valido o conhecimento do senso comum para confrontar
com o conhecimento científico e a partir daí eles poderem construir
novos conceitos”. (Professor 02)
“Sim. Ouvindo os fatos que eles relatam, as vezes eles sugerem: -
Vamos fazer uma maquete sobre as formas de reter a água, cisternas,
calhas, hortas”. (Professor 09)
Nesse contexto, vemos que o professor precisa desenvolver situações que provoquem
uma postura reflexiva do aluno no que diz respeito ao ensino de geografia, pois, ao exercitar
tal postura, pode ser favorável à participação do aluno na construção do seu conhecimento e
da sua cidadania.
Em conformidade com essas discussões, formulamos as seguinte pergunta: As
atividades que você desenvolve em educação ambiental com seus alunos desencadeiam
alguma forma de participação? Como?
Ao analisarmos as respostas, observamos que 60% dos professores revelaram
desenvolver atividades em educação ambiental que desencadeiam alguma forma de
participação do aluno. Veja as falas a seguir:
97
“Eles adoram educação ambiental. Geralmente eles se envolvem
muito na feira de cultura e arte. Inclusive a última foi sobre a região
Nordeste, falou acerca da transposição do rio São Francisco. Daí eles
saíram para apresentar esses trabalhos em outra escola, foram dar
uma palestra em outra escola e simularam uma trilha da caatinga,
com animais empalhados, essa mostra foi realizada em sala de aula”.
(Professor 07)
“Muito. Eles adoram, eles participam bastante. O ano passado a
gente fez uma manifestação pública pelo centro da cidade que
envolveu a comunidade. Foi usado faixas, cartazes e panfletos”.
(Professor 12)
“Teve um projeto na escola - IV Conferência Nacional Infanto-
Juvenil do meio ambiente, a culminância foi na 10ª Dired, em que um
aluno da nossa escola concorreu ao concurso e venceu em primeiro
lugar. Esse nosso aluno foi à Brasília por esse projeto, isso incentivou
muito a ele, inclusive ele está estudando no IFRN”. (Professor 16)
Do universo pesquisado, pouco menos da metade, isto é, 40% dos informantes
afirmaram não haver desencadeado nenhuma forma de participação.
Pelo exposto, podemos afirmar que na atualidade a educação para a cidadania se
concebe desde as formas que se trabalham os saberes escolares e se constroem os
conhecimentos em sala de aula, até a participação na escola e fora dela, envolvendo a
comunidade com experiências que favoreçam seu exercício.
Estabelecendo estreita relação com essas discussões, formulamos o seguinte
questionamento aos informantes: Quem define o que será tratado em educação ambiental no
ensino de geografia?
Do total dos professores, 50% afirmaram ser uma definição própria:
“Quem define é o próprio professor, quando ele percebe a realidade
de vida dos alunos, da realidade vivenciada no lugar”.(Professor 05)
98
“No planejamento surge as ideias, mas também são minhas as
ideias”. (Professor 13)
“O livro didático é quem vai dando as diretrizes, mas o professor é
quem vai decidir aprofundar, isto é, da importância ou não a cada
assunto” (Professor 19)
Esse ponto do questionário aponta que os professores são os principais responsáveis
por definir o que será tratado em educação ambiental. Posto dessa forma, é preciso afirmar
que o ensino de geografia é um processo contínuo, em que a ação-reflexão-ação do professor
é fundamental na construção do conhecimento, que está sempre em movimento.
É importante destacar que entre o universo pesquisado, os outros 50% responderam
ser o livro didático quem define o que será tratado em educação ambiental no ensino de
geografia:
“Nós já temos definições pré-estabelecidas pelo livro didático”.
(Professor 01)
“O próprio conteúdo dos livros didáticos, mas há uma flexibilidade,
mesmo que não fuja dos conteúdos programados”. (Professor 15)
“Geralmente eu sigo a própria realidade do livro, quando se aborda
as questões ambientais”. (Professor 20)
Como podemos perceber, na fala dos professores, o livro didático exerce um papel
central na definição do que será tratado na educação ambiental. Esse aspecto configura-se
num grande problema enfrentado pelos professores, quando os tornam isentos da sua
autonomia, do seu poder de eleger temas e metodologias considerados necessários ao ensino
de geografia na promoção da educação ambiental. Em consonância com essa realidade,
Vesentini (1989, p. 167, grifo do autor) afirma que “[...] ao invés de aceitar a „ditadura‟ do
livro didático, o bom professor deve ver nele tão somente um apoio ou complemento para a
relação ensino-aprendizagem que visa a integrar criticamente o educando no mundo”.
Portanto, ao fazer uso do livro didático nas aulas de geografia, é necessário não transformá-lo
99
num mero guia, pois pode acabar se constituindo num instrumento a serviço da alienação e da
não-aprendizagem.
Uma reflexão acerca das práticas e teorias desenvolvidas no âmbito do ensino de
geografia na promoção da educação ambiental não pode prescindir de uma discussão acerca
da relação local-global. Em conformidade com essas ideias, Cavalcanti (2012, p. 48) afirma
que, “[...] no mundo contemporâneo, há uma complexificação do espaço, que se tornou
global. O espaço vivenciado hoje é fluído, formado por uma rede de limites indefinidos e/ou
dinâmicos, e ultrapassa o lugar de convívio imediato”.
Partindo dessas discussões, formulamos a seguinte questão: Na sua opinião, há
necessidade de abordar a educação ambiental no ensino de geografia a partir da relação local-
global? Por quê?
Esse ponto do questionário aponta que todos os professores têm necessidade de
abordar a educação ambiental no ensino de geografia a partir da relação entre o local e o
global. Esse enfoque, atribuído ao ensino de geografia, revela-se na fala dos informantes a
seguir:
“Sim. No momento que você está tratando os conteúdos globais é
possível tarbalhar a educação ambiental a nível local, uma vez que os
problemas não acontecem de maneira isolada”. (Professor 04)
“Sim. Porque uma ação feita no local, pode ter uma reação global.
Discutir a questão da poluição oceânica, que está relacionado a uma
ação no local, como é o caso da falta de saneamento básico e o que é
lançado nos rios, pois a maioria dos rios brasileiros deságuam nos
oceanos. Essa relação da para o aluno entender o local e o global”.
(Professor 08)
“Sim. Devido a globalização existente que é uma realidade hoje, que
gera uma gama de informações. Eu tento passar para os alunos o que
nós consumimos hoje, nem sempre é produzido na nossa região, mas
provenientes de lugares distantes e essa realidade pode estar sendo
afetada na região onde é produzido, essa realidade local e global está
relacionada de qualquer maneira”. (Professor 15)
100
“Considero fundamental compreender o global partindo do lugar,
onde o aluno mora. É mais fácil ele entender uma problema ambiental
mundial, quando ele vivencia aquela problemática na sua vida, tendo
em vista que facilita mais sua compreensão”. (Professor 20)
As falas evidenciam a compreensão de que os problemas ambientais globais são
também locais, pois estão continuamente interagindo numa relação dialética. Baseando-se
nessas reflexões, os PCNs de geografia afirmam que:
A escala local/ global na abordagem de um tema deverá estar sempre
levando em consideração que existe uma reciprocidade como as duas
interagem. A entrada num tema pode ser feita tanto de uma forma como de
outra. O importante é que não se perca essa relação dialética na explicação
[...] (BRASIL, 2001, p. 31)
Sob essa ótica, podemos ressaltar que o ensino de geografia possui uma postura teórica
e metodológica, em que a abordagem de um tema ambiental pode partir do enfoque das
interrelações entre o local e o global. Os problemas ambientais devem manifestar-se no lugar
de vivência do aluno, onde as relações são mais duradouras e efetivas. Porém, é preciso
ressaltar que ao estudar o local não podemos ignorar o global, pois “[...] é uma boa
abordagem partir do local para o geral, uma vez que a localidade encerra questões da
globalidade e, a partir destas, pode-se construir um vai-vém entre global, particular e geral,
singular e histórico” (COMPIANI, 2002, p. 180).
Partindo dessas discussões, formulamos a seguinte pergunta aos professores: Em suas
aulas de geografia, há interação entre o local e o global na promoção da educação ambiental?
De que maneira?
O universo dos informantes aponta que existe a interação do local e o global no ensino
de geografia na promoção da educação ambiental. Observamos a seguir nas falas dos
informantes:
“Sim. Tento sempre partir da realidade do próprio aluno, fazendo ele
interagir com outras realidades, para que ele entenda o efeito causa e
consequência. Eu mostro que a latinha lançada no rio Barra Nova é a
consequência do meu ato, pois aí começa o problema para a
natureza”. (Professor 07)
101
“Sim. Explico para os alunos que as ações humanas que efetuamos na
compra de determinado produto que foi retirado da natureza,
significa que de onde foi retirado se não for de maneira equilibrada,
poderá gerar um desequilíbrio ambiental”. (Professor 15)
“Sim. Tento abordar o local, porque é o espaço de vivência do aluno.
E o global também é importante, pois muitas características do global
tem no local e o impacto do global atinge o local, eles estão inter-
relacionados”. (Professor 16)
Percebemos, na fala dos professores, que ao abordar os conteúdos de geografia sem
destacar a importante interação entre o local e o global, pode suscitar numa compreensão
equivocada acerca dos problemas ambientais. Porém, é importante ressaltar que o local e o
global não são fenômenos lineares, mas é essencial que as mediações do lugar e do mundo
sejam cada vez mais aprofundadas. Em conformidade com os PCNs de geografia, Brasil
(2001, p. 31):
O local e o global formam uma totalidade indissolúvel. Dependendo da
necessidade e da relevância que se queira dar a algumas especificidades de
um tema, o tempo de permanência do estudo em uma das duas escalas
dependerá do campo de interesse do professor definido pelo seu programa.
Nesse sentido, evidenciamos a importância da autonomia do professor na abordagem
dos conteúdos de geografia, que não deve somente priorizar a rígida sequência do livro
didático, mas é fundamental que o professor possibilite ao aluno construir conhecimentos a
partir de sua realidade local, mediante a interrelação com outros espaços, que pode ser a nível
regional, nacional e global.
Em consonância com essas discussões, formulamos a seguinte questão: Em suas aulas
de geografia, quais conteúdos são contemplados ao priorizar a relação local e o global na
promoção da educação ambiental?
O gráfico seguinte apresenta as diversas respostas fornecidas pelos informantes
(Gráfico 5).
102
Gráfico 5 – Conteúdos de geografia ao priorizar a relação local / global na
promoção da educação ambiental
Fonte: Dados do autor, 2016.
Como podemos constatar a partir dos dados apresentados, os professores enunciaram
contemplar diversos conteúdos ao priorizar a relação local e global na promoção da educação
ambiental. Portanto, é necessário destacar que entre os temas mais abordados está a
vegetação, a hidrografia e o clima que, por sua vez, evidenciam que os problemas ambientais
são locais, mas têm capacidade de influenciar nas transformações que ocorrem nos diferentes
lugares do mundo. Em conformidade com essa realidade, Vesentini (2004) afirma que o
ensino de geografia deve levar ao aducando a compreensão acerca do espaço, numa análise
que parte do local para o global. Sendo assim, a compreensão desse espaço passa pelo estudo
da natureza, como o clima, o solo, o relevo, a vegetação, a hidrografia, como também do
amplo processo da relação sociedade/natureza.
4.4 TEMAS GERADORES: PROPOSTAS CURRICULARES PARA UM ENSINO DE
GEOGRAFIA NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Diante das reflexões já construídas acerca da organização dos conteúdos curriculares
no ensino de geografia, revelamos ser necessário indicar, na construção deste trabalho, os
quatro temas geradores desenvolvidos no capítulo II: Mãe-Terra; Clima e Cidadania
Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo sustentável. Dessa forma, emergiu a
necessidade de averiguar se os referidos temas geradores têm sido abordados pelos
professores, já que, são considerados saberes necessários ao ensino de geografia na promoção
103
da educação ambiental. Em consonância com essa discussão, formulamos a seguinte pergunta
aos professores: Na perspectiva da educação ambiental no ensino de geografia, qual é o seu
conceito de Terra (planeta)?
Em conformidade com a fala dos informantes, constatamos que 65% têm o conceito de
planeta Terra como um organismo vivo, que necessita de cuidados:
“O nosso planeta está doente, porque a poluição é muito grande, mas
as pessoas não acordaram para essa realidade”. (Professor 10).
“Nossa casa, ela é quem no dá tudo: alimentação, moradia, ela é mãe
acolhedora e nós somos os seus únicos filhos”. (Professor 12)
“A nossa grande casa, a casa mãe, onde nós temos que preservar seus
recursos e quando explorar, ser de maneira sustentável. Há
necessidade de cuidar, se não cuidar vai acabar os recursos
naturais”. (Professor 19)
As falas evidenciam a compreensão do planeta Terra como um ser vivo, uma mãe que
fornece todas as condições necessárias à sobrevivência dos seus filhos. A Terra é, nessa
perspectiva, um planeta acolhedor, único e generoso. Pelo exposto, Gadotti (2003) confirma a
existência da hipótese de Gaia, ao conceber à Terra como um superorganismo complexo e
vivo, pois tudo o que for feito a Terra vai refletir em seus filhos.
Na fala a seguir, o planeta Terra é visto como um sistema:
“A Terra funciona como um sistema, no qual todos os elementos estão
interligados”. (Professor 02)
Essa compreensão sobre o planeta Terra está diretamente relacionada à defendida por
Capra (2012), que se refere à concepção sistêmica da Terra a partir das relações e integrações
de todo e qualquer organismo, passando pela menor bactéria até os seres humanos, numa
totalidade integrada, num sistema vivo.
Nesse contexto, os professores relatam, também, o necessário cuidado da humanidade
com o planeta Terra:
104
“A Terra é a nossa morada que requer todos os cuidados, pois ela é o
nosso suporte de sobrevivência”. (Professor 06)
“O planeta Terra é o ponto de equilíbrio para a existência e
sobrevivência de todas espécies, inclusive a humana. Sendo que o
homem é o principal responsável pelo desequilíbrio”. (Professor 13)
“Lugar que estamos inseridos, que merece todo cuidado e atenção,
principalmente para a nova geração despertar o que ela está fazendo
com esse planeta”. (Professor18)
Esse aspecto, pontuado pela fala dos professores, demonstra a preocupação com o
cuidado que deve ter com o planeta Terra, baseado em relações de equilíbrio, como um
suporte para a existência da vida. Pelo exposto, Boff (1999, p. 134) afirma que “[...] para
cuidar do planeta precisamos todos passar por uma alfabetização ecológica e rever nossos
hábitos de consumo. Importa desenvolver uma ética do cuidado”.
Do universo pesquisado, 35% têm o planeta Terra, como um espaço de sobrevivência
e fornecedor de recursos naturais:
“O espaço onde nós vivemos, nos relacionamos, produzimos e
utilizamos”. (Professor 05)
“Seria o local onde existem relações homem/ meio. Onde o homem
retira seus recursos naturais, onde constrói sua vida. (Professor 04)
“É o nosso espaço de sobrevivência, onde desenvolvemos nossas
relações cotidianas, onde praticamos nossas atividades e sabemos
que elas tem seus impactos”. (Professor 16)
Percebemos que essa concepção de planeta Terra no ensino de geografia está
diretamente relacionada à forma com que os livros didáticos contemplam os conteúdos
curriculares. Em conformidade com essa discussão, Gadotti (2000, p. 11) ressalta que
passamos muito tempo na escola aprendendo que a Terra:
105
[...] é um dos nove planetas que giram em torno do Sol e que é uma grande
esfera rochosa [...] em sua superfície existem lindas paisagens, umas regiões
são mais quentes do que outras. Em muitos lugares, sobretudo nos terrenos
elevados, com montanhas e vulcões, pode nevar. As nuvens trazem e levam
a chuva. Existem lindas florestas, savanas e pradarias. A maioria das pessoas
vive nas planícies, principalmente nas mais férteis. O homem transformou
essa pasiagem construindo enormes conglomerados de casas e edifícios – as
cidades – e aprendeu a cultivar o solo e a construir estradas.
Partindo dessas reflexões, observamos que a concepção do professor de geografia
sobre o planeta Terra apresenta uma forte ligação com a própria visão encontrada nos
conteúdos curriculares que se encontram abordados nos livros didáticos.
Em consonância com a fala dos professores, podemos perceber que a abordagem do
tema gerador, planeta Terra, configura-se num grande desafio ao ensino de geografia, quando
apresenta “[...] condições de contribuir para que os alunos superem o senso comum mediante
uma metodologia dialógica e chegar a um conhecimento mais elaborado e científico”
(PONTUSCHKA et al., 2009, p. 154). Partindo dessas reflexões, formulamos a seguinte
pergunta: Na sua opinião, o ensino de geografia pode promover a educação ambiental ao
abordar o tema Terra (planeta)? De que maneira?
Todos os informantes expressaram a importância do ensino de geografia na promoção
da educação ambiental ao abordar o tema Terra (planeta), sendo que 65% dos docentes
revelaram importante cuidar do planeta Terra:
“Pode sim. Fazendo com que o aluno pense e entenda que a Terra
não é autosuficiente e que nós precisamos cuidar dela”. (Professor
07)
“Sim. Que a gente tem que cuidar das fontes naturais, cuidar do ar,
da água, do relevo, das fontes que dão sustentação à vida no planeta
Terra”.(Professor 13)
“Pode. Os cuidados que devemos ter para preservá-lo. A questão da
poluição, dos gases, dos desmatamentos, os próprios cuidados com o
solo para evitar a questão da erosão”. (Professor 16)
Nesse contexto, as falas dos professores apontam que há necessidade de despertar nos
seres humanos um sentimento de pertencimento e identidade com o planeta Terra. Dessa
106
forma, é importante destacar a relação que perpassa pela ética do cuidado, possibilitando a
convivência e o respeito pelas diversas formas de vida que brotam na superfície do planeta, a
Mãe-Terra. Baseando-se no exposto, Boff (1999, p. 96) afirma que:
Cuidar das coisas implica ter intimidade, senti-las dentro, acolhê-las,
respeitá-las, dar-lhes sossego e repouso. Cuidar é entrar em sintonia com,
auscultar-lhes o ritmo e afinar-se com ele. A razão analítico-instrumental
abre caminho para a razão cordial, o sprit finesse , o espírito de delicadeza, o
sentimento profundo. A centralidade não é mais ocupada pelo logos-razão,
mas pelo pathos-sentimento (Grifos do autor).
Também há, entre os informantes, a compreensão de que o planeta Terra é um espaço
de transformação a partir da relação sociedade/ natureza. A Terra é vista como um lugar
disponível dos recursos naturais, indispensáveis à sobrevivência dos seres humanos.
Nessa categoria de análise, 35% dos informantes responderam o seguinte:
“Sim. No uso dos recursos do planeta, pois quando trata desse tema
vamos entender como geramos esse impactos. Estudando a educação
ambiental podemos ver o uso eficiente desses recursos”. (Professor
05)
“Sim. Como o meio ambiente é o lugar que a nossa sobrevivência é
possível, podemos dizer que a Terra é o conjunto de todos esses
lugares”. (Professor 08)
“Sim. Pois é no planeta Terra onde vai se dá as relações homem/
meio. (Professor 17)
“Sim. Pois é no planeta Terra que as transformações acontecem, seja
do lado positivo ou negativo”. (Professor 18)
Em conformidade com esse grupo de respostas, percebemos a estreita relação com o
objeto de estudo da geografia, que parte das análises espaciais, fruto da interação do homem
com o meio ambiente em que vive. Partindo desse ponto de vista, Cavalcanti (1998, p.24)
defende que: “entre o homem e o lugar existe uma dialética, um constante movimento: se o
espaço contribui para a formação do ser humano, este, por sua vez, com sua intervenção, com
107
seus gestos, com seu trabalho, com suas atividades transforma constantemente o espaço”. A
compreensão do planeta Terra, nessa perspectiva, não leva em consideração a subjetividade
dos aprendizes, quando se deve constituir numa prática indispensável a um ensino de
geografia na promoção da educação ambiental.
O professor de geografia precisa desenvolver situações que provoquem uma postura
crítica e reflexiva do aluno. Dessa forma, faz-se necessário uma abordagem de conteúdos
diretamente relacionados ao cotidiano do aluno, levando-o a uma aprendizagem significativa.
Baseando-se no exposto, formulamos a seguinte questão: Em suas aulas de geografia, você
tem abordado o tema Terra (planeta) a partir do cotidiano do aluno? Justifique.
Em conformidade com a fala dos informantes, 30% afirmaram que há relação a partir
do cuidado:
“Sim. Levando o aluno a valorizar seu próprio espaço, cuidando e
zelando por ele. O próprio quarto dele, se ele tem consciência de
cuidar dele, eu vou abrangendo pela casa, a rua, o bairro, a cidade,
até chegar uma esfera maior, que é o nosso planeta”. (Professor 15)
“Sim. Pois nossas ações no local refletem no global. A questão do
cuidar do ambiente em si”. (Professor 18)
“Sim. Com cuidado nas práticas diárias, como a redução da água no
banho, não desperdiçar alimentos, quando se planta tem que irrigar,
é todo um processo”. (Professor 19)
Percebemos que os professores estabelecem uma relação significativa entre o tema
Terra (planeta) e o cotidiano do aluno a partir do enfoque nos lugares que lhes são mais
próximos e familiares, isto é, o próprio quarto, a rua, o bairro, que são, por sua vez, espaços
de vivência e bastante conhecidos dos alunos. Baseando-nos no exposto, podemos afirmar que
o cuidado não deve ser entendido como uma prática virtuosa que se impõe ao indivíduo, mas
um profundo sentimento de compaixão e apreço pelo planeta, a Mãe-terra. Com base no
exposto, é pertinente mais uma vez compartilhar o pensamento de Boff (1999, p. 135), ao
afirmar que:
108
O Cuidado com a Terra representa o global. O cuidado com o próprio nicho
ecológico representa o local. O ser humano tem os pés no chão (local) e a
cabeça aberta para o infinito (global). O coração une chão (local) e a cabeça
aberta para o infinito (global). O coração une chão e infinito, abismo e
estrelas, local e global. A lógica do coração é a capacidade de encontrar a
justa medida e construir o equilíbrio dinâmico.
Evidenciada essa relação entre o local e o global no ensino de geografia, o aluno é
levado à compreensão da sua própria realidade, do seu lugar de convívio, em que as relações
são sentidas, mas é importante entender que os lugares não se encontram isolados, eles fazem
parte de uma teia gigante, que está em interação constante com outros lugares.
Há, ainda, aqueles 15% dos informantes que abordam o tema Terra (planeta) a partir
dos diferentes níveis de escalas geográficas. São os casos das falas seguintes:
“Sim. Mostrando o espaço onde ele vive. É preciso partir do bairro,
cidade, estado, país, continente para ele ter essa consciência de
planeta”. (Professor 01)
“Pode ampliar as escalas, a partir do bairro que ele mora, cidade,
estado, até chegar a nível planeta”. (Professor 11)
“Sim. Porque a gente parte do ambiente que eles vivem para o
mundo”. (Professor 16)
Como podemos observar na fala dos informantes, o lugar é o ponto de referência para
a compreensão das outras dimensões da superfície terrestre. Portanto, é necessário afirmar que
ao estudar temas relacionados ao meio ambiente, no ensino de geografia, deve-se partir do
local ao global e deste ao local. Em conformidade com essa reflexão, Cavalcanti (2012)
afirma que ao se trabalhar com o cotidiano dos alunos, sua realidade mais imediata, os
conteúdos podem ser amplamente favoráveis a uma aprendizagem significativa.
Há, ainda, um total de 45% dos informantes anunciando que ao abordar a realidade do
aluno, o seu cotidiano em referência à Terra (planeta), está diretamente relacionado à forma
como os espaços foram sendo ocupados e transformados pelo ser humano. Em conformidade
com essa discussão, podemos afirmar que o meio pode influenciar na vida dos homens, como
estes podem intervir nesse meio, buscando a sobrevivência e satisfazer as suas necessidades
109
de consumo, que, em muitos casos, podem acarretar em graves danos ao meio ambiente. São
os casos da falas seguintes:
“Sim. No ciclo da água, no uso dos recursos hídricos, na forma que
está construído o bairro, na produção do lixo, no uso dos resíduos
sólidos”. (Professor 05)
“Sim. Trabalhar sobre a crise hídrica, porque aqui está chovendo
menos, quais as causas e as consequências, porque está havendo o
aumento do efeito estufa no planeta Terra, também há o processo de
desertificação”. (Professor 13)
“Sim. A respeito da transformação do planeta, a ação da humanidade
acaba acelerando o desequilíbrio ambiental”. (Professor 14)
Nesse sentido, evidenciamos a importância de abordar o cotidiano do aluno, dando um
maior enfoque aos problemas enfrentados pelos mesmos, tendo em vista que essa prática
desenvolvida no ensino de geografia, pode ser amplamente favorável à promoção da educação
ambiental. Partindo dessas reflexões, Guimarães (1995, p. 40-41) afirma que:
Se, em uma aula, o educador se detiver apenas no conteúdo pelo conteúdo,
não o relacionando à realidade, estará descontextualizando esse
conhecimento, afastando-o da realidade concreta, tirando seu significado e
alienando-o. Dessa forma, minimiza-se o conhecimento como um
instrumento para uma prática criativa (práxis).
Pelo exposto, é necessário afirmar que os conteúdos só terão significado na vida do
aluno se for considerado o meio em que ele vive. Em consonância com essa realidade,
Compiani (2002) afirma que é importante destacar que a maioria dos livros didáticos não se
preocupam em integrar os conhecimentos, ou melhor, levar em consideração os níveis mais
complexos de conceitos e problemas do contexto em que estão situados a escola e os alunos.
É preciso ressaltar que entre os professores pesquisados, dois afirmaram não abordar o
tema Terra (planeta) a partir do cotidiano do aluno.
Nesse contexto, o professor de geografia dos anos finais do ensino fundamental pode e
deve dispor de inovações teóricas e metodológicas, que possam ser amplamente favoráveis à
110
promoção da educação ambiental no ensino de geografia. Partindo dessa discussão, elegeu-se
o tema gerador clima, que além de constituir-se num saber do senso comum, com informações
diárias veiculadas pelos meios de informações e comunicações, também encontra um forte
respaldo nos livros didáticos. Em conformidade com o exposto, formulamos a pergunta
seguinte: Em suas aulas de geografia, a abordagem que você faz sobre o clima é a mesma que
os livros didáticos contemplam? Por quê?
A grande maioria dos informantes, 65%, responderam não abordar o tema clima
diretamente relacionado aos conteúdos curriculares do livro didático, pois consideram
pertinente abordar as peculiaridades climáticas do lugar em que vive o aluno. Observa-se nas
respostas a seguir:
“Não. Procuro sempre contextualizar o conteúdo do livro didático à
realidade de vida dos alunos. Pensar no clima em que o aluno está
inserido e tentar relacionar com outros tipos climáticos presentes no
mundo”. (Professor 02)
“Não. Porque muitas vezes o livro aborda o conceito fechado,
científico. Eu preciso trabalhar o cotidiano do aluno, onde ele vive, a
vivência do aluno”. (Professor 03)
“Não. Os impactos causados pelo homem, ilha de calor, a
convivência desse homem com as intempéries climáticas, a seca, o uso
para quem se destina isso, o uso desse espaço e a técnicas do local,
estoque de alimentos para a próxima seca, o armazenamento da água
que é necessário”. (Professor 05)
“Não. A gente precisa trazer a nossa realidade. Quem vive no sertão
do Nordeste precisa ter conhecimento da causa da própria realidade.
A questão do El Niño, que a nossa costa recebe, os meteorologista
preveem que ano não será bom de inverno, os alunos tem um olhar
crítico para as previsões dos telejornais”. (Professor 06)
“A parte científica e nos trabalhos e conheciemntos empíricos, a
vivência do aluno. Porque tem a necessidade que a gente conheça o
111
senso comum, as mudanças que vá ocorrendo na natureza”.
(Professor 19)
Como podemos perceber na fala dos professores, o livro didático não pode se
caracterizar num único instrumento ao abordar o tema clima, pois, em alguns casos, constitui-
se em conteúdos curriculares bastante limitados, sem encontrar nexos com a realidade local,
como os aspectos sentidos e vividos no cotidiano do aluno. É importante afirmar que o livro
didático não pode substituir as ideias, os sentimentos, as emoções que vinculam o aprendiz as
suas práticas do cotidiano. Diante disso, é importante dar sentido as nossas práticas e
reflexões. Em conformidade com Gutiérrez; Prado (2002, p. 63):
Caminhar com sentido significa, antes de tudo, dar sentido ao que fazemos,
compartilhar sentidos, impregnar de sentidos as práticas da vida cotidiana e
compreender o sem sentido (non-sense) de muitas outras práticas que aberta
ou sorrateiramente tentam se impor [...] o sentido que pessoal ou
coletivamente possamos dar a nosso caminhar, é a pedra fundamental sobre
a qual deve se assentar a significação da cidadania planetária.
Do universo pesquisado, 35% dos informantes responderam que seguem os conteúdos
do livro didático em abordagem do tema clima no ensino de geografia:
“Sim. Porque hoje temos livros bem atualizados, que conseguem fazer
uma relação direta com os temas abordados”. (Professor 01)
“Sim. Porque no livro didático, o clima está contemplado da maneira
que realmente acontece”. (Professor 04)
“Sim. Proque os livros são fontes de informações. Por exemplo, eu
não conheço ou não tenho experiência própria sobre o clima do Rio
Grande do Sul, então o livro é uma fonte de informações”. (Professor
11)
“Não fujo do conteúdo, eu tenho um direcionamento, eu sigo a risca o
conteúdo do livro didático. Embora, muitas vezes, eu procure
desenvolver o senso crítico deles”. (Professor 15)
112
As falas evidenciam a compreensão de que o professor precisa do livro didático,
tornando-o uma ferramenta de apoio no processo de ensino-aprendizagem. Motivado por essa
ideia, o professor perde a oportunidade de aproveitar as diferentes abordagens teóricas e
metodológicas favoráveis à construção de um conhecimento contextualizado, que se considera
amplamente eficaz a uma aprendizagem significativa. Em conformidade com esse
pensamento, Compiani (2002, p. 180) defende que:
Há toda uma cultura escolar de transmissão de informações baseadas em
definições e conteúdos descontextualizados e sem abertura para relações
entre disciplinas e o mundo cotidiano. O conteúdo da maioria dos livros
didáticos é descritivo, não havendo preocupação em trabalhar com níveis
mais complexos, de conceitos e problemas a partir de, e em integração com,
o contexto em que se inserem a escola e os alunos.
É pertinente afirmar que o ensino de geografia, nos dias atuais, vem sendo muito
questionado. Isso decorre, na maioria das vezes, da postura do professor quando está sob sua
responsabilidade o processo de ensino e aprendizagem. Conforme já esclarecido ao longo
deste trabalho, existem saberes necessários no ensino de geografia que são decisivos à
promoção da educação ambiental. Partindo dessas reflexões, formulamos a seguinte pergunta:
Quais aspectos você considera necessários ao abordar o tema clima no ensino de geografia?
Em conformidade com a fala dos informantes, constatamos que 50% consideram
necessário entender a relação sociedade/ natureza nas análises espaciais, que perpassam pelos
aspectos políticos, econômicos e sociais:
“Como o clima interfere na vida das sociedades, no desenvolvimento
econômico, nos seus modos de vida”. (Professor 02)
“Os aspectos do uso do espaço, os impactos gerados no clima pelo
uso do espaço e a forma que o clima vai favorecer o uso do espaço”.
(Professor 05)
“Não tem como você entender o meio ambiente sem observar as
condições climáticas. Questões das secas, uso da terra, recursos
naturais. quando trato a seca vejo os aspectos naturais e sociais. O
desmatamento pode ser um problema social que pode provocar a
113
seca, além da miséria que não está totalmente relacionado a falta
d‟água”. (Professor 09)
“A questão da poluição atmosférica e suas consequências, o impacto
causado pelas atividades econômicas, com o desmatamento no regime
de poucas chuvas (secas). Geralmente não faço associação entre seca
e miséria, pois Israel vive na seca e não tem miséria”. (Professor 20)
Em consonância com essas respostas, podemos afirmar que o tema gerador clima brota
de uma “visão de geografia fundamentada no princípio de unidade, em que a geografia física
e a humana interagem reciprocamente”. (BRASIL, 2001, p. 37).
Dos respondentes, 50% afirmaram abordar o clima a partir dos aspectos físico-
naturais.
“A relação entre clima e os seres vivos (animais e vegetais), pois a
falta de chuvas no semiárido vai atingir todas essas formas de vida”.
(Professor 11)
“Me baseio bastante no tempo, para a partir daí diferenciar clima de
tempo, fazer ligação de todos os fenômenos e fatores que determina o
clima de uma determinada região”. (Professor 14)
“O regime das chuvas, a questão da vegetação e arborização,
também vejo a questão das zonas climáticas, porque a nossa região é
mais quente que as outras”. (Professor 15)
Sob essa ótica, é importante ressaltar que os conteúdos físico-naturais do espaço
geográfico são necessários à formação do aluno, que, pois devem estar relacionados ao seu
cotidiano. Partindo dessa reflexão, Morais (2013, p. 29, Grifo da autora) afirma que “[...] a
aprendizagem meramente de memorização deve se „converter‟ em uma aprendizagem
significativa”.
Nesse contexto, observamos que o professor se apropria de numerosos fatores, seja de
ordem físico-natural ou econômico-social para explicar as diferentes peculiaridades que o
clima exerce sobre um determinado lugar ou sobre uma região. Nessa perspectiva,
114
evidenciamos que a abordagem do tema gerador clima pelos professores é a mesma que os
livros didáticos contemplam, não se configurando numa abordagem teórico-metodológica
inovadora no âmbito do ensino de geografia na promoção da educação ambiental.
Baseando-se no exposto, enunciamos a seguinte pergunta: Na sua opinião, a
abordagem do tema clima no ensino de geografia contribui na promoção da educação
ambiental? De que maneira? Constatamos que 50% dos professores abordam a partir da
própria realidade em que vive o aluno, do seu cotidiano:
“Sim. Não tem como você entender o meio ambiente sem observar as
condições do clima. Na nossa realidade tem como ver a questão das
secas, o uso da terra, recursos naturais. Quando trato as secas, vejo
os aspectos naturais e sociais”. (Professor 09)
“Sim. Quando você fala da pouca chuva na nossa região, pode
desenvolver no aluno as questões sobre a economia da água”.
(Professor 11)
“Sim. Contribui muito, porque se a gente trabalha qualquer tema da
educação ambiental ligado ao semiárido, onde nossos alunos faz
parte, nós estamos diretamente ensinando as práticas, as formas da
melhor convivência com os fenômenos adversos do semiárido, como a
seca”. (Professor 13)
“Sim. Com os fenômenos de ocorrência no dia a dia, e as fases do ano
que temos, como o inverno e verão. As contradições que existe na
região, como a chuva de verão e outono e o resto dos meses é seco e
quente. Relacionado ao mecanismo da natureza”. (Professor 14)
Como podemos constatar, as falas dos informantes estão pontuadas pela necessidade
de contextualizar os conteúdos de geografia, isto é, associá-los ao lugar em que o aluno está
inserido. Amparados nas ideias de Cavalcanti (1998, p. 94), “[...] o estudo do lugar, nesses
termos, permite inicialmente a identificação e a compreensão da geografia de cada um, o que
é básico para a reflexão sobre a espacialidade da prática cotidiana individual e de outras
práticas”.
115
Do universo pesquisado, 50% afirmaram abordar a partir da compreensão que se deve
ter das alterações no espaço geográfico a partir da relação sociedade/ natureza:
“Sim, contribui. Na medida que as discussões de práticas ecológicas
ajudam a fazer com que eles tenham consciência que os impactos
gerados ao meio ambiente pode trazer severas implicações, sobretudo
ao clima”. (Professor 04)
“Sim. Ensinando a usar os recursos naturais de forma a causar
menos impactos a própria natureza”. (Professor 05)
“Sim. Ao se estudar a problemática da queima do lixo, pois são
geradores de gases, que são lançados para a atmosfera e acabam
interferindo no clima”. (Professor 08)
“Sim. Na medida que eles são levados a compreender os impactos
causados pela poluição humana nas cidades”. (Professor 20)
Observamos, nesse ponto, que a interpretação crítica da organização do espaço
destaca-se como requisito peculiar ao ensino de geografia. Dessa forma, o professor de
geografia pode inovar as práticas e as teorias em suas aulas, considerando que há grandes
possibilidades de promover a educação ambiental.
Referindo-se ao tema gerador clima, é necessário afirmar que a difícil sobrevivência
do homem com a seca não está associada apenas aos fatores naturais, mas é preciso levar em
consideração os aspectos sociais, políticos e econômicos. Constatando-se essas peculiaridades
no ensino de geografia, é possível que se desenvolva uma formação crítica, participativa e
sensibilizadora dos alunos. Nesse contexto, faz-se necessário dar significado aos conteúdos do
livro didático. Conforme Gadotti (2000, p. 92), “[...] os conteúdos curriculares têm que ser
significativos para o aluno, e só serão significativos para ele, se esses conteúdos forem
significativos também para a saúde do planeta, para o contexto mais amplo”. Pelo exposto, é
fundamental a compreensão ampla dos conteúdos de geografia, destancando a melhoria das
condições de vida, como: a superação da desigualdade social, o respeito, a solidariedade, a
compaixão e admiração pela vida que ao estabelecerem relações com o cotidiano do aluno,
116
fazem-se saberes necessários e amplamente favoráveis à promoção da educação ambiental no
ensino de geografia.
Ressaltando a importância dos temas geradores no ensino de geografia, é necessário
destacar que esse é “[...] um dos caminhos na construção do currículo, deve ser escolhido com
base nos conhecimentos das relações dos homens com o mundo, com a vida (PONTUSHKA
et al., 2009, p. 154). Nesse sentido, o tema gerador desenvolvimento é inovador ao ensino de
geografia, quando é possível abordá-lo à luz de um pensamento ético e solidário. Baseando-
nos no exposto, formulamos a seguinte questão: Você utiliza o conceito de desenvolvimento
no ensino de geografia? Em qual perspectiva?
Em conformidade com essa pergunta, revelamos que 50% dos informantes abordam o
conceito de desenvolvimento a partir dos aspectos políticos, econômicos e sociais. Observa-se
nas falas seguintes:
“Sim. Com possibilidade de alcançar justiça social, de todos ter
possibilidade de produção e uso do espaço que traga benefícios para
o próprio local, com educação e saúde”. (Professor 05)
“Sim. Na evolução das sociedades, em todos os seus aspectos sociais,
culturais e econômicos”. (Professor 14)
“Sim. Na perspectiva econômica. Saber que a economia é muito
dinâmica. Faço uma retrospectiva, desde a extração da matéria-
prima até chegar ao consumidor”. (Professor 15)
Essa compreensão sobre o tema desenvolvimento estabelece uma relação direta com
os conteúdos abordados pelo livro didático. Para Sen (2000), o desenvolvimento não deve
estar relacionado apenas ao acúmulo de riquezas gerado pelo país, mas deve priorizar pela
qualidade de vida que as pessoas podem usufruir, como o acesso a um serviço de saúde
adequado, saneamento básico, água tratada e alta expectativa de anos de escolaridade.
No universo pesquisado, 50% dos professores responderam que o conceito de
desenvolvimento deve ser abordado na perspectiva do desenvolvimento sustentável:
“Sim. O caso do desenvolvimento das questões econômicas e sociais
sustentáveis. O desenvolvimento sustentável é fazer com que as
117
atividades econômicas se desenvolvam, mas de maneira racional para
com o meio ambiente”. (Professor 08)
“Sim. Desenvolvimento sustentável. Não explico esse conceito de
forma positivista, eu utilizo de forma crítica. Se eu disser que todos
tem oportunidade de crescer no memso nível, vou precisar de vários
planetas. (Professor 09)
“Sim. Quando os países querem se desenvolver, eles não pensam nas
questões ambientais, embora essa realidade esteja mudando, hoje
existe uma preocupação na questão da sustentabilidade”. (Professor
16)
É evidente, na fala dos professores, que o conceito de desenvolvimento apresenta uma
relação direta com o termo sustentável. Dessa forma, é urgente e necessário refletir sobre o
desenvolvimento sustentável, tendo em vista que estão se tornando cada vez mais escassos e
limitados os recursos naturais. Portanto, se o homem cuida do meio ambiente, está garantindo
às gerações futuras o direito de usufruir de uma melhor qualidade de vida. Partindo dessas
reflexões, Boff (1999, p. 137) defende que:
Sustentável é a sociedade ou o planeta que produz o suficiente para si e para
os seres dos ecossistemas onde ela se situa; que toma da natureza somente o
que ela pode repor; que mostra um sentido de solidariedade generacional, ao
preservar para as sociedades futuras os recursos naturais de que elas
precisarão.
Em consonância com essa realidade podemos afirmar que o desenvolvimento
sustentável só é possível mediante uma profunda mudança nos costumes e valores que a
grande maioria da população mundial tem adotado como estilo de vida. Assim, é preciso
afirmar que o modelo de desenvolvimento capitalista prega um consumo exagerado e a
qualquer custo, mesmo que essa ação resulte numa degradação ambiental sem limites,
matança de animais, poluição dos mananciais e do ar, além da precariedade das relações de
trabalho. Em consonância com esse pensamento, fizemos a seguinte pergunta: Em suas aulas
de geografia, ao abordar o tema desenvolvimento, você dá ênfase à melhoria da qualidade de
vida das pessoas? Em quais perspectivas?
118
Do total de professores pesquisados, 60% responderam que o desenvolvimento no
ensino de geografia é abordado na perspectiva do desenvolvimento social e na melhoria da
qualidade de vida das pessoas:
“Sim. Fazer com que a riqueza produzida no país e mundo seja
revertido na melhoria da qualidade de vida das pessoas, ter acesso
aos servições básicos de qualidade, educação, saúde e segurança”.
(Professor 04)
“Sim. Fazer com que a riqueza produzida no país e no mundo seja
revertida para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, como ter
acesso aos serviços básicos de qualidade, educação saúde e
segurança. (Professor 08)
“Sim. Quando estou abordando a questão de uma nação
desenvolvida, eu não vou centralizar na questão da renda, se ela é
uma potência, mas na qualidade de vida que ela oferece as suas
populações, como educação, saúde, lazer e segurança”. (Professor
09)
“Sim. de ter uma saúde melhor, se tem coleta de lixo, tratamento de
esgoto e saneamento básico, você terá desenvolvimento de vida das
pessoas, mais saúde, educação e melhor distribuição de renda”.
(Professor 19)
A partir da fala dos professores, podemos perceber que há uma preocupação em
abordar os conteúdos de geografia relacionando-os ao desenvolvimento social e espacial,
como um bom atendimento médico-hospitalar, melhoria da infraestrutura das escolas e
hospitais, a erradicação da pobreza e marginalização, a partir da geração de mais emprego e
igualdade efetiva de oportunidades. Em conformidade com esse pensamento, Boff (1999, p.
138) afirma que:
O desenvolvimento social visa melhorar a qualidade de vida humana,
enquanto humana. Isso implica em valores universais como vida saudável e
119
longa, educação, participação política, democracia social e participativa e
não apenas representativa, garantia de respeito aos direitos humanos e de
proteção contra a violência, condições para uma adequada expressão
simbólica e espiritual.
Do universo pesquisado, 40% dos professores abordam o tema desenvolvimento nas
aulas de geografia, na perspectiva do desenvolvimento sustentável:
“Sim. Principalmente na questão da relação entre as pessoas e a
natureza. De que as pessoas precisam dos recursos naturais para
continuar exisitindo no planeta Terra”. (Professor 02)
“Sim. Na perspectiva de ver o desenvolvimento siustentável. Que não
priorize a acumulação de riqueza, mas do uso racional dos recursos,
que dê possibilidade de todos para sobreviver e utilizar estes
espaços”. (Professor 05)
“Sim. no momento que a gente passa a cuidar melhor do nosso
ambiente, por menor que seja as ações desenvolvidas, se todos fizer
sua parte com certeza vai ser sustentável”. (Professor 18)
Nesse contexto, percebemos que as falas dos professores estão pontuadas por um
desenvolvimento que preza pelo cuidado com o meio ambiente, com o direito de as gerações
futuras usufruírem dos recursos naturais básicos indispensáveis à sobrevivência, em que as
relações sociais e ambientais sejam, sobretudo, respeitosas e solidárias à existência da vida,
compreendendo toda a sua complexidade e diversidade. Amparados pelas ideias de Gadotti
(2000, p. 61), pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável “[...] só tem sentido numa
economia solidária regida pela compaixão e não pelo lucro”.
As questões aqui discutidas evidenciam uma necessidade de aprofundar a reflexão
acerca do ensino de geografia na promoção da educação ambiental, não só sobre a prática,
mas, fundamentalmente, sobre as abordagens teóricas dos professores, pois são elas que
norteiam de forma incisiva a construção do conhecimento pelos alunos. Baseando-nos no
exposto, formulamos a seguinte questão: no seu ponto de vista, abordar a educação ambiental
no ensino de geografia é favorável a um novo conceito de desenvolvimento? Justifique.
120
Do universo pesquisado, a metade dos professores, isto é, 50%, afirmou abordar na
perspectiva da sustentabilidade:
“É sim. porque não vamos pensar o desenvolvimento a partir da
sustentabilidade. Para que as relações das pessoas não sejam apenas
nas coisas, mas também com o meio ambiente”. (Professor 01)
“Sim. Porque o desenvolvimento não só passa pela questão
econômica, é preciso crescer, desenvolver com respeito ao meio
ambiente, você crescer de maneira sustentável, pensando nas
gerações futuras”. (Professor 04)
“Sim. No momento que a sociedade pensa criticamente a respeito das
ações para com o meio ambiente, faz com que o desenvolvimento
sustentável se efetive. Mas ele ainda está muito em forma de teoria, é
preciso ser colocado em prática. (Professor 08)
“É possível e é necessário. O tão propagado desenvolvimento
sustentável, que seria visar mais a qualidade de vida e menos o lucro.
Principalmente, quando esse desenvolvimento atingir a todos,
comunidades, flora e fauna”. (Professor 09)
Sabemos, portanto, que a busca por integrar a relação equilibrada do homem com a
natureza só se concretizará de forma eficaz se as condições de sustentabilidade forem
garantidas.
Apesar da importância dada, nos dias atuais, ao conceito de desenvolvimento
sustentável, as sociedades têm seguido pelo caminho do consumo exagerado, pela ideia de
progresso ilimitado, em que se prioriza o crescimento econômico, em detrimento das
condições de vida duradouras e saudáveis. Baseando-se no exposto, Queiroz (2002, p. 41)
afirma que “[...] este crescimento econômico, que não leva em consideração a capacidade de
suporte dos ecossistemas, caminha para uma insustentabilidade, tanto ecológica quanto social,
além de comprometer o capital natural, estiola o capital humano e social”.
121
Os outros 50% do universo pesquisado responderam ser favoráveis a um novo
conceito de desenvolvimento, que leve os indivíduos ao conhecimento, condicionando-os a
tomar atitudes. Observa-se nas falas seguintes:
“Sim. Pois podemos refletir sobre a forma como a sociedade vem se
apropriando dos recursos naturais nos últimos anos”. (Professor 02)
“Sim. porque as pessoas ficam mais esclarecidas do que é meio
ambiente. Como consumir menos, ter controle do que eu faço para se
desenvolver”. (Professor 10)
“Sim. Porque a educação ambiental vai promover uma qualidade de
vida. Você vai conhecer, você pode transformar ou não um aluno
como um cidadão consciente dos seus direitos e deveres”. (Professor
12)
É importante destacar, a partir da fala dos informantes, que o ensino de geografia na
promoção da educação ambiental, além de ser amplamente favorável ao desenvolvimento
intelectual do aluno, pode condicionar mudanças de comportamentos, atitudes, valores e das
percepções que foram sendo incorporadas ao longo do tempo. Partindo dessas discussões,
Carvalho (2006, p. 180) afirma que é importante na promoção da educação ambiental:
Desenvolver capacidades e sensibilidades para identificar e compreender os
problemas ambientais, para mobilizar-se, no intuito de fazer-lhes frente, e,
sobretudo, para comprometer-se com a tomada de decisões, entendendo o
ambiente como uma rede de relações entre sociedade e natureza.
Em reflexão acerca dos temas geradores que elegemos na elaboração deste trabalho,
podemos afirmar que o tema consumo constitui-se amplamente favorável ao ensino de
geografia na promoção da educação ambiental. Sendo assim, o consumo faz parte da
sociedade em que vivemos. Conforme Busquets et al., ( 1998, p. 108), o consumo pode ser
considerado “[...] o modo como uma sociedade organiza e procura a satisfação das
necessidades de seus membros, e também é a expressão de significados e estratificações
(condutas, modelos, estruturas)”. Partindo dessas reflexões, formulamos a seguinte pergunta:
Qual é o seu conceito de consumo?
122
Constatamos a partir das falas da maioria dos informantes, isto é, 60% dos professores
afirmaram que está associado ao suprimento das necessidades básicas:
“Que devemos consumir aquilo que satisfaça as nossas necessidades
básicas. Não se deixar influenciar pelo modo de vida ocidental, nas
compras de materiais supérfluos”. (Professor 02)
“O consumo é quando utilizamos os recursos em satisfação das
nossas necessidades”. (Professor 05)
“Atender as necessidades básicas, alimentação, moradia, vestimentas
e lazer”. (Professor 09)
“Utilizo algo que necessito para minhas necessidades básicas
(alimentação, vestuário e moradia)”. (Professor 15)
A fala dos informantes aponta para um consumo consciente, que prioriza sobretudo
atender às necessidades básicas, como: alimentos, vestuário, calçados, remédios, entre outros.
Assim, sugerimos impactante no ensino de geografia abordar sobre o tema consumo
sustentável, pois configura-se um saber necessário, principalmente, se está relacionado ao
mundo das sociedades capitalistas.
Os outros 40% falaram que o conceito de consumo está relacionado ao exagero no ato
das compras:
“Buscar algo além de suas necessidades, dá valor ao supérfluo.
Diante essa sociedade capitalista, é como se o supérfluo fosse uma
necessidade, o consumo para ser feliz e se sentir completo, satisfeito”.
(Professor 06)
“É aquele que compra exagerado sem ter um controle. E quando
tenho o controle é porque só compro o necessário”. (Professor 10)
“É você consumir de forma exgarada, sem necessidade”. (Professor
12)
123
“Comprar sem necessidade, coisas que sejam supérfluas, mas mesmo
assim somos induzidos a comprar pela mídia”. (Professor 18)
Em consonância com a fala dos professores, percebemos que há pouca familiaridade
dos mesmos sobre o tema consumo, pois se por um lado ele pode ser demasiadamente
exagerado, chegando a provocar repercussões negativas no ambiente natural, também pode
ser amplamente necessário no suprimento das necessidades mínimas. Partindo dessas
reflexões, Gadotti (2000) afirma que um outro modo de vida é possível, em que todos sejam
contemplados por uma sociedade sustentável, em que as leis de mercado não ditem as regras
do consumo, porém este deve partir da mudança de valores e atitudes das pessoas.
Baseando-nos nessas discussões, formulamos a seguinte pergunta: Em suas aulas de
geografia, é possível relacionar o tema consumo à educação ambiental? Por quê? É
importante destacar que entre o universo pesquisado, 55% responderam estar relacionado à
exploração dos recursos naturais. Observa-se nas falas seguintes:
“Sim. Porque a geografia estuda a apropriação dos recurso naturais
pelos homens. Nesse sentido, podemos nessa disciplina repensar no
consumo, nos produtos que a gente compra”. (Professor 02)
“Sim. Porque quanto mais você consome, mas há necessidade de
extração dos recursos naturais”. (Professor 06)
“Sim. porque o consumo vai gerar uma quantidade enorme do uso
dos recursos naturais, como também vai gerar lixo”. (Professor 07)
“Sim. Porque quanto mais se consome, mais se usa os recursos
naturais e isso acaba prejudicando o meio ambiente”. (Professor 11)
Em conformidade com as falas dos informantes, podemos destacar que o consumo está
diretamente relacionado à maciça extração dos recursos naturais que, transformados em bens
de consumo, acabam sendo desperdiçados e retornando à natureza em forma de lixo, ao invés
de ter um tratamento especial.
124
Os outros 45% dos informantes responderam estar relacionado com atitudes
conscientes, com o cuidado:
“Sim. Porque o consumo é responsável por práticas ambientais
inadequadas, pode conscietizar os alunos que o consumo exagerado
pode trazer danos ao meio ambiente”. (Professor 04)
“Sim. Essa educação ambiental vai tentar promover ações que visem
mudar as próprias formas de consumir”. (Professor 05)
“Tento conscientizar os alunos a consumir aquilo que é estritamente
necessário. Tendo o cuidado de não ser influenciado pelos
comerciais, pela propaganda”. (Professor 15)
“Sim. Pois são nessas aulas em que mostro aos meus alunos, que para
se consumir temos que ter consciência da exploração dos recursos
naturais”. (Professor 19)
Nesse contexto, as falas dos professores revelam ser necessário sensibilizar o aluno
acerca do consumo exagerado, que apresenta uma forte ligação com a publicidade difundida,
principalmente pela mídia. Além disso, reconhece que o consumo está diretamente
relacionado com a degradação dos recursos naturais. A educação ambiental, nessa
perspectiva, pode trazer à tona, no ensino de geografia, a abordagem de valores amplamente
necessários às sociedades atuais, como: respeito, solidariedade, compaixão e o cuidado.
Conforme Boff (1999, p. 137):
Na prática a sociedade deve mostrar-se capaz de assumir novos hábitos e de
projetar um tipo de desenvolvimento que cultive o cuidado com os
equilíbrios ecológicos e funcione dentro dos limites impostos pela natureza
[...] não se trata simplesmente de não consumir, mas de consumir
responsavelmente.
Baseando-nos no exposto, podemos afirmar que o consumo pode ser uma prática
devidamente salutar, pois “[...] há necessidades primárias ou básicas que devemos satisfazer
para subsistir” (BUSQUETS et al., 1998, p. 111). Baseando-nos nessa reflexão, formulamos a
125
questão seguinte: Na sua opinião, a perspectiva de consumo pode melhorar a vida das
pessoas? Por quê?
Esse ponto do questionário aponta que a maior parte dos professores, isto é, 75%
afirmaram que o consumo pode melhorar a vida das pessoas a partir de um consumo
consciente, que venha suprir com as necessidades básicas:
“Sim. Consumindo conscientemente, ou seja, sustentavelmente, o
planeta tem a capacidade de oferecer os recursos naturais para
todos”. (Professor 02)
“Você tendo um consumo sadio, você vai ter uma melhor qualidade
de vida. Pois você consumindo além do que precisa, você pode abalar
o psicológico, ficar endividado, tudo o que você faz na vida tem que
ser equilibrado”. (Professor 03)
“Ela pode melhorar na medida que esse consumo seja feito de
maneira consciente, que seja consumo e não consumismo”. (Professor
04)
“Sim. Se for de extrema necessidade, como o consumo de insumos
para sua saúde, como remédios, alimentos, roupas. E não, se for para
consumir apenas para competir, para ser aceito ou fazer parte de um
grupo”. (Professor 07)
“Sim. Na perspectiva de um consumo que sensibilize o aluno na
compra daquilo que é necessário. O aluno que entende essa visão,
pode enxergar um meio ambiente como seu espaço que deve ser
preservado. Naquilo que você sabe distinguir como necessário, como
alimentos, água, bens de primeira necessidade. (Professor 17)
Do universo pesquisado, 25% responderam que a perspectiva de consumo não pode
melhorar a vida das pessoas:
126
“Não. Porque essa é uma ideia muito disseminada pelo capitalismo,
no sentido de que para você precisa consumir para se sentir realizado
ou satisfeito, mas você não precisa comprar essa ideia do capitalismo.
(Professor 06)
“Não. Porque o ser humano tem a tendência de sempre consumir
mais e mais, nunca está satisfeito com o que tem, além disso, é
influenciado pela mídia, sempre oferecendo um produto novo”.
(Professor 15)
Com base na fala dos informantes, há necessidade de repensar sobre as abordagens no
ensino de geografia, quando se refere às atitudes de consumo exagerado, que não há
preocupação pela degradação do meio ambiente e com a deterioração das relações sociais.
Porém, torna-se cada vez mais urgente e necessário atribuir ao ensino de geografia, na
promoção da educação ambiental, a relevância sobre um consumo sustentável, que perpassa
pela formação de um sujeito ético, responsável, generoso, que valoriza as relações éticas e
equilibradas com a natureza, os seres vivo, os seres humanos; enfim, com o planeta Terra.
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino de geografia na promoção da educação ambiental, ainda, apresenta-se como
desafio no contexto da educação brasileira, uma vez que novas discussões e reformulações no
campo das teorias e práticas devem ser incorporadas pelo professor e, consequentemente,
tendo domínio sobre as mesmas, possam apresentar grande possibilidade de contribuir e
somar na melhoria significativa no processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos e na sua
autoformação.
Com base empírica nos anos finais do ensino fundamental das escolas públicas e
privadas na cidade de Caicó, enveredamo-nos por analisar em que medida o ensino de
geografia contribui na promoção da educação ambiental. Nessa perspectiva, a escolha do
objeto desta pesquisa ganha notoriedade, uma vez que se trata das abordagens teóricas e
metodológicas no ensino de geografia, que constituem em saberes desencadeadores de um
ensino voltado para a educação ambiental.
A partir desse pressuposto, podemos afirmar que é um grande desafio para o professor
de geografia apropriar-se das metodologias e teorias eficazes à promoção da educação
ambiental. Dessa forma, entendemos que o conhecimento geográfico deve ser incorporado
pelo aluno a partir das mudanças de atitudes e comportamentos que, regido por ideias e atos
mais sensíveis, seja capaz de identificar e trazer à tona os problemas ambientais, sendo uma
condição necessária no desenvolvimento de atitudes ecológicas, como já citado por Carvalho
(2006), são importantes saberes que perpassam pela formação de um sujeito com
responsabilidades éticas e sociais, faces de um mesmo propósito de justiça social.
Assim, no âmbito do desafio de promover a educação ambiental no ensino de
geografia, o professor precisa abordar os conteúdos que sejam atrativos e significativos para o
aluno. Conforme Garcia; Morais (2014), que deem possibilidade de o aluno construir os
conhecimentos geográficos numa proposição crítica e reflexiva, que o mesmo passe a
conhecer melhor o espaço em que vive, intervêm e reivindica.
No primeiro momento da nossa pesquisa, constatamos, a partir do embasamento
teórico, os quatro tópicos que contemplam saberes necessários ao ensino de geografia na
promoção da educação ambiental. Desse modo, destacamos: Cotidiano; Interdisciplinaridade;
Participação e Relação Local/global.
A abordagem dos saberes necessários constituiu num foco importante na nossa
pesquisa, já que foram estes que melhor nos apontaram um substancial conjunto de
128
conhecimentos que possibilitassem um ensino de geografia na promoção da educação
ambiental.
Assim, evidenciamos que o saber interdisciplinar mantém uma estreita relação com o
ensino de geografia, tendo em vista que os conteúdos abordados por essa área do
conhecimento são potencialmente interdisciplinares. Constatamos, portanto, que apesar da
maioria dos professores reconhecerem a relevância da prática interdisciplinar no âmbito do
ensino de geografia como um caminho para os trabalhos em equipe e disponibilidades para o
diálogo. Contudo, observamos que mais da metade dos professores não desenvolvem a
interdisciplinaridade na prática.
Comprovamos que parte dos professores pesquisados são os principais responsáveis na
definição do que será tratado no ensino de geografia na promoção da educação ambiental.
Assim, é importante destacar que a dinâmica ação-reflexão-ação do professor é um ponto
bastante positivo na construção do conhecimento, que está em contínuo desenvolvimento.
Detectamos, também, que parte dos professores de geografia ainda mantém o livro didático
“central” em suas aulas, apresentando grandes dificuldades de congregar ao ensino de
geografia à abrangência das teorias e metodologias consideradas necessárias e com grandes
posssibidades para a promoção da educação ambiental.
Também, observamos a partir das falas dos professores que a participação dos alunos
nas sugestões dos temas sobre meio ambiente, no ensino de geografia, ainda é bastante tênue.
Consideramos, portanto, que a aula de campo acaba sendo entre os temas que os alunos mais
sugerem em sala de aula, um dos que melhor desempenham resultados na construção do
conhecimento, tendo em vista que permitem relacionar os conteúdos do livro didático à
realidade do mesmo.
Dessa forma, sugerimos que a aula de campo se apresente como uma metodologia de
fundamental importância, com grandes possibilidades de tornar a aprendizagem do aluno
significativa e de dimensionar os conhecimentos de geografia ao promover a educação
ambiental.
Também, constatamos, nas falas dos professores, que a interação entre o local e o
global precisa ser cada vez mais enfocada no ensino de geografia, tendo em vista que a grande
diversidade de conteúdos contemplados em suas aulas prioriza a relação local e global. Assim,
podemos destacar nas falas dos professores que a partir dessas abordagens no ensino de
geografia, o educando obtém uma melhor compreensão acerca do espaço, que é dinâmico e
passível de transformações.
129
Com relação aos temas geradores, quais sejam: Mãe-Terra; Clima e Cidadania
Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo sustentável, buscamos investigar se
as teorias e metodologias abordadas pelos professores de geografia eram favoráveis à
promoção da educação ambiental. Constatamos que uma nova concepção de conteúdos já é
contemplada pelos professores de geografia, embora ainda apresentam uma forte ligação com
a própria visão dos conteúdos curriculares que se encontram abordada pelos livros didáticos.
Nesse contexto, em que as abordagens teóricas são inovadoras no ensino de geografia,
apresentam condições de discutir em profundidade as atitudes, os sentimentos, o respeito, a
ética, as relações de cuidado, a compaixão e a solidariedade, que se constituem numa força
capaz de promover a educação que se preocupa não só com as relações humanas, mas com o
bem-estar do planeta Terra.
Em face dos quatro temas geradores que sugerimos neste trabalho, evidenciamos que o
tema Mãe-Terra é pontuado com grande relevância pelos professores, já que os conteúdos de
geografia permitem que se desenvolva o nível das subjetividades dos indivíduos, como os
sentimentos, as emoções, as inovações e a própria identidade com o planeta Terra. É
importante destacar, também, que essas mesmas peculiaridades podem ser atribuídas aos
temas Clima e Cidadania Planetária; Desenvolvimento ético e solidário e Consumo
sustentável, que além de se constituírem em novas abordagens de conteúdos curriculares no
ensino de geografia, na promoção da educação ambiental, consequentemente podem ser
determinantes na formação de um sujeito crítico, responsável e sensível aos problemas
relacionados ao meio ambiente.
A partir disso, observamos que a maioria dos professores ao abordarem os temas
geradores no ensino de geografia considera fundamental tratar acerca do cotidiano do aluno, a
sua realidade mais próxima, já que as aulas se tornam mais atrativas e prazerosas, além de
condicionar uma aprendizagem significativa. No entanto, é importante ressaltar que os
professores em sua prática de ensino de geografia na promoção da educação ambiental, de um
modo geral, ainda permitem que os conteúdos abordados pelos livros didáticos transformem-
se num mero guia para suas aulas, o que conduz à alienação e a uma aprendizagem sem
significado para o aluno.
Portanto, ao final deste estudo, estamos convencidos que o ensino de geografia
abrange um “leque” de conteúdos e metodologias que podem trazer contribuições
significativas na promoção da educação ambiental. Podemos afirmar que os levantamentos
das questões que formulamos aos professores foram confirmados senão em sua totalidade,
130
mas em sua maioria, que o ensino de geografia promove a educação ambiental nos anos finais
do ensino fundamental da cidade de Caicó.
Sabemos que há perspectivas de novos levantamentos sobre o tema aqui tratado, já que
nossa tentativa é contribuir para o entendimento acerca do ensino de geografia na promoção
da educação ambiental. O trabalho também poderá servir como fonte de pesquisa para
estudantes e profissionais de educação, especificamente, os da área de geografia.
131
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138
APÊNDICES
139
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Perfil dos professores
Nome (opcional):
Onde você se formou:
Quando:
Quanto tempo de magistério:
Rede de ensino:
1) Qual é o conceito de meio ambiente que você utiliza em suas aulas?
2) Você trata da Educação Ambiental no ensino de Geografia? Em quais anos?
3) Você encontra relação entre Educação Ambiental e ensino de Geografia? Por quê?
4) Você considera necessário interromper os conteúdos de Geografia para abordar a Educação
Ambiental? Por quê?
5) Quais conteúdos da disciplina Geografia estão relacionados à Educação Ambiental?
6) Você encontra dificuldade na prática da Educação Ambiental? Quais?
7) Na sua opinião, quais condições no ensino de Geografia podem ser ideais para a Educação
Ambiental?
140
8) Na sua opinião, o livro didático de Geografia é o suficiente para a promoção da Educação
Ambiental? Por quê?
9) Quais são os recursos didáticos que você utiliza nos trabalhos com a Educação Ambiental?
Qual é a origem desse material?
10) O que você entende por interdisciplinaridade?
11) Você acredita que a interação de professores das diferentes áreas de ensino no
desenvolvimento de atividades relacionadas com a Educação Ambiental seria relevante?
Por quê?
12) Você utiliza práticas interdisciplinares na construção do conhecimento em Geografia?
De que maneira?
13) Nas suas aulas de Geografia, você promove a Educação Ambiental relacionado ao
cotidiano do aluno? Por quê?
14) Quais aspectos da realidade vivida dos alunos são contemplados ao desenvolver a
Educação Ambiental no ensino de Geografia?
15) Em suas aulas de Geografia, quais metodologias são eficazes ao contemplar o cotidiano
do aluno na perspectiva da educação ambiental?
141
16) Nas suas aulas de Geografia, os alunos participam dando sugestão de algum tema sobre a
educação ambiental?
17) Você é receptivo à participação do aluno no desenvolvimento da Educação Ambiental?
De que maneira?
18) As atividades que você desenvolve em educação ambiental com seus alunos
desencadeiam alguma forma de participação? Como?
19) Quem define o que será tratado em Educação Ambiental no ensino de Geografia?
20) Na sua opinião, há necessidade de abordar a Educação Ambiental no ensino de Geografia
a partir da relação entre o local e o global? Por quê?
21) Em suas aulas de Geografia, há interação entre o local e o global na promoção da
Educação Ambiental? De que maneira?
22) Em suas aulas de Geografia, quais conteúdos são contemplados ao priorizar a relação
local e o global na promoção da Educação Ambiental?
23) Na perspectiva da Educação Ambiental no ensino de Geografia, qual é o seu conceito de
Terra (planeta)?
142
24) Na sua opinião, o ensino de Geografia pode promover a Educação Ambiental ao abordar
o tema Terra (planeta)? De que maneira?
25) Em suas aulas de Geografia, você tem abordado o tema Terra (planeta) a partir do
cotidiano do aluno? Justifique.
26) Em suas aulas de Geografia, a abordagem que você faz sobre o clima é a mesma que os
livros didáticos contemplam? Por quê?
27) Quais aspectos você considera necessários ao abordar o tema clima no ensino de
geografia?
28) Na sua opinião, a abordagem do tema clima no ensino de Geografia contribui na
promoção da Educação Ambiental? De que maneira?
29) Você utiliza o conceito de desenvolvimento no ensino de Geografia? Em qual
perspectiva?
30) Em suas aulas de Geografia, ao abordar o tema desenvolvimento, você dá ênfase a
melhoria da qualidade de vida das pessoas? Em quais perspectivas?
31) No seu ponto de vista, abordar a Educação Ambiental no ensino de Geografia é favorável
a um novo conceito de desenvolvimento? Justifique
143
32) Qual é o seu conceito de consumo?
33) Em suas aulas de Geografia, é possível relacionar o tema consumo à Educação
Ambiental? Por quê?
34) Na sua opinião, a perspectiva de consumo pode melhorar a vida das pessoas? Por quê?